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Aug.∙. e Resp.∙. Loj.∙. Simb.∙.

Deus, Pátria e Liberdade nº 27

A.∙. G.∙. D.∙. G.∙. A.∙. D.∙. U.∙.

IR.∙. JOSIVAN DE JESUS SOARES VIEGAS

TRABALHO ACERCA DA PRIMEIRA INSTRUÇÃO DO GR.∙. DE APR.∙. M.∙.

Peça de Arquitetura apresentada à Aug.∙.


e Resp.∙. Loj.∙. Simb.∙. Deus, Pátria e
Liberdade nº 27 do Oriente de São Luís –
MA, jurisdicionada à M.∙. R.∙. Grande Loja
Maçônica do Estado do Maranhão –
GLEMA, com finalidade de cumprir com os
trabalhos referentes à Primeira Instrução
do Gr.∙. de Apr.∙. M.∙..

São Luís – MA
2022
INTRODUÇÃO

O quadro, painel ou Tapete de Loj.: representa graficamente, em grande parte dos ritos
maçônicos, o grau dos trabalhos desenvolvidos naquela reunião, e sua posição é central, sobre
o pavimento mosaico.

É um elemento decorativo e possui elevado grau valorativo, revestido de estima pedagógica,


no desenvolvimento dos trabalhos maçônicos. É uma verdadeira “caixa de ferramentas”.

Figura 1 – “Catéchisme des franc-maçons” de Leonard Gabanon, 1744

O Painel adorna a Loj.: dando vida estrutural à reunião e, ainda, providencia relevantes
informações sobre a circulação na Loj.:, representando o estaleiro da construção do T.: de
Salomão.

O Painel tem o condão de nos levar ao tempo em que sua existência, remontava a uma
imprescindível necessidade de firmar laços e manter elos com a origem mítica da Loj.:, sendo
um suporte catequético para a didática desenvolvida nos trabalhos, rendendo fruto das
reflexões e contribuições entre os IIr.:, o que rendeu a origem ao que hoje se designa de
Simbólica Maçónica.

PAINEL ALEGÓRICO x PAINEL SIMBÓLICO

Imprime destacar que temos dois Painéis em Loj.:, um simbólico e um alegórico. Ambos com
elementos gráficos simbólico-interpretativos, de grande relevância e significado ao Apr.: M.:,
que passará a conduzir sua conduta dentro dos aspectos evidenciados ali e que serão
reconhecidos tão somente por aqueles que fizerem parte de alguma Loj.: devidamente
constituída.

O Painel da Loj.: de Apr.:, representa três grandes colunas, denominadas Sabedoria, Força e
Beleza, relembrando a estrutura do T.: de Salomão, isto diz respeito a sua simbologia.

Alegoricamente significa o trabalho em cima da Pedra Bruta, desbastando-a até que seja
transformada em Pedra Polida.

Partindo desses entendimentos iniciais, podemos apontar a definição dos painéis, a grosso
modo, como:

PAINEL SIMBÓLICO: É o conjunto de símbolos, joias e alegorias do grau;


PAINEL ALEGÓRICO: O painel alegórico é mais sugestivo e é também conhecido por “tábua de
traçar”.

Do Apr.: M.:, ao M.: M.:, todos os Graus Simbólicos têm, cada um, seus respectivos painéis.
Um é simbólico, com o nome de Painel do Grau de Apr.:, Comp.: M.: ou M.: M.:, colocado no
Oc.:. O outro, alegórico, com o nome de Painel da Loj.: de Apr.:, Comp.: M.: ou M.: M.:, deve
ser apresentado quando for dada a Instrução explicativa sobre ele.

Simbolicamente, a principal diferença entre os dois Painéis está no fato do Painel do Grau,
apresentar os símbolos ornamentais, as Joias fixas e móveis, uma vez que, no Painel da Loj.:,
os símbolos são alegóricos constituindo especificamente os objetivos das Instruções.

O painel do Grau de Apr.: traz consigo um forte simbolismo agregado a toda uma consolidada
ideia de filosofia maçônica, embasada em preceitos de busca pelo aperfeiçoamento moral
humana enquanto sua jornada ordeira apenas inicia, tal qual uma criança inicia sua jornada
no mundo profano.
“O painel do Grau de Apr.: reflete, em seu simbolismo, os
rudimentos constitutivos da filosofia maçônica de
aperfeiçoamento moral do ser Humano e aponta ao Apr.: o
caminho a ser trilhado no primeiro estágio de sua infância,
através do trabalho, da observação, da eliminação de seus
defeitos e vaidades, até a consecução do domínio de si mesmo.”

