Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Nascimento
Nasceria, assim, uma Maçonaria dita Adonhiramita, que seria, segundo seus
teóricos, oposta à Maçonaria "Hiramita". E ela se tornaria conhecida através da
publicação do "Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite", publicado em
1782, por Louis Guillemain de Saint-Victor, e que Ragon, sem nenhum
fundamento, atribuiu, erradamente, ao barão de Tschoudy. Essa primeira
compilação envolvia os quatro primeiros graus e foi completada, em 1785, pelo
mesmo Louis Guillemain, com uma compilação complementar abordando oito
Altos Graus, completando os doze do rito.
No Brasil
Embora, no início do século XIX, o rito tenha tido muita aceitação, ele
acabaria, logo,sendo praticamente ignorado, pois, quando, depois do
fechamento do Grande Oriente Brasílico --- a 25 de outubro de 1822 --- foi
reerguida a Maçonaria brasileira, em 1830 e 1831, através de dois troncos, o
Grande Oriente Brasileiro e o Grande Oriente do Brasil, respectivamente,
nenhuma Loja adotou o rito. Ele só seria reintroduzido em 1837, quando foi
fundada a Loja "Sabedoria e Beneficência", de Niterói, regularizada a 16 de
janeiro de 1838, na jurisdição do Grande Oriente do Brasil, vindo a abater
colunas em 1850.
A segunda Loja --- "Firmeza e União" --- surgiria em 1839, ano em que a
Constituição do Grande Oriente do Brasil instituía o Grande Colégio de Ritos,
para abrigar os Altos Graus dos ritos então praticados: Moderno, Adonhiramita
e Escocês Antigo e Aceito. Este último havia sido introduzido em 1829 e seu
Supremo Conselho, fundado em 1832, sendo Obediência independente,
começava a criar suas próprias Lojas. Em 1842, com a promulgação de uma
nova Carta Magna do Grande Oriente do Brasil, foi reorganizado o Grande
Colégio dos Ritos, com os três ritos então praticados, o que mostra como
foi extemporânea a comemoração, em 1992, no Rio de Janeiro, do
"sesquicentenário" da Oficina Chefe do Rito Moderno (4).
Com essas três Lojas, o Grande Oriente do Brasil criou, pelo Decreto nº 21,
de 2 de abril de 1873, o Grande Capítulo dos Cavaleiros Noachitas, ligado,
como Supremo Conselho Escocês, ao Grande Oriente, que era uma
Obediência mista (simbólico-filosófica), numa situação que iria perdurar até
1951. Nesse ano, a 23 de maio, pelo Decreto nº 1641, o Grão-Mestre do GOB,
Joaquim Rodrigues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava a
reger apenas a Maçonaria Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente
voltasse a ser uma Obediência estritamente simbólica, separando-se das
Oficinas Chefes de Rito. A Constituição esclarecia que o Grande Oriente "com
elas mantém relações da mais estreita amizade e tratados de reconhecimento,
mas não divide com elas o governo dos três primeiros graus, baseados na
lenda de Hiram, que exerce na mais completa independência em toda a sua
vasta jurisdição" (o grifo é meu).
Rituais e Ritualismo
Não foram feitos muitos rituais adonhiramitas dos graus simbólicos, no Brasil
(menos ainda nos Altos Graus). Os primeiros utilizados, na primeira metade do
século XIX, eram, simplesmente, uma tradução feita --- e mal feita --- da
"Compilação Preciosa". Somente em 1873, diante da iminente criação do
Grande Capítulo Noachita, é que o Grande Oriente do Brasil editaria o
Regulamento dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre (o Grande
Oriente dos Beneditinos já possuía esses rituais). Esse regulador dos três
graus simbólicos seria reeditado em 1916 e em 1938. Depois disso, surgiriam
novas edições, com mais freqüência.
E essas práticas são, por exemplo, a cerimônia de incensação --- que tem
sido imitada, indevidamente, por outros ritos --- o cerimonial do fogo
(reavivamento da Chama Sagrada, tirada do Fogo Eterno) e as doze badaladas
argentinas, também copiadas, erradamente, por outros ritos, em todas as
sessões. E, no cerimonial de iniciação, a cena da "traição", de grande beleza
cênica, profundo conteúdo dramático e alto teor educativo, pois, além de
mostrar quão execrável é o traidor de seus próprios princípios, ainda ensina
uma lição moral e uma verdade social: ninguém pode ser condenado, sem um
julgamento imparcial. A cerimônia final da câmara ardente --- também muito
copiada, inclusive em algumas edições de rituais escoceses --- é decorrência
da cena inicial da "traição", que os demais ritos não possuem. Todas essas
imitações apenas confirmam a beleza cênica do rito.
Adonhiramita ou Adoniramita?
Isso, salvo melhor juízo, pois não é minha intenção transformar uma simples
questão gramatical num "casus belli".
Notas