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O Malhete

Informativo Maçônico, Político e Cultural


Linhares - ES, Junho de 2023 - Ano XV - Nº 170 - E-mail: omalhete@gmail.com

POR QUE SÃO JOÃO É O SANTO


PADROEIRO DA MAÇONARIA?
Editorial
Caros leitores,
Em continuidade à série sobre Maçonaria Especula-
É com grande satisfação que apresentamos a edição tiva em seus Primórdios, o Irmão José Ronaldo
de junho da revista maçônica "O Malhete". Nesta Viega Alves nos brinda com a segunda parte da
ocasião, trazemos uma seleção de matérias e artigos exploração das influências judaicas.
que abordam temas fundamentais para a Maçonaria,
proporcionando reflexões e conhecimentos enrique- O Irmão Antônio Binni, Grão-Mestre Emérito da
cedores. Grande Loja D'Itália, compartilha conosco suas
reflexões sobre o ateísmo em geral e na Grécia Anti-
Na Matéria de Capa deste mês, mergulhamos nas ga. Neste artigo cativante, somos convidados a
origens e significados da conexão entre São João e a explorar as nuances filosóficas e históricas do tema,
Maçonaria. Descubra por que este santo é venerado relacionando-as com a Maçonaria e seus ideais de
e considerado o padroeiro da nossa Ordem, e como busca pela verdade e tolerância.
sua influência tem sido presente ao longo dos sécu-
los. Cada uma dessas matérias e artigos foi cuidadosa-
mente selecionada para oferecer aos nossos leitores
No artigo de autoria do Irmão Dário Angelo Baggie- uma visão aprofundada e abrangente sobre assuntos
ri, exploramos uma questão essencial: a Maçonaria relevantes para a Maçonaria. Acreditamos que é
de ontem e a dos dias atuais - teríamos perdido a essencial buscar constantemente o conhecimento e a
nossa essência? Em meio a transformações e reflexão para fortalecermos nossos laços e enrique-
mudanças, é imprescindível refletir sobre nossos cermos nossa jornada maçônica.
princípios e valores fundamentais, e buscar manter a
conexão com o cerne da nossa Ordem. A equipe da revista "O Malhete" espera que esta edi-
ção proporcione momentos de aprendizado e inspi-
Outro tema que não pode ser deixado de lado é a ração, incentivando a busca pelo aprimoramento
questão da proibição de discussão ou controvérsia individual e coletivo. Desejamos a todos uma leitura
sobre matéria político-partidária ou religiosa na enriquecedora e repleta de insights valiosos.
Maçonaria. No artigo do Irmão Carlos Magno Mon-
teiro Freitas, adentramos nessa polêmica e examina- Fraternalmente,
mos as razões e implicações dessa restrição, estimu-
lando um debate saudável e esclarecedor sobre o Luiz Sérgio Castro
tema. Editor

Expediente
As opiniões expressas pelos auto-
res nos artigos individuais não
representam a orientação e pen-
samento da direção da Revista O
Malhete.
Agradecemos a todos os irmãos
que contribuíram com o conteúdo
da revista com seu trabalho neste
mês.
"Diógenes sentado em seu barril", de Jean-Léon Gérôme (1860)

POR QUE SÃO JOÃO É O SANTO


PADROEIRO DA MAÇONARIA?
São João Batista e João Evangelista são conhecidos como os santos padroeiros da Maçonaria. Mas por que?

Batista é comemorada em 24 de junho, e a de São


Podcast Ouça a matéria clicando aqui João Evangelista é no dia 27 de dezembro. Maçons
e lojas maçônicas marcam esses dias com seus pró-
A Maçonaria tem muitos mistérios inexplicados prios jantares comemorativos ou outros eventos.
em seu ritual, um dos quais é a referência aos “San- São duas das datas mais importantes do calendário
tos São João”. Vem na aula monitoria do grau de fraterno.
Aprendiz. Os candidatos são informados de que as As razões dessa conexão remontam a séculos - e
lojas maçônicas são dedicadas a São João Batista e permanecem envoltas em mistério. O que sabemos
São João Evangelista. Juntos, eles representam os com certeza é que não é estranho que haja um santo
santos padroeiros da Maçonaria. padroeiro da Maçonaria. Durante a Idade Média na
Até hoje, os maçons de todo o mundo continu- Inglaterra e na Escócia, muitas sociedades e guil-
am a reconhecer essas duas figuras como os santos das eram dedicadas a um determinado santo. Essa
padroeiros da Maçonaria. Na verdade, o mais pró- figura recebia devoção especial dos membros da
ximo que temos de um feriado maçônico são os sociedade e, por sua vez, oferecia a seus membros
dias de festa dos dois santos. A festa de São João proteção e favor especiais.
São João, o Santo Padroeiro da Maçonaria
No calendário da igreja medieval, havia dois
santos chamados João que eram associados a
Jesus.
Um deles foi o “precursor” de Jesus, João Batis-
ta. O outro era o apóstolo João, irmão de Tiago. Ele
é comumente conhecido como João Evangelista
por causa de sua suposta autoria do Evangelho de
João no Novo Testamento. Em algum momento,
esses dois santos ficaram conhecidos como padro-
eiros da Maçonaria. Quando e onde isso aconteceu
permanece um mistério.
Agora, a Maçonaria não é e nunca foi uma orga-
nização religiosa. Sempre esteve aberto a mem-
bros de todas as religiões e credos. No entanto, o
mundo em que nasceu, na Europa da era do Ilumi-
nismo, era em grande parte cristão. Como resulta-
do, muitos dos símbolos da Maçonaria refletem a são:
iconografia cristã – incluindo a conexão com os “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
dois São João na Maçonaria. Deus, e o Verbo era Deus.”
Sabemos que nos séculos 17 e 18, a “Palavra
Dualidade e os dois São João Maçonaria” era um segredo muito importante
Da perspectiva maçônica, podemos entender o dado ao maçom recém-obrigado.
dualismo equilibrado de João Batista de um lado e A “Mason Word” deu aos membros da fraterni-
João Evangelista do outro. Juntos, eles represen- dade acesso a todos os privilégios da Maçonaria.
tam os dois lados de uma mesma moeda: o zelo Para pedreiros “operativos”, isso incluía acesso ao
apaixonado do batista e o conhecimento da fé do trabalho. O Evangelho de São João pode ter sido
apóstolo. Uma loja maçônica dedicada aos dois escolhido para a obrigação por causa da conexão
santos padroeiros da Maçonaria pode ser vista simbólica entre a “Palavra Maçonaria” e a “Pala-
como um espaço para refletir e canalizar nossa vra” no versículo inicial do evangelho.
paixão. Tomados como uma compilação abstrata Essa conexão era tão importante que os maçons
de símbolos, eles representam um caminho bem naquela época às vezes eram chamados de “St.
equilibrado em direção à iluminação. Ainda mais, John's Mason.” Em alguns registos de ladrilhado-
seus dias de festa estão intimamente associados res do século XVIII, os visitantes inscreviam “S.
aos solstícios de inverno e verão – ressaltando a John's Mason” após seu nome. A partir disso, pode-
dualidade simbólica das duas figuras. mos extrapolar que a ligação com os “Santos João”
Mas por que São João Evangelista e São João no ritual maçônico se originou com São João Evan-
Batista estão associados à Maçonaria em primeiro gelista. E podemos supor que a referência a São
lugar? Como eles se tornaram os santos padroeiros João Batista como o segundo padroeiro da Maço-
da Maçonaria? Estudiosos maçônicos afirmam naria veio mais tarde. Nada disso pode ser prova-
que o costume veio da prática de novos maçons do, é claro.
assumirem suas obrigações em uma Bíblia aberta Estes “St. John's Masons” não nos deixou
no primeiro capítulo do Evangelho de João. O nenhum registro sobre por que adotaram esse
“João” que era o suposto autor daquele evangelho nome, ou por que adotaram os dois Johns como
era, claro, João Evangelista. santos padroeiros da Maçonaria. Mas acho que
esse é um palpite tão bom quanto qualquer outro.
Maçonaria de São João
As palavras iniciais do Evangelho de São João Fonte: Califórnia Freemason
ISRAEL FOI SEDE DO XVIII CONGRESSO
MUNDIAL DA MAÇONARIA REGULAR
Israel foi palco da XVIII Congresso Mundial da Maço- bro de 2024. Essa notícia gerou grande expectativa e
naria Regular, realizada em Jerusalém entre os dias 07 e entusiasmo entre os maçons brasileiros, que terão a
11 de maio de 2023. Sob a liderança da Grande Loja do oportunidade de receber os líderes e representantes das
Estado de Israel, presidida pelo Sereníssimo Grão- diversas Potências Maçônicas de todo o mundo em seu
Mestre Irmão Ilan Segev, o evento reuniu 113 Potências próprio país.
Maçônicas de todo o mundo, contando com a participa- A escolha do Brasil como sede da próxima conferên-
ção de mais de 300 dirigentes da Maçonaria Universal. cia reforça a importância e influência da Maçonaria
As Potências Brasileiras marcaram presença em Brasileira no cenário maçônico global. Além disso,
grande número durante a conferência, com a presença será uma excelente oportunidade para fortalecer os
de membros oficiais das Confederações CMSB e laços fraternais e promover a troca de conhecimentos e
COMAB, assim como do Grande Oriente do Brasil. experiências entre os maçons de diferentes regiões do
Além disso, a Confederação Maçônica Interamericana mundo.
- CMI também participou do evento, contribuindo sig- Foz do Iguaçu, a cidade escolhida para sediar a con-
nificativamente para o planejamento e deliberação dos ferência, é conhecida internacionalmente por suas bele-
novos rumos e momentos da Arte Real no âmbito mun- zas naturais e, em particular, pelas Cataratas do Iguaçu,
dial. A Maçonaria Brasileira demonstrou seu papel rele- consideradas Patrimônio Natural da Humanidade.
vante na Maçonaria Mundial. Com uma infraestrutura turística bem desenvolvida, a
Um anúncio importante foi feito durante a conferên- cidade oferece uma ampla gama de atrações e comodi-
cia: a próxima edição, o XIX Congresso Mundial da dades para receber os participantes da conferência,
Maçonaria Regular, será realizada no Brasil. A cidade proporcionando um ambiente propício para o intercâm-
escolhida para sediar o evento foi Foz do Iguaçu, e as bio maçônico e o desenvolvimento dos trabalhos.
datas definidas são de 26 de novembro a 1º de dezem- A expectativa é que a XIX Congresso Mundial da
Maçonaria Regular no Brasil seja um evento marcante,
repleto de discussões construtivas, palestras enriquece-
doras e momentos fraternais de união entre os maçons.
Além disso, a conferência será uma oportunidade para
promover a cultura brasileira, compartilhando com os
participantes de diferentes países a riqueza histórica,
artística e cultural do país.
Com a data já definida, os preparativos para a confe-
rência estão em andamento, com a expectativa de uma
organização impecável por parte das Potências Maçô-
nicas brasileiras.
Grão-Mestre da GLMEES Valdir Massucatti e
Ilan Segev Grão-Mestre da Grande Loja de Israel
GRANDE LOJA INICIA PROJETO 'O PODER DA SAÚDE'
COM PALESTRA PARA CUNHADAS E SOBRINHAS
A Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito
Santo (GLMEES) deu início ao projeto 'O
Poder da Saúde' para estimular uma cultura pre-
ventiva no cuidado da saúde, em todos os níve-
is, dos Irmãos e da família Maçônica.
A iniciativa começou com a palestra 'A
importância da Mulher na Saúde da Família
Maçônica', realizada pelo Irmão e médico Dr.
Thanguy em Vitória, Cachoeiro de Itapemirim,
Colatina, Venda Nova do Imigrante e Linhares. Vitória
Em Vitória, a cunhada e médica Paty Friço,
palestrou junto com Dr. Thanguy.
Durante a apresentação, o médico explicou
os quatro pilares fundamentais da saúde
"Diógenes sentado empara
seuse
barril", de Jean-Léon Gérôme (1860)
viver uma vida com qualidade: controle emoci-
onal, alimentação saudável, atividade física e
sono restaurador.
Dr. Thanguy também frisou a necessidade do
planejamento da saúde e também da beleza,
reforçando que como você age em relação à sua
saúde contribui para moldar a vida dos seus Colatina
filhos. A mulher, nesse contexto, tem um papel
muito importante, de pilar de sustentação do
lar, influenciando diretamente as escolhas da
família.
Em todos os eventos, as cunhadas e sobri-
nhas foram recebidas pelo Grão-Mestre Valdir
Massucatti e sua esposa, a cunhada Aparecida
Massucatti. Após as palestras houve sorteio de
brindes e jantar.
Venda Nova do Imigrante

