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ESTUDOS PARA OUTROS ESTU DOS

I. C . p

Estudos Literários, além de leitura impor-


tante a todos que se interessa m pela Litera-
tura brasileira e por abordagens ao nível de
uma Literatura também comparada, se rv irá
especificamente aos professores e est udantes
de diferentes níveis. Surgem, agora, nesta
nova edição, os ensaios de M .C.P . tanto
quanto possível grupados didaticamente, isto
é, dois grandes grupamentos visa ndo a faci-
litar a ampla consulta, desde os que traba-
lham ou estudam em 1. 0 e 2. 0 graus até as
áreas Superior e de Pós-graduação.
Livro adotado em · inúmeros campos de
estudo da Teoria e T écnica Literária e
da (s) própria (s) Literatura (s), logo viu
sua I. • edição esgotada. E a Editora José
Olympio se apressou em reedi tá-Jo, amplian-
do-o e tentando aperfeiçoar-lhe o aparato
didático, basicamente.
De Alencar e Machado a Mário de
Andrade e Guimarães R osa, há pelo menos
um ponto comum aos ensaios q ue com-
põem este volume. A constante preocupação
do A. com as gentes (e seus desti nos)
brasileiras. O clima de hum anismo mui to
consciente e, aqui e a li, associado a uma ~
espécie de cren ça prag mática na Literatu ra lLl
bem caracteriza este livro e a postçao,
co
lLl
também defin ida e níti da. de M . Cavalcan- (..)
ti Proença em presença dos homens, da so- I
ciedade, e de tu do q ue se refere a um com-
promisso muito espont âneo (mas muito indis-
pensável) do escritor com o meio a mbiente
que o envolve. An á lises e leitu ras não "be-
las" nem "prazer", mas profundamente in-
trínsecas, de obras tamoém incompatíveis
com a arte pela arte ou com o puro prazer
estético. E dessa tensão ent re uma metodo-
logia moderna do A . (distante dos co rtes
sincrônicos) e a própria e efetiva importân-
ci a ma ior das obras aqui tratadas, resu ltam
estudos em que o rigor (em p rincípio) cien-
tífico se vê acrescido - ou às vezes Jogo
substituído - de (por) uma dimensão de
criatividade, espécie de carimbo, sem excl u-
sividade, de engajamento equilibrado e de
humanismo, que sempre acompanharam o A .,
em vida e em obra.
LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO EDITORA
apresenta de

M.
CAVALCANTI
PROENÇA
ESTUDOS
LITERÁRIOS
prefácio de
ANTÔNIO HouAiss
nota de
IVAN C AVALCANTI PROENÇA
2. 3 edição

~~ RIO - 1974

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EM CONV~NIO COM O
INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO
~ MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
BRASÍLIA
Capa de
EUGENIO HIRSCH

ESTUDOS LITERÁRIOS
1.• edição: 1971 - Prefácio de Antônio Houaiss. Coleção Do-
cumentos Brasileiros, Editora José Olympio, Rio.
2.• edição: 1974 - Prefácios de Antônio Houaiss e Ivan Caval-
canti Proença. Editora José Olympio/INL-MEC,
Rio/Brasília.

Proença, M. Cavalcanti, 1905-1966.


P957e Estudos literários; prefácio de Antônio Houaiss, nota de
Ivan Cavalcanti Proença. 2. ed. Rio de Janeiro, J. Olympio;
Brasília, INL, 1974.
xxiv, 496p. 21cm.

Bibliografia.

1. Literatura brasileira - História e crítica. 2. Português


Estudo e ensino. 3. Escritores brasileiros. I. Brasil. Ins-
tituto Nacional do Livro, co-ed. Il. Título.

