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O MESTRE MAÇOM NO RITO DE YORK

Ir José Roberto Pascolatti


ARLS Fraternidade Acadêmica Cavaleiro de York Nº432

Nunca é demais insistir no fato histórico de que os pedreiros da Idade Média já


compunham uma organização de ofício e eram organizados em guildas. Há
documentos que enfatizam a antiguidade de seu oficio e sua importância na formação
das bases religiosas, morais e sociais.
Quando dizemos pedreiros, estamos nos referindo exatamente aos indivíduos que
trabalham em obras de pedra e cal, profissionais de alvenaria. Não eram pessoas
importantes. Muitos eram analfabetos, andavam a pé e trabalhavam do alvorecer ao
anoitecer. Gente simples, homens que podiam viajar de um lugar para outro sem
terem que beijar a mão do senhor feudal ou do arcebispo. Mesmo assim, a profissão
de pedreiro era vista com respeito e desconfiança.
Aqueles sujeitos tinham segredos e, por outro lado, as pessoas precisavam confiar
nos cálculos secretos do arco e da abóbada para viverem sob pedras amontoadas,
sem a apreensão de que uma delas, ou todas, lhes caíssem na cabeça.
Viajando por toda parte, livres, tornaram-se conhecidos como pedreiros livres -
freemasons em inglês ou franc-maçom, em francês. Estabeleceram relação, técnicas
e práticas de trabalho sempre mantidas em segredo. Ou fechavam o bico, ou perdiam
as regalias e a liberdade.
Tinham um tipo de cerimônia para marcar a iniciação de novos membros na arte do
arco e da abóbada. O servente (aprendiz) jurava não revelar nada do que via ou
ouvia em seu aprendizado. Todas as técnicas (operativas) deviam permanecer
hermeticamente guardadas para garantirem a sobrevivência da profissão.
Depois, quando os aceitos (filósofos, revolucionários e rosa-cruzes) entraram na
história, sofisticaram essas cerimônias e criaram rituais de acordo com o pensamento
filosófico da época. Assim, mesmo de má vontade, obtiveram o respeito dos nobres e
da igreja.
A ideia central de todas as cerimonias maçônicas é a da perda, da recuperação e da
interpretação. A perda é a essência da Craft(ofício/arte) ou dos graus da Loja Azul, a
recuperação a ideia central no Real Arco. De acordo com a lenda cada homem
elevado ao sublime grau de Mestre Maçom recebe “segredos de substituição” porque
os “verdadeiros segredos” foram perdidos em épocas distantes. Os segredos mais
profundos do grau de Mestre são supostamente conferidos no Grau do Real Arco.
Em lojas simbólicas (ou lojas azuis) os três primeiros graus azuis são executados em
templos com a mesma decoração e estrutura. O Oriente é o local onde se senta o
Venerável Mestre, o Sul e o Oeste o local onde se senta o Primeiro Vigilante e o
Segundo Vigilante, respectivamente. Aprendizes sentam-se na coluna norte,
companheiros na coluna sul e os Mestres tem a prerrogativa da escolha da coluna que
se sentam.
Corpo: BLUE LODGES (LOJAS SIMBÓLICAS)

Grau Português Sigla Inglês Sigla Denominação


da Cerimônia
1 APRENDIZ AA ENTERED APPRENTICE EA INICIAÇÃO
ADMITIDO
2 COMPANHEIRO CO FELLOWCRAFT FC PASSAGEM
DE OFÍCIO
3 MESTRE MAÇOM MM MASTER MASON MM ELEVAÇÃO

No período da Maçonaria Operativa, existiam apenas os graus de Aprendiz e


Companheiro e quando se referia ao Mestre, dizia-se o Mestre da Loja, aquele que a
dirigia os trabalhos da construção, um Maçom experiente, escolhido entre os
Companheiros do Quadro de Obreiros. O Grau de Mestre Maçom, somente foi criado
em 1723, depois da criação da Grande Loja de Inglaterra (1717), já na Maçonaria
especulativa ou moderna, implantado de fato em 1738, inclusivamente a sua lenda é
uma adaptação, embora seja inquestionável a riqueza do conteúdo dos seus
ensinamentos.

Vale citar que é um grande erro considerar o Grau de Companheiro como um Grau de
transição para se chegar ao mestrado maçônico. O seu conteúdo é de fundamental
importância para que, o Maçom, no seu caminho, possa iniciar os primeiros passos
nos Mistérios Maiores da nossa Ordem.

