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REVISTA MAÇÔNICA DIGITAL


ACÁCIA
Publicação Mensal GRATUITA
ANO 4 – Nº 46 – OUTUBRO 2022
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Após pesquisas sérias de mercado, Joaquim Domingues Filho


a atual administração da Grande (L547)
Loja observou atentamente
empresas de tecnologia que
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GLESP em um alto patamar tecnológico. Após exaustivas pesquisas Alessandro Zahotei (L605)
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essa que detém como clientes potências maçônicas, como Grande
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Grão Mestre Adjunto da GLESP
Administrador da Revista Acácia www.revistaacacia.com.br

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Ir Dermivaldo Collinett
ARLS Rui Barbosa nº 46
Grande Loja Maçônica de Minas Gerais – GLMMG
Or de São Lourenço/MG

MÓDULO VI

A MAÇONARIA ESPECULATIVA
1. Introdução

A Maçonaria Operativa começou a desaparecer no fim da


Idade Média, devido a vários fatores, como a Renascença e a Reforma Protestante.

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Como já estudamos nos módulos anteriores, o nascimento
da Maçonaria Especulativa se deve diretamente as Corporações de Ofício, que deixou com o
passar do tempo, a admitir somente operativos e passou a admitir não operativos, que forem
intitulados de aceitos.

Lembremos que no ano de 1598, William Schaw – primeiro


Mestre-de-Obras do rei da Escócia e Inglaterra Jaime I, – elaborou um código para a
organização e conduta dos maçons.

Daí em diante, no decorrer do século XVII, homens de


todos os níveis, ficaram fascinados pelos segredos dos maçons, o que fez com que a
Fraternidade adquirisse um status intelectual que chamou a atenção de nobres, artistas,
filósofos.

Foi então, quando os maçons operativos, pedreiros e construtores,


começaram a ter companhia dos “não-operativos”, homens que não tinham esta profissão.
Estes “aceitos” foram se tornando cada vez mais relevantes, e na Escócia no ano de 1582, foi
criado o 3º grau, para os que não trabalhavam com a pedra e com a arte da construção,
oficializando assim, o termo “aceito”, e como estes também eram “livres”, se denominaram
“Maçons Livres Antigos e Aceitos”.

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Estes aceitos, passaram então a dominar as corporações, não
somente em número, mas também na sua administração, o que transformou a Maçonaria no
que conhecemos hoje.

Assim, esta transformação se deu de forma lenta e gradual,


com a entrada de reis, nobres, burgueses e outros, sendo que o primeiro aceito que se tem
notícia na Inglaterra, foi admitido em 08/06/1600 na Loja Saint Mary’s Chapel em
Edimburgh, sendo um proprietário de terra chamado John Boswell.

Também na Alemanha, houve o caso do Imperador Rudolf


I de Habsburgo, (1273/1291) que se tornou membro da Loja de Santo Stefano, tendo sido
este considerado o primeiro maçom não operativo da Maçonaria alemã.

Desta maneira, começa a nascer a Maçonaria atual, a


Maçonaria como conhecemos hoje.

2. O Nascimento da Grande Loja

Com o fim da importância Guildas, a profissão de pedreiro,


passou a ser considerada uma profissão como qualquer outra existente a época. Essas
corporações ou guildas evoluíram por influência dos chamados aceitos, em Lojas Maçônicas,
cujas reuniões ocorriam inicialmente em tabernas.

Nela se mesclaram simbolismos dos maçons operativos, em


especial a iniciação de um aprendiz com o seu aprendizado, com simbolismos de iniciações
e rituais das antigas Sociedades Secretas.

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Com o passar do tempo e a separação entre os pedreiros e
os aceitos, estes, ao contrário dos operativos que se reuniam em “alojamentos” ao lado da
obra, passaram a se reunir em cervejarias e tabernas. Naquela época, as tabernas de Londres
não tinham o exato sentido e função de hoje. Eram locais onde as pessoas de vários níveis
sociais, se encontravam para beber, comer, conversar, trocar ideias e conhecimentos.

Nestes locais, em geral no segundo andar e longe dos olhos


profanos, e que não tinha mobiliário especial, eles se reuniam sendo seus símbolos
desenhados num pano ou traçados a giz ou ainda a carvão no chão para depois serem
apagados no final da sessão.

Essas reuniões tinham por objetivo essencial o convívio


fraternal entre eles, sendo a loja maçónica um refúgio de paz e tranquilidade num período de
incertezas políticas, como guerras civis e religiosas, tão presente na memória de todos.

No ano de 1717, existiam várias loja na Inglaterra e, em


especial na cidade de Londres, quando então quatro dessa lojas que se reuniam
respectivamente nas Tabernas da Macieira, no Ganso e a Grelha , ao lado da igreja de São
Paulo, na Cervejaria da Coroa, próximo a Drury Lane e na Taverna Taça de Uvas, também
conhecida como Caneca de Vinho, em Westminster, uniram-se no dia 24 de junho, na
Taberna Ganso e Grelha e fundaram a GRANDE LOJA DE LONDRES, com a eleição de
um Grão Mestre e demais Oficias. Este primeiro Grão Mestre era Anthony Sayer, membro
da nobreza inglesa, tendo como Primeiro Grande Vigilante, um carpinteiro - Jacob Lamball
- e como Segundo Grande Vigilante, um militar - o capitão Josefh Eliot.

Poucas informações são conhecidas sobre estas quatro lojas


fundadoras, conforme descrevo abaixo:

Nº1 – O Ganso e a Grelha

Esta loja
é considerada a mais antiga das
quatro, ela é de 1691. Tinha apenas
26 anos de idade em 1717.Supõe-se
que ela tinha origens operativas, em
conexão com a construção da
Catedral de St. Paul (1675-1710).
Hoje é intitulada como “Lodge of
Antiquity” (Loja da Antiguidade) e é a
número 2 no Registo de Lojas da
Grande Loja da Inglaterra.

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Nº2 – A Coroa

Nada se sabe sobre esta loja, apenas que foi fundada em


1712. Ela não teve nenhum papel na história maçônica e se extinguiu em 1736.

Nº3 – A Macieira

Hoje ela é chamada “Lodge of Fortitude and Old


Cumberland”. Na taverna Apple Tree, essa loja deu a Grande Loja, o primeiro Grão-Mestre,
Anthony Sayer e seus dois Vigilantes. Dizem que esta loja era operativa e contaria com
maçons artesãos entre os seus membros.

Nº4 – A Taça e a Uva

Hoje se chama “Royal Somerset House and Inverness Lodge


Nº4”. A data de criação é desconhecida, mas em uma lista de lojas de 1729, a data de
fundação aparece como 1712-1716.

Essas Lojas eram independentes entre si até esse dia, quando


então, ao associarem-se, formaram a primeira Obediência que se tem notícia.

Nesse tempo, as Lojas eram conhecidas pelo nome do local


onde se reuniam.

Devido ao dia em que se reuniram, no dia 24 de junho, dia


de São João Batista, adotaram o mesmo como seu padroeiro,

Nesse dia, nascia a Maçonaria Especulativa, que se intitulava


assim, porque não tinha mais apenas operários, mas homens interessados em adquirirem
conhecimento e tomar o mundo melhor.

Até hoje, o que deixa muitos surpresos é como uma Ordem


surgida com o propósito ético e moral, tenha surgido em um ambiente como esse, um
ambiente profano. Bem como também foge ao registro, os motivos que levaram esses homens
a criarem a nossa instituição.

Para os contemporâneos da época a impressão que ficou é


que quatro clubes de diversão se uniram para forma um só, para comer, beber e se divertir,
nada mais.

Quando a notícia se espalhou, muitas outras lojas


acreditavam que ocorreu por parte desses londrinos uma traição, pois acabaram revelando a
existência da Ordem, sendo perjuros, pois haviam violados seus juramentos.

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No entanto, apesar da resistência inicial, com o tempo, outras
Lojas Maçônicas da Inglaterra, passaram a requerer e conseguiram se integrar a essa Grande
Loja.

3. A Constituição dos Francos Maçons (1723)

Assim começa a regra escrita mais importante da Maçonaria:

À Sua Graça o Duque de Montagu.


Meu Senhor,

Por ordem de Sua Graça, o Duque de Wharton, atual Mui Venerável Grão-
Mestre dos Francos-Maçons; e, como seu Deputado, humildemente dedico a Vossa Graça
este Livro das Constituições de nossa Antiga Fraternidade, em testemunho de vosso
honroso, prudente e vigilante desempenho do ofício de nosso Grão-Mestre durante o ano
passado.

Não necessito dizer a Vossa Graça o trabalho que se tomou nosso erudito
Autor para compilar e codificar este Livro dos Antigos Arquivos, e com quanta
escrupulosidade comparou e expôs tudo o concernente a História e a Cronologia, a fim de
que estas Novas Constituições sejam uma justa e exata descrição da Maçonaria desde o
princípio do mundo até o Grão-Mestrado de Vossa Graça, conservando todo o
verdadeiramente autêntico nas antigas; porque alegrará a obra a todo Irmão que saiba que
Vossa Graça a leu e aprovou, e se imprime agora para uso das Lojas, depois de aprovada
pela Grande Loja, quando Vossa Graça era Grão-Mestre.

Toda a Irmandade lembrará sempre da Honra que Vossa Graça lhe fez e de
vossa Solicitude para sua Paz, Harmonia e duradoura Amizade: Pelo que ninguém é mais
devidamente sensível que,

Meu Senhor,
De Vossa Graça
O mais reconhecido, e
O mais obediente Servidor,
E Fiel Irmão,

J. T. DÉSAGULIERS
Deputado do Grão-Mestre

A primeira edição das Constituições dos Francos-Maçons,


mais conhecida como Constituição de Anderson - a mais rara e célebre -, se deu no ano de
1723 e, além da dedicatória acimado Irmão Désaguliers, contém:

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I -Uma curta história da arte de construir, extraída das
tradições da corporação;
II- Os antigos deveres ou leis fundamentais (Old Charges);
III- As obrigações antigas reunidas pelo Irmão Payne ou
Regulamentos Gerais de 1721;
IV - A aprovação do livro, que terminou com quatro cantos
maçônicos.

Os princípios contidos nos incisos II e III são de respeito


obrigatório pela Maçonaria.