CDD - 869.909
469.07
928.69
CDU - 869 .0(81)-95
806.90(07)
CCF/SNEL/GB-74-0065 92:869.0(81)
M. CAVALCANTI PROENÇA
ANTÔNIO HouAISS

MANUEL CAVALCANTI PROENÇA - de futuro, literariamente, M. Ca-


valcanti Proença ____: nasceu em Cuiabá, no Estado de Mato
Grosso, a I5 de julho de I905, de Alexandre Proença e Esmeralda
Dechamp•s Cavalcanti Proença. Faleceu, general reformado desde
I963, a I6 de dezembro de I966, na cidade do Rio de Janeiro ,
Estado da Guanabara, em pleno vigor mental e quando sua ativi-
dade escritora batia o pleno, após assimilação, decantação e matu-
ração de tudo quanto fora brasil, apreendido por todas as vias
do conhecimento, numa sede sensorial e intelectual que lhe per-
mitiu ser num dado momento um dos escritores mais representa-
tivos do Brasil contemporâneo.
Fez o curso primário na Escola Barão de Melgaço, da cidade
natal, e em I9I8 ingressou no Liceu Cuiabano, passando no ano
seguinte poara o Colégio Militar do Rio de Janeiro, como aluno
gratuito. Daí passou em I923 para a Escola Militar do Realengo,
de que saiu com a revolução de I924, indo servir no IV Regimento
de Cavalaria Divisionária, em Três Corações, Minas Gerais. Meses
depois era transferido para o Nordeste, para corpos destacados na
perseguição de troços da coluna Prestes - fase de que dizia ter
sido o primeiro grande banho de brasilidade que recebeu, com
P'Oder percorrer palmilhadamente grande seção do interior do país.
Como sargento de cavalaria, fez em 1927 concurso para a Escola
de Veterinária do Exército, em cujo curso logrou sempre primeiro
lugar, obtendo ao seu término, em I930, a medalha de ouro Muniz
de Aragão. Declarado oficial, casa com Bsmeralda Bechara, de
quem viria a ter um filho, Ivan, que também se dedicaria à car-
reira das armas, ao magistério e à ensaística.
Em I930 fez o curso de biologia no Instituto Osvaldo Cruz,
de Manguinhos, pesquisando, como especialista em zoologia, nos
campos da helmintologia, e entomologia, de que resultaram vários
trabalhos, publicados em revistas do referido instituto e do exte-
rior. Os autorizados reputam-no ao tempo um dos nossos bons
conhecedores da fisiologia de certos tipos de morcegos. É como
cientista, ainda, que servirá pouco depois no Instituto de Higiene,

XV
em Asunción, do Paraguai, em missão cultural do Ministério das
Relações Exteriores, período em que aprofundou seus conheci-
mentos do guarani em particular e do tuP'i em geral.
Em 1945 - numa revivescência de pendores manifestados no
jornal estudantil A aspiração, de seu tempo de Colégio Militar
(jornal que fora fundado em 1901 pelo então estudante Félix
Pacheco) - é nomeado professor interino de português do dito
Colégio Militar do Rio de Janeiro, cargo em que viria a efetivar-
se, por concurso; e nesse caminho virá a fundar e dirigir o De-
partamento de Língua Portuguesa da Academia Militar das Agu-
lhas Negras, de onde só sairá com a aposentação.
Desse ano de 1945 em diante é que sua atuação no magistério
e nas letras se ramificará, quando em P'lena madureza de conheci-
mentos - o que singulariza a qualidade de sua obra toda, em que,
se há trabalhos iniciais ou experimentais, estes serão mesmo assim
de alto valor desde logo. Sua colaboração na coisa pública é
grande desde então, integrando bancas examinadoras de concur-
sos a cadeiras de português e de literatura brasileira e/ou por-
tuguesa de grau secundário ou superior em vários Estados do país.
Teve também oportunidade de exercer funções administrativas,
com notável com'petência, como diretor do SAPS (Serviço de Ali-
mentação da Previdência Social), ao tempo do governo Eurico
Dutra; como diretor do Internamento de· Menores, da Prefeitura
do Distrito Federal (futuro Estado da Guanabara), ao temP'o do
governo Sette Câmara; como assessor cultural do presidente Jus-
celino Kubitschek.
Em 1953 publica seu primeiro livro de ficção, contos, Uni-
forme de gala, ligados todos à vida da caserna, da qual guardará
sempre saudosa, embora irreverente, quando não pícara, remem-
brança - que o testemunhe sua última novela, O alferes, publi-
cada postumamente. Mas já em 1950 vencia, com pseudonimato,
concurso de ensaios promovido pela Prefeitura da cidade de São
Paulo, com o seu Roteiro de Macunaíma: o valor desse trabalho
só viria, porém, a tornar-se ostensivo quando da sua publicação
em 1955: a exegese da rapsódia romanesca de Mário de Andrade
era-o também uma microscopia incrustada de mil e uma coisas
brasileiras, em que o cabedal de saber era de espectro temporal
e espacial imenso.
Em 1956 a Editora Brasiliense, de São Paulo, lança as Obras
completas de Lima Barreto, em dezessete volumes, período em que
Proença se associa a Francisco de Assis Barbosa e ao signatário,
num, para os três, fecundo influxo comum de influências culturais
e afetivas. O momento - importante para a vida literária dos
três - é P'ara Proença decisivo: com Francisco de Assis Barbosa

