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UNIVERSIDADE ABERTA- UNISCED

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANA (DCSH)

LICENCIATURA EM GESTAO AMBIENTAL, 1° ANO

DISCIPLINA: MIC

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE


MARRUPA (2018 – 2022)

DISCENTE: ERNESTO RITO DE LEONARDO

CODIGO: 41230641

CENTRO DE RECURSO: MAXIXE, 2023


ERNESTO RITO DE LEONARDO

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE


MARRUPA (2018 – 2022)

O presente trabalho de Campo da cadeira de


MIC, visa abordar sobre: GESTÃO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO
MUNICÍPIO DE MARRUPA (2018 –
2022), servirá de terceira avaliação,
orientado pelos Tutores:

Maxixe: Março 2023

Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO........................................................................................ 1

1.1. Problematização ................................................................................................. 2

1.2. Justificativa do tema .......................................................................................... 2

1.3. Hipóteses ............................................................................................................ 3

1.4. Objectivos .......................................................................................................... 4

1.4.1. Geral ........................................................................................................... 4

1.4.2. Específicos .................................................................................................. 4

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA .............................................................. 5

2.1. Definição de conceitos ........................................................................................... 5

2.1.1. Resíduos sólidos .............................................................................................. 5

2.1.2. Gestão de resíduos sólidos .............................................................................. 6

2.1.3. Plano de gestão integrada de resíduos sólidos ................................................ 6

2.2. Classificação e caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) .................. 6

2.2.1. Características físicas dos resíduos ................................................................. 7

2.2.2. Características químicas dos resíduos ............................................................. 8

2.2.3. Características biológicas ................................................................................ 8

2.3. Resíduos Sólidos Urbanos, Meio Ambiente e Saúde............................................. 8

2.4. Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos................................................................. 10

2.5. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos .................................................. 10

2.6. Plano de gestão de resíduos Sólidos .................................................................... 11

2.7. Deposição final dos resíduos sólidos urbanos ..................................................... 13

2.8. Educação ambiental ............................................................................................. 14

CAPÍTULO III: METODOLOGIA ................................................................................ 15

3.1. Tipo de pesquisa .................................................................................................. 15

3.1.1 Do ponto de vista da forma de abordagem do problema................................ 15

3.1.2. Do ponto de vista de seus objectivos ........................................................ 15

3.1.3. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos ......................................... 16


3.2. Método de abordagem ..................................................................................... 17

3.3. Técnica de recolha de dados ............................................................................ 17

3.3.1. Observação .................................................................................................... 17

3.3.2. Entrevista....................................................................................................... 18

3.3.3. Inquérito por questionário ............................................................................. 18

3.4. População e Amostra ....................................................................................... 18

3.4.1. População ................................................................................................. 18

3.4.2. Amostra ......................................................................................................... 19

3.5. Fontes de dados da pesquisa ............................................................................ 20

3.5.1. Fontes primárias ....................................................................................... 20

3.5.2. Fontes secundárias .................................................................................... 20

3.6. Análise de dados .............................................................................................. 20

3.7. Considerações éticas ........................................................................................ 20

6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO E CUSTO DO PROJECTO ............................. 22

6.1. Cronograma de execução ..................................................................................... 22

6.3. Custo do projecto ................................................................................................. 23

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 24


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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A presente pesquisa versa sobre o tema “Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos no
Município de Marrupa (2018 – 2022)”. A mesma toma como ponto de partida uma
reflexão científica em torno da gestão de resíduos sólidos urbanos.
Uma das actividades do saneamento ambiental municipal é aquela que contempla a
gestão integrada de resíduos sólidos urbanos, tendo por objectivo principal propiciar a
melhoria ou a manutenção da saúde, isto é, o bem-estar físico, social e mental da
comunidade. E o termo gestão de resíduos sólidos urbanos envolve a geração,
armazenamento, colecta, transferência, transporte, tratamento, disposição final, bem
como os aspectos económicos, de engenharia, de saúde pública, ambientais, dentre
outros factores.
O Governo de Moçambique, através do Ministério para a Coordenação da acção
Ambiental (MICOA) aprovou, em 2012, a estratégia nacional de gestão de resíduos
sólidos urbanos, que prevê varias acções, destacando-se a criação de banco de dados, a
elaboração de planos de gestão dos resíduos e de outros instrumentos específicos nos
municípios, a promoção de formas adequadas de tratamento e a destinação adequada
dos resíduos sólidos urbanos até o ano de 2025. E já em 2014, o governo moçambicano
cria o Decreto n.º 94/2014 de 31 de Dezembro, que institui o Regulamento Sobre
Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos em Moçambique.
Tal como sucede na maioria dos municípios moçambicanos, os serviços de limpeza
urbana do município de Marrupa, funcionam sem infra-estrutura para tratamento e
deposição, aliando-se a escassez de meios de transporte para a colecta dos resíduos e
fiscalização, falta de programas ou planos de gestão integrados dos resíduos sólidos
urbanos.
De acordo com aquilo que se verifica no terreno, é de extrema urgência, pensar em
adoptar uma gestão dos resíduos sólidos funcional, que venham ajudar a colmatar o
problema que se verifica no município de Marrupa, porque para além de afectar ao
homem, afecta directamente ao meio ambiente e os ecossistemas ai presentes.
É mediante este cenário que a pesquisa deste estudo objectivará analisar a gestão dos
resíduos sólidos urbanos no município de Marrupa no período de 2018-2022. Sendo
assim possível conhecer as dificuldades técnicas, económicas e sócio-ambientais que
englobam o tema, contribuindo para o aprimoramento do banco de dados do País.
O presente projecto esta composto por quatro capítulos: o primeiro, da introdução; o
segundo compreende a revisão da literatura; o terceiro apresenta a metodologia da
2

pesquisa; e o quarto apresenta o cronograma de execução, equipamentos e custos do


projecto. Após este último capítulo, destacam-se as referencias utilizadas, seguida de
apêndice.

