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O GRAU DE COMPANHEIRO

Ir:. C:.M:. Cristiano Nocetti Lunardelli

Or:. de São José, 10 de maio de 2007, E:.V:.

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1 INTRODUÇÃO

A presente Peça de Arquitetura tratará dos ensinamentos e simbologia do


Grau de Companheiro Maçom, onde tentaremos explanar nosso aprendizado e lições
aprendidas no grau.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O Companheiro

Companheiro Maçom é o obreiro reconhecidamente apto


para exercer sua arte e consciente de sua energia de trabalho,
cujo dever é realizar praticamente o plano teórico idealizado
pelos Mestres.
A palavra Companheiro deriva do latim “cum panis”, que quer dizer “participar
do mesmo pão”. E por isso que após adquirir consciência de si mesmo, o Companheiro
pode pronunciar-se com segurança sobre o grau que possui.

2.2 As Palavras do Grau

No grau de companheiro maçom temos duas palavras, a de passe e a


sagrada.
A palavra se passe “telobihs” serve para que o companheiro maçom possa
trocar de colunas. Significa fartura e abundancia, é representada no painel do grau por
uma Espiga de Trigo
A origem da Pal.’. Sagr.’. utilizada no grau é bíblica e foi retirada dentro
do contexto histórico em que a terra de Judá vivia um reinado de prosperidade,
capitaneado pelo filho de Davi – o Rei Salomão, que decidiu cumprir a vontade de seu
pai, qual era levantar o templo em Jerusalém. Seu significado é Estabilidade e Firmeza.

2.3 A Letra G

Localizada no centro da Estrela Flamigera, na Maçonaria vem do Gamma


Maiúsculo que tem forma de um esquadro. Esta letra perpetuou nos primeiros séculos
da era vulgar entre as sociedades simbólicas, enfim, foram os antigos franco-macons de
profissão que substituíram o símbolo antigo da letra gamma pelo esquadro, a forma era

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a mesma mas o símbolo mudava de significado. Por isso houve a necessidade de
restabelecer a letra gamma, tomando porem como símbolo a letra G, equivalente do
gamma grego que tinha inclusive a mesma consonância. Significa Geometria, Geração,
Gravidade Genio e Gnose.

2.4 Estrela Flamigera.


A Estrela Flamígera, De origem pitagórica, representa a sabedoria (sophia) e
o conhecimento (gnose). Entre os pitagóricos a alma tinha o significado de animação e
fator de movimento. Alguns falavam de um pó sutil que se movimentava como os
astros. Outros entendiam por alma a força que movimentava esse pó, ou o próprio
movimento cíclico dessa consistência etérea, capaz de introduzir-se no recém-nascido
racional ou irracional quando este seria atingido pela trajetória circular do elemento
sutil.

As cinco pontas da Estrela ainda lembram os cinco sentidos que estabelecem


a comunicação da alma com o mundo material: tato, audição, visão, olfato e paladar,
dos quais para os Maçons três servem a comunicação fraternal, pois é pelo tato que se
conhecem os toques, pela audição se percebem as palavras e as baterias e pela visão se
notam os sinais. Mas não se pode esquecer o paladar, pelo qual se conhecem as bebidas
amargas e doces, bem como o sal, o pão e o vinho, e o olfato, pelo qual se percebem as
fragrâncias das flores e os aromas do altar de perfumes.

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3 CONCLUSÃO

Para concluir vou utilizar um texto retirado do site www.brasilmacom.com.br


de autoria desconhecida, que em minha opinião resume todo o grau de companheiro em
poucas e sabias palavras.

“Mais uma vez, venho expor-vos um conjunto de reflexões. Estas têm por base e
fundamento apenas a parca experiência dos meus cinco anos simbólicos de vida
maçônica.

Para aqui chegar, viajei por locais que muitos de vós, por certo, conheceis,
observei e muito me ficou para refletir e trabalhar. É, precisamente destas viagens e do
que nelas recolhi que vos venho falar.

Logo no início, os meus percursos foram balizados por marcas obrigatórias. Ao


passar junto à Beleza, reconheci os cinco sentidos, aos quais vim a dar nova dimensão.
Frente à Força, encontrei as ordens arquitetônicas do mundo clássico. Na Sabedoria,
contatei com as antigas sete artes liberais. No Oriente guiava-me a estrela flamejante...

Foram cinco as minhas viagens. Uma por cada ano. De bagagem, somente as
ferramentas que necessitaria para poder concluir os trabalhos que a Augusta Ordem me
destinou. Deste modo, nas minhas mãos levei, ora o malhete e o cinzel, ora a régua quer
com o compasso, com a alavanca ou com o esquadro. Por fim, viajei de mãos vazias
para melhor refletir sobre as viagens anteriores. Enfim, "consolidar" toda a
aprendizagem obtida e sentir nela o seu propósito.

Era um verdadeiro principiante quando parti pela primeira vez. Rude, áspero e
mal preparado tive grandes dificuldades em reconhecer o meu caminho. Comecei,
então, a sentir que, se quisesse avançar na direção correta, deveria ter um muito maior
conhecimento de mim próprio e das minhas reais capacidades. Era no domínio da moral
que o meu esforço seria mais determinante e foi-me de grande utilidade o cinzel que
levava comigo. Nele exerci a minha vontade e pouco a pouco, batendo com o malhete,
eliminei as asperezas originais, pelo menos as mais evidentes, o que me veio a facilitar a

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caminhada e me fez chegar ao destino. Foi uma longa viagem na qual ainda muito
reflito, mas que me deu a força e o prazer de viajar.

