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REVISITANDO A QUINTA ESSÊNCIA

A Quinta Essência, parte indispensável do processo evolutivo


Por Ir. ALBANI BEZERRA COSTA JÚNIOR em 23/12/2022 às 11:24:58

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Homem trabalhando a pedra bruta


REVISITANDO A QUINTA ESSÊNCIA?
O porquê da Quinta Essência
Revisitar é uma ação nem sempre bem entendida. Não é apenas
tornar a comparecer ou fazer-se presente muitas vezes. A ideia é
mais abrangente. É como um repensar conceitos, explicar aos irmãos
e amigos, parece mais como reconhecer um sagrado e especial lugar.

A Quinta Essência, é como parte indispensável do processo evolutivo


do ser humano, sempre presente e em permanente ação, como um
software em segundo plano.

Sempre somos chamados a laborar, seja aparando os ângulos do que


ainda não se encaixa, ou seja polindo-os de maneira a tonar possível
a sua utilização na construção ou reconstrução da vida. A construção
pretende ser justa e perfeita. Estamos falando do aperfeiçoamento
moral e espiritual, de algo que se torna fonte de luz e calor, exemplo
e inspiração para todos!

A Quinta Essência pode ser absorvida por intermédio da


contemplação e assimilação conceitual do Delta Luminoso e da
Estrela Flamejante. O entendimento de seu simbolismo é essencial
para colocá-los em prática, sob pena de não se estar adequadamente
preparado para subir a novo degrau na Escada de Jacó. São símbolos
que representam o Divino e a divindade do homem, a perfeição dos
sentidos humanos, a inseparável dualidade entre matéria e espírito,
os quatro elementos da tradição iniciática (terra, ar, fogo, água) e o
sua conexão (o Um, o Éter), o homem evoluído com poderes
psíquicos e desprovido de vaidades, o fogo sagrado que abrasa a
alma de todo homem.

O simbolismo desta Quinta Essência, bem como a sua presença e seu


entendimento, são elementos indispensáveis na evolução dos
homens e, ainda mais em particular, na construção do templo interior
de cada maçom.

DESVENDANDO A "QUINTA ESSÊNCIA"


Quinta-Essência, segundo Houaiss (2009), é assinalada como o
essencial, o mais puro, o melhor ou o principal de alguma coisa. É o
elemento de caráter puro, dominante e essencial.
A ideia de Quinta Essência também remonta a Aristóteles (384 a.C.-
322 a.C.), identificada como o elemento etéreo que compõe as
esferas celestes, distinto em sua quase imaterialidade das quatro
propriedades naturais (terra, água, fogo e ar) que constituem os
corpos densos no mundo sublunar.

O SER e a VIDA são visualizados na ideia de Quinta Essência:

O SER se manifesta unicamente pela ação, não agir equivale a não


existir, porque aquele que existe está perpétuo ao trabalho. NADA É
INERTE, nada é morto, tudo vive: os minerais e os corpos celestes,
os vegetais e os animais.

A VIDA, entretanto, difere de um a outro reino da NATUREZA, ela


hierarquiza-se em toda parte, segundo às espécies e, segundo os
indivíduos.

Assim é que, entre os HOMENS, uns vivem uma VIDA ELEVADA e


mais completa que outros. Essa VIDA, de uma ordem superior à
comum, é proporcional ao desenvolvimento do princípio da
PERSONALIDADE, porque caso contrário, sua vida permanece
material ou elementar, resultando unicamente da LUTA DOS
ELEMENTOS que se opõem dois a dois.

Elementos da Quinta Essência

Concepção e acervo do autor

Daí se infere que o AR, leve e sutil abranda, contrabalançando, a


ATRAÇÃO DA TERRA, espessa e pesada, que embrutece e
materializa. Fria e úmida, a ÁGUA contrai aquilo que o FOGO, seco e
quente, tende a dilitar. Estes elementos, que não mais podem ser
considerados corpos simples, como na antiga teoria, devem,
entretanto, ser tidos como agentes coordenadores do MUNDO
MATERIAL. Foi por sua aplicação, que se explicou o caos, por isso,
eles dominam tudo quanto é material.

É por este motivo que o HOMEM deve criar e desenvolver, em si


próprio, um princípio mais forte que os ELEMENTOS, com os quais
entra em LUTA, nas PROVAS INICIÁTICAS. O que triunfa, então, é o
HOMEM, propriamente dito, que domina o ANIMAL, de maneira que,
cinco impõe-se ao quatro, "a QUINTA ESSÊNCIA prevaleceu sobre o
QUATERNÁRIO DOS ELEMENTOS".

Em determinado momento, o Irmão toma consciência de que deixará


de trabalhar a Força e passará a ocupar-se da Beleza da construção
de seu templo.

