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LENÇÓIS/BA
2023
PREFEITURA MUNICIPAL DE LENÇÓIS
SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE
COORDENAÇÃO DE MEIO AMBIENTE
COORDENAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
LENÇÓIS/BA
2023
Equipe Técnica
CDD
LISTA DE FIGURAS
Figura 9: Centro histórico com prédios tombados, ocupados por restaurantes, no Município de
Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia (registro fotográfico obtido pelos autores). ............................................. 25
Figura 10: Mapa geológico com síntese litológica-hidrogeológica de Lençóis, Bahia. ..................................... 28
Figura 11: Mapa de localização e hipsometria da microbacia do Rio Lençóis, Bahia. ...................................... 29
Figura 12: Poço do Diabo, atração turística do Monumento Natural Municipal do Mucugezinho,
em Lençóis, Bahia (registro fotográfico obtido pelos autores)............................................................................ 30
Figura 13: Poço do Pato, atração turística do Monumento Natural Municipal do Mucugezinho, em
Lençóis, Bahia (registro fotográfico obtido pelos autores). ................................................................................ 31
Figura 15: Áreas do polígono amarelo que comporá o NUC ampliado de Lençóis, Bahia. ............................... 37
Figura 16: Áreas da seta rosa que representam aquelas anteriormente consideradas parte da ZPR,
na porção Centro-Leste da cidade e propostas a serem partes do NUC de Lençóis, Bahia. ................................ 38
Figura 17: A nova área da ZVT identificada na área hachurada em amarelo. .................................................... 39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CONSIDERANDO a sistemática da Lei Federal nº 9.985/2000, em ser artigo 2º que prevê uma
série de mecanismos tendentes a efetivas do objetivo constitucional de promover a preservação do
meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais em unidades de conservação, a exemplo do
plano de manejo como medida que estabelece o zoneamento, o uso e o aproveitamento da unidade
de conservação, sendo documento disciplinador de todas as ações públicas e privadas que possam
vir a afetar o bem ambiental que a unidade de conservação visa proteger;
CONSIDERANDO que a Lei SNUC estabelece que o plano de manejo deve dispor sobre a área da
unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, bem como
promover a integração da unidade às comunidades vizinhas, e mais precisamente no seu artigo 27º,
tem-se que a falta de plano de manejo implica a ausência de disciplina de zoneamento e das relações
da unidade de conservação com a sociedade;
CONSIDERANDO que os dispositivos legais que tratam das unidades de conservação revelam que
tanto os objetivos quanto as diretrizes das unidades de conservação gravitam em torno de duas ações
primordiais: a preservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais. Tais
atividades (preservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais) devem ser
disciplinadas pelo plano de manejo;
CONSIDERANDO que as Unidades de Conservação não são áreas intocáveis, mas tem
fundamental valia para os municípios, visto que podem evitar ou diminuir acidentes naturais por
enchentes e desabamentos, possibilitar a manutenção da qualidade do ar, do solo e dos recursos
naturais hídricos, o incremento de atividades relacionadas ao turismo ecológico e de aventura,
proporcionando a geração de renda e emprego;
CONSIDERANDO que a região, por suas características naturais de apreciável valor cênico,
favorece o desenvolvimento do turismo ecológico, compatível com as exigências para o
desenvolvimento sustentado da região;
A área de gestão ambiental vem adquirindo maior relevância no ensino, pesquisa e gestão
organizacional no Brasil. Parte dessa relevância se deve ao fato de que dificilmente a sociedade
aceitaria retornar ao passado recente em que a relação entre as organizações e meio ambiente era
considerada como praticamente irrelevante. Hoje assume-se que a gestão ambiental é um dever das
organizações. Assim, o desafio reside não mais em se aceitar a gestão ambiental como parte das
atividades diárias das organizações, mas sim em como torná-la mais eficiente e eficaz, tornando as
organizações efetivamente contribuintes de um Desenvolvimento Sustentável. (JABBOUR, 2013)
Nesse contexto, é dever dos municípios realizar a gestão ambiental de suas áreas através de políticas
públicas voltadas a preservação e conservação dos recursos naturais, realizando o planejamento e a
gestão ambiental de espaços territoriais e seus recursos ambientais, com características naturais
relevantes, dando garantias a sua adequada proteção. Para Agarwal & Narain (1991), a preocupação
com o meio ambiente deve ser discutida enfatizando a abordagem sistêmica, com a finalidade de
equacionar os problemas ambientais, e incluindo a variável ambiental no processo de planejamento e
na tomada de decisões.
Dito isso, a criação de uma UNIDADE DE CONSERVAÇÃO (UC), cujo espaço especialmente
protegido, tem respaldo na Constituição Federal (Artigo 225, parágrafo 1º, inciso III), na Lei 6.938 de
31/08/1981 (inciso VI) e ainda é objeto de uma lei específica: a Lei 9.985 de 18/07/2000, dita Lei do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, regulamentada pelo Decreto 4.340 de
22/08/2002, é mais um mecanismo de proteção a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, dentro outros, os ecossistemas terrestres, os ecossistemas aquáticos e os complexos
ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies
e de ecossistemas. Afinal, essas áreas proporcionam uma série de benefícios à sociedade, tais como,
conservação das características biofísicas importantes para a regulação dos ciclos hidrológicos e
climáticos local e/ou regional, proteção e conservação de locais de importância cultural, lugares
históricos, monumentos antropológicos, e sítios onde há uma relação harmoniosa entre o homem e a
natureza.
