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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO
PROJETO DE PESQUISA

NATÁLIA MORAES SILVA

“CONDIÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DO USO DO SOLO NO MUNICIPIO DE


RAPOSA, REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE SÃO LUÍS”.

SÃO LUÍS - MA
2011
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NATÁLIA MORAES SILVA

“CONDIÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DO USO DO SOLO NO MUNICIPIO DE


RAPOSA, REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE SÃO LUÍS”.

Orientando: Natália Moraes Silva


Orientador: Dr. Carlos Frederico Lago Burnett.

SÃO LUÍS - MA
2011
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SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO...................................................................................................... 5

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 5

2.1 Tipologias básicas............................................................................................. 8

2.2 Eventos acadêmicos......................................................................................... 9

2.2.1 Palestra “Experiências de Planejamento Regional” com Rosa Moura........... 9

2.2.2 Seminário Inter-Eixos “Maranhão: Grandes Projetos, Grandes Impactos..... 10

2.2.3 Palestra “Gerenciamento de Recursos Hídricos e Desenvolvimento


10
Regional”.................................................................................................................

3. ÁREA DE ESTUDO E METODOLOGIA.............................................................. 11

3.1 Metodologia....................................................................................................... 11

3.1.1 Pesquisa Bibliográfica e Iconográfica.............................................................. 11

3.3.2 Pesquisa de campo ....................................................................................... 13

3.2 A Região Metropolitana da Grande São Luís ....... ........................................... 17

3.3 Localização da Área de estudo e descrição do território................................... 19

4. RESULTADOS................................................................................................... 23

4.1 Histórico e estruturação administrativa ............................................................ 24

4.2 Ocupação territorial........................................................................................... 25

4.3 Distribuição espacial da ocupação territorial..................................................... 26

4.4 Aspectos sociais................................................................................................ 27

4.5 Aspectos econômicos........................................................................................ 29

4.6 Mobilidade e acessibilidade............................................................................... 31

4.6.1 Sistemas de transporte: infraestrutura, tarifas, percurso de linhas................ 32

4.7 Mercado imobiliário........................................................................................... 34

4.8 Ocupação territorial e uso do solo..................................................................... 35


4

4.8.1 Divisão do município...................................................................................... 35

4.8.2 Zona de ocupação territorial das Ilhas........................................................... 36

4.8.3 Zona de ocupação territorial da sede............................................................. 39

4.8.4 Zona de ocupação territorial Bom Viver......................................................... 41

4.8.5 Zona de ocupação territorial Cumbique ....................................................... 43

4.8.6 Zona de ocupação territorial Vila Boa Esperança.......................................... 45

4.8.7 Zona de ocupação territorial Res. Pirâmide................................................... 47

4.8.8 Zona de ocupação territorial do Araçagy........................................................ 49

4.8.9 Zona de ocupação territorial Res. Vista ao Mar............................................. 51

4.8.10 Zona de ocupação territorial Caúra.............................................................. 52

5. CONSIDERAÇOES FINAIS................................................................................ 53

6. REFERÊNCIAS................................................................................................... 56
5

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório tem o objetivo de reunir as informações coletadas durante a


pesquisa sobre o uso e ocupação do solo no município de Raposa. O projeto
desenvolveu-se com a finalidade de entender a atual dinâmica de ocupação do
município e suas relações e influências com a Região Metropolitana da Grande São
Luis. Para alcançar tais objetivos foram feitos levantamentos, sistematização e
espacialização das condições de uso do solo no município de Raposa, buscando
caracterizar as principais tipologias dos assentamentos humanos e qualidade de
acesso à infra-estrutura e aos serviços.

A princípio, para uma melhor fundamentação foram esclarecidos alguns


conceitos tais como urbanização, metropolização, espaço urbano e rural, entre outro.
De forma a entender as expansões e consolidações do espaço seguindo correntes
econômicas e seus aspectos relacionados com o uso do solo para habitação,
transportes, equipamentos urbanos públicos. Além dos estudos teóricos, a pesquisa de
campo foi determinante para o desenvolvimento do trabalho.

Seguindo o plano de trabalho procurou-se obter informações sobre histórico da


ocupação territorial, formação política, configuração geográfica do município de
Raposa, com identificação de principais núcleos urbanos, vias de acesso e recursos
naturais. E sobre as atividades produtivas locais com seus desdobramentos sobre os
indicadores sócio-ambientais e o território municipal.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No âmbito da fundamentação teórica da pesquisa, buscou-se trabalhar temas


que tratassem das temáticas que discorrem acerca de Urbanização, Metropolização,
Região Metropolitana, Espaço Urbano e Espaço Rural. Esses conceitos são
importantes para desenvolvimento do trabalho e, torna-se necessário a apresentá-los
para evitar equívoco.

Para Jurandyr Ross (2005) Urbanização é um processo de afastamento das


características rurais de uma localidade ou região, para características urbanas. Esse
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processo de Urbanização teve início paralelamente à constituição da sociedade


humana e seu estabelecimento em determinados espaços físicos. E tem continuidade
até hoje, com a atual emergência de um estilo de vida urbano, disseminando-se por
vastas áreas, com o crescimento vegetativo e com a passagem de, cada vez maiores,
contingentes populacionais do campo para as cidades.

Com isso a cidade cresce e, em alguns casos poderá surgir uma Metrópole. No
Brasil, Santos (1993) considera que apenas os aglomerados urbanos com mais de um
milhão de habitantes mereceriam a denominação de metrópole. Levando-se em conta
a etimologia da palavra, que significa cidade-mãe, o termo metrópole deve ser
entendido no sentido da primazia de uma cidade que, com maior complexidade e
importância, exerce influências funcional, econômica e social sobre outras cidades
menores, formando um tecido urbano praticamente contínuo, partilhando funções e
problemas que devem ser pensados e solucionados conjuntamente.

Vinculado a Metrópole sucede o processo de Metropolização. Segundo Ruskin


Freitas (2009), este ocorre a partir da polarização de uma região em torno da
Metrópole, em dimensões físicas e, sobretudo, populacional, caracterizando-se pela
alta densidade demográfica, alta taxa de urbanização, ao redor da qual se forma um
núcleo metropolitano. A metrópole constitui um núcleo, ao redor do qual há várias
outras cidades sob sua direta influência, mantendo forte relação de interdependência
econômica e notório movimento pendular de sua população.
A metropolização diferencia-se da conurbação. Este conceito foi criado por
Patrick Geddes em 1915, referindo-se à junção de cidades em expansão, mas sem a
predominância de um centro principal, como ocorre na metrópole. Segundo Adilson
Aparecido Bordo (2005) a conurbação é constituída pela proliferação de espaços
contínuos, com pouca hierarquização entre eles, e sem qualquer plano conjunto.

Esquema de mancha urbana, com


rede funcional, ultrapassando
limites municipais.

Fonte : Ruskin Freitas (2009)


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A combinação dos processos de urbanização, de metropolização e de


conurbação deu origem às regiões metropolitanas, enquanto fenômeno físico e
socioeconômico, reconhecido pelos teóricos, assim como pela população. Esse fato
pode vir a ser institucionalizado pelo poder público, visando à gestão de problemas
comuns a mais de um município. Apesar da aparente fácil apreensão desses
processos, dificilmente encontramos um enunciado que encerre todas as suas nuances
conceituais.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988, passou aos Estados a competência


de poder criar regiões metropolitanas que seriam "constituídas por agrupamentos de
municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comum". Então cada Unidade da Federação estabelece
os seus próprios critérios referenciais para instituir uma Região Metropolitana. Criou-se
assim, a possibilidade de distorções e grandes diferenças, quantitativa e
qualitativamente, entre regiões.

Alguns princípios referenciais para a caracterização de uma região


metropolitana segundo Ruskin Freitas (2009).
Grande concentração populacional urbana, igual ou superior a 1 milhão de
habitantes, incluindo município pólo e entorno; Conurbação (mancha urbana contínua
entre municípios limítrofes) ou forte tendência desse fato vir a ocorrer em médio prazo;
Polarização dentro de uma rede de cidades, caracterizada por interações entre centros
urbanos, diretamente proporcionais às suas massas (população x renda) e
inversamente proporcionais à distância entre os pares de localidades; Existência de
relação funcional de interdependência, relativa a evidentes fluxos migratórios de
natureza pendular.

Assim como as Regiões Metropolitanas são definidas pela Constituição, o


Espaço rural e Urbano, no Brasil, também se baseia na Lei. Desconsiderando o
mensuramento de características como o tamanho populacional, ocupação, renda ou
pressão antrópica. A classificação baseia-se nas áreas, sendo a população classificada
como rural ou urbana de acordo com a localização de seu domicílio. Para o IBGE são
urbanas as sedes municipais (cidades) e as sedes distritais (vilas), cujos perímetros
são definidos por lei municipal. Também são consideradas urbanas as áreas urbanas
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isoladas, igualmente definidas por lei municipal, porém separadas das cidades ou das
vilas por área rural ou outro limite legal. As áreas rurais são aquelas fora dos
perímetros definidos como urbanos.

