Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
83 Depoimento de artista
Coca Rodriguez Coelho
315 Resenhas
I M A GI N A R I o
Revista do Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e Memória - NIME
e do Laboratório de Estudos do Imaginário - LABI
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
imãgmáríú e âmérícã M i m
númem 7
São Pau/ú - 2001
ÍSSN 1413-m6x
Publicação do Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e
Revista
Memória (NIME) e do Laboratório de Estudos do Imagi-
Imaginário nário (LABI) - Departamento de Psicologia da Aprendi-
N° 7 - 2 0 0 1 zagem, do Desenvolvimento e da Personalidade (PSA)
do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
ISSN 1413-666X (IP-USP)
Anual
ISSN 1413-666X
1. Antropologia
2. Arte
3. Geografia
4. Psicologia
5. Sociologia
•I
h
la messagete
a mensageira
Michel Butor
Apresentação 11
Depoimento de artista 83
Coca Rodriguez Coelho
Resenhas 315
ottmann,g o e t z .Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
apresentação*
' Esta apresentação foi escri-
ta em setembro de 2001.
Walter Benjamin
11
ottmann,g o e t z .Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
12
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
Goetz Ottmann
13
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
14
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
identidades recontextualizadas
"A mudança tem de acontecer na base e crescer a partir daí."
(Thaide, 27/6/98)
muito diversos (ver, por exemplo, Ribeiro, 1977; Herschmann, 2000), Du Gay, London: Sage, 1996.
15
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
16
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
me pelo caminho da justiça - 23:3), e outro salmo fecha o CD (e popular. Por exempio,
Tarantino constrói em Pulp
mesmo que eu ande no vale da sombra e da morte não temerei mal
fiction uma cena inteira em tor-
algum porque tu estás comigo - 23:4)^^. Essas referências são re- no desse salmo.
correntes na letra em que Deus dota o mano de força para levar
uma vida honrada. Embora esses temas religiosos sejam particular-
mente visíveis nas letras dos Racionais MCs, eles não constituem Devo a Betíina Kiuge a indi-
exceção. De fato, uma ampla gama de bandas de rap brasileiras, cação de que essas referênci-
as reíigiosas podem, de fato,
entre elas algumas das analisadas por Herschmann (2000) recor-
constituir uma categoria muito
rem a imagens religiosas vinculando noções de paz e justiça a um
c a r a c t e r i s t i c a m e n t e latino-
princípio superior^^ americana.
17
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
18
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n°7, pág. 13-34, 2001
19
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
20
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
21
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
22
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
observação mais de perto da disputa que ocorre no movimento es- messa de sucesso financeiro,
que só mais tarde deu lugar a
clarece um pouco as questões que constituem as principais bases
uma consciência hip-hop. Ele
da unidade hip-hop em São Paulo. Mais do que representantes do elabora mais esse ponto: "Du-
PT como Cândido estariam dispostos a aceitar, os ativistas de hip- rante o final da década de 1980,
hop constantemente promovem o trabalho de desenvolvimento co- o hip-hop não mais era a última
moda e os artistas cada vez
munitário e especialmente de desenvolvimento sociocultural na agen-
mais deixaram o cenário. Mui-
da do movimento. De fato, esse compromisso com a comunidade tos dos rappers, breakers e
local tornou-se um dos aspectos mais importantes a definir as fron- grafi-teiros remanescentes, to-
teiras do movimento, e para fazer parte do movimento as bandas de davia, estavam genuinamente
Racionais pisou na bola") e aos poucos se afastaram do movimen- Hum) e Nelson Triunfo (Brea-
kers) - que estabeleceram a
to. No cerne de suas preocupações está o fato de que os Racionais
agenda do movimento. Hersch-
mostraram apenas um entusiasmo frouxo quando foram solicitados mann evita totalmente uma dis-
a contribuir com projetos de desenvolvimento de base comunitária. cussão do M K O .
Embora Milton Sales não queira reivindicar nenhuma autoridade
dentro do hip-hop paulistano, suas palavras parecem exercer um
importante poder simbólico. Não obstante certa fratura que se abriu
entre ativistas e membros da banda e certa perda de poder de ato-
res importantes como o próprio Sales^®, os ativistas ainda influenci- Os Racionais decidiram se
am a direção geral do movimento, e pelo menos de boca os rappers desligar do selo de seu ex-em-
dão atenção a suas demandas. Esse poder regulador dos ativistas presário (Sales). "Zambia", e
do movimento pode ser demonstrado ainda citando-se o caso do lançar a própria empresa, sob
o nome "Cosa Nostra". A
rapper Gabriel O Pensador, do Rio de Janeiro. Em 1994, a Pode
Zambia, todavia, ainda está en-
Crê (vol. 2/3: 38), a mais importante revista do rap paulistano du- volvida na distribuição de CDs
rante o começo da década de 1990, publicou um artigo pedindo a dos Racionais,
23
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
24
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
25
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
26
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
27
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
28
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
29
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
errado", você tem de ser capaz de dar um jeito. Nós tentamos ser
mais positivos em nossas letras e focalizar assuntos sobre os quais
temos alguma coisa a dizer."^^ Carlos ilustra mais esse ponto quan-
Essa tende a ser a justifica-
tiva padrão para expücar a fal-
do argumenta que os Dr MCs se transformaram em profissionais
ta de engajamento social críti- que se adaptam. Ele distingue claramente a "sua" banda dos Raci-
co de bandas orientadas co- onais, os quais, diz ele, são "imprevisíveis" e "não-profissionais".
mercialmente. Evidentemente, embora Carlos busque destacar a ligação dos Dr
MCs com o movimento hip-hop, ele apresenta a banda como os
representantes "saudáveis", "seguros" e publicamente mais aceitá-
veis do movimento.
Embora o álbum mais recente dos Dr MCs tenha sido um sucesso
comercial, com quase 800 mil cópias vendidas, a preocupação deles
com questões de marketing minou sua identidade nos círculos do hip-
hop. O que se ouve é que a música de maior sucesso é uma versão
rapeada de um sucesso da MPB da década de 1970, uma mistura que
recentemente levou a um contrato de gravação com uma importante
gravadora multinacional. Para Thaide, todavia, os Dr MCs perderam a
dignidade. E os adeptos do hip-hop que eu entrevistei durante 1998,
sem exceção, rotularam de "comercial" o produto dos Dr MCs.
conclusão
o exemplo do hip-hop paulistano demonstra claramente que, agradar
igualmente as comunidades de fãs, os selos de gravação e os ativistas
de hip-hop, mantendo ao mesmo tempo uma certa "novidade", eficácia
empresarial e integridade política, está longe de ser fácil. De fato, mui-
tas bandas arriscam significativamente sua integridade como profetas
hip-hop, quando assinam o primeiro contrato de gravação. Isso ocorre
basicamente porque o movimento hip-hop paulistano constrói uma pro-
fecia "autêntica", em termos de uma pureza enraizada em uma rejeição
do sistema capitalista. Assim, em vez de construir sua posição na co-
munidade hip-hop, evocando a imagem do "motha fucka" duro como,
por exemplo, no "gangsta rap" americano, ou de invocar respeito, rei-
vindicando um papel privilegiado numa mitologia negra ancestral, ou
de "diminuir" os concorrentes em suas letras, como é freqüentemente o
caso no rap europeu e americano (ver, por exemplo, Androutsopoulos
and Scholz, 1999), o hip-hop paulistano afirmou ser "a voz da periferia
sem voz". Certamente, bandas como os Racionais MCs assumiram
30
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
31
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
32
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
33
ottmann, goetz. Imaginário - usp, n° 7, pág. 13-34, 2001
bibliografia
ANDROUTSOPOULOS, J. and SCHOLZ, A. On the Recontextua/isation of Hip-
Hop in European Speech Communities, http://www.archetype.de/hiphop/
ascona.htnnl. 1999.
CANCLINI, N. Garcia. "Consumption is Good for Thinking", Diálogos de Ia
Comunicaclón, 30. Lima, June 1991.
. Culturas Híbridas: Estratégias para Entrar y Sallr de Ia
Modernidad. México: Grijaibo, 1990.
DECKER, J. L. "The State of Rap: Tinne and Place in Hip-Hop Nationalism". In
ROSS, A. and ROSE, T. (eds.). MIcrophone Flends: Youth Music and Youth
Culture. NY: Routiedge, 1994.
EYERMAN, R. and JAMISON, A. Music and Social Movements: Moblllzing Traditions
In the Twentieth Century. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
FLORES, J. "Puerto Rican and Proud, Boyee!: Rap Roots and Amnésia". In
ROSS, Andrew and ROSE, Trisha (eds.). MIcrophone Flends: Youth Music
and Youth Culture, New York: Routiedge, 1994.
FRASER, N. Justice Interruptus: Criticai Reflections on the "Postsoclallst"
Condition. NY and London: Routiedge, 1997.
FRITH, Simon. "Music and Identity". In HALL, Stuart, and GAY, Paul Du, (eds.).
Questions of Cultural Identity. London: Sage, 1996.
HEBDIDGE, D. Subculture: The Meaning of Style. London: Methuen, 1979.
HEIZELMAIER, B. GROSSEGGER, B. and ZENTNER, M. Jugendmarketing: Setzen
Sle Ihre Produkte In Szene. Ueberreut: Ueberreuter Wirtschaftsverlag, 1999.
HERSCHMANN, Micael. O Funk e o HIp-Hop Invadem a Cena. Rio de Janeiro:
Ed. UFRJ, 2000.
LEHMANN, D. Struggie for the Spirlt: Rellglous Transformatlon and Popular
Culture In BrazH and Latln Ameríca. Oxford: Blackwell Publishers, 1996.
LEVY, C. "CEBs in Chrisis: Leadership Structures in the São Paulo Area". In
BURDICK, J. and HEWITT, W. E. Westport, (eds.). The Church at the
Grassroots In Latín Ameríca. Conneticut: Praeger, 2000.
NASH, K. Contemporary Polltical Soclology: Globallsatlon, Polltics, and Power
Malden Mass and Oxford: Blackwell Publishers, 2000.
ROSE, T. "A Style Nobody Can Deal With: Politics, Style and the Postindustrial
City in Hip-Hop". In ROSS, A. and ROSE, T, (eds.). MIcrophone Flends:
Youth Music and Youth Culture, New York: Routiedge, 1994.
SAMUELS, D. "The Rap on Rap", New RepubHc, November, 1991.
STAPLETON, K. R. "From the Margins to the Mainstream: the Political Power of
Hip-Hop". Media, Culture & Sodety Vol. 20, p. 219-234, 1998.
THORNTON, S. "Moral Panic, the Media and British RaveCultre". In ROSS, A.
and ROSE, T, (eds.). MIcrophone Flends: Youth Music and Youth Culture.
New York: Routiedge, 1994.
TOMLINSON, J. Globallsatlon and Culture. Cambridge: Polity Press, 1999.
VIANNA, H. O Mundo Funk Carioca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
YUDICE, G. The Funkification of Rio", In ROSS, Andrew and ROSE, Trisha, (eds.).
MIcrophone Flends: Youth Music and Youth Culture. New York: Routiedge, 1994.
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
atravessando fronteiras,
movimentos migratonos na historia do brasil
Helenilda Cavalcanti e
Isabel Guilien^
' Pesquisadoras da Funda-
ção Joaquim Nabuco. Re-
cife " PE,
Os movimentos migratórios perpassam a história do Brasil, tra-
zendo em seu bojo conflitos de alteridade. Como chama atenção
Bosi, a colonização não pode ser entendida como uma simples
corrente migratória: "Ela é a resolução de carências, de conflitos
da matriz e uma tentativa de retomar, sob novas condições, o
domínio sobre a natureza e o semelhante que tem acompanhado
universalmente o chamado processo civilizatório" (Bosi, 1992:13).
Contudo, esse processo é configurado por um cenário de intole-
rância, ambição e morte, no que se refere aos contatos entre os
diferentes grupos sociais e étnicos que constituirão o mundo cul-
tural e social brasileiro.
35
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
36
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
37
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
38
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
39
cavalcanti, helenilda e g u i l i e n , isabel. I m a g i n á r i o - usp, n° 7,pág.35-68,2001
il|
40
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
41
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
42
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
43
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
44
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
45
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
46
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
O mesmo não pode ser dito com relação aos planos de colonização
da Transamazônica, na década de 1970 deste século. Apesar do fra-
casso, a distribuição de lotes de terras levou milhares de nordestinos
a migrar para a região em busca da tão sonhada terra própria. Esses
mesmos trabalhadores rapidamente se viram abandonados na flo-
resta, sem assistência técnica para levar adiante uma pequena agri-
cultura na Amazônia. Em pouco tempo, a única opção que lhes resta-
va era o abandono dos lotes, tão duramente conquistados.
Quando se trata de avaliar a experiência da migração em termos
populacionais, há um impressionante dado demográfico sempre con-
siderado: o crescimento populacional da Amazônia, no período de
1870-1910, foi significativo, e chega-se a apontar a cifra, não muito
realista, de 500.000 migrantes. Já para o período de 1920-1940,
houve uma depopulação. A população total passou de cerca de
323.000 pessoas, em 1870, para mais de 1.200.000, em 1910, o
que, em termos relativos, colocava a região com um crescimento
demográfico mais dinâmico do que o da média brasileira e até da
região Sudeste (Santos, 1980: 118). No entanto, alguns anos de-
pois, especificamente para o Acre, os dados censitários, em 1940,
47
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
48
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
49
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
"Eu não possuo nada. Pra que voltar para a terra dos outros? Lá só
se vive na sujeição. Se se tira três alqueires de farinha, um é pro
dono da terra. Em tudo ele tem um terço. Quero trabalhar pra mim
mesmo. Não gosto de viver alugado" (Benchimol, 1992: 157).
50
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
"O meu velho veio oito vezes ao Amazonas. Quando em casa faltava
dinheiro, ele dizia que ia arranjar dinheiro e batia para cá. Dois, três
51
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
anos depois voltava com os recursos pra gente viver. Esteve no Juruá,
Javari, Acre, Madeira, Xingu. Conhecia bem o Amazonas todo. Ele
sempre contava histórias daqui que nos entusiasmavam. De forma
que quando eu cresci sempre desejei conhecer o Amazonas, pois da
primeira vez era muito pequeno. Mas o velho, todo o dinheiro que
levava daqui era para ser derrotado no Ceará. Eu agora vim ocupar o
lugar dele, desde que ele morreu" (Benchimol, 1992: 135).
Mesmo porque, ainda que se volte, o sertão é tido como uma terra
ingrata que sempre os expulsa. Lá, para parcela significativa dos
entrevistados, "só se vive na sujeição". A volta é, em muitos casos,
colocada como a possibilidade de uma nova derrota:
"Voltei duas vezes à Paraíba, porque eu queria ver meus pais. Vol-
tei só para perder o dinheiro que eu arranjava aqui" (Benchimol,
1992: 127).
52
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
53
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
54
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
55
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
56
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
57
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
"Aqui o lugar é fraco. Não tem movimento nenhum... não tem servi-
ço. Os serviço que tem é tudo uns serviços matador... trabalho ma-
tador" [Manuel Estácio, 38 anos, agricultor e comerciante].
58
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
"... Porque lá é muito bom... viver lá é duro... mas é bom. Aqui não
tem... aqui, você não tem nada na vida. Agora você pode dizer as-
sim: 'Essa só pensa em São Paulo'. Mas... em São Paulo? Porque
lá é bem melhor do que aqui. Você queria ficar aqui? Num lugar
parado, só vendo o tempo passar... sem ter em que trabalhar... Aqui
quando vai trabalhar, é a semana inteira arrancando mato... mato
assim, olhe! Esse mato assim... pra ganhar quinze real por semana,
quando ganha, não é, mãe?..." [ Zuleide, 22 anos, empregada do-
méstica. Já viajou três vezes para São Paulo].
59
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
Os que vão e voltam, ou que ficam no* trânsito entre ir e vir, trazem
impressões marcantes acerca dessa terra distante, que servem de
meios comparativos na medição das condições práticas para crer,
pensar e lidar com a possibilidade de sair, com os medos da dor do
desenraizamento.
"Lá não deu pra mim, não... Aqui teu achando melhor na minha agri-
cultura. Achei tudo muito diferente. O sistema de falar daqui pra lá...
é diferente. Logo, primeiramente achei logo isso aí, fora do meu
sistema de falar daqui. Eu ia pedir lá, qualquer coisa, eu tinha que
fazer a vez de mudo... Eu ia pedir, eles diziam: 'O que você está
pedindo?' [Fala em tom forte]. Eu apontava com os dedos..." (Santo,
47 anos, agricultor. Ficou cinco anos no Rio de Janeiro).
50
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
"...a gente pensa que só existe aquele lugar, que não existe mais
outro. A gente pensa que a gente saindo dali, a gente está perdida,
mas não é assim. Cada vez que você sai dali, você está se movi-
mentando mais, você está vendo as coisas de outro jeito, da manei-
ra e de outro jeito, você está vendo que o lugar ali não é só ali.
Então, quando eu morava lá, eu dizia: "Ai, meu Deus, se eu sair
daqui um dia eu sei que fico perdida". Mas não é assim... com a
61
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
62
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
"...Eu sofri muito aqui... Quando eu cheguei aqui falavam que nor-
destino não prestava morar aqui em São Paulo, não. Falavam...
quando vêm lá do Norte, não têm coragem de trabalhar... vai roubar.
Falavam muito pra mim. Aí, eu dizia: "Eita! Aqui é fogo mesmo!". Em
todo lugar que eu ia, falavam: 'Nordestino não tem coragem de tra-
balhar, vai é roubar aqui'... A conversa do paulista... você conversa
com ele, ele só quer botar você pra trás, não quer botar pra frente,
só pra trás, na conversa, né? A conversa dele é: 'O que é que você
veio fazer aqui? Você já veio do Norte passando fome, o que é que
você veio fazer aqui? Vai morrer lá na sua terra, não venha morrer
aqui, não!' Eles querem botar os outro pra trás. Aí, o cara novato vai
na conversa dele, aí, termina voltando... Agora, nessa região por
aqui é tudo do Piauí, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Ceará... A gente
conversa muito... Pra mim é mesmo que tá na casa da minha mãe e
meu pai... O cara aqui tem que trabalhar e trabalhar com cabeça.
Dinheiro a gente sua pra ganhar... um dinheiro... Aprendi a fazer de
tudo aqui... tenho amizade com o pessoal do sindicato... com cole-
gas de firmas...Falo com a polícia., com bandido... Eu moro há mais
de quinze ano aqui, conheço todo mundo e não tenho intrigado. Tem
que saber viver" [José Ferreira de Melo, "Neguinho", 35 anos, casa-
do, metalúrgico, há quinze anos em São Paulo].
53
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
64
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
65
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
56
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
bibliografia
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Munis. "Paraíbas e Bahianos. Órfãos
do Campo, Filhos Legítimos da Cidade". Travessia, ano 3, 8, p. 27-
32, 1990.
ALEGRE, Sylvia Porto. "Fome de Braços - Questão Nacional. Notas sobre
o Trabalho Livre no Nordeste do Século XIX". Cadernos do Centro de
Estudos Rurais e Urbanos, n° 2, p. 67-91, 1991.
ALVIM, Zuleika M. F. Brava Gente! Os itaiianos em São Pauio. São Paulo:
Brasiliense, 1986.
ARAÚJO, Tânia Bacelar de. "Herança de Diferenciação e Futuro de
Fragmentação". Estudos Avançados. Dossiê Nordeste, vol. 11, n° 29, p.
07-36, 1997.
BENJAMIN, Walter. "Sobre o Conceito de História". In Obras Escoiiiidas !.
São Paulo: Brasiliense, 1985.
BOSI, Alfredo. Diaiética da Colonização. São Paulo: Companhia das Le-
tras, 1992.
CANCLINI, Néstor Garcia. Cuituras IHibridas. Estratégias para Entrar e Sair
da l\/íodernidade. São Paulo: Edusp, 1998.
CARNEIRO, Edson. O Quilombo dos Paimares. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1958.
CAVALCANTI, Helenilda. imaginário Sociai e Práticas de Saida da Pobre-
za: O Povoado de São Severino "dos i\/1acacos". São Paulo: Tese de
doutorado em Psicologia Social na USP, 1999.
CERTEAU, Michel de. A invenção do Cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1994.
CLASTRES, Hélène. Terra sem i\/lai. São Paulo: Brasiliense, 1978.
CUNHA, Euclides da. Um Paraiso Perdido. Rio de Janeiro: José Olympio,
1994.
DURHAM, Eunice R. A Caminiio da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 1978.
ENZENSBERGER, Hans Magnus. Guerra Civii São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.
FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Bra-
sileira, 1979.
FOUCAULT, Michel. "A Governamentalidade". In i\/licrofisica do Poder Rio
de Janeiro: Graal, 1984.
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande e Senzaia. Rio de Janeiro: José Olympio,
1985.
GOLDSMITH, William W. "São Paulo, Cidade Mundial: Indústria, Miséria e
Resistência". In KOWARICK, Lúcio (org.). São Pauio Passado e Pre-
sente: As Lutas Sociais e a Cidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
57
cavalcanti, helenilda e guilien, isabel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 35-68, 2001
68
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 69-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 70-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 71-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 72-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 73-81, 2001
a virada
Como Era Gostoso o Meu Francês, dirigido por Nelson Pereira dos
Santos, em 1971, é o filme que rompe com o paradigma que se
sedimentara ao longo da historia do cinema brasileiro, representan-
do uma guinada no que diz respeito à representação do índio.
