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História da Maçonaria

Brasileira
GRANDE ORIENTE
BRASILEIRO OU GRANDE
ORIENTE DO PASSEIO

CORPORAÇÃO MAÇÔNICA
BRASILEIRA

A MAÇONARIA NO BRASIL

De acordo com diversos autores, a maçonaria surge no fim do século XVIII,


infelizmente, sem prova documental, possuindo apenas alguns vestígios acerca da
existência de maçons independentes esparsos em Olinda, Salvador, Rio de Janeiro,
Campos e Niterói. Naquela época não havia organização maçônica brasileira legalmente
instalada, ou seja, potências reguladoras dessas lojas. Algumas eram subordinadas ao
Grande Oriente Lusitano e outras ao Grande Oriente da França, além de uma parte
independentes e autônomas.

Logo no fim do século XVIII e início século XIX, conforme citações em obras de
alguns autores, existiam na Capitania Pernambucana numerosas sociedades secretas,
tais como: o Areópago de Arruda Câmara; a Academia dos Suassunas; a Academia do
Paraíso; a Universidade Secreta de Antônio Carlos; a Escola Secreta de Guimarães
Peixoto; a Oficina de Igaraçu; dentre outras. Também citam a existência de uma loja na
Bahia denominada “Cavaleiro da Luz”, fundada por volta de 1797, em uma fragata
Francesa, cuja a função era promover a Conjuração Baiana (1798), sendo transferida
pouco tempo depois para a Barra, como afirma Willian Almeida de Carvalho (sem
comprovação a sua existência por falta de documentos). Outros autores afirmam que a
maçonaria surgiu ainda no período colonial, sob a influência e inspiração francesa. E
dessa inspiração, com caráter exclusivamente político, surge a primeira corporação
maçônica organizada, autônoma, independente e soberana, denominado de "Grande
Oriente Brasileiro" (1813-1817), instalado nas "Terras de Vera Cruz", cidade de
Salvador, tendo como Grão-Mestre Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.

Naquela época em meio a revoluções e conjurações, a maçonaria surge no Brasil como


o impulso que faltava para a concretização dos sonhos e anseios republicanos nos
moldes da Revolução Francesa.

AS PRIMEIRAS CORPORAÇÕES MAÇÔNICAS


ORGANIZADAS NO BRASIL

De acordo com o manifesto de José Bonifácio, publicado em 1832 aos maçons de todo
o mundo, sita em seus traçados que em 1801 foi instalada a primeira loja simbólica
regular brasileira debaixo do título de Respeitável Loja "Reunião", filiada ao Grande
Oriente da Ilha de França, tendo adotado o Rito Moderno ou Francês, surgindo aí a
maçonaria organizada no Brasil. No entanto, há relatos que em 1800 foi fundada uma
loja maçônica com título distintivo de Respeitável Loja "União", na mesma cidade. Em
particular, acredito que a Loja Reunião foi sua continuidade, infelizmente, não há como
comprovar tal afirmativa. Alguns pesquisadores seguem a mesma linha de raciocínio,
acreditando e seguindo a mesma teoria.

Extraído do Astréa Almanak Maçônico, (Edição 2, 1847), publicado em 1847, consta


que no dia 05 de julho de 1802, foi fundada na Bahia, a Respeitável Loja "Virtude e
Razão", no Rito Moderno, de cujo seio saiu outras duas Oficinas: a Respeitável Loja
Virtude e "Razão Restaurada", fundada em 30 de março de 1807 (mudando seu nome
em 10 de Agosto de 1808, para Respeitável Loja Humanidade); a Respeitável Loja
"União", fundada em 12 de agosto de 1813, completando assim, em 12 de setembro de
1813, três Oficinas. A partir da formação das três lojas, os maçons baianos resolveram
fundar a primeira corporação maçônica brasileira organizada, denominada de "Grande
Oriente Brasileiro".

Em Pernambuco, autores afirmam que foi instalada em 1816 uma Grande Loja
Provincial, (acredito que vinculada a Bahia), formada por quatro lojas que preparavam
a Revolução Pernambucana para formar a Confederação do Equador. Essas lojas tinham
pessoas das mais variadas posições sociais todos unidos em prol da defesa da liberdade
e da formação da Pátria Livre. A referida Grande Loja Provincial era composta pelas as
seguintes lojas: Respeitável Loja "Regeneração" (1809); Respeitável Loja
"Guatimosim" (1812), Respeitável Loja "Patriotismo" (1814); Respeitável Loja
"Restauração" (1815). Em Pernambuco existia também as lojas "Pernambuco do
Ocidente" (1812) e a "Pernambuco do Oriente" (1812).

A eclosão do movimento se deu em 1817, sendo reprimida violentamente pela corte


portuguesa. Neste período a atividade precípua das lojas maçônicas era em torno de um
movimento nativista de libertação tanto em Pernambuco como na Bahia. Todavia, os
trabalhos da Respeitável Loja "Humanidade", que foram suspensos em 4 de Junho de
1817, volta a funcionar em 19 de março de 1820, devendo-se ao zelo de todos os seus
Obreiros que mantinham os arquivos e memorias, além do desejo de voltar a comungar
debaixo da Coroa novamente a Arte Real.

A MAÇONARIA NO RIO DE JANEIRO

Inspirada na Respeitável Loja Reunião (1801) começa a surgir outras lojas no


Rio de Janeiro, alguns autores afirmam que em 1804 foram fundadas as lojas
"Constância" e "Philantropia", sendo fechadas em 1806, por ato do Vice-Rei,
Marcos de Noronha e Brito. Também foram fundadas no Rio de Janeiro, as Lojas
"Distintiva"(1812), "Beneficência" (1815) e "São João de Bragança" (1816).

Conforme documentos históricos, em 24 de junho de 1815, era fundada a Respeitável


Loja "Comércio e Artes", sendo instalada em 15 de novembro do mesmo ano, no Rito
Adonhiramita, jurisdicionada ao Grande Oriente Lusitano, tendo como objetivo
principal, a emancipação política e social do Brasil. D. João VI, em 30 de março de
1818, através do Alvará “Lesa Majestade”, proibiu o funcionamento de qualquer
sociedade secreta em Portugal e em suas colônias. No mesmo ano, no Rio de Janeiro, a
Loja cessou suas atividades. Mesmo assim, os maçons continuaram a trabalhar no Clube
da Resistência instalado no Rio de Janeiro.

Em 1821, D. João VI, retorna a Portugal e deixa o Príncipe, D. Pedro I, como Regente
do Brasil, diminuindo a repressão à maçonaria e das sociedades secretas. A Loja
Comércio e Artes retorna suas atividades em 24 de junho de 1821, adotando o nome de
"Comercio e Artes na Idade do Ouro", trabalhando, inicialmente, no Rito Adonhiramita.
Com a participação efetiva de Gonçalves Ledo e Cônego Januário da Cunha Barbosa, a
Loja dinamizou seus trabalhos pela Independência do Brasil.
Fundado por Ledo e pelo Cônego Januário, o periódico quinzenal "Revérbero
Constitucional Fluminense", que influiu na formação de uma consciência nacional, teve,
portanto, grande participação na independência do País. Na edição de 30 de abril de
1822, um artigo de Gonçalves Ledo dizia da urgente necessidade da independência.

Em 9 de janeiro de 1822, em consequência de trabalhos dos maçons da Loja Comercio e


Artes, D. Pedro I, recusou-se a voltar a Portugal. Surgindo aí, “O Dia do Fico”
conferido a D. Pedro, o título de Defensor Perpétuo do Brasil. Precisamente em 17 de
junho de 1822, a Loja seguindo o modelo da Bahia, dividiu-se em três, sendo elas:
“Comércio e Artes na Idade do Ouro”; “União e Tranquilidade; “Esperança de
Nictheroy”. Assim se formou o segundo grande oriente denominado de "Grande Oriente
Brasileiro, Brasílico ou Brasiliano", tendo sua sede instalado na Rua do Conde, nº 2. O
primeiro grão-mestre foi escolhido por aclamação, sendo recaído sobre o
monarquista José Bonifácio de Andrada e Silva (membro do quadro da Loja Esperança
de Niterói).

