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As cores Azul, Vermelho e Púrpura

na Maçonaria

Ir. José Roberto Pascolatti

Assim começa a nova vida de cada Irmão na Maçonaria. A busca


constante e invariável, a busca ao longo da vida de cada Maçom é
mais Luz. De acordo com a mitologia bíblica e as hipóteses
científicas, a Criação começou com uma explosão deslumbrante de
luz brilhante – o Big Bang!

A Loja Azul e a miríade de graus e ordens conferidos em todos os


seus corpos apensos e concordantes, foram criados e continuam a
existir para cumprir esta obsessão pela iluminação Maçónica.

A luz produz naturalmente cor. De fato, numa experiência simples


que todos nós realizamos quando estudantes, pode ser
demonstrado que a luz branca é composta de todo um espectro de
cores. A passagem da luz do sol por um prisma produz um arco-íris
de sete cores: violeta, índigo, azul, verde, amarelo, laranja e
vermelho.

Desde os primeiros tempos, o uso da cor logo assumiu um


significado simbólico. De particular interesse para nós como
Maçons, há evidências históricas que provam que os nossos antigos
Irmãos operativos empregavam o simbolismo das cores. A história
dos israelitas registrada no Antigo Testamento está repleta de
muitas referências ao uso específico da cor para simbolizar a
posição real e a função sacerdotal.

Origem Bíblica:

No Livro do Êxodo, lemos que as dez cortinas do Tabernáculo de


Moisés deveriam ser feitas “de linho fino torcido, e azul, púrpura e
escarlate” – as cores reais. As vestes usadas por Arão, o sumo
sacerdote, eram ricamente bordadas: “E eles farão o éfode de ouro,
de azul, e de púrpura, de escarlate e linho fino torcido com trabalho
astuto”. [Exodus 28:6] Significativamente, o éfode dos sacerdotes
hebreus era uma vestimenta de linho tipo avental.

O Púrpura Real (Royal Purple): O tom mais escuro de “azul


jarreteira”, sendo uma mistura de vermelho e azul, é mais
precisamente descrito como “roxo”. Pano roxo foi usado como um
símbolo de realeza ou alto cargo. Estar “vestido de púrpura – a
púrpura dos reis” denota dignidade e autoridade suprema ou real.
Nos primeiros dias do Império Romano, a família imperial e a
nobreza usavam púrpura e, ainda no Século IV d.C., o tecido
colorido com púrpura de Tírio era reconhecido como símbolo da
realeza.

Talvez a evidência mais convincente da influência da tradição


religiosa hebraica nas cores Maçónicas, conforme são usadas nos
trajes, é encontrada nesta passagem descritiva:
“(O Senhor falou a Moisés, dizendo) Fala aos filhos de Israel e diz-
lhes que façam franjas nas orlas das suas vestes … e coloquem na
franja … uma faixa de azul“. [Números 15: 38-40]
A borda azul parece prefigurar a borda da fita azul celeste que
adorna o avental do Mestre Maçom. A exortação moral dada nesta
passagem do Antigo Testamento parece ressoar na importância do
avental:

“Fale com os filhos de Israel e diga-lhes para colocar borlas nas


bainhas das suas vestes e colocar um cordão de violeta nessa borla
na bainha. Você deve ter uma borla, então, e a visão dela irá
lembrá-

lo de todos os mandamentos de Yahweh. Você deve colocá-los


então em prática, e não mais seguir os desejos do seu próprio
coração e dos seus olhos, que o conduziram para que se tornassem
libertinos”. [Números 15: 38-40 – Bíblia de Jerusalém]

Na Idade Média as cores foram empregadas com grande significado,


o azul era representado como o símbolo da imortalidade e o
vermelho como sendo o amor divino de Deus, por este fato as
ordens religiosas e os militares apelavam para o uso de tais cores
nas suas fardas ou vestes, também colocaram tais cores nas
alegorias religiosas, a virgem Maria com o azul e o vermelho com o
nosso senhor Jesus Cristo.

Origem Simbólica:
OS CÉUS DECLARAM A GLÓRIA DE DEUS;
E O FIRMAMENTO MOSTRA A SUA OBRA
(Salmo 19)

Como a maioria dos símbolos adotados e adaptados para ilustrar os


ensinamentos morais da Maçonaria, o azul, a cor do céu, foi

reconhecido em todos os tempos e considerado por diversas


culturas uma cor benéfica, um símbolo para as coisas do espírito e
do intelecto, denotando piedade, eternidade (aplicada à Deidade),
imortalidade (aplicada ao homem), castidade, sinceridade e
fidelidade. É um símbolo da verdade, e o que é verdadeiro é eterno.
Assim, o azul simboliza a eternidade de Deus e a esperança do
homem na imortalidade. [Biedermann, Hans. Dicionário de
Simbolismo, 1994]

“A cobertura de uma Loja Maçónica é um dossel celestial de várias


cores, até mesmo o céu”. No hemisfério Norte, o céu claro
geralmente aparece como azul claro, que em termos heráldicos
chamamos de azul, na pintura cerúlea (azul celeste, do
latim caelum, céu) ou azul céu (a cor estipulada para os paramentos
no Livro da Constituição).
… A SUA TONALIDADE DERIVA DA ABÓBADA AZUL DO CÉU…

Azul, a cor do céu é um símbolo da universalidade da Maçonaria.


