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Língua Portuguesa –7º

Literatura Oral e Tradicional - A Fábula2010/20


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Fábula:
Narrativa breve e simples, em verso ou em prosa, em que as personagens são animais ou seres
inanimados. Tem uma função lúdica e moralizante, pois pretende representar as qualidades e os
defeitos do ser humano.
Fedro, Esopo, La Fontaine, Bocage e João de Deus são alguns dos fabulistas mais conhecidos.

O texto que se segue é uma fábula de Esopo.

A raposa e o bode
Um dia, a raposa Rosinha viu a sua vida muito mal parada.
Tinha chegado o pino do Verão, um Verão seco e tórrido como nunca se vira. As nascentes
tinham secado, os animais morriam de sede. Só os homens conseguiam resistir, tirando água dos
poços e das cisternas.
Certo dia, em que a sede a atormentava ainda mais do que o costume, Rosinha, desesperada,
aproximou-se da casa de um camponês e rastejou sorrateiramente até à abertura do poço. Uma vez aí,
começou a andar às voltas a ver se conseguia arranjar maneira de entrar com segurança.
Enquanto procurava uma solução para aquele problema, pôs uma pata em falso e, num
instante, deu consigo dentro do poço.
Rosinha bebeu as melhores goladas alguma vez bebidas por uma raposa. Durante muitos
minutos, as paredes do poço ecoaram com o gluglu sôfrego.
Quando se sentiu satisfeita, a raposa parou para pensar:
«E se vem o camponês? Tenho de me ir embora!»
No entanto, se fora fácil entrar, a saída mostrou ser um problema, pois as paredes afunilavam
em direcção à boca do poço e não havia possibilidade de as trepar.
Rosinha estava quase a entrar em pânico, quando no redondo do céu emoldurado pela
abertura apareceu uma coisa. O quê? Era a cabeça com chifres de Gedeão, o bode selvagem. Olhava
para baixo com aqueles seus olhos doces e emocionado com a descoberta, até a sua barbicha
esbranquiçada lhe tremia.

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- Água… água – disse, com voz rouca.
- É água, é, querido Gedeão! – concordou suavemente Rosinha. – É água e como tu nunca
provaste na tua vida. Água fresca e doce, um consolo, a melhor coisa que existe!
- Es-espera por-por mim que eu-que eu também vou des-descer… - respondeu o bode,
guaguejando, tão sedento estava.
Pouco depois, o corpo atarracado de Gedeão aterrava junto à superfície escura e brilhante da
água. Os seus goles foram ainda mais formidáveis do que os de Rosinha. Por fim, levantou a cabeça,
olhou para a sua companheira e disse:
- E agora?
- E agora o quê?
- Como é que saímos daqui?
- É muito simples. Tu apoias-te na parede com as patas dianteiras. Eu subo para as tuas costas,
e, hop, em dois saltos estou fora do poço.
- Então… e eu?
- Isso é ainda mais simples. Quando estiver lá fora, debruço-me sobre a entrada, pego-te pelos
chifres e puxo-te para cima.
Gedeão não levantou qualquer dificuldade. Fincou os cascos no chão húmido e ergueu-se a
toda a altura. Rosinha foi para trás dele, deu um salto e fez como tinha dito: hop, hop, dois saltos e ei-
la do lado de fora, à luz deslumbrante do dia.
- Então adeus, Gedeão, e muito obrigada!
- Que queres dizer com isso? Chegou o momento de me tirares daqui, não?
- Tirar-te daí? És mesmo idiota! Como queres que te puxe pelos chifres? E, mesmo admitindo
que consiga pegar neles, quem me dá depois a força para te tira daí?
- Mas… Tu prometeste!... Enganaste-me!
Esta pequena história tem uma dupla moral. Em primeiro lugar, temos de distinguir os bons dos
falsos amigos, cujos conselhos só aparentemente são desinteressados. A segunda moral é que, antes
de se fazer qualquer coisa, é importante avaliar cuidadosamente todas as consequências possíveis.
As Mais Belas Fábulas de Esopo,
Editora Civilização (texto adaptado)

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I
Assinala com um X as afirmações abaixo, conforme te pareçam verdadeiras (V) ou falsas (F).
V F
1. A raposa andava desesperada por não ter água para beber.
2. Certo dia, Rosinha entrou num pomar.
3. Encontrou, então, um poço com água.
4. Sequiosa, ao aproximar-se da abertura do poço, pôs uma pata em falso e caiu lá
dentro.
5. Na abertura do poço, surgiu um bode que também estava sequioso.
6. Rosinha puxou-o para dentro do poço.
7. A raposa serviu-se do bode para sair daquele local.
8. Após ter saído do poço, a raposa cumpriu o trato que fizera com o bode.

II
1. Localiza a acção no tempo e no espaço.
2. Identifica as personagens presentes nesta fábula.
3. Rosinha andava desesperada.
3.1. O que a atormentava?
3.2. De que forma conseguiu resolver o seu problema?
4. “Gluglu” foi o som que ecoou no poço enquanto a raposa bebeu água.
Que nome se dá ao recurso expressivo que reproduz os sons emitidos?
5. Depois de saciar a sede, com que problema se deparou a raposa?
6. De repente, na abertura do poço, surgiu um bode.
6.1. Como se sentiu este animal ao ver a água? Ilustra a tua resposta com expressões do texto.
7. “- É água, é, querido Gedeão! – concordou suavemente Rosinha. – É água e como tu nunca
provaste na tua vida. Água fresca e doce, um consolo, a melhor coisa que existe!”
7.1. Qual a intenção da raposa ao falar assim a Gedeão?
7.2. Como reage o bode a estas palavras?
8. A raposa aponta ao bode uma estratégia para saírem do poço.
8.1. Conta-a por palavras tuas.
8.2. Assinala com um X os adjectivos que melhor caracterizam a maneira de ser da raposa,
justificando a tua escolha.
esperta ingénua matreira valente inocente

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8.3. E que adjectivo(s) atribuirias a Gedeão?

9. No final da fábula, são apresentadas duas lições de moral:


“Temos de distinguir os bons dos falsos amigos.”
“Antes de se fazer qualquer coisa, é importante avaliar cuidadosamente todas as consequências
possíveis.”
9.1. Tendo em conta a fábula estudada, explica, por palavras tuas, as duas lições de moral.

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