Diferentemente de Descobrimento do Brasil, o filme de Nelson Pe-
reira vai optar por um outro momento do encontro entre colonizador
e colonizado, onde o que está em pauta é o conflito e não a comu-
nhão. No século XV, um francês que se encontrava a serviço da
colonização é capturado pelos índios Tupinambá e transformado
em cativo. De acordo com os costumes do grupo, o cativo será
canibalizado, mas antes de sua execução se torna um de seus mem-
bros, recebe uma mulher, além de participar do trabalho, da guerra
e das atividades religiosas. Passadas oito luas, o Francês, mair, é
morto e canibalizado pelos Tupinambá.
A incursão pela história e pela antropologia e o mergulho no univer-
so cultural dos Tupinambá permite ao filme libertar-se dos precon-
ceitos e abordar a situação a partir da ótica dos Tupinambá. Nesse
sentido, O Meu Francês vai funcionar como um contraponto a cer-
tas formas de entender a realidade brasileira, a partir de esquemas
explicativos definidos a prion, como uma resposta à visão amarga e
sem saída de Brasil Ano 2000.
Ao contrário do que se passa na tradição alencariana, a índia
Tupinambá age em consonância com seus valores culturais, ela não
se assemelha a Peri e Iracema, que são uma espécie de vazio cul-
tural prontos a serem preenchidos pelos valores colonizados.
O Meu Francês, com a preocupação de remeter o espectador ao
interior da cultura Tupinambá, se baseou em ampla pesquisa
etnográfica, tendo como cenário uma aldeia Tupinambá reconstruída
de acordo com os registros existentes sobre aquele período, o mes-
mo acontecendo com o figurino, com a trilha sonora, de modo que a
música que se ouve no filme tomou como referência a música indí-
gena. Foram escolhidos, para representar o papel de índios, atores
morenos, com o tipo físico semelhante ao dos Tupinambá, que fo-
ram preparados, passando por um processo de "indianização": cor-
te de cabelo, depilação total do corpo e pintura com urucum, para
dar uma tonalidade avermelhada.
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 74-81, 2001
"... O país é deserto e inculto, não há casas, nem tetos, nem quais-
quer acomodações de campanha, ao contrário, há muita gente arisca
e selvagem, sem nenhuma cortesia, muito diferente de nós em seu
costume e instrução, sem religião, nem conhecimento da honestida-
de, do justo e do injusto, verdadeiros animais com figura de homem."
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 75-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 76-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 77-81, 2001
Os viajantes franceses têm uma visão muito especial das terras re-
cém "descobertas", falando de uma terra de beleza, fertilidade e
alegria, cuja positividade, todavia, é ameaçada pela prática da an-
t r o p o f a g i a , ao m a r a v i l h o s o c o n t r a p o n d o - s e o real a s s u s t a d o r
(Perrone-Moisés, 1996:90). Jean de Léry mostra-se especialmente
fascinado por estes "alegres trópicos", declarando em Viagem à Terra
do Bras/l apreciar vários aspectos da cultura Tupinambá, como por
exemplo, sua fidelidade para com os amigos ou aliados, mencio-
nando mesmo o fato de só haver decidido retornar à França por
temor às represálias que poderia vir a sofrer da parte de Villegaignon,
que se opunha aos seguidores da reforma. Não fosse isso, teria
preferido permanecer entre os Tupinambá, que, em suas palavras,
viviam em situação muito mais apreciável que os franceses naquele
momento. O filme não só altera a nacionalidade do prisioneiro de
alemão para francês, como também retrata os Tupinambá aproxi-
mândo-se da visão dos viajantes franceses.
Enquanto os Tupinambá são retratados como um grupo social coe-
so, solidário com os seus membros, bem como fiéis a seus aliados,
os franceses, por sua vez, têm atitudes bastante questionáveis face
a seus conterrâneos. É o caso do velho comerciante que vai perio-
dicamente á aldeia Tupinambá a fim de negociar com os índios e
que age sem quaisquer escrúpulos, recusando-se a desfazer o equí-
voco quanto á nacionalidade do Francês, em razão de seus interes-
ses comerciais, já que pretendia se beneficiar da permanência do
Francês entre os índios.
O Francês, diferentemente de Hans Staden, que reclama das con-
dições em que vive, de estar nu, não se indispõe com a vida do
grupo e, á medida que o tempo passa, demonstra ter prazer na vida
que leva em meio aos Tupinambá, deixando de lado por algum tem-
po sua preocupação com a fuga. Embora em alguns momentos des-
taque aspectos de sua "cultura superior", ele se mostra bastante
envolvido com a cultura do grupo, bem adaptado á situação, não se
mostrando tão desejoso de partir. Os índios, apesar de o terem in-
corporado ao grupo, como marido de Seboipep, deixando-o bastan-
te á vontade, não permitem que esqueça sua condição de inimigo,
de cativo que possibilitará vingar a morte do ex-marido de Seboipep,
Tapiruçu, levada a cabo pelos portugueses.
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 78-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 79-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 80-81, 2001
59
lobato, ana lucia - usp, n° 7, pág. 81-81, 2001
bibliogrc^tia
59
V
* V
91 t *
^ i
• m ' m
•
II
coelho, coca rodrigues - usp, n° 7, pág. 82-83, 2001
depoimento de artista
Depoimento do artista:
crédito da foto:
Horst Merkel
"Estas obras têm a ver conn a minha preo-
cupação atual. O artista de hoje se perdeu título da obra:
e está precisando se organizar para resol- Investigação sobre Procedi-
mentos Técnicos Para Pintura
ver o seu estado caótico. Como um paci-
de Folha de Taioba - 2000
ente ele tem que reaprender a pintar. Por
este motivo é interessante para mim regis- técnica:
Pintura. Colagem e As-
trar o procedimento de uma obra. Acho esta
sembíagem.
documentação muito importante, só assim
vai-se reconstruir o artista que se perdeu." dimensões: 69 x 136 cm.
83
W:
m
iff
\
t
Onze dias antes de sua morte, em cadeiras de rodas, participa de uma manifestação de protesto.
Frida Kahio
. - m l
m ^
•If *
CASA AZUL
Cozinha de Frida Kahio.
Coyoacan, México.
Auto - retrato com cabelo cortado. Óleo sobre tela 40 x 28 cm. 1940.
Coleção Museu de Arte Moderna. Nova Iorque, N. I.
K o - u o
- v o r
cZC
F
r
i
d
a
K
â i C O ' m c m o d j u a a -
slíJU
h
I A M o f i ^
o
Diário
auto-retrato íntimo
Auto - retrato. Carvão sobre papel 62 x 47 cm. 1932.
Coleção Museu Frida Kahio. México, D. F
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
Frida Kalilo
91
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
* Esta citação e q s posteriores Nos quadros de Frida o óleo se mescla com o sangue de seu monó-
foram por mim traduzidas. lOQü i n t e r i o r . *
92
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
E:
Não é a tragédia o que preside a obra de Frida. Isso foi muito mal
entendido por muita gente. A treva de sua dor é apenas o fundo
aveludado para a luz maravilhosa de sua força biológica, sua sensu-
alidade, sua sensibilidade finíssima, sua inteligência esplendorosa.
93
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
94
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
95
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
96
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
97
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
Após esse ano de relativa trégua, 1934 traz mais e mais sofrimento
para Frida. Por um lado, uma terceira gravidez, seguida de novo
aborto; por outro, a realização de cirurgia para amputação de vários
dedos de seu pé direito; por outro, ainda, a descoberta do romance
vivido por Diego com Cristina — sua irmã mais nova.
98
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
100
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
Origem das duas Fridas. Recordação. Devia ter 6 anos quando vivi
intensamente a amizade imaginária com uma menina de minha ida-
de (...) Não me lembro de sua imagem, nem de sua cor. Porém sei
que era alegre e ria muito. Sem sons. Era ágil e dançava como se
não tivesse nenhum peso. Eu a seguia em todos os seus movimen-
tos e contava para ela, enquanto ela dançava, meus problemas se-
cretos. Quais? Não me lembro. Porém ela sabia, por minha voz, de
todas as minhas coisas... (Kahio, 1995: s.p.).
101
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
blico de sua obra e, quase em seu fim, lhe reserva o segundo casa-
mento com Diego Rivera, realizado na mesma São Francisco.
Retorna, pois, ao seu grande amor, após inúmeras e, às vezes, fu-
gazes experiências amorosas com parceiros de ambos os sexos.
A morte de Guillermo Kahio, em 1941, é outro momento de intensa
dor para Frida, que sempre fora profundamente ligada ao pai. E, a
partir de então, o casal passa a morar na casa da família, a "Casa
Azul" de Coyacan.
Em 1942, faz parte de importante movimento nas artes mexicanas,
ao participar da fundação do "Seminário de Cultura Mexicana".
Um episódio interessante marca esse ano quando, por encomenda
da esposa do presidente, pinta uma natureza morta para a sala de
jantar presidencial. O cunho claramente sensual e feminino do qua-
dro faz com que seja rejeitado (Zamora, 1987: 321), mas sinaliza,
com precisão, a questão da fertilidade como alvo de profundo inte-
resse da pintora.
Ainda em 1942 dois aspectos precisam ser abordados. O primeiro,
circunscrito à vida pessoal de Frida, refere-se ao início de seu "Diá-
rio" — fonte quase inesgotável de descobertas (KahIo, 1995); o se-
gundo, remetido à vida cultural mexicana, está ligado à reforma do
ensino de arte, que culminou com a transformação do "Liceu de
Escultura" em "Escola de Pintura e Escultura", popularmente co-
nhecida como "La Esmeralda", onde ela viria a lecionar em 1943.
Mas, nesse ano, seu estado de saúde piora, e ela passa a dar as
aulas em casa. Os alunos, sob sua orientação, e em consonância
com suas idéias políticas, dedicam-se a pintar lugares públicos
(Bartra, 1987: 64). Assim, fazem a pintura decorativa de "pulquerias"
(cachaçarias) — uma tradição mexicana — como a de La Rosita.
Segue fazendo retratos, que lhe são encomendados com certa fre-
qüência, após seu reconhecimento maior por parte dos mexicanos, e,
naturalmente, auto-retratos (dezenas deles, no decorrer de sua vida),
dentre os quais dois muito significativos: Diego en mi pensamiento e
Pensando en Ia Muerte, onde há, sobre sua testa, a figuração de pen-
samentos: amor (concretizado no rosto de Diego) e morte (materializa-
da em uma caveira sobre fundo de troncos espinhosos).
102
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
103
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
104
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
105
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
O começo ao Tim
106
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
a derradeira mutilação
Em 27 de julho de 1953 há a amputação, feita por dr. Guillermo de
Velasco y Polo, de sua perna direita até a altura do joelho. Em seu
diário, provavelmente por volta de agosto, encontra-se o desenho
da perna amputada como uma coluna rodeada de espinhos (ou se-
riam veias perdidas de seus caminhos?), com a legenda:
107
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
me matar (...) nunca sofri tanto em toda minha vida. Vou esperar
mais um pouco... (Kahio, 1995, s.p.).
108
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
finalizando
Posteriormente, alguns marcos registram, oficialmente, seu existir e
seu fazer: em 1958 é aberto o museu "Frida Kahio" na "Casa Azul";
em 1973, o Museu de Arte Moderna, do México, faz a exposição "A
duas décadas de sua prematura morte. Frida KahIo. Mundo de An-
gústia e Beleza"; em 1977, mais uma demonstração mexicana de
reconhecimento se concretiza na "Exposição Nacional de Homena-
gem a Frida KahIo", no Palácio de Belas Artes; o Museu Dolores
Olmedo mantém exposição permanente da maior coleção de obras
de Frida, reunidas num só espaço. Em 1984, Paul Leduc a imortali-
za no filme Frida Naturaleza Viva e alguns anos depois, Hershon,
Guerra e Von Bonin produzem, nos Estados Unidos, o documentário
"Portraits of an artist: Frida KahIo".
Assim, e desde muito, o mundo tem visto e revisto a meteórica pas-
sagem de Frida KahIo pelos meandros simbólicos da América Lati-
na, tentando para ela achar um "Leito de Procusto", uma gaveta
estilística onde encarcerá-la...
Penso que melhor (e na contramão de muito do que vem sendo
dito) é simplesmente dar um "berço" ao fazer artístico de Frida. Para
isso, há que se pensar no "maravilhoso" — do qual desejo falar um
pouco, a partir de Alejo Carpentier (1987).
O autor nos lembra que, no decorrer dos tempos, essa palavra per-
deu seu sentido inicial (verdadeiro?): de algo que evocava o extraor-
dinário, o insólito, o assombroso, o surpreendente, passou a ser aquilo
que é, mais que tudo, o admirável, o excelente. Temos até as "sete
maravilhas" do universo! Por extensão, a apropriação do maravilho-
so passou a dar-se através das idéias de belo, amável, agradável...
Se, todavia, recuperarmos a idéia original, teremos que o maravi-
lhoso pode ser tanto o belo como o feio, desde que seja a s s o m b r o -
so, insólito, surpreendente. Kappier (1986), por exemplo, nos fala
de "monstros, demônios e maravilhas no final da Idade Média". Cer-
tamente dessa vertente bebeu o surrealismo.
Mas no caso de Frida, penso, não se trata de surrealismo, pois este
buscava a sensação de singularidade, sim, porém uma singularidade
premeditada (como os gelatinosos relógios ou instrumentos musicais
de Dali). Um enigma sofisticadamente construído pelo artista em sua
109
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
110
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
111
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
112
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
113
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
114
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
115
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
116
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
Abstract: This paper proposes some frames on the life and work of
Frida KahIo, an important Mexican artist, including some thoughts
on the way she appropriated her physical disability from an early age
and throughout her short existence. Thus, the focus on the artisfs
bibliographical data and artistic productions, with interconnections
at the axis of physical/physiological suffering, aims at offering the
readers some elements of familiarity with her, aiso arising the wish
of knowing this fascinating woman who, more than a character of
her culture, is a character of herself.
DibiiOtjrafia
117
amaral, lígia assumpção - usp, n° 7, pág. 84-118, 2001
revista
Voices ofmexico, n° 30, p. 49-68, 1995.
118
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
introducción
creciente influencia de los líderes religiosos, se deja sentir de manera lectura de un ano nefasto" en
Memória. N® 62, enero de
más fuerte en el área mesoamericana, entre los Mayas y Otomíes
1994, p. 30.
de México y los Mayas de Guatemala. En el área andina también se
observa Ia revitalización de Ia religiosidad indígena, manifestándose
en una influencia creciente de los chamanes y curanderos entre Ia
población mestiza y en Ia reconstrucción de Ia Iglesia Andina de
Perú y Bolivia. En Ecuador, líderes como Alberto Taxso, además de
119
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
120
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
Una vez expuestos en el título los elementos que les dan unidad o
cohesión y les otorgan una identidad común y una potencialidad,
los autores dei documento se remiten a nombrar especificamente a
los que participan, con el fin de mostrar su diversidad y en ese sen-
tido relacionan el todo con Ias partes. Pero no se nombra a los líde-
res de manera individual, sino a Ias colectividades que representan:
121
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
122
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
123
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
124
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
125
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
126
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
127
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
128
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
129
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
130
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
131
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
132
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
133
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
134
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
135
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
136
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
137
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
138
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
Las grandes fronteras que nos dividen son Ia falsa democracia. Ias
naciones artificiales, los gobiernos de turno ya sean de derecha,
centro, izquierda o ultras, que conservan el sistema opresor domi-
nante. Porque nosotros los originários de Ia sagrada Abya Yala he-
mos sido, somos y seremos teocráticos, cosmocéntricos, con un
respeto profundo al macro y micro-cosmos.
139
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
140
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
141
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
La muerte abarca todos los lados dei mundo, dei Cosmos y a todas Ias
manifestaciones de vida, incluído dios. Al ampliar los términos que remiten
a Ia muerte, los autores intentan mostrar metaforicamente Ia diversificación
de Ia depredación en el capitalismo. Es Ia muerte y el desorden frente a
Ia alternativa de orden y vida que expresa Ia sabiduría cósmica de los
pueblos indígenas. Al argumentar que se continua matando a Ias cultu-
ras, los hombres. Ia naturaleza y a dios mismo, el texto proyecta una
cosmovisión en Ia que el hombre forma parte de un todo más amplio y en
donde todo está interrelacionado dentro dei ciclo vida-muerte. El mismo
dios entra dentro de esta dinâmica. Desde esta perspectiva, el hombre
se asimila a Ia naturaleza y Ia naturaleza se asimila al hombre. Pero Ia
estrecha relación que se establece entre hombre-naturaleza-realidad
sobrenatural, también proyecta Ia función especial de sujetos liminares o
de intermediários que cumpien los chamanes en el mundo indígena.
Hugo Carrasco, al hacer un análisis sobre experiencia chamánica y dis-
curso mítico-simbólico mapuche senala que Mankián, un machi, es
Hugo Carrasco, "Experiencia Luego de exponer que Ia muerte está presente en Ias diferentes
Dhamánica y discurso mítico- manifestaciones de una realidad múltiple de Ia que se forma parte, el
simbólico mapuche" en
texto prioriza Ia explicación de como se están matando Ias culturas
Comprensión dei pensamiento
indígena a través de sus
sxpresiones ver~ba!es. Quito, El etnocidio se realiza por médio dei lavado cerebral desde el siste-
Ecuador, Abya Yala, 1994, p. 69.
ma dominante y se consolida con el consumismo, motor dei sistema
capitalista vigente, destruyendo además nuestra calidad de vida tanto
a nivel físico como espiritual.
142
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
143
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
L u e g o de p r e s e n t a r a t r a v é s d e un p a r a l e l i s m o b a s a d o en
o p o s i c i o n e s Ia c o n t i n u i d a d , p o t e n c i a l i d a d y v a l o r e s de Ia
144
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
e s p i r i t u a l i d a d i n d í g e n a f r e n t e a Ia falta de v a l o r e s , r e s p e t o ,
innposición, foraneidad y depredación occidental, terminan el apar-
tado de "Nuestra realidad" sintetizando Ia dinâmica de Ia dominación
y de Ia resistencia espiritual indígena a través de un acto de
visualización. Esa dinâmica de ir describiendo Ias diferentes caracte-
rísticas de qnien "ha hecho el dano", para luego terminar con una
visualización, que en este caso se remitió a los colores, es propia
dei ejercicio chamánico de curación.^^
Ver ei texto ya citado de
Douglas Sharon. El Chamán
En síntesis, vemos que nuestra espiritualidad originaria supervive de los cuatro vientos.
en el nnarco de Ia prolongación dei colonialismo y de Ia evangelización.
Hoy esa prolongación se hace neocolonialismo y "nueva
evangelización" al interior dei mismo sistema capitalista. Y hoy Ia re-
evangelización tiene muchos colores en una sola propuesta: "Ia
cristiana"; estos colores son: católicos, evangélicos, metodistas,
luteranos, mormones, testigos de Jehová, adventistas, entre otros.
145
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
145
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
147
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
148
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
149
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
150
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
151
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
152
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
153
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
154
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
155
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
156
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
157
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
158
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
4.15 Hacer todos los esfuerzos para dar a esta Declaración Ia mayor
difusión al interior de nuestras nacionalidades y publicar en todos
los nnedios de comunicación posibles, en Ia dimensión de los cuatro
puntos cardinales dei globo terrestre.
Que el corazón dei saber y el equilibrio que sostiene nuestra
espiritualidad animen nuestro trabajo y lucha nnilenarios.
159
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
conclusiones
Situados en un espado y un tiempo potencial, liminar y ritual de fin
de un ciclo y comienzo de otro, los autores dei texto, a través de Ia
palabra, delimitan su identidad y renombran su territorio desde el
origen, con el fin de instrumentarlo como símbolo de vida y oponerlo
a Ia muerte que significo Ia llegada de los espanoles.
La proyección de un discurso religioso opera a través de Ias oposiciones
sagrado-profano, orden-desorden, vida-muerte, todo-partes y en torno
a ellas se van tejiendo una serie de recursos argumentativos como Ias
paradojas, Ias palabras duras y suaves o Ia confrontación de tiempos y
el enfrentamiento conceptual e ideológico, con Ia finalidad de mostrar
que los pueblos indígenas son los portadores de vida, de orden, de
armonía y de Io sagrado, mientras los occidentales son portadores de
Ia muerte, dei desorden, de Io profano y de Io impuro.
Los autores dei texto se trasladan dei mundo sagrado indígena al
mundo profano occidental y van invirtiendo paulatinamente el orden,
en una dinâmica en Ia que, al mismo tiempo que se describen a sí
mismos e incorporan en el nosostros a Ias culturas afro-abyalenses,
describen a los occidentales con Ia intención de mostrar que son
ellos los depositários dei orden cósmico y por tanto los únicos que
pueden salvar a Ia humanidad de Ia depredación y dei desorden.
A través de una observación visual también podemos ver que a Io
largo de Ia argumentación discursiva aparece una y otra vez el tér-
mino Abya Yala y en Ia última parte dei texto se repite cuatro veces.
