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Índice 02

Editorial 03
Qual a Loja Maçônica Mais Antiga do Mundo: Kilwinning ou Edinburgh? 04
Igreja Católica & Maçonaria 06
A (Verdadeira) Primeira Grande Loja 10
Assiduidade e Pontualidade 14
Definição Acadêmica de Maçonaria 15
O Uso de Velas no Rito Adonhiramita 16
Leitura recomendada 21
Homenagem Póstuma – José Gonçalves da Silva 22
Calendário de Atividades 2° Semestre de 2017 EV 23
Convite – Sessão Magna em Comemoração aos 300 Anos de Fundação da GLU 24
Administração do Biênio 2017-2019 25
Junte-se a Nós! 26
Créditos 27

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Amados Irmãos e Amigos,

Neste mês, nossa revista digital UM QUARTO DE


HORA completa 2 anos de circulação entre Irmãos de todos os
Ritos, o que, sem dúvida, é motivo de enorme regozijo para nós, não
por qualquer eventual sucesso que possamos ter obtido ao longo destas
24 edições, mas pelo empenho e dedicação de todos que nos ajudaram a
desenvolver esta ideia e chegar até aqui.
Nos dispusemos a divulgar o Rito Adonhiramita não por qualquer
predileção, mas pelo simples fato de sermos capazes apenas de falar sobre aquilo que
conhecemos. Apesar disso, temos recebido valiosas colaborações de Irmãos praticantes
de outros Ritos, estimulando o estudo sobre temas ligados à nossa Doutrina, enriquecendo
nossos conhecimentos e estreitando os laços fraternais de amizade que devem unir todos os
Maçons espalhados sobre a face da Terra.
Queremos manifestar nossos agradecimentos a todos os colaboradores e leitores de nossa
publicação, e repartir uma fatia desse nosso bolo de aniversário virtual. As páginas desta revista, bem
como as portas da ARLS SCRIPTA ET VERITAS, N°1.641, Grande Benfeitora da Ordem,
estarão sempre abertas. Lembre-se “sozinhos nada somos, mas juntos tudo podemos!”
Por dever de ofício, ressalto que os textos aqui publicados não refletem a posição oficial do
Grande Oriente do Brasil, do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, ou do Supremo Conselho
Adonhiramita do Brasil, sobre os temas abordados, tratando-se única e exclusivamente das opiniões
individuais de seus autores.
Desejo a todos uma boa leitura!
SERGIO EMILIÃO
Editor

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QUAL A LOJA MAÇÔNICA MAIS ANTIGA DO MUNDO:
KILWINNING OU EDINBURGH?

Por vezes li artigos afirmando que a Loja notar, contudo, que a partir desses registros, não
mais antiga do mundo seria a Lodge Mother existe nenhuma evidência conclusiva de que a
Kilwinning Nº 0, na cidade de Kilwinning, Loja foi realmente constituída nesta data, nem que
sudoeste da Escócia, mas o que a História pode seja, na realidade, a Loja mais antiga.
nos provar, é um pouco diferente. Os Estatutos Schaw (parte das Old
Apesar desta Loja afirmar que foi fundada Charges) são atribuídos a William Schaw, que era
durante a construção da abadia local (Kilwinning Mestre de Trabalho da Sua Majestade e General
Abbey) em 1140, o seu registro mais antigo data Warden do Craft. Nestes Estatutos, ele declarou
do ano de 1642. Em 1641 um incêndio destruiu a que estes decretos foram emitidos por ele, para a
sede da família dos Condes de Eglinton, local regulação das Lojas, considerando a Lodge of
onde ficavam armazenados todos os documentos Edinburgh, a primeira e principal Loja da
da Loja, que foram integralmente perdidos, junto Escócia.
com a histórica origem da Loja. A Lodge of Edinburgh Nº1 foi chamada
Até 1736 o assunto antiguidade não foi inicialmente de “The Lodge of Edinburgh” e
debatido pois foi neste ano que a Grande Loja da manteve este nome até a Grande Loja da Escócia
Escócia foi fundada e criou o seu registro de confirmar a sua carta constitutiva, designando-o
Lojas. como “The Lodge of Edinburgh (Mary’s Chapel)
Outra Loja chamada Lodge of Edinburgh Nº 1”
Nº1, em Edimburgo, capital da Escócia, O Primeiro maçom especulativo na Escócia
reivindicou para si, o título de Loja mais antiga do No ano de 1600, os registros da Lodge of
mundo devido ao fato da Loja anterior não ter Edinburgh nos informam que começaram a
documentos comprobatórios de sua antiguidade e admitir Maçons não-operativos. Em junho de
esta ter suas atas preservadas. 1600, o Laird de Auchinleck foi feito um membro
A ata maçônica mais antiga da Lodge of especulativo, o primeiro registro autêntico da
Edinburgh Nº1, data de 31 de julho de 1599, Iniciação de tal membro. Laird é uma
sendo assim o registro mais antigo de uma Loja denominação de proprietário de grandes terras,
maçônica. equivalente a Esquire na Inglaterra. Esta data é
Nas cinco primeiras páginas desta antiga usada para marcar a passagem da Maçonaria
ata, estão incorporados os Estatutos Schaw, que operativa para a especulativa, na Escócia.
são datados de 28 de dezembro de 1598. Deve-se Fundação da Grande Loja da Escócia

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Com fundação da Grande Loja da Escócia palavra “mãe” em seu nome e ficar no topo da
em 1736, e como o título de Loja mais antiga foi listagem de Lojas, passando a se chamar Lodge
dada a Loja de Edimburgo, isso não foi bem aceito Mother Kilwinning Nº 0 e o Mestre da Loja
pela Loja de Kilwinning que retirou a sua filiação Kilwinning nomeado Grão-Mestre Provincial de
e declarou sua independência, como Soberana Ayrshire.
Grande Loja de Kilwinning, concedendo cartas Concluindo, acredito que nenhuma destas
constitutivas para funcionamento de outras Lojas, duas Lojas foram as primeiras Lojas maçônicas
fato este que já acontecia antes de 1736. Ela no mundo, nem na Escócia, pois existem diversos
concedeu cerca de 70 autorizações para outras outros fatos que nos faz crer que muito antes disso
Lojas, mas por conta de secretários não muito já existiam outras Lojas maçônicas, como por
competentes, estes registros foram incompletos e exemplo, uma placa existente na Loja Melrose
por esta Loja funcionar em uma pequena aldeia de (Escócia) datada do ano de 1136. Contudo, a Loja
Ayrshire, era muito difícil manter os seus mais antiga em funcionamento, com atas
trabalhos como uma Grande Loja. Devido a estes preservadas, é sem dúvida a Lodge of Edinburgh
percalços, em 1807, esta Grande Loja contava (Mary’s Chapel) Nº 1.
apenas com 6 Lojas, que neste mesmo ano,
entraram em acordo com a Grande Loja da Fonte
Escócia e foram absorvidas. Dentre as Texto de autoria de Luciano R. Rodrigues,
negociações para esta absorção, a Grande Loja da publicado em www.oprumodehiram.com.br
Escócia permitiu a Loja Kilwinning de utilizar

