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A. R. Luria
Martins Fontes
Retrato de um1 s e r m111AnO
inesquecivel
humano inesquecivel.
CAPA
Projeto gráfico Alexandre Martins Fontes
Katia Harumi lerasaka
lustração Rex Design
A MENTE EA
MEMÓRIA
MARCElo MoscHETA.
Martins
São Paulo 1999
Fontes
Título do original americano: THE MIND OF A MNEMONIST
Copyright1968 by Michael Cole, publicado por acordo
com Harvard University Press.
Copyright Livraria Martins Fontes Editora Ltda.,
São Paulo, 1999, para a
presente edição.
1 edição
movembro de 1999
Tradução do inglês
Claudia Berliner
Revisão da tradução
Vadim Valentinovitch Nikitin
Jefferson Luiz Camargo
Revisão gráfica
Ana Maria de Oliveira Mendes Barbosa
Ivany Picasso Batista
Produção gráfica
Geraldo Alves
Paginação/Fotolitos
Studio 3 Desemvolvimento Editorial
(6957-7653)
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Luria, Aleksandr Romanovich, 1902-1977.
A mente e a memória: um
pequeno livro sobre uma vasta me-
mória /A.R. Luria;
apresentação de Jerome S. Bruner; tradução de
Claudia Berliner. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
-
pedagogia)
-
(Psicologia e
Título original: The mind of a mnemonist.
ISBN 85-336-1148-X
1. Memória 2. Memória
Desordens
-
Estudos de caso I.
Jerome S. 1915-. I1. Título. Ill. Bruner,
Série.
99-4165
CDD-616.858
Indices para catálogo sistemático:
1. Memória :
Transtornos: Medicina 6l6.858
Todos os direitos
para o Brasil reservados à
Livraria Martins Fontes
Editora Ltda.
Rua Conselheiro Ramalho, 330/1340
01325-000 São Paulo SP Brasil
Tel. (11) 239.3677
Fax (11) 3105-6867
e-mail: info@martinsfontes.com
http:l/www.martinsfontes.com
indice
1. Introdução 33
2. O começo da pesquisa
3. Sua memória 13
Osfatos iniciais 13
Sinestesia 18
Palavras e imagens 25
Dificuldades 33
Eidotécnica 35
A arte de esquecer 57
4. Seu mundo 63
Pessoasecoisas 63
Palavras 70
5. Sua mente 83
Seus pontos fortes 84
Seus pontosfracos 97
6. Seu controle do comportamento0 121
Os dados objetivos 121
Algumas palavras sobre a magia 126
7. Sua personalidade 131
..Chegou a hora, disse a morsa, de
falar sobre muitas coisas...
LEWIS CARROLL
Do outro lado do espelho
a uma cOnclusäo
mesm0 no melhor dos casos,
chegara. humana. Pois o sc
sombra da dúvida
final para além da
vive numa trama
"uma ilha"*. Ele
humano de fato não é
possibilidades e tragedias
originam-
de transaçòes, e suas
D e m o n s t r o u - s e que a perda
vida transacional.
se em sua
*
Nooniginal: "an islande entire to himself", menção a John Donne.
"Devotions upon Emergent Occasions", Meditation XVIl (1623-1624): "N
man is an
island, entire of itself; every man is a
ofthe main". (N. da piece of the continent, a part
T.)
XII
Apresentago da edisio de 1987
XV
desempenha um
acreditava que a
linguagem
gotski, Luria esferas.
junção de ambas as
crucial para a encontrará mui-
papel o leitor
se seguem,
Nas påginas que
temas. No caso de S., a rica
sobre esses dois
tas variações mnëmicas,
propria com-
sua
de imagens
suas
sinestesia
o planejamento simultâ-
fundir
pletude, impedem-no de como se um
contextualizado pelo tempo,
neo com aquele ou u m a hipertrofia
sobre 0 outro,
sistema predominasse outro.
desenvolvimento do
de um impedisse o sublinhar que
Menciono essas questões apenas para
não só estava em bons
narrador "romäntico",
Luria, o
principio0.
Talvez a melhor forma de ilustrá-lo seja uma anedo-
ta. Lembro-me de uma caminhada com Luria em uma das
últimas vezes que nos encontramos, um ou dois anos an-
tes de sua morte em 1977. Estávamos em Bruxelas e dis-
cutiamos um dilema
vigotskiano. Tratava-se da questao
de como as invenções na
linguagem e na cultura provoca-
vam a manifestação de potencialidades insuspeitas no
homem, uma vez que a mente se ampliava pela
ração de inovações culturais e históricas. "E
incorpo
bro-me que ele dizia, "sonhar
inútil", lem
em ter uma psicologia com
Apresentaçio da ediçào de 1987
XVI
pletamente preditiva, tendo em vista como o homem ea
história são, e como podem vir a ser um dia. Mas talvez
o melhor que
possamos fazer é o que estamos fazendo:
compreender o podemos e ter idéias inspiradas que
que
nos levem a uma observação criteriosa do
restante." Mi-
nha suposição é que suas "idéias inspiradas" e suas bri-
lhantes observações brotavam de sua ciência
não
romântica,
apenas nesses dois últimos livros, mas desde o co-
meço. E talvez seja por isso que ele abre o último
lo de
capítu-
sua
autobiografia com a famosa citação de Goethe:
"Cinza é toda teoria; o verde nasce da árvore dourada da
vida."
Mas isso nãoexplica tudo, e certamente carece de um
ingrediente que faz deste livro um documento tão huma-
no. Havia um lado compassivo de Luria destaca nos
que se
dois livros de casos. Afinal, ele não estava
apenas tentan-
do compreender esses dois homens, um com uma memó-
ria extremamente
hipertrofiada, o outro com um frag-
mento de bala na área
parieto-occipital esquerda de seu
crânio. Estava tentando trazê-los de volta a
alguma pleni-
tude de vida. E foi isso o que alimentou seu prazer de
observação, isso e uma insaciável curiosidade científica.
Vale notar aqui que Luria, mais do que qualquer um de
Seus
contemporâneos, acreditava na reabilitação dos indi-
viduos com lesôes cerebrais e trabalhou por ela com de-
voção. Acreditava poder ajudar aqueles dois homens e,
embora talvez tenha sido mais bem sucedido com "o ho
mem com o mundo
estilhaçado" do que com S., ajudoua
ambos. Niels Bohr certa vez
observou, num contexto bas-
tante diferente, dificil conhecer
Tanto do amor como da
como era
alguém
à luz
justiça - na verdade, ele afirmava
a
impossibilidade de conciliá-los. Luria era tanto médico
A menteea memória
Jerome S. Bruner