Esta imagen es instrumentada como un símbolo que, repetido cons-
tantemente a Io largo dei texto, remite al espado y tiempo originales,
expresa el nosotros y el adentro, manifiesta Io sagrado y Ia totalidad
donde un orden original prevalecia. El mismo símbolo es utilizado
para mostrar Ia fragmentación y el desorden provocado por Ia llegada
de los extranjeros. Abya Yala también es una palabra indígena que
es utilizada desde el origen para legitimarse y que remite a Ia unidad
y a Ia identidad de los pueblos indígenas, ya que es un concepto
que ha sido retomado por los movimientos indígenas para referirse
a América. La repetición constante de Abya Yala se inscribe en un
discurso ritual en el que un símbolo aglutinador o «denso» es utili-
zado con distintos sentidos para mostrar una realidad dual en Ia
que se marcan Ias oposiciones y Ias complementariedades. Ias
160
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
151
félix, gloria alicia caudillo. Imaginário - usp, n° 7, pág. 119-162, 2001
162
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
categoria que dificilmente será incluída en el terreno artistico. Aun Quintana Roo. México, 12-14
de octubre de 2000.
el concepto Artes verbales propuesto por Walter Ong Io considera
limitado. Este ejemplo basta para un terreno minado en que se
mueven a quienes interesa un campo de Ia literatura que ha sido Adolfo Colombres,
excluido o subordinado por castas literarias. Ceíebración deUen-guaje. Bs.
As. Argentina, Ediciones dei
Es notable Ia difusión de una literatura india que en otra época se sol. 1997. p. 70-71.
m e n o s p r e c i ó y calificó c o m o propia de s o c i e d a d e s ágrafas;
contribuyó, en gran medida, su clasificación como documento an-
tropológico y su deslinde con Io artistico. El aspecto medular dei
rechazo fue su proyección oral. Ia fugacidad de palabras que el viento
se llevaria, en un médio donde se enalteció Ia perennidad de Io
escrito. Hoy Io fugaz frente a Io perenne ya no constituye critério
163
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
164
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
165
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
165
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
167
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
168
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
169
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
170
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
171
maldonado, ezequiel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 163-172, 2001
Abstract: This text deals with the narrativos of Old Antonio, whose
author or cultural translator is subcommander Marcos. The narrativos
are based on an oral tradition that was later on committed to writing.
Their style is marked by the repetition of formulas or recurring phrases,
the absence of a chronological sequence, the use of the so-called
renewed improvisation and the fact that they portray the common
experience of our people.
172
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
173
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
174
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
1° de febrero de 1994
175
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
Paticha nunca fallaba, siempre venía junto. Una vez que se nos hizo
tarde pasamos Ia noche ahí y Paticha empezó com una fiebre como
a Ias seis de Ia tarde, Ia temperatura iba subiendo más. Buscamos
antipiréticos con los trabajadores de Ia salud dei pueblo, no había
nada en esse puesto, tampoco nosotros traíamos algo que sirviera
para eso. Le echamos agua fria. Ia bahábamos una y outra vez para
bajarle Ia fiebre y...nada. Debe haber sido una temperatura de 39
grados, y a esa edad nadie Ia aguanta. A Ias no sé cuantas horas de
Ia noche, Paticha se me murió en los brazos.
176
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
... Las cuatro mil mujeres que invadieron San Cristóbal el 8 de Marzo
de 1996, provenían de los puntos más recônditos de Ia geografia
rebelde de Chiapas... com todos los colores dei mundo a cuestas,
colores intensos y sin recato, ofensivos ante el gris de Ia vestimenta
de los ladinos... estaban en marcha y de fiesta. Salían a conocer, a
encontrarse entre ellas y desafiar el mundo. Qué importaban el frio,
el largo camino o los hijos en Ia espalda...
177
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
178
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
18 de enero de 1994
Senõres:
179
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
180
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
ma t e n d ê n c i a particular, v i s a n d o d e s e n v o l v e r o poder c o m u m
(pág. 168-170). Lembremos ainda que este possui uma conotação
diferente da tradicional, pois no sistema espinosiano é entendido
como reunião de potências, onde cada uma conserva sua singulari-
dade e se torna "constituinte" de uma ação mais eficaz.^
• Este tema é discutido por
Se lançarmos um novo olhar sobre o EZLN, podemos observar aconte- Antonio Negri em sua obra A
cendo nele algo do que acaba de ser descrito, desde o momento do Anomalia Selvagem.
...La guerra zapatista es sólo una parte de esa gran guerra que es Ia
lucha entre Ia memória que aspira a futuro... Esta lucha es por Ia
vida... Nuestra sangre y palabra encendieron un fuego pequehito en
Ia montaha...Hermanos y hermanas de otras razas y de otras lenguas
y mismo corazón protegieron nuestra luz y en ella bebieron sus res-
pectivos fuegos...
19 de juniio de 1998
Hermanos:
181
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
...Los vimos con todos los nombres con que José se nombra, con
los rostros de los todos que en todos los mundos lugar para todos
quieren... (EZLN, Página na Internet - Declarações, 1998).
"Mandar Obedeciendo
26 de febrero de 1994
Al pueblo de México:
182
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
Hermanos:
Vemos que son los menos los que ahora mandan. Mandan sin
obedecer...se pasan el poder dei mando, sin escuchar a los m á s . . . /
vemos que esta sinrazón de los que mandan mandando es Ia que
conduce el andar de nuestro dolor y Ia que alimenta Ia pena de
nuestros muertos. Y vemos que los que mandan mandando deben
183
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
irse lejos para que haya otra vez razón y verdad en nuestro suelo...
Es el mundo otro mundo...somos olvidados, encima nuestro caminan
Ia muerte y desprecio, somos pequenos, nuestra palabra se apaga, el
silencio lleva mucho tiempo habitando nuestra casa. LIega ya Ia hora
de hablar para nuestro corazóny para otros corazones, de Ia noche y
Ia tierra deben venir nuestros muertos, los sin rostro, los que son
montaha, que se vistan de guerra para que su voz se escuche...que
habien a otros hombres y mujeres que caminan otras tierras...
184
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
185
17
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n°7, pág. 173-194, 2001
186
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
Acho que algo disso pode ser representado pela manifestação de um entrevista que efetuou com três
líderes zapatistas: o Comandan-
membro das tantas associações civis nacionais e internacionais, co-
te Tacho, o Subcomandante
nhecidas como "Zapatizantes" — modo como, no jargão local, se cha- Marcos e o Major Moisés, no
mam todos aqueles que simpatizam com o Zapatismo e se aglutinam marco do / Encuentro Intercon-
ao redor dele — com o qual pude conviver, estando em Chiapas: tinental poria Humanidad y con-
tra el Neoliberalismo realizado
em Chiapas. durante o verão de
1996.
...Mira, creo que yo de modo parecido a otra gente, vengo a México,
no sólo porque buscamos contribuir en toda Ia labor que requiere este
rincón, como necesitan otros en el mundo. Es que aqui encuentro
algo que no hallo en outro lugar...como ya te conté, soy de Ia generación
que era joven en el 68, luchamos entonces como pudimos, unos
continuaron haciéndolo, algunos desistieron y otros tantos... se
olvidaron de aquellos ideales. Nosotros, en realidad, no hemos con-
seguido cambiar mucho Ia situación, incluso nos hemos aislado,
estamos cotidianamente dentro de un ambiente general y un conjunto
de personas con Ias que no tenemos nada que ver... yo Ia verdad, a
veces me veo muy dislocado; todo eso es insatisfactorio... da miedo.
Aunque cada vez que salgo de Espaha, para trabajar aqui junto com
alguien que piensa o tiene una experiencia más o menos igual, pero
sobre todo com quien puedo relacionarme de manera distinta, me
siento... como más entre iguales, me gusta, estoy bién. En fin, por
eso te digo que Io mio es una especie de... de "solidaridad egocêntrica"!
(Entrevista a "Rodrigo" — San Cristóbal de Ias Casas — 1998).
187
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
188
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
189
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
190
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
Así Io que hacía el Viejo Antonio, que traducía el mundo indígena para
Marcos, Io hizo Marcos para el exterior, usando los mismos recursos...
C h a m a m i n h a a t e n ç ã o q u e , m e s m o no m o m e n t o e m q u e o
Subcomandante foi tão explícito em relação à linguagem do EZLN,
não chega a dizer abertamente que toda ela ganhou um teor afetivo,
como se não percebesse^ o grande significado disto, nem de que, a
® Falo desse modo porque, em
partir de certo ponto, uma forte característica do Zapatismo é ser
verdade, parece-me que isto
discurso. Daí minha insistência em seu poderoso componente sub- não era notório para os própri-
jetivo, ainda que não esteja querendo reduzi-lo a ele. os Zapatistas, mas logo penso
que é de duvidar que algo as-
Voltando especificamente a essa disposição que contempla o outro, sim escapasse a bons estra-
podemos observar que ela buscou ser colocada em prática também tegistas. Talvez este seja uma
na relação do EZ com essa porção da sociedade nacional e interna- questão que valesse a pena in-
cional que se aproximou dele. Vimos anteriormente alguns dos moti- dagar e esclarecer futuramente.
191
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
® Por exemplo, no recente li En- lado externo teve avivado o alento e sentido de sua procura de uma vida
contro contra o Neoloberalísmo
distinta daquela em que se encontrava imerso, coisificado pelas leis do
e pela Humanidade, levado a
cabo no Brasil; ou nos protes-
mercado e provocando o desejo nele por um "mundo reencantado", o que
tos que cercaram a reunião exatamente acompanha a prática do Movimento Zapatista. O EZLN, por
o c o r r i d a e m d e z e m b r o de sua vez, através de cada um dos seus integrantes, sentiu que os de "fora"
1999, da Organização Mundi-
voltaram o olhar para ele, escutaram o que tinha a dizer, protegeram-no
al do Comércio na cidade de
Seattie, ao mesmo tempo que nas horas perigosas, atenderam-no em suas convocatórias e, de alguma
aquele se realizava em Belém forma, até hoje, seguem-no ou nele se inspiram®. Desse modo, contribu-
do Pará; também à do Fundo
em para o processo de reparação através do qual estes índios secular-
Monetário Internacional efetu-
ada no início do ano 2000. Nes-
mente negados não apenas se afastam do perigo de deixar de existir, mas
tes últimos, entre os manifes- chegam, na realidade, a ser, a ponto de dizer: Finalmente existimos!
tantes havia várias pessoas,
Em suma, vemos que a Dignidade é constituída ou fortalecida por con-
particularmente jovens, que fi-
zeram uma alusão direta ou in- frontação ou confirmação de um Outro. Em outras palavras, enquanto
direta ao Zapatismo, ao men- o governo federal, a oligarquia chiapaneca ou até parte da sociedade
cioná-lo ou cobrirem seus ros- geral — ainda sob o influxo dos preconceitos de raça ou de classe —
tos c o m os característicos
nega os zapatistas, paradoxalmente, estes mais se identificam e lutam
paliãcates.
pelo direito de definir não só a si mesmos, mas o próprio contexto em
que querem estar incluídos com outros. É, também, bastante curiosa a
maneira peculiar como o fazem: com armas mais difíceis de vencer
que as militares, propagando, ao mesmo tempo, a rebeldia, a solidari-
edade e a alegria. Isto fica sintetizado na denominação que se deu ao
conjunto deles como La Tiema Fúria, ou numa passagem relatada por
^ Como seu nome diz, consis- uma das participantes na chamada "Consulta pelo Reconhecimento
tiu numa convocatória do EZ à
dos Direitos dos Povos índios e pelo Fim da Guerra de Extermínio^:
sociedade mexicana, para co-
nhecer a posição desta a res-
peito do ponto que tem causa-
do m a i o r conflito entre os
Mi esposo y yo estuvimos en una mesa de Morelia, respondiendo Ias
zapatistas e o governo federal, preguntas de los que tenían dudas o de los que no muy bién entienden
ou seja, esse que versa sobre de que se trata esc de Ia consulta. De repente se acercó una mujer y
direito indígena. Tal escrutínio
empezó a hablar conmigo. Yo le expliqué sobre derechos y cultura
se verificou no 21 de março de
1999, tendo como resultado indígena, también de los derechos de mujeres. Luego llenó Ia boleta y
imediato a participação de Ia puso en Ia urna. Estaba tan contenta que me regaló sus zapatos,
19.000 brigadistas, 5.000 de- "disque" para que pueda seguir mi andada hasta lejos, yo como tenía
legados do EZLN, 15.000 me-
sas e o comparecimento volun-
mi par que "de por si" siempre uso, pues se los regalé. Ahora ya me
tário de aproximadamente 2,5 regreso a Chiapas, al Aguacalientes de Morelia con los zapatos de
milhões de votantes ao longo esa compahera y los mios se quedaron con ella en su Morelia. (Maribel
dos 32 Estados Mexicanos.
y Juan Diego, delegados dei EZLN en Morelia, Michoacán).
192
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
Abstract: This text, the last part of a thesis on the Zapatista movement
originated in Chiapas (México), supports the idea that in said movement
—just as in other social phenomena — there is a very powerfui element
among others aiready acknowledged that still calls for
193
garcia, laura beatriz ramírez. Imaginário - usp, n° 7, pág. 173-194, 2001
bibliografia
ESPINOSA. Coleção Os Pensadores, Seleção e tradução de textos: Marilena
Chauí, edição. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
EZLN. Documentos e Comunicados. México: Era, 1994.
. Dedaraciones. Página intemet, 1998.
GILLY, Adolfo. La Razón Ardiente. México: Era, 1997.
HARDT, Michael. Giiies Deieuze: um Aprendizado em Fiiosofia. São Paulo:
Editora 34, 1996.
HUERTA, Marta Durán (copiladora). Yo, l\^arcos. México: Ediciones dei
Milênio, 1994.
LE BOT, Yvon. EiSueno Zapatista. Barcelona: Plaza & Janés Editores S.A,
1997.
MARCUSE, Herbert. Eros e Civiiizaçào. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1999.
MATOS, Olgária C. F. A Escoia de Frani<furt:Luzes e Sombras do iiuminismo.
São Paulo: Moderna, 1993.
ROVIRA, Guiomar. i\/1ujeres de l\/laiz. México: Era, 1997.
194
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
personaje como Trujiilo, de quien se ha escrito prácticamente todo nos espanõles en Ias colonias agrí-
colas dominicanas (1939 - 1945)
Io posible, incluida Ia magnífica novela de "La Fiesta dei Chivo" que durante Ia dictadura de Trujiilo.
explora, a partir de personajes ficticios, los terrenos más tenebro-
sos, sórdidos y a veces increíbles de esta dictadura caribeha.
Cita de José Castellanos, "Trujiilo
La fascinación que ejerce entre propios y extranos ha generado
y el puebto dominicano en los últi-
decenas de investigaciones, unas cuantas novelas y un par de pelí- mos 25 anos". In: La Era de Trujiilo.
culas que han tenido como eje central un dictador que a pesar de su Coord. Abelardo Nanita. Colección
La Era de Trujiilo. 25 anos de
asesinato hace ya cuarenta anos sigue estando presente en el Historia Dominicana. Impresora
imaginario colectivo dominicano y permeando Ia vida política, cultu- Domi-nicana. Ciudad Trujiilo, 1955.
Tomo I, # 7. p. 70.
ral y social de Ia isla.
Sin embargo, esta especie de deslumbramiento no es exclusiva de
Dominicana. En América Latina, que a través de los afíos ha tenido
que ser testigo y víctima de diversas dictaduras. Ia fascinación por
el tema ha quedado plasmada en obras que han intentado recrear
el ambiente malsano, Ia represión, el miedo y el letargo que parecen
acompafíar Ias dictaduras; así "La Novela de Perón" de Tomás Eloy
Martínez, Ia descripción de Ia dictadura guatemalteca de Estrada
Cabrera que consigue Miguel Ángel Asturias en "El Sehor Presiden-
195
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
te", "Yo, el supremo" de Roa Bastos, "El Recurso dei Método" de Alejo
Carpentier... o el delírio total y Ia soledad que trasudan el dictador de
"El Otono dei Patriarca" de Márquez, son claros ejemplos dei eterno
embeleso que parece ejercer este ser omnipotente, megalómano y
despiadado llámese Trujillo, Duvalier, Stroessner o Ubico.
Estos personajes vienen a ser Ia materialización dei "Mal", hecho
que nos atrae y repele simultáneamente. Por esto, a pesar de los
anos transcurridos puede atrapar al lector Ia historia dei "Chivo",
éste macho cabrío desbordante de sexualidad y poder que coman-
dando con mano dura media isla por más de tres décadas alcanzó
fama mundial y logró colarse entre los más "connotados" tiranos dei
mundo, por supuesto con el atractivo que confiere Ias singularida-
des y excentricidades de un déspota caribeno.
La novela es médio idôneo, terreno fértil para retratar y hacernos sentir
el ambiente opresivo, Ia asfixia y el sin sentido de Ia dictadura, agudizado
por este "Jonás geográfico"^ que entraha Ia condición insular.
" Durand, Gílbert. Las estructuras
antropológicas de ío imaginario. Podomos Sentir las miradas y los oídos que acechan en cada esqui-
Ed. Taurus. Madrid, 1981, p. 228,
na y podemos comprender que una de las razones más poderosas
que provoca que las dictaduras se eternicen es el silencio y el temor
que nos va c o n v i r t i e n d o , c o n s c i e n t e o i n c o n s c i e n t e m e n t e , en
cómplices a cada uno de nosotros.
Sin embargo, en el caso dei "Chivo", Ia realidad supero a Ia ficción, de
tal manera que Vargas LIosa obvió muchos relatos verídicos que ilustran
Ia personalidad de Trujillo y su familia, por considerar que serían
inverosímiles para Ia mayoría de nosotros. Porque Ia parafernalia
trujillista fue construyendo a Io largo de 31 anos un personaje mítico,
un ser mesiánico, que por encima de los infortúnios de Ia naturaleza se
erige como el pacificador, el reconstructor de una nación, a Ia que ha
arrebatado dei infortúnio para llevarla a las "más altas cumbres de Ia
vida Occidental y Ia caridad cristiana". Este "predestinado", a decir de
su corte, es senalado desde que nace por Ia Providencia:
196
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
Es ei 24 de octubre de 1891.
Es Ia medianoche.
Todas Ias historias que se generaban en torno a su persona venían Generalísimo. Publicado en ia
primera página dei Diário La Nación
a robustecer y redondear el mito: dei 24 de octubre de 1946. Citado
por José Aimoina en: Una Satrapía
en el Caribe, Historia Puntual de Ia
Su capacidad de trabajo se convirtió en algo proverbial: a Ias cuatro Mala Vida dei Déspota Rafael
de Ia mahana se despertaba y se enteraba de todas Ias novedades, Leonidas Trujillo. Editora Cole, San-
to Domingo, 1999. p. 272.
desde Ias noticias internacionales hasta los chismes locales^ Me-
tódico y sistemático cada dia trabajaba hasta Ias siete de Ia noche y
- Crassweller, Robert. Trujillo. La
después de cenar visitaba a Ia "excelsa matrona" dona Julia y recorria trágica aventura dei poder
a pie el trayecto que Io llevaba al malecón. Era el momento en que personaL Editora Central dei Libro,
Santo Domingo, 1996. p, 91.
se discutían los asuntos y con su trato preferencial o su indiferencia
separaba los afortunados de los que iban cayendo en desgracia.
Desconfiado preferia tener a todos vigilados y controlados, dispuestos
a cualquier cosa por ganarse el favor dei Jefe.
197
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
198
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
Cada dia Ia gente esperaba con ansía el periódico para revisar con ^ - Apodo por el que era conocido
Trujillo durante su infancia.
mano temblorosa Ia sección de "El Foro Público", columna que
rezumaba el malestar de Trujillo destruyendo reputaciones y conde- ^^ Término por el que eran conocidos
nando al ostracismo a los que caían de su gracia y pasaban a los espias miembros dei Servício de
ínteiigencia Militar (SIM).
engrosar Ia funesta lista de los "desafectos"^^.
Implacable con sus enemigos idea Ia manera de deshacerse de todo Testímonio de Ia Sra Camnen CariDó.
Anarquista espafiola de origen cat^án
aquel que atenta con sus intereses. En 1956 secuestra a Jesús que se exilia en República Dominicana
Galíndez^® en Nueva York, a quien, según cuenta Ia "leyenda", le con su esposo e hija recién nacida.
hace comer una por una de Ias páginas de su tesis doctoral "La Era R ^ d e i por un período en Ia cx^onía agrí-
cola de San Juan de Ia Maguana 1941-
de Trujillo", para después arrojar a los tiburones Ia masa informe en 2. / Entrevista realizada por Paola Toires
que se había convertido su cuerpo. A Almoina, el espanol en el que en Ia Ciudad de México, enero 2001.
contra su declarado enemigo, el presidente venezolano Rómulo gama de enemigos dei régimen
según el grado de virulência, los
Betancourt, al que intenta asesinar con una jeringa llena de veneno desafectos activos, que habían
cuando transita por una concurrida calle de La Habana, y al que sido descu-biertos conspirando
contra "El Jefe" (Ia mayoría de estos
finalmente destroza Ias manos cuando un coche bomba estalla en era torturados y asesinados); los
Caracas justo cuando el automóvil presidencial pasaba por el lugar. desafectos pasivos que a pesar de
Esto, sin contar el alucinante episodio orquestado por Abbes cuando no demostrársele participación en
complot alguno no comulgaban con
envia a un despistado piloto para inundar Ias calles de Caracas con Ia dictadura (sometidos a constan-
volantes contrários a Betancourt: El piloto no encuentra Caracas y te vigi-lancia y aislados socialmen-
deja caer en tierras curazolenas miles de papeletas ante Ia mirada te) y ei nebuloso grupo de los
dudosos o indiferentes, objeto de
incrédula de los locales. sospecha por su constante
capacidad de esquivar los
Este poder absoluto y sin limitaciones aislaba a Trujillo, elevándolo compromisos con el Partido
por encima de los demás, transformado en el "Dios Padre", el "Dios Dominicano y Trujillo, compromisos
que ningún dominicano debía o
Gran Macho", que encarna el rol de protector, el "monarca paterno y
podia eludir. Vega, Bernardo. Unos
dominador"^^ y explica Ia atmosfera de culto mesiánico que se desafectos y otros en desgracia.
traducía en Ia placa que ostentaban miles de hogares dominicanos Sufnmientos en Ia dictadura de
Trujillo, Fundación Cultura!
con Ia frase "Dios y Trujillo". Dominicana. Santo Domingo, 1986.
