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08/04/2019 Grande Loja dos Antigos – Do Cisma à União | O Ponto Dentro do Círculo

6 de abril de 2015 Luiz Marcelo Viegas

Grande Loja dos Antigos

De todos os capítulos na longa e variada história da nossa Arte nenhum


é mais interessante ou mais importante que aquele que relata como uma
concorrente cresceu junto com a primeira Grande Loja da Inglaterra,
como as duas se tornaram rivais, e como nalmente uma união
aconteceu. Daí o leitor pode aprender como certas mudanças
aconteceram na Ordem que ainda o confundem, e também, em certa
medida, por que as cerimônias maçônicas na América diferem daquelas
praticadas na Inglaterra, e também entre os diferentes estados
americanos. Necessariamente, apenas um resumo rápido de muitos
eventos pode ser tentado aqui; aqueles que buscam mais detalhes são
encaminhados aos livros listados no nal deste artigo e, especialmente
a Masonic Facts and Fictions de Henry Sadler, o clássico neste campo.

I. CAUSAS QUE LEVARAM À DISPUTA

É absolutamente impossível elaborar uma história conectada e


detalhada de todas as causas que levaram nalmente à formação de
uma nova Grande Loja, e pelas mesmas razões é impossível colocar o
dedo sobre certo ano ou lugar e dizer: aqui é onde tudo começou. A coisa
se deu gradativamente e a partir de muitas forças em operação. Um dos
principais resultados da formação da primeira Grande Loja estabelecida
em Londres em 1717 foi que a Maçonaria Especulativa afastara
completamente a Maçonaria Operativa. Essa mudança radical na
natureza íntima da Arte não podia deixar de suscitar oposição. Supõe--
se, por exemplo, que as di culdades em que caiu Anthony Sayer depois
que ele serviu como o primeiro Grão Mestre, podem ter sido devido à
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sua aversão ao novo regime, já que ele era um velho Maçom Operativo.
Quantos problemas a grande mudança provocou, ou quanto tempo
durou, é agora impossível determinar, mas parece evidente que um
ressentimento contra a nova ordem de coisas durou muito tempo em
alguns setores, e que lojas inteiras recusaram-se por muitos anos a
consentir um abandono tão completo dos antigos usos.

Outra causa de problemas nos primeiros anos da primeira Grande Loja


foi a adoção do “Parágrafo Relativo a Deus e à Religião “nas
Constituições de Anderson. Antes de 1717, as bases dos Maçons tinha
sido de religião cristã e a própria Arte, a julgar por suas próprias
Constituições, tinha sido francamente Cristã Trinitária. As novas
Constituições, agora associadas ao nome de Anderson, mudaram tudo
isso; de acordo com sua formulação um pouco ambígua, um Maçom era
obrigado a ser apenas daquela religião “na qual todos os homens de
bem estão de acordo”. Isso não agradou aqueles que desejavam ver a
Maçonaria permanecer especi camente cristã e, consequentemente,
eles tinham problemas com isso.

A partir dos registros da primeira Grande Loja em si, é evidente que nem
tudo foi fácil.

Havia reclamação constante de “iniciações irregulares”, mas pouco foi


feito para afastar aquele mal; também parece que os assuntos da Grande
Loja eram tratados com desleixo, se não totalmente com simples
descaso. Um bom exemplo disso é fornecido no caso de Lord Byron, que
foi eleito Grão-Mestre em 30 de abril de 1747. Este cavalheiro,
conhecido como “o malé co Lord Byron”, apareceu diante de seus
irmãos, apenas cinco vezes em cinco anos, e parece ter dado pouca
atenção às suas responsabilidades. O descuido despertou tantos
sentimentos que “era a opinião de muitos maçons velhos ser preciso
uma consulta sobre a eleição de um novo e mais ativo Grão Mestre”;
eles “se reuniram para aquela nalidade” e o teriam feito se não fosse
pela intervenção do irmão Thomas Manningham, M.D.

A partir desse e de outros casos semelhantes que poderiam ser citados,


pode-se julgar que a Grande Loja não mantinha um controle muito
grande das rédeas, um fato que ajudará a explicar o que veio depois.