“No Painel estão condensados todos os símbolos e alegorias que


se fazem mister para a compreensão de transmutação da
matéria prima bruta em matéria elaborada, objetivo do
Aprendizado do iniciado." (autor desconhecido).

Portanto, temos que na Primeira Instrução de Apr.:, o objetivo é a explicação do Painel


Alegórico da Loj.: de Apr.:, e não o Painel Simbólico desse Grau.
O PAINEL E O CULTO DIVINO

Contendo forte elo com aspectos ligados a ideia de divino, principalmente aqueles mais
reconhecidamente adotados na filosofia católica-apostólica-romana, temos elementos
reconhecidamente abordados no L.: da L.:

Dentre algumas alusões temos a própria formatação da Loj.: que se dispõe de Leste a Oeste
pois todos os lugares de Culto Divino, todos os antigos Templos e todas as LLoj.: Maçônicas
regularmente constituídas, assim se encontram por três razões:

1. Porque o Sol, que é a maior Glória do Senhor, nasce a Leste e se oculta no Oeste;
2. Porque a Civilização e a Ciência nos vieram do Or.:, espalhando a sua benéfica
influência para o Oc.:;
3. Porque a Doutrina do Amor e da Fraternidade, o exemplo do cumprimento da Lei,
também nos vieram do Or.:, por intermédio do nosso Divino Mestre.

Outro elemento concernente ao forte apego ao divino, assenta-se no Princípio Criador, o


Todo-Poderoso que chamamos de G.:A.:D.:U.:, tamanha é a influência dos elementos divinos
que nos deram conhecimento (afinal somos imagem e semelhança do Princípio Criador -
Gênesis 1:26–27), que fomos dotados de elementos construtivos (ferramentas) e
interpretativos (capacidade cognitiva).

Neste contexto temos que o principal papel do Apr.: M.: em sua primeira instrução é entender
as alegorias expostas no Painel Alegórico, traçando parâmetros que explicitam a Moral
Maçônica, aperfeiçoando-se dia após dia, nos alicerces basilares representados pelos pilares
que remetem aos ideais divinos de Sabedoria, Força e Beleza.

Estes elementos possuem seus conceitos ligados a sua natureza precípua quando tratados
isoladamente, desta forma, a Sabedoria nos serve como ferramenta de orientação e que nos
enveredará pelas trilhas de toda nossa jornada enquanto seres sociais; já a Força nos serve
para manutenção do nosso vigor enquanto embarreirados momentaneamente pelas
dificuldades no decorrer de nossa jornada, em alguns momentos remetendo-se ao ideal de
resiliência; por fim, a Beleza tem o condão de aperfeiçoar nossas ações, devendo, enquanto
criaturas atinentes à prática das boas obras, buscar o aperfeiçoamento em sua execução,
escoimando as práticas desleixadas enquanto OObr.: e enquanto IIr.:

Reunidos esses elementos remetem ao ideal do Divino, na medida em que quando vemos o
L.: da L.: temos que a perfeição do G.:A.:D.:U.: se revela através de suas obras, sendo estas
assim classificadas:
Salmos 104:24
Quão numerosas são as tuas obras, ó SENHOR! Fizeste-as todas
com perfeita sabedoria. A terra está repleta de tuas criaturas.’

Isaías 28:29
Todo esse conhecimento vem da parte de Yahweh dos Exércitos,
magnífico em conselhos e maravilhoso em sabedoria!

Isaías 45:7
Eu formo a luz e crio as trevas, promovo a paz e causo a
desgraça; eu, o Senhor, faço todas essas coisas.

Mateus 19:26
Jesus olhou para eles e respondeu: "Para o homem é impossível,
mas para Deus todas as coisas são possíveis".

Dentre outros tantos exemplos que podemos extrair do L.: da L.:, estes nos parecem os mais
relevantes para termos uma noção dos elementos constitutivos do ideal de perfeição Divina.

Superada a ideia de perfeição Divina, que iminentemente nos parece inalcançável pela
expressão máxima de sua definição conceitual que nos remete sempre ao Princípio Criador, o
Apr.: M.: deve iniciar sua jornada sempre desenvolvendo sua Moral Maçônica junto aos
degraus representados pela Escada de Jacó.

Esta alegoria possui forte ligação simbólica com o ideal de caminho, jornada, trilha...

A Escada de Jacó representa a jornada do Maçom na sua constante busca pela perfeição
Divina. E logo na sua base encontramos o primeiro símbolo representativo (cruz) que remete
a ideia de Fé.
A Fé como elemento de composição da jornada do Maçom, remete ao ideal de acreditar que
a nossa jornada não é e jamais será em vão, sempre objetivando a conclusão do nosso
trabalho e objetivo (tornar feliz a Humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos
costumes, pela tolerância, pela igualdade, pelo respeito à autoridade e à crença de cada um).
A Fé nos guia enquanto Maçom a crer que nosso objetivo maior é alcançável e possível.