199
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
buenos cargos durante el regimen mar- asistido exclusivamente por Dios para serio igualmente por una mano
cha hacia los Estados Unidos donde
se con-vierte en representante dei
q u e p a r e c e t o c a d a d e s d e el p r i n c i p i o d e u n a e s p e c i e d e
gobiemo vasco en ei exílio e imparte predestinación divina: Ia mano providencial de Trujillo"^^
docência en Ia Universidad de
Coiumbia, y se ie asocia con ia Agen- El dictador se convierte en Benefactor de Ia Patria y Padre de Ia
cia Central de inteiigencia (CIA) como
Patria Nueva (títulos que se Ie otorgan en reconocimiento por sus
informante. En Nueva York prepara su
tesis doctoral "La Era de Trujilfo", un hazanas) cuando desafia las inclemencias de Ia Naturaleza que,
exhaustivo estúdio sobre Ia tirania con "en diabólico aquelarre las aguas y los vientos, Santo Domingo de
información importante que pudo re-
copilar durante su época de funcionário
Guzmán, como las ciudades de Ia Escritura ha dejado de existir"^^.
público. El texto Ie valió Ia repulsa de Ante estas desgracias casi apocalípticas:
Trujillo y su secuestro el 12 de marzo
de 1956, varias de Ias personas
implicadas en ia operación fueron 'Trujillo altanero y resueito, mazela radiante de Bolívar y Carlos
desapareciendo poco después dei
Borromeo, más altivo aún en médio dei desastre que las viajas tor-
escândalo internacional. Enci-
clopédia Dominicana. Edictones ras, rudas atalayas da Ia historia, que Ia van pasar, piadoso y
Enciclopédia Dominicana, S.A.. Santo
desafiante, mazclando su acarada voz da mando a Ia orquastación
Domingo, 1976. Tomo iil, pp. 165-166.
salvaja dal huracán, Trujillo sa alza por encima dei desastre mismo,
Durand, Gílbert. Las estructuras an- tan grande como Ia propia tragédia, qua rata con supremo coraja y,
tropológicas de Io imaginarío. Edito- voluntad indomabla y constructiva, sin habar concluido aún al
rial Taurus, Madrid, 1982. p. 129
ascombra, inicia Ia portentosa obra da hacar da nuavo Ia ciudad,
El 3 de septiembre de 1930 ei asfuarzo gigantesco qua hoy sa contempla como obra da magiB".^^
Cición de San Zenón causó profun-
dos danos en ia agricultura y destrozó
unas 4,000 casas de las 7.000 que Como sehala Balaguer, Ia Providencia con el cición de 1930 marca
se encontraban disiribuidas por ia
un "parte-aguas", "cierra el ciclo dei predominio en Ia historia dei
Cfudad de Santo Domingo,
país de las fuerzas de Ia naturaleza, para abrir en cambio el dei
3r, Joaquín. "Dios y Trujíllo; predominio en Ia historia de Ia acción dei hombre que se supera en
Una interpretación realista de Ia Ia energia constructiva y en Ia voluntad creadora".^^
historia dominicana', en: La Era de
Trujillo. Compilado por Abelardo La obra civilizadora de Trujillo no se limita a Ia reconstrucción física
Nanita, Colección La Era de Trujilio.
dei país, su renovación toca todos los órdenes de Ia vida nacional:
25 anos de Historia Dominicana.
Impresora Dominicana, Ciudad
Trujillo, 1955. Tomo i, p. 61.
- Moderniza, construya urbanizaciones, carretaras, ascuelas,
^ Logroho. Arturo. "Elogio de Ia Ley dei
iglesias, ramoza las ciudades, introduca al agua potabla y Ia
11 de enero de 1936, que dispone ei alactricidad, inicia un proceso da dasarrollo da las principalas zo-
cambio de nombre de ia ciudad de San-
nas urbanas, fundamantalmanta da Santo Domingo, qua agradeci-
to Domingo de Guzmán por ei de
Ciudad Trujillo", In: La Era de Trujillo. da por su reconstrucción en 1936, raciba con beneplácito Ia lay,
Coord. Abelardo Nanita. Cole-cdón La por supuasto motivada por Ia "incasanta demanda popular",
Era de Trujilio. 25 anos de Historia
Dominicana, impresora Dominicana.
astablaciendo qua desde asa momento Ia capital dal país sa llamara
CiudadTrujilb. 1955. Tomo li, #8. p. 11. Ciudad Trujillo^^
200
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
- Pacifica un país desolado por Ias luchas entre caciques locales y ^"Ibidem, p, 12.
con "imponer el gourde haitiano, el animismo africano de Ia peor pas haitianas a Ia zona espafíola,
irwasión que finalmente se materi-
extracción". En vastas zonas dei país (como ya acontecia con Ias aliza en Ia ocupación haitiana de
zonas fronterizas), estos haitianos "cargados de hijos y enfermedades 1822 a 1844.
201
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
Colecdón de Leyes de Ia Repú- Con este objetivo en 1933 se dieta una Ley de Inmigración para
blica Dominicana, ano 1933. pp.
381-382.
reforzar los impedimentos de entrada a todos aquellos que no
p a s a r a n Ia prueba de blancura. Así: "Los indivíduos de raza
González Bíanco, Pedro. Trujillo mongólica y los naturales dei continente africano, que no sean de
o Ia Res-tauración de un Pueblo.
Ediciones Luis Sánchez Andujar.
raza caucásica, pagarán los siguientes impuestos:
Ciudad Trujülo. República
dominicana, 1946. p. 52.
1. Permiso para entrar en el territorio de Ia República Dominicana
Término utilizado por Manuel $300.00 dis.
Arturo Pena Batite (uno de los inte-
iectuales más destacados al interi- 2. Permiso para permanecer en el territorio $100.00 dls."^^ (Impuesto
or dei tru-jiílismo). para definir Ia
que fue elevado a $500.00 dis. en 1940)
situación de Ias zonas fronterizas
pobladas por nacionale
y/o sus descendientes.
Estas leyes frenaron relativamente Ia "penetración indeseable",^®
pero Ia amenaza de Ia "africanización"^^ de Ias regiones fronterizas
'^Nuncasehaesta-W 3 una cifra
precisa de los haitianos ase-sinados continuaba, y se idea una solución tajante como respuesta a esta
en los poços dias que duró Ia ope- " i n v a s i ó n s i l e n c i o s a " : en o c t u b r e de 1937 se Neva a c a b o Ia
ración, pero Ia cantidad estimada de
haitianos asesinados en territorio
"Operación El Corte". En un par de dias, de 15.000 a 2 0 . 0 0 0
dominicano oscila entre 10.000 y haitianos^^ son asesinados a machetazos por militares vestidos de
25-000. Árias Nunez. Luís, La Políti-
civil, como una manera de enmascarar una operación oficial con
ca Exterior en Ia Era de Trujillo.
PUCMM, Santiago, 1991. p. 108. visos de descontento popular ante Ia presencia haitiana. Como nota
m a c a b r a , se d i c e q u e p a r a d i s t i n g u i r e n t r e u n a p o b l a c i ó n
^ La Conferencia de Evian se realizo
mayoritariamente negra a los dominicanos de los haitianos, se le
en 1938. bajo el auspício de! gobiemo
de Rooseveit, con el objetivo de bus- pedia a todo negro "sospechoso" que pronunciara Ia palabra "perey//',
car soluciones a los miies de judios ex- término que se consideraba difícil de pronunciar para todo aquel
pulsados de Ia Alemania nazi. Duran-
te esta reunión. a manera de atenuan-
que tenía el créole como lengua materna.
te a! escândalo intemaciona! provoca-
El genocidio detuvo Ia migración, pero eso no fue suficiente: había
do por ia matanza indiscriminada de
nacionales haitianos en Dominicana, que exterminar los últimos reductos de negritud en un país en que
Trujillo se ofrecio para recibir en el país
el negro "sólo" era el haitiano y los demás eran "indios" de Ias más
unos 100.000 refugiados que serían
ubi-cados en comunas agrícolas a Ias diversas tonalidades. La oportunidad de fomentar una migración de
que se apoyaría con aperos de "razas aptas" se presenta en 1938, cuando en médio de Ias reuniones
labranza. semillas, servicios sanitarios,
de Evian, con Ia intención de solucionar Ia precaria situación de los
escuelasyviviendas.
refugiados judios de Ia Europa ocupada por los nazis, Trujillo^^ ofrece
La colonia judia de Sosúa se recibir 100.000 refugiados europeos.
caracterizo por Io exigua de su
ocupación; Los refugiados judios se asentaron en Sosúa, Ia costa norte dei
otoho de 1940
país, donde Trujillo donó 26.685 acres de terreno. El asentamiento
170 colonos
octubre 1942
era reducido^"^, pero el constante apoyo econômico proveniente de
571 los Estados Unidos le permitió Ia construcción de casas, carreteras...
202
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
c a m p o s de c o n c e n t r a c i ó n f r a n c e s e s a Ias a n t i g u a s c o l o n i a s
a de re
espanolas que ahora prodigaban amparo. De Ia tripulación de los a ia República Dominicana;
primeros barcos muchos pudieron ubicarse en el âmbito acadêmico, Nov. - Dic, 1939 1.218
sin embargo el resto fué enviados de los puertos directamente a Ias Enero - mayo 1940 1.858
diversas colonias agrícolas donde Ias inclemencias dei tiempo, Ia Total aprox. 3,076
posibilidad de partir con dirección a México, Venezuela o el Ecuador. No se conoce Ia cifra exacta de los
refugiados espanolas llegados a
Ante el fracaso de Ia migración posterior a Ia Guerra Civil espahola, Dominicana, !os dates anteriores
corresponden los que arribaban por
Trujillo implementa un ambicioso plan para traer nuevamente esparioles barcos procedentes de Francia, sin
a Ia Isla, e insiste y privilegia este tipo de migración porque: embargo muchos espatíoles lle-
garon de manera independiente.
(Âigunos autores como Vicente
"La desnacionalización de Santo Domingo, persistentemente reali- LIorens consideram que 5.000
exiliados espa-noles fueron
zada desde hace más de un sigio por el comercio con Io peor de Ia 3 en el país).
población haitiana ha hecho progresos preocupantes. Nuestro origen
racial y nuestra tradición de pueblo hispânico, no nos deben impedir
^ Es de destacar que estos son los ar-
reconocer que Ia nacionalidad se halla en peligro de desintegrarse si gumentos que se esgrimen durante Ia
no se emplean remedios drásticos para Ia amenaza que se deriva Era de Trujillo para fomentar Ia
inmigración espanola a Ia República
para ella de Ia vecindad dei pueblo haitiano. Dominicana, sin embargo esta cita cor-
responde a Joaquín Balaguer y apare-
El primer indicio de esta desnacionalización Io constituye Ia ce en su texto T a isla a! revés. Haiti y
ei destino dominicano", quien ha sido
decadencia étnica progresiva de Ia población dominicana. Pero Ia presidente de Ia República Dominicana
disminución de sus caracteres somáticos primitivos es sólo el signo en varias ocasiones (1960-1961,1966-
1978,1986-1994.1994-1996). Edito-
más visible de Ia desnacionalización dei país que va perdiendo poco ra Corripio. Santo Domingo. Novena
a poco su fisonomía espahola".^® edición. 1995. p. 44.
203
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
Informe Secretaria General dei "es fácil ver a ninas de doce y catorce arios en estado, nihos que
Ministério de información y Turis-
abusan dei ron, padres y hermanos que viven juntos en Ia misma
mo de Espana, con motivo de ia
repatriación de los espafíoles des- habitación, ninas yjóvenes fumando a todas horas; se desconocen el
de Dominicana (1956).
plato y Ia cuchara, hasta el extremo que el arroz, el plátano y Ia yuca,
El Gobiemo Dominicano había
base de Ia alimentación de Ia gente dei campo, son servidos en hojas,
estabiecido que apoyaría a los japone- y se toman aquel cereal con los dedos. Las viviendas no reúnen las
ses dotaciones de tierra. exención de
impuestos. construcción de viviendas.
condiciones precisas para que pueda vivir el espahol. Por Ia noche se
centros médicos y es-cuelas, mientras nota mucho frio en ellas, y por el dia un gran calor. Les dan tan sólo 60
que los colonos se harían cargo de los
centavos por persona (25 pesetas) y con eso tienen que comer y vivir.
gastos que generarían su traslado a Ia
isia cari-bena. A pesar de Ia generali- La vida está cara, Io único barato es el café, el ron y el tabaco".^^
zada apreciación de ser Ia migración
más exftosa durante ia "Era", un impor-
tante grupo de japoneses regresó a su Ante el desastre, Trujillo idea Ia Negada de otros colonos: 1.500
país de origen y denunciaron las con-
agricultores japoneses asentados en terrenos baldios de las zonas
diciones de vida a que estuvieron
sometidos en "campos vigilados por fronterizas y colonias agrícolas productoras de verduras y hortalizas
soldados annados y obligados a reali- en Ia región montafíosa dei centro dei país. Estos inmigrantes
zar trabajos forzados". Periódico Últi-
ma Hora, Santo Domingo, República
constituyeron el grupo que mejor se adaptó a las nuevas condiciones
Dominicana/19 de diciembre dei 2000. a pesar de las evidentes diferencias culturales.^®
204
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
una zona fronteriza caliente, salitrosa y seca, situada por debajo dei sobre Refugiados (ÍGCR). Gardiner,
Han/ey. La Política de Inmigración
mar, ante estas condiciones el grupo fue abandonando el país de dei Dictador Trujillo. Estúdio sobre
manera paulatina"^^. Ia creación de una imagen
humanitaría. UNPHU, Santo Domin-
Su defensa dei asilo humanitario a favor de los judios perseguidos go. 1979. p. 168.
más serio peligro para el tesoro espiritual de que somos herederos munista dei Generalísimo Trujillo".
In: La Era de Trujillo. Goord,
los hombres occidentales. Por eso mi Gobierno estará al lado de los Abelardo Nanita. Cole-cción La Era
Estados Unidos y colaborará con él sin reservas para poner un de Trujillo. 25 ahos de Historia
D o m i n i c a n a . I m p r e s o r a Domi-
valladar de voluntades, de pensamientos y de energia pragmática a nicana, Ciudad Trujillo, 1955. Tomo
Ia amenaza dei comunismo"."^^ i . # 7 . p. 217.
205
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
206
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
La dictadura de Trujillo sumió al país en un sopor: "Io peor de aquella Corripio, Santo Domingo, 1996. p. 65.
"Nací cuando aqui éramos todos una cosa igual. El que estúdio tenía
vergüenza o raza. El resto, éramos tó animales, burros caminando,
Trujillo hizo que progresáramos... Trujillo fue el hombre que empezó
a cobramos Ia cédula y Ia pagamos con gusto; nos puso a trabajar
diez tareas a cada hombre dominicano, para que hubiera víveres.
Usted se acostaba con dos mil pesos por ahí y nadie tenía miedo, Lora, Ana Mitila. Sepultureros dei
porque ninguno se atrevia a cucutear (revisar) los bolsillos si uno genocidio. Periódico Listín Diário,
Santo Domingo, República
estaba borracho o enfermo. Si alguien Io veia, ya estaba delatado y Dominicana. 23 de mayo de 1999.
podia perder Ia cabeza. Había respeto."^^ Págs. 14 A - 1 5 A.
207
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
208
torres, paola. Imaginário - usp, n° 7, pág. 195-209, 2001
209
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fiuviante, fluvial,
açula a atenção, isca-a com o risco.
João Cabral de Melo Neto
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
Los nuevos eclecticismos religiosos mexicanos se manifiestan como tre los 22 países encues-tados
(Campbell y Curtis 1994). En
síntesis de una memória mitológica acumulada que se nutre de sabo-
un estúdio similar realizado en
res y rituales prehispánicos, símbolos católicos y una cultura mass- 1996 en Ia ciudad de Guadala-
mediada que pone a disposición dei consumo cultural una gama de jara, esta tendencia aparece
conocimientos de tipo mágico-esotérico y que a Ia vez los conecta con también reflejada, una tercera
una red planetaria, incluso cósmica, comúnmente denominado como parte de Ia muestra se imagina
a Dios como fuerza vital y
movimiento New Age. Es una expresión globalizada de Ia religiosidad,
energia y en esta parte se re-
pero a Ia vez andada en Ias tradiciones preexistentes, que lejos de presenta Ia vida dei más allá
diluir Ias tradiciones vinculadas a Ia magia, catolicismo popular, y de como reencarnación (véase
salud basada en los conocimientos herbolarios, Ias resacralizan. Fortuny et al 2000).
211
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
En M é x i c o , s i e n d o un p a í s c u y a p o b l a c i ó n s e m a n i f i e s t a
mayoritariamente católica (90% de Ia población mexicana se defi-
ne como católica, según los resultados dei Censo Nacional de
Población 1990), en contraste con otros países de Europa y Norte
América, donde se ha estudiado este fenômeno,^ Ia secularización
Datos de Inglaterra, Espana,
Francia, EUA.
no tuvo impacto en el abandono o disminución de Ias creencias
ligadas al cristianismo, ni en los niveles de participación ritual."^
^ Los resultados de Ia Tampoco ha afectado de manera contundente, en Ia pérdida de
investigación War/d Vaiues influencia de Ia Iglesia católica, aunque algunas áreas como Ia
Survey, aplicada entre 1981 y
moral sexual se han emancipado de los valores y dogmas propios
1983, donde se comparan 22
países dei mundo, confirman dei catolicismo, y Ias costumbres familiares se han transformado
que en México, siendo un país drásticamente. Otro dato interesante es que el crecimiento de
mayoritariamente católico, ei conversiones a iglesias no católicas (protestantes, evangélicas,
catolicismo no es meramente
pentecostales o parapro-testantes), si bien es creciente, (y en
nominal sino practicante: el ín-
dice de participación en ser- algunas regiones dei país como Ia dei sureste y Ia frontera con Es-
vidos religiosos es muy aito, tados Unidos ha tenido un incremento sorprendente), en el panora-
ocupando el segundo lugar, ma nacional siguen siendo minoritárias. Lo que sí es y ha sido un
solo después de Irlanda (54%
rasgo c a r a c t e r í s t i c o dei f e n ô m e n o religioso en M é x i c o y
asiste semanalmente a misa y
75% Io hace mensual-mente, Latinoamérica, ha sido el uso y Ia apropiación popular de Ia religión.
{Cambei! y Curtis 1994). Ello en gran parte se explica por Ia persistência y dinamismo que
históricamente ha mostrado Ia religiosidad popular en México. Como
h a c e a l g u n o s afíos los s e h a l a r o n R o s t a s y D r o o g e r s , en Ia
religiosidad popular se viven permanentemente los procesos de
redefinición y reinterpretación dei sentido práctico de Ia religión; se
negocian y confrontan constantemente Ias relaciones de poder de
dominación y resistencia, tanto entre Ia iglesia oficial y los creyentes,
como entre Ias relaciones de clase:
212
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
213
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
problemas a debatir
Con respecto a los planteamientos teóricos antes revisados y los
estúdios particulares realizados sobre Ias transformaciones culturales
y religiosas que conlleva el fenômeno de Ia nebulosa esotérica en
contextos particulares detectamos algunos problemas conceptuales
y metodológicos sin resolver, que a continuación enumeramos:
1. Se busca comprender el fenômeno desde el contexto de Ia
producción dei discursos New Age, sus antecedentes y sus fuentes
de inspiración. Se atiende el carácter global de esta nueva
religiosidad sin profundizar en el papel que juegan Ias culturas po-
pulares y Ias aproximaciones locales al fenômeno de Ia nebulosa
neo esotérica, reterritorialización y Ia apropiación cultural y funcio-
nal dei mismo.
214
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
215
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
216
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
217
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
218
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
219
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
220
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
íbamos a clase tres veces por semana. Un dia nos ensehaban tarot,
otro dia lectura de cartas y caracoles. La siguiente semana ya no
nos daban esas mismas clases, sino que nos ensehaban cómo
trabajar con velas, como purificar cuarzos, los trabajos con monos y
veladoras. Entonces aprendias un poquito de todo, pero no te metias
de lleno a Io que querias aprender. Eso Io hacias en Ia práctica, por
fuera. (Entrevista con brujo tradicional HM).
221
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
El C e n t r o E s o t é r i c o K u n d a l i n i se c o n v i r t i ó en el e s p a c i o de
especialización en todo tipo de técnicas y conocimientos esotéricos.