1.1. Problematização
Em Moçambique, o Decreto n.º 94/2014 de 31 de Dezembro, que regulamenta os
resíduos, declara que é da responsabilidade dos Conselhos Municipais a colecta,
transporte, tratamento e destinação adequada dos mesmos nas suas áreas de jurisdição
(Moçambique, 2014).
No entanto, vale salientar que no contexto moçambicano, há obstáculos a serem
enfrentados na gestão dos resíduos sólidos no país, que concentram-se no campo
económico com a insuficiência de recursos financeiros públicos para a implantação das
soluções necessárias, e na esfera técnica observa-se a relação custo/beneficio das
alternativas existentes para a deposição final e tratamento dos resíduos, na sua
adaptação e adequação à realidade local e da formação profissional deficientes dos
quadros do funcionalismo público (Rungo, 2011).
O município de Marrupa experimenta um crescimento populacional e uma expansão de
negócios em ambiente informal. Um dos resultados deste crescimento tem sido o
consequente aumento da quantidade de resíduos sólidos produzidos, o que demanda
grandes esforços dos serviços municipais. Tal como sucede na maioria dos municípios
moçambicanos, os serviços de limpeza municipal de Marrupa tem escassez de meios de
transporte para a colecta dos resíduos sólidos urbanos e falta de uma infra-estrutura
para deposição final desses resíduos sólidos urbanos.
Este fenómeno em que os munícipes estão sujeitos faz com que as valas estejam
poluídas e contaminadas, pelo motivo da deposição de resíduos sólidos que contem
diversos materiais com propriedades químicas variáveis como é o caso de pilhas,
embalagens de adubos químicos, latas, plásticos, garrafas plásticas, vidros, garrafas de
bebidas alcoólicas e preservativos usados em locais impróprios.
É diante desta realidade que emerge a presente pesquisa que sustentar-se-á da seguinte
pergunta de partida: Como é feita a gestão de resíduos sólidos no município de
Marrupa?

1.2. Justificativa do tema


A escolha do tema em estudo teve dois motivos principais: Por se constatar que os
resíduos sólidos urbanos são uma preocupação para os munícipes, também são
3

responsáveis por um dos mais graves problemas ambientais da actualidade, achou-se


pertinente realizar uma análise sobre a gestão de resíduos sólidos urbanos do município
de Marrupa, que poderá contribuir para melhorar a gestão de resíduos sólidos, visto que
a pesquisa contemplará uma análise e apresentará algumas sugestões que poderão ser
implementadas no planeamento das acções e na elaboração dos planos ou programas
sobre resíduos sólidos urbanos no município de Marrupa.

Do ponto de vista social, a pesquisa vai responder as necessidades dos residentes do


município de Marrupa, sobre a problemática que os residentes têm enfrentado sobre as
estratégias de gestão de resíduos sólidos urbanos. Visto que o tema tem uma relevância
social muito permanente, porque procura resolver a demanda do uso correcto de gestão
de resíduos sólidos urbanos.
Do ponto de vista científico, o tema em estudo é tão pertinente, porque vai responder as
demandas que o homem vem causando no meio ambiente, sobre a gestão incorrecta dos
resíduos sólidos urbanos, o que leva a provocar danos ao meio ambiente. Servindo
como subsídio para a formulação de teorias referentes a gestão de resíduos sólidos
urbanos para as ciências Sociais e Humanas, especialmente para os gestores ambientais.
Portanto, a pesquisa pretende preencher uma lacuna existente na área de conhecimento
da gestão de resíduos sólidos urbanos a nível distrital, provincial e nacional. A mesma
pretende abrir espaço para que mais trabalhos possam ser realizados com possibilidade
de replicar o estudo noutras zonas urbanas com características semelhantes.

1.3. Hipóteses
No decorrer da pesquisa, para responder ao problema levantado espera-se constatar que
a situação actual da gestão de resíduos sólidos no município de Marrupa seja explicada
pelas seguintes hipóteses:

 A escassez de meios de transporte para a recolha dos resíduos sólidos urbanos,


dificulta a sua gestão pelo município de Marrupa;
 A falta de uma infra-estrutura (aterro sanitário) para a deposição final dos
resíduos sólidos urbanos, dificulta a sua gestão pelo município de Marrupa;
 O município de Marrupa não dispõe de um plano de gestão integrada de resíduos
sólidos urbanos, o que aumenta a dificuldade da sua gestão.
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1.4. Objectivos
Após a apresentação da contextualização da temática para o desenvolvimento da
pesquisa, são definidos, a seguir, os objectivos que nortearão o estudo para o alcance da
solução do problema de pesquisa.

1.4.1. Geral
 Analisar a gestão dos resíduos sólidos urbanos no município de Marrupa no
período compreendido entre 2018 à 2022.

1.4.2. Específicos
Para o alcance do objectivo geral deste trabalho, preconizam-se os seguintes objectivos
específicos:

 Caracterizar as práticas de gestão de resíduos sólidos urbanos (colecta,


transporte, tratamento e deposição final) implementadas no município de
Marrupa;
 Apresentar a percepção dos munícipes sobre os serviços de limpeza urbana
implementadas no município de Marrupa;
 Identificar os impactos ambientais e à saúde pública trazidos pelos resíduos
sólidos urbanos do município de Marrupa.
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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA


Neste capítulo, far-se-á abordagens de diversos autores em relação ao tema em estudo,
começando pela definição de conceitos básicos que facilitam a percepção do mesmo e
posteriormente a abordagem de vários autores sobre a gestão de resíduos sólidos
urbanos.

2.1. Definição de conceitos

2.1.1. Resíduos sólidos


A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta a seguinte definição para resíduo:
“Qualquer coisa que o proprietário não quer mais, em certo local e certo momento e
que não apresenta valor comercial corrente ou percebido” (Bidone, 2001, p.4).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004) define os resíduos como


Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido, que resultam de actividades de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu 20 lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de
água, ou exijam para isso solução técnica e economicamente inviável em face
à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004, p.1).

