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A Bíblia não apenas afirma haver um credo ateu. Ela também nos fornece
uma avaliação desse credo: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus”
(Salmo 14:1). Em seu novo livro O Absurdo da Incredulidade, Jeffrey
Johnson demonstra habilmente que o escritor das Escrituras não está
proferindo insultos nem praticando ad hominem. Pelo contrário, como
Johnson mostra, a Bíblia está simplesmente dizendo a verdade. Rejeitar o
Deus triuno das Escrituras e substituí-lo por uma cosmovisão não bíblica é
profundamente irracional! Como Johnson defende essa tese (e afirmação
bíblica)? Primeiro, argumenta que as crenças humanas não são neutras, mas
são, de certa forma, tendenciosas e pré-condicionadas. Em seguida, passa a
expor, por meio de reductio ad absurdum, a irracionalidade das principais
filosofias das religiões não bíblicas do mundo. Por fim, expõe
cuidadosamente os argumentos e as evidências da veracidade do cristianismo,
e conclui com um sincero e humilde apelo para que o leitor incrédulo receba
o Evangelho de Jesus Cristo, o único que pode restaurar o verdadeiro
significado do mundo, e no qual está a verdadeira sabedoria de Deus. O
Absurdo da Incredulidade desafiará o ceticismo do incrédulo e confirmará a
fé do crente. Eu o recomendo altamente!
— Robert R. Gonzales Jr., autor de Where Sin Abounds
O novo livro de Jeffrey Johnson, O Absurdo da Incredulidade, demonstra o
absurdo da maioria das cosmovisões que se apresentam como verdade —
naturalismo, relativismo, ateísmo, existencialismo, panteísmo, materialismo e
as demais. Ele examina claramente as premissas de cada sistema de
pensamento e demonstra as suas muitas contradições. Sua erudição e
entendimento histórico de todo o campo da filosofia e das outras, assim
chamadas, religiões são evidentes ao longo do livro. Ele fez um trabalho
magistral ao mostrar que a cosmovisão cristã é o único sistema que atenderá a
todas os testes da lógica e da ética. Ele conclui essa excelente obra com um
apelo emocionante para que nos submetamos ao Deus das Escrituras, quem
nos deu o seu filho, Jesus Cristo, o qual nos purificará de todo o nosso pecado
e culpa. Confiar em qualquer uma das outras posições filosóficas ou
religiosas que se recusam a aceitar a oferta graciosa de salvação de Deus é
realmente um absurdo!
— Curtis C. Thomas, autor de Practical Wisdom for Pastors
A Natureza da Incredulidade
A Fé Não é Cega
“Em nome de Jesus!”. Essa foi a declaração que saiu da boca do motorista
desorientado ao fechar os olhos e sair rumo ao trânsito intenso. Para alguns,
isso foi um ato de fé — um salto cego na escuridão. Infelizmente, esse
motorista insensato, que tinha uma noção equivocada da fé, pode ser uma
pessoa real. Porém, ainda mais assustadora é a realidade de que ele não está
sozinho em sua compreensão da fé.
Existem tantas visões não bíblicas acerca da fé que se tornou difícil
discernir como a verdadeira fé é. É comum pensar que a fé é um
conhecimento que existe entre a certeza e a dúvida. A fé não é dúvida plena,
mas também não é certeza. Se tivéssemos certeza, não precisaríamos de fé
para crer. Nas palavras de Paul Tillich (1886-1965), um dos teólogos liberais
mais influentes, “a fé inclui tanto a si mesma quanto a dúvida de si mesma”.
[1]
Pensa-se que a fé até pode não ser completamente irracional, mas nem
sempre ela é baseada na razão. Da mesma forma que as crianças tendem a
acreditar em superstições, como OVNIs, o Pé Grande e o monstro do Lago
Ness, a fé em Deus exige que nos tornemos como crianças e desliguemos
nosso senso da realidade. De que outra forma poderemos acreditar nos
milagres sobrenaturais de Cristo, se não dermos um salto de fé? A fé na
divindade e ressurreição de Cristo é algo um pouco forçado. Somente pela fé
superamos a dúvida que decorre da razão e da experiência. É como se
dissessem: Eu não tenho motivos racionais ou empíricos para crer que essa
cadeira existe, e tenho ainda menos certeza de que ela poderá aguentar o meu
peso; contudo, pela fé sou capaz de dar um salto na escuridão e me sentar. A
fé, de acordo com esse modo de pensar, é cega. E a evidência pode até
mesmo contradizer a fé. Segundo o ateu Richard Dawkins, a fé é “a confiança
cega na ausência de evidências, e mesmo diante de evidência clara”.[2] Ou, se
evidências ou justificativas fossem necessárias, como alguns diriam, não
haveria necessidade de ter fé. A fé é um salto na escuridão, pois, afinal, é isso
que significa “andar pela fé e não pela vista”.
Separando a Razão da Fé
Parece que grande parte da confusão se concentra na relação entre fé e
razão. Há um esforço, começando por aqueles que pregam que a fé é
contrária à razão até aqueles que afirmam que a fé é independente da razão,
para separar a razão da fé.
Um exemplo de alguém que separou a razão da fé é o pseudo-Dionísio,
o Areopagita. Dionísio foi o místico cristão mais influente do século V, e
provavelmente durante toda a Idade Média. Ele construiu a sua teologia
mística sobre a ideia de que Deus é inefável (isto é, completamente
incognoscível). Dionísio afirmou que Deus transcende todo pensamento e
está além de qualquer comparação humana: “Se todos os ramos do
conhecimento pertencem às coisas que existem, e se os seus limites têm
referência ao mundo existente, então o que está além de todo ser também
deve ser transcendentemente acima de todo conhecimento”.[3]
Dionísio continuou alegando que não havia um conceito cognoscível
que pudesse descrever corretamente Deus. “Não devemos ousar falar, ou
mesmo formar alguma concepção, da divindade superessencial oculta”.
Outrossim, ele disse: “Aquele que está além do pensamento ultrapassa a
apreensão do pensamento, e o Deus que está além da expressão ultrapassa o
alcance das palavras”.[4] E visto que Deus não pode ser descrito pelo uso de
qualquer linguagem compreensiva, é melhor entender Deus pelas coisas que
ele não é (Via Negativa, também conhecida como teologia apofática).
O que Deus não é? Em primeiro lugar, Deus não é uma pessoa. O
homem é um ser pessoal; o homem é pessoal porque pode ser distinguido de
outras pessoas. A personalidade, portanto, é algo finito, algo separado do
todo e algo distinguível. Deus, no entanto, é infinito, simples e absoluto.
Deus transcende todas as formas de separação; Deus é Unidade. Assim, Deus
está além da personalidade; Ele é “Super-Pessoal”, como Dionísio costumava
dizer.
Em segundo lugar, de acordo com Dionísio, uma vez que Deus é
Unidade, Ele nem mesmo é um ser consciente. Por quê? Porque a consciência
implica um estado de pensamento, e o pensamento implica autoconsciência.
A autoconsciência não pode acontecer sem que um objeto pensante faça uma
distinção entre os seus pensamentos e o que está sendo pensado. Assim, há
uma separação, pelo menos na mente, entre o sujeito pensante e o objeto do
pensamento. Entretanto, em Deus não pode haver diferenciação ou divisões.
Em terceiro lugar, à medida que avançamos na cadeia do absurdo, Deus
sequer existe. Nas palavras de Dionísio: “Ele não foi, nem será, nem entrou
no processo da vida, nem entrará, nem jamais o fará, ou melhor, nem sequer
existe”.[5] Por quê? Segundo Dionísio, a palavra existência implica uma
distinção entre o que existe e o que não existe. Deus está além de todas as
distinções. Deus é Unidade.
Em quarto lugar, Dionísio chegou ao ponto de minar o fundamento de
todo o seu argumento. A razão pela qual Deus não é uma pessoa, um ser
consciente ou mesmo um ser que existe é que Ele é a Unidade absoluta.
Segundo Dionísio, Unidade é a única palavra que melhor descreve Deus.
Deus é um, porque ele é simples, ele é sem divisões ou limitações. Deus
transcende todos os limites. Contudo, segundo Dionísio, mesmo a palavra
unidade fica infinitamente aquém quando empregada para definir Deus.
Embora possa ser o melhor termo humano para ajudar a impulsionar nossas
mentes para fora da escuridão desconhecida do nada, ele permanece
inadequado para nos levar a qualquer conhecimento verdadeiro do
Incognoscível. O termo unidade falha porque implica uma distinção e
separação daquilo que é plural ou dividido. Deus não é um nem muitos — Ele
transcende os dois. Assim, Deus (se é que ele pode ser chamado de Deus
neste momento) não é sequer Unidade. Ele é, como Dionísio afirmou,
“Super-Unidade”.
Então, por fim, Deus está além da essência, consciência, vida,
existência e unidade, porque ele é absoluto e infinito. No entanto, porque
Deus é inefável, ele também está além de ser absoluto e infinito. Deus
transcende todas as palavras humanas, até mesmo a palavra transcendência.
Se Dionísio está correto, o que resta? Nada. Dionísio, de uma maneira
absurda, deseja nos fazer crer em um Deus incognoscível que sequer existe.
A negação mística de Dionísio influenciou grandemente outros
místicos medievais, como Bernardo de Claraval (1090-1153), Francisco de
Assis (1182-1226) e Boaventura (1221-1274). Por exemplo, Boaventura, em
seu livro The Journey of the Mind to God, baseou-se fortemente nos escritos
de Dionísio. Ele começou esse livro com as seguintes palavras:
Portanto, Dionísio em sua “Teologia Mística”, desejando nos instruir
acerca daquelas ações transcendentes da alma, estabelece a oração
como a primeira condição… Por essa oração, somos levados a
discernir os graus da ascensão da alma em direção a Deus. Pois, na
condição atual, esse universo de coisas é uma escada pela qual
podemos ascender a Deus.[6]
Como alguém ascende a Deus? Depois de contemplar o que é revelado,
é preciso, então, começar a contemplar o que não é revelado:
Ó amigo, busque com ousadia a visão mística, abandone a obra dos
sentidos e as operações das faculdades racionais, deixe de lado todas
as coisas visíveis e invisíveis, existentes e não existentes, e se apegue
tanto quanto possível e imperceptivelmente, à unidade daquele que
transcende todas as essências e todo conhecimento.[7]
Alguns anos depois, Meister Eckhart (1260-1328) explicou a maneira
prática de iniciar experiências místicas de atividade irracional. Ele declarou:
“‘Não devemos orar, ler ou ouvir um sermão…? Não!’, respondeu Eckhart,
‘Você pode ter certeza de que o silêncio e a ociosidade perfeitos são o melhor
que você pode fazer. Devo ficar na escuridão?’”, Eckhart respondeu, “Sim,
de fato. Você não poderia fazer nada melhor do que ir para onde está escuro,
ou seja, a inconsciência”.[8]
Conclusão
Dionísio e os místicos que o seguiram queriam que confiássemos em
nada. A teologia mística remove nossa necessidade de ter fé no Deus da
Bíblia. A fé nas reivindicações da verdade da Bíblia não é necessária. Por
quê? Porque Deus não pode ser conhecido pelas reivindicações da verdade. A
única coisa que pode nos conectar com Deus, se ele pode ser chamado de
Deus, é uma experiência mística inconsciente. Isso é realmente um salto cego
na escuridão.
2
A Fé Não é uma Experiência
Em vez de a fé ser um salto cego na escuridão, para outros, ela é mais como
uma experiência espiritual ou transcendental que leva uma pessoa a aceitar o
que de outra forma seria inacreditável. A fé é a causa ou o efeito de um
encontro sobrenatural com o Divino. Embora essa experiência espiritual
transcenda os poderes racionais da mente e os sentidos empíricos do corpo,
ela não pode ser negada por aqueles que creem. Deus é real, pelo menos para
aqueles que o experimentam.
Søren Kierkegaard
Podemos ver traços dessa noção de fé nos escritos de Søren
Kierkegaard (1813-1855).
Kierkegaard, o pai do existencialismo, ficou indignado com o
formalismo da Igreja Nacional Dinamarquesa. A Igreja da Dinamarca foi
atormentada por dois problemas. O primeiro problema foi que a igreja era
composta, em grande parte, por cristãos nominais. Para receber uma certidão
de nascimento, receber uma licença de casamento e ser enterrado no
cemitério da igreja, uma pessoa precisava ser registrada e batizada na igreja.
Essa união entre estado e igreja pode ter aumentado o número de membros
desta, mas também a encheu de incrédulos. Embora a Bíblia fosse pregada e
o catecismo de Lutero fosse memorizado, a fé pessoal e experimental em
Cristo não era mais necessária para ser cristão. Kierkegaard ficou alarmado
com a falta de fé pessoal e experimental dos membros da igreja.
A segunda preocupação para Kierkegaard foi a onda de racionalismo
que varria a Alemanha e a Dinamarca. O racionalismo inundou as
universidades e, quando a onda baixou, acabou entrando na igreja pela porta
dos fundos. Como consequência dessa tempestade, o texto bíblico foi
despojado de todos os seus elementos sobrenaturais. De uma rejeição da
inspiração divina até uma rejeição dos milagres registrados, o racionalismo
da alta crítica alemã neutralizou completamente o aspecto sobrenatural da
Bíblia. A preocupação de Kierkegaard era que sem uma religião sobrenatural
os cristãos não seriam mais obrigados a ter uma fé sobrenatural em um Deus
sobrenatural. Os não crentes eram acrescentados à igreja estatal ainda em sua
incredulidade e nunca eram chamados a crer em um Deus sobrenatural depois
disso. A igreja parecia ter perdido completamente a fé.
Immanuel Kant
Como isso aconteceu? Na geração que precedeu Kierkegaard,
professores de teologia e pastores foram grandemente influenciados pelos
escritos de Immanuel Kant (1724-1804).
Kant cria que todo conhecimento começa com a experiência:
Que todo o nosso conhecimento começa com a experiência, não resta
dúvida. Pois como é possível que a faculdade da cognição deva ser
despertada para o exercício, a não ser por meio de objetos que afetam
nossos sentidos e que, em parte, por si mesmos produzam
representações, e, em parte, despertem nossas capacidades de
entendimento para a ação, a fim de comparar, conectar ou separá-los
e, assim, converter a matéria-prima de nossas impressões sensoriais
em um conhecimento dos objetos, o que chamamos de experiência?
Com relação ao tempo, portanto, nenhum conhecimento nosso é
antecedente à experiência, mas começa com ela.[9]
O conhecimento começa com a experiência, mas a experiência é
restringida pelas limitações dos sentidos. Por exemplo, nossos olhos só
conseguem captar o que são capazes de ver; nossos ouvidos só podem ouvir
as ondas sonoras que nossos tímpanos são capazes de detectar; nossa língua
só pode provar aquilo que o paladar é capaz de sentir; nossos dedos só podem
sentir as texturas que nossos mecanorreceptores e nervos musculares são
capazes de perceber; e nosso nariz só consegue cheirar os aromas que podem
ser detectados pelos neurônios receptores olfativos. E se houver outros
aromas, cenas e sons que somos incapazes de perceber? Quem pode dizer que
a realidade não consiste em outras dimensões e propriedades? Quem pode
dizer que se tivéssemos um sexto sentido, não teríamos um conhecimento
adicional do universo? Cada um dos cinco sentidos só consegue perceber de
acordo com suas habilidades; então, quem pode dizer que nossos sentidos
estão corretos e detectando plenamente o que é real?
Além das limitações dos sentidos, antes que as sensações recebidas
sejam processadas, classificadas e catalogadas pela mente, elas são meros
fragmentos de estímulos desorganizados e indiscerníveis. Como a confusão
de um quebra-cabeça de 500 peças antes de ser montado, as meras sensações
vindas do mundo externo não fazem sentido sem que a mente processe e una
essas peças desordenadas.
As sensações precisam ser organizadas e processadas para que o
conhecimento seja alcançado. Embora o conhecimento comece pela
experiência, somente a experiência não nos fornece conhecimento. Para
construir o conhecimento, a mente deve fornecer à priori os conceitos de
espaço e tempo às sensações recebidas. Isso deve ser assim, visto que modos
de percepção, espaço e tempo não são observados pelos sentidos, pois não
são propriedades do mundo exterior. Espaço e tempo são conceitos
fornecidos pela mente para as experiências sejam sentidas. Somente depois,
quando os conceitos de espaço e tempo são aplicados às sensações, é que elas
se tornam percepções.
No entanto, as percepções ainda não são classificadas como
conhecimento, pois ainda precisam de processamento adicional. As
percepções desconexas devem ser filtradas e devidamente arquivadas nas 12
categorias do entendimento (tais como ideias de causa, unidade, relação
recíproca, necessidade, contingência etc.) antes de formarem o conhecimento.
Em resumo, somente após as sensações serem processadas através dos
conceitos mentais de espaço e tempo é que elas se tornam percepções, e
somente depois é que as percepções são filtradas pelas categorias mentais e
então formam o conhecimento.
Isso implica que a mente não é um tablete de cera passiva que espera
ser moldada e modelada pela experiência, mas sim que a mente é um órgão
ativo que coordena e transforma as sensações caóticas (reunidas pelas
experiências sensoriais do mundo exterior) em ideias. Segundo Kant, sem
que a mente forneça, à priori, esses conceitos para a experiência, o
conhecimento é impossível.[10]
Mas isso tem consequências. Isso significa que ordem e estrutura são
conceitos da mente, e não do mundo. O mundo, tanto quanto sabemos, não
tem nenhuma ordem ou estrutura. Mais importante, isso significa que as leis
da natureza (como a causalidade) são meramente as leis do pensamento. A
mente fornece ordem ao mundo. Em outras palavras, as leis da natureza não
estão na natureza, mas são fornecidas pela mente.
Embora o conhecimento se origine do mundo exterior, o conhecimento
do mundo exterior (como é em si) é incognoscível. Não podemos conhecer o
mundo como ele é, mas apenas como nossas mentes interpretam o mundo.
Segundo Kant, é impossível conhecer a realidade como ela verdadeiramente
é; tudo o que conhecemos com certeza é nossa percepção da realidade. Vendo
que nossas percepções internas são moldadas e organizadas pelas categorias à
priori, o mundo exterior permanece inacessível, protegido por um muro
intransponível. Segundo Kant, só podemos conhecer as coisas conforme elas
se apresentam diante de nós, e não como elas são “em si mesmas”.[11]
Se Kant estava certo, então esse “muro” (conhecido como muro
transcendental), que separa a percepção subjetiva da realidade objetiva, muda
tudo. Se os objetos objetivos do universo, como coisas em si, estão por trás
do muro transcendental, quanto mais um Deus invisível e imaterial
permanece incognoscível? Kant, por incrível que pareça, permaneceu
religioso, pois alegou que achava necessário negar o conhecimento de Deus
para dar lugar à fé em Deus. Mas a fé em Deus não se baseia em nenhum
conhecimento concreto. Como Bryan Magee, em seu livro The Story of
Philosophy, concluiu: “Ele [Kant] demoliu as chamadas ‘provas’ da
existência de Deus e, ao fazê-lo, reduziu aos escombros grande parte da
filosofia de séculos… A partir de Kant, foi aceito quase universalmente por
pensadores sérios que a existência de Deus não é algo que possa ser
provado”.[12]
Friedrich Schleiermacher
Como você pode imaginar, a filosofia de Kant teve um efeito
devastador sobre a igreja, pois destruiu a fé de muitos. Uma dessas pessoas
afetadas negativamente foi Friedrich Schleiermacher (1768-1834), pai da
teologia liberal moderna.
Depois que Schleiermacher deixou a sua família pietista e saiu de sua
casa para estudar na Universidade de Halle, ele começou a estudar a filosofia
de Kant. No processo, Schleiermacher tornou-se cada vez mais cético em
relação às reivindicações sobrenaturais do cristianismo. Ele acabou
escrevendo para o seu pai aflito com estas palavras:
A fé é a prerrogativa real da Divindade, você diz. Ah, querido pai, se
você acredita que sem essa fé ninguém poderá alcançar a salvação no
mundo vindouro, nem a paz neste — e sei que essa é a sua crença —
então ore a Deus que me conceda tal fé, pois eu a perdi. Não consigo
acreditar que aquele que chamava a si mesmo de Filho do homem era
o Deus verdadeiro e eterno; não acredito que a morte dele tenha sido
uma expiação vicária.[13]
Schleiermacher, em parte, abraçou a filosofia de Kant. Se Deus e a
realidade última, como coisas em si mesmas, estão trancados atrás de um
muro transcendental, então não pode haver conhecimento absoluto do Divino.
Isso significa que a Bíblia não poderia ter uma origem divina ou sobrenatural.
Consequentemente, uma vez que o sobrenatural é removido das páginas das
Escrituras, os milagres, a divindade de Cristo e todos os outros elementos
sobrenaturais devem ser removidos também.
O cristianismo ainda pode atuar sem o sobrenatural porque, segundo
Schleiermacher, a essência da religião é uma experiência religiosa.[14] A
Bíblia ainda é importante, não porque é autoritativa no que afirma, mas
porque é uma expressão confiável das experiências religiosas da igreja antiga.
[15]
A teologia liberal moderna floresceu sobre esse fundamento humanista.
No entanto, de modo estranho, Schleiermacher permaneceu um cristão
professo e até se tornou um pastor influente. Enquanto isso, ele se tornou um
dos principais colaboradores da alta crítica bíblica, que teve efeitos danosos
sobre a igreja.
E isso nos traz de volta à vida de Kierkegaard. Como Kierkegaard
“salvaria” o cristianismo da falta de crença no sobrenatural? O cristianismo
não é destruído quando o sobrenatural é eliminado? De que adianta uma
religião sem um Deus sobrenatural? Kierkegaard sabia que um cristianismo
não sobrenatural era inútil. Ele também sabia que o cristianismo deveria ser
mais do que um nome; deveria ser uma fé “apaixonada”. E com a ideia de
que o cristianismo é o principal exercício de fé apaixonada, Kierkegaard
criou uma solução que poderia fazer os crentes “saltarem” sobre o muro
transcendental de Kant.[16] Sua solução não foi defender a certeza objetiva da
historicidade da fé cristã, mas enfatizar a interioridade de uma fé apaixonada.
Segundo Kierkegaard, Deus é o paradoxo absoluto. Deus não pode ser
compreendido pelo raciocínio humano. Como Deus é “completamente
diferente” de nós, qualquer tentativa de entendê-lo termina em fracasso.
Quando tentamos explicar Deus, não podemos deixar de fazê-lo à nossa
própria imagem, atribuindo erroneamente as qualidades humanas à sua
natureza.
Deus ser paradoxal ao raciocínio humano não significa que é irracional
crer em Deus. Deus ser paradoxal, no entanto, significa que qualquer
concepção humana de Deus leva a aparentes absurdos ou contradições. Isso é
especialmente verdade quando tentamos entender a encarnação. A partir de
nossa perspectiva finita, parece absurdo que um Deus infinito e atemporal
possa ser unido ao tempo e ao espaço em um corpo humano. Embora isso
possa não ser uma contradição formal, vai além do alcance da razão.
Mas onde a razão é insuficiente, a fé dá um “salto”. A fé transcende a
razão e a percepção dos sentidos, fornecendo uma experiência existencial de
Deus. Embora a razão e a percepção sensorial sejam incapazes de dar
evidência objetiva do sobrenatural, a fé (à medida que é operada
sobrenaturalmente pelo Espírito) não precisa de razão lógica ou prova
empírica para crer.
E se, por um lado, a certeza objetiva é inatingível, por outro, essa
certeza objetiva não é necessária para a fé. Para que a fé dê um salto
apaixonado, a razão deve “deixar a si mesma de lado”. Segundo Ronald
Green, professor de religião em Dartmouth, a fé em Kierkegaard é “um salto
para além do conhecimento, um salto para o absurdo”.[17] Contudo, Stephen
Evans, professor de filosofia de Baylor, nos lembra que a crença no absurdo
não é crer em uma contração lógica, mas crer em uma aparente contradição
— um paradoxo.[18] Por exemplo, pela fé, Abraão esteve disposto a fazer algo
que, humanamente falando, aparentava ser completamente contrário à razão.
Ele se dispôs a seguir a Deus e sacrificar o seu filho. “Mas Abraão tinha fé”,
argumentou Kierkegaard, “e não duvidou. Ele cria no absurdo”.[19]
Segundo Kierkegaard, “verdade é subjetividade”.[20] “Somente na
subjetividade há decisão”.[21] Somente a fé pode operar na subjetividade.
Kierkegaard definiu a verdade como uma “incerteza objetiva, sustentada na
apropriação da mais apaixonada interioridade”.[22] A incerteza objetiva é o
que alimenta a fé: “Sem risco, sem fé. A fé é a contradição entre a paixão
infinita da interioridade e a incerteza objetiva. Se eu sou capaz de apreender
Deus objetivamente, não tenho fé; mas porque não posso fazê-lo, devo ter
fé”.[23]
Em outras palavras, sem dúvida, a fé é inexistente. Segundo
Kierkegaard, a objetividade destrói a fé.[24] Mas é por isso que a fé é
necessária. Pela fé apaixonada, os crentes podem “saltar” o muro da dúvida
racional e se apegar firmemente ao absurdo.