Ela é considerada o principal documento e a base legal de


toda a Maçonaria Especulativa, tendo sido escrita pelo pastor presbiteriano James Anderson,
que era maçom e mestre de uma Loja Maçônica, e um Grande Oficial da Loja de Londres
em Westminster. Com o apoio da Grande Loja, no mês de setembro de 1721, ele escreveu
uma história de maçons, que foi publicada em 1723 como a Constituição dos Francos
Maçons, sendo que o nome dele não aparece na folha de rosto do livro, mas sua autoria está
declarada em um apêndice. Ele acabou sendo denominado o “pai da Maçonaria
Especulativa”

Ele nasceu na cidade de Aberdeen, na Escócia, por volta do


ano de 1679, sendo que estudou teologia na sua cidade natal, no "Marischal College", onde
recebeu o seu título de "Doutor em Teologia", tendo se mudado para Londres, onde fixou
residência.

Ele publicou várias obras, mas a mais importante sem dúvida


foi a “Constituição de Anderson", que publicou às suas custas no ano de 1723, época em que
era Venerável da Loja nº 17.

Desconhece-se a Loja em que ele foi iniciado, mas acredita-


se que foi em uma loja escocesa, de modo que já era um maçom quando filiou a uma Loja
de Londres.

Em 29 de setembro de 1721, em uma reunião da Grande


Loja, onde 16 Lojas estavam representadas, James Anderson foi encarregado de estudar as
cópias das antigas constituições góticas, consideradas confusas e fundi-las em um único
documento mais suscinto e claro, tendo apresentado seus estudos iniciais já em 21 de
dezembro de 1721, que após análise de uma comissão de quatorze irmãos, foi aprovada.

4. Os Landmaks

Landmark, traduzida do inglês, significa “marco de terra”,


sendo Land(terra) e Mark(marco). Refere-se aos marcos antigos feitos de pedra, e que
existiam nas estradas, cidades, e locais para demarcar alguma coisa, uma distância, uma
medida, uma fronteira etc. Geralmente eram feitos de pedras, ou outro material sólido, que

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não podiam ser retirados, durassem para sempre, ou seja, que fossem imutáveis, provindo da
tradição, usos e costumes praticados pelos antigos maçons.

Como simbolismo, tem uma das suas principais


características a solidez e imutabilidade, ou seja, é uma, como se diz no direito constitucional,
uma “clausula pétrea”, jamais, em qualquer tempo ou momento ser modificada.

Os origens dos Landmarks, são incertas, mas muitos autores


citam a origem bíblica deles, como podendo ser encontrado no Livro dos Provérbios, capítulo
22, versículo 28: “ Não mude de lugar, os antigos marcos que limitam as propriedades e que
foram colocados por seus antepassados” ou ainda em outra tradução “ Não removas os limites
antigos que teus pais fixaram” ou também, “Não removas os limites antigos que fizerem teus
pais”, bem como também em Provérbios 23:10; Deuteronômio 19:14 e 27:17 e Jô 24:2.

Já outros dizem que as regras derivam das antigas regras e


regulamentos dos pedreiros medievais.

Os Landmarks mais conhecidos e adotados pela moderna


Maçonaria são os 25 Landmarks de Mackey, elaboradas por Albert Machey em seu artigo
“Fundações da Lei Maçônica”, onde destacava a antiguidade imemorial, a universalidade e a
absoluta irrevogabilidade deles.

Para Albert Pike, os Landmarks da Maçonaria são apenas


cinco:

1. A necessidade de os maçons reunirem-se em Lojas;


2. O governo de cada Loja por um Venerável Mestre e
dois Vigilantes;
3. A crença no Grande Arquiteto do Universo e em uma
vida futura;

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4. A cobertura dos trabalhos da Loja;
5. A proibição da divulgação dos segredos da Maçonaria,
ou seja, o sigilo maçônico

No entanto, Obediências, que possuem sobre suas leis bem


como suas administrações poder soberano para editar seus próprios Landmarks, editam
regras que variam entre 7 e 54.

Mas na maioria deles sempre se observa os seguintes


princípios:

1-Independência e autogoverno das Grandes Lojas;


2-Crença em um Ser Supremo;
3-Crença na imortalidade da alma;
4-Presença obrigatória de um livro sagrado, esquadro e
compasso em Loja;
5-Sigilo sobre os modos de reconhecimento;
6- O Maçom ser homem livre e adulto;
7-Proibição de discussão sobre política e religião de forma
sectária.

Dessa maneira, esses princípios são imutáveis, tendo por


função primordial garantir a perpetuidade e a manter a essência de nossa Sublime instituição.

5- Os Antigos e os Modernos

Até a fundação da Grande Loja de Londres, não havia um


centro de obediência que congregassem as Lojas Maçônicas. Com a fundação da Grande
Loja, algumas lojas inglesas passam a ela se subordinar.

Em 1725, na cidade de York, foi fundada a Grande Loja, se


autoproclamando Grande Loja da Inglaterra, que encerrou suas atividades por volta de mais
ou menos 1740, sendo que em 1751, outra Grande Loja foi fundada por Maçons irlandeses
que não puderam ou não quiseram ingressar nas Lojas inglesas.

Em 17 de julho de 1751, representantes de cinco Lojas


reuniram-se na Taverna de Turk's Head, na Greek Street, em Soho, Londres, e formaram
uma Grande Loja rival - "A Grande Loja da Inglaterra de acordo com as Antigas Instituições".

Eles consideraram que eles praticavam uma maneira mais


antiga e, portanto, mais pura da Maçonaria, e chamaram sua Grande Loja de "Grande Loja
dos Antigos", o que fizeram com os que eram filiados a Grande Loja primeira fosse chamado
pelo termo de pejorativo de "Modernos", o que fez com que esses dois nomes acabaram se
afirmando.

O Maçom irlandês Lawrence Dermott, publicou em 1756, as


Constituições da Grande Loja dos Antigos, ele afirmava que os Antigos deveriam ser

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chamados de Maçons de York, porque a primeira Grande Loja da Inglaterra havia sido
reunida em York, em 926, pelo príncipe Edwin.

Os Maçons desta Grande Loja criticavam a Grande Loja de


Londres por ter esta realizado muitas alterações, como as formas de reconhecimento nos
Graus na Maçonaria; excluíram as orações dos procedimentos; descristianizaram e
enxugaram o Ritual; suprimiram os Dias Santos; mudaram a forma como o candidato deveria
ser preparado não dando instruções como até então eram ministradas; cortaram a leitura dos
Antigos Deveres nas Iniciações; retiraram a Espada durante as Iniciações; mudaram o antigo
método de arrumar a Loja; e, também, alterações e mudança na função dos Diáconos;
colocaram o Altar dos Juramentos no centro da Loja; além de outras alterações.

Desta maneira, surgiu a rivalidade entre a Grande Loja de


York, agora conhecida como Grande Loja de toda a Inglaterra, os “Antigos” e as de Londres
denominados de “Modernos”.

Nesse panorama com a fundação da Grande Loja de


Londres) em 1717, com a fundação da Grande Loja dos Antigos, em de 1751, a Maçonaria
começou a ocorrer uma lenta e gradual transformação, tanto no sentido da tradição, dos usos
e dos costumes, como no campo da organização e da construção social.

As discussões e a rivalidade produzidos entre os “Modernos”


e os “Antigos” viriam ao longo dos anos se amenizarem, como veremos a seguir.
6- A Grande Loja Unida da Inglaterra

Com dois irmãos de sangue da realeza britânica no Grãos


Mestrado das duas Grandes Lojas rivais - Duque de Sussex (filho mais novo do rei Jorge III)

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da Grande Loja de Londres e o Duque de Kent (também filho do rei Jorge III e irmão do
Príncipe de Gales, futuro rei Jorge IV) da Grande Lojas de Toda a Inglaterra - em 1813, em
um documento de 31 artigos, esboçava as condições de união entre as duas Obediências. Em
25 de novembro de 1813, em assembleias das duas Grandes Lojas era enunciado, através do
artigo VI, que a união das duas deveria ser oficializada sob o título de Grande Loja Unida da
Inglaterra.

Desta feita em 27 de dezembro de 1813, em uma grande


assembleia de Maçons, era então assinado o Ato de União, sendo o Duque de Sussex eleito
o primeiro Grão Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra, permanecendo a tradição de
que um príncipe de sangue sempre seja Grão Mestre, costume esse que teve início em 1782,
com a eleição do Henrique Frederico, Duque de Cumberland e irmão do Rei Jorge III. Esse
primeiro Grão Mestre, o Duque de Sussex, retirou todo o “escocismo” da Maçonaria Inglesa,
ou seja, removeu a origem escocesa de suas origens.

Mas, com a união, a Maçonaria inglesa entrou em uma fase


de paz, prosperidade e crescimento, ao qual continua até os dias de hoje.

7- A Bula In Eminenti Apostalatus Specula

Com a expansão da Maçonaria pelo continente europeu, a


inquisição começou a se incomodar com a Ordem.

Em 24 de abril de 1738, o papa Clemente XII, publicou a


bula In Eminenti Apostalatus Specula a primeira de uma série de bulas e encíclicas papais
contra a Maçonaria, passando a inquisição nos países católicos, a perseguir os maçons onde
estivessem.

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Estava no artigo 2º da Bula: “Demos conta, e o rumor
público não nos permitiu duvidar, que foram formadas, e que se afirmavam dia após dia,
centros, reuniões, agrupamentos, agregações ou conventículos, que sob o nome de “Liberi
Muratori” ou “Franco-mações” ou sob outra denominação equivalente, segundo a diversidade
de línguas, nas quais eram admitidas indiferentemente pessoas de todas as religiões, e de todas
as seitas, que com a aparência exterior de uma natural probidade, que ali se exige e se cumpre,
estabeleceram certas leis, certos estatutos que as ligam entre si, e que, em particular, os
obrigam às penas mais graves, em virtude do juramento sobre as santas Escrituras, a guardar
um segredo inviolável sobre tudo o que sucede em suas assembleias”.