O Decreto 15/2006, de 13 de Junho, que regulamenta a gestão de resíduos em


Moçambique, no seu Artigo 1º, define resíduo como sendo: “Substância ou objecto que
se elimina que se tem a intenção de eliminar ou que é obrigado por lei a eliminar,
também designado por lixos” (Moçambique, 2006, p. 37).
Desde tempos remotos o Homem desfez-se do resíduo que produzia abandonando-o em
qualquer local. Situação que, incompreensivelmente, ainda hoje é possível presenciar,
mormente nos países pouco desenvolvidos. Os primeiros problemas surgem com a
sedentarização do Homem, quando este começa a agregar em comunidades e a
quantidade de resíduo produzido aumenta, sendo indispensável encontrar soluções para
a eliminação dos resíduos que necessariamente produz como resultado das suas
actividades fisiológicas, domésticas, agrícolas, entre outras (Cruz, 2005).
Do ponto de vista histórico, segundo Junkes (2002) o resíduo surgiu no dia em que os
homens passaram a viver em grupos, fixando-se em determinados lugares e
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abandonando os hábitos de andar de lugar em lugar à procura de alimentos ou


pastoreando rebanhos. A partir daí processos para eliminação do resíduo passaram a ser
motivo de preocupação, embora as soluções visassem unicamente transferir os resíduos
produzidos para locais afastados das aglomerações humanas primitivas.
Cada país ao longo de sua história se defrontou com o problema do resíduo. Cada qual
deu sua solução para o problema, de acordo com seu desenvolvimento tecnológico, seus
recursos económicos e a vontade de resolver a questão, que infelizmente, na maioria das
vezes, consistia em levar o resíduo para um local fora das vistas, longe das cidades, para
áreas localizadas nas periferias, imputando às classes menos favorecidas da convivência
com os restos da sociedade (Cardozo, 2009).

2.1.2. Gestão de resíduos sólidos


O decreto 94/2014 de 31 de Dezembro, define Gestão de Resíduos sólidos urbanos
como sendo: ‟todos os procedimentos viáveis com vista a assegurar uma gestão
ambientalmente segura, sustentável e racional dos resíduos, tendo em conta a
necessidade da sua redução, reciclagem e reutilização, incluindo a separação, recolha,
manuseamento, transporte, armazenagem e/ou eliminação de resíduos bem como a
posterior protecção dos locais de eliminação, por forma a proteger a saúde humana e o
ambiente contra os efeitos nocivos que possam advir dos mesmos” (Moçambique,
2014).

2.1.3. Plano de gestão integrada de resíduos sólidos


Plano de Gestão integrada de Resíduos Sólidos – documento que contém informação
técnica sistematizada sobre as operações de recolha, transporte, manuseamento,
armazenamento, tratamento, valorização ou eliminação de resíduos, incluindo a
monitorização dos locais de descarga durante e após o encerramento das respectivas
instalações, bem como o planeamento dessas operações (Moçambique, 2014).

2.2. Classificação e caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)


Para Zanon e outros (2002), declaram não haver acordo entre os autores quanto à
classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Todavia, actualmente, a mais
utilizada tem sido em função da origem dos mesmos, embora também possa ser
realizada em função do tratamento, do ponto de vista sanitário, quanto à composição
química, entre outros.
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Segundo o Decreto 13/2006, que regulamenta a gestão de resíduos em Moçambique,


classifica os resíduos não perigosos em:
a) Resíduos sólidos domésticos: provenientes de habitações.
b) Resíduos sólidos comerciais: provenientes de estabelecimentos comerciais,
escritórios, restaurantes e outros similares, cujo volume diário não exceda 1.100
litros, que são depositados em recipientes em condições semelhantes aos
resíduos domésticos.
c) Resíduos domésticos volumosos: provenientes das habitações, cuja remoção não
se torne possível por meios normais, atendendo ao volume, forma ou dimensões
que apresentam, ou cuja disposição nos contentores seja considerada
inconveniente pelo Município.
d) Resíduos de jardins: resultantes da conservação de jardins particulares, tais
como aparas, ramos, troncos ou folhas.
e) Resíduos sólidos resultantes da limpeza pública de jardins, parques, vias,
cemitérios e outros espaços públicos.
f) Resíduos sólidos industriais, resultantes de actividades industriais e equiparados
a resíduos sólidos urbanos.
g) Resíduos sólidos hospitalares, não contaminados, equiparáveis aos domésticos.
h) Resíduos provenientes da defecação de animais nas ruas.
A caracterização dos resíduos sólidos é de extrema importância, pois possibilita a
verificação dos materiais presentes nos resíduos gerados, permitindo inferir sobre a
viabilidade da implantação da colecta selectiva, os recursos humanos necessários, a
aquisição de viaturas, a definição das dimensões das instalações necessárias para a
reciclagem, a compostagem e a destinação adequada dos resíduos sólidos.
Na caracterização dos resíduos há três áreas principais a investigar: características
físicas, químicas e biológicas.

2.2.1. Características físicas dos resíduos


As principais propriedades físicas dos resíduos são a composição gravimétrica, o peso
específico, o teor de humidade, compressividade e geração per capita. A primeira
traduz-se pelo percentual de cada componente em relação ao peso total do resíduo. Os
componentes mais utilizados na determinação da composição gravimétrica dos resíduos
sólidos urbanos variam de acordo com o país, mas os componentes mais comuns nas
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pesquisas são nomeadamente: papel/papelão, plásticos, vidros, metais, matéria orgânica


e agregados finos (Monteiro et al., 2001).
A composição gravimétrica varia conforme o local, hábitos (alimentação e forma de
vestir), nível educacional da população, actividade económica dominante (industrial,
comercial ou turística), desenvolvimento económico e clima. Por exemplo, cidades
localizadas em países mais desenvolvidos tendem a gerar menor teor de materiais
putrescíveis do que as localizadas em países menos desenvolvidos (Boscov, 2008).

2.2.2. Características químicas dos resíduos


Para Poleto (2010), o conhecimento das características químicas dos resíduos possibilita
a selecção de processos de tratamento e técnicas de disposição final. Algumas das
características básicas de interesse são: poder calorífico, pH, composição química
(nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre e carbono) e relação teor de carbono/nitrogênio,
sólidos totais fixos, sólidos voláteis e teor de humidade.
 Poder calorífico: indica a quantidade de calor desprendida durante a combustão
de um quilo de resíduos; dado em kcal/kg (Poleto, 2010).
 Teor de Matéria Orgânica: percentual de cada componente orgânico constituinte
da matéria como: cinzas, gorduras, macronutrientes, resíduos minerais, entre
outros (Poleto, 2010)
 Relação Carbono/Nitrogênio (C/N): Determina o grau de degradação da matéria
orgânica nos processos de tratamento/disposição final (Poleto, 2010).
 Potencial Hidrogeniônico (pH): indica o teor de acidez ou alcalinidade da massa
de resíduos sólidos (Poleto, 2010).