O Apr.: M.: deve ser permeado desse primeiro elemento da Escada de Jacó para que
permaneça resiliente na sua jornada.

O segundo elemento é a âncora que nos reporta a Esperança que devemos nos ater enquanto
Maçons. A Esperança de que a cada passo dado, uma meta é alcançada, uma evolução é
conquistada. A Esperança é um elemento crucial de fortalecimento e engrandecimento
intelectual e espiritual. É mais um elemento de resiliência que, uma vez empreendido com a
Fé, tornam o Maçom um baluarte inabalável e invencível ante as adversidades impostas em
sua jornada.

Por fim, um cálice permeia a proximidade do topo da Escada de Jacó. Esta alegoria remete a
Caridade. Importante elemento da jornada do Maçom, este elemento nos exprime que a
mesmo com Fé e Esperança, nosso objetivo de tornar feliz a Humanidade se assenta em nossas
obras. E muitas dessas obras são dotadas de Caridade, que é a expressão máxima da Moral
Maçônica.
Tiago 2:14-17
Meus irmãos, que interessa se alguém disser que tem fé em
Deus e não fizer prova disso através de obras? Esse tipo de fé
não salva ninguém. 15 Se um irmão ou irmã sofrer por falta de
vestuário, ou por passar fome, e lhe disserem: “Procura viver
pacificamente e vai-te aquecendo e comendo como puderes”, e
não lhe derem aquilo de que precisa para viver, uma tal resposta
fará algum bem? Assim também a fé, se não se traduzir em
obras, é morta em si mesma.

Pois assim é a expressão da Fé e Esperança maçônica que se reporta a felicidade da


Humanidade através da Caridade.
No topo da Escada de Jacó temos a Estrela Flamígera que nos remete a simbologia da Luz, da
Glória do Criador. A Estrela Flamígera está alocada logo acima do topo da Escada de Jacó e
imediatamente acima do cálice que representa a Caridade, importando-nos experimentar da
melhor virtude que permeia o ideal de Moral Maçônica que é a Caridade. Assim, podemos
concluir que nos sentimos mais próximos do Princípio Criador quando transferimos, com Fé e
Esperança, o poder da Caridade que nos permite agraciar aos mais necessitados sem esperar
nada em troca.

Por último, nos parece razoável registrar quatro borlas colocadas nos extremos da Loj.: que
nos lembram as quatro virtudes cardeais inerentes a todo Maçom: Temperança, Justiça,
Coragem e Prudência. Enquanto elementos característicos de todo Maçom, temos a Virtude,
a Honra e a Bondade.

Por serem elementos auto explicativos, prefiro me ater a sua ligação não somente com a
Moral Maçônica, mas com a estrutura que vincula o Maçom enquanto ser social que busca
distinção e aperfeiçoamento contínuo, detalhando as categorias de virtudes maçônicas: as
teologais e as cardinais.

VIRTUDES TEOLOGAIS E CARDINAIS

Iniciando um retrospecto necessário, temos que a Maçonaria Operativa pode ter nascido no
ambiente católico medieval, por volta do século XIII e XIV. Desta maneira, seria insensato
desconsiderar influência sobre os conceitos de virtudes, na maçonaria, e aqueles conceitos
então existentes. Desta maneira, para compreensão mais aguçada das virtudes, aponta-se
duas categorias a serem estudadas:

As Teologais (que vem do G∴A∴D∴U∴) FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE;


E as Cardinais (que vem do Homem) PRUDÊNCIA, JUSTIÇA, FORTALEZA E TEMPERANÇA.

Em linguajar maçônico podemos entender as virtudes da seguinte forma:


Fé: por esta virtude, cremos no Princípio Criador (G∴A∴D∴U∴), na revelação de suas verdades
e nos ensinamentos recebidos. Fato é que o G∴A∴D∴U∴ é considerado a própria Luz e
Verdade (revelada pela linha desenhada pelo Compasso).

Esperança: uma vertente da Fé, sem sua dissociação. Esperamos a vida no Or.: Et.:. Por esta
virtude colocamos nossa confiança perseverante em nossa filosofia de vida gnóstica (pelo uso
do esquadro);

Caridade (ou Amor Fraternal): através dela, o maçom solidariza-se e auxilia seu próximo
independente de ser um irmão ou um profano (pelo uso da Trolha).