E no artigo 7º: Por tudo o referido, proibimos muito


expressamente e em virtude da santa obediência, a todos os fiéis, sejam laicos ou clérigos,
seculares ou regulares, compreendidos aqueles que devem ser muito especialmente
nomeados, de qualquer estado, grau, condição, dignidade ou preeminência que desfrutem,
quaisquer que fossem, que entrem por qualquer causa e sob pretexto algum em tais centros,
reuniões, agrupamentos, agregações ou conventículos antes mencionados, nem favorecer seu
progresso, recebe-los ou oculta-los em sua casa, nem tampouco associar-se aos mesmos, nem
assistir, nem facilitar suas assembleias, nem presta-lhes ajuda ou favores em público ou em
privado, nem operar direta ou indiretamente por si mesmo ou por outra pessoa, nem exortar,
induzir nem comprometer-se com ninguém para fazer adoptar nestas sociedades, assistir a
elas nem prestar-lhes nenhuma classe de ajuda ou fomentá-las; lhes ordenamos pelo
contrário, absterem-se completamente destas associações ou assembleias, sob a pena de
excomunhão, na que incorrerão os infratores que mencionamos pelo simples factos e sem
outra declaração; de cuja excomunhão não poderão ser absolvidos mais que por nós ou pôr
o Soberano Pontífice então reinante, que não seja em “articulo mortis”. Queremos ademais
e ordenamos que os bispos, prelados, superiores, e o clero ordinário, assim como os
inquisidores, procedam contra os infratores de qualquer grau, condição, ordem, dignidade
ou preeminência; trabalhem para redimi-los e castigá-los com as penas que mereçam a título
de pessoas veementemente suspeitas de heresia”

8- Expansão

Como consequência da criação da Grande Loja de Londres,


se inicia um período de expansão da Ordem com o surgimento de novas lojas na Inglaterra,
as quais atingiram o número de dezesseis em 1721, trinta em 1723, cinquenta em três em
1725 e em mais de cem em 1732, cinquenta das quais localizadas na cidade de Londres.

Em 1725, surgiu a Grande Loja da Irlanda, com sede em


Dublin, sendo seu primeiro Grão Mestre o conde de Rosse, se firmando também na Escócia
no século XVII.

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Na Europa continental, em especial na França ela chega por
volta de 1721, sendo que surgirá uma loja em Paris em 1725 e outras seis nos anos seguintes,
quando então foi criada a Grande Loja de França.

A Maçonaria francesa, cabe a criação do Rito Moderno e das


Lojas de Adoção, formadas somente por mulheres, e das Lojas Co maçônicas que eram
mistas.

Esta expansão não foi generalizada por todo o continente


europeu, sendo que em 1707, a Dieta imperial da Alemanha, uma espécie de Parlamento,
aprovou um decreto suprimindo a autoridade da Grande Loja de Estrasburgo sobre os
maçons alemães. Em 1731 e 1732 dois novos decretos declararam ilegais as confrarias dos
construtores, sendo estas forçadas a irem para a clandestinidade, sendo que foi somente com
o rei da Prússia, Frederico II, que foi dada proteção e segurança a Maçonaria, sendo que em
sua homenagem foi fundada no ano de 1744, a Loja Frederico II que existe até hoje.

Entrementes, apesar das perseguições, ela chegou em


Nápoles em 1723 e em outras regiões da Itália em 1733, Espanha em 1728, em Praga, atual
República Tcheca, em 1729, na Holanda em 1734, na Suécia em 1735, na Suíça em 1736, e
em Portugal por volta de 1735/1743. Na Áustria, a primeira loja é fundada em 1726,
recebendo a proteção do Duque de Lorena, marido da Imperatriz Maria Tereza de
Habsburgo. Nos Estado Unidos, quando ainda colónias inglesas, a Maçonaria foi reconhecida
com a indicação do Grão-Mestre Provincial de Nova Iorque, Nova Jersey e Pensilvânia pela
Grande Loja de Inglaterra em 1730.

9. Finalizando

Foi delineado um quadro, se bem que sintético, da


transformação da maçonaria operativa em especulativa, sendo explicado que a primeira
começou desaparecer com o fim da idade média, onde passou ela a transmitir o
conhecimento dos construtores e das suas associações num tempo em que não havia livros,
nem desenhos, nem planos de construção.

Na eminência de desaparecer e se perder todo o


conhecimento, ela se viu forçada a admitir em seu seio, pessoas que não eram operativas,
como nobre, clérigos, intelectuais que pertenciam a uma classe superior, que poderiam
garantir a eles uma espécie de proteção que já não possuíam mais.

Com a criação da Grande Loja de Londres em 1717, foi que


impulsionada a criação de outras Lojas na Europa continental e daí para todo o mundo.

*O presente artigo será distribuído em 8 partes de publicação consecutiva.

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Ir Sandro Pinheiro
ARLS Flauta Mágica Nº 170 – GLMRJ
Or do Rio de Janeiro/RJ

O simbolismo da escada está totalmente relacionado com a


relação entre o céu e a terra. Por excelência, a escada é o símbolo da ascensão e da valorização,
associada também ao simbolismo da verticalidade. No entanto, a escada simboliza uma via
de comunicação nos dois sentidos, tanto ascendente quanto descendente. Tudo que o que
simboliza um progresso de valor está relacionado à subida e ao crescimento, e tudo que
simboliza uma perda de valor associa-se à descida. Na arte, por exemplo, a escada
frequentemente aparece como um suporte imaginativo da ascensão espiritual. A linha do
qualificativo e da elevação é vertical, por isso associa-se à simbologia da escada.

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Um símbolo ascensional desta natureza indica uma
hierarquia, um movimento. No princípio, temos a condição terrena; à chegada, o estado
angélico. Entre os dois, os andares, com as suas etapas provisórias, que assinalam a beleza
vislumbrada, a paz que começa a tranquilizar o viajante e que o encoraja a prosseguir o
caminho, a fazer face às lutas que ele tem de aceitar.

A escada é também o símbolo da progressão em direção ao


saber. Quando se eleva em direção ao céu, trata-se do conhecimento do mundo material ou
espiritual. Quando penetra no subsolo, trata-se do saber oculto e das profundezas do
inconsciente. Símbolo ascensional clássico, pode designar não só a subida no conhecimento,
mas também uma elevação integrada de todo o ser.

O caminho de todos nós, aprendizes da vida, e


principalmente dos adeptos das ciências ocultas, consiste no aprendizado. Devemos aprender
como as coisas funcionam em nós e no universo e por meio da observação, aprender as causas
e os efeitos de tudo em nossa vida.

Entretanto, esse aprendizado na maioria das vezes é gradual,


obtido com um passo de cada vez, ou ainda, degrau por degrau. É então que nos vemos diante
da escada que nos levará ao topo, onde está nossa recompensa.

Infelizmente, muitos adeptos das ciências ocultas perdem-se


no caminho porque ignoram a importância de ir degrau por degrau, em cada um aprendendo
o que ele lhe reserva. Como o alquimista que precisa de pausas na realização da Grande
Obra, todos nós precisamos absorver de cada etapa do desenvolvimento aquilo que nos
proporciona, e no tempo necessário.

Significado espiritual da escada

A escada comunica o céu e terra, possui vários degraus que


representam os diferentes níveis de consciência. Por essa razão, é um símbolo ascensional.
Enquanto o discípulo ou iniciado conseguir ir até o mais alto degrau, o profano cheio de
apegos mundanos mal consegue subir alguns poucos degraus.

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Apesar de representar uma “subida para o céu”, é
interessante observar que este símbolo está associado a uma vida de comunicação que ocorre
nos dois sentidos: ascendente e descendente. Nesse sentido, tudo aquilo que está associado a
um progresso de valor está ligado à subida, enquanto perdas de valor estão associadas à
descida.

A escada também está relacionada ao simbolismo da


verticalidade. Costumo pensar que a escada é o caminho do adepto. Como ela pressupõe
ascensão, cada degrau representa um nível, pontos de passagem. Partimos da terra em direção
ao céu.

A escada é um símbolo carregado de significados, tanto


espirituais, como mentais. Com seus muitos degraus simboliza os planos da mente e os planos
de existência.

A descida ao inconsciente e a ascensão sobre o consciente.


através dela é possível tanto subir, como descer. Assim como também é possível permanecer
parado no mesmo degrau, sendo apedrejado pelos pilares do sedentarismo mental e/ou
espiritual. A escada nos dá uma escolha, de subir ou não, de buscar ou não, de aprender ou
não. O caminho do crescimento e pessoal

Simbolismo da escada na Bíblia

Na Bíblia, grande livro simbólico, a menção ao simbolismo


da escada é feita em Gênesis:

19
“E Jacó seguiu o caminho desde Bersba e dirigiu-se a Harã,
com o tempo atingiu certo lugar e se preparou para ali pernoitar,
visto que o Sol já se tinha posto. Tomou, pois, uma das pedras do
lugar e a pôs como apoio para a sua cabeça e deitou-se naquele
lugar. E começou a sonhar, e eis que havia uma escada posta da
terra e seu topo tocava nos céus; e eis que anjos de Deus subiam e
desciam por ela. E ficou temeroso e acrescentou; “Quão
aterrorizante é este lugar” Não é senão a casa de Deus e este é seu
portão de entrada”

Como mencionado na passagem bíblica acima, a escada


caracteriza-se como meio empregado pelos anjos para subir e descer dos céus. Essa escada
com anjos subindo e descendo foi revelada em sonho por Jacó.

Tão marcante para o povo judeu e cristão já que também é


interpretada pelos cristãos como a prefiguração de Jesus Cristo, pois ele dá acesso ao Pai em
um Espírito (Efésios 2.18), que é o único “mediador entre Deus e os homens” a escada
encontra analogia em todas as antigas iniciações.

Simbolismo da escada na Iconografia

Na alquimia a escada também representa ascensão, o


caminho espiritual do alquimista. “A organização como que escalonada do macrocosmo
correspondem, no homem, diversas faculdades do conhecimento ― percepção sensorial,
imaginação, razão e análise. O último degrau é a compreensão direta da palavra divina pela
meditação. A escada não vai mais além, porque o próprio Deus não pode ser entendido.”
(Alexander Roob – Alquimia e Misticismo)

20
“Na imagem, o intelecto encontra-se na base da escada da
criação, que, partindo do reino mineral, e através de vários níveis das plantas, animais,
homens e anjos, sobre até Deus, onde a Sophia, a sabedoria construiu a sua morada. A figura
que simboliza o intelecto segura o instrumento que lhe permitirá subir e descer, um disco de
ars generalis do filósofo catalão e místico cristão Rámon Llull (1235 – 1316).

