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5º
Período
Denise Cord
Florianópolis - 2010
Governo Federal
Presidente da República: Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Educação: Fernando Haddad
Secretário de Ensino a Distância: Carlos Eduardo Bielschowky
Coordenador Nacional da Universidade Aberta do Brasil: Celso Costa
Comissão Editorial
Tânia Regina Oliveira Ramos
Izete Lehmkuhl Coelho
Mary Elizabeth Cerutti Rizzati
Equipe de Desenvolvimento de Materiais
Design Instrucional
Responsável: Vanessa Gonzaga Nunes
Designer Instrucional: Tecia Estefana Vailati
Ficha Catalográfica
C794p Cord, Denise
Psicologia educacional : desenvolvimento e aprendizagem / Deni-
se Cord. – Florianópolis : LLV/CCE/UFSC, 2010.
134p. : 28cm
ISBN 978-85-61482-23-7
CDU: 37.015.3
Catalogação na fonte elaborada na DECTI da Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina.
Sumário
Apresentação....................................................................................... 7
Referências....................................................................................... 133
Apresentação
A
disciplina Psicologia Educacional: desenvolvimento e aprendizagem
tem como objetivo permitir a você, estudante em formação para
o magistério em Letras-Português, o acesso ao conhecimento de
teorias psicológicas que tratam dos processos de desenvolvimento e aprendi-
zagem humanos e suas implicações nos processos de ensinar e aprender no
âmbito da educação formal.
O que queremos dizer é que a Psicologia, como ciência e também como pro-
fissão, vem contribuindo para a construção deste ideário a partir de diferentes
concepções e estas permanecem, com maior ou menor força, como argumento
para elaboração de projetos educacionais, inclusive ao nível da definição de
políticas públicas em educação.
Outro aspecto que nos interessa destacar neste livro diz respeito ao papel do
aluno nos processos de ensino e de aprendizagem. A importância deste desta-
que está no fato de que, entendendo melhor como o ser humano se desenvolve
e aprende, você poderá elaborar metodologias de ensino e de avaliação mais
adequadas ao objetivo da sua prática profissional.
De um modo geral, você irá encontrar neste livro contribuições a um melhor
entendimento teórico dos fenômenos que observa no cotidiano da prática pe-
dagógica, o que poderá facilitar o manejo destas questões, estejam elas rela-
cionadas às características observáveis nos diferentes ciclos de vida humana e
suas implicações nos processos de ensinar e de aprender, ou aos aspectos que
contribuem para a produção do fracasso escolar.
Deste modo, para que a leitura deste livro no bojo da disciplina lhe seja pro-
dutiva, faz-se importante que você se coloque como sujeito ativo na leitura, ou
seja, o qual se permita fazer perguntas a partir do texto e que não se contente
apenas em descobrir quais “verdades” ele revela. Até porque este livro não as
revela, apenas aponta algumas contribuições que poderão ser consideradas re-
levantes se trouxerem, como consequência para o seu fazer profissional, ações
transformadoras conscientes, ou seja, ações cuja finalidade é transformar aqui-
lo que já não serve aos objetivos da sua prática.
Denise Cord
Unidade A
Histórico da Psicologia geral e
educacional: objeto e método
As Psicologias: origens históricas Capítulo 01
1 As Psicologias: origens
históricas
Neste capítulo vamos conhecer a articulação entre os aspectos filosóficos,
tecnológicos, sócio-políticos e científicos determinantes no desenvolvimento da
ciência psicológica em geral.
Resolver por onde começar a contar esta história não é uma sim-
ples questão de escolha pessoal dos autores. Ainda que se trate de uma
escolha, ela revela aspectos do entendimento destes acerca do que seja o
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Psicologia Educacional
Você verá que esta não é uma questão resolvida entre os psicólo-
gos, sejam eles cientistas ou não. Verá que do mesmo modo que não
podemos contar a história da psicologia no singular, também não pode-
mos afirmar sua existência única, mas de diferentes abordagens teóricas
voltadas à compreensão do fenômeno psicológico. Por isso não leia os
textos que as explicitam buscando depreender qual das abordagens é a
correta. Historicamente, elas coexistem tanto no campo de produção de
conhecimentos científicos (em universidades e institutos de pesquisa)
quanto no campo das aplicações práticas desta produção (psicoterapia,
psicologia hospitalar, organizacional, comunitária ou educacional).
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As Psicologias: origens históricas Capítulo 01
lugar do corpo a razão ficava “hospedada”. Segundo ele, este lugar era a
alma, que ficava alojada na cabeça dos homens até o momento de sua
morte, momento em que se libertava e passava a ocupar outro corpo.
