Você está na página 1de 4

A∴R∴L∴S∴ FILANTROPIA E LIBERDADE Nº3869

RICARDO DOS SANTOS GOBBI

LOJA OU OFICINA

Novo Hamburgo
09/03/2020
Qual de vós irmãos nunca fora questionado por profanos, porque o termo LOJA?
Muitos são aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa nas Lojas, para justificar
o nome. Alguns, fanáticos e ignorantes, chegam a ponto de indagar que é na Loja que os
maçons vendem suas almas!

Para Castellani, entre muitos Maçons influenciados por obras pouco fidedignas, a
palavra Loja para designar uma corporação maçônica, seria originária da palavra
sânscrita “LOKA”. Mas a palavra “LOKA” significa espaço, lugar, tempo, como o
“LOCUS” do latim, portanto, seu significado não corresponde exatamente ao
significado do termo Loja Maçônica.

A origem correta da palavra loja está nas “Guildas Medievais”. Entre as corporações de
artesãos medievais (hoje denominada Maçonaria Operativa), destacam-se as Guildas,
características dos germânicos e anglo-saxões e que começaram a florescer no século
XII. Antes dessa data, elas eram entidades simplesmente religiosas e não formavam
corpos profissionais.

Existiam dois tipos de guildas: Guildas de Mercadores e Guildas de Artesãos. As


Guildas de Mercadores adotaram palavra Loja para designar seus locais de depósitos, ou
de vendas, ou seja, onde os produtos manufaturados eram armazenados e negociados.
Portanto, deram origem às casas comerciais de comercialização de produtos, que
correspondem às lojas comerciais atualmente.

As Guildas Artesanais, ou seja, as oficinas de mestres artesãos passaram a se chamar


loja e estas deram origem ao termo Loja Maçônica, que designa as corporações
maçônicas, que operam em Templos Maçônicos. O primeiro documento maçônico (da
Maçonaria de Ofício) em que aparece a palavra Loja, data do ano de 1292 e era de uma
Guilda.

Loja em português denomina um estabelecimento comercial, não significa que em


outros idiomas tenham o mesmo significado. Loja derivado de Lodge em inglês que
significa cabana, casa rústica, alojamento de funcionários, Loge, palavra francesa, pode
se referir à casa de um caseiro ou porteiro, um estábulo, ou mesmo o camarote de um
teatro

Com base nesses termos podemos ver que as Lojas Maçônicas nas línguas francesa e
inglesa, pode-se compreender que as expressões se referem a uma edificação rústica
utilizada para alojar trabalhadores. Verifica-se então uma relação direta com a
Maçonaria Operativa, em que os pedreiros costumavam e até hoje costumam construir
estruturas rústicas dentro do canteiro de obras, onde eles guardam suas ferramentas e
fazem seus descansos. Essas simples edificações que abrigam os pedreiros e suas
ferramentas nas construções são chamadas de “loge, lodge, nos países de língua
francesa e inglesa.

A Loja Maçônica, cujo significado da palavra tem a mesma origem da palavra Loja para
designar estabelecimentos comerciais, quando empregada para designar uma instituição
maçônica, está se referindo a instituição enquanto sua razão social, constituída por
membros (homens livres e de bons costumes) e que necessita de um espaço físico para
funcionar, que são os Templos. A Loja só se materializa quando seus membros se
reúnem em sessão. Ao término da assembleia a Loja é descaracterizada e só voltará a se
constituir novamente na primeira reunião.

Oficina é termo genérico, designativo de qualquer agremiação ou assembleia maçônica


em seu círculo de trabalho. Loja é o vocábulo que deve ser utilizado para designar
determinadas agremiações de maçons, como no simbolismo e em alguns casos do
filosofismo (por exemplo, as Lojas de Perfeição). Dessa forma, toda Loja é uma
Oficina, mas nem toda Oficina é uma Loja.

Loja é termo designativo de reunião litúrgica. Oficina é expressão definidora de reunião


ou representação administrativa. A Loja é dirigida pelo Venerável e Vigilantes, ao passo
que a Oficina é dirigida pelo Venerável, Orador e Secretário. Em função disso podemos
dizer que a Loja tem um Venerável e a Oficina um Presidente, que seria essa a mesma
pessoa, pois o Venerável é autoridade litúrgica e o Presidente é autoridade
administrativa. Distinguimos assim as “luzes litúrgicas” (Venerável e Vigilantes) das
“luzes administrativas” (Venerável, Orador e Secretário).
Ainda pode-se afirmar que Loja é uma Oficina em trabalho litúrgico, razão pela qual um
profano pode ver o Templo e a Oficina (festas brancas, por exemplo), mas não pode ver
uma Loja. A Oficina pode reunir-se a descoberto para resolver assuntos administrativos,
prestar homenagens, festejar efemérides, etc.; a Loja só pode instalar seus trabalhos a
coberto.

Eis porque, meus irmãos, no início dos nossos trabalhos o Venerável Mestre determina
ao 1ª Vigilante que se certifique de que o Templo está coberto e depois verifique se
todos os presentes são maçons.

Estando o Templo coberto, sendo todos os presentes maçons e estando regularmente


constituída é que a Loja pode dar início aos seus trabalhos, invocando o auxílio do
Grande Arquiteto do Universo. Transforma-se, pois, a Oficina em Loja Maçônica e, a
partir desse momento, passam a ser desenvolvidos os trabalhos litúrgicos.

Nota-se, pois, que os vocábulos “Loja” e “Oficina” têm significados completamente


distintos e todos os maçons devem conhecê-los plenamente, à luz da simbologia da Arte
Real.

Referências Bibliográficas:

CASTELLANI, José. A origem da palavra Loja. Publicado em o Aprendiz.

https://www.freemason.pt/secmaconaria/simbolismo/templo-loja-e-oficina/

https://www.pedroneves.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=2684547

A∴M∴ Ricardo dos Santos Gobbi

CIM 316732

A∴R∴L∴S∴ ESTRELA DE DAVID 2274 ORIENTE BARREIRAS – BA

Você também pode gostar