Por questões politica foi iniciado na Loja Comércio e Artes na Idade do Ouro, em 2 de
agosto de 1822, D. Pedro de Alcântara, Príncipe Regente e Defensor Perpétuo do Brasil.
Em 5 de agosto do mesmo ano foi elevado e exaltado. Em 4 de outubro de 1822, após a
Proclamação da Independência, foi eleito por aclamação ao cargo de grão-mestre da
maçonaria brasileira. Mas, em virtude da rivalidade entre Bonifácio (monarquista
conservador) e Ledo (liberal republicano), o Príncipe Regente suspendeu os trabalhos
do Grande Oriente, em 21 de outubro de 1822, por uma semana. Após averiguar que
tratava-se de ato de vingança, ódio e rivalidade de Bonifácio contra Ledo e seus
compatriotas, o Príncipe Regente manda um bilhete a Ledo no dia 25 de outubro de
1822, autorizando a reabertura do Grande Oriente Brasileiro. Entretanto, no dia 11 de
novembro de 1822, Bonifácio, já reintegrado no posto de ministro da corte, manda
prender Ledo e seus partidários. Avisado pelo Cônego Januário da Cunha Barbosa das
intenções de Bonifácio, Ledo forje para Buenos Aires levando consigo só a roupa do
corpo. Por estes e outros motivos, sendo ledo o verdadeiro lide da maçonaria brasileira,
não houve a continuidade do Grande Oriente Brasileiro, sendo extinto definitivamente
no dia 29 de outubro de 1822. Ledo ficou exilado em Buenos Aires, só retornando ao
Brasil, em 21 de novembro de 1823.
A FUNDAÇÃO DO GRANDE
ORIENTE BRASILEIRO OU
GRANDE ORIENTE DO
PASSEIO

Os maçons brasileiros sob a liderança do Senador Vergueiro começam a se agrupar


novamente a partir de 1829 na corte do Brasil para forjar uma nova corporação
maçônica. As “Lojas “Vigilância da Pátria”, “União” e “Sete de Abril”
continuaram em plena atividade. Em 1830, arquitetaram a fundação de um
novo grande oriente (sucessor do Grande Oriente Brasileiro) antes mesmo da abdicação
de D. Pedro I. Foi incorporada ao projeto, a Loja "Razão". Os maçons sobre o
comando do Senador Vergueiro começaram a se movimentar rapidamente para a
oficialmente instalar a nova instituição.

Em 24 de junho de 1831, foi instalado e consagrado na cidade do Rio de Janeiro, o


GRANDE ORIENTE NACIONAL BRASILEIRO, conhecido também como GRANDE
ORIENTE DO PASSEIO, alusão a sua sede instalada na Rua do Passeio, conforme
publicado no Boletim Oficial do Grande Oriente Brasileiro, “O Vigilante” (Ano 1870,
Eds. 0001 e 0002).

A partir de junho do mesmo ano, graça aos esforços de valorosos franco-maçons


brasileiros e o empenho e liderança do Senador Vergueiro (Nicolau Pereira de
Campos Vergueiro, maçom republicano e liberal, nascido em Val da Porca,
Portugal, 20 de dezembro de 1778, Rio de Janeiro - falecido em 18 de setembro
de 1859, republicano), a maçonaria brasileira retoma seus trabalhos em prol da
Pátria, da Ordem e da Humanidade com plena força e vigor.

Em novembro de 1831, José Bonifácio (José Bonifácio de Andrade e Silva:


nasceu em Santos, São Paulo, em 13 de junho de 1763 - faleceu em Niterói, Rio
de Janeiro, 6 de abril de 1838, "monarquista constitucional representativo"), ao
retornar do exilio, sabendo que o Senador Vergueiro tinha fundado Grande
Oriente Brasileiro, querendo deter os direitos da maçonaria para si, funda e
instala, em 23 de novembro de 1831, um outro corpo maçônico, denominado de
"Grande Oriente do Brasil (GOB), conhecido como Grande Oriente do Vale do
Lavradio" (alusão a rua de sua sede), reinstalando cópias das três lojas extintas
fundadoras do antigo Grande Oriente Brasileiro, Brasílico ou Brasiliano (1822,
extinto). A ideia de Bonifácio era fazer uma cópia do antigo grande oriente, e
assim, atrair os maçons brasileiros. A partir desta data passou a existir duas
corporações maçônicas brasileiras, ou seja, o Grande Oriente do Brasil do Vale
Lavradio e o Grande Oriente Brasileiro ou do Passeio.

Os primeiros dirigentes eleitos para administrar o Grande Oriente Brasileiro


foram os seguintes francos-maçons: Grão-Mestre -Nicolau Pereira de Campos
Vergueiro (Senador Vergueiro); Grande Primeiro Vigilante – Epifânio José
Pedroso; Grande Segundo Vigilante - Antônio Pedro da Costa Ferreira; Grande
Orador – Joaquim José Rodrigues Torres (Visconde de Itaboraí); Grande
Secretário - Padre Belchior Pinheiro de Oliveira; Grande Secretário Adjunto –
João Machado Nunes; Grande Chanceler – José Joaquim de Lima e Silva
(Visconde de Majé, tio de Duque de Caxias). Os maçons que instalaram o
"Grande Oriente Nacional Brazileiro" foram todos remanescentes dos quadros
das lojas do Grande Oriente Brasiliano ou Brasílico que foi extinto em 27 de
outubro de 1822, dentre eles, Joaquim Gonçalves Ledo e Regente Feijó.

Em 19 de agosto de 1831, o Grande Oriente Brasileiro instala a loja mãe da


maçonaria paulista na cidade de Porto Feliz, simplesmente denominada de
Respeitável Loja “Inteligência”. Em 24 de outubro de 1832, foi promulgada e
publicada sua primeira Constituição. Essa constituição veio sofrer uma única
alteração em 13 de setembro de 1834.

Poderíamos afirmar que o Grande Oriente do Passeio seria o sucessor legitimo por
origem do primeiro Grande Oriente Brasileiro (fundado na Bahia em 1813 e
encerrado suas atividades em 1817) e do segundo Grande Oriente Brasileiro
(fundado no Rio de Janeiro em 1822, conhecido como Brasílico ou Brasiliano e
encerrado suas atividades em 1822).

Em 1833 foram incorporadas ao Circulo do Passeio as lojas independentes: Comercio e


Artes da Idade do Ouro (original); Educação e Moral; Reunião Brasileira; Amor da
Pátria; conforme noticiado no jornal Boletim Oficial do Grande Oriente Brasileiro, “O
Vigilante”, (Ano 1871\Edição 00017) e no jornal "O Brasileiro" (Ano 1833, Edição
00062). A Loja Comercio e Arte denunciou o GOB no jornal O Brasileiro, como sendo
perseguidor dos maçons no reino de D. Pedro I.

O Grande Oriente Brasileiro lança em 1834 os primeiros rituais oficialmente dos


graus simbólicos e filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil,
impresso na tipografia Seignot-Plancher, Rua do Ouvidor.
O Grande Oriente do Passeio instala e consagra seu Supremo Conselho para o
Rito Escocês Antigo e Aceito em 1835 com carta patente expedida pelo Grande
Oriente de França.

Em novembro de 1836, foi realizada a primeira eleição para o cargo de Grão-


Mestre e Oficias do Grande Oriente do Passeio, sendo o Senador Vergueiro,
sucedido pelo Visconde e Marquês de Sapucaí (Candido José de Araújo Vianna -
15 de setembro de 1793, Nova Lima, Minas Gerais - 23 de janeiro de 1875, Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro).

Em 1844, o Supremo Conselho do Grande Oriente Brasileiro ratificou tratado de


aliança e amizade com o Supremo Conselho de França, reconhecendo como o
único e legal no Império do Brasil.