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Psicologia Educacional
São Tomás de Aquino morreu no século XIII. O período que vai deste
século até meados do século XV é considerado de transição entre a Idade
Média e a Idade Moderna e tem como principal marco o Renascimento.
Este termo está relacionado, por um lado, à revitalização das cidades e da
economia de algumas regiões da Europa (França, Inglaterra, Alemanha,
Espanha e Itália) fortemente empenhadas em atividades de exploração de
novos mercados e de novas terras, e por outro, à revitalização das formas
de expressar a compreensão humana sobre si e sobre o mundo.
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As Psicologias: origens históricas Capítulo 01
Bons exemplos disso são as revoluções causadas pela defesa e de-
monstração das teses de Copérnico e Galileu, a partir das quais a terra
deixou de ser vista como o centro do Universo. Mais que isso, passou-se
a questionar a própria ideia de centro e a se pensar que os elementos de
uma relação possuíam uma realidade própria, movida por leis indepen-
dentes do conjunto a que pertenciam.
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Psicologia Educacional
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As Psicologias: origens históricas Capítulo 01
verbal dos sujeitos experimentais que recebiam como tarefa discriminar
da forma mais precisa possível as variações quantitativas a que eram
submetidos os estímulos em estudos paramétricos.
A ideia era simples: ao espetar o dedo, você sente a dor “se espalhar”,
o que para Wundt corresponderia a um fenômeno mental. Para compro-
var sua hipótese, desenvolveu um método de pesquisa denominado in-
trospeccionismo e descreveu, com a ajuda dos seus sujeitos de pesquisa,
o caminho percorrido pela dor no “interior” do eu após a estimulação
sensorial. Seu objetivo era medir o tempo decorrido entre a aplicação do
estímulo e o processamento deste pelos sujeitos. Os conhecimentos ob-
tidos com seus experimentos foram organizados e socializados em uma
obra intitulada Princípios de Psicologia Fisiológica, em 1873. Nela o
autor defendeu textualmente a diferenciação da Psicologia do campo da
Filosofia e sua demarcação como um novo domínio da ciência.
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Psicologia Educacional
Funcionalismo
Esta perspectiva surgiu
1.5 Questão de objeto?
em oposição ao estru-
turalismo, preocupada A história da psicologia no século XX é a história dos conflitos em
em responder “para relação à definição de seu objeto. Na perspectiva funcionalista, a psico-
que” servem os proces- logia deveria se preocupar em entender como a consciência funciona e
sos mentais, ou seja,
qual a sua função no como o homem a utiliza para adaptar-se ao meio. A abordagem estru-
processo de adaptação turalista defendia ser objeto da psicologia o estudo dos elementos da
humana. experiência e suas relações de dependência com o organismo que os
experimenta. Já para a abordagem associacionista, o objeto de estudos
da psicologia deveria ser o processo de associação entre os estímulos na
Associacionismo produção de respostas do organismo ao meio.
Visa explicar as as-
sociações entre pro- Em torno destas diferentes perspectivas organizaram-se o que chama-
cessos mentais, dos
mos de “escolas psicológicas”, ou seja, sistemas teóricos e práticos a partir
mais simples aos mais
complexos, que levam dos quais se desenvolvem tanto a pesquisa e a produção do conhecimento
à aprendizagem. científico em psicologia, quanto os métodos de intervenção prática.
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As Psicologias: origens históricas Capítulo 01
humano; e a abordagem histórico-cultural busca compreender a cons-
tituição do psiquismo humano como uma construção histórica e cultu-
ral da humanidade.
Leia mais!
Você encontrará informações preciosas sobre o que acabamos de apre-
sentar neste capítulo e também sobre outros fatos importantes e deter-
minantes do desenvolvimento da ciência psicológica nos capítulos I e
II do livro organizado por: BOCK, Ana M. B.; FURTADO, Odair; TEI-
XEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias. Uma introdução ao estudo da
Psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
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Psicologias contemporâneas Capítulo 02
2 Psicologias contemporâneas
Objetiva-se que você conheça e compreenda aspectos da psicologia con-
temporânea entendendo-a como produção humana, em contínuo processo de
elaboração e desenvolvimento.
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Psicologia Educacional
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Psicologias contemporâneas Capítulo 02
Leia mais!
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Psicologia Educacional no Brasil Capítulo 03
3 Psicologia Educacional no
Brasil
Conhecer aspectos históricos da relação entre a psicologia e a educação,
seus principais desdobramentos e as transformações no modo como a psico-
logia educacional brasileira entendia e encaminhava questões do cotidiano
pedagógico escolar, comparando-se o passado e o presente desta relação.
Deve estar lembrado também que antes que a Psicologia fosse reconhe-
cida como ciência, temas relativos ao seu objeto de estudos no sentido am-
plo, ou seja, o ser humano, já eram tratados pela Filosofia e pela Religião.