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IGREJA CATÓLICA & MAÇONARIA

A Maçonaria foi anatematizada - expulsa italiana que tinha à frente três eminentes Maçons
do seio da Igreja - pela Igreja Católica, Apostólica - Carnilo Benso, Conde de Cavour (1810-1861);
e Romana, em nove Encíclicas (Carta Circular Giuseppe Mazzini, Carbonário (1805-1872); e
Pontifícia): Giuseppe Garibaldi, General e Guerrilheiro
1. In Eminenti Apostolatus Specula, de 04 de (1807-1882) - isso em muito contribuiu para as
maio de 1738, pelo Papa Clemente XII; atitudes tomadas por Pio IX, uma vez que os
2. Providas Romanorum Pontificum, de 18 Estados Pontifícios ficaram reduzidos a 0,44 km²
de maio de 1751, pelo Papa Bento XIV; quando, originalmente, possuíam 44.000 km².
3. Ecclesiam a lesu Christo, de 13 de Posteriormente, ainda ressentido pelas
setembro de 1821, pelo Papa Pio VII; consequências da unificação da Itália, mormente,
4. Quod Graviora, de 13 de março de 1825, com as atitudes de seus Irmãos da Ordem
pelo Papa Leão XII; Maçônica, Pio IX emitiu mais de vinte
5. Traditi, de 21 de maio de1829, pelo Papa documentos execrando a Ordem, notadamente: a
Pio VIII; Alocução Quibus Quantisque (1849); a Encíclica
6. Mirari, de 15 de agosto de 1832, pelo Papa Noscitis et Nobiscum (1849); a Alocução
Gregório XVI; Singuiari Quandam (1854); a Alocução Máxima
7. Qui Pluribus, de 09 de novembro de 1846, Quidem Laetitia (1862); a Encíclica Quanto
pelo Papa Pio IX; Conficiamur (1863); a Alocução Apostolicae
8. Multiplices Inter Machinationes, de 25 de Sedis (1869); a Encíclica Est Multa Luctuosa
setembro de 1865, pelo Papa Pio IX; e (1873); a Carta Exortae in esta Dictione (1876), e
9. Humanum Genus, de 20 de abril de 1884, a Carta Quamquam Dolores (20 de maio de
pelo Papa Leão XIII. 1873), dirigida ao Bispo Dom Vital, sobre a
De todos os Papas, o que mais se preocupou Questão Religiosa no Brasil.
em condenar a Maçonaria foi Pio IX - Giovanni À luz de toda essa rejeição à Ordem, torna-se
Maria leretti Mastai - que, quando Cardeal na importante abordar três pontos principais: que
Sicília, havia sido Iniciado em uma Loja tipo de Maçonaria é condenado nesses
Maçônica chamada “Eterna Catena”, havendo pronunciamentos? Que heresias foram
registro de tal fato em uma Loja Maçônica na encontradas nas práticas Maçônicas? Em que
cidade alemã de Nuremberg. ponto doutrinal a Teologia Católica foi atacada
Durante o Pontificado de Pio IX - 1846-1878 pela Maçonaria?
- é que ocorreu o movimento de unificação O primeiro equívoco desses pronunciamentos
da Igreja Católica reside em que ela condenou o

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segredo maçônico, em razão das reuniões juramento, e exigência de conformidade à moral
sigilosas da Maçonaria. Ora, se existia um natural. Nada que justificasse uma condenação
segredo, se as reuniões Maçônicas se faziam máxima, como a excomunhão perpétua, contra
secretamente, os Papas se encontram num dilema: esses homens, apenas suspeitos de heresia (de
ou conheciam o segredo ou não. Se não haeresi vehementer suspectos). Nada que visasse
conheciam, não poderiam ter condenado o que subverter a Igreja, nenhuma acusação de
desconheciam, pois, não se justifica que se satanismo, ou outra sandice corno as que se
condene o que não se sabe, pelo único fato de não levantaram no último quartel do século XIX que,
sabe-lo. a bem da verdade, jamais foram oficialmente
A fundamentação de Bento XIV, em sua endossadas por quaisquer dos Papas.
Encíclica Providas Romanorum Pontificum, de A Encíclica Providas Romanorum Pontificum,
que as coisas honestas gozam da publicidade e as do Papa Bento XIV, baseou em seis motivos a sua
criminosas do segredo, não procede; haja vista condenação à Ordem Maçônica; todos,
que o Colégio dos Cardeais se reúne, em facilmente, refutáveis.
Conclave, sob absoluto sigilo, para eleição de O primeiro motivo - porque na Maçonaria se
novo Papa, sem que isso se constitua em ato alistam homens de todas as seitas; donde se segue
criminoso. um perigo gravíssimo para a pureza da Religião
Por outro lado, se a Igreja conhecia o segredo Católica - apenas retrata a intolerância religiosa
das reuniões maçônicas (deixando, portanto, de então vigente, e o temor de que os Católicos
ser segredo) teria os elementos para uma acusação afrouxassem na sua Fé. Ora, reunirem-se homens
específica, denunciando o que encontrou nessas de várias religiões, isto é, não ateus, não é, à luz
reuniões que pudesse atingir a Teologia Católica, das concepções atuais, razão para a fulminação
a Fé e os Mandamentos da Igreja. com a pena gravíssima da excomunhão.
É de se frisar que nenhuma palavra O segundo motivo - por serem secretos os seus
encontramos em todos os pronunciamentos da trabalhos - não procede em face dos próprios
Igreja Católica sobre a Maçonaria, que faça a procedimentos da Igreja Católica, em suas
menor referência, provando qualquer tipo de reuniões secretas, quer em Conventos, com suas
heresia. clausuras e Ordens Monacais onde, por vezes, um
Isso, infelizmente, mostra que a Ordem silêncio absoluto - de tudo que ali se faz e se passa
Maçônica foi condenada, exclusivamente, por - é cobrado ...
presunção. O terceiro motivo - pelo juramento ilícito dos
Católicos que somos, não nos consideramos sócios de nada descobrirem, nem quando forem
atingidos pelas condenações que preexistiam ao interrogados pelo legítimo poder - falha pela
nosso ingresso na Ordem, proferidas em outro manifesta improcedência, por conter insinuações
momento histórico da humanidade e sob que o juramento seria um perigo para o Estado. É
circunstâncias diversas, que, devidamente de se observar que um juramento não é
cotejadas com os sadios princípios da Ordem condenável por si, mas, eventualmente, pelo seu
Maçônica, improcedem totalmente. conteúdo. Nenhum Maçom jura manter segredo
Lendo-se a Encíclica ln Eminenti Apostolatus sobre fatos que possam afetar a segurança do
Specula, do Papa Clemente XlI, não se encontra Estado de direito democrático, pois, tem o dever
qualquer acusação de que os Maçons tenham e a obrigação de respeitar e não conspirar contra
negado qualquer dos dogmas da Igreja ou as autoridades constituídas. O segredo que o
cometido, provadamente, qualquer heresia. A Maçom guarda é ritualístico, iniciático e
acusação restringe-se a existência de uma reunião espiritual.
de homens, de confissões diferentes, sob

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O quarto motivo - por serem proibidas as Portanto, não se trata de uma associação
sociedades secretas pelo direito comum - se era amoral, imoral e criminosa, integrada por
válido em 1751, quando a Maçonaria era forçada indivíduos delinquentes e inidôneos.
a manter-se nessa situação pela intolerância da Os demais Papas - Pio VII, Leão XII, Pio
Igreja Católica e de Governos absolutistas, não é VIII, Gregório XVI - seguem, de modo geral, a
aplicável à Ordem Maçônica moderna, que mesma linha de raciocínio de Clemente XII,
deixou de ser secreta para ser, apenas discreta. É Bento XIV e Pio IX, sendo que Leão XIII,
de se destacar que uma sociedade sobre a qual já fazendo-se porta-voz de concepções que estavam
se publicaram mais de 100.000 livros ... pode ser entrando em decomposição, é a derradeira
tudo, menos secreta. tentativa de sobrestar o progresso.
O quinto motivo - porque também vários Para Leão XIII, pelo fato de se guiarem
Príncipes haviam ferido a Maçonaria com pela razão e não pela fé religiosa, os Maçons são
proibições em seus Estados - é um desdobramento ateus. Esse pensar é a revivescência da obstinação
do motivo anterior, ressaltando-se que as e a intransigência da rotina (que nega a virtude, a
alegações principescas, sem dúvida alguma, eram beleza e o valor), da qual se chega, facilmente, à
de ordem política, jamais teologais. A intolerância; foi ela que deu: o veneno a Sócrates,
excomunhão, nesse caso, se verificou pelo fator o punhal a Cesar, o desterro a Dante, o cárcere a
político, pelo viés temporal e não pelo sentido Galileu, o fogo a Bruno, os ferros a Colombo ...
religioso. Ignorou Leão XIII que a Maçonaria não é
O sexto e último motivo - porque é associação uma religião, mas uma sociedade de homens que
perversa na opinião de todos os bons - é afirmação buscam, constantemente, a verdade, exigindo a
carente de qualquer fundamento válido, sendo, tolerância religiosa, a tolerância científica, a
absolutamente, subjetiva. Para se imputar uma tolerância no relacionamento humano; verdade
associação de perversa é preciso que se conheçam essa que se contrapõe, evidentemente, ao
dela atos de perversidade e a Encíclica não indica dogmatismo exclusivista.
um sequer, transferindo a acusação à opinião de É de se apontar que as lutas e ataques
todos os bons. São os bons que acham a mútuos entre a Igreja Católica e a Maçonaria
Maçonaria perversa. Mas quem são esses bons? terminaram por desgastar ambos os contendores.
Em contrapartida, quem seriam os maus? Se O crescimento do materialismo no mundo,
dividirmos a sociedade humana em criminosos e os perigos passados - ao longo do século XX -
não-criminosos, os bons seriam os não- perante o fascismo, o nazismo e o comunismo
criminosos. Por esse raciocínio, a Maçonaria seria ateu, assim como as modificações sofridas pela
constituída por criminosos, o que não resiste a Igreja na sua atitude perante as novas tendências
qualquer análise séria, em face do avultado da civilização e da cultura, fizeram-na sentir que
número de pessoas ilustres que pertenceram (e ela e a Maçonaria estavam do mesmo lado, lado
continuam a pertencer) à da ética, da moral e da espiritualidade,
Instituição. É de se recordar que a Encíclica de denominador comum muitíssimo mais forte do
Clemente XII reconhecia, explicitamente, que a que os motivos das querelas sustentadas no
Maçonaria exigia (e continua a exigir) de seus passado.
adeptos a conformidade com a moral natural, isto A questão da reaproximação da Igreja
é, a moral laica, aquela que está no consenso Católica e da Maçonaria - sobretudo a partir da
comum, no discernir entre o bem e o mal, entre o segunda metade do século passado - não deixou
honesto e o desonesto. mais de figurar nas preocupações de ambos os
lados.