Karl Barth
Karl Barth (1886-1968), possivelmente o pensador teológico mais
influente do século XX, concordou com Kierkegaard que a essência da fé é
um apossar-se subjetivo de Cristo. Para Barth, Cristo é a Palavra de Deus
objetiva. E a Bíblia? Segundo Barth, a Bíblia tem autoridade não porque é
isenta de erro humano, mas porque dá testemunho de Cristo e o Espírito
Santo pode escolher iluminar esse testemunho para esclarecer nossos
corações. Barth afirmou: “A Escritura é santa e a Palavra de Deus, porque
pelo Espírito Santo, ela se tornou e se tornará para a igreja uma testemunha
da revelação divina”.[25] Nesse sentido, “a Bíblia é a Palavra de Deus, na
medida em que Deus permite que seja a sua Palavra, na medida em que Deus
fala por meio dela”.[26]
Portanto, Barth não via a historicidade da vida, morte e ressurreição de
Cristo como uma questão relevante. Não que ele negasse a historicidade de
Cristo, mas que a resposta não era pertinente à fé. Segundo Barth, o que é
relevante e importante é que o Espírito revele a Cristo, que é a Palavra de
Deus, aos nossos corações.
Não é a fé em um documento, mas a fé em uma pessoa viva que salva.
É no momento em que cremos, pelo poder do Espírito Santo, que a vida, a
morte e a ressurreição de Cristo significam efetivamente algo para nós.
Assim, de acordo com Barth, o conhecimento de Deus vem pela experiência
de um relacionamento pessoal com Cristo Jesus através da fé.
Rudolf Bultmann
Rudolf Bultmann (1884-1976) foi ainda mais radical na tentativa de
separar a fé da realidade. Ele concordou com Kierkegaard e Barth que a
principal preocupação no cristianismo é a fé em Cristo, mas a crença no Jesus
histórico era opcional. Em sua Demythology, Bultmann tentou remover os
aparentes mitos das páginas das Escrituras.[27] É a verdade espiritual por trás
da história que importa, não a historicidade da história. Para Bultmann, a
história da ressurreição não é um fato histórico tanto quanto é uma história
simbólica que retrata a nova vida e a esperança que os crentes têm em Cristo.
É a fé existencial na mensagem do Evangelho (não a crença na historicidade
do Evangelho) que salva os crentes de uma vida sem esperança e consolo.
Paul Tillich
O teólogo Paul Tillich (1886-1965), no entanto, levou o existencialismo
à sua conclusão lógica — ao ateísmo. Como o misticismo de Dionísio, o
existencialismo de Tillich afirmou que Deus (em si mesmo) é
incompreensível. Em sua avaliação da teologia de Tillich, Carl Armbruster
afirmou que a “declaração mais fundamental que Tillich faz sobre Deus é que
ele é o próprio ser”.[28] Armbruster, contudo, continuou dizendo:
“Negativamente, isso significa que Deus não é um ser, nem mesmo o mais
elevado, ao lado de outros seres… Ele está além da essência e da existência,
porque, como ser em si, não participa do não ser e da finitude. Ele não
existe”. Ou seja, Deus está além de toda concepção possível sobre Deus.
Embora Tillich não acreditasse que Deus existisse como uma realidade
independente, afirmava que termo Deus ainda era útil. E útil não porque o
termo Deus comunica algo real sobre esse ser supremo e incompreensível,
mas porque simboliza nossa preocupação última. “Deus é o símbolo
fundamental para o que nos preocupa em última análise”.[29] Em outras
palavras, o termo Deus não faz referência a alguma realidade externa, mas
simboliza aquilo que internamente nos controla subjetivamente. Se não
gostamos do termo Deus, então Tillich disse que somos livres para trocar esse
termo por qualquer outro que expresse a profundidade do coração ou a
preocupação última da nossa vida:
O nome dessa infinita e inesgotável profundidade e base de todo ser é
Deus. Essa profundidade é o que a palavra Deus significa. E se essa
palavra não tiver muito significado para você, mude-a e fale das
profundezas da sua vida, sobre o que você se preocupa, sem qualquer
reserva. Talvez, para fazer isso, você deva esquecer tudo o que
tradicionalmente aprendeu sobre Deus, talvez até essa própria
palavra. Pois se você sabe que Deus significa profundidade, você
sabe muito sobre ele. Você não pode, então, chamar a si mesmo de
ateu ou incrédulo.[30]
Portanto, como indica essa citação acima, Tillich não acreditava em
ateus, pois até os ateus têm alguma preocupação que é fundamental para eles.
A fé em Deus consiste nessa preocupação fundamental. Essa preocupação
última não se baseia na realidade da existência de Deus, mas no fato de que
todos os homens têm uma tal preocupação.
Porque nosso Deus é nossa preocupação última, Deus não tem
existência ontológica. Ele existe apenas dentro de nossos pensamentos
subjetivos. “‘Deus’ é o nome da preocupação última do homem. No entanto,
isso não quer dizer que exista primeiro um ser supremo que, então, obriga o
homem a prestar honra à preocupação última”.[31] Mas, ainda de acordo com
Tillich: “Significa que tudo o que diz respeito a um homem se torna deus
para ele e, inversamente, significa que o homem pode se preocupar, em
última análise, apenas com o que é deus para ele”.[32]
Em outras palavras, Deus não exige fé, mas nossa fé, segundo Tillich,
“é um ato total e centrado do eu pessoal; o ato da preocupação incondicional,
infinita e suprema”.[33] Por fim, a religião existe apenas porque o homem
existe. Assim, embora Tillich tenha argumentado contra o ateísmo, ele não
acreditava em um Deus que existia fora da mente humana.
Nesse sentido, David Hume (1711-1776) estava certo quando disse:
“Ou, como vocês MÍSTICOS [e eu acrescentaria existencialistas] que
sustentam a incompreensibilidade absoluta da Deidade, diferem dos céticos
ou ateus, que afirmam que a primeira causa é TOTALMENTE desconhecida
e ininteligível?”.[34]
Gordon Kaufman
O professor de teologia da Harvard Divinity School, Gordon Kaufman
(1925-2011), estranhamente concordou com Hume:
O problema central do discurso teológico, não compartilhado com
nenhum outro “jogo de linguagem”, é o significado do termo “Deus”.
“Deus” suscita problemas especiais de significado, porque é um
substantivo que, por definição, se refere a uma realidade
transcendente da experiência e, portanto, não localizável nela. Um
novo convertido pode desejar usar o temos “Deus” para se referir a
“sensação de aquecimento” no coração, mas Deus dificilmente se
identifica com essa emoção; os biblicistas podem considerar a Bíblia
como a Palavra de Deus; o moralista pode acreditar que Deus fala
através da consciência dos homens; o clérigo pode acreditar que Deus
está presente entre o seu povo — mas cada um deles concorda que o
próprio Deus transcende o locus mencionado. Como Criador ou Fonte
de tudo o que existe, Deus não deve ser identificado com nenhuma
realidade finita específica; como objeto adequado da fidelidade ou fé
última, Deus deve ser distinguido de todo valor ou ser próximo ou
penúltimo. Mas se absolutamente nada em nossa experiência pode ser
diretamente identificado adequadamente como aquele ao qual o termo
“Deus” se refere, então que significado essa palavra tem ou pode ter?
[35]
3
A Fé Não é Irracional
“Vamos comprá-lo, papai!”. Essas palavras saíram da minha boca assim que
vi a caminhonete amarela com seus aros personalizados e luzes de neon por
baixo. Imediatamente eu conseguia me imaginar orgulhosamente dirigindo
para a escola. Ela não apenas era legal, mas eu não podia acreditar que estava
com um preço acessível. Ela poderia ser minha, pelo menos, era isso que eu
pensava.
Meu pai respondeu com as temidas, mas previsíveis, palavras: “Nós
precisamos fazer o test drive primeiro”. Embora isso pareça razoável, você
deve saber que eu era jovem e não tinha dinheiro. Meus pais prometeram me
ajudar a comprar meu primeiro carro acrescentado o dobro de todo o dinheiro
que conseguisse ganhar durante o verão. Eu trabalhei duro, mas economizei
apenas 900,00 dólares. E mesmo no início dos anos 90, você não podia
esperar muito de um carro que custasse 1.800,00 dólares. A última coisa que
eu queria era uma carroça do tempo da minha avó.
Então, quando vi aquela caminhonete personalizada, estava pronto para
puxar o gatilho sem fazer qualquer investigação. Na verdade, não queria
testá-la, porque no fundo eu sabia que era bom demais para ser verdade. Se
descobríssemos os seus problemas mecânicos, sabia que meu pai impediria
que eu me tornasse um cara legal. Veja bem, eu pensei que se o
comprássemos antes de sabermos que precisava de consertos, embora depois
fosse necessário gastarmos mais dinheiro para que aquilo funcionasse, a coisa
mais importante seria realizada: eu teria um carro respeitável para mostrar a
todos os meus amigos. O fato é que eu não queria saber a verdade, pois supus
que a verdade atrapalharia a minha felicidade.
Como você pode imaginar, quando abrimos o capô, estava faltando
metade do motor. Sim, era bom demais para ser verdade. Acabei com a
caminhonete velha e marrom do meu pai — confiável, mas sem luzes de
neon por baixo.
Agora percebo que estava disposto a ignorar todos os sinais de alerta e,
conscientemente, fazer algo tolo por causa do meu orgulho imprudente.
Minhas emoções, meu orgulho e meus valores invertidos atrapalharam o meu
julgamento. Eu não fui objetivo ou racional, porque eu não queria ser
objetivo ou racional.
A tolice consiste em viver em oposição ao que sabemos ser verdade.
Receio que essa condição irracional e esse modo de pensar sejam
universalmente predominantes em todos nós. Não somos simplesmente
irracionais de vez em quando. Sem Deus, vivemos em um estado de
irracionalidade.
Somente tolos irracionais negariam de forma consistente e prática que 2
+ 2 = 4. A resposta a essa equação não é apenas parte do senso comum, é
facilmente demonstrável e muito útil. Se um pensador pós-moderno
praticamente rejeitar os princípios absolutos e universais da matemática, ele
poderá aplaudir a si mesmo por ser consistente com a sua visão de mundo
relativista, mas, nesse processo, fará com que suas finanças sejam uma
bagunça completa. Independentemente do que afirmamos crer sobre as leis da
matemática, não podemos viver na prática sem nos submetermos
consistentemente a elas. Por essa e muitas outras razões, é intelectualmente
difícil negar a natureza absoluta e universal da matemática.
O mesmo se aplica à verdade das Escrituras. As Escrituras não
fornecem apenas algumas verdades isoladas, desconexas e sem credibilidade;
elas nos dão a única visão de mundo completa e coesa que fornece
significado e lógica ao universo. A partir daqui, pressupomos que o Deus da
Bíblia é a verdade suprema fundamental. Como este livro procura
demonstrar, Deus é uma certeza maior do que a lógica ou a matemática.
Pensadores pós-modernos questionam se 2 + 2 = 4. Isso ocorre porque sem
que antes o Deus da Bíblia seja pressuposto, não há base para a verdade
universal ou absoluta. 2 + 2 = 4 só é verdadeiro (universal e absolutamente)
porque Deus é e porque Deus se revelou de forma convincente para todos
nós. Sem o conhecimento de Deus, que todos nós temos, não podemos saber
mais nada, nem mesmo que 2 + 2 = 4. Deus é a realidade suprema e Deus é a
verdade suprema. Porque Deus é supremo, em vez de procurar justificar o
conhecimento com base apenas na razão humana ou em experiências
humanas, precisamos ter conhecimento de Deus para justificar o
conhecimento de tudo o mais. Sem o conhecimento de Deus, o próprio
conhecimento é impossível. Em outras palavras, sem o Deus da Bíblia, nada
faz sentido no grande esquema das coisas. Como o salmista diz: “Na tua luz
veremos a luz” (Salmos 36:9).
Se a Bíblia nos fornece o único sistema coerente de pensamento que
nos permite interpretar adequadamente toda a realidade, por que ela é tão
odiada e rejeitada por muitos? Se as alegações da verdade da Bíblia são
logicamente demonstráveis, por que ela é tão desprezada e ridicularizada por
algumas das mentes mais brilhantes e inteligentes? Você quer saber a
verdade? O fato é que, se as pessoas gostassem da verdade, elas não a
rejeitariam. Ou, como o famoso historiador britânico Malcolm Muggeridge
disse: “As pessoas não acreditam em mentiras porque precisam, mas porque
querem”. O problema não é que a verdade seja irracional; o problema é que o
homem caído não deixa de ter as suas propensões pessoais e seu orgulho tolo.
Como veremos neste capítulo, as pessoas são egoístas por natureza, e seu
egoísmo é a influência que controla o modo como se sentem, pensam e se
comportam (Romanos 1:18, 25).
O Homem Não é Neutro
A Bíblia descreve isso como depravação. A depravação é uma condição
interior do coração que nos impede de amar qualquer verdade que se oponha
ao nosso desejo interno de sermos independentes, livres e autônomos. Porque
nascemos depravados, com uma natureza caída, odiamos o Deus da Bíblia.
Podemos amar um deus de nossa própria imaginação — um deus que
podemos controlar. Se queremos ir para o céu, então também queremos poder
trabalhar para alcançá-lo. Se queremos ir para o inferno e sair com nossos
amigos embriagados, então é isso que faremos. Mas submeter amorosamente
todos os detalhes de nossas vidas, incluindo as nossas aspirações,
pensamentos e crenças ao Deus absoluto e soberano, não é nada atrativo.
Isso ocorre porque a Bíblia afirma que todo o universo e todas as
pessoas dentro dele são feitas para a glória de Deus. Esse propósito não
apenas determina nosso objetivo, mas ordena como devemos pensar, sentir e
viver. Em outras palavras, não somos feitos para nós mesmos. No entanto,
naturalmente, não queremos nos limitar a um estilo de vida tão sacrificial, e
menos ainda queremos que nosso pecado, vergonha e culpa sejam totalmente
expostos. Contudo, isso é o que a Bíblia faz. A Bíblia define as nossas vidas e
expõe nosso pecado e culpa. Essa repreensão e crítica pessoal é demais para
ser aceita por aqueles que amam a si mesmos. Aqueles de nós que desejam
encobrir os nossos pecados para estabelecer nosso próprio propósito e
controlar nossos próprios destinos rejeitarão qualquer verdade que coloque
em risco esses objetivos. Não é que sejamos incapazes de entender a verdade;
o que acontece é que, sem a graça de Deus, simplesmente não a estimamos.
Por esse motivo, é uma noção falsa pensar que nossas crenças, opiniões
e julgamentos são determinados apenas pelos fatos. Quando os fatos se
opuserem a nós, então nós nos oporemos aos fatos. Objetividade absoluta é
impossível para indivíduos pecadores e amantes de si mesmos. Somente
computadores e máquinas são completamente neutros. Isso ocorre porque os
computadores não se importam de modo algum com a verdade. Por mais que
eu goste do meu novo iMac, ele não consegue se importar comigo. Por mais
“inteligente” que seja, ele não tem emoções nem sentimentos. Se eu fizer uma
pesquisa na web por Adolf Hitler ou por Jesus Cristo, meu computador
permanecerá indiferente. Simplesmente não há julgamento ou opinião sobre
tais coisas.
Mas, isso não é verdadeiro no que diz respeito às pessoas emocionais.
As pessoas têm uma opinião sobre quase tudo, especialmente sobre as coisas
que se relacionam e afetam as suas vidas pessoais. A maioria das pessoas não
se importa muito com o fato de George Washington ter sido o primeiro
presidente dos Estados Unidos da América. A maioria das pessoas aceitará
esse fato histórico quer tenham pouca ou nenhuma evidência disso. “Quem se
importa, pois como isso afeta a minha vida cotidiana?”. No entanto, quando
algo nos afeta direta ou indiretamente, de repente, mostraremos grande
interesse e preocupação. Fale sobre religião, política, controle de armas,
aborto, orientação sexual, George Bush, Obama e outros temas acalorados, e
de repente as pessoas ficam irritadas. Se existe um assunto em que todos nós
investimos nossas emoções, esse é o grande assunto do “eu, eu e eu”.
Assim como naturalmente procuramos evitar a dor física e gravitar em
direção ao prazer físico, todos odiamos ser criticados, repreendidos e
envergonhados. Adoramos ser reconhecidos, elogiados e honrados. Essa
tendência torna mais fácil abraçar o que é pessoalmente benéfico e mais
difícil aceitar o que é pessoalmente prejudicial. Se você me disser que sou
brilhante, não levantarei argumentos contra isso, mesmo que não haja
evidências que apoiem essa declaração. Mas se você me disser que não sou a
pessoa mais inteligente que existe, isso me deixará louco, mesmo que isso
seja evidente para todos.
Richard Swinburne, professor emérito de filosofia da Universidade de
Oxford, reconhece que os “seres humanos”, como nós, “são criaturas de
inteligência limitada e notoriamente suscetíveis a esconder de si mesmos as
conclusões que parecem desafiá-las, quando tais conclusões não são bem-
vindas”.[46]
Infelizmente, vi isso acontecer de perto. No ensino médio, um dos
meus amigos se suicidou. Ninguém percebeu como isso ocorreu,
principalmente a mãe do menino. Eu sabia que a negação era uma das etapas
do luto, mas não percebi o quão forte essa emoção poderia ser. Ao lado do
túmulo, a mãe desse garoto se jogava em cima do caixão e começava a
sacudi-lo bruscamente, enquanto gritava: “Acorde, acorde, acorde!”. Todas
as pessoas ficaram em silêncio. A realidade era amarga e, naquele momento,
era muito difícil para aquela mãe aceitá-la. Naquela ocasião, ela não se
permitia acreditar que seu único filho estava prestes a ser enterrado. Embora
a evidência fosse esmagadora, não foi o suficiente para convencê-la de algo
que ela não queria acreditar. Porque ela amava o seu filho, ela não amava a
verdade. Assim vemos que nenhum de nós é neutro.
A Natureza do Homem Controla os seus Valores
Não podemos deixar de ter algo ou alguém que amamos mais do que
qualquer coisa ou qualquer outra pessoa. E quem ou o que mais amamos
determinará, por sua vez, o que odiamos e detestamos. Se amamos as trevas,
odiaremos a luz. Se amamos o prazer, odiaremos a dor. Se nos amamos,
odiaremos nossos inimigos. Essa dicotomia é inevitável. Com isso em mente,
tudo é colocado em uma escala descendente, do objeto de nossa maior
afeição ao objeto de nosso ódio mais profundo, incluindo todo o restante que
fica no meio. Essa escala é o nosso sistema de valores. As coisas que
estimamos e amamos formam os nossos valores, e esse sistema de valores
determina a nossa moral e comportamento ético.
Isso ocorre porque o objeto que mais amamos se torna nosso deus — o
qual servimos e adoramos. Tudo o que mais amamos controlará nosso
pensamento, emoções e comportamento. Isso nos controlará e nos
prostraremos diante dele com boa disposição. Por exemplo, digamos que
você tem amado mais o futebol do que a sua própria vida. Seu amor pelo
futebol não apenas moldaria a sua opinião sobre o futebol, mas também
controlaria a sua vida. Se o futebol fosse o seu maior amor, isso moldaria a
forma como você gastaria o seu tempo e dinheiro, influenciaria as suas
amizades e modelaria quase tudo na sua vida. Isso não significa que você não
apreciaria outras coisas que não são relacionadas ao futebol, mas significa
que essas coisas não relacionadas seriam subordinadas à sua principal
preocupação — futebol. Seu amor pelo futebol seria o princípio dominante
por trás de tudo que você tem pensado e feito. Sem dúvida, seria uma
escravidão voluntária, porém seria uma escravidão.
A Natureza do Homem Controla o seu Comportamento
Com isso em mente, como já mencionei, a Bíblia ensina de modo
autoritativo o que é claramente evidente em nossa própria observação pessoal
e experiência interior, a saber, que nosso principal objeto de afeto é o eu. Sem
a graça de Deus, nos tornamos o centro de nossos pensamentos e ações.
É difícil negar que a natureza humana é egoísta. Os bebês não nascem
pensando em suas mães, mas em si mesmos. As crianças não precisam ser
ensinadas a cobiçar e brigar por brinquedos. A história do mundo está cheia
de conflitos, derramamento de sangue e exploração. O homem pode se
entregar a vários prazeres e hobbies (como futebol), ao materialismo e à
busca por poder e fama, porém todas essas coisas estão enraizadas no amor a
si mesmo. Quando leis, restrições, supervisão e prestação de contas são
removidas, nossos corações não são atraídos naturalmente para o alto. Assim
como os halteres naturalmente caem em direção ao chão, assim também
colocamos nossas próprias necessidades e felicidade acima das necessidades
e felicidade dos outros.
Felizmente, nem todos nós queremos ser tão maus quanto Hitler, mas
sem o poder de Deus, nenhum de nós amará a Deus mais do que a si próprios.
Podemos ter o desejo de ser bons, mas esse amor próprio sempre controla o
motivo por trás de nossas ações aparentemente boas. Nós podemos ter um
amor por Deus, mas não um amor por Deus que seja maior que nosso amor
por nós mesmos. E tudo o que parece ser bom, se feito por razões egoístas,
fica aquém da glória de Deus e é classificado como pecaminoso.
Assim, o egoísmo é a influência controladora por trás do
comportamento do homem. Em outras palavras, o problema por trás do
comportamento pecaminoso e do pensamento irracional é o coração egoísta e
depravado do homem. Como afirma a Escritura: Por causa da “vaidade da sua
mente” os homens estão “entenebrecidos no entendimento, separados da vida
de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração” (Efésios
4:17-18). Como resultado, o coração pecaminoso é o coração do problema do
homem.
A Natureza do Homem Controla as suas Emoções
Esse coração pecaminoso também controla as emoções do homem
caído. É uma noção falsa, mas comum, pensar que não somos responsáveis
por nossas emoções. Costumamos falar como se nossas emoções fossem
criaturas alienígenas que nos atacam a partir do lado de fora, como se
estivessem fora do nosso controle. “Não posso fazer nada a respeito de como
me sinto”. “Você sentiria o mesmo se isso tivesse acontecido com você”.
“Não pude deixar de me apaixonar por ela”. “Você não pode escolher quem
você ama”. “Como minhas emoções não seriam afetadas se eu descobrisse
que algo ruim havia acontecido com minha mãe ou se eu soubesse que meu
tio rico estava prestes a me doar um milhão de dólares?”. “É claro que meus
altos e baixos emocionais são resultado de fatores que estão fora do meu
controle”. “Eu sou vítima das minhas próprias emoções”. “Eu sou uma vítima
das minhas circunstâncias”. “Eu sou uma pessoa emotiva. Não consigo
evitar”. Através de declarações comuns como essas, as pessoas gostariam que
acreditássemos que as suas emoções não provêm de si mesmas, mas de suas
circunstâncias exteriores.
Tais desculpas eliminam a responsabilidade de controlarmos as nossas
emoções. Problemas emocionais não são como câncer; não são doenças que
nos atacam sem a nossa permissão. Não somos vítimas inocentes das nossas
próprias emoções. As emoções não são forças externas causadas por nossas
circunstâncias em constante mudança. Em vez disso, nós somos responsáveis
por nossas emoções. Somos responsáveis por amar o que é bom e odiar o que
é mau. Jesus Cristo deixou claro no Sermão do Monte que não somos apenas
responsáveis pelo modo como nos comportamos exteriormente, mas também
pelo modo como nos sentimos interiormente.
É verdade que as nossas emoções estão conectadas às nossas
circunstâncias. Contudo, não é verdade que as nossas emoções são
controladas por nossas circunstâncias. Antes, nossas emoções são controladas
por nossos valores (ou seja, pelas coisas que amamos e odiamos). Porque eu
amo minha mãe, ficaria profundamente triste se soubesse que algo ruim
aconteceu com ela. Quão angustiado eu me sentiria? Tudo depende do nível e
grau de amor que tenho por minha mãe. Por valorizar o dinheiro,
naturalmente me alegraria ao saber que meu tio rico me daria um milhão de
dólares. Não é que nossas emoções sejam controladas por mudanças
descontroladas em nosso ambiente, o que acontece é que são os nossos
valores pré-estabelecidos que controlam como reagimos emocionalmente em
relação às mudanças descontroladas em nossas circunstâncias. Em outras
palavras, nossas circunstâncias em constante mudança expõem nossa
verdadeira natureza e nossos valores pessoais.
Se nós temos problemas emocionais — e toda a humanidade caída os
tem — é porque as nossas prioridades e valores estão fora do lugar.
Problemas emocionais são resultado direto de um problema do coração.
Como uma árvore má sempre produz frutos maus, um coração perverso
sempre produz pensamentos, sentimentos e comportamentos perversos. Um
estilo de vida egoísta, consumido pela satisfação das necessidades percebidas
e pela busca de gratificação pessoal a cada momento, sem dúvida resulta em
uma vida emocional instável. Em outras palavras, nossas emoções são um
reflexo de nossos valores e de nossa natureza.
A Natureza do Homem Controla as suas Crenças
Esse problema do coração que produz vários problemas emocionais é a
razão pela qual os pecadores não creem na verdade. Não é que a Bíblia não
tenha credibilidade ou seja incompreensível; é que o homem valoriza mais a
si mesmo do que valoriza a Palavra de Deus. Ou seja, o homem caído tem um
sistema de valores caído e invertido. Em vez de Deus ser a principal afeição
do homem, o homem caído se colocou naquele lugar. Para crer na verdade, o
homem deve receber fervorosamente a verdade, e isso requer submissão a
Deus. Submeter-se a Deus é difícil porque requer o destronamento do eu.