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Psicologia Educacional
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Psicologia Educacional no Brasil Capítulo 03
Veremos em seguida como a relação entre a psicologia e a educação
começou, quais os principais desdobramentos desta história e o que mu-
dou no modo como a psicologia educacional brasileira entende e encami-
nha questões relacionadas ao cotidiano pedagógico escolar na atualidade.
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Psicologia Educacional
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Psicologia Educacional no Brasil Capítulo 03
infantil por faixa etária. O resultado deste trabalho resultou no primeiro
teste de medida do Quoeficiente de Inteligência (QI), por idade.
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Psicologia Educacional
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Psicologia Educacional no Brasil Capítulo 03
De 1924 a 1929, as reformas de ensino na Bahia foram adminis-
tradas por Anísio Teixeira, outro personagem renomado na história da
educação brasileira e autor reconhecido do Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova. Este autor, ainda que por vias indiretas, acabou con-
tribuindo também com a história da psicologia educacional no Brasil.
Vejamos como.
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Psicologia Educacional
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Psicologia Educacional no Brasil Capítulo 03
os impediam de aprender ou de se adaptar à escola. Neste período,
a psicologia aplicada à educação contribuiu para responsabilizar os
educandos por suas dificuldades de aprendizagem.
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Psicologia Educacional
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Psicologia Educacional no Brasil Capítulo 03
Leia mais!
O livro de MASSIMI, M. & GUEDES, M. C. (Orgs.). História da Psi-
cologia no Brasil: novos estudos. São Paulo: Cortez, EDUC, 2004, pode
ser comparado a um baú cheio de tesouros para quem deseja conhecer
outros detalhes desta história.
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Considerações Finais Capítulo 04
4 Considerações Finais
Compreender que a história da psicologia geral e a história da psicologia
da educação terminam por constituir uma trama comum, cujo objetivo é fazer
avançar um campo do conhecimento humano comprometido com as mudan-
ças sócio-históricas pelas quais passa e constituem a humanidade.
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Psicologia Educacional
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Unidade B
Abordagens em Psicologia e suas
relações com a educação
Contribuições da Psicanálise Capítulo 05
5 Contribuições da Psicanálise
Neste capítulo vamos conhecer as contribuições da psicanálise no desen-
volvimento da psicologia e suas contribuições para a educação.
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Psicanálise Capítulo 05
no sistema inconsciente.” (LOUREIRO, 2007, p. 378). A função repres-
sora é necessária para diminuir a angústia e a dor psicológica causadas
por algum evento traumático para o sujeito. A repressão não destrói o
conteúdo traumático, apenas o mantém desconhecido do sujeito até o
momento em que a associação entre este conteúdo e algum outro acon-
tecimento faça-o expressar-se na consciência.
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Psicanálise Capítulo 05
no ânus (fase anal), e por fim, no órgão sexual (fase fálica). Após um
período de latência (que coincide com o período de ingresso da criança
na escola, por volta dos 7 anos de idade e se prolonga até a puberdade),
é atingido o último estágio (fase genital), quando o objeto de erotização
passa a ser um Outro.
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Psicanálise Capítulo 05
Como este mecanismo de projeção e as defesas dele decorrentes
Projeção
são processos inconscientes da maior importância tanto para o desen- A projeção é um
volvimento da personalidade da criança quanto de sua aprendizagem mecanismo de defesa
do ego (eu) a partir do
acadêmica, os(as) educadores(as) deveriam ser formados para observar
qual se deposita nos
estas manifestações da criança como sendo legítimas e não como um outros nossos próprios
equívoco a ser corrigido. conflitos. No caso, o
conflito da criança é
Aos professores cabe compreender que a criança está manifestando perceber que não é
um impulso inconsciente de receber “tudo pronto”, procurando evitar o completa e que seus
pais também não o
sofrimento causado pela falta. O que é legítimo por parte da criança, que
são. O eu incomple-
não é capaz ainda de compreender a importância da falta para o seu de- to projeta no outro
senvolvimento humano. O(a) professor(a), consciente desta importância, (professor) o desejo da
coloca no lugar da simples correspondência, uma relação de produção de completude, para não
vivenciar o sofrimento
novas faltas (cognitivas), acompanhada da oferta de caminhos para a sua que advém do próprio
superação (aspecto afetivo da relação) com a participação da criança (or- conflito.
ganização da inteligência como síntese da relação entre razão e afeto).
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Psicologia Educacional
Leia mais!