II. INOVAÇÕES TINHAM SIDO FEITAS

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A pior coisa, “pior”, isto é, do ponto de vista dos irmãos conservadores


da época era que a primeira Grande Loja deliberadamente fez algumas
drásticas “inovações” nas formas antigas, algo que aconteceu da
seguinte forma, assim se acredita: após a Maçonaria tornar-se mais ou
menos popular em Londres, inúmeros homens desejosos de se achar
seu caminho até as lojas sem o custo problemático de uma iniciação.
Para atender às suas necessidades certas, assim chamadas,
“exposições” foram publicadas, a mais notável das quais foi Masonry
Dissected, por certo Samuel Prichard, descrito como um “falecido
membro de uma Loja constituída”. Diante disso, o “clandestinismo”
tornou tão comum que nalmente a Grand Loja, em defesa própria,
determinou que mudanças fossem realizadas no trabalho esotérico, que
permitiria às lojas regulares detectar as fraudes. Agora, é quase
impossível saber com certeza exatamente quais alterações foram estas,
mas de acordo com os inimigos da Grande Loja de 1717 e referências
dispersas em registros da Grande Loja foram mais ou menos o que se
segue: A cerimônia de instalação do Venerável Mestre foi suprimida ou
passou a ser automática; o Terceiro Grau foi remodelado; o simbolismo
da preparação de um candidato foi alterado; um dos segredos mais
importantes do Primeiro Grau foi transferido para o segundo, e vice--
versa, alguns dos antigos “segredos geométricos” há muito praticados
entre os “antigos maçons operativos” ou foram totalmente omitidos ou
então mudaram para uma forma irreconhecível, etc. Como prova de que
tais acusações de inovações não eram sem fundamento na verdade é um
dos itens na edição de 1784 das Constituições da Grande Loja de 1717,
que diz: “Algumas variações foram feitas na forma estabelecida”, e
continua para explicar que essas mudanças foram feitas,“mais
e cazmente para afastá-los [isto é, os clandestinos] e aos seus
cúmplices das Lojas”.

Ainda outra causa que contribuiu para os novos desenvolvimentos tem a


ver com o Arco Real, um assunto particularmente difícil de tratar,
especialmente no papel e, além disso, em curto espaço. Laurence
Dermott, o gênio criativo da nova Grande Loja (sobre a qual falarei mais
em instantes), uma vez escreveu estas palavras:

“Um Maçom Moderno e membro de uma loja sob a Grande Loja de 1717
pode comunicar com segurança todos os seus segredos a um Maçom
Antigo, membro de uma Loja sob as Constituições da Grande Loja
iniciada em 1751, mas um Maçom Antigo não pode com segurança
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comunicar todos os seus segredos para um Maçom Moderno sem


qualquer cerimônia.”

Depois de citar estas palavras, e algumas outras que não preciso incluir
aqui, o Irmão. Fred J.W. Crowe, em sua revisão da História Concisa de
Gould, à página 256, observa que, “Há pouca dúvida de que essas
diferenças consistem em mudanças no Terceiro Grau e a introdução do
Arco Real”.

III. O ARCO REAL SE TORNOU UM PROBLEMA

A teoria aqui é que, na sua reorganização do Ritual, Desaguliers e seus


companheiros nos primeiros dias da Grande Loja de 1717 deixaram o
Terceiro Grau sem a sua conclusão lógica, de modo que certo segredo
vital foi perdido, mas não foi encontrado; e que muitos dos irmãos, a
m de completar o simbolismo, ou adaptaram ou criaram uma
cerimônia de complementar a reparar o prejuízo. Ao fazê-lo, eles
correram contra as práticas da Grande Loja de 1717 e, assim, tornaram-
se estigmatizados como “irregulares”. Firmes em sua convicção de que
tinham razão e que a Grande Loja estava errada, eles persistiram em seu
curso até que nalmente fundaram uma Grande Loja própria. Isto,
conforme dito acima, é uma “teoria”, mas há fatos para suportá-la, e é
razoável diante das coisas.