Linhares Cachoeiro de Itapemirim


DIPLOMAÇÃO DO GRÃO-MESTRE ESTADUAL
E GRÃO-MESTRE ESTADUAL ADJUNTO DO GOB-SP
Na noite de 16 de maio de 2023, no templo da ARLS Pirati- agora diplomado Grão-Mestre Estadual Adjunto, em seu
ninga “A Fidelíssima” nº 140, 1ª Macrorregião, Oriente de discurso enfatizou a “importância de fortalecer os laços fra-
São Paulo, foi palco de uma emocionante e histórica noite na ternais e promover a integração dos membros da Ordem
qual ocorreu a Cerimônia de Diplomação dos Irmãos maçônica”.
Ruberval Ramos Castello e Eduardo Marcantonio Liza- Fez questão de reconhecer e destacar o trabalho realizado
relli, eleitos como Grão-Mestre Estadual e Grão-Mestre pelo Irmão Ruberval Ramos Castello ao longo dos anos em
Estadual Adjunto, respectivamente, do Grande Oriente do benefício da instituição maçônica e ao GOB-SP. Ele refor-
Brasil de São Paulo. çou a importância do trabalho conjunto, “baseado nos prin-
A diplomação desses notáveis líderes Maçons representa cípios maçônicos, visando o aprimoramento individual e
um momento de significância histórica para a Maçonaria no coletivo dos membros da Ordem”.
Estado de São Paulo, resultado da harmonia, trabalho e resi- Essa cerimônia de diplomação marcou um momento de
liência, através da evidente confiança depositada através das renovação e inspiração, reafirmando o compromisso dos
lojas, apresentando um horizonte próspero, unido e de uma novos Grão-Mestres do GOB-SP em fortalecer a Maçonaria
Maçonaria pujante no GOB-SP. no estado de São Paulo.
Os discursos proferidos pelos Grão-Mestres recém diplo- A presença de autoridades maçônicas nesta magnífica
mados foram verdadeiros testemunhos dessa determinação e cerimônia, como o Eminente Irmão Gerson Magdaleno,
comprometimento. atual Grão-Mestre Estadual do GOB-SP e outras figuras
O Irmão Ruberval Ramos Castello, ao receber o título ilustres da Ordem como os Grão-Mestres Adjunto do Gran-
de Grão-Mestre Estadual, expressou gratidão pela oportuni- de Oriente Paulista, representantes da Grande Loja Maçôni-
dade de liderar o GOB-SP no mandato de 2023 à 2027. ca do Estado de São Paulo e do Grande Oriente do Brasil,
Enfatizou “a importância da união entre os irmãos que juntos, evidenciaram o apoio e o reconhecimento que
maçons, do respeito mútuo e da busca pela excelência”. esses líderes recém diplomados têm dentro da comunidade
Além disso, destacou que sua gestão “será democrática e maçônica.
técnica, com a participação ativa de todos os Irmãos”.
Sua visão é “promover uma Maçonaria fraterna, inclusi- Fonte: Secretaria de Comunicação e Informática do
va e participativa, onde cada membro tenha espaço para Grande Oriente do Brasil de São Paulo
contribuir e crescer”. Seu objetivo é “fortalecer a Ordem e
torná-la mais relevante na sociedade, promovendo valores
éticos e de busca pelo conhecimento”.
Por sua vez, o Irmão Eduardo Marcantonio Lizarelli,
GRANDE LOJA DO PARANÁ REALIZA SESSÃO
DE POSSE SUA ADMINISTRAÇÃO
Com a presença de mais de 120 oficiais e Veneráveis Faria nada poderíamos fazer não fosse a disposição e a dedi-
Mestres, reunidos no seu Templo Nobre, a Grande Loja do cação ao trabalho dos irmãos, que não titubearam em acei-
Paraná realizou, no sábado (27/05), a posse solene de sua tar o nosso convite para firmar fileiras e para estarmos
Diretoria para o triênio 2023/2026. A Sessão Magna Ritua- juntos nesta caminhada para o progresso e a evolução da
lística teve início às 9h30min e foi encerrada às 12h30min, Grande Loja do Paraná”.
presidida pelo Sereníssimo Grão-Mestre, Irmão Marco Ele agradeceu, ainda, a todos os Veneráveis Mestres das
Antônio Correa de Sá, e com a presença do Eminente Depu- Lojas jurisdicionadas, aos quais rendeu suas homenagens
tado do Grão Mestre, Irmão José de Faria, dos Past Grão- perenes pelo trabalho e dedicação. Destacou o fato de estar-
Mestres Iraci da Silva Borges e Valdemar Kretschmer e do mos saindo de uma pandemia e que as dificuldades que
Past Deputado José Fernando de Paula. enfrentamos e que poderemos enfrentar no futuro “não nos
Durante a solenidade, os integrantes da Administração ceifem jamais a capacidade que temos de amar, porque o
da GLP prestaram o compromisso constitucional e recebe- princípio maior da nossa instituição é o Amor Fraterno e
ram seus paramentos de Grandes Oficiais, Delegados, que, cultivando-o será possível nos abraçar como verdadei-
membros das Grandes Comissões e demais cargos, respec- ros irmãos.”
tivamente, das mãos do SGM, juntamente com o seu abraço Ao encerrar a sessão disse, ainda, o SGM: “que esse
fraterno. momento hoje vivenciado nos fortifique cada vez mais e
Ainda no início dos trabalhos, o Irmão Glaucio Antônio reacenda o orgulho de sermos maçons e de pertencermos a
Pereira, ministro-presidente do Egrégio STM, deu posse ao esta Grande Loja do Paraná, que tanto nos ensina e que
Irmão Pedro Hilgenberg como ministro do STM. tanto trabalha para nossa sociedade e para o aperfeiçoamen-
to do gênero humano. Sigamos em frente e que o Grande
Gratidão Arquiteto do Universo nos mantenha sempre em paz, har-
O SGM, em seu discurso de agradecimento, disse: “Que- monia e concórdia, porque unidos somos e seremos sempre
ro externar minha imensa gratidão a todos os irmãos que muito mais fortes”.
aqui se encontram pela disposição de aceitarem esta mis- Após a solenidade, todos os presentes participaram de
são. Tenho absoluta certeza de que eu e o irmão José de um almoço festivo, servido no Salão de Festas da GLP.
"Diógenes sentado em seu barril", de Jean-Léon Gérôme (1860)

A MAÇONARIA DE ONTEM E A DOS DIAS ATUAIS -


PERDEMOS A ESSÊNCIA?
trabalho, alimentação, moradia, etc....
Podcast Ouça a matéria clicando aqui Aprendemos desde sempre que não devemos
ser inimigos dos governos ou autoridades, se são
Por Irmão Dário Angelo Baggieri justos. Contudo, infeliz do Maçom que consentir
tornar-se instrumento da tirania, apoio da usurpa-
Amados irmãos, vemos na atualidade, situações ção e apologista da injustiça e do desprezo às leis
esdrúxulas e de uma sordidez inimaginável cam- que contêm as eternas garantias de Liberdade.
peando os horizontes da Liberdade dos Povos. Mais infelizes ainda são os mandatários deten-
O Maçom por excelência deve se preparar para tores do poder da lídima aplicação das Leis que
combater sem trégua, a ignorância, a superstição e ousam desonrá-las em nome de ideologias nefas-
a tirania. tas. Como inimigos e conspiradores contra a
A Nação hoje livre, amanhã poderá estar escra- Pátria, um tenebroso futuro lhes é reservado.
vizada por um Estado opressor, que prive o ser A atuação da maçonaria ao longo da história
humano de sua liberdade, da rígida aplicação das tem sido encarada, tradicionalmente, sob duas
Leis, dos direitos fundamentais e do acesso aos perspectivas excludentes: a condenatória e a apo-
bens públicos, como saúde, educação, segurança, logética. Nessa última perspectiva constata-se,
num olhar mais apurado, que a produção historio- litária, não permitindo o menor contraditório.
gráfica maçônica tem tido como foco o século A Maçonaria situa-se além do visível; sobram-
XIX, especialmente os chamados grandes fatos lhe grandezas invisíveis. Cada parte dela, é tam-
históricos da nacionalidade e as disputas referen- bém um pouco de alguém. Uma soma de suores,
tes a questão religiosa com a Igreja Católica, na coragem, inteligência, competências, sonhos e
crise do Império. Essa produção é marcada por predestinação de tantos, nos diz o Irmão Armando
uma luta simbólica pela legitimação da atuação Righetto, em seu Livro a Maçonaria Ontem e
dos pedreiros-livres como precursores, mentores e Hoje. Quão profundas essas colocações e ao
fundadores da nova nação independente, em con- mesmo tempo praticamente não encontram eco
traposição ao tradicionalismo clerical católico que em nossas colunas atuais. Viramos realmente um
reclamava para si o lugar de fundadores espirituais clube de serviços com todos os seus perdulários de
da nação, nos primórdios do colonialismo e que, vaidades pessoais e ostracismo de ideologia.
no contexto do ultramontanismo, entre o final do Todo estudo comparativo necessita de ser bali-
Império e o início da República, elegia a Maçona- zado entre dois extremos, ou seja, uma análise crí-
ria como inimiga número um da igreja. tica e exegética temporal da ocorrência de cada
Passaram-se os anos, e foi ocorrendo paulatina- um dos fatos e suas conotações à luz da razão, da
mente uma acomodação, não da Doutrina, mas ciência e do comportamento social, organizacio-
sim dos Irmãos que estão deixando de ser protago- nal e político em cada estágio. Vivenciamos nos
nistas, para serem meros Assistentes e Expectado- primórdios de nossa Sublime Instituição, ações
res, Comodistas dos fatos gravíssimos que estão organizadas e protagonizadas pela Maçonaria em
ocorrendo no Brasil e no Mundo. todas as áreas, sejam elas Sócio-Político e Cultu-
A Independência dos Poderes da República ral, no Brasil e no Mundo tais como a Revolução
Brasileira nunca esteve tão ameaçada, como se Francesa, a Independência de praticamente todos
encontra hoje, com um Poder passando por cima os Países Americanos, a Libertação dos Escravos,
de tudo e de todos, interpretando as Leis ao seu bel etc...etc onde o engajamento dos irmãos era volun-
prazer, aplicando-as de maneira corporativa e tota- tário e todos trabalhavam em prol de um projeto de
po.
Nesse período, havia um engajamento maior
dos políticos, tendo sido destacados vários perso-
nagens pelas suas atuações e realizações.
O segundo momento, conhecido como Maço-
naria Especulativa, ela passou a ser conhecida
como discreta e não secreta. Com a Globalização e
mais recentemente, pelos avanços tecnológicos,
não se identifica mais, nos Três Poderes políticos
maçons, como antes. Dessa forma, aqueles feitos
de outrora, os quais eram reservados à Maçonaria,
não existem mais. Daí a pergunta: os maçons de
ontem prezavam mais pela Ética e pela Moral?
Nos tempos atuais observamos muitas mudan-
atuação, com Dedicação, Zelo , Engajamento e ças econômicas, sociais, tecnológicas, educacio-
Compromisso com a Instituição e seus Princípios. nais e outras, que estão levando muitas entidades a
Mas o que é a maçonaria, afinal, nos dias de se adaptarem às novas exigências. Daí a pergunta:
hoje? Como sociedade filosófica e filantrópica, a sendo a Maçonaria uma entidade conservadora e
maçonaria foi fundada em 24 de junho de 1717, na ao mesmo tempo atual, que preza pela liberdade,
Inglaterra. Hoje conta com cerca de 170 mil mem- como ela poderá com as mudanças preconizadas
bros no Brasil, trata-se de uma sociedade outrora pelo novo pensar da Sociedade? Observa-se cons-
secreta, de caráter filosófico e filantrópico. Seus tantemente surgimento de novas Potências, de
integrantes defendem os princípios da liberdade, novas Lojas, simplesmente pela necessidade de
da democracia, da igualdade "Diógenes e Platão", de
e da fraternidade, Mattia Preti
satisfazer (1649)
aos egos e por vaidades.
além de serem entusiastas do aperfeiçoamento Além disso, quando penso em mudanças e vejo
intelectual. Calcula-se que haja 3,6 milhões de as manifestações de ordem social, sexual, etc.
maçons no mundo. penso logo na Maçonaria. Como ficarão o casa-
Voltando à baila do objetivo do presente ensaio, mento gay e a entrada da mulher na Maçonaria?
nos deparamos com uma situação de total aliena- Quantos processos judiciais teremos que respon-
ção das Potências Maçônicas ditas Regularmente der?
Reconhecidas, a saber GOB, CMSB e COMAB, Enfim, campo vastíssimo para um eterno deba-
sobre um posicionamento nesse contexto turbu- te em todas as Searas.
lento pelo qual passa a Nação Brasileira. Nossa O Debate apenas se inicia, e necessita de ser
Instituição, desde os tempos mais remotos, sem- levado a todas as esferas, afinal ser Maçom de fato
pre foi Paladina da Ética, da Moral, dos Bons Cos- nos dias atuais, é muito mais difícil que ser de dire-
tumes, da Pátria, da Família e da Ordem. O Povo ito.
clama por um posicionamento da Sociedade Civil Esperemos que haja Paz, Harmonia e Concór-
Organizada em prol da Nação Brasileira que dia, sobretudo no Campo das atitudes. Quem per-
nunca esteve em toda sua história, tão ameaçada e manecer que o faça pelo coração e pela Razão.
à beira de uma Possível Guerra Civil. Não deseja-
mos e nem queremos ser Apologistas do Caos,
mas ele se avizinha à passos largos.
Ao fazermos um corte histórico na história da
Maçonaria, esbarramos de início em duas situa-
ções: a época da Maçonaria Operativa e a época
Especulativa. Na primeira, ela sofreu muitas per-
seguições de cunho religioso, principalmente de
origem política e econômica. Por isso ficou conhe-
cida como secreta, o que perdurou por longo tem-
A QUESTÃO DA PROIBIÇÃO DE DISCUSSÃO OU
CONTROVÉRSIA SOBRE MATÉRIA POLÍTICO-
PARTIDÁRIA OU RELIGIOSA NA MAÇONARIA