Para saber mais sobre o que é a psicanálise, quando ela surgiu e qual a
sua história no contexto da história da psicologia como ciência, consulte
o livro indicado para esta disciplina, CARRARA, K. (Org.) Introdução à
Psicologia da Educação. Seis Abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004, e
também o livro de BOCK, Ana M. B. (Org.) Psicologias: um introdução
ao estudo da psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
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Contribuições da Fenomenologia Capítulo 06
6 Contribuições da
Fenomenologia
Neste capítulo vamos conhecer a abordagem fenomenológica em psicolo-
gia e suas relações e contribuições com o campo educacional.
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Fenomenologia Capítulo 06
(c)
(a)
(b)
(d)
Wolfgang Köhler (1887 – 1967), psicó-
Exemplos de organização perceptual logo alemão fundador da Psicologia
da Gestalt.
Observando a figura acima, você poderá entender melhor os vá-
rios princípios da organização perceptual, estudados e demonstrados
pelos teóricos da psicologia da Gestalt. É importante esclarecer que a
percepção destes princípios pelas pessoas independe de um processo de
aprendizagem anterior.
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Fenomenologia Capítulo 06
e segue a passos largos na direção dela, para evitar que outro tome o seu
assento. Acontece que quando você se aproxima e senta, percebe que a
pessoa que está ocupando aquele banco não é quem você pensava que
fosse, mas uma ilustre desconhecida. O que aconteceu? A interpreta-
ção que você fez dos elementos presentes no meio físico pautou-se em
outros elementos, que não estavam presentes ali, mas que faziam parte
da sua história. O fato de a pessoa desconhecida ter cabelos e estatura
parecidos com os de sua amiga, além do fato de que sua amiga eventual-
mente faz o mesmo trajeto de ônibus e de que você estava cansado(a) e
gostaria de usufruir de momentos agradáveis na volta para casa, contri-
buíram para o fechamento de uma gestalt (uma forma) nesses moldes,
criando uma realidade subjetiva ou o meio comportamental. Isso ocor-
re uma vez que todo o seu comportamento a partir do momento no qual
percebeu a garota desconhecida como sendo sua amiga guiou-se pela
necessidade de conseguir sentar-se no banco vago ao seu lado.
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Psicologia Educacional
6.2.1 Gestalt-terapia
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Contribuições da Fenomenologia Capítulo 06
5) a explicação de que os distúrbios psíquicos seriam causados
por uma obstaculização no fluxo da energia sexual (libido) foi
refutada; os estudos de Perls o levaram a concluir que outros
aspectos, como a fome, por exemplo, deveriam ser considera-
dos determinantes do sofrimento psicológico.
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Psicologia Educacional
6.3.2 Gestalt-pedagogia
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Contribuições da Fenomenologia Capítulo 06
legar liberdade e responsabilidade ao grupo e aprender a plane-
jar junto com seus componentes o futuro das atividades;
ou a gente;
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Fenomenologia Capítulo 06
Grande parte destes objetivos está voltada à dimensão prática que
a tarefa pedagógica deve assumir: possibilitar que as relações de ensino
e de aprendizagem constituam um campo onde seja possível construir a
unidade indivíduo-meio, ou seja, onde seja possível dimensionar tanto
os aspectos afetivos e cognitivos da aprendizagem, quanto os aspectos
sociais, corporais e ecológicos.
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Fenomenologia Capítulo 06
estará respeitando a unidade corpo-mente-espírito do seu edu-
cando e estará contribuindo positivamente para a constituição
de sua personalidade);
Leia mais!
Para saber mais sobre a psicologia da Gestalt e a Gestalt-terapia, quando
ela surgiu e qual a sua história no contexto da história da psicologia como
ciência, consulte o livro de: BOCK, Ana M. B. (Org.). Psicologias: uma in-
trodução ao estudo da psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
63
Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
7 Contribuições do
Comportamentalismo
Neste capítulo vamos conhecer as contribuições do comportamentalismo,
do neocomportamentalismo e do sociocomportamentalismo para o desenvolvi-
mento da ciência psicológica e suas possíveis relações com a educação escolar.
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
publicações que defendiam a retirada dos conceitos de mente e consci-
ência do vocabulário psicológico. No lugar deles deveria triunfar o con-
ceito de comportamento como único objeto da psicologia científica.
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
mente. Sua principal característica é o firme objetivo de livrar a ciência
psicológica dos “pseudoproblemas”, ou seja, de qualquer proposição não
observável, mensurável ou demonstrável a partir da efetivação de testes
experimentais. Como você já deve ter inferido, os neocomportamen-
talistas defendiam que o conceito de experiência consciente individual
não deveria fazer parte do repertório da ciência psicológica, devido ao
fato de que não é possível investigar a existência ou as características da
consciência por meio dos métodos científicos objetivos.