Albert Mackey (1807-1881) dá-nos esta interpretação e associa uma
aplicação moral: “É para o Maçom um símbolo de amizade e
benevolência universal, pois é a cor da abóbada do céu, que abraça

e cobre todo o globo, somos assim lembrados de que no peito de


cada Irmão essas virtudes devem ser igualmente extensas”.

As linhas a seguir estão incluídas no catecismo Maçónico de William


Preston (1742-1818), o grande ritualista inglês, no qual muito do
nosso ritual Maçónico moderno se baseia:

Como é que vemos o Mestre?


Com homenagem e respeito, nós o aclamamos Mestre na arte.

Como deve ele estar vestido?


Para que o mundo marque as suas consequências, devemos vesti-lo
com vestes reais, azul, púrpura e escarlate.
Porquê?
Porque estas cores adornam os tronos dos monarcas orientais,
célebres pela sua pompa, e de tais cores foi composto o véu do
Templo de Jerusalém, que atraiu a atenção das doze tribos de
Israel.

Por que o distinguiria assim?


Para que, por meio desse testemunho da nossa consideração,
possamos exemplificar ao mundo a nossa opinião sobre o seu
mérito e dar-lhe a oportunidade de mostrar a sua habilidade e
talento superiores, perante o mundo, para que receba as honras a
que tinha direito.

Origem Histórica:

Na União das duas Grandes Lojas inglesas, o Livro da Constituição


de 1815, especificava que as rosetas, forro e debrum dos aventais
deveriam ser “azul celeste”, colarinhos “azul claro” e “azul
jarreteira” para os Oficiais da Grande Loja e das Grandes Lojas
Provinciais. O estudioso Maçónico Inglês Bernard Jones sugere que,
“A Grande Loja

Inglesa, ao escolher as cores das suas roupas, foi guiada


principalmente pelas cores associadas às Noble Orders of the
Garter and the Bath (Jarreteira e Banho)”.
https://www.royal.uk/order-garter - Ordem da Jarreteira

http
s://www.britannica.com/biography/Ralph-Abercromby - Ordem do Banho

Na formação da Grande Loja do Canadá em 1855, foram adotadas


as roupas da Grande Loja Unida de Inglaterra: azul celeste para os
membros das Lojas e azul jarreteira com detalhes dourados para os
Oficiais da Grande Loja.
Na ciência da heráldica, “azure” é o termo usado para denotar a cor
azul, um emblema de fidelidade e verdade. A cor é representada
em emblemas heráldicos por linhas horizontais. O Maçom operativo
deve necessariamente “experimentar níveis e testar horizontais”
aplicando o seu “nível” à ferramenta de teste básica da sua antiga
Arte.

No seu útil estudo de Simbolismo, O Ashlar Perfeito (1963), o


Reverendo Irmão John T. Lawrence, admitiu que “A tentativa de
derivar ensinamentos éticos das roupas de um Maçom deve sempre
produzir resultados mais ou menos fantasiosos” relaciona numa

palestra com ironia que supostamente o azul ou azul claro “que


distinguia os irmãos ainda na linha de combate era a cor do céu
quando o sol ainda estava a seguir seu curso diário, o período de
indústria e trabalho. Mas o roxo ou o azul escuro era da cor do céu
quando o sol se retirou e o período de descanso se instalou”.

Noutra parte do mesmo estudo, discutindo títulos Maçónicos e


dignidades, Lawrence sugere, mais seriamente, que os trajes da
Grande Loja são de um tom mais escuro de azul, “visto que estes
irmãos em particular tiveram que trabalhar mais do que os seus
companheiros, cujo campo de trabalho estava confinado à sua Loja
em particular; era desejável que eles usassem algo de uma cor que
mostrasse menos as manchas do trabalho.”

Um velho ditado diz: “O verdadeiro azul nunca irá manchar” – uma


expressão que muitas vezes é citada para sugerir que “um coração

realmente nobre nunca se desgraçará“. Esta moral tem a sua


origem na prática comum de açougueiros, que usam aventais azuis
escuros e blusas porque não mostram as manchas de sangue,
inevitáveis na prática do seu ofício. Todos os Maçons se lembrarão
prontamente da garantia dada na conclusão da colocação do
Avental quando o Candidato é investido no Primeiro Grau:

“se nunca desonrar aquele distintivo, ele nunca o


desonrará“

Or. de Bauru, 20 de Fevereiro de 2023.


Ir. José Roberto Pascolatti – MM
ARLS – Fraternidade Acadêmica Cavaleiros de York Nº432
GOP - Grande Oriente Paulista
COMAB – Confedereção Maçônica do Brasil
CMI – Confederação Maçônica Internacional

Fontes:

A Constituiçao de Anderson – 1723


Webbs Freemasons Monitor
WeRaymond S. J. Daniels
Tradução de António Jorge
 The Architect, 2001
 https://www.freemason.pt/

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