niões, os ódios particulares, nem motivo algum de dis-


córdia, evitando-se, sobretudo, discussões sobre reli-
gião, política e nacionalidade, pois os maçons, (...), não
Por Carlos Magno Monteiro Freitas professam outra religião que não a universal e perten-
cem a todos os povos, a todas as línguas e são inimigos
Muito em decorrência da intensa polarização política de toda empresa contra o governo constituído.”
vivida nos últimos anos no Brasil e no mundo, observa-
mos alguns Irmãos questionando a proibição constante Os Landmarks são pontos de referência, marcos
no inciso VII do Art. 2º da Constituição do Grande Ori- que não podem ser ultrapassados. Estão ligados ao dire-
ente do Brasil: “a proibição de discussão ou controvér- ito consuetudinário inglês, aos usos e costumes. Há vári-
sia sobre matéria político-partidária, religiosa e racial, as classificações, sendo as mais conhecidas as de Mac-
dentro dos templos ou fora deles, em seu nome”. Já ouvi- key, Findel, Pike, Pound e Berthelon.
mos Irmão sugerindo apresentar emenda constitucional J. G. Findel, em sua compilação dos Landmarks,
alterando o citado dispositivo. Vamos aqui explicar a incluiu o de número 7 – “A necessidade de manter a
origem da proibição e o motivo pelo qual não pode ser concórdia, o amor fraternal e a tolerância; e a proibi-
revogada. ção de levar, para a Fraternidade, questões sobre
assuntos de religião e política;”
A Constituição de Anderson é o documento básico
da maçonaria. Compilada pelo Pastor James Anderson Em 04/09/1929 a Grande Loja Unida da Inglaterra
em 1717 e revista em 1723, traz no seu capítulo VI – Da publicava os Princípios Fundamentais para o Reco-
conduta do maçom, a seguinte regra: “Devem, também, nhecimento de Grandes Lojas, num total de oito. O
se abster de dizer ou fazer alguma coisa que possa ferir princípio de número 7 assim dispõe: “As discussões de
ou romper a boa harmonia que sempre deve reinar entre ordem religiosa e política são interditadas, nas Lojas.”
todos; por isso, não devem ser levados, a essas reu- Destarte ressaltar que qualquer potência maçônica que
não respeitar estes princípios não será reconhecida pela entre Maçons. Assim, evitadas as discussões em
GLUI. Clarificando, se aprovarmos uma emenda cons- torno de crenças religiosas e de credos políti-
titucional retirando a proibição em questão, perderemos cos, seria permitida a análise da Política, em
o reconhecimento da Grande Loja Unida da Inglaterra e, seu amplo sentido sociológico, e das religiões,
por tabela, de várias outras Potências Maçônicas. em sua história, filosofia e doutrina.(Castellani,
O parágrafo Único do Art. 4º da Constituição do 1995, p. 81).
G O B a s s i m d i s p õ e : “ S e r ã o re s p e i t a d o s o s
LANDMARKS, os postulados universais e os princípios Concordamos plenamente com o autor. A análise da
da Instituição Maçônica.” Interessante, também, Política, enquanto ciência, e da história, filosofia e
observar o Ritual de Mestre Maçom do GOB em sua doutrina das religiões é permitida em Loja.
Parte V – Instrução, item 5.3 – Landmarks X Constitui- Para ser bastante claro, seriam temas pertinentes à
ção do GOB, mais especificamente na pág. 183, primei- Ciência Política os seguintes: 1 – Análise política: estu-
ro item da tabela ali constante. No Ritual de Aprendiz do das categorias, dos conceitos e problemas básicos da
Maçom do GOB, o último parágrafo da página 103 e o Ciência Política; 2 – Sistema Político Clássico e con-
primeiro parágrafo da página 118, são bem esclarecedo- temporâneo e suas influências em políticas empresaria-
res. is; 3 – Planejamento e tomada de decisões; e 4 – Partici-
Como se vê, trata-se de dispositivo oriundo do direi- pação e Informação. Qualquer tema além desses, corre-
to maçônico inglês e não uma invenção da maçonaria mos sérios riscos de entrar no campo da proibição.
brasileira. Mas qual seria o motivo da maçonaria inglesa, berço
Mas o ser humano é um animal político, como ensi- e farol da maçonaria mundial, manter até hoje esta proi-
nou Aristóteles. Estaria a maçonaria privando os bição? A resposta é a seguinte: Por volta de 1717, o
maçons de participarem da política? De modo algum! O momento histórico colocava em oposição os jacobitas
que se veda é apenas a discussão dentro dos seus tem- católicos e os protestantes que ocupavam o trono. Por-
plos, “Em Loja”! E fora de Loja, usando seu nome! Ou tanto, não era prudente tomar partido ao lado de uma das
seja, fora de Loja, e desde que não afirme ou insinue facções político-religiosas rivais (Castellani, 1995, p.
estar falando em nome da maçonaria, o maçom pode 81). O tempo passou, e hoje vivemos uma rivalidade, no
expressar livremente suas opiniões políticas ou religio- âmbito mundial, entre a extrema direita e a extrema
sas. Pode se filiar a partidos políticos, participar de esquerda, além dos que possuem uma posição ao centro
manifestações pacíficas, mas sem usar paramentos e se sentem incomodados com os extremistas. Não
maçônicos ou qualquer objeto ou vestimenta que insi- tenho dúvidas de que a proibição continua necessária e
nue estar ali enquanto maçom. O maçom é livre para atual, a bem da fraternidade.
participar da vida política do seu país. Enquanto candi- Finalizando, insta observar o Código Disciplinar
dato em eleições no mundo profano, pode comparecer Maçônico em seu Art. 49, inciso XV, o qual pune com
em Loja para apresentar seu nome e explanar seu pro- suspensão dos direitos maçônicos quem descumprir
grama de governo sem, no entanto, atacar outros candi- esta proibição.
datos, maçons ou não. O que está vedado é a manifesta-
ção político-partidária. A Loja não pode, em hipótese Bibliografia:
nenhuma, tomar partido do candidato “A”, “B” ou “C”. CASTELLANI, José; RODRIGUES, Raimundo.
Já o maçom, na condição de cidadão, pode apoiar os Análise da Constituição de Anderson. 1. ed. Londri-
candidatos que escolher mas, jamais, em nome da maço- na: Editora Maçônica A Trolha, 1995.
naria. Grande Oriente do Brasil. Constituição. Brasília:
Castellani assim disciplina ao comentar o artigo 7º Editora Grande Oriente do Brasil, 2007.
dos Princípios Fundamentais para o Reconhecimento Grande Oriente do Brasil. Ritual 3º Grau – Mestre
de Grandes Lojas da GLUI: Maçom. Brasília: Editora Grande Oriente do Brasil,
2009.
Como o texto é lacônico e parece até incompleto, Grande Oriente do Brasil. Ritual 1º Grau – Apren-
pois se refere à discussão e não a simples abor- diz Maçom. Brasília: Editora Grande Oriente do Brasil,
dagem intelectual e ética dos fatos políticos- 2009.
sociais e religiosos, de maneira ampla e não Vamos a todo custo e nunca a qualquer custo !!!
específica, muitas Obediências e grande parte
dos maçons prefere entendê-lo como proibição
do exercício de coação político-partidária e de
proselitismo religioso, já que isso pode exaltar
os ânimos e levar a um estado de hostilidade
"Diógenes sentado em seu barril", de Jean-Léon Gérôme (1860)
MAÇONARIA ESPECULATIVA EM SEUS PRIMÓRDIOS:
INFLUÊNCIAS JUDAICAS II
vos ingressarem na Ordem, além do fato, de que no
Podcast Ouça a matéria clicando aqui período anterior à formação da Grande Loja de Lon-
dres já tinham havido várias exposições em Londres
Por Ir.’. José Ronaldo Viega Alves onde eram exibidas maquetes muito bem montadas,
contendo detalhes arquitetônicos relativos ao Templo
Antes de darmos prosseguimento ao trabalho que inici- de Salomão, sendo que, comprovadamente, nada disso
amos no número anterior da Revista “O Malhete”, teria acontecido por iniciativa maçônica, mas, de algu-
vamos relembrar alguns dos pontos mais significativos ma forma, pode muito bem haver despertado um inte-
da Parte 1, de forma bastante resumida, assim como, resse bem maior dos Maçons pelo Templo de Salomão.
acrescentarmos algumas informações a título de com- E mais tarde, os utensílios desse Templo, que também
plementações. eram exibidos nas exposições essas, muito provavel-
É fundamental a releitura do trecho aquele citado mente tenham servido de inspiração para quando da
logo após o título, extraído do livro “O Templo de Salo- elaboração dos Rituais maçônicos. Na capital inglesa,
mão nos Mistérios da Maçonaria”, do Ir.'. Mario Name, nos séculos XVII e XVIII, havia um fascínio indescrití-
pois, ao retermos seu conteúdo na memória estaremos vel pelo Templo e pela sua história, sendo uma prova
em consonância todo o tempo com os verdadeiros pro- disso, a maneira como a sociedade londrina prestigiava
pósitos deste trabalho: mostrar aspectos ligados à his- os eventos desse tipo.
tória do Templo de Salomão na Maçonaria, mostrar O Ir.'. Alex Horne, fonte da qual o Ir.'. Mario Name
algumas das prováveis influências que a Maçonaria muito se utilizou bebeu para o seu livro, comentou
teria recebido durante o período da consolidação dessa sobre aquela “febre”, quando assim escreveu:
lenda, algo do caminho que foi percorrido até a sua “Tem sido amiúde despertada a atenção para o
transformação definitiva nesse que é um dos seus sím- grande interesse público pelo Templo do Rei Salomão,
bolos mais importantes. assim na Inglaterra como no Continente, no início do
Conforme o Ir.'. Mario Name, naquele trecho espe- século XVIII, mais ou menos na ocasião em que a insti-
cífico, nossas lendas e nossas tradições bíblicas sobre o tuição da Maçonaria Especulativa começava a tomar
Templo já existiam muito tempo antes dos especulati- forma.”. (Horne, 1995, pág. 29)
DAS INFLUÊNCIAS JUDAICAS visto que, no ano de 1716 (um ano antes da fundação da
De um artigo do Ir.'. Ailton Branco, intitulado “Pro- Grande Loja da Inglaterra) já havia o registro de um
pósitos da Primeira Grande Loja de Londres”, extraio o judeu de origem sefardita Iniciado na Maçonaria em
seguinte trecho: Londres, sendo que, o número acabou crescendo bas-
“Apesar de ser uma das comunidades menos impor- tante nos anos seguintes.
tantes e menores na Grã-Bretanha, os judeus aprovei- E tal como vimos também na Parte I deste trabalho,
taram a generosa tolerância reinante e destacaram-se a capital da Inglaterra, em diferentes épocas recebeu a
na política, no comércio, nas artes e nas ciências, visita de alguns Rabinos que se relacionaram com
enfim, em todos os aspectos da vida nacional inglesa. A Maçons. Conheceremos agora um pouco da história do
posição dominante da Grã-Bretanha, no mundo, dotou Rabino que desenvolveu um projeto próprio sobre o
os líderes judeus de um papel preponderante internaci- Templo de Salomão, que muito fez para disseminar seu
onal, como no desenvolvimento inicial do sionismo. conhecimento e os resultados dos seus estudos, sobre-
E a Maçonaria fez parte do processo, sendo um dos tudo, acerca do Templo, que montou exposições de
meios de difusão do sionismo. Os primeiros rituais modelos do Templo em Londres, primeiramente em
surgidos da existência da Grande Loja de Londres ele- Amsterdam, modelos que ele mesmo construiu, que
geram o Templo de Jerusalém construído por Salo- escreveu várias obras abordando os temas: o Templo de
mão, o símbolo da obra perfeita. Serviu de referência Salomão, o Tabernáculo, a Arca da Aliança, assim
na analogia com o trabalho da Maçonaria de aprimo- como, sobre os demais componentes do Templo, e que
ramento do caráter humano. O texto do ritual reprodu- esteve bastante próximo de alguns maçons proeminen-
ziu passagens bíblicas dos hebreus nas explanações tes daquela época. Esse Rabino, ficou mais conhecido
aos maçons. A resistência ao retorno do catolicismo na como Leon Templo.
Maçonaria e a divulgação do sionismo conjugaram-se Como não conjeturar sobre a possibilidade de que:
numa corrente, que sufocou as Lojas cristãs remanes- da efervescência cultural e do fascínio que o Templo de
centes. A influência dos judeus maçons com posições Salomão produzia na sociedade da época, das exposi-
de destaque na marinha, no comércio de armas e no ções realizadas e das aproximações que alguns Rabi-
mercado de negócios bancários levou o poderio políti- nos promoveram, de certa forma, com o intuito de dis-
co e institucional da Maçonaria inglesa para além das seminarem essa cultura relativa ao Templo de Jerusa-
fronteiras da Grã-Bretanha. A estratégia de fazer cons- lém, dos contatos que mantiveram com membros da
tar que a Grande Loja de Londres inaugurou uma nova Maçonaria, enfim, como não pensar em possam ter
Maçonaria, a Especulativa, em substituição à Operati- exercido algum tipo de influências? Ou simplesmente
va, deu certo. O mundo maçônico acreditou. A elimina- devemos considerar como influências judaicas, a
ção dos documentos relativos às atividades anteriores preponderância total e indiscutível daquilo que foi
a 1717 deu veracidade à tese. A Maçonaria britânica extraído do Livro Sagrado, do conteúdo bíblico envol-
tornou-se forte e respeitada. Os maçons ingleses man- vendo lendas, palavras, personagens, ensinamentos,
tiveram-se suficientemente poderosos para ditarem ao que, praticamente, em sua grande maioria são oriundos
mundo, cem anos mais tarde, as oito regras para a regu- do Antigo Testamento, portanto, afetos à história do
laridade das Lojas e dos maçons no universo. (Branco, povo eleito, à história dos hebreus, à Torá dos judeus, e
2017, pág. 07) que um ou mais Maçons decidiram um dia introduzir
nos Rituais?
COMENTÁRIOS: Vamos agora dar início à Parte II, começando com a
Uma das perguntas recorrentes que me fiz durante biografia do Rabino Leon Templo, tal como o anuncia-
muito tempo era a seguinte: Será que a ideia e o mito do anteriormente ao final da Parte I.
relativos ao Templo de Salomão, lá nos primórdios da Rabino Jacob Judah Leon ou Leon Templo (1602 –
Maçonaria Especulativa, no despontar dos primeiros 1675)
templos maçônicos, ganhou mais força em razão de Quem mais biografou o Rabino Leon Templo pelo
algum tipo de influência provinda daqueles mesmos que se pode comprovar, já que são vários artigos publi-
judeus que, como vimos na Parte I deste trabalho, após cados em revistas maçônicas ou em livros, sem dúvida,
terem sido expulsos da Inglaterra (1290) e ficarem foi o Ir.'. Leon Zeldis.
ausentes por um período de quase quatro séculos (a Nos seus livros intitulados “Antigas Letras” e “As
autorização oficial para a volta deles foi a partir de Pedreiras de Salomão “, na Revista “A Trolha”, para
1664), agora retornavam e se integravam à sociedade exemplificarmos, é possível encontrarmos informa-
inglesa e à Maçonaria? O fato é que essa integração vai ções substanciais concernentes à figura desse Rabino.
proporcionar a sua introdução sim na Maçonaria, haja Consultando a “Wikipedia”, percebemos que, com
relação ao ano da sua morte há uma particularidade. Ali
está registrado assim: depois de 1675. Esse detalhe é
muito importante em vista do que veremos no decorrer
da sua biografia. Então, conforme a “Wikipedia” temos
as seguintes datas:
“Jacob Judah Leon Templo (1603 – depois de
1675)”
O Rabino Leon Templo nasceu (aqui também pode-
remos encontrar duas datas, dependendo das fontes:
1602 ou 1603) em Portugal e era de ascendência sefar-
dita. Depois das perseguições aos judeus em Portugal,
sua família fixou-se em Amsterdã. Leon Templo foi um
grande estudioso, tradutor dos Salmos, especialista em
Heráldica(5), professor de Talmud Torá, um ótimo dese-
nhista, autor de várias obras e Rabino. Em 1628 tornou-
se Rabino chefe de Hamburgo, mas, acabou retornando
para a Amsterdam. A partir de 1630 foi morar em Midd-
leburg onde ocupou o cargo de Rabino local. Nessa
cidade fez amizade com o teólogo cristão Adam Bore-
el, o qual era membro de um grupo de estudiosos dos
quais também faziam parte: Comenius, Serrarrius, e
que mantinham contato com o Rabino Manasseh Ben
Israel (1604-1657), de quem já conhecemos sua bio-
grafia, pois, foi publicada na Parte I deste trabalho. O
interesse em citarmos esses nomes se refere ao fato de Rabino Leon Templo
que Boreel era um daqueles Milenários(6), ou seja,
alguém que acreditava que haveria a segunda vinda do de Brunswick e, mais, particularmente, sua esposa
Messias, e, portanto, se fazia mister, o preparo envol- Elizabeth desejaram uma tradução alemã dessa des-
vendo a reconstrução do Templo de Jerusalém. crição e confiaram a tarefa a Johann Saubert, de Helm-
O Irmão Leon Zeldis escreveu em seu artigo: städt. Alguém publicou tal tradução em 1665 e, por-
“Provavelmente sob a influência de Boreel, Leon foi tanto, Saubert escreveu uma tradução latina naquele
inspirado a construir um modelo do Templo baseado ano. Uma versão em inglês apareceu em 1778, feita
nas descrições da Bíblia hebraica, nos escritos de Fla- por Mose Pereira de Castro, seu bisneto, filho de Isaac
vius Josephus e na literatura rabínica. Este trabalho Pereira de Castro e Lea DeLeon, filha de seu filho
foi financiado por Boreel.”  Abraham, e em cuja posse o plano então era mantido.
Além do mais, ele fez vários esboços do Tabernácu- Em 1647, Jacob escreveu “Tratado de la Arca del
lo e mostrava-os em feiras ao redor da Holanda. Testamento” (Amsterdam, 1653). Seu tratado sobre os
No ano de 1675, o Rabino Leon Templo teria viaja- querubins, sua forma e natureza, escrito em latim em
do para Londres onde montou uma exposição dos 1647, aparecem em espanhol sob o título “Tratado de
modelos que ele construíra do Templo de Jerusalém e los Cherubim” (Amsterdam, 1654); e sua descrição do
da Arca da Aliança, os quais, anteriormente já tinham tabernáculo de Moisés, escrita em 1647 em holandês,
sido expostos durante anos em Amsterdam. foi publicada sob o título “Retrato del Tabernaculo de
O trecho que segue, extraído da “Wikipedia”, nos dá Moseh” (Amsterdam, 1654), e em inglês (1675).”
uma ideia melhor do quanto o Rabino Leon Templo
esteve envolvido com seus projetos relativos ao Tem- COMENTÁRIOS:
plo de Salomão: Como podemos perceber, o Rabino Leon Templo,
“Jacob causou grande agitação por um plano, tra- durante a sua vida, teve a preocupação de propagar os
çado por ele, do Templo de Salomão. Foi exibido antes seus conhecimentos, os seus estudos e as suas desco-
de Charles II da Inglaterra. O autor publicou uma des- bertas com publicações e com exposições, onde foram
crição curta e abrangente em espanhol intitulada “Re- feitas descrições minuciosas a respeito do Templo de
trato del Templo de Selomoh” (Middelburg, 1642). Salomão, do Tabernáculo, da Arca da Aliança, dos Que-
Isso foi traduzido para o holandês no mesmo ano; para rubins e dos utensílios que eram afetos ao Templo,
o francês em 1643; e por si mesmo para o hebraico em sendo que, disseminou essa cultura em outros países,
1650, com o título “Tabnit Hekal”. O duque Augusto
Vista Rara do Templo de Salomão Baseada na Obra de Leon Templo