Porém, isso nos leva de volta ao cerne do problema — o homem é
voluntariamente um escravo do seu próprio egoísmo.
O egoísmo cega. O que as pessoas não amam, elas não receberão de
boa vontade. Se elas não têm ouvidos para ouvir, é porque não querem ouvir.
Por natureza, os incrédulos são escravizados por suas próprias paixões
carnais. Por causa disso, os incrédulos amam mais as trevas do que a luz
(João 3:19). Naturalmente, eles resistem e detêm a verdade em injustiça
(Romanos 1:18), porque sentem “prazer na iniquidade” (2 Tessalonicenses
2:12).
Assim, o conhecimento de Deus é visto como uma ameaça ao desejo de
viver para si mesmos. Como observou R.C. Sproul, presidente do Ministério
Ligonier: “Deus representa uma ameaça aos padrões morais do homem, uma
ameaça à sua busca por autonomia e uma ameaça ao seu desejo de se
ocultar”.[47]
A falta de fé não provém da falta de evidências racionais e credíveis,
provém de um coração espiritualmente morto, escravizado por seus próprios
desejos egoístas. O matemático francês Blaise Pascal (1623-1662) entendeu
isso quando afirmou: “Aqueles que não amam a verdade usam como pretexto
que ela é contestada e que uma multidão a nega. E assim o erro deles surge
exatamente disso, que eles não amam nem a verdade nem a caridade”.[48]
A Natureza do Homem Deve Mudar ou as Crenças Não
Mudarão
Por esse motivo, nem a lógica nem a evidência podem mudar nossos
corações. Negar e odiar a Palavra de Deus fará com que até as pessoas mais
intelectuais e brilhantes se tornem insensatas. Como dizem as Escrituras:
“Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe
deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração
insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Romanos
1:21-22). E, “disse o néscio no seu coração: Não há Deus” (Salmos 53:1).
Não é como se os incrédulos precisassem de mais evidências empíricas
para convencê-los da verdade, pois a Bíblia diz que mesmo que vissem um
homem ressuscitado dentre os mortos eles ainda se apegariam
persistentemente aos seus pecados e rejeitariam a verdade (Lucas 16:31). A
única coisa que pode produzir fé em Cristo é um transplante de coração. Os
pecadores devem nascer de novo, devem ter o amor de Deus derramado em
seus corações mortos antes que se arrependam voluntariamente de seus
pecados e corram para Jesus Cristo para o perdão. O pecado deve ser odiado
e Cristo deve ser amado antes que os pecadores abracem o Evangelho. Pascal
também entendeu isso:
Não admira ver pessoas simples crerem sem raciocinar. Deus lhes
concede o amor a ele e ódio ao eu. Deus inclina o coração deles a
crer. Os homens nunca crerão com uma fé salvífica e real, a menos
que Deus incline os seus corações; e, por outro lado, eles crerão assim
que ele os inclinar.[49]
Embora a fé não seja cega, ilógica ou sem evidências empíricas, ela é
sobrenatural. A fé vem de Deus porque a nova natureza vem de Deus.
Contudo, meu caro leitor, isso não o isenta de ser responsável por rejeitar o
Deus da Bíblia. A sua rejeição e negação da verdade não é porque você não
tem evidências, é porque você ama a si mesmo e os seus pecados mais do que
você ama o Cristo que veio morrer pelos pecadores.
5
Por que Esaú vendeu a sua primogenitura por um prato de lentilhas? Que
coisa tola. O pai de Esaú, Isaque, provavelmente era o homem mais rico vivo
e, como primogênito, Esaú estava prestes a herdar tudo. O problema, porém,
era que Esaú estava com fome — com muita fome. Faminto após um longo
dia de caça, ele considerou que a sua herança seria inútil, se ele morresse de
fome. “Preciso comer ou morrerei”, ele pensou consigo mesmo. Ele se dispôs
a desistir de tudo por um prato de lentilhas. Seu apetite presente era mais
importante que a sua glória futura. É claro que, depois, essa negociação tola
acabou levando Esaú a chorar amargamente com uma consciência culpada.
Todos nós somos culpados de negociamos benefícios futuros por
alguns momentos de prazer. Quem não comete erros? Errar é humano, certo?
Uma coisa é a nossa irresponsabilidade afetar esta vida presente, mas
outra é virar as costas para Cristo e perder as nossas almas por toda a
eternidade. Lembro-me de estar disposto a vender minha alma por uma
brincadeira de pega-pega. Olho para trás e penso: “No que eu estava
pensando?”. Quando eu tinha cerca de 12 anos, me senti convencido
interiormente quando ouvi o Evangelho de Cristo. Como filho de um
pregador, não era a primeira vez que ouvia o Evangelho, mas foi uma das
poucas vezes em que o Evangelho me convenceu. Lembrei-me das boas
novas de que Deus estava disposto a perdoar os meus pecados. Eu tive a
resposta para a minha culpa. Embora soubesse que Cristo era a única
resposta, havia algo mais importante para mim do que meu bem-estar eterno:
uma brincadeira boba. Enquanto eu pensava em meus pecados, culpa,
vergonha e na oferta gratuita do Evangelho, alguns amigos se aproximaram e
me convidaram para me juntar a eles em uma brincadeira de pega-pega.
Lembro-me de ficar em conflito porque eu queria ser salvo dos meus
pecados, mas não queria decepcionar os meus amigos. Infelizmente, pensei
comigo mesmo: “A salvação pode esperar”. Eu não estava disposto a entregar
o controle da minha vida a Deus. Eu amava os prazeres deste mundo mais do
que amava a Cristo. Eu odiava os meus pecados, mas não o suficiente para
abandoná-los. Era evidente que eu temia mais aos homens do que a Deus.
Tudo aquilo evidenciou que eu abriria mão da vida eterna por uma
brincadeira boba de pega-pega.
Assim como Esaú, minha loucura só aumentou a minha consciência já
culpada. A vergonha, é claro, vem quando fazemos algo que sabemos ser tolo
e irracional. Como todos agimos irracionalmente, todos sabemos como é a
culpa. Por outro lado, porque todos experimentamos uma consciência
culpada, é evidente que todos sabemos a diferença entre certo e errado. No
entanto, o pecado é irracional. É contrário ao que é razoável e bom. Porque
temos entendimento, uma consciência culpada é inevitável.
O Fair Play é Autoevidente
Se você esqueceu como é a culpa, reserve alguns momentos para se
lembrar de todas as coisas vergonhosas que você já fez no passado. Se você
já tentou encobrir algo que fez, então já sentiu culpa. Olhe para debaixo do
tapete e para tudo que você já varreu para baixo dele. Seja honesto. Você
gostaria que todas aquelas memórias fossem transmitidas na televisão em
rede nacional? O fato de tentarmos prender tais momentos vergonhosos com
as correntes de um milhão de desculpas e de procurarmos esquecê-los é uma
evidência de que temos uma consciência culpada.
Pare de ler por um momento e considere aquela lembrança feia que o
envergonha. Você pode ter que procurar um pouco, porque temos uma
maneira estranha de encobrir, suprimir e justificar a nossa vergonha. Fez
isso? Agora pergunte a si mesmo: “Por que isso me faz sentir tão sujo e
culpado? Por que eu quero manter isso escondido dos outros? De onde vem
essa culpa?”.
Uma consciência culpada é algo difícil de superar. Todos nós temos
uma, mas de onde ela veio? Por que tantas vezes nos sentimos culpados? A
culpa pode ser causada apenas por um código abstrato de moralidade? A
culpa é apenas um subproduto das construções sociais, correção política e
instrução dos pais? Edward O. Wilson, professor de entomologia de Harvard,
estava certo quando disse: “As respostas emocionais humanas e as práticas
éticas mais gerais baseadas nelas foram programadas em um grau substancial
pela seleção natural ao longo de milhares de gerações”?[50] A moralidade tem
evoluído? O conhecimento do certo e do errado é apenas relativo?
C.S. Lewis, um ex-ateu, argumentou contra essa noção. Segundo
Lewis, porque julgamos as pessoas, as culturas e nós mesmos, acreditamos
que existe uma lei universal de fair play. Ele disse que esse tribunal superior
é evidente quando duas pessoas brigam:
Brigar significa tentar mostrar que o outro homem está errado. E não
faria sentido tentar fazer isso, a menos que você e ele tivessem algum
tipo de acordo sobre o que é certo e errado; assim como não faria
sentido dizer que um jogador cometeu uma falta, a menos que
houvesse algum acordo sobre as regras do futebol.[51]
Ao dizer: “Isso não é justo”, não estamos apenas afirmando que a
ofensa pela qual estamos reclamando não nos agrada. Estamos dizendo que o
crime é contrário à regra universal do fair play. Nós estamos dizendo que a
outra pessoa está errada porque ela sabe como agir melhor. Uma coisa é
quando alguém senta no assento que você queria no cinema porque chegou lá
primeiro, mas outra coisa é ao voltar do banheiro, você descobrir que sua
jaqueta foi colocada em outro lugar e que um estranho está sentado no
assento que você tinha escolhido anteriormente. O primeiro incidente é um
inconveniente. O segundo incidente claramente vai contra o fair play. Mas
porque não é justo que alguém roube o seu assento? Quem disse que esse
“ladrão de assentos” deveria ter uma atitude melhor?
Quando as pessoas são confrontadas com a violação do padrão do fair
play, na maioria das vezes, diz Lewis, elas não argumentam contra o padrão.
Eles normalmente não dizem: “Quem disse que eu não posso ser egoísta e
explorar os outros para meu próprio benefício pessoal?”. Você consegue
imaginar alguém dizendo sinceramente: “A regra de ouro (faça aos outros o
que gostaria que fizessem a você) está errada?”. Em vez de negar a natureza
objetiva e vinculativa da lei universal do fair play, os violadores costumam
afirmar que não foram contra o padrão. Caso contrário, eles constroem
alguma desculpa ou circunstância especial que os isenta da obrigação moral
de seguir a regra do fair play. Em outras palavras, as pessoas envolvidas em
uma transgressão normalmente não argumentam contra a lei, mas negam,
justificam ou se desculpam.
Além disso, se dissermos que a lei do fair play é apenas uma
construção cultural, não temos o direito de julgar ou criticar outras culturas
por seus crimes contra a humanidade. Isso é evidente, diz Lewis:
No momento em que você diz que um conjunto de ideias morais pode
ser melhor que outro, você está, na verdade, medindo as duas por um
padrão, dizendo que uma delas está em conformidade maior com esse
padrão do que o outro. Mas o padrão que mede as duas coisas é algo
diferente de qualquer uma delas. Você está, de fato, comparando os
dois com alguma moralidade real, admitindo que existe um direito
real, independente do que as pessoas pensam, e as ideias de algumas
pessoas se aproximam mais desse direito real do que outras. Ou para
dizer isso de outra maneira: se as suas ideias morais podem ser mais
verdadeiras, e as dos nazistas menos verdadeiras, deve haver algo —
alguma moralidade real — em relação à qual elas são verdadeiras.[52]
Ele continuou afirmando que embora outras civilizações em diferentes
épocas possam ter diferenças sutis nas expectativas culturais, nenhuma
civilização jamais acreditou que o egoísmo seja honroso:
Imagine um país onde as pessoas fossem admiradas por fugir da
batalha, ou onde um homem se sentisse orgulhoso de enganar todas
as pessoas que fossem muito bondosas com ele. Você pode também
tentar imaginar um país onde dois mais dois é igual a cinco. Os
homens diferem em relação às pessoas com as quais você deve ser
altruísta — seja apenas com sua própria família, seus compatriotas ou
com todos. Mas eles sempre concordaram que você não deve se
colocar em primeiro lugar. O egoísmo nunca foi admirado.[53]
O egoísmo é o cerne de todo comportamento pecaminoso. A lei moral
proíbe o egoísmo. Cada um dos Dez Mandamentos proíbe uma expressão
diferente de egoísmo e pode ser resumido com a única palavra que é
antitética ao egoísmo: amor (Romanos 13:9-10). Segundo as Escrituras, o
amor é paciente, bondoso, doa-se sacrificialmente e não busca o seu próprio
interesse (1 Coríntios 13:4-5). É evidente que devemos amar os outros e
evitar o egoísmo. Pelo menos, é evidente que não queremos que os outros nos
explorem. Por esse motivo, a culpa não vem da quebra de um princípio
abstrato de vida, mas do fato de prejudicar outro indivíduo, ou seja, por trazer
vergonha a um Deus pessoal que nos criou para a sua glória.
Segundo a Bíblia, conhecemos o certo e o errado porque a lei de Deus
está escrita em nossos corações (Romanos 2:15). Se não soubéssemos
instintivamente o certo e o errado, não estaríamos constantemente
justificando, condenando ou desculpando-nos a respeito das coisas que
pensamos, sentimos e fazemos (Romanos 2:14-15). Não há razão para dar
desculpas se não existe o padrão do fair play ou se esse padrão não estivesse
enraizado em um Deus pessoal. Estamos condenando ou justificando a nós
mesmos quanto às coisas que fazemos (Romanos 2:15). É evidente que todos
conhecemos o certo e o errado, porque ficamos orgulhosos ou frustrados
conosco mesmos. Se não houvesse um padrão de fair play, não nos
sentiríamos culpados nem orgulhosos. Mas, pelo fato de sabermos como
deveríamos agir, nossa irracionalidade é indesculpável.
Além disso, todos nós aprovamos o padrão de fair play. Nunca conheci
uma pessoa sã que, consciente ou intencionalmente, queira ser maltratada,
lesada ou explorada. Com poucas exceções, as pessoas concordam que o
amor é melhor do que o egoísmo. O problema não é que exista um padrão,
mas sim que não cumprimos os seus requisitos.
O comportamento egoísta nos conduziu à autocondenação. Assim, a
culpa faz parte da condição humana. Se negarmos isso, apenas sofreremos
mais culpa porque sabemos que estamos mentindo para nós mesmos. Ou seja,
se formos honestos conosco mesmos, não podemos negar a nossa vergonha e
culpa. Embora não exista uma prova empírica para distinções éticas, não
podemos nos livrar do padrão externo. Ao mostrar como devemos nos
comportar, a lei revela com que frequência não cumprimos as suas
obrigações.
Algumas verdades, como a lei do fair play, são evidentes por si
mesmas, o que significa que algumas verdades são aceitas sem provas. De
fato, nenhum de nós, incluindo os ateus, pode provar tudo o que acredita.
Existem certas verdades que todos nós naturalmente tomamos como
garantidas. Por exemplo, não faz sentido pensar que só acreditamos em ideias
que possam ser comprovadas como verdadeiras. Se tudo tivesse que ser
provado por razão ou experiência, nada poderia ser provado. Se fossem
necessárias evidências para todas as proposições em que acreditamos,
precisaríamos acreditar em proposições infinitas. Mesmo se tivéssemos
tempo suficiente para responder a uma regressão infinita[54] de perguntas,
seríamos forçados a admitir que nossa incapacidade de encontrar qualquer
verdade última nos deixaria sem garantia para qualquer uma de nossas
crenças. Até o evidencialista convicto Antony Flew admitiu que todo
“sistema de explicação deve começar em algum lugar… Então,
inevitavelmente, todos esses sistemas incluem pelo menos alguns
fundamentos que não são eles mesmos explicados”.[55]
Felizmente, existem coisas como verdades autoevidentes. As verdades
evidentes demonstram a sua veracidade sem a necessidade de confirmação,
demonstração ou prova extra. “2 + 2 = 4” e “nenhum homem é casado e
solteiro ao mesmo tempo” são exemplos de verdades autoevidentes. Não
precisamos viajar até o fim de um poço sem fundo e responder a uma
regressão infinita de perguntas, pois podemos construir e ancorar nosso
conhecimento em verdades autoevidentes.
Chamamos essas verdades autoevidentes, como a lei do fair play, de
axiomas. Um axioma é uma premissa ou ponto de partida que é dado como
certo antes de produzir qualquer conhecimento adicional. Axiomas são
crenças autoevidentes que ancoram o restante de nossas crenças.
A Lógica é Autoevidente
Outra verdade autoevidente é a lei da não contradição. Por exemplo, a
lei da não contradição não pode ser provada de uma forma ou de outra. Ela
afirma que algo não pode ser completamente verdadeiro e completamente
falso ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Ou seja, um elefante totalmente
cor de rosa não pode ser também totalmente azul. Isso seria uma contradição.
Embora todos saibamos que isso é verdade, não podemos prová-lo. Usar a
lógica para provar a lei seria uma forma de raciocínio circular, já que
teríamos que assumir o que queremos provar. A lei da não contradição
também não pode ser comprovada pela experiência sensorial, visto que leis
imateriais, como as leis da lógica, não podem ser examinadas ou testadas
pelo método científico. No entanto, sem o uso da lei da não contradição, o
raciocínio dedutivo e os experimentos científicos indutivos são impossíveis.
Portanto, se você acredita na lei da não contradição, acredita em algo que não
pode ser comprovado como verdadeiro. Esse é um axioma, se você preferir,
que deve ser tomado como garantido antes que qualquer outro conhecimento
possa ser obtido.
Além disso, aqueles que são tolos o suficiente para tentar negar a lei da
não contradição acabam contradizendo a si mesmos no processo. Sem a lei da
não contradição, uma afirmação positiva ou negativa pode ser totalmente
verdadeira e totalmente falsa ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Se esse
fosse o caso, palavras e declarações proposicionais não significariam nada.
Além disso, negar as leis da lógica é usar uma lógica que é irracional. Assim,
negar as leis da lógica é argumentar de maneira autorreferenciada e absurda.
Aqueles que rejeitam intelectualmente a natureza absoluta e universal
da lógica se declaram tolos já no início. Felizmente, esses pensadores
absurdos não praticam as suas crenças no mundo real. Eles ainda dirigem no
lado direito da estrada assim como procuram evitar a contramão. Aqueles que
negam intelectualmente as leis da lógica provam ser mentirosos
ridiculamente absurdos ou grosseiros. Se encontrarmos uma pessoa assim,
que teimosamente se recusa a seguir as regras, a coisa mais prudente a se
fazer é simplesmente ir embora.
Deus é Autoevidente
Verdades autoevidentes, como a lei do fair play e a lei da não
contradição, devem ser aceitas antes que possamos acreditar racionalmente
em qualquer outra coisa. Com isso em mente, a cosmovisão bíblica oferece
três verdades básicas que são necessárias para um sistema coerente de
pensamento. Essas verdades são a lógica, distinções morais e Deus.[56]
Sim, Deus é uma crença básica que existe dentro de todos os homens.
[57]
Interiormente, todos sabemos que isso é verdade. Segundo a Bíblia, essas
três coisas estão pré-escritas na consciência de todos. Essas coisas são
inerentes porque são condições necessárias pré-programadas em nossas
consciências, para que possamos construir pensamentos significativos e
crenças cognitivas à medida que interagimos com o mundo exterior.[58]
“Tudo o que é significado”, pela palavra inerente, segundo Charles
Hodge (1797-1878), teólogo de Princeton, “é que a mente é constituída de tal
modo que percebe que certas coisas são verdadeiras sem prova e sem
instrução”.[59] Como João Calvino sabiamente escreveu o seguinte: “Donde
inferimos que essa não é uma doutrina que é aprendida pela primeira vez na
escola, mas uma doutrina sobre a qual todo homem é, desde o ventre, seu
próprio mestre; uma doutrina que a própria natureza não permite que nenhum
indivíduo esqueça, embora muitos, com toda a sua força, se esforcem para
fazê-lo”.[60]
Portanto, Calvino declarou ousadamente: “Existe na mente humana e,
de fato, por instinto natural, uma consciência da divindade”.[61] A consciência
da divindade, também conhecida como sensus divinitatis, de acordo com
Alvin Plantinga: “É uma disposição ou conjunto de disposições para formar
crenças teístas em várias circunstâncias, em resposta aos tipos de condições
ou estímulos que desencadeiam o funcionamento desse senso da divindade”.
[62]
Pode ser verdade, como indicado por Plantinga, que a experiência (ou
seja, a percepção da revelação geral) é necessária para que essas disposições
ou crenças intuitivas sejam ativadas, mas, mesmo assim, sem essas crenças
intuitivas, não poderíamos entender a autoconsciência e o mundo ao nosso
redor.[63] A experiência não poderia ser interpretada sem essas disposições
intuitivas ou crenças básicas. Isso significa, como veremos, que há certas
verdades (como Deus) que devem ser pressupostas antes que a razão ou a
experiência possam funcionar de modo adequado.
De fato, como explicarei mais detalhadamente na quinta parte deste
livro, o conhecimento de Deus é uma condição necessária para todo o
conhecimento. Segundo o professor do Seminário de Westminster, K. Scott
Oliphint, “este é um conhecimento que é pressuposto por qualquer (talvez
todos) outro conhecimento”.[64] Nenhum de nós, de acordo com Cornelius
Van Til (1895-1987), ex-professor emérito de apologética do Westminster
Theological Seminary, “poderia proferir uma única sílaba, seja em negação
ou afirmação, a menos que fosse pela existência de Deus”.[65]
Como veremos no capítulo 12, embora um ateu possa saber com razão
quem venceu a Copa do Mundo de 1970, um ateu não pode explicar a origem
das leis imateriais da física ou a origem da consciência humana. E tanto as
leis da física quanto a da consciência são uma parte vital do jogo de futebol.
Agora, ainda mais importante, assim como um ateu não consegue fornecer
um sistema racional abrangente, baseado em uma visão de mundo coerente
(ou seja, uma grande metanarrativa) — como eu espero demonstrar no
capítulo 14 — assim também o ceticismo não pode deixar de corroer como
um ácido universal e destruir cada porção de conhecimento. Se seguido até o
seu fim lógico, o ateísmo leva ao niilismo, e até mesmo eventos históricos,
como a Copa de 1970, são questionáveis. Em outras palavras, se o
conhecimento de Deus (que pressupõe distinções lógicas e morais) não fosse
pré-fornecido, a construção de uma visão de mundo coerente seria
impossível.
Especificamente, como sabemos que essas três verdades (Deus, lógica e
distinções morais) são inerentes a todos nós? Sabemos disso não apenas
porque essas crenças são confirmadas pelo testemunho interno de nossas
consciências, mas também porque sem esses conceitos, como veremos, nada
faz sentido. Nós precisamos de Deus, de lógica e de moralidade para
formular uma visão de mundo coerente que possa ser vivida em nosso
cotidiano. Suprimir ou eliminar o conhecimento dessas verdades conduz ao
absurdo.
Isso não significa, no entanto, que haja três crenças independentes e
intuitivas (Deus, lógica e distinções morais), pois a racionalidade (lógica) e a
retidão (distinções morais) são essenciais para a própria natureza de Deus. A
lei escrita na consciência do homem não é uma ideia abstrata de justiça que
existe fora de Deus. A lei é o caráter moral de Deus. Deus é justo. Deus é
logicamente consistente com sua própria natureza. Ele não pode contradizer
seu caráter. Deus não pode ser não-Deus. As leis da vida ética e as leis do
pensamento não são construções sociais ou princípios abstratos
independentes de Deus. Deus não está debaixo da lei. Ele é a lei. Ou seja, a
lei é um reflexo de sua essência moral. As leis da lógica e da moralidade
existem porque Deus existe.
Conclusão
Em outras palavras, a verdade suprema é Deus. O sensus divinitatis
inclui o conhecimento da lógica e das distinções morais, porque essas
verdades são essenciais para o conhecimento de Deus. Sem Deus, as leis do
comportamento e do pensamento seriam inexistentes. Em outras palavras,
nossas consciências culpadas, que derivam de nosso conhecimento das leis da
lógica e da moralidade, elas pressupõem Deus. O inverso também é
verdadeiro. Nosso conhecimento de Deus pressupõe as leis da moral e da
lógica.[66] Não podemos ter conhecimento das leis da moral e da lógica sem
ter o conhecimento de Deus.[67] Como essas crenças são inerentes,
incorrigíveis e necessárias, a Bíblia não procura provar essas coisas, mas as
aceita como realidades irrefutáveis. Toda verdade deve ser construída sobre o
conhecimento de Deus, ou, como veremos, não há fundamento para o
conhecimento.
6
Visto que Deus é a verdade suprema, Ele também deve ser a fonte de toda
verdade.[68] Toda verdade vem de Deus e aponta para Deus. Sem a
autorrevelação de Deus, a verdade é impossível. “A existência de Deus”, diz
Don Collett, professor de Antigo Testamento na Trinity School of Ministry,
“é a base de toda afirmação, de modo que não se pode fazer uma afirmação
verdadeira ou falsamente sobre qualquer coisa, a menos que Deus exista”.[69]
Por que o Conhecimento é Possível
No entanto, como conhecemos a verdade? Como o conhecimento de
Deus é possível? Como a revelação é possível? Como vimos na introdução, o
pseudo-Dionísio afirmou que, por causa da infinita transcendência de Deus,
Ele não pode se revelar ao homem. Emanuel Kant, por outro lado, afirmou
que o conhecimento de Deus é impossível por causa das limitações
epistemológicas do homem finito. De qualquer maneira, o abismo entre um
Deus infinito e um homem finito é muito grande para Deus ou o homem
atravessarem. De acordo com a Bíblia, porém, Deus não é apenas capaz de se
revelar, mas ele de fato se revelou a nós através de seu Filho, Jesus Cristo.