O Grande Oriente do Passeio tinha tratado e reconhecimento com diversas potências


regulares daquela época, dentre elas: Grande Oriente Lusitano; Grande Oriente da Itália;
Grande Oriente da França; Grande Oriente Unido do Brasil (antes da fusão de 1883 com
o GOB-Lavradio); Gran Oriente de la Republica Oriental del Uruguay; Gran Oriente de
Montevideo; dentre outros. Era a única corporação maçônica litúrgica brasileira regular,
legitima e reconhecida, como única autoridade legal para o Rito Escocês Antigo e
Aceito para a corte do Brasil.

A FUSÃO DO SUPREMO CONSELHO DO GRANDE


ORIENTE BRASILEIRO COM SUPREMO
CONSELHO DE MONTEZUMA

Em 04 de novembro de 1842, houve a fusão do Supremo Conselho para o Rito Escocês


Antigo e Aceito de Montezuma com o Supremo Conselho para o Rito Escocês Antigo e
Aceito do Grande Oriente Brasileiro, tornando-se o único corpo do Rito Escocês legal e
legitimo para o Império do Brasil, conforme reprodução do tratado publicado no
Boletim Oficial do Grande Oriente Brasileiro, “O Vigilante”, (Ano 1871\Eds. 00007,
00008 e 00009). O Tratado de junção foi assinado pelos dois corpos em 05 de dezembro
de 1842. O grão-mestre do Grande Oriente do Brasileiro era na época o Marquês de
Sapucaí, sendo sucedido pelo Senador Manoel Alves Branco (2.º Visconde de
Caravelas - Maragogipe, 7 de junho de 1797 — Niterói, 13 de julho de 1855), eleito em
maio de 1846.

A partir da fusão dos supremos conselhos, o Supremo Conselho do Rito


Escocês Antigo e Aceito do Grande Oriente Brasileiro passou a cumprir
fielmente o que determinava o Art. 5°, da Constituições Escocesa de 1786. Já
naquela época, o Supremo Conselho do Grande Oriente Brasileiro trabalha de
forma autônoma em separado dos graus simbólicos.

A CISÃO DO SUPREMO CONSELHO DE


MONTEZUMA E O GRANDE ORIENTE
BRASILEIRO

Em 1847 houve renúncia do tratado de 1842, celebrado entre O Supremo Conselho do


Rito Escocês Antigo e Aceito do Grande Oriente Brasileiro e o Supremo Conselho de
Montezuma. Após a renúncia do tratado, em 20 de março de 1847, o Conde de Lages,
transfere o Grande Oriente de Lages (não confundir com o Grande Oriente Brasileiro) e
Supremo Conselho de Montezuma para a tutela do Duque de Caxias. O Grande Oriente
Supremo Conselho de Caxias se funde com o Grande Oriente do Lavradio e seu
Supremo Conselho em 1852.

A FUNDAÇÃO DO GRAN ORIENTE DE


MONTEVIDEO

Em 21 de novembro de 1854, o Grande Oriente Brasileiro e seu Supremo


Conselho instalou em Montevideo o Grande Oriente de Montevideo (Gran
Oriente de Montevideo), sendo este, o marco da instituição republicana no
Uruguai. A instalação da referida potência causou ciúmes e incomodo ao
GOB-Lavradio, que de imediato tratou de fundar outra potência naquele
país, ou seja, GOU-SC - Gran Oriente del Uruguay e seu Supremo
Conselho. Gabriel Perez, Grande Inspetor Geral do Supremo Conselho do
Rito Escocês Antigo e Aceito do Grande Oriente do Brasil do Vale do
Lavradio, obteve em 07 de outubro de 1854, uma autorização especial para
instalar em solo uruguaio um novo Supremo Conselho do mesmo rito, sendo
este, nomeado como Grande Comendador em 24 de junho de 1855. Também
instalou outro grande oriente em 17 de julho de 1856, denominado de GOU-
SC - Gran Oriente del Uruguay e seu Supremo Conselho GOU-SC.
A finalidade da instalação desse novo corpo de acordo com os ataques
registrados em documentos histórico da maçonaria do Brasil daquela época,
era combater o Grande Oriente de Montevideo e seu Supremo Conselho,
atingindo assim, a maçonaria republicana do Grande Oriente Brasileiro. O
Apostolado Glória do Lavradio de José Bonifácio tinha como objetivo
manter a monarquia no Brasil e deter para si o poder, a gloria e a fama da
maçonaria brasileira.

O ADORMECIMENTO DO GRANDE ORIENTE


BRASILEIRO

O Grão-Mestre Alves Branco pediu demissão do cargo do grão-mestrado, sendo


substituído em 1854 pelo Visconde do Uruguai, embora só assumiu o cargo em 1856,
sendo substituído interinamente pelo Conselheiro Antônio Manoel de Campos Mello.

Ainda em 1857, o Visconde do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos: Salvador, 16
de março de 1819 – Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1880), não tendo espaço politico
no Grande Oriente do Passeio se filiou no Grande Oriente do Lavradio, levando consigo
algumas lojas.

Circulou em 1857 que o Grande Oriente Brasileiro tinha se fundido com Grande Oriente
do Brasil do Vale do Lavradio, na realidade, conforme os jornais da época, tratava-se de
boatos lançado pelo grupo do lavradio para desestabilizar o GOP, nunca houve acordo
de fusão do Grande Oriente do Passeio com GOB-L. O GOP publicou uma nota oficial
no jornal "Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal" (Ano 1857\Edição
00001 e Ano 1857\Edição 00002), desmentindo os boatos dos gobianos.

Com a cisão ocasionada por Duque de Caxias e com a saída do visconde do Rio Branco,
as colunas do Grande Oriente do Passeio ficaram fragilizadas. Em 1861, o Visconde de
Uruguai (Paulino José Soares de Sousa: nasceu 4 de outubro de 1807, Paris, França - 15
de julho de 1866, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), seguindo o mesma linha de Caxias e
Rio Branco, deu-lhe um terceiro golpe, se filiando no Grande Oriente do Lavradio,
levando consigo mais de 20 lojas. Neste período de crise assumiu a direção do GOP o
Grão-Mestre Adjunto, Dr. Carlos Honório de Figueiredo (Carlos Honório de
Figueiredo: Recife, PE, em 1823-Rio de Janeiro, RJ, em 27 de junho de
1881), infelizmente, sem comando e liderança, perde muitas Oficinas Capitulares.

Restando poucas lojas ativas e com a perseguição acirrada do Grande Oriente


do Brasil (GOB), o GOP cessa temporariamente suas atividades em 1864,
ficando seu patrimônio sobre a guarda e vigília provisória do Dr. Pedro
Ernesto Albuquerque de Oliveira, Sapientíssimo Delegado e Grande Inspetor
Geral do Mui Poderoso Supremo Conselho do Grande Oriente Brazileiro.

Ainda em 1864, o antigo Supremo Conselho do Grande Oriente Brasileiro (que trabalha
em separado dos graus simbólicos conforme os preceitos da Constituição Escocesa) que
estava quase sem atividades, propôs a fusão com o Supremo Conselho do Grande
Oriente do Brasil. Por resolução datada de 1º de maio do mesmo ano, o Soberano
Grande Comendador Grão-Mestre, Barão de Cayru, aceitou a proposta de fusão (graus
filosóficos), desta maneira, o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito
do Grande Oriente Brasileiro funde-se com o Supremo conselho do Grau 33 do GOB-L.
Há uma confusão dos historiadores brasileiros que afirmam que o Grande Oriente do
Passeio foi extinto pela fusão em 1864. A fusão foi dos supremos conselhos e não do
Grande Oriente Brasileiro.