No segundo ano, pouco menos que principiante, mas com vontade férrea de
conhecer novas paragens, preparei-me para partir. Desta vez fiz-me acompanhar de
novos utensílios, pois, sem perder de vista o meu auto conhecimento, procurava atingir
objetivos mais amplos.

Assim, circunspecto e impondo-me um profundo silêncio ativo, tornei-me num


meticuloso observador do que me rodeava e dos significados mais ocultos que dos
símbolos emanavam. Era um mundo novo que com o auxílio do compasso ia
explorando, tornando-me desse modo um pouco mais sabedor. Contudo, lembro-me de
que quanto mais conhecia, mais evidente me era a vontade de ser reto e justo para com
os outros, mas também para comigo próprio. Porque a justiça deve partir do nosso
coração e é desse sentir puro, que podemos fazer sentir aos demais a necessidade, de
também eles, iniciarem as suas viagens. A régua fazia então sentido e não a abandonaria
jamais.

Pelo terceiro ano encetei uma viagem interminável. À dita régua somei a
alavanca, que tanta utilidade tem. Pleno de entusiasmo e enriquecido pelos
conhecimentos já obtidos, sentia cada vez melhor o benéfico contributo daquilo que até
então tinha atingido.

Foi com esse espírito que parti ao encontro das sete artes liberais. As primeiras
três estavam próximas umas das outras e todas elas reforçavam o sentido da verdade.
Uma após outra, complementando-se, ensinavam-me transmitindo novos
conteúdos que se centravam na utilização da palavra como instrumento para a verdade.
A gramática corrigia-me a comunicação; a retórica indicava a eloqüência,
enquanto a lógica pautaria o meu discurso, mostrando-me o método adequado. Com elas
vivi momentos de intensidade que me incutiram o maior repúdio pela mentira.

Depois, encontrei o simbolismo aritmético que levou o meu espírito à unidade


Divina, ao conhecimento da dualidade dos opostos, mas também à trilogia temporal do
que foi, é e será. Foram fascinantes conhecimentos que me introduziram na geometria
universal, onde pontuava a estrela flamejante, nunca por mim antes admirada, mas

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também o número de ouro e símbolo da vida. Sentia agora o verdadeiro vigor de estar
no caminho certo e de que tudo faria pela justa harmonia que a todos os seres é devida.

Foi neste estado algo contemplativo e grato que mais profundamente apreciei a
grandeza da Obra do Grande Arquiteto do Universo. Dali parti pleno de prazer pelo
todo ordenado, que se me deparava, e a Música era a sua expressão mais transparente e
fiel.

Quando me fiz à quarta viagem, na minha alma já era notório o desejo de aplicar
os meus conhecimentos geométricos, no sentido de contribuir de algum modo, mesmo
que singelo, para o aperfeiçoamento das irregularidades com que deparamos no nosso
quotidiano profano. Durante a viagem, esse meu desejo foi sendo reforçado com um
cada vez mais amplo conhecimento da Obra do Criador. Com o esquadro e com a régua
trabalhei afincadamente e alguns resultados consegui, agindo sobre aqueles que me
rodeavam. O trabalho constante e a grandeza reconhecida do Grande Arquiteto Do
Universo potencializaram a minha capacidade de observação e os próprios símbolos
maçônicos ganharam outra dimensão e significado. Regressei então para me preparar
para a quinta e última jornada deste meu grau.

Desta vez ficou decidido não levar bagagem alguma. As minhas ferramentas
seriam as já interiorizadas. Desse modo, mais leve e despreocupado materialmente, teria
o tempo e a disposição adequada para realizar o percurso de reflexão meditativa, sobre a
moral e os princípios que iriam determinar a minha postura posterior. O caminho era
longo e sinuoso, mas assim se foi fazendo luz em mim. Já não era mais quem fora. Tudo
aquilo que observei e tudo o mais que me foi dado contemplar, nestes cinco anos,
enriqueceram-me o suficiente para tomar consciência e, sobretudo sentir que daquelas
viagens tinha recolhido as pedras mestras que irão possibilitar a verdadeira construção
do meu templo interior. Como tal, se há algum tempo me tinha iniciado maçom e
procurado, desde então, compreender esse ato, agora, parece-me ter encontrado o meu
caminho, que como e com todos vós confirma a existência e a permanência magnífica
da Maçonaria.

Enfim, terminadas estas cinco viagens, deverá a minha conduta futura sofrer a
geometrização necessária para que a justiça, a retidão, a prudência e a sabedoria se lhe
tornarem inerentes. Deverá também a minha palavra ser o veículo determinado da

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verdade, de acordo com as artes liberais. Deverá o meu espírito demonstrar o amor
daqueles que sentiram o calor da estrela flamejante. Só assim, poderei também eu,
companheiro, tornar-me digno e ser exemplo para aqueles que nesta Augusta Ordem me
seguirão.

Ele, O Grande Arquiteto do Universo o consolidará, estando então tudo justo e


perfeito.”

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BIBLIOGRAFIA

GRANDE ORIENTE DE SANTA CATARINA. Instruções do Grau de


Companheiro-Maçom. Rito Escocês Antigo e Aceito. 1ª Edição, 2001

www.brasilmacom.com.br

BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. 11ª ed. São Paulo: Pensamento, 2006

Peças de Arquitetura dos II.’. Companheiros da A.’.R.’.L.’.S.’. José Abelardo


Lunardelli

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