2.1 Tipologias básicas

Classificação e definição de tipos de Localidades:


 Cidade - Localidade com o mesmo nome do Município a que pertence
(sede municipal) e onde está sediada a respectiva prefeitura, excluídos os
municípios das capitais.
 Vila - Localidade com o mesmo nome do Distrito a que pertence (sede
distrital) e onde está sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos das
sedes municipais.
 Aglomerado Rural - Localidade situada em área não definida legalmente
como urbana e caracterizada por um conjunto de edificações permanentes e
adjacentes, formando área continuamente construída, com arruamentos
reconhecíveis e dispostos ao longo de uma via de comunicação.
 Aglomerado Rural de extensão urbana - Localidade que tem as
características definidoras de Aglomerado Rural e está localizada a menos de 1
Km de distância da área urbana de uma Cidade ou Vila. Constitui simples
extensão da área urbana legalmente definida.
 Aglomerado Rural isolado - Localidade que tem as características
definidoras de Aglomerado Rural e está localizada a uma distância igual ou
superior a 1 Km da área urbana de uma Cidade, Vila ou de um Aglomerado
Rural já definido como de extensão urbana.
 Povoado - Localidade que tem a característica definidora de Aglomerado
Rural Isolado e possui pelo menos 1 (um) estabelecimento comercial de bens
de consumo freqüente e 2 (dois) dos seguintes serviços ou equipamentos: 1
(um) estabelecimento de ensino de 1º grau em funcionamento regular, 1 (um)
posto de saúde com atendimento regular e 1 (um) templo religioso de qualquer
credo. Corresponde a um aglomerado sem caráter privado ou empresarial ou
que não está vinculado a um único proprietário do solo, cujos moradores
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exercem atividades econômicas quer primárias, terciárias ou, mesmo


secundárias, na própria localidade ou fora dela.

2.2 Eventos acadêmicos


A fim de complementar a pesquisa foi registrada algumas participações em
eventos acadêmicos.

2.2.1 Palestra “Experiências de Planejamento Regional” com Rosa Moura

A palestrante Prof.ª Rosa Moura, Doutora em geografia (Conceito CAPES 4)


enfatiza temas como planejamento, desenvolvimento regional, regiões metropolitanas
em escala local e global, ela chama atenção para temas atuais cada vez mais em
destaque devido às transformações pelas quais as cidades vêm passando. E destaca
que o planejamento regional deve buscar o desenvolvimento. Alem disso considera o
desenvolvimento como alargamento de horizontes, iniciativas, da capacidade de ação,
transformação e criação de sujeitos sociais.

Planejamento regional se associa a idéia de desenvolvimento e imediatamente


nos vem à entidade entre espaços diferentes, planejamento não um remédio e, os
desequilíbrios acontecem exatamente porque o modelo de produção, é um modelo que
beneficia algumas regiões ganhadoras, como diz alguns autores, a custa da
exploração, da apropriação dos excedentes de algumas regiões perdedoras.

Por exemplo, uma empresa que escolhe implantar-se em determinado lugar, irá
provocar mudanças de forma negativa ou positiva. E por trás dessa escolha tem uma
série de jogos de interesses que levam para que aquele lugar seja o escolhido.
Construir dentro do universo de ações onde o capital fala mais alto é muito complicado.
Por isso que o Estado é importante, porque vai procurando fazer justamente o
equilíbrio entre as parte. Tal diálogo deve buscar a produção de um espaço urbano e
regional que permita compartilhar os benefícios do desenvolvimento entre pessoas,
segmentos, municípios e regiões.

Uma Política de Desenvolvimento Urbano deve formular estratégias


setorialmente articuladas e integradas territorialmente. Assim como deve se preocupar
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com o território em suas muitas dimensões: da cidade à aglomeração (o urbano


enquanto espaço construído, enquanto espaço expandido, enquanto espaço
conectado); da cidade à região (o aglomerado urbano enquanto pólo regional, o tecido
urbano envolvendo o território em sua totalidade). E resultar em uma política que
garanta a equidade social, eficiência administrativa, ampliação da cidadania,
sustentabilidade ambiental e resposta efetiva aos direitos de populações vulneráveis.

2.2.2 Seminário Inter-Eixos “Maranhão: Grandes Projetos, Grandes Impactos


Sócio-Ambientais” – Palestra “Grandes Projetos e Impactos no Maranhão”

Nesse seminário o expositor Guilherme Zagallo cita a base de Alcântara, a


ALUMAR, a Vale, a futura termoelétrica em Capinzal, plantações de soja em Balsas e
no Baixo Parnaíba, entre outros, como grandes projetos que estão ou vão ser
implantados no Maranhão. E segundo ele, tais projetos têm como principais
conseqüências, para a região, o rápido processo de transformação do urbano em rural
sem estrutura; migrações internas e/ou para outros estados; concentração de renda;
trabalho escravo, desmatamento e poluição entre outras coisas.

Esses projetos chegam ao estado sob a promessa do desenvolvimento para a


região e geração empregos. Mas a verdade é que a maioria dos empregos gerados
para a população local diz respeito apenas a fase de execução. Essas obras operam
como “enclaves”: as empresas funcionam como países comparando seu lucro ao PIB
de nações reais; e consideram vazios demográficos onde se instalam, obrigando a
retirada das comunidades locais. E na maioria das vezes não alteram a realidade
econômica do estado.

2.2.3 Palestra “Gerenciamento de Recursos Hídricos e Desenvolvimento


Regional”
Segundo o palestrante Prof. Dr. Antônio Cezar Leal, do departamento
geografia-FCT/UNESP, a gestão dos Recursos Hídricos deve ser constituída por uma
política que estabeleça as diretrizes gerais para o gerenciamento dos recursos hídricos.
A água não poderá ser privatizada, e segundo o professor a falta de água em algumas
localidades é devido a poluição e não a falta de recursos. A organização do
gerenciamento dos recursos hídricos passa por Comitês, que estabelecem quanto deve
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ser cobrado, por Câmeras Técnicas, Conselho Estadual, Plenário e por ultimo os
agentes técnicos.

3. ÁREA DE ESTUDO E METODOLOGIA

3.1 Metodologia
3.1.1 Pesquisa Bibliográfica e Iconográfica

O desenvolvimento deste trabalho fundamenta-se basicamente em pesquisa


realizada em jornais, e revistas. A fim de se obter informações sobre a situação
contemporânea do município de Raposa, e a relação à metropolização provocada pela
capital São Luis. Parte importante da pesquisa é a coleta iconográfica. Entretanto foi
obtido apenas um mapa do município. Este produzido pelo setor de cartografia da
Fundação Nacional de Saúde- FUNASA. E cedido por Murilo Rocha, juntamente com o
secretario do meio ambiente e turismo Sr. José Martins, o município é extremamente
desprovido de referências cartográficas de consulta.

Primeira visita ao município

Fonte: LATESE, 2011

Para o desenvolvimento do trabalho foram coletados dados no site do IBGE, e


na dissertação de mestrado de Lucieny Costa Da Silva de Jesus, com o tema “O
estado ambiental como indicador da qualidade de vida da população: uma análise da
relação da saúde e ambiente no centro urbano do município de raposa. Maranhão”,
12

apresentado a Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2008. Os dados contidos


nesse documento referem-se à situação econômica, social, ao contexto histórico e
ambiental do município. Em relação à pesquisa no site, há levantamentos referentes
aos censos demográficos, dados agropecuários, econômicos, sociais e outros de
caráter relevante, foram utilizados os dados do ultimo censo de 2010. Assim como dos
anos anteriores, a fim de se obter dados comparativos com a situação atual do
município de Raposa.

Mapa do município de Raposa, fora de escala

Fonte: Setor de Cartografia FUNASA – MA (2006).

3.3.2 Pesquisa de campo


Com o objetivo de enriquecer a pesquisa bibliográfica e iconográfica, foram
realizadas pesquisas de campo. De forma que pudesse oferecer ainda que
empiricamente, dados para configurar o município na sua forma atual, no que diz
respeito às características de urbanização, tipologias de habitações, comércio,
serviços, bem como a verificação das condições e do acesso à infra- estrutura.
Inicialmente, as visitas eram programadas em laboratório, no LATESE -
Laboratório de Análise Territorial e Estudos Sócio-Econômicos, com auxilio das
imagens aéreas do software Google Earth. Depois de definidos, fomos aos locais em
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veículo tracionado 4x4 com motorista cedido pela UEMA- Universidade Estadual do
Maranhão. Durante as visita procuramos obter o maior número de informações e
imagens para um reconhecimento geral da área.
As visitas aconteciam no período da manha, duravam em media quatro a cinco
horas. Eram realizadas em grupo com a supervisão do geógrafo Antonio Miguel Coelho
Junior ou da arquiteta e urbanista Edelcy Araujo. Percorreu-se a distância total de 90
km no interior do município.