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
sados. Seu método consistia na análise compreensiva das respostas de
um único indivíduo, posicionando-se contrário à perspectiva de que a
compreensão do geral levasse à compreensão do particular.
Ciente de que na vida real não é possível obter reforços positivos para
cada resposta e que estes, na melhor das hipóteses acontecem de forma in-
termitente, Skinner se dedicou a estudar que esquema de reforçamento
seria mais adequado para determinar as respostas dos indivíduos.
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
ou recompensadas quando mudarem o comportamento na direção
positiva.” Em última instância, Skinner acreditava que se controlás-
semos as consequências dos comportamentos, controlaríamos
aquilo que o sujeito aprende e o seu comportamento no futuro.
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
Estudos atuais indicam que há uma relação direta entre a vivência
contextual dos sujeitos (onde moram, quais as condições de vida
no lugar, se há maior ou menor possibilidade de mobilidade social,
etc) a internalidade ou externalidade do locus de controle (se sob
seu controle ou sob controle de outras pessoas, da sorte, do destino)
e o rendimento dos indivíduos em situações de aprendizagem. Ou
seja, as condições sociais (ambiente externo) configuram-se como
aspectos psicossociais (constituintes da estrutura cognitiva do sujei-
to) e interferem na aprendizagem, no desempenho de suas compe-
tências e no relacionamento com seus pares (comportamento).
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
dos dados da experiência) que lhe permite a generalização e a transfe-
rência de comportamentos e respostas a situações novas. Esta transfe-
rência faz-se adequadamente, quando o sujeito compreendeu que exis-
tem atributos comuns em diferentes situações e age de acordo com esse
conhecimento. É através da apreensão de regras conceptuais que apren-
demos, por exemplo, a falar uma língua ou a fazer julgamentos morais
(saber o que está bem e mal em cada situação).
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
depende só da observação, mas também da prática, da execução gradual
e do feedback obtido.
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Comportamentalismo Capítulo 07
e o direcionamento das emoções despertadas em situações de
observação de modelos. Para tanto, o professor deve procurar
definir claramente seus objetivos de ensino e procurar relacioná-
los às aprendizagens esperadas. Deve ser ele mesmo um modelo
a partir do qual se aprende, assim como proporcionar o conta-
to dos alunos com modelos simbólicos (livros, filmes, imagens,
palestras) coerentes com este objetivo. Deve aplicar regras cla-
ras, que sejam válidas para todos os alunos (cada aluno poderá
ajudar o professor a distribuir materiais aos colegas ou buscar
alguma coisa na secretaria da escola, seguindo um escalonamen-
to prévio, independentemente do seu desempenho escolar e não
como prêmio para alunos mais esforçados ou comportados).
Leia mais
Para saber mais sobre o que é o comportamentalismo no contexto da
história da psicologia como ciência, consulte o livro indicado para esta
disciplina: CARRARA, K. (Org.) Introdução à Psicologia da Educa-
ção. Seis Abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004 e também os livros
de BOCK, Ana M. B. (Org.). Psicologias: uma introdução ao estudo
da psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, e SCHULTZ, Duane P;
SCHULTZ, Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. Tradução da
8ª edição americana. São Paulo: Thompson Learning Edições, 2006.
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Contribuições do Construtivismo Piagetiano Capítulo 08
8 Contribuições do
Construtivismo Piagetiano
Neste capítulo vamos conhecer aspectos da teoria de desenvolvimento e
aprendizagem desenvolvida por Jean Piaget e suas relações com a educação.
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Construtivismo Piagetiano Capítulo 08
relação com o meio. Por exemplo: quando uma criança nasce,
possui um esquema bastante útil: sugar. Ao esquema presente
ao nascer, chamamos esquema reflexo. À medida que a criança
se desenvolve, vai complexificando sua relação com o mundo
e este esquema também ganha em qualidade e complexidade,
constituindo-se em uma categoria agora não mais reflexa, mas
cognitiva e o esquema sugar passa a ser aplicado a diferentes
situações: sugar o seio = alimentar-se; sugar a chupeta = acal-
mar-se; sugar o polegar = desenvolver a corporeidade etc.
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Psicologia Educacional
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Contribuições do Construtivismo Piagetiano Capítulo 08
Estágio das Operações Formais (11-15 anos ou mais) – carac-
terizado pelo desenvolvimento da aptidão de aplicar o raciocínio
lógico a todas as classes de problemas (concretos e abstratos).
Corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou ló-
gico-matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma
probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses
orientados para o futuro. Sua organização grupal pode estabelecer
relações de cooperação e reciprocidade.
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Psicologia Educacional
Leia mais!
Para saber mais sobre a epistemologia genética de Jean Piaget, consul-
te o capítulo VI do livro indicado para esta disciplina: CARRARA, K.