especialmente na Inglaterra, num centro de grande palavra para “hebraísta” em inglês é “hebraist”, portan-
efervescência cultural como era a capital londrina, mos- to, “hebrawist” deve ser um erro de impressão.
trando também que, seu projeto não estava restrito Mas, a relação do Rabino Leon Templo com a Maço-
somente à comunidade judaica. naria, ainda não pode ser dada como terminada. O Ir.'.
Leon Zeldis que é um pesquisador, no artigo citado
O R A B I N O L E O N T E M P L O E A acima, faz uma outra referência, onde aponta para a
MAÇONARIA possível existência de uma organização maçônica em
Ainda na “wikipedia”, o seguinte trecho mostra Amsterdam, organização essa que permitia o ingresso
uma das suas ligações com a Maçonaria: de judeus, e que era anterior à criação da Primeira Gran-
“O brasão de armas da Antiga Loja da Inglaterra de Loja de Londres. Além disso, a filha do Rabino Leon
com o lema 'Santidade ao Senhor', é obra de Judah Templo era casada com um judeu vindo de Livorno, na
Leon concedida a Laurence Dermott, o primeiro Gran- Itália, cidade que era considerada um refúgio para os
de Secretário, que em seu livro Ahiman Rezon(7) o atri- judeus sefarditas que haviam fugido da Inquisição.
bui ao 'famoso e erudito hebreu, arquiteto e irmão, Sabe-se que o Rabino Leon Templo manteve contato
Rabi Jacob Jehudah Leon. Uma versão disso ainda com a comunidade judaica de Livorno. Nessa cidade os
existe como os braços da Grande Loja da Inglaterra e judeus podiam praticar seu judaísmo abertamente. E
da Grande Loja da Irlanda.”  quando a Maçonaria chegou a Itália, Livorno se tornou
Em um artigo da autoria do Ir.'. Leon Zeldis intitula- em questão de pouco tempo o centro da atividade maçô-
do “Leon Templo - Rabbi Jacob Judah Leon” consta nica na Península, o que faz pensar que a Maçonaria já
que a grafia original seria a seguinte “the famous and tinha suas raízes por lá, desde muito antes.
learned hebrewist (sic) J, architet and brother” para a
menção que foi feita por Lawrence Dermott. E há mais:
Observemos que após o vocábulo “hebrawist” apa- Logo que se tornou Rabino em Amsterdam, Leon
rece o advérbio latino (sic), o qual serve para denotar Templo ministrava aulas também, eis que, numa carta
um erro em relação ao vocábulo que o precede ou uma do poeta e político alemão Constantin Huygens, este
estranheza no que diz respeito à sua escrita. revelou que estudou literatura hebraica com ele.
A palavra para “hebreu” em inglês é “hebrew”. A Este detalhe é importante, pois, quando foi para
Londres, o Rabino Leon era portador de uma carta de construção do Templo no tempo de Salomão, como
apresentação de Huygens para o arquiteto Christopher está dito na Bíblia, no II Livro de Reis – in tertio
Wren, entre outros. O Ir.'. Leon Zeldis cita neste seu Regum, capítulo quinto _ Salomão tinha oitenta mil
texto que Christopher era reputado como o Grão- Maçons trabalhando para ele; e o filho do Rei de Tiro
Mestre dos maçons no período em que o Rabino Leon era o seu Mestre maçom.”
chegou a Londres. Na verdade, Christopher Wren(8), Do retorno dos judeus à Inglaterra (1656) até aquela
arquiteto e um dos fundadores da Royal Society, era exposição exitosa do modelo do Templo de Jerusalém e
maçom sim, mas, não ocupou o cargo de Grão-Mestre, seus objetos que foi realizada pelo Rabino Leon Tem-
pelo que se sabe. (Vide a nota ao final deste artigo) plo no ano de 1675 em Londres, 19 anos haviam trans-
corrido.
COMENTÁRIOS: Mais um século iria transcorrer até que a inaugura-
E com respeito ao Rabino Leon Templo, ainda que, ção do primeiro Templo maçônico de Londres aconte-
Lawrence Dermott, o primeiro Grande Secretário da cesse.
Grande Loja dos Antigos, na segunda edição da Ahi- E será que haveria ainda mais outros componentes,
man Rezon, tenha lhe outorgado o tratamento de filosóficos, místicos, ritualísticos, ou outros persona-
Irmão, não era e nunca foi Maçom conforme consenso gens que seriam parte desse período relativo aos pri-
dos historiadores. mórdios da Maçonaria Especulativa e que poderíamos
denominar como influências judaicas?
O TEMPLO DE SALOMÃO:
A Lenda do Templo de Salomão já aparecia nos Anti-
gos Documentos da Maçonaria medieval, o que é o CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
mesmo que dizer que ela já existia antes dos Especula-
tivos. NOTAS:
Heráldica(5): Arte e ciência dos brasões, através da qual se estu-
A lenda do Templo de Salomão também não é exclu-
da e se estabelece a evolução e o significado social e simbólico no
sividade da Maçonaria inglesa, pois, ela aparece tam- que se refere às tradições de famílias nobres, de instituições, de
bém entre os maçons operativos da França e da Alema- corporações, assim como de países, estados e municípios. (Fonte:
nha. Google.com)
Como podemos inferir, a alegoria do Templo de Milenários(6): Adeptos do milenarismo (do latim milenarius,
“contendo mil”). Crença de um grupo ou movimento religiosos,
Salomão na Maçonaria faz parte de um capítulo imen- social ou político numa transformação fundamental da sociedade,
so que ocuparia páginas e mais páginas, no entanto, após a qual todas as coisas serão mudadas. (...) Os movimentos
como já foi dito anteriormente, um dos nossos propósi- milenaristas podem ser seculares (não defendendo uma religião
tos aqui é o de apontar prováveis influências que ajuda- em particular) ou religioso por natureza. (Fonte: wikipedia)
ram a reforçar na consolidação dessa alegoria na Maço- Ahiman Rezon(7): Expressão hebraica que segundo Mackey é
composta de três palavras: ahim, manah e ratzon, cujo significado
naria.   seria “a vontade dos Irmãos escolhidos”, ou literalmente “os segre-
Não, não ignoramos que a lenda do Templo de Salo- dos de um Irmão preparados”. (...) Foi este o nome dado do Livro
mão, sabemos desde muito que ela já constava em das Constituições da Grande Loja dos Antigos Maçons da Inglater-
alguns antigos manuscritos maçônicos (Old Charges), ra, que resultou da dissidência iniciada por volta de 1745, pelo
mas, chegou-se a pensar que as fontes eram outras que irlandês Laurence Dermott, autor do “Ahiman Rezon”, contra a
primeira Grande Loja da Inglaterra que ele passou a chamar “dos
não eram bíblicas já que não havia muita fidelidade aos Modernos”. Esta dissidência teve como finalidade o reerguimento
relatos que constavam no Antigo Testamento. Por da Maçonaria britânica, que, felizmente, após várias décadas,
exemplo: um dos erros que constavam naqueles docu- conseguiu realizar. (Fonte: Aslan, 2012, pág. 70)
mentos era o que se referia ao Templo de Jerusalém Christopher Wren(8): (1632-1723) – Célebre arquiteto inglês.
como tendo o início de sua construção creditada ao Rei Construiu a catedral de São Paulo, em Londres. Discussões hoje
extintas ergueram-se outrora acerca do problema de sua condição
Davi. Vejamos o seguinte trecho extraído do livro de maçônica. Atualmente está provado que el foi realmente Franco-
Alex Horne reproduzindo uma parte do que está regis- Maçom, e até que a sua iniciação, anterior à fundação da Grande
trado no Manuscrito Cooke: Loja da Inglaterra, situa-se provavelmente em 1691. Em compen-
“Quando os Filhos de Israel habitaram no Egito, sação, a sua pretensa grão-mestria na Franco-Maçonaria operativa
nasceu pura e simplesmente da imaginação de J. Anderson. (Mel-
aprenderam o Ofício da Maçonaria. E depois foram lor, 1989, pág. 351)
expulsos do Egito, e chegaram à Terra de Behest que
hoje se chama Jerusalém. E ali foi ele empregado e as
Instruções seguidas e conservadas. E durante a cons-
trução do Templo de Salomão, que o Rei Davi encetou
_ o Rei Davi gostava muito dos maçons, e deu-lhes ins-
truções quase iguais às que existem hoje. E durante a
NOTAS SOBRE O ATÉISMO EM GERAL
E NA GRÉCIA ANTIGA
que prova - e mostra - a existência de atos irrepreensí-
Podcast Ouça a matéria clicando aqui veis nas suas ações, caridosas para com os pobres,
solidárias com os necessitados. Em poucas palavras,
Por Prof. Antonio Binni certo.
Os riscos de uma sociedade sem Deus, como se
Um estudo sobre o ateísmo, mesmo que mínimo sabe, levaram Maquiavel (nos Discursos acima da
como este, não pode de forma alguma prescindir de primeira deca de Tito Lívio I, 12) a defender a ideia
um esclarecimento preliminar, também para refutar de que a religião deveria ser, em última análise, indis-
de imediato o julgamento radicalmente negativo que pensável como um instrumentum regni. No entanto,
o investe, tão infundado quanto generalizado. para o escritor, humildemente, esses riscos não pare-
De fato, ao contrário do que se poderia conjeturar cem fundados. E, em todo caso, parecem superáveis à
em termos completamente superficiais, tanto o ateís- luz da inviolabilidade absoluta da liberdade de cons-
mo quanto os ateus devem ser firmemente defendi- ciência.
dos. Esta, permite-se o esclarecimento, é a visão de um
Para este fim, antes de tudo, deve-se notar que o crente que acredita que a consciência deve ser sempre
ateísmo não leva necessariamente à corrupção da respeitada. Mesmo quando (se não acima de tudo)
moral. Pelo contrário, é verdade que, ao não o expor alguém está materialmente errado. Obrigá-la a fazer
ao risco de se tornar fanatismo, está mais de acordo diferente do que ela acredita que deveria ser feito é, de
com os ideais éticos universalistas. fato, o "pecado" mais grave que se possa imaginar.
Então, pelo menos de um ponto de vista abstrato, Qualquer tentativa de se opor às crenças do indiví-
não se deve negar que uma sociedade de ateus poderia duo em questões de fé deve, portanto, ser contestada -
funcionar perfeitamente como qualquer outra socie- e rejeitada - com a máxima determinação e firmeza.
dade. Finalmente, porém, reconhecemos, com satisfação,
Tanto civil como moralmente. Até porque o ateu, que o problema do ateísmo nas democracias moder-
não tendo a possibilidade de perdão de ninguém, é nas de uma questão de tolerância está, pelo contrário,
particularmente severo com o seu próprio trabalho. O já expirado e confinado, à zona da indiferença: um
exílio onde, no quotidiano concreto vida, é relegado -
infelizmente! - a religião, ainda que a liberdade religi-
osa tenha inclusive proteção constitucional, confor-
me vigora em nosso ordenamento jurídico.
Dito isto, para abordar o ponto essencial do ateís-
mo, devemos abordar claramente o cerne da questão,
ou seja, nos perguntar sobre sua justificação causal.
Ou, dizendo ainda de outra forma, em que bases sóli-
das se assenta racionalmente uma visão tão apaixo-
nante, visto que uma decisão tão séria, como a de
negar a existência de um Ser superior, criador do uni-
verso em todas as suas inúmeras articulações, pode,
claramente, ser o impensado, muito menos temporá-
rio, fruto de uma mente tagarela.
Esta formulação do problema, tão delicada, só
pode, portanto, remontar à motivação mais radical,
isto é, ao pensamento lúcido de Feuerbach, o primeiro
verdadeiro filósofo moderno que destruiu a existência
da alteridade da divindade. Segundo esse pensador,
certamente proeminente e talvez o mais conhecido da
chamada esquerda hegeliana, a divindade nada mais
seria do que uma produção do homem, produto de sua
própria imaginação, enfim, sua projeção externa, se guardam as raízes da nossa civilização. É, pois,
resultado da vergonha que o ser O ser humano experi- neste mundo, tão cheio de sugestões, que pretende-
menta e adverte de sua própria finitude individual e de mos recorrer para descobrir a existência de antigos
seus consequentes limites intransponíveis: uma cria- precedentes.
ção à qual o homem se submeteria apenas porque esta Sabe-se que os gregos, desde a época arcaica, reco-
criatura infinita responde às necessidades reais e nheciam existir uma pluralidade de divindades carac-
concretas, e sobretudo profundas, do ser humano. terizadas por uma bem-aventurança autárquica, com
De acordo com Feurbach, apenas aqueles que são consequente total indiferença para com o ser humano,
muito covardes, ou muito tacanhos, poderiam então para depois neles interferirem por vontade ou capri-
negar o que o sentimento afirma silenciosamente, cho, fruto por sua vez de lutas internas, sabendo que
pois é precisamente do sentimento - e não da razão! - as divindades reconheciam os mesmos impulsos nega-
surgiria a necessidade de imaginar um Deus diferente tivos (raiva; vingança; partidarismo; etc.) típicos dos
do homem. A dinâmica da personificação da divinda- homens.
de, nessa perspectiva, acaba sendo, portanto, uma Uma concepção da divindade - como é evidente -
necessidade, uma necessidade absoluta por parte do totalmente ingênua que, evidentemente, não poderia
homem, filho, por sua vez, de uma ilusão, que o filó- deixar de ser objeto de cuidadosa revisão pelos novos
sofo deve desmascarar. conhecimentos científicos e, sobretudo, pelos ensina-
Em palavras simples e lapidárias, segundo Feuer- mentos originais da sofística, que acabaram tornando
bach Deus não seria mais do que uma projeção subs- as imagens dos deuses transmitidas por Homero e
tancial das melhores qualidades antropológicas, por- Hesíodo. Com realismo lógico, acabamos assim reco-
tanto um fato totalmente humano. Deus de fato nasce- nhecendo que as forças da natureza haviam sido ele-
ria do homem, e não vice-versa. vadas ao grau de divindade e, em particular, todos os
Este ponto de vista, ainda que não tão argutamente elementos e recursos essenciais para a sobrevivência.
argumentado, nas suas linhas essenciais, não é, contu- Daí a reconhecida importância preeminente da Gran-
do, completamente desconhecido do património cul- de Mãe Terra por ser, na época, a agricultura central e
tural - em particular, da produção teatral - e da filoso- decisiva. Deste ponto de vista, no entanto, desembo-
fia da Grécia antiga. Um ponto de referência a que camos com certeza em uma criação primorosamente
estamos habituados a referir, não por uma escolha humana, embora não baseada no sentimento, como
pessoal ocasional e imotivada, mas sim porque, como defende o filósofo alemão, mas ainda como resultado
todos devem saber, é precisamente neste terreno que das limitações do homem, fonte indiscutível da per-
medo e, conseqüentemente, respeito às leis promul-
gadas pela polis que, além de serem dotadas de sanção
humana, assim acabou por receber também - para não
dizer sobretudo - um castigo divino particularmente
dissuasor precisamente porque vem do céu. Em ter-
mos modernos: além da punição, o inferno também!
A passagem que cristaliza essa visão em sua lúcida
audácia é tão importante que merece sua transcrição:
«Um homem inteligente e sábio inventou o medo
dos deuses para que os ímpios tivessem medo (…)
Portanto, ele introduziu o divino como um ser imortal
(…) E disse que os deuses habitam onde causaria
mais impressão nos mortais (…) De tais medos cer-
sonificação da divindade. cou os homens e com isso fundou, por meio da pala-
O fragmento de Prodico di Ceo (84 B5 Diels- vra, o Divino». (Critias 88 B 25 Diels-Kranz).
Kranz) é um testemunho significativo desta visão, Como já mencionado, trata-se de questões relati-
onde lemos textualmente que «homens de épocas vas a divindades inexistentes, projeções inteiramente
mais remotas tinham considerado os elementos e humanas, fruto da finitude, fonte única e exclusiva de
recursos essenciais para a sua vida como divindades», um ateísmo motivado a ponto de vislumbrar a finali-
terminando assim por chamam "a colheita Demeter e dade da religião no instrumentum regni.
o vinho Dionísio, fazendo", desta forma, "surgir as Por fim, não é de estranhar que esses debates sejam
crenças correspondentes". Fica assim bastante evi- pontualmente refratados na cena teatral, pois a tragé-
dente que o nascimento da divindade é uma projeção dia é também espelho de transições culturais e de difu-
totalmente humana. Por fim, gostamos de conjeturar são de novos saberes, de contrastes ideológicos,
que aquele significativo “precedente” acabou, mesmo que estreitos, e não apenas de violência e o
pelo de
"Diógenes e Platão", Mattia Preti (1649)
menos, por inspirar o filósofo alemão que provavel- conflito entre heróis destinados ao abismo, em última
mente não desconhecia aquele texto. Essa origem - instância uma oferta aos espectadores atentos de uma
reconhecida como primorosamente humana - da autêntica sabedoria fruto de um espírito problemático
divindade tem então uma inevitável recaída na rela- respeitoso com o novo. Riqueza autêntica de uma
ção entre os habitantes da polis e a Divindade e, como polis aberta a um progresso constante, pelo que é legí-
será esclarecido ainda mais especificamente em timo afirmar com absoluta certeza que o teatro grego é
breve, sobre a própria finalidade do fenômeno religio- verdadeiramente o espelho fiel da comunidade.
so. Sem pretensão de completude, o que é impossível
Fruto da projeção humana, em sua própria auto- dada a localização, apenas quisemos dar conta de um
contemplação, a divindade vive num Olimpo tão dis- problema tão antigo quanto o homem porque,
tante do mundo dos homens que o torna surdo às ora- enquanto o ser humano continuar a pisar a terra, não
ções dirigidas ao céu, como todo homem e mulher poderá deixar de se questionar se existe - ou menos -
quando o peso do infortúnio esmaga e oprime vida. seu Criador. Talvez a razão não seja suficiente para
Como, para recordar um exemplo significativo, bem dar uma resposta definitiva à pergunta, mesmo que às
vivido por Medéia, que depois de ter invocado os deu- vezes seja subjetivamente satisfatória. Mas justamen-
ses como testemunhas de seu sofrimento, os teve - em te quando a razão pára, é precisamente aí que brota
vão! - implorou que lhe fizesse justiça em reparação aquela fé, como um milagre, que oferece ao homem
do mal sofrido pelo perjúrio Jasão, forte (?) apenas na um sentido para a sua própria existência, assim como
lógica própria da ordem masculina! Mas Anaxágoras uma válida razão de viver, senão um labirinto intole-
já havia alertado sobre esse silêncio ensurdecedor rável, o reino da injustiça, porque a fortuna humana
quando escreveu: “Não há providência para os sorri sobretudo para os injustos, enquanto muitas
homens e todas as coisas estão sujeitas ao acaso” vezes traz miséria até para o homem justo e piedoso.
(Anasságoras, 59, A6 Diels-Kranz).
Mesmo de acordo com Critias, os deuses não se O Prof. Antonio Binni é Grão-
importam com os homens. A visão oposta, segundo Mestre Emérito do Grande Loja
esse sofista e refinado político, teria sido na verdade D'Itália.
nada mais do que uma invenção predestinada a criar
"Diógenes sentado em seu barril", de Jean-Léon Gérôme (1860)

