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GUSTAVO ADOLFO BORGES

Escada de Jacó ou Caracolc

SÃO PAULO

2021

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1. DESENVOLVIMENTO

A ESCADA DE JACÓ

A escada tal qual a escada, é um símbolo relacionado ao mesmo tempo com a


Evolução e a Iniciação. Há toda uma rica simbologia da escada: Escada em Caracol,
Escada Misteriosa, Escada Sublime, Escada de Jacó que é o nosso tema de hoje.

No livro do Bereshit (Gênesis) (28,12-13), lê-se: “E Jacó sonhou: Eis que uma escada se
erguia sobre a Terra e o seu topo atingia o céu; Anjos de Deus subiam e desciam por
ela. Eis que Iahweh (Yavéh ou Javé) estava diante dele”.

A escada mística vista por Jacó simboliza singelamente o ciclo involutivo e evolutivo da
vida, em seu perpétuo fluxo e refluxo, através de nascimento e mortes. A simbologia
da escada está presente em várias culturas e o número de degraus é variável. Na
realidade, seus degraus são tantos quantos são as virtudes necessárias ao
aperfeiçoamento individual e das quais as três principais são a Fé, a Esperança e a
Caridade.

A chamada Escada de Jacó tinha e tem múltiplas implicações e correspondências, e sua


presença na Maçonaria nos recorda perpetuamente a universal lei da evolução e a
existência de poderosas hierarquias.

A evolução significa que tanto o universo como o homem marcham sempre de um


estado menos perfeito para outro mais perfeito. O universo é um vasto corpo
dinâmico e não estático, a evoluir de uma remota nebulosa caótica para um sol
radiante e harmonioso.

Para evoluirmos temos que marchar. A marcha é uma técnica maçônica adotada nos 3
graus simbólicos para o candidato à perfeição, avançar do ocidente para o oriente, isto
é, das trevas para a Luz, do mundo objetivo dos sentidos para o mundo subjetivo do
espírito.

Em cada passo e cada grau se opera um avanço maior do que o precedente, e, sempre
se inicia a marcha com o pé esquerdo, o mais próximo do coração, como a indicar que
toda atividade e progresso do Maçom devem inspirar-se e basear-se na lei do Amor, a
mais poderosa força do Universo.

Os três passos da marcha do Aprendiz simbolizam as três qualidades morais que tem
de caracterizar a conduta do Aprendiz: retidão, decisão e discernimento, e cujo
desenvolvimento lhe aumenta, gradativamente as capacidades.

Para você fazer “novos progressos na maçonaria” você precisa subir, com firmeza a
Escada de Jacó. Para atingir o topo da Escada, claro, precisamos iniciar pelo 1º degrau,

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sempre pensando no topo. Como na marcha, precisamos dar o 1º passo para
passarmos do ocidente para o oriente. Em ambos os casos, precisamos atingir a
perfeição, para sermos “justos e perfeitos”.

A perfeição é um ideal que nos foi dado de um modo particular pelo Filho do
G.'.A.'.D.'.U.'.: “Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,48)

Seria possível ser perfeito como o Pai Celestial? Jesus oferece um ideal grandioso. É a
subida da Escada de Jacó! Mas esse ideal de perfeição tem seu correspondente em Lc
6,36: “Sede misericordiosos como vosso Pai é Misericordioso”.

Assim, quem desejar conquistar a “semelhança” com o Pai, deve saber amar, saber
perdoar, saber dignamente subir a Escada de Jacó. Subir sem hesitação. Subir com
vontade de alcançar o topo, onde está o G.'.A.'.D.'.U.'., para quando nos perguntarem:

“Tudo Justo?”, possamos responder: “Justo e Perfeito”.

ESCADA CARACOL

Mostra a difícil trajetória do Companheiro. Com seus degraus em espiral ela


representa a dificuldade em subir, aprender e auto aperfeiçoar-se, mostrando que a
evolução não se desenvolve de uma forma constante e retilínea. Ela tem seus altos e
baixos. Sua persistência em busca da luz, será a recompensa, pois atingirá o topo da
escada.

A Escada que vem a continuação é uma Escada de caracol para simbolizar que a
ascensão do Maçom não é nada fácil. Lembrando o Salmista, só subirá a Montanha do
Senhor quem tiver as mãos limpas e o coração puro. Na página seguinte do Ritual do
Comp\ vemos um detalhe da escada que mostra que a subida da escada recurvada é
de três lances, respectivamente de três, cinco e sete degraus. Os três primeiros
degraus correspondem ao Prumo, Nível e Esquadro e que o Comp\ já conheceu no 1°
Gr\