De acordo com o periódico Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de


Janeiro (Ano 1873, Edição 00030, em 1864), o Grande Oriente Brasileiro ou do Passeio
interrompeu seus trabalhos temporariamente, sendo restaurados em 1867, pelo Dr.
Albuquerque. Ao contrario do que afirmam os autores gobianos, principalmente, José
Castellani, o Grande Oriente Brasileiro voltou suas atividades como potência
simbólica em 1867. Neste mesmo ano, o Grande Oriente funda e instala a Loja
Maçônica "Independência" na cidade de Campinas (conforme ata de fundação da
própria loja). Todas as citações em obras dos escritores brasileiros são falácias sem
prova documental.

Dr. Pedro Ernesto Albuquerque de Oliveira manteve com muita zelo as portas do
Grande Oriente Brasileiro abertas aos maçons e a sociedade brasileira. Restaurou entre
1864-1867 oito lojas maçônicas ao seio deste grande oriente e instalou três novas
oficinas, contradizendo assim, as falácias do Grande Oriente do Brasil (GOB) e
seus adeptos da época. Além de manter o GOP em perfeito funcionamento, manteve
também, em plena atividade suas escolas de instrução pública (1833-1867), como
registram os próprios veículos de comunicações da época arquivados na Biblioteca
Nacional. No ano dia 7 de setembro de 1865, O Grande Oriente do Passeio
inaugurou na rua General Câmara, 170, Rio de Janeiro, uma outra escola de instrução
pública primária. A escola era gratuita destinada as crianças e
adolescentes indigentes da Corte do Brasil, conforme noticiado no periódico "Novo e
Completo Índice Cronológico da Historia do Brasil", (Ano 1865\Edição 00001). Essa
publicação prova que o Grande Oriente Brasileiro esteve em plena atividade em todo o
período em que os autores gobianos afirmavam que ele estava inativo, e que, em 1864,
se fundiu com GOB-Lavradio. Dr. Pedro Ernesto de Albuquerque não deixou o Grande
Oriente do Passeio abater suas colunas, mesmo com poucas lojas simbólicas continuou
em plena atividade. Dr. Pedro e todos os membros do GOP foram perseguidos, expulsos
(mesmo não fazendo parte do GOB-Lavradio), atacados e difamados na sociedade
maçônica brasileira e nos países que o GOB-L tinha estreita amizade.

Infelizmente, os autores brasileiros sem documentação ou base legal escreviam e


escrevem barbarias sobre o adormecimento do Grande Oriente Brasileiro, enaltecendo
sempre, o Grande Oriente do Brasil do Vale do lavradio (atual GOB). Todos afirmam
que o GOP voltou suas atividades em 1883, sendo que em 1870, seu
periódico maçônico intitulado "O Vigilante", Jornal Oficial do Grande Oriente
Brasileiro, arquivado na Biblioteca Nacional, já circula na praça contendo todos os atos
do seu Soberano Grão-Mestre e Grande Comendador da Ordem. Suas lojas espalhadas
pelo Brasil estavam em pleno funcionamento.

A RESTAURAÇÃO DO GRANDE ORIENTE


BRASILEIRO

As lojas mantenedoras do Grande Oriente Brasileiro foram as seguintes: Fidelidade;


Brazil; Perfeita Amizade; Cruzeiro do Sul. Aderiram ao Grande Oriente Brasileiro nesse
mesmo período as Lojas: Protectora das Artes; Triumpho do Brasil; União Escosseza;
Virtude, Liberdade e Firmeza; Estrella da América; Segredo e Amizade. Sendo fundada
instalada a Loja Maçônica Independência" na cidade de Campinas, em 23 de novembro
de 1867, conforme noticiado no Boletim Oficial do Grande Oriente Brasileiro "O
Vigilante" (Ano 1871\Edição 00013).

De acordo com o noticiado no Boletim Oficial do Grande Oriente Brazileiro, "O


Vigilante" (Ano 1871, Ed 00024), consta que em 1864, o Grande Oriente do Brasil do
Vale do Lavradio sem autorização de seus dirigentes, invadiu a sua sede e apossaram-se
dos mobiliários, títulos, patentes, livros e demais materiais, além de paramentos e
documentos. Ao retomarem os trabalhos em 1867, o prédio da Rua do Passeio estava
completamente vazio, restando lá poucas coisas.
No feriado de 07 de setembro de 1870, as 20:00, na Rua Visconde de Itaúna, nº 11, foi
reinstalado e consagrado o "GRANDE ORIENTE BRASILEIRO" por seu então Grão
Mestre Interino, o médico, Dr. Pedro Ernesto Albuquerque de Oliveira, conforme
noticiado no Boletim Oficial do Grande Oriente Brasileiro "O Vigilante" (Ano
1871\Edição 00018). Dr. Albuquerque foi sucedido no grão-mestrado em 11 de
fevereiro de 1871, pelo desembargado, Dr. Manoel José de Freitas Travassos. Neste
mesmo ano, o Grande Oriente do Passeio transferiu sua sede para a Rua do Visconde de
Itaúna, Rio de Janeiro.

Em 14 de julho de 1872, o Grande Oriente do Passeio instalou solenemente um curso


público de instrução primaria e secundaria, e também, línguas e ciências aplicada as
artes, gratuitamente, sendo matriculados 294 alunos, conforme noticiado no Jornal
Pedro II (Ano 1872\Edição 00149) e Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do
Rio de Janeiro (Ano 1873, Edição) e o Jornal do Commercio (Ano 1872, Edição
00197), tendo como diretor e vice diretor, respectivamente, Dr. Fellipe Hippolyto Aché
e Dr. Bartholomeu José Pereira, com um corpo docente de tendo 14 professores.

A FUNDAÇÃO DO GRANDE
ORIENTE DA REPUBLICA
ORIENTAL DO URUGUAY

O Grande Oriente Brasileiro contrariando os maçons conservadores uruguaios liderados


por Carlos de Castro, em 19 de abril de 1882, instalou e consagrou, mais uma vez, na
cidade de Montevideo, a Maçonaria Liberal Republicana, ou seja, o Grande Oriente da
Republica Oriental do Uruguai (Gran Oriente de la Republica Oriental del Uruguay),
ficando sobre a direção e comando do Dr. Justino Jiménez de Aréchaga Moratório e o
Tenente-Coronel Rufino P. Ravìa Gonzalez.

Sua primeira Constituição (código maçônico) foi promulgada em sessão da Grande


Assembleia Constituinte, instalada em Montevideo, em 04 de maio de 1882, aprovada e
impressa pela Tipografia de H. F. Fabreguettes, "La Minerva" em 27 de maio de 1882.
Essa corporação seria o sucessor legitimo do Grande Oriente de Montevideo.
Mais uma vez os aminos dos maçons gobianos e dos maçons uruguaios se alteram,
ficam incomodados com os republicanos liberais deste novo corpo. O grande Oriente do
Brasil e o Grande Oriente do Uruguai lançam contra o GOROU e seus fundadores
um manifesto de repúdio, enviando para todas as potências de seus relacionamentos.
Não surtindo efeito, as duas potências em ação conjunta expulsam e condenam sem
direito de defesa todos seus membros da nova instituição, conforme publicado Boletín
Oficial del Gran Oriente del Uruguay e seu Supremo Consejo, (1882) e o Boletim do
Grande Oriente do Brazil Jornal Ofíicial da Maçonaria Brazileira, (1883). No mesmo
ano Dr. Jiménez de Aréchaga instala o Rito Eclético no Uruguai e funda o Supremo
Grande Capitulo da Maçonaria Eclética (Supremo Gran Capítulo de la Masoneria
Ecléctica) com seus 14 graus nos moldes de 1776, tendo destaque os graus de Cavaleiro
Rosa-Cruz e Cavaleiro Kadosch.