Sejam os fatos o que forem, é certo que após a nova Grande Loja ter-se
formado, ela fez uso da cerimônia conhecida como Arco Real e a
praticava como uma parte legítima da Maçonaria antiga. Os resultados
disso foram sucintamente descritos por W.J. Hughan em uma
comunicação citada na página 1185, da História Revista da Maçonaria de
Mackey, pelo irmão Robert I. Clegg:

“O Grau do Real Arco não foi iniciado por esses “Antigos” [quando a
nova Grande Loja veio a ser criada], mas apenas adaptado por eles como
uma cerimônia autorizada. Em autodefesa, os “Modernos” [como a
Grande Loja de 1717 foi apelidada], que o tinham trabalhado antes da
origem dos “Maçons Atholl” [outro nome para a nova Grande Loja],
mas não o cialmente, aos poucos lhe deram mais proeminência. Em
1767, eles formaram um Grande Capítulo do Arco Real, e emitiram
Cartas Constitutivas de Capítulos, empurrando o grau mais ainda que o
‘Antigos’, embora não reconhecido por sua Grande Loja; assim, quando
da União das duas Grandes Lojas, em dezembro de 1813, o caminho
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estava preparado para a inauguração do ‘Grande Capítulo Unido” em
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1817, a cerimônia sendo adotada como a conclusão da cerimônia do


Mestre Maçom, não como um grau separado e independente.”

A mais importante de todas as teorias sobre a origem da nova Grande


Loja é aquela desenvolvida por Henry Sadler, embora a palavra “teoria”,
em vista dos muitos fatos reunidos em seu Masonic Facts and Fictions, é
muito fraca para sugerir a força e poder de seu raciocínio. Devo me
contentar com dar um breve resumo dos resultados a que chegou neste
livro notável.

O resultado mais importante do trabalho de Sadler foi abolir a antiga


noção de que a Grande Loja “Antiga” resultou de um “cisma”, ou
“secessão” da Grande Loja mais antiga. A teoria “cismática” foi
divulgada pela Grande Loja mais antiga, e veio a ser geralmente aceita
entre seus apoiantes e defensores; mesmo Gould, que normalmente era
tão independente em sua teorização, teimosamente agarrou-se a ela
muito tempo após os outros terem se convencido do ponto de vista de
Sadler, razão pela qual foi considerado prudente fazer uma revisão de
sua História Concisa. Sadler deixou claro que a Grande Loja “Antiga”
cresceu não de uma cisão da Grande Loja de 1717, mas devido a causas
independentes, e que, em uma época antes da doutrina da competência
exclusiva ter sido adotada não havia ilegalidade em tal medida.

O próximo resultado mais importante de suas pesquisas foi que a


principal inspiração para a fundação da Grande Loja “Antiga” veio dos
maçons irlandeses que haviam se estabelecido em Londres, e que não
haviam sido reconhecidos pela Grande Loja de 1717. Sadler mostra que a
maioria dos membros da primeira loja autorizada pelos “Antigos” eram
irlandeses, e que eles copiaram os usos e costumes da Grande Loja da
Irlanda, e que, nas conversas da época eles eram devidamente
apelidados de “maçons irlandeses”. A maioria destes homens era de
classes “baixas”, pintores, alfaiates, mecânicos, operários, e assim por
diante, estando, assim, em nítido contraste com os membros das lojas
que trabalhavam sob a Grande Loja de 1717.

IV. OS “ANTIGOS” ESTAVAM MAIS PRÓXIMOS DA G.L. DA IRLANDA

Os “Antigos” diferiam muito em suas práticas da Grande loja mais


antiga e, ao mesmo tempo, e diferenciando-se, caram próximos aos
costumes da Grande Loja da Irlanda: O próprio resumo isso por Sadler
pode ser dado:
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“É su ciente, sem dúvida, que eu apenas mencione os pontos principais


remanescentes de conexão e da mesma forma, sem maiores
comentários: O Livro das Constituições e os Estatutos para lojas
privadas; Cartas Constitutivas reconhecendo o grau do Arco Real; Selos
da Grande Loja, bem como o método de a xa-los com as mesmas
coloridas [as mesmas, isto é, como as da Grande Loja da Irlanda], que
tanto quanto sei não eram utilizadas por qualquer outra Grande Loja;
Certi cados em Latim e Inglês; Constituição de uma loja somente para
os Grandes O ciais, e os nomes dos membros inseridos na frente do
cadastro; Sistema de registro nos livros da Grande Loja; o fato de que os
“Antigos” eram designados “maçons irlandeses”, suas lojas “Lojas
irlandesas”, e suas cartas constitutivas ‘cartas constitutivas irlandesas
“por escritores independentes e não o ciais em diferentes períodos, de
cerca de quinze anos após a sua organização em 1751 até o nal do
século passado” [isto é, do século XVIII].