Jesus é a Palavra de Deus (João 1:1). Jesus é a sabedoria de Deus (1 Coríntios
1:24). Jesus é a luz (João 1:4). Jesus é a verdade (João 14:6). Toda a verdade
deriva da mente de Deus, e Jesus Cristo, como a imagem expressa de Deus, é
o canal através do qual a mente de Deus é comunicada ao homem.[70]
O conhecimento de Deus, do eu e do universo revela a glória de Deus,
e essa glória nos foi comunicada por meio de Jesus Cristo. Como Carl Henry
(1913-2003), fundador da revista cristã popular Christianity Today, afirmou:
“O Logos [a segunda pessoa da Trindade] de Deus — pré-encarnado,
encarnado e agora glorificado — é o agente mediador de todas as revelações
divinas. Ele é o único Mediador da revelação do Deus Vivo”.[71]
Como qualquer obra de arte ou maravilha da engenharia revelam a
sabedoria e a criatividade do artista ou engenheiro, a criação revela a
sabedoria e o poder de Deus. “Os céus declaram a glória de Deus; os céus
proclamam as obras de suas mãos” (Salmos 19:1). E “toda a terra está cheia
da sua glória” (Isaías 6:3). “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação
do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem, e
claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis” (Romanos 1:20). George Park Fisher (1827-1909), professor
emérito de divindade em Yale, declarou: “Um cão olha para uma página
impressa apenas como marcas sem sentido em um fundo branco. Para nós,
elas contêm e transmitem ideias, e nos fazem ter comunhão com a mente do
autor. O mesmo acontece com a natureza”.[72] Ele continuou dizendo:
“Ignorar Deus como autor da natureza, assim como da mente, é tão absurdo
quanto considerar que um hino é o resultado de um som aleatório”.[73]
No entanto, o conhecimento dos atributos invisíveis de Deus, que são
claramente manifestos na criação, chegou até nós por meio de Cristo. Como
está escrito: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram
feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez (João 1:1-3)”. Como
instrumento através do qual Deus criou todas as coisas, o conhecimento
derivado do universo chega até nós pelo poder imanente de Jesus Cristo.
Cristo não é apenas o meio da revelação geral, mas também o Mediador
da revelação especial. Não apenas aprendemos sobre as obras de Deus
através de Cristo, como descobrimos a natureza de Deus através de Cristo.
Como podemos ver o Deus invisível? Ao olhar para Cristo, ele é a “imagem
do Deus invisível” (Colossenses 1:15). Deus se manifestou ao se encarnar.
Ele se aproximou tornando-se um de nós. “E o Verbo se fez carne, e habitou
entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de
graça e de verdade” (João 1:14). Embora ninguém jamais tenha visto Deus,
Cristo o revelou (João 1:18). A santidade, a justiça, a misericórdia, o amor e a
própria natureza de Deus foram manifestados neste mundo através da pessoa
e da obra de Jesus Cristo. Por exemplo, se queremos aprender sobre a justiça
e a misericórdia de Deus, tudo o que precisamos fazer é olhar para a cruz.
Como as Escrituras dizem: “…[Deus] falou-nos nestes últimos dias pelo
Filho… por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua
glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela
palavra do seu poder…” (Hebreus 1:1-3). Embora Deus seja transcendente e
separado do homem, ele também é imanente. Em Cristo, ele nunca está longe
de nós. Verdadeiramente, Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Não há outro
caminho para Deus senão por meio dele (João 14:6).
Como o reflexo perfeito de Deus, Cristo é capaz de revelar a mente
infinita de Deus à mente dos homens. Porém, como o finito é capaz de
compreender o infinito? Mesmo através da mediação de Cristo, como o
homem pode ser o receptor apropriado da revelação natural e sobrenatural?
Embora exista um imenso abismo entre a Divindade e a humanidade, esse
abismo não é imensurável. O conhecimento de qualquer coisa requer alguma
forma de similaridade ou relacionamento análogo. É necessário algum ponto
de conexão entre Deus e o homem para que a comunicação seja possível. E é
exatamente isso que encontramos em Gênesis 1. Deus, em Cristo, criou todas
as coisas para revelar a sua glória, então criou o homem à sua própria
imagem e semelhança. Visto que o homem é feito à imagem de Deus (isso é
conhecido como Imago Dei), então ele não é idêntico a Deus, mas também
não é totalmente diferente. Essa relação análoga entre Deus e o homem é o
que torna o homem capaz de receber e compreender a revelação divina
(Gênesis 1:26). Como veremos, o Imago Dei nos capacita para um
conhecimento inato e incorrigível de Deus e de nós mesmos e nos fornece o
aparato para entendermos de modo adequado o mundo ao nosso redor.
O homem faz parte da revelação natural porque Deus o criou. Junto
com o restante da criação, a humanidade revela a glória e a sabedoria de
Deus. O homem revela Deus porque ele faz parte da sua criação, porém, e
mais importante, o homem revela Deus porque ele foi criado à semelhança de
Deus. Porque o homem não pode evitar conhecer a si mesmo, ele não pode
deixar de conhecer a Deus imediatamente. Essas verdades básicas fazem
parte do Imago Dei e fornecem ao homem um conhecimento imediato de
Deus através do conhecimento de si mesmo. João Calvino estava tão
convencido disso que iniciou sua obra magna, As Institutas da Religião
Cristã, com estas palavras:
Quase toda a sabedoria que possuímos, ou seja, a verdadeira e sã
sabedoria, consiste em duas partes: o conhecimento de Deus e o
conhecimento de nós mesmos. Mas, embora unidos por muitos
vínculos, não é fácil discernir qual precede e produz o outro. Em
primeiro lugar, ninguém pode olhar para si mesmo sem voltar
imediatamente os seus pensamentos para a contemplação de Deus,
em quem vive e se move… Outrossim, é um fato que o homem nunca
alcança um conhecimento claro de si mesmo, a menos que tenha
olhado primeiro para a face de Deus, e depois baixe o seu olhar de
contemplá-lo para examinar a si mesmo.[74]
Não podemos nos conhecer sem conhecer a Deus porque somos feitos à
imagem de Deus.[75] Porque não podemos deixar de conhecer a nós mesmos,
o conhecimento de Deus é inato. Nossa vida, à medida que nos foi dada
mediante o sopro de Deus em nós, nos concede luz suficiente para que
vejamos Deus (Salmos 56:13). Ao vermos a nós mesmos, vemos um reflexo
de Deus. Ter uma vida análoga à vida de Deus nos dá conhecimento de Deus,
ou como disse Van Til: “Para o homem, a autoconsciência pressupõe a
consciência de Deus”.[76] Fisher também entendeu que a crença “na
personalidade do homem e na personalidade de Deus permanecem ou caem
juntamente”.[77] Nossa consciência de Deus (sensus divinitatis) é o resultado
de sermos feitos à imagem de Deus. Oliphint afirma: “Em virtude de…
Sermos criado à imagem de Deus, sempre e em toda parte [levamos] o
conhecimento de Deus [conosco]”.[78] “Esse conhecimento não vem do
exercício apropriado e diligente de nossas capacidades cognitivas, emotivas
ou volitivas; antes, vem pela própria atividade reveladora de Deus dentro de
nós”.[79]
Isso significa que o conhecimento de Deus é intuitivo. O conhecimento
de Deus “é imediato”, de acordo com Oliphint, “porque não é obtido por
meio de inferência. Não há nada que façamos — nenhuma demonstração,
nenhum silogismo — que seja a base para a aquisição desse conhecimento”.
[80]
“O conhecimento de Deus é implantado (ou inserido)”.[81] Oliphint
continuou dizendo que ele é “dado a nós pelas coisas que são criadas pelo
próprio Deus”.[82] Como Fisher disse muitos anos antes: “A fonte suprema da
crença em Deus não está nos processos de argumentação. Sua presença é
mais manifesta[da] imediatamente”.[83]
O conhecimento de Deus é o que alguns filósofos chamam de uma
crença básica propriamente dita. Plantinga diz que as crenças básicas “não
são aceitas com base em evidências a partir de outras proposições”.[84] As
crenças básicas são semelhantes à memória ou às crenças perceptivas. Elas
não são inferidas ou deduzidas. Não precisamos de evidência ou
argumentação racional para crermos em Deus assim como não precisamos de
evidência ou argumentação para cremos nas memórias.
De acordo com Plantinga, “o sensus divinitatis é uma faculdade (ou
poder ou mecanismo) que produz crenças que, nas condições certas,
produzirão outras crenças que não são baseadas em evidências de outras
crenças”.[85] “Essa capacidade de conhecimento de Deus”, diz Plantinga, “faz
parte do nosso equipamento cognitivo original, parte do estabelecimento
epistêmico fundamental com o qual fomos criados por Deus”.[86]
A imago Dei nos dá a capacidade de conhecer a Deus, porém faz mais
do que isso — fornece-nos um conhecimento inerente a Deus (sensus
divinitatis). Ele nos concede distinções morais e lógicas. Embora isso possa
não parecer imediatamente claro, devemos entender que o conhecimento de
Deus, que é implantado em nós, não é simplesmente o conhecimento de um
ser abstrato (que chamamos de Deus), mas é o conhecimento de um ser
pessoal, moral e racional. Isso significa que as leis da lógica e da moralidade
são essenciais para a essência de Deus e foram impressas em nós porque
somos feitos à semelhança desse Deus. Ser criado à imagem de Deus nos
fornece uma mente racional e um padrão ético que garante o conhecimento de
Deus, do mundo ao nosso redor e de nós mesmos.[87] Conhecemos o certo e o
errado. Entendemos que “A” não pode ser “A” e “não-A” no mesmo sentido
e ao mesmo tempo porque somos feitos à imagem de Deus. Fomos projetados
para conhecer a Deus porque fomos criados à sua imagem e recebemos as
ferramentas cognitivas necessárias para ver Deus enquanto observamos a nós
mesmos e o mundo ao nosso redor. Conhecemos a Deus porque fomos feitos
para ser seres racionais e éticos.
Por consequência, ser criado à imagem de Deus significa que a nossa
própria autoconsciência é parte da revelação geral de Deus. Isso implica que
a revelação geral que Deus faz de si mesmo é interna (em nossa própria
autoconsciência) e externa (no universo físico que nos rodeia). E essa
revelação interna (sensus divinitatis) nos dá a capacidade de interpretar
adequadamente a mensagem da revelação externa de Deus.
Mais especificamente, ser feito à imagem de Deus nos dá o aparato
para vermos a semelhança de Deus em nós mesmos, bem como a glória de
Deus na criação. O sensus divinitatis garante que o universo seja eficaz em
revelar o conhecimento de Deus. Como observou erudito Greg Bahnsen
(1948-1995), quando residente no Southern California Center for Christian
Studies: “O homem é criado à imagem de Deus para se envolver no mundo
de modo racional. A mente do homem não é apenas análoga à de Deus, mas é
compatível com o universo criado por Deus por causa de Deus ter projetado a
nós mesmos e o nosso ambiente”.[88] Calvino disse: “Os homens não
conseguem abrir os olhos sem serem obrigados a vê-lo”.[89] Ele continuou
afirmando: “Para onde quer que você olhe, não há lugar no universo em que
você não consiga discernir pelo menos algum brilho de sua glória”.[90] “A
intenção de Moisés ao iniciar o seu livro com a criação do mundo é, por
assim dizer, tornar Deus visível para nós em suas obras… como um espelho
no qual devemos contemplar Deus”.[91]
Por esse motivo, John Murray (1898-1975), professor de teologia em
Princeton e depois em Westminster, afirmou:
Foi por sua vontade soberana que Deus criou o universo e nos fez
homens à sua imagem. Mas, como a criação é o produto de sua
vontade e poder, a marca de sua glória está necessariamente impressa
em sua obra, e, como somos criados à sua imagem, não podemos
deixar de ser confrontados com a manifestação dessa glória.[92]
Isso é ecoado por John Frame, um dos principais intérpretes da filosofia
de Cornelius Van Til, o qual afirma que “conhecemos Deus por meio do
mundo. Toda a revelação de Deus vem por meios criacionais… Portanto, não
podemos saber nada sobre Deus sem conhecer algo sobre o mundo ao mesmo
tempo… Não podemos conhecer o mundo sem conhecer Deus”.[93]
Plantinga explica como a criação revela o conhecimento de Deus para
nós:
Não é que alguém contemple o céu noturno, observe que ele é
grandioso e conclua que deve haver uma pessoa como Deus; um
argumento como esse seria ridiculamente fraco… É mais do que isso,
através da percepção do céu noturno, da vista da montanha ou da
pequenina flor, essas crenças simplesmente emergem em nós. Elas
são ocasionadas pelas circunstâncias; elas não são conclusões a partir
delas.[94]
Sendo feitos à imagem de Deus, a revelação de Deus (sensus
divinitatis) está sempre presente em nós. Mesmo que todas as nossas
memórias fossem apagadas, não perderíamos de vista Deus. “Sempre
renovando sua memória”, comentou Calvino, “ele lança repetidamente gotas
frescas… Pessoas de bom senso sempre terão certeza de que um senso da
divindade que nunca pode ser apagado está gravado na mente dos homens”.
[95]
Ao interagirmos com o mundo ao nosso redor, nossas próprias vidas não
podem deixar de continuamente revelar Deus para nós. A revelação natural
fala conosco mesmo quando não queremos ouvir a sua mensagem. É uma voz
constante que não pode ser silenciada. Oliphint afirma que é “um
conhecimento que Deus infunde em suas criaturas humanas, e continua a
infundir nelas, mesmo que continuem a viver os seus dias negando ou
ignorando-o”.[96]
Além da imago Dei imprimir, reproduzir e duplicar dentro de nós o
conhecimento de Deus, quando ela é renovado em Cristo e está funcionando
adequadamente, então nos capacita com as propriedades necessárias para
conhecermos Deus de modo experiencial. Deus nos criou à sua própria
imagem porque nos fez seres racionais e moralmente retos (Eclesiastes 7:29).
Antes que a semelhança de Deus no homem fosse desfigurada pela queda, ela
consistia no conhecimento racional de Deus e na retidão moral de amar e
obedecer a Deus. Calvino continuou dizendo: “Pelo fato de que sabemos que
os homens têm essa qualidade única acima dos outros animais, que eles têm
gravada em sua consciência a distinção entre o certo e o errado; assim
também não há homem em quem não penetre alguma consciência da luz
eterna”.[97] A humanidade tem essa marca porque fomos criados para ter mais
do que uma concepção intelectual de Deus. Fomos criados à semelhança de
Deus para que pudéssemos desfrutar e glorificar a Deus em nossas vidas.
Fomos criados para ter um relacionamento pessoal com Deus. Antes que a
imagem de Deus fosse manchada pelo pecado na queda, o homem estava
capacitado, segundo Martinho Lutero, “a amar a Deus, a crer em Deus, a
conhecer a Deus”.[98] Em resumo, ser criado à semelhança de Deus torna
possível que vivamos em um relacionamento mutuamente amoroso com
nosso Criador.[99]
Fomos projetados e eficientemente capacitados para desfrutar de um
relacionamento amoroso e pactual com Deus. No entanto, nossa culpa é a
evidência de que esse relacionamento pactual foi quebrado. Mesmo sem a
instrução de outros, porque somos feitos à imagem de Deus, não podemos
deixar de concluir imediata e irresistivelmente que nosso fracasso é um
fracasso contra um Deus pessoal. O fracasso em viver de acordo com as leis
do pensamento correto e as leis do comportamento correto é um fracasso não
apenas da nossa própria natureza, mas também um fracasso contra um Deus
pessoal que nos fez à semelhança de sua natureza.
A culpa testemunha o fato de que nosso relacionamento com o Criador
está rompido. Pois, um Deus que é racional e justo não é apenas uma força
sobrenatural e impessoal, mas uma pessoa viva, pensante, emocional e justa.
Alguém que tem o direito e o poder de nos dizer como viver. Por nos
conhecermos desse modo, não podemos deixar de entender essa realidade.
Imediatamente compreendemos pelo testemunho de nossas vidas e do mundo
ao nosso redor que estamos em algum relacionamento análogo com um Deus
pessoal e santo.[100]
Em Guerra Contra Deus e Contra Nós Mesmos
Sermos criados à imagem de Deus pode ter nos capacitado
originalmente para termos um relacionamento pessoal com Deus, mas o
pecado rompeu esse relacionamento há muito tempo. Como uma pintura que
foi desgastada pela exposição ao sol, a semelhança de Deus ainda está
presente em nós. No entanto, não é mais uma representação pura, pois a
imago Dei não funciona mais de acordo com o propósito original.
Consequentemente, como observamos no capítulo 4, sendo movidos
pelo interesse próprio, não podemos mais pensar ou viver de um modo que
reflita perfeitamente a glória da imagem de Deus. Nossos pensamentos,
afeições e vidas não são mais uma representação pura da semelhança de
Deus. Em vez de nos sentirmos atraídos pelo conhecimento de Deus que
permanece impresso em nossas consciências, estamos em guerra contra esse
conhecimento. O conhecimento de Deus permanece, mas o amor a Deus foi
suplantado pelo amor próprio. Embora o conhecimento do certo e do errado
ainda fale em nossas consciências, o desejo de amar a Deus e ao próximo
acima de nós mesmos não está mais presente em nossos corações. Embora as
leis racionais da mente (lógica) ainda estejam impressas em nosso
pensamento, à parte a graça de Deus, falta a consistência intelectual e prática
de viver em coerência com essas leis. O pecado é irracional, pois distorce,
deturpa e perverte uma mente sã e conduz a um comportamento tolo e
pecaminoso adicional.
Como resultado, as nossas consciências culpadas demonstram tanto o
nosso conhecimento de Deus quanto a nossa rejeição a esse conhecimento.
Essa culpa torna a santidade de Deus aterrorizante. Como Adão e Eva se
esconderam de Deus depois que o desobedeceram, procuramos suprimir o
conhecimento de Deus em injustiça (Romanos 1:18). Essa é nossa maneira de
nos escondermos de Deus. Isso acontece toda vez que deixamos de dar graças
a Deus (Romanos 1:21). Deixar de reconhecer Deus é o primeiro passo para o
ateísmo prático. Muitos de nós não negam intelectualmente a existência de
Deus. Simplesmente vivemos como se ele não existisse ou como se ele não
estivesse nos observando. Quando pensamos que afastamos o olhar santo de
Deus de nossas vidas, sentimos que não somos mais responsáveis por nossas
ações. Depois vem toda uma série de práticas pecaminosas que endurecem
ainda mais nossa mente e coração para com Deus (Hebreus 3:13). Como
Jonas fugiu de Deus, também procuramos fugir do conhecimento de Deus e
encontrar refúgio na frieza das trevas.
Até onde estamos dispostos a ir para longe de Deus? Embora todos nós
tenhamos nascido com o conhecimento de Deus, queremos viver e morrer
como ateus práticos. Para justificar nosso comportamento irracional,
concebemos sistemas de pensamento contraditórios e irracionais que
eliminam Deus da equação. Como naturalmente colocamos nossos próprios
interesses acima dos interesses de Deus, gostaríamos de pensar que somos
intelectualmente autossuficientes. Não precisamos nos submeter à revelação
divina. Do mesmo modo que suprimimos a culpa, procuramos abafar a nossa
consciência de Deus. O sensus divinitatis deve ser erradicado. Queremos
determinar o que é certo e errado, e o que é verdadeiro e falso para nós
mesmos, em vez de reconhecermos que todo conhecimento vem de Deus.
Isso aconteceu quando Eva questionou Deus no Jardim (Gênesis 3:4-6). E
desde então, tentamos nos tornar a fonte de nossas próprias crenças.
Estamos em guerra contra Deus e contra nós mesmos. Nós odiamos a
Deus, mas não podemos eliminar completamente o selo de Deus de nossa
própria consciência. Lutamos contra a realidade de que somos feitos à
imagem de Deus. Como Oliphint afirmou com razão: “É essa imagem de
Deus que é o pressuposto por trás de tudo o que somos”.[101] Assim, ficamos
atormentados e tentamos fugir de Deus porque carregamos o conhecimento e
o reflexo de Deus conosco onde quer que vamos. Ficamos perturbados
porque carregamos o conhecimento de Deus em nós mesmos.
Gostaríamos de nos libertar não apenas do conhecimento de Deus, mas
também das leis da lógica e da moralidade gravadas em nossos corações. As
leis são vinculativas e apontam para um legislador. Os padrões éticos servem
apenas para reforçar os nossos corações culpados. Por mais que tentemos,
não podemos viver sem as leis da lógica e da moralidade que derivam do
conhecimento de Deus, porque sem o conhecimento de Deus todo
conhecimento é impossível.
O pensador pós-moderno pode tentar viver sem absolutos, mas para
onde quer que se vire, colide com uma barreira lógica imóvel que o prende. O
homem, diz Van Til, “constantemente joga água no fogo que ele não
consegue apagar”.[102] O homem pode suprimir a verdade, porém a verdade
não morre. Não pode morrer. Entendendo isso, Calvino declarou:
Finalmente, eles se envolvem em uma montanha tão grande de erros
que a sua impiedade cega os sufoca e, por fim, apaga as faíscas que
uma vez surgiram para demonstrar a glória de Deus. Contudo,
permanece a semente, que de maneira alguma pode ser arrancada, de
que existe algum tipo de divindade; mas essa semente está tão
corrompida que, por si só, produz apenas os piores frutos.[103]
Até que ponto os homens depravados desfigurarão a imagem
remanescente de Deus que está impressa em sua natureza? Como veremos
nos próximos capítulos, eles chegarão ao ponto de negar a natureza universal
das leis da lógica e dos absolutos morais. Se a sanidade racional exige
submissão a Deus, o homem provou que está mais disposto a abraçar o
absurdo intelectual do que se sujeitar ao conhecimento da verdade.
Como os homens caídos preferem aceitar uma mentira a se submeterem
à verdade, eles ficam diante de um espelho desfigurando, ferindo e rasgando
os seus rostos para remover a imagem de Deus que está diante deles. Eles
desejam erigir um deus formado à sua própria semelhança humana, em vez
de se submeterem ao Deus que os criou à sua própria semelhança divina. Eles
preferem adorar um ídolo tolo para obter independência intelectual do que se
submeterem ao Deus de toda a sabedoria. Ao fazer isso, estão dispostos a
vender as suas almas por um prato de lentilhas. O absurdo e a consciência
culpada, no entanto, são coisas das quais a humanidade, feita à imagem
divina, nunca se livrará até que se volte para Cristo e dobre os joelhos ao seu
senhorio eterno.
Conclusão
Como veremos no próximo capítulo, sem nos submetermos a essas três
verdades inatas e que não podem ser erradicadas (lógica, moralidade e Deus),
não podemos pensar ou viver de modo coerente. Essas verdades básicas são
condições necessárias para o conhecimento. Em outras palavras, negar a
existência de Deus (o que inclui a negação das leis da lógica e das distinções
morais) leva alguém a pensar e se comportar de modo absurdo. Sem Deus,
todas as coisas desmoronam.
Entretanto, darei um passo adiante nos capítulos seguintes. Para
qualquer um de nós ter uma visão holística do mundo que seja capaz de
responder às questões mais profundas da vida, não é necessário apenas
qualquer deus. É necessário o Deus triuno da Bíblia. Embora nem todas as
alegações de verdade da Bíblia sejam inatas, elas consistem na única estrutura
lógica e coesa que está em perfeita concordância com o conhecimento
inerente da lógica, da moralidade e de Deus. A cosmovisão bíblica é o único
sistema coerente de pensamento. Somente quando nos submetemos à
autoridade de Deus podemos escapar do nosso próprio pensamento
incoerente e disfuncional. Até que isso ocorra, a consciência culpada, o
pensamento e o comportamento irracionais continuarão.
7
A. Naturalismo
B. Sobrenaturalismo Impessoal
C. Sobrenaturalismo Pessoal
A. Racionalismo
B. Empirismo
C. Existencialismo
A Coerência é Obrigatória
“Meu pai me ensinou que a pergunta ‘Quem me criou?’ não pode ser
respondida, pois sugere imediatamente a pergunta adicional: ‘Quem criou
Deus?’”. Ler isso na Autobiografia de John Stuart Mill, levou Bertrand
Russell a rejeitar o argumento cosmológico da existência de Deus. Nas
palavras de Russell: “Se tudo deve ter uma causa, então Deus deve ter uma
causa. Se pode existir algo sem uma causa, o mundo pode ser como Deus, de
modo que não pode haver qualquer validade nesse argumento”.[142]
É verdade que o argumento cosmológico só faz sentido dentro da
estrutura da cosmovisão cristã. Mas o que Russell parece não entender é que
a sua crítica ao argumento cosmológico não faz sentido nem na cosmovisão
do cristão nem na do naturalista. De fato, não há cosmovisão em na qual a
sua afirmação faça algum sentido lógico. A afirmação de Russell, “Se pode
existir algo sem uma causa, o mundo pode ser como Deus”, é autorrefutável
em seus próprios termos. Em outras palavras, ele está tentando refutar um
argumento com uma afirmação irracional.