Depois temos os degraus que lembram os cinco sentidos: ouvir, ver, apalpar, cheirar e
provar. Ragon fala que as cinco viagens lembram filosoficamente os cinco sentidos,
que são fiéis companheiros do homem e seus melhores conselheiros nos julgamentos
que ele deve fazer; um sentido pode se enganar; os cinco sentidos, jamais; toda
sensação é uma percepção que supõe a existência de uma retidão. Para Luis Umbert
Santos é a primeira viagem que está consagrada aos cinco sentidos. Oscar Ortega
(Chile) também coincide que a primeira viagem tem relação com o objetivo e o
substancial e, por tanto, lhe é assinalado a interpretação dos 5 órgãos dos sentidos. O
desenhista colocou nestes 5 degraus um corrimão sustentado por 5 colunas cada uma
delas correspondente a uma ordem grega diferente, e assim temos uma coluna
toscana, dórica, jónica, corinthia e uma compósita; elas representam as cinco ordens
nobres da arquitetura antiga. No primeiro grau foram estudadas em detalhe o

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referente às colunas jónica, dórica e corínthia. A ordem compósita ou composta, como
indica seu nome usa elementos dos capitéis das colunas jónica e corínthia, a coluna
compósita lembra o Or\ que reúne as proposições das discussões em L\ conciliando-as
e “fechando o triângulo”; a toscana, a diferença das outras quatro, é italiana, originaria
da antiga Etruria, que formou na História um grande ducado anexado em 1860 ao
reino da Itália; a ordem toscana é reconhecida como a mais simples e sólida das cinco
ordens de Arquitetura; o dossel do trono do Ven\ M\ é sustentado por duas colunas
toscanas.

O terceiro lance da escada é de sete degraus e cada um deles representa uma das sete
artes e ciências do mundo antigo: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria,
Música e Astronomia;

Deste modo cada um de nós tenta também, fazer uma “reconstituição” material do
Templo de Salomão, pois na Maçonaria, esse Templo é tão apenas e acima de tudo,
um símbolo, apesar de ser um símbolo de um alcance magnífico, designadamente “o
Templo ideal jamais terminado”, o templo em que cada maçon é uma das sua pedras,
preparada sem machado, nem martelo, no silêncio da meditação.
Nele sobe-se aos seus andares por escadas em caracol, por “espirais”, que indicam ao
Iniciado que é nele mesmo, é voltando-se sobre si mesmo, que ele poderá atingir o
ponto mais alto, que constitui o seu objectivo de evolução.

Contudo rejeitará o mito da existência da Maçonaria ao tempo de Salomão. É lição de


Jules Boucher contido na célebre A Simbólica Maçônica – segunda as regras da
simbólica esotérica e tradicional (trad. de Frederico O. Pessoa de Barros, Ed.
Pensamento, S. Paulo, 9ª. Ed., 1993, p.152): os maçons não tentamos reconstruir
materialmente o Templo de Salomão; é um símbolo, nada mais – é o ideal jamais
terminado, onde cada maçom é uma pedra, preparada sem machado nem martelo nos
silêncio da meditação. Para elevar-se, é necessário que o obreiro suba por uma
escada em caracol, símbolo inequívoco da reflexão. Tem por materiais construtivos a
pedra (estabilidade), a madeira do cedro (vitalidade) e o ouro (espiritualidade). Para o
maçom, ensina Boucher, “o Templo de Salomão não é considerado nem em sua
acepção religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e
tão bela”.

Destes textos, ressaltam, pois, as noções da dificuldade do trabalho do maçon, das etapas em
que este é dividido e desenvolvido, que o que o maçon deve buscar se encontra dentro de si
mesmo, da reflexão e da sua indispensabilidade no trabalho de aperfeiçoamento do maçon.

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2. CONCLUSÃO

Duas breves notas: a primeira, para frisar que os diferentes lanços das escadas, com 3,
5 e 7 degraus podem ser interpretados conforme a segunda citação supra, mas
também pode deles retirar-se outras interpretações, designadamente referentes ao
grau de desenvolvimento do maçon em função do seu grau, do seu tempo de estudo,
enfim da sua idade na Maçonaria. Como é frequente, os símbolos não são unívocos na
sua interpretação. Mais do que receber e apropriar-se das interpretações feitas por
outrem, por muito estudioso que seja, deve cada maçon meditar ele próprio no
significado de cada símbolo e adoptar o que, segundo a sua mentalidade, o seu
desenvolvimento, o seu entendimento, tiver por mais adequado. Os Mestres guiam-
nos, não nos impõem caminhos!

A segunda para alertar que a escada em caracol não deve ser confundida com a escada
de Jacob, símbolo eminentemente cristão, que pretende figurar a Revelação, a ligação
entre os Homens e Deus, através da qual a Terra e o Céu se uniriam e por onde
desceriam os dogmas divinos revelados aos homens e ascenderia o espírito humano,
no seu anseio de se unir a Deus. Este é um símbolo claramente religioso. Aquele
respeita ao trabalho e à acção do homem, na sua busca de aperfeiçoamento.

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3. BIBLIOGRAFIA

http://fraternidadefarroupilha.org/artigos/escada_jaco.htm

http://solepro.com.br/Pilulas/pm161.pdf

(retirado de http://www.estrela.rudah.com.br/modules/news/print.php?storyid=15)

(retirado de http://gremioestreladalva.blogspot.com/2006/09/o-templo-de-
salomo.html)

(retirado de http://www.freemasons-freemasonry.com/segundo_grau.html )

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