Llull concebeu este ‘conhecimento universal’ com o


propósito de converter as duas religiões concorrentes do Cristianismo, o Judaísmo e o Islã,
provando-lhe a superioridade das doutrinas Cristãs.” (Alexander Roob – Alquimia e
Misticismo)

O Alquimista anda extraviado até que a lebre mercurial


fugidia lhe indique a matéria original exata, por detrás de cujo aspecto rude, e atravessando
os sete degraus do processo, um palácio será revelado. Aqui, os princípios do Sol e da Lua
unem-se para formar o lápis, o mercúrio filosofal, que coroa a cúpula sob a forma de uma
fênix. O Zodíaco indica que a obra começa em maio, no signo de Touro. Cada signo zodiacal
corresponde a uma substância química. (Alexander Roob – Alquimia e Misticismo). Por
enquanto, é o que temos sobre o simbolismo da escada. Obviamente não é nem o começo,
dada às diversas tradições que carregam esse símbolo nos seus mistérios. Mas, esperamos que
a leitura tenha sido útil e instrutiva.

São João Clímaco e a escada do Paraíso

O que a vida e a obra de um monge eremita do século VI


têm a ensinar ao homem do século XXI?

No último dia 30 de março, a Igreja no mundo inteiro


recordava a memória de São João Clímaco. Do século VI, esse monge do Oriente é

21
conhecido especialmente por sua obra “Escada do Paraíso”, na qual explica a vida monástica,
desde o abandono do mundo até a perfeição na caridade.

João tornou-se monge no monte Sinai, onde foi discípulo do


sábio abade Martírio. Aí, entregue à oração e aos cuidados deste mestre espiritual, pôde
dedicar-se ao ofício de sábio, àquele que Santo Tomás identifica como “o mais perfeito, o
mais sublime, o mais útil e o mais bem-aventurado” de todos os estudos humanos.

Entretanto, se é verdade que “é necessário passar por muitos


sofrimentos para entrar no Reino de Deus” ( At 14, 22), a “escada do Paraíso”, antes de ser
subida pelos homens, foi descida pelo próprio Deus. Foi o Senhor quem se inclinou ao
homem e inclinou a escada dos céus, para que ele a pudesse subir mais facilmente. Ele, que
“humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de Cruz” (Fl 2, 8). De fato, antes
que o homem desse o primeiro passo em direção ao Altíssimo, Ele mesmo saiu dos altos
céus e veio em seu auxílio, com a Sua graça. Por isso, a resposta do homem a essa misericórdia
de Deus só pode ser o amor – o amor de quem sobe uma escada firmando os “braços
cansados” e “os joelhos vacilantes” (Is 35, 3), com o coração ansioso em contemplar o Senhor
e possui-Lo plenamente na eternidade.

A “escada do Paraíso” é o itinerário para todos os cristãos,


chamados que são ao amor. Que São João Clímaco, do Céu, ajude o homem do século XXI
a atingir o clímax da caridade, como ele alcançou.

Simbologia da Escada de Rá

A simbologia da escada de Ra está profundamente ligada à


intermediação entre o Céu e a Terra, à ascensão e à evolução de natureza espiritual. Os seus
degraus sãos as várias etapas a ultrapassar para se atingir o divino, associadas a metais
22
diferentes ou a vários tipos de exercícios espirituais ou a provas de iniciação esotérica
Sinônimo de verticalidade, reatando uma harmonia que foi quebrada pela separação na
gênese do mundo, a escada é um meio ou instrumento de evolução pessoal e de ascensão
espiritual.

No Egito, a escada do deus Ra ligava o Céu à terra segundo


o Livro dos Mortos. O exemplo da escada também pode ser encontrado sob a forma de
método na Igreja cristã, e que consiste numa série de trabalhos espirituais que têm de ser
ultrapassados como degraus de uma escada.

O mais sublime de todos os sentimentos


O motivo de nossa existência
O sentido da vida e da morte
Razão pela qual praticamos
a temperança, a fortaleza, a
prudência, a justiça, a fé e a esperança
O estágio mais elevado da evolução o amor
O último degrau da escada de Rá.

Simbologia da Escada na Maçonaria

A Escada de Jacó foi extraída de Gênesis 28:10-19. Pelo


relato bíblico, essa escada significava o caminho que conduzia à morada de Deus e, de forma
análoga, a Escada de Jacó presente no Painel, representa o caminho sagrado, o caminho do
aperfeiçoamento moral e espiritual, o caminho da perfeição, que leva ao Grande Arquiteto
do Universo.

23
Na Maçonaria, assim como, na vida, nos encontramos em
planos diferenciados de evolução, somos muitos em várias potências e obediências, mas não
formamos um só corpo, não formamos uma escada, não formamos uma unidade.

Os caminhos para o aperfeiçoamento são vários, são


constituídos por vários acessos: Instituições filosóficas, instituições filantrópicas, religiões,
escolas, etc. Temos que ter consciência que não existe o certo e o errado, existem caminhos
mais curtos e mais longos, não existe o “regular” e o “irregular”, todos levam a apenas um
objetivo final o Aperfeiçoamento.

Variadas são as interpretações do sonho de Jacó, e,


especialmente sobre o significado da Escada. A mais comum é que cada degrau simboliza o
esforço que ao Maçom cumpre executar para ascender até a Perfeição. Etapas vencidas e
iniciações ganhas. Os degraus simbolizam os diversos planos do Universo. No Rito Escocês
Antigo e Aceito, a Escada teria 33 degraus, correspondendo cada degrau a um Grau
Maçônico.

Ainda de acordo com aquele Ritual, as três principais


virtudes são a Fé, a Esperança e a Caridade, representadas nos degraus da Escada de Jacó,
respectivamente, pela Cruz, pela Âncora e pelo Cálice ou Taça com a mão em atitude de a
alcançar.

A Fé representa o primeiro degrau da escada de Jacó, pois


ela é a sabedoria do espírito, sem a qual o Homem nada levará a termo.

A Esperança representa os degraus intermediários, pois ela


ampara e anima o espírito nas dificuldades encontradas no caminho.

A Caridade representa o último degrau, que só será atingido


praticando-a, pois ela é a própria imagem dos mais puros sentimentos humanos, onde no seu
ápice uma estrela de sete pontas.

A subida dos degraus da Escada de Jacó é penosa e lenta, os


degraus estão em níveis e espaços variados, mas, o importante é que eles estejam unidos por
duas hastes laterais bem fortes, que possam lhes dar sustentação, a escada, por sua formação
é um símbolo de união.

Somente quando pudermos entender isso, e pudermos viver


em paz, harmonia e união, poderemos nos considerar como uma unidade, estaremos assim,
cavando masmorras aos vícios e levantando templos às virtudes, só então, tudo estará Justo e
Perfeito.

24
Interpretação Rosa Cruz da Escada de Jacó

Os Rosa Cruz nos apresentam os degraus da escada como se


cada um deles estivesse relacionado com uma montanha que aparece em sete episódios
históricos vividos pelo povo judeu. Melhor dizendo, a história judaica, desde o episódio de
Noé até a chegada de Jesus, teria requerido dos povos judeus sete grandes esforços evolutivos,
que todo homem tem que passar em sua existência.

Os degraus corresponderiam aos montes Ararat, Moriá,


Sinai, Tabor, Gólgota e Oliveiras. No primeiro degrau, depois de um dilúvio devastador,
Noé, reuniu todos os seus bens e chegou ao monte Ararat, onde encontra refúgio. Dali soltou
depois uma pomba que voltou com um ramo de oliveira no bico. Isto lhe revelava: As terras
não estavam mais cobertas pelas águas, estavam lhe esperando para fazer um novo plantio.

Também nós quando, por erros nossos passamos por


problemas devastadores, recebemos de Deus uma nova oportunidade de recomeçarmos
levando conosco os bens espirituais que já tenhamos conquistado. Depois, Abraão dirigiu-se
ao monte Moriá. Neste episódio lhe era requerido por Jeová um sacrifício. Sacrificar num
holocausto seu único filho Isaac. Ele o pôs então sobre o altar do sacrifício, mas, por sua
grande Fé, Deus o poupou. Este é o degrau da fé em Deus, da certeza de que os nossos
sacrifícios serão compensados. O terceiro degrau da escada evolutiva refere-se ao episódio
de Moisés subindo o monte Sinai. Ali ele receberia o Decálogo, um código de leis. Ninguém
se adianta se não tiver disciplina, da obediência. Geralmente quando, falamos em obediência
não sabemos o que é sermos obedientes aos princípios divinos. Como exemplo, poderíamos
citar o que fazemos com um animal que tem demasiada energia, tem capacidade para correr
em grande espaço.

Então, desobedecendo as leis de seu corpo, os pomos numa


jaula minúscula onde ficará cerceado de sua verdadeira natureza. No quarto degrau

25
encontramos os judeus, após atravessarem o deserto, vindos de uma escravidão no Egito,
chegando ao monte Carmelo. Ali encontraram verdadeiros e falsos profetas. Como distinguir
os falsos?

É o degrau dos conflitos íntimos entre as nossas duas vozes


internas Ele são nossos verdadeiros e falsos profetas. É o degrau do discernimento. Como
exemplo podemos citar a dificuldade que os estudantes esotéricos encontram em distinguir
entre psiquismo e espiritualidade. Só após passar o degrau do discernimento poderemos
subir o monte Tabor.

Ele é o monte da Transfiguração de Jesus. È o degrau do


nascimento espiritual. Neste monte Jesus leva consegue representa a obediência aos
princípios divinos, Tiago representa a valentia e João é o amor. Depois desta transfiguração,
onde transcendeu todas as diferenças religiosas e culturais, o homem terá que subir o monte
do Gólgota. É o calvário da sua solidão, da incompreensão por parte de todos que o cercam.
Mesmo estando em meio a um grande grupo, se sentirá só. Terá que persistir em seu ideal
sem ajuda.

È o teste de sua persistência e a renúncia a reconhecimentos.


Como exemplo, temos o caso de Jesus seus discípulos Pedro, Tiago e João. Para transportá-
lo somos ajudados por 3 forças superiores simbolizadas nas características dos discípulos.

Pedro subindo sozinho o Calvário, incompreendido e


abandonado. Porém, o último degrau refere-se aos momentos de maior paz e felicidade
que um homem pode atingir. É o momento da entrega total. É Jesus no Monte das Oliveiras,
onde ele se abastecia na unidade com Deus.

