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LIVRO DO ARCO REAL DOS MAÇONS LIVRES

Freemasons' Book of The Royal Arch


2. COMO AS CONDIÇÕES DO CRAFT PREPAROU
O CAMINHO PARA O ARCO REAL
2. How Craft Conditions Prepared the Way for the Royal Arch
Tradução: SP. Junho. 2020
EC Edson Wagner Bonan Nunes, PZ

Fonte:
Livro: “Freemasons' Book Of The Royal Arch”
by Bernard E. Jones and revised by Harry Carr and A. R. Hewitt
- Section One: Whence Came the Royal Arch?
- Section Two: How Craft Conditions Prepared the Way for the Royal Arch

2. COMO AS CONDIÇÕES DO CRAFT PREPAROU


O CAMINHO PARA O ARCO REAL

Ao tentar imaginar a condição da Maçonaria Inglesa na introdução da Arco Real é


necessário relembrar que a Maçonaria especulativa – Maçonaria especulativa registrada -
tinha aproximadamente cem anos de idade.
O Guia e o Compêndio dos Maçons do presente escritor definem um pouco a cena, e tudo o
que precisa ser feito agora é dar ao leitor antecedentes suficientes para que ele entenda

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como as condições da Maçonaria do Craft no início do século XVIII permitiu a inserção de
uma adição extremamente importante como o Arco Real.
Aparentemente, a Maçonaria do Craft havia se desenvolvido muitos anos antes de 1621,
possivelmente a partir de lojas operativas, mas se sua verdadeira origem estava nessas
lojas, então, o caminho para a Maçonaria especulativa foi conduzido por ela e através da
Cia de Maçons de Londres (London Company of Freemasons).
Em meados do século XVII, havia muitas lojas operativas na Escócia, e algumas delas no
século seguinte desempenhou o seu papel na fundação da Grande Loja Escocesa, embora
aparentemente sua Maçonaria especulativa tenha chegado em grande parte, e talvez quase
totalmente da Inglaterra.
As condições nos dois países eram muito diferentes, mas é seguro dizer que o registro
histórico certamente não revela nenhuma história de desenvolvimento natural entre
quaisquer lojas operativas e Maçonaria especulativa.
No início do século XVII, deve ter havido algumas lojas especulativas do Craft Inglesas e,
no final desse século, havia provavelmente muitas, mas não sabemos quase nada de suas
cerimônias, embora tenhamos motivos para supor que essas eram simples, provavelmente
vasia e continha pouco - mas definitivamente, algo importante - de natureza esotérica; o
que quer que fosse, atraiu a atenção de alguns homens instruídos e com educação clássica
- muitos de uma mentalidade alquímica - que sem dúvida deixaram sua impressão no
ritual.
Assim, de qualquer forma, parece ao escritor que, quanto mais se aprende sobre o
simbolismo dos antigos alquimistas, percebe-se que cada vez mais grande parte da alusão
e simbolismo clássicos que entraram na Maçonaria em meados do século XVIII deve ter sido
contribuída por homens que, ao professarem estudar o método de transmutar metais
comuns em ouro, eram na realidade especulativos de homens de alta ordem, de bom caráter
e principalmente de profunda convicção religiosa.
Antes de 1717, tinhamos apenas os esboços de registros de lojas naquele momento, mas
naquele ano quatro lojas imemoriais se uniram para formar a Primeira Grande Loja, a
primeira Grande Loja do mundo. Essas quatro lojas "aspiravam se consolidar sob um Grão-
Mestre como o Centro da União e da Harmonia", mas muito mais do que isso pode estar
nas mentes dos fundadores.
Esta primeira Grande Loja criou um centro maçônico com um Grão-Mestre, Comunicações
Trimestrais, Assembléia Anual e Festa, e forneceu Constituições que substituiriam as
Antigas Obrigações. A primeira dessas Antigas Obrigaçoes, voltando a 1380, havia sido
projetada para "dias diferentes, homens diferentes e condições totalmente diferentes".
As primeiras Constituições, 1723, escritas e compiladas por um escocês, Dr. James Anderson,
foram publicadas "com uma certa medida da autoridade da Grande Loja". O título veio
provavelmente da prática da ‘London Masons Company’ (uma Gulda), que deu o nome a
suas cópias das Antigas Obrigações (Old Charges). Acredita-se que Anderson teve a ajuda
de John Theophilus Desaguliers, o terceiro Grão-Mestre, e, possivelmente por isso, a Grande
Loja, que críticava o primeiro esforço de Anderson, acabou por permitir a publicação do
manuscrito reescrito, que foi impresso em Janeiro de 1723. Essas Constituições, além de
serem as leis originais que governam a Ordem Maçônica, são de particular interesse para

