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MAÇONARIA:
G216m
Garcia, Aquiles
Maçonaria: da gênese dos supremos conselhos de Charleston e do
Brasil ao cisma de 1927 / Aquiles Garcia – Águas de São Pedro:
Livronovo, 2012.
00 p.; 21 cm
ISBN 978-85-8068-096-6
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser copiada
ou reproduzida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser
criado, sem o prévio e expresso consentimento dos editores.
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complexidade, e por isso merecedor de melhor atenção de todos os
Maçons brasileiros, tanto os ligados ao Simbolismo quanto aqueles
que compõem os Corpos Filosóficos, não devendo permanecer como
assunto restrito apenas a uns poucos. Firmes nesse entendimento e
convencimento, lá naqueles idos demos partida a essa difícil e es-
pinhosa caminhada pelos meandros do que registra ou meramente
informa a História da Maçonaria, em especial da Maçonaria Brasileira.
O presente trabalho está reduzido à forma de simples “Estudo”
coligado à Maçonaria, quer no plano internacional, quer no nacional,
já que este é inseparável daquele. Mas não estarão os leitores à frente
de uma obra ex professo, como estará a revelar o seu conteúdo. No
entanto, está limitado ao período que acabamos de indicar, mesmo
porque a partir de 1928, quando consumada a Cisão como raiz
principal da formação das GRANDES LOJAS do Brasil na condição
de Potência Maçônica, cada uma delas iniciou a sua própria história
dentro do Rito Escocês Antigo e Aceito, e assim também aconteceu
com o Supremo Conselho do Grau 33° para a República Federativa
do Brasil em sua nova vida após aquele fato até os dias atuais. Essas
histórias posteriores não são abarcadas por este Estudo.
Não se passou diferentemente também nos quadros do GRAN-
DE ORIENTE DO BRASIL a partir da referida cisão, pois não
cessaram os atos e fatos que vieram formando e consolidando a sua
história pós 1927, que também não faz parte deste nosso trabalho.
Em certos momentos estaremos historiando à custa de uma
narrativa metódica de acontecimentos notáveis ocorridos na vida
maçônica daqueles tempos; noutros, no acervo de conhecimentos hau-
ridos em documentação onde se registra o testemunho do passado da
Instituição e sua evolução. Em algumas passagens, essa história estará
reduzida a uma simples narrativa de acontecimentos e/ou ações tem-
poralmente dispostas, mas apenas com lastro na tradição oral em seu
denominador comum, quando não existe a precisão documental - da
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qual sempre nos confessamos adeptos intransigentes, em se tratando
de Metodologia da História -, ou quando ela desapareceu no curso
dos séculos; ou, se existe, apresenta-se incompleta ou de conteúdo
duvidoso, de modo a comprometer a verdade sobre determinado
assunto ou esclarecimento de ponto obscuro ou incerto, indefinido.
Com efeito, no que toca diretamente à gênese das Grandes
Lojas do Brasil, o tema não se reveste de originalidade típica, na
medida em que – a nosso ver e sentir – não tem caráter próprio e
peculiar, não goza de autonomia, além de complexa vestimenta po-
lemista de que também se reveste. No entanto, goza de importância
porque é assunto ligado à questão crucial do Cisma de 1927, que
polariza posições – até calorosas - em segmentos substanciais, tanto
nos Grandes Orientes Brasileiros quanto nas atuais Grandes Lojas do
Brasil. Um Cisma que se revela, desafortunadamente, para além do
seu significado natural e mais preciso de apaixonada “dissidência de
opiniões”, com as outras mais contundentes significações dentro do
próprio GRANDE ORIENTE DO BRASIL, que é o berço natural
dessa dissidência, como será visto ao longo do tema.
Sem episódios cismativos, mas com suas características próprias
e particulares também há o que dizer-se em relação à constituição
do Supremo Conselho do Grau 33° de Charleston (Jurisdição Sul
dos Estados Unidos), especial e sequentemente no que concerne ao
do Brasil.