NAPOLEÃO BONAPARTE E SUA FORTE INFLUÊNCIA


NOS DESTINOS DA MAÇONARIA DE SEU TEMPO
As provas não são de todo conclusivas, mas não há
Podcast Ouça a matéria clicando aqui dúvida de que Bonaparte utilizou conscientemente
a maçonaria como um instrumento político.". Senão
Por Hélio Pereira Leite (*) vejamos!
Quatro dos irmãos de Napoleão – bem como seu
Quem foi Napoleão Bonaparte? acredito que todos pai – foram maçons. José, que seria rei da Espanha;
sabem quem ele foi, o que ele fez, onde ele chegou e de Luís, rei da Holanda; de Luciano, príncipe de
qual foi o fim dele numa ilha, mas com certeza pou- Cannino; e de Jerônimo, rei de Westfália. E ainda,
cos sabem a forte influência que ele exerceu na General Joaquin Murat, seu cunhado e seu enteado
maçonaria francesa, em sua consolidação e em sua Eugenio de Beauharnais também foram maçons.
expansão, inclusive para o Brasil. Também vinte e dois entre os marechais mais
Segundo César Vidal em seu livro Los Masones, importantes de Napoleão eram maçons.
traduzido por Maria Alzira Brum Lemos, para Os Quando Napoleão tomou o poder, a maçonaria
Maçons – a sociedade secreta mais influente da francesa encontrava-se dividida entre o Grande Ori-
história, publicado pela editora Relume Dumará, ente e o Rito Escocês. Como ele tinha o firme propó-
em 2005, poucos souberam extrair melhor as lições sito de controlar as lojas maçônicas, conseguiu que
pertinentes da Revolução Francesa que um general José Bonaparte fosse eleito Grão-mestre do Grande
de origem corsa chamado Napoleão Bonaparte. Oriente, enquanto Luís assumiu o mesmo cargo no
"Existem especulações sobre uma possível inici- Rito Escocês, as quais se fundiram em 1804 tendo
ação de Napoleão na maçonaria, que teria ocorrido José como Grão-Mestre. E não satisfeito, Napoleão
em 1798, na ilha de Malta e no seio de uma loja obrigou a aceitação de mulheres nas lojas maçôni-
maçônica formada majoritariamente por militares. cas para conceder a Josefina o cargo de Grã-Mestra.
O sonho de Napoleão era dominar a Europa, uti-
bro de 1799. Pertenciam a lojas maçônicas france-
sas, mas, em agosto de 1801, fundaram uma loja
espanhola que recebeu o nome de A Reunião Espa-
nhola, com vinte e seis membros, entre eles padres
capelães. Loja que deixou de existir em 23 de abril
de 1802 com a volta á Espanha.
A primeira Loja maçônica fundada na Península
pelos invasores franceses foi a de San Sebastian, em
18 de julho de 1809. A esta se seguiram outras em
Vitória, Zaragosa, Barcelona, Gerona, Figueras,
Talavera de la Reina, Santõna, Santander, Salaman-
ca, Sevilha e Madri, onde se instalou a Grande Loja
Maçônica Nacional de Espanha.
Em 1813 Napoleão foi derrotado e foi exilado na
ilha de Elba. Em 1º de março de 1815, Napoleão
desembarcou na França depois de fugir da ilha de
Elba.
Todos sabem que Napoleão foi vencido em
Waterloo e seu sonho imperial ruiu definitivamente.
Menos conhecido é que, por um desses paradoxos, a
vitória sobre Napoleão foi conseguida por um britâ-
nico, Arthur Wellington, que tinha sido iniciado na
maçonaria em 7 de dezembro de 1790 numa loja
maçônica situada em Trim, condado de Meath.
"Arthur Wellesley, o Duque de Wellington
A Maçonaria no Brasil
lizando a maçonaria. Esta lhe permitia contar com As primeiras sociedade secretas do Brasil tam-
um exército que lutava "contra o papa", manter com bém foram impulsionadas pelos franceses. Uma
vigor, as forças armadas sob seu controle e a política destas sociedades foi a dos Cavaleiros da Luz, cria-
em suas mãos, além de proporcionar-lhe um instru- da na Bahia pelo maçom francês Dupetit-Thouars
mento de captação e propaganda favorável ao domí- em 1791. Sua finalidade explicita era estender os
nio francês da Europa. postulados da Revolução Francesa no Brasil. Dupe-
Napoleão expandiu o ideário da Revolução Fran- tit retornou ao seu país de origem e em 1797 foi suce-
cesa, tendo como instrumento de apoio todas as dido por outro maçom francês Larcher, que tinha
lojas maçônicas, tendo como única exceção uma como missão provocar uma rebelião contra a Coroa
loja no Cantão de Genebra, que tinha sido invadida Portuguesa.
em 1798 por tropas francesas. As denominadas academias, das quais as mais
As forças invasoras de Napoleão foram criando relevantes estavam estabelecidas em Pernambuco
em seu caminho lojas maçônicas, para as quais tiveram papel similar, destacando-se a Academia
recrutavam as elites nacionais, que, desta forma Suassuna fundada por Francisco de Paula Caval-
lhes ficavam submetidas. Foi assim, pelas mãos dos canti de Albuquerque, um padre católico – Frei
invasores franceses que a maçonaria chegou à Espa- Caneca, e pelo chefe da Justiça da Província de Per-
nha. nambuco, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada,
Até 1787 não existiam lojas maçônicas em Espa- irmão de José Bonifácio de Andrada e Silva. Surgiu
nha devido a proibição papal, imposta pela Inquisi- também a Academia do Paraiso, cujo nome é uma
ção desde 1738. Havia notícia de maçons ali estabe- homenagem à Nossa Senhora do Paraiso, tendo
lecidos, em geral estrangeiros, como o pintor vene- com fundador o padre João Ribeiro Pessoa.
ziano Felipe Fabris, processado pela Inquisição. Contudo, a mais importante de todas elas foi a
Os primeiros maçons espanhóis foram iniciados sociedade secreta o Areópago de Intambé, fundada
na França e faziam parte da frota espanhola que, pelo botânico Manoel de Arruda Câmara, que tinha
aliada da francesa, atracou em Brest em 8 de setem-
por objetivo livrar o Brasil do domínio português e do regime feudal e a proclamação da igualdade de
estabelecer uma república sob a direção de Napo- todos perante a lei, mas também e sobretudo por
leão. Porém, descobertos seus objetivos foi desarti- algumas iniciativas legislativas. Entre essas, a pro-
culada, frustrando com isto os planos napoleônicos mulgação do Código Civil (1804), de Procedimento
de controlar o Brasil. Civil (1806), do Comércio (1807), do Procedimen-
No Livro Maçônico do Centenário, editado em to Penal (1807), e Penal (1811). Impostos em todos
1922 pelo Grande Oriente do Brasil, na página 112 e os territórios anexados ou vassalos da França, criou
seguintes, encontra-se o seguinte comentário: um sistema valioso de garantia da propriedade, das
"Ninguém acreditaria, por exemplo, que o gênio liberdades individuais, da igualdade jurídica e tor-
de Napoleão a tivesse tolerado e, mais do que isso, nou -se portanto, muito além das fronteiras france-
dado todo o apoio a sua ação, si não estivesse certo sas, um possante instrumento da unificação nacio-
de que essa grande colaboradora do seu governo nal.
fosse um obstáculo a sua expansão. Ela foi, pois, Eis aí quem foi Napoleão, que terminou sua vida
durante o período napoleônico, uma ação modera- sem poder, isolado e abandonado numa pequena
dora das tendências absorventes do império, mas, Ilha, que nos leva acreditar que o poder dos homens
ao mesmo tempo, um dínamo de evolução que cor- é efêmero, passageiro, com tempo de garantia, sem
rigia sem excesso. o devido reconhecimento daqueles que foram bene-
Napoleão que teve a seus pés os reis de seu tem- ficiados, pelas ações daqueles que em um momento
po, que dilatou as fronteiras do seu império com um qualquer da vida foram líderes, tiveram fama e
simples gesto de sua vontade e a quem as casas rei- poder e terminaram seus dias pagando um alto
nantes da Europa lhe pediam os parentes para reali- preço e no ostracismo político e social.
zarem alianças matrimoniais, não teria votado tal
prestígio a maçonaria francesa de seu tempo, sem
aqueles motivos de senso prático e de aproveita-
mento das forças úteis que foram o grande segredo
de seu sucesso".
Napoleão deixou-nos um grande legado. Foi um
dos criadores do Estado moderno. Não somente
porque garantiu a permanência na França e a divul-
gação por toda a Europa da época de algumas con-
quistas da Revolução como, por exemplo a abolição
DESVENDANDO OS SEGREDOS DO HERMETISMO
Uma jornada pela tradição mística
conhecimento secreto sobre a natureza do universo e
Podcast Ouça a matéria clicando aqui da alma humana.
Em sua essência, o hermetismo é um sistema de
Por Mpswriterjoe crenças espirituais e filosóficas que enfatiza a inter-
conexão de todas as coisas e a ideia de que os huma-
Você é fascinado por antigas tradições espirituais e nos têm o potencial de transcender seus corpos físicos
ensinamentos místicos? Não procure mais do que e alcançar a iluminação espiritual. O hermetismo
Hermetismo! Essa filosofia antiga, baseada nos também enfatiza fortemente o uso do simbolismo e
ensinamentos de Hermes Trismegisto, cativou os da metáfora como forma de transmitir conceitos espi-
buscadores do conhecimento espiritual por séculos. rituais complexos.
Neste artigo, vamos mergulhar no misterioso O hermetismo tem sido associado a várias práticas
mundo do hermetismo e explorar seus ensinamentos ao longo da história, incluindo alquimia, astrologia e
sobre a natureza da realidade, a interconexão de todas magia. No entanto, essas práticas são frequentemente
as coisas e os segredos do universo. Então, prepare-se vistas como ferramentas para crescimento e transfor-
para desvendar os segredos dessa tradição mística! mação espiritual, e não como fins em si mesmas.