(Org.) Introdução à Psicologia da Educação. Seis Abordagens. São Paulo:
Avercamp, 2004.
88
Contribuições da Psicologia Histórico-cultural Capítulo 09
9 Contribuições da Psicologia
Histórico-cultural
Neste capítulo vamos conhecer as ideias de Lev S. Vygotsky e suas
contribuições para o desenvolvimento da abordagem histórico-cultural
em psicologia e em educação.
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Psicologia Histórico-cultural Capítulo 09
Nesta perspectiva, a cultura faz parte do desenvolvimento humano
e deve ser considerada parte integrante do estudo e da explicação
dos fenômenos tipicamente humanos. Como se percebe facilmente,
Vygotsky compartilha com Marx o princípio de que a relação dos ho-
mens com o mundo resulta em mudanças nos dois pólos da relação:
é próprio do homem transformar ativamente o contexto em que vive,
ao mesmo tempo em que tem suas formas de pensar e de se relacio-
nar consigo mesmo e com o contexto, transformadas nessa relação.
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Psicologia Histórico-cultural Capítulo 09
No desenvolvimento das ações humanas os objetos, investidos da
função de significantes, deixam de ser manipulados como coisas simples-
mente, passando a compor a rede de significações que dá sentido àquela
atividade, naquele contexto, para aqueles sujeitos em relação, ou seja, “o
objeto a ser internalizado é a significação das coisas, não as coisas em si mes-
mas”. Do mesmo modo, “o que é internalizado das relações sociais não são
as relações materiais, mas a significação que elas têm para as pessoas. Signi-
ficação que emerge da própria relação” (PINO SIRGADO, 2000, p. 66).
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Psicologia Educacional
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Contribuições da Psicologia Histórico-cultural Capítulo 09
cognitiva dos sujeitos dependem de suas experiências e de sua his-
tória educativa, as quais, por sua vez, estarão relacionadas com as
características do grupo social e do momento histórico em que es-
tão inseridos.
Leia mais!
Para saber mais sobre a abordagem histórico-cultural em psicologia e
educação, consulte o capítulo V do livro indicado para esta disciplina:
CARRARA, K. (Org.). Introdução à Psicologia da Educação. Seis Abor-
dagens. São Paulo: Avercamp, 2004 e também o livro de BOCK, Ana M.
B. (Org.). Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 13. ed.
São Paulo: Saraiva, 2002.
95
Considerações Finais Capítulo 10
10 Considerações finais
Neste capítulo vamos compreender a importância da diversidade de abor-
dagens como forma de fazer avançar a produção do conhecimento científico
em psicologia e em educação.
97
Psicologia Educacional
dúvidas dos professores acerca da sua atuação, mas que outras inquie-
tudes o engessamento da relação cotidiana em sala de aula provocaria?
E como manejá-los sem poder questionar as ideias (a determinação do
método) que as provocaram?
Para que uma ciência continue válida precisa estar em contato com
as questões que a aplicabilidade de suas ideias provoca e, em alguns ca-
sos, abandoná-las em prol da elaboração de novas sínteses, mais úteis à
função social a que se propõe.
98
Unidade C
Contribuições da Psicologia para a
prática escolar cotidiana
O cotidiano escolar Capítulo 11
11 O cotidiano escolar
Neste capítulo vamos compreender a escola como um espaço
múltiplo e dinâmico e o cotidiano escolar como síntese da relação
entre as diferentes dimensões que o constituem.
101
Psicologia Educacional
Leia mais!
Há um livro que é fundamental conhecer quando se quer pensar o coti-
diano escolar, escrito por LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pes-
quisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
102
Desenvolvimento e aprendizagem Capítulo 12
12 Desenvolvimento e
aprendizagem
Compreender a relação entre desenvolvimento e aprendizagem humana e
suas implicações no processo de ensino e aprendizagem escolar.
Como você já deve ter observado, estas questões trazem à tona di-
ferentes aspectos: algumas fazem referência ao papel da biologia ou da
genética no desenvolvimento; outras destacam aspectos inter-relacio-
nais; em alguns casos há referência aos aspectos gerais e individuais do
desenvolvimento, além dos aspectos afetivos e cognitivos.
103
Psicologia Educacional
Mesmo com uma origem tão longínqua estas posições não foram
totalmente superadas e o debate entre as perspectivas inatista e ambien-
talista persiste, especialmente quando são tratadas questões polêmicas
como a homossexualidade, o aborto, a genialidade ou a psicopatia. E no
campo da educação, terão sido superadas?