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Por isso tudo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMMA, órgão responsável pela criação e
gestão das Unidades de Conservação municipais de Lençóis, vem discutindo a realização de estudos
técnicos para a revisão da APA Marimbus-Iraquara, com a finalidade de reparação histórica do
equívoco materializado no zoneamento realizado em 1997, incapaz de admitir a existência de parte da
Zona Urbana da cidade de Lençóis e da área municipal tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional) em 1973. A área protegida pelo tombamento contempla 570 imóveis.
2.0 OBJETIVOS
2. Determinar a nova poligonal da Zona de Proteção Rigorosa (ZPR) com alteração no que se
refere a porção Centro-Leste da cidade de Lençóis cedida a nova poligonal do NUC de Lençóis;
3. Determinar a nova poligonal da Zona de Vila Turística (ZVT) que contemplará a atual poligonal
da ZVT, onde está localizado o Vilarejo do Barro Branco, a Nordeste da cidade de Lençóis,
bem como em outras áreas.
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4. Determinar a nova poligonal da Zona de Proteção Visual (ZPV) com alteração no que
se refere as áreas ocupadas agora pelo NUC da cidade de Lençóis, bem como em outras
02 (duas) áreas cedidas a nova ZVT, a primeira localizada a Norte-Nordeste do NUC de
Lençóis e a segunda a Sudoeste do NUC.
A cidade de Lençóis possui uma área de 1.283,328 km² (IBGE, 2021), situa-se na região centro-oeste
da Bahia, aos pés da Serra do Sincorá, e parte da sua área é pertencente ao Parque Nacional da Chapada
Diamantina e a Área de Proteção Ambiental (APA) Marimbus-Iraquara. No século XIX, foi o maior
produtor mundial de diamantes e a terceira cidade mais importante da Bahia.
Dados do IGBE, apontam o município com o 4° lugar considerando o PIB per capita da região da
Chapada Diamantina. A cidade apresenta 54.8% de domicílios com esgotamento sanitário adequado e
uma Taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade de 97,2 % (dado de 2010). A principal atividade
econômica do município é o turismo, porém na agricultura destaca-se a produção de café e a agricultura
de subsistência enquanto na pecuária o gado de corte é o principal ativo. Ainda existe no município a
prática de extração vegetal comercializando vários tipos de madeira e, a extração mineral, destaca-se
pelos garimpos manuais de diamante entre outros minerais. Nas atividades industriais prevalecem as
serrarias e casas de farinha.
A dinâmica climática regional, relevo e altitude contribuem para a rica biodiversidade do município.
A região de relevo acidentado é dominada pelo bioma caatinga, apesar de encontrarmos extensas áreas
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com predomínio de mata atlântica. O clima apresenta estações bem definidas, com uma alta amplitude
térmica, em um domínio morfoclimático semiárido, com período chuvoso entre os meses de outubro a
abril. A vegetação se apresenta como um mosaico que inclui espécies típicas da caatinga, cerrado,
campos rupestres, e diferentes tipos de mata com grande diversidade. Importante ressaltar que no
município de Lençóis, cerca de 22.770 hectares são destinados à preservação permanente ou reserva
legal, e ainda 4.445 hectares de área cultivada com espécies florestais também usada para lavouras e
pastoreio por animais (IBGE, 2023).
Como lazer o município oferece alguns points naturais no Parque Nacional da Chapada Diamantina,
na APA – Marimbus/ Iraquara e no Parque Natural Municipal da Muritiba, entre outros, como: Serrano
(balneário, antigo garimpo, onde originou a cidade), Salão de Areias (com areias de diversas cores
utilizadas para o artesanato), Poço Haley (balneário), Cachoeira da Primavera (queda d´água e
balneário), Ribeirão do Meio (balneário), Cachoeira do Sossego, Gruta do Lapão (caverna), Praia Zaidã
(praia fluvial no Rio São José) e o Rio Mucugezinho (balneário e mergulho).
3.1.1 LOCALIZAÇÃO
A área do município de Lençóis é de 1.240 Km2, incluindo a sede municipal, que está localizada a 455
metros de altitude, na latitude: 12° 33' 47" Sul e longitude: 41° 23' 47" Oeste. Estão incluídos na
poligonal municipal os distritos de Afrânio Peixoto (Estiva), Otaviano Alves (Tanquinho de Lençóis)
e os povoados de Remanso, Iuna e Barro Branco. Lençóis limita-se com os municípios de Bonito,
Wagner, Lajedinho, Andaraí, Mucugê, Palmeiras e Iraquara.
O município faz parte do território de identidade da Chapada Diamantina que é composto por 23 (vinte
e três) cidades, são elas: Abaíra, Andaraí, Barra da Estiva, Boninal, Bonito, Ibicoara, Ibitiara, Iraquara,
Itaeté, Jussiape, Lençóis, Marcionílio Souza, Morro do Chapéu, Mucugê, Nova Redenção, Novo
Horizonte, Palmeiras, Piatã, Rio de Contas, Seabra, Souto Soares, Utinga e Wagner.
Território de Identidade foi o conceito trazido pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais
da Bahia (SEI) do Estado da Bahia, com a finalidade de retratar a evolução econômica e social dos
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municípios baianos, dentro de um contexto regional, apresentando informações geográficas e
ambientais, com o objetivo de subsidiar os responsáveis pela construção de políticas públicas, estudos
e pesquisas importantes para a produção científica local e regional. A Bahia está dividida em 27 (vinte
e sete) Territórios de Identidade.