2.2.3. Características biológicas


A principal propriedade biológica dos resíduos é o potencial de biodegrabilidade.
Segundo Hamada (2001) citado por Poleto (2010), a biodegrabilidade é frequentemente
determinada pelo conteúdo de sólidos voláteis, determinados pela queima a 500ºC.
Entretanto, os resultados podem levar a considerações inadequadas, devido a alguns
resíduos altamente voláteis não serem biodegradáveis.

2.3. Resíduos Sólidos Urbanos, Meio Ambiente e Saúde


A associação entre saúde e saneamento ambiental é evidente. O local em que os
sistemas de saneamento são adequados, há saúde. O local em que condições de
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saneamento ambiental são precárias ou não existe qualquer acção de saneamento, há


muitos casos de doenças (Ministério da Saúde, 2009).
O ser humano, diferentemente dos demais seres vivos, apropria-se da natureza para
promover o desenvolvimento da sociedade, devido às peculiaridades inerentes ao
mesmo como pensamento, linguagem e sistema de valores. A apropriação não ocorre de
forma semelhante em todo o planeta e a relação com a natureza varia conforme os
aspectos culturais da sociedade, verificando-se que os procedimentos adoptados pelas
civilizações oriental e ocidental diferenciam-se devido à concepção que cada uma tem
sobre o mundo. Enquanto a cultura oriental valoriza o respeito à natureza, observa-se
que na civilização ocidental existe a ideia da utilização e dominação dos recursos
naturais, baseada em pensamentos de diversos filósofos e na interpretação dos
ensinamentos bíblicos (Santos, 2004, p.7).
Os problemas relacionados aos resíduos sólidos não são peculiares a este século. O
consumo e a consequente geração de resíduos sempre estiveram relacionados à
abundância dos recursos disponíveis, mais do que a qualquer outro factor. Ao longo da
história, a má disposição dos resíduos sólidos trouxe muitos problemas relativos à saúde
pública. A peste bubónica, cólera, e a febre tifóide, para citar algumas, foram doenças
que afectaram as populações da Europa e influenciaram monarquias. Estes males foram
perpetuados em função da disposição inadequada dos resíduos, tendo facilitado a
proliferação de vectores e contaminado as fontes de água (Poleto, 2010).
Dentre os impactos ambientais e sociais mais relevantes provocados pela deficiente
gestão dos resíduos podem-se citar a contaminação dos cursos d’água, principalmente
localizada nas proximidades dos lixões, incêndios provocados pela combustão
espontânea ou pela intervenção humana no resíduo e estética para quem mora ou
transita nas imediações do lixão e disseminação de odores desagradáveis causados pelos
resíduos, o entupimento de córregos, pontes e bueiros pelo resíduo provoca enchentes,
cujas consequências, além das perdas materiais, são as doenças como a leptospirose,
causada pela urina dos ratos (MICOA, 2006).
Em Moçambique, a Estratégia Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável
preconiza que se atinja um nível satisfatório de saúde tanto para populações rurais como
urbanas, evitando a sua exposição a fontes de poluição e na redução dos focos e
vectores de doenças endémicas: Isto inclui um melhor tratamento e disposição de
resíduos sólidos urbanos em todos os centros urbanos, o desenvolvimento de práticas de
higiene individual e colectiva (MICOA, 2011).
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2.4. Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos


Em Moçambique, o Artigo 1º do Decreto 15/2006 define a gestão de resíduos como:
Todos os procedimentos viáveis com vista a assegurar uma gestão
ambientalmente segura, sustentável e racional dos resíduos, tendo em conta a
necessidade da sua redução, reciclagem e re-utilização, incluíndo a separação,
colecta, manuseamento, transporte, armazenagem e/ou eliminação de resíduos
bem como a posterior protecção dos locais de eliminação, por forma a proteger
a saúde humana e o ambiente contra os efeitos nocivos que possam advir dos
mesmos (Moçambique, 2006).
O autor Poleto (2010), por sua vez, define a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos como
sendo um conjunto de acções associadas ao controle da geração, armazenamento,
colecta, transporte, processamento e disposição de resíduos sólidos urbanos de maneira
que esteja de acordo com os melhores princípios de saúde pública, economia,
engenharia, conservação dos recursos naturais, estética e outras considerações
ambientais e que, também, possa representar as atitudes e mudanças de hábitos das
comunidades.

2.5. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos


A gestão Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos é, em síntese, o envolvimento de
diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito de
realizar a limpeza urbana, a colecta, o tratamento e a disposição final do resíduo. Tal
gestão tem por objectivo elevar a qualidade de vida da população e promover o asseio
da cidade, levando em consideração as características das fontes de produção, o volume
e as formas de tratamento diferenciado e de disposição final técnica e ambientalmente
correctas, as características sociais, culturais e económicas dos cidadãos e as
peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais (Monteiro et al., 2001).
Esse processo caracteriza-se por um conjunto de acções técnico–operacionais que visam
implementar, orientar, coordenar, controlar e fiscalizar os objectivos estabelecidos na
gestão de resíduos sólidos. Tais procedimentos envolvem uma sequência de actividades
que ajudam a melhorar o sistema de limpeza urbana (Lange et al., s/d).
As etapas básicas do sistema de gestão dos RSU são: redução, reutilização e reciclagem,
acondicionamento, colecta e transporte, limpeza dos logradouros, tratamento e
disposição final (Lange et al., s/d).
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2.6. Plano de gestão de resíduos Sólidos


Acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos
Para Monteiro e outros (2001), acondicionar os resíduos sólidos é prepará-los para a
colecta de forma sanitariamente adequada, de acordo com o tipo e a quantidade dos
mesmos.
Ainda para este autor, a qualidade da operação de colecta e transporte de resíduos
depende da forma adequada do seu acondicionamento e armazenamento e da disposição
dos recipientes no local, dia e horários estabelecidos pelo órgão de limpeza urbana para
a colecta. A população tem, portanto, participação decisiva nesta operação. A
importância do acondicionamento adequado está em:
 Evitar acidentes;
 Evitar a proliferação de vectores;
 Minimizar o impacto visual e olfactivo;
 Reduzir a heterogeneidade dos resíduos (no caso de haver colecta selectiva);
 Facilitar a realização da etapa da colecta.
Os conselhos municipais devem fazer um trabalho sistemático de ensino à população
para que acondicione correctamente os resíduos produzidos em cada domicílio
(MICOA, 2006), alertando-a sobre:
 O modo mais adequado de acondicionar resíduos sólidos para a colecta;
 A correcta localização dos recipientes;
 Os horários e locais de colecta;
 O perigo de mau acondicionamento;
 Como manter os locais de acondicionamento higiénicos.
Colecta e transporte de Resíduos Sólidos Urbanos
Colectar o resíduo significa recolher o resíduo acondicionado por quem o produz para
encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma possível estação de transferência, a
um eventual tratamento e à disposição final. Colecta-se o resíduo para evitar problemas
de saúde que ele possa propiciar (Monteiro et al., 2001).
A frequência e eficiência da colecta dos resíduos serão influenciadas pelo clima,
distância de transporte, motivação e cooperação da comunidade. A capacidade técnica e
financeira das instituições responsáveis pela colecta também vão influenciar no tipo de
sistema a ser usado. O mais importante nesse processo é minimizar o tempo de estadia
do resíduo no local de acondicionamento (Ibdem, 2001).
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Ainda para este autor, os serviços de colecta de resíduos sólidos são classificados da
seguinte forma:

 Colecta regular: executada por processo convencional ou alternativo, com


periodicidade definida, atingindo o maior universo possível, domicílio por
domicílio;
 Colecta extraordinária: executada esporadicamente, a critério do órgão público
de limpeza urbana;
 Colecta especial: executada para atender os casos de resíduos especiais, como os
dos resíduos de serviço de saúde;
 Colecta selectiva: executada para a remoção distinta dos resíduos recicláveis,
que pode ser realizada de porta em porta ou de forma espontânea.
A escolha do tipo de veículo a ser utilizado na colecta dos RSU depende de sua natureza
e quantidade, custos de aquisição e manutenção, condições de operação e tráfego,
distância, estado das vias e outras.
Varrição
A varrição de resíduos em vias públicas e logradouros pode ser realizada manual ou
mecanicamente, e deve ser executada por meio de um plano de varrição, em função de
sectores específicos, frequência de varrição, rotas, número de funcionários e
equipamentos. A varrição mecânica ocorre, geralmente, em grandes centros urbanos.
Entretanto, por se tratar de um equipamento mais sofisticado, há necessidade de uma
equipe de apoio, de técnicos qualificados, destinada à manutenção adequada do
equipamento (Pfeiffer, et al, 2009, p.6).
Formas de tratamento e destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos

De acordo com o MICOA (2006), o tratamento dos resíduos caracteriza-se por:


“Processos mecânicos, físicos, térmicos, químicos ou biológicos incluindo a separação,
que alteram as características dos resíduos de forma a reduzir o seu volume ou
periculosidade e a facilitar a sua deposição”. O tratamento de resíduos sólidos deve ser
feito em primeiro lugar pela população, através do reaproveitamento dos mesmos, que
deve ser educada a valorizar os resíduos sólidos.

Para além da reciclagem, o MICOA (2006) apresenta outras formas de tratamento de


resíduos sólidos urbanos: compactação, trituração, e incineração:
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a) Compactação: É o processo de redução dos resíduos sólidos até 1/3 a 1/5 do seu
volume inicial. Facilita o transporte e deposição dos resíduos (MICOA, 2006,
p.38).
b) Trituração: Redução da granulometria dos resíduos sólidos usando moinhos
trituradores, diminuindo o volume e facilitando a disposição final dos resíduos
(MICOA, 2006, p.38).
c) Incineração: Segundo Sobral (2007), a incineração consiste no processo de
oxidação dos resíduos sólidos em elevadas temperaturas (800 a 1000º C), até
serem reduzidos a gases, cinzas e escórias. Esse processo pode reduzir o volume
dos resíduos em mais de 90%. Entretanto, os gases e o material particulado, que
são gerados a partir do processo, podem apresentar características de
periculosidade, obrigando a utilização de sistemas complexos de controle dessas
emissões atmosféricas. Esses sistemas são ainda caros e estão sendo estudados
para que o calor gerado seja reaproveitado na geração de energia, reduzindo,
dessa forma, seu custo de operação.

2.7. Deposição final dos resíduos sólidos urbanos


Há três formas básicas de deposição dos resíduos sólidos urbanos, a saber: lixão, aterro
controlado e aterro sanitário.
a) Lixões: Monteiro e outros (2001) definem como sendo espaços abertos,
localizados geralmente na periferia das cidades ou vilas, onde o resíduo é
simplesmente descarregado no solo, sem medidas de protecção ao meio
ambiente. Os lixões causam a contaminação das águas subterrâneas e do solo,
com o estrume produzido pela decomposição dos materiais. Também geram
poluição do ar, devido à geração de gases tóxicos. Os lixões são ambientes de
proliferação de ratos, baratas e outros insectos que podem ser transmissores de
doenças graves.
b) Aterro controlado: Monteiro e outros (2001) definem como sendo local de
disposição final de resíduos sólidos urbanos, no qual não são aplicadas todas as
técnicas necessárias para assegurar a efectiva protecção ao meio ambiente e à
saúde pública, configurando solução inadequada para disposição final.
c) Aterro sanitário: Monteiro e outros (2001) definem com sendo método para
disposição final dos resíduos sólidos urbanos, sobre terreno natural, através do
seu confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente solo,
14

segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ao meio


ambiente, em particular à saúde e à segurança público.
Em Moçambique, o cenário actual dos resíduos sólidos urbanos é caracterizado pela
escassez de dados sobre a caracterização dos mesmos, fraca cobertura de colecta e
poucas infra-estruturas de tratamento e destinação dos resíduos. Existem poucos estudos
sobre a composição gravimétrica dos resíduos, podendo-se citar os municípios de
Maputo e Matola. Nestes municípios, a maior percentagem dos resíduos sólidos é
constituída de matéria orgânica (MICOA, 2010). Devido à construção desordenada,
uma das práticas implementadas em alguns municípios moçambicanos tem sido a
colecta primária de resíduos sólidos, levada a cabo em bairros de difícil acesso por
microempresas e/ou por associações.