Abaixo segue uma tabela com as visitas demarcadas Google Earth, a primeira
visita realizada no dia 25 de novembro de 2010, quando ainda não se utilizava
metodologia de fazer demarcações de percurso em mapa.
Pois no decorrer da pesquisa, iniciada por outra bolsista, Lanna Rêgo,
percebeu-se que era mais eficiente fazer as demarcações no Google Earth, para então
ir a campo com o mapa impresso, fazer a pesquisa “in loco”, este método possibilitou
um melhor entendimento da dinâmica de desenvolvimento do uso e ocupação territorial
com resultados satisfatório para a coleta de dados

TABELA DE VISITAS
Data das Nº
Localidades/bairros Cor
Visitas Fotos
Segundo a pesquisadora percorreu-se 60% do
25/11/10 ----- 292
território de Raposa
26/02/11 Ilhas de Raposa 350
Bairro Pirâmide, Alto do Farol, Avenida principal
15/04/11 114
Cumbique, Jardim das oliveiras
11/05/11 Vila Bom Viver, Maresia e Marisol 142
Centro da Cidade, Inhaúma, Cacarape, Porto do
27/05/11 251
Braga, Residencial Brisa do Mar, Vila Lací
Caúra, Ilha do Pucau, Residencial Domingão da
08/06/11 Sorte, Vista ao Mar, Farol do Araçagy, Itapeua, 100
CAVU
10/06/11 Araçagy, Araçagy Povoado, Vila Rosinha 260
13/06/11 Cumbique, Jussara e Maresia 80
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As visitas técnicas foram realizadas em pontos importantes para se entender a


dinâmica urbana do município. Serão detalhados no decorrer do trabalho. Em todas as
imagens a linha vermelha é a MA 203. E as outras coloridas, são os percursos
realizados em cada visita. O limite do município está em azul.

Cartograma das Visitas Técnicas realizadas;


Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011

Na primeira visita, dia 26 de fevereiro de 2011, período em que inicie as


atividades na pesquisa, visitamos as ilhas que fazem parte do município de Raposa.
Passando por mangues e pequenas dunas, as chamadas fronhas maranhenses, e no
geral sem habitantes permanentes. Visita feita de barco, com auxilio do guia Murilo
Rocha, proprietários da Turismangue, empresa responsável em organizar os passeios
e trilhas ecológicas no município.
No dia 15 de abril de 2011, a visita foi no bairro Residencial pirâmide, Alto do
farol, Cumbique (mas apenas a avenida principal, pois nessa data ainda não
dispúnhamos de carro tracionado 4x4, para adentrar o bairro ), Jardim das Oliveiras e
Vila Bom Viver. Dia 11 de maio de 2011, já utilizando o carro cedido pela UEMA,
seguimos com o percurso da visita anterior, visitando aos bairros Vila Bom Viver, na
parte mais afastada da MA 203, Vila Maresia e Vila Marisol, o percurso foi interrompido
devido ao carro ter atolado no bairro Vila Marisol. Dia 27 do mesmo mês, os pontos
visitados foram próximos a sede do município: Inhaúma, Porto do Braga, Residencial
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Brisa do Mar e a Vila Lací. Começamos essa visita pelo bairro Inhaúma, uma das
primeiras ocupações do município.
No mês de junho de 2011, realizamos as três ultimas visitas. O objetivo da visita
do dia 08 era conhecer melhor a parte Norte do município. Começamos o percurso
visitando ao Farol do Araçagy, este se localiza em uma área de acesso restrito
pertencente à Marinha do Brasil. E depois o Residencial vista ao Mar; Domingão da
Sorte; Ilha do Pucau; Caúra e o Clube Aviação Ultraleve – CAVU. Dia 10, as visitas
foram no bairro Araçagy, parte pertencente à Raposa, Araçagy Povoado (nome oficial,
segundo funcionário da ex- FUNASA, atual núcleo estadual do ministério da saúde), e
a Vila Rosinha. Nesta ultima localidade, o carro atolou novamente em uma área de
mangue. E devido a este imprevisto, o percurso programado para esse dia foi
concluído dia 13, onde visitamos os bairros Cumbique, ate onde era possível o acesso
de veículos, Alto do Farol, Maresia e Jussara.

Abaixo o Cronograma de Trabalho mostra as etapas que foram realizadas esta


pesquisa.
MESES
ATIVIDADES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Fundamentação teórica e pesquisa bibliográfica x x x x x
Complementação dados uso e ocupação do solo x x x x x x x
Localização e caracterização da produção imobiliária x x x x x
Atividades produtivas e investimentos públicos x x x x x
Atividades econômicas e relações metropolitanas x x x x x x x
Cartografia do uso do solo e da ocupação territorial x x x x x

Desde o inicio da pesquisa tentou-se seguir o cronograma proposto pelo


orientador, porém dentro das problemáticas encontradas se fez necessário dar maior
importância aos dados coletados através das pesquisas em campo.
16

3.2 A Região Metropolitana da Grande São Luís

A Região Metropolitana de São Luís também conhecida como Grande São Luís
é composta por seis municípios, dos quais quatro estão localizados na Ilha do
Maranhão, são eles: São José de Ribamar, Raposa, Paço do Lumiar e São Luís, este
ultimo a cidade-sede. Juntos perfazem uma população de 1.309.330,00 habitantes
(IBGE/2010). Quando da sua criação em 1989, a RMGSL compreendia inicialmente os
quatro municípios citados. Através das leis complementares subseqüentes foram
inclusos na RM os municípios de Alcântara em 2003, e Bacabeira em 2008 contando
agora com 3.514,51 quilômetros quadrados e 1.346.106,00 habitantes, segundo dados
de 2010 do IBGE. Embora esses dois últimos façam parte da RMGSL, eles não estão
incluídos na pesquisa, pois esta abrange apenas os municípios da Ilha continental. A
Grande São Luís é a 4º maior Região Metropolitana do Nordeste, atrás da Região
Metropolitana de Fortaleza, Recife e Salvador, respectivamente.

Densidade Área da
Município População demográfica unidade
(hab/Km²) territorial (Km²)
São Luís 1.014.837,00 1215.69 834,78
Raposa 26.327,00 409.1 64,35
São José de Ribamar 163.045,00 419.82 388,37
Paço do Lumiar 105.121,00 842.63 124,75
Alcântara 21.851,00 14.7 1.486,67
Bacabeira 14.925,00 24.25 615,59
Total 1.346.106,00 3.514,51

População, densidade demográfica e área da RMGSL

Fonte: IBGE, 2010

Dois rios dividem a ilha quase em duas partes, o Anil e o Bacanga. Na região
compreendida entre ambos está o núcleo inicial de povoação da região, a norte e oeste
do rio anil ficam os bairros mais modernos e bem equipados da cidade, ao sul do
Bacanga está o distrito industrial da ilha. Nas zonas centro e norte da região
metropolitana estão os grandes bairros populares, quase sempre conjuntos
habitacionais, construídos até meados de 1980. Nos extremos norte e leste a ocupação
é esparsa são áreas de praias desertas e manguezais fechados. No lado oeste da ilha
ficam os bairros mais prósperos, as praias mais frequentadas e melhor infraestrutura.
As avenidas Litorânea e dos Holandeses ligam os bairros da zona oeste entre si e à
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zona norte onde fica o município de Raposa. A Avenida Jerônimo de Albuquerque


formou um eixo de expansão para onde foi levado o desenvolvimento urbano da
cidade, liga a área do São Francisco - Renascença á Cohab , em suas margens
surgiram vários bairros residenciais e estabelecimentos comerciais, por exemplo, o
bairro do Vinhais.

Mapa de localização da área de estudo e vias de interligação municipal


Fonte: Google Maps com atualizações da autora, 2011.

3.3 Localização da Área de estudo e descrição do território

Os limites geográficos dos municípios que compõem a Grande São Luís são
dúbios entre as municipalidades, assim foi alvo de Ação Civil Pública Declaratória e
Condenatória interposta, no início de junho, pelo Ministério Público do Maranhão contra
18

o Estado do Maranhão e os municípios de São Luís, São José de Ribamar e Paço do


Lumiar e Raposa, foco deste trabalho.

E devido a esta indefinição, este relatório trabalha com os limites estabelecidos


pelo IBGE no ultimo censo de 2010. O município de Raposa é delimitado por Paço do
Lumiar, e entre eles não existem questões tão relevantes que ocasionem disputas
territoriais. De todos os municípios da ilha é o que menos tem problemas com
questões limítrofes, ao contrario de São Jose de Ribamar, por exemplo.

Divisão dos municípios da Ilha segundo IBGE - 2010


Fonte: Google Earth com atualizações LATESE, 2011
O município de Raposa, alvo do presente estudo, encontra-se situado na
região norte do Estado, na Microrregião da Aglomeração Urbana de São Luis, e na
Mesorregião Norte Maranhense. Limitando-se com o município de Paço do Lumiar (sul
e oeste) e o oceano Atlântico (norte, leste e oeste), e tem como principal via de acesso
a Rodovia MA-203.
19

Mapa de localização do município de Raposa, MA.

Fonte: ANTUNES RAMOS, Q. F. (2008)

Quanto ao que tange a sua hidrografia, o município de Raposa é parte


importante da bacia hidrográfica do rio Paciência (rio limítrofe entre Raposa e Paço do
Lumiar); e da bacia hidrográfica das praias. Ambas em contato direto com o oceano
Atlântico.
20

Mapa das bacias hidrográficas da Ilha do MA


Fonte: BEZERRA, D. S. (2008) adaptado por COSTA DA SILVA, L. J.