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A Igreja vem enfrentando o impasse de Maçons leigos dessa época - 1808 a 1872 - não
aceitar os Maçons e não negar os documentos sendo atacados pela Igreja Católica no Brasil, com
condenatórios, o que poderia parecer uma ela comungavam em sua maioria, mantendo,
contradição. Em decorrência, tomou o caminho de porém, intocável o princípio da mais ampla
fazer a distinção, isto é, distinguir o tipo de liberdade religiosa, pois, religião não se impõe.
Maçonaria que foi condenado a partir de 1738 e o Disso a Conferência Nacional dos Bispos
tipo de Maçonaria hoje existente em vários países do Brasil (CNBB), que já se pronunciou pela
do mundo, que seria, totalmente, diferente aproximação Igreja-Maçonaria, tem plena
daquele que foi condenado de 1738 a 1884, de consciência.
Clemente XII a Leão XIII. O problema é muito Assim como muitos Pastores Evangélicos
delicado e exige cautelas de lado a lado, muito pertencem à Maçonaria, num futuro não muito
naturais após tão longo período de hostilidades. distante poderemos vê-los irmanados a sacerdotes
Tendo em vista que a Igreja Católica Católicos, dentro de um mesmo Templo,
proclama como sua finalidade procurar salvar a trabalhando à glória do Grande Arquiteto do
humanidade pelo princípio cristão da concórdia, à Universo, que é Deus; o que importa é a
luz do ensinamento do Mestre JESUS de amar o sinceridade, a lealdade e o respeito às convicções
próximo como a si mesmo, fica evidente que não alheias ... o espírito de tolerância sempre deve se
pode ser contrária a uma Instituição, não religiosa, fazer presente.
que prega o mesmo amor ao próximo, que procura Por fim, de tudo que aqui foi exposto, fica
a fraternidade universal e o entendimento entre os evidenciado que o entendimento entre a Igreja
homens bons, virtuosos, livres e de bons Católica e a Maçonaria irá se constituir em um
costumes. passo a mais para o advento da Fraternidade
Ainda, é de se argumentar que se a Igreja Universal.
Católica levantou a bandeira do ecumenismo
entre as religiões concorrentes, com muito maior Bibliografia
razão há de abranger e aceitar, nesse sentimento NA: Além das Encíclicas citadas, nos baseamos,
ecumênico, uma associação leiga, a Maçonaria, também, para a elaboração deste texto, em
que não interfere com o segmento religião. algumas considerações sobre o tema constantes da
Razão tinham os sacerdotes brasileiros Revista A ORDEM, publicação periódica
que foram Maçons, pois, conforme sempre destinada a Maçons, exemplares de fevereiro de
declararam - mesmo conhecendo os documentos 1974 a julho de 1975, impressos pela Graphica
excomungatórios - que não viram nada dentro da ATLAS Ltda., São Paulo - SP, pertencentes à
Ordem Maçônica que fosse contrário a Igreja a coleção particular do saudoso Irmão e publicista
qual pertenciam e integravam. Por sua vez, os maçônico KURT PROBER.

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A (VERDADEIRA) PRIMEIRA GRANDE LOJA
A FORMAÇÃO DA PRIMEIRA GRANDE LOJA DE MAÇONS
ALEMANHA 1250

Com a difusão do cristianismo por toda a Magdeburg, Würzburg, Speyer e Straßburg. Em


Alemanha e a exigência de que bispos romanos 1250, a primeira Grande Loja dos Maçons
erguessem catedrais, os Colégios Maçônicos na formou-se na cidade de Colônia (Köln), [i]
Alemanha prosperaram. Geralmente designados Alemanha. A Grande Loja foi formada como
como Steinmetzen ou Canteiros, estas parte do imenso empreendimento para erguer a
Fraternidades Maçônicas levantaram igrejas e catedral de Colônia.
catedrais por toda a Europa continental. A O primeiro Congresso Maçônico ocorreu
sociedade de canteiros tinha dentro de si uma na cidade de Strassburg, na Alemanha no ano de
grande variedade de classes e ocupações. Estas 1275. Ela foi fundada pelo Grão-Mestre Erwin
incluíam Steinmaurer ou “assentadores de von Steinbach. Este também foi o primeiro uso
pedras”, Steinhauer ou “cortadores de pedra”, registrado do símbolo dos Maçons, o Compasso e
bem como Steinmetzen, uma palavra derivada de o Esquadro. Embora Strassburg fosse considerada
Stein ou “pedra” e Metzen, um derivado da a primeira Grande Loja de seu tempo, outras
palavra Metzel ou “entalhador”, uma arte mais Grandes Lojas Maçônicas já haviam sido
detalhada e refinada que os cortadores de pedras. fundadas em Viena, Berna e a acima mencionada
A construção de Bauhütten ou Lojas situadas de Colônia; estas foram chamadas Oberhütten ou
junto às igrejas em construção serviu como Grandes Lojas. Diversos Congressos Maçônicos
estúdio de projeto, local de trabalho e quarto de foram realizados na cidade de Strassburg,
dormir. incluindo os anos 1498 e 1563. Nesta época, as
Um dos mais antigos registros de Lojas primeiras Armas de Maçons registradas na
Maçônicas se encontra na cidade alemã de Alemanha foram registradas representando quatro
Hirschau (agora Hirsau) no atual estado de Compassos posicionados em torno de um símbolo
Baden-Württenberg. As Lojas Maçônicas do sol pagão, e dispostos em forma de suástica ou
instituídas na cidade de Hirschau no final do roda solar ariana. As Armas Maçônicas da
século XI trabalhavam sob a ordem beneditina da Alemanha também exibiam o nome de São João
Alemanha, e foram as primeiras a estabelecer o Evangelista, santo padroeiro dos Maçons
estilo gótico de arquitetura. alemães.
As Armas dos Franco Maçons da Alemanha A Oberhütte (Grande Loja) de Colônia, e
Já em 1149, as primeiras Zünftes alemãs seu Grão-Mestre, era considerada a cabeça das
ou sindicatos de pedreiros se desenvolveram em Lojas Maçônicas de toda a Alemanha do Norte. O
Grão-Mestre da Strassburg, na época uma cidade