Depois que a nova Grande Loja estava sendo organizada e depois que ela
tinha começado a entrar em con ito com o corpo mais antigo, é claro,
os defensores dos “Antigos” começaram a criar argumentos para
defender suas próprias posições; em grande parte, tais argumentos
eram apenas um apelo especial, e não para serem agora levados muito a
sério. Isso, a título de exemplo, era o argumento de Dermott de que a
primeira Grande Loja tinha sido constituída de forma ilegal. Em seu
Ahiman Rezon, edição de 1778, ele diz que “para formar uma Grande
Loja são necessários Mestres e Vigilantes de cinco Lojas regulares”, e
a rma que “isto é tão bem conhecido de todos os homens
familiarizados com as antigas leis, usos, costumes e cerimônias de
Mestres Maçons, que é desnecessário dizer mais.” Dermott devia saber
na época que tal declaração era infundada; nunca houve tal lei.
Conforme o tempo passou, este argumento foi substituído por outro no
sentido de que os “Antigos” tinham montado uma loja para si, porque a
Grande Loja mais antiga era culpada de inovações, que, embora fosse,
sem dúvida, verdade, não poderia muito bem se sustentar porque os
próprios “Antigos” eram culpados de muitas inovações próprias;
porque eles tinham trazido para o sistema um grau maçônico
inteiramente novo, uma inovação de primeira linha, seria de se supor.

V. FORMAÇÃO DA GRANDE LOJA “ANTIGA”

Chegou a hora de dar um relato de como surgiu a Grande Loja


“Antiga”. Antes, porém, direi uma palavra sobre Laurence Dermott, que
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apareceu muito em tudo o que aconteceu, recomendando ao leitor desde


já que folheie as Notes de W.M. Bywater sobre Laurence Dermott e Sua
Obra, publicado em Londres em 1884.

Dermott nasceu na Irlanda em 1720, vinte e dois anos antes do


nascimento de William Preston, que primeiro viu a luz do dia em
Edimburgo, em 28 de julho de 1742, e que é o único de todos os
luminares da Maçonaria daquela geração a compartilhar com Dermott
uma fama igual. Dermott foi iniciado na Irlanda em 1740, e passou pelas
cadeiras da Loja n º 26, na Irlanda, onde ele foi instalado Venerável
Mestre em 24 de junho de 1746. Parece que ele foi muito bem educado
para aqueles dias, e Gould é de opinião que ele provavelmente conhecia
um pouco de hebraico, que seria responsável pelo carinho que ele tinha
por cobrir seus trabalhos com caracteres hebraicos, aquele idioma
antigo e difícil! Ele mudou-se para Londres, provavelmente quando
jovem, com pouco dinheiro no bolso, mas muitos esquemas fervendo
em sua cabeça; ele era incansável, alerta, inteligente, sarcástico e
muitas vezes um pouco sem escrúpulos na guerra contra seus inimigos,
que ele tinha aos montes. Parece que ele se engajou como pintor
jornaleiro (Preston tornou-se um impressor jornaleiro, será lembrado),
e que ele prosperou de forma que nos anos seguintes, ele gastou muito
dinheiro em caridade e em suas atividades maçônicas. Em registros
tardios ele era descrito como um comerciante de vinhos, e parece que
sofria de gota. Uma vez iniciado ele nunca descansou, mas dedicou-se a
ela como se fosse uma amante, com sinceridade apaixonada, não se
permitindo desanimar, e sempre na linha de frente da batalha. Além de
sua genialidade em colocar uma Grande Loja em curso, sua maior
conquista foi a composição de sua Ahiman Rezon (que signi ca “Digno
Irmão Secretário”), as Constituições da nova Grande Loja, e depois
adotada por muitas outras Grandes Lojas, a nossa própria em
Pensilvânia, Maryland e Carolina do Sul entre elas.

