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PRANCHA DE ARQUITETURA – DA 2ª INSTRUÇÃO E SEU COMPLEMENTO

Meus irmãos, como continuação dos ensinamentos anteriores, está 2ª instrução remete aos
conhecimentos teóricos que obrigatoriamente devem ser objetos de estudos e compreensão, e
que me darão consciência e segurança sobre o grau que possuo, e ao mesmo tempo apto para
exercer teoricamente o plano traçado pelos nossos mestres.
Além dos mistérios da natureza e da ciência, o Companheiro deseja também conhecer o
significado da letra hebraica IOD, ligada diretamente ao significado da letra "G". O significado da
letra G é profundo, porém iremos divagar sobre quatro aspecto dessa instrução, a Geometria,
Gravidade, Gênio e Gnose

A construção universal, diz respeito exclusivamente a quem pode criar, ou seja, o Grande
Arquiteto do Universo, só através de sua obra é que se podem extrair os conhecimentos para dar
polimento ao homem. Polir, aqui, significa, tornar o homem receptivo, para que possa refletir a luz
recebida. Será o refletor da vontade do Grande Geômetra, Deus. Somente então poderá o
Companheiro ocupar o lugar no edifício social.

A Geração não é um significado da letra G, mas um desdobramento da Geometria. É o


conhecimento socrático do “Conhecer-se a ti mesmo”, quando o homem conhece a sua
natureza, conhecerá todo o Universo. Conhecer-se a si mesmo, trabalhar sua capacidade, fonte
permanente que situa dentro de si, seja em sua mente, em sua consciência, onde for, significa pôr
em ação um a energia vital que sempre existiu no homem.

A Gravidade na Maçonaria, não constitui apenas a atração física exercida por cada Corpo. Basta
dizer que somos o que somos, graças à atração exercida em nós em direção ao bem comum. No
entanto esse não é o único significado de Gravidade, se fosse, haveria apenas essa forma de
atração. A atração é a regra. Nossas egregoras, são formas de proteção e de assimilação que
permitem a convivência em busca de um objetivo maior. A atração dos seres nesses locais se dá
pelas afinidades necessárias para uma perfeita harmonia na execução dos trabalhos, pela força e
o afeto que une os corações, e pelo o amor Fraternal que garante a solidificação da maçonaria.

O Gênio, não significa uma mente excepcional, com um Q.I. de inteligência superior ao normal.
Tem como significado o resultado obtido pelo Companheiro, que, após longo e orientado período
de meditação, ter chegado ao conhecimento de si mesmo. Possuindo assim um manancial de
talentos suficiente para a realização e construção de um plano maior.

A Gnose é o Conhecimento, é a ativação do desejo de saber, da fome a respeito do desconhecido


para que seja desvendado.

Sem afastar-se de seu aprendizado e mantendo a mesma disciplina, porem pautado em suas
certezas e longe de erros, na transição da coluna do Norte para coluna do Sul, como
Companheiro, deverá exercitar a sua imaginação e desenvolver a sua sensibilidade. A imaginação
deve ser incentivada para que produza frutos capaz de reagir a qualquer provocação dos seus
sentidos. Após, estará capacitado a dirigir o seu pensamento às raízes de todos os fenômenos e
mistérios.
A imaginação pode significar intuição, não devemos esquecer que o Companheiro, para atingir o
topo de sua coluna, fez cinco viagens e que numa delas, deteve-se no estudo de alguns sentidos,
e também foi munido de ferramentas simbólicas fundamentais para essa caminhada.
A Pedra Bruta, a mercê do trabalho do Companheiro, transforma-se. O homem é sempre o
mesmo, nada a ele se soma ou diminui, apenas, deduzem-se dele os valores ocultos, passando
assim por esta transformação. As arestas retiradas da Pedra Bruta são simbólicas, pois a Pedra da
Loja Maçônica permanece inalterável. Simbolicamente, o Companheiro já não tem nenhuma
aresta que possa desvalorizar a sua personalidade, e se apresenta como Pedra Polida, que
também, se denomina de Pedra Cúbica.
O Companheiro recebe na sua trajetória, desde a iniciação para o aprendizado, os instrumentos
necessários para o trabalho na Pedra. A lição que retiramos da simplicidade dos elementos dados
aos maçons dos 1º e 2º Graus nos fez compreender que o trabalho é mais mental do que físico.
Não consigo ver a Maçonaria como uma escola que modifica o homem. Em tudo, nota-se que o
trabalho é auto realizado, é o próprio neófito que percebe as suas arestas, arestas estas de um
homem normal a que nós denominamos de profano, e sabe perfeitamente que ele, a Pedra Bruta,
possui imperfeições, surgida com apropria vivência, e as vai retirando uma a uma. Não são os
Vigilantes, nem o Venerável Mestre que manejam o Maço e o Cinzel, tampouco os Mestres
indicarão quais as arestas a retirar.