Nas proximidades do município de Lençóis são encontradas diversas nascentes, dando origem a rios
que podem percorrer os domínios urbanos que fazem parte da bacia hidrográfica do Paraguaçu.
3.1.2 HISTÓRICO
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versão mais aceita sobre a descoberta da pedra na região é aquela que a atribui a José Pereira do Prado,
em 1844, que ao explorar a região do córrego Cumbucas, na atual Mucugê, extraiu uma pedra de grande
valor. Com a venda da pedra, o local foi divulgado, e iniciou-se a exploração, por parte de garimpeiros
vindos de Minas Gerais, das regiões de Tijuco e Grão-Mogol. O pico populacional de Lençóis deu-se
nesse ano, chegando a 58.800 pessoas em toda a região das Lavras Diamantinas. (MANGILI, 2015). No
entanto, Nolasco (2002) ressalta que a população de Lençóis seria muito maior, considerando que por muito
tempo os escravos não eram contabilizados nos censos, pois eram considerados bens dos donos das terras. Após
a abolição da escravatura em 1888, a população de ex-escravos passa a ser recenseada, motivo pelo qual observa-
se que, em meados da década de 1910, ela atingia quase 90.000 pessoas em toda a Chapada Diamantina, tendo
chegado, em Lençóis, ao valor estipulado de aproximadamente 35.000 (NOLASCO, 2002, p. 86).
Apesar da descoberta de diamantes ter-se dado em Santa Isabel do Paraguaçu, a povoação de Lençóis
destacou-se como principal centro produtivo e econômico da região, em função da quantidade e da
qualidade das pedras. Em menos de meio século de existência (foi elevada à categoria de cidade em
1864), passou a contar, somente em sua sede, com 22.230 habitantes (MANGILI, 2015).
A partir de 1857, a cidade de Lençóis passou a se destacar em relação aos demais núcleos, fazendo
com que o governo transferisse a Repartição Diamantina, criada em 1847 em Mucugê (então Santa
Isabel do Paraguaçu) (GANEM, 2001, p.45-46). O auge da economia de diamantes das Lavras deu-se
“no momento em que a exportação nacional de diamantes alcançou os 4,6% das exportações totais do
país, em 1855” (TOLEDO, 2001, p. 25). A decadência se iniciaria poucos anos depois, com a primeira
grande seca (1859-1862), acompanhada de epidemia de cólera e varíola, e que provocou o início da
migração. A crise se intensificou com a descoberta de diamantes na África do Sul (1867), o que
provocou a queda dos preços e a agravou. Nas duas décadas finais do século XIX descobriu-se o valor
econômico de outra pedra na Chapada Diamantina, o carbonado, que por volta de 1860, despertou
interesse dos compradores estrangeiros. Essa pedra, preta, opaca e amorfa, tem dureza igual ou maior
que o diamante e é empregada na indústria, principalmente para perfuração (MANGILI, 2015).
Essa época – 1900 a 1930 – também foi o período em que o coronelismo esteve no seu auge, sendo o
coronel mais conhecido, Horácio de Mattos. Após sua morte, em 1931, iniciasse um novo período de
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declínio, agravado pela seca de 1932. A industrialização do sul e sudeste do país, e a abertura da BR-
116 atraem e possibilitam a migração para essas regiões (MANGILI, 2015).
Lençóis foi o 12º conjunto tombado pelo IPHAN, depois de Ouro Preto (1933/1938/1986) Sabará
(1953), Mariana (1938), Diamantina (1938), São João Del Rey (1938), Alcântara (1948/1974), Parati
(1958), Porto Seguro (1968), São Cristóvão (1967), Olinda (1968) e Cachoeira (1971). o seu pedido
de tombamento partiu de um grupo de moradores, e não dos técnicos do IPHAN, como no caso dos
conjuntos anteriores ou de outros conjuntos da Chapada Diamantina (Rio de Contas e Mucugê, cujos
pedidos partiram de especialistas da área patrimonial). Ou seja, houve um processo de atribuição de
valores pelos moradores da cidade e, durante o processo de tombamento, uma valoração feita pelos
técnicos.
A região mantém conservada muitas de suas características originais, retratando a época do auge
econômico das vilas e cidades da Chapada. A arquitetura colonial, com casas e sobrados da segunda
metade do século XIX, contribuíram para o tombamento do seu conjunto arquitetônico e paisagístico,
em 1973.
A povoação de Lençóis teve formação e crescimento rápido e espontâneo, com dois núcleos surgindo
às margens do rio Lençóis: o Serrano, do lado direito, e o de São Félix, do lado esquerdo. As primeiras
habitações eram simples e improvisadas, geralmente feitas de barro com o sistema pau a pique, e
cobertas de palha (MANGILI, 2015). O município teve o seu desenvolvimento de forma desordenada,
sob forte influência das atividades de mineração, que determinou o povoamento e a elevação da vila à
categoria de cidade em 1864. Atualmente, com uma população estimada de 11.600 habitantes (IBGE,
2021), Lençóis tem como principal atividade econômica o turismo, sendo considerada pelo GUIA 4
RODAS em 2010, pela quarta vez consecutiva, um dos 10 melhores destinos turísticos do Brasil.