Hiram Abiff, na idealização do Templo de Salomão, previu a


colocação de duas colunas externas denominadas Booz e Jaquim.
Atualmente, estas colunas estão representadas em todos os templos
maçônicos como as Colunas "B" e "J", posicionadas externamente
em alguns templos e internamente em outros. Adicionalmente,
conforme nos descreve o Ir Anestor Porfirio da Silva em seu artigo
"Os Sete Cavaleiros do Templo de Salomão", mais sete pilares foram
colocados no interior do templo, sendo que três deles representavam
simbolicamente a Sabedoria, a Força e a Beleza, que eram tidas
como "as luzes libertárias da consciência humana em relação às
trevas da ignorância".
Os quatro demais pilares interiores, cujo conhecimento não se tem
ao certo, poderiam estar relacionados ao Quaternário, que pode
significar as quatro expressões da vontade humana (saber, querer,
ousar, calar), ou o quaternário geométrico (círculo, cruz, triângulo,
quadrado), os quatro pontos cardeais ou os quatro elementos da
natureza (terra, ar, fogo, água).

Adotando-se a teoria de que tudo é formado a partir dos quatro


elementos da natureza, encontramos aqui a primeira explicação para
o número cinco, que resulta da soma destes quatro elementos
primários com o elo de ligação entre todos os números — o número
um. Assim, o número cinco é aquele que apresenta o advento da
energia, o fundamento da divindade, capaz de manter a vibração dos
demais elementos, também chamada de "a quinta-essência".
Rizzardo da Camino, em sua obra "Simbolismo do Segundo Grau",
nos diz que "o quadrado é a expressão do quaternário, síntese da
natureza: é a imagem de um templo perfeito, representando o
templo de Salomão". Como símbolo da natureza, o quaternário
atribui certa limitação e definição, constituída que é por três
princípios ativos: atividade, resistência e ritmo. Não
coincidentemente, estas três qualidades são representadas pelo
enxofre, sal e mercúrio, respectivamente. Argumenta que, depois do
círculo, o quadrado é a figura plana mais perfeita, pois com seus
lados iguais têm-se que a soma dos seus ângulos reproduz os 360°
da circunferência.

Assim, temos que a união do ternário (triângulo) com o quaternário


(quadrado) forma a pirâmide, tida como o perfeito quinário, a
construção perfeita, social e humana, a pedra Cúbica. Nesta
interpretação, tem-se o vértice superior como representação da
"quintessência", o princípio que deu origem ao Universo, o verbo
inteligente. Este elemento nos faz passar do domínio da matéria ao
da vida. É o elemento espiritual que impulsiona o homem à ação,
sendo o espírito, neste caso, a presença do GADU na mente do
homem.

A conjunção dos quinários, conforma cinco conceitos direcionadores,


conhecidos como pensamento, consciência, inteligência, vontade e
liberdade, apontando para a plenitude do conhecimento de modo a
atingir a QUINTAESSÊNCIA.

A Estrela Nosso Ir Fernando Furtado Barreto, em seu trabalho "A Estrela Flamejante",
Flamejante nos apresenta que sua origem está ligada à magia e que, sendo a Maçonaria
uma obra de luz, o vértice da Estrela está apontado para cima, símbolo da
Acervo do magia branca, do microcosmo. Ao representar a figura de um homem em pé,
Autor pernas separadas, braços em cruz — o emblema do Iniciado —, o homem como
réplica do macrocosmo, tem-se um pequeno universo em si mesmo. Conclui
sua interpretação argumentando que ela é a saída das trevas, e que seus raios
luminosos mostram o caminho da luz, evidenciando a paz e o recolhimento do
templo, no qual serão carinhosamente recebidos todos os Maçons

O Homem Vitruviano
Originalmente de
Leonardo da Vinci A perfeição da criação do homem foi também ilustrada por um dos
maiores gênios da humanidade. Leonardo da Vinci representou esta
perfeição através de seu desenho conhecido como "O Homem
Vitruviano" (figura à esquerda). Sua obra deriva de estudos do
arquiteto romano Marco Vitruvio, que já havia tentado descrever as
proporções humanas, mas foi Leonardo quem alcançou a perfeição
matemática, ilustrando a figura humana em toda a sua perfeição
geométrica ao inseri-la em um quadrado e um círculo.
Assim, tendo o círculo o simbolismo da divindade e o quadrado o da
sua manifestação na matéria, a ilustração nos remete à integração
do homem com o Divino, à relação do homem com o Universo, sendo
a cabeça o elemento da razão, que dá entendimento a todo o
conhecimento adquirido.

Pitágoras, ilustre filósofo da Grécia antiga, dava aos números


imensurável importância, e através deles estudava e compartilhava
seu conhecimento em diversas artes. Admitia a existência de uma
grande Unidade, da qual emanava o próprio mundo, e explicava sua
formação a partir dela, com a seguinte lógica: da unidade,
representada por um ponto, seguiu-se o número binário,
representado por uma linha. Dele seguiu-se o número ternário,
representado por uma superfície. Veio então o quaternário,
representado por um sólido, e assim sucessivamente. Sua escola
também reconhecia na alma duas características fundamentais:

a paixão e a razão. Entendia que as paixões deviam ser comandada


pela razão, criando harmonia, que também chamamos de virtude.