OS GRÃO-MESTRES DO
GRANDE ORIENTE BRASILEIRO

Diferentemente do Grande Oriente do Brasil Vale do Lavradio (atual GOB), todos os


grão-mestres do Grande Oriente do passeio eram ante-escravocratas e republicanos. O
Grande Oriente Brasileiro não permitia em suas Lojas maçons monarquistas e
escravocratas. Foram grão-mestres do Grande Oriente os seguintes irmãos:

DR. NICOLAU PEREIRA DE CAMPOS VERGUEIRO

Grão-Mestre: 1831-1842

Senador Vergueiro, advogado, maçom republicano. Nasceu dia 20 de dezembro de


1778, Val da Porca, Portugal, filho de Luiz Bernardo Pereira Vergueiro e Clara Maria
Borges Campos. Bacharelou-se em direito pela Universidade de Coimbra em 1801. O
jovem mudou-se para o Brasil, com 25 anos, e rapidamente ingressou nos âmbitos
políticos e econômicos mais importantes da província de São Paulo. Em 2 de agosto de
1804, casou-se na Catedral da Sé com Maria Angélica de Vasconcellos, filha do Capitão
José de Andrade e Vasconcellos. Exerceu a função de advogado no fórum de São Paulo,
cargo que ocupou até 1815. Paralelamente, em 1807, Vergueiro adquiriu, em parceria
com o sogro, uma sesmaria de duas léguas em quadra, em Piracicaba, onde fundou o
Engenho do Limoeiro, cujo primeiro administrador foi seu irmão João Manuel
Vergueiro. Sete anos depois, adquiriu nova sesmaria em sociedade com o sogro. Com
dimensões de três léguas de testada e uma de fundo, Monjolinho se localizava nos
Campos de Araraquara e foi destinada à criação de gado. Algum tempo depois, tornou-
se o único proprietário das duas terras. Em 1813, foi nomeado vereador da Câmara
Municipal de São Paulo. Foi juiz das sesmarias até 1816 quando se mudou para
Piracicaba, adquiriu em sociedade com o brigadeiro Luís Antônio de Sousa, terras na
região de Rio Claro. Em 1821, às vésperas da independência do Brasil, tornou-se
membro do governo provisório da província de São Paulo. Exerceu outros cargos nas
províncias de São Paulo e Minas Gerais. Participante da constituinte de 1823 como
representante da província de São Paulo, como os irmãos Antônio Carlos Ribeiro de
Andrada e José Bonifácio de Andrada e Silva e Martim Francisco Ribeiro de Andrada,
que foi preso após a dissolução da constituinte. Era senador e, com a abdicação de dom
Pedro I, integrou a Regência Trina provisória em 1831, representando o setor agro
exportador durante a menoridade de dom Pedro II. Integrou o gabinete de 13 de
setembro de 1832, assumindo a pasta do Império até 23 de maio de 1833, e a da
Fazenda até 14 de dezembro de 1832. Ocupou a pasta da Justiça no gabinete de 22 de
maio, organizado por Manuel Alves Branco, Segundo Visconde de Caravelas, e,
interinamente, a do Império. Foi senador durante dez legislaturas consecutivas. Como
parlamentar, sempre defendeu posições liberais e antiescravistas. Nas décadas de 40 e
50, foi pioneiro na introdução de imigrantes europeus em suas fazendas de café na
cidade de Limeira (Fazenda Angélica - que recebeu este nome em homenagem a esposa
de Vergueiro). A partir de 1847, o Senador Vergueiro, estimulou a vinda de famílias
europeias para trabalharem em sua fazenda de café em Limeira, São Paulo. Na
maçonaria foi o fundador do Grande Oriente Nacional Brasileiro conhecido como
Grande Oriente do Passeio, sendo seu primeiro Grão Mestre e Grande Comendador da
Ordem. O Senador Vergueiro faleceu em 18 de setembro de 1859, no Rio de Janeiro,
seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro.

DR. CÂNDIDO JOSÉ DE ARAÚJO VIANA

Grão-Mestre: 1842-1846

Marquês de Sapucaí, advogado e maçom republicano. Nasceu em 15 de setembro de


1793, Nova Lima, Congonhas de Sabará. Foi ministro da fazenda e ministro da justiça,
conselheiro de estado, deputado geral, presidente de província e senador de 1840 a
1875, eleito pela província de Minas Gerais. Ocupou a presidência do senado de 1851 a
1853. Foi deputado constituinte em 1823 e deputado geral representando Minas Gerais
por três mandatos. Ocupou as presidências das províncias de Alagoas e do Maranhão.
Foi ainda procurador da coroa, fiscal do tesouro e ministro do Supremo Tribunal de
Justiça, ministro da fazenda e nomeado membro extraordinário do Conselho de Estado a
partir da data de sua criação. Em 1839, foi nomeado mestre de literatura e ciências
positivas de D. Pedro II (então herdeiro do trono); posteriormente, também cuidou da
educação da Princesa Isabel. Como Ministro do Império no segundo Gabinete
conservador (1841-1843), referendou a lei que dava aos senadores o solene tratamento
de "Sua Excelência". Condecorado como dignitário da Imperial Ordem de Cristo e da
Rosa, além de Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e
Mérito e da Legião de Honra. Recebeu do imperador o título de visconde em 1854 e de
marquês em 1872. Era do Conselho de Sua Majestade, Gentil-Homem da Imperial
Câmara e Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial. Na maçonaria assumiu todos os cargos,
sendo Grão-Mestre do Grande Oriente Brasileiro em 1842. Foi o responsável pela fusão
do Supremo Conselho de Montezuma com o Supremo Conselho do Grande Oriente
Brasileiro. Faleceu em 23 de janeiro de 1875, no Rio de Janeiro.

DR. MANUEL ALVES BRANCO

Grão-Mestre: 1846-1854

Visconde de Caravelas, advogado, economista, escritor, jornalista, maçom progressista


de visão nacionalista e incentivador da industrialização do país. Nasceu em Maragogipe,
em 7 de junho de 1797. Membro da Ordem de Cristo e da Rosa. Filho do negociante
João Alves Branco e de D. Anna Joaquina Silvestre Branco. Logrou-se em direito pela
Universidade de Coimbra (1822), onde também estudou matemática e ciências naturais,
voltou à Bahia como juiz e em seguida foi transferido para o Rio de Janeiro.
Representante de seu estado na assembleia geral, foi contador-geral do Tesouro (1830-
1833) e nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros (1835). Eleito senador pela Bahia
(1837) chegou a acumular ao mesmo tempo as pastas do Império e da Fazenda (1937-
1839). Na vida publica foi deputado geral, ministro da Justiça, ministro da Fazenda,
senador e primeiro Presidente do Conselho de Ministros (Primeiro-Ministro) do Império
do Brasil, de 20 de maio de 1847 à 8 de março de 1848. Sócio do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro.; Membro do conselho de sua majestade o Imperador. Como
escritor deixou várias obras tais como: A fala do trono de 1885; Discurso, sermão ou
oração, 1850; A Liberdade - Poemas; A primavera - Poemas; A Proclamação da
Constituição Portuguesa, 1820; Coleção de Poesias Minhas, 1827;Discurso pronunciado
na Câmara dos Deputados na sessão de 18 de maio de 1832; Discurso, sermão ou
oração. 1832; Florilégio da Poesia Brasileira, 1850; Memória sobre o Rio da Prata;
Parnaso Brasileiro, 1843. Elaborou o Código de Processo Criminal, aprovado em 29 de
novembro de 1832. Foi condecorado com o oficialato da Ordem do Cruzeiro. Foi Grão
Mestre do Grande Oriente Brasileiro em 1846. Faleceu na cidade de Niterói em 13 de
julho de 1855.