VI. A “GRANDE COMISSÃO” É FORMADA

Já chega de Dermott. A extensão das “iniciações irregulares” tantas


vezes denunciadas nos registros da Grande Loja de 1717 pode ser
demonstrada pelo fato de que devido a isso, a Grande Loja apagou de
sua lista pelo menos quarenta e cinco lojas entre 1742 e 1752. Irmãos
lidavam com isso, junto com muitos freelances e também alguns
independentes, ou “Lojas de São João” (sobre as quais muitas coisas
interessantes podem ser escritas) se reuniram e formaram uma
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“Grande Comissão” da “Antiga e Honorável Fraternidade de Maçons


Livres e Aceitos”; esta Comissão transformou-se na “Grande Loja da
Inglaterra, de acordo as Antigas Constituições”, Grande Loja esta
posteriormente chamada de Grande Loja “Antiga”, em oposição à
“Moderna”, como a Grande Loja mais antiga cou apelidada. O registro
mais antigo da Grande Comissão é datado de 17 de julho de 1751; naquele
dia, as Lojas Nº. “2, 3, 4, 5, 6 e 7 foram autorizadas a conceder
Dispensas e Cartas Constitutivas e agir como Grão-Mestre.”

O cargo de Grão-Mestre foi deixado vago até que um “irmão nobre”


pudesse ser encontrado para aceitar o cargo; e local da Loja Nº 1 foi
deixado para ser ocupado pela Loja do Grão-Mestre, uma coisa sem
dúvida sugerida pelo Grande Loja da Irlanda que tinha feito a mesma
coisa. John Morgan foi eleito Grande Secretário em 1751, mas parece que
ele foi negligente em seus deveres, portanto, Laurence Dermott foi
eleito para ocupar o seu lugar em 5 de fevereiro de 1752, após o que os
mais amargos inimigos do Grande Secretário não puderam reclamar de
qualquer negligência, porque Dermott assumiu o espírito de liderança
em tudo os que se seguiu, e foi ao seu gênio que um grupo de
descontentes, originários daquilo que naquele tempo eram as classes
mais baixas ou a classe média, foram capazes de avançar e crescer mais
rapidamente, considerando o tempo que levou, que sua Grande Loja
rival.

Um dos expedientes empregados por Dermott foi conceder cartas


constitutivas a lojas militares, algo que não havia sido feito antes, e que
foi responsável pelo rápido crescimento da Maçonaria Antiga nas
colônias americanas, graças à concessão de cartas constitutivas a lojas
do exército nas forças britânicas que se tornaram missionários
maçônicos neste continente. A Grande Loja Moderna depois seguiu este
exemplo. Outro expediente foi franco e aberto incentivo ao Grau do Arco
Real; é fácil entender que um sistema oferecendo quatro graus teria
mais apelo em geral que outro oferecendo somente três. Também os
Antigos foram capazes de assegurar os apoios formais das Grandes
Lojas da Irlanda e da Escócia, e além disso certa quantidade de um apoio
ativo daqueles corpos in uentes.

Em uma lista dos Grandes Secretários da Grande Loja Antiga nota-se


que Dermott serviu por dezoito anos:

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1751, John Morgan. 1752-70, Laurence Dermott. 1771-76, William


Dickey. 1777-78, James Jones. 1779-82, Charles Bearblock. 1783-84,
Robert Leslie. 1785-89, John McCormick. 1790-1813, Robert Leslie.

Ainda mais instrutiva é a lista dos Grãos-Mestres eleitos:

1753, Robert Turner. 1754-56, Edward Vaughan. 1756-59, Earl of


Blesington. 1760-66, Earl of Kelly. 1766-70, Hon. Thomas Mathew.
1771-74, John, terceiro Duque de Atholl (também grafado Athol,
Athole). 1775-81, John, quarto Duque de Atholl. 1783-91, Earl of Antrim.
1791-1813, John, quarto Duque de Atholl. 1813, Duke of Kent.