O município de Lençóis situa-se no centro sul baiano, com uma área territorial de 1.283,328 km², a
394 metros de altitude (IBGE, 2021). Sob domínio morfoclimático úmido a semi-úmido, apresentado
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relevo distinto em função do clima atuante, o qual configura-se por elevações como as encostas da
serra do Sincorá, planaltos e pediplanos karstificados adjacentes. A vegetação da região de Lençóis é
marcada por formações do tipo caatinga arbórea, campo rupestre, cerrado, mata ciliar, floresta
estacional e mata de encosta, apresentando também várias tipologias de solo, que vão desde Latossolos
Álicos e Distróficos nas partes mais inferiores do relevo, até Alissolos e Neossolos (Quartzarênico,
Regolitico e Litólico) nas encostas e topos dos modelados (SEI, 2021).
Parte do território de Lençóis está inserido na porção norte do Parque Nacional da Chapada
Diamantina, uma das maiores reservas ambientais do Brasil. A sede municipal foi tombada como
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patrimônio histórico nacional, preservando-se seus traços arquitetônicos antigos, influenciando a
divulgação da região e consequentemente a sua visitação por parte de pesquisadores, turistas e
aventureiros, com o propósito de conhecer as belas paisagens e/ou em busca de informações
relacionadas ao ambiente atípico da região para posteriores estudos devido ao seu clima diferenciado,
espécies vegetais endêmicas, relevos esculturados de forma singular como os localizados na Serra do
Sincorá, o Morro do Pai Inácio, cachoeiras, poços, grutas, trilhas e rios.
O patrimônio cultural de Lençóis retrata a época do auge econômico das vilas e cidades da chapada,
no século XIX, incluindo um impressionante acervo arquitetônico composto por casarões e sobrados
de cores vivas e construídos com diferentes técnicas. O conjunto arquitetônico e paisagístico de
Lençóis foi tombado, pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional-IPHAN, em 1973,
incluindo-se 570 imóveis que mantêm conservadas suas características originais. São Monumentos e
Espaços Públicos Tombados - Lençóis (BA): Praça Horácio de Matos (espaço público mais importante
da cidade), Mercado Público Municipal, ponte sobre o rio Lençóis, Prefeitura Municipal, imóvel onde
funciona o Escritório Técnico do IPHAN, antigo Posto de Saúde, Teatro de Arena, Igreja Nossa
Senhora do Rosário, Igreja de Nosso Senhor dos Passos, Casa de Cultura Afrânio Peixoto e Anfiteatro,
Biblioteca Pública, Arquivo Público, entre outros.
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Chama-se a atenção para a presença de antigo aqueduto em área onde foi criado o MONUMENTO
NATURAL MUNICIPAL DO MUCUGEZINHO, também conhecido como regos ou sucalcas, que no
passado atravessava a serra para conduzir e distribuir água para que o garimpo de diamantes pudesse
acontecer. Os aquedutos, foram construídos unicamente com materiais locais, predominantemente
pedra e barro, e muitas vezes, as pedras eram refugos do material do garimpo (MANGILI, 2015).
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Figura 4: Sede do IPHAN no município de Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia
(registro fotográfico obtido pelos autores).
A estrutura conhecida como Aqueduto do rio Mucugezinho, foi construída pelo Mestre Adelino José
da Costa, a mando do Sr. Lili Sá, dono de terras e garimpeiro do diamante (FUNCH, 2007, p.55). A
construção é composta de 7 torres de alvenaria, em bom estado de conservação, às margens do rio
Mucugezinho.
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Figura 5: Ruínas do Aqueduto localizado no Balneário do Mucugezinho, na área da APA
Marimbus-Iraquara, no município de Lençóis, Bahia (registro fotográfico obtido pelos autores).
Segundo artigo de Alei Domingues e Ruzimar Tavares, em estudo sobre a mineração de Ouro Preto, o
desmonte hidráulico era o processo mais comum, aproveitando águas de chuvas ou as captadas de
nascentes. Ainda hoje, estão preservados um grande número de estruturas de captação e, condução
destas águas por toda a serra. O material desmontado era acumulado em pequenas barragens de pedra,
denominadas mundéus escalonadas pelas encostas e, posteriormente, trabalhado por vários processos
para efetivar a separação do ouro. Os aquedutos funcionavam como canais de condução de água
utilizada para promover o desmonte hidráulico dos depósitos de encosta e rocha mais alterada, além de
conduzir sob a forma de lama o material desmontado para os mundéus. O material era então trabalhado,
principalmente segundo os processos empregados nas extrações em aluviões (DOMIGUES e
TAVARES, 2009, p.145/146).
No que se refere as manifestações tradicionais religiosas, destaca-se o Jarê, também conhecido como
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“candomblé de caboclo”. O Jarê consolidou-se nas Lavras, “operando-se, basicamente, com
garimpeiros”, tendo posteriormente se expandido para a zona agrícola, onde sofreu transformações
maiores em vista dos agentes dessa região, “advindos do catolicismo popular rural que não mais
possuíam a ‘memória africana’” (SENNA, 1998, p. 36). No Jarê se curavam os males da alma e também
os do corpo, nesse ambiente (as Lavras Diamantinas) onde a figura do médico e do farmacêutico foi
sempre escassa, os rituais incorporam alguns elementos das manifestações culturais, como a marujada
e o reisado, nas vestimentas e alguns cânticos (MANGILI, 2015).
É importante dizer que o município conta com sede regional do IPHAN, atualmente ocupando casarão
que faz parte do conjunto arquitetônico tombado.
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Figura 7: Manifestação religiosa da Festa do Senhor dos Passos, no Município de
Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia (registro fotográfico obtido pelos autores).
Lençóis se apresenta como uma potência econômica na região da Chapada Diamantina, com PIB per
capita de R$ 11.275,17 e mais de 80% das receitas oriundas de fontes externas, o município apresenta
o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,623 (IBGE, 2020).