O Mestre Maçom, se assim o desejar, pode permanecer nesse grau por toda a sua
vida maçônica ou poderá pleitear, de pleno direito, a presidência da loja, quando
passará a ser Mestre de Loja(Venerável Mestre). Este é o ápice da hierarquia de uma
Blue Lodge. Terminado o mandato, passará a ser um Past-Master (ex-Venerável) da
Loja.
Essa é a estrutura da chamada Maçonaria Simbólica que funciona da mesma forma
em todo o mundo, inclusive no Rito de York Americano.

Mestre Maçom [Master Mason]

Enquanto aprendiz e companheiro, o Maçom teve guias e apontadores de caminhos,


quando a Loja concede a um Maçom a sua “carta” de Mestre, este sente-se um pouco
como aquele que, após as suas lições e o seu exame de condutor, recebe a sua carta
de condução: está habilitado a conduzir (a conduzir-se…) mas… inevitavelmente que
sente alguma ansiedade por estar por sua conta e risco.
Quando o Maçom se torna um Mestre verdadeiramente habilidoso em seu labor, deve
ensinar aos mais jovens e ser humilde. As sessões são no Sanctum Sanctorum do
Templo do Rei Salomão. Aqui o maçom é introduzido a uma grande e trágica lenda
sobre a morte de um dos Grão-Mestres construtores antes da conclusão do Templo e
sobre como a palavra do Mestre foi então perdida e substituída. As principais lições
deste grau são fidelidade e luta contra a tirania, a ignorância e o fanatismo.

Neste grau o Maçom fecha o ciclo de aprendizado e aperfeiçoamento. O Mestre


Maçom recebe em sua Elevação os plenos conhecimentos de sua origem e resgata
uma das lendas mais significativas da Maçonaria. O Mestre Maçom goza de todos os
direitos sobre o âmbito do simbolismo.

É o chamado grau da plenitude maçônica, o mais elevado da Loja Simbólica. Neste


grau o maçom adquire todos os direitos maçônicos e pode ocupar quaisquer cargos
da Loja. A cerimônia de passagem do grau de Companheiro para Mestre é chamada
Elevação. Normalmente, deve-se ter mais de dois anos de Maçonaria. A cerimônia de
ingresso nesse grau faz alusão à lenda de Hiram Abiff.

No Rito de York, o avental é decorado com um esquadro e


compasso entrelaçados e a Letra G no meio destes dois
símbolos. Um olho azul é inserido no centro da abeta.

Apesar de serem as mais visíveis manifestações da mudança de estado conferida ao


Mestre Maçom, não são o seu direito à palavra e o seu direito ao voto que são
importantes. Importante é a sua capacidade de exercer o seu verdadeiro e pleno
direito ao seu caminho. O direito a trilhar o seu caminho por si só, se assim escolher
ou assim tiver que ser, ou acompanhado por quem quiser que o acompanhe e que o
queira acompanhar, se assim for de vontade dos interessados, pelo tempo que
quiser, por onde quiser, como quiser, para o que quiser.

O direito ao seu caminho enquanto cidadão já o tinha desde que atingiu a idade
adulta. O direito ao seu caminho enquanto Maçom, ou seja, o caminho do
aperfeiçoamento, da busca da excelência, da proximidade tão próxima quanto
humanamente possível for, da perfeição, a ser trilhado por si só, como quiser, quando
quiser, pela forma que quiser, após o tempo de preparação que foi necessário para
que não seja em vão que esse direito lhe seja conferido e para que o exerça. Porque
é um direito que o Mestre Maçom deve exercer como um dever, com a diligência do
cumprimento de uma obrigação.

O caminho que cada Mestre Maçom decide escolher tem em conta a pergunta que faz
a si mesmo:
Oque e como fazer para ser melhor?

A essa pergunta cada Mestre Maçom vai obtendo a sua resposta, pessoal, íntima, tão
diferente das respostas de outros. E é na execução da resposta que vai obtendo, que
o Mestre Maçom constrói, porque construtor é, o seu percurso. E a cada resposta
obtida, novamente a mesma pergunta de sempre se apresenta:

Oque fazer e como fazer agora para ser melhor novamente?

E a nova resposta dá origem a um novo percurso que se inicia, que termina com uma
nova e sempre a mesma pergunta, com outra resposta e outro percurso,
incessantemente se apresentam.

Mas o Mestre Maçom não sabe apenas buscar a resposta à sua pergunta. Sabe
também que, embora cada um trilhe o seu solitário caminho, os caminhos dos
maçons têm muito em comum.