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ele se arraiga na pesquisa exaustiva do material; com o signatário
- a quem (confidenciaria ele depois como desnecessário peni-
tente) achara um caturra empenhado em catar pulgas em elefan-
tes - o caminho da crítica textual, na qual viria em breve a
exceler com trabalhos relevantíssimos, tal a edição do centenário
de Iracema e os textos estabelecidos para a Comissão Machado
de Assis, que algum dia serão por ela publicados, inclusive o
complexo caso das Poesias; mas nesse caminho foi além, enve-
redando 'pelo difícil problema do estabelecimento de textos de
nossa literatura de cordel dos cantadores do Nordeste, através de
pesquisas para a Casa de Rui Barbosa. Mas a Proença devemos
os dois tanto, que seria excessivo aqui consignar.
Em 1956 saem seus Ritmo e poesia; em 1958, No termo de
Cuiabá; em 1959, Augusto dos Anjos e outros ensaios, entre os
quais as "Trilhas no Grande Sertão" sobre aspectos da criação
verbal de João Guimarães Rosa; em 1959 seu romance-rapsódia
O manuscrito holandês ou a peleja do caboclo Mitavaí com o
monstro Macobeba, em que há uma como seqüência do Macunaí-
ma, de Mário de Andrade, com grandeza não diminuída pelo pró-
gano. De 1960 em diante, multiplicam-se os estudos de Proença,
já destinados a introduções de obras várias, já ao ensino da lín-
gua e súa literatura. São tais estudos, esparsos aos quatro ventos
de nossa editoração, que constituem o cerne deste livro.
A obra escrita de M. Cavalcanti Proença apresenta, assim,
pelo menos os aspectos seguintes:
a) estudos zoológicos, quase todos tornados públicos em re-
vistas especializadas e cuja compilação é matéria que cabe ser
decidida por autorizados ratione materiae;
b) trabalhos estritamente didáticos, para o ensino da língua
portuguesa, oriundos de sua longa experiência nesse setor; sua
fortuna é a médio prazo perecível para os fins com que foram
escritos, malgrado a benéfica influência que tenham exercido ou
ainda exercem; mas há conveniência de lhes ser dada uma edição
conjunta em livro único para documentar o valor do membro de
fato e de direito que foi da Academia Brasileira de Filologia;
c) estudos de crítica literária, estilística, artística, de autores
(em geral brasileiros) e suas obras, em que o nível de aprofunda-
mento foi diverso, consoante a finalidade do escrito, mas em que
a qualidade foi uniformemente igual, provinda de seu grande
saber honesto sobre nossas (e alheias) coisas; alguns desses tra-
balhos, relevantes, lograram edição em livro, como obra autônoma
de Proença; outros, e não poucos, viram a luz em forma de pre-
fácios, introduções, ap'resentações e afins a livros de outrem; ou-
tros, por fim , apareceram em jornais ou revistas;