Soma-se ainda o fato de que se trata de matérias históricas
que sempre estiveram e continuam estando carentes de bons re-
cursos bibliográficos e coletas de dados revestidos de precisão, bem
selecionados.
Com efeito, no que concerne à Historiografia Maçônica
Brasileira, ela, “no que pese o esforço de muitos, parece-nos uma vasta
coletânea emotiva com muito pouco valor histórico”, mesmo porque
“infelizmente, pelo menos no passado recente, nossa literatura está re-
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pleta de afirmações pessoais e contingentes sobre a nossa História. Uma
coleção de afirmações inúteis sem relação com o essencial. Esta verdadeira
Babel literária parece-nos estar conduzindo a um caminho oposto ao
da verdade histórica”. Por isso mesmo, se “levantar a História sincera
do Brasil já é uma odisseia, uma verdadeira ‘missão impossível’, pois a
memória nacional é absurdamente postergada, olvidada e até vilipen-
diada, enquanto documentos históricos são criminosamente incinerados,
vendidos como papel velho, ou usados para servir de forro de armários e
calços de cadeiras e mesas”, então “...o que se pode esperar da memória
maçônica ?” Aliás, “com as Obediências, geralmente, acontece o mesmo.
Por absoluto descaso, a documentação não é catalogada, classificada e
nem ao menos convenientemente guardada, o que possibilita o furto e a
destruição de papéis importantes para a reconstituição histórica da Ma-
çonaria no Brasil. Pode se tornar o caso do GRANDE ORIENTE DO
BRASIL. Obediência-mater e de maior tradição histórica em nosso país e
que quase não tem possibilidades, graças aos motivos apontados, de fazer
o levantamento completo de seus 170 anos de história, que se confunde,
em muitas ocasiões, com a própria História do Brasil” *
Tanto não bastasse para esse quase caos na Historiografia Ma-
çônica Brasileira, ainda se encontram “infelizmente muitos escritores
maçônicos que se consideram historiadores, ainda imaginam a história
como uma sucessão de grandes fatos, dos grandes vultos. Desconhecem o
imaginário, as mentalidades, a história dos vencidos. Desgraçadamente
são estes escritores que escreveram os documentos. Então, o que nos resta
é escrever a partir destes documentos reescrevendo a história maçônica e
a história destes documentos” **.
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Engrossando as hostes desses pretensos escritores maçônicos,
ainda se contam “os mistificadores da História Maçônica, os quais
lançam mãos de subterfúgios e engodos, sob a aparência de pesquisa,
para exteriorizar sua parcialidade, suas tendências e sua ignorância da
metodologia da pesquisa histórica. Ignorando documentos e baseando
sua ‘pesquisa’ em indícios, torcidos a seu bel-prazer, esses mistificadores
traem o pensamento de Marco Túlio Cícero, quando este diz que a
História é a LUZ DA VERDADE. E não pode haver verdade sem
comprovação documental, sob risco de transformá-la em uma ‘verdade’
maquiada e fantasista” *.
Apesar de todas essas causticantes, severas advertências – por
sinal, oriundas da pena de três ilustres e renomados escritores
maçônicos filiados ao Grande Oriente, dos quais um já passou à
Eternidade, citados aqui nas notas de rodapé -, mesmo assim, toma-
das as devidas e redobradas cautelas é que iremos mergulhar nessa
Historiografia, particular e especialmente conotada ao GRANDE
ORIENTE DO BRASIL, pois foi nessa Potência que se desenro-
laram os acontecimentos; onde foram praticadas as ações e omis-
sões; onde eles e elas se desenvolveram para acabar desaguando
no Cisma de 1927, nascido, desenvolvido e consumado entre seus
próprios afiliados - nestes incluída a pessoa “raiz” de MÁRIO
MARINHO de carvalho BEHRING, incontestavelmente
tido e havido como o fundador das Grandes Lojas do Brasil -,
dissidência que, formal e substancialmente, foi cristalizada em 17
de junho daquele ano, fatos estes pouco versados aqui nesta outra
Potência; e quando esporadicamente tratados, via-de-regra não guar-
dam uma preocupação narrativa atrelada à Metodologia da História,
se aplicada à Maçonaria no Brasil; ao contrário, vêm despregados de
uma sequência cronológica e interpretativa, além de palpáveis hiatos
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no tempo e no espaço, de par com citações sensivelmente per saltum
de fatos e personagens; e aí, então, os textos produzidos identificam-
-se muito mais com o gênero puramente literário, não raras vezes
romanceado, e até fantasiado.
