26/01/1996 Tempo de Estudo - C∴ M∴ Carlos André dos Santos Lima
COMPANHEIRO UM GRAU DE ESTUDOS E CONHECIMENTOS
O homem no primeiro grau deixa o mundo profano pelo
maçônico ou, simbolicamente falando, deixa as trevas pela luz.
Se for dócil aos conselhos, zeloso no trabalho e desejoso de
instruir-se é guiado, pela mão do Mestre, até o lugar que ocupam os Companheiros. Se, ao aspirar ao termo fixado para sua educação maçônica, forem felizes suas disposições, se lhe instrui no uso dos instrumentos, tanto em sentido próprio quando simbólico; da forma e da natureza das pedras; da qualidade dos materiais, aí sim, será um exemplar Companheiro. O Companheiro dirige e vigia os Aprendizes e é o auxiliar dos Mestres. Após trabalharmos nos desbastes da Pedra Bruta, nossos cérebros começam pouco a pouco a se desembaraçar dos vícios e erros da sociedade profana; aprendemos a pensar por nós mesmos, a exprimir nossos pensamentos e, conscientes de nossa evolução, nos é dada uma nova oportunidade para nos evoluirmos ainda mais dentro da Maçonaria. Para compreender os mistérios do Grau de Companheiro Maçom, realizamos várias viagens em nossa elevação. Primeiro, armados de instrumentos de demolição – o maço e o cinzel – atacamos simbolicamente os nossos erros. Em seguida, munidos do compasso e da régua, começamos a traçar a prancha de nossos futuros trabalhos. Depois, graças à alavanca e à régua, iniciamos materialmente a construção do edifício. Finalmente, graças à régua e ao esquadro, podemos construir nosso edifício de modo normal e de maneira a desafiar o tempo. Estava então terminada a obra material. A∴R∴L∴S - FRATERNIDADE UNIÃO GRAVATAENSE Nº 3555 26/01/1996 Tempo de Estudo - C∴ M∴ Carlos André dos Santos Lima
Podemos dizer que, ignorantes da filosofia maçônica, nossos
atos eram o espelho da nossa educação, muitas vezes sem dolo cometíamos erros primários, pois agíamos erradamente achando que estávamos certos, com o passar do tempo, recebendo instruções e ensinamentos, nossa consciência começou a ser despertada, aí, começamos a discernir o certo do errado, a ser mais tolerantes e a ver a realidade com outros olhos, como também a ver o quanto nos falta para o nosso aperfeiçoamento. ∴ Ao lado da luz visível, aprendíamos a existência de uma luz invisível, fonte de forças e energias desconhecidas. É a luz secreta que ilumina todo o homem vindo a este mundo, e que foi representada pela estrela de cinco pontas, símbolo do homem irradiante de luz misteriosa e representada no maravilhoso símbolo da Estrela Flamígera. Recebendo novas palavras, novos sinais, novo salário. Seu avental, com a abeta baixada, anuncia o obreiro laborioso e diligente entregue com fervor ao estudo e à prática de sua arte. O trabalho manual cessou: da prática passou à teoria. Encontra-se numa esfera mais elevada e já não caminha com temor e vacilação: é mais segura à senda que percorre e o ponto a que se dirige está mais perto. Tudo é estímulo, ânimo e esperança para ele. Possuindo a ciência das coisas materiais, é instruindo nas morais. O Companheiro goza da satisfação que produz a combinação de ambas aos olhos de seus irmãos e realça, perante os seus, sua própria importância. O Companheiro continua ainda sujeito à regra do silêncio. Não intervém em Loja, salvo quando é dispensado do dever de silêncio para apresentar uma prancha. Embora num estádio mais avançado, o Companheiro encontra-se ainda num processo de evolução, de formação. O silêncio permite-lhe a necessária concentração. A desnecessidade de intervir liberta-o para mais bem se focar no seu trabalho. E mais rapidamente A∴R∴L∴S - FRATERNIDADE UNIÃO GRAVATAENSE Nº 3555 26/01/1996 Tempo de Estudo - C∴ M∴ Carlos André dos Santos Lima
estará pronto para a Elevação a Mestre. Um Companheiro já não é um
Aprendiz e por isso efetua já um trabalho diferente. E percebe que não é já tão proximamente acompanhado. A sua autonomia na Arte Realvai-se criando, a sua evolução vai depender cada vez mais de si mesmo e cada vez menos do auxílio dos Mestres. Sente-se cada vez mais próximo destes, cada vez mais como estes. E assim deve ser. O objetivo é que cada maçom seja Mestre de si mesmo, por si mesmo, com as suas próprias forças e capacidades. Mas um Companheiro não é ainda um Mestre. Ainda tem um caminho a percorrer. Cada vez se sente mais seguro nesse caminho, mas ainda tem de o fazer. Por isso, ainda não tem a prerrogativa, dos Mestres, do uso da palavra em sessão. O silêncio do Companheiro vai- se tornando progressivamente mais penoso. Por que se vai sentindo mais capaz. Porque, em cada sessão vai cada vez mais sentindo que teria algo de útil a dizer, a contribuir. Mas a penosidade é um preço que normalmente se tem de pagar para atingir o que vale a pena! Também, para a Loja cada vez é mais penoso o silêncio do Companheiro. Dia a dia, todos vão sentindo a sua evolução. Dia a dia, todos vão notando que teriam algo a ganhar com a contribuição deste Irmão. Dia a dia veem o maçom iluminar-se e o profano de antanho esmaecer. Dia a dia anseiam pelo dia em que finalmente ouvirão o maçom em Loja. Mas esse é o preço que o grupo deve pagar para ter mais um elemento válido e que cooperará no aperfeiçoamento de todos e de cada um. O Companheiro e a Loja vão sentindo que aquele cada vez soletra menos e lê e escreve melhor. Mas um e outra esperam pacientemente pelo momento em que a voz se erguerá lendo com a perfeição que humanamente seja possível atingir. Porque um e outra não desejam, não buscam menos do que isso! O silêncio do Companheiro é uma ajuda no início desta fase, um desconforto a meio, um fardo no final. Todos o percebemos. E quando vemos esse fardo A∴R∴L∴S - FRATERNIDADE UNIÃO GRAVATAENSE Nº 3555 26/01/1996 Tempo de Estudo - C∴ M∴ Carlos André dos Santos Lima
a pesar, sabemos que a hora está a chegar, que a crisálida vai muito brevemente metamorfosear-se.
E a Elevação acontece naturalmente. O silêncio do
Companheiro é a sua preparação para a sua Elevação a Mestre. Para que, quando tiver direito a usar da palavra, já saiba quando se deve calar! Para que entenda perfeitamente o valor da Palavra e a valia do Silêncio. Então estará pronto!
A partir deste momento, é lhe permitida uma nova e nobre
ambição. O terceiro e último grau da Maçonaria Simbólica vem a ser então toda a sua esperança. Um Companheiro hábil será sem dúvida um excelente Mestre.