O Pentagrama nos remete ao número cinco. Cinco são as pontas da


Estrela Flamejante. Cinco é um número simbólico por exclência!
Cinco toques, cinco luzes, cinco anos e por aí segue. Cinco também
são os elementos que permitem que a vida floresça no homem,
sendo o quinto elemento a sua essência, o seu espírito, aquele sem
o qual o homem não passa de matéria inerte. Como já dito, é a
presença divina no homem. A Quinta Essência é o elo que une o
Espírito Divino à matéria, assim como o homem une Deus com a
natureza.

Interessante observar que a presença divina é representada na


Estrela Flamejante pela letra "G". Geometria, Geração, Gravidade,
Gênio e Gnose. A literatura descreve outros simbolismos para a letra
"G". No plano espiritual, a letra "G" apresenta-se como o poder de
expressão. No plano mental, sintetiza a tríade formada pelo
espiritual, mental e físico. Já no plano material, nos remete à própria
natureza humana, com seus desejos, ideias e ações.
De maneira geral, considera-se a letra "G" como sendo a
representação do GADU, com todos os nomes que lhe podem ser
conferidos. Para os cristãos, Deus. Para os deístas, é o criador de
todas as coisas. Para os espiritualistas, a inteligência suprema, alma
e motor do mundo. Para os filósofos humanistas, a consciência
coletiva da humanidade. Certo é que todos concordam na existência
de uma força superior, sem a qual não seria possível o equilíbrio
indispensável entre os elementos da natureza, equilíbrio este que cria
as condições necessárias para que floresça a vida.

Albert Einstein, tido como um dos mais brilhantes físicos de todos os


tempos, disse: "cada descoberta nova da ciência é uma porta nova
pela qual encontro mais uma vez Deus, o autor dela".

A VERDADE E A LUZ

Na caminhada em direção à verdade e à luz, o ser humano deve


extrapolar os limites dos elementos conhecidos, buscar além do ar,
da terra, do fogo e da água. Pois é através da busca e do
reconhecimento do espírito, da divindade humana, que ele se
libertará das trevas internas, elevando-se da sua condição material
à espiritual, simbolizada no templo pelo brilho e calor emanados pela
Estrela Flamejante.

William James, norte-americano, médico, filósofo e um dos


fundadores da psicologia moderna, cita em seu livro experiência
religiosa: "O mais belo livro está em nós mesmos; o infinito revela-
se nele. Feliz daquele que nele pode ler". Assim, ele resume
perfeitamente, e em poucas palavras, a busca conhecimento pela
verdade, pela beleza e pela iluminação.

Que a verdade e a luz sejam sempre revisitadas pelos que já tenham


em seus olhos a poeira desta mesma estrada. Necessário, sempre,
reencontrar as marcas digitais e as pegadas nestes mesmos degraus,
que, em algum momento chegamos a galgar. Reflitamos, pois, se é
ou não o caso de revisitarmos a "Quinta Essência"!

Se este objetivo foi alcançado, ao menos parcialmente, posso me dar


por satisfeito e com minha missão cumprida. Por fim, e uma vez
cumprida a missão, agradeço a todos os IIr a paciência e a atenção
que me dispensaram até agora.

Ir. ALBANI BEZERRA COSTA JÚNIOR é Mestre Maçom iniciado na Loja


Miguel Archanjo Tolosa

REFERÊNCIAS

1 ADOUM, Dr. Jorge. Grau do Companheiro e Seus


Mistérios. São Paulo: Pensamento, 1994.

2 HOUAISS, Antõnio. Dicionário Eletrônico, Ed Objetiva Ltda,


2009

3 BARRETO, Fernando Furtado. A Estrela Flamejante. 1993.

4 CARVALHO, Luiz Henrique Sousa de. O Simbolismo do


Número 5 no Grau de Companheiro. 2013.

5 CASTELLANI, José. Cadernos de Estudos Maçônicos Vol. 2:


Consultório Maçônico. 1" ed. Londrina: A Trolha, 1987.

6 _____________. Cadernos de Estudos Maçônicos Vol. 11:


Encontro Nacional ia ed. Londrina: A Trolha, 1996.

7 CORNELOUP, J. Schibboleth. Paris: Éditions Vitiano, 1965.

8 DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Segundo Grau:


Companheiro. São Paulo: Madras, 2006.

9 FACHIN, Luiz. Virtude e Verdade: graus simbólicos: Tomo I.


ia ed. Porto Alegre: AGE, 2015 OBREIROS EM
AÇÃO. Florianópolis: Regeneração Catarinense, 1° volume, 1996.

10 RITUAL 2° GRAU — COMPANHEIRO MAÇOM: Rito Escocês


Antigo e Aceito. Brasília: Grande Oriente do Brasil, 2009.
11 SILVA, Anestor Porfirio. Os Sete Cavaleiros do Templo de
Salomão. JB News, Florianópolis, n. 2319, p. 17-19. Disponível
em wwwjbnews33.com.brilnfonnativos. fev. 2017.

12 SILVEIRA Luiz. A Teoria da Dualidade: Uma tese Holistica ao


Alcance de Todos. O Autor, 1999

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