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1
Renan Lucas Pacheco Ribeiro
Orientador:_________________________
Professor Maciel Donato, Doutor.
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
___________________________________
Professor Pedro Domingos Marques Prietto, Doutor.
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
___________________________________
Professora Aline Ferrão Custódio Passini, Doutor.
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
2
3
RESUMO
4
ABSTRACT
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
6
LISTA DE TABELAS
7
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Critérios ambientais e técnicos para seleção preliminar de área para implantação de
aterro sanitário. .................................................................................................................. 22
Quadro 2: Critérios de uso e ocupação do solo para seleção preliminar de área para
implantação de aterro sanitário. ......................................................................................... 23
Quadro 3: Critérios operacionais para seleção preliminar de área para implantação de aterro
sanitário.............................................................................................................................. 24
Quadro 4: Quadro de avaliação preliminar para seleção de áreas para implantação de aterro.35
Quadro 5: Quadro comparativo de critérios e pontuações referentes às 3 áreas analisadas..... 60
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10
1.1 Problema................................................................................................................... 10
1.2 Justificativa............................................................................................................... 11
1.3 Objetivos................................................................................................................... 12
1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 12
1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 12
2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 13
2.1 Revisão Bibliográfica ............................................................................................... 13
2.1.1 Resíduos Sólidos Urbanos .................................................................................... 13
2.1.2 Política Nacional de Resíduos Sólidos ................................................................. 15
2.2 Aterro Sanitário ........................................................................................................ 16
2.2.1 Estudos Preliminares ............................................................................................ 19
2.2.2 Seleção Preliminar de Área .................................................................................. 19
2.2.3 Análise de Custos ................................................................................................. 25
2.3 Métodologia.............................................................................................................. 26
2.3.1 Características do município ................................................................................ 26
2.3.2 Qualitativos da Geração de Resíduos ................................................................... 31
2.3.3 Quantitativos da Geração de Resíduos ................................................................. 31
2.3.4 Seleção da Área para Implantação de Aterro Sanitário........................................ 35
2.3.5 Análise da Viabilidade Econômica ...................................................................... 37
2.4 Resultados e Discussões ........................................................................................... 39
2.4.1 Área 1 ................................................................................................................... 39
2.4.2 Área 2 ................................................................................................................... 48
2.4.3 Área 3 ................................................................................................................... 53
2.5 Análise da Viabilidade Ambiental das Áreas ........................................................... 59
2.6 Análise da Viabilidade Econômica .......................................................................... 61
2.6.1 Investimentos........................................................................................................ 62
2.6.2 Custos Fixos ......................................................................................................... 63
2.6.3 Comparativos........................................................................................................ 64
3 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 67
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problema
10
1.2 Justificativa
1.3 Objetivos
12
2 DESENVOLVIMENTO
13
A Tabela 1 apresenta os tipos de destinação final dos resíduos sólidos no Brasil por
unidades de destino dos resíduos.
Já em 2009, a região Sul contribui com cerca de 11% da totalidade dos resíduos
sólidos coletados no país, com uma geração de 19.624 toneladas de resíduos sólidos coletados
por dia, uma média de geração de resíduo per capita de 0.859 kg/dia (ABRELPE, 2009).
Segundo o SEPLAG – Secretaria de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã – em
2000 o Rio Grande do Sul tinha uma geração diária de resíduos sólidos urbanos equivalente a
7.454 ton/dia. Deste montante, o município de Sarandi contribui com uma coleta de resíduos
sólidos urbanos, de cerca de 16 ton/dia, segundo a empresa Sucatas Muneron LTDA,
concessionária autorizada a fazer o recolhimento dos resíduos sólidos urbanos atualmente.
A Tabela 2 apresenta o destino dos resíduos sólidos no Estado do Rio Grande do Sul.
14
sanitários de pequeno porte aqueles com disposição diária de até vinte toneladas de resíduos
sólidos urbanos. Portanto a quantidade de resíduos sólidos urbanos coletados por dia no
município de Sarandi – RS se enquadra neste quesito.
Além do aspecto quantitativo, é de suma importância se conhecer os aspectos
qualitativos dos resíduos sólidos urbanos. O parâmetro que melhor expressa o fator qualitativo
dos resíduos sólidos urbanos é a composição gravimétrica.
As características quali-quantitativas dos resíduos sólidos podem variar em função de
vários aspectos, como os sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os
mesmos fatores que também diferenciam as comunidades entre si (CASTILHOS JÚNIOR et
al. 2003).
A Tabela 3 expressa a variação das composições dos resíduos sólidos em alguns
países, deduzindo-se que a participação da matéria orgânica tende a se reduzir nos países mais
desenvolvidos ou industrializados.
