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A FILOSOFIA SIMBÓLICA do 2º GRAU

1. Premissas:
A Maçonaria usa alegorias míticas para suas instruções. Usa mitos.
Para alguns Irmãos são mitos místicos. Mito são relatos simbólicos de
tradição oral, conteúdos de verdades ou de virtuosidades. Misticismos
referem-se a mistérios sobrenaturais. O misticismo leva a uma tendência
para a vida religiosa e contemplativa, com ocupação contínua da mente nas
doutrinas sobrenaturais, transcendentes. O misticismo pode levar o místico
a alcançar um estado de êxtase, cujo objetivo é, na maioria das vezes, a
divindade( você quer dizer, fé. SMJ, esse conceito tem tudo a ver com
epílogos, pois para cada ação sem reação nós invocamos a fé como
explicação, é a tendência encarada como natural do místico, ou não.?).
Concordo plenamente. Importante esta frase: para cada ação sem reação
invocamos a fé como explicação. Posso incorporar esta sua frase no
trabalho?

Por extensão do sentido explanado acima, o conteúdo de uma ideia mística


pode levar a uma atmosfera ou aura de perfeição, despertando devotamento
e, também, correndo o risco de conduzir ao sectarismo, à intransigência.
(Isso quer dizer que a fé nos cega, ou seja, uma vez colocado diante de uma
situação que não tem explicação, vem a fé como explicação?)
Também concordo. Apenas um reparo: em lugar de a fé nos cega, colocaria
“a fé pode nos cegar”. Pois na minha opinião, não é tão determinística a
afirmação, assim, mas mais probabilística.

Dando continuidade ao miticismo: um mito não representa, necessariamente,


um relato factual de um acontecimento histórico. Mas, tenta revelar uma
verdade maior, através de uma epopeia mitológica. A história é mais trivial
que o mito. Aristóteles1 dizia: “A história descreve o que aconteceu. O mito
descreve o que poderia ter acontecido. O mito é poesia, é mais filosófico e
mais sério que a história. A poesia (mito) fala do universal, e a história do
particular.” Estas sábias palavras podem ser aplicadas a todas as alegorias e
símbolos maçônicos ( ou seja, vivemos numa ilusão criada pelo homem,
baseada em histórias míticas),
Não tenho dúvidas que os mitos são ilusões. A Maçonaria pode ser encarada
como uma ilusão criada pelo homem, mas com uma finalidade objetiva:
instruir sobre moralidade; invocar a consciência; construir seu eu interior.

1 Aristóteles (Ἀριστοτέλης), filósofo, físico, poeta e biólogo grego, nasceu em Estagira


(então Macedônia), em 384 a.E.V. e faleceu em Atenas, em 322 a.E.V..
mitos, mas que revelam verdades maiores, poéticas, por vezes epopeias,
estórias de heróis lendários (Hiram Abiff, Salomão, etc), poemas épicos e
heroicos. Como lenda epopeica, é susceptível de provocar várias
interpretações, revelar várias verdades superiores. Certamente, cada um
dos Irmãos, em cada símbolo, em cada alegoria, explora uma destas
verdades e virtudes.( explicação para o inexplicável, ou a crença simples e
pronto) A crença simples. Os Irmãos apáticos, sem objetivo na vida (sem
norte), acredito que, para eles, seja a explicação para o inexplicável. O
objetivo de nossas vidas, para quem o tem, é uma crença, uma esperança
crível.

A Maçonaria é adogmática. Dogmas são pontos fundamentais, (qual


a relação de DOGMA X MITO X MISTICO)
Não existem fronteiras definidas entre dogma, mito e místico. O mito pode
ser um dogma se você não define mito como lenda, alegoria e não o discute,
não duvida. O místico é quando acredita que o mito é transcendental,
sobrenatural, portanto indiscutível. Tornando-se um dogma. Entretanto, se
Você tem claramente as definições de mito = lenda, legenda, alegoria; dogma
= definição indiscutível, axioma filosófico (tornando-se portanto teológico);
misticismo = algo sobrenatural, transcendental, não racional ----- então
tudo se torna claro, em seus devidos lugares. Se uma pessoa confunde
dogma, mito e misticismo como uma coisa só, colocando tudo numa sopa, as
coisas tornam-se nebulosas e acabam tendo explicações sobrenaturais.
Reli o que escrevi e achei algo confuso. O que quero dizer é que deve-se ter
consciência clara de cada uma destas definições.