A Régua traça as linhas diretas, que poderão ser prolongadas ao infinito, é o emblema inflexível da
lei moral no que ela tem de imutável e rigoroso. Precisamos usá-la com retidão para fazer o
traçado, que é o plano, a meta o ideal de cada um. Sabemos ainda, que nossos meios de
realização são limitados, mas mesmo assim temos que continuar a nossa busca, levando em
detrimento os obstáculos os quais estamos habituados. O Compasso traça um círculo que indica o
alcance de nossa linha de conduta.

A Alavanca quando da terceira viagem de passagem a Companheiro, representa a força do


trabalho e a força de vontade, que nascem de uma inteligência colocada ao serviço da
coletividade. Simbolicamente, a Alavanca pode representar o desenvolvimento da nossa
inteligência e da nossa compreensão, para levantar e mover a pedra, para que esta ocupe o lugar
que lhe está destinado na construção do Templo.
Neste contexto, o Companheiro vai buscar esta força que o ensinou a levantar os obstáculos, por
mais difíceis e pesados que possam parecer. Todavia, esta força é sustentada pela retidão e
justeza da Régua. Podemos, desta forma, dizer que a força da Alavanca nunca será devidamente
equilibrada sem a régua, pois esta tem a função de controlar e medir essa mesma força. Ambas as
ferramentas são fruto da sua evolução, mas, simultaneamente, contribuem para essa mesma
evolução.

O Esquadro permite deixar as pedras perfeitamente regulares, para se ajustarem umas às outras.
Desaparece aqui a individualidade, pois cada obreiro junta as suas pedras já elaboradas, as une
às dos seus irmãos, e todos se põem a edificar. O esquadro lembra, no campo moral, a conduta
irrepreensível que o Maçom deve manter perante a sociedade, pautando seus atos dentro da mais
absoluta retidão e equidade no trato com seus semelhantes. O esquadro regula o trabalho do
Maçom, na busca da retidão moral, da virtude e da estabilidade.
Na última viagem o Companheiro descansa, e ao mesmo tempo deixa de lado os instrumentos
recebidos. Como Pedra Cúbica, possui o auto polimento, suficiente para refletir os clarões
recebidos nos ensinamentos e na sua própria transformação moral. Estes clarões iluminam ao
mesmo tempo, ao seu entendimento e ao entendimento do seu próximo.
A mão direita sobre o coração, representa o desprendimento e a coragem de amar o próximo e a
seus irmãos, como a si mesmo, é também um gesto de solidariedade como manda a fidelidade
aos princípios maçônicos., e recorda o juramento prestado. Com a mão esquerda levantada,
reafirma a sinceridade das promessas feitas e retidão e justiça nos seus atos.
Tudo isso no que diz respeito à mão sobre o coração, me faz pensar que o coração é a sede do
amor, e que, portanto, não pode abrigar o ódio, a inveja, a vaidade, a ambição, o orgulho, o
fanatismo e os preconceitos. O Maçom deve estar aberto a todas as coisas boas, acalentando,
não só o amor dos irmãos, mas de toda a humanidade. É preciso que o Companheiro não
esqueça que o cérebro governa o corpo, todavia ele é governado pelo coração.
No grau de companheiro recebemos duas palavras, a de passe e a palavra sagrada, onde uma
representa fartura e abundância, riquezas do intelecto, sabedoria e conhecimento. É o elemento
espiritual representado por uma espiga de trigo, o cereal nobre, que representa o pão da vida. . A
Palavra Sagrada significa estabilidade e firmeza, mostrando que o companheiro já é capaz
intelectualmente, possibilitando assim que ele primeiramente peça a palavra.
O templo de Salomão era ladeado por duas colunas supostamente ocas, onde eram guardados os
tesouros e ferramentas dos aprendizes e companheiros, construídas em bronze para que fossem
indestrutíveis, e repletas de significado para que os iniciados aprendessem a decifrar, recebendo
assim sua instrução iniciática.
O tesouro oculto das colunas nos diz que, o conhecimento não vem ao homem gratuitamente, ele
é conquistado com trabalho, e o salário corresponde à premiação desse esforço. O conhecimento
é dado a todos, mas somente o verdadeiramente interessado é que pode se aprofundar e
mergulhar no ensinamento iniciático.