17
Figura 1: Municípios, segundo a destinação dos resíduos sólidos.
Fonte: PNSB (IBGE, 2008)
18
2.2.1 Estudos Preliminares
19
Existem diversas ferramentas que auxiliam a seleção de áreas para a implantação de
aterros sanitários, dentre elas: o uso da lógica fuzzy e análise multicritério; a utilização de
sistemas de informação geográfica (SIG); análises booleanas; softwares como o ArcGIS, etc.
Grande parte dos estudos de seleção preliminar de áreas para implantação de aterros
sanitários segue a cronologia descrita no Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos Urbanos (IBAM, 2005). Nele, a cronologia indicada segue os seguintes passos:
A análise inicial deve ser aquela que considera os condicionantes ambientais, já que a
disposição de resíduos sólidos urbanos é uma atividade potencialmente poluidora. Na
verdade, a análise de critérios ambientais no município é uma atividade que deveria ser
considerada como fundamental para a gestão municipal, não apenas para a gestão de resíduos
sólidos, mas para todas as atividades do município (PROSAB, 2003).
Neste tipo de análise, para cada critério serão atribuídos notas e pesos, já que a análise
para seleção de áreas deve considerar não apenas todos os critérios envolvidos, mas relacioná-
los e compará-los, e, nesse caso, considerar ainda o grau de importância de cada um diante do
uso da área para a disposição de resíduos sólidos.
Os critérios que se destacam nesta fase da análise são: distância de recursos hídricos;
áreas inundáveis; geologia – potencial hídrico; condutividade hidráulica do solo;
profundidade do lençol freático; fauna e flora local.
O Quadro 1 apresenta parte dos critérios ambientais para a seleção de área para
implantação de um aterro sanitário descritos no PROSAB (2003).
21
Quadro 1: Critérios ambientais e técnicos para seleção preliminar de área para implantação de
aterro sanitário.
Segue a mesma proposta de trabalho dos critérios ambientais. Os critérios que mais se
destacam nesta fase da análise são: distância de vias; legislação municipal; distância aos
centros urbanos.
O Quadro 2 apresenta um exemplo de ponderação de notas para análise de áreas para
implantação de aterro sanitário no que diz respeito a critérios de uso e ocupação do solo.
22
Quadro 2: Critérios de uso e ocupação do solo para seleção preliminar de área para
implantação de aterro sanitário.
,
Fonte: Adaptado de PROSAB (2003).
23
Quadro 3: Critérios operacionais para seleção preliminar de área para implantação de aterro
sanitário.
24
2.2.3 Análise de Custos
25
2.3 Métodologia
26
Os solos predominantes na região são: latossolos profundos bem adrenados, com alto
teor de argila e de coloração avermelhada e parte com latossolos escuros e rasos. A vegetação
da mesma é predominantemente de florestas araucárias e latifolheadas. O município, por sua
vez, conta com a maioria de sua área territorial com solo pertencente ao latossolo vermelho
alumino férrico e uma pequena porcentagem do território possui neossolo regolítico eutrófico
(Streck et al., 2008).
Atualmente existem duas Unidades de Conservação no município. São elas o Parque
Estadual de Rondinha e o Parque Municipal da Agrápia.
A hidrografia do município, propriamente dita, conta com os seguintes rios: Rio da
Várzea, Rio Bonito, Rio Turvo e Rio Caturetê.
O município de Sarandi - RS é pertencente à Bacia Hidrográfica do Passo Fundo –
Várzea. É importante ressaltar a minúscula parte do município que é pertencente a essa bacia
hidrográfica. A Figura 3 apresenta a posição do município em relação à Bacia Hidrográfica.
27
Figura 3:Posição da cidade de Sarandi – RS na Bacia Hidrográfica do Passo Fundo – Várzea
Fonte: adaptado de DRH – SEMA (2004).
Sua população estimada em 2010 era de 21285 habitantes, com uma densidade
demográfica de 60,23 hab/km² (IBGE, 2010). Ainda segundo o IBGE, houve uma
considerável queda na quantidade de residentes na cidade de Sarandi entre os anos de 1991 e
1996, em conseqüência à emancipação de municípios vizinhos cuja população era pertencente
ao município de Sarandi. Desde então o crescimento populacional é, em média, de uma ordem
de 1,2% ao ano.
28
A Tabela 4 contém os dados da evolução populacional do município de Sarandi – RS
nos últimos 20 anos.
Tabela 4: Dados de crescimento populacional do município de Sarandi – RS.