Por exemplo, dentro da cosmovisão cristã, o argumento cosmológico
faz todo sentido. Quando pressupomos o Deus da Bíblia, o Deus que criou o
universo para funcionar com regularidade exata, então a ciência e a religião
podem coexistir em perfeita harmonia. A Bíblia nos ensina certas coisas, e a
ciência nos ensina certas coisas. Esses dois conjuntos de coisas não estão em
oposição. A ciência ensina que tudo em movimento tem uma causa. Uma vez
que tudo em movimento deve ter uma causa, então tudo no universo, que está
em movimento, deve ter uma causa. Embora a ciência não possa provar ou
explicar a causa, a única resposta lógica é que a causa é algo que não está em
movimento — o Motor Imutável. Dentro da estrutura da cosmovisão cristã,
há uma explicação lógica e inata de quem realmente é esse Motor Imutável
— Deus. Talvez isso não expresse adequadamente a glória de um Deus
trinitário de amor, mas pelo menos na cosmovisão cristã o argumento
cosmológico é um argumento racional, porque o Deus da Bíblia, quem criou
o universo e é diferente do universo, é autônomo, imutável e autoexistente.
Russell rejeita o pressuposto básico por trás da cosmovisão cristã. O
ponto de partida para a cosmovisão cristã é que não há respostas definitivas
para qualquer pergunta sem primeiro pressupor o Deus da Bíblia. Sem o Deus
da Bíblia, nada faz sentido. Não há respostas definitivas e lógicas para
nenhuma pergunta. Russell, por outro lado, opera a partir de uma visão de
mundo ateísta e naturalista que não permite que Deus seja sequer considerado
como uma possível resposta a qualquer uma das perguntas da vida. Os
pressupostos, ou o ponto de partida, da cosmovisão naturalista são o
materialismo e o empirismo. O naturalismo procura explicar tudo com uma
causa naturalista. O materialismo é o conceito em que toda a realidade
consiste — e consiste apenas — naquilo que é físico ou material. A mente
existe apenas em função do corpo. Matéria e natureza são tudo o que existe.
[143]
Com esses pressupostos, o conhecimento só pode ser obtido pelos
sentidos empíricos (ou seja, percepção sensorial). Assim, naturalismo,
materialismo e empirismo são os pressupostos básicos da cosmovisão ateísta.
Com isso em mente, o fato de Russell afirmar que é possível o mundo
não ter uma causa é completamente irracional em uma cosmovisão ateísta em
que o conhecimento é determinado e limitado ao método científico. Segundo
as evidências, nada que tenha um começo é autônomo. Ou seja, nada é
autossuficiente e capaz de se mover sem qualquer ajuda exterior. A ciência
ensina na primeira, segunda e terceira leis do movimento que tudo que tem
um começo, como o universo, deve ter uma causa exterior.
Em outras palavras, todo efeito deve ter uma causa. Segundo a ciência,
não existe um efeito não causado. Dizer o contrário é negar as leis da ciência,
que são pressupostos centrais do ateísmo e do naturalismo. De acordo com as
leis da ciência, o universo não pode ser a sua própria causa mais do que
qualquer efeito pode ser a sua própria causa. A afirmação: “Se pode existir
algo sem uma causa, o mundo pode ser assim” não faz absolutamente
nenhum sentido dentro da cosmovisão ateísta. De fato, não faz absolutamente
sentido em nenhuma cosmovisão dizer que é possível que o universo exista
sem uma causa. Não faz sentido dizer que algo surgiu do nada sem alguma
causa externa. Mais precisamente, não faz sentido pressupor o empirismo —
que o conhecimento científico é o único meio de entender a existência do
mundo — e depois negar as leis da ciência em sua tentativa de explicar as
origens do universo.
Russell começou a sua crítica ao argumento cosmológico com a falsa
premissa de que “tudo deve ter uma causa”. No entanto, o argumento
cosmológico não afirma que tudo deve ter uma causa. Afirma que todo efeito
deve ter uma causa. Afirma que tudo que tem um começo deve ter uma
causa. Essa é uma grande distinção que Russell negligenciou de forma
conveniente. Nem tudo deve ter uma causa; apenas coisas contingentes
devem ter uma causa.
Não faz sentido dizer que algo pode ser a sua própria causa. Nem
mesmo Deus não pode criar a si mesmo. Isso seria uma clara contradição,
pois Deus teria que existir e não existir ao mesmo tempo e na mesma relação.
Para Deus criar a si mesmo, ele teria que existir antes do ato de autocriação.
Portanto, embora Deus seja autoexistente, ele não é autocriado, pois isso
seria impossível. Ou a existência de Deus é em si mesmo, ou ele não existe.
Ou ele é eterno, ou Ele é inexistente.
Porque o universo está cheio de efeitos, deve haver uma causa primeira.
Porque o universo não pode ser sua própria causa, deve haver um Deus
autoexistente que criou o universo. Deve haver um ser imaterial, não
contingente e autoexistente que criou o universo. Pelo menos esse é um
argumento lógico.
É por isso que Jonathan Edwards disse: “Nada acontece sem uma
causa. O que é autoexistente, deve sê-lo desde a eternidade e deve ser
imutável; mas, quanto a todas as coisas que começam a existir, elas não são
autoexistentes e, portanto, devem ter algum fundamento de sua existência
fora delas mesmas”.[144]
Embora o argumento cosmológico não seja suficiente para estabelecer
o Deus da Bíblia, é pelo menos um argumento coerente dentro do contexto
maior da cosmovisão cristã. Meu objetivo, no entanto, ao expor a
irracionalidade da crítica de Russell não é procurar fundamentar a existência
de Deus no argumento cosmológico. Antes, meu objetivo é ilustrar que, ao
argumentar, Russell deixou de lado a cosmovisão ateísta (uma cosmovisão
que consiste em naturalismo, empirismo e relativismo). E, se Russell quer
provar que Deus não existe,[145] ele deve fazê-lo de uma maneira que
permaneça coerente com os pressupostos básicos de sua própria cosmovisão
ateísta. Isso é algo que nem ele nem qualquer outro ateu pode fazer.
A tarefa difícil para os naturalistas é que eles são forçados a responder
a todas as perguntas da vida de uma maneira que não contradiga a base de sua
cosmovisão, ou então se tornam tagarelas irracionais e incoerentes. Ou seja,
os naturalistas devem ter uma explicação naturalista para tudo ou, caso
contrário, deixam de ser naturalistas. A evolução é uma explicação naturalista
para as origens do universo, mas será que a evolução é uma explicação
racional para as origens do universo, da lógica, da matemática, das emoções,
da intenção proposital e da ética? Procuraremos responder a essa pergunta
mais tarde, mas, por enquanto, é importante percebermos que os naturalistas
são obrigados a responder a todas as perguntas da vida dentro dos limites de
sua cosmovisão.
Isso não é verdade apenas para ateus; é verdade para todos nós. Seja o
que for que aceitemos como pressupostos iniciais, se continuarmos a
sustentar esses pressupostos, não podemos negar esses pressupostos iniciais
emprestando capital de uma cosmovisão antitética. Isso é agir com engano e
expõe uma inconsistência em nosso pensamento.
A Veracidade de Qualquer Sistema Depende de sua
Coerência
Se qualquer sistema de pensamento é incoerente, ele não pode ser
confiável. Por exemplo, quando eu era criança, um dos meus irmãos mais
velhos descobriu que nossos pais estavam escondendo nossos presentes de
Natal em uma grande caixa de papelão debaixo da cama. Você já pode
imaginar! Para uma criança, isso era como um baú do tesouro. Uma vez que
o segredo foi revelado, a tentação parecia grande demais para ser resistida.
Nós precisávamos apenas dar uma olhada. Com muita ansiedade, cada um de
nós se esgueirou para aquele esconderijo escuro. O que começou como algo
único, se transformou em várias visitas por dia; isto é, até que fomos
descobertos. Minha mãe percebeu que a tampa da caixa não estava
devidamente fechada. Um de nós foi descuidado.
Como sempre, quando minha mãe não sabia quem era a criança
culpada, ela perfilava os meninos na cozinha, do mais velho ao mais novo,
comigo no final. Todos éramos culpados, mas qual de nós receberia a
penalidade? O interrogatório começava com James, meu irmão mais velho.
Ele rapidamente negou saber alguma coisa sobre isso. Quando o rosto severo
de minha mãe se virou de James para o seu filho do meio, Jason disse com
uma voz convicta: “Não fui eu, mamãe, eu fechei bem a tampa toda vez que
olhei!”.
Embora o jovem Jason fosse sincero, pois ele não foi o motivo pelo
qual fomos apanhados, a sua defesa foi o motivo pelo qual todos fomos
punidos. É fácil detectar a inconsistência nessa história, mas qualquer
incoerência revela que algo está errado. A confissão autoincriminadora do
meu irmão é uma lembrança engraçada agora, mas e se a nossa inconsistência
existir nas crenças fundamentais da nossa cosmovisão?
Pequenas incoerências em assuntos periféricos podem ser facilmente
corrigidas em qualquer sistema de pensamento, mas a incoerência nas
declarações pressuposicionais primárias e centrais expõe um problema real
com o próprio sistema conceitual. Um ateu e um cristão podem estar
enganados sobre quem venceu a Copa de 1970, mas esse erro, por si só, não
prejudica nenhuma de suas cosmovisões. Esse conhecimento é tangencial ao
sistema conceitual geral de pensamento. É uma preocupação muito maior, no
entanto, se os pressupostos por trás de sua cosmovisão são defeituosos. Se o
alicerce estiver destruído, não há esperança de que o edifício permaneça em
pé.
C. Stephen Evans, professor de filosofia da Universidade Baylor,
chegou ao entendimento que crer em Deus não é a mesma coisa que acreditar
no monstro do Lago Ness: “O monstro do Lago Ness é apenas ‘mais uma
coisa’… Deus, no entanto, não é apenas ‘mais uma coisa’. A pessoa que crê
em Deus e a pessoa que não crê em Deus não apenas discordam sobre Deus,
mas discordam do próprio caráter do universo”.[146] É bastante inofensivo se
estivermos enganados sobre quem venceu a Copa do Mundo de 1970, porém
se errarmos na questão sobre Deus, em essência tudo o mais no que cremos
será afetado negativamente.
Por exemplo, o positivismo lógico costumava ser popular no início do
século XX. Os positivistas lógicos alegaram que apenas dois tipos de
proposições eram significativos: declarações analíticas e sintéticas que eram
empiricamente verificáveis. Uma afirmação analítica é uma proposição
verdadeira em virtude de seu significado. A afirmação, “todos os solteiros são
únicos”, é um exemplo de afirmação analítica. É significativa por causa da
impossibilidade do contrário. A afirmação, pela própria natureza de seus
próprios termos, se verifica. Uma afirmação sintética verificável, por outro
lado, é uma proposição confirmada pela experiência sensorial. “O fogo está
quente” é uma afirmação significativa porque é facilmente demonstrada pelo
teste empírico de colocar a mão nas chamas. Se alguma proposição fosse
incapaz de atender a essas duas formas de verificação, seria considerada uma
declaração sem sentido.
Visto que é impossível verificar a existência de Deus através de um
exame empírico, os positivistas lógicos argumentaram que a crença em Deus
não faz sentido. Em seu livro Language, Truth, and Logic, o professor de
lógica em Oxford, Alfred J. Ayer (1910-1989), explicou:
Não há como provar que a existência de um deus, como o Deus do
cristianismo, seja até mesmo provável. No entanto, isso também é
facilmente demonstrado. Pois, se a existência de um deus desse tipo
fosse provável, a proposição de que ele existia seria uma hipótese
empírica. E, nesse caso, seria possível deduzir a partir disso, e de
outras hipóteses empíricas, certas proposições experienciais que não
seriam dedutíveis apenas dessas outras hipóteses. Mas, na verdade,
isso não é possível… Afirmar que “Deus existe” é proferir uma
expressão metafísica que não pode ser verdadeira ou falsa. E pelo
mesmo critério, nenhuma sentença que pretenda descrever a natureza
de um deus transcendente pode possuir qualquer significado literal.
[147]
O Absurdo da Incredulidade
“O tolo não tem prazer na sabedoria, mas só em que se manifeste aquilo que
agrada o seu coração.”
(Provérbios 18:2)
11
A Irracionalidade do Naturalismo
A Irracionalidade da Evolução
A Irracionalidade do Empirismo e
Determinismo
A Irracionalidade do Relativismo e do
Niilismo
A Irracionalidade do Existencialismo
A Irracionalidade do Pós-Modernismo
Hinduísmo
No hinduísmo, o Ser Supremo é Brahma, que é algo que não pode ser
definido, pois é indiferenciado e está além da existência ou do próprio ser.
Brahma podia ser nada, bem como poderia ser alguma coisa. Para se unir
com Brahma, a alma deve ser libertada (Moksha) da roda do karma e da
Samsara (reencarnações) ao alcançar o nirvana através do caminho das obras,
ou do caminho do conhecimento, ou do caminho da devoção. Somente
depois, a alma estará livre da dor e do sofrimento advindos de ser acorrentada
a uma existência física e corporal.
Jainismo
Budismo
Panteísmo
Panenteísmo
Politeísmo
A Irracionalidade do Islamismo e do
Judaísmo
A Irracionalidade de Monismo
Os Fundamentos da Crença
“Vinde então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam
como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam
vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.” (Isaías 1:18)
21
Caro leitor, não podemos viver uma vida plena e consistente sem Deus. A
nossa culpa é a prova disso, ela é a evidência da nossa infelicidade e tolice.
Embora cada um de nós tenha tentado em vão aliviar a consciência culpada,
ela continua a falar contra nós. Porém, pior ainda, é a nossa própria voz que
cada um de nós ouve dentro das nossas cabeças. Não a queremos ouvir, mas
estamos constantemente condenando a nós mesmos. “Por que eu fiz isso?”,
“Eu não devia ter feito aquilo”, “Espero que ninguém tenha visto eu fazer
isso”. Nós nos amamos, e por isso odiamos esse sentimento de culpa.
Odiamos saber que estamos errados. A autocondenação é a pior coisa. Se
outros nos condenam, há a possibilidade de que eles tenham feito um
julgamento errado a nosso respeito, mas quando o nosso próprio coração fala
contra nós, é difícil negar a nossa culpabilidade. Tentamos calar a nós
mesmos, e embora nossa consciência possa ficar cada vez mais fraca à
medida que se torna mais e mais endurecida, nunca podemos nos livrar
completamente do fato de que sabemos que somos pecadores e que somos
merecedores do julgamento de Deus.
Culpa: Um Problema Universal
O que devemos fazer com as nossas consciências culpadas? Remédios?
Terapia? Uma peregrinação à Terra Santa? Autoflagelação? Embora a culpa
esteja sempre presente, cada um de nós se tornou um especialista em
silenciar a sua própria consciência. A nossa primeira defesa é inventar
desculpas incrivelmente formuladas. Somos bons em encontrar supostas
brechas nas circunstâncias que nos isentam do que se aplica universalmente
aos outros. Fazemo-nos de tolos. Ou, enxergamos a nós mesmos como
alguém que foi injustamente colocado em algum tipo de dilema ou
circunstâncias muito difíceis — “Não pudemos evitar isso”. Passamos de
culpados a vítimas.
Isso, é claro, leva a uma segunda camada de defesa — culpar os outros
pelas nossas ações. “Senhor, foi essa mulher, que me deste, que me fez
comer do fruto proibido”. “A culpa é dela, ou talvez até seja tua, Deus, por
tê-la dado a mim”.
E se culpar os outros não remove a nossa vergonha, procuramos
compensá-las praticando algumas boas ações. “Olha como eu sou bom; não
sou assim tão mau”. “Em vou para a igreja e, de vez em quando, planto uma
árvore e dou uns trocados a um morador de rua”.
Se a culpa continuar, então buscamos nos distrair. Assistimos muita
televisão e nos mantemos entretidos. Fazemos isso na esperança de que, se
passar tempo e água suficientes debaixo da ponte, poderemos nos sentirmos
melhores conosco mesmos.
Entretanto, o que cada um de nós acha mais útil para aliviar a sua
consciência é buscar uma multidão de amigos que serão sempre muito gentis
ao nos assegurar que estamos bem. Estamos à procura daqueles amigos que
aceitam as nossas desculpas, ou nos ajudam a criar novas. Sentimo-nos muito
melhor quando eles dizem: “Eu teria feito a mesma coisa”. Esses são os
amigos que nos ajudam. E se não é esse tipo de amigos que estamos
procurando, então os que estamos buscando são aqueles cujas ações e
comportamentos morais são um pouco piores do que os nossos. “Posso
escorregar aqui e ali de vez em quando, mas pelo menos não sou como
Roberto, que é completamente viciado nessas coisas”. “Eu posso até fazer
isso, mas o Roberto faz muito mais”. “Comparado com outros, sou uma
pessoa muito boa”.
Após anos suprimindo nossas consciências, achamos muito mais fácil
continuar na prática de nossos pecados sem nos sentirmos culpados. Um dos
meus amigos homossexuais admitiu que se sentiu sujo nas primeiras vezes
em que cedeu aos seus desejos. O seu parceiro o tranquilizou dizendo que
esse sentimento era normal, e que a chave para o superar era não pensar
nisso. Com o tempo, vai ficar cada vez mais fácil. Entretanto, o mesmo
acontece com todos aqueles que iniciam práticas pecaminosas. Os
criminosos obstinados não são feitos da noite para o dia; é preciso tempo
para produzir endurecimento em uma consciência sensível.
Debaixo de toda dureza, não importa quantos filmes tenhamos visto
para nos distrairmos e nem quantos amigos nos tenham tranquilizado, lá no
fundo sabemos que pecamos e estamos destituídos da glória de Deus. No
entanto, devido a nossa habilidade incomum de esquecer e suavizar as coisas,
não temos noção de quão perversos e condenáveis temos sido. Nós não
conhecemos a profundidade da nossa depravação. Cada um de nós sabe que é
pecador, mas nenhum de nós pode sequer começar a compreender quão
grandes pecadores nós realmente somos aos olhos de Deus. Se usamos
óculos sujos de lama, é difícil ver quão sujos realmente somos. Nós nos
vemos através de olhos pecadores. Como olharemos para aquele que é tão
puro de olhos que não pode contemplar o pecado?
Quais dos mandamentos de Deus nós não violamos? Nós roubamos,
mentimos e enganamos. Temos sido infiéis, impiedosos, grosseiros e
desamorosos. Temos dedicado nossas vidas para a satisfação de várias
paixões carnais e temos estado mais preocupados em ser ricos, populares e
poderosos do que em sermos amigos atenciosos para aqueles que precisam.
Temos gastado mais tempo e energia vivendo para nós mesmos do que
vivendo para Deus.
Não apenas transgredimos a lei de Deus, mas também falhamos em
fazer todas as coisas que deveríamos ter feito. Deveríamos ter ligado para a
vovó há alguns anos atrás, quando ela ficou doente. Deveríamos ter parado e
ajudado aquela pessoa que pedia ajuda no acostamento da estrada. Devíamos
ter feito isso ou aquilo, mas éramos demasiado preguiçosos e egocêntricos.
Negligenciamos a devida gratidão a Deus por todas as coisas. Temos
negligenciado a adoração que é devida ao Seu nome. Não temos vivido de
acordo com o padrão.
Isso para não mencionar os pecados do nosso coração, tais como raiva,
malícia, amargura, ciúmes, cobiça, pensamentos lascivos, imaginações vãs, e
toda sorte de desejos malignos.
Mas o que é mais terrível do que nossos corações nos condenando é
saber que Deus pessoalmente anotou tudo o que já fizemos. Cada
pensamento, palavra e ação foi registrado. Deus não se deixa enganar pelas
nossas desculpas tolas. Ele manifestou claramente para nós que aqueles que
praticam tais coisas são dignos de morte (Romanos 1:32).
Esses atos pecaminosos constituem traição contra Deus. Nós não
somente nos rebelamos contra o nosso Criador e Rei, como também
desertamos para o reino das trevas. Empunhamos nossas espadas e cerramos
nossos punhos em um desafio deliberado contra Ele. Nossos pecados são um
ataque direto e ousado contra Deus, que nos abençoou com a vida, e com
coisas boas, tais como a chuva e o sol. Ele tem sido graciosamente bondoso,
longânimo e paciente para conosco. Ele nos enviou o Evangelho, tem nos
dado muitas oportunidades para nos arrependermos, tem mantido o sangue
bombeando em nossas veias e sustentando o batimento de nossos corações.
Mas como temos respondido a essa bondade? Nós profanamos Seu nome
pelas coisas que temos visto e pelas piadas que temos feito. Continuamos a
ferir a mão que nos alimenta cada vez que utilizamos os dons, dinheiro,
recursos e saúde que Deus nos deu para atividades egoístas, pecaminosas e
vergonhosas. A vida que Deus nos deu para servi-lo, nós temos usado para
desafiá-lo e amaldiçoá-lo.
Justiça: Uma Certeza Universal
A ira de Deus é aterradora porque foi provocada pela nossa rejeição do
Seu amor. Deus encontra infinita alegria, felicidade e glória em Seu Filho;
Seu amor por ele é incompreensível. Deus ama Seu Filho, e também amou os
miseráveis pecadores o suficiente para dar o que ele mais ama — Seu Filho
unigênito (João 3:16). Deus não reteve Seu maior tesouro, mas ofereceu
graciosamente o seu Filho — o qual detém a vida, o sentido e a felicidade em
sua mão. Deus deu o melhor que Ele tinha para dar. Deus ofereceu tudo —
algo verdadeiramente sem preço. No entanto, não só provocamos a ira de
Deus pelas nossas transgressões, mas, pior ainda, desprezamos o amor de um
Deus zeloso ao rejeitar o seu dom de amor. Nós desprezamos o que Deus
mais valorizou, como se Seu Filho não fosse bom o suficientemente. Nós,
que não valemos nada, rejeitamos aquele que é de infinito valor. Nós, que
não somos amáveis, nos afastamos do imensurável amor de Deus. Assim,
que ira deve haver no coração de Deus pela afronta com que o cobrimos
quando viramos as costas ao Seu Filho amado?
A nossa rejeição do amor de Deus é uma rebelião aberta. A cada
momento que nos recusamos a nos ajoelhar e a entregar tudo à sua
majestade, continuamos a provocá-lo e a entesourar irá sobre nós mesmos.
Apenas um segundo, e será tarde demais para nós. Ele não vai reter a
Sua ira para sempre. O Dia do Juízo Final está chegando (Colossenses 1:6).
A nossa culpa testemunha a certeza disso.
A morte está chegando, mas nós vivemos como se isso não fosse
verdade; vemos a nossa culpa, mas preferimos ignorá-la. Temos fechado os
olhos para a severidade da nossa condição e para a gravidade da ira de Deus.
Fechamos os nossos olhos com uma falsa sensação de segurança por causa
da nossa justiça própria. Cegamos a nós mesmos com os prazeres e
preocupações do mundo. Estamos mais preocupados com um aumento de
salário do que em salvar nossas almas do inferno. Estamos muito ocupados
pescando, viajando, jogando futebol e nos mantendo em forma do que
buscando nos acertar com Deus. Estamos muito ocupados comendo o
guisado de Esaú e nos divertindo com nossos amigos do que buscando a face
de Deus. Porque ainda ouvimos as aves cantando e sentimos o calor do sol,
estamos sob a falsa ilusão de que tudo está bem.
Devíamos estar alarmados, mas estamos tranquilos. Estamos seguindo
a multidão, envolvidos na loucura, capturados pelos últimos modismos e
novidades. Assim como cães que andam à procura da próxima refeição,
somos levados pela maré do hedonismo. Estamos à deriva, perdidos no mar,
mas completamente despreocupados. Corremos atrás da próxima coisa que
nos dará prazer, semelhante ao rato que corre dentro de uma roda. A maré
está nos fazendo cair no sono e nos levando para o fundo do mar. Somos
inconscientemente escravizados pelas nossas rotinas. Nossa vida diária, cheia
de prazeres, negócios e entretenimento, nos cega para o perigo que se
aproxima. Como um rebanho de vacas que caminham de bom grado para o
matadouro, nós seguimos o curso deste mundo enquanto dançamos em nosso
caminho rumo ao inferno.
É apenas uma questão de tempo até que todo esse descuido e essa falsa
sensação de segurança sejam dissipados. A morte arrebatará a todos nós. Em
um momento — que frequentemente é imprevisível — você estará diante de
um Deus santo. Sem desculpas. Sem justiça própria. Sem uma cosmovisão
ateísta. Apenas você e sua culpa totalmente expostos diante do Deus todo-
poderoso. Porém, por enquanto, você continua descuidado.
Perdão: Uma Oferta Universal
A tragédia de tudo isso é que, em seu caminho rumo ao inferno, você
propositalmente irá caminhar sobre o corpo morto e ressurreto de Jesus
Cristo. Se você enfrentar a ira de Deus, será porque recusou continuamente o
amor de Deus. Em seu caminho para o inferno, você rejeitará a Cristo e a sua
livre oferta de graça. Quando você ouviu o Evangelho, uma promessa lhe foi
dada, uma maneira de escapar foi providenciada. Você não tem que enfrentar
a Deus em seus pecados, pois Cristo morreu pelos pecadores. Permanecer na
incredulidade é rejeitar conscientemente essa oferta graciosa.