BIBLIOGRAFIA

http://www.maconaria.net/portal/index.php
https://lidianefranqui.com.br/qual-o-simbolismo-da-escada/
https://www.dicionariodesimbolos.com.br/escada/
https://misericordia.org.br/formacoes/sao-joao-climaco-e-a-escada-do-paraiso/
http://ocultafilosofia.blogspot.com/2014/02/o-simbolismo-das-escadas.html
http://ordemrosacruzjequie.blogspot.com/2014/07/a-escada-de-ra-os-sete-degraus.html
http://sendadomestre.blogspot.com/2017/08/a-escada-de-jaco-interpretacao-rosa.html

26
Ir Pedro Jorge de Alcantara Albani
ARLS Montanheiros Livres
Or de Juiz de Fora – MG
GOMG-COMAB
Membro da Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora e Região

O trabalho que iremos abordar refere-se ao Salmo 133,


presente nas aberturas dos trabalhos no grau de aprendiz, nos diversos ritos. No rito Brasileiro
o Irmão Orador diante do altar dos compromissos lê o primeiro versículo do referido Salmo.
Em outros ritos o Salmo é lido na integra, conforme se lê a baixo:
27
“Oh! Quão bom e quão suave é que os Irmãos viviam em
união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce pela
barba, a barba de Aarão, e que desce a orla dos seus vestidos. É
como o orvalho do Hermón, que desce sobre os Montes de Sião:
porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre”.

Esta passagem dita com imponência pelo Ir Orador marca


a abertura dos trabalhos da loja. É um momento de reflexão sobre a concórdia e a nossa real
fraternidade e igualdade, termos basilares de sustentação da nossa milenar irmandade.

Alguém já se perguntou as causas que levaram a escolha do


Salmo 133! E qual o seu significado, na sessão de Aprendizes? Quais os fatores históricos do
Salmo.

Vamos buscar entender as causas que levaram o Salmo a ter


tanta importância nos nossos rituais e seu significado; Fatos históricos e depois iremos analisar
os versículos.

Porém antes de entrarmos no assunto devemos entender o


que é SALMO, ou melhor, SALMOS que compõem a bíblia, que totalizam 150, que pode
variar se é o ANTIGO TESTAMENTO ou o NOVO. São diversos poemas e recitações
religiosos, que são consideradas orações sagrados e louvores.

FATOR HISTÓRICO

Para um goteira ao ver o Irmão Orador recitando o Salmo


da bíblia poderiam confundir com uma sessão religiosa. Porém para nós maçons, que
sabemos que a maçonaria não é, e nunca foi uma religião, devemos ouvir as referências
religiosa, como o Salmo tendo uma visão maçônica, buscando a interpretação exotérica e seu
significado.

28
O SALMO 133 é atribuído ao Rei DAVI, pai do Rei
SALOMÃO, que era poeta e musico, e é atribuído e ele mais de 70 SALMOS, dos 150 que
compõem a bíblia.

A data precisa da introdução da Bíblia ou Livro sagrado nos


rituais maçônicos é indefinido, porém há referência dela desde 1670; porém oficialmente foi
estabelecido pela GRANDE LOJA DA INGLATERRA em 1717, cumprindo o 21º
LANDMARK.

No Brasil até 1952 a abertura dos trabalhos de aprendiz, era


feita com a leitura do EVANGELHO DE SÃO JOÃO, conforme se vê a seguir:

1 – No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus;
2 – Ele estava no princípio junto de Deus;
3 – Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito;
4 – Nele havia vida, e a vida era a luz dos homens;
5 – A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam;

Porém a partir deste ano as GRANDES LOJAS


BRASILEIRAS introduziram no RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO o salmo 133,
quando na abertura do LIVRO DA LEI com a leitura do SALMO 133, costume trazido da
GRANDE LOJA DE NOVA YORK. Logo depois o GOB também adotou o costume,
influenciado pela GRANDE LOJA DA INGLATERRA. A cisão de 1973, não mudou a
tradição, os GRANDES ORIENTES adotaram a prática.

Nosso RITO BRASILEIRO desde sua reimplantação em


1968, por ÁLVARO PALMEIRAS, adotou o SALMO 133, e só recita o primeiro versículo.

Muitos maçons não concordaram com a mudança, pois


consideravam o EVANGÉLICO DE SÃO JOÃO mais significativo com o Grau de
Aprendiz, pelo citado principalmente nos itens 4 e 5. Destacamos alguns autores maçônicos
contrários: JOSÉ CASTELLANI, ASSIS CARVALHO, THEOBALDO VAROLI FILHO
e HÉRCULES SPOLADORE.

29
A justificativa para a mudança do EVANGELHO DE SÃO
JOÃO para o SALMO 133, eles observam a primeira frase do SALMO, “Oh! Quão bom e
quão suave é que os Irmãos viviam em união”, pois na visão deles a frase exalta a união entre
os irmãos.

SALMO 133

Para que possamos melhor compreender este salmo, iremos


dividi-lo em três versículos, e falaremos separadamente de cada um, buscaremos a sua
interpretação, que são infinitas, de acordo com os autores maçônicos ou a nossa própria
interpretação:

“Oh! Quão bom e quão suave é que os Irmãos viviam em


união.”

Este versículo representa a nossa unificação em um objetivo


comum, a obra de criação do Supremo Arquiteto do Universo.

A interjeição “Oh” designa admiração, surpresa, realçando o


sentido da frase e de como é bom e suave vivermos em harmonia com nossos irmãos.

Quanto à palavra “IRMÃO”, esta tinha um significado


especial para os povos hebreus, pois transcendia o real significado da palavra, como muitos
conhecem a ligação por laços sanguíneos. Para estes povos representa a intimidade fraternal
vivida no campo espiritual.

30
A cidade de JERUSALÉM com seu misticismo
característico, quanto ao lado religioso, de vez por outra, abrigava o povo judeu a se reunirem,
nesta ocasião se tratavam de IRMAOS e habitavam em união por vários dias. Muitas das vezes
eram para apaziguar os ânimos entre as tribos, o que em muitos casos cessavam as guerras.

“É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce pela


barba, a barba de Aarão, e que desce a orla das suas vestes”.

Nas cerimônias, a unção tornava o sacerdote santificado para


exercer o ministério, pois acreditavam que as pessoas ungidas adquiriam uma expressão de
conquista espiritual. A aplicação do citado óleo que era perfumado, tem sua fórmula
determinada por MOISÉS, CANELA, JUNCO, ACÁSSIA E AZEITE DE OLIVA
(ÊXODO 30:22-25).

A barba na Antiguidade era privilégio dos homens livres, pois


os escravos não tinham permissão para usá-las. E era símbolo de honradez honestidade e
pudor.

As vestes tinham um especial significado ritualístico, pois


indicava quem tinha por missão exercer atos religiosos, como unção, sacrifício e o culto.
Como não há uma tradução para GOLA, pois as roupas dos judeus não possuíam, esta
tradução pode variar.

Segundo a bíblia, o irmão mais velho de MOISÉS era


AARÃO, membro destacado da tribo de LEVI, e seu principal colaborador, possui um peso
próprio na tradição bíblica, devido ao seu caráter de patriarca e fundador da classe sacerdotal
dos judeus, teria sido escolhido por Deus para exercer o sacerdócio em ISRAEL.

31
Pela sua liderança e condução, MOISÉS, foi quem deu o
perfil e característica ao povo JUDEU, e coube a AARÃO ser o oráculo, sendo considerado
um homem diferente do seu tempo, sendo associado ao ideal de paz e da concórdia.

“É como o orvalho do Hermón, que desce sobre os Montes


de Sião: porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para
sempre”.

Este versículo descreve o aspecto físico do ambiente, com


relação à vida do povo da PALESTINA. ISRAEL esta situada na PLANICE PALESTINA
entre a cadeia de MONTE DE SIÃO, onde se destaca o MONTE DE HERMÓN, de um
maciço rochoso situado ao sul-sudeste do Líbano, do qual se separa um vale profundo e
extenso. Apresenta-se de forma de um círculo, que vai de nordeste a sudeste. Explicando um
pouco mais, para entender a geografia dessa região que viram nascer à história do mundo
bíblico:

A cordilheira que se estende paralelamente ao Líbano,


separando das planícies de Bekaa. De todas as cadeias montanhosas, é a que se posta mais
ao oriente, pois, desenvolve-se no nordeste ao sul-sudeste, por quase 163 quilômetros, suas
extensões e alturas são visíveis a partir do mediterrâneo. E possuem aproximadamente 2.800
metros de altitude, e independente do calor da região o cume está sempre coberto de neve.

A neve retida no alto da montanha, ao se derreter “alimenta”


o RIO JORDÃO, e dá prosperidade ao MONTE SIÃO, que possui colinas férteis, com
verdejantes videiras e oliveiras, onde está localizada a cidade de JERUSALÉM. Sem as aguas
do Monte HERMÓN, dificilmente haveria vida no local, pois é uma região desértica, por
tanto o monte representa a vida para a região.

32
CONCLUSÃO

Como vimos o Salmo traduz de forma sublime os ideais


maçônicos. Que como o ciclo da vida que se perpetua com a neve derretida do Monte
Hermón, unindo a todos os habitantes e em torno do seu ciclo da água.

Assim são os maçons que através da egregóra formada em


suas Lojas, que se fortalecem após a leitura do salmo, vontade revelada de DEUS, na troca
de energia positiva que emanamos e recebemos; Quando da aberturados trabalhos.

Devemos a cada dia reiniciamos o nosso ciclo de


aprendizado e renovarmos e exercitamos os nossos ensinamentos recebidos e lembrarmos
sempre que a fraternidade e que nos torna verdadeiros Irmãos, sempre juntos como uma
unidade familiar.

BIBLIOGRAFIA

BAPTISTA, A A Q. O desbastar da pedra bruta. 1. ed. A Trolha, Londrina: 2004.


ROCHA, L.B. Grande Oriente de Minas Gerais: Ritual do 1º Grau – Aprendiz do Rito
Brasileiro.
GUERRA, PADRE ALOÍSIO, O Amém Maçônico, Editora A Trolha, Londrina, 2008
COSTA, Frederico Guilherme. Questões Controvertidas da Arte Real: A TROLHA, 1993
Carvalho, Assis. Caderno de Estudos Maçônicos –A Maçonaria Usos e Costumes Volume I,
Editora A Trolha,1994;
Diversos Autores. Revista A Trolha. Editora A Trolha Nr 230- Dezembro. 2005

33
Ir Adriano Viegas Medeiros
ARLS Labor e Concórdia Nº 146 – Rito de York
Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC - COMAB
Or de Lages/SC

1. INTRODUÇÃO

A alegoria do Templo de Salomão é um tema de estudo


recorrente e muito importante para a maçonaria e para o Rito de York, no Primeiro Grau o
iniciado estuda vários elementos como o piso mosaico, as colunas e tantos outros
componentes, já no Grau de Companheiro nos deparamos com a observação sobre a escada
em caracol e a câmara do meio do Templo e ao estudar tais elementos recebemos instruções
relacionadas aos números (3,5 e 7), também o simbolismo Clássico (ordens arquitetônicas) e
processos de estudo dentro da história (Trívium e Quadrívium) ampliando cada vez mais
nosso saber maçônico e humano.
34
A escada em caracol não pode ser confundida com a escada
de Jacó, sendo a primeira aludida nas instruções do Segundo Grau e a outra para o Grau de
Aprendiz, dentro do Rito de York, mas cabe ressaltar que as duas apresentam uma origem
bíblica e nos mantém em constante ligação com valores e significados que devem ser muito
presentes na vida de um maçom.