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alemã, era chefe de Lojas Maçônicas de todo Sul Lojas <açônicas da época. A Catedral de
da Alemanha, Francônia, Baviera, Hesse e as Strassburg tornou-se Luterana em 1525 e muitas
principais áreas da França. outras a seguiram.
As Grandes Lojas de Maçons na Em 1563, os Decretos e Artigos da
Alemanha recebiam o apoio da Igreja e da Fraternidade de Canteiros foram renovados na
Monarquia. O Imperador Maximiliano revisou o Loja Mãe em Strassburg no dia de S. Miguel.
Congresso Maçônico de 1275 em Strassburg e Estes regulamentos demonstram três elos
proclamou a sua proteção ao ofício. Entre 1276 e importantes com a Maçonaria moderna. Em
1281, Rudolf I de Habsburgo, um rei alemão, primeiro lugar, os Aprendizes eram chamados de
tornou-se membro da Bauhütte ou Loja de St. “livres” na conclusão do serviço a seu Mestre, o
Stephan. O Rei Rudolf foi um dos primeiros não- que sem dúvida é a origem da palavra Freemason
operativos, também chamados membros livres ou ou “franco-maçom”. Em segundo lugar, a
especulativos de uma Loja Maçônica. natureza fraternal da Loja era retratada em uma
Os estatutos dos Maçons na Europa foram série de regulamentações, tais como o
revisados em 1459 pela Assembleia de atendimento aos doentes, ou a prática de ensinar
Ratisbonne (Regensburg), a sede da Dieta Alemã, um Irmão sem cobrar, nos termos do artigo 14.
cuja revisão preliminar tinha ocorrido em Em terceiro lugar, os Maçons utilizavam um
Strassburg sete anos antes [ii]. As revisões aperto de mão secreto como meio de
descreviam a exigência de testar Irmãos identificação.
estrangeiros antes de sua aceitação nas Lojas Dois artigos do regulamento indicando
através de um método de saudação estabelecido estes pontos são:
(aparentemente internacional ou europeu). “Nenhum Mestre ensinará um
A primeira assembleia geral de Maçons na Companheiro por dinheiro.
Europa ocorreu no ano de 1535, na cidade de XIV. E nenhum artesão ou mestre aceitará
Colônia, na Alemanha. Ali, o bispo de Colônia, dinheiro de um colega para mostrar ou ensinar-
Hermann V, reuniu 19 Lojas Maçônicas para lhe qualquer coisa relacionada com Maçonaria.
estabelecer a Carta de Colônia, escrita em latim. Da mesma forma, nenhum Vigilante ou
As primeiras Grandes Lojas dos Maçons Companheiro mostrará ou instruirá qualquer um
estiveram presentes, o que era costume na época, por dinheiro a talhar, conforme dito acima. Se, no
e incluíam a Grande Loja de Colônia, Strassburg, entanto, alguém desejar instruir ou ensinar outro,
Viena, Zurique e Magdeburg. A Grande Loja Mãe ele pode muito bem fazê-lo, uma mão lavando a
de Colônia, com o seu Grão-Mestre era outra, ou por companheirismo, ou para assim
considerada a principal Grande Loja da Europa. servir ao seu Mestre.
Após a invenção da imprensa, os Maçons LIV. Em primeiro lugar, cada Aprendiz
(Steinmetzen) da Alemanha, reuniram-se em quando tiver servido o seu tempo, e for declarado
Ratisbona em 1464 e imprimiram as primeiras livre, prometerá à Ordem, pela verdade e sua
Regras e Estatutos da Fraternidade de Cortadores honra, ao invés de juramento, sob pena de perder
de Pedra de Strassburg (Ordnung der o seu direito à prática da Maçonaria, que ele não
Steinmetzen). Estes regulamentos foram divulgará ou comunicará o aperto de mão e a
aprovados e sancionados pelos Imperadores saudação de pedreiro a ninguém, exceto àquele a
sucessores, tais como Carlos V e Ferdinando. quem ele pode justamente comunicá-las, e
O monge alemão Martinho Lutero e seu também que ele não escreverá coisa alguma
Protesto contra as injustiças e hipocrisias da Igreja sobre isso” [iii].
Católica em 1517 deram origem ao As regras de Strassburg estipulavam que a
Protestantismo. Isto liberalizou algumas das entrada na Fraternidade era por livre vontade e

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indicava claramente os três Graus de Aprendiz, ensinamentos alegóricos maçônicos dentro de
Companheiro e Mestre na Fraternidade Maçônica suas guildas.
alemã. Elas exigiram que se fizesse um juramento A eleição de um Grão-Mestre dos Maçons
e que os pedreiros se reunissem em grupos no século XIII e a criação de Graus de
chamados Kappitel (Capítulo). As regras Aprendizes, Companheiros e Mestres pedreiros
instruíam os Maçons não ensinar Maçonaria a na Alemanha no século XII e anteriormente.
não-Maçons. O estabelecimento de Estatutos e Regras
Está claro que as Lojas ou Grandes Lojas impressos da Ordem Maçônica na Alemanha
Maçônicas alemãs existiam antes da formação da antes da criação de estatutos maçônicos escritos
Grande Loja de Inglaterra em 1717. Assim como na Grã-Bretanha.
o uso de apertos de mão secretos, o uso do termo A inclusão de membros não-operativos
“livre” e sua aceitação de não-operativos. O uso (ou especulativos), tais como o Rei Rodolfo I em
de alegoria e simbolismo em camadas, que torna Lojas Maçônicas na Alemanha no século XIII.
exclusivo o sistema maçônico fraternal, também A primeira exigência em grande escala
era evidente nas Lojas alemãs da época, conforme registrada de que Lojas Maçônicas utilizassem um
mostrado nas esculturas de pedra e estilos método secreto de saudação e de “aperto de mão”.
arquitetônicos das igrejas e mosteiros que eles O 99º of Freemasonry também analisa o
construíram. uso do Compasso e Esquadro como símbolos
O 99º of Freemasonry apoia a teoria de alegóricos morais de Maçonaria em obras de arte
que a semente da Maçonaria moderna, não estava dentro da cultura alemã do período, mais uma
ligada aos Cavaleiros Templários ou à Maçonaria prova da filosofia maçônica dentro da cultura
inglesa, mas originou-se com as instituições alemã e da Europa continental neste período.
Maçônicas da Alemanha, que por sua vez, tinham Embora muitos Maçons tenham sido
recebido os seus conhecimentos Maçônicos de condicionados a aceitar que as origens da
organizações Maçônicas mais antigas. Esta Maçonaria partem da Inglaterra ou da Escócia,
afirmação é suportada através de sete pontos pois as grandes organizações maçônicas
principais de prova. modernas atuais estão profundamente interligadas
Que o Manuscrito Régio, o mais antigo dentro desta área geográfica, o 99º of
texto maçônico (reconhecido) sobrevivente na Freemasonry lança nova luz sobre a História
Grã-Bretanha, faz referência aos quatro mártires Maçônica, e insta, se não inspira os leitores a
coroados, que estão inequivocamente olhar para o continente europeu como a grande
relacionados com a lenda dos Maçons sob o Sacro semente da Maçonaria.
Império Romano de Nação Germânica, uma
tradição maçônica que teve origem na Alemanha NA:
e não na Grã-Bretanha. [i] Rebold, Emmanuel & Fletcher, Brennan J
A existência e o mais antigo uso registrado (Ed), História Geral da Maçonaria na Europa –
do Esquadro e Compasso (sinal fraternal da com base em documentos antigos relativos a, e
Maçonaria) nas Armas dos Corpos Maçônicos monumentos erguidos por esta fraternidade,
Alemães. desde a sua fundação no ano 715 aC até o presente
A existência de instituições maçônicas momento, Cincinnati, publicado pela Geo. B
altamente organizadas (Steinmetzen) na Fessenden 1867, reimpressão por Kessinger
Alemanha no século XIII, tais como a Grande Publishing EUA.
Loja (Oberhütte) de Strassburg e Köln, e diversas [ii] Naudon, Paul, A História Secreta da
Lojas Maçônicas subordinadas, que não só Maçonaria – Suas Origens e Conexões com os
trabalhavam em pedra, mas também incluíam Cavaleiros Templários. EUA. Traduzido por Jon

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Graham. Inner Traditions, Rochester, Vermont, C. Jack, Grange Publishing Works, Edinburgh,
Copyright 1991 de Editions Dervey, Tradução pag. 122.
para Inglês- copyright 2005 por Inner Traditions
International. Originalmente publicado em Fonte
francês sob o título “Les origins de la Franc- Texto de autoria do Irm Henning A. Klövekorn,
Maçonnerie, Le sacre le métier, Paris. ISBN 1- traduzido por José Antonio de Souza Filardo,
59477-028-X, pag 6. pag 174. MI, publicado originalmente em
[iii] Gould, Robert Freke, A História da http://www.freemasons-
Maçonaria, suas antiguidades, símbolos, freemasonry.com/freemasons_history_germany.
Constituições, Costumes, etc. Volume 1 T.C. & E. html