Além disso, se você deixar Cristo de fora de sua vida, esteja
plenamente consciente acerca de quem é que você está rejeitando. O
Evangelho que lhe oferece a salvação custou tudo para Cristo. Para que Deus
lhe desse o universo, ele só teria que pronunciar algumas palavras. Mas para
salvar sua alma do pecado, ele teve que sacrificar seu único Filho. Essa
promessa gratuita não era sem custo para aquele que a fez. Cristo deixou de
lado a Sua glória e se tornou homem. Ele não veio vestido de Rei, mas de
servo. Ele veio a este mundo sabendo que, como homem, enfrentaria todas as
tentações imagináveis. Depois que João o batizou, Cristo foi conduzido a
uma região deserta por quarenta dias. Durante esse tempo, todo o inferno foi
desencadeado sobre Ele. O Diabo e todas as suas forças demoníacas atiraram
tudo o que tinham contra Ele. O Diabo procurou esmagá-lo com todo o seu
ódio. Durante esse tempo, Cristo estava faminto, cansado e abatido de todas
as maneiras possíveis. Ele permaneceu fiel ao Seu Pai, resistiu a todas as
tentações e não envergonhou nem desonrou aquele que a enviou ao mundo.
Ele amou a Deus e ao próximo com todo o seu coração, mente e alma
perfeitamente, inteiramente e em todos os momentos. Sua vida e ministério
terreno foram cheios de amor, misericórdia e compaixão pelos outros. Ele
não buscava fama, nem fortuna, nem poder. Ele era humilde de coração,
gentil e manso. Ele deu tudo o que tinha para o serviço de Deus e para ajudar
os outros. Ele era sem pecado, justo, perfeito e totalmente glorioso.
E isso não é tudo — nesse estado de humildade, bondade e ausência de
pecado, ele quis tomar o lugar dos pecadores na cruz — o justo pelos
injustos. Ele tomou a nossa vergonha e culpa sobre si mesmo. Ele abraçou de
bom grado a zombaria que merecíamos. Ele foi espancado, cuspido e
totalmente humilhado como o maior dos criminosos. Os seus próprios
discípulos e amigos mais próximos o abandonaram nessa hora tenebrosa. Ele
foi rejeitado porque era santo. Mas, o pior de tudo, a plenitude do furor e da
ira de Deus, que nós merecíamos, foi derramada sobre Ele. Ele suportou a
condenação de Deus para que os crentes pudessem ser declarados inocentes.
Que tipo de rei morre pelos seus inimigos? Esse é um Rei, que oferece um
perdão gratuito para aqueles que se arrependem.
Cristo ressuscitou dentre os mortos, o que provou a Sua inocência. Pela
Sua ressurreição, Cristo venceu o pecado, a morte e o Diabo. Nós podemos
ser perdoados porque o Rei da glória obteve justiça para aqueles que creem.
Que Salvador!
Se você prosseguir na incredulidade, então esse é o Salvador que você
está rejeitando. Esse é o Evangelho que você continua a rejeitar.
Se Deus exigisse um milhão de dólares para limpar os nossos pecados,
muitos pagariam o preço de boa vontade. Se Deus exigisse que déssemos o
nosso primogênito para herdar a vida eterna, este também seria um preço que
alguns estariam dispostos a pagar. Mas, não! É a parte ofendida — Deus —
que deu o Seu primogênito por aqueles que pecaram e se rebelaram contra
Ele. Cristo pagou o preço final para que você possa ser perdoado
gratuitamente. Não apenas o justo pelos injustos, mas o ofendido que toma o
lugar do culpado. A salvação é gratuita, mas isso é o que você rejeita quando
a recusa devido à sua incredulidade.
A que benevolência, graciosidade e bondade devemos dar as costas
quando rejeitamos o evangelho? Se você vai para o inferno, é porque recusa
essa oferta; você vira as costas para a bondade e misericórdia de Deus; você
rejeita um Salvador que morreu para que os pecadores pudessem viver. E
você o rejeita porque quer se divertir com os seus amigos. Você o rejeita
porque não deseja ser salvo de seus pecados. Você rejeita o humilde
Salvador por causa do seu orgulho; você rejeita o justo Juiz por causa dos
seus pecados; e você rejeita o Deus onisciente por causa da sua loucura.
Você rejeita a vida, o significado, o propósito e a felicidade para que você
possa se apegar ao pecado, à morte, à falta de sentido e ao desespero. Você
troca a verdade por uma mentira e o céu pelo inferno. Esse é o absurdo da
incredulidade.
Para aqueles de vocês que ainda estão relaxados e despreocupados com
a condição da sua alma, não há muito mais que eu possa dizer. Mas, para
aqueles que estão com o coração cansado e sobrecarregado, para aqueles que
conseguem ver os seus pecados e rebelião contra o seu Deus, para aqueles
que realmente odeiam os seus pecados, para aqueles que estão dispostos a
humildemente pedir perdão a Deus e se render ao senhorio de Cristo, eu
tenho uma notícia maravilhosa. Olhem para Jesus e vocês serão salvos. Essa
é uma promessa que certamente será cumprida por todos os que creem. Não
é pelas obras, mas é simplesmente por acreditar nessa promessa que nós
somos feitos justos diante de Deus.
Cristo veio para morrer pelos pecadores (1 Timóteo 1:15). Ele se
oferece gratuitamente a todos que em verdade desejam ser libertos dos seus
pecados e da sua culpa. Aqueles que escondem e encobrem os seus pecados
permanecerão neles, mas aqueles que se arrependem — reconhecem sua
culpa e confessam os seus pecados diante de Deus — e creem em seus
corações que Jesus é quem Ele diz ser, serão salvos. Caro leitor, existe
perdão. A sua culpa e o seu pecado podem ser removidos para longe de você,
assim como o Oriente está distante do Ocidente, e a perfeita justiça de Cristo
pode ser creditada à sua conta. Toda a sua culpa pode ser lavada, e o sangue
de Jesus é capaz de purificá-lo de todos os seus pecados. “Vinde a mim”, diz
Cristo, “e eu vos darei descanso”. Deus fez essa promessa. Ele não pode
mentir. Ele é capaz de salvar o pior dos pecadores. A salvação é gratuita;
você só precisa crer.
E crer, meus caros amigos, é a única coisa racional a se fazer.
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A editora O Estandarte de Cristo é fruto de um trabalho que começou a ser
idealizado por volta do início de 2013, por William e Camila Rebeca, com o
propósito principal de publicar traduções de autores bíblicos fiéis. Fizemos
as primeiras publicações no dia 2 de dezembro de 2013 (publicação de 4
eBooks). De lá para cá já são quase 7 anos e centenas de traduções de
autores bíblicos fiéis, sobre diversos temas da fé cristã.
OEstandarteDeCristo.com
Conheça outros livros publicados pela editora
O Estandarte de Cristo
❝ Nós precisamos de um estandarte pela causa da verdade; pode ser que esse pequeno
volume ajude a causa do glorioso Evangelho, testemunhando claramente quais são as suas
principais doutrinas… Aqui os membros mais jovens da nossa igreja terão um Corpo de
Teologia, que servirá como uma pequena bússola, e por meio de provas bíblicas, estarão
prontos para dar a razão da esperança que há neles… Apeguem-se fortemente à Palavra de
Deus que está aqui mapeada para vocês. ❞ — C.H. Spurgeon, 1855
A Interpretação das Escrituras
A.W. Pink
❝ Pascal Denault merece muitos agradecimentos por seu trabalho ao pesquisar e descrever
as nuances da teologia do pacto da Inglaterra no século XVII. Ele mostrou fatores
significantes que contribuíram para as diferenças entre o pensamento e a prática dos
presbiterianos e batistas particulares, descrevendo categorias teológicas em termos fáceis e
acessíveis. ❞ — James M. Renihan, Ph.D. Deão e professor de teologia histórica Institute of
Reformed Baptist Studies
A Falha Fatal da Teologia por Trás do Batismo Infantil
Jeffrey Johnson
❝ Jeffrey Johnson produziu uma interação minuciosa, vigorosa e impressionante com a
teologia pactual, enquanto usada como apoio para o batismo infantil. Ele expôs uma análise
detalhada de cada parte do sistema, aprovou o que era biblicamente fundamentado,
desafiou o que é indefensavelmente inventado e ofereceu alternativas convincentes para
cada parte do sistema que ele desafiou. ❞ — Tom J. Nettles, Ph.D. Professor de teologia
histórica Southern Baptist Theological Seminary
Um Guia para a Oração Fervorosa
A.W. Pink
❝ A oração particular é o teste de nossa sinceridade, o indicador de nossa
espiritualidade, o principal meio de crescimento na graça. A oração particular é a única
coisa, acima de todas as demais, que Satanás busca impedir, pois ele bem sabe que, se ele
puder ser bem sucedido neste ponto, o cristão falhará em todos os outros… Por mais
desesperado que seja o nosso caso, maior é nossa necessidade de orar, se a graça em nós
está fraca, a contínua negligência em orar a fará ainda mais fraca, se nossas corrupções
são fortes, a omissão em orar as fará ainda mais fortes. ❞
Oração: Orando com o Espírito Santo e com o Entendimento
John Bunyan
❝ A oração é uma ordenança de Deus que deve ser praticada tanto em público quanto em
particular. Além disso, é uma ordenança que conduz aqueles que possuem o espírito de
súplica para grande familiaridade com Deus, e também possui efeitos tão notáveis que
alcançam grandes coisas de Deus, tanto para a pessoa que ora como para aqueles por quem
ela ora. A oração abre o coração de Deus e através dela a alma, mesmo quando vazia, é
preenchida. Através da oração o cristão também pode abrir seu coração a Deus como o
faria com um amigo, e obter um testemunho renovado de Sua amizade. ❞
Piedade Cristã: Os Frutos do Verdadeiro Cristianismo
John Bunyan
Todo aquele que foi justificado pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo encontrará aqui
um excelente guia para que possa viver de modo agradável a Deus. Este livro faz lembrar
a magistral obra, A Prática da Piedade, do piedosíssimo Lewis Bayly, por seu fervor e
fidelidade bíblicos, e por sua sobriedade e zelo piedoso de obedecer aos mandamentos do
Senhor em todas as áreas de nossas vidas e em todos os nossos relacionamentos. O autor
nos exorta à prática da verdadeira piedade cristã a partir de Tito 3:7-8.
O Homo como Sacerdote em seu Lar
Samuel Waldron
❝ A ideia de que um homem é sacerdote em seu lar se deriva naturalmente da tese de que
todo ministério cristão tem caráter sacerdotal. No entanto, esse assunto confronta os
homens com algumas das responsabilidades mais difíceis que enfrentaremos. Quando
cumprimos nosso dever e sentimos nosso pecado e fraqueza nessa área, devemos
constantemente nos lembrar da graça e das promessas que Deus nos deu. Não podemos
fazer progresso confiado em nossas próprias forças. Somente cresceremos e assumiremos
nossas responsabilidades com a ajuda de Deus. ❞
A Doutrina da Trindade
John Owen
John Owen fez uma defesa magistral da grande doutrina bíblica da Santíssima Trindade
contra os socinianos. Dificilmente veremos hoje alguém que se denomine um sociniano,
mas não é tão raro assim encontrar alguém indouto e inconstante que segue as pisadas deles
e nega a verdade bíblica sobre a bendita doutrina da Trindade, para sua própria perdição
eterna (2Pe 3:16). Portanto a refutação que Owen faz das principais objeções dos oponentes
dessa doutrina permanece útil também para os nossos dias. Sobretudo é proveitosa a
exposição fiel e profunda feita por ele sobre os principais textos bíblicos que revelam essa
verdade fundamental sobre o único e verdadeiro Deus: Pai, Filho e Espírito.
Os 5 Pontos do Calvinismo
C.H. Spurgeon
Nesta excelente coletânea de sermões Charles Spurgeon expõe o ensino bíblico sobre
aqueles que ficaram conhecidos como os 5 Pontos do Calvinismo: 1. Depravação Total;2.
Eleição Incondicional; 3. Expiação Limitada; 4. Graça Irresistível; 5. Perseverança dos
Santos. A capacidade ímpar com que Deus dotou o pregador e a beleza e firmeza da
verdade bíblica por ele tratada fazem deste livro um recurso extremamente importante
para todos aqueles que desejam obter uma compreensão clara e robusta do ensino bíblico
acerca da soberania da graça divina na salvação dos homens.
Como Saltar em Segurança para a Eternidade
Lidiano Gama
❝ Com habilidade, o autor L.A. Gama desenvolveu a viagem de Greg Thopp rumo à
eternidade sempre ladeado pelas doutrinas que foram o fundamento e alicerce não
apenas dos batistas particulares (reformados), mas da própria Reforma Protestante e do
puritanismo inglês e norte-americano que se seguiu. O livro é valioso para todos os
cristãos, mas, sobretudo, é uma preciosa contribuição para os batistas e uma excelente
oportunidade para se examinar cuidadosamente esse documento, a Confissão de Fé
Batista de 1689. ❞ — Marcus Paixão
Teologia Bíblica Batista Reformada
Fernando Angelim
❝ Estou convencido da extrema necessidade e urgência da igreja brasileira, especialmente
os batistas, recuperar um entendimento bíblico profundo e piedoso sobre os pactos de
Deus. E estou igualmente convencido de que este livro tem muito a contribuir para esse
fim. Escrito de maneira clara e didática, e sobretudo bíblica, este livro se mostrará útil tanto
para o pai de família que deseja conhecer melhor sua Bíblia e guiar a sua família
piedosamente quanto para aquele que foi chamado a se “apresentar a Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2
Timóteo 2:15). ❞ — William Teixeira
[1]
Paul Tillich, Biblical Religion and the Search for Ultimate Reality
(Chicago: The University of Chicago Press, 1955), 85.
[2]
Richard Dawkins, The Selfish Gene (New York: Oxford, 2006), 198.
Dawkins afirma que a Bíblia ridiculariza a dúvida de Tomé por pedir provas
antes de ele crer na ressurreição de Cristo (Ibid.).
[3]
Dionysius, “The Divine Names”, em Dionysius the Areopagite on
the Divine Names and The Mystical Theology, trans. C. E. Rolt (Berwick,
MA: Ibis Press, 2004), 59.
[4]
Ibid., 53.
[5]
Ibid., 135.
[6]
Bonaventure, “The Journey of the Mind to God”, em Late Medieval
Mysticism, ed. Ray C. Petry (Philadelphia: The Westminster Press, 1957),
132.
[7]
Ibid., 140-141.
[8]
Meister Eckhart, “Another Sermon on the Eternal Birth”, em Late
Medieval Mysticism, ed. Ray C. Petry (Philadelphia: The Westminster Press,
1957), 189.
[9]
Immanuel Kant, Critique of Pure Reason, trans. J. M. D. Meiklejohn
(Amherst, NY: Prometheus Books, 1990), 1.
[10]
Como Kant declarou: “Embora todo o nosso conhecimento comece
com a experiência, não ocorre de modo algum que tudo surja da experiência.
Pois, pelo contrário, é bem possível que nosso conhecimento empírico seja
composto por aquilo que recebemos através de impressões, e daquilo que a
faculdade da cognição fornece a si mesma” (Ibid.). Dessa forma, Kant não
estava sugerindo que não existam conceitos fornecidos pela cognição, mas
sim que esses conceitos (ou categorias, como ele os chamou) não eram
iniciados até que fossem simulados pelas sensações derivadas pelos sentidos.
Por essa razão, as categorias nunca podem estender-se para além dos objetos
da experiência. Em outras palavras, não existe algo como
razão/conhecimento puro (sem ajuda) à priori que seja independente das
sensações empíricas.
[11]
Kant, em seu livro a Critique of Pure Reason, dividiu a existência
em duas esferas, a nominal — o mundo tal como ele realmente é, e os
fenômenos — o mundo tal como ele nos parece. Segundo Kant, nunca
poderemos conhecer o mundo tal como ele realmente é, mas apenas o mundo
dos fenômenos, o mundo da aparência.
[12]
Bryan Magee, The. Story of Philosophy (London: Dorling
Kindersley, 2001), 137.
[13]
B. A. Gerrish, A Prince of the Church: Schleiermacher and the
Beginnings of Modern Theology (Philadelphia: Fortress Press, 1984), 25.
[14]
Essa experiência religiosa, para Schleiermacher, era um sentimento
de dependência.
[15]
Veja John L. Murphy, Modernism and the Teaching of
Schleiermacher, Part II (Washington: The Catholic University of America
Press, 1961), 15-38.
[16]
Embora Kierkegaard faça referência ao abismo de Lessing (um
abismo que separa as verdades eternas da razão das verdades contingentes da
história), Ronald Green sugere que Kierkegaard tinha em mente a distinção
de Kant entre os reinos nominal e fenomenal quando fala da fé em Deus
como um salto (Veja Ronald Green, Kierkegaard and Kant: The Hidden
Debt). Gotthold Ephriam Lessing (1729-1781), contudo, achou que não era
razoável crer na historicidade dos milagres, porque a fé repousaria não na
prova demonstrada pelo milagre, mas no testemunho falível das testemunhas
históricas do milagre. Como Lessing afirmou: “Profecias cumpridas que eu
mesmo experimentei são uma coisa; profecias cumpridas das quais só tenho
conhecimento histórico de que outros afirmam tê-las experimentado são outra
coisa” (“On the proof of the spirit and of power (1777)” em Lessing:
Philosophical and Theological Writings. Edit. H.B. Nisbet. Cambridge:
Cambridge University Press, 2005, 83). Depois de separar os relatos dos
milagres históricos de Cristo das nossas experiências atuais que correm de
modo contrário do milagroso, Lessing prosseguiu afirmando: “Então, esse é o
grande e feio abismo que eu não consigo atravessar, por mais que, frequente e
sinceramente, eu tenha tentado dar esse salto” (Ibid., 87).
[17]
Ronald Green, Kierkegaard and Kant: The Hidden Debt (Albany:
State University of New York Press, 1992), 76.
[18]
Stephen Evans, Passionate Reason: Making Sense of Kierkegaard’s
Philosophical Fragments (Bloomington: Indiana University Press, 1992), 88.
[19]
Søren Kierkegaard, Fear and Trembling, trans. Alastair Hannay
(London: Penguin Books, 2003), 54.
[20]
Søren Kierkegaard, ‘Concluding Unscientific Postscript’ in
Kierkegaard’s Writings, Vol. 1. ed. e trans. Howard V. Hong & Edna H.
Hong (Princeton: Princeton University Press, 1992), 203.
[21]
Ibid.
[22]
Ibid.
[23]
Ibid., 204.
[24]
Kierkegaard afirmou que se os crentes insensatamente tentassem
fortalecer a sua fé através de uma “investigação objetiva”, a sua fé seria
perdida nesse processo. Quando o absurdo se torna cada vez mais provável,
então a fé não tem onde se agarrar, “pois o absurdo é precisamente o objeto
da fé, e o único [objeto] em que se pode acreditar” (Ibid., 211). Ele disse isso
como que afirmando que a fé não pode se apegar ao que não é absurdo.
[25]
Karl Barth, Church Dogmatics, ed. G. W. Bromiley and T.F.
Torrance (Edinburgh: T. & T. Clark, 1936-1969), 1.2, 457.
[26]
Church Dogmatics., 1.1.123.
[27]
Veja Rudolf Bultmann, New Testament and Mythology (New York:
Harper & Row, 1966).
[28]
Carl Armbruster, The Vision of Paul Tillich (New York: Sheed And
Ward, 1967), 136.
[29]
Ibid., 53.
[30]
Paul Tillich, “The Depth of Existence”, em The Shaking of the
Foundations (New York: Charles Scribner’s Sons, 1948), 57.
[31]
Ibid., 136.
[32]
Ibid., 136.
[33]
Citado em Ibid., 47.
[34]
David Hume, Dialogues Concerning Natural Religion
(Indianapolis: The Bobbs — Merrill Company, 1947), 158. As palavras entre
colchetes são minhas.
[35]
Citado em Alvin Plantinga, Warranted Christian Belief (New York:
Oxford University Press, 2000), 32.
[36]
Ibid., 39.
[37]
Escrito por Alfred H. Ackley (b. Spring Hill, PA, 1887; d. Whittier,
CA, 1960), tanto as letras quanto a melodia foram publicados no hinário de
Rodeheaver, Triumphant Service Songs (1933).
[38]
Blaise Pascal, Pensées, 277.
[39]
Voltaire, The Works of Voltaire: A Contemporary Version, 21 Vols.
A Critique and Biography by John Morley, notes by Tobias Smollett, trans.
William F. Fleming (New York: E.R. DuMont, 1901)., 4:327.
[40]
Ibid., 5:253.
[41]
Friedrich Nietzsche, Anti-christ. Trans. H.L. Mencken (New York:
Cosimo Classics, 2005), 57.
[42]
Smith, George H., Atheism: The Case Against God (Amherst, NY:
Prometheus Books, 1989), 125.
[43]
Ênfase minha.
[44]
Francis Turretin, Institutes of Elenctic Theology, Vol. 1, trans.
George Musgrave Giger (Phillipsburg: P&R, 1992), 24.
[45]
Charles Hodge, Systematic Theology, Vol. 3, (Grand Rapids:
Eerdmans, 1981), 83.
[46]
Richard Swinburne, Is There a God? (New York: Oxford, 1996),
123.
[47]
R.C. Sproul, If There’s a God, Why are there Atheists? (Wheaton,
IL: Tyndale House Publishers, 1988), 73.
[48]
Pensées, 261.
[49]
Pensées, 284.
[50]
Edward O. Wilson, On Human Nature (Cambridge: Harvard
University Press, 2004), 6.
[51]
C.S. Lewis, Mere Christianity (New York, NY: Touchstone, 1980),
18.
[52]
Mere Christianity, 25.
[53]
Ibid., 19.
[54]
Uma regressão infinita é uma série interminável de proposições que
seriam necessárias se cada proposição exigisse uma demonstração.
[55]
There Is a God, 134.
[56]
Eu creio que existem outras crenças básicas e verdades inerentes,
tais como a confiabilidade geral da percepção dos sentidos, a lei da
causalidade e a crença em outras mentes.
[57]
O teólogo holandês do século XIX Herman Bavinck concordou:
“Estamos plenamente convencidos — antes de qualquer argumentação — da
nossa própria existência, da existência do mundo à nossa volta, das leis da
lógica e da moralidade, simplesmente como resultado das impressões
indeléveis que todas essas coisas causam em nossa consciência. Aceitamos
essa existência — sem constrangimentos nem coação — de forma espontânea
e instintiva. E o mesmo acontece com a existência de Deus” (Reformed
Dogmatics. Trad. John Vriend. Grand Rapids: Baker, 2004., Vol. 2. 90).
[58]
Charles Hodge não se sentia confortável com a palavra inata, mas
procurou explicar o conhecimento de Deus como uma faculdade pré-
condicionada ou inerente que torna o conhecimento de Deus inescapável: “Eu
não digo que os homens nascem com algum conhecimento inato de Deus —
eles não têm nenhum — mas eu digo que eles nascem com a faculdade de
conhecer a Deus” (Systemic Theology, Vol. 1. 192).
[59]
Systemic Theology, Vol. 1. 192.
[60]
Institutes, 1.3.3.
[61]
Institutes, 1.3.1.
[62]
Warranted Christian Belief, 173.
[63]
Calvino, entretanto, afirmou que nós não precisamos sair de nós
mesmos para processar o conhecimento de Deus (Institutes, 1.4.4).
[64]
Covenantal Apologetics,103.
[65]
Citado em Don Collett, “Van Til and Transcendental Argument” in
Revelation and Reason, ed. K. Scott Oliphint and Lane G. Tipton
(Phillipsburg, NJ: P&R, 2007), 269.
[66]
De acordo com Richard Muller, “Calvino havia distinguido entre
três tipos de ‘razões’: a ‘razão naturalmente implantada’ no ser humano por
Deus, que ‘não pode ser condenada sem insultar a Deus’; uma razão viciada,
habitando na ‘natureza corrupta’, que distorce pecaminosamente a revelação
de Deus; e a ‘razão... derivada da Palavra de Deus’” (Post-Reformation
Reformed Dogmatics, Vol. 1., 275).
[67]
Meredith Kline nos auxilia na forma como conecta o nosso
conhecimento da ética ao fato de termos sido feitos à semelhança de Deus:
“A semelhança com Deus é significada tanto pela imagem de Deus como
pelo Filho de Deus. A semelhança do homem com Deus é uma exigência
para ser como Deus; o indicativo aqui tem a força de um imperativo.
Formado à imagem de Deus, o homem é informado por um senso da
divindade pelo qual ele sabe como Deus é, não apenas que Deus existe
(Romano 1:19). E o conhecimento de alguém do que é Deus Pai é o
conhecimento do que, como criatura, ele mesmo deve ser. Com o senso da
divindade vem a consciência, o senso da divindade no modo imperativo. A
norma básica e geral da imitação de Deus foi assim escrita nas tábuas do
coração do homem (Romanos 1:32; 2:14)” (Kingdom Prologue: Genesis
Foundations for a Covenantal Worldview. Eugene, OR: Wipf & Stock, 2006,
62).