Se a partir de uma visão simbólica a escada transmite a


formação ou ainda a ligação entre o profano e o sagrado, devemos então perceber que várias
sociedades e grupos antigos já usavam essa metáfora como elemento de aprendizado, mas
ainda temos de ter em mente que para a maçonaria ela demonstra de forma clara que uma
subida em relação aos degraus e aos graus maçônicos não é algo simples e exige ação do
iniciado para se manter no caminho do desenvolvimento.

E edificava-se a casa com pedras preparadas, como as traziam


se edificava; de maneira que nem martelo, nem machado, nem
nenhum outro instrumento de ferro se ouviu na casa quando a
edificavam. A porta da câmara do meio estava ao lado direito da
casa, e por caracóis se subia à do meio, e da do meio à terceira.
Assim, pois, edificou a casa, e a acabou; e cobriu a casa com
pranchões e tabuados de cedro. (1 REIS 6:8)

Sendo a primeira orientação facilmente entendida sobre a


formação da escada, que o caminho não é simples, para o Companheiro existe uma indicação
que o andar é sinuoso e exige atenção, mas tal esforço vai levar o maçom ao próximo andar
(Grau de Mestre) e de forma metafórica apresenta os questionamentos e ensinamentos que
serão vistos nesta jornada.

Ao iniciar seu deslocamento recebe as ferramentas do Grau,


depois o estudo de ordem clássica e também as orientações sobre o sistema de estudo que
vão fazer com que ele esteja capacitado na câmara do meio, mas se assim o Companheiro
desejar, pois o anseio de saber e de adquirir os ensinamentos só cabe a ele.

Ao longo deste texto vamos examinar de forma entusiasmada


e ao mesmo tempo cautelosa as relações que um maçom deste Grau deve ter com este que é
um importante símbolo e uma das alegorias mais cobradas para que um maçom possa se
desenvolver com grande qualidade dentro do Rito de York, o Companheiro de Ofício (fellow
craft) deve seguir seu rumo.

2. O CAMINHO.

Ao rumar para a câmara do meio o maçom se depara com


uma subida sinuosa, composta por grupos de degraus e com uma forte simbologia, neste
momento é importante que ele se dedique para a confirmação do seu estudo, as instruções
devem ser muito bem reconhecidas e também aplicadas para que ele possa galgar com
determinação e orientação, não restando dúvidas sobre o motivo de estar fazendo aquele
caminho.

35
A Escada em Caracol […] da Loja de Companheiro, formada
por três lances de três, de cinco e de sete degraus. Os três primeiros
degraus correspondem ao Prumo, o primeiro, ao Nível, o segundo
e ao Esquadro, o terceiro, simbolizando, respectivamente, os três
graus da Maçonaria Simbólica: Aprendiz, Companheiro e Mestre.
Cada um dos cinco degraus seguintes corresponde a um dos cinco
sentidos humanos: audição, olfato, visão, paladar e tato. Embora
falíveis e, portanto, nem sempre confiáveis separadamente, mas
fortes quando juntos, os sentidos funcionam como verdadeiros
guardiões a nos indicar os perigos presentes em qualquer
caminhada. O Companheiro aprimora os cinco sentidos humanos
em sua plenitude para, então, aprender a dominar as sete artes e
ciências liberais. (BRAZ, 2014)

Antes mesmo de falar sobre o simbolismo presente na


escada, devemos lembrar que o próprio Companheiro Maçom é um emblema de
transformação e de evolução, ele já vem efetuando uma caminhada, seu rumo, antes era de
fortalecimento, agora de vigor, podemos, metaforicamente, entender que neste Grau, este
pedreiro livre é de fato o jovem que deve demonstrar sua vontade e desejo de aplicar seu
trabalho, já que antes ele era encaminhado por um Mestre para poder perceber as relações
ofertadas nas devidas instruções.

A movimentação feita agora por este maçom é de cunho


próprio, ele está procurando sua orientação, incorporando aos seus conhecimentos as práticas
que vão retirar o resto ou as sobras daquele primeiro trabalho de desbaste de sua pedra bruta,
mas lembrando que neste momento ele deve buscar a perfeição (proposta utópica, mas válida)
para então cruzar os degraus de uma escada que vai levá-lo ao momento de consagração e de
iluminação total que é o Grau de Mestre.

36
A escada é formada por uma numeração ímpar de degraus,
o que deve ser entendido como uma referência matemática importante, já que para Pitágoras
e também para Vitrúvio o simbolismo matemático da perfeição passa pelos números ímpares,
demonstrando que o maçom que assim fizer sua subida deve dominar o reconhecimento de
tais números para sua jornada.

Podemos perceber a alegoria de degraus em valor ímpar


também nos graus filosóficos, no REAA ou ainda no Rito de York podemos perceber o
número ímpar se contarmos desde a iniciação nos graus simbólicos até o ponto mais alto do
estudo maçônico.

Outro ponto de percepção é que a maçonaria se destaca em


aplicar os simbolismos que advém das escolas ritualísticas, os chamados “mistérios” são
amplamente usados nos estudos dentro de cada grau e com isso o iniciado vai se
aprofundando naquilo que for necessário e útil dentro do seu grau, e ainda assim ele não
consegue dominar o todo, já que muitas vezes deve retornar aos conhecimentos para poder
aprofundar e perceber detalhes.

A representação da espiral dentro desta instrução nos remete


a um estudo importante de formação matemática, geometria e engenharia para a produção
de tal escada, nos permite compreender que não somente deve se alcançar cada degrau, mas
o todo que leva ao topo, a ascensão ou a subida, por si só, já é um processo importante, ela
representa a elevação ou ainda a redenção, onde o maçom se desfaz de tudo que é negativo
ou que pode desvirtuar sua vida, chamamos de desbaste da pedra bruta, para então perceber
aquilo que é fundamental.

Alcançamos um novo degrau, o de Companheiro, cujo


objetivo agora é agir. [...] Devemos construir, colocar em prática o
aprendizado que as luzes dos ensinamentos da Maçonaria e toda a
sua simbologia tão profunda, abrangente e significativa nos
proporcionou sendo úteis à sociedade e dessa forma tornar a vida
melhor em benefício da humanidade. Não devemos esquecer
também, como Companheiro Maçom, que cada Grau é uma
melhor, mais iluminada e profunda compreensão das doutrinas e
da moral do Grau de Aprendiz, que será sempre a base do Edifício
Maçônico. Nós homens Maçons, sumos eternos aprendizes.
(PACHECO, 2010, Pág. 227)

Em alguns painéis mais antigos de Lojas, o que não é o caso


do Rito de York, já que não usamos tais elementos, podemos observar que a alegoria não
demonstra uma escada em caracol, mas sim uma subida de degraus que nos leva para um
lado e nesta subida estamos sendo testados e orientados de acordo com os elementos
dispostos, mesmo que não esteja desenhado em tais painéis, devemos entender que se trata
de uma alusão metafórica, por este motivo, cabe ao Companheiro reconhecer a lenda e saber
usar tal informação dentro de uma prerrogativa pedagógica.

37
No Painel do Companheiro, vemos uma Escada com três
lances distintos, sendo o primeiro deles constituído de três degraus
[...] com inclinação para a esquerda; os cinco degraus
intermediários, representando os cinco sentidos de onde a escada
inclina-se para a direita iniciando o sete de graus finais
representantes das sete artes liberais. Como corrimão da escada
encontramos a representação das cinco ordens de arquitetura
(dórica, jônica, coríntia, compósita e toscana). Também essa escada
curva não preenche os requisitos de uma verdadeira Escada em
Caracol ou helicoidal. [...] O posicionamento das sete artes depois
dos cinco degraus, representando os sentidos, tem conotação
diferente daquela que normalmente a ela se atribui: moral e
disciplina. na Escada em Caracol, a junção dos sentidos com as artes
liberais nos lembram que, na grande maioria das vezes, para que se
adquira a sabedoria é mister usar-se a experiência e a razão. aqui se
unem o empirismo e o racionalismo. (CICHOSKI, 2015, Pág. 305)

A explicação do irmão Cichoski é de grande importância,


mostrando que devemos perceber na verdade os ensinamentos dispostos e não o fato da
escada apresentar um tipo de formação que não é helicoidal, o mais relevante neste processo
é o que pode ser galgado e compreendido e
não somente as curvas que nos levam até a
determinada instrução.

Quando um
maçom chega até esta escada é porque sua
caminhada inicial já encerrou, podemos dizer
que ele deixou a infância maçônica e agora
entra na juventude de seus atos como maçom,
procurando assim obter o vigor para continuar
subindo e reconhecendo o que for útil em sua
caminhada, mas mesmo que seja um processo
lento ou ainda “doloroso” o fato é que ele está
rumando para a sua chamada revelação da
plenitude maçônica e por isto deve fazer tudo
na forma mais certa.

O
companheiro deve perceber que tal subida
não é um fardo, mas sim uma confirmação de
sua capacidade e a aumento de sua
responsabilidade como irmão e como
integrante de uma sociedade que busca ser
mais justa e perfeita para todos que nela
vivem, mesmo que isto seja algo quase
proibitivo de se alcançar, como maçom não deve esmorecer de sua jornada, afinal temos
como meta a organização mental e social para o bem de todos.

38
A subida na escada sinuosa é uma evidente persistência, se
na infância não temos noção do mundo que nos cerca, é aqui neste Grau (Companheiro) que
vamos entender que o mundo é algo muito amplo e os diferentes símbolos que nos remetem
ao estudo nos tiram de uma acomodação e nos levam a caminhar, “sozinhos”, para que
possamos nos reestruturar e receber os ensinamentos com base na ciência, mas também nas
percepções que os nossos sentidos nos mostram, eles estão todos interligados e com isso
ampliamos nossos horizontes, de tal forma, que não temos como nos perder nos passos que
executamos.

