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OS PRIMÓRDIOS DO RITO DE.

YORK NO BRASIL
--- José Castellani ---
Embora se considere que as primeiras I ojas do Rito de York --F.mulation --no Grande Oriente
do Brasil, só tenham começado a surgir a partir de 1874, bem antes disso, porém, foram
fundadas Lojas do rito, diretamente subordinadas a Londres, sem que tivessem, contudo, um
florescimento evidente, talvez por desinteresse da Grande Loja Unida da Inglaterra, que ainda
não possuía, no país, uma Cirande Loja Distrital.
A primeira IL oja brasileira a trabalhar no Rito inglês foi a ORPHAN LODGE, criada no Rio de
Janeiro, a 17 de fevereiro de 1833, por sete maçons ingleses, à frente dos quais se encontrava
Joseph Ewbank, iniciado em 1810, em Londres, o qual, por ocasião da fundação do Grande
Oriente Brasílico, a 17 de junho de 1822, constava do quadro da Loja Comércio e Artes, cujo
Venerável Mestre era Manoel dos Santos Portugal, ao lado de obreiros como o cônego
Januário da Cunha Barbosa, o frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, o capitão
João Mendes Viana, o coronel Luís Pereira da Nóbrega, , Domingos Alves Branco, o cônego
Belchior Pinheiro de Oliveira, todos próceres da independência do Brasil. José (como consta
nos registros) Ewbank, em atenção ao costume da época, de adoção de nomes heroicos, era
Artaxerxes, em homenagem a Artaxerxes I, rei da Pérsia, filho de Xerxes I, o qual reinou de
465 a 414 a.C. e entrou em combate com os gregos, sendo derrotado pelo general Cimon, de
Atenas.
O título distintivo da Loja --órfã --era alusivo ao fato dela ser a única inglesa da América do Sul,
abaixo do Equador, já que acima, embora incipiente, já existia Maçonaria em Georgetown,
capital da Guiana Inglesa, que fora anexada à Grã-Bretanha em 1812, pela Convenção de
Londres, após a conquista dos territórios holandeses pelos ingleses. Mas, talvez pelo fato do
Brasil ainda ser visto, na Europa, como selvagem e instável, apenas nos meados de 1837,
quase quatro anos após a criação, é que a Loja conseguiu ser instalada, com o recebimento da
patente da Grande Loja inglesa, sob o número 616.
A segunda Loja, também do Rio de Janeiro, foi a ST. JOHN'S LODGE, criada a 21 de setembro
de 1839, mas que, como a primeira, só recebeu sua patente, com o número 703, em 1842. A
terceira foi criada em Recife: a SOUTHERN CROSS LODGE, instalada a 15 de junho de 1856,
sob o número 970, e criada sob a liderança de Henry Cowper, cônsul da Inglaterra em Recife,
por maçons de origem inglesa, que pertenciam à Loja Seis de Março de 1817, fundada, em
homenagem à Revolução Pernambucana de 1817, a 6 de outubro de 1821.
Nenhuma dessas três Lojas, todavia, teve vida longa. A ORPHAN LODGE abateu colunas em
1844, tendo, o seu patrimônio móvel, sido anexado à ST. JOHN'S e, depois, vendido. A ST
JOHN'S LODGE abateu colunas a 5 de março de 1862. A SOUTHERN CROS LODGE abateu
colunas na época da Questão Religiosa do 2º Império, ou seja, em 1872, ou 1873.
Depois disso, as Lojas do rito começaram a aparecer nas Obediências brasileiras, a partir de
1874, já que, até essa data, só existiam Lojas dos ritos Adonhiramita --o primeiro a ser
praticado --O Moderno --adotado pelo Grande Oriente Brasílico e rito oficial do Grande Oriente
do Brasil --e o Escocês, cujo Supremo Conselho foi criado a 12 de novembro de 1832.
A primeira Loja nessas condições, foi fundada na Província de São Paulo, em Santa Bárbara
D'Oeste, a 19 de novembro de 1874. Era a WASHINGTON LODGE, que não foi, todavia,
fundada por ingleses, mas, sim, por norte-americanos, que haviam sido os fundadores de
Santa Bárbara, depois de terem emigrado para o Brasil, por ocasião da guerra civil nos Estados
Unidos. Essa guerra, que passou à História como Guerra de Secessão (ou de Separação), foi
um conflito, iniciado em 1861 e encerrado em 1865, entre os Estados e territórios do norte dos
Estados Unidos e onze Estado do sul --Arkansas, Geórgia, Flórida, Carolina do Sul, Carolina do