Pode-se observar que dos sessenta anos durante os quais os Antigos


tiveram um Grão-Mestre, um duque de Atholl ocupou o trono durante
31 anos; por esta razão que os Antigos eram frequentemente chamados
de “Maçons de Atholl”, e por uma razão correspondente que os
Modernos eram, por vezes chamados de “Maçons do Príncipe de Gales”.

VII. ELES CRESCERAM RAPIDAMENTE

O zelo e a energia dos líderes Antigos, além da atratividade superior do


seu sistema de graus, são demonstrados pela rapidez com que a nova
Grande Loja progrediu. Em 1753, uma dúzia ou mais de lojas estavam na
lista; durante os próximos quatro anos, e em grande parte devido à
atividade de Dermott, vinte e quatro foram adicionadas; entre 1760 e
1766, enquanto o Conde de Kelly era nominalmente o Grão-Mestre,
sessenta e quatro mais foram assumidas.

Até 1813, quando a União foi efetuada, os Antigos reivindicavam um


total de 359 lojas, mas é certo que em muitos casos, os nomes de lojas
extintas ainda apareciam.

Os Antigos adotaram como seu Livro das Constituições o Ahiman Rezon,


em grande parte o trabalho de Dermott, embora ele seguisse de perto as
principais linhas das Constituições da Grande Loja da Irlanda e, ao
mesmo tempo, emprestasse com liberdade as Constituições de
Anderson usadas pelos Modernos, publicada pela primeira vez em 1723;
a primeira edição do Ahiman Rezon apareceu em 1756. Ao acompanhar
de perto as Constituições já em uso, Dermott foi capaz de evitar um
afastamento demasiado grande da Maçonaria como já era praticada, e
ao mesmo tempo, embora involuntariamente, preparou o caminho para
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a União que veio depois, um fato de feliz presságio para a Maçonaria em


geral.

A existência de duas Grandes Lojas, ambas com sede em Londres,


naturalmente, causou uma grande confusão e desentendimento entre os
maçons comuns. Em muitos casos, tais irmãos não defendiam qualquer
uma das partes, de modo que, em alguns casos, é de se registrar que
havia lojas que seguiam ambas as constituições; mas na maioria das
vezes havia uma boa dose de amargura entre os partidários, embora se
deva dizer que os Antigos eram mais ávidos de controvérsia que os
Modernos, e que, em quase todos os casos, quando todos os ramos de
oliveira eram estendidos, era sempre do campo desses últimos. Um
exemplo da atitude conciliatória dos Modernos é oferecido por Preston,
que diz que em 1801 quando acusações eram proferidas contra irmãos
sob os Modernos por suas atividades em lojas Antigas, o assunto era
abandonado.

Em 1797, um movimento foi feito com vistas à união, mas o projeto


fracassou. Dois anos depois, porém, os dois Grão-Mestres, o Conde de
Moira pelos Modernos e o Duque de Atholl pelos Antigos, agiram em
conjunto para que a Maçonaria fosse isentada da Lei de Prevenção de
Sociedades Secretas na Inglaterra. Além disso, como outra etapa que
abriu caminho para uma fusão, a Grande Loja Moderna conseguiu
garantir os endossos das Grandes Lojas da Irlanda e da Escócia de forma
a colocar os Antigos em uma posição um pouco duvidosa, algo que
reverteu completamente a situação original, até onde esses dois
Grandes Corpos estavam envolvidos.

VIII. A UNIÃO ACONTECE

Já em 1809, comissões se reuniram para considerar a “propriedade e


praticidade da união”. Em 26 de outubro daquele ano, o Conde de Moira
(pelos Modernos) concedeu carta a uma loja especial para servir como
um meio para se chegar a uma fusão; esta loja realizou sua primeira
sessão em 21 de novembro e, em seguida, resolveu chamar-se “Loja
Especial de Promulgação”. Em 10 “de abril do ano seguinte o Conde de
Moira informou sua Grande Loja que, tanto ele quanto o Grão Mestre
dos Antigos”, eram ambos totalmente de opinião que seria um evento
verdadeiramente desejável consolidar, sob um só chefe, as duas
Sociedades de Maçons que existiam neste país”. Estes resultados foram
transmitidos à Grande Loja dos Antigos, onde
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um desejo de união foi recebida com cordialidade sincera, de modo que,