O Rio Paciência é um dos mais importantes rios da ilha, e o principal do


município da Raposa, mas infelizmente está em processo de degradação. O
desmatamento e a poluição são os problemas mais graves. O despejo do esgoto
doméstico e a deposição de resíduos sólidos têm comprometido a qualidade da água e
do pescado, que a principal fonte de renda da população.

Esses problemas aumentaram com o crescimento populacional do município. E


hoje um dos danos ambientais mais significativos são a degradação e o aterramento do
manguezal - área onde a cidade está assentada, e pior, quanto mais à cidade cresce,
mais o ecossistema sofre e a população padece, com isso, algumas doenças de
veiculação ambiental tornaram-se endêmicas, dentre as mais importantes, verminoses,
diarréia, calazar, dentre outras.

Alem desses danos, é crescente a extração de argila, matéria-prima para


construção civil. O extrativismo também ocasiona problemas para o município. Faz
com que processos erosivos graves resultem em danos para o meio ambiente e a
comunidade da cidade.
21

Mangue degradado e lixo exposto.


Fonte: COSTA DA SILVA,2008 Construções em meio ao lixo
Fonte: LATESE, 2011

Erosão no bairro Vila Bom Viver


Fonte: LATESE, 2011.
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4. RESULTADOS

4.1 Histórico e estruturação administrativa

Nos anos cinqüenta do século XX, pescadores cearenses fugindo da seca,


vieram principalmente do município de Acaraú, que posteriormente trouxeram
consigo suas mulheres, as conhecidas rendeiras de bilro do município, se fixaram no
território de Raposa. E estando até hoje, a pesca e o artesanato entre as principais
atividades econômicas do município. Devido seu inicial isolamento, a referida
comunidade foi considerada uma ilha lingüística cearense por pesquisadores ate
final da década de 1970.

O marco inicial de intensificação do povoamento ocorreu durante o Governo


de José Sarney (1965-1970), quando houve a ligação da vila à capital, São Luís, por
uma estrada de piçarras, o que propiciou um significativo incremento tanto em
termos de dinâmicas de ocupação humana, quanto de crescimento das relações
socioeconômicas além da ampliação da utilização dos recursos naturais,
principalmente de ordem biótica (peixes e mariscos em geral).

Município da Raposa na década de 1975, na época, apenas uma colônia de pescadores.

Fonte: Jornal Pequeno

Com o advindo da estrada, hoje a MA 204, por volta de 1970, tem-se a


chegada da primeira empresa de transporte coletivo no município. No mesmo
período em que novos imigrantes chegam a Raposa, vindos de municípios
maranhenses situados na faixa litorânea do Estado, como Barreirinhas, Icatu, Santo
Amaro, etc., que posteriormente irão fixar-se em áreas fora do centro do povoado,
criando assim, pequenas aglomerações urbanas ligadas ao então povoado de
Raposa (Araçagy, Itapeua, Cumbique, etc.).
23

O crescimento do povoado provocou a necessidade de organização dos


trabalhadores em função da melhoria de suas condições de trabalho. O que
resultou, em 09 de março de 1984, a criação da Colônia de Pescadores, um
instrumento de representação da classe trabalhadora pesqueira de Raposa, além de
prestar assistência jurídica, ou mesmo médica.

Já no inicio da década de 1990, inicia-se a discussão sobre a possibilidade e


validade da autonomia político-administrativa do povoado, para tornar-se o município
de Raposa. O processo de criação do município teve forte mobilização popular,
centralizada na Colônia de Pescadores, onde aconteciam reuniões e atividades
diversas.

Em junho de 1994, foi realizado um plebiscito oficial e a autonomia político-


administrativa do município foi aprovada por unanimidade pela população local, logo
em seguida foi encaminhado à Assembléia Legislativa o Projeto de Lei n° 306/94 de
autoria do deputado estadual Pedro Vasconcelos (PFL) que se transformou na Lei
estadual nº 6.132 de 10 de novembro de 1994 (MARANHÃO, 2008), que
institucionalizou a criação do município de Raposa. E fundado a partir de 1° de
janeiro de 1997. O Sr. José Laci de Oliveira foi eleito o primeiro prefeito. Depois da
emancipação o crescimento natural segue o padrão da maioria dos municípios
maranhenses.

A criação do município de Raposa, desmembrando do município de Paço do


Lumiar (MA), para atender aos anseios de um novo modelo de divisão político-
administrativa, fez surgir um novo município sem nenhum planejamento urbano,
social ou ambiental. O crescimento horizontal da então área rural foi impulsionado.
Houve uma extensiva conversão dos elementos ambientais em espaço humanizado
(KATER, 1986-1987). E ocorreu, então, a proliferação de assentamentos
populacionais e ocupações irregulares que, por falta de planejamento adequado,
comprometem os ecossistemas locais, alem de causar sérios problemas sócio-
econômicos para o município.
24

4.2 Ocupação territorial

O primeiro censo demográfico encontrado na pesquisa, realizado pelo IBGE,


data de 1991 quando o povoado ainda não era emancipado da cidade de Paço do
Lumiar, e registrou-se que havia 13.089 habitantes, sendo 4.364 localizadas na sede
da então Vila, então classificadas como população urbana e 8.725 residentes nas
imediações desta, e classificados como população rural, pelo IBGE.

No período 1991-2000, a população de Raposa teve uma taxa média de


crescimento anual de 3,12%, passando de 13.089 em 1991 para 17.088 em 2000. A
taxa de urbanização cresceu 99,57% passando de 33,34% em 1991 para 66,54%
em 2000.

E no período de 2000-2010 crescimento anual da população foi de 4,40 %,


aumentando de 17.088 habitantes, para 26.327 em 2010.

Gráfico do crescimento populacional


entre 1991 e 2000.
A população urbana mais que dobrou,
enquanto que a rural reduziu quase a
metade.
Fonte: Atlas de desenvolvimento urbano

Percebe-se que o município de Raposa apresenta elevada taxa de


crescimento nos últimos anos. Contudo, cabe lembrar que este município foi
emancipado de Paço de Lumiar, em 1994, assim, pelo fato de ser um município
emancipado recentemente, apresenta um grande crescimento populacional entre os
anos de 2000 a 2007. Abaixo os dados de população separados em total, urbana e
rural. No ano 1996 não foi localizado os dados de população urbana e rural.

POPULAÇÃO 1991 1996 2000 2007 2010


Total 13.089 15.075 17.088 24.201 26.327
Urbana 4.364 -- 11.370 15.916 16.675
Rural 8.725 -- 5.718 8.285 9.652
Taxa de
33,34% -- 66,54% 65,77% 63,33%
urbanização
População por situação urbana e rural de 1991 a 2010.
25

4.3 Distribuição espacial da ocupação territorial

O mapa gerado pelo sistema do senso 2010 do IBGE, nos mostra a


distribuição espacial dos habitantes do município de Raposa atualmente.

Porto da Raposa

Praça Chico Noca

Vila Boa Alto do Jardim das Bom


Res. Pirâmide
Esperança Farol Oliveiras Viver

Densidade Demográfica Preliminar


Fonte: IBGE com adaptações da autora, 2011

Partindo do registro histórico de povoamento do município, ocupado por


pescadores imigrantes de cearenses, conclui-se a lógica ocupacional do município
de Raposa, onde ocupou-se primeiro o litoral, para depois avançar para o interior,
configurando o que hoje é a Avenida Principal de Raposa, de onde partem as
ocupações e povoados de suas imediações, e que corta desde o extremo do cais do
porto (Praia da Raposa) até a saída da cidade.

Assim os primeiros bairros ocupados, e são conhecidos como Inhaúma e


Cacarape, estão localizados entre o porto da Raposa e a Praça Chico Noca, na
parte baixa, onde os problemas de urbanização são mais críticos. Numa região
próxima ao mar em área de vegetação de mangue; essa área foi aterrada, dando a
possibilidade da fixação de moradias. Mesmo com a pavimentação asfáltica da
avenida principal e de algumas ruas, a maioria das casas tem seus quintais
alagadas pelo movimento das marés.
26

A partir da imagem acima percebemos que a concentração maior da


população localiza-se nos bairros Residencial Pirâmide, Vila Boa Esperança, Alto do
Farol, Jardim das Oliveiras e Vila Bom Viver. Estas localidades são áreas melhor
drenadas e relativamente aplainadas, como conseqüência positiva observou-se a
inexistências de áreas alagadas. Essas características facilitaram o processo de
ocupação do inicio da década de 1990, onde os sem-tetos do município e de São
Luis, começam a ocupar essas áreas, gerando a formação desses bairros, dentre
outros.

4.4 Aspectos sociais

No que se refere à educação, renda e habitação, em 2003, o município


possuía 81,5% de jovens entre 15 a 17 anos e 66,9% entre 18 a 24 anos, todos
esses jovens com menos de oito anos de estudo. Os dados do IBGE apontam
também que o município possui na sua população adulta 29,2% de analfabetos,
82,4% com menos de oito anos de estudo e 52,7% com menos de quatro anos de
estudo, apresentando uma média ínfima de 3,8 anos de estudo.