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os maçons do Arco Real, na medida em que incluem a obrigação "Concernente a Deus e à
Religião", já discutida, que estava acentuado desacordo com grande parte do conteúdo de
as Antigas Obrigações.
"A próxima coisa que lembrarei de você é evitar política e religião", diz Anderson.
É altamente provável que a experiência geral já tenha mostrado a conveniência de unir
maçons em "uma plataforma que os dividiria menos".
Diz Anderson;
"Nossa religião é a lei da Natureza, e amar a Deus, acima de todas as coisas e, ao próximo
como a nós mesmos; essa é a verdadeira religião, primitiva, católica e universal que
concordou em ser assim em todos os tempos e idades".
Há muito sentido em citar Anderson neste ponto; ele não sabia que o elemento cristão que
ele, com a aprovação da Grande Loja, estava tentando (longe de ser bem-sucedido) eliminar
seria certamente restaurado por uma geração posterior, não no Primeiro e Segundo Graus
- provavelmente as únicas cerimônias maçônicas conhecidas para ele - não para o Terceiro
Grau em desenvolvimento em algumas lojas, mas para o que os maçons da segunda metade
do século chamariam de "quarto" grau de Arco Real - que surgiria dentro de algumas
décadas.
A nova Grande Loja, assumindo autoridade e publicando suas Constituições, não estava
necessariamente se assegurando da lealdade de todo o corpo maçônico. Embora seja difícil
entender os fatos, tornou-se óbvio que muitas lojas e maçons permaneceram fora de sua
jurisdição, um ponto fácil de entender quando a falta comparativa de comunicação e
transporte é levada em consideração. Deve ter havido lojas no país que nem ouviram - ou,
de qualquer forma, ouviram muito - da nova Grande Loja por muitos anos, e deve ter havido
outras que ressentiram e críticaram qualquer organismo maçônico que pretendesse afetar
a superioridade e o direito de emitir ordens e instruções para outras pessoas. Esse é um fato
muito significativo e pode ser parte da explicação de grande parte da oposição à qual a
nova Grande Loja foi submetida e que, apenas uma geração depois, foi um fator que levou
à fundação de uma Grande Loja rival.
Sabemos que em alguns setores a Primeira Grande Loja foi "não apenas ridicularizada",
mas mantida sob suspeita, e é dito (devemos admitir a ausência de qualquer prova
definitiva da afirmação) que apenas dezesseis anos se passaram entre da publicação da
primeira “Constituições” e o início de um movimento que finalmente floresceu na Grande
Loja dos Antigos. Dezesseis anos não foi um período muito longo naqueles dias de más
comunicações, mesmo para uma Grande Loja consistentemente sábia ter aplacado seus
oponentes. Mas a primeira Grande Loja teve seu quinhão de falhas, e não há dúvida de que
suas próprias ações contribuíram para o grave problema que a atacaria na meados do
século.

O GRAU HIRÂMICO PAVIMENTA O CAMINHO PARA O ARCO REAL


The Hiramic Degree Paves the Tray for the Royal Arch
A complexa questão da divisão dos primeiros graus não será abordada aqui. Supõe-se
simplesmente que, até a década de 1720, provavelmente, havia apenas um ou dois graus
combinados como um; que em algumas lojas o Grau Hiramico começou a ser trabalhado

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no final da década de 1720; e que, por volta da metade do século, as lojas Inglesas estavam,
em geral, trabalhando um sistema de três graus, dos quais quase sempre o primeiro e o
segundo eram conferidos em uma única ocasião. Sabemos que essa afirmação pode ser
debatida, mas, em geral, representa a verdade provável, lembrando sempre, no entanto, as
consideráveis diferenças de costume e cerimonial entre as primeiras lojas.
Há evidências de que por volta de 1750 o sistema de três graus foi estabelecido na
Inglaterra, embora na maioria das lojas da Primeira Grande Loja o Companheiro (Fellow
Craft) ainda estivesse qualificada para assumir qualquer cargo, e que nem todas os
Companheiros tiveram o trabalho de avançar para o Terceiro Grau.
A ascensão em 1739-51 da Grande Loja rival - os Antigos - cujas cerimônias foram
observadas de perto e às vezes adotadas por seus oponentes, ajudou a criar uma condição
na qual o Maçom "hábil" e qualificado nunca foi menos do que o terceiro grau Maçom - o
Mestre Maçom.
A adoção geral do Grau Hiramico em toda a Maçonaria Inglesa em meados do século XVIII
deve ser enfatizada, porque significa muito para o Maçom do Arco Real R.A. Na falta de
sua introdução, o Arco Real pode nunca ter se tornado parte da Ordem Maçônica.
Lembre-se de que o Maçom das primeiras lojas, em geral, era uma alma religiosa e
relativamente simples. A história revelada pela lenda Hiramica preparou sua mente para
mais uma história, esta servindo para fazer boas duas coisas que estavam ausentes nos
graus anteriores.
O sistema de três graus, terminando no que pode parecer decepção e anticlímax, preparou
o caminho para a introdução de um grau que, novo ou não, foi aceito particularmente pelos
oponentes da Primeira Grande Loja como parte de um sistema antigo. É um ponto de maior
significado que foram esses oponentes adotaram e desenvolveram não apenas o cerimonial
do Arco Real, mas também a cerimônia de Instalação do Craft que, em sua sequência,
tornou-se uma ponte da Loja do Craft para o Capítulo, e que ainda trabalha dessa maneira
em algumas jurisdições no exterior.
O trabalho anterior do autor menciona o considerável interesse público despertado pela
Maçonaria na década de 1720. Isso, em particular, levou à publicação de impressões
irregulares, as chamadas 'exposições', notadamente a Maçonaria Dissecada de Prichard
(Prichard's Masonry Dissected) em 1730, que pretendia abrir o ritual e os segredos da
Maçonaria e teve uma venda incrível na Inglaterra e em todo os Países de língua Inglesa,
sendo reimpressos muitas vezes durante o século XVIII. O livro de Prichard teve um efeito
duradouro e muito complexo. Ele foi comprado livremente por Maçons e deve ter
influenciado o cerimonial da loja, que naquela época, o ritual era transmitido de boca em
boca sem a ajuda de algum rascunho; assim, possibilitou que impostores pudessem se
preparar para "iniciar" pessoas crédulas mediante o pagamento de alguns xelins.
Não há dúvida de que sua publicação amedrontou a Grande Loja, fazendo-a tomar uma
decisão grave e infeliz (a troca dos meios de reconhecimento nos Primeiro e Segundo
Graus), uma decisão que trouxe sérios problemas. No decorrer desse problema, surgiu a
Grande Loja rival - os "Antigos" - um desenvolvimento que foi o maior de todos os fatores
na introdução e elevação do Arco Real.