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ASSIDUIDADE E PONTUALIDADE

Nenhuma instituição pode alcançar pleno frequentam numa periodicidade que julgam
rendimento na objetivação de seus propósitos, se se satisfatória. Têm boa vontade. Falta-lhes apenas o
dissocia da disciplina. hábito da continuidade. E o hábito é uma segunda
Na Maçonaria, sobretudo, a disciplina natureza. A pontualidade é o complemento ideal e
constitui a pedra angular de todo êxito. lógico da continuidade. E o hábito é uma segunda
Essa disciplina não é subserviência no natureza.
obedecer, é cooperação no realizar, é adjutório no Luis XVIII, da França, proclamou certa vez
servir, colaboração consciente de quem sabe dispor que a pontualidade é a polidez dos reis
de suas possibilidades em benefício do próximo e, ao - é dever de todos: nobres e plebeus, de súditos e
mesmo tempo, esforço pela própria evolução. Nobre soberanos.
atitude de humildade, que não se confunde com Em qualquer circunstância, a pontualidade é
humilhação. sempre um dever, mas no caso particular do Obreiro,
A disciplina, sinônimo de ordem, começa na assume o aspecto de inalienável compromisso de
organização da Loja, pela assiduidade de seus honra.
respectivos membros às reuniões doutrinárias ou As reuniões Maçônicas devem obedecer a
práticas. A perseverança representa energia um horário fixo de abertura e encerramento dos
concentrada, geratriz de sucessos sem conta. trabalhos. A Egrégora se torna frequentadora
Assiduidade é perseverança, portanto, elemento de habitual ao ser invocada e não é de boa ética fazê-la
suma importância para o perfeito andamento dos esperar. Ela tem suas ocupações e, além disso,
trabalhos em pauta. quando as reuniões se efetuam em dias e horários
Lamentavelmente, há Irmãos que por certos, ela se prepara antecipadamente para
displicência ou comodismo, só frequentam a Loja comparecer.
esporadicamente muitas vezes pela "vontade". Assiduidade e pontualidade, no final de
Outros até demonstram interesse em se contas, devemos praticar sem maiores sacrifícios,
fazerem presentes às Sessões e realmente as com o dispêndio, tão só, de um pouco de boa vontade.
É só adquirir o habito...

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DEFINIÇÃO ACADÊMICA DE MAÇONARIA

Movimento internacional só de homens, operativos” aceitaram como membros,


com cerca de 6 milhões de membros, dedicados a antiquários interessados nas tradições
atividades caritativas e sociais e à prática secreta arquitetônicas. Esses “maçons especulativos”
de certos rituais. A Franco-Maçonaria não é uma tomaram conta das lojas, restaurando os rituais
religião, conquanto na maioria dos países os tradicionais e ensinamentos éticos. Durante o
Maçons precisem reconhecer um Ser supremo, século XVIII, a Franco-Maçonaria espalhou-se
venerado como “Grande Arquiteto do Universo”. pela Europa e pela América do Norte e, depois
Os membros de uma “Loja” maçônica passam por disso, tem proliferado em ampla variedade de
três “graus” (Aprendiz, Companheiro e Mestre), formas. Na Europa, atraiu radicais e deístas. De
conferidos com rituais impressionantes, que um modo geral, tem sido encarada com
dramatizam o progresso da alma desde a desconfiança tanto pelos partidos comunistas
escuridão até a luz espiritual e o renascimento. quanto pelo Catolicismo Romano. A Franco-
Existem também muitos “graus superiores” que o Maçonaria ortodoxa, entretanto, tem-se
Mestre pode alcançar. Em cada grau se notabilizado, sobretudo, por suas generosas obras
apresentam ao candidato “instrumentos de de caridade e sua respeitabilidade (13 presidentes
trabalho” que simbolizam as qualidades morais dos Estados Unidos foram Maçons e, desde 1747,
que se espera que ele cultive. Os ensinamentos todos os Grão-Mestres na Inglaterra são nobres).
maçônicos consistem, sobretudo, na alegorização Os ensinamentos e rituais maçônicos costumam
moral dos instrumentos tradicionais de construção ser relatados, mas continuam pouco conhecidos
e geometria, completados pelo material lendário, entre os não-maçons, e sua aura de segredo é uma
imaginativamente elaborado, das escrituras fonte importante de poder imaginativo e
hebraicas (Bíblia). emocional.
A Franco-Maçonaria deriva das
organizações profissionais dos pedreiros-livres Fonte
britânicos da Idade Média. No fim do século Texto de autoria do Dr. Grevel Lindop –
XVII, lojas em declínio dos “maçons (pedreiros) Universidade de Manchester in Dicionário das
Religiões

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O USO DE VELAS NO RITO ADONHIRAMITA

Cada Rito maçônico possui dos Juramentos, e as dos Altares do Venerável


características, ou peculiaridades, que os Mestre e dos dois Vigilantes, formando um
distinguem uns dos outros. Uma das enorme triângulo com o vértice voltado para o
peculiaridades do Rito Adonhiramita é a Oriente.
utilização de velas de forma ritualística em todas O Rito Adonhiramita tem recebido vários
as Sessões, independentemente de serem estas rótulos ao longo dos tempos: tradicional;
ordinárias ou Magnas. Ao mesmo tempo em que ortodoxo; místico; espiritualista; religioso, e até
esta prática empresta considerável beleza litúrgica supersticioso. Talvez seja mesmo um pouco disso
às Sessões, desperta a curiosidade tanto em tudo, mas definitivamente não é supersticioso. O
Irmãos praticantes de outros Ritos como em nós próprio cerne da definição acadêmica do verbete
mesmos, Adonhiramitas. Por mais que nossos “superstição” aponta muita das vezes para algo
Rituais regulem seu uso, as orientações mal compreendido pelo observador, que por
ritualísticas não são suficientes para a correta incapacidade de entender a origem e o objetivo de
compreensão do seu propósito em nossas Sessões, certas práticas as define simplesmente como
o que além de gerar dúvidas, ocasiona alguma superstição. O meio profano, por exemplo, deve
controvérsia. achar a mesma coisa das práticas da Maçonaria,
Há momentos em que os Rituais que obviamente desconhece, e assim lança sobre
determinam a recepção de autoridades com um nós toda sorte de fantasias.
Pálio formado por Mestres que seguram bastões, Nós, Maçons, temos o dever de combater
denominados “Estrelas”, aos quais encontram-se a superstição, no final das contas uma forma de
acopladas velas acesas. Este procedimento, ignorância, inclusive em nosso meio. E é com este
infelizmente pouco observado nos dias de hoje, objetivo que me proponho neste artigo a
tem a intenção de simbolizar através das Estrelas investigar as origens e os propósitos do uso de
que as autoridades são “luzes”, e tal qual as velas nas Sessões Adonhiramitas.
estrelas reais do firmamento, não “competem” Tive oportunidade de ler alguns artigos de
com o Sol, mas nos servem de guia e orientação, Irmãos que defendem a ideia de que o uso de velas
além de auxiliar a dissipar a escuridão das noites. nos rituais maçônicos é um anacronismo, uma
Mas não é dessas velas que pretendo falar. Vou prática que deveria há muito ter sido abandonada,
me referir especificamente àquelas que estão sobretudo após o advento do uso de lâmpadas
presentes em todas as Sessões de forma elétricas. Esta corrente, em sua argumentação,
obrigatória: a Chama Sagrada, em frente ao Altar afirma que nossos Irmãos do passado utilizavam