[68]
O puritano inglês John Owen afirmou: “É necessário para a
autossuficiência ilimitada de Deus que somente ele próprio se conheça
perfeitamente. A sua compreensão é perfeita e não tem limites. Portanto,
como esse atributo de Deus, pelo qual ele compreende a si mesmo e todas as
suas perfeições, é um atributo infinito, ele não pode ser tido por nenhum
outro ser. Somente o próprio Deus é onisciente e todo-sábio e, portanto, o
conhecimento em sua verdadeira plenitude só pode repousar no próprio
Deus” (Biblical Theology, 15).
[69]
Don Collett, “Van Til and Transcendental Argument” in Revelation
and Reason, ed. K. Scott Oliphint e Lane G. Tipton (Phillipsburg, NJ: P&R,
2007), 266.
[70]
Veja Ronald Nash, The Word of God and the Mind of Man
(Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 1982), 59-69.
[71]
Carl Henry, God, Revelation and Authority (Waco: Word Books,
1979), Vol. 3., 203. As palavras entre os colchetes são do presente autor.
[72]
George Park Fisher, The Grounds of Theistic and Christian Belief
(New York: Charles Scribner’s Sons, 1915), 34.
[73]
Ibid.
[74]
Institutes 1.1.2., 1.1.1.
[75]
De acordo com os pensamentos de Calvino, John Frame declarou:
“Nem o conhecimento de Deus nem o conhecimento de si mesmo é possível
sem o conhecimento do outro” (The Doctrine of the Knowledge of God, 65).
[76]
Cornelius Van Til, The Defense of the Faith (Philipsburg, NJ: R&R,
1967), 90.
[77]
George Park Fisher, The Grounds of Theistic and Christian Belief
(New York: Charles Scribner’s Sons, 1915), 1.
[78]
K. Scott Oliphint, Reasons for Faith (Philipsburg, NJ: P&R, 2006),
139.
[79]
Covenantal Apologetics, 103.
[80]
Reasons for Faith,155.
[81]
Ibid.
[82]
Ibid.
[83]
The Grounds of Theistic and Christian Belief, 24.
[84]
Warranted Christian Belief, 175.
[85]
Ibid., 179.
[86]
Ibid., 180.
[87]
Cornelius Van Til afirmou: “Assim, o conhecimento de Deus é
inerente ao homem. Está presente em virtude dele ter sido criado à imagem
de Deus” (Defense of the Faith, 172.), citado em Greg Bahnsen, Van Til’s
Apologetic (Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 1998), 221.
[88]
Greg Bahnsen prosseguiu com o seu discurso: “Em vez disso,
estamos dizendo que as leis da lógica refletem a sua natureza, a forma como
ele é em si mesmo. Elas são, portanto, expressões eternas do caráter imutável
de Deus” (Pushing the Antithesis, 210-211).
[89]
Institutes 1.5.1.
[90]
Ibid.
[91]
John Calvin, Calvin’s Commentaries, Vol. 1, trans. John King
(reprint, Grand Rapids: Baker, 2003), 58-62.
[92]
Collected Writings of John Murray, Vol. 4, 1.
[93]
The Doctrine of the Knowledge of God, 64.
[94]
Ibid., 175
[95]
Institutes 1.3.1, 1.3.3.
[96]
Reasons for Faith, 140.
[97]
Calvin’s Commentaries, Citado em Greg Bahnsen, Always Ready,
39.
[98]
Citado em Herman Bavinck, In the Beginning (Edinburgh: Banner
of Truth Trust, 1979), 179.
[99]
Reasons for Faith, 155.
[100]
O nosso relacionamento pactual com Deus é de natureza legal.
Assim, ela é baseada na lei da não-contradição e na lei de Deus.
[101]
K. Scott Oliphint, Covenantal Apologetics (Wheaton, IL:
Crossway, 2013), 93.
[102]
The Defense of the Faith, 92.
[103]
Institutes, 1.4.4.
[104]
Ronald Nash, Worldviews in Conflict (Grand Rapids: Zondervan,
1992), 16.
[105]
Ibid.
[106]
Greg L. Bahnsen, Pushing the Antithesis (Powder Springs, GA:
American Vision, 2007), 42.
[107]
James W. Sire, Naming the Elephant: Worldview as A Concept
(Downers Grove, IL: IVP, 2004), 101.
[108]
Ibid., 107-108.
[109]
Ibid., 122.
[110]
James Sire lista os pressupostos por trás de cada cosmovisão como
as respostas que damos a estas 7 perguntas: (1.) “Qual é a principal realidade
— a verdadeira realidade?” (2.) “Qual é a natureza da realidade exterior, ou
seja, do mundo à nossa volta?” (3.) “O que é um ser humano?” (4.) “O que
acontece com as pessoas após a morte?” (5.) “Porque é possível conhecer
alguma coisa?” (6.) “Como sabemos o que é certo e o que é errado?” (7.)
“Qual é o significado da história humana?” (Ibid., 94). Concordo com essa
lista de perguntas de Sire. Contudo, parece-me que essas questões podem ser
reduzidas à metafísica, epistemologia ou ética.
[111]
Faith and Reason, 27.
[112]
Ibid.
[113]
Pushing the Antithesis, 118.
[114]
Technically, by metaphysics, I am referring to ontology — the
nature of being.
[115]
John Byl, The Divine Challenge (Edinburgh: Banner of Truth
Trust, 2004), 33.
[116]
Carl Sagan, Cosmos (New York: Random House, 2002), 4.
[117]
Os deístas não se encaixam adequadamente nesse campo. Depois
de explicar as origens do universo olhando para uma causa sobrenatural, eles
partem e dão as mãos aos naturalistas, tornando essa causa sobrenatural inútil
para a vida.
[118]
René Descartes, Discourse on Method and Meditations on First
Philosophy (Indianapolis/Cambridge: Hackett Publishing Company, 3rd ed.,
1993), 19.
[119]
“A partir disso”, disse Descartes, “soube que eu era uma substância
cuja essência ou natureza consistia completamente apenas em pensar, e que,
para existir, não precisava de lugar e não dependia de nada material” (Ibid.).
[120]
Ibid.
[121]
Ibid.
[122]
Em vez de interpretar Descartes como um racionalista puro,
poderia ser argumentado que ele previu o argumento pressuposto para a
existência de Deus. Para que o silogismo Cogito, ergo sum funcione, o
conhecimento de Deus deve ser pressuposto. Comentando isso, Jean-Marie
Beyssade explicou que essa “prova não pode ser bem sucedida, ou até mesmo
sair do chão, se alguém não tem ideia, ou seja, percepção, que corresponda ao
significado da palavra ‘Deus’” (“The Idea of God and Proofs of His
Existence” em The Cambridge Companion to Descartes. ed. John
Cottingham. Cambridge: Cambridge University Press, 1995., 176). Beyssade
passou a declarar: “A prova a priori de Deus parte do fato suposto, que é
tomado como certo, de que todas as perfeições estão unidas em uma única
natureza que é chamada ‘Deus’” (Ibid.,178). Porque todos sabemos que Deus
existe como o ser mais perfeito, podemos concluir, observando a nossa
própria imperfeição, que não poderíamos ter chegado a esse pressuposto
acerca desse ser mais perfeito por nós mesmos, mas ele deve ter sido
implantado ali pelo próprio Deus.
[123]
Citado em Gordon Clark, Thales To Dewey (Jefferson, MD: The
Trinity Foundation, 2nd ed., 1989), 360.
[124]
The Doctrine of the Knowledge of God, 401.
[125]
Pushing the Antithesis, 119.
[126]
Citado em Bertrand Russell, Why I Am Not a Christian, 118.
[127]
Thomas Nagel, The Last Word (Oxford: Oxford University Press,
1997), 130–131.
[128]
Citado em John C. Lennox, God and Stephen Hawking (Oxford:
Lion Books, 2011), 41.
[129]
Paul Davies, The Cosmic Jackpot (Boston: Houghton Mifflin
Company, 2007), 15.
[130]
The Doctrine of the Knowledge of God, 63.
[131]
Vern Poythress, Redeeming Philosophy (Wheaton: Crossway,
2014), 19.
[132]
Citado em Greg L. Bahnsen, Pushing the Antithesis (Powder
Springs, GA: American Vision, 2007), 44.
[133]
John Lennox, God’s Undertaker (Oxford: Lion Books, 2009), 9.
[134]
George Klein, The Atheist in the Holy City (Cambridge, MA: MIT
Press, 1990), 203. Citado em Ibid., 35.
[135]
Citado em God’s Undertaker., 35-36.
[136]
Roy Abraham Varghese, prefácio de Antony Flew, There Is a God
(New York: HarperOne, 2007), xix.
[137]
Porém, os seus pressupostos não são autorreferencialmente
absurdos (como a noção de que toda crença deve ser apoiada por evidências),
mas sim verdades autoverificáveis (como a existência de Deus, a lógica e os
absolutos morais). Uma vez que todos nós, quer queiramos quer não,
devemos começar a nossa busca de conhecimento baseados algum
fundamento pré-estabelecido, então é importante que comecemos com um
fundamento que seja capaz de se sustentar à luz do seu próprio testemunho.
[138]
The Divine Challenge, 19.
[139]
Naming the Elephant, 56. As palavras entre colchetes são minhas.
[140]
James Sire nos lembra que tudo fica invertido quando colocamos a
epistemologia antes da ontologia (a natureza do ser). Isso coloca o homem no
lugar de Deus, e coloca as opiniões subjetivas acima da realidade objetiva.
No entanto, gostaria de sugerir que o que motiva o homem caído a colocar o
seu próprio pensamento e poder de raciocínio acima da realidade objetiva —
isto é, acima de Deus — é aquilo que há em seu coração caído. O homem
desregrado é depravado. O seu principal amor é o eu. A ética (que se
preocupa com o que devemos amar e como devemos nos comportar) deve
fluir primeiramente do ser de Deus e a partir de nosso conhecimento dele. O
homem caído, porém, colocou o eu acima de Deus. O amor-próprio é o
principal compromisso dele, e esse amor-próprio (o seu compromisso ético)
molda a sua epistemologia, que por sua vez molda a sua compreensão e
aceitação de Deus (ontologia). A ordem apropriada da ontologia (realidade
última), da epistemologia e da ética (o compromisso primário do homem) foi
invertida por ocasião da queda.
[141]
Cornelius Van Til, Common Grace and the Gospel (Phillipsburg,
NJ: R&R Publishing, 1972), 8.
[142]
Bertrand Russell, Why I Am Not a Christian (New York, NY:
Simon & Schuster, 1957), 6-7.
[143]
Os materialistas acreditam que nossas memórias, pensamentos e
sentimentos são explicados pelas propriedades do cérebro.
[144]
Jonathan Edwards, The Freedom of the Will (Morgan, PA: Soli
Deo Gloria, 1996), 48.
[145]
Embora não seja justo exigir aos ateus que provem a inexistência
de Deus, é justo e razoável lhes pedir que produzam uma visão do mundo que
não seja autocontraditória.
[146]
Citado em John Blanchard, Does God Believe in Atheists?
(Darlington, UK: Evangelical Press, 2001), 14.
[147]
A.J. Ayer, Language, Truth, and Logic (New York: Dover Books,
1952), 115.
[148]
Na República de Platão, Sócrates instrui os seus interlocutores da
seguinte maneira: “Devemos seguir o argumento para onde quer que, como o
vento, ele nos leve” (394d: trans. G.M.A. Grube. Indianapolis: Hackett,
1974., 65).
[149]
Citado em Ronald Nash, Worldviews in Conflict, 54.
[150]
R.C. Sproul, If There’s a God, Why are there Atheists? (Wheaton,
IL: Tyndale House Publishers, 1988), 65.
[151]
O materialismo, o empirismo, o relativismo etc. não são visões de
mundo opostas, mas sim várias facetas de uma visão de mundo naturalista.
[152]
Richard Dawkins, The Blind Watchmaker (New York: Norton,
1996), 6.
[153]
Phillip E. Johnson, Darwin on Trail (Downers Grove, IL: IVP, 2
ed. 1993), 12.
[154]
Citado em God’s Undertaker, 87.
[155]
Por Big Bang quero dizer uma explosão cósmica ininteligente, não
que o universo não possua um ponto de início finito.
[156]
Francis Schaeffer, Trilogy, “He is There and He is Not Silent”
(Wheaton, IL: Crossway, 1990), 282.
[157]
Stephen Hawking e Leonard Mlodinow, The Grand Design (New
York: Bantam Books, 2010), 180.
[158]
Peter Atkins, Creation Revisited (Oxford: W. H. Freeman &
Company, 1992), 149.
[159]
R.C. Sproul e Keith Mathison, Not a Chance: God, Science, and
the Revolt against Reason (Grand Rapids, Baker Books, 2014), 26.
[160]
John C. Lennox, God and Stephen Hawking (Oxford: Lion Books,
2011). 31.
[161]
Ibid., 32.
[162]
Citado em Jonathan Sarfati, Refuting Evolution (Green Forest, AR:
Master Books, 1999), 93.
[163]
The Death of Evolution, 31-32.
[164]
Ibid., 33.
[165]
No original: Non-committally anti-chance.
[166]
Nota de tradução: Plural de quantum, que é o menor valor que
certas grandezas físicas podem apresentar.
[167]
http://www.uncommondescent.com/intelligent-design/arthur-
stanley-eddington-darwinists-and-repugnant-notions/
[168]
Citado em The Cosmic Jackpot, 8.
[169]
The Divine Challenge, 59.
[170]
Antony Flew, There Is a God (New York: HarperOne, 2007), 96.
[171]
George Johnson, “Creation, in the Beholder”, The New York Times,
20 May 2014, D3.
[172]
Citado em Stephen C. Meyer, Signature in the Cell (New York:
HarperOne, 2009), 17-18. A ênfase é de Stephen Meyer.
[173]
Ibid.
[174]
Citado em Signature in the Cell, 12.
[175]
Veja ing, Natural Theology (New York: Oxford, 2008), 1-10.
[176]
Daniel Dennett, Darwin’s Dangerous Idea (New York:
Touchstone, 1996), 42-43.
[177]
God’s Undertaker, 104.
[178]
Refuting Evolution, 124.
[179]
There Is a God, 111.
[180]
Citado em There Is a God, 129.
[181]
Signature in the Cell, 343-344.
[182]
M.J. Behe, Darwin’s Black Box (New York: The Free Press, 1996).
[183]
A Teoria Protoplasmática assumiu falsamente que o protoplasma
era o elemento básico da vida e que — tal como duas substâncias químicas
como o hidrogênio e o oxigênio formam a água quando combinadas — dois
ingredientes químicos poderiam se combinar nas circunstâncias ambientais
corretas e criar o protoplasma.
[184]
Citado em Jim Nelson Black, The Death of Evolution (Grand
Rapids: Zondervan, 2010), 2.
[185]
There Is a God, 90.
[186]
Citado em The Death of Evolution, 142.
[187]
Citado em Ibid., 110.
[188]
Citado em Darwin on Trail, 34.
[189]
http://www.jmtour.com/personal-topics/the-scientist-and-
his-“theory”-and-the-christian-creationist-and-his-“science”
[190]
https://www.youtube.com/watch?v=PZrxTH-
UUdI&feature=youtu.be (52:00 to 56:44) June, 2014.
[191]
Paul Davies, The Cosmic Jackpot (Boston: Houghton Mifflin
Company, 2007), 5.
[192]
Ibid., 14.
[193]
Thomas Nagel, Mind and Cosmos (New York: Oxford, 2012), 44-
45.
[194]
Citado em Jonathan Sarfati Refuting Evolution (Green Forest, AR:
Master Books, 1999), 48.
[195]
Citado em God’s Undertaker, 113-114.
[196]
Citado em Ibid., 114. As palavras entre colchetes são de Lennox..
[197]
Stephen C. Meyer, Darwin’s Doubt (New York: HarperOne, 2013),
17.
[198]
Ibid., 34.
[199]
Ibid.
[200]
Ibid.
[201]
David Berlinski, The Devil’s Delusion: Atheism and Its Scientific
Pretensions (New York: Basic Books, 2009), 191-192.
[202]
Citado em Refuting Evolution., 17-18.
[203]
Daniel Dennett, Darwin’s Dangerous Idea (New York:
Touchstone, 1991), 21.
[204]
Ibid., 46.
[205]
Ibid.
[206]
Ibid. 83.
[207]
Citado em There Is a God, 131.
[208]
Citado em John Blanchard, Is Anybody There (Darlington:
Evangelical Press, 2006), 18.
[209]
Citado em Death to Evolution, 3.
[210]
George Wald, “Innovation and Biology”, Scientific American, Vol.
199, Sept. 1958, 100.
[211]
Thomas Nagel, Mind and Cosmos (New York: Oxford, 2012), 5.
As palavras entre colchetes são minhas.
[212]
Ibid., 11.
[213]
Ibid., 49.
[214]
Herman Bavinck, In the Beginning (Edinburgh: Banner of Truth
Trust, 1979), 23.
[215]
W.K. Clifford, “The Ethics of Belief”, em Philosophy of Religion,
ed. Charles Taliaferro e Paul J. Griffiths (Oxford: Blackwell, 2003), 199.
[216]
Bertrand Russell, Religion and Science (New York: Oxford, 1997),
243.
[217]
Veja Mere Christianity, 33.
[218]
Veja Alvin Plantinga, God and Other Minds (Ithaca: Cornell
University Press, 1990). Contudo, antes de Plantinga fazer essa comparação,
George Park Fisher vinculou os fundamentos da crença em outras mentes
com os fundamentos da crença em Deus quando disse: “Nós inferimos a
existência de uma Deidade inteligente, assim como inferimos a existência da
inteligência nos nossos semelhantes, e por razões não menos razoáveis... Os
meus sentidos não tomam conhecimento da mente dos outros homens... Que
prova há da consciência no amigo que está ao meu lado? Como posso ter a
certeza de que ele não é uma mera automatização, totalmente inconsciente
dos seus próprios movimentos? O mandado para a inferência contrária reside
no fato de que, estando possuído de consciência e conhecendo os seus efeitos
em mim mesmo, considero os efeitos semelhantes como prova do mesmo
princípio nos outros. Mas essa inferência transcende os limites do sentido e
da experiência física. Na verdade, ao admitir a realidade da consciência em
mim mesmo, dou um passo que nenhuma observação física pode justificar”
(The Grounds of Theistic and Christian Belief, 43).
[219]
God’s Undertaker, 45.
[220]
Richard Dawkins, The God Delusion (Boston: Mariner Books,
2006), 34.
[221]
Citado em James Sire, The Universe Next Door (Downers Grove,
IL: IVP Academic, 2009), 72.
[222]
Francis Crick, The Astonishing Hypothesis: The Scientific Search
for the Soul (New York: Touchstone, 1994), 266. As palavras em itálico são
do presente autor.
[223]
Ibid., 3.
[224]
Ibid. 19.
[225]
Falando sobre questões metafísicas, Stephen Hawking afirmou:
“Tradicionalmente essas são questões para a filosofia, mas a filosofia está
morta. Ela não acompanhou os desenvolvimentos modernos da ciência,
particularmente da física. Como resultado, os cientistas tornaram-se os
portadores da tocha da descoberta na nossa busca pelo conhecimento”.
Comentando essa afirmação, Lennox observou: “A primeira coisa que
observo é que a declaração de Hawking sobre filosofia é, em si mesma, uma
declaração filosófica. Não é manifestamente uma afirmação científica: é uma
afirmação metafísica sobre a ciência. Por conseguinte, a sua afirmação de que
a filosofia está morta contradiz a si mesma. Esse é um exemplo clássico de
incoerência lógica” (God and Stephen Hawking. Oxford: Lion, 2011. 18).
Lennox prosseguiu: “Desacreditar a filosofia, por um lado, e depois adotar
imediatamente uma posição filosófica autocontraditória, por outro, não é a
coisa mais sábia a fazer por qualquer cientista, e muito menos para uma
superestrela da ciência” (Ibid., 19).
[226]
C.S. Lewis, God in the Dock (Grand Rapids: Eerdmans, 1970), 52-
53.
[227]
Citado em Ronald Nash, Faith and Reason, 53.
[228]
Thomas Morris, Francis Schaeffer’s Apologetics (Grand Rapids:
Baker Books, 1987), 42.
[229]
Bertrand Russell, Why I Am Not a Christian (New York: Simon &
Schuster, 1957), 37-38.
[230]
Ibid., 40.
[231]
Ibid., 41.
[232]
John Stuart Mill, Utilitarianism (Indianapolis: Hackett Publishing
Company, 1979), 7.
[233]
Peter Singer, Animal Liberation (New York: HarperCollins, 2002),
17.
[234]
Jack London, The Sea-Wolf (New York: Tom Doherty Associates
Books, 1993), 65.
[235]
Richard Dawkins, River Out of Eden (New York: Basic Books,
1995), 131.
[236]
Ibid.
[237]
Ibid.
[238]
Ibid., 128
[239]
Jim Nelson Black, The Death of Evolution (Grand Rapids:
Zondervan, 2010), 12.
[240]
C.F. Skinner, Beyond Freedom and Dignity (Indianapolis: Hackett
Publishing Company, 1971).
[241]
Naming the Elephant, 40.
[242]
Trilogy, 280.
[243]
William Lane Craig, Reasonable Faith (Wheaton, IL: Crossway,
2008), 229.
[244]
Karl Jaspers, Way to Wisdom, trans. Ralph Manheim (New
Heaven: Yale University Press, 1954), 126.
[245]
Ibid.
[246]
Jean-Paul Sartre, Existentialism and Human Emotions (New York:
Citadel Press, 1987), 15. Os parêntesis foram acrescentados por mim.
[247]
Friedrich Nietzsche, The Gay Science, trans. Walter Kaufmann
(New York: Vintage Books, 1974), 181.
[248]
Friedrich Nietzsche, Thus Spoke Zarathustra, trans. Walter
Kaufmann (New York: Penguin Books, 1966), 13.
[249]
Will Durant, The Story of Philosophy (New York: Simon &
Schuster, 1961), 301, 318.
[250]
Ibid, 317.
[251]
Ronald Hayman, Nietzsche (New York: Penguin Books, 1980),
266.
[252]
Citado em Jim Nelson Black, The Death of Evolution (Grand
Rapids: Zondervan, 2010), 129-130.
Ao desenvolver o darwinismo, Ernst Haeckel (1834-1919), biólogo,
naturalista e filósofo alemão, ajudou a lançar as bases do racismo
evolucionário e do darwinismo social em 1899 em seu livro The Riddle of the
Universe. Haeckel buscou proporcionar uma visão naturalista do mundo que
explicasse todos os mistérios do universo, como a consciência, por exemplo,
cientificamente reduzindo tudo à matéria e energia. Entre outras coisas,
Haeckel cria que as diferentes raças evoluíram independentemente umas das
outras, o que impulsionou a ideia de que algumas raças eram mais evoluídas
do que outras. The Riddle of the Universe vendeu meio milhão de exemplares
só na Alemanha, o que fez de Haeckel um dos pensadores mais influentes do
seu tempo, e criou o clima intelectual para o nazismo alemão prosperar
algumas décadas mais tarde.
[253]
Sigmund Freud, Civilization and Its Discontents (New York: W.W.
Norton & Company, 1961), 40.
[254]
Helen Zimmern, from the introduction to Friedrich Nietzsche,
Beyond Good and Evil (Mineola: Dover Publications, 1997), vii.
[255]
Da mesma forma que Nietzsche odiava Cristo, ele odiava o Novo
Testamento: “É melhor colocar luvas antes de ler o Novo Testamento. A
presença de tanta sujeira faz disso algo muito aconselhável... Em vão procurei
no Novo Testamento por um único traço de simpatia; nele não há nada que
seja livre, bondoso, sincero ou leal. Nele a humanidade nem mesmo dá seu
primeiro passo ascendente – o instinto de limpeza está ausente... Apenas
maus instintos estão presentes, e tais instintos nem ao menos são dotados de
coragem. Nele tudo é covardia; tudo é um fechar os olhos, uma
autoenganação. Após ler o Novo Testamento qualquer outro livro parece
limpo” (The Anti-Christ, seção 46).
[256]
Sendo influenciado pelo seu meio primo Charles Darwin, Francis
Galton (1822-1911) defendeu a eugenia (termo que ele próprio cunhou) em
Hereditary Genius (1869). A eugenia se preocupa em fazer a raça humana
avançar, através do que Galton chamou de “acasalamento judicioso” e
esterilização obrigatória. Ele definiu a eugenia como “a ciência que lida com
todas as influências que melhoram as qualidades inatas de uma raça. e
aquelas que as desenvolvem com o máximo aproveitamento” (Eugenics: Its
Definition, Scope, and Aims”, The American Journal of Sociology. Vol. 10;
Julho, 1904; n. 1). Otmar Freiherr von Verschuer (1896-1969), Karin
Magnussen (1908-1997), Josef Mengele (1911-1979) e a Alemanha nazista
conduziram o darwinismo social e a eugenia de Galton à sua conclusão
radical, usando aqueles que eles consideravam inferiores como cobaias de
experimentos e depois os executando.
[257]
Ibid., 319.
[258]
Nietzsche., 259.
[259]
Isso é estranho, visto que Nietzsche foi muito doente durante a
maior parte da sua vida. Era um homem fraco que precisava ser cuidado por
amigos e familiares. Nos últimos dez anos da sua vida enlouqueceu e
precisou de cuidados constantes da sua mãe cristã.