O que é Hermetismo? Quem foi Hermes Trismegisto?


O hermetismo é uma tradição espiritual que se Hermes Trismegisto é uma figura lendária que se
originou no antigo Egito e mais tarde foi influenciada acredita ter vivido no antigo Egito durante a época
pela filosofia grega. Os ensinamentos centrais do dos faraós. Ele é frequentemente chamado de “Três
hermetismo são baseados nos escritos atribuídos à Vezes-Grande Hermes” por causa de sua reputação
figura mítica Hermes Trismegisto, que diziam conter como sábio, filósofo e professor.
Segundo a lenda, Hermes Trismegisto foi o autor
de uma série de textos conhecidos como Hermética,
que continham conhecimentos secretos sobre a natu-
reza do universo e da alma humana. Diz-se que esses
textos foram escritos como diálogos entre Hermes e
seus discípulos e foram transmitidos através dos tem-
pos por uma sociedade secreta de iniciados.
Além de seus escritos, Hermes Trismegisto tam-
bém foi associado à alquimia e à astrologia. Ele era
frequentemente descrito como um deus ou um men-
sageiro divino, e seus ensinamentos eram considera-
dos uma fonte de orientação e iluminação espiritual.
Embora haja algum debate entre os estudiosos
sobre a existência histórica de Hermes Trismegisto,
sua influência no pensamento espiritual e filosófico
não pode ser negada. Várias tradições espirituais,
incluindo hermetismo, gnosticismo e neoplatonismo,
foram influenciadas por seus ensinamentos.

No que os herméticos acreditam?


O hermetismo é uma tradição espiritual e filosófi-
ca complexa que abrange uma ampla gama de cren-
ças e práticas. Aqui estão alguns dos principais con-
ceitos e ideias do hermetismo:
1. Realidade Suprema: Os herméticos acredi-
tam que a realidade última é uma presença transformação espiritual e são frequentemente usa-
divina infinita e eterna que permeia todas as das em conjunto com o estudo da filosofia hermética.
coisas. Essa presença divina é frequentemen- Um dos ensinamentos críticos do hermetismo é a
te chamada de “Todo” ou “Um”. ideia de que os humanos têm o potencial de alcançar a
2. Assim como em cima, assim embaixo: os iluminação espiritual e transcender seus corpos físi-
herméticos acreditam no princípio da corres- cos. Essa ideia inspirou inúmeros buscadores espiri-
pondência, que afirma que existe uma corres- tuais ao longo da história e continua a ser um foco
pondência entre o microcosmo (o indivíduo) e central da tradição hermética hoje.
o macrocosmo (o universo). Em outras pala-
vras, os mesmos padrões e leis que governam Pensamentos finais
o universo também governam a psique huma- O hermetismo é uma tradição espiritual fascinante
na. e complexa que influenciou profundamente muitas
3. Reencarnação: Os herméticos acreditam no outras crenças espirituais e filosóficas ao longo da
conceito de reencarnação, que sustenta que a história. Seus ensinamentos sobre a interconexão de
alma é eterna e que passa por muitas vidas todas as coisas, a natureza da realidade e o potencial
para alcançar a iluminação espiritual. para a iluminação espiritual continuam a inspirar e
4. Moralidade: Os herméticos enfatizam forte- cativar os buscadores espirituais hoje.
mente o comportamento moral e ético para Se você é atraído pelo hermetismo por seus ensi-
alcançar o crescimento espiritual e a ilumina- namentos místicos, sua ênfase no comportamento
ção. Eles acreditam que o indivíduo é respon- moral e ético ou suas ferramentas práticas para cres-
sável por viver em harmonia com a presença cimento e transformação espiritual, não há como
divina e trabalhar para a melhoria de todos os negar o legado duradouro dessa antiga tradição.
seres. Então, se você está pronto para desvendar os segre-
Além dessas crenças centrais, o hermetismo tam- dos da tradição hermética, mergulhe e explore os mis-
bém incorpora várias práticas e disciplinas, incluindo térios do universo!
meditação, ritual, alquimia e astrologia. Essas práti-
cas são vistas como ferramentas para crescimento e Fonte: https://blog.philosophicalsociety.org
'Alegoria da Loucura', Quentin Massys, início do século XVI

A CONSPIRAÇÃO DOS TOLOS E AS


5 LEIS FUNDAMENTAIS DA ESTUPIDEZ
sim sua proliferação.
Podcast Ouça a matéria clicando aqui A estupidez não precisa de testes, verificações e justifi-
cativas. Olhando ao redor vê-se coisas que se encaixam
Este texto é uma adaptação do artigo intitulado “A conspi- nessa "epistemologia da loucura", como irmãos acreditan-
ração dos tolos e as cinco leis fundamentais da estupidez” do que através da cadeia de união as doenças podem ser
do Prof. Lenio Luiz Streck, publicado em 24 de setembro curadas - basta enviar as vibrações energéticas. Bem, de
de 2020, na seção CONJUR, baseado no livro "As leis qualquer maneira, a estupidez não está em quem prega – é
fundamentais da estupidez humana" de Carlo Cipolla. malandragem – mas sim em quem acredita. Claro, esse
fenômeno também é uma metáfora para a sociedade.
A epistemologia dos tolos Há também outros bons exemplos, como o conteúdo do
No seu livro "Discurso sobre a estupidez", Mauro Men- "Breviário Maçônico de Rizzardo Da Camino", que enco-
des Dias oferece ao leitor um verdadeiro manual para raja os irmãos a começar na direção certa que afinal, sendo
aprender a compreender a estupidez e especifica que a o autor um irmão, grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito,
estupidez não se engendra a si própria, pois, por um lado, um " jurista" e grande conhecedor da fraternidade, não é
não é sem causa e, por outro a outra, por outro lado, está preciso refletir sobre o que escreveu. Basta ler, acreditar e
relacionada ao tipo de ação de verdade que nela emerge dogmatizar. Eu acho, ergo estúpido.
parcialmente. Aliás, através do subjetivismo, do emotivismo, da
Mas que verdade? Aquela que se metamorfoseia em nossa metaética que é mais metaética do que ética – sem
certeza. Como uma aparição do além-túmulo, lembra o epistemologia – esculpida em Carrara: o critério da objeti-
papel desempenhado pelo fantasma do falecido pai de vidade, na Maçonaria, na maioria das vezes, é isso que o
Hamlet no início da peça de Shakespeare. irmão (estúpido) não quer saber. Aqui está o problema
Assim, na Maçonaria, o irmão tendo-se tornado surdo a agora. Se o irmão não gostar do discurso, funda outra Loja,
qualquer forma de dúvida ou objeção, deixa-se conduzir se não concordar com a posição de poder, outra é criada.
por uma missão que clama por vingança. Ao contrário do Assim, o nonsense se multiplica exponencialmente em um
gesto de Odisseu na Odisséia, tapar os ouvidos é aqui um ambiente fértil onde a profundidade do debate não ultra-
pré-requisito para uma viagem bem-sucedida às rochas da passa o comprimento das pernas de uma formiga anã.
estupidez, que não causam a morte dos passageiros, mas
Negação maçônica e as cinco leis da estupidez ma de QI, mas sim como uma falta de inteligência relacio-
comentadas artigo por artigo. nal. Parte-se da ideia de que, estando em relação uns com
Vamos falar sobre a negação e a epistemologia da estu- os outros, podemos obter vantagens e trazer benefícios
pidez na Maçonaria, ou seja, do nonsense. Curiosamente, para os outros ou, pelo contrário, podemos causar danos ou
não existe irmandade de tolos, pelo menos não formalmen- prejuízos aos outros. Mas na Maçonaria, este não é o caso.
te. O que parece ser uma mão invisível que os organiza, Um irmão estúpido é aquele que prejudica os outros e
como recorda Carlo Cipolla no livro Allegro, ma non muitas vezes também prejudica a si mesmo. Basta olhar
tropo , uma sátira à estupidez. A mão invisível de Nessary. para as redes sociais. Se você postar algo chique, o irmão
Cipolla nos oferece uma epistemologia dos tolos (a expres- estúpido (principalmente o mestre pedreiro) aparece e faz
são pertence ao muito estimado professor Lenio Streck), como o pombo no jogo de xadrez: arranha as pedras e faz
mostrando as cinco leis fundamentais, que ele agora adap- cocô na plataforma. E ele diz que ganhou. Com peito arre-
ta à Maçonaria: dondado. Orgulhoso de sua estupidez vencedora.
Por que um tolo iria querer engolir um discurso que não
Cada um de nós sempre e inevitavelmente subesti- entende ou nunca tentou entender? Por que ele usa apenas
ma o número de irmãos estúpidos que circulam na fra- livros abstratos e resumos abstratos? Ou seja, a terceira lei
ternidade maçônica. está comprovada: o tolo não se importa com a soma zero.
De fato, ver maçons usando WhatsApp, YouTube, Tik- Segundo Cipolla, também existe o super disparate: aquele
tok e outros para entender os objetivos da Maçonaria e os que repreende o absurdo e até se machuca, sendo processa-
Irmãos de “ensinar” história e filosofia maçônica sem ao do pelo que postou. Em outras palavras, apenas dano.
menos ter conhecimento e forma-
ção nas disciplinas e, pior, outros Os Maçons Não-Estúpidos sem-
irmãos estudando a fraternidade pre subestimam o potencial nocivo
para breviários, resumos, diagra- do Estúpido.
mas ou se limitando às pobres apre- Esta quarta lei de Cipolla é auto-
sentações em PowerPoint que explicativa. Às vezes, eles atacam
aparecem em todos os ambientes furtivamente. E nem dá para reagir.
virtuais para explicar a importância Estupefato com a estupidez de irmãos
e o propósito da Maçonaria. Essa estúpidos.
primeira lei passa pelo CHS (con-
dição hermenêutica do sentido) e é O irmão estúpido (ou tolo) é o
demonstrada a cada dia. Quod erat mais perigoso.
constante demonstrandum. Finalmente, a quinta lei é autoexecutável. Como diz
Cipolla, “Todos os seres humanos se enquadram em quatro
A probabilidade de que uma determinada pessoa categorias básicas: os inocentes, os espertos, os perversos
iniciada na Maçonaria seja estúpida independe de qual- (ou ladrões) e os estúpidos. De onde:
quer outra característica da mesma pessoa.
De fato, esta segunda lei também é verificável, pois nos 1- A pessoa inteligente sabe que é inteligente;
diferentes graus da Maçonaria, a distribuição do “índice de 2- o maligno sabe que é mau;
estupidez do EI” é quase igual. Nesta época pós-pandemia, 3-o desavisado é dolorosamente imbuído de um senso
isso está se tornando mais visível. Basta uma rápida olhada de sua própria sinceridade e,
no mundo das vidas maçônicas. Todos se tornaram “artista 4-ao contrário de todos esses personagens, o estúpido
/ professor”, por isso todos os gatos ficaram grisalhos. não sabe que é estúpido. Ele não sabe que não
Curiosamente, a febre das vidas é mais visível em certas sabe.
regiões, entre as quais a Maçonaria. Eu quero saber por- Como apontam Cipolla e Streck, esse não saber que não
que? Em breve teremos uma grande live maçônica sobre se sabe contribui para dar mais força, impacto e eficácia à
lives maçônicas – e ninguém vai assistir, porque todos os sua ação devastadora. Perdem-se os que sabem que não
irmãos estarão gravando uma live maçônica. O Grund sabem, entre todos os que pensam saber que sabem, os que
Maçônico ao vivo . Grupos de WhatsApp na Maçonaria sabem que não sabem mas fazem mesmo assim – razão
não são exceção a essa fenomenologia. Os neocaves desa- cínica – e os que não sabem que não sabem e não querem
fiam o desgosto de Platão. saber não sabem tudo não sabem e não querem saber.
Enfim, aqui está a adaptação de Cipolla das 5 Leis
Um irmão estúpido - especialmente se obteve o grau Fundamentais da Estupidez Humana. Que sirvam de estí-
de mestre maçônico (pois são muitos) - é aquele que mulo para entender o estado da arte maçônica e possibilitar
causa dano a outro irmão ou a uma Loja sem, ao a criação de um ambiente reflexivo para combater o non-
mesmo tempo, obter um benefício para si mesmo ou sense, um de seus principais males.
mesmo causar dano.
Perfeito. Cipolla não via a estupidez como um proble-
BAPHOMET: O QUE É E QUAL É A
RELAÇÃO COM A MAÇONARIA?
Podcast Ouça a matéria clicando aqui O que significa a palavra “Baphomet”?
Uma teoria nos diz que Baphomet é um antigo
A representação mais comum de Baphomet é com cabe- termo francês para a palavra “Maomé” (o profeta
ça de bode, corpo de homem e asas, e sua história possui Maomé), significando que os Templários professavam
diversas versões. o Islã.
Quem não viu em sua vida esta famosa figura: um Mais outra teoria diz que a palavra Baphomet
bode humanóide de barba e com asas, um par de significava “Deus” para os Templários, confundin-
seios e uma tocha no meio de seus dois grandes chifres? do-a com o termo árabe “Abufihamat”, que significa “o
Ao longo da história do ocultismo ocidental, o nome do Pai do entendimento”.
misterioso Baphomet é invocado em todas as épocas Também é chamado de bode-cabra andrógino de
e em diferentes momentos da história. Mendes. De acordo com os cabalistas franceses, os Tem-
Embora existam menções a esta figura na Idade plários foram acusados de adorar Baphomet e sofreram
Média no século XI, tornou-se popular a partir do sécu- a morte por isso; mas esotericamente falando, esta pala-
lo XX. É um símbolo associado ao ocultismo, magia vra nunca significou “bode” ou “ídolo”.
ritual, feitiçaria, satanismo, esoterismo e até a maçona- No entanto, pode ter sido o mal-entendido (pelos
ria. acusadores) das palavras gregas “Baph” e “Metis”, que
Em suma, a representação moderna de Baphomet juntas significam “batismo de sabedoria”, provavel-
parece ter suas raízes em várias fontes antigas, mas prin- mente por isso o representavam com uma cabeça bar-
cipalmente em deuses pagãos. Vamos saber mais sobre buda, simbolizando a cabeça de São João Batista.
ele abaixo.
História de Baphomet
Eliphas Levi
Desde 1856, o nome Baphomet tem sido associado
à imagem do “Bode do Sábado” desenhada por
Éliphas Lévi. Assim, ele contém elementos binári-
os que representam a “simbolização do equilíbrio
dos opostos”, como por exemplo, meio humano e
meio animal, macho e fêmea, bem e mal, etc.
Por um lado, a intenção de Lévi era simbolizar
seu conceito de equilíbrio que era essencial para
sua noção magnética da Luz Astral. Em contrapar-
tida, o Baphomet representa uma tradição que deve
resultar em uma ordem social perfeita. Por isso,
muitas vezes está relacionado à maçonaria.