Historicamente falando o simbolismo desta instrução nos


remete ao período mais antigo, sim, para a maçonaria operativa, onde o trabalhador acabou
levando tempo e errando muito até dominar o que era fundamental para a construção de um
templo, hoje na maçonaria especulativa ou ainda contemplativa como alguns pesquisadores
gostam de indicar, estamos trabalhando na elevação do nosso templo interior, não menos
importante que aqueles construídos na Idade Média e que ainda hoje nos servem de exemplo
para a progressão dos estudos.

Abordando a filosofia e a simbologia maçônica relacionada


ao Templo de Salomão, podemos perceber que antes, quando iniciado, recebemos a
permissão de adentrar ao Templo, mesmo que somente em um espaço inicial, ali nos são
mostrados os elementos, ferramentas e formas de atuação, mas agora já estamos aptos a
caminhar e na nossa juventude vamos por conta própria, lembrando o aforismo indicado
como de Platão “é a dúvida que nos move”, vamos buscando novas respostas e adentramos
em novos rumos, mas lembrando mais uma vez, é nossa vontade de persistir que nos move.

Tal caminho sinuoso, cheio de informações nos indica que


não podemos galgar até a redenção ou ainda até a elevação que almejamos com um único
passo, assim como na escada de Jacó, nesta escada em caracol, devemos perceber que tudo é
uma questão de perceber, assimilar e depois seguir rumando até obter o resultado de nossas
conclusões.

3. O CONTEÚDO.

Cada parte da escada revela uma visão que antes estava


obscura, mas foi desvelada na medida que o Companheiro avança, nesta escada podemos
perceber uma grande quantidade de informações, sendo um dos elementos com mais
quantidade de objetos de estudo, por isso seu conteúdo é amplo e sua orientação e percepção
devem ser muito focadas para o aprendizado, não são só instruções filosóficas, também
ritualística, científica e moral, o que nos garante a busca pela excelência no saber.

Se no Primeiro Grau o iniciado é preparado para apenas


adentrar no espaço de sua purificação e organização, podemos perceber que ao se direcionar
para a escada ele busca o conteúdo que vai lhe servir de planeamento de sua mentalidade,
intelectualidade e por fim entendimento da luz que se depara (representada pela letra G) e
que vai aprontar suas instruções para adentrar com certeza na Câmara do Meio do Templo
do Rei Salomão.

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Os três primeiros elementos nos degraus nos remetem ao
conteúdo de moralidade, retidão e os valores plenos da maturidade de um Companheiro, e
ele não pode ficar parado, deve usar de forma integra os conceitos para que esteja pronto
para seguir rumando aos próximos elementos.

O Prumo destaca o senso de justiça, nos cobra a ordem de


pensamento e o pensamento mais puro, afastando nossas conclusões do uso da hipocrisia
para se valer das relações que são nefastas, não podemos ser duas pessoas em nossa vida, um
maçom que realmente sabe o simbolismo de tal ferramenta atua sempre na condição vertical
de sua verdade, desde o ponto mais básico (alicerce) até o seu ápice (a cumeeira) e com todos
vai agir dentro deste conceito para seu próprio bem e de seus irmãos.

O Esquadro direciona o maçom para dois lados, mas para


onde ele for deve ter a retidão como forma de ação, indica que a integridade faz parte daquilo
que acreditamos, não sendo errado aplicar para medir nossas atuações, evitando se desvirtuar
daquilo que precisamos para galgar nossa felicidade, afinal se buscamos o bem comum e a
elevação, tudo isto está ligado ao desejo de alegria que nos move e a condição de desfrutar
dos resultados positivos.

Já o Nível nos apresenta o sentido de igualdade entre os


maçons, o sentido interno de formação, de evolução deve ser percebido como algo
importante e cabe a todo maçom garantir isso para si, quando junto de seus irmãos ele deve
perceber que independente da sua ação profana, está ali um quadro de paridade e de honra
em ser um entre tantos que preservam os mesmos instintos para sua vida.

Quando o maçom chega no segundo grupo de escadas com


um total de cinco degraus ele se depara com a formação das ordens clássicas de arquitetura,
sendo elas dórica, jônica, coríntia, compósita e toscana, onde cada uma delas está intimamente
ligada a cada um dos sentidos humanos audição, olfato, visão, paladar e tato.

A compreensão deste conteúdo é de grande importância, já


que está ligado a condição mais pessoal do Companheiro, cada uma das colunas são
associadas aos sentidos que devem ser usados para a percepção de tudo que ele observa na
ritualística em Loja, a visão nos permite perceber a relação entre o material, as ferramentas e
toda sua simbologia, a audição faz com que ele acabe conectando ao seu cérebro o que lhe
foi dito e assim criando uma robustez na evolução o tato serve para que ele reconheça um
irmão pelo toque a fala para pronunciar as palavras sagradas nos atos dentro de Loja e o olfato

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a sua capacidade de sentir os cheiros decorrentes de algumas ritualísticas como incensamento
de Loja, o que não é o caso do Rito de York, mas deve ser entendido como parte de sua vida.

Outro fator determinante é que a união dos sentidos,


representados pelas colunas nos leva a entender que em separado pode ocorrer falhas, sim
os sentidos podem nos enganar quando usados de forma individual, podemos ver algo de
forma errada, escutar pouco, falar coisas que não devia, mas a união de todos eles nos permite
agir de forma coerente, vendo, ouvindo e falando o que somente correto para minha vida.

Logo na sequência encontramos o último conjunto de


escada, sendo sete degraus que nos levam a perceber as sete artes liberais que são: Lógica, a
Gramática, a Retórica, a Geometria, a
Astronomia, a Música e a Aritmética, são
estudos que nos levam ao fortalecimento
do nosso intelecto e de nossa capacidade
científica, mas que somente podem
funcionar se forem realmente
interpretadas, estudadas e aplicadas.

Sendo
reconhecidas como elementos de educação
da Idade Média, o seu responsável por
propagar tais elementos foi Alcuino de
York que formou a escola de York e por
quase quinze anos se dedicou a montar
uma biblioteca sobre tais elementos e
também levou esta forma de estudo para o
reino de Carlos Magno, logo depois com
seus discípulos tal proposta se alastrou por toda a Europa, sendo originalmente uma forma
de desenvolvimento de conteúdos aplicada pelos monges (Alcuino era um monge) e permitia
o avanço educacional dentro das ordens religiosas.

O sistema de aplicação das sete artes liberais era dividido em


dois grupos de ensinamentos, o que ainda e aplicado na maçonaria, Trivium e Quadrivium,
sendo o primeiro composto pelas disciplinas de lógica, gramática e retórica; e o segundo, de
aritmética, astronomia, música e geometria, onde no primeiro conjunto de estudos o iniciado
deveria se deter na formação filosófica, teórica, e ainda se fortalecer na condição de debater
sobre seus resultados obtidos.

Já ao adentrar no segundo grupo de estudos ele seria inserido


no estudo da observação da natureza e o reconhecimento de todo simbolismo que poderia
expressar numericamente suas observações, as formas geométricas, o cálculo relacionado as
grandezas matemáticas, proporções, os fenômenos do mundo físico e na astronomia a
movimentação dos corpos celestiais, mas para tudo isso ele deveria dominar a narrativa e a
capacidade de conclusão sobre suas experiências, finalizando com a dominação da música
que seria a construção de uma harmonia para ser representada em sons.

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Santo Agostinho foi o responsável por ligar tal organização
educacional com toda a filosofia cristã e assim designou os processos de ensino que ficaram
de herança para os trabalhadores das catedrais, já que estes receberam instruções de membros
do clero que acabam contribuindo para a formação da engenharia das catedrais.

Aristóteles e Cícero, dois ícones da história (Grécia e Roma)


já reconheciam a necessidade de expandir o espírito humano (intelectualidade humana) e por
este motivo adotavam alguns destes elementos como forma de aprisionar o conhecimento e
se tornar virtuoso na dominação da razão para seu bem e o bem de sua sociedade.

Podemos perceber, até aqui, que a verdadeira junção deste


conteúdo acabam tornando o Companheiro um maçom mais apto ao reconhecimento de
suas capacidades emocionais, filosóficas e morais, mas também leva ele ao caminho do
autoconhecimento, aplacando seus sentidos e determinando como eles podem e devem levar
o maçom a agir, unificando o seu processo de evolução com aquilo que ele pode ver , sentir
e falar, mas também com aquilo que ele pode experimentar dentro de uma regra real de
atuação para seu bem e para o bem de todos que o tem como exemplo.

Quanto aos conhecimentos científicos, fácil perceber que é


uma alusão a sua vida profana, quando o jovem chega a uma idade que pode realmente se
dedicar ele escolhe uma profissão e assim toma por sua vontade seus rumos de saberes que
vão lhe acompanhar pelo resto de sua vida.

Mas lembre-se que não necessariamente deve ser uma


organização educacional formal, não, nem sempre, mas a ideia é que ele saiba dominar tais
conhecimentos e assim alimentar suas formações intelectuais, obtendo como resultado aquilo
que realmente o atrai, por isso devemos entender que nesta jornada o Companheiro está
sozinho e por qual motivo somente ele deve decidir seus rumos nesta escada que ao mesmo
tempo sinuosa, mas muito instrutiva, afinal a formação não é algo corriqueiro, rápido ou
simples de se obter, seja Maçonicamente ou profanamente.

Devemos lembrar que toda resposta acumulada ao longo


desta jornada é resultado somente daquilo que o maçom pode reconhecer, por este motivo,
deve se manter sempre alerta, caso contrário, ao negligenciar seu aperfeiçoamento ele não
saberá, na sua sequência de observações, reter o que for necessário para seguir um rumo, mas
ainda pode sempre retomar suas observações e conclusões se assim ele desejar.

4. A MUDANÇA.

As escadas e o simbolismo dos estudos, no Primeiro ou


Segundo Grau, nos indicam a comunicação com aquilo que o maçom mais almeja, a busca
pelo conhecimento e pelas ações mais responsáveis, bem como a sua observância sobre seus
rumos dentro e fora de Loja, sim a sociedade deve reconhecer no maçom a sua capacidade
de mudança e ele deve aplicar ou ainda praticar constantemente os resultados obtidos para
sua evolução.

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A mudança que deve ser reconhecida nesta instrução sobre
a escada em caracol ou ainda a escada sinuosa não é tão evidente e nem ao menos tão
comunitária para todos, cada um dos irmãos que passa pela escada acaba observando de
forma mais incisiva alguns elementos em detrimento de outros, mas mesmo que ele tenha
reconhecido todos, alguns destes degraus vão agir de forma mais sublime e constante, outros
deverão ser revistos ou revisitados em sua constante atuação mental.