Os dados de 1991 são quando o município ainda era um povoado de Paço do


Lumiar. Então no período 1991-2000, a taxa de mortalidade infantil do município
diminuiu 41,16%, passando de 79,68 (por mil nascidos vivos) em 1991 para 46,88
(por mil nascidos vivos) em 2000, e a esperança de vida ao nascer cresceu 5,54
anos, passando de 58,17 anos em 1991 para 63,71 anos em 2000.

A renda per capita média do município cresceu 11,28%, passando de R$


68,07 em 1991 para R$ 75,75 em 2000. A pobreza (medida pela proporção de
pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivalente à metade
do salário mínimo vigente em agosto de 2000) cresceu 0,17%, passando de 70,3%
em 1991 para 70,4% em 2000. A desigualdade cresceu: o Índice de Gini passou de
0,45 em 1991 para 0,48 em 2000.

No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-


M) de Raposa cresceu 13,87%, passando de 0,555 em 1991 para 0,632 em 2000 . A
dimensão que mais contribuiu para este crescimento foi a Educação, com 52,2%,
seguida pela Longevidade, com 40,0% e pela Renda, com 7,8%.
27

Se mantivesse esta taxa de crescimento do IDH-M, o município levaria 25,0


anos para alcançar São Caetano do Sul (SP), o município com o melhor IDH-M do
Brasil (0,919), e 13,9 anos para alcançar São Luís (MA), o município com o melhor
IDH-M do Estado (0,778).

Em 2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Raposa é


0,632. Segundo a classificação do PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento), o município está entre as regiões consideradas de médio
desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8)

Em relação aos outros municípios do Brasil, Raposa apresenta uma situação


ruim: ocupa a 4074ª posição, sendo que 4073 municípios (74,0%) estão em situação
melhor e 1433 municípios (26,0%) estão em situação pior ou igual.

Em relação aos outros municípios do Estado, Raposa apresenta uma situação


boa: ocupa a 27ª posição, sendo que 26 municípios (12,0%) estão em situação
melhor e 190 municípios (88,0%) estão em situação pior ou igual.

Gráfico – IDH Raposa – 1991 e 2000.

Fonte: PNUD/Atlas de Desenvolvimento Humano


28

4.5 Aspectos econômicos

O município de Raposa possui uma das maiores colônias de pescadores do


Estado do Maranhão, consolidando-se a pesca, como a principal atividade
econômica do município, atingindo uma renda anual de 7,1 milhões de reais e
correspondendo a quase 10% do faturamento total do Estado nesse ramo da
economia (FEITOSA E TROVÃO, 2006, p.139).

Na época de safra, período de abril a junho, a economia local dinamiza-se


devido ao aumento de produção e conseqüentemente ao aumento de da circulação
de dinheiro, principalmente em função do comércio, que se expande. Entretanto, de
janeiro a março, período considerado de entressafra, a produção diminui e essa
dinâmica econômica desaparece. (SILVA, 2004).

O artesanato também é importante fonte de renda para a comunidade do


centro da cidade, pois o trabalho das rendeiras na Raposa é tão importante quanto a
atividade pesqueira, principalmente para o mercado turístico local.

Atividade pesqueira artesanal. Lojas de renda e artesanato.


Fonte: COSTA DA SILVA , 2008 Fonte: COSTA DA SILVA, 2008

Dentre os problemas apontados pela população local, destacam-se a falta de


políticas públicas voltadas ao setor pesqueiro, escassez de investimentos e
financiamentos, falta de barcos devido à ausência da ampliação e renovação da
frota, além de não haver um local para a estocagem da produção, já que no período
de pesca, com a grande quantidade de pescados, os produtores não têm como
controlar os preços, que chegam a diminuir por volta de 20% a 30%. Problemas
29

esses que fazem com que os pescadores procurem outras atividades de


subsistência alternativas, mesmo em outros lugares que não o município de Raposa.

Observando-se a composição do território do município, composto em mais


da metade por manguezais e praias, com uma menor parcela de terra firme.
Perceber-se que não há estrutura urbana e territorial suficientes à instalação de um
grande empreendimento que gere empregos e renda, e que fortaleça a economia.
Por conta dessa problemática territorial, até mesmo a pequena agricultura e criação
de animais verificada em alguns bairros, tornam-se ameaçadas.

Segundo o IBGE, no período de 1997-2000, há um decréscimo efetivo dos


rebanhos existentes no município:

Ano Bovinos Suínos Caprinos Galinhas Galos/frangos


1997 441 329 85 22.250 66.750

2000 97 321 85 17.372 72.190


Posição dos rebanhos do município no período de 1997-2000.
Fonte: IBGE - Pesquisa pecuária municipal / Maranhão.

Segundo observa-se na tabela acima, há em quatro anos, um crescimento


inferior a 10%, apenas no rebanho de galos e frangos. O rebanho de caprinos se
mantém estável, o que demonstra nenhum crescimento no setor, e nos demais há
redução, sendo a mais acentuada no setor de bovinos, com uma redução de mais
de 75%.
Esse processo de redução dos rebanhos no município tende a se
intensificar. Como causa aponta-se a pequena área do município que poderia ser
utilizada para tais atividades e está sendo ocupada por habitações frente à demanda
populacional.
Quanto ao PIB (Produto Interno Bruto) em 2008 chegou aos R$ 98 818
(noventa e oito milhões, oitocentos e dezoito mil reais) e o FPM (Fundo de
Participação do Município) de 2006 foi da ordem de R$ 5.870.437,40 (cinco milhões,
oitocentos e setenta mil, quatrocentos e trinta e sete reais e quarenta centavos)
(IBGE, 2008).
30

Per capita (R$)


Produto Interno Bruto (R$)
2008
2004 2005 2006 2007 2008
3 946,0
53 888 56 198 67 109 67 943 98 818
Produto Interno Bruto
Fonte: IBGE

Na área litorânea são desenvolvidas outras atividades, que servem de suporte


ao orçamento de uma boa parte da população, como a extração e a venda de ostra,
sururu, caranguejo, e a pesca do camarão.

Outro setor pouco explorado em Raposa é o turismo, que conta com agências
que realizam visitas guiadas por suas praias e ilhas. Dentre essas destaca-se a
Turismangue trabalha em parceria com a prefeitura realizando projeto de educação
ambiental com adolescentes no município, realizando trilhas, palestras, stands,
capacitando esses jovens para auxiliar nos passeios ecológicos. Essas são
atividades que partem de iniciativas privadas, contanto com estrutura de barcos, e
demais equipagem de propriedade particular.

4.6 Mobilidade e acessibilidade

O transporte de qualidade é demonstração de cidadania, é aquele que


atende a maioria da população de maneira eficiente, principalmente a de baixa
renda, que ocupa áreas adensadas, carentes de infraestrutura e de serviços e,
distantes dos centros.

A importância do transporte coletivo parece ser um dos poucos consensos


existentes em matéria de urbanismo e planejamento urbano. Em todo encontro,
seminário, palestra ou evento público há pessoas defendendo o transporte coletivo.
No entanto, cidades continuam a ser cada vez mais invadidas pelas vias destinadas
aos carros, e transformadas em espaços menos amigáveis aos pedestres.

4.6.1 Sistemas de transporte: infraestrutura, tarifas, percurso de linhas

A MA-203 é principal via de ligação entre Raposa e São Luís, um


prolongamento da Avenida dos Holandeses e corta o município de São Jose de
31

Ribamar, na altura do bairro do Araçagy. Nessa área a ocupação é caracterizada por


ser de alta renda que visa à proximidade com as praias.

Durante a gestão do prefeito Tadeu Palácio( 2005-2008) foram implantadas


as linhas semi-urbanas do município de Raposa, que foram integradas ao Sistema
Integrado de Transporte de São Luís. A medida foi fruto de um convênio entre a
Prefeitura de São Luís e o Governo do Estado, oficializada realizada em abril de
2007.

A empresa que faz a rota entre os municípios de São Luís e Raposa, é a


Viação Litoral, com as linhas T970 – A965 – T984 – A995 e etc., algumas dessas
linhas são alimentadoras (esse tipo de linha só vai até o Terminal e volta), mas na
realidade os números com início 9, significa que são Terminais Intermunicipais, ou
seja, circulam no município da Raposa, assim como em São José de Ribamar, Paço
do Lumiar. Vem até os Terminais da Praia Grande ou Cohab/Cohatrac, mas
nenhuma dessas linhas entra nos Terminais da Cohama/ Vinhais, São Cristovão e
Distrito Industrial.