Aleister Crowley
O Baphomet de Lévi se tornaria uma figura
importante dentro da cosmologia de Thelema.
Este é o sistema místico estabelecido por Aleister
Crowley no início do século XX.
Desse modo, Baphomet aparece no Credo da
Igreja Católica Gnóstica recitado pela congregação
na Missa Gnóstica, na frase: “E creio na Serpente e frudo conhecido como Satanás teve suas raízes em
no Leão, Mistério dos Mistérios, em Seu nome Bap- Baphomet e nas tentativas da Igreja de transformar
homet”. o deus chifrudo da fertilidade em um símbolo do
Além disso, em seu livro 'Magik', Crowley afir- mal.
mou que Baphomet era um andrógino divino e “o Aliás, símbolos pagãos de fertilidade, com seus
hieróglifo da perfeição arcana”, visto como aquilo respectivos chifres, ainda eram vistos nas tradicio-
que reflete: “Como acima é refletido abaixo, ou nais mesas americanas durante o feriado de Ação
Como acima, abaixo”. de Graças.
Por fim, a cornucópia ou chifre da fartura era
Relação com a maçonaria uma homenagem à fertilidade de Baphomet. Esta,
O evangelista cristão Jack Thomas Chick afir- por sua vez, teve sua origem no mito de Zeus ama-
mou que Baphomet é um demônio adorado pelos mentado por uma cabra cujo chifre quebrou e mila-
maçons, daí o boato que associa satanismo a maço- grosamente transbordou de frutas.
naria.
Além disso, a crença moderna no demônio chi-
"Diógenes sentado em seu barril", de Jean-Léon Gérôme (1860)

A INTEGRAÇÃO DA BÍBLIA SAGRADA NA MAÇONARIA:


UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA
de Matthew Cooke, sugerem a existência da Maçonaria
Podcast Ouça a matéria clicando aqui antes mesmo de a Bíblia ser escrita, ligando a organiza-
ção a personagens bíblicos. Uma referência notável no
Por William Regal Manuscrito Cooke traça as origens da Maçonaria até a
sétima geração depois de Adão, um personagem da
A prática da Maçonaria, uma organização fraterna narrativa da criação do Gênesis. De acordo com este
envolta em história e tradição, é anterior até mesmo à manuscrito, o filho mais velho de Lamech, Jabal, des-
Bíblia Sagrada. É uma surpresa para muitos, então, que crito como o primeiro a descobrir a geometria e a alve-
a Bíblia desempenhe um papel significativo nos rituais naria, é considerado o primeiro maçom.
e cerimônias maçons. A jornada histórica da Maçonaria continua com
Isso levanta uma questão intrigante: por que uma Euclides, o famoso matemático grego que viveu por
instituição como a Maçonaria, que possivelmente exis- volta de 350 a 250 antes do nascimento de Cristo e da
tia antes do advento da Bíblia, a incorporaria a seus redação do Novo Testamento. A Maçonaria então che-
ritos? gou à Inglaterra sob o reinado do rei Athelstan de 924 a
939 d.C.
Raízes Históricas da Maçonaria
O primeiro passo para entender isso envolve mergu- Mas a pergunta permanece: por que a Bíblia foi
lhar nas raízes históricas da Maçonaria. A mais antiga integrada à Maçonaria?
menção registrada da Maçonaria está no manuscrito A Maçonaria é menos sobre religião e mais sobre
Halliwell, também conhecido como Poema Regius. O ensinamentos morais e éticos. A Bíblia, com suas ricas
manuscrito, que se acredita ter sido escrito entre 1390 e narrativas e lições de moral, fornece uma fonte univer-
1425, menciona explicitamente a Maçonaria, muito salmente reconhecida de tais ensinos. Durante os tem-
depois da época de Cristo e da escrita da Bíblia. pos do rei Athelstan e da escrita do Poema Regius, a
Outros documentos históricos, como o Manuscrito religião era parte integrante da vida cotidiana. Todos os
aspectos da vida eram influenciados por ensinamentos
e cerimônias religiosas, tornando as lições de moral da intrincado vínculo entre a Maçonaria e a Bíblia.
Bíblia bem conhecidas e amplamente compreendidas. Também é crucial entender que a presença da Bíblia
Essas lições morais da Bíblia foram ensinadas por na Maçonaria não a torna uma instituição religiosa,
séculos e alcançaram um status universal. Eles estão nem se esforça para propagar quaisquer crenças ou ideo-
enraizados na história humana e são algo com o qual logias religiosas específicas. Em vez disso, usa os
podemos nos conectar, independentemente de nossas ensinamentos morais da Bíblia como uma ferramenta
crenças individuais. Portanto, o uso da Bíblia Sagrada para imbuir seus membros com um senso de moralida-
na Maçonaria não visa promover o cristianismo ou sal- de e responsabilidade ética. Esses ensinamentos, atem-
var almas, mas transmitir lições de moralidade para porais e universais, ressoam com indivíduos de diferen-
promover melhores interações entre si e com toda a tes religiões e origens culturais, tornando-os ideais para
humanidade. uma organização inclusiva como a Maçonaria.
Embora a Maçonaria esteja aberta a pessoas de todas Além disso, a inclusão da Bíblia Sagrada na Maço-
as religiões, ela ainda pode usar a Bíblia Sagrada como naria serve para destacar a aceitação de múltiplas fés
guia ou modelo para ensinar essas lições morais. Esses pela organização. A Maçonaria, ao usar a Bíblia, permi-
ensinamentos, profundamente enraizados em nossa te a seus membros a liberdade de interpretar seus ensi-
consciência coletiva, fazem parte de nossa história namentos à luz de suas próprias inclinações religiosas
humana compartilhada. ou filosóficas. Este aspecto da Maçonaria reflete seu
A universalidade dos ensinamentos morais da Bíblia compromisso com a tolerância religiosa e seu reconhe-
permite que uma organização como a Maçonaria, que cimento dos princípios morais compartilhados que sus-
pode incorporar muitas religiões diferentes, possa usá- tentam várias fés.
la com eficácia. A ênfase não está nos aspectos religio- Incorporar a Bíblia Sagrada na Maçonaria não é afir-
sos da Bíblia Sagrada, mas em seus ensinamentos mora- mar um ponto de vista religioso singular, mas sim apro-
is que são verdadeiramente universais e estão enraiza- veitar os temas universais da moralidade presentes na
dos na história humana há séculos, senão milênios. Bíblia. Essa abordagem aumenta a universalidade da
Em conclusão, a integração da Bíblia Sagrada na Maçonaria, permitindo que ela supere as divisões reli-
Maçonaria aponta para um foco em valores morais uni- giosas e culturais enquanto enfatiza os valores morais e
versais ao invés de doutrina religiosa. Essa perspectiva éticos comuns.
histórica não apenas fornece uma compreensão de por De certa forma, a integração da Bíblia Sagrada pode
que a Bíblia Sagrada está presente na Maçonaria, mas ser vista como o reconhecimento da Maçonaria da expe-
também ressalta o apelo universal das lições de moral riência humana compartilhada e a busca universal pela
que transcendem as fronteiras religiosas. Apesar das compreensão moral. Simboliza o compromisso da orga-
lacunas na narrativa histórica, essa perspectiva oferece nização em promover um ambiente de respeito mútuo,
uma resposta convincente ao motivo pelo qual uma tolerância e responsabilidade moral compartilhada.
organização anterior à Bíblia viria a integrá-la tão pro- A história da relação da Maçonaria com a Bíblia,
fundamente em suas cerimônias e rituais. embora complexa e não totalmente compreendida,
lança luz sobre o foco da organização nos princípios
OBSERVAÇÃO morais universais sobre o dogma religioso. É uma
Observe que este relato, embora baseado em docu- prova do apelo duradouro dos ensinamentos morais da
mentos históricos e interpretações pessoais, não é de Bíblia, seu amplo reconhecimento em diferentes cultu-
forma alguma exaustivo ou definitivo. A rica história da ras e religiões e sua capacidade de promover a compre-
Maçonaria é complexa e multifacetada, e uma explora- ensão e o respeito mútuos entre indivíduos de diversas
ção mais aprofundada de sua relação com textos religi- origens.
osos como a Bíblia pode produzir várias perspectivas e
interpretações. Pensamentos finais
A presença da Bíblia Sagrada na Maçonaria ressalta
Na verdade, a confluência da história, religião e o foco da organização na moralidade, sua aceitação da
moralidade dentro da Maçonaria convida a uma multi- tolerância religiosa e seu compromisso de promover
plicidade de pontos de vista. Os documentos e manus- um senso de responsabilidade moral compartilhada
critos históricos mencionados anteriormente, como os entre seus membros. A história dessa relação, embora
manuscritos de Halliwell e Cooke, embora inestimáve- intrincada e multifacetada, oferece uma visão convin-
is, não oferecem um quadro completo das origens da cente do apelo universal da Maçonaria e sua relevância
Maçonaria ou de sua intricada relação com a Bíblia. duradoura em um mundo diverso e plural.■
Esses relatos, no entanto, fornecem informações valio-
sas e nos ajudam a tecer uma narrativa que dá sentido ao Fonte: https://freemasonscommunity.life
O QUE É... SER LIVRE
"Diógenes sentado em seu barril", de Jean-Léon Gérôme (1860)