princípios de uma doutrina, apresentado como certo e indiscutível,


indubitável, incontestável. Na Maçonaria tudo pode ser discutível; os
princípios são mais racionais. A Ordem Maçônica é adogmática. Em
consequência, a Maçonaria é Universal., isto é, aplicável, abrangentemente,
por qualquer pessoa a todas as coisas. É universal porque é passível de ser
exercida ou aproveitada por todos os homens livres e de bons costumes, de
qualquer crença. A Maçonaria se adapta a uma generalidade de situações e
necessidades: é universal. Por isso é adogmática e por isso a Maçonaria não
é uma religião. Os landmarks não são dogmas, mas, sim, princípios e normas
com interpretaões diversas e diferentes. ( EXPLICA-SE)
Explico: como a Maçonaria é universal, cada símbolo, alegoria, lenda, palavra,
tem uma interpretação individual, subjetiva, um julgamento conforme a
própria consciência. Claro que os Irmãos que não pensam, aqueles que
apreciam os rituais pelos rituais, os místicos, não usam estas interpretações
individuais, não tem um julgamento conforme sua própria consciência, “vão
na onda” e aceitam qualquer coisa. Transformam cada símbolo, alegoria,
lenda ou palavra num dogma: “é assim porque está escrito no ritual”. O
mesmo se passa com os landmarks: se não se discute, não se interpreta, não
tem um julgamento subjetivo, transforma-se em dogmas. Essencialmente a
Maçonaria é adogmática, especialmente as dos ritos deístas ou agnósticos.
Mas, como a Maçonaria é universal, há os teistas e os dogmáticos. Temos
que usar de tolerância para conviver maçônicamente entre teistas, deístas,
dogmáticos, agnósticos, espiritualistas e religiosos. Afinal, a M.’. é mesmo
universal. Há, entre os Irmãos, os festeiros, banqueteiros, bebuns e
participantes de festivais. Há lugar para eles na M.’.; mas eles não pensam,
são peões, “plebeus”, povão. Em geral, estes são bons cozinheiros e bem
alegres. Tem seu lugar. Só não podem ser maioria. O problema maior são os
“mau caráter”, os profanos bandidos de avental. Estes deveriam estar fora
dos templos.
Estou divagando e saindo do contexto. Desculpe-me.

Para que estas premissas? Para se chegar a um raciocínio primordial;


cada símbolo, cada alegoria, cada ferramenta, cada palavra do ritual, cada
ação ritualística pode ter uma interpretação e um simbolismo individual. Não
são dogmáticos. As interpretações ficam no âmbito da individualidade,( o
que você quer dizer com isso. Talvez que cada maçom tem sua interpretação
própria de tudo que há dentro da Ordem?)
Acho que a resposta (do que penso).
um julgamento segundo a própria consciência de cada maçom. Mais ainda: as
interpretações simbólicas são dinâmicas: variam no tempo e no espaço.
(será)
Creio mesmo que as interpretações variam no tempo e no espaço. Acontece
conosco: as vezes nos fixamos em algo (interpretação) e depois de algum
tempo pensamos diferente (outra interpretação sobre o mesmo símbolo). O
mesmo com espaço: os Irmãos do Japão (povo muito espiritualista) pensam
(e interpretam) certamente diferente dos franceses iluministas.