Ahí se forma instructores y aprendices de brujería blanca. Durante Ia
investigación etnográfica sobre los brujos tradicionales y yerberos de
Guadaiajara, Gloria Cortês descubrió que Ia mayoría de ellos, aunque
habían accedido a este oficio portradición familiar, asistían a Kundalini
para especializar sus dones y conocimientos. Kundalini también se
convirtió en el proveedor local de productos necesarios para Ias
actividades de brujería: esencias, jabones, veladoras, etc. Un dato
interesante fue que no sólo los nuevos aprendices de parapsicología
asistían ahí, sino también los brujos tradicionales y los yerberos de
los m e r c a d o s se a c e r c a n a K u n d a l i n i para e s p e c i a l i z a r s u s
conocimientos y habilidades. Siendo que esta práctica se había
mantenido por herencia y tradición; en Ia medida que van incorporan-
do nuevos elementos simbólicos de este esoterismo universal (por
ejemplo, el funcionamiento de Ias cargas kármicas, el manejo de
energias. Ia invocación de mantras orientales, el conocimiento dei
funcionamiento de los chacras, etc.) van transformando sus propias
prácticas tradicionales en nuevos sincretismos neo-esotéricos.^
• Al respecto Gloria Cortes
Paíomino realizo una
investigación sobre los brujos
y Ia oferta neo esotérica en Ia relocalización en Ia dislribucion neo esoterica
Guadaiajara. como parte de su modelos para armar
tesis de Maestria en
Antropologia en el Ciesas Los objetos y servidos que forman parte de Ia nebulosa esotenca
occidente. son diversos y pasan por distintos canales de distribución. En un
primer acercamiento sobre Ia oferta neo esotérica en Guadaiajara
distinguimos cuatro tipos de espacios:
222
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
223
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
224
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
225
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
226
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
227
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
228
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
1) reliyiosidad d Id uaita
229
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
230
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
231
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
232
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
233
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
a manera de conclusiones
La nueva nebulosa esotérica abre Ias posibilidades al juego infinito
de armar nuevas formas de aproximación a Ia experiencia religiosa.
Realizar un inventario sobre los símbolos, tradiciones, prácticas y dis-
cursos presentes en Ia nebulosa esotérica es una misión imposible^\
^ ^ Un intento de inventario so-
pues es un fenômeno que se renueva dia a dia, sujeto a sujeto. Lo
bre los contenidos, tradiciones,
movimientos religiosos dei New que sí podemos definir es que el eclecticismo es su rasgo principal.
Age, se puede encontrar en
En el caso mexicano, como en el resto de Latinoamérica, una ca-
Bosca1996.
racterística de Ia riqueza cultural y de permanencia de Ia religiosidad
ha sido su carácter sincrético entre culturas autóctonas y Ias
europeas. Por ello, esta oferta neo esotérica se da sobre condiciones
culturales de sincretismo profundo. El catolicismo oficial intento des-
virtuar Ias prácticas religiosas de Ias sociedades indígenas, deno-
m i n a d o los a n t i g u o s cultos c o m o idolatria, r e d u c i e n d o sus
c o n o c i m i e n t o s a s u p e r s t i c i o n e s y p r á c t i c a s de h e c h i c e r í a
(Parker1993). A pesar de ello. Ia creatividad de los pueblos en Ia
recreación y apropiación popular dei catolicismo permitió una
resistencia histórica a los embates colonialistas. En el contexto
actual. Ia revalorización de los conocimientos esotéricos antiguos y
su vinculación con el mercado revalorizan estas prácticas y tienden
a rescatar tradiciones que parecían olvidadas o relegadas a âmbitos
marginales de Ia vida social para proyectarlas como parte de una
sabiduría cósmica y vanguardista.
Las religiosidades latinoamericanas han gozado de hegemonia cul-
tural dado el uso popular de Ia religión, no sólo dei catolicismo; in-
cluso recientemente se han apropiado dei protestantismo, generando
nuevas versiones autóctonas de pentecostalismo. Portanto, en estos
contextos culturales, en contraste con lo que sucede en algunos
países europeos donde se ha estudiado el impacto de Ia religiosidad
neo esotérica, ésta, lejos de estar fuera de las grandes instituciones
de Ia religión, se sitúa en los interstícios entre el dogma y Ia
continuidad histórica, pero renovada, de exploración de nuevas vias
de experimentación de lo sagrado. Aunque las prácticas de consu-
mo y experimentación de lo sagrado por médio de las ofertas neo
esotéricas se dan en una posición de exterioridad a Ia comunidad
católica, Ia atraviesa. Ia renueva y Ia transforma. De igual manera
que lo ha hecho el sincretismo, pues quienes las integran son cató-
234
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
235
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
236
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
237
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
references, that is, those intersection points between the local and the
global, the traditional and the new phenomena.
bibliografia
APPADURAI, Arjun. "Introducción: Ias Mercancías y Ia Política dei Valor". In
APPADURAI, A. (ed.). La Vida Social de Ias Cosas. Perspectiva Cultural
de ias Mercancias. Colección Los Noventa. México: CONACULTA/
Grijaibo, p. 17-87, 1991.
ARANGUREN, José Luis. "La Religión Hoy". In Díaz Salazar, Ginery Velasco
(eds.). Formasl\/lodernas de Religión. Madrid: Alianza Universidad, 1994.
BARKER, Eileen. New Reiigious Movements: A Practicai introduction.
London: Her Majesty Stationary Office, 1992.
BOSCA, Roberto. New Age. La Utopia Religiosa de Fin de Sigio. Buenos
Aires/México: Atiántida/Océano, 1994.
CAMPBELL, Robert y CURTIS, James. "Reiigious Involvement Across
Societie: Analyses for Alternativo Measures in National Surveys". In
Journai for the Scientific Study of Religión, vol. 3, n° 33, p. 215-229,
1994.
CANCLINi, Néstor Garcia. El Consumo Cultural en México. México:
CONACULTA, 1993.
CAROZZI, Maria Julia. "La Autonomia como Religión: Ia New Age". In
Aiteridades. Antropologia de ios l\/lovimientos Religiosos, ano 9, n° 18
Julio-diciembre, México: UNAM Iztapalapa, p. 19-38, 1999.
CHAMPION, Françoise & HERVIEU-LÉGER, Daniéle. De Uémotion en
Reiigion. Renoveaux et Traditions. Paris: Centurion, 1990.
CHAMPION, Françoise. "Persona Religiosa Fluctuante, Eclecticismo y
S i n c r e t i s m o s " . In D E L U M E A U , Jean (dir). Ei Hecho Religioso.
Enciclopédia de ias Grandes Reiigiones. Madrid: Alianza Editorial, p.
705-737, 1995.
ELLWOOD, Robert. "How New is the New Age". In LEWIS, James R. y
MELTON, J. Gordon (eds.). Perspectives on the New Age. N. Y: State
University of New York Press, 1992.
FORTUNY, Patricia et ai. Creyentes y Creencias en Guadalajara. México:
CIESAS/Conaculta/INAH, 2000.
238
torre, renée de Ia e mora, josé manuel. Imaginário - usp, n° 7, pág. 211-239, 2001
239
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
etnográficos que muestran Ia importancia de otros factores (Ia edad, tro dei proyecto titulado; "Antropologia
urbana en Áviía y Évora. La
el parentesco. Ia generación o el estatus marital) en Ia construcción construcción sodaiy simòóiica de dos
dei rango. Además hombre y mujer no forman categorias fijas y eter- ciudadeá'. Una primara versión fue
preparada para participar en el curso
nas sino que cambian a Io largo de Ias vidas de Ia gente. Por ello,
de verano de Ei Esconal Nuevos obje-
hay que hacer una distinción entre Ia representación simbólica de Io tivos de iguaidad en ei sigio XXi: ias
femenino y Io masculino y Ia conducta concreta y real de hombres y relaciones entre hombres y mujeres
dirigido por M^ Angeles Durán. Sobre
mujeres individuales, algo que han sefialado vários autores (Ortner y Ia mitologia de Ávila véase M. Cátedra
Whitehead eds. 1981). La concepción dei gênero como un sistema (1995.1997a y 1997b) y M. Cátedra y
S. de Ta pia. 1997. Una primera
simbólico proporciona metáforas para Ia clasificación de Ias personas
aproximación a ia mitologia sobre
entre sí y en el sistema social. Es este un sistema de diferenciación, Évora se ha publicado redentemente:
pero hay que enfrentar este sistema a Ia práctica social. ^ Ei ongen de Ias ciudades; ia invendón
de Ia tradícíón en Ávila y en Évora",
El genero debería ser considerado como algo mucho más complejo Actas dei Vlil Congreso de Antropo-
logia de Santiago de Compostela 1999,
de Io que hemos supuesto. La creencia en Ia sociedad patriarcal o A. Medeirosed.). Otra se publicará pro-
matriarcal (-nótese su estatus de creencia-) asume un modelo de ximamente ("Évora:fosmitos de origen
sociedad donde se dan jerarquías rígidas, donde no hay ambigüedad de una ciudad").
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
3 Las dicotomías clásicas asociadas y donde hay critérios concretos para asignar su rango a todo
a Ia diferencia sexual para explicar ia
desiguaidad (público/doméstico, cul-
individuo. No hay escalas simples y nitidas para clasificar a hombres
tura/natura, producción/reproducción) y mujeres. Si definimos las diferencias a base de valores o control o
son parte dei discurso filosófico de
fortaleza tendremos que aceptar que el fuerte no siempre Io es y el
Occidente. Se ha demostrado (Jorda-
nova 1980. Bloch &Bloch 1980) que subordinado Io es en ciertas areas y otras no, y que los valores
Ia dicotomía cultura/naturaleza no es positivos y negativos no conocen fronteras sexuales y se encarnan
una dicotomía universal sino que
proviene dei discurso filosófico
en everybody literalmente, cada cuerpo.
europeo dentro de un contexto cultu-
ral e histórico concreto (Rousseau y
En las lineas que siguen, pretendo ilustrar Ia ambigüedad de nuestras
ia ilustración). Ambos artículos clasificaciones de gênero a través de los mitos de las ciudades.
provienen dei libro Nature, Culture
Ambos sexos aparecen reflejados en los textos de fundación de las
and Gender (MacCormack &
Strathem eds., 1980) que marca un ciudades, a u n q u e luego ellas vayan sistemáticamente desa-
hito en el estúdio de gênero en parecendo. Y especialmente se aprecia Ia participación femenina,
antropologia. Strathem plantea en
este texto que el gênero es un siste-
quizá porque el nacimiento de una ciudad es de hecho un nacimiento,
ma simbólico. Otra aportación im- algo que se asocia fundamentalmente a las mujeres. La mitologia
portante es Ia de Ortner &
de las ciudades que se forja entre los siglos XVI-XVIII, es posterior-
Whitehead (eds.) 1981, Véase F.
Pine (1996) para una más amplia mente despreciada y abandonada por los historiadores dei XIX, tras
discusión sobre ei tema. Ia revisión y crítica racionalista a que se Ia somete, pero éstos ofrecen
poco a cambio. En este ensayo voy a tratar de analizar los mitos de
La f u n d a c i ó n de Ia ciudad
dos ciudades, Ávila en Castilia y Évora en el Alentejo português.
constituye una referencia cronológi-
ca, es Ia clave de Ia historia de Ia
Estas dos ciudades muestran interesantes coincidências. Tras un
ciudad, el punto de partida
mitolóiogico. Pero no hay una sola pasado romano, más evidente en Évora que en Ávila, fueron recon-
fundación sino varias; esas historias quistadas más o menos en Ia misma época a los moros. El fuero de
se crean continuamente y en dife-
Ávila es conocido por el de Évora que fue una copia dei primero. Hoy
rentes épocas; ei mito, por
definición, es a-temporal. Por ello ambas ciudades tienen una población cercana a los 50.000 habitan-
también aparecerán aqui y allá tes, conservan sus murallas, y en los dos casos son Patrimonio de Ia
algunas referencias y continuidades
dei presente. El material de Ávila
Humanidad. A Ávila se Ia conoce hoy como La Ciudad de los Santos
proviene de varias fuentes, historias y a Évora se Ia llama La Ciudad de las Iglesias. Sus respectivos
de Ia ciudad que aparecen entre
p a t r o n o s , San S e g u n d o y S a n Maneio, p r i m e r o s o b i s p o s
mediados dei sigio Xllly comienzos
dei XVil. Sin embargo hay dos do- contemporâneos de Cristo, fueron inventados en el sigIo XVI. Otros
cumentos esen-ciales: La Crônica tres santos, Vicente, Sabina y Cristeta, nacidos en Évora, sufrieron
de Ia Población de Ávila (Gomez
Moreno 1943) y el libro de Luys Ariz,
martirio en Ávila y allí tienen un magnífico templo a ellos dedicado.
Historia de las Grandezas de Ia
He escogido vários escenarios míticos que corresponden a otros
Ciudad de Auila. El primero es Ia
historia más antigua de Ávila, una tantos problemas básicos en torno al tema de los sexos: Ia fundación
breve obra escrita hacia 1256 de mítica de las c i u d a d e s — en el c o m i e n z o dei m u n d o —, Ia
autor anônimo. El segundo es el
extenso texto de un monja bene-
participación femenina en época bélica — las mujeres guerreras —
dictino, gran fabulador, quien en y el role de Ia mujer ambigua expresada por Ia figura de santa
1607 recrea y resume Ia historia
Barbada -las santas varoniles —
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
de Ávila^. La ciudad lleva el nombre de su madre, Ávila, una noble lores de una sociedad que se dirige
a Ia modernidad. Los textos sobre
mujer, senora de Gibraltar, que conoció a Hercules en el norte de África. Évora provienen dei sigIo XVI y XVIiL
Ambos se enamoraron y Ávila le invitó a su palacio. Ambos se hacen Personaje ciave fue André de
Resende quíen publico en 1553 y
regalos; Hércules repartió entre los escuderos y familias de Ávila, ar- 1576 Ia primera historia de Ia ciudad.
cos de acero, dardos de Creta y armaduras. Ávila le correspondió con Sin embargo son ios escritores dei
treinta ciervos, treinta puercos, cincuenta vacas, pan en abundancia, XViii Manuel Fialho (Franco 1945)
o Amador Patrício (1739) los que
dos grandes canes y seis caballos para Júpiter y sus cinco caudillos. más contribuyen a ia construcción
Hércules permaneció en el palacio durante cincuenta dias y después de Ia mitologia de Évora,
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
torre hasta una ventana donde estaba dormitando Ia hija dei moro palabras: ''La ciudad de Auila bien
con razón será pendolada entre las
encargada de Ia vela mientras su padre dormia. Giraldo cogió a Ia másAntiguas de las Espanas, ca fue
joven y Ia arrojo desde Io alto de Ia torre, sorprendió al moro durmiendo an-tiguamente fundada por vn noble
Caudiüo, fijo de Hercules, que arríbó
y le cortó Ia cabeza. Hizo Io mismo con su hija y volvió con sus
desde Africei'. Caro Baroja (1987) se
companeros con ambas cabezas en Ia mano. En Ia atalaya hicieron ha referido a ia literatura sobre tos
senales de Ia presencia de cristianos fuera de Ia ciudad, por Io que orígenes de las ciudades y puebíos,
una actividad antigua que se
los moros salieron de Ia ciudad en su busca, dejando Ias puertas encuentra ya en los logógrafos
abiertas. Giraldo entró en Ia ciudad con su gente y se apoderó de ella griegos de! sigio V! a. C. y continúa
con facilidad. Luego mandó una embajada al rey comunicándole Ia en Ia Edad Media yen el Renadmiento.
En el sigfo XV) y XVI! Ia tradidón anónirm
toma de Ia ciudad y pidiendo su perdón. El rey le nombró alcalde pasa a ser erudita y conjetural.
mayor de Évora. En Ia divisa de Ia ciudad se ve a un caballero arma-
do a caballo, con Ia espada levantada y dos cabezas cortadas, una
Precisamente ía fundación de
de hombre y otra de mujer. Hay quien considera que esta figura re- ciudades es una de ias tareas típi-
presenta a Santiago matando moros y otros a Évora y Evorinho. cas de todo tipo de héroes. Como
ha indicado Fuste! de Coulanges en
La ciudad Antigua. Ia historia en
realidad era historia sagrada y fo-
Las ciudades que no contaban como fundador con un héroe "histó- (que pasará a los romanos y se
mantendrá en el ceremonial de Ia
rico" se inventaron uno cuya imagen se componía de diferentes Edad Media) es etrusca, y tiene es-
retazos de mitos^°. La figura de Hércules es una de las más comunes tas fases: adivinación. deiimitación,
en el supuesto origen de varias ciudades espanolas. Este héroe deposición de relíquias, orientación
y cuarte-iación. Sobre los rituales de
está asociado a Ia fuerza y a Ia valentia, valores importantes en Ia fundación véase Rykwert (1985
convulsa sociedad de frontera que representa el pasado de Ávila. [1976]) al que sigo en estas páginas.
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
Ia lucha con su tio Magonio y Ia guerra entre africanos e hispanos. visible de una c i u d a d . S e g ú n
Zumthor (1984) estos modelos
Pero fundamentalmente aparece en Ia mitologia de Évora, mediante medievaies se aiimentan de una
Ia lucha y Ia muerte entre los hermanos Évora y Evorinho que se corriente arquetí-pica que
determinan Ia imaginación y Ia
disputan Ia herencia familiar entre otras posesiones Ia preeminencia
pafabra: cierre (aisiamiento). soli-
de Io masculino o Io femenino. Al morir ambos, el conflicto se evita, dez (seguridad) y ver-ticalidad
no se resuelve, quizá porque Ia guerra de los sexos y los parientes es (grandeza y poder). La ciudad se
asienta sola, sólida y segura en una
irresoluble. Y, finalmente, también aparece Ia muerte de padre e hija Creación cuyas tradiciones
moros en Ia reconquista de Évora por Giraldo sem pavor Nótese Ia denuncian Ia d e b i l i d a d y ia
fugacidad. Su centralidad
similitud de Ia muerte de ambas parejas de parientes por Ia posesión
desmiente el salvajísmo (Ia
de Ia ciudad (los dos hermanos se matan entre sí, padre e hija son ruralidad); es espacio de íranquicia
masacrados por Giraldo). Las dos escenas tienen lugar en Io alto de y centro de poder (muros, torres,
atalayas). Alta como el cielo y po-
una torre; Évora muere por el intento de Evorinho de arrojaria desde derosa y temible como una voluntad
Ia torre; Ia mora es efectivamente arrojada desde Io alto por Giraldo^^. sobrenatural.
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
dei gobernador, en ausência de éste. Mientras los moros, creyendo pa-ginación 202-6 dei facsimil. Ei
episodio de Ximena no aparece en
a Ia ciudad desamparada, sin gente y sin caudillo, hacen planes las fuentes usuales anteriores (ia
para asaltarla, ya que allí había «grandes aueres, e muchos Moros Crônica, en el Epílogo de Ayora, ni
en Cianca),
en cautiberio, e que les seria de gran honor ganar tan fuerte Ciudad».
Al conocer estos planes, Ximena "viajaua de Ruas en Ruas, de mo-
rada en morada, contando las gentes e vasteciendolas de pan, de
carnes, faciendolas plegarias, non se fugiessen, e que ouiessen
osadía de bien defender su Ciudad'. Ella misma repartió armas y
alimentos. Un mensajero anuncio Ia Negada de los moros a las tierras
de Ávila para el dia siguiente procedentes de Toledo. "E Ximena no
se turbó, nin tomó pauor, ca ya auia puesto Dios en su coraçon gran
ossadía, ca no semejaua fembra: saluo fuerte Caudillo... e prendió
las llaves de las puertas de Ia ciudad'. Mandó a uno de sus hombres
con un grupo que espiase al enemigo, hacer hogueras en calles y
plazas y hacer sonar las trompas en diferentes lugares para simular
diferentes frentes. X i m e n a p e r m a n e c i ó en vela esa noche y
comprobando que los centinelas estaban en su lugar. Al aiba llamó
a sus tres hijas y dos nueras y las mandó vestir de varón. Al frente
de todas ellas Ximena harengó al grupo de hombres y mujeres que
"planguiendo" se habían concentrado en el Mercado Chico. " E vos
digo que tales fembras viajaron contra sus moradas, con gran presura, e
las que fallaban armaduras, se armaban e las que non, se armaban
con bragas e vestiduras de homes, e cubrían sus cabelleras con
Sombrero^\ Ximena, «con tal compana», coloco a cada una de las
mujeres sobre las murallas, y aunque había "poços homes asemejaua
auermucho^\ Visto este panorama por los moros que se acercaron
a Ia ciudad no se atrevieron a asaltarla y huyeron. Ximena, sus hijas
y su "compafía" se reunieron a comer y después en procesión
recorrieron algunos templos de Ia ciudad. Poco después empezaron
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
241
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
Pero una cosa es Ia guerra y otra Ia paz. Un hecho extraordinário de Ariz II: 55: "ca les fue fecha
grada... que Ias fernbras
este tipo es también Ia excepción que confirma Ia regia. Nótese que, descendientes de tal duena
como prêmio a su gesta, se le concede a Ximena y sus descendientes Ximena entrassen en concejo, e
fablasen e votasen bien ansícomo
un privilegio masculino: el voto en Concejo. Tal privilegio debió ser sus maridos, e non les fuesse ne-
excesivo para sus propios maridos quienes no tardaron en pedir Ia gada Ia entrada en ia casa e Corra!
revocación de ese derecho, colocando a Ia mujer "en su lugar"^^. de concejo, a todas, en ningün
tiempo e ora que ouiesse junta de
Sin embargo, Ia imagen de los cinco sombreros ha quedado fijada caualleros, escuderos e homes
en el escudo de Ia ciudad buenos, Esta grada y merced les
fue fecha por Ia fazaíia que ficiera
El opuesto de Ia actitud heróica de Ximena Io constituye Ia traición con sus hijasynueras contra el po-
der dei Rey Moro...con nueue mil
de Aja Galiana. Mientras Ximena lucha contra el enemigo. Aja se
Moros". Pero díce Ariz poco
casa con éste. Esta historia avisa de los peligros de casarse con después: "otrosí que en elcon-cejo,
miembros dei otro grupo despreciando el propio. Nótese que am- onde se faze Ayuntamiento. non
en-trassen... ninguna fem-bra a
bos, Naivillos y Aja, están prometidos a alguien de los suyos y rompen votar...e que re-nunciasen para
esa promesa. La moral de Ia historia es que el matrimonio debe dende en ayuso...e! derecho que
auien, en tal razón e diessen por
realizarse entre los dei mismo grupo, etnia y religión. La historia, sin
ninguna Ia cédula e preuilegio Reat
embargo, da cuenta de los estrechos vínculos de interacción, relación
y alianza con los islâmicos, que incluye el tutelaje de Ia doncella No es Ia única vez que una mujer
mora y su matrimonio cristiano, a d e m á s de visitas mutuas, salva ía ciudad con similar treta.