após concessões terem sido feitas por ambos os lados, embora mais
calorosamente pelos Modernos, acordou-se por todo lado que as
diferenças devessem ser resolvidas, e uma união ser feita. “A Grande
Assembleia de Maçons para a União das Duas Grandes Lojas da
Inglaterra”, foi realizada em 27 de dezembro de 1813. Com as devidas
cerimônias solenes, a tão desejada fusão foi consumada, todos os
Grandes O ciais demonstrando, quase sem exceção, um espírito no e
estadista. Durante o mês anterior, o Duque de Atholl tinha renunciado
Grão Mestrado dos Antigos em favor do Duque de Kent, este último
sendo instalado em 01 de dezembro; na época da União, este último
nomeou o Duque de Sussex como “Grão-Mestre da Grande Loja Unida
de dos Maçons Antigos da Inglaterra” e ele foi eleito por unanimidade.

Cada uma das duas Grandes Lojas participantes nomeou uma comissão
de nove Mestres Maçons ou Ex-Veneráveis especialistas e estes
formaram uma Loja de Promulgação, cujo objetivo era elaborar uma
espécie de ritual aceitável por todos. Este alojamento continuou o seu
trabalho de 1813 até 1816, muitas vezes contra a oposição; mas embora
seu trabalho fosse consequente e o cial, a fusão real entre os dois
sistemas continuou de acordo com as circunstâncias nas lojas privadas,
de modo que a in uência da Loja de Reconciliação era mais acadêmica
que real.

O trabalho de preparação de um novo Código de Regulamentos para a


Grande Loja Unida foi encaminhado a uma Câmara de Finalidade Geral;
o seu trabalho foi aprovado pela Grande Loja Especial em 23 de agosto
de 1815. Neste meio tempo, e para estabelecer relações mais próximas
possíveis entre a nova Grande Loja Unida e as Grandes Lojas da Escócia
e da Irlanda, uma Comissão Internacional foi criada que começou suas
deliberações em 27 de junho de 1814, continuando até 2 de Julho do ano
seguinte. Como resultado, foi declarado que “as três Grandes Lojas
estavam perfeitamente em uníssono em todos os grandes pontos
essenciais do Mistério e da Arte, de acordo com as tradições imemoriais
e uso ininterrupto dos Maçons Antigos”; oito resoluções, o chamado
Pacto Internacional, foi adotado.

IX. À GUISA DE CONCLUSÃO

O efeito de toda essa reorganização sobre o ritual foi muito bem


resumida pelo irmão W.B. Hextall que citarei
https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/2015/04/06/grande-loja-dos-antigos-do-cisma-a-uniao/ seu parágrafo 11/14
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integralmente de Ars Quatuor Coronatorum, vol. XXIII, página 304: (o


leitor deve consultar aquele volume inteiro).

“A conclusão a que eu, pessoalmente, chego é que por muitos anos após
a União – falando aproximadamente, até por volta de 1825, uma grande
quantidade de dar e receber relacionada com o ritual ocorreu não
o cialmente em Londres, assim como nas províncias, e que nossas
Cerimônias do Ofício, conforme praticadas a partir de 1830, e
anteriormente, se desviaram consideravelmente daquelas que foram
acordadas na Loja de Promulgação entre 1809 e 1811; trabalhadas na
Loja da Reconciliação, 18131816, e aprovadas pela Grande Loja em 05 de
junho de 1816. O material de onde temos de fazer inferências é ligeiro,
mas ao mesmo tempo convincente; e quando (para citar apenas alguns
pontos) encontramos deveres originalmente atribuídos ao Primeiro
Diácono transferido para o segundo; con ar os meios de prova
satisfatória levando à pratica do segundo grau de outra forma; e a
admissão de um membro ou visitante ‘por meio de prova de ele ter se
identi cado nos termos do grau em que a loja está aberto em uma
inspeção pelas três grandes luzes na entrada’ (atas da Loja de
Promulgação, 05 de janeiro de 1810) caídos em completo desuso; é
difícil evitar perceber que, em grande medida, o assunto do trabalho da
Maçonaria deve ter sido colocado no cadinho, e que independentemente
do meio de instrução disponibilizados o cialmente em 1813.”