Ano Base População
1991 22.351
1996 17.754
2000 18.162
2007 20.415
2010 21.285
Fonte: IBGE (2010).
30
2.3.2 Qualitativos da Geração de Resíduos
32
2024 0,839
2025 0,847
2026 0,855
2027 0,863
2028 0,872
2029 0,880
2030 0,888
33
2026 6.895
2027 7.099
2028 7.317
2029 7.532
2030 7.752
Média de RSU gerado por dia = Média de geração anual nos 20 anos / dias de coleta
Média de RSU gerado por dia = (118.961 / 20) / (23 x 12)
Média de RSU gerado por dia = 21.55 ton
Quadro 4: Quadro de avaliação preliminar para seleção de áreas para implantação de aterro.
35
3000- 7000 m 3a6 Regular
< 3000 m 0a3 Ruim
>1000 metros 8 a 10 Excelente
500 – 1000 metros 6a8 Bom
Proximidade a cursos d'água 10
200 – 500 metros 3a6 Regular
<200 metros 0a3 Ruim
> 15000 metros 10 Excelente
2000 - 15000 metros 8a9 muito bom
1000 - 2000 metros 6a8 Bom
Distância de núcleos residenciais 10
500 - 1000 metros 4a6 Regular
250 - 500 metros 2a4 Ruim
100 - 250 metros 0a2 Péssimo
> 10 anos 8 a 10 Excelente
Vida útil da área 10 5 - 10 anos 4a8 Bom
Inferior a 5 anos 0a4 Regular
> 4x ada 8 a 10 Excelente
2 - 4x ada 6a8 Bom
Extensão da área 7
ada - 2x ada 3a6 Regular
< ada 0a3 Ruim
baixo investimrnto 7 a 10 Excelente
Investimentos em infraestrutura 7 investimento considerável 4a7 Regular
alto investimento 0a4 Ruim
argiloso 8 a 10 Excelente
Características do solo 6 argilo-siltoso 4a8 Regular
areno-siltoso 0a4 Ruim
campos 10 Excelente
lavoura 6a9 Bom
Uso do solo 6
sem cobertura 3a6 Regular
degradado 0a3 Ruim
muito distante 7 a 10 Excelente
Distância de núcleos de baixa renda 5 pouco distante 4a7 Regular
próximo 0a4 Ruim
Não existe 5 a 10 Excelente
Problemas com a comunidade local 5
existe 0a5 Ruim
Plana: < 3% 10 Excelente
Muito baixa: 3 - 10 % 7a9 Muito bom
Clinografia 4 Baixa: 10 - 20 % 5a7 Bom
Média: 20 - 30 % 3a5 Regular
Alta > 30 % 0a3 Ruim
Pouca 7 a 10 Excelente
Visibilidade da área 4 moderada 4a7 regular
Muita 0a4 Ruim
<100 metros 8 a 10 Excelente
100 - 500 metros 6a8 Bom
Distância das vias 3
500 - 1000 metros 3a6 Regular
>1000 metros 0a3 Ruim
Fácil acesso 5 a 10 Excelente
Acesso a veículos pesados 3
Difícil acesso 0a5 Ruim
material disponível na
Disponibilidade de material p/ cobertura 3 própria área ou nas Excelente
proximidades 5 a 10
36
Matérial de empréstimo
terá que ser trazido de
Ruim
áreas longínquas (não
disponível) 0a5
< 1000 m 7 a 10 Excelente
Distância ao centro de coleta 1 1000 - 3000 m 4a7 Regular
> 3000 m 0a4 Ruim
Acesso através de vias com baixa existe 5 a 10 Excelente
1
densidade de ocupação Não existe 0a5 Ruim
Fonte: adaptado de Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos e
PROSAB (2003).
Essa análise se dará em três áreas predefinidas. Após o detalhamento de cada critério
avaliado uma tabela comparativa entre as três áreas predefinidas será gerada. Através dessa
tabela comparativa, a avaliação de qual área é ambientalmente mais adequada para a
implantação de um aterro sanitário no município de Sarandi – RS ficará evidenciada pela
maior pontuação, através das notas ponderadas referentes a cada critério, dessa área em
relação às demais.
Possíveis áreas de posse do município foram priorizadas na escolha de áreas a serem
analisadas. A única área de posse municipal apta a receber este tipo de empreendimento é a
Área 1, analisada posteriormente. As outras duas áreas analisadas foram escolhidas
tendenciosamente no lado noroeste da cidade, tendo em vista a menor declividade dos
terrenos nesta parte do município. Além disso, foram considerados ainda fatores como,
localização das áreas em relação às principais áreas populacionais e distrito industrial,
distância das áreas em relação ao centro de coleta, etc.