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as velas como mero instrumento de iluminação máquinas se não emprestássemos sentimentos às
ambiental, para que pudessem enxergar o interior nossas rotinas. Isso não é diferente na Maçonaria,
dos Templos e assim realizar as Sessões. Após o e nem poderia ser, e o uso das velas se dá em
surgimento das lâmpadas elétricas isto não se faz observação aos dois critérios mencionados.
mais necessário, e, portanto, não há razão para Portanto, há um simbolismo no uso de
mantermos velas acesas em nossas Sessões. velas em nossos Rituais, um sentido esotérico,
Também há aqueles que entendem que essa Iniciático, a exemplo do que ocorre com as
prática é uma interferência das religiões, e por religiões e Ordens Iniciáticas que igualmente
isso deve ser expurgada da Maçonaria. adotam a prática. Ao contrário da maioria das
Tenho como princípio respeitar todas as religiões, a Maçonaria não faz uso devocional das
opiniões, mas me reservo o direito de discordar de velas. Na Maçonaria não estamos saudando ou
algumas. Não concordo com a hipótese das velas invocando divindades, apesar de termos a
terem sido inseridas na Maçonaria com a consciência de que tudo o que fazemos é à Glória
finalidade de iluminar ambientes. Mesmo porque do Grande Arquiteto do Universo. Também não
sempre houve, independentemente do período as usamos para fins “mágicos”. As velas para nós
histórico, recursos mais eficientes para isso como possuem outro significado e função, e na verdade
candeeiros, lamparinas a óleo, archotes e são acesas para nos lembrar que somos partes
lampiões. Quanto à influência das religiões, é integrantes do Universo, somos “Filhos da Luz”.
necessário que tenhamos em mente que elas As origens do uso de velas em rituais são
próprias “importaram” o uso de velas de outros comuns a todas as correntes filosóficas, por razões
segmentos mais ancestrais, não sendo, portanto, que veremos mais adiante. É certo também que
patrimônio ou exclusividade de nenhuma delas para nós ocidentais esta prática tenha se difundido
em particular. Na verdade, e mesmo no século a partir do Egito, com a colaboração de hebreus e
XVIII, as velas foram inseridas nas práticas gregos na sua disseminação, mas sua origem real
maçônicas por razões exclusivamente ritualísticas é bem mais antiga, e remonta às civilizações
e litúrgicas. Mas quais são essas razões? sumerianas, das quais o Mazdeísmo, a religião
Vamos começar pela motivação. Há pelo dos famosos Magos Persas, se tornou a mais
menos duas interpretações admissíveis para conhecida das práticas religiosas da antiguidade.
justificar o uso de Rituais em nossa Ordem. A A maioria dos autores atribui ao
primeira delas, de caráter objetivo, reside na Mazdeísmo a inauguração do conceito antagônico
simples necessidade de disciplina e ordem, na e dual representado pela contraposição da luz e
organização sistemática das Sessões de modo a das trevas. Este mesmo conceito influenciou
estabelecer um modelo de comportamento Moisés, ou talvez os sábios hebreus que
padronizado, que repetido regularmente reescreveram a Torá durante o Cativeiro da
propiciará a transmissão da Doutrina de modo Babilônia, para que ficasse estabelecido no Livro
igual em qualquer Loja do mundo. A outra, de do Gênesis que a criação do Universo se deu a
natureza mística, entende que nossos Rituais partir do Fiat Lux, ou seja: a manifestação física
foram elaborados para além disso estimularem do Universo ocorreu pela expansão ou emanação
percepções psíquicas, espirituais, através de da Luz. Claro que essa Luz, esotericamente
sensações subjetivas que variam de indivíduo para falando, é imaterial, Divina, uma emanação direta
individuo, apesar do uso de uma mesma fórmula. do Grande Arquiteto do Universo, basta que nos
Penso que as duas definições estão corretas, e lembremos o que dizem os versículos da Abertura
mais ainda, que são complementares. Razão e do Livro da Lei em nosso Rito: “(...) ele não era
emoção são ingredientes inseparáveis em a Luz, mas veio para que desse testemunho da
qualquer ramo da atividade humana. Seriamos Luz. Era a Luz Verdadeira, que alumia todo

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homem que vem a este mundo”. E a origem deste existência. Aos poucos, com o passar do tempo, e
conceito filosófico da Luz reside no modo como da mesma forma que nosso conhecimento
os homens primitivos a perceberam, científico foi se modificando, o entendimento
compreenderam e idealizaram: como um dos filosófico foi alterado, e as Escolas de Mistério do
Quatro Elementos Primordiais da Natureza: o passado reuniram todos estes conceitos que
Fogo. existiam num simbolismo astrológico, cósmico e
Inicialmente pode ser difícil para nós do alquímico da criação do Universo e do surgimento
século XXI, conhecendo as várias manifestações da Vida. Fogo e Luz, sob o aspecto filosófico,
diferentes do Elemento Fogo, e as maravilhas que passaram a ser elementos quase que
esse conhecimento e domínio proporcionaram à indissociáveis na representação de Deus e do
humanidade, perceber o quão mágico, Universo entre as diversas Escolas Iniciáticas e
sobrenatural e fascinante era para o homem religiões. E foi esse simbolismo, exuberante e
primitivo. Testemunhar relâmpagos riscando os bem elaborado, que inspirou a Maçonaria e seus
céus e incendiando árvores, e o poder devastador primeiros ritualistas, notadamente no que diz
das erupções vulcânicas devia ser algo fantástico! respeito ao Rito Adonhiramita a utilizar as velas:
O Fogo vinha dos céus e das entranhas da Terra, Luz-Fogo-Sol.
era um poder incomensurável, prodigioso e O Fogo passou a representar nas antigas
incompreensível. Não foi à toa que muitos povos Escolas Iniciáticas a Luz e a Vida emanadas do
primitivos o cultuaram como uma divindade. Criador, e como não possuíam recursos que
Com o tempo o homem aprendeu a dominá-lo, a melhor representassem essa “manifestação
fabricá-lo, e com isso o “poder” passou às suas divina” fisicamente, lançaram mão das velas, ou
mãos. Julgo que a descoberta do uso do Fogo melhor, das chamas produzidas pelas velas. Uma
tenha sido mais impactante para a evolução da das razões dessa escolha era por tratarem-se de
humanidade que a invenção da roda. objetos portáteis, fáceis de serem transportados
Mas ainda assim permanecia o enigma para qualquer lugar. E convenhamos, mesmo
sobre uma espécie de Fogo que o homem não era hoje, com toda nossa tecnologia, não vislumbro
capaz de dominar ou fabricar, que estava presente qualquer outro recurso que possua o mesmo
na Natureza de forma espontânea e era incapaz de impacto simbólico do Fogo. O crepitar quase
ser subjugado. Surgiu então a questão filosófica. hipnótico das chamas, e o próprio arquétipo
Não tardou para que estes filósofos ou místicos da inserido no inconsciente coletivo são razões mais
antiguidade associassem este Elemento à enorme que suficientes para este sucesso simbólico
bola incandescente que se movimentando no céu milenar.
distinguia o dia da noite. A luz do Sol fazia crescer O Fogo, e a Luz produzida a partir da sua
a vegetação, produzia calor, e nas épocas do ano queima, têm representado um papel relevante nas
em que brilhava com menos intensidade trazia o doutrinas das diversas correntes filosóficas e
frio, a morte, e o medo. O Sol deveria ser um religiosas através dos séculos: a Espada
deus! Nascem os cultos solares, que na verdade Flamígera, instrumento de Jeová empunhado por
influenciaram todas as religiões atuais. Com o um querubim, expulsou Adão e Eva dos Jardins
passar dos séculos a Ciência demonstrou que a do Éden e manteve sob guarda o acesso ao
vida em nosso planeta depende diretamente do Paraíso; Fogo e Enxofre (outro Elemento
Sol, incluindo todo o equilíbrio de nosso sistema alquímico) destruíram as cidades bíblicas de
planetário. Os sábios da antiguidade, por dedução, Sodoma e Gomorra, como castigo divino; a Sarça
intuição, e dentro de seu limitado conhecimento Ardente, testemunhada por Moisés, não se
científico tinham certa razão em diviniza-lo, a consumia embora envolta em chamas,
vida estava diretamente relacionada à sua representando a manifestação física do próprio