Vários siglos después, en Ia guerra
participación en juegos y torneos, comensalidad, etc. Guando el
civil espanola, una mujer con as-
padre de Naivillos se duele dei matrimonio de su hijo, su hermano le pecto de campesina ímpide Ia en-
recuerda que "ca Aja es de sangre de Reyes" Io que indica que, en trada de! ejércíío rojo en Ávila. Hay
cierta duda de quien fue realmente
ese momento, es tan importante al menos el estatus social como Ia Ia mujer (unos dicen que Santa Te-
procedencia étnica^^. Quizá aún más importante es Ia propia resa y otros Ia Virgen de Sonsoles)
que, en este caso. desde afuera,
declaración de amor de Naivillos que sugiere Ia posibilidad dei cam-
salvo a los de dentro. Una abulense
bio étnico; si Aja no se vuelve cristiana: "é/ se tornaria Moro por su me contaba así Ia historia: "Duran-
Amor, e se desnaturalizara de Castilia e se faria vasallo dei Rey de te Ia guerra civil. Ávila estaba des-
protegida, no había ejerato, armas,
Cordoua". Todo un ejemplo de Ias lábiles y permeables fronteras nada de nada, aunque eso st, se
entre ambos grupos. liquidaban a los de Ia cascara
amarga, es decir, los de izquierdas
Pero también el relato plantea Ia dificultad de Ia relación, Ia o anticlericales. En estas que
apareció por el alto de Sonsoles un
imposibilidad de una unión duradera, su trágico desenlace. Aja no
ejército de rojos dis-puestos a to-
logra una verdadera conversión, no puede olvidar sus raíces; baila mar Ávila y les salió ai paso una
a Ia "a Ia vsança de Ia morería" y reconoce y se alegra con los suyos. viejecita que les pre-guntó
"iDónde vais?". "-A tomar Ávila '.
En esta parte de Ia historia se han erigido murallas simbólicas entre Y Ia viejecita les dijo: 'Vyyy. no os
ambos grupos. Nótese que Ariz, que describe Ia leyenda, publica su Io recorniendo, yo que vosotros me
daria Ia vuelta, porque está llena
libro en 1607 en Ias vísperas de expulsión de los moriscos. Revela de soldados y de armas, os van a
pues Ia intolerância que existe hacia éstos que se ha ido gestando liquidar". El ejército. temeroso de
en los siglos XV y XVI. Ia derrota que les augu-raba Ia
253
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
I siguió los consejos de ésta. Mientras Ia historia de Ximena Blázquez aparece a finales dei sigio
Se cree que dicha figura era en
reaüdad Ia Virgen de Sonsoles que
XVI y a través especialmente de Ariz, Ia de Naivillos está consigna-
tomó esa forma para defender Ia da desde Ias primeras c r ô n i c a s . No o b s t a n t e , hay c â m b i o s
ciudad de los ro/os".Un pio escritor
interesantes y significativos. La Crônica de Ia Población en el sigIo
narra brevemente ia historia: "Tanim-
ponente sigue siendo ei aspecto de XIII describe esta leyenda de muy diferente manera. En esa historia
Ias mu-rallas de Ávila, que durante no hay constancia alguna de que Ia mujer de Enaluillo sea mora y ni
nuestra guerra de liberación nacio-
nal, bastó para intimidar al coronel
siquiera aparece el nombre de Aja Galiana; Ia mujer de Enaivillo no
Mangada, cabe-cilia de Ias milícias tiene nombre ^^. Así pues Ia historia trata sobre una esposa cristiana
rojas de Madríd. Verdad que anduvo
infiel y no sobre una mora. Obviamente se trata de dos versiones de
en ello cierta campesina de Ia sierra,
en quien Ia fe popular ve a Santa Ia misma leyenda separadas por más de tres siglos. ^Qué puede
Teresa o a Ia misma Virgen de Son- significar esta diferencia de identidad étnica entre Ia esposa cristiana
soles. que tiene su santuarío en el
Valle Amblés'. Ernesto La Orden.
de Enalviello y Ia mora Aja de Naivillos? Esto parece indicar que en
1953. p. 5. el sigIo XIII era considerado razonable el trasvase étnico, Ia
conversión al islamismo y Ia adopción de formas de vida islâmicas.
Exactamente ie dica que no es ei
La toponimia ha dejado abundantes ejemplos de pueblos fundados
primar nobie "...ca marido con Mora,
ca Carlos, seriar de Burdeos, en con individuos y grupos que sufrieron estos trasvases culturales y a
Gascuna marido con oira Galiana los que se d e n o m i n a b a Tornadizos, Torneros, Terneruelos y
Mora, fija de Galafre, rey de Toledo:
otrosi layme Ximenez de Guesca,
Verzemuel^"^. Y quizá a finales dei XVI, un trasvase de este tipo era
buen Cauallero en Aragón... marido poco comprensible; si Ia mujer se alia con los moros es por que ella
con Fátima Aluarracina Mora. su
misma debe ser mora.
prisionera, sobrina dei Rey de Denia.
e Ia tomó Chnstiana, por mandar con El suceso de Naivillos es muy similar al poema Miragoia, que se
ella. E bien sabedes ca los
descendientes de Mudarra Gonçalez.
asocia con Ramiro II de León. Este joven rey enamorado de Ortiga,
non se amenguan por descender de hermana dei moro AIboacer, Ia rapta y Ia bautiza en León. AIboacer
Ia hermana dei Rey Almançor de
se venga raptando a su vez a Ia esposa de Ramiro, Dona Aldora.
Cordoua..."'. De este párrafo se des-
prende que !a situación de Naiviiios Ramiro intentará Ia liberación de su esposa, pero esta, resentida,
no era insóiita entre ios nobies que se aliará con AIboacer para entregarle el esposo infiel. Ramiro logra
marídan a su vez con mujeres moras
deian
sortear el peligro y huye junto con su esposa a Ia que arrojará al mar
(Belmonte, 1986: 80). Esta leyenda plantea una situación más
La Crônica indica que el senor de igualitaria en Ia que Ia traición de Ia esposa es fruto de una
Talavera, "con una gran campana de
moros e corríó Auila e falidos segu-
comprensible venganza.
ros e leuaron quanto fallaron de
fuera e seDaladamente leuó ia
A pesar dei carácter guerrero que muestra Ximena, en esta escena
muger de Enaluillo e cassose el aparece ya claramente Ia estratificación social asociada a Ias mujeres
moro con ella'. Ante este rapto,
y a los islâmicos. El caso de Aja Galiana (o Ia mujer de Enalviello)
Enaivillo decidió ir a rescatar a su es-
posa a Talavera. junto con cincuenta muestra Ia mayor facilidad de Ia mujer para traspasar los grupos
caballeros abulenses, a ios que étnicos. Pero el desenlace de ambas historias evoca Ia frustración
mando esconder en aigún lugar de
esta ciudad. Disfrazado de vendedor
de los indicios de protagonismo, independencia y derechos de Ias
de yeruá' se acerco ai atacar de mujeres. Sin embargo, todavia hay una tercera via. Ia santidad.
254
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
escena III. Ias santas varoniles: santa barbada su enemigo donde estaba su mujer
quien. aunque mostró poco entusi-
asmo por su celoso saivador, Io
Ávila es conocida, aparte de sus murallas, por sus santos, y especi-
escondió. Siri embargo, "e! moro
almente por Ia patrona de Ia ciudad, Santa Teresa, Ia más conocida echosse con ella en Ia cama, e en
vecina, Ia «paisana» más distinguida y Ia mejor embajadora de Ia faztendo sus deportes, o/u/dó e!
amor de Enaluieild\ Ei moro le
ciudad hacia el mundo exterior. Mucho menos conocido y central es prornetió Ia mitad de su senorío y elia
el patrón de Ia ciudad y su primer obispo, San Segundo, un Padre entrego a su marido. Se le condena
a morirquemado pero Enaluielio pide
Apostólico que divulga el Evangelio en el sigio I, una figura oscura
como gracia antes de morir poder to-
y en cierto modo irónica^^ Su ermita románica se encuentra en Ia car su bocina. Al oir Ia seria, los
barriada dei Puente, un antiguo arrabal industrial de extramuros, cabalíeros escondidos "vinieron ferir
en ios morai y éstos, que estaban
junto al rio Adaja. En esta misma ermita, en un sepulcro bajo, un desarmados, mueren en masa. Ei
altar lateral a Ia derecha dei altar mayor es donde se supone está moro y ia mujer son quemados vivos.
Ayora sigue fielmente ia Crônica y
enterrada una extrana santa, Santa Barbada. Su tumba está guar- dica así;" hombre muysubtií de guer-
dada por una recia reja que una mujer noble le dedico en 1547. ra. Hamado Enaluiellos...y éí ouo
Aunque hoy es prácticamente una desconocida, en 1519 se Ia venganza de su muger, y de! sefíor
de Taiauera. que ia hauia levado
consideraba una de los ''maraviUosospatroneá' de Ia ciudad^®; ironias captiua yla tenía por mancebá Ayo-
dei destino. Santa Teresa sustituirá a Santa Barbada en este ra. 1519 (Ed, A, dei Riego 1851:25).
Paula, una doncella labradora de Ia aldea de Cardenosa, a dos topónimos citados, es innegabie Ia
permanencia continuada de
léguas de Ia ciudad, acudia con frecuencia a Ia ciudad a rezar a Ia población de origen cristiano y
ermita de San Segundo. La doncella que «ass/ como era hermosa después convertida ai isiamismo,
por un ''cauallerd que ''con demasiada y torpe afídón pretendia Los abulenses visitan su ermita el
gozarlá' y que Ia requeria ''con palabras lascibasy amorosas. A Ias dia de su fiesta y soiicitan tres deseos,
quales Ia santa VIrgen respondió varonilmente despredando todas de los que eí santo concede uno. Esto
se realiza introduciendo Ia mano con
sus blandurasypromesaé\ El caballero intento ganar su voluntad y un panueio por un agujero lateral en
al no tener êxito « violentamente el onor desta santa virgen queria ia base de Ia estatua dei santo. Este
quitar». Un dia en su camino a Ia ermita de San Segundo para rea- culto milagrero y popular en Ia
actuaiidad no concuerda con su re-
lizar sus devociones, reconoce y es reconocida en Ia lejania por el levante papel oficial en Ia ciudad ni
inoportuno caballero que habia salido de caza y que, en su caballo. con su importante significación his-
tórica. Sobre este santo véase Cáte-
Ia persigue. La joven apretando el paso entra en Ia ermita rural de dra 1997a. Me he referido a santa
San Lorenzo y alli, puesto que ''estimaua mas Ia hermosura dei alma Barbada en 1997a y 1997b.
espessa ytan compuesta como si fuera varórí' con Ia que despista La historia Ia des-criben tres au-
y burla al caballero. Guando éste entra ''dego y desatinadd en el tores en los siglos XVI Y XVII:
recinto de Ia ermita, encuentra a Ia barbuda doncella quien, a Ia Cianca en 1595, el Padre Ariz en
255
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
1607 y Fernandez de Vaiencia en pregunta dei caballero, contesta que nadie más que su persqna había
1676. La descripción que sigue es
estado allí. El caballero mirando toda Ia iglesia "y no Ia viendo...
una rnezcla de e
tomó su cabal Io y ç^minó su camlno".
En el sitio donde al parecer Paula estuvo sentada se hizo «una
caplllica» arrimada a Ia iglesia. Parece ser que Ia veta de Ia pena
donde estuvo sentada Paula formaba una perfecta cruz donde Ia
santa se arrodiliaba y hacía oración, después llamada Ia Peíia de
Santa Barbada. La joven, que en adelante se llamó Santa Barbada,
hizo vida de penitencia hasta el final de sus dias, viviendo junto a Ia
ermita de San Segundo donde fue enterrada^®.
^ De esta tradición existia un retabio
en San Lorenzo en que se narraba Ia La primera mención de Barbada es en 1519, pero realmente no se
historia, hoy desaparecido. El sepul-
cro de Santa Barbada tiene una losa
sabe cuando vive Ia santa. Hay quien Ia situa en torno al ano 1060,
con una leyenda (hoy borrada) en que en el ano 300; más adelante otros autores hablan vagamente dei
se indica su enterramiento: ésta es
sigIo III y el VII. Esta diversidad de fechas indica que en cierta forma
una prueba para todos los autores de
su exístencia. Pero además hay res- Ia santa es intemporal. Conforme van pasando los anos, diversos
tos de Ia propia santa; ios cofrades de autores tratan Ia historia de Ia doncella barbuda y ahaden algunos
San Segundo mostraron mucho ceio
en testificar y cuidar de sus tesoros.
detalles. Por ejemplo, unos dicen que Ia santa venía a visitar los
entre ellos ciertas relíquias de cuerpos santos de las iglesias ciudadanas, mientras otros opinan que
Barbada. Un testimonio de 1543 indi- además aprovechaba para asistir al mecado semanal. Lo que sí hacen
ca que "en un relicario de plata... está
una canüía entera de Ia senora santa
todos es aludir a una diferencia de clase entre Ia doncella campesina
Barbada y un pedazo de otra canilla. y el caballero ciudadano que es « vn gentil hombre Moço y cudizioso».
y un colmilío dei senor San Segun-
La figura de Ia santa va tomando diferentes roles por ejemplo una
do: que son tres relíquias las cuales
están dentro dei dicho relicario de especie de monja: ("para libraria de Ia torpe y lasciva pretensión de un
plata. Y habiendo abierto un cofrecito noble, aunque imprudente mancebo que pretendia ciegamente violar
de marflí tum-bado, que se halló un
pedazo de Lignun Crucis entre otras
Ia preciosa joya de su virginidad por médio dei poder y Ia violência...
reliquias... Otrosi. están en el dicho En tan peligroso lance acudió el divino Esposo a favorecera su sierva»).
cofrecito tres güesos de Ia cabeza de También se indica que Ia ermita de San "Lorencid' albergo a su lado
senora santa Barbada, los dos
mayores y otro pequefio dei cuerpo
Ia estancia de las emparedadas, mujeres que o bien se recluían vo-
glorioso de senora santa Barbada" luntariamente (con el beneplácito dei obispo o presbítero) o bien de
(Fernandez Vaiencia) Aparte de es-
"manera precisa", por haber incurrido en «culpas graves y escanda-
tas reliquias. en otro documento (una
Bula de Pio V de 1565) también se losas dignas de semejante corrección» (6quizá Ia caplllica de Santa
dice que ía cofradía de San Sebastián Barbada?). El dato es consistente con Ia santa, en cierta forma una
y San Segundo posee "por muchos
afíos" eí cuerpo de San Segundo y
mujer recluída, «escondida», por Ia barba, a los ojos de los hombres.
Santa Barbada.
Aunque los autores se refieren a Ia gran devoción que Ia ciudad
tiene por esta santa, sin embargo, ya en 1595, aparece el primer
indicio de intentos de supresión de Ia santa. Cianca indica que en el
lugar de Barbada "después desconsideradamente se ha puesto otro
256
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
[retablo] en aque! lugar, de Santa Aguedâ\ Muy significativamente ^ Escribe; "fue su voíuntad{..) no
sepa-rarse de estos lugares (...)
Santa Agueda es Ia patrona de Ias mujeres. vino a establecerse viviendo des-
A mediados dei sigIo pasado, en 1860, Ia santa cobra un nuevo im- de entonces Junto a Ia iglesla dei
(...) Primer Obispo de ÁvHa, en una
pulso a través de un noble caballero abulense, Don José Moreno, de Ias casitas inmediatas a Ia
quien compone una pequena obra sobre ''asunto humilde, aunque de misma Iglesla. De esta manera (...)
se Hbraba así mismo de tos peli-
elevado fín... una persona es dei sexo débil; una planta lozana criada gros que al venIr de su pueblo a
en nuestro suelo, una flor que vivló oríHas dei Adajá' (p. 14): La ÂvHa pudieran pane ri a en el
Azucena de!Adaja o Vida de Santa Barbada. La "varonil " senora apríeto que motivó el mllagro... a
donde entabló una vida de tanta
santa Barbada se ha convertido en el sexo débil y en una flor; no edificaaón... que se hizo el modelo
cabe mayor ejemplo de fragilidad. Aunque Ia historia es básicamente más acabado de santidad.
pie sin que Ia arredrasen Ias dos léguas de distancia ni/os pe/igros Aionso de Onozco. Mari Díaz y Maria
Veia. además de Santa Teresa cuya
consiguientes a su sexó\ Tras Ia confrontación con el caballero, imagen coiDna el monumento. Esta re-
Paula «que había consagrado a DIos su virginidach, llega a ser una iadón será en adeiante Ia ofidal. Así
especie de mártir en vida, ''otra Polonia (...) que se hublera arrojado Jose Mayorai en Grandezas de Ávila
(1888) no cita ya a Santa Barbada. A
ella misma a Ias llamaá\ Por propia decisión se hace ciudadana con partir de este momento Ia santa se
Io que evita los peligros de Ia transición dei campo a Ia ciudad^^ convierte en una espede de leyenda.
Hay quien Ia compara con un bracero
El Sr. Moreno escribe en un momento en que Ia santa ''lastlmosa- por su "'larga y aspera barbá' o una
" viejafea, njgosay con barbá - Garcia
mente, casl Ignorada sea y apenas conoadá' y con esta obra pre- •acarrete (1928) y Belmonte Diaz
tende sacaria dei olvido. Pero no Io logra. El 28 de octubre de 1883 (1947)-. La historia se sigue contando
se inaugura en Ávila el monumento erigido para honrar Ias Grande- en Ávila con alguna frecuencia y poca
precisión. considerándose bási-
zas y Glorias deÁvHa, una columna coronada por santa Teresa que camente una divertida leyenda. La úl-
contiene 31 nombres de santos, guerreros, escritores y políticos. tima vez que me ia contaron fue en di~
dembre. en 1991. Una amiga mia me
Entre los santos aparece Segundo, Juan de Ia Cruz y Ia venerable
envió una carta a Chicago contán-
María Vela, oriunda de Cardenosa como Paula Barbada, pero de dome cómo se topó con Ias noticias
esta última ni rastro. El monumento pues fija en piedra quienes entran de Ia santa en una visita a San Segun-
do. Hay algunos câmbios en ia historia,
en Ia categoria de santidad y sus jerarquías^°. que reproduzco: " Te envio los
highUghts deitour En uno de tos alta-
Don José dedica esta obra (junto con una lágrima) a otra inocente res tienen ias relíquias de Santa inés
doncella, su propia hermana, fallecida a los 17 anos. No es ajena a Barbuda, santa dei sigio Xli, de
esta dedicatória Ia característica más notable de este trabajo: el Cardenosa ella. Parece que cuando
ia muy atrevida se fue a darunpaseo
mensaje de pureza y castidad que el autor reitera: ''Porque el pudor porei campo sin más campaf?ia que
y una sói Ida virtud es Ia hermosura más perfecta y en Io que consis- ia de su sombra, unos mozos dei lu-
gar, que ia vieron, debieron tener
te Ia verdadera belleza de una joven cristiana (...) Que Paula sea
maios pensamientos y Ia siguieron.
vuestro modelo, jóvenes amableé\ un mllagro Ia Hbró a ella de Sus deseos de castidad reaiizaron ei
Ias Inoportunas y nedas demandas de aquel libertino, os Hbrará 3 crecieron unas henmsas
257
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
barbas que les quitaron Ias ganas a también a vosotras de cualquierpeligro que vuestra castidad corriera:
los mozos de cualquier pensamiento
impurd'. Ei relato de esta forma es ru-
invocadia, y os conservará Ia pureza".
ral y no estratiíicado aunque conserva
Quizá por este mensaje de pureza el culto a Ia santa renació en
su contenido de dominación sexual.
Cardenosa en Ia posguerra espanola. Este pueblo, a una docena de
kilómetros de Ávila celebra en Ia actualidad los dias 20 y 21 de febrero
Ia fiesta de su paisana Santa Paula Barbada. En Ia iglesia parroquial
dei pueblo, en un lugar preferente, a Ia derecha dei altar mayor se
encuentra una hornacina con Ia imagen de una joven (sin barba) y Ia
inscripción S. PAULA BARBADA. Esta imagen es reciente — airededor
de cuarenta anos —. Fue fruto de Ia promesa de una mujer dei pueblo
que se encomendo a Ia santa por Ia enfermedad de su hija. Para hacer
Ia imagan, unos dicen utilizaron Ia imaginación, otros alguna imagen
gráfica y hubo ciertas dudas sobre como representaria ("La hicieron
como se Ia imaginarorl\ "Dicen que llevaron una estampa y que dijeron,
bueno no, con barba no. Unos decían que con barba y otros sin bar-
bai'). Tras Ia curación milagrosa y Ia llegada al pueblo de Ia imagen, el
cura dei pueblo impulsa Ia creación de una Asociación religiosa-cultu-
ral-recreativa de jovenes de Santa Paula Barbada de Cardenosa for-
mada exclusivamente por jóvenes solteros en un pueblo que contaba
con "mucha juventud' — al parecer hubo en su comienzo más de cien
Entronca perfec-tamente con fi- socios. La asociación tuvo dos ramas. Ia de los pequenos, entre 12 y
guras como Sta. María Goretti o
16 anos; y Ia de los mayores, desde 16 anos hasta que se casaban.