37
vinte anos, vida útil estimada do aterro. O custo total do aterro se dará pelo somatório dos
investimentos iniciais para sua implantação e custos fixos de operação durante sua vida útil.
O valor presente líquido desse empreendimento compreende a diferença entre a
projeção de gastos em terceirização e o custo total do aterro, durante o mesmo período de
tempo, ou seja, o VPL positivo indica que o capital investido será recuperado, remunerado na
taxa de juros que mede o custo de capital do projeto, e gerará um ganho extra.
O retorno financeiro ou payback, se assim existir, é definido como a estimativa
temporal em que o empreendimento consegue, através da redução de custos operacionais,
render o superávit necessário para cobrir os custos de investimento do mesmo.
38
2.4 Resultados e Discussões
2.4.1 Área 1
2.4.1.1 Caracterização
A primeira área analisada está situada a uma latitude 27º56’37.64” sul e a uma
longitude 52º55’31.74” oeste, além de, no seu ponto mais alto, possuir uma altitude de 514
metros em relação ao nível do mar.
A Área 1 localiza-se a uma distância de 350 metros da BR 386 e a uma distância de
1370 metros, em linha reta, do centro da cidade. A Área 1 possui 23,2 ha de área territorial.
A Figura 5 demonstra a posição da área 1 em relação ao município de Sarandi – RS.
39
Figura 5:Localização da Área 1 em relação ao município de Sarandi – RS.
O primeiro aspecto positivo que se nota na Área 1 refere-se ao uso e ocupação do solo.
Em relação à cobertura vegetal, a Área 1 tem uso estritamente agrícola, com o solo coberto
por pastagem, portanto, não existe a presença de fauna e flora relevantes na área. Além disso,
a Área 1 não esta em território de qualquer Unidade de Conservação, o que segundo os
critério impostos pelas normas da ABNT (NBR 10.157), impossibilitaria o empreendimento.
As áreas aptas a receberem um empreendimento de destinação final de resíduos
sólidos, como é o caso de um aterro sanitário, tem de estar a uma distância mínima de 200
metros de corpos hídricos relevantes, tais como, rios, lagos, e oceano. Além disso, conforme
descrito no Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (IBAM, 2005)
40
é necessário uma distância mínima de 50 metros da área selecionada para com qualquer vala
de drenagem pertencente ao sistema de drenagem municipal.
O corpo hídrico relevante mais próximo à Área 1 é um trecho do Rio Caturetê, que
fica a uma distância de 746 metros da mesma. Este trecho recebe efluentes municipais
oriundos de uma vala de drenagem municipal que passa a uma distância mínima da Área 1 de
69 metros.
A Figura 6 mostra a localização tanto do trecho do Rio Caturetê, quanto da vala de
drenagem municipal mais próxima à área pré-selecionada com o objetivo de receber um aterro
sanitário.
41
Para efeito comparativo entre as áreas predefinidas para a implantação de aterro
sanitário, a vida útil do aterro será a mesma para os três casos, correspondendo a 20 anos,
tendo em vista que as três áreas têm espaço físico suficiente, segundo os cálculos realizados
anteriormente, para suportar o aterro de resíduos provenientes do município durante este
tempo.
O acesso ao terreno é extremamente vantajoso. A BR 386 encontra-se a
aproximadamente 350 metros do centro geométrico do terreno. A pavimentação da BR 386
está em um estado excelente de conservação. Além disso, existe uma estrada vicinal que
também pode ser um acesso interessante ao terreno. Esta tem o aspecto de estrada de chão, ou
seja, não pavimentada com massa asfáltica, localizada a 270 metros do centro geométrico do
terreno. Estes fatores facilitam o acesso de veículos pesados ao aterro.
Como a Área 1 tem um espaço físico que supera com sobras a demanda de terreno
para a implantação do aterro, a disponibilidade de material de cobertura é vasta, o que torna o
custo para a operação menor, levando em conta a necessidade da cobertura diária do resíduo,
sem a necessidade de grandes deslocamentos afim de obter este material.
A profundidade do lençol freático em relação à superfície do local é verificada através
da análise de dois poços freáticos localizados próximos à área escolhida para a implantação
do aterro sanitário.
O primeiro localizado no depósito de máquinas pesadas da empresa Samaq, localizado
à aproximadamente 300 metros do centro da Área 1. O nível do lençol freático verificado no
Poço 1 é de 5,5 metros de profundidade.
O segundo poço freático é de posse do município de fica localizado à
aproximadamente 880 metros do centro da Área 1. O nível do lençol freático verificado no
Poço 2 é de 4,2 metros de profundidade.