O Mestre Maçom sabe assim que o que adquire, o que ganha, o que aprende, o que
consegue, é para ser posto em comum com a Loja, pois também é do comum da Loja
que recolhe contributos, ajudas, meios, ferramentas, para melhor e mais
frutuosamente obter respostas às suas perguntas.

Ser Mestre Maçom é portanto saber que o seu percurso pessoal será mais facilmente
percorrido se o for com a Loja, pela Loja, a bem da Loja. Porque o bem da Loja se
traduz em ganho para o Maçom, que assim consegue realizar o paradoxo de ser um
individualista gregário, porque integra e contribui para um grupo que é gregário
porque preza e impulsiona a individualidade dos que o compõem.

Ser Mestre Maçom é descobrir que a melhor forma de aprender é ensinar os que
ainda estão a trilhar caminhos que já trilhou, dando-lhes o valor das suas lições e
assim ganhando o valor acrescido do que aprende ensinando – e sempre o homem
atento aprende mais um pouco de cada vez que ensina.

Ser Mestre Maçom é comparecer e trabalhar na Loja, mas sobretudo trabalhar muito
mais fora da Loja. Porque o que se faz em Loja não passa de “serviços mínimos” que
apenas permitem a sobrevivência da Loja. O trabalho em Loja é apenas um princípio,
uma partícula, uma gota, uma pequena parte do trabalho que o Mestre Maçom deve
executar em cada um dos momentos da sua existência.

Ser Mestre Maçom é portanto mais do que aguardar que algo lhe seja pedido, antes
tomar a iniciativa de fazer algo – não para ser reconhecido pela Loja, mas
essencialmente por si, que é o que verdadeiramente interessa.

Ser Mestre Maçom não é necessariamente fazer grandes coisas, grandes trabalhos,
admiráveis construções. Mais válido e produtivo é o Mestre Maçom que dedica apenas
cinco minutos do seu dia a fazer algo muito simples em prol da sua Loja, da
Maçonaria, afinal de si próprio, desde que o faça efetivamente todos os dias, do que
aquele outro que uma vez na vida faz algo ostentório, notado, em grande estilo, mas
sem continuidade.
De muito pouco valem bonitas exortações, exuberantes conceitos, profundas lições,
se tudo isso não passar de meras palavras facilmente levadas pelo vento dos fatos,
regularmente desmentidas pelos atos praticados. Se o Mestre Maçom, apesar de
pregar o trabalho, o esforço, a qualidade, se mostra desinteressado, desleixado,
despreparado, dificilmente inculcará no Aprendiz ou no Companheiro as virtudes que
proclama da boca para fora e trai nos seus atos.

Por isso, a postura do Mestre Maçom perante o Aprendiz e o Companheiro deve


atender sempre a que tem de agir como o exemplo daquilo que proclama, sem
contradição, sem facilitismo. Ou muito mau Mestre será…

O Mestre Maçom deve estar disponível para debater, trocar opiniões, não para
“ganhar discussões” mas para extrair de diferentes concepções os pontos de
convergência, as pontes de ligação, os denominadores comuns, os patamares que
permitam as evoluções das posições expostas, os consensos atingíveis. Deve estar
presente, não só fisicamente, mas com toda a sua diligência e atenção – porque só
assim será verdadeiramente útil à Loja e verdadeiramente a Loja lhe será útil a ele.

O Mestre Maçom integra, faz parte de uma Loja, não é “dono” nem “mentor”, nem
colonizador da sua Loja. Tão importante como estar disponível para a sua Loja é ter a
noção e o equilíbrio de que os demais também estão e que uma Loja saudável recebe
os contributos de todos, não só de alguns mais assertivos em fazê-lo. Há um tempo
para fazer e um tempo para descansar e deixar que os demais também façam.

Finalmente, para exercer os ofícios para que seja designado. Durante esse exercício,
disponível para detetar, preparar e executar a melhor forma de exercer o seu ofício.
Sempre disponível para entender que o exercício de qualquer ofício em Loja,
principalmente o de Venerável Mestre, não constitui o exercício de um qualquer
Poder, mas tão só um serviço, o cumprimento do dever de cooperar na administração
da Oficina e quando terminado período de exercício do ofício, deixar ao seu sucessor
tudo o que a ele é inerente pelo menos em tão boas condições como as que recebeu
– preferentemente, em melhores condições.