Norte, Luisiânia, Texas, Mississipi, Virgínia, Tenessee e Alabama --que se uniram numa
coligação independente, sob o título de Estados Confederados da América, durante o governo
de Abraham Lincoln. Com a derrota dos confederados, em abril de 1865, ficava preservada a
unidade nacional e era acelerado o processo de abolição da escravatura no país, já que o sul
era escravocrata. Os fundadores de Santa Bárbara e da Loja eram, quase todos, originários do
Estado do Alabama.
A WASHINGTON LODGE, na realidade, foi fundada no Grande Oriente Unido, que evoluíra a
partir do Grande Oriente do Vale dos Beneditinos, Obediência dissidente do Grande Oriente do
Brasil, criada sob a liderança de Joaquim Saldanha Marinho, em 1863. Quando o Grande
Oriente Unido desapareceu, por incorporação ao GOB, em janeiro de 1883, a Oficina passou a
fazer parte deste, recebendo o número 309, no Registro Geral das Lojas. Apesar disso, foi
considerada, posteriormente, pelo Grande Capítulo do Rito de York, do Grande Oriente do
Brasil, como a Loja nº 1 do rito. E ela iria abater colunas em data incerta, mas antes do final do
século.
A Segunda Loja do rito foi fundada em Santa Cruz do Sul, RS, a 22 de março de 1880,
também sob a jurisdição do Grande Oriente Unido. Era a LESSING LODGE, que, ao ser
incorporada ao GOB, em 1883, recebeu o número 395. Abateu colunas nos primeiros anos do
século XX.
Nessa ocasião, em 1880, o maçom brasileiro, contra-almirante Arthur Silveira da Motta, depois
barão de Jaceguai, já desenvolvia, na Inglaterra, entendimentos para um tratado com a Grande
Loja Unida da Inglaterra. Em 1881, com a morte do Grão-Mestre, visconde do Rio Branco, em
1880, foram realizadas novas eleições para a administração do Grande Oriente do Brasil, de 27
de junho a 4 de julho, sendo eleitos o conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, como Grão-
mestre, e Silveira da Motta, como Adjunto. Como João Alfredo não assumiu o cargo, devido às
suas viagens, Silveira da Motta, foi empossado, a 29 de setembro, permanecendo como Grão-
mestre interino até 5 de maio de 1882, cabendo-lhe, nessa posição, assinar o Tratado de
dezembro de 1881, entre o Grande Oriente do Brasil e a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Depois disso, era fundada a primeira Loja do rito no Oriente do Poder Central, no Rio de
Janeiro : a EUREKA LODGE nº 440, a 22 de dezembro de 1891. Esta foi fundada, realmente,
no Grande Oriente do Brasil e receberia o número 3 do Grande Capítulo de York.
A partir daí, foram fundadas mais as seguintes:
DUKE OF CLARENCE LODGE nº 443, em Salvador (BA), a 10 de outubro de 1892. Ela foi
transferida para o Rio de Janeiro, em 1963, aparentemente por falta de maçons ingleses em
Salvador, embora tenha, na época de sua fundação, contado com um quadro de 23
fundadores, dos quais 22 eram ingleses e só um, brasileiro.
MORRO VELHO LODGE nº 648, fundada a 20 de março de 1899, em Nova Lima (MG).
LODGE OF UNITY nº 792, fundada a 22 de setembro de 1902, em S. Paulo (SP).
ST. GEORGE'S LODGE nº 817, fundada a 30 de julho de 1904, em Recife (PE).
LODGE OF WANDERERS nº 856, fundada a 5 de setembro de 1907, em Santos (SP).
EDWARD VII LODGE nº 903, fundada a 10 de novembro de 1911, em Belém, PA, para poder
completar sete Lojas do rito, com que pudesse ser instalado o Grande Capítulo, o que ocorreria
em dezembro de 1913. Essa Loja, contudo, em 1922, solicitava licença para mudar para o Rito
Escocês Antigo e Aceito, tendo sido atendida no ano seguinte, quando abateu colunas.
A fundação desse Grande Capítulo, através do Decreto nº 478, de 1º de dezembro de 1913, do
Grão-Mestre Lauro Sodré, cumprindo resolução de 21 de novembro, da Assembléia Geral, era
O corolário do Tratado assinado entre o Grande Oriente do Brasil e a Grande Loja Unida da
Inglaterra, a 21 de dezembro de 1912. Já havia, nessa época, certo descontentamento dos
maçons de origem inglesa, residentes no Brasil, os quais pretendiam ter Lojas do rito, que