Dito isto, expõe-se uma interpretação simbólica, não dogmática e que


não se acha nos rituais maçônicos. Os três graus simbólicos descrevem os
mistérios esotéricos do nascimento (1º grau), da vida (2º grau) e da morte
(3º grau). A iniciação (o início do 1º grau) simboliza o nascimento; depois de
um tempo em trevas, nasce-se para uma vida mais virtuosa ao se ter
conhecimento da Luz. No 2º grau, trata-se da passagem breve pela vida e
instrução do maçom; observe que “breve” é a interpretação simbólica do
menor interstício entre todos os graus simbólicos --- apenas 6 meses. No 3º
grau, trata de uma alegoria epopeica da morte. Objetiva preparar o Mestre
Maçom para a certeza de que todos os homens morrem. Objetiva, pois, a
aceitação natural da morte, respeitando-se a crença de cada um.(visualizar
a morte, como mestre, para os sentidos da vida profana, ou com somente
uma preparação para a morte real do homem. Poderíamos dizer então que a
plenitude do homem é a sua morte? O mestre morre para que?)
A morte sempre foi o grande mistério. Na minha opinião, foi por tentar
interpretar o que é a morte que surgiram os sentimentos religiosos,
transcendentais. Na medida em que o Maçom aceitar a morte (não
necessariamente entende-la) será mais fácil enfrentar a hora derradeira.
Nunca pensamos na morte. Só se pensa na morte quando morre alguém muito
próximo. E a tendência é, então, para o desespero. Difícil é responder: “o
mestre morre para que?” Seria entender a morte. O que digo é diferente:
aceitar como coisa mais natural, não explicar, entender. A explicação só
pode ser transcendental. O mesmo com outra sua pergunta:”...a plenitude do
homem é a sua morte?” Responder isto, de maneira não religiosa, é, na minha
opinião, impossível. Permanece o grande mistério.

2. A Filosofia Simbólica do 2º grau:


O 2º grau trata, realmente, de uma passagem, como se denomina a
iniciação no 2º grau no Rito de York, Em outros ritos, a passagem ao 2º grau
denomina-se “elevação”. Trata-se, simbolicamente, da elevação instrucional,
educacional, para formação do aprendiz maçom na “ciência”, no
conhecimento, simbolicamente representada pela Geometria, a mais antiga,
a mais nobre e considerada ciência, entre os gregos e egípcios. O Supremo
Cientista é denominado, no 2º grau, o Grande Geômetra do Universo. Mais
uma vez, o seu significado depende da crença de cada um.( Mas a Ordem
também da a sua interpretação, embora cada um tenha que fazer seu juízo e
no sentido figurado interpretar essa passagem)
Concordo plenamente.
A Geometria é um dos símbolos no centro do templo: a letra G.(por que?)
Prefiro definir a letra G como Geometria, do que como Deus (God) ou Gnose.
Sugiro ler (e discutir comigo) o ensaio sobre Geometria que está publicado
em meu livro. Será uma discussão muito útil e que aprenderei muito.
Há ainda outro símbolo que deve ser destacado no 2º grau: o ponto.
Cientificamente, o ponto é uma noção geométrica primitiva, a partir do qual
são gerados todos os conceitos, linhas, planos e figuras geométricas. Na
Geometria o ponto não possui volume, massa, área, comprimento ou qualquer
dimensão. Assim, o ponto é um objeto de dimensão zero, ou uma esfera de
diâmetro zero. Euclides2 definiu o ponto como “o que não tem partes”,
“íntegro”. O ponto é o gerador, o criador de todas as formas geométricas.
Simbolicamente, portanto, o ponto é o Criador, o Grande Geômetra do
Universo. “Um ponto é o Centro [do Compasso] no qual um Mestre Maçom
não pode errar”. É questão de foro íntimo do maçom, dependendo de sua
crença, sua cultura e sua consciência, como se define o Criador. (?)
Acho que V. mesmo falou disso acima.
Porque um maçom portador do 2º grau é denominado Companheiro
Maçom (Fellow Craft em inglês; Compagnons Maçons em francês; der
Geselle em alemão; Compañero em espanhol; Compagno di Mestiere em
italiano)? O companheiro maçom é simbolicamente voltado para a formação
do homem e da humanidade e para a importância do trabalho maçônico
(maçom é o pedreiro que trabalha com Geometria). O termo “companheiro”
refere-se ao trabalho fraterno; a palavra companheiro vem do latim “cum
panis”, isto é, aquele com quem se comparte o pão. (Eis aqui uma
interpretação sólida do termo, inclusive deve ter inspirado nosso LULA e
toda sua turma, mas somente esqueceram de compartilhar o pão com o povo
na hora que puseram a mão nele.)
Concordo. Lula não sabe nada, muito menos o significado de companheiro.
Observe que o sinal do 2º grau é dividido em três partes: 1. O sinal de
fraternidade (companheiro = compartir o pão); 2. O sinal de saudação ou de
perseverança (luta pela vida, perseverar na instrução); 3. O sinal penal (é
preferível ter o coração arrancado do peito a indevidamente revelar os
segredos). A Palavra sagrada Jachin (ou Jakin), pronuncia-se Yákin --- ‫יָכִ ין‬
--- significa, em Maçonaria, estabelecer ou a estabilidade, a firmeza,
simbolizando, também, estabelecer a vida e a instrução corespondente ao 2º
grau (Ciência, a Geometria). Jachin, na Maçonaria, é o assistente do Sumo
Sacerdote do Templo de Salomão, que presidiu a consagração do templo.
Jachin, na Bíblia, foi um personagem menor; era filho de Simeão, segundo
Gênesis 46: 10, Êxodo 6: 15 e Números 26: 12, uma das 70 almas para
migrar, com Jacob, para o Egito.
Os instrumentos de trabalho do 2º grau, o Esquadro (the square), o
Nível (the level) e o Prumo (the plumb line). O Esquadro instrui a moral
maçônica: o esquadro ensina a moralidade e instrui o maçom a regrar sua
conduta. O nível ensina a igualdade e mostra que todos não apresentam
desníveis. O prumo, a correção e a retidão na vida e nos atos e a justiça nas