Levando em conta a maior proximidade da Área 1 com o primeiro poço e a diferença
mínima de cota entre os dois pontos, o nível de profundidade do lençol freático estimado é de
5 metros para a Área 1.
A Figura 7 apresenta a localização dos dois poços freáticos verificados em relação à
Área 1.
42
Figura 7: Localização dos poços artesianos próximos à Área 1.
43
Outro aspecto relevante em uma seleção de área para implantação de aterro sanitário é
a extensão da bacia de drenagem, o que neste caso é um ponto equivalente em todas as áreas
analisadas, pois a bacia de drenagem de águas pluviais é a mesma para todos os casos devido
à proximidade entre elas. Mas para efeito de análise, a extensão da bacia de drenagem é
relativamente pequena, em torno de 8000 km², o que é vantajoso partindo do princípio que o
volume de água da chuva que infiltra no solo e entra em contato com o resíduo aterrado,
aumentando o volume de lixiviado a ser tratado posteriormente, é diretamente proporcional à
grandeza da extensão da bacia de drenagem.
44
Figura 8: Possíveis pontos de acesso à Área 1 até o centro geométrico de coleta
45
Normalmente, um dos impactos orçamentários mais significativos na implantação de
um aterro sanitário é o custo de aquisição do terreno. E é justamente neste aspecto que a Área
1 tem seu ponto positivo mais interessante financeiramente falando.
Isto acontece porque a Área 1 é de patrimônio da Prefeitura Municipal de Sarandi,
portanto, sendo o empreendimento de ordem municipal, não há custo para aquisição do
terreno.
Percebe-se pelo levantamento planialtimétrico da Área 1 que o relevo do terreno é
moderadamente suave, o que minimiza alguns problemas geotécnicos como a erosão do solo,
por exemplo, além da redução de futuros gastos operacionais com a manutenção e limpeza do
sistema de drenagem e seus componentes. Sendo a clinografia de 18 % considerada baixa, ou
seja, entre 10 e 19,9%, facilita também em termos de preservação do solo. Percebe-se também
pela declividade do terreno uma parcela de cerca de 4% da área com declividade maior do que
30%, o que é considerado Área de Preservação Permanente, mas isso não inviabiliza o
projeto.
A Figura 9 apresenta o levantamento topográfico da Área 1.
46
O ponto negativo da Área 1 economicamente falando fica por conta de que nela não há
qualquer tipo de infra-estrutura existente, seja ela de caráter municipal, como é o caso de
redes de abastecimento de energia e telefone, ou particular, como estrutura física para
escritórios, portões, pavimentação, etc.
Portanto, toda a infra-estrutura necessária para a implantação e operação do aterro
sanitário terá que ser construída ou adquirida, o que, certamente, causará um impacto
orçamentário significativo.
Por conta da proximidade do terreno da Área 1 a um núcleo populacional, uma
solução cabível seria a realocação desse núcleo indo ao encontro das necessidades da
sociedade em se ter um aterro sanitário municipal. Com a retirada desses moradores, não só a
legislação em vigor seria atendida como um problema social seria resolvido, sabendo-se que
esse núcleo populacional é composto por uma comunidade de baixa renda que, ao residirem
neste local, não encontram as condições de infra-estrutura e saneamento básico que
necessitam.
Porém, para que isso possa acontecer, é necessário que a Prefeitura Municipal de
Sarandi promova a desapropriação do local, o que custaria muito dinheiro.
Devido ao fato de que o acesso a Área 1 deve ser feito através da BR 386, vale
ressaltar que o para o acesso à mesma, os veículos transportadores do resíduo coletado não
deverão passar por áreas com alta densidade de ocupação. Isso é desejável do ponto de vista
político-social, pois o tráfego de veículos transportando “lixo” trata-se de um transtorno para
os moradores, salvo a coleta, que é inevitável.
Outro ponto interessante é a inexistência de problemas com a comunidade local. Na
realidade a inexistência de problemas com a comunidade local não deveria ser um ponto
positivo, mas sim uma situação normal. Porém, na conjuntura em que vivemos, é desejável
que, em uma área selecionada para a implantação de um aterro sanitário, não se tenha tido
nenhum tipo de problema com a comunidade, tendo em vista que uma indisposição com o
poder público pode gerar reações de oposição à instalação do aterro.
O núcleo populacional que se situa mais próximo à Área 1 abriga cerca de 200
famílias de baixa renda, segundo dados da Prefeitura Municipal de Sarandi.