104
Desenvolvimento e aprendizagem Capítulo 12
Por outro lado, quando paramos para refletir acerca de fatos cor-
riqueiros do cotidiano escolar, percebemos que esta perspectiva, em-
bora não seja integralmente inquestionda, inclusive porque é de difícil
sustentação frente aos resultados de pesquisas científicas, permanece
pautando certas práticas, como o fato de nossas salas de aula serem
organizadas por séries, as quais comportam um conjunto de crianças
que idealmente deveriam estar na mesma faixa etária, por exemplo.
Além deste fato, observam-se comumente professores e especialistas
em educação ocupando-se em avaliar o nível de prontidão das crian-
ças para a aprendizagem e a consequente montagem de turmas “ho-
mogêneas”. Há casos, inclusive, em que estas classes homogêneas são
constituídas por crianças com dificuldades escolares, segundo a crença
de que é possível fazê-las “avançar”, desde que consideremos seu nível
de desenvolvimento.
105
Psicologia Educacional
106
Desenvolvimento e aprendizagem Capítulo 12
Penso que esta perspectiva subjetivo-individualista é responsável
pela sustentação de certas práticas de organização escolar até hoje, como
a questão da divisão das turmas em “séries” ou a composição de turmas
“homogêneas”, porque se entende que ao colocar estruturas similares (com
o mesmo “nível” de prontidão) em um mesmo contexto, poder-se-á mais
facilmente controlar as variáveis ambientais que não estejam contribuin-
do para o sucesso na organização dessas estruturas. Sem se questionar a
serviço de que estão estas variáveis ou o conceito existente do que seja
conhecer ou para que conhecer o proposto aos alunos que conheçam.
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Psicologia Educacional
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Desenvolvimento e aprendizagem Capítulo 12
cimentos focando na perspectiva relacional sujeito-ambiente-sujeito.
Busca definir a estrutura destes conhecimentos, como se efetiva sua ge- Esta perspectiva aceita
neralização, a forma como são adquiridos e como se modificam, pas- que a inteligência e a
personalidade cons-
sando de formas elementares a formas mais complexas e integradas. tituem-se a partir das
representações mentais
O cognitivismo parte do principio de que a mente humana é um provenientes da relação
do sujeito com o contexto.
sistema vivo, organizado segundo uma dinâmica onde o todo não é igual Por isso sujeito-ambiente-
à soma das partes. Este princípio pode ser mais bem compreendido se sujeito, pois tudo que é
vivenciado se transforma
considerarmos que a interação entre as diversas partes que compõem o em estrutura mental do
sistema altera o funcionamento isolado de cada uma delas sem se con- sujeito. Parte dele e a ele
retorna, constituindo-o.
fundir com esse funcionamento. O modelo é o da subjeti-
vidade constituidora do
Uma boa metáfora talvez seja o último filme que você assistiu no conhecimento.
cinema. Nele lhe foi impossível distinguir a sequência fotográfica da
imagem quadro a quadro, ou “separar” a música dos os efeitos especiais
da cena como um todo, certo? O resultado que lhe chegou é fruto da
relação desta partes entre si. Da relação, e não da soma de aspectos
isolados (a música + o raio luminoso que atravessou o céu + o choro da
mocinha = compaixão ou medo).
109
Psicologia Educacional
Leia mais!
Você pode aprofundar seu conhecimento no assunto pesquisando em:
DAVIS, C. OLIVEIRA, Z. Psicologia na educação. São Paulo, Cortez,
1990 e OLIVEIRA, M. K. Vygotsky - Aprendizado e desenvolvimento:
Um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993.
110
Características dos ciclos vitais e cotidiano escolar Capítulo 13
13 Características dos ciclos
vitais e cotidiano escolar
Compreender os aspectos organizadores dos diferentes ciclos vitais e sua
relação com os fenômenos cotidianos da prática pedagógica escolar.
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Psicologia Educacional
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Características dos ciclos vitais e cotidiano escolar Capítulo 13
se passa em sua volta. Do mesmo modo, pessoas diferentes vivenciam
de modo diferente as alterações globais do desenvolvimento pelas quais
todos passam. Para alguns, crescer é motivo de orgulho, sinônimo de li-
berdade, para outros é motivo de medo ou vergonha. A produção destas
significações vai depender predominantemente das mediações simbó-
licas que as pessoas tomaram para sim como sendo determinantes (ou
autorizadas), como modelos de visão de mundo.
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Psicologia Educacional
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Características dos ciclos vitais e cotidiano escolar Capítulo 13
9) Desenvolvimento do pensamento estratégico, que contempla
objetivos e metas;
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Psicologia Educacional
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Características dos ciclos vitais e cotidiano escolar Capítulo 13
Para Piaget, o tipo de relação que se tem consigo mesmo e com os
objetos (incluindo os outros) neste ciclo vital é fortemente determinado
pelo desenvolvimento de novas estruturas de pensamento, pautadas em
operações lógico-formais.