2.8. Educação ambiental


De acordo com o Decreto n.º 94/2014 de 31 de Dezembro, os Conselhos Municipais e
Governos Distritais devem:
a) Promover programas educativos de consciencialização pública sobre a importância de
uma gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos, com ênfase na redução da produção
de resíduos, na prevenção e controle da poluição, nos benefícios do reaproveitamento e
reciclagem;

b) Proceder a divulgação de boas práticas de gestão de resíduos sólidos urbanos,


envolvendo as comunidades, líderes locais, escolas, universidades, órgãos de
comunicação social, sector privado e organizações da sociedade civil;

c) Divulgar o calendário das actividades de limpeza urbana.


15

CAPÍTULO III: METODOLOGIA


Apresentar-se-ão neste capítulo, os procedimentos metodológicos que serão usados no
trabalho, o tipo de pesquisa quanto aos objectivos, quanto aos procedimentos, quanto a
abordagem do problema, os instrumentos de recolha de dados, tipos de dados. Este
capitulo apresentará ainda a população e amostra, o tipo de analise de dados a ser feito e
por ultimo as Considerações Éticas da pesquisa.

3.1. Tipo de pesquisa

3.1.1 Do ponto de vista da forma de abordagem do problema


Quanto a abordagem, a pesquisa será qualitativa. A pesquisa qualitativa envolve a
observação intensiva e de longo tempo num ambiente natural, o registo preciso e
detalhado do que acontece no ambiente, a interpretação e análise de dados utilizando
descrições e narrativas.

Segundo Pradanov e Freitas (2013, p. 70), na abordagem qualitativa, "a pesquisa tem o
ambiente como fonte directa dos dados. O pesquisador mantém contacto directo com o
ambiente e o objecto de estudo em questão, necessitando de um trabalho mais intensivo
de campo. Nesse caso, as questões são estudadas no ambiente em que elas se
apresentam sem qualquer manipulação intencional do pesquisador".

A forma qualitativa será empregue na medida que far-se-á uma descrição, retratando o
maior número possível de elementos sobre a gestão de RSU existentes no município de
Marrupa.

3.1.2. Do ponto de vista de seus objectivos

Considerando o objectivo geral do presente trabalho, utilizar-se-á a pesquisa de campo.


A pesquisa de campo é aquela utilizada com o objectivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma
hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenómenos ou as
relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenómenos tal como ocorrem
espontaneamente, na colecta de dados a eles referentes e no registo de variáveis que
presumimos relevantes, para analisá-los (Pradanov e de Freitas, 2013).
16

Para a realização deste trabalho, as fases da pesquisa de campo encontrar-se-ão


divididas em três estágios:

No primeiro estágio realizar-se-á uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão.


Ela que servirá, como primeiro passo, para saber em que estado se encontra actualmente
o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões dos
autores que mais se enquadram nesta pesquisa.

No segundo estágio, de acordo com a natureza da pesquisa, será preparada e realizada o


trabalho de campo, onde se determinará as técnicas empregues (entrevista e inquérito
por questionário) para a colecta de dados e definição da amostra.

No terceiro estágio, organizar-se-á os dados recolhidos no campo, apresentados em


forma de entrevista e inquérito por questionário, será feita a sua análise final e posterior
apresentação dos resultados, de acordo com o tipo de abordagem previamente definida.

3.1.3. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos

Considerando os procedimentos técnicos para o trabalho, utilizar-se-á uma pesquisa


bibliográfica. A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico
etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais:
filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contacto directo com tudo
o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto (Marconi & Lakatos, 2002,
p.183).

Numa primeira fase da investigação proceder-se-á à recolha de informação que alarga as


perspectivas que se tem sobre a problemática de GRSU. Deste modo analisar-se-á
conteúdos obtidos em artigos retirados da internet, referências bibliográficas, consultas
em monografias, o que contribuirá para o alargamento de conhecimentos relativos à
percepção dos munícipes sobre a gestão de resíduos sólidos, especificamente dos
serviços de limpeza urbana implementadas no município de Marrupa .
17

3.2. Método de abordagem


O método a ser usado neste trabalho é dedutivo, que para Bervin & Cervo (1978, p.25),
método dedutivo ‟é a modalidade de raciocínio lógico que faz uso da dedução para
obter uma conclusão a respeito de determinadas premissas. Apresenta conclusões que
devem necessariamente ser verdadeiras caso todas premissas sejam verdadeiras e se o
raciocínio respeitar uma forma lógica valida. Partindo de princípios reconhecidos
como verdadeiros (premissa maior), o pesquisador estabelece relações com uma
segunda proposição (premissa menor) para, a partir de raciocínio lógico, chegar à
verdade daquilo que propõe (conclusão)”.

Tendo em vista, a abordagem optou-se pelo método dedutivo. A opção por este método,
explica-se pela organização do trabalho que parte de um tema geral "gestão de resíduos
sólidos" para o particular "Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos no Município de
Marrupa (2018 – 2022)", se trata de um processo por intermédio do qual, partindo de
dados gerais, suficientemente constatados, será inferida uma verdade particular, do
município de Marrupa.

3.3. Técnica de recolha de dados


Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, a mesma, envolverá a colecta de dados numa
abordagem qualitativa. Baseando-se na observação, entrevista e no inquérito por
questionário como técnicas de recolha de dados.

3.3.1. Observação
A observação constitui elemento fundamental para a pesquisa. Desde a formulação do
problema, passando pela construção de hipóteses, colecta, análise e interpretação dos
dados, a observação desempenha papel imprescindível no processo de pesquisa. É,
todavia, na fase de colecta de dados que o seu papel se torna mais evidente. A
observação é sempre utilizada nessa etapa, conjugada a outras técnicas ou utilizada de
forma exclusiva. Por ser utilizada, exclusivamente, para a obtenção de dados em muitas
pesquisas, e por estar presente também em outros momentos da pesquisa, a observação
chega mesmo a ser considerada como método de investigação (Gil, 2008).

Esta pesquisa orientar-se-á através da observação directa, isto é, serão efectuados


registos fotográficos, observando as condições de execução dos serviços de limpeza
urbana e os problemas existentes no município de Marrupa.
18

3.3.2. Entrevista
Pode-se definir entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao
investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados que
interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interacção social.
Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes
busca colectar dados e a outra se apresenta como fonte de informação.