As linhas que vão até o ponto final no município são: Raposa Araçagy;
Raposa terminal Cohab; Raposa São Francisco; Raposa via Paço do Lumiar e
Circular (linha que atende somente ao município com tarifa de R$ 0,90)

Linha de ônibus exclusiva do município. Linha de ônibus que atende ao Res. Pirâmide

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: LATESE, 2011

O bairro Residencial Pirâmide recebe linha própria (Residencial Pirâmide) que


circula por Raposa e Paço do Lumiar e vai até a capital São Luis. Já a Vila Boa
Esperança, próximo ao Residencial Pirâmide, não recebe linha de ônibus. Seus
32

moradores têm que se deslocar até a Avenida Principal, que é a rota do transporte
coletivo.

A região do Cumbique possui linha de ônibus própria (Raposa/Cumbique) que


vai até o terminal de Integração da Praia Grande. A Vila Itapeua também possui
linha de ônibus (Itapeua/Cumbique) que não abastece inteiramente o bairro por falta
de infra-estrutura de suas vias. A tarifa desses coletivos é 2,10 com exceção da
linha Circular.

Percurso dos ônibus

Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011

Ônibus Cor
Residencial pirâmide Vede
Raposa/Cumbique
Amarelo
Itapeua/Cumbique
Raposa Araçagy
Raposa terminal Cohab Rosa
Raposa São Francisco

Todos os coletivos transitam pela MA 203, depois cada um, segue o


percurso marcado no mapa acima. E com exceção do ônibus que atende ao Res.
Pirâmide, o ponto final dos demais, fica próximo ao cais da Raposa.
33

4.7 Mercado imobiliário

O processo de transformação da paisagem urbana da ilha do Maranhão


acelerou-se nos últimos anos devido à chegada de grandes construtoras do sudeste
que superaqueceu o mercado, abrindo caminho para os financiamentos que foram
incentivados pelo governo. A expansão dos condomínios de forma frenética, e
forma pouco organizada, casas populares transformaram a paisagem urbana, nem
sempre para melhor.
No município de Raposa, segundo o corretor José Alberto Ribeiro Lima com
escritório localizado na Rua do Sol, nª 550, São Luis- os bairros com maior procura
de imóveis são o Res. Pirâmide, Alto do Farol, Vila Bom Viver, Jardim das Oliveiras,
que são os bairros com melhor infraestrutura. A Vila Bom Viver e o Jardim das
Oliveiras são as localidades com preços mais elevados. A maioria dos moradores
não tem documentação dos lotes, apenas a posse da terra. E devido a isso os
imóveis são vendidos somente à vista. Por falta de documentação, na Raposa há
muita ocupação irregular, o prefeito encontra dificuldade para implantar projetos
como Minha Casa Minha Vida.
Os outros imóveis, para ocupação permanente, são localizados em pontos
isolados na extensão da Av. Principal ou na MA 203.

4.8 Ocupação territorial e uso do solo


4.8.1 Divisão do município

O município foi divido em nove grandes áreas, definidas por semelhanças, tais
como densidade demográfica, principais atividades econômicas, semelhanças nas
condições do espaço, ocupação e equipamentos urbanos.
Dentro de cada uma dessas Zonas de Ocupação Territorial de estudo, é
retirado um bairro ou um setor de influência, com exceção da Zona de Ocupação
territorial das Ilhas, seja esta econômica, turística, habitacional, industrial ou com
configuração de ocupação rural, para o estudo de seus usos e de sua ocupação,
sendo levantados históricos, hierarquia viária e o uso e a ocupação propriamente
dita.
34

Divisão territorial de Raposa


Fonte: autora, 2011

Zona de ocupação territorial das Ilhas


Zona de ocupação territorial da sede
Zona de ocupação territorial Bom Viver
Zona de ocupação territorial Cumbique
Zona de ocupação territorial Vila Boa Esperança
Zona de ocupação territorial Res. Pirâmide
Zona de ocupação territorial do Araçagy
Zona de ocupação territorial Res. Vista ao Mar
Zona de ocupação territorial Caúra

4.8.2 Zona de ocupação territorial das Ilhas

Algumas das ilhas que permeiam o município possuem ocupações


permanentes, é o caso da Ilha do mangue seco e a do Pucau. Mas a maioria,
apenas casa de veraneio e de fins de semana.
O acesso a Ilha do Pucau é por uma estrada de areia com muita erosão. É
habitada por pescadores que comercializam o pescado na Raposa. Existe energia
elétrica a cerca de 2 anos, resultado do programa luz para todos.
35

Ilhas de Raposa
Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011

Localização das ilhas a leste.


Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011
36

Localização das ilhas a noroeste


Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011

O percurso feito a barco pelas ilhas da região leste do município, esta em


roxo. Este começa a partir do cais da Raposa, que por sinal precisa de melhorias
urgentes, pois é improvisado com pedras soltas, representa um perigo para os
turistas. Há barcos motorizados que fazem o percurso pelas ilhas. A visita começa
pelo rio seguindo a costa ate chegar a uma criação de ostras. Após este viveiro,
passa por uma trilha ecológica com muito mangue e vegetação bem fechada. Após
esta trilha cruza ate a ilha de Curupu, que possui as chamadas Fronhas
Maranhenses. Na ilha, você anda cerca de 500 metros por dunas bem baixas e
lagoas naturais ate ver a praia de Carimã.

Entre esses rios é intenso a atividades de pescadores, que trabalham de


forma manual. Assim como foi observado também uma grande quantidade de peixes
mortos, que são pescados, e depois descartados depois que os pescadores
conseguem pescar peixes maiores.
37

Cais da raposa Pescadores


Fonte: LATESE, 2011 Fonte: LATESE, 2011

Vegetação Criação de Ostras


Fonte: arquivo pessoal, 2011 Fonte: www.skyscrapercity.com

Ocupações da Ilha do Mangue Seco


Fonte: LATESE, 2011
38

4.8.3 Zona de ocupação territorial da sede

Zona de ocupação territorial da sede


Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011

A zona de ocupação da sede é a área mais antiga da cidade. As


construções/habitações de madeira que marginam a Av. Principal, prolongamento da
Avenida dos Holandeses (MA 203), são construídas sobre estacas de madeira,
as palafitas. Quando a maré enche só asfalto da avenida fica acima da superfície
das águas. Na avenida principal encontram-se escolas estaduais, pontos de ônibus,
igrejas, órgãos públicos, comércio, restaurantes. E Algumas residências em
alvenaria já rebocadas e pintadas ou com revestimento cerâmico.

Avenida Principal Rua do Angelim/Cacarape


Fonte: Arquivo pessoal, 2011 Fonte: LATESE, 2011
39

Na área conhecida como Cacarape, foi localizado uma área de ocupação


irregular; (Rua do Angelim) sem pavimentação, e precária condições de infra-
estrutura e habitações. Na parte do centro da cidade, conhecido por Inhaúma, é
densamente ocupado e estar em plena expansão, com várias casas de alvenaria
sendo construídas em lugar das de taipa. A maioria das ruas é pavimentada e estão
próximas a áreas alagadas. Toda essa região tem vários aterramentos.

Seguindo com o percurso, visitamos porto do Braga, lugar de grande


atividade pesqueira; o pescado é comercializado no próprio lugar, onde a
movimentação de embarcações é intensa, no entanto o local oferece precárias
condições de infra-estrutura, e segurança para compradores e pescadores. A Rua
da Paz, acesso ao Porto do Braga, esta em péssimas condições, sem
pavimentação, as são habitações precárias, os quintais das residências são voltados
para o mangue.

Porto do Braga Rua da Paz


Fonte: LATESE, 2011 Fonte: LATESE, 2011

Estaleiro
Fonte: LATESE, 2011
40

4.8.4 Zona de ocupação territorial Bom Viver

Jardim das Oliveiras, Bom Viver, Maresia, Juçara e vila Marisol são bairros
que compõem essa zona. É uma área com índice demográfico elevado, e no geral
com melhor drenagem dos terrenos, sem áreas alagadas ou mangues.

Ilha do Siríaco
6
3 4

2
1 5

Zona de ocupação territorial Bom Viver


Fonte: Google Earth, com atualizações da autora

As linhas azul e laranja são o percurso de visitas técnicas já mencionadas


anteriormente.
O Jardim das Oliveiras (1) é um bairro residencial melhor estruturado com
calçadas e vias asfaltadas, não todas, e outras com bloquetes; Possui comércios,
dois posto de saúde e uma faculdade- Faculdade de Sélviria; As casas são na
maioria de alvenaria, com tijolos aparentes.

O bairro Bom Viver (2) muito próximo a Vila Maresia (3) são interligados e se
confundem na organização espacial. Bom viver bem estruturado com equipamentos
urbanos, (campo, praças) e a maioria das vias são asfaltadas ou com bloquetes e
41

calçadas. As residências têm basicamente a mesma configuração, as casas são de


alvenaria. Há também a associação de moradores do bairro;

A Av. Newton Bello (6), uma das principais do Bom Viver (2), está
parcialmente pavimentada o que é comum no município. Na parte sem
pavimentação o lixo se amontoa no meio da avenida, os moradores tentam conter os
buracos com cascas de coco. E as instalações de abastecimento de água ficam
expostas em vários trechos. O transporte público não atende a parte do bairro mais
afastada da MA 203.

Nos limites do bairro Bom Viver, ao Sul, foram localizadas duas crateras.
Uma com dimensões consideráveis que ameaça as residências próximas ao local. A
outra é conseqüência da extração de barro, pratica presente em varias partes no
município.