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COMO O ARCO REAL FOI ACEITO?
How did the Royal Arch Come to be accepted?
Se o 'novo' grau era inteiramente uma inovação ou se era uma amplificação de elementos
imemoriais no tempo, no entanto e onde quer que surgisse, é necessária alguma explicação
de como ele foi adotado com tanto entusiasmo pelos 'Antigos', que se orgulhavam. em
realizar um ritual verdadeiramente antigo e convencidos de que os inovadores eram seus
oponentes.
Como esses irmãos de mentalidade conservadora aceitaram um grau que, como foi
apresentado, deve-se supor que venha como pelo menos parcialmente uma inovação?
Certamente, o grau não poderia ter sido apresentado a eles apenas como um cerimonial
atraente. Poderia ter vindo na aparência de uma cerimônia verdadeiramente antiga, que
eles aceitaram como uma verdadeira parte do esquema Maçônico. Também aqueles
‘modernos que a acolheram não oficialmente devem tê-lo visto da mesma maneira, menos
reticentes.
Na opinião do autor, apenas um curso era possível. Nos dias entre 1717 e a ascensão do
Comitê que finalmente floresceu na Grande Loja dos Antigos, deve ter havido, como já foi
dito, várias lojas que não reconheciam a Primeira Grande Loja, lojas distantes de Londres,
possivelmente com vários dias de viagem a cavalo ou de carruagem, lojas que de alguma
maneira desconhecida surgiram aqui e ali e que, embora provavelmente se conformasem
uma com a outra, quase certamente praticavam muitas variações cerimoniais. Essas lojas
poderiam e agradariam a si mesmas. Se lhes fossem introduzidos um acréscimo, um
detalhe, uma cerimônia que lhes parecesse ter mérito e na qual eles viam (com ou sem
razão) evidência do que considerariam o padrão original da Maçonaria, essas adições,
detalhes e cerimônias eles adotariam. Não havia ninguém para criticar ou obstruir sua
intenção. Podemos facilmente imaginar a atraente cerimônia da Arco Real vindo a essas
lojas. Oferecer-se-ia como um rito até agora negligenciado; seguiria a tradição cristã à qual
seus membros estavam bem acostumados; e traria a eles o que haviam aprendido tinha
sido perdido.
Muitas das lojas que finalmente se encontravam sob a bandeira dos 'Antigos' devem ter
sido da mesma ordem - mais ou menos desapegada, independente ou semi-independente,
e composta por homens religiosos simplistas, que não criticam muito seu ritual, desde que
deu a impressão de uso imemorial no tempo. Um loja deveria,aprender da outra, e muito
rapidamente também, porque havia algo sobre o Arco Real que rapidamente garantiu sua
popularidade, e na epoca quando a Grande Loja dos 'Antigos' foi fundada, haveria, tudo
pronto para adoção geral, de uma cerimônia, mesmo em grau completo, altamente
atraente para o Maçom daquele dia. E se, como podemos concluir, qualquer
correspondência entre o Terceiro Grau e o Arco Real estava em lugares muito mais próximos
do que agora é o caso, tanto melhor aos olhos dos Irmãos da época.

SP.junho 2020
EWBN

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