trabalhassem segundo a orientação litúrgica da Grande Loja Unida da Inglaterra. Diante das
súplicas desses obreiros, o Grão Mestre da GLUI, o duque de Connaught, enviou uma missão
ao Brasil, cujo objetivo era, se possível, obter o consentimento do Grande Oriente, para o
estabelecimento de uma Grande Loja Distrital, colocada sob a Constituição inglesa; e, caso
isso não fosse possível, que fosse, pelo menos, achada uma maneira de satisfazer aos anseios
dos suplicantes.
O Tratado, assinado, pelo lado do Grande Oriente do Brasil, por Sodré e pelo seu Grande
Secretário Geral, cap. Pedro Muniz, e, pelo lado da GLUI, por lord Athlumney, F.H. Chevallier
Boutell, H. Passmore Edwards, P. Tindal Robertson e J.J. Keevil, previa que o Grande Capítulo
seria a autoridade suprema, em matéria litúrgica, para todas as Lojas de York, existentes no
Brasil, e que, daí em diante, todas as Lojas do rito, fundadas no Brasil, só poderiam funcionar
com autorização do Grande Capítulo.
Posteriormente, seriam criadas mais as seguintes Lojas:
CAMPOS SALLES LODGE nº 966, fundada a 12 de fevereiro de 1921, em São Paulo (SP).
Essa Loja começou a funcionar no Rito Moderno, passando, logo em seguida, para o ainda
incipiente Rito Brasileiro --que iria desaparecer em 1940, sendo reativado em 1968 --—€
adotando o York. em 1923.
LODGE OF FRIENDSHIP nº 975, fundada a 20 de maio de 1922, em Niterói (RJ).
CENTENARY LODGE nº 986, fundada a 7 de setembro de 1922, em São Paulo (SP).
ROYAL EDWARD LODGE nº 1.096, fundada a 30 de maio de 1932, no Rio de Janeiro (RJ).
Além dessas Lojas do rito, existiram outras, mas com menor importância, porque duraram
pouco tempo, ou porque mudaram de rito. Esse é o caso de:
VESPER, a primeira do rito a ser fundada no Grande Oriente Unido de Saldanha Marinho, a 30
de novembro de 1872. Em 1879, ela fez fusão com a Loja MYSTERIO, mas já havia adotado o
Rito Moderno, desde 1874, quando foi reerguida, depois de ter ficado adormecida, em 1873.
EUREKA CENTRAL, fundada no Rio de Janeiro, a 21 de junho de 1902. Teve, como um dos
fundadores, Mário Behring (que viria a provocar a cisão de 1927, criando as Grandes Lojas
estaduais brasileiras), trabalhava em português e abateu colunas em 1904.
BRANCA DIAS, fundada na Paraíba, a 10 de janeiro de 1918. Quinze dias antes de receber
sua Carta Constitutiva de 15 de abril de 1918, todavia, adotara o Rito Adonhiramita. Tendo o nº
942, no Registro Geral das Lojas do Grande Oriente do Brasil, a Loja, em agosto de 1927,
tornou-se dissidente do GOB, para fundar a Grande Loja da Paraíba, na qual tomou o nº |,
enquanto as outras duas fundadoras, REGENERAÇÃO CAMPINENSE e PADRE AZEVEDO,
recebiam, respectivamente, os números 2 e 3 ocasião em que passou para o Rito Escocês
Antigo e Aceito. Nessa época, a Loja passou para Rito Escocês Antigo e Aceito.
BRASIL, fundada a 26 de setembro de 1918, no Rio de Janeiro, e regularizada a 4 de março de
1920, sob o nº 953. A 10 de junho de 1924, depois de ter ficado um ano paralisado, teve a sua
Carta cassada pelo Grande Capítulo.
Quando da assinatura do Tratado de 6 de maio de 1935, de Aliança Fratemnal entre o Grande
Oriente do Brasil e a Grande Loja Unida da Inglaterra, as dez Lojas do Rito, então existentes,
foram abordadas, juntamente com o Grande Capítulo, nos artigos 5º e 6º, que previam a
criação da Grande Loja Distrital, jurisdição Norte, no território brasileiro, nos seguintes termos:
“Artigo V — Considerando-se o desejo expresso pelos maçons britanicos de lhes ser permitido
exercerem as suas atividades subordinadas á UNITED GRAND LODGE OF ENGLAND, e
considerando que o GRANDE ORIENTE DO BRASIL se encontra disposto a aceder ao seu
desejo, este ultimo, pelo presente, declara que independentemente do disposto no artigo 64 da
sua Constituição, em contrario, dá a sua anuência ao estabelecimento no Brasil de uma
Grande Loja Districtal sob Carta Patente ou Autorização da UNITED GRAND LODGE, à qual
ficarão diretamente subordinadas as seguintes Lojas:

EUREKA - Rio de Janeiro


DUKE OF CLARENCE -Bahia
MORROVELHO - Minas Gerais
UNITY - S. Paulo
ST GEORGE - Pernambuco
WANDERERS - S. Paulo
FRIENDSHIP - Rio de Janeiro
CENTENARY - S. Paulo
CAMPOS SALLES - S. Paulo
ROYAL EDWARD - Rio de Janeiro

e as disposições deste artigo aplicar-se-hão a todas as Lojas que futuramente forem


autorizadas pela UNITED GRAND LODGE OF ENGLAND no território do Brasil, subordinadas
á referida Grande Loja Districtal.
Fica pelo presente convencionado que a autorização ora outorgada abrangerá os três Gráos da
Antiga Maçonaria, a saber, os de Aprendiz, Companheiro e Mestre, juntamente com a Ordem
Suprema do “Holy Royal Arch”, tornando-se também extensiva à autorização de Capitulo do
Royal Arch a serem anexados às Lojas, que presentemente ou futuramente exercerem as suas
atividades sob a direção da Grande Loja Districtal, que será administrada de conformidade com
a pratica em vigor, de acordo com a Jurisdição Inglesa.
Artigo VI Em consequência do disposto no artigo precedente, fica convencionado entre as Altas
Partes Contratantes, que em virtude de não ser mais necessária a existência do Grande
Capitulo do Rito de York no Brasil, este uma vez formada e estabelecida a Grande Loja
Districtal cessará as suas atividades e seus livros, documentos e bens serão entregues á
referida Grande Loja Districtal, executando-se o Livro de Actas em idioma português, que será
entregue ao GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Simultaneamente, as Lojas mencionadas no
artigo precedente passarão automaticamente para a jurisdição da UNITED GRAND LODGE OF
ENGLAND, sob a direção da Grande Loja Districtal, retendo todos os seus livros, documentos e
bens”.

Esse tratado era assinado, por parte do Grande Oriente do Brasil, pelo Grão-Mestre, general
José Maria Moreira Guimarães, e pelo Grande Secretário Geral, major Ezequiel Medeiros, e,
por parte da UGLE, por Peter Swanson e Reginald Arthur Brooking.

A CIDADE DE YORK E SUA IMPORTÂNCIA PARA A MAÇONARIA (OU PORQUE


UTILIZAMOS A EXPRESSÃO - MESMO QUE ERRADA - RITO DE YORK) Irm.'. Angelo
Spoladore

A) FATOS HISTÓRICOS
Antes de darmos início às discussões gostaria de esclarecer alguns pontos. Primeiro, o nome
correto para o “Rito” que estamos estudando é Ritual ou Trabalhos de Emulação. Se formos
pesquisar no Grande Oriente da França encontramos o termo Rito de Emulação. Se
procurarmos saber quais são os ritos aceitos pela Grande Loja da Inglaterra veremos o termo
Trabalhos de Emulação. Estes fatos podem ser facilmente verificados com uma simples
consulta na home page (na Internet) das Potências citadas.
O termo Rito de York é utilizado para o Rito praticado no USA, Rito este baseado nos
Trabalhos de Emulação mas em muito diferente. O Rito de York também é conhecido por Rito
Americano.
Portanto, de agora em diante, acho que devemos tratar o Rito que praticamos, pelo nome de
Trabalhos de Emulação.
O que me levou a realizar este trabalho foi saber um pouco mais sobre a cidade e a região de
York.
Porque falamos tanto desse lugar? Qual a sua importância para a história da Maçonaria? Afinal
de contas, existem dois ritos que levam o nome de York.
De acordo com The Oxford Universal Dictionary Illustrated, York (ou Eoforwic, Everwik, Yerk,
Eboracum) é o nome dado à capital da região de Yorkshine. Yorkshine é a maior das
províncias da Inglaterra. A cidade de York esta localizada a cerca de 250 km ao norte de
Londres às margens do rio Ouse e possui uma população aproximada de 100 mil habitantes.