O bairro da Juçara (4) fica próximo as ilhas do sudeste (Ilha do Siríaco), têm
como economia principal a atividade pesqueira. O bairro não dispõe de serviços
urbanos, pois as ruas em péssimas condições de Infraestrutura, sem asfaltamento e
com muito lixo.

A Vila Marisol (5) é bairro distante da avenida principal localizado nos limites
ao Sul do município. O uso é basicamente residencial com predominância de casas
de taipa. As vias são sem pavimentação, e com muita areia, a causa de vários
atolamentos de automóveis em algumas partes do bairro, inclusive o carro da equipe
atolou.

Av. Newton Bello Cratera no Bom viver


Fonte: LATESE, 2011 Fonte: LATESE, 2011
42

Juçara Jardim das Oliveiras


Fonte: LATESE, 2011 Fonte: LATESE, 2011

4.8.5 Zona de ocupação territorial Cumbique

Zona de ocupação territorial Cumbique


Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011
A região do Cumbique é área rural de produção agrícola, com características
de agricultura de subsistência – pequenas hortas em quintais. O cultivo é de
hortaliças - cebolinha, alface, cheiro- verde. Cuja produção é comercializada na feira
do João Paulo, em São Luis;
Tem apenas uma via pavimentada, a avenida principal, onde fica a escola e
o posto de saúde do bairro e, por onde passa, também, o ônibus- Itapeua/Cumbique.
As demais vias de acesso ao interior do bairro encontram-se em péssimo estado,
43

com várias depressões. Em relação à habitação, as casas são de alvenaria, no


geral, sem reboco e em lotes grandes. O Cumbique dispõe, ainda, de muitas áreas
verdes.
O bairro Itapeua é similar ao Cumbique nas características já citadas. É nele
em que se localiza o CAVU- Clube de Aviação Ultraleve, que tem 30 associados e
uma mensalidade de R$ 12 mil;

Alto do Farol é um bairro residencial, com avenida principal pavimentadas, no


entanto com precário estado de conservação e, sem calçamento em vários trechos;
e com traços de área de produção agrícola de subsistência- algumas casas
pequenas hortas em quintais;

Rua do Cumbique
Moradia/Cumbique
Fonte: LATESE, 2011 Fonte: LATESE, 2011

CAVU
Fonte: www.cavu.com.br
44

4.8.6 Zona de ocupação territorial Vila Boa Esperança

Essa área tem sua economia direcionada à produção de hortaliças, mas


difere do Cumbique, e por isso foi agrupada separadamente, em relação a
infraestrutura que um pouco melhor, tem maior numero de vias pavimentadas, e
melhores condições de moradias. Nas localidades do Bairro Vila Boa
Esperança, próximo a MA 203.
Ao sul da área destacada tem-se a Vila Rosinha, de ocupação irregular e
posteriormente regulamentada.

Vila Boa
Esperança

Zona de ocupação territorial Vila Boa Esperança


Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011

A Vila Rosinha é uma área rural de produção agrícola com ocupação


irregular. Essa área da vila Rosinha região era uma sobra de terra do bairro do
Cumbique que foi doado a este por Fernando Henrique - projeto do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. Mas a área foi invadida há 7
anos e, hoje forma a ocupação denomina de Vila Rosinha ocupa uma área de 182
lotes em media 45x35 m.
45

Na área a plantação é de hortaliças como alface, vinagreira quiabo maxixe.


Essa produção é comercializada na feira do João Paulo em São Luis. O nome da
vila é uma homenagem dos moradores a Dona Rosinha, devido sua história de luta
e resistência. Ela nos concedeu uma entrevista, na qual relata as dificuldades do
lugar. Os problemas vão desde falta de adubo, já que devido às condições atuais da
estrada, não permitem a passagem dos caminhões que faziam as entregas. Assim
como, a concorrência com produtos cearense, que segundo ela prejudica a
produção local. Quanto ao transporte coletivo, os moradores precisam se deslocar
ate a MA 203 para ter acesso a este. Esse percurso não dispõe de iluminação
pública. A Dona Rosinha nos prestou assistência, pois mais uma vez ficamos
atolados.
Sem água encanada ou rede de esgoto. O abastecimento é feito por meio de
poço convencional. É um lugar de difícil acesso, a cerca de 30 minutos da MA 203
realizando o percurso a pé. As crianças têm que caminhar 20 a 30 minutos para
chegar à escola mais próxima que fica na Vila Boa Esperança. Bairro com melhor
infraestrutura, nas proximidades da MA 203.

Ruas no Bairro Vila Boa Esperança


Fonte: LATESE, 2011

Moradia de dona Rosinha Plantação na Vila Rosinha


Fonte: LATESE, 2011 Fonte: LATESE, 2011
46

4.8.7 Zona de ocupação territorial Res. Pirâmide

Essa é a área de influencia do residencial Pirâmide e, data de ocupação em


29 de Junho de 1998, esse é um bairro dividido, com cerca de 70 % no município
Paço do Lumiar, e 30% em Raposa.

AV. UM AV. DOIS

Zona de ocupação territorial Res. Pirâmide


Fonte: Google Earth, com atualizações da autora, 2011

É um núcleo melhor estruturado, com equipamentos urbanos (que se


concentram em maior parte na área de Raposa) como escola, comércios
(alimentícios, materiais de construção), serviços, há também a Associação de
Moradores do Residencial Pirâmide, igreja, um posto policial a ser inaugurado,
mercado, Centro Comunitário, etc.

As condições de infraestrutura, os equipamentos urbanos e serviços em


geral são melhores na parte pertencente à Raposa, e por isso existe o desejo, dos
moradores, de o bairro pertencer completamente ao município de Raposa;

As Avenidas principais, UM e Dois, são pavimentadas apenas ate onde


corresponde ao território de Raposa, as demais ruas são de terra batida.
47

O bairro recebe linha de ônibus própria que circula por Raposa e Paço do Lumiar. O
ônibus Residencial Pirâmide, da linha Viação litoral, responsável pelo transporte
Intermunicipal, atende aos dois municípios e vai ate à capital São Luis, circula nas
avenidas principais, Av. Um e Dois.

Rua transversal a Av. UM


Fonte: LATESE, 2011 Centro Comercial Pirâmide
Fonte: LATESE, 2011

Av. UM
Fonte: LATESE, 2011
48

4.8.8 Zona de ocupação territorial do Araçagy

Essa zona é de uso residencial, e no geral, com lotes grandes e residências


de alto padrão. Em toda essa área demarcada apenas a Avenida São Sebastião (1)
é asfaltada e, é também onde se concentra os pontos comerciais. É por essa
avenida o acesso ao Porto do Araçagy. Nessa área também tem algumas nascentes
(2).

Zona de ocupação territorial do Araçagy

Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011

A oeste da área demarcada encontra-se a ocupação litorânea Olho de Porco ,


margeando a praia que leva o mesmo nome da ocupação (Praia Olho de Porco),
onde o único acesso é uma ponte de madeira.
Há poucas habitações (mais perto da praia) de moradores fixos. Alguns
desses moradores ainda adaptam pequenos comércios em suas residências.
Encontram-se também residências para aluguel de fins de semana, pousadas e
casas particulares de veraneio.
49

É nessa porção do território que se encontra o chamado PROJETO


MARROM, que faz uma campanha de preservação ambiental voltada para o
mangue, focando principalmente nos resíduos de lixo produzido.

Ponte que leva à Praia do Olho de Porco. Moradia da ocupação do Olho de Porco
Fonte: LATESE, 2011 Fonte: LATESE, 2011

Porto do Araçagy
Fonte: LATESE, 2011

Não recebe qualquer linha de transporte público, as vias preservam sua


constituição original, não há asfaltamento e também não é oferecido qualquer tipo de
serviço como posto de saúde ou escola.
50

4.8.9 Zona de ocupação territorial Res. Vista ao Mar

Nessa área é de uso residencial, com partes alagadas e algumas


depressoes.

.
Zona de ocupação territorial Res. Vista ao Mar
Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011

O Residencial Vista ao Mar é uma ocupação irregular, invadida há cerca 4


anos. O acesso é pela Rua São Gabriel (1), sem pavimentação, como todas as
outras ruas do bairro. A ocupação esta em crescimento, com varias casas de
alvenaria em construção- algumas substituindo as de taipa. Sem rede de água e
esgoto, abastecimento por meio de poços (dois poços). Com rede elétrica
irregular,sem posto de saúde, escola, ou transporte publico.
No Residencial Domingão da Sorte as ruas não são pavimentadas, os lotes
tem medidas padronizadas em media 10x20; e as moradias de alvenaria;

Foi localizada uma grande área, o empreendimento Aventura Rural - com


vários açudes, dispõe de restaurante, pesque e pague, e pessoal para fazer trilhas
pelas praias próximas.
51

Res. Vista ao Mar


Fonte: LATESE, 2011

4.8.10 Zona de ocupação territorial Caúra


Essa é uma área também com depressões, mas diferentemente da anterior,
há produção agrícola. Há cultivo de hortaliças – alface, cebolinha, cheiro verde.
Essas hortaliças são comercializadas na feira do João Paulo, em São Luis. É um
lugar sem acesso para veículos, o escoamento da produção é realizado por meio de
carroça.