47
Este dado é preocupante do ponto de vista de que a atividade de destinação final de
resíduos sólidos urbanos nesta área, particularmente, possa acarretar um problema social,
atraindo pessoas que sobrevivem de atividades de coleta de lixo e que porventura residam
neste núcleo populacional próximo, por exemplo.
2.4.2 Área 2
2.4.2.1 Caracterização
A segunda área analisada está situada a uma latitude 27°56'25.98" sul e a uma
longitude 52°56'42.69" oeste, além de, no seu ponto mais alto, possuir uma altitude de 520
metros em relação ao nível do mar.
A Área 2 está localiza-se às margens da BR 386 e a uma distância de,
aproximadamente, 2080 metros, em linha reta, do centro da cidade. Além disso, a Área 2
possui 2,3 ha de área territorial.
A Figura 10 apresenta a posição da Área 2 em relação ao município de Sarandi – RS.
48
Figura 10:Localização da Área 2 em relação ao município de Sarandi – RS
49
O curso d’água relevante mais próximo à Área 2 é um trecho do Rio Caturetê, assim
como anteriormente foi evidenciado na Área 1. A distância deste trecho do Rio Caturetê para
a Área 2 é de aproximadamente 1470 metros. As valas de drenagem municipal mais próximas
à Área 2 situam-se a aproximadamente 860 metros de distância. Por conta da Área 2 ser mais
distante de corpos hídricos do que a área anteriormente analisada, neste aspecto a Área 2
ganha uma vantagem na análise ambiental bastante considerável.
A Figura 11 apresenta a posição da Área em relação aos corpos hídricos relevantes.
50
Dentro dos limites territoriais da Área 2, juntamente com a infra-estrutura presente,
existe um poço freático, além de um poço artesiano usado para o abastecimento de água da
antiga unidade. Isto facilitou a verificação da profundidade do lençol freático em relação à
superfície do local. A profundidade do lençol freático verificada no poço freático presente no
local foi de 9,5 metros.
Essa profundidade do lençol freático verificada na Área 2 é razoavelmente maior do
que a profundidade do lençol freático estimada na Área 1, o que torna a Área 2 mais atrativa,
ambientalmente falando, para a implantação de um aterro sanitário, tendo em vista a maior
dificuldade de contaminação de águas subterrâneas por lixiviados caso ocorra algum
problema na fase de operação.
A extensão da bacia de drenagem de águas pluviais é a mesma bacia de drenagem da
área analisada anteriormente, portanto, neste ponto, não há vantagem ou desvantagem sequer
no momento comparativo entre as áreas.
Como anteriormente operava-se no local um frigorífico, a via de acesso para o local já
é adaptada à circulação de veículos, tanto leves, como motocicletas e automóveis, quanto
pesados, como caminhões de carga, etc.
A disponibilidade de material de cobertura deve ser considerada um ponto de
desvantagem em relação à Área 2. Como a demanda territorial para a operação do aterro é
quase equivalente à área total do local analisado, o empréstimo do material de cobertura
deverá ser feito a partir de outra localidade. Esse procedimento poderá, eventualmente, causar
transtornos e gastos indesejáveis na aquisição do material e no transporte.
52
O custo estimado da Área 2 para a compra é de 70 mil reais.
2.4.3 Área 3
2.4.3.1 Caracterização
A terceira área analisada está situada a uma latitude 27°56'32.62" sul e a uma
longitude 52°55'58.04" oeste, além de, no seu ponto mais alto, possuir uma altitude de 530
metros em relação ao nível do mar.
A Área 3 está localiza-se a aproximadamente 190 metros das margens da BR 386 e a
uma distância de, aproximadamente, 3270 metros, em linha reta, do centro da cidade. Além
disso, a Área 3 possui, aproximadamente, 4,1 ha de área territorial.
A Figura 13 apresenta a posição da Área 3 em relação ao município de Sarandi – RS.
53
Figura 13: Localização da Área 3 em relação ao município de Sarandi – RS.
Diferentemente das duas áreas anteriormente analisadas, onde não existe qualquer tipo
de cultura em progresso, a Área 3 tem por característica o uso de solo agrícola, tendo como
cultura atual a soja. Isto se torna uma situação intermediária entre as duas situações, partindo
do princípio que, em condições normais, a ocupação de solo com função de pastagem é uma
situação considerada de melhor cenário para a implantação de um aterro sanitário. A Área 3
não se encontra dentro dos limites territoriais de qualquer Unidade de Conservação.
O corpo hídrico que se encontra mais próximo à Área 3 é um açude pertencente a uma
propriedade rural vizinha e dista aproximadamente 430 metros da área em questão.