A Marcha do Companheiro nos mostra que podemos seguir outros caminhos além do caminho
traçado na busca e exploração da verdade. Contudo, faz-se necessário trilhar o caminho da
experiência, e isto nos leva a aprender que para apreciar a luz, nada melhor que conhecer as
trevas.
O Pavimento de Mosaico significa que toda a humanidade foi criada para viver em completa
harmonia, e na mais íntima fraternidade, simboliza então a harmonia que sempre deve haver entre
todos os Maçons, independentemente de suas diferenças étnicas, religiosas, políticas, etc.
Representa também a Harmonia existente entre várias dualidades aparentemente antagônicas,
tais como o bem e o mal, o espírito e a matéria, a luz e as trevas, entre outras.
Dentre os diversos significados atribuídos a Estrela Flamígera, o seu verdadeiro sentido é o
homem espiritual, o indivíduo dotado de alma, de luz própria, o homem ideal, que deve ser a
grande aspiração do Companheiro-maçom. A ponta superior da Estrela é a cabeça humana, a
mente. Essa ideia serve para lembrar ao Maçom que o homem deve criar e trabalhar, isto é,
inventar, planejar, executar e realizar com sabedoria e conhecimento, não se deixando dominar
por paixão alguma, evitando todo e qualquer excesso. As demais pontas são os braços e as
pernas. Ela é colocada simbolicamente entre o sol e a lua para formar o triângulo, irradiando
ambas as luzes e lembrando que a inteligência e a razão andam lado a lado.
A Orla Dentada simboliza a união que deve existir entre todos os homens, quando o amor fraternal
dominar a todos os corações.
As joias móveis, são chamadas de móveis porque são transferidas aos novos titulares
periodicamente. Se encontram ao pé de cada coluna e são elas, o Esquadro, o Nível e o Prumo.
O Esquadro, no painel junto à coluna do Venerável Mestre, representando a equidade, justiça e
retidão. O Nível, joia referente ao Primeiro Vigilante, simboliza a igualdade social, abolindo as
distinções de classes. O Prumo, joia conferida ao Segundo Vigilante, é o símbolo da
imparcialidade e do julgamento objetivo, não sujeito a interesses ou afeições.
Por fim, cabe mencionar as joias ditas fixas, que são três: a Pedra Bruta, a Pedra cúbica ou polida
e a Prancheta da Loja. Representadas respectivamente pelo Aprendiz, o Companheiro e o Mestre.
A Prancheta da Loja significa o registro e a memória dos traçados dos Mestres, e indicam suas
funções como guias dos Aprendizes no progresso e na execução da arte real. A Pedra Polida será
o resultado do trabalho do Aprendiz sobre a matéria-prima, que é a Pedra Bruta.
Três são as janelas que iluminam a entrada e saída dos obreiros da loja, e cinco anos é a idade do
companheiro que também se refere aos cinco sentidos do mundo exterior.
Em relação a instrução iniciática, no grau de companheiro temos um ideia mais generalizada e
panorâmica do que é uma iniciação e o que ela representa, estando ligada diretamente aos
mistérios, religiões e filosofias antigas, buscando compreender o universo, a existência de um
ser supremo e os mistérios da vida e da morte.
Todos esses símbolos da Maçonaria apontam para um objetivo em comum, lembrar e inspirar a
todos os Maçons a prosseguir com o seu trabalho de polir a sua pedra bruta, buscando um
equilíbrio entre tudo que nos cerca dentro e fora de nossas oficinas.

MARCELO CONTI DE SOUZA


COMPANHEIRO MAÇOM
17/08/2023

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