E DE BOA MORAL NA MAÇONARIA


Se isso não for assumido, não se será um bom pedrei-
Podcast Ouça a matéria clicando aqui ro, livre e de bom caráter.
O que significa "ser livre e de boa moral" na
Por Antônio Marcus de Melo Ferreira concepção maçônica?
Livre e de bons costumes implica que, embora
A partir do momento em que alguém se torna um todo homem seja livre no verdadeiro sentido da pala-
Maçom, ele terá que estar ciente de que haverá um vra, pode ser aprisionado por obstáculos sociais que o
longo caminho a percorrer. Podemos dizer que é um privam de parte de sua liberdade e o tornam escravo
caminho sem fim. Ao longo desta jornada, há momen- de suas próprias paixões e preconceitos. Assim, é
tos bons e momentos ruins. Os bons devem ser usados desse jugo que ele deve se libertar, mas só o fará se
como incentivo, e os ruins não podem ser motivo para tiver bons hábitos, ou seja, se já tiver, em sua persona-
desanimar e abandonar a jornada iniciada. A lingua- lidade, preceitos éticos (virtudes) bem fundamenta-
gem, ainda usada nas Lojas Maçônicas, diz que o dos.
Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve ser cor- O ideal de homens livres e de bons costumes, ensi-
tada para se tornar uma pedra cúbica. Este é o início de nado por nossa sublime Ordem, mostra que a Maço-
sua jornada maçônica. naria visa, desde os tempos mais remotos, o aperfei-
Os instrumentos básicos de viagem são conheci- çoamento espiritual e moral da Humanidade, lutando
dos do maçom desde sua primeira instrução: a régua pelos direitos dos homens e, pela Justiça, pregando o
de 24 polegadas, o macete e o cinzel. Com o progres- amor fraterno, procurando unir esforços para um
so, nós maçons recebemos outros objetos. maior e mais perfeito entendimento entre os homens,
As ferramentas de trabalho, claro, são simbólicas. para que se estabeleçam os laços indissolúveis da ver-
Todos os símbolos nos abrem portas, desde que não dadeira fraternidade, sem distinção de raça nem de
nos atemos apenas a definições morais. É na nossa 4ª crenças, condição indispensável para que haja verda-
instrução, que começamos a compreender os signifi- deira paz e entendimento entre os povos.
cados da nossa jornada maçônica, do espírito maçôni- Livre, palavra derivada do latim, designa em senti-
co, que nos ensina, um comportamento original que do amplo tudo aquilo que está livre de qualquer condi-
não se encontra em nenhum outro grupo de homens. ção, constrangimento, subordinação, dependência,
encargo ou restrição.
A qualidade ou condição de ser livre, assim atribuí- cípios que os regem nele se baseiam inequivocamen-
da a uma coisa, significa a liberdade de ação em rela- te.
ção a ela, sem qualquer oposição, que não se baseie O bom pedreiro, livre e de bons costumes, não con-
em restrição legal e, sobretudo, moral. A consequên- funde a liberdade, que é um direito sagrado, com o
cia da liberdade é a liberdade, que é a capacidade de abuso, que é um defeito; acredita em Deus, o ser
fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se supremo que nos guia para o bem e nos afasta do mal.
quer, de ir e vir a qualquer lugar, quando e como se O bom Maçom, livre e de bons costumes, é leal.
quer, de realizar qualquer atividade, qualquer coisa de Quem não é fiel aos outros é desleal consigo mesmo e
acordo com o livre arbítrio, determinação da pessoa, trai seus compromissos mais sagrados; cultiva a fra-
quando não houver regra de proibição para o exercí- ternidade, porque é a base fundamental da Maçonaria,
cio do ato ou quando não houver princípio restritivo porque só pelo culto da fraternidade podemos alcan-
ao exercício da atividade. çar uma humanidade menos sofrida; recusa reconhe-
É verdade que a Maçonaria é uma escola de aperfe- cimentos porque se satisfaz com o prazer de ter contri-
içoamento moral, onde nós, homens, nos aperfeiçoa- buído para fazer viver um semelhante.
mos para benefício de nossos semelhantes, desenvol- O bom Maçom, livre e de bons costumes, não desa-
vendo qualidades que nos permitem ser cada vez mais nima, nunca desmorona, não se revolta com as derro-
úteis à comunidade. Não esqueçamos, porém, que de tas, porque ganhar ou perder são contingências da
uma pedra impura nunca poderemos fazer uma bri- vida humana, é nobre na vitória e sereno na derrota,
lhante, por maiores que sejam nossos esforços. porque sabe como triunfar sobre seus impulsos, para
O conceito maçônico de homem livre é diferente, é dominá-los, ele faz bem porque sabe que é apoiando
muito superior ao conceito legal. Para ser um homem os outros, sentindo suas dores, que nós melhoramos.
livre, não basta ter liberdade de movimentos, ir para O bom pedreiro, livre e de bons costumes, tem hor-
cá ou para lá. A liberdade pertence ao homem que não ror ao vício, porque é o oposto da virtude, que ele deve
é escravo de suas paixões, que não se deixa dominar cultivar; é amigo da família, porque é a base funda-
pelas torpezas de seus instintos animais humanos. mental da humanidade; tem qualidades morais para
Não é um homem livre, não goza da verdadeira liber- ser maçom, não humilha os fracos, os inferiores, por-
dade, é escravo dos vícios. Ele não é um homem livre que isso é covardia, e a Maçonaria não é refúgio de
dominado pelo jogo, que não consegue se livrar de covardes; ele trata os outros fraternalmente para não
suas tentações. Não é um homem livre que se afunda trair seus juramentos de fraternidade; não se desvia do
no vício, se degrada e se condena, sacrificando volun- caminho da moralidade, pois quem dele se desvia é
tariamente sua liberdade, porque seus instintos bási- incompatível com os objetivos da Maçonaria.
cos prevaleceram sobre suas qualidades, anulando-as. O bom maçom, o verdadeiro maçom, não se envai-
Um maçom é aquele que tem a força moral neces- dece, não ostenta as suas qualidades, não vê na ajuda
sária para evitar todos os vícios que infamam, que ao próximo um gesto excepcional, porque é um dever
desonram, que degradam. O ideal supremo da liber- de solidariedade humana cuja prática é divertida. Ele
dade é livrar-se de todas as más propensões, livrar-se só promete o que pode cumprir. Uma promessa que-
de todas as tendências condenáveis, deixar o caminho brada pode causar inimizade. Ele não odeia, o ódio
das trevas e seguir o caminho que conduz à prática do destrói, apenas a amizade é construída.
bem, que traz ao homem a perfeição intangível. Finalmente, o verdadeiro Maçom, não investe con-
Sendo livre e, portanto, gozando da liberdade, o tra a reputação dos outros, porque fazê-lo é trair os
homem deve sempre pautar sua vida pelos preceitos sentimentos de fraternidade. O maçom, o verdadeiro
da boa moral, expressão também derivada do latim e maçom, não tem apego ao ofício, pois é para cultivar a
utilizada para designar o conjunto de regras e princí- vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a
pios impostos pela moral, que delineiam o padrão de elevação de sentimentos que o bom maçom deve cul-
conduta dos indivíduos em suas relações domésticas e tivar.
sociais, de modo que estas se articulem de acordo com Os vaidosos buscam posições em que se desta-
os nobres objetivos da própria vida humana. quem; Os verdadeiros maçons buscam um trabalho
Os bons costumes referem-se mais especificamen- que traga a Maçonaria à tona.
te à honestidade das famílias, à modéstia dos indiví- O valor da existência de um maçom é julgado por
duos e à dignidade ou decoro social. suas ações, pelo exercício do bem.
A ideia e o sentido dos bons costumes não se desvi-
am da ideia ou do sentido da moralidade, pois os prin-
37
O Kyiv Pechersk Lavra, ou monastério das cavernas, é um marco arquitetônico em Kiev

O QUE VOCÊ GOSTARIA DE SABER SOBRE A


UCRÂNIA E NÃO TEM A QUEM PERGUNTAR
ram, desde os gregos e romanos, até os otomanos.
Podcast Ouça a matéria clicando aqui A cidade tinha poderosas fortificações e uma das
mais notáveis era a pesadíssima corrente de mais de um
Por Michael Winetzki quilometro de extensão com elos de ferro de mais de um
metro de largura que formavam uma barreira flutuante
Meu pai nasceu em uma pequena aldeia na Ucrânia em intransponível para que navios inimigos não tivessem
1917. Havia então no país uma grande comunidade acesso à cidade.
judaica. Estudou na Escola Militar de Odessa, foi aluno Em 1204 as galeras venezianas utilizadas pela Quar-
brilhante e matemática e física e tornou-se capitão de ta Cruzada lograram romper a corrente e saquearam a
artilharia, responsável pelos cálculos que permitiam cidade destruindo tudo o que puderam. Em nome de
estabelecer as trajetórias balísticas dos obuses. Cristo cometeram atrocidades inenarráveis.
Em memória a meu pai vou falar um pouco de seu Os vikings, que os bizantinos chamavam de vare-
país natal. gues e nós chamamos de eslavos, muito fortes, altos e
Com a divisão do Império Romano e o estabeleci- loiros, como são exibidos pela mitologia, hábeis nave-
mento de Constantinopla, como a capital do Império gantes e intrépidos cavaleiros, vindos das regiões nór-
Romano do Oriente, esta tornou-se uma das cidades dicas onde estão a Escandinávia e a Noruega, em seus
mais ricas, belas e afluentes do mundo. leves navios com uma tecnologia de casco simétrico
Situada geograficamente em um ponto estratégico, que permitia manobras bruscas e rápidas também esti-
no estuário chamado pelos gregos de Chifre de Ouro, veram em Constantinopla que eles denominavam
como se fosse o imenso chifre de um touro mitológico Michelgard.
encravado no Mar de Bósforo que dividia o lado euro- Conta a lenda que o viking Harald Hadraade, ou
peu com o lado asiático do Mar de Mármara. ainda Harald o Severo, Rei da Noruega, conseguiu se
A cidade foi reconstruída pelo Imperador Constanti- apropriar de muitos dos tesouros de Constantinopla,
no sobre uma pequena cidade já existente, Bizâncio, e é inclusive daqueles que foram roubados do Templo de
privilegiada com um profundo porto natural que facili- Jerusalém. Ele morreu em batalha, porém os vikings
tava o comércio para todas as civilizações que lá estive- liderados por Ascoldo e Dir prosseguiram em seus navi-
Odessa, cidade de grande importância turística, tem um admirado centro histórico
os para a Europa Oriental através dos inúmeros rios governo e da imposição de múltiplas culturas o profes-
daqueles territórios, ora negociando, ora saqueando, sor de estudos ucranianos da Universidade College
até o Rio Dnieper, onde tomaram a Fortaleza de Kiev e London, Andrew Wilson, (apud bbb. news) ensina que
no século IX fundaram o reino viking de Rus, chamado “deve se ver a Ucrânia, tanto pelo seu território quanto
de Rus de Kiev, a origem das atuais nações Ucrânia e pela sua identidade, mais como um quebra-cabeças
Rússia, num vastíssimo território que atualmente dinâmico do que como uma unidade estanque”.
engloba Ucrânia, Rússia e Belarus até o Mar Báltico. Enfim, ao longo dos séculos ocorreram inúmeras
Desta forma desde sua origem existem fortes laços mudanças que não nos cabe descrever numa pequena
em comum na história, cultura, religião e comporta- apresentação. A partir de 1917, pós-revolução Russa,
mento. Kiev permanece como capital da Ucrânia e a ocorre a criação da União Soviética, que unifica sob um
cidade de Moscou só seria fundada no século XII. Vla- governo central de Moscou diversos países, incluindo a
dimir 1º de Kiev (São Vladimir “o Grande” para a Igreja Ucrânia.
Cristã Ortodoxa) consolida o Reino Rus e impõe a reli- Deve se destacar a marca de uma grande tragédia, o
gião cristã ortodoxa por volta do ano mil. “Holodomor”, a Grande Fome de 1932 a 1934, quando
Entretanto nos séculos seguintes uma sucessão de o ditador Stalin se apropria de toda a produção de ali-
conflitos e conquistas irá estabelecer novos costumes e mentos do país para punir sua “insolência nacionalis-
identidades culturais para os povos que habitam a por- ta”. Apesar deste evento não constar na história oficial
ção oeste. Em meados do século 13 o domínio pelos da União Soviética tem se como certo que pelo menos
mongóis. No final do século 14, o território é dividido sete milhões é o número de pessoas mortas pela fome na
entre o Grão-Principado de Moscou e o Grão-Ducado Ucrânia.
da Lituânia (que mais tarde se juntou à Polônia). Depois No dia de Natal de 1991 a União Soviética foi dissol-
foi governada pela dinastia dos Habsburgo dos impéri- vida e todas as nações que compunham a União Sovié-
os Austríaco e Austro-Húngaro. Assim, essa porção tica se tornaram independentes, embora pró-Rússia,
ocidental do país teve uma história diferente daquela com exceção da Ucrânia que declarou “status” de neu-
vivida no leste ucraniano e isso aumentou as influências tralidade e buscou aproximação maior com a Europa e
europeias ocidentais. com a OTAN. Porém em 2013 o presidente Victor Yanu-
Do lado leste, a margem oriental do Rio Dnieper, kovich suspendeu os acordos de parceria com a União
vasto território onde fica a Criméia o desenvolvimento Europeia e buscou maior aproximação com a Rússia
político e cultural foi diferente. Houve forte influência gerando protestos e manifestações populares que dura-
dos tártaros, gregos e otomanos, até que ocorreu o domí- ram vários meses e ficaram conhecidas como Euromai-
nio pelo Império Russo que expandiu suas conquistas dan ou Revolução da Dignidade.
até o centro do país até então controlado pela Polônia. O governo foi derrubado e assumiu um novo Presi-
Do lado oeste as terras passaram da Polônia para o Impé- dente.
rio Austríaco.
Em função destas e de muitas outras mudanças de
SER OU NÃO SER... MAÇOM
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43
O SIGNIFICADO DO PAVIMENTO
EM MOSAICO NA MAÇONARIA
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Cultura

"Diógenes sentado em seu barril", de Jean-Léon Gérôme (1860)

QUEM FOI O PRIMEIRO CÍNICO DA HISTÓRIA


E por que ele foi chamado assim?
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"Diógenes" de John William Waterhouse (1882)
"Diógenes e Platão", de Mattia Preti (1649)
A POSIÇÃO DO FARAÓ imagem-força e que lembra a beleza do rei. Essa é a ima-
Podcast Ouça a matéria clicando aqui gem da cobra imóvel: um homem meditativo, sempre
jovem e radiante, mas cujo olhar está fixo no centro e
Por Salvatore L. D'Ascia cujo trono é uma pedra cúbica perfeitamente lisa.
Também deve ser adicionado:
No Templo Maçônico uma posição meditativa não pode 1) No antigo Egito, como nas doutrinas posteriores, o
ser constante, a concentração deve, portanto, ser obtida culto ao centro é fundamental.
rapidamente e mantida por diferentes fases, uma vez que 2) No antigo Egito, o divino tinha quatro representações
o Maçom ritualiza coletivamente e, portanto, submetido e uma delas era na verdade uma estátua de deus sentada
a estímulos externos, nem sempre está parado, nem sem- em um bloco quadrado.
pre está sozinho e ao mesmo tempo executa movimentos 3) A evocação de imagens, ou entidades, era uma prática
que mudam de acordo com o grau em que a Loja funcio- comum do antigo esoterismo, indicada por alguns como
na. Além disso, esses comportamentos são integrados evocação, ou magia de imagens.
pelo olhar para o Oriente, pela repetição de sinais e 4) A posição do faraó via dois cetros cruzados em seu
toques, bem como por baterias e cadeias de união. peito: o gancho e o chicote. O cetro em forma de gancho
A posição estática que lembra os Mistérios clássicos é era o bastão do pastor que reunia seu rebanho (o bom
uma reminiscência de sentar-se imóvel em um trono. No pastor dos cristãos) e o chicote, ou flaggellum, era o
entanto, essa posição é mais antiga que o mundo clássico análogo do pastor e, portanto, representam as energias
e remonta ao mundo egípcio e é a posição do faraó, que que permitiram a Ísis trazer Osíris de volta à vida, aquele
concebe as pernas juntas com as costas retas e as mãos isto é, eles são instrumentos de retificação.
apoiadas nos joelhos. Serve para obter um relaxamento 5) A pedra cúbica da posição do faraó, como se sabe, é
muscular do diafragma e deve ser tomado sempre que parte importante do trabalho de um Mestre Maçom e
não se movimentar no Templo, ou substituir a posição mais especificamente do início do caminho, ou melhor,
sentada. Isso acontece antes de tudo para favorecer a de sua consagração.
respiração e a concentração, mas não só, pois operacio-
nalmente é uma posição de poder que alguns chamam de (Extraído de: Magia e Maçonaria).
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