A importância de York remonta aos tempos da Idade Média, e até o presente sendo que, até a
metade do século XVIII, York pôde ser “considerada a capital do norte da Inglaterra e a
segunda cidade daquele país” (Oliynik, 1997).
Conforme veremos adiante, esta cidade recebeu diferentes nomes em diferentes épocas,
nomes estes dados por seus invasores.
Como a maioria das cidades antigas, York atravessou períodos de prosperidade mas também
épocas difíceis. Foi também palco de guerras e de batalhas.
A arquitetura da cidade sempre se destacou merecendo especial atenção a sua Catedral
(Catedral de York) em estilo gótico primitivo e que levou vários séculos para ser construída.
Por fim, York foi famosa por abrigar um grande número de confrarias de construtores, fato este
muito significativo para a Maçonaria.
De acordo com o home page oficial na Internet do Conselho da Cidade de York, sua história
pode ser dividida em diferentes períodos de acordo com os principais eventos lá ocorridos. O
Irml
Anatoli Oliynik, em seu livro “O Rito de York”, bem como outro autor profano, historiadores n8
sua maioria, também utiliza a mesma sistemática para resumir a história de York.
Assim sendo, temos:
York romana (Eboracum);
York anglo-saxônica (Eoforwic);
York viking (Jorvik);
York normanda e medieval;
Declínio de York;
A guerra civil;
York georgiana;
A York atual
York romana ou Eboracum
Em 54 A .C€. Júlio César invadiu a Bretanha. Apesar de alguns autores alegarem a existência
de vestígios de ocupação em York datados de 300 anos antes de Cristo, podemos afirmar que
a fundação deu-se no ano de 71 D.C., quando Quintus Petillius Cerialis, então governador
romano da Bretanha, invadiu a Brigantia (Umbria ou Br) e estabeleceu um acampamento na
junção dos rios Ouse e Foos. Este acampamento, com o passar do tempo, tornou-se numa
fortaleza permanente, recebendo o nome de Eboracum ou Eburacum.
Tal afirmação é feita tomando-se por base diversos autores entre eles Oliynik (1997),
Woodward (1964) e Millertt (1990).
Alguns autores maçônicos tendem a invocar que Eboracum foi fundada pelo colégio fabrorum
romano (colégio de construtores romanos). Todavia, conforme ressalta Millett (1990),
Eboracum foi fundada inicialmente como um acampamento militar tornando-se uma fortaleza.
Sua localização foi cuidadosamente escolhida. Eboracum estava situada em uma Zona neutra
estrategicamente localizada entre os territórios dos brigantes e o dos parisi. Esta localização
estratégica faz sentindo pois permitia aos romanos vigiar possíveis inimigos.
Woodward (1964) afirma que os romanos fundaram 4 colônias na região da Britânia: York
(Eboracum), Lincoln, Colcherter e Gloucester. Entende-se por colônia, o mais alto nível de
cidade provincial, estabelecimento de legionários reformados. Cada uma das colônias citadas
anteriormente possuía seu magistrado e um senado de ex-magistrados regido diretamente por
Roma. A organização tribal nativa teve de se adaptar ao novo sistema de governo. Como
vemos, a fundação de York obedeceu a critérios militares e seu desenvolvimento seguiu os
padrões romanos. Eboracum estava localizada exatamente no local onde hoje se localizada
atual York.
Eboracum chegou a ocupar uma área de 50 acres abrigando uma guarnição de 6 mil soldados
romanos.
Com o desenvolvimento formou-se uma sociedade civil organizada, originando uma cidade de
Grande importância para o Império Romano.
York anglo-saxônica (ou Eoforwic) O domínio romano durou por aproximadamente 3 séculos
e em 476, as legiões romanas foram servir na Gália, ocorrendo a consequente desocupação.

A região foi então colonizada pelos grupos germânicos anglo-saxões. Eboracum passou a ser
chamada de Eoforwic, principal cidade do reino independente da Northumbria. Um dos reis que
governou Eoforwic foi Edwin, quem se casou com uma princesa cristã introduzindo o
cristianismo nesta região. Posteriormente Edwin levou para Eoforwic um padre chamado
Paulinus (posteriormente bispo de York) e construiu a primeira igreja - que por sinal era de
madeira (Oliynik, 1997).
Eoforwic manteve a hegemonia na Northumbria até o século VII quando foi invadida e
devastada por vikings de origem dinamarquesa liderada por Ivar.
York viking (ou Jorvik) Após a invasão viking, Eoforwic passou a se chamar Jorvik. Foi
estabelecidas uma cultura agrícola relativamente pacífica e Jorvik se tomou importante porto
fluvial que integrava as rotas de comércio estabelecidas pelos vikings.

Nesta época, os muros da cidade foram estendidos e novas ruas foram criadas. A cidade
prosperava.
Em 954 Eric Bloodaxe, último governador viking, foi expulso pelo rei Eadhed, unido assim a
Northumbria ao reino do sul
Durante os anos de 1056 e 1066 a história da já então York, foi muito tumultuada: mudou-se de
mãos diversas vezes, enfrentou uma rebelião local, uma invasão norueguesa e finalmente a
retomada pelo rei Harold II da Inglaterra (Batalha de Stanford Bridge) sendo que este rei foi
deposto 3 semanas depois em decorrência da invasão normanda comandada por Willian
(Batalha de Hastings).