1
2

Figura 56: Zona de ocupação territorial Caúra


Fonte: Google Earth com atualizações da autora, 2011
52

O Residencial Brisa do Mar (1), dispõe de moradias padronizadas e as ruas


não tem pavimentação. Essa foi área urbanizada recentemente, há cerca de 5 anos.
A Vila Lací (2) é antigo conjunto financiado pela CEF em parceria com a
prefeitura há 10 anos, casas são padronizadas e ruas sem pavimentação.

Vila Lací Res. Brisa do Mar


Fonte: LATESE, 2011 Fonte: LATESE, 2011
53

4. CONSIDERAÇOES FINAIS

A urbanização de São Luis foi acelerada na década de 1990 e, sem


planejamento adequado, acarretou sérios problemas urbanos com reflexos
econômicos, demográficos e sociais nos outros municípios da Ilha. Dentre estes
intensificou a expansão desordenada em áreas rurais e urbanas, ambientalmente
frágeis que necessitam de cuidados por parte do poder público. A principal
conseqüência desse crescimento da capital no município de Raposa foi a ocupação
de área irregular do território, prejudicando o ecossistema local.

Raposa emancipou-se de Paço do Lumiar há aproximadamente 17 anos. E


seguindo a tendência dos outros municípios da Ilha, esta em pleno crescimento. No
entanto, o município de Raposa, desde a sua criação, cresce sem qualquer tipo de
planejamento. O processo de urbanização do município está acelerado, muitas
áreas que há 5 ou 6 anos era apenas área verde, hoje estão ocupadas, e na maioria
das vezes ocupações irregulares, sem qualquer tipo de infraestrutura urbana.

A formação territorial de Raposa se deu através da imigração de cearenses


na região (RANGEL, 2003), que ao se estabelecerem constituíram a ocupação da
área, que por muito tempo fora isolada por não haver estradas que a ligassem aos
outros municípios. A intensificação da ocupação ocorreu em 1966, ano de
construção da estrada que ligava o povoado à capital São Luis. Com isso novos
imigrantes chegaram a Raposa, vindos de municípios maranhenses situados na
faixa litorânea do Estado, como Barreirinhas, Icatu, Santo Amaro, etc., que
posteriormente irão fixar-se em áreas fora do centro do povoado, criando assim,
pequenas aglomerações urbanas ligadas ao então povoado de Raposa (Araçagy,
Itapeua, Cumbique, etc.).

Na década de 1990, a urbanização acelerada de São Luis, fez surgir um novo


processo de ocupação em Raposa, onde os sem-teto começaram a ocupar novas
áreas, gerando a formação de novos bairros, dentre eles: Vila Boa Esperança, Alto
do Farol, Juçara e outros. Alem dos dois primeiros bairros já citados, as localidades
que atualmente apresentam maior crescimento populacional são: Res. Pirâmide,
Jardim das Oliveiras, Bom Viver estão situados ao Sul do município, distantes das
54

áreas alagadas, dos mangues, são atendidos pelo sistema de transporte público.
Isso mostra que os novos ocupantes estão preocupados, além de ter um lote com
preços mais acessíveis que a capital São Luis, com a infraestrutura urbana, pois são
poucas as áreas na Raposa que dispõe de tais serviços

Ficou evidente durante o trabalho que, apesar de suas qualidades


ambientais, das belas paisagens, Raposa encontra-se ainda entregue à degradação,
sendo esta representada pela falta de infraestrutura urbana e saneamento básico. E
pela inexistência de rede e tratamento de esgoto, quanto pela precária coleta regular
dos resíduos sólidos, além de não haver nenhum programa de reciclagem e/ou
compostagem para esses resíduos. E com isso há lançamento esgoto in natura em
vários lugares, assim como lixo nas ruas e, também na orla marítima.

Assim sendo, é necessário que políticas públicas voltadas às questões


ambientais possam ser viabilizadas pelas autoridades locais no intuito de aproveitá-
las da melhor forma possível, levando-se em consideração a sua sustentabilidade, o
que irá contribuir significativamente para uma maior arrecadação financeira assim
como para a melhoria de vida da população.

Sem as condições básicas de saneamento, a população se expõe


diariamente as patologias relacionadas aos impactos observados (derrubada, aterro,
poluição e contaminação do ecossistema manguezal), resultando em desequilíbrios
ambientais e danos a saúde da população, podendo inclusive ser fatal.

Contudo, o planejamento urbano torna-se fundamental no processo de


ocupação e produção do espaço geográfico. Se o planejamento urbano não impede
a ocorrência de danos ambientais, certamente ele deve minimizá-lo.

Sintetizando alguns dados de Raposa, no que se refere à educação, renda e


habitação, em 2003, o município possuía 81,5% de jovens entre 15 a 17 anos e
66,9% entre 18 a 24 anos, todos esses jovens com menos de oito anos de estudo.
Os dados do IBGE apontam também que o município possui na sua população
adulta 29,2% de analfabetos, 82,4% com menos de oito anos de estudo e 52,7%
com menos de quatro anos de estudo, apresentando uma média ínfima de 3,8 anos
55

de estudo. Então diante desses, e dos outros indicadores socioeconômicos,


apresentados na pesquisa, percebe-se que as atuais políticas públicas
implementadas no município, desde 1994, não têm contribuído para alterar
significativamente o seu quadro de vulnerabilidade social.
56

6. REFERÊNCIAS

ANTUNES RAMOS, Q. F. Mapa de localização do município de Raposa - MA.


São Luís: INCRA, 2008. 1 mapa. Escala 1: 150.000.

BEZERRA, D. S. Mapa das bacias hidrográficas da ilha Upaon-açu, MA.


Adaptado por COSTA DA SILVA, L. J. São Luís: MSA-UFMA, 2008. 1 mapa. Escala
1: 240.000.
BORDO, A. A. Os eixos de desenvolvimento e a estruturação urbano-industrial
do Estado de São Paulo, Brasil. Scripta Nova (Barcelona), Espanha, v. IX, 2005.

COSTA DA SILVA, Lucieny de Jesus. O estado ambiental como indicador da


qualidade de vida da população: uma análise da relação da saúde e ambiente
no centro urbano do município de raposa. Maranhão, Brasil. São Luís, 2008;

FREITAS, Ruskin. Regiões Metropolitanas: uma abordagem conceitual.


Humanae, v.1, n.3, p. 44-53, Dez. 2009.

FEITOSA, Antonio Cordeiro; TROVÃO, José Ribamar. Atlas escolar do Maranhão:


espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: Editora Grafset, 2006.

GIRARDI, Eduardo Paulon. O rural e o urbano: é possível uma


tipologia?Presidente Prudente, 2008.

KATER, Maria das Graças Lins. Síntese do relatório preliminar da pesquisa


sobre a colônia de pescadores da Praia da Raposa. Encontro de geógrafos da
América Latina, 01, 1986. Rio Claro. Boletim de Geografia Teorética;

MARANHÃO. Lei estadual nº 6.132 de 10 de novembro de 1994. Dispõe sobre a


criação do município de Raposa a partir do desmembramento do município de Paço
do Lumiar – Maranhão. Disponível nos arquivos do Instituto Maranhense de Estudos
Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC). Acesso em agosto de 2011.
57

SILVIA, Carlos Alberto Claudino. O município de raposa e as relações


oligárquicas no maranhão. São Luis, 2004.

ROSS, Jurandyr. Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São


Paulo, 2005.
RANGEL, Maurício Eduardo Salgado. Contribuição dos dados integrados dos
sistemas sensores TM/LANDSAT-5 e ERS-1/SAR para o estudo de uso e
cobertura da terra no nordeste da Ilha do Maranhão. Dissertação de Mestrado.
INPE, São José dos Campos, 2003

SOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do desenvolvimento urbano. Rio de Janeiro:


Bertrand Brasil, 2003.

SANTOS, M. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993.


VILLAÇA, F. Uso do Solo Urbano. Editora Fundação Prefeito Faria Lima. São
Paulo-SP. 1978.
SITES:
ACOMPANHAMENTO MUNICIPAL DOS OBJETIVOS DO MILÊNIO. Disponível em:
www.portalodm.com.br. Acesso em agosto de 2011.

ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO. Disponível em:


www.pnud.org.br/atlas/. Acesso em agosto de 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em:


www.ibge.gov.br. Acesso em: agosto de 2011

INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS E


CARTOGRÁFICOS: Disponível em www.imesc.ma.gov.br. Acesso em agosto de
2011.
JORNAL PEQUENO. Disponível em: www.jornalpequeno.com.br. Acesso em agosto
de 2011.

SISTEMA COMPARTILHADO DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS. Disponível em:


http://siscom.ibama.gov.br. Acesso em agosto de 2011.
58

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Natália Moraes Silva
Orientanda
_________________________________________________
Dr. Carlos Frederico Lago Burnett
Orientador

São Luís - MA
Agosto, 2011

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