Um ponto importante a ser ressaltado na abordagem desta virtude, é a sua disposição


simbólica junto a Escada de Jacó, quando encontramos um Cálice.
1 Coríntios 11:25-28
Do mesmo modo tomou o cálice, depois de haver ceado,
dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto
todas as vezes que o beberdes em memória de mim.
Pois todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do
cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.
De maneira que aquele que comer o pão ou beber o cálice do
Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor.
Mas cada um prove-se a si mesmo, e assim coma do pão e beba
do cálice;

Mesmo já tendo abordado a ideia de Caridade, é importante ressaltar a importância que esta
virtude preenche a Moral Maçônica.

Prudência: é ferramenta racional que imprime ao maçom a necessidade de discernir o bem


em todas as circunstâncias e a escolher os meios adequados para alcança-lo (com o cinzel).

Justiça: no Direito, temos que a justiça impõe a dar a cada um, aquilo que lhe pertence. Esta
ideia permeia a proposta da Moral Maçônica, vez que esta busca constantemente a firme
vontade de bem medir e dar aos outros o que lhes é devido (pelo uso do nível e do prumo);
Fortaleza: também formada sobre o ideário de resiliência, resistência, esta virtude busca
assegurar a firmeza da Moral Maçônica mesmo nas dificuldades e a constância na procura do
bem (pelo uso do Maço);

Temperança: vinculada ao que podemos chamar de equilíbrio e harmonia, por esta virtude o
maçom pondera adequadamente o tempo investido entre o lazer, o trabalho, o descanso, a
cunhada, os filhos, os estudos, os irmãos, à sua própria saúde. Por ela também estamos
sempre vigilantes, utilizando o domínio da razão no intuito de vencer nossas paixões e
submeter nossas vontades (pelo uso da régua de 24 polegadas).

Podemos imaginar que a pedra cúbica, encimada pela pirâmide na qual trabalham os Maçons,
pode ser símbolo das três virtudes espirituais sobre as quatro virtudes comportamentais que
tanto almejamos na busca do auto-aperfeiçoamento.
As virtudes possuem o condão de libertar o homem das instabilidades e ilusões advindos dos
prazeres passageiros e irreais, a jornada do maçom não é fácil, mas o auto-aperfeiçoamento,
a busca incessante pela construção de uma Moral Maçônica e a vigilância constante em
permanecer empreendendo sempre os bons costumes nos mostram que este é o único
caminho que pode nos reconstruir de modo a sermos cada dia menos seres Profanos e
passarmos a nos aproximar cada dia mais do Sagrado.

Deixemos os textos de lado e continuemos galgando estes degraus, meus IIr.:.

Pois como se lê no L∴ da L∴, em Coríntios 4:20 “o reino de Deus não consiste em palavras,
mas nas Virtudes.

CONCLUSÃO

Neste diapasão, temos que a construção da Moral Maçônica, base fundamental para todo e
qualquer Apr.: M.: e que será o objetivo central de seu aperfeiçoamento enquanto Maçom, é
permeado de elementos que o vinculam ao Divino e que sempre deverão nortear sua jornada
e sua tomada de decisões enquanto busca evoluir como Maçom. Afinal, o objetivo maior da
nossa Aug.: e Resp.: Instituição é tornar feliz a Humanidade e como toda construção, esta
depende de bases fortes e imponentes, capazes de trespassar a ação do tempo e as
intempéries. E como pilares da Moral Maçônica, devemos estar sempre pautados no que é
mais contundente que é a ideia de Divino: a perfeição.
REFERÊNCIAS

http://iblanchier3.blogspot.com/2017/11/o-painel-simbolico-da-loja-de-aprendiz.html

https://enilsonmar.blogspot.com/2016/10/perguntas-e-respostas-xix-paineis-do.html

https://bibliot3ca.com/2020/08/08/o-quadro-de-loja-de-aprendiz-no-reaa-historia-e-
simbolismo/

https://focoartereal.blogspot.com/2019/03/as-virtudes-e-maconaria.html

Grande Loja do Estado do Maranhão. Ritual do Aprendiz. Rito Escocês Antigo e Aceito, 1928.
Ir.˙. JOSIVAN DE JESUS SOARES VIEGAS

TRABALHO ACERCA DA PRIMEIRA INSTRUÇÃO DO GR.∙. DE APR.∙. M.∙.

Trabalho apresentado à Aug.˙. e Resp.˙.


Loj.˙. Simb.˙. Deus, Pátria e Liberdade nº
27 com o objetivo de cumprir os trabalhos
referentes à Primeira Instrução do Gr.˙. de
Apr.˙. M.˙..

Considerações do Avaliador:
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Resultado: __________________________________________________________

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Examinador - Ir.˙. 1º Vig.˙.

Apresentado em ___/ ___/ 2022.

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Ir.˙. JOSIVAN DE JESUS SOARES VIEGAS

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