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A quarta instrução se apresenta como a mais complexa até agora, eis que seu objetivo afigura-se

mostrar-nos como os ensinamentos recebidos até hoje se interpenetram, formando um sistema


ordenado e coeso no qual as lições recebidas no grau de Aprendiz serão recorrentemente
utilizadas como fundamento da atuação dos Iir.’. dos demais graus.                       
Inicia a instrução reafirmando a estrutura moral e o conteúdo ético da Maçonaria, cujas regras são
a busca da Verdade como princípio e a atuação segundo os parâmetros inconscientes de Verdade
e Justiça, que são chamados de Lei Natural e Lei Moral. A aplicação da Lei Natural é preconizada
como instrumento de elevação do Maçon e da sociedade a um patamar de elevação moral que,
levaria à solução de todos os conflitos sociais, inaugurando uma “Era Dourada” da civilização
humana. É  esse o conteúdo do ensinamento, já visto na terceira instrução, que diz respeito à
Igualdade, Fraternidade e Caridade como sementes das quais a Virtude, a Sociabilidade, o
Progresso e, enfim, a Felicidade devem ser os frutos.
Do plano geral a instrução passa para o particular, avaliando o comportamento a que o Maçon  se
obriga, que deve ser tendente a materializar o mais fielmente possível a doutrina ética maçônica,
conforme a Lei Natural e a Lei Moral já referidas. Todos os princípios particulares ali mencionados
são desdobramentos necessários das normas éticas gerais já estudadas, que segundo a doutrina e
a tradição judaico-cristã cada qual traz em seu íntimo, é o discernimento do Bem e do Mal.
Em seguida, a instrução nos fala de como nós que estamos no seio desse organismo social
podemos reconhecer nossos semelhantes no culto comum - por sinais, toques e palavras. Associa
o ensinamento às lições recebidas na segunda instrução, pertinente às jóias móveis. A explanação
do conteúdo simbólico do Sinal, que é a devoção aos princípios maçônicos de retidão e, em
especial, o do segredo, com uma determinação extrema cujo limite é o do martírio, representado
analogicamente pela mutilação de órgão da fala (a garganta e as cordas vocais), tão radical que
seu efeito é a morte.
Passa-se à instrução das “senhas” pelas quais o Maçon reconhece um Irmão, que podem ser
sinais, toques e palavras. Mister reparar que o ensinamento é sempre reprisado, demonstrando
que o método pedagógico utilizado, se bem que antigo, é o mais eficaz de que se tem notícia: a
observação e a repetição. Traduz também a importância que se dá para a correção dos símbolos,
como forma de perpetuar uma tradição eminentemente oral, cujo comportamento deve ser
imitado fiel e constantemente de forma a incuti-lo em nossos corações. Assim, nós nos tornamos
aptos e manter e transmitir a tradição tal qual os antigos o faziam, quando chegar nossa hora de
ensiná-la.                        
Importante distinguir que, para nosso grau, há um conteúdo simbólico ligado ao próprio
aprendizado, em que devemos externar, por meio de representações também simbólicas, nossa
condição de neófitos. Assim é com a Palavra, que devemos apenas soletrar, em vista de nossa
idade convencionada, que é de t.’. aa.’..
A palavra sagrada é B-O-A-Z, que significa “força” e “apoio”. Boaz era também o nome simbólico
dado à uma das duas colunas principais do Templo de Salomão.                       
As Colunas são de bronze, para melhor resistirem ao dilúvio e às intempéries; são ocas, para que
sejam nelas guardados os utensílios apropriados aos conhecimentos humanos; e são super-
dimensionadas para representar que a Sabedoria e o Poder do G.’. A.’. D.’. U.’. estão além das
dimensões e dos julgamentos humanos.                        
Sobre cada uma das colunas está disposta uma romã, são emblemas que coroam as colunas “J” e
“B” dos Templos e cujos grãos simbolizam a prosperidade e solidariedade da família maçônica.
Temos, então, mais esclarecimentos acerca da finalidade da Maçonaria: é a de unir solidariamente
homens de bons costumes, a fim de que, juntos, possam amparar-se e instruir-se mutuamente,
ou seja, saírem das trevas e conhecer a Luz. Por isso é importante o fato que obrigatoriamente
fomos trazidos ao seio maçônico por um amigo, que se torna um Ir.’. pela comunhão no culto, no