Para a realização da pesquisa será utilizada a técnica de entrevista semi-estruturada.


Serão previamente elaborado dois guiões de entrevistas (vide em apêndice 1), o
primeiro destinado a informante chave (Vereador da vereação do Meio Ambiente e
Zonas Verdes), e segundo destinado aos técnicos da mesma vereação do Meio
Ambiente e Zonas Verdes (vide em apêndice 2), com a finalidade de colectar
informações gerais do município e sobre gestão dos resíduos sólidos urbanos.

3.3.3. Inquérito por questionário


De acordo com Marconi & Lakatos (2001, p. 82), ‟questionário é um instrumento de
colecta de dados confeccionados pelo pesquisador, cujo preenchimento é realizado pelo
informante. Deve apresentar linguagem simples e directa, para que o informante
compreenda com clareza o que esta sendo perguntado”.

Neste caso concreto, será dirigido aos munícipes, com finalidade de investigar a
percepção dos munícipes sobre o sistema de colecta, transporte e destinação final dos
resíduos sólidos. Será um questionário com uma linguagem clara e directa tendo em
conta que há munícipes que tem dificuldades de leitura e escrita (vide em apêndice 3).

3.4. População e Amostra


3.4.1. População

De acordo com Gil (2008, p. 6), população (ou universo da pesquisa) é "a totalidade de
indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado
estudo".

O universo da pesquisa será constituído por 84 elementos, dois quais, 1 Vereador da


vereação do Meio Ambiente e Zonas Verdes, 8 técnicos da vereação do Meio Ambiente
e Zonas Verdes, e 75 munícipes distribuídos nos 12 bairros do município de Marrupa.
19

3.4.2. Amostra
Segundo Marconi & Lakatos (2001, p. 57), ‟a amostra é uma parcela conveniente
seleccionada do População”.

Para este estudo, aplicar-se-á uma amostra por acessibilidade ou por conveniência que
faz parte, das amostras não probabilísticas (não causais).

Segundo Pradanov e de Freitas (2013, p.98) esse tipo de amostra "é destituída de
qualquer rigor estatístico. O pesquisador selecciona os elementos a que tem acesso,
admitindo que esses possam, de alguma forma, representar o universo. Aplica-se esse
tipo de amostragem em estudos qualitativos".

Para o nosso estudo, ter-se-á como amostra 45 elementos correspondentes a 54% do


Universo dos quais, 1 (100%) Vereador da vereação do Meio Ambiente e Zonas
Verdes, 8 (100%) técnicos da vereação do Meio Ambiente e Zonas Verdes, e 36 (48%)
munícipes distribuídos nos 12 bairros do município de Marrupa.

Tabela 1: População e Amostra

Nº Grupo-Alvo População Amostra % Técnica de recolha


de Dados

01 Vereador da 1 1 100 Entrevista


vereação do Meio
Ambiente e Zonas
Verdes

02 técnicos da vereação 8 8 100 Entrevista


do Meio Ambiente e
Zonas Verdes

03 Munícipes de 75 36 48 Inquérito por


Marrupa questionário

Total 3 84 45 54

Fonte: Autor, 2023.


20

3.5. Fontes de dados da pesquisa


3.5.1. Fontes primárias

As entrevistas semi-estruturadas e o inquérito por questionário dirigidos ao Vereador da


vereação do Meio Ambiente e Zonas Verdes, técnicos e munícipes de Marrupa,
constituirão as fontes primárias de dados para a pesquisa.

3.5.2. Fontes secundárias

As informações colectadas em instituições publicas e outras relacionadas com o tema


em estudo, que servirão para caracterizar a área de estudo, constituirão as fontes
secundárias de dados para a pesquisa.

3.6. Análise de dados

Numa abordagem qualitativa a fazer neste trabalho, os dados primários a colher através
de entrevistas, buscar-se-á os pontos-chave das respostas dos entrevistados com
orientação clara das hipóteses definidas sobre como manifesta o problema de pesquisa
de modo a responder o objectivo definido no trabalho.
O cruzamento entre as respostas apresentadas pelos informantes-chave (vereador,
técnicos e pelos munícipes) permitirá verificar como será feita a colecta, transporte e
deposição dos resíduos sólidos urbanos de Marrupa.
Para a análise do dados recolhidos através de entrevista e inquérito por questionário a
fazer aos informante-chaves será utilizada a técnica de discurso. Segundo Pradanov e
de Freitas (2013), esta análise tem como objectivo, compreender as condições de
produção e apreensão dos textos a serem analisados.
Os resultados serão apresentados em forma de gráficos e tabelas. Para as questões
objectivas com mais de uma resposta, será utilizado o método descritivo. Para facilitar a
compreensão, por parte do leitor.

3.7. Considerações éticas


A realização da presente pesquisa não incluirá risco ou danos humanos, desencadear-se-
á uma conversa amigável como forma de se familiarizar com as fontes, e explicar-se os
motivos que levam-nos a fazer o estudo, entrevistar o Vereador da vereação do Meio
Ambiente e Zonas Verdes, os técnicos da vereação e os munícipes de Marrupa os quais
livremente responderão sem nenhuma pressão e muito menos obrigação uma vez que
todos já terão percebido o objectivo pretendido. Serão criadas condições para que todos
21

os intervenientes mostrem abertura para o fornecimento das informações pretendidas e


mostrem o domínio da problemática como forma de fazer perceber que é um problema
antigo naquela área de estudo.

Uma vez que sabem que trata-se de um exercício que a posterior terá que culminar com
a elaboração de um trabalho científico, os informantes-chave, olharão essa como sendo
uma das contribuições para o conhecimento sobre a gestão de resíduos sólidos urbanos,
especificamente no município de Marrupa.
22

6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO E CUSTO DO PROJECTO


6.1. Cronograma de execução
Serão considerados três elementos que constituem a base do presente cronograma de
execução.

Primeiro, a Revisão da literatura que debruça sobre o tema, por o mesmo elemento
ajudar na construção do quadro teórico, discussão e análise dos argumentos, como
também na consolidação dos dados colectados em fontes primárias e secundárias.
Segundo, o trabalho de Campo que será a colecta e selecção de dados. E terceiro, o
Tratamento, análise e interpretação dos dados, para atingir o objectivo geral proposto
para a pesquisa.