Josefina Víiaseca tan de moda en
ia Espana dei momento. La fiesta consistia en una misa, un pequeno convite, rosário y
Este particuiar énfasis se apre-
procesión, terminando en un baile con orquesta. La víspera, tras
cia en los iiamados ''Cantares de una misa. Ia "música" (gaita y tambor) acompahaba a los jóvenes a
Santa Barbada", una colecíón de un salón en el centro dei pueblo donde se representaba una obrita
trece cuartetas que contienen
estrofas dei tipo: "eres modelo de
de teatro. La trama siempre giraba en torno a Santa Barbada, una
juventud', "fuiste humilde como joven campesina que se resiste a los embites sexuales de un
labriega", o estas otras que
caballero, un perfecto ejemplo de pureza y un tema común de Ia
destacan tanto ia pureza como ia
proce-dencia de Ia santa: epoca^\ tan clave en Ia adolescência y Ia moral dei nacional catoli-
"Todos se precian de ser paisanos
cismo. Me decía una informante: "el cura nos daba una charlita y
de azucena tan virginal nos venía muy bien, como decía mi marido, es que ese sacerdote
que tiene un sitio iioy en ei Cieio
nos inculcó tanto... jhombre, como eran antes Ias religionesl.. Ia
y Ia adornamos en ei altar"
castidad, que Io apreciabas tanto que yo no sé... y Io de Paula
"Viva Ia Santa de Cardenosa Barbada, sí, era eso...".^^ El culto fue languideciendo con Ia muerte
y Ia azucena de este iugar
viva ei perfume que nos dejaste
dei animoso cura, Ia disminución de Ia juventud. Ia emigración a Ia
con tu pureza y con tu humiidad' ciudad y el cambio de valores. De los antiguos jóvenes, hoy gente
258
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
Barbada en Ia ermita de San Segundo, junto a una de las zonas de de estas líneas. Este trabajo com-
bina técnicas cuantitativas y un fino
bares y comidas más popular, en los limites de Ia ciudad, pudo ser análisis c u a l i t a t i v o s o b r e una
Ia intermediária entre el campo y Ia ciudad, el nexo de unión e muestra de santos euro-peos entre
Voy a tratar de contextualizar a Ia doncella barbuda tras el panora- tido e indican Ia estrecha reíación con
ei primer obispo. Los versos dicen así:
ma más general de los santos europeos en una dimensión históri-
ca^^. En unos versos anônimos junto a su tumba^^. Ia santa es Sednos buena intercessora
yabogada
"intercessora", "abogada", es decir, una mediadora. Santa Barbada
media entre diferentes esferas, los sexos, el campo y Ia ciudad, las Senora Santa Barbada.
clases sociales y lo culto y lo popular. Pero me voy a referir aqui Este mundo
básicamente a su mediación sexual. Es camino dei profundo,
Quien le tiene en su memória,
La santa encapsula características masculinas y femeninas, aunque Tu seguíste a San Segundo
a través de las épocas y autores se pone más o menos énfasis en Por gozar de aquella gloria.
Anima glorificada
unas u otras. En el sigIo XVI, Ia santa no solo tiene Ia apariencia De aqueste bendito santo.
masculina sino que, se dice, responde "varonilmente" a los deseos Que edificó su morada
Sobre Ia piedra y el canto.
259
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
260
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
261
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
262
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
espafiol. Entre el afio 1000 y 1700, de 864 santos europeos y también a ia debilidad de Ia
burguesia en ias ciudades
estudiados sólo 151 eran mujeres. Especialmente en los siglos XI y espanolas, mientras en otros luga-
XII el cristianismo europeo era un mundo casi exclusivamente mas- res los burgueses impulsan en
estos siglos a santos y santas de
culino, aunque luego cambia el panorama en los siglos siguientes. clases sociales médias y bajas.
En esos primeros tiempos las poças santas que aparecen son rei- Sigo a Weinstein & Bell, especial-
nas o nobles; a partir dei sigio XIII aparecen entre las clases médias mente capitulo 8, Véase especial-
mente p. 220-226. Siguiendo este
o bajas. En el sigIo XVI declina el crecimiento de los cultos femeninos, esquema Barbada probablemente
al mismo tiempo que se estrecha Ia base sociaF. Ello es debido, apareció entre los siglos Xlli y XV
263
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
254
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
expresiva de Ia lucha de clases y Ia imposición de los poderosos apa- sus intereses de clase; los obispos
provienen de Ia cíase alta, defienden
rece precisamente cuando se representa al noble acosador saliendo los derechos de Ia Iglesia y se
"de caza" para lograr Ia "pieza" más humilde: Ia mujer campesina. El produce una percep-ción clerical de
Io sagrado y ia santidad. Sin embar-
cazador sin embargo es burlado y aqui radica Ia fuerza de Ia historia go, los dos extremos son frecuentes;
para los miembros de una clase que, efectivamente, fueron, en tantos ia imagen dei santo poderbso
(obispos y reyes) se opone al santo
casos, piezas cobradas por el poder. campesino. San Segundo y Santa
Barbada repre-sentan estos extre-
mos Véase especialmente los capí-
Los santos fueron un admirable instrumento para Ia expresión de tulos 7 (p.194-219) y 6 (166-193).
ros voluntários de mujeres entre ellos Ias beatas formas nuevas de por Ias nuevas prácticas y actitudes
religiosas en Ias ciudades, de vida
piedad y movimientos religiosos junto a nuevas formas econômicas, más fluída, con su pujante
n u e v a s r e l a c i o n e s s o c i a l e s y n u e v a s f o r m a s culturales.^^ La economia comercial.
265
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
266
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
conclusión
Las tres escenas que acabo de perfilar pueden ayudarnos a
comprender Ia arqueologia simbólica de nuestros propios esque-
mas sexuales, valores asociados a los sexos y estatus acordado a
Ia mujer. En muchas ocasiones Ia historia feminista ha puesto
excesivo énfasis en los datos históricos de Ia discriminación
femenina. Ia opresión de las mujeres. Esta discriminación y opresión
por supuesto son reales, pero no son más que parte de Ia realidad.
Los mitos revelan mucha complejidad y ambigüedad en el gênero,
reconocimiento de Ia participación f e m e n i n a , aspiraciones y
declaraciones de igualdad.
Empezando porque las ciudades llevan nombre de mujer; Ia creación
de las ciudades, pese al héroe, incluyen de un modo muy sehalado a
Ia mujer, y en ocasiones Ia muestran como Ia autêntica protagonista.
La imagen que aparece en el caso de Ávila es Ia dei héroe como
sehor de Ia guerra y de Ia muerte y Ia heroína como Ia madre y Ia vida.
La mitologia de Évora expresa Ia pristina felicidad. Ia conjunción de Io
femenino y masculino en Ia figura dei hemafrodita. La mitologia
asociada a las ciudades refleja mayores datos de igualdad que el
mito cristiano andrógino de Adán (en el que Eva es solo una escisión
o un apêndice). En cierto modo se parece más al andrógino de Platón
(en El Banquete) que es Ia expresión de Ia biunidad divina primordial.
Ia unidad de contrários, una manifestación de perfección que queda
rota por un castigo divino. En este mito Ia ruptura supone Ia
descompensación y las desazones de Ia vida, el vano intento de vol-
ver a encontrar Ia complementaridad que se ha perdido.
257
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
268
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
259
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
joln both sexes and show malniy the interference and the actuation
of the feminine, even though women gradually disappear from city
soene. Myths show the degree of symbolic construction that are part
of the cities and the sexes. At the beginning of the second millennium,
myths are being conquested once again.
bibliografia
ARIZ, Luys. Historia de ias Grandezas de ia Ciudad de Auiia. Alcalá de
Henares: Ed. (facsimil) Caja de Ahorros de Ávila, 1978 [1607].
AYORA, Gonzalo. i\/iuchias Hystorias Dignas de Ser Sabidas que Estaban
Ocuitas: Sacadas y Ordenadas por Gonzaio de Ayora de Cordoua. Epi-
iogo de Aigunas Cosas Dignas de r\/iemoria Pertenecientes a ia iiustre e
muy i\/iagnifica e muy Nobie Ciudad de Áviia. Salamanca, 1519.
BAROJA, Júlio Caro. Vii Curso de introducción a ia Etnoiogia. Ei Foii<iore
de ias Ciudades. Transcripción Directa. Abril-mayo 1987. Madrid: C. S.
I. C., Instituto de Filologia, 1987.
BARRIOS. Estructuras Agrarias y de Poder Ei Ejempio de Áviia (1085-
1320)2 vols. Salamanca, Universidad de Salamanca: 1983.
BELL, Rudolph M. HoiyAnorexia. Chicago: Chicago University Press, 1987.
BELMONTE DIAZ, José. Leyendas de Áviia. Ávila: Alonso de Madrigal, 1947.
BILINKOFF, Jodi Ellen. The Aviia of St Teresa: Reiigous Reform in a W
Century City Ithaca: Cornell, 1989.
. Áviia de Santa Teresa. Madrid: Editorial Espiritualidad, 1993.
BLOCH, M. & J. H. BLOCH. 'Women and the Dialectics of Nature in Eighteenth-
Century French Thought'. In MACCORMACK, C.P and STRATHERN, M. (eds.).
Nature, Cuiture and Gender Cambridge: Cambridge University Press, 1980.
BYNUM, Caroline Walker. iHoiy Feast and Hoiy Fast Berkeley: University of
Califórnia Press, 1987.
BYNUM, C. W., HARREL, S. & RICHMAN, P (eds.). Gender and Reiigion:
On tiie Compiexity of Symbois. Boston: Beacon Press, 1986.
CASTELLI, Elisabeth. "I will Make Mari Male. Pities of the Body and Gender
Transformation of Christian Women in Late Antiquity". In EPSTEIN, Julia
and STRAUB, Kristine (eds.). Body Guards.
CATEDRA, María. "Franquear el Umbral". In FERNANDEZ-GALIANO, Luis
270
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
271
cátedra, maría. Imaginário - usp, n° 7, pág. 241-272, 2001
272
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
a metáfora do nacional
Para lá da encosta
(...)
Mais acolá.
(...)
Não é aqui ainda.
É mais além
Além
Da árvore ao longe
É mais além.
273
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
274
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
introdução
Em geral, a independência de Cabo Verde é pensada no seu caráter
de ação política e ideológica e, sobre o fato migratório cabo-verdiano,
o campo tradicional de conhecimento destaca as causas endógenas
(econômicas e climáticas) e seus efeitos (fome e seca). Abordadas
pelos seus aspectos simbólicos, ambas apresentam múltiplas signifi-
cações que se referem, em particular, ao que move as pessoas, aos
laços e relações que criam e às explicações que encontram no mun-
do, ao mesmo tempo que lhe conferem significados. Apontam, ainda,
para a relevância do mundo cotidiano e a força dos processos não-
hegemônicos e das resistências, esclarecendo, a nosso ver, sobre as
especificidades dos termos nacional, identidade nacional e cabo-
verdianidade quando atribuídos ao emigrante/imigrante.
Contudo, anos após a proclamação da independência, não é de todo
consensual que as mudanças propostas na época tenham alcançado
as mentalidades, as estruturas pelas quais agimos e as ações no coti-
diano (Lesourd, 1995; Margarido, 1994; Silva,1995). Questiona-se tam-
bém, se o processo de autonomia nacional teria atingido o objetivo de
desmontar os símbolos que remetem a Cabo Verde colônia, ou se, ao
contrário, sob a aparência ruidosa da inovação das estruturas, foram
mantidas as regularidades e as recorrências que fazem da história pouco
mais do que um constante recomeço. Pelo raciocínio da regularidade
histórica, também o fato migratório não teria causas ou momentos dis-
tintos ao longo da história, tratando-se seus diversos modos de apre-
sentação apenas de faces diferentes, reveladoras das mesmas crises,
quer dizer, de acontecimentos que não teriam um alcance histórico
prolongado por se submeterem rapidamente à busca das regularida-
des e da preservação do nosso modus vivendi.
275
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
276
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
estado-naçâo e migração
As estatísticas confirmam que há mais cabo-verdianos no exterior
do que no p a i V , e, portanto, por um paradoxo singular, sustenta-se
Dados preliminares do Insti-
a afirmação de que Cabo Verde "existe porque persiste a emigra-
tuto Nacional de Estatística in-
ção" (Saint-Maurice, 1997: 47), tais as implicações deste fato para dicavam, para o ano 2000,
a vida do país, em particular, para o seu universo sociológico e cul- mais de 500.000 cabo-ver-
tural, forjado em todos os espaços, objetiva e simbolicamente, ocu- dianos emigrantes e 434.263
habitantes em Cabo Verde.
pados pela migração. A descoincidência entre a territorialidade ge-
ográfica (dez ilhas e 4033 km^) e o nacional (as ilhas e a diáspora),
contudo, contraria o pleonasmo prático e teórico da modernidade a
propósito do Estado e da soberania nacional, apoiado na presun-
ção de que todas as prerrogativas atribuídas ao Estado moderno se
realizam na área delimitada onde este reivindica o monopólio dos
meios de coerção e o uso deles (Bauman, 1999).
Porém, é por essa singularidade do caso de Cabo Verde que ficam
evidentes as articulações entre a independência (e a criação do
Estado-nação) e a migração e a possibilidade de ambas se informa-
rem mutuamente; para que o Estado que nasce com a independên-
cia se legitime como representante de todos os cabo-verdianos, e,
portanto, se vincule à nação, é necessário que atue além-fronteiras
e que as noções sobre o real espaço de vida dos nacionais se fir-
mem numa perspectiva de transcendência às fronteiras do arquipé-
lago e num espaço social que existe dentro dos limites legais de
muitos Estados-nações^ As circunstâncias em que nasce o Estado-
5 Não nos referimos a uma in-
nação de Cabo Verde não coincidem com as dos Estados-nações,
tervenção que pretenda desafi-
tradicionalmente, comunidades rigidamente organizadas e fecha- ar a ordem nacional dos países
das, com populações homogêneas e fixadas ao solo, cuja identifi- em que se encontram os cabo-
cação cria automaticamente o grupo dos não-nacionais e as restri- verdianos; a participação é, so-
bretudo, em relação às formas
ções específicas a que o deslocamento dos emigrantes deverá obe-
de estar no exterior que estão
decer (Arendt,1989). Em Cabo Verde, o Estado criado com a inde- implicadas com a ligação do
pendência imediatamente reafirma a homogeneidade de uma po- migrante com a sua origem.
277
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
278
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
279
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
a construção do nacional
Na atualidade, é corrente a afirmação de que a transnacionalidade dos
fluxos de capitais faz definhar os Estados-nações e a política que se
baseia na divisão do mundo em nações. A economia, o capital "move-
se rápido o bastante para se manter permanentemente um passo adi-
ante de qualquer Estado (territorial, como sempre) que possa tentar
conter e redirecionar suas viagens" (Bauman,1999: 63). Ao mesmo
tempo, predominam os resultados da denominada globalização que,
longe de realizar a verdadeira humanidade, ao contrário, prioriza a
livre circulação de mercadorias — o trabalhador entre elas —, ao invés
da livre circulação dos homens (Crochik, 2000). As deslocações huma-
nas contemporâneas continuam sendo definidas pelas condições que
garantem a existência dos Estados-nações; a Europa do bloco único da
Comunidade Econômica Européia (CEE) derruba fronteiras alfandegári-
as para os bens e produtos, mas mantém os mecanismos policiais e
políticos que asseguram a manutenção da distinção entre os seus naci-
onais (cidadãos de determinado território) e os não-nacionais, denomi-
nação esta que hoje cabe inteira na categoria dos imigrantes não-co-
munitários. Por seu lado, os mais novos Estados-nações criados pela
descolonização se reconhecem e são reconhecidos como ordens nacio-
280
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
Corsino Fortes
In Pão e Fonema, 1974.
281
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
"O mito é para o próprio imigrado, mas também para o seu grupo, um
retorno sobre si, um retorno sobre o tempo anterior à emigração, uma
retrospectiva, portanto, uma tarefa de memória que não é apenas uma
ação de nostalgia, no sentido primeiro do termo (...) Se se pode voltar ao
ponto de partida — o espaço se presta a estas idas e vindas —, ao
contrário, não se pode voltar ao tempo úe partida, voltar a ser aquilo que
se era no momento da partida, nem reencontrar os laços e os homens
que se deixou, na forma como foram deixados" (Sayad, 1998: 17).
282
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
283
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
284
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
285
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
284
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
bibliografia
ARENDT, H. "O Declínio do Estado-Nação e o Fim dos Direitos do Ho-
mem". In Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras,
1989.
BARBOSA, J. Poesias Praia- Cabo Verde: Instituto Caboverdiano do Livro, 1989.
BASTENIER,E.; DASSETO, F. (eds.). "Immigrations et Nouveaux Pluralismes
— une Confrontation de Sociétès". Bruxelles: Editions Universitaires/
De Boeck Université Ed., p. 11-39, 1990.
BAUMAN, Z. "Depois do Estado-Nação, o quê?". In Giobaiização. As Con-
seqüências i-iumanas. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1999.
287
évora, iolanda niaria alves. Imaginário - usp, n° 7, pág. 273-288, 2001
288
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
Mijail Malishev^
^ Mijail Malishev, doctor en
filosofia, profesor-investigador
de Ia Universidad Autônoma
el hombre no tanto teme morir, sino morir siendo dei Estado de México.
un ser insignificante
cQué seria de nosotros sin Ia idea de que cada quien significa algo
en esta v i d a y q u i z á s e g u i r á s i g n i f i c a n d o nnás allá de su
consumación? Sin duda, poca cosa. Nuestra existencia languidecería
si el deseo de destacar, poseer importancia o simplemente ser útil
para los demás no poblara nuestras mentes y no agitara nuestros
sentimientos. Si por milagro desapareciera Ia aspiración a ser
reconocida, nuestra vida ya no tendría ningún estímulo y perderia
todo significado. ^Acaso es vida Ia monótona existencia de un ser
quien no tiene ningún deseo, a quien no le importa nada y quien
cree que no le importa a nadie? Seria como si una planta estuviera
en condiciones de pensar y dijera: "vivo porque vivo; no tengo otro
motivo para vivir que el de vivir". La vida empieza cuando ocurre
algo que tiene alguna importancia para nosotros, cuando sobreviene
o adviene el reconocimiento. Nos damos cuenta de nosotros mismos,
sólo cuando disponemos dei reconocimiento de quiénes somos. Si
bien es cierto que el que vive siente su vida como algo único en su
peregrinar provisional en este mundo, y de hecho Io es, pero sólo
por el valor que le da a su vida y no simplemente por haber nacido.
Un ser humano en el que está atrofiado valor de si mismo existe
como noción-limite.
El reconocimiento es Io que da el valor a Ia tarea y el cumplimiento
de ésta confirma Ia confianza depositada en el aspirante que se
289
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
290
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
291
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
ejemplo, nos remitían a Marx. Era casi una obligación citar a Marx,
referirse a él, contar loa a su doctrina o de otras formas rendirle lealtad
y homenaje. Luego, después de Ia caída dei socialismo real, su nombre
poco a poco se ha empanado. Lo mismo sucedió con el nombre de
Lenin. LIegó Ia época de transmutación de los valores, y el censor dei
reconocimiento histórico les bajó dei pedestal de los "dioses" a un
nivel de pensadores y políticos, en mejor caso, destacados, pero no
más. Dicho sea a propósito, el mismo Marx dijo una vez que "el muerto
se agarre al vivo". Y esto es verdad, ya que el vivo no estaria vivo si
no estuviera agarrado por el muerto. El hombre sin Ia memória y sin
tradición es un presumido que no reconoce ningún parentesco,
aunque, en realidad, viva por Ia renta dei capital que le han dejado
sus antepasados. Pero el vivo tampoco seria vivo si estuviera total-
mente dependiente dei muerto. El vivo no sólo es un deudor, sino un
creador: remodela y reinterpreta el pasado a partir de su imaginario y
el significado de los valores presentes. Los que ya murieron continúan
a comunicarse con nosotros a través de sus legados espirituales. De
una u otra manera dependemos de su patrimonio, y en cada
generación tenemos que elaborar una actitud consciente e idônea a
su herencia espiritual, evitando tanto Ia confianza ciega en su autoridad
como el desprecio nihilista a sus ideas y valores.
La función simbólica de perpetuación dei significado de Ia existencia
individual y, por lo tanto, de su reconocimiento más allá de su vida
no es sólo una prerrogativa de Ia religión; Ia cultura también le otorga
al hombre determinados símbolos de "inmortalidad" lo que le da un
cierto c o n s u e l o y alivio contra Ia angustia p r o v o c a d a por el
sentimiento de su insignificancia ontológica. Así que Ia perpetuación
cultural por médio de Ia actividad creadora es el lado inverso dei
terror ante Ia muerte. Se puede decir que Ia cultura es Ia creación
de obstáculos y contratiempos simbólicos en el camino que le Neva
al ser humano a su muerte. En cierto sentido, afirma Ernest Becker,
"Ia cultura misma es sagrada, ya que ésta es una "religión" que
asegura de alguna manera Ia perpetuación de sus miembros". Por
eso, "el hombre realmente no teme tanto su extinción, sino morir
siendo insignificante".^ Guando nos afligimos por Ia muerte de un
^ Ernest Becker. La lucha con-
comparíero o un pariente imaginamos que estas personas ya nunca
tra el mal. F. C. E. México.