York normanda e medieval


Em 1069 Willian foi para York onde, por motivos estratégicos visando a defesa da cidade,
mandou construir dois castelos (de madeira) no topo de duas colinas artificiais. De acordo com
Oliynik (1997), os castelos não mais existem mas ainda é possível de se visualizar as duas
colinas artificiais.
Neste período a prosperidade e o crescimento de York foram grandes. A construção da
catedral foi retomada e os muros de pedra e os portões foram construídos.
Nos 3 séculos que se sucederam York cresceu tornando-se a segunda cidade da Inglaterra.
O declínio de York

Nos anos de 1400 Fork enfrentou uma séria crise industrial e comercial. Como consequência, a
população sofreu uma grave diminuição.
Para agravar a situação, em 1455 a população de York se engajou na Guerra das Rosas.
Entende-se por Guerra das Rosas a disputa que durou 30 anos entre Edmundo Beaufort
(duque de Samerset — da casa de Lancaster) e Ricardo (3º duque de York).
A guerra em si não provocou destruição em York mas gerou consequências sérias. O rei
Eduardo II não perdoou York pelas simpatias lancastianas (Oliynik, 1997) e governou a cidade
com mão de ferro.
York enfrentou também diversas epidemias.
Outro golpe para York foi a chamada Dissolução dos Mosteiros, em 1533 pelo rei Henrique VIII,
que renunciou a igreja católica e se auto proclamou como chefe da igreja na Inglaterra. “Todos
os mosteiros foram suprimidos. Metade das casas da cidade, anteriormente pertencentes às
igrejas foi confiscada pela Coroa e vendidas para os oficiais reais e mercadores de Londres”
(Oliynik, 1997).

Numa tentativa de reverter a situação e valorizar a cidade de York , Henrique VIII fortalece o
Conselho das Partes Nortistas sendo que o mesmo passava a ter base em York.
À guerra civil
Durante o reinado de Elizabeth I o Conselho das Partes Nortistas foi fortalecido e York voltou a
prosperar. Tal fato teve continuidade durante os reinados de James I e Charles I. Mesmo com a
posterior extinção do Conselho pelo Parlamento, o rei Charles I montou a corte no Solar do rei,
instalou a Casa da Moeda em York e manteve a imprensa real no St. William's College.
Todavia, em 1642, quando Charles I deixou York a oposição parlamentar juntou força
rompendo uma guerra civil. Deu-se então o cerco de York por 40 mil homens do exército do
Parlamento. Após batalhas, a cidade rendeu-se em julho de 1944 sendo então parcialmente
destruída.

York georgiana

Após a remoção das tropas de York, a cidade foi gradualmente adquirindo seu ritmo normal. O
comércio e a indústria estavam em decadência, mas a cidade passou a ter importante papel
cultural. York aos poucos voltava a ter uma prosperidade.

A York atual

Com o advento da ferrovia York experimentou rápido crescimento. Atualmente o turismo é


talvez a mais importante fonte de renda para a cidade. York é atualmente um modelo seguido
por diversas cidades no tocante a sua Universidade e ao seu Parque de Ciências.

B) A IMPORTÂNCIA DE YORK PARA A MAÇONARIA À importância de York para a Maçonaria


pode ser facilmente constatada. Vejamos.