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Jeová; Elias foi “abduzido” por uma carruagem de possui simbolicamente a significação de Alma, de
Fogo; para os cristãos o Fogo representa a Elemento Anímico e Divino, emanado do Grande
Iluminação pelo Espírito Santo, presente sobre as Arquiteto do Universo. Não é a primeira
cabeças dos discípulos de Jesus no Pentecostes, respiração, o choro do bebê que indica que ele está
em forma de labaredas; na Mitologia Clássica vivo? Não é o “último suspiro” que sinaliza que
Prometeu furtou o Fogo dos deuses do Olimpo nossos corpos físicos passaram pela transição da
para entrega-lo aos homens; para os alquimistas morte? Que a Alma se desprendeu da matéria?
simbolizava a regeneração e purgação (Ignea Esotericamente falando, ao soprar uma vela
Natura Renovatur Integram), e há muitos outros ritualística para apagá-la estamos demonstrando a
exemplos, que julgo desnecessário citar, inclusive intenção, simbólica é claro, de extinguir toda a
nas religiões orientais. O Fogo, em síntese, tem Criação, o que, além de presunçoso, é incorreto.
simbolizado a Energia Divina, que anima a todos Ao contrário, quando usamos um abafador para
nós e infunde o Universo de Luz, e que se apaga-las, estamos simbolizando que a Luz
manifesta tanto para construir quanto destruir, retornou à sua Origem, como se apenas a
num eterno ciclo de transformação e evolução. A tivéssemos “escondido”, ou a tornado invisível a
Luz deixa de ser uma manifestação concentrada nossos olhos, tal qual ocorre com nossas Almas
para ser continuamente expandida e reintegrada Imortais, num ciclo perpétuo de nascimento,
no UM. morte e renascimento, pois todo o Universo está
A Luz emanada desse Fogo imaterial e em evolução constante.
divino conceituado pelas Tradições Iniciáticas, O sentido místico do acendimento de uma
por consequência, ganhou outra interpretação vela reside no simbolismo de que determinada
esotérica, representando a Iluminação pessoal porção de intensidade dessa “Luz Maior”, que
perseguida pelos adeptos, já que o conhecimento, está infundida em todo o Universo, se concentrou
simbolicamente, e à semelhança dessa Luz, momentaneamente neste objeto, em forma de
dissipa as trevas da ignorância. Aliás, foi chama.
exatamente em busca dessa Luz que batemos à Em nossas Sessões a Chama Sagrada, que
porta do Templo em nossa Iniciação. representa exatamente essa Luz Maior citada no
Esotericamente falando a Luz existe em todo o parágrafo anterior, é revigorada antes do início
Universo, em maior ou menor grau para nossa dos trabalhos pelo Mestre de Cerimônias e pelos
percepção. Isso quer dizer que ela, enquanto Irmãos Arquiteto e 2° Experto, que representam a
emanação do Grande Arquiteto do Universo, não tríade da manifestação do Universo: origem
pode ser dissipada ou extinta. Mesmo num (causa) – emanação (expansão) – efeito
ambiente escuro a Luz está presente, porém numa (manifestação), exatamente para causar
intensidade, ou frequência vibratória, incapaz de (simbolicamente, é claro) a impressão de que
impressionar nossas retinas. Os felinos provam jamais foi apagada. Neste sentido devemos nos
isso. Esta é uma característica Positiva do lembrar que no encerramento dos trabalhos,
Universo. A Luz, emanada no momento da durante Adormecimento da Chama Sagrada, estes
Criação, existe em toda matéria, as trevas são mesmos três Mestres rogam que ela permaneça
apenas um grau infinitesimal de Luz, e ela jamais viva em seus corações, como se ela se
se extingue, pois isso significaria a extinção do transportasse para o Templo Interior de cada um
Universo. É por esta razão que não devemos deles, e de lá fosse retirada na Sessão Seguinte.
apagar as velas com um sopro. Não exatamente Aliás. É exatamente no momento em que a Chama
pelo fato do hálito ser impuro, mas pelo fato do Sagrada é revigorada que o espaço físico das
“Sopro Divino” ter sido o instrumento pelo qual o nossas reuniões se “torna” um Templo, um local
Criador infundiu a vida em cada ser. O sopro

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sagrado, e por isso, a partir daí a movimentação beneficiará em nada, mas sim a outros. Um afazer
dos Irmãos deve ser ritualística. coletivo, de resultados surpreendentes, obtidos a
Esta Chama Sagrada, que representa a Luz partir das individualidades. A Maçonaria também
Maior, a emanação do Grande Arquiteto do absorveu este conceito, mas com a
Universo, deve se expandir para criar o industrialização dos processos de fabricação de
microcosmo da Loja, e isso se dá exatamente com velas esta tradição, de exuberante significado, tem
o seu desdobramento em Sabedoria, Força e sido aos poucos abandonada.
Beleza, geograficamente correspondendo aos Portanto, o que praticamos em nossas
altares do Venerável Mestre e dos Irmãos Sessões com a utilização das velas, na verdade é
Vigilantes, que por isso são chamados de Três uma dramatização da criação do Universo. A
Luzes da Loja. A Sabedoria cria; a Beleza adorna, partir da expansão e desdobramento da Luz
e a Força sustenta. As velas destes três Altares são tomamos conhecimento que ele existe, podemos
acesas por uma outra, transportada pelo Mestre de “enxerga-lo”, e assim nos tornamos aptos a
Cerimônias, e que por sua vez foi acesa na Chama realizar nossos trabalhos.
Sagrada, simbolizando o processo de seu Como vimos, a utilização de velas no Rito
desdobramento, ou a expansão da Consciência Adonhiramita não possui caráter devocional ou
Divina. Por isso ele exclama: “Eu vos trago a confessional, não provém de nenhuma religião em
Chama Sagrada”. O Mestre de Cerimônias, por particular, mas por essência é uma prática
sua vez, executa este trajeto copiando exatamente religiosa, que não é mágica, mas mística. O
o movimento do Sol no firmamento (analema), advento das lâmpadas elétricas sem dúvida
certamente não é por acaso. permite que nossos Templos sejam equipados
As antigas Escolas Iniciáticas utilizavam com iluminação cênica, o que garantirá ao
velas produzidas com cera de abelhas, e os ambiente um clima especial e aconchegante, mas
Herméticos e alquimistas transformaram isto num sou de opinião de que as luzes das velas
símbolo de trabalho, já que as abelhas operárias proporcionam um ambiente místico e sagrado
trabalham até morrer, transformando pólen em insubstituível, além de possuírem um “brilho”
mel, construindo verdadeiros templos geodésicos, todo especial.
com notáveis padrões arquitetônicos, que são as Que a LUZ do Grande Arquiteto do
colmeias, num labor que praticamente não as Universo continue a nos guiar e iluminar!

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO II – NÚMERO 24 – OUTUBRO DE 2017 20


A literatura dedicada ao Rito Adonhiramita é
escassa, o que devemos considerar uma consequência
natural em virtude da desproporção existente entre o número
de praticantes de nosso Rito, se comparado ao Rito Escocês
Antigo e Aceito, recordista de publicações no Brasil, por exemplo.
No entanto, existem peculiaridades – se não houvesse não
haveria Ritos – e esta lacuna acaba por dificultar o entendimento dos
fundamentos, principalmente relacionados à nossa liturgia e ritualística,
tanto para Aprendizes quanto para os Mestres mais experientes.
Por outro lado, com a profusão do fenômeno de comunicação denominado
internet, a oferta de informações obtida através do mais simples mecanismo de busca
é espantosa, e aí surge a indagação: o que é confiável?
Por essa razão, a Revista UM QUARTO DE HORA se propõe a divulgar
publicações de autores confiáveis, cuja leitura de suas obras em nosso entendimento irá
auxiliar os Maçons praticantes de nosso Rito na formação de juízo acerca de nossa sublime
Doutrina.
Nossa Revista não possui qualquer fim lucrativo, e, portanto, as matérias publicadas aqui não
têm o objetivo de promover autores ou editoras em especial, pretendemos apenas sugerir a leitura de obras
que possam proporcionar algo de bom, de útil e de glorioso.

BREVIÁRIO MAÇÔNICO PARA O DIA A DIA DO MAÇOM

A definição do verbete “breviário” nos que diz respeito tanto aos aspectos morais, quanto
dicionários da língua portuguesa aponta para um àqueles esotéricos e simbólicos de nossa Ordem,
livreto resumido, uma sinopse, mas É um livro que deve
que originalmente se referia a uma frequentar não nossas estantes, mas
espécie de “livro de bolso”, contendo nossas mãos, em qualquer lugar que
as orações diárias dos clérigos estivermos, para mantermos sempre
católicos, para que estes pudessem tê- que possível nossa conexão com a
las sempre às mãos a qualquer Maçonaria.
momento do dia. BREVIÁRIO MAÇÔNICO
É exatamente esta ideia que PARA O DIA A DIA DO
Rizzardo da Camino, um dos autores MAÇOM, de Rizzardo da Camino,
maçônicos mais publicados no Brasil, publicado pela Editora Madras, é a
transportou para esta obra. leitura recomendada da revista UM
Não se trata, portanto, de um QUARTO DE HORA deste mês.
livro de pesquisa, embora haja nele, de
forma objetiva e resumida, os princípios
fundamentais que regem nossa Doutrina, seja no

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POST MORTEM
JOSÉ GONÇALVES DA SILVA
Irm Miguel Lemos

No mês passado, nosso Am Irm José Gonçalves da Silva,


Irm Miguel Lemos, fez a transição para o Oriente Eterno, deixando uma
considerável lacuna não apenas em nosso Rito, mas em toda a Maçonaria
brasileira.
Dentre as muitas funções que desempenhou em nossa sublime Ordem, exerceu
o cargo de Grande Patriarca Regente do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita,
e atuava em seus últimos dias como Grande Secretário Adjunto de Ritualística para o Rito
Adonhiramita junto ao Grande Oriente do Brasil – GOB.
Que seu exemplo de abnegada dedicação, de amor à Maçonaria e a nosso Rito, e empenho
até o fim de seus dias neste Plano da Existência, possa inspirar a todos nós, órfãos de sua Sabedoria,
em nossas caminhadas na Senda Maçônica.
A Revista UM QUARTO DE HORA deixa registrada, de forma singela, mas sincera, nossa
homenagem póstuma ao Amado e saudoso Irmão, cuja obra será eternamente lembrada por todos que
tiveram a graça de compartilhar de sua companhia.
Que o Grande Arquiteto do Universo mantenha perpetuamente em Seu seio de Infinita Misericórdia
sua Alma Imortal!

