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Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia de Materiais e Construção
Curso de Especialização em Construção Civil

“APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL”

Autora: Patrícia Maria Ribeiro Lacôrte

Orientador: Prof. Ayrton Vianna Costa

Janeiro / 2013
Patrícia Maria Ribeiro Lacôrte

“APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL"

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em

Construção Civil da Escola de Engenharia UFMG

Ênfase: Reciclagem dos Resíduos da Construção Civil

Orientador: Prof. Ayrton Vianna Costa

Belo Horizonte

Escola de Engenharia da UFMG

2013
A minha família, amigos e professores pelo apoio,

incentivo e dedicação.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, bem como a meus amigos pelo apoio e compreensão devido
ao pouco tempo que tive durante o período do