CONSELHEIRO ANTONIO MANOEL DE CAMPOS MELLO

Grão-Mestre: 1854-1856

Advogado, escritor, redator e ministro e secretario de estado dos negócios da justiça,


maçom liberal republicano. Nasceu na cidade de Porto Feliz, SP, em 1809. Logrou-se
em ciências sócias e jurídicas, concluindo o bacharelando em direito em 1833, na
Academia Jurídica de São Paulo. Logo depois de formado, abriu um escritório de
advocacia na cidade de São Paulo e passou a escrever para diversos jornais. Amante dos
liberais e a eles pagando tributos, ingressou na vida publica em 1837. Em 6 de outubro
de 1840, foi nomeado para cargo de Inspetor do Tesouro da Fazenda Publica. Em 1842,
participou da revolta dos liberais. Deputado provincial por São Paulo na 6ª legislatura
(1846-1847. Tomou posse como Presidente da Província de Alagoas, em 10 de
novembro de 1846, sendo exonerado do cargo em 19 se junho de 1847. Foi empossado
no cargo de ministro da justiça em 31 de maio de 1848. Eleito novamente deputado em
1848 pela província de São Paulo. Em 1851 ele foi o principal redator da Reforma.
Tomou posse em 23 de janeiro de 1862 na presidência da Província do Maranhão, sendo
exonerado do cargo em 10 de junho de 1863. Foi redator de vários jornais e periódicos.
Contraiu núpcias com D. Maria da Conceição Cavalcante de Campos Mello tendo com
ela filhos: Dr. Antônio Manoel de Campos Mello Filho; Luiz Cavalcante de Campos
Mello; Julho de Cavalcante de Campos Mello; Eduardo Cavalcante de Campos Mello;
Frederico Cavalcante de Campos Mello; Virginia Cavalcante de Campos Mello;
Amélia Cavalcante de Campos Mello . Em 1876, enfermo com cachexia reumática,
afastou-se da politica e deligou-se do Grande Oriente Brasileiro. Faleceu em 31 de
agosto de 1878, na cidade do Rio de Janeiro.

DR. PAULINO JOSÉ SOARES DE SOUZA

Grão-Mestre: 1856-1861

Visconde do Uruguai, advogado, maçom republicano. Nasceu em Paris, França, em 4 de


outubro de 1807. Filho do médico brasileiro José Antônio Soares de Sousa e da
francesa, D. Antoinette Gabrielle Gibert Soares de Sousa. Sua família mudou-se para
Portugal em 1814, retornando quatro anos depois para o Brasil, fixando-se em São Luís
do Maranhão. Em 1823 iniciou o curso de Direito em Coimbra, mas foi detido ao lado
de outros brasileiros sob a acusação de participação na revolta do Porto e com o
fechamento da Universidade, em 1828. Neste ano voltou ao Brasil, mas retomou o curso
somente em 1830, concluindo sua formação no Curso Jurídico de São Paulo, em 1831.
Ingressou na magistratura em 1832, tendo sido nomeado juiz e, pouco depois, ouvidor
de comarca em São Paulo. Em 1833 se casou com Ana Maria de Macedo Alvarez de
Azevedo, de uma família influente de proprietários de terras da província fluminense, o
que o inseriu numa rede de parentesco de grande prestígio e poder político. Em 1835 foi
lançado candidato, pelo Partido Moderado, a deputado para a Assembleia Provincial do
Rio de Janeiro por Evaristo da Veiga, o que deu início a sua rápida ascensão política.
Em 1836 foi eleito deputado provincial e, no mesmo ano, nomeado pelo regente Diogo
Feijó presidente da Província do Rio de Janeiro. Em 1837, acusado de filiar-se à
oposição, foi demitido da presidência da província por Feijó, tendo sido reconduzido
após sua renúncia, permanecendo no cargo até 1840. Assumiu diversos cargos na
administração imperial, foi secretário de Estado dos Negócios da Justiça (1840 e 1841-
1843), dos Negócios Estrangeiros (1843-1844, 1849-1852 e 1852-1853). Foi senador
(1849) e membro do Conselho de Estado (1853). Como um dos mais importantes nomes
do cenário político do Segundo Reinado, contribuiu para o chamado Regresso
Conservador, a partir de 1837. Ao lado de Joaquim José Rodrigues Torres, o futuro
visconde de Itaboraí, e Eusébio de Queiroz, liderava o Partido Conservador e com estes
formava o que ficou conhecida como a ‘trindade saquarema’, forma como eram
denominados os conservadores, em alusão à região fluminense onde tinham propriedade
de terras. Foi um dos principais articuladores da Lei interpretativa do Ato Adicional
(1840) e da reforma do Código de Processo Criminal (1841), que resultaram em maior
centralização política e administrativa do Segundo Reinado. Atuou de forma
determinante para a aprovação, em 1850, da abolição do tráfico de escravos no Brasil. À
frente da pasta de Negócios Estrangeiros, sua atuação nas negociações diplomáticas da
região do Prata, na questão dos limites entre Brasil, Argentina e Paraguai lhe renderam
o título de visconde do Uruguai. Em 1855 foi nomeado enviado extraordinário e
ministro plenipotenciário junto à corte de Napoleão III para tratado de limites com a
Guiana Francesa, a chamada Questão do Oiapoque. Foi o autor de Estudos sobre o
direito administrativo (1862), e Estudos práticos sobre a administração das províncias
do Brasil (1865), dois trabalhos fundamentais sobre a administração pública brasileira
no século XIX. Seu filho, Paulino José Soares de Sousa, também seguiu a carreira
política, tendo sido ministro dos Negócios do Império (1868-1870), além de senador
pela Província do Rio de Janeiro (1882-1884 e 1886-1889). Foi agraciado com comenda
de oficial da Ordem Imperial do Cruzeiro, com a Grã Cruz da Ordem de São Genaro
pelo rei de Nápoles (1850) e condecorado com a Ordem Real de Danebrog pelo rei da
Dinamarca (1852), com a Ordem Imperial da Coroa de Ferro pelo imperador da Áustria
(1852) e com a Ordem de Cristo pelo rei de Portugal (1852). Foi membro, entre outras,
da Academia Britânica de Ciências, Artes e Indústria, da Sociedade de Zoologia e
Aclimatação de Paris, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade
Auxiliadora da Indústria Nacional do Rio de Janeiro. Pertencia à maçonaria desde os
tempos da Escola em São Paulo, ou, talvez, antes, desde Coimbra:, sendo, em 1835,
nomeado como delegado junto ao Grande Oriente do Brasileiro ou do Passeio para as
Lojas Paulistanas. O Grão-Mestre Alves Branco renunciou do cargo, sendo substituído,
em 1856 pelo Visconde do Uruguai. No ano de 1861, entre tantos conflitos interno
causado ao Grande Oriente do Passeio, não conseguindo manter o poder para si,
seguindo os passos do Visconde do Rio Branco, deixou o Grande Oriente do passeio e
se filiou no Grande Oriente do Lavradio, levando consigo cerca de 20 lojas. O Grande
Oriente Brasileiro ficou sobre a tutela de seu adjunto, enfermo e sem
liderança, suspendeu as atividades temporariamente em 1864. Visconde do Uruguai
faleceu no Rio de Janeiro, em 15 de julho de 1866.