Tabela 2. Actividades a realizar para pesquisa.

Meses

Actividades Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

1. Preparação e aprovação
do tema.

2. Revisão da literatura

3. Trabalho de Campo

4. Tratamento , análise e
interpretação dos dados.

5. Redacção do relatório.

6. Revisão e Correcções
do relatório.

7. Ensaio e Apresentação
do relatório.

Fonte: Autor (2023).


23

6.3. Custo do projecto


Na descrição não são mencionados os aspectos de alojamento, pelo facto do autor do
trabalho residir na área de estudo, não havendo necessidade de se alojar, mas sim de se
deslocar e se alimentar (lanche), tanto que necessita de valor monetário para
deslocamentos diários e alimentação no período de trabalho de campo.

Tabela 3. Custo do projecto.

Material / Actividades Quantidade Custo Unitário Custo Total

Esferográficas 2 10, 00 Mt 20, 00 Mt

Lápis 2 5, 00 Mt 10, 00 Mt

Borracha 1 20, 00 Mt 20, 00 Mt

Pasta de arquivo 1 250, 00 Mt 250, 00 Mt

Bloco de notas 1 100, 00 Mt 100, 00 Mt

Fotocópias de documentos a usar


para analise (legislações ,
________ 3, 00 Mt/página 3000, 00 Mt
regulamentos municipais e outros
relacionados com GRSU).

Impressão do guião de entrevista 2 5, 00 Mt / x 3 Páginas 30, 00 Mt

Fotocópias do guião de entrevista 2 exemplares 3, 00 Mt/ x 3 Páginas 18 ,00 Mt

Impressão do relatório 3 ________________ 2000, 00 Mt

Encadernação do relatório 3 100, 00 Mt/ página 300, 00 Mt

Logística

Transporte diário 30 dias 50, 00 Mt/dia 1 500, 00 Mt

Refeição (lanche) 30 dias 150, 00 Mt 4 500,00 Mt

Imprevistos (10% do contingente) ________ ________________ 1 174, 8 Mt

Custo Total ________________ 12 922, 8 Mt

Fonte: Autor (2023).


24

Referências Bibliográficas
1. ABNT NBR 10004. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Resíduos
sólidos- Classificação. Rio de Janeiro, 2004. p.7.
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Eliminação e valorização. Rio de Janeiro: ABES, 2001. p. 240.
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4. CARDOZO, M. Percepção de riscos ambientais de trabalhadores catadores de
materiais recicláveis em um aterro controlado do município de Duque de
Caxias/RJ. Rio de Janeiro, 2009.
5. CRUZ, M. L. F. R. A caracterização de resíduos sólidos no âmbito da sua
gestão integrada. Dissertação de mestrado na Universidade de Minho. 2005
6. DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Planejamento, métodos e técnicas. São
Paulo: Futura, 1998. Pp 94- 183.
7. FERREIRA. C. F; ZANTA, V. M. Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos Urbanos, s/d.
8. JUNKES, M, B. Procedimentos para Aproveitamento de Resíduos Sólidos
Urbanos em Municípios de Pequeno Porte, Florianópolis: Universidade Federal
de Santa Catarina, 2002, 116f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC,
2002.
9. LANGE, L. et al. Gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos. Guia do
profissional em treinamento. Belo Horizonte, s/d.
10. LOPES, A. A. Estudo da gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos na
bacia Tietê/Jacaré. 2007. 394f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia
Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2007.
11. MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva M. Fundamentos de metodologia
científica. São Paulo: Atlas, 2003.p 155-162.
12. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informe sobre a epidemia de cólera em
Moçambique (Janeiro a Dezembro de 2010). Maputo: 2011.
13. MICOA. Manual de gestão dos resíduos sólidos urbanos em Moçambique.
Maputo: 2006. p. 65.
14. MICOA. Manual do educador ambiental. Maputo: 2009. p.68.
25

15. MICOA. Relatório sobre resíduos sólidos urbanos de Moçambique. Maputo:


2010.
16. MICOA. Relatório do estado de ambiente. Maputo, 2011.
17. MICOA. Estratégia de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos de
Moçambique. Maputo, 2012.
18. MONTEIRO, J. H. et al. Manual de gerenciamento integrado de resíduos
sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. p.197.
19. PFEIFFER, S. C e CARVALHO, E. H. Otimização do sistema de varrição
pública: nível 2.ReCESA. Goiania. 2009.
20. POLETO, C. Introdução a Gerenciamento Ambiental. Rio de Janeiro:
Interciência, 2010.
21. PRODANOV, Cleber Cristiano; DE FREITAS, Ernani Cesar. Trabalho
científico: Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho académico. Rio Grande
do Sul- Brasil. 2013. Pp 70-105
22. RUNGO, Z. A. Descrição etnoecológica dos pescadores artesanais da Baía de
Inhambane: Caso do município de Maxixe. Monografia (Licenciatura em Ensino
de História e Geografia) – Departamento de História e Geografia, Universidade
Pedagógica Sagrada Familia, Maxixe, 2011. p.43.
23. SANTOS, A.D.A. Gestão de Resíduos Sólidos em áreas de zonas especiais de interesse
social. Dissertação de mestrado submetida a pro-reitoria de pesquisa e Pós-Graduação
da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de mestre em gestão e politicas ambientais, Recife, PE, 2004.
24. SILVA, A. A; LANÇA, I. C. Manual de técnicas de Saneamento e Tratamento
dos Resíduos Sólidos Urbanos. Lisboa, 2005. p. 235.
25. ZANON, A. et al. Lixo Hospitalar: Ficção Legal ou Realidade Sanitária. Rio de
Janeiro, 2002. p. 116.

Legislação:
1. MOÇAMBIQUE. Boletim da República de Moçambique: Regulamento sobre
Gestão de Resíduos - Decreto n.º 13/2006.I Série Número 24. Maputo. Imprensa
Nacional, 15 de Junho de 2006. Pp. 1-37
2. MOÇAMBIQUE. Boletim da República de Moçambique: Regulamento sobre
Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos -Decreto n.º 94/2014.I Série Número 105.
Maputo. Imprensa Nacional, 31 de Dezembro de 2014.

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