54
O núcleo populacional urbano relevante mais próximo à Área 3, ou seja, que abrigue
pelo menos 200 habitantes, é o Bairro Esperança, na periferia do município de Sarandi. Este
está a aproximadamente 1830 metros, em linha reta, da potencial área para implantação de
aterro sanitário.
A vida útil do aterro, assim como nas duas áreas analisadas anteriormente, será de, no
mínimo, vinte anos. O potencial de prolongamento da vida útil do aterro também é um fator
importante em relação às demais áreas analisadas já que, a oferta de extensão territorial da
Área 3 é um dado bastante interessante em relação à demanda territorial para a disposição dos
resíduos sólidos, estando em vantagem, nesse sentido, em relação à Área 2 e em desvantagem
em relação à Área 1.
A distância da Área 3 para com o Aeroporto Municipal é um pouco maior do que as
áreas anteriormente analisadas. Este fator não faz a diferença, neste caso, por motivos
explicados anteriormente.
Pelo fato de as três áreas analisadas serem próximas, novamente a extensão da bacia
de drenagem é considerada, segundo as cartas do exército, para efeito de análise, a mesma.
A disponibilidade do material de cobertura é verificada, neste caso, na relação entre
área necessária e área disponível para a implantação do aterro sanitário. A Área 3 possui uma
oferta quatro vezes maior do que a demanda. Este é outro aspecto que conta a favor desta área
analisada.
Um problema em relação aos aspectos técnicos visível, porém de resolução
razoavelmente simples, neste caso, é a situação precária da estrada vicinal que interliga a Área
3 à BR 386. Apesar de o trecho ser curto, aproximadamente 200 metros, a estrada não tem
pavimentação e é estreita, o que dificulta o acesso de veículos maiores e mais pesados que são
imprescindíveis nas fases, tanto de implantação, quanto, principalmente, de operação do
aterro sanitário.
Mas o maior problema, para efeito de seleção preliminar de área para a implantação de
aterro sanitário, é a impossibilidade do conhecimento preciso da profundidade do nível do
lençol freático sem que se façam estudos de sondagens. Este fato se nota pela inexistência de
poços freáticos próximos ao local.
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2.4.3.3 Critérios Econômico-Financeiros
56
Como a Área 3 tem, em sua totalidade, uma cultura agrícola produtiva, ela não dispõe
de qualquer infra-estrutura básica e necessária para a implantação de um aterro sanitário. A
implementação da infra-estrutura encarece sensivelmente os custos de implantação.
Assim como acontece com a segunda área analisada, a Área 3 não é de propriedade do
município de Sarandi – RS, portanto o mesmo teria que adquiri-lo. Provavelmente, este gasto
seria o maior problema, considerando a fertilidade e valor do solo do norte gaúcho, além da
considerável extensão de área analisada.
O custo estimado da Área 3 é de 85 mil reais.
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Figura 15: Núcleo populacional de baixa renda mais próximo às três áreas pré-selecionadas.
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É importante ressaltar que, ainda que a seleção preliminar da área para implantação do
aterro sanitário seja feita, ainda há uma série de análises, estudos e tomada de decisões a
serem realizadas. Trata-se da compra ou desapropriação do imóvel, se esse for o caso,
levantamentos topográficos, pelo menos quatro furos de sondagens, com a intenção de se
conhecer as características geológicas e geotécnicas do terreno natural.
A análise comparativa entre as três áreas pré-selecionadas como potencias áreas para a
implantação de aterro sanitário do município de Sarandi – RS encontra-se no Quadro 5.
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Distância de núcleos de baixa renda metros 5 500 2 Ruim 1300 8 Bom 1830 10 Excelente
Problemas com a comunidade local sim / não 5 não 10 Excelente não 10 Excelente não 10 Excelente
Clinografia porcentagem 4 15 7 Bom 16 6 Bom Indeterminado 0 Péssimo
Visibilidade da área intensidade 4 muita 0 Péssimo moderada 5 Regular pouca 9 Excelente
Distância das vias metros 3 350 8 Bom 30 9 Excelente 190 8 Bom
Acesso de veículos pesados facilidade 3 fácil 8 Bom fácil 10 Excelente moderado 5 Ruim
Material de cobertura disponibilidade 3 muita 10 Excelente pouca 5 Ruim muita 8 Bom
Distância ao centro de coleta metros 1 2503 7 Bom 2710 6 Bom 4200 4 Ruim
Vias de acesso com baixa ocupação existência 1 sim 9 Excelente sim 9 Excelente sim 9 Excelente
PONTUAÇÃO FINAL - - - 81,0 - - 93,4 - - 71,4 -
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A Área 2 foi a área com a maior pontuação entre as três áreas analisadas. Isso reflete a
maior aptidão ambiental da Área 2 em receber um empreendimento de disposição final de
resíduos sólidos, como é o caso de um aterro sanitário. Este fato se deve principalmente
devido as características ambientais favoráveis tais como a profundidade do lençol freático e a
distância de cursos d’água.