Todos os sentidos
humanos reconhecidos ao longo da escada nos
remetem ao desenvolvimento como ser humano,
tratando de organizar nossas formas de existir, sim,
os sentidos nos permitem alterar ou administrar
nossas condições emocionais, aquilo que eu vejo,
escuto ou falo me obrigam a lidar de forma mais
profunda, e me levam a limitar ou expandir meus
atos como maçom e ser humano.

Quando partimos
para a aplicabilidade dos conceitos matemáticos
estamos elucidando as relações de razão para
executar tudo o que for na justa medida, mas
também para evidenciar que quando algo escapa da
minha percepção, na verdade é porque eu ainda
não consegui alimentar meu ser com os tributos
mínimos ou necessários para adquirir tais respostas, ou ainda quando eu aplico a arte da
retórica estou melhorando a minha capacidade de argumentação, de reconhecimento de
outras visões de mundo e de tudo que pode ser contrário aos meus pensamentos e que devo
administrar quando uso a palavra como via de regra para minha vida.

Já o simbolismo sobre a música é algo que nos move diante


de emoções mais básicas, a melodia harmoniosa nos leva a um estado de contemplação e
depois de explosão que acaba por colocar nosso sentimento em uso e assim sabemos como
reagir em diferentes circunstâncias, os sentidos dos seres humanos são capazes de aflorar o
que resguardamos em nosso íntimo e depois nos levam a consolidação das ações pela fala ou
materialização dos atos.

Quando saímos do nosso estado bruto de natureza e


partimos para as primeiras instruções maçônicas estamos aos poucos retirando tudo o que for
desnecessário e usando as ferramentas mais importantes, embora elas sejam direcionadas
pelos mestres (nos trabalhos do Primeiro Grau), mas depois quando temos a certeza que
realmente queremos continuar, então alcançamos nossa maturidade e com isso podemos
mudar o que nós entendemos como necessário e ainda aprofundar o que for nos levar para
um estágio mais amplo do nosso desejo de reconhecer o que nos cerca.

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5. CONCLUSÃO

O que se pode perceber em todo o estudo e na conclusão da


instrução sobre a escada em caracol é que justamente para o maçom que nela se movimenta
existe uma exigência muito forte de transmutação, sim ele foi orientado dentro um primeiro
grau e agora ele deve por conta própria captar tudo que lhe for ofertado, usando para isso
seus sentidos, sua formação moral e ética e ainda se detendo na confirmação das ciências que
vão fazer dele um profundo reconhecedor da materialidade e do ensino para sua elevação
como maçom.

Para perceber o ato de transmutação completado pelo


maçom, basta perceber a relação de subida com a ascensão, elevação, não se trata do como
algo somente físico onde o pedreiro sai de um andar inicial para um outro mais elevado, o
que ocorre, assim como a
alegoria da escada de Jacó, é
uma clara representação de
assimilação e aplicabilidade
dos elementos que nos
tornam mais purificados para
nossa jornada.

A aquisição de toda a
compreensão exigida indica
que ele, o Companheiro
maçom, sabe como e quando
reconhecer o que lhe for útil,
verdadeiro e correto, mesmo
que ele acabe indo de um lado
para outro (em uma escada
sinuosa) ele sabe retirar de
cada um dos elementos o que for mais relevante para sua aplicabilidade intelectual e moral.

A Escada em Caracol e seus degraus, assim como a Escada


de Jacó, representam as qualidades que todo o maçom deve buscar
alcançar na sua caminhada Maçônica e no mundo profano para o
seu aperfeiçoamento. Simboliza a evolução, o caminho do
aperfeiçoamento do companheiro maçom que deve segui-la
incessantemente. (JULIÃO DA SILVA, 2020. Pág. 237)

Evidentemente devemos reconhecer que ao final desta


jornada por uma escada sinuosa não será somente o simbolismo das qualidades que ele pode
obter, na verdade ele vai encontrar outros rumos para seguir, mas devemos lembrar que na
câmara do meio era onde os pedreiros recebiam seus salários e assim somente aquele que
realmente desejar pode e deve concluir para obter sua paga ao final das instruções.

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Todo o maçom que por sua força de vontade, perseverança
e fé atingir o ponto mais alto desta escada sabe que está apto a adquirir a passagem para um
novo Grau (Mestre Maçom), mas também ele deve lembrar que sempre deverá retornar aos
seus ensinamentos para que possa aplicar em suas ações o que lhe foi conferido nos degraus
desta escada.

6. BIBLIOGRAFIA

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SOUZA, Ricardo Correia de. O Companheiro Maçom. O PRUMO 1970 – 2010: coletâneas
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STÜLP, Jony. As Palavras do Grau de Companheiro. O PRUMO 1970 – 2020: coletâneas
de artigos: Grau 2 – Companheiro / [pesquisa: Wilmar Silveira]. Florianópolis: Grande
Oriente de Santa Catarina, 2020. 4v.
SITE: Braz, Enio. O Caminho Tortuoso da Escada em Caracol.
<https://www.lojamad.com.br/index.php/trabsii/item/147-o-caminho-tortuoso-da-escada-em-
caracol> ACESSO EM: fevereiro de 2022.

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48
APLM elege dois novos Membros Efetivos

A Academia Paraibana de Letras Maçônicas, composta de


maçons oriundos das três Potências instaladas e em funcionamento no Estado da Paraíba,
realizou Sessão Eleitoral, no último dia 21/outubro, para escolha de 2 (dois) novos Membros
Efetivos do seu Quadro de Acadêmicos dentre 3 (três) candidatos inscritos.

As vagas se referiam às Cadeiras de N.º 16 (Patrono: Padre


Azevedo), desocupada desde a passagem para o Oriente Eterno de seu primeiro ocupante, o
Acadêmico LÚCIO MÁRCIO ARAÚJO TELES, e de N.º 18 (Patrono: Joaquim Gonçalves
Ledo), quando também passou para o Oriente Eterno o seu primeiro ocupante, o Acadêmico
FRANCISCO DE ASSIS VARELA DE SOUZA.

Com maciço comparecimento, foram eleitos os irmãos


THEODORICO GOMES PORTELA NETO e ISAIAS DE OLIVEIRA EHRICH, ambos
obreiros da Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba, potência que passará a contar com
9 (nove) dentre os atuais 23 membros – há 10 (dez) cadeiras ainda por preencher. Em virtude
da Copa do Mundo do Qatar e do Recesso Maçônico, a posse solene e presencial deverá
ocorrer na Sessão Magna de Abertura do Ano Acadêmico de 2023.

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Quem são os novos imortais da APLM

Theodorico Gomes Portela Neto é paraibano, casado,


bacharel em Direito, pós-graduado em Direito Processual Civil, professor das disciplinas
“Direito Empresarial” e “Direito Tributário”, Procurador da Fazenda Nacional, Grau 33
SCREAA, Mestre Instalado e Grande Benemérito da Grande Loja Maçônica do Estado da
Paraíba. É autor do livro “Loja Maçônica Branca Dias N.º 10 – 100 Anos”, que conta a
história do centenário da Loja Branca Dias, uma das fundadoras da Grande Loja Maçônica
da Paraíba.

Isaias de Oliveira Ehrich é paraibano, solteiro, graduado em


Letras, doutorando em literatura, mestre em linguagem e ensino, professor das redes estadual
e municipal de educação da Paraíba; secretário da União Brasileira de Escritores/Núcleo de
Sousa-PB, autor de livros. Mestre Maçom vinculado à Loja Cavaleiros do Templo Sagrado
N.º 48, oriente de Cajazeiras (PB).
50
Coluna Quebrada

A APLM perdeu mais um de seus fundadores com


a passagem para o Oriente Eterno do Acadêmico VALTER BARBOSA LIMA, Grau 33
REAA, falecido em 15 de outubro de 2022, aos 88 anos de idade. Valter ocupava a Cadeira
N.º 20, como Membro Efetivo, e deixa viúva a cunhada Judith Porto Lima e 3 filhos, Luciano
José, Carlos Roberto e Marcelo.

Militar da Reserva do Exército Brasileiro, graduado no posto


de Capitão R1, bacharel em Ciências Contábeis pela UFPB, foi iniciado em 16.03.1973 e até
falecer pertencia ao quadro da ARLS Augusto dos Anjos N.º 1858 (GOB-PB), loja em que
exerceu o Veneralato no biênio junho/97 a junho/99, ex-presidente do Pecúlio Maçônico
(PEMA), ex-deputado estadual na PAEL-PB, dentre outras relevantes funções, tanto no
Simbolismo como nos Altos Graus. Foi condecorado com a comenda da Estrela da Distinção
Maçônica. A sessão de homenagem póstuma acontecerá nos primeiros dias do próximo ano
de 2023.

Fundada em 20 de agosto de 2004, completando 18 anos em


2022, a Academia Paraibana de Letras Maçônicas tem sede na cidade de João Pessoa (PB),
e conta com um quadro social constituído exclusivamente por maçons das 3 (três) potências
regulares instaladas no Estado da Paraíba, distribuído em 33 (trinta e três) cadeiras,
numeradas e patroneadas por um maçom, preferencialmente paraibano, falecido. Possui
também um quadro ilimitado de Membros Correspondentes, a maioria já membros de outras
Academias Maçônicas espalhadas pelas várias cidades do Brasil.

Comunicação Social da APLM


(titonopb@gmail.com)

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Ir Adilson Zotovici
ARLS Chequer Nassif-169

Simples soneto retrata


Um ditado imorredouro
Esteio do diplomata
Aventado bom agouro

D’Arte Real que sensata


É arcano duradouro
Uma regra imediata
Ao veterano, ao calouro

É uma ação que recata


Que pode evitar desdouro
Livrar posição ingrata

Pra resumir o tesouro;


Falar, com razão, é prata...
“Ouvir, com atenção...é ouro “ !

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Ir Adilson Zotovici
ARLS Chequer Nassif-169

Não é para te assustares


Ao notares euforia
Dentro de ti ao olhares
Tanto enlevo que extasia

Alegorias às milhares
Trazem encanto e maestria
Que encantam tantos pares
Por todos cantos diria

São arroubos invulgares


Que a Sublime Confraria
Mostra-te pra te alertares

Bom sinal que pressagia


Um brilho por desbastares
Tua pedra de cantaria !

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