A m de ajudar os irmãos a encontrar seu caminho para sair desta


confusão, as Lojas de Instrução surgiram, algumas das quais chegaram
a ser instituições permanentes; e foi como resultado da in uência
destas que os diferentes “trabalhos” entram em uso na Inglaterra
“Emulação”, “Estabilidade”, “Oxford”, etc.

Se se assume uma visão su cientemente ampla da história da


maçonaria Inglesa de 1717 até que a União tivesse sido aceita em todos
os lugares, ver-se-á que todo o período assume o caráter de uma grande
transição, e que nesta perspectiva, os meros detalhes e mecanismos do
Grande Corte, juntamente com o ato o cial subsequente da União caem
para segundo plano como eventos, grandes em importância, mas da
natureza de incidentes. A mudança de Maçonaria Operativa para
Maçonaria Especulativa o cialmente feita em 1717 foi profunda, além
da nossa compreensão habitual da mesma; e tal mudança só pode ser
realizada completamente após muitos anos, muita experimentação e
uma longa evolução. Nessa visão, o grande resultado da União é que ela
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08/04/2019 Grande Loja dos Antigos – Do Cisma à União | O Ponto Dentro do Círculo

trouxe, nalmente, a completa cristalização e solidi cação da


Maçonaria Especulativa, xou seu caráter para as gerações vindouras,
estabeleceu no Reino Unido, o princípio da Jurisdição Territorial
Exclusiva, e tornou possível o estabelecimento dentro da Maçonaria
daqueles Poderes e Autoridades que hoje impedem a dispersão de suas
energias e a divisão de suas forças. Mesmo até agora aquela in uência
está atuando; e vai continuar a atuar, por conta de sua lógica inevitável,
uma maneira será encontrada para unir e uni car a Maçonaria em todo
o mundo, cuja consumação todos nós podemos dizer sinceramente:

Assim Seja!

Autor: H.L. Haywood


Tradução: José Filardo

LIVROS CONSULTADOS NA PREPARAÇÃO DESTE ARTIGO

Ahiman Rezon, all eds., Laurence Dermott. Ars Quatuor Coronatorum,


V, 166; VI, 44, 65; VIII, 233; XI, 190, 202; XXIII, 37, 162, 215; XXIV, 268.
Atholl Lodges, R.F. Gould. Book of Constitutions, edtd. by Entick. Book
of Constitutions, edtd. by Noorthouck. Builders, The, Joseph Fort
Newton. Century of Masonic Working, F.W. Golby. Concise History, R.F.
Gould. Grand Lodge of England, A.F. Calvert. History of Freemasonry,
Findel. History of Freemasonry, R.F. Gould. History of the Lodge of
Edinburgh, Murray Lyon. Illustrated History of the Lodge of
Improvement, Henry Sadler. Illustrations of Masonry, Wm. Preston.
Mackey’s Revised History of Freemasonry, R.I. Clegg. Masonic Facts and
Fictions, Henry Sadler. Memorials of the Masonic Union, W.J. Hughan.
Military Lodges, R.F. Gould. Minutes of the Grand Lodge of England,
W.J. Songhurst, Ed. Notes on Lau. Dermott, W.M. Bywater. Origin of the
English Rite, W.J. Hughan. Short Masonic History, Fred Armitage. Story
of the Craft, Lionel Vibert. Capitulos De Histórias Maçônicas – PARTE XI

REFERÊNCIAS SUPLEMENTARES

Mackey’s Encyclopedia – (Revised Edition): Ahiman Rezon, 37; Ancient,


or Antient, or Atholl Masons, 55; Antiquity, Lodge of, 65; Book of
Constitutions, 112; Christianization of Freemasonry, 148; Dermott,
Laurence, 206; Grand Lodge, 306; Grand Master, 307; Innovations, 353;
Ireland, 357; Lectures, History of the, 430; Preston, William, 579;
Prichard, Samuel, 583; Ramsay, A. M., 607; Reconciliation. Lodge of,
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611; Royal Arch Degree, 643; Schisms, 668; SymbolicDegrees, 752;


United Grand Lodge of England, 815; York Grand Lodge, 867.

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