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d) a obra de ficção, romanesca, novelística e contística,
quase toda publicada, já em livros seus, já em colaboração a jor-
nais ou revistas; que as em livro merecem reedição é ponto pací-
fico; que as esparsas mereceriam publicação em livro parece-me
também ponto pacífico;
e) edições críticas de autores brasileiros, em que ora foi cola-
borador, ora editor-crítico único; nesse setor, releva sua fecunda
atividade na Comissão Machado de Assis, bem como sua contri-
buição P'ara as publicações da Casa de Rui Barbosa;
f) por fim, há a ensaística de circunstância, a jornalística,
a conferencística, que ora se identifica com aspectos acima apon-
tados, ora revela faceta inusitada nele; nesta série se incluem tra-
balhos publicados que valem por estudos filológicos no mais amplo
sentido, relacionando ·a um tempo as palavras, as coisas, as ins-
tituições, a geografia, a história, a demoP'sicologia; e, de outro
lado, trabalhos ocasionais, como alguns que aparecem na Revista
da Civilização Brasileira, de que foi diretor a partir de 1965.
O levantamento de sua bibliografia é, por conseguinte, tarefa
que urge, por sua complexidade, diversidade e dispersão. Mas é
de esperar que venha a ser levado a termo em breve futuro, tão
grandes devotos e admiradores deixou, como intelectual, como
amigo, como companheiro, como estudioso, como professor, como
brasilianizante, em suma, como homem.
A presente compilação inclui tão-somente dispersos classificá-
veis na letra (c) supra. Como lá se diz, os trabalhos aqui estam-
pados apresentam níveis vários de aprofundamento e extensão -
mas com um denominador comum do seu espírito, a busca do
humano no humano - donde a abertura de sua visão abarcan-
te, a apireender os valores da tradição e da inovação.
A coleta do material aqui ordenado deveu-se à mulher do
escritor. Meu pessoal amigo e amigo pessoal de Proença, o poeta
Fernando Py teve a bondade de fornecer-me alguns outros textos
pertinentes - razão por que lhe exprimo de público meus agra-
decimentos. Esmeralda Cavalcanti Proença fez-me o dom de dei-
xar a meu critério a ordenação do material. E pareceu-me que
a única via seria a cronológica: esta, porém, tanto podia ser a
cronologia dos autores e obras tratados como a da datação dos
escritos de Proença. A unidade básica de pontos de vista que os .
liga permitiu-me optar pelo primeiro tipo de disposição cronoló-
gica, graças ao que estes ensaios constituem, tal como são, uma
preciosíssima glosa da história externa e interna de literatura
brasileira, do século XV/li aos nossos dias.
Meu trabalho só foi, por conseguinte, esse. O leitor interes-

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sado tem no Sumário a ordenação seguida, em que apa·
recem nada menos que trinta e quatro autores brasilei·
ros, cada um representado por um a mais de dez estudos. Há
notas de pé-de-página de Proença e umas poucas minhas, mera·
mente indicativas, estas com uma sigla identificadora. Um nú·
mero não pequeno desses estudos foi originalmente acompanha·
do de notas didáticas de Proença sobre os textos a que se refe·
riam; tais notas infelizmente não puderam ser reproduzidas, pois
que perderiam sua razão de ser se desacompanhadas dos textos
em causa.*
O título desta coletânea, neutro, é um tributo ao ânimo sub-
jacente a tudo que há neste precioso material - Estudos lite-
rários.
A Livraria José Olympio Editora, ao dar a público, tal como
ora o faz, estes trabalhos, acrescenta-se, nos seus inúmeros títulos
de benemerência em prol da cultura literária brasileira. E, creio,
o faz tanto mais feliz quanto sabe que propiciou a este prefaciador
a oportunidade de poder minorar-lhe um pouco da imensa saudade
do seu grande Amigo, com ter tido o ensejo de com ele recon-
versar sobre tantos assuntos que foram de sua oomum admiração
e amor.
Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 1969.
A. H.

(*) Deixamos de incluir na coletânea os ensaios sobre Guimarães Rosa.


Lima Barreto, Castro Alves e o próprio Augusto dos Anjos, que compõem
o volume Augusto dos Anjos e outros ensaios. Mas, à exceção de Castro
Alves, os demais também estão aqui focalizados.
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