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MÊS DIA GRAU CLASSIFICAÇÃO

1 1 Sessão Ordinária
8 Suspensão dos Trabalhos
SETEMBRO 15 1 Sessão Magna de Aniversário da Loja
22 1 Sessão Ordinária
29 1 Sessão Ordinária
6 1 Sessão Ordinária
13 Suspensão dos Trabalhos
OUTUBRO
20 1 Sessão Ordinária
27 1 Sessão de Finanças
3 Suspensão dos Trabalhos
10 1 Sessão Magna em Comemoração 300 Anos GLU Inglaterra
NOVEMBRO
17 1 Sessão Ordinária
24 1 Sessão Ordinária
1 1 Sessão Ordinária
DEZEMBRO 8 1 Sessão Ordinária (Encerramento do Exercício 2017)
15 Suspensão dos Trabalhos

Observações:
a) O Calendário poderá sofrer alterações em conformidade com a necessidade dos Trabalhos
12 Grau de Aprendiz Maçom
0 Grau de Companheiro Maçom
0 Grau de Mestre Maçom
4 Trabalhos Suspensos

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO II – NÚMERO 24 – OUTUBRO DE 2017 23


REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO II – NÚMERO 24 – OUTUBRO DE 2017 24
Aug e Resp Loj Simb SCRIPTA ET VERITAS, N° 1.641
Grande Benfeitora da Ordem – Fundada em 10.09.1965
Federada ao Grande Oriente do Brasil – GOB
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro – GOB-RJ
RITO ADONHIRAMITA
Palácio Maçônico da Rua do Lavradio, n°97, Templo n°6, Centro, Oriente do Rio de Janeiro
Sessões todas as sextas-feiras, às 19:30h

COMPOSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
BIÊNIO 2017 – 2019 EV

SWAMI CAETANO DASILVA


Venerável Mestre
FERNANDO SANTOS PEDROZA DE ANDRADE SIDNEY COELHO DE CARVALHO
1° Vigilante 2° Vigilante
SERGIO ANTONIO MACHADO EMILIÃO ARLINDO JORGE DE CAMPOS
Orador Secretário
REYNALDO PASSOS CALAZA ISAAC DOMINGOS DA SILVA
Tesoureiro Chanceler

COMPOSIÇÃO DOS DEMAIS CARGOS

HENRIQUE DA SILVA PEREIRA


Cobridor Interno
CARLOS ALBERTO BORGES DA SILVA PAULO EDUARDO MIRANDA CUNHA
Mestre de Cerimônias Hospitaleiro
THIAGO DE ASSIS SOUZA FLAMARION GOMES TAVARES
Arquiteto 2° Experto
ALBERTO JOSÉ PINHEIRO GRAÇA LEONARDO HERMÍNIO EPEL
Mestre de Harmonia Porta Estandarte
LUÍS CLÁUDIO PEREIRA DERBLY
Porta Bandeira
LEONARDO HERMÍNIO EPEL
Garante de Amizade – Manitoba – Canadá
WINSTON DE MATTOS
Deputado Estadual

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO II – NÚMERO 24 – OUTUBRO DE 2017 25


Você Amado Irmão, praticante de qualquer Rito
Maçônico, e não apenas o Adonhiramita, membro regular de
outras Lojas, e que tem prestigiado esta publicação, não se sente
também impelido a participar de nossa empreitada?
Nossa revista, como o Amado Irmão bem sabe, não possui
qualquer finalidade lucrativa ou comercial, e não tem outro objetivo que
não seja o de fomentar o debate e a pesquisa sobre a Doutrina de nossa
sublime Ordem, exercendo desta forma, e ao mesmo tempo, a máxima do
Livre Pensamento, permitindo aos Amados Irmãos tornarem públicas suas ideias
sobre a simbologia e a História de nossa Ordem, além de estimular a prática do nobre
ideal de todos os Maçons de “aprender para saber, e saber para ensinar”.
Se este também é seu sentimento, e o Amado Irmão possui alguma Peça de
Arquitetura que gostaria de compartilhar com outros Maçons, junte-se a nós!
Neste sentido, a ARLS SCRIPTA ET VERITAS, n° 1.641, Grande Benfeitora
da Ordem, não apenas abre as portas de nosso sagrado Templo para honradamente receber o Amado
Irmão em nossas Sessões nos auxiliando em nossos Trabalhos, mas também franqueia as
páginas da revista digital UM QUARTO DE HORA, para publicação de sua opinião sobre
qualquer tema de interesse Maçônico relacionado ao Grau de Aprendiz Maçom.
Para que seu texto seja publicado em nossa revista basta enviá-lo em meio digital para o
endereço eletrônico “quartodehora@scriptaetveritas.com.br”, acompanhado de uma fotografia sua nos
formatos JPEG ou PNG, e um pequeno currículo maçônico nos moldes do exemplo abaixo:

NOME CIVIL (PROFANO)


Nome Histórico (se for o caso)
Grau Maçônico
Loja a que Pertence e Oriente
Rito que pratica
Data da Iniciação
Comendas e condecorações

Não hesite! Sozinhos nada podemos, mas juntos de tudo somos capazes! Esperamos por você
em nosso próximo número!

Fraternalmente,

SERGIO EMILIÃO
Editor

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO II – NÚMERO 24 – OUTUBRO DE 2017 26


A presente publicação foi produzida com o software
Microsoft Office Professional Plus 2013©, utilizando as fontes
Calibri e Times New Roman, corpos 12, 16, e 24 em espaçamento
simples.
As imagens utilizadas foram retiradas da internet, sendo portanto
de domínio público; e dos CD ROMs da série “Clipart Maçônica”
comercializados pela empresa Arte da Leitura, e editadas com a utilização do
software gráfico vetorial CorelDRAW X8©.
As fotografias dos AAm IIrm foram colhidas no acervo fotográfico da
Loja, ou disponibilizadas pelos próprios Amados Irmãos.
O conteúdo da publicação é Iniciático e não pode ser divulgado no meio profano.
Comentários, críticas, sugestões e colaborações de textos podem ser encaminhados
Para o e-mail: quartodehora@scriptaet.com.br.

UM QUARTO DE HORA é uma publicação periódica e sem fins lucrativos, editada pela
Augusta e Respeitável Loja Simbólica SCRIPTA ET VERITAS, N° 1641, Grande Benfeitora da
Ordem, praticante do Rito Adonhiramita, fundada em 10 de setembro de 1965, federada ao
Grande Oriente do Brasil – GOB, e jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro
– GOB-RJ. A Loja funciona todas as sextas-feiras, às 19:30 horas, no Templo n° 6 do Palácio
Maçônico da Rua do Lavradio, n° 97, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

Edições anteriores podem ser solicitadas pelo Amado Irmão através do nosso e-mail
quartodehora@scriptaetveritas.com.br, ou ainda baixadas diretamente do nosso site
www.scriptaetveritas.com.br.

Capa: Aniversário 2 Anos – Sergio Emilião


Arte, compilação, revisão e diagramação – Sergio Emilião

Rio de Janeiro, outubro de 2017 EV

Visite nossa página na internet em www.scriptaetveritas.com.br

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
NÃO PODE SER VENDIDO

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