Antiguidade da Maçonaria em York


Determinar com exatidão quando e onde nasceu a Maçonaria é tarefa muito difícil sendo alvo
de intensas e apaixonadas discussões. Alguns autores tendem a puxar as origens da nossa
Ordem para tempos remotos (Antigo Egito e outras épocas anteriores a Cristo) Todavia, não
podemos negar que a Maçonaria como ela é atualmente surgiu em 1717 na Inglaterra. Todavia,
existem evidências da existência de Lojas Maçônicas funcionado em Londres e York anterior
ao famoso 1717. Acredita-se, por exemplo, que por volta de 1690 existia pelo menos uma Loja
em York e sete em Londres. Sabe-se com certeza (Oliynik, 1997) que em 1705 existiam quatro
Lojas em Londres, uma em York outra em Scarbouough. Sabe-se também da existência de
outras lojas operativas em York entre os anos de 1690 e 1700 sem nenhum rito e sem
formalismo. Alguns autores, conforme veremos a seguir, afirmam a Maçonaria já existia em
York no ano de 926, quando o príncipe Edwin convocou para ter lugar em York, uma reunião
de todos os Maçons da Europa. Tal fato é muito discutido não sendo confirmando por autores
importantes. A Lenda de York Uma lenda, como o próprio nome esta dizendo, não tem
obrigação de ser verdade. Uma lenda é uma lenda e não um fato. Apesar da Lenda de York
aparecer com certa frequência na literatura mesmo na do século XIX, o fato que ela narra não
pode ser comprovado. Diferentes autores, alguns muito bem conceituados, versam a respeito
da lenda. Como exemplo citamos.
autor obra ano
J. G. Findel História da franco-maçonaria 1861
A Grande História da franco-maçonaria
Gould História Concisa 1836 - 1915
Albert G. Mackey A História da franco-maçonaria 1807 - 1903
W. J. Hughan História de franco-maçonaria em York —-
F. A . Woodford Conexão de York / franco-maçonaria na Inglaterra —-
De acordo com a Lenda, em 926 A . €., em York, durante o domínio do rei Athelstan, ocorreu o
primeiro congresso maçônico convocado pelo príncipe Edwin. Durante este encontro, Edwin
teria sido eleito chefe da Ordem e os Maçons dele receberam diplomas, certificados e patentes.
A lenda é rica em detalhes. De acordo com a mesma, em 926 quase todas as cidades da
Inglaterra existiam Lojas Maçônicas. Mesmo com a uniformidade entre as leis e princípios, elas
mantinham pouco contato entre si.
O rei Athelstan, arquiteto e “educado pelos sacerdotes-arquitetos, antes de ser elevado ao
trono fez educar nessa arte o segundo de seus filhos, o príncipe Edwin, para nomeá-lo, depois,
chefe ou Grão-Mestre da Confraria.
O príncipe Edwin, desejoso de reconduzir a Confraria — de acordo com as antigas Leis e
Costumes — a reconquistar o seu lugar, isto em 926, quando ocorreu a famosa reunião de
todos da Europa, convocou todos os Maçons de seu reino para uma reunião em York,
solicitando que trouxessem todos os documentos sobre a sociedade salvos da destruição”
(Oliynik, 1997).
Ainda durante a reunião teria sido escrita a “Carta de York” ou “Constituição de York” , um dos
documentos mais antigos da Maçonaria e no qual as primeiras constituições foram baseadas.
Os historiadores negam tal evento por um motivo simples: não conseguem comprovar a
existência do príncipe Edwin na época citada. Acredita-se que exista uma confusão entre com
o Edwin, rei na Northumbria que viveu de 568 a 623, ou seja, 300 anos antes.
A constituição de York
De acordo com a Lenda de York, este documento foi elaborado durante a referida reunião dos
Maçons em 926. Segundo o Irmão Oliynik (1997), em 1807 a constituição teria sido traduzida
do latim para o inglês e em 1808 do latim para o alemão pelo Irmão Schneider e publicada pelo
editor e Irmão Krause (o documento também ficou conhecido como “manuscrito de Krause”).
A Constituição de York se compõe de três partes:
Preâmbulo
História da Arts de Construir
No exterior
No interior da Inglaterra
Estatutos particulares
Vinha a seguir um histórico da arte de construir na Inglaterra e no exterior € depois vinham as
obrigações conforme texto abaixo.
As guildas