Atualmente, a atividade turística é a principal fonte de receita da região de Lençóis, considerada como
grande atração da Chapada Diamantina. O turismo é a principal fonte de renda para os moradores e
comerciantes, sendo esta atividade proporcionada principalmente pelas belas paisagens encontradas
nesta localidade, visto que “o turismo é uma atividade que pode estar intimamente relacionada com o
meio físico, em especial aquele que está vinculado à exploração das belezas naturais de uma
determinada área”. (GUERRA E MARÇAL, 2006, p. 42)
A economia forma e informal é formada por centenas de hotéis, pousadas, albergues, restaurantes,
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cafés e lanchonetes, responsáveis por boa parte da oferta de emprego na cidade, que conta ainda com
centenas de Guias e Condutores habilitados que garantem intenso fluxo de visitantes em seus atrativos
turísticos o ano inteiro. O Parque Natural Municipal da Muritiba, o Parque Nacional da Chapada
Diamantina e a APA Marimbus-Iraquara são exemplos de áreas ambientais bastante visitadas.
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Depois da atividade turística, a agricultura de subsistência é uma importante fonte de receita municipal,
principalmente através da produção e comercialização de feijão, milho e mandioca para o suprimento
de pequenos núcleos familiares, bem como para a venda destes produtos em pequenas feiras livres
locais e em nível regional. Os produtos agrícolas podem ser comercializados in natura, ou
artesanalmente transformados em outros produtos alimentares, tais como farinha, goma, beiju etc.
A produção de feijão no município ocupa 65 hectares, com uma produção anual de aproximadamente
50 toneladas, enquanto o milho é cultivado em uma área de 50 hectares e uma produção de 60 toneladas.
Juntas, as produções de feijão e milho geram uma receita de aproximadamente R$ 106.000,00 por ano
(IBGE, 2007). No que se refere a lavoura permanente, a produção de banana e café são as mais
expressivas ocupando aproximadamente 900 hectares de área plantada, com valor de produção na
ordem de R$ 5.000.000,00/ano (IBGE, 2007).
CLIMA
Lençóis está sob o domínio morfoclimático do Semi-árido, e devido às condições especiais de altitude,
o clima da região é mesotérmico do tipo cwb (tropical de altitude) na classificação Koppen (1948),
com máximo de chuvas no verão (novembro, dezembro e janeiro) e um máximo secundário em março-
abril, com verão chuvoso e inverno seco (COUTO et al., 2011). A pluviosidade varia entre 35 mm
(julho e agosto) a 184 mm (dezembro), com precipitação média excedendo 100 mm durante a estação
chuvosa. As temperaturas médias mensais oscilam durante o ano, variando em torno de 18ºC durante
o inverno (abril-setembro) e excedendo 22ºC nos meses mais quentes (outubro-fevereiro) (FUNCH et
al. 2002).
As estações são bem definidas, com uma alta amplitude térmica, que embora, esteja num domínio
morfoclimático semi-árido, de topografia acidentada (Serra do Sincorá), faz parte de uma dinâmica
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climática regional semi-úmida, com presença de chuvas orográficas (Nimer, 1989).
GEOLOGIA
A geologia em uma escala regional está condicionada por litótipos diversos contidos nos Grupos
Chapada Diamantina (Formações Tombador, Caboclo e Morro do Chapéu), originado na Era
Mesoproterozóica, dispondo de um domínio estratigráfico de rochas quartzíticas e areníticas de grande
espessura e relativa variabilidade, com a presença de intervalos estratigráficos de sedimentação
psamítica; Paraguaçú (Formação Açuruá) composta predominantemente por ardósias e metassiltitos
datados do fim da Era Paleoproterozóica, com origem ligada a dinâmicas marinhas e fluviais; Una
(Formações Bebedouro e Salitre) constituído principalmente por rochas calcárias, dolomiticas e
peliticas da Era Neoproterozóica (TURRA, 2014; MAGALHÃES et al., 2014). Coberturas quaternárias
do tipo areia com níveis de argila e cascalho, crosta laterítica, e depósitos aluvionares recentes (areias
com intercalações de argilas e cascalhos) ocorrem na porção Sul do município. (CPRM 2005).
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Figura 10: Mapa geológico com síntese litológica-hidrogeológica de Lençóis, Bahia.
RECURSOS HÍDRICOS
O município de Lençóis está inserido na bacia hidrográfica do rio Paraguaçu, sendo o rio Santo Antônio
o seu principal tributário e o São José seu afluente, que por sua vez recebe diversos cursos d’água
nascentes na serra do Sincorá, entre esses, o rio Lençóis que atravessa a cidade. A microbacia drenada
pelo Rio Lençóis faz parte da sub-bacia do Rio São José, que conflui com o Rio Santo Antônio que por
sua vez é um dos principais afluentes do Rio Paraguaçu, um dos mais importantes rios da Bahia, que é
integrante de um conjunto de bacias que formam a região hidrográfica do Atlântico Leste. O Rio
Lençóis e seus afluentes drenam áreas dentro do município de Lençóis.
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Figura 11: Mapa de localização e hipsometria da microbacia do Rio Lençóis, Bahia.