O grande problema referente à Área 1 é a proximidade da mesma a corpos hídricos e a
núcleos populacionais. O primeiro aspecto acaba por inviabilizar a implantação de um aterro
sanitário no local devido aos riscos de contaminação de águas superficiais caso ocorra algum
problema na operação do aterro. O segundo aspecto aumenta a rejeição popular à implantação
do aterro sanitário o que causa um problema político-social indesejável.
A Área 3 é a área menos indicada para a implantação de um aterro sanitário no
município de Sarandi – RS. Isto ocorre devido às dificuldades de obtenção de parâmetros
imprescindíveis à análise da viabilidade ambiental da implantação deste tipo de
empreendimento, tais como a profundidade do lençol freático e a declividade do terreno. A
única alternativa para que o empreendimento possa ser realizado nesta área seria a
desapropriação da mesma, o que acaba sendo arriscado pelo fato de que não se tem a certeza
desses parâmetros, logo, se a aquisição da área fosse feita e os critérios ambientais não fossem
satisfatórios o município gastaria uma quantia considerável de recursos financeiros e o
empreendimento não poderia ser realizado.
2.6.1 Investimentos
62
Portanto, o investimento inicial necessário à implantação de um aterro sanitário na
Área 2 seria de cerca de 543.495,00 reais.
Vale ressaltar que os custos de projeto para implantação do aterro sanitário não foram
incluídos nos investimentos iniciais pelo fato de a Prefeitura Municipal de Sarandi – RS ter
contrato vigente de assessoria com um escritório especializado em Engenharia Ambiental.
Normalmente, esses custos ficariam em torno de 5% da totalidade de gastos em
investimentos.
Tabela 10: Projeção dos custos fixos para o aterro sanitário municipal de Sarandi – RS.
Produto/Serviço Quantidade Custo mensal Custo anual Total - 20 anos
Energia Elétrica - R$ 500,00 R$ 6000,00 R$ 120.000,00
Abastecimento água - R$ 400,00 R$ 4800,00 R$ 96.000,00
Funcionários 3 R$ 1.635,00 R$ 21.251,00 R$ 425.100,00
Supervisor 1 R$ 1.090,00 R$ 14.170,00 R$ 283.400,00
Coleta - R$ 30.000,00 R$ 360.000,00 R$ 7.200.000,00
Monitoramento água subterrânea 2/ano R$ 66,70 R$ 800,00 R$ 16.000,00
Combustível maquinário 4h/dia R$ 2.080,00 R$ 24.960,00 R$ 499.200,00
Telefone - R$ 60,00 R$ 720,00 R$ 14.400,00
Manutenção de Equipamentos - R$ 208,34 R$ 2.500,00 R$ 50.000,00
Gastos Inesperados - R$ 200,00 R$ 2400,00 R$ 48.000,00
R$ 36.240,04 R$ 437.605,00 R$ 8.752.100,00
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Os valores utilizados para a estimativa de custo de energia elétrica, abastecimento de
água e serviços de telefonia são compatíveis com escritório comum acrescido da estimativa de
gastos dos recursos de energia e água oriundos da estação de tratamento de efluentes.
Os valores de salários, tanto de funcionários da frente de trabalho, quanto de um
supervisor são compatíveis com os valores do mercado atual. O décimo terceiro salário
também é computado no custo anual de cada um deles.
O preço da coleta dos resíduos foi orçado pela empresa Sucatas Muneron LTDA,
concessionária que realiza a coleta dos resíduos sólidos urbanos do município atualmente.
Portanto, para a operação do aterro sanitário durante vinte anos, seriam gastos,
aproximadamente, 8.752.100,00 reais.
2.6.3 Comparativos
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3 CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Decreto Lei 12.305, de 2 de ago de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos. Diário Oficial da União, Brasília- DF, 2 ago de 2010. Disponível
em:lei/l12305.htm.> Acesso: 17.10.11.
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Reichert, G. A. 1999. Gerenciamento integrado de resíduos sólidos, uma proposta
inovadora. Ciência e Ambiente, nº 18. Editora UFSM.
RODRIGUES, L. F.; CAVINATTO, V. M. Lixo: de onde vem? Para onde vai?. São Paulo:
Moderna, 1997 (Coleção Desafios).
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