York sempre foi famosa por abrigar guildas, confrarias e associações operárias. Como
sabemos, estes estão intimamente relacionados com a origem da Maçonaria moderna.
Uma guilda pode ser definida como sendo uma associação de caráter solene ou um grupo de
pessoas que se reúnem com um determinado fim comum. São estabelecidas confrarias ligadas
por algum tipo de juramento e expressam a vinculação entre si por meio de formas rituais de
comer e beber. Na coleção “História da vida privada” organizada por Paul Veyne, as guildas
são assim tratadas, tendo por base documentos do clero medieval: “ mais bem conhecidas são
essas comunidades que o clero denuncia sob o nome de “conjurações” e outros chamam de
“guildas” . Homens de todo a espécie — camponeses, artesãos e sobretudo comerciantes —
juram uns aos outros, de igual para igual, manter-se juntos custasse o que custasse. Tais
juramentos ocorriam em 26 de dezembro, dia do festim do deus pagão Jul quando podiam
aliar-se com os espíritos dos mortos e com os demônios que subiam a superfície. Os futuros
confrades preparavam então gigantescos banquetes onde todos se empanturravam até vomitar
e bebiam até alcançar o estado no qual, mediante perturbação de todos os sentidos, podiam
entrar em comunhão com as forças sobrenaturais”. Todavia, de acordo com o mesmo autor, as
guildas eram verdadeiras organizações de autodefesa executando papel fundamental na luta
contra piratas e invasores (como os vikings) O nome guilda deriva do inglês arcaico geld =
pagamento, joia que cada confrade tinha de depositar para entrar na organização, sendo este
pagamento uma constante em todas as guildas. As guildas mais antigas eram provavelmente
festins sacrificiais pagãos sendo posteriormente a carne e o sangue de uma vitima substituídos
pela cerveja e pela comida de um banquete.
Com o tempo surgiram guildas com diferentes propósitos. As guildas clericais surgiram
precocemente e com diferentes finalidades. Talvez a finalidade mais importante de uma guilda
clerical era a construção de igrejas.
Existiam ainda as guildas mercantis que apareceram com a intensificação da vida urbana e
consequentemente das ralações comerciais. Um outro tipo de guilda são aquelas que
desempenharam papel importante nos assuntos cívicos. Existiam também as guildas urbana
relacionadas com as artes e ofícios.
O sistema corporativo das guildas entrou em declínio no século XVT devido a uma série de
fatores dentre eles mudanças nas condições de trabalho e mudanças nas rotas comerciais.
Nesta mesma época deu-se início a Maçonaria especulativa. Ressaltamos ainda que não
podemos confundir as guildas com as associações operárias as quais geralmente possuem 3
graus (aprendiz, companheiro e mestre) e também surgiram a partir do século XVI.
A Grande Loja de York e o conflito entre os “antigos os” e os “modernos”
O Rito Emulação, apesar de alguns autores afirmarem diferente (por exemplo, o Irm? Astaphai
afirma que o presente Rito foi “inventado” na Escócia em 1777 pelos Jesuítas; o Irm? Oliynik,
1997, afirma que o Rito de Emulação surgiu a partir da Lenda de York) nasceu a partir da fusão
entre a Grande Loja de Londres e os Antigos Maçons de York.
Sua criação pode ser assim entendida: no século XVIII a Maçonaria na Inglaterra enfrentava
sérios problemas internos estando em franca decadência.
Estes problemas ss originaram porque a Grande Loja de Londres, constituída originalmente pof
quatro Oficinas teve influência muito limitada. As outras Lojas existentes na Inglaterra
continuavam a respeitar as antigas obrigações e respeitavam o princípio das Lojas “livres”, isto
é. não se agrupavam em nenhuma organização obediência (Irm?Naudon, 1968).
O centro da resistência era a velha Loja de Vork. Surgiu então o movimento dos antigos
Maçons que criaram, para brigar em condições semelhantes, a mui Antiga e Ilustre Sociedade
dos Maçons Livres e Aceitos ou a Grande Loja dos Maçons Francos e Aceitos, posteriormente
transformada na Grande Loja de York, a qual se opunha a Grande Loja de Londres.
Grande Loja de Londres se autodenominada de Grande Loja da Inglaterra. Por sua vez a
Grande Loja de York se denominou de a Grande Loja de Toda a Inglaterra.
Os Maçons a Grande Loja de York eram conhecidos por antigos.
Os Maçons pertencentes a Grande Loja da Inglaterra cram chamados de modernos.
Os principais pontos de discórdia, eram:
Omissão das preces;
Transposição dos modos de reconhecimento no 1º e 2º Graus;
Descristianização do ritual, provocado pelas Constituições de Anderson;
Ignorância e negligência dos dias santos (realização de posses e de festas em dias que não
eram os de São João);
Omissão da preparação do candidato segundo os costumes;
Abreviação no Ritual;
Negligência das instruções inerentes a cada grau;
Cessação da leitura dos antigos deveres nas iniciações;
Eliminação da Espada na Cerimônia de Iniciação;
Desuso da cerimônia de Instalação de Venerável;
Afastamento do antigo método de arrumar a Loj\
Ignorar os Diáconos;
Essa situação dura quase sessenta anos - até 1813. Foi quando e Duque de Dussex torna-se
Grão-mestre dos “Modernos” e seu irmão de sangue, o Duque de Kent, Grão-Mestre dos
“Antigos”. Nesta época, as duas Grandes Lojas, cuja rivalidade perdera o objetivo doutrinário,
reconciliaram-se e fundiram-se.
Em 27/12/1813, realizou-se um ato solene de reunião das duas Grandes Lojas. Este ato
ratificou um acordo prévio firmado em 25/11/1813.
A nova Potência passou a se chamar de Grande Loja Unida da Inglaterra ou Grande Loja
Unida dos Antigos Franco-Maçons da Inglaterra.
Em 1815 foram publicas as Constituições da nova Potência. A Grande Loja Unida da Inglaterra
decidiu também trabalhar no Rito dos Antigos, que haviam adquirido o hábito de chamar-se de
Maçons de York, donde surgiu o nome errôneo de Rito de York.
Buscava-se com isso a harmonização dos Rituais, posto que até então ainda existiam
diferenças locais, ocasionando variações de Ritos (Rito de Logic, Bristol, West Eru, etc).
Surgiu então o Ritual de Emulação.
T.F.A.
Mano Careta

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