No que se refere às águas subterrâneas, Mattos (2017) identificou duas zonas com hidrogeoquímicas
distintas que definem 3 tipos de água nas estações seca e chuvosa, divididas em cinco agrupamentos,
sendo águas predominantemente doces, com baixa salinidade e apresentando boa qualidade ambiental,
com algumas exceções expostas à interferência antrópica. Os domínios hidrogeológicos desta área, que
são predominantemente compostos por rochas sedimentares e metassedimentares (siltitos, metarenitos,
arenitos, calcarenitos, quartzitos e conglomerados) do Grupo Chapada Diamantina/Estância/Juá,
ocupando cerca de 85% da área, caracterizando um aquífero misto, semi-confinado, com predomínio
de porosidade secundária (Mattos, 2017).
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O Rio Mucugezinho está localizado às margens da BR-242, é um famoso balneário, muito frequentado
por turistas, moradores ou por quem está só de passagem pela estrada que liga Salvador à Brasília. Dos
vários poços, dois se destacam: o Poço do Pato e o Poço do Diabo, este último um dos maiores de toda
a Chapada, com belíssima queda d’água de cerca de 15 (quinze) metros de altura.
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Figura 13: Poço do Pato, atração turística do Monumento Natural Municipal do
Mucugezinho, em Lençóis, Bahia (registro fotográfico obtido pelos autores).
RECURSOS FLORESTAIS
Em toda a extensão municipal destacam-se 6 classes de vegetação: Campo Rupestre, Mata de Encosta,
Floresta Estacional Semi-decídual, Cerrado, Agropecuária e Mata Ciliar em menor extensão (DE
MELO OLIVEIRA; CHAVES, 2005).
Alguns táxons, muito comuns na região, são recorrentes em outras florestas estudadas no Brasil, a
exemplo das famílias Fabaceae, Myrtaceae, Lauraceae e Apocynaceae, e os gêneros Ocotea, Myrcia,
Casearia e Inga.
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árvores que variam de 10 a 16 m de altura, e abaixo deste dossel, situa-se um estrato arbóreo contínuo,
com cerca de 6 a 9 m de altura, representado pela grande maioria das árvores (COUTO et al., 2011).
SOLOS
No que diz respeito aos solos, são encontrados principalmente os Neossolos, do tipo Litólico,
Regolitico, Quartzarênico e algumas manchas de Latossolos Álicos ou Distróficos (SEI, 2007). Essa
grande quantidade e variação de Neossolos se deve principalmente a forte atuação morfogenética em
relação à pedogenética, impossibilitando o desenvolvimento e amadurecimento dos solos.
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A formação dos solos na região, associadas ao relevo predominante, apresenta formações
geomorfológicas resultantes de ações metamórficas, que atuaram modificando suas estruturas e
proporcionando uma maior resistência às intempéries, tanto de ordem física, quanto de ordem química
nas rochas pré-existentes. Desta forma, observa-se que as atividades que envolvem a produção de
alimentos não são expressivas na região, decorrente principalmente da pouca caracterização de seus
solos para cultivos mais exigentes de nutrientes para o seu desenvolvimento.
Historicamente, o zoneamento aparece no contexto mundial das áreas protegidas (AP) nos anos de
1970, promovido pelo norte-americano Kenton Miller, que propôs essa ferramenta de manejo e a
consagrou por meio da publicação “Planejamento de Parques Nacionais para o Ecodesenvolvimento
de América Latina”, em 1980.
O conceito então proposto por Kenton Miller, 1980 (Pag.161) consolidava o zoneamento como a
distribuição espacial das diferentes ações de manejo, como a seguir: “O zoneamento do planejamento
do parque se diferencia por estar designado para prescrever atividades de gestão de zonas específicas.
Suas ideias tiveram imensa difusão e repercussão nos meios conservacionistas, especialmente na
América Latina. No Brasil, o Regulamento de Parques Nacionais Brasileiros, promulgado por meio do
Decreto nº 84.017, de 21 de setembro de 1979, estabeleceu o zoneamento como uma estratégia de
planejamento para as UC ao definir plano de manejo (PM) como: “um projeto dinâmico que, utilizando
técnicas de planejamento ecológico, determina o zoneamento de um Parque Nacional, caracterizando
cada uma de suas zonas e propondo seu desenvolvimento físico, de acordo com suas finalidades”.
Este Decreto absorveu na íntegra os conceitos propostos por Kenton Miller e estabeleceu a mesma
tipologia de zonas de manejo para os parques brasileiros. Dois anos depois, o zoneamento teve sua
abrangência ampliada ao ser incorporado na Lei Federal n.º 6,938, de 31 de agosto de 1981, que dispôs
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sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e por meio de seu Art 9º, instituiu o Zoneamento
Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei Federal n.º 9.985 de 18 de julho de
2000), regulamentado pelo Decreto Federal n.º 4.340 de 22 de agosto de 2002, após 10 anos de
discussão no Congresso Nacional, consolidou as unidades de conservação como espaços territoriais
especiais e estabeleceu critérios e normas para a criação, implantação e gestão das mesmas. No
Capítulo I, das Disposições Preliminares, o zoneamento é conceituado como “definição de setores ou
zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito
de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados
de forma harmônica e eficaz”.
Contudo, o SNUC não revogou o Decreto n.º 84.017/1979 que instituiu o Regulamento dos Parques
Nacionais Brasileiros. Assim, o órgão executor do SNUC na esfera Federal na época, o IBAMA,
quando elaborou o Roteiro Metodológico de Planejamento – Parques Nacionais, Reservas Biológicas
e Estações Ecológicas (IBAMA, 2002), manteve as zonas estabelecidas no Regulamento dos Parques,
apenas acrescentando novas tipologias de zonas adequadas à realidade brasileira (zonas de Uso
Conflitante, de Ocupação Temporária e de Sobreposição Indígena), reafirmando a função do
zoneamento como “um instrumento de ordenamento territorial, usado como recurso para se atingir
melhores resultados no manejo da UC, pois estabelece usos diferenciados para cada zona, segundo seus
objetivos.”