2
Euclides de Alexandria (Εὐκλείδης), professor, matemático, escritor e filósofo
possivelmente grego, nasceu em 360 a.E.V. e faleceu em 295 a.E.V.. Considerado o “Pai da
Geometria”, viveu em Alexandria, Egito. A definição de “ponto” está em sua obra “Os
Elementos” ( Στοιχεῖα ),, em 13 volumes, escritos circa do ano 300 a.E.V..
relações humanas. “Pois, por esquadria na conduta, passos nivelados e
intenções retas, esperamos ascender às imortais mansões de onde emana
toda a bondade.”

3. Considerações finais:
Reproduz-se, aqui, as palavras de Nietzsche3: “Quem deseja
aprender a voar deve primeiro aprender a caminhar, a correr, a escalar e a
dançar. Não se aprende a voar voando.” Neste aforismo Nietzsche afirma
que quem espera levantar voo sem antes passar pelo aprendizado está
condenado a uma queda fatal. O rito de passagem, após iniciação, são
degraus para que o maçom alcance graus superiores. É importante, perante
um grande objetivo, saber graduar os passos que devem ser conquistados
pouco a pouco. Com muita instrução e aprendizado.
Ir. Lima,
Achei seu trabalho muito bom, interpretativo, conciso, fácil
leitura e sobretudo robusto, mas sem ter um aprofundamento
esbanjado para dificultar a compreensão, por isso ele esta ótimo.
As observações que fiz, eu simplesmente procurei fazer as
possíveis perguntas que serão feitas após sua apresentação.
Obrigado pelos comentários. Fez-me pensar. Sugiro comentar o adendo
“Entrela Flamígera”.
Quando a observação relativa ao termo “Companheiro”, é somente
uma pequena brincadeira, que não deve ser elevada em conta, pois
trata-se somente de uma constatação que me ocorreu no momento
para a atual situação politica do Brasil, com o PT no comando.

Um grande abraço.

Sidney Dias Jr.

3 Friedrich Wilhelm Nietzsche, filólogo e filósofo alemão, nasceu em Röcken (estado da


Saxônia-Anhalt), em 1844 e faleceu em Weimar (estado da Turíngia), em 1900.

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