Venerável Mestre [Worshipful Master]

Espera-se do Mestre Maçom que recerber esta horaria dos seus Irmãos, um bom
conhecimento do Oficio por força do acumulo de conhecimento que ele conseguiu ao
longo de sua passagem como oficial subordinado. O Venerável Mestre rege e
comanda a Loja em conjunto com os oficiais por ele nomeados.

O Venerável Mestre, antes de ser instalado na Cadeira do Mestre, deve prestar


algumas obrigações comprometendo-se solenemente a preservar as Regras e as
Leis da Ordem e de sua Potência, além de observar os Antigos Costumes e aplicá-
los integralmente na Loja.

Enquanto agindo como Venerável Mestre da sua Loja, ou representá-la em reuniões


superiores, ele dever usar um colar com um esquadro apenso na sua ponta, porém,
não deve usá-lo ao visitar uma outra Loja.

A cada ano na data estabelecida pela legislação especifica de cada Potência


Maçônica, a Loja dever eleger um novo Venerável Mestre ou reconduzir o atual.
Ocorrendo a visita de uma autoridade, por exemplo, o Grão- Mestre, ou seu
Adjunto, o Venerável Mestre deve ofertar o primeiro malhete da Loja para tal
autoridade, porém para nenhum outro seja qual for o seu cargo.

O título de Mestre da Loja, ou Venerável Mestre, dado ao presidente de uma oficina


maçônica, tem a sua origem em Inglaterra, nos meados do século XVII, quando já
estava avançada a transformação da Maçonaria de Ofício em Maçonaria dos Aceitos.

No avental do Venerável Mestre, há um esquadro com o vértice para


cima na parte inferior e um olho em expansão na abeta.. O
Venerável Mestre usa chapéu em feltro ou chapéu “alto” para
assinalar a solenidade da sua função.

Numa loja do Rito de York apenas um largo “G” normalmente iluminado é exibido por
cima da cadeira do Venerável Mestre.
O termo Venerável Mestre deriva da palavra inglesa “worship”, que significa
adoração, culto, reverência, quando usada como substantivo; ou venerar, adorar,
idolatrar, quando usada como verbo transitivo. Dá origem ao termo “worshipful”, que
significa adorador, reverente, ou venerável (neste último caso, como forma de
tratamento). Assim, o presidente da Loja tinha o título de Master (Mestre), ao qual se
adicionou, posteriormente, o tratamento reverente de “worshipful” (venerável). O
termo venerável era aplicado, apenas, às corporações de artesãos, originando a
expressão “worshipful master” (venerável mestre).

Para a instalação e posse de um Venerável Mestre é necessário que seja constituído,


pelo Grão-Mestre, um Conselho de Mestres Instalados. Este Conselho, vez por outra é
confundido com um Conselho permanente, o que não é correto, pois ele é formado
para a finalidade da instalação e posteriormente é desfeito. O que existe na Loja é um
“Colégio de Mestres Instalados”, que tem a função, quando solicitado pelo Venerável
Mestre, de o assessorar nos assuntos que ainda lhe falte a experiência para resolver.

Quando do término do mandato, como Venerável Mestre da sua Loja, o obreiro


transmitirá o cargo a outro Mestre Maçom eleito regularmente pelos membros do
quadro. Sendo um Antigo Venerável, conservará perpetuamente a sua condição de
Mestre Instalado ao deixar de exercer as funções de presidente da oficina.
O Mestre Instalado não é Grau, é apenas um título distintivo para o Mestre Maçom
que, em cerimônia própria, foi instalado na Cadeira do Rei Salomão. Adquiriu-se o
costume de se apor ao nome do Obreiro na qualidade de Venerável, ou antigo
Venerável, as letras MI, como rótulo do Mestre Instalado. Esta maneira não tardou a
ser qualificada de modo equivocado por alguns como se a qualidade distintiva de um
Mestre Instalado fosse um Grau.

Concluindo, a palavra que melhor define o que deve ser o Mestre Maçom perante o
Aprendiz e o Companheiro é “exemplo”.

“Só é verdadeiramente Mestre Maçom aquele que propicia a aprendizagem, a


melhoria, o crescimento, dos Aprendizes e Companheiros, pelo seu EXEMPLO.”

Ir José Roberto Pascolatti


ARLS Fraternidade Acadêmica Cavaleiro de York Nº 432

Fontes:
Ir:. Júlio Aquino

Ir:. José Maurício Guimarães

Ir:. Arnaldo Gonçalves


https://www.freemason.pt/o-sistema-de-graus-do-rito-de-york/

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