Segundo Kenton Miller (2001), desde sua publicação de 1980, muitas mudanças aconteceram e hoje
precisamos considerar as dimensões sociais, serviços ecossistêmicos, ferramentas econômicas,
finanças sustentáveis e planejamento biorregional em escala de paisagem. Ele questiona também se o
conceito de “partes interessadas” expandiu e pergunta diretamente: a que distância vamos chegar? Só
até os vizinhos imediatos? Ou em toda a extensão de influência até os centros urbanos?
De acordo com Amend et al (2002), o zoneamento em áreas protegidas, por muito tempo, ignorou as
realidades sociais. No entanto, a presença humana e os usos dos recursos naturais feitos por esses
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grupos sempre foram a chave na definição das diferentes zonas de manejo para essas áreas protegidas.
O mesmo autor ressalta que enquanto os atores com interesses em uma área específica não sentem a
necessidade de criar zonas e regras para as suas atividades, seja porque um não incomoda o outro, ou
porque o comprometimento de algum recurso, objeto natural ou cultural, não foi reconhecido, será
muito difícil chegar a um acordo ou criar regras respeitadas por todos.
Thomas, Lee e Middleton, Julie, (2003), corroboram as ideias de Amend et al. (2002), ao identificar
que o sucesso dos planos de zoneamento é garantido pela realização de uma adequada consulta pública
durante o seu desenvolvimento, sendo que as definições do zoneamento devem ser discutidas e aceitas
pelas partes afetadas na área e em sua área de amortecimento.
Dessa forma, esse estudo visa trazer zoneamento capaz de traduzir as características e as necessidades
naturais e históricas de disponibilidade, vulnerabilidade e uso dos componentes físicos, biológicos e
socioculturais da APA Marimbus-Iraquara UC em subespaços delimitados ao Distrito Sede do
Município de Lençóis, CONSIDERANDO que não foi realizada a revisão do Mapa de Zoneamento
conforme determina o item 21, do artigo 3º da RESOLUÇÃO nº 1.440 de 20 de junho de 1997, que
citamos abaixo:
“21 – revisar, periodicamente, o Mapa de Zoneamento da APA, incorporando as informações provindas dos
Relatórios de Informação Ambiental – RIA, e dos outros estudos ambientais solicitados, submetendo qualquer
área que venha a ser reconhecida e caracterizada pela legislação, como de regime mais estrito, aos respetivos
termos”.
Vale destacar ainda que durante os 26 (vinte e seis) anos que intervalam a publicação do Plano de
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Manejo e o Mapa de Zoneamento não houve a apresentação dos Relatórios de Informação Ambiental
(RIA), ferramenta importante para uma possível revisão do zoneamento baseada em dados estatísticos
e dentro de um planejamento ambiental que considere o uso dos recursos naturais e a ocupação humana,
bem como o tombamento da cidade, realizado no ano de 1973.
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Figura 15: Áreas do polígono amarelo que comporá o NUC ampliado de Lençóis, Bahia.
Para a determinação da nova poligonal da Zona de Proteção Rigorosa (ZPR) e a alteração sofrida no
que se refere a porção Centro-Leste da cidade de Lençóis, foi considerado a área ocupada com a nova
poligonal do NUC de Lençóis, identificada na figura 15. A área que antes era ZPR e fará parte do NUC
de Lençóis está identificada na figura 16 e representa área antropizada pela ocupação humana. Outra
perda de área dessa zona está relacionada a ampliação da ZVT (Zona de Vila Turística) a Nordeste de
Lençóis, próxima a ponte sobre o rio São José, na entrada da cidade, identificada na figura 17.
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Figura 16: Áreas da seta rosa que representam aquelas anteriormente consideradas parte da ZPR,
na porção Centro-Leste da cidade e propostas a serem partes do NUC de Lençóis, Bahia.
Determinar a nova poligonal da Zona de Vila Turística (ZVT) que contemplará a atual poligonal da
ZVT, onde está localizado o Vilarejo do Barro Branco, a Nordeste da cidade de Lençóis, bem como as
outras áreas identificadas na figura 17.
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Figura 17: A nova área da ZVT identificada na área hachurada em amarelo.
Determinar a nova poligonal da Zona de Proteção Visual (ZPV) com alteração no que se refere as
áreas ocupadas agora pelo NUC da cidade de Lençóis, cuja proposição de poligonal foi representada
na figura 15, através do polígono amarelo, bem como em outras 02 (duas) áreas cedidas a nova ZVT,
a primeira localizada a Norte-Nordeste do NUC de Lençóis e a segunda a Sudoeste do NUC.
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4.2.5 ZEP (ZONA DE EXPANSÃO PRIORITÁRIA)
Determinar a extinção de uma Zona de Expansão Prioritária (ZEP) no entorno do NUC de Lençóis,
haja vista que a área total da ZEP, com área de 151,4158 ha (cento e cinquenta e um hectares, quarenta
e um centiares e cinquenta e oito ares) foi reconfigurada como parte do NUC de Lençóis, haja vista a
ocupação ali existente, consolidada a décadas.