sentido moral e não religioso.                       
Essa Fraternidade é universal e compreende todos os Maçons pertencentes a Lojas regulares.
Lojas não são apenas os Templos nos quais os Maçons se encontram, mas a comunidade
organizada segundo as exigências maçônicas, que tem um Templo como sede e constitui, cada
qual, uma célula desse organismo universal.            
Cada Maçon deve estar filiado a uma Loja dita “regular”, isto é, praticante rigorosa dos
ensinamentos maçônicos e sob a responsabilidade de uma Potência Maçônica regular e
reconhecida que a oriente.
Diz-se que a Loja regular é justa e perfeita quando três a governem, cinco a componham e sete a
completem. Os três que a governam são o Veneravel Mestre e os Primeiro e Segundo Vigilantes; a
exigência de cinco que a componham está ligada aos cargos da Loja  - Orador e Secretário. Os
sete que a completem constituem exigência ligada mais uma vez a tradição bíblica muito
difundida, encontrada no Livro de Provérbios, 9: 1: “A Sabedoria edificou sua casa, talhou sete
colunas.”. São os ditos Sete Pilares da Sabedoria, a que os Maçons reunidos em
Loja representam. 
A entrada no Templo obedece a um ritual de proteção e segredo, que são as três pancadas,
significando “Batei e sereis atendidos”; “Pedi e recebereis”; “Procurai e encontrareis”.
A Instrução usa da entrada no Templo para, mais uma vez, reportar-se à Iniciação, que é a
primeira entrada de um Maçon em Loja. Vendado, será colocado entre Colunas, aguardando para
ser conduzido às três viagens. Três são as viagens simbólicas; três são os centros onde
primitivamente foram cultivadas as ciências (Pérsia, Fenícia e Egito); a própria idade do Apr é de
três anos, pois na Antiguidade esse era o tempo previsto para sua preparação. Três também são
os passos da marcha do grau, formando cada um e a cada junção dos calcanhares um ângulo
reto, que significa a retidão para um real aprendizado na ciência e na virtude. Três ainda são as
jóias - fixas e móveis, as Grandes Luzes Emblemáticas e mesmo os graus maçônicos principais.
As viagens simbólicas, que já foram estudadas na Terceira Instrução, que fala da necessidade de
passarmos por veredas tortuosas, pela água sem  nos afogarmos e  pelo  fogo  sem  nos  
queimarmos.
Só assim estaremos aptos a sair das trevas e ver a Luz. Em seguida, purificado o neófito pelos
elementos, seu comportamento de ajoelhar-se perante o Livro da Lei, apondo sobre ele a mão
direita, simboliza a submissão aceita pelo Maçon aos princípios da Lei e da Ordem, com respeito e
humildade perante os Regulamentos e normas de cunho formal e moral que regem a instituição.
Na mão esquerda está o Compasso, aberto, que figura a dualidade por suas hastes, e a união por
sua junção. É um dos grandes símbolos da Maçonaria, comumente colocado sobre o Altar  dos
Juramentos enlaçado com o Esquadro, sobre o Livro da Lei (as Três Grandes Luzes Emblemáticas).
Na Iniciação, o Aprendiz segura o Compasso com as pontas sobre o peito, representando  o dever
do Maçon de submeter suas paixões profanas aos ideais maçônicos. Esse esforço - de conter as
paixões, reprimir os vícios e estimular as virtudes - consiste alegoricamente no trabalho de
desbastar a Pedra Bruta, que figura, por simbologia, o Aprendiz. Esse trabalho, simbolicamente,
começa em Loja sempre ao meio-dia, segundo a tradição de Zoroastro, que pretendia que seus
discípulos iniciassem suas atividades nessa hora para que se aproveitassem do sol irradiando o
máximo de luz, e também para que, reduzidas as sombras ao mínimo, o homem de pé,
completamente iluminado, não pudesse fazer sombra a ninguém.
Por fim, trata a Instrução do significado da indumentária do neófito na Iniciação. Além dos
significados tradicionais, há o significado simbólico: o neófito deve estar vendado e descalço, e
não deve estar nu nem vestido. Sua venda está pela cegueira induzida ao neófito pelo mundo
profano, da qual ele deseja se afastar ingressando na Maçonaria. O pé direito descalço é um sinal
de respeito, e o braço direito e peito esquerdo desnudos, além dos significados vistos na Terceira
Instrução, são uma alegoria da consagração à causa maçônica, à qual ofertávamos nossas forças
(o braço) e nosso devotamento (o coração).
            

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