[260]
Citado em William L. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich
(New York: Simon and Schuster, 1960), 86.
[261]
Nietzsche, 266.
[262]
Veja John Blanchard, Does God Believe in Atheists (Darlington,
UK: Evangelical Press, 2000), 75.
[263]
Thus Spoke Zarathustra, 12.
[264]
Ibid., 14-15.
[265]
Civilization and Its Discontents, 22.
[266]
Ibid., 24-15.
[267]
Ibid., 25.
[268]
Ibid., 34.
[269]
The Grounds of Theistic and Christian Belief, 90.
[270]
Alister McGrath, Why God Won’t Go Away (Nashville: Nelson,
2010), 145.
[271]
Malcolm Muggeridge, The End of Christendom (Grand Rapids:
Eerdmans, 1980), 8.
[272]
Jacques Barzun, “Toward the Twenty-First Century”, em The
Culture We Deserve (Middletown, CT: Wesleyan University Press, 1989),
172.
[273]
Ibid., 163.
[274]
Christopher Lasch, The Culture of Narcissism (New York: W.W.
Norton & Company, 1991), 13.
[275]
Charles Taylor, A Secular Age (Cambridge, MA: Harvard
University Press, 2007), 25.
[276]
Esse desapontamento, diz Taylor, não foi apenas o resultado da
revolução científica, pois ele diz: “Uma parte crucial do meu argumento para
a ‘desconstrução’ da visão da morte de Deus é que os argumentos da ciência
natural para a ausência de Deus não são assim tão convincentes” (Ibid., 557).
A secularização e o desencanto têm as suas raízes, em parte, na ascensão e
propagação do deísmo nos séculos XVII e XVIII.
[277]
“A era da autenticidade”, segundo Taylor, foi moldada por muitos
fatores, incluindo o consumismo, o egoísmo, o individualismo, o hedonismo
e até mesmo o expressivismo — no qual a moda se tornou uma parte vital da
autoexpressão e identidade pessoais. A revolução sexual dos anos 60 foi
também uma parte do impulso para encontrar significado pessoal e liberdade
fora de quaisquer normas exteriores.
[278]
Ibid., 587-589.
[279]
“Commodities [such as Nike shoes] become vehicles of individual
expression, even the self-definition of identity” (Ibid., 483).
[280]
“A busca da felicidade”, diz Taylor, “chegou a parecer não apenas
não precisar de uma ética sexual restritiva e das disciplinas da gratificação
adiada, mas também exigir a sua transgressão em nome da autorrealização.
As pessoas que mais sentem isso são, naturalmente, exatamente aquelas para
quem muitas dessas disciplinas se tornaram uma segunda natureza, não
necessitando de um forte apoio ético/espiritual para se manterem” (Ibid.,
493).
[281]
Isso pode não ser uma acusação justa contra Descartes. Veja a nota
de rodapé 13 na página 95.
[Isso se refere à versão em papel. A referência é à seguinte nota:
Em vez de interpretar Descartes como um racionalista puro, poderia ser
argumentado que ele previu o argumento pressuposto para a existência de
Deus. Para que o silogismo Cogito, ergo sum funcione, o conhecimento de
Deus deve ser pressuposto. Comentando isso, Jean-Marie Beyssade explicou
que essa “prova não pode ser bem sucedida, ou até mesmo sair do chão, se
alguém não tem ideia, ou seja, percepção, que corresponda ao significado da
palavra ‘Deus’” (“The Idea of God and Proofs of His Existence” em The
Cambridge Companion to Descartes. ed. John Cottingham. Cambridge:
Cambridge University Press, 1995., 176). Beyssade passou a declarar: “A
prova a priori de Deus parte do fato suposto, que é tomado como certo, de
que todas as perfeições estão unidas em uma única natureza que é chamada
‘Deus’” (Ibid.,178). Porque todos sabemos que Deus existe como o ser mais
perfeito, podemos concluir, observando a nossa própria imperfeição, que não
poderíamos ter chegado a esse pressuposto acerca desse ser mais perfeito por
nós mesmos, mas ele deve ter sido implantado ali pelo próprio Deus].
[282]
Veja Jean-François Lyotard, The Postmodern Condition: A Report
of Knowledge, trans. Geoff Bennington e Brian Massumi (Minneapolis: The
University of Minnesota, 1983).
[283]
Albert Camus, The Myth of Sisyphus, trans. Le mythe de Sisyphe
(New York: Vintage Books, 1991), 3.
[284]
Ibid., 3-4.
[285]
Ibid., 22.
[286]
Ibid., 51.
[287]
Citado em Ravi Zacharias, A Shattered Visage: The Real Face of
Atheism (Grand Rapids: Baker Books, 1990), 41-42.
[288]
Citado em John Blanchard, Does God Believe in Atheists
(Darlington, UK: Evangelical Press, 2000), 121.
[289]
Citado em Ravi Zacharias, A Shattered Visage: The Real Face of
Atheism (Grand Rapids: Baker Books, 1990), 25.
[290]
George Park Fisher estava certo quando disse: “O ateísmo é um
insulto à humanidade” (Grounds of Theistic and Christian Belief, 62). Fisher
explicou que é uma “afronta grosseira” à “razão e ao sentido moral” dizer a
um homem para “se abster da frivolidade” e para “agir com um propósito
inteligente, para a realização de fins racionais; quando antes lhe é dito que o
universo é fruto de uma gigantesca frivolidade” (Ibid.).
[291]
Como Francis Schaeffer colocou isso, “Se Deus está morto, então o
homem morreu também”.
[292]
N. de T.: Referência a uma famosa koan (charada filosófica) Zen
que pergunta: “Qual é o som obtido ao se bater palmas com apenas uma das
mãos?”. O estudante de Zen deve meditar sobre essa charada até que algum
grau de “discernimento” ou “esclarecimento” se manifeste. O interessante é
que, em tese, “não há uma resposta certa”.
[293]
Paul Harrison, Elements of Pantheism (Shaftesbury, UK: Element
Books, 2013), 1.
[294]
Benedict De Spinoza, Ethics, trans. W.H. White in Great Books of
the Western World, ed. Robert Maynard Hutchins (Chicago: Encyclopedia
Britannica, Inc. 1952.), Vol. 31, 360.
[295]
Kenny Anthony, The Oxford Illustrated History of Western
Philosophy, ed. Kenny Anthony (Oxford: Oxford University Press, 1997),
147.
[296]
Benedict De Spinoza, Ethics. Trans Edwin Curley (New York:
Penguin Books, 1996), 2.
[297]
Michael Reeves, Delighting in the Trinity (Downers Grove, IL:
IVP, 2012), 112.
[298]
Augustine, The Trinity, trans. Edmond Hill, ed. John E. Rotelle
(New York: New City Press, 1992).
[299]
Mere Christianity, 152.
[300]
Robert Letham, The Holy Trinity (Phillipsburg, PA: P&R, 2004),
444.
[301]
Ibid., 446.
[302]
Delighting in the Trinity, 80.
[303]
O Motor Imóvel de Aristóteles é um ser não trinitário: “Como
podem ter razão aqueles que dizem que o princípio primeiro é a unidade e
que a unidade é a substância, e então fazem derivar da matéria e da
substância o número primeiro, sustentando que também ele é substância? E
como é possível pensarmos em “dois”, e em cada um dos outros números
compostos de unidades, como sendo uma unidade”? (Metaphysics. Trad. W.
D. Ross. Stilwell, KS: Digireads Publishing, 2006, 11.2).
[304]
Vincent J. Cornell, “God in Islam”, em the Encyclopedia of
Religion, Ed. Lindsay Jones, Vol. 5, 2nd Edition (New York: Macmillan
Reference of Thompson Gale, 2005), 3561-3562.
[305]
MT, Hilkhot Yesodei Ha Torah, 1:7, Citado em Micah Goodman,
Maimonides and the Book that Changed Judaism (Philadelphia: The Jewish
Publication Society, 2015), 5.
[306]
De acordo com Aristóteles: “O infinito não pode ser uma coisa
separada e independente. Pois isso não é uma magnitude espacial nem uma
pluralidade, mas é uma substância e não um acidente, então deverá ser
indivisível; pois o divisível ou é magnitude ou pluralidade” (Metaphysics,
11.10).
[307]
O teólogo holandês Geerhardus Vos (1862-1949) explicou porque
isso era problemático: “Podemos também dizer que os atributos de Deus não
se distinguem uns dos outros? Isso é extremamente arriscado. Podemos nos
contentar em dizer que todos os atributos de Deus estão muito intimamente
relacionados entre si e penetram uns nos outros na unidade mais íntima. No
entanto, isto não é de forma alguma afirmar que eles devem ser identificados
uns com os outros. Em Deus, por exemplo, amor e justiça não são a mesma
coisa, embora ajam em perfeita harmonia. Não podemos deixar que tudo se
entrelace de forma panteísta, porque isso seria o fim do nosso conhecimento
objetivo de Deus” (Theology Proper, vol. 1 of Reformed Dogmatics, trad. e
ed. Richard B. Gaffin. Bellingham, WA: Lexham Press, 2012-2014, 5).
Scott Oliphint lembra-nos que “A doutrina da simplicidade, nas suas
melhores formulações, nunca afirmou que Deus é uma espécie de ser em que
nenhuma distinção existe ou possa existir” (God with Us, 64).
[308]
Metaphysics, 11.2.
[309]
Ironicamente, embora Aristóteles tenha rejeitado o politeísmo pelo
teísmo, o teísmo que ele abraçou conduz novamente ao panteísmo que produz
o politeísmo, que ele havia rejeitado. Não é de admirar que quanto mais uma
sociedade se afasta do conhecimento do teísmo, mais panteísta e até animista
ela se torna. Por causa da culpa interior, o homem naturalmente quer adorar
um mediador (por exemplo, uma emanação de Deus) que os protege da ira do
Deus supremo.
[310]
Citado em Maimonides and the Book that Changed Judaism, 8.
[311]
Ibid., 11.7.
[312]
Ibid., 12.9
[313]
B.A.G. Fuller, “The Theory of God in Book Λ of Aristotle’s
Metaphysics” in The Philosophical Review, Vol. 16, No. 2 (Mar., 1907), 170-
183., 173.
[314]
Ibid., 175.
[315]
Metaphysics, 12.9.
[316]
Ibid., 177.
[317]
Metaphysics, 12.6. For a Christian thinker who defends the
eternality of the universe see Eternal God by Paul Helm (New York: Oxford,
2012), 234-250.
[318]
Veja Benedict De Spinoza, “Of God” Part 1 in Ethics. Trans Edwin
Curley (New York: Penguin Books, 1996).
[319]
Os eunomianos (ou seja, neoarianos) negaram a doutrina ortodoxa
da Trindade aplicando a lógica aristotélica à doutrina da simplicidade divina.
Em resumo, eles argumentaram que se não há distinções dentro de Deus,
então apenas o Pai existe a se (não dependente de nada fora de si mesmo). A
unicidade última é redutível ao Pai — só ele possui a essência simples da
divindade. A essência do Filho é gerada pelo Pai e a essência do Espírito
procede do Pai e do Filho, pois eles são ontológica e eternamente
subordinados ao Pai, que é o único Deus Todo-Poderoso. Veja Thomas H.
McCall “Trinity Doctrine, Plain and Simple” em Advancing Trinitarian
Theology (Grand Rapids: Zondervan, 2014), 46.
[320]
Scott Oliphint busca manter o equilíbrio quando nos lembra: “Um
aspecto importante dessa doutrina da simplicidade de Deus é que essas
distinções em Deus não são consideradas como ‘coisas’ reais em Deus. Ou
seja, elas não devem ser pensadas como coisas, de modo que a Divindade
seja uma composição de ‘coisas sobre coisas’” (God with Us, 65).
[321]
Para um excelente artigo sobre a relação entre a simplicidade
divina e a Trindade veja Thomas H. McCall “Trinity Doctrine, Plain and
Simple” em Advancing Trinitarian Theology (Grand Rapids: Zondervan,
2014).
[322]
Cornelius Van Til, An Introduction to Systematic Theology, 2nd ed.,
William Edgar (Philipsburg, NJ: P&R, 2007), 273.
[323]
Por diferenciação formal quero dizer algo mais do que uma
distinção conceitual (distinctione rationis, uma distinção no pensamento) que
só existe em nossas mentes finitas para nos ajudar a entender um Deus
inefável que transcende a linguagem humana.
[324]
K. Scott Oliphint, “Simplicity, Trinity, and Incomprehensibility of
God” em One God in Three Persons, Ed. Bruce Ware e John Starke
(Wheaton, IL: Crossway, 2015), 230.
[325]
B.A. Bosserman explicou: “As teologias unitárias... sucumbem a
um tipo de mistério estupidificante onde Deus é idêntico ou sujeito a um
vazio inefável, que o torna completamente incapaz de falar, ou de falar com
autoridade. Pois, nada pode ser precisamente baseado em uma Divindade
estritamente unitária, uma vez que a multiplicidade envolvida na afirmação
está em desacordo com a sua natureza. Se tal ser desfrutasse de uma definição
negativa à medida que ele existe em contraste com a esfera criada, isso só
demonstraria a sua dependência do universo temporal para desfrutar do tipo
de diferenciação, propósito e relação que falta em si mesmo” (The Trinity and
the Vindication of Christian Paradox, 101).
[326]
Calvin, Institutes, 1.13.2.
[327]
B.B. Warfield, “Calvin’s Doctrine of the Trinity”, Works of
Benjamin B. Warfield (Grand Rapids: Baker Books, 2003), 5.191.
[328]
Stephen Charnock, The Existence and Attributes of God (reprint,
Grand Rapids: Baker, 1996), 1:345.
[329]
Os defensores do teísmo aberto, tais como Richard Rice, Clark
Pinnock e John Sanders, podem dizer que Deus é imutável em sua essência,
mas minam essa sua pretensão ao fazer da diversidade da relação tripessoal
da Divindade o último reduto da unicidade da sua essência imutável. Isto é, a
unicidade da essência de Deus acaba por ser, pelo menos parcialmente,
absorvida pela diversidade da interação tripessoal de Deus dentro da criação.
Ao elevar a diversidade de Deus acima da unicidade dele, a soberania, a
onipotência e a onisciência de Deus já não permanecem imutáveis. O
conhecimento, as emoções e o poder de Deus tornam-se limitados à
multiplicidade de coisas que acontecem fora do seu ser. Em vez de estar
imutavelmente fechado, Deus está aberto à mudança. Em vez do Todo-
Poderoso controlar todas as coisas, ele é mais como um semideus poderoso.
Ele é capaz de ajustar adequadamente os seus planos conforme seja
necessário, mas permanece restrito aos diversos caprichos e decisões do
homem. O seu conhecimento é dependente da criação.
O Deus trinitário, contudo, é capaz de interagir com a criação de uma
forma pessoal e imanente, porque ele é inerentemente capaz de diferenciar
entre as coisas dentro e fora de si mesmo. Porque a diversidade é essencial à
sua natureza, Deus é capaz de distinguir entre os seus pensamentos, suas
emoções, seus atos e os eventos relacionados com o tempo. No entanto, ele
permanece transcendente e separado da criação porque a sua unidade também
é igualmente essencial à sua natureza. Porque ele é capaz de diferenciar entre
a sua vontade de decreto e a sua vontade de comando, então ele é capaz de
interagir providencial e emocionalmente com a criação de uma forma
pessoal. Mas, ele também conhece e vê todas as coisas ao mesmo tempo. E,
finalmente, nada pode fazer Deus sofrer, porque ele conhece e controla todas
as coisas sem que haja qualquer mudança dentro dele mesmo.
Em suma, sem a diversidade das três pessoas, a simplicidade de Deus
conduziria ao panteísmo. Por outro lado, sem a unicidade da essência de
Deus, as propriedades relacionais inerentes dentro da Trindade levariam ao
teísmo aberto. Embora em aspectos diferentes, tanto o panteísmo como o
teísmo aberto tornam Deus dependente da criação. A igualdade fundamental
entre a unicidade e a diversidade da Trindade é a única salvaguarda para nos
impedir, de ambos os lados, de cair no abismo.
[330]
Delighting in the Trinity, 47.
[331]
Ibid., 44. Palavras em colchetes são do presente autor.
[332]
Veja Peter Jones, One or Two: Seeing a World of Difference
(Escondido, CA: Main Entry Editions, 2010), 17.
[333]
Apologetics to the Glory of God, 55.
[334]
Mere Christianity, 45.
[335]
Citado em Bertrand Russell, Why I Am Not a Christian, 118.
[336]
Ibid., 45.
[337]
Louis Berkhof, Systematic Theology (Grand Rapids: Eerdmans,
1994), 175.
[338]
Ibid., 171.
[339]
Ibid., 173.
[340]
Isso é verdade em relação à versão de René Descartes do
argumento ontológico. Anselmo (1033-1109), arcebispo de Cantuária, no
entanto, colocou o argumento desta forma: “Mesmo o insensato está, pois,
convicto de que ‘alguma coisa maior do que a qual nada pode ser pensado’
existe pelo menos na mente: porque ele compreende-o quando o ouve, e tudo
o que é compreendido existe na mente. Mas, sem dúvida, ‘aquilo maior do
que o qual nada pode ser pensado’ não pode existir unicamente na mente. Se,
na verdade, existe pelo menos na mente, pode pensar-se que exista também
na realidade, o que é ser maior. Se, pois, ‘aquilo maior do que o qual nada
pode ser pensado’ existe apenas na mente, então ‘aquilo mesmo maior do que
o qual nada pode ser pensado’ é ‘algo maior do que o qual algo pode ser
pensado’. Porém, isso é claramente impossível. Existe, pois, sem a menor
dúvida, ‘alguma coisa maior do que a qual nada pode ser pensado’ tanto na
mente como na realidade” (“Proslogion” em Anselm of Canterbury: The
Major Works, Ed. Brian Davis e G.R. Evans. New York: Oxford, 2008., 87-
88).
[341]
Augustine, The City of God. Trans. George Wilson and J. J. Smith
(Peabody, MA: Hendrickson, 2013), 79.
[342]
Ibid., 212.
[343]
God’s Undertaker, 20.
[344]
Ibid.
[345]
Charles Hodge, Systematic Theology, Vol. 3, (Grand Rapids:
Eerdmans, 1981), 82.
[346]
Veja Richard Swinburne, Is There a God (New York: Oxford,
1996), 67.
[347]
“Esse belíssimo sistema contendo sol, planetas e cometas”, afirmou
Newton, “só poderia proceder do conselho e domínio de um Ser inteligente e
poderoso” (The Principia. reprint. Thousand Oaks, CA: Snowball Publishing,
2010., 440).
[348]
Is There a God, 67.
[349]
Ibid., 43.
[350]
Ibid., 55.
[351]
Ibid.
[352]
Stephen C. Meyer, Signature in the Cell (New York: HarperOne,
2009), 156.
[353]
Ibid., 171.
[354]
Ibid.
[355]
Ibid., 330.
[356]
Ibid., 332.
[357]
Ibid., 333
[358]
Ibid., 336, 137.
[359]
Ibid., 341.
[360]
Ibid.
[361]
Ibid., 343.
[362]
Alvin Plantinga: “Embora exista um conflito superficial, há uma
profunda concordância entre a ciência e a religião teísta, por outro lado, há
uma concordância superficial e um profundo conflito entre a ciência e o
naturalismo” (Where the Conflict Really Lies. New York: Oxford, 2012., ix).
[363]
N.T. Wright, The Resurrection of the Son of God (Minneapolis:
Fortress Press, 2003), 599.
[364]
Ibid., 602.
[365]
Ibid.
[366]
Ibid., 605.
[367]
Ibid., 607.
[368]
Ibid., 607-608.
[369]
Ibid., 610.
[370]
Veja Philip Comfort, Encountering the Manuscripts (Nashville:
Broadman & Holman, 2005), 126-139.
[371]
Jewish Antiquities, 18.3.3 §63 (Baseado na tradução de Louis H.
Feldman, The Loeb Classical Library.) Embora esse texto tenha sido
considerado como uma interpolação cristã posterior, uma das principais
autoridades sobre Flávio Josefo, Paul Maier, o professor de história antiga
Russell H. Selibert, Western Michigan University, defende a sua fidelidade
textual: “Josefo deve ter mencionado Jesus em material autêntico em 18:63,
já que essa passagem está presente em todos os manuscritos gregos de Josefo,
e a versão agapiana está de acordo com a sua gramática e vocabulário em
outros lugares. Além disso, Jesus é retratado como um “homem sábio”
[sophos aner], uma frase que não era usada pelos cristãos, mas sim
empregada por Josefo para personalidades como Davi e Salomão, na Bíblia
hebraica.
Além disso, a sua afirmação de que Jesus conquistou “muitos dos
gregos” não é substanciada no Novo Testamento e, portanto, dificilmente é
uma interpolação cristã, mas algo que Josefo teria notado em seus próprios
dias. Finalmente, o fato de que a segunda referência a Jesus nas Antiquities
20:200, que se segue, apenas o chama de Cristos [Messias] sem mais
explicações, sugere que uma identificação anterior, mais completa, já tinha
ocorrido. Se Jesus tivesse aparecido pela primeira vez no último ponto do
registo de Josefo, muito provavelmente ele teria introduzido uma frase como
“...irmão de um certo Jesus, que era chamado o Cristo” (Paulo L. Maier,
“Josephus on Jesus”, em Josephus: The Essential Works. trans. and ed. Paul
L. Maier. Grand Rapids: Kregel, 1994, 284).
[372]
Annals (ca. 116-117), 15.44.2-8, trans. J. Stevenson as Citado em
McDonald, The Story of Jesus in History and Faith, 137.
[373]
A abordagem crítica histórica não vê as fontes originais como
dotadas de autoridade, pois desde o período pós-iluminismo, os historiadores,
tais como os cientistas, trabalham a partir de uma visão de mundo naturalista,
a qual nega as possibilidades de milagres. Jürgen Moltmann, por exemplo,
diz que devemos rejeitar os milagres mesmo antes de investigarmos as
provas: “Diante da definição positivista e mecanicista da natureza da história
como um sistema autocontido de causa e efeito, a afirmação de uma
ressurreição de Jesus realizada por Deus aparece como um mito sobre uma
incursão sobrenatural que é contrariada por toda a nossa experiência do
mundo” (Citado em The Story of Jesus in History and Faith, 19).
[374]
Lee Martin McDonald, The Story of Jesus in History and Faith
(Grand Rapids: Baker Academic, 2013), 45.
[375]
James H. Charlesworth, “The Historical Jesus and Biblical
Archaeology: Reflections on New Methodologies and Perspectives” em Jesus
and Archaeology, ed. James H. Charlesworth (Grand Rapids: Eerdmans,
2006), 694.
[376]
Trilogy, 289.
[377]
C.S. Lewis, “Is Theology Poetry?” em The Weight of Glory (New
York: HaperCollins, 2001), 140.
[378]
Apologetics to the Glory of God, 102.
[379]
João Calvino argumentou que aqueles “que se esforçam para
construir uma fé firme na Escritura através da disputa estão fazendo as coisas
ao contrário... Pois como só Deus é uma testemunha cabal de si mesmo em
sua Palavra, assim também a Palavra não encontrará aceitação no coração dos
homens antes de ser selada pelo testemunho interior do Espírito” (Institutes,
1.7.4).
[380]
Institutes, I.V.1
[381]
The Works of Owen (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1995), Vol.
16, 310-311.
[382]
The Works of Owen (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1995), Vol.
16, 307.
[383]
Biblical Theology, 606.
[384]
Alvin Plantinga, Warranted Christian Belief (New York: Oxford,
2000), 303.
[385]
Jonathan Edwards, The Religious Affections (Edinburgh: Banner of
Truth Trust, 1994), 122.
[386]
Edward Young afirmou que a Iluminação “não é a comunicação
para nós de informações além do que está contido na Bíblia”. Não é a
transmissão de novos conhecimentos. Não é uma nova revelação de Deus ao
homem. Antes, é aquele aspecto da obra sobrenatural do novo nascimento, na
qual os olhos do nosso entendimento foram abertos para que nós, que antes
estávamos na escuridão e na escravidão do pecado, passemos a ver aquilo
para o que antes estávamos cegos” (Thy Word is Truth. Edinburgh: Banner of
Truth Trust, 1963., 34).
[387]
John Owen escreveu o seguinte: “Uma vez que a mente de Deus foi
reduzida à escrita, cada homem mortal e individual, que tiverem acesso às
Escrituras, ouve a voz de Deus falando com ele não menos diretamente do
que se ele estivesse ouvindo próprio Deus falando audivelmente com ele...
Até mesmo a voz falada não pode alcançar os ouvidos dos homens senão
através de um meio de comunicação, isto é, o ar do qual ela é formada; assim
também não pode ser negado que a Escritura é a voz de Deus falando aos
homens, embora ela seja transmitida por meio de comunicação escrita. A
Palavra de Deus não é diminuída de modo algum pelo simples fato de ter sido
reduzida à escrita” (Biblical Theology. 374-75).
[388]
Institutes, trans. Henry Beveridge (Grand Rapids: Eerdmans,
1989), 1.7.5.
[389]
Ibid.,192.
[390]
Ibid.
[391]
Warranted Christian Belief, 303.
[392]
Ibid., 304.
[393]
Ibid., 309.
[394]
Institutes, 1.2.1.