Com a publicação do Decreto Estadual nº 2 216, de 14 de junho de 1993, áreas dantes ocupadas e
tombadas pelo IPHAN, da noite para o dia, foram consideradas danosas ao meio ambiente, por
estarem situadas em área especialmente protegida e, cuja responsabilização como poluidor indireto
veio a ser da Prefeitura Municipal de Lençóis. Dessa forma, o desacertado zoneamento da APA trouxe
uma insegurança jurídica ao local e estimulou a ocupação informal e desordenada, reiterada ao longo
dos anos pela omissão da gestão da APA quanto a emissão dos Relatórios de Informação Ambiental
(RIA) e da revisão do Mapa do seu zoneamento, previstos no artigo 3º da Resolução CEPRAM nº
1.440.
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importância ao meio ambiente e destacando de um lado sua essencialidade para o bem-estar da
humanidade, e de outro, a necessidade de sua proteção para o futuro (artigo 225, caput § 1º da CF).
Partem do entendimento que as UC’s não são áreas intocáveis, mas sim de grande valia ao município
pela provisão de serviços ecossistêmicos e pela oportunidade do incremento de atividades
relacionadas ao turismo ecológico e de aventura, proporcionando a geração de renda e emprego.
A revisão do Zoneamento ora proposto foi construído pela equipe multidisciplinar da SEMMA, órgão
ambiental gestor do Município de Lençóis e pelo CONSELHO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE
(COMUMA), órgãos ambientais componentes do SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE
(SISMUMA), adequados aos termos do artigo 5º, da Lei Complementar nº 140/2011 e busca a
atualização do PLANO DE MANEJO, haja visto que este é o documento disciplinador de todas as
ações públicas e privadas que possam vir a afetar o bem ambiental que a unidade de conservação visa
proteger, das relações da UC com a sociedade conforme expressa a Lei Federal nº 9.985/2000.
Além da revisão da APA, a gestão municipal de Lençóis, tendo em vista a ausência de um zoneamento
disciplinante, em virtude de sua obsolência e da ineficácia do órgão gestor em atualizá-lo, busca saber
quais os objetivos da conservação da UC com o zoneamento existente? Quais os futuros esperados
para a UC na região de Lençóis e área de influência? Onde estão as áreas mais importantes para a
manutenção dos processos ecológicos chave e para a manutenção da viabilidade dos alvos de
conservação? Onde estão as áreas com maior fragilidade ambiental? Onde estão as espécies de
interesse para a conservação (ameaçadas, endêmicas e raras)? Onde estão as espécies invasoras,
sinantrópicas ou espécies-problema? Onde estão as nascentes o cabeceiras de rios? Existem conflitos
de interesse não conciliáveis, que remetam a necessidade do uso do princípio da precaução? Existem
população residentes, onde? As populações residentes possuem saberes e práticas tradicionais
associadas? Os recursos da UC são utilizados pela população residentes, quais e onde se localizam?
Existem usos já consolidados de infraestrutura, como trilhas? Pretende identificar nos RIA’s, as áreas
remanescentes de Mata Atlântica, em estágio médio e avançado, e atualizar nos mapas e aplicar essas
áreas ao regime instituído pelo Decreto nº 750/1993?
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4.4 METODOLOGIA E RESULTADOS OBTIDOS
Como parte da terceira etapa foram realizadas inúmeras reuniões com a equipe multidisciplinar da
secretaria, assessoria jurídica-ambiental e assessoria ambiental de Lençóis e os empreendedores do
local para informamos sobre a necessidade da revisão do Zoneamento pelas questões trazidas por
esse Estudo Técnico.
Na quarta etapa foram realizadas visitas técnicas nas áreas que sofrerão alterações de zoneamento,
com inúmeros sobrevôos de drone, nos mais diversos bairros do Município, tais como Lavrado,
Encontro dos Rios, Alto do Cajueiro, Águas Claras e Tomba-Surrão.
A quinta e última etapa consistiu na elaboração dos mapas e desse estudo técnico e aconteceu entre
os dias 01 de agosto e 10 de setembro de 2023 e está sob a coordenação técnica do Gestor Ambiental
Osmani Machado da Ponte Neto, da Equilíbrio Assessoria e Gestão Ambiental Ltda.
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REFERÊNCIAS
COUTO, Ana Paula Lima do; FUNCH, Lígia Silveira; CONCEIÇÃO, Abel Augusto. Composição
florística e fisionomia de floresta estacional semidecídua submontana na Chapada Diamantina,
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JABBOUR, Ana Beatriz Lopes de Sousa; Charbel, José Chiappetta Jabbour. Gestão Ambiental
nas organizações: fundamentos e tendências. São Paulo, 2013.
MAGALHÃES, A. J. C. et al. Unincised fluvial and tide-dominated estuarine systems from the
Mesoproterozoic Lower Tombador Formation, Chapada Diamantina basin, Brazil. Journal of
South American Earth Sciences, v. 56, p. 68-90, 2014.
MARINHO-FILHO, J.; SAZIMA, I. Brazilian bats and conservation biology: A first survey.In
KUNZ, T. H.; RACEY, P. A. Bat Biology and conservation. Washington D.C.: Smithsonian
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NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro:IBGE, Dep. De recursos Naturais e Estudos
Ambientais. 1989.
TADAIESKY, N.; REBELO, A. P.; VITOR, G. Análise dos impactos ambientais provocados pelo
turismo nos Municípios de Bragança, Maracanã (Vila de Algodoal) e Salinopólis. In.:
SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE TURISMO SUSTENTÁVEL, 2., 2008, Fortaleza.
Anais... Fortaleza (CE), 2008.
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