1992. p. 22. van a gozar de alegria que nos da Ia vida y Ia comunicación con
nuestros semejantes, que sus personas no van a ocupar ningún
292
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
293
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
de toda cosa, dei abismo sin fondo y dei tiempo como el antípoda de
toda Ia repetición. Ocultación en Ia medida en que Ia muerte y todos
sus atributos simbólicos procuram un simulacro en Ia imposibilidad de
pensar en el no-ser. La religión realiza y satisface a Ia vez Ia experiencia
dei abismo y Ia negativa de aceptarlo, es un "compromiso que conci-
lia Ia imposibilidad en que están los seres humanos de encerrarse en
el aqui y ahora de su "existencia real" con Ia imposibilidad, casi igual,
de aceptar Ia experiencia dei abismo"®. La voluntad dei sentido, que
o ibid, p. 188. encarna en nuestra aspiración a ser reconocido después de Ia
muerte, no niega nuestra ausência y no nos traslada a "otra parte",
sino nos perpetua en el aspecto simbólico y nos garantiza cierta
duración en Ia memória de Ias generaciones venideras. De vez en
cuando representamos en nuestra imaginación nuestra ausência e
intentamos prever algunas huellas dei recuerdo en Ia memória de los
que estarán presentes según Io que creemos merecer. Los poderes
de Ia imaginación orientados por el deseo de reconocimiento nos
animan; Ia conciencia de ser alguien, de tener alguna importancia en
esta vida nos proteja contra disolución en el abismo dei no-ser. Pero
este carácter público dei reconocimiento, que se manifiesta en el deseo
de ser recordado después de Ia consumación de nuestro existir, no
debe ocultamos su índole esencialmente individual: el reconocimiento
es el resultado dei desarrollo de Ias fuerzas, capacidades, destrezas
y empehos de cada cual.
Estamos dispuestos a reconocer Ia grandeza y Ia gloria de los
llamados hombres ilustres que hicieron tanto para enriquecer nuestra
experiencia material, espiritual y emocional. Les rendimos homenaje,
evocamos sus nombres cuando nos topamos con sus obras o con
sus ideas y solemos sentir admiración y no envidia como a veces Ia
sentimos hacia nuestros congêneres con quienes competimos por
el reconocimiento, sin tener Ia menor sospecha dei valor que nuestras
ideas u obras tendrán en el futuro. No guardaríamos ningún rencor
a los nuestros contemporâneos vanidosos y petulantes aspirantes
a Ia gloria a cualquier precio y ni siquiera les despreciaríamos, si
supiéramos que el futuro pudiera destronar sus pretensiones infun-
dadas al reconocimiento. "La rivalidad propiamente dicha. Ia que
' Eliascanetti, Masay poder. realmente importa, comienza cuando los rivales ya no están. El com-
Aüanza.iviadrid, 1995, p. 273. bate que librarán sus obras ni siquiera Io podrán presenciar"^. Esta
idea conlleva cierto alivio para aquellos que, a causa de diferentes
294
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
295
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
296
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
297
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
298
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
ei lomo. A pesar de que el lugar de todo Io que somos para los demás
está en una conciencia ajena, sin embargo, el valor que le concede-
mos a Ia opinión de los otros y nuestra preocupación a este respecto
van más allá de Io puede considerarse racional. Es allí donde pode-
mos observar los diversos trucos que empleamos para asegurarnos
de nuestra propia importancia. Si vemos a alguien como soberbio o
arrogante pudiera ser que está preocupado de Ia opinión favorable
de los demás y es por eso que quiere mostrarles su importancia. To-
dos los aduladores dei mundo saben esta debilidad dei ser humano y
le enganan con esplêndida facilidad para sacar algún provecho. La
predisposición a Ia propia importancia se incrementa con el halago;
de manera intuitiva nos parece real y benéfico, o al menos no da pie
que desconfiemos de él hasta el momento en que nos queda claro el
precio verdadero de esta actitud mentirosa. Quizá, el hombre hones-
to y autocrítico, con el transcurso de los anos, se vuelve más o menos
indiferente a los elogios de sus aduladores, pero casi siempre le duele
el desprecio o el vituperio. Se puede suponer que los halagos de los
aduladores no compensan Ia ofensa o una muestra de indiferencia
de Ias personas cuya opinión realmente nos parece importante.
Por justa que pudiera ser Ia apreciación dei valor que uno tiene de
su persona, no puede estar satisfecho de darse importancia a sí
mismo, por eso necesita ser apreciado en Ia opinión dei otro. Tener
algún significado es equivalente a tener una razón de ser, poseer el
sentido para continuar viviendo. En otras palabras, el hombre es un
ser social en un sentido más profundo que el que significa Ia
interrelación con los demás, ya que es Io que es, en cierto sentido,
en virtud de Io que sus semejantes creen y esperan que sea. Toda
nuestra vida social se halla entretejida de Ia expresión de los ritos
de cortesia, aunque ésta sea mínima: saludos, exclamaciones y
conversaciones breves para reconfortar a los otros; sonrisas amis-
tosas, miradas animadoras que refuerzan el reconocimiento dei va-
lor de los demás y protegen sus delicados sentimientos de Ias ofen-
sas involuntárias. Hasta Ias posiciones de nuestro cuerpo — estar
parado, sentarse, tenderse, acuclillarse, arrellanarse o arrodiliarse
— son una sehal dei rango y prestigio. De cómo Ia gente se ubica
en un contexto social y cultural se puede deducir Ia diferencia en su
reconocimiento. Estar en presencia de los otros requiere que
respetemos el contexto y Ia situación en Ia que nos hallamos.
299
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
300
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
301
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
Nietzsche dijo alguna vez: quien tiene un por qué para vivir puede
soportar casi cualquier cómo. Y este por qué, a su vez, busca su
justificación en el reconocimiento que nos otorga confianza para
superar los obstáculos y alcanzar un fin. Es decir, el reconocimiento
concedido es una especie de crédito moral que uno dispone para
aumentar su seguridad. A su vez, el reconocimiento otorgado, por
ejemplo, a través dei diploma a un profesionista constituye una base
de confianza que abrigan los otros en él, en su capacidad para re-
solver diferentes problemas materiales, sociales o espirituales. Con
el reconocimiento de Ia destreza profesional de los especialistas
nosotros podemos reducir Ia complejidad de Ias relaciones sociales
y disminuir Ia necesidad de aprendizaje de diversos problemas es-
pecíficos que nos afectan. S a b e m o s que unos especialistas,
llamados mecânicos, saben cómo trabaja el motor de nuestro coche
y que otros especialistas, llamados médicos, saben cómo funciona
nuestro cuerpo; podríamos desconfiar de algunos de ellos, pero aun
así, suponemos que los mecânicos son mecânicos y los médicos
son médicos, y si no confiamos en nosotros mismos en esas áreas
respectivas, entonces creemos que son ellos quienes son capaces
de reparar el motor roto de nuestro auto o curar nuestro corazón
enfermo. La confianza solamente es posible ahí donde se da el
reconocimiento de Ias habilidades especializadas, confirmadas y
demostrables de los otros.
Quien ejecuta determinadas acciones nos expone dos cosas:
primero, se le sabe capaz de hacer precisamente eso, pues, por
ejemplo, quien es capaz de curar una muela se le sabe dentista,
quien descubre una cosa nueva no solo nos advierte su innovación,
sino que le conocemos como descubridor. En esta situación, Ias
acciones aparecen indisolublemente unidas al autor dei cual
proceden y a quien se califica. Pero también esas acciones le hacen
saber al ejecutor más sobre sí mismo, porque una vez hechas se
objetivan, y con esto el sujeto aparece distante, de modo que, quiera
o no, y pese a Ia aceptación de que son sus obras, éstas le dicen
ahora algo de Io que él hizo. Para que alguien reconozca el mérito
de un matemático hace falta que ese alguien sea uno de ellos, esto
es, que tenga en común, cuando menos. Ia capacidad de valorar los
logros matemáticos. Cada acción, mucho más si es de índole
innovadora, marca un hito en esa área, ya que se convierte en fuente
302
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
303
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
304
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
305
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
306
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
iníeriondad y superiondidd
Ser alguien para ser reconocido suele tener aos aspectos. Ei pnmero
implica tener impacto o consecuencias sociales, ser una fuente de
autoridad desde Ia cual fluyen efectos de tal modo que los otros
quedan afectados por nuestra riqueza o poder. Desde luego a Ia
riqueza y al poder se les aspira, en parte, como médios para conse-
guir Io que les sigue: el goce. Ia comodidad, el confort. Ia diversidad
de impresiones, Ias experiencias placenteras, etcétera. Pero, además
de esos efectos. Ia riqueza y el poder implican un valor en sí, dan a
sus portadores un sentimiento de importancia por poder causar
efectos en Ia conducta, emociones e ideas de los otros. Hay veces
en que el deseo de tener más símbolos de importancia es tan des-
307
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
308
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
t i d o . C o n s i d e r a m o s los s e n t i d o s q u e v i v e n c i a m o s ( s i e m p r e
intencionales, que tienen en cuenta un objeto determinado) como
una especie dei imperativo práctico. En vano, a veces, tratamos de
persuadimos de que somos nadie. Algo, dentro de nosotros, rechaza
esta "verdad" de Ia que, nos parece, estamos tan seguros. Este
rechazo indica que nos escapamos en parte dei nihilismo pleno; y Io
que dentro de nosotros se escamotea a nuestro control hace que
nunca estemos plenos de poder para reducirnos al cero absoluto.
Esto no quiere decir que de Ia mera existencia ya se derive Ia plenitud
dei sentir de Ia vida, y que el hombre por el mismo hecho de existir,
de estar en el mundo, posea una inmunidad garantizada contra Ia
frustración existencial.
Los signos de aprobación de los otros a veces nos consuelan de
una desgracia más que de una apreciación justa dei valor de Io que
somos en y por nosotros mismos. El psicólogo austríaco Alfred Adier
escribió: "Tras cada persona que se comporta como si fuese superi-
or a los demás podemos sospechar Ia existencia de un sentimiento
de inferioridad que exige esfuerzos muy especiales para ocultarlo.
Es como si un hombre temiera ser demasiado bajo y anduviera de
puntilias para parecer que era más alto"^^. Según AdIer, todos
nosotros, en un u otro grado, tenemos un sentimiento de inferioridad,
^ vida. Espasa Ca!pe, Madrid,
dado que casi siempre nos bailamos en posiciones que quisiéramos ^975 p 47
mejorar, alcanzar mayores logros u obtener más reconocimiento. La
aspiración al reconocimiento en tanto que voluntad de sobrepasarse,
implica Ia incesante transformación de nuestro propio ser.
C a d a ser h u m a n o posee d e t e r m i n a d a s fuerzas vitales que se
expresan en Io que aspira a ser, en Io que quiere hacer y puede
tener. Pero a nadie le es dado saber a priori sus limites. Si hemos
conservado Ia confianza en nuestras mejores cualidades, tratamos
de desembarazarnos de los sentimientos de inferioridad por médios
reales: superando dificultados, mejorando nuestra situación, aumen-
tando nuestro estatus. Si no logramos alcanzar nuestros objetivos,
cumplir con nuestras tareas, potenciar Ias cualidades de nuestro
ser, nos topamos con un sentimiento de incertidumbre, vacilación,
titubeo, cohibición, miedo o envidia que son diversas formas de
expresión dei complejo de inferioridad. Para ilustrar Ia diversidad de
manifestaciones dei sentimiento de inferioridad, AdIer aduce una
309
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
anécdota de tres ninos que por primera vez fueron llevados por su
madre al zoológico. Guando se encontraron ante Ia jaula dei león, uno
de ellos se estrechó junto a Ia falda de su madre y dijo: "Quiero irme a
casa." El segundo permaneció muy pálido y dijo: "No estoy nada
asustado." El tercero miró con desprecio al animal y preguntó a su
madre: "^Le escupo?". Cada uno de los tres se sentia inferior, pero
nadie expresó sus sentimientos de modo adecuado; cada nino los
expresó a su propia manera, consonante con su estilo de comprensión
de sus valores. La respuesta dei menor, quizás, es Ia más sincera, pero
los mayores trataron de esconder sus verdaderos sentimientos detrás
de una bravata que se puede considerar como especie de compensación
al sentimiento de miedo, porque nadie puede soportar ante sí por largo
tiempo un sentimiento de inferioridad y menos aún, reconocerse ante
los demás como cobarde, débil o pusilânime.
La aspiración a superar el sentimiento de inferioridad puede llevar a
Ia persona a un comportamiento falso: no se prepara para ser más
exitoso, más fuerte o más hábil, sino que se esfuerza para parecer
como tal. El movimiento hacia Ia superioridad se basa, entonces, en
el a u t o e n g a n o . La m e n t i r a ante los o t r o s casi s i e m p r e es
consecuencia de Ia mentira ante uno mismo. La persona que pade-
ce este sentimiento siempre busca pretextos y "razones" para "justi-
ficar" su conducta que no está aprobada socialmente. El sentimiento
de inferioridad teme aparecer desnudo ante Ia conciencia de su
portador, teme y, por tanto, aspira a disfrazarse, porque el vicio sin
camuflaje valorativo es insoportable para su conciencia moral y, en
cambio, Ia inferioridad disfrazada sirve como un "buen" pretexto para
su aceptación en Ia opinión pública.
Guando el hombre se miente a sí mismo. Ia aspiración hacia Ia
superioridad se convierte en Ia mala fe. La mentira implica que el
mentiroso se da cuenta de Ia verdad que trata de ocultar, mientras
que el portador de Ia mala fe se miente a sí mismo. La mala fe "jus-
tifica" el complejo de inferioridad obligándonos mentir, más bien
haciéndonos presentar como verdad una mentira agradable. Por
ejemplo, un individuo que ha sufrido una serie de fracasos intenta
j u s t i f i c a r su a p a t i a , e n d o s a n d o su falta de i n i c i a t i v a a Ias
c i r c u n s t a n c i a s externas y liberando su c o n c i e n c i a moral de
cualquiera responsabilidad. "Las circunstancias han estado contra
310
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
q u e s i g u i ó el c a m i n o que le d a b a c o n s u e l o p a r a evitar Ia
responsabilidad y que frecuentemente impugno Ia argumentación que
le llevaba a conclusiones desagradables. En su argumentación Ias
circunstancias atenuantes se convierten en exculpatorias que deberían
liberarle ante cualquier juicio. A partir de ahí puede formularse el
siguiente agravio: me merezco algo mejor, me debe una compensación
por mis posibilidades no realizadas. ^Quién debe? La sociedad, por
supuesto, esa gran madre colectiva que nos debe aliviar de Ia
preocupación de construir nuestra propia vida. La historia dei indivíduo
quien no realizó sus disposiciones y posibilidades, en realidad, es Ia
historia de sus abdicaciones sucesivas, de sus "justificaciones" con
Ias que trata de quitarse toda responsabilidad por su vida insípida.
311
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
312
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
313
malishev, mijail. Imaginário - usp, n° 7, pág. 289-314, 2001
314
ENHA
£S
r
resenhas. Imaginário - usp, n° 7, pág. 317-323, 2001
Marilena Chauí
317
resenhas. Imaginário - usp, n° 7, pág. 317-323, 2001
... aquele que não cessa de encontrar novos meios para exprimir-
se, novas linguagens, novos valores, novas idéias, de tal modo que,
quanto mais parece ser outra coisa, tanto mais é a repetição de si
mesmo (pág. 9).
318
resenhas. Imaginário - usp, n° 7, pág. 319-323, 2001
318
resenhas. Imaginário - usp, n° 7, pág. 320-323, 2001
Esses três elementos aparecem, nos séculos XVI e XVII, sob a for-
ma das três operações divinas que, no mito fundador, respondem
pelo Brasil: a obra de Deus, isto é, a Natureza, a palavra de^Deus,
isto é, a história, e a vontade de Deus, isto é, o Estado (pág. 58).
318
resenhas. Imaginário - usp, n° 7, pág. 321-323, 2001
318
resenhas. Imaginário - usp, n° 7, pág. 322-323, 2001
318
resenhas. Imaginário - usp, n° 7, pág. 323-323, 2001
318
instruções para os autores
1. A comissão executiva se reserva o direito de aceitar, recusar ou reapreseniar o originai
ao autor com sugestões de mudanças. Os relatores de parecer permanecerão em sigilo.
2. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos, assumindo o autor total
responsabilidade quanto à propriedade intectual e pelas informações veiculadas nos
mesmos.
3. Os textos originais deverão ser encaminhados em duas (2) vias digitadas em espaço
1,5, fonte times new roman, tamanho 12, e uma via em disquete (Word 6.0 ou Rich Text
Format) para o seguinte endereço:
Instituto de Psicologia - USP
Laboratório de Estudos do Imaginário - LABI
Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, travessa 4, bloco 17, sala 18
CEP 05508-900 - Cidade Universitária - São Paulo - SP
4. A apresentação dos manuscritos deve seguir a seguinte ordem:
a) Folha de Rosto:
• Título em Português e em Inglês
• Título abreviado para cabeçalho
• Nome de cada um dos autores, seguido por afiliação institucional de cada um.
• Endereço completo do(s) autor(es) para correspondência, incluindo CEP, telefone,
fax e e-mail.
Obs.: Esta deve ser a única página do manuscrito com identificação, tendo em vista
que a revisão dos manuscritos é cega quanto à identidade dos autores.
b) Folha de rosto sem identificação
• Título em Português e em Inglês
• Título abreviado para cabeçalho
5. Os artigos devem ser acompanhados de resumo de até 100 palavras, em português
e inglês (abstract), palavras-chave em português e inglês (key words) e referências
bibliográficas, segundo norma NB-66 (NBR 6023) da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT.
6. A apresentação do texto deve seguir as seguintes recomendações:
a) O texto deve começar em uma nova página, numerada como página três (3) com o
título centrado no topo da mesma, seguido do(s) nome(s) do autor(s).
b) Cada página subseqüente deve estar numerada.
c) Não inicie uma nova página a cada subtítulo. Separe-os usando uma linha em branco.
d) O texto inteiro deve ser digitado em uma única fonte {Times New Roman).
e) Não utilizar sublinhado ou itálico para títulos e seções.
f) Não utilizar caixa alta (todas as letras em maiúscula) para títulos, seções e ênfases.
g) Para dar ênfase ou destaque utilize o itálico, nunca sublinhado ou negrito.
h) Assinalar o parágrafo com um único toque de tabulação.
i) As notas de rodapé devem ser indicadas por algarismos arábicos e listadas ao final
do texto, com o título de "Notas".
R e v i s t a Imaginário 6
Percepção/Bricolage
Revista//na^/war/o n° 5
Diferença
Sobre alguns temas em Anselm Kiefer- Liana Cardoso Soares e Maria Luisa Sandoval Schmidt
Paisagem e cultura - Maria de Lourdes B. de Alcântara e Regina T. Sader
Espaço simbólico-]2LneBittencourt
Human adaptabilitj research into the beginning of the third / ^ / / / ^ « « / / / / ^ - M i c h a e l A . LittieandRalphM.
Garruto
Revista//na^/^ar/on" 4
Palavra
Revista Imaginário 2
Memória
Memória da Faculdade de Filosofia Miriam Lifchitz Moreira Leite
O objeto, o colecionador e o Maria Cristina Castilho Costa
Imagens da memória: na prova de Korschach e na obra de Pw/^j-/-Lúcia Maria Salvia Coelho
Travessias, ausências e lembranças: imaginário e memória de navegantes-ShéhMamDoxh.
O passado, o mundo do outro e o outro mundo: tradição oral e memória Maria LuisaSandoval
Schmidt
O fa^erpoético e a memória para uma grupo de velhos imigrantesjaponeses-MinoYd&VioKMxáÀ
Pacoval. Memórias de um mocambo na Amazônia, história vivida e história contada-ILmi^&áç^s Antòmo
Funes
De magia, tempo e memória (De uma aula de Ruy CoelhoJ-JemsaPkesFerreira
Entrevista: Jean Duvignaud - porFrançois Faplantine
Revista Imaginário n° 1
Dinâmica do Simbólico
Da antropologia simbólica ã antropologia cognitiva - RuyCoelho
Afinal o que / Lúcia Maria Salvia Coelho
Um breve estudo sobre cognição e Maria de LourdesBeldi de Alcântara et al
Convergência e conflitos deinterpretação do real: afesta de Corpus Christicomo representação
paradigmática da diversidade <r/////^ra/-LianaSalviaTrindade
As três vo^es do imaginário - François Laplantine
A caminho de Bakoro ro: alguns aspectos das representações da vidapós-mortem dos índios Boro ro do BrasilCentral-
Renate Brigitte Vierder
Para receber Imaginárior.
por e-mail: labi@edu.usp.br
por telefone: 3818-4386 Ramal 22
pelo Correio:
Laboratório de Estudos do Imaginário (LABI)
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)
Av. Professor Lúcio Martins Rodrigues, trav. 4, bloco 17, sala 18
Cid. Universitária - São Paulo - SP - CEP 05506-900
Título: Imaginário
Diagramação e editoração: Espaço Editorial
Formato: 180 x 220 mm
Mancha: 105 x 165 mm
Tipologia: Arial, Arial Narrow, Courier New, Stencil BT
Papel: Couchê Fosco 90 g/m^ (miolo)
Supremo 250 g/m^ (capa)
impressão da capa: Quadricromia com
laminação fosca e relevo seco
impressão /acabamento: Book RJ Gráfica e Editora
N° de páginas: 328
Tiragem: 1.000 exemplares
11 Presentatlon
83 An artists testimony
Coca Rodriguez Coelho
315 Reviews