117
Psicologia Educacional
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Características dos ciclos vitais e cotidiano escolar Capítulo 13
Leia mais!
Você encontrará dicas preciosas para aprofundar este assunto na obra
de SALVADOR, César Coll. (Org.). Psicologia da Educação. Porto ale-
gre: Artes Médicas, 1999.
119
Interações sociais e mediação Capítulo 14
14 Interações sociais e mediação
Compreender a importância das interações sociais e dos processos de
mediação no cotidiano das vivências de ensino e aprendizagem escolar.
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Psicologia Educacional
mais sujeitos e sua violação costuma gerar sanções coletivas, que envol-
vem um alto grau de expressão afetiva.
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Interações sociais e mediação Capítulo 14
sora não soube precisar os motivos que haviam possibilitado sua união
inicialmente, tampouco os que estavam provocando o conflito atual.
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Psicologia Educacional
âmbito da vida for, este obstáculo tornará mais lenta sua sistematização
em outros âmbitos da vida. Sua mediação deverá levar isso em conta, no
sentido de que o professor deve estar ciente que seu papel é contribuir
para que uma nova configuração conceitual e vivencial se organize. Esta
configuração deve incluir a consciência dos obstáculos à aprendizagem
e um projeto de aprendizagens futuras decorrentes de práticas alterna-
tivas presentes (exercício de outro que fazer).
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Interações sociais e mediação Capítulo 14
de considerar o contexto no qual atua, o importante é que cada
mediador busque implementar um processo de comunicação que
possibilite o entendimento mútuo e a produção de sínteses supera-
doras aos obstáculos de aprendizagem – sejam de ordem cognitiva,
afetiva ou social.
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Psicologia Educacional
126
Interações sociais e mediação Capítulo 14
disposição interna para empreendermos ações em prol do Outro e de
nós mesmos.
Leia mais!
Caso você deseje aprofundar seu conhecimento no assunto, indico a lei-
tura do livro: LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Martha Kohl de; DAN-
TAS Heloysa. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discus-
säo / Piaget, Vigotsky, Wallon: psychogenetics theories in discussión. São
Paulo; Summus; 1992, o qual vai tratar da questão na perspectiva de três
autores fundamentais no diálogo entre psicologia e educação escolar.
127
O fracasso escolar Capítulo 15
15 O fracasso escolar
Compreender o fenômeno do fracasso escolar em uma perspectiva crítica,
considerando aspectos institucionais, políticos, históricos, sócio-econômicos e
ideológicos que o constituem.
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Psicologia Educacional
aos professores, de modo que também para esta categoria esta pergunta
deixe de fazer sentido, até porque, de acordo com a síntese dos indica-
dores socias do IBGE para 2008, 2,1 milhões de crianças (8,4%) de 7 a
14 anos de idade frequentavam a escola e não sabiam ler e escrever.
<www.ibge.gov.br/home/
presidencia/noticias/noti-
cia_vizualiza.php> Acesso Na concepção crítica da psicologia, mudanças no quadro estatístico
em: 15 jan. 2010. do fracasso escolar serão impulsionadas quando pararmos de buscar o
que “falta” em nossos alunos (por meio de laudos médicos e psicológicos)
para que sejam “normais” e aprendam e passarmos a considerar o fracasso
escolar como cassação do direito ao exercício da cidadania plena. Nesse
sentido, o fracasso deixa de ser daquele que evade, do que não aprende
a ler ou a escrever, e passa a ser assumido por todos aqueles que de um
modo ou de outro participaram deste processo de exclusão social.
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O fracasso escolar Capítulo 15
são da qual acabará sendo apontada como responsável (“quando você
souber se comportar, passará de ano”) ou como vítima (“ela é carente de
tudo, por isso não aprendeu e não vai passar de ano”). Pouco importa o
polo no qual a situem educadores ou psicólogos. O resultado é o mesmo:
fracasso escolar para a criança e a continuidade do imobilismo, da rigi-
dez, da ineficácia, da falta de sentido do período de escolarização e da
própria escola, na transformação da desigualdade e da exclusão social.
Leia mais!
A leitura do livro de CARRAHER, Terezinha; SCHLIEMANN, Ana Lú-
cia; CARRAHER, David. Na vida dez, na escola zero. 9. ed. São Paulo:
Cortez,1995, vai tornar toda esta questão mais palpável, porque discute
a temática a partir de casos concretos de “dificuldades de aprendiza-
gem”.
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Referências
Referências
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Médicas, 1998.
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JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur Arruda Leal; PORTU-
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MASSIMI, M.; GUEDES, M. C. (Orgs.). História da Psicologia no Brasil:
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Psicologia Educacional
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