DR. PEDRO ERNESTO ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA

Grão-Mestre: 1867-1871

Médico homeopata e cientista, professor, jornalista e escritor, maçom liberal


republicano. Nasceu em Lisboa por volta de 1834, naturalizando-se brasileiro em 1858
conforme Carta de Naturalização assentada no livro BRRJAGCRJ.CM.NAT46.4.1 pgs.
187/188, expedida em 25/05/1858. Logrou-se em medicina pela Faculdade de Medicina
de Lisboa. Em 1856 já atuava como professor de medicina homeopata na Escola de
Homeopatia do Império do Brasil. Foi professor de medicina e farmácia na Escola
Homeopática do Brasil e medico de Enfermaria do Hospital de São Vicente de Paulo, na
Corte, professor de Medicina Legal da província de São Paulo; membro de diversas
corporações médicas, científicas e literárias. Autor de diversas obras e outros escritos,
sobre medicina, literatura, historia, viagens, costumes, política, tais como: Tratado de
Medicina Homeopática, 1852 (A 2a EDIÇÃO DE1857); Pathogenesia Homeopathica
Brasileira, 1856; Apêndice: A Pratica Elementar de Homeopathia, 1857; Guia Medica
(Homeopathia das Famílias); 1858; Memoria sobre o Cólera Morbus, 1855; Memoria
Sobre o Magnetismo e Sonambulismo, 1853; Estudos sobre os Diferentes Sistemas
Médicos, 1864; Deveres do Homem (Para Uzo da Infância), 1865; Memoria sobre o
Infanticídio, 1857; O Medico Popular: Jornal Medico, 1851; O Athleta: Jornal Medico,
1851. Escreveu, além de artigos em jornais sobre indústria, artes, literatura, história e
política, publicados de 1851 a 1870, os seguintes trabalhos": O O Escravo Fugido:
Romance Brazileiro. 1864; Episodio do Carnaval: Romance Brazileiro, 1864; Castigo
Singular: Romance Brazileiro. 1864; Hippolyto e Isabel, 1860; A Vingança: Romance
Brazileiro, 1851. Foi redator nos jornais: O Medico Popular: Jornal Médico, 1851; O
Athleta: Jornal Médico, 1852; O Cosmopolita: Jornal Litterario e Scientifico, 1854; O
Echo do Povo: Jornal de Interesses Populares, 1857; O Monitor Brazileiro: Jornal
Político, 1858; O Vigilante:, Jornal Maç:. 1870-1871; Resumo Analytico e
Demonstrativo dos Estatutos e Organização da Sociedade Protectora dos Empregados
Públicos e Monte-Pio Popular. Rio De Janeiro, 1876. Como jornalista, fundou e
redigiu jornais de propaganda médica e outros como segue: "O Cosmopolita", 1854;
"O Eco do Povo", 1871; "O Monitor Brasileiro", 1858; "O Vigilante" Jornal Maçônico,
1870-1871. Foi secretário do Instituto Episcopal Brasileiro, quando dedicou parte de sua
vida a escrever diversos romances e literaturas. Foi graças aos esforços do Dr. Pedro
Albuquerque que fundamentou a oficialização das farmácias homeopáticas no Brasil,
através do Decreto Imperial nº 9.554 de 03 de fevereiro de 1886. Sua primeira clínica
homeopática oficialmente no Brasil foi instalada em 1857 na cidade de Campinas, sito
rua de Santa Teresa. Em 1864, suas obras sobre homeopatia foi considerado Lei para as
escolas homeopáticas do Brasil, sendo editados quatro volumes, conforme publicado no
Jornal do Comercio. Na maçonaria assumiu todos os cargos e pertenceu a diversas lojas
maçônicas filiadas ao Grande Oriente Brasileiro, único e legal para o Rito Escocês
Antigo e Aceito naquela época no Império do Brasil. Quando do adormecimento da dita
potência em 1863 (crise politica na maçonaria brasileira), ele ficou fiel e manteve seu
cargo de delegado ate a restauração da mesma corporação em 1867, ocasião em que foi
aclamado pelos maçons republicanos Grão Mestre Interino do Grande Oriente Brasileiro
ou do Passeio (1867-1871). Em 23 de novembro de 1867, fundou na cidade de
Campinas, a Loja Maçônica Independência existente ate os dias atuais. Era um defensor
da maçonaria republicana para a glória e o crescimento do Brasil, combatendo
intensamente a maçonaria monarquista e arcaica criada no Brasil por José Bonifácio de
Andrade e Silva.

DR. MANUEL JOSÉ DE FREITAS TRAVASSOS FILHO

Grão-Mestre: 1871-1883

Advogado, professor e militar. Nasceu em Porto Alegre em 8 de julho de 1812. Filho do


Comendador Manuel José de Freitas Travassos e de Dona Luísa Justiniana de Freitas
Mascarenhas. Estudou humanidades no Seminário de São José e bacharelou-se em
ciências sociais e jurídicas pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 11 de novembro
de 1834. Contraiu núpcias com D. Francisca Machado Freitas Travassos e teve com ela
filhos. Foi nomeado Procurador-Fiscal da Tesouraria de Fazenda na província do Rio
Grande do Sul em 1835, Juiz de Direito da comarca do Rio Grande do Sul, em decreto
de 4 de setembro de 1838, sendo removido para a 2ª Vara do Crime de Porto Alegre, em
decreto de 20 de outubro de 1843. Foi suplente convocado na 1ª Legislatura da
Assembleia Legislativa Provincial do Rio Grande do Sul. Foi 3º vice-presidente da
província do Rio Grande do Sul, nomeado por carta imperial de 1 de outubro de 1841.
Exerceu este cargo durante dezesseis anos, até ser nomeado Desembargador da Relação
da Corte, em decreto de 15 de março de 1859, Relação da qual foi Presidente, por
nomeação imperial, em decreto de 9 de outubro de 1875. Em decreto de 28 de junho de
1878, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal de Justiça, preenchendo a vaga
ocorrida com o falecimento de Manoel Messias de Leão; tomou posse em 6 de julho
seguinte. Eleito Deputado à Assembleia-Geral Legislativa, por sua província natal, na 9ª
legislatura (1853-1856), não tomou assento. Foi Chefe de Polícia da referida província
em 1837 e 1844. Em carta imperial de 1º de outubro de 1841, foi nomeado 3º Vice-
Presidente da província do Rio Grande do Sul; por outra, de 3 de maio de 1870, foi
também nomeado 1º Vice-Presidente da província do Rio de Janeiro e nessa qualidade
assumiu a administração da província por duas vezes, em 5 de maio de 1870 e 7 de
março de 1871. Em carta imperial de 20 de março de 1873, foi nomeado Presidente da
mesma província, tomando posse a 26 do referido mês, sendo exonerado a pedido, em
decreto de 18 de setembro de 1874. Relevantes serviços prestou Manoel José de Freitas
Travassos à Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, em que foi Provedor nos
biênios 1877-1878 e 1878-1879, e ao Asilo de Santa Leopoldina, em Niterói, de que foi
Provedor. Foi agraciado com o hábito da Ordem da Rosa; hábito do Cruzeiro, em
decreto de 25 de março de 1841; comenda de Cristo, em decreto de 2 de dezembro de
1845; título do Conselho, em decreto de 20 de novembro de 1875; foro de Moço da
Imperial Câmara, em 1845; Guarda-Roupa em 1861 e Veador, em decreto de 13 de
julho de 1878. Dedicou sua vida no amparo e socorrer os órfãos e necessitados Espaços
pelo Corte do Brasil. Na maçonaria defendia a reforma na estrutura maçônica brasileira,
assumiu todos os cargos inerentes a ordem e eleito Grão-Mestre em 1871 no Grande
Oriente Brasileiro ou do Passeio. Instalou duas escolas publicas maçônicas no Rio de
Janeiro, quando Grão Mestre da Ordem. Incentivava as lojas do Grande Oriente do
Passeio defender a democracia e combater a escravidão. Faleceu em 24 de agosto de
1885, na cidade de Niterói, sendo sepultado no Cemitério de Maruí.

