Brasileira
GRANDE ORIENTE
BRASILEIRO OU GRANDE
ORIENTE DO PASSEIO
CORPORAÇÃO MAÇÔNICA
BRASILEIRA
A MAÇONARIA NO BRASIL
Logo no fim do século XVIII e início século XIX, conforme citações em obras de
alguns autores, existiam na Capitania Pernambucana numerosas sociedades secretas,
tais como: o Areópago de Arruda Câmara; a Academia dos Suassunas; a Academia do
Paraíso; a Universidade Secreta de Antônio Carlos; a Escola Secreta de Guimarães
Peixoto; a Oficina de Igaraçu; dentre outras. Também citam a existência de uma loja na
Bahia denominada “Cavaleiro da Luz”, fundada por volta de 1797, em uma fragata
Francesa, cuja a função era promover a Conjuração Baiana (1798), sendo transferida
pouco tempo depois para a Barra, como afirma Willian Almeida de Carvalho (sem
comprovação a sua existência por falta de documentos). Outros autores afirmam que a
maçonaria surgiu ainda no período colonial, sob a influência e inspiração francesa. E
dessa inspiração, com caráter exclusivamente político, surge a primeira corporação
maçônica organizada, autônoma, independente e soberana, denominado de "Grande
Oriente Brasileiro" (1813-1817), instalado nas "Terras de Vera Cruz", cidade de
Salvador, tendo como Grão-Mestre Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.
De acordo com o manifesto de José Bonifácio, publicado em 1832 aos maçons de todo
o mundo, sita em seus traçados que em 1801 foi instalada a primeira loja simbólica
regular brasileira debaixo do título de Respeitável Loja "Reunião", filiada ao Grande
Oriente da Ilha de França, tendo adotado o Rito Moderno ou Francês, surgindo aí a
maçonaria organizada no Brasil. No entanto, há relatos que em 1800 foi fundada uma
loja maçônica com título distintivo de Respeitável Loja "União", na mesma cidade. Em
particular, acredito que a Loja Reunião foi sua continuidade, infelizmente, não há como
comprovar tal afirmativa. Alguns pesquisadores seguem a mesma linha de raciocínio,
acreditando e seguindo a mesma teoria.
Em Pernambuco, autores afirmam que foi instalada em 1816 uma Grande Loja
Provincial, (acredito que vinculada a Bahia), formada por quatro lojas que preparavam
a Revolução Pernambucana para formar a Confederação do Equador. Essas lojas tinham
pessoas das mais variadas posições sociais todos unidos em prol da defesa da liberdade
e da formação da Pátria Livre. A referida Grande Loja Provincial era composta pelas as
seguintes lojas: Respeitável Loja "Regeneração" (1809); Respeitável Loja
"Guatimosim" (1812), Respeitável Loja "Patriotismo" (1814); Respeitável Loja
"Restauração" (1815). Em Pernambuco existia também as lojas "Pernambuco do
Ocidente" (1812) e a "Pernambuco do Oriente" (1812).
Em 1821, D. João VI, retorna a Portugal e deixa o Príncipe, D. Pedro I, como Regente
do Brasil, diminuindo a repressão à maçonaria e das sociedades secretas. A Loja
Comércio e Artes retorna suas atividades em 24 de junho de 1821, adotando o nome de
"Comercio e Artes na Idade do Ouro", trabalhando, inicialmente, no Rito Adonhiramita.
Com a participação efetiva de Gonçalves Ledo e Cônego Januário da Cunha Barbosa, a
Loja dinamizou seus trabalhos pela Independência do Brasil.
Fundado por Ledo e pelo Cônego Januário, o periódico quinzenal "Revérbero
Constitucional Fluminense", que influiu na formação de uma consciência nacional, teve,
portanto, grande participação na independência do País. Na edição de 30 de abril de
1822, um artigo de Gonçalves Ledo dizia da urgente necessidade da independência.
Por questões politica foi iniciado na Loja Comércio e Artes na Idade do Ouro, em 2 de
agosto de 1822, D. Pedro de Alcântara, Príncipe Regente e Defensor Perpétuo do Brasil.
Em 5 de agosto do mesmo ano foi elevado e exaltado. Em 4 de outubro de 1822, após a
Proclamação da Independência, foi eleito por aclamação ao cargo de grão-mestre da
maçonaria brasileira. Mas, em virtude da rivalidade entre Bonifácio (monarquista
conservador) e Ledo (liberal republicano), o Príncipe Regente suspendeu os trabalhos
do Grande Oriente, em 21 de outubro de 1822, por uma semana. Após averiguar que
tratava-se de ato de vingança, ódio e rivalidade de Bonifácio contra Ledo e seus
compatriotas, o Príncipe Regente manda um bilhete a Ledo no dia 25 de outubro de
1822, autorizando a reabertura do Grande Oriente Brasileiro. Entretanto, no dia 11 de
novembro de 1822, Bonifácio, já reintegrado no posto de ministro da corte, manda
prender Ledo e seus partidários. Avisado pelo Cônego Januário da Cunha Barbosa das
intenções de Bonifácio, Ledo forje para Buenos Aires levando consigo só a roupa do
corpo. Por estes e outros motivos, sendo ledo o verdadeiro lide da maçonaria brasileira,
não houve a continuidade do Grande Oriente Brasileiro, sendo extinto definitivamente
no dia 29 de outubro de 1822. Ledo ficou exilado em Buenos Aires, só retornando ao
Brasil, em 21 de novembro de 1823.
A FUNDAÇÃO DO GRANDE
ORIENTE BRASILEIRO OU
GRANDE ORIENTE DO
PASSEIO
Poderíamos afirmar que o Grande Oriente do Passeio seria o sucessor legitimo por
origem do primeiro Grande Oriente Brasileiro (fundado na Bahia em 1813 e
encerrado suas atividades em 1817) e do segundo Grande Oriente Brasileiro
(fundado no Rio de Janeiro em 1822, conhecido como Brasílico ou Brasiliano e
encerrado suas atividades em 1822).
Ainda em 1857, o Visconde do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos: Salvador, 16
de março de 1819 – Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1880), não tendo espaço politico
no Grande Oriente do Passeio se filiou no Grande Oriente do Lavradio, levando consigo
algumas lojas.
Circulou em 1857 que o Grande Oriente Brasileiro tinha se fundido com Grande Oriente
do Brasil do Vale do Lavradio, na realidade, conforme os jornais da época, tratava-se de
boatos lançado pelo grupo do lavradio para desestabilizar o GOP, nunca houve acordo
de fusão do Grande Oriente do Passeio com GOB-L. O GOP publicou uma nota oficial
no jornal "Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal" (Ano 1857\Edição
00001 e Ano 1857\Edição 00002), desmentindo os boatos dos gobianos.
Com a cisão ocasionada por Duque de Caxias e com a saída do visconde do Rio Branco,
as colunas do Grande Oriente do Passeio ficaram fragilizadas. Em 1861, o Visconde de
Uruguai (Paulino José Soares de Sousa: nasceu 4 de outubro de 1807, Paris, França - 15
de julho de 1866, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), seguindo o mesma linha de Caxias e
Rio Branco, deu-lhe um terceiro golpe, se filiando no Grande Oriente do Lavradio,
levando consigo mais de 20 lojas. Neste período de crise assumiu a direção do GOP o
Grão-Mestre Adjunto, Dr. Carlos Honório de Figueiredo (Carlos Honório de
Figueiredo: Recife, PE, em 1823-Rio de Janeiro, RJ, em 27 de junho de
1881), infelizmente, sem comando e liderança, perde muitas Oficinas Capitulares.
Ainda em 1864, o antigo Supremo Conselho do Grande Oriente Brasileiro (que trabalha
em separado dos graus simbólicos conforme os preceitos da Constituição Escocesa) que
estava quase sem atividades, propôs a fusão com o Supremo Conselho do Grande
Oriente do Brasil. Por resolução datada de 1º de maio do mesmo ano, o Soberano
Grande Comendador Grão-Mestre, Barão de Cayru, aceitou a proposta de fusão (graus
filosóficos), desta maneira, o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito
do Grande Oriente Brasileiro funde-se com o Supremo conselho do Grau 33 do GOB-L.
Há uma confusão dos historiadores brasileiros que afirmam que o Grande Oriente do
Passeio foi extinto pela fusão em 1864. A fusão foi dos supremos conselhos e não do
Grande Oriente Brasileiro.
Dr. Pedro Ernesto Albuquerque de Oliveira manteve com muita zelo as portas do
Grande Oriente Brasileiro abertas aos maçons e a sociedade brasileira. Restaurou entre
1864-1867 oito lojas maçônicas ao seio deste grande oriente e instalou três novas
oficinas, contradizendo assim, as falácias do Grande Oriente do Brasil (GOB) e
seus adeptos da época. Além de manter o GOP em perfeito funcionamento, manteve
também, em plena atividade suas escolas de instrução pública (1833-1867), como
registram os próprios veículos de comunicações da época arquivados na Biblioteca
Nacional. No ano dia 7 de setembro de 1865, O Grande Oriente do Passeio
inaugurou na rua General Câmara, 170, Rio de Janeiro, uma outra escola de instrução
pública primária. A escola era gratuita destinada as crianças e
adolescentes indigentes da Corte do Brasil, conforme noticiado no periódico "Novo e
Completo Índice Cronológico da Historia do Brasil", (Ano 1865\Edição 00001). Essa
publicação prova que o Grande Oriente Brasileiro esteve em plena atividade em todo o
período em que os autores gobianos afirmavam que ele estava inativo, e que, em 1864,
se fundiu com GOB-Lavradio. Dr. Pedro Ernesto de Albuquerque não deixou o Grande
Oriente do Passeio abater suas colunas, mesmo com poucas lojas simbólicas continuou
em plena atividade. Dr. Pedro e todos os membros do GOP foram perseguidos, expulsos
(mesmo não fazendo parte do GOB-Lavradio), atacados e difamados na sociedade
maçônica brasileira e nos países que o GOB-L tinha estreita amizade.
A FUNDAÇÃO DO GRANDE
ORIENTE DA REPUBLICA
ORIENTAL DO URUGUAY
OS GRÃO-MESTRES DO
GRANDE ORIENTE BRASILEIRO
Grão-Mestre: 1831-1842
Grão-Mestre: 1842-1846
Grão-Mestre: 1846-1854
Grão-Mestre: 1854-1856
Grão-Mestre: 1856-1861
Grão-Mestre: 1867-1871
Grão-Mestre: 1871-1883
Grão-Mestre: 1883-1887
O ENCERRAMENTO DAS
ATIVIDADES DO GRANDE
ORIENTE BRASILEIRO
Com a fusão e consolidação dos dois grandes orientes na corte do Brasil em 1883
(fusão do Grande Oriente Unido do Brasil com o Grande Oriente do Vale do
Lavradio), diversas lojas deixaram o Grande Oriente do Passeio e aderiram a
nova corporação maçônica resultado da fusão, denominada simplesmente de
Grande Oriente do Brasil - GOB, o enfraquecendo novamente. Além desse fato,
seu Grão-Mestre, Dr. Silveira Martins, estava envolvido com os conflitos
políticos do país que viria culminar na proclamação da república em 1889 e
na Revolução Federalista.
Por fim, o Grande Oriente Brasileiro ou do Passeio, fundado em 1830 pelo Senador
Vergueiro, instalado em 24 de junho de 1831, na cidade do Rio de Janeiro, foi a
primeira Corporação Maçônica Brasileira.
A historia do Grande Oriente Brasileiro não pode ser apagada das memorias
ou excluída dos traçados e registros da maçonaria brasileira. Este Grande Oriente foi a
Célula Mater da Maçonaria Republicana Nacional. Sua participação em defesa dos
princípios liberais estava presente nos movimentos republicanos, implicava a defesa da
liberdade dos cativos, combatia o analfabetismo e a ignorância, oferendo naquela época,
escolas gratuitas e bibliotecas publicas para a educação dos negros e indigentes do país.
O Grande Oriente do Passeio exigia em regra geral de suas lojas, a destinação de rendas
e fundos monetários na compra de cartas de alforrias, na construção e manutenção de
escolas publicas. E assim, combatia a ignorância e defendia a "Liberdade do Individuo".
www.adonhiramita.org.br