Como nele e no momento oportuno neste Estudo iremos
tratar de “raízes”, torna-se intuitivo ao tolerante leitor-Maçom que
existiu uma “raiz-mãe”, nuclear, primeira e mais profunda, que se
desdobrou em outras “raízes”, embora não cheguem a transparecer ou
evidenciar – salvo a ‘grossomodo’ – uma exclusiva relação contínua ou
sucessiva de “causa antecedente e efeito consequente”, mas também
uma modalidade de relação entre “causa” e “concausas” ou “causas
concomitantes”. Na verdade e como será visto na identificação da
dinâmica do Cisma, essas duas relações estarão se fazendo presentes a
cada momento historicamente proeminente, numa sensível aparência
de “agitação convulsiva”.
Não pretendemos dizer, de outra parte, que esse tema com-
ponente do título deste Estudo vá exigir uma exaustiva exposição
e análise “anátomo-patológica” de todos os fatos e atos que se pas-
saram e praticaram no período que se estendeu, desde a fundação
do Supremo Conselho em 1832, até o Cisma de 1927 e o posterior
Congresso de Paris, em 1929. Fosse assim, estaríamos escrevendo a
História desse máximo Órgão maçônico – uma pretensão que está,
mais do que longinquamente distante, completamente afastada de
nossos propósitos.
Por outro lado e ao mesmo tempo, o ponto fulcral do Cisma
não surgiu por geração espontânea e repentinamente no ano de 1927;
ao contrário, ele foi a eclosão de um crescendo, tal qual uma bolha
sendo vagarosamente inflada; “crescendo” gerado, ora de fatos e atos
advindos de um passado de quase 100 anos e numa aparente ordem
de “causa e efeito”; ora também, no mesmo lapso de tempo, de fatos
e atos concomitantes entre si, intercalados com os primeiros.
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Daí que, com o propósito único de deitar algumas fracas luzes
na senda que conduzirá o Irmão-leitor à mais fácil, simples e objetiva
compreensão da razão de ser do Cisma-geratriz que deu nascimen-
to às Grandes Lojas do Brasil, é que os principais acontecimentos
históricos vividos pelo GRANDE ORIENTE DO BRASIL serão
abordados um tanto perifericamente no período de 1832 a 1929,
realçando a gama de embriões que, somados, acabaram gerando a
crise determinante da bipartição desse Grande Oriente, inicialmente
em duas Potências perfeitamente distintas, embora ambas continuem
comungando da mesma Filosofia e ideário maçônicos.
É supinamente óbvio que toda a exposição metódica do tema
está decalcada em autores e historiadores maçônicos que se os têm
por bem informados, citados em notas de rodapé ou no parco acervo
bibliográfico declinado a final, de par com a principal fonte de con-
sulta – a Revista “Astréa”, nascida em janeiro de 1927, editada e
publicada sob os auspícios do GRANDE ORIENTE DO BRASIL
como Órgão Oficial do Supremo Conselho do Grau 33° do Brasil.
Estas considerações, em sua essência e a título de “Apresentação”
do Estudo, é que mereciam ser passadas aos Irmãos para desiludi-los
da esperança de receber coisa bem melhor e bem mais tratada, de que
são inegavelmente merecedores.
Daí, o singelo pedido deste autor para a necessária e insubsti-
tuível TOLERÂNCIA.
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Sumário
INTRODUÇÃO ........................................................................... 15
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