CONSELHEIRO GASPAR DA SILVEIRA MARTINS

Grão-Mestre: 1883-1887

Advogado e político da cidade de Cerro Largo - República Oriental do Uruguai, divisa


com o estado do Rio Grande do Sul. Foi deputado, conselheiro do Império, senador,
ministro da Fazenda, governador do Rio Grande do Sul e um dos grandes oradores de
nossa história, escritor, professor e maçom liberal progressista. Nasceu no
Departamento de Cerro Largo, Melo, Uruguai, em 5 de agosto de 1835, na fazenda
Asseguá. Filho de Carlos Silveira Morais Ramos e de Maria Joaquina das Dores
Martins. Ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde realizou parte do curso
(1852-1854), transferindo-se para a Faculdade de Direito de São Paulo, em que
bacharelou em 1856. Foi juiz municipal da 2ª Vara da Corte (1859-1864). Iniciou a vida
política no Rio Grande do Sul. Liberal e monarquista, participou da criação do Partido
Liberal Histórico (PLH), ao lado de Manoel Luís Osório, Felix da Cunha e Davi
Canabarro. Foi indicado pelo PLH a concorrer a uma vaga como deputado provincial,
tendo sido eleito em 1862 e reeleito em sucessivas legislaturas, tornando-se uma das
principais lideranças políticas em sua província (1863, 1864, 1866-1867, 1873-1874,
1875, 1876, 1877-1878, 1879-1880, 1881-1882, 1883-1884, 1885-1886, 1887-1888 e
1889). Em Porto Alegre, fundou o jornal A Reforma (1862), que seria um dos principais
veículos propagandistas dos federalistas gaúchos. Foi eleito deputado geral para as
legislaturas 1873-1875, 1877 e 1878-1880 e, como podia haver concomitância de
exercício de cargos eletivos, foi ainda senador em 1880-1881, 1882-1884, 1885 e 1886-
1889. Na Assembleia-Geral envolveu-se em uma contenda com Irineu Evangelista de
Sousa, o futuro barão de Mauá, membro do Partido Liberal e deputado geral pelo Rio
Grande do Sul, acusando-o de apoio ao gabinete conservador de José Maria da Silva
Paranhos (1871-1875), o visconde de Rio Branco, o que acabaria por levá-lo a renunciar
ao cargo em 1873. Como deputado teve atuação destacada na defesa da eleição direta,
da elegibilidade aos acatólicos, da construção de estradas de ferro e de promulgação de
legislação fiscal específica para a província do Rio Grande do Sul, de forma a estimular
o comércio e coibir o contrabando na fronteira. Foi indicado para ocupar a Secretaria de
Estado dos Negócios da Fazenda (1878-1879), no gabinete liberal de João Lins Vieira
Cansanção de Sinimbu (1878-1880), onde se destacou pela criação de tarifa especial
sobre produtos importados pelo Rio Grande do Sul, pela ampliação das estradas de ferro
que serviam à província. Em 24 de julho de 1889, assumiu a presidência da província, e
foi convidado para ocupar lugar no novo ministério liberal que estava sendo organizado.
Foi preso a caminho da Corte, em Desterro, Santa Catarina, e no Rio de Janeiro, tomou
conhecimento de que fora desterrado do território brasileiro pelo governo provisório de
Deodoro da Fonseca, antigo rival político, pelo decreto n. 78-A, de 21 de dezembro de
1889, ao lado de Afonso Celso de Assis Figueiredo, o visconde de Ouro Presto, e o
irmão deste, Carlos Afonso de Assis Figueiredo. Retornou do exílio na Europa em
janeiro de 1892, quando participou da organização do Partido Federalista (PF), no
Congresso de Bagé, que reuniu dissidentes do Partido Republicano Rio-Grandense
(PRR), de inspiração positivista, que defendia o sistema de governo parlamentarista e
opunha-se ao presidente do estado do Rio Grande do Sul Júlio Prates de Castilhos. Na
Maçonaria assumiu todos os cargos da instituição. Deixou o GOB do Lavradio em 1882
e se filiou na Loja Maçônica Aurora Escosseza, Grande Oriente Brasileiro. Em 1882. foi
eleito grão-mestre do Grande Oriente do Passeio tomando posse 1883. Foi membro
honorário do Gran Oriente de la Republica Oriental del Uruguay. Relata ainda a historia
que o Conselheiro Gaspar da Silveira Martins dotado de um Espirito Eclético
elevadíssimo, com a participação e a colaboração do General Gumercindo Saraiva da
Rosa (Arroio Grande, 13 de janeiro de 1852 - Carovi , Capão do Cipó, 10 de agosto de
1894), General Aparício Saraiva da Rosa (Santa Clara de Olimar, à época pertencente
ao departamento de Cerro Largo, atualmente de Treinta y Três, Uruguai - 16 de agosto
de 1856 - Santana do Livramento, Brasil, 10 de setembro de 1904) e o General João
Nunes da Silva Tavares (Barão de Itaqui: Herval, 24 de maio de 1818 - Bagé, 09 de
janeiro de 1906), instalou nas trincheiras dos Maragatos, Cerro Largo, Bagé e Piratini,
quando da Revolução Federalista, (1893-1895), as Lojas: Restauracion (Loja Mãe da
Maçonaria de Cerro Largo, fundada em 19 de maio de 1856, loja esta, que pertenciam
os irmãos Saraiva); Liberdade e Honra; Proctetora da Pátria; Estrella da Liberdade; além
de câmaras e capítulos ecléticos. Essas lojas foram a base da revolução no sul do país no
século XIX. Derrotada a Revolução Federalista, em 1896, organizou um novo
congresso do Partido Federalista, em que mantinha as bandeiras de luta pelo
parlamentarismo e por um Estado unitário federal, em oposição à Constituição de 1891.
Aos poucos se afastou da vida política, fixando residência na estância do Rincão do
Pereira, no Departamento de Tacuarembó, Uruguai. Faleceu repentinamente em 23 de
julho de 1901, num quarto de hotel na cidade de Montevidéu. Foi instalada a Loja
Maçônica Gaspar Silveira Martins nº 272, Oriente de Bagé em sua homenagem, além de
diversos logradouros públicos e um município.

O ENCERRAMENTO DAS
ATIVIDADES DO GRANDE
ORIENTE BRASILEIRO

Com a fusão e consolidação dos dois grandes orientes na corte do Brasil em 1883
(fusão do Grande Oriente Unido do Brasil com o Grande Oriente do Vale do
Lavradio), diversas lojas deixaram o Grande Oriente do Passeio e aderiram a
nova corporação maçônica resultado da fusão, denominada simplesmente de
Grande Oriente do Brasil - GOB, o enfraquecendo novamente. Além desse fato,
seu Grão-Mestre, Dr. Silveira Martins, estava envolvido com os conflitos
políticos do país que viria culminar na proclamação da república em 1889 e
na Revolução Federalista.

Em setembro de 1887, as Lojas Maçônicas Aurora Escosseza e a Virtude,


Liberdade e Pureza resolveram se filiarem no novo GOB, obrigando o Grande
Oriente Brasileiro encerrar suas atividades. As lojas que não aderiram a nova
potência encerraram suas atividades junto com o Grande Oriente do Passeio,
fundando mais tarde, o "Grande Oriente do Estado São Paulo" (autônomo, 1893-
1921).

Vale destacar que o Grande Oriente Brasileiro conhecido popularmente como


Grande Oriente do Passeio, nunca se fundiu com o GOB-L (1864) e nem tão
pouco com a nova potência resultado da fusão de 1883 (atual GOB). O Grande
Oriente do Passeio encerrou suas atividades em dezembro de 1887. As citações
que encontramos em algumas obras publicadas dos variados autores são falácias
e suposições sem nenhuma prova documental daquela época ou ata de fusão do
Grande Oriente do Brasil com o Grande Oriente Brasileiro. Na verdade, todos
que escreveram ou escrevem sobre essas supostas fusões tinham ou tem o intuito
de manter a fama do Grande Oriente do Brasil como única herdeira da história e
das tradições da maçonaria nacional.

Por fim, o Grande Oriente Brasileiro ou do Passeio, fundado em 1830 pelo Senador
Vergueiro, instalado em 24 de junho de 1831, na cidade do Rio de Janeiro, foi a
primeira Corporação Maçônica Brasileira.

A historia do Grande Oriente Brasileiro não pode ser apagada das memorias
ou excluída dos traçados e registros da maçonaria brasileira. Este Grande Oriente foi a
Célula Mater da Maçonaria Republicana Nacional. Sua participação em defesa dos
princípios liberais estava presente nos movimentos republicanos, implicava a defesa da
liberdade dos cativos, combatia o analfabetismo e a ignorância, oferendo naquela época,
escolas gratuitas e bibliotecas publicas para a educação dos negros e indigentes do país.
O Grande Oriente do Passeio exigia em regra geral de suas lojas, a destinação de rendas
e fundos monetários na compra de cartas de alforrias, na construção e manutenção de
escolas publicas. E assim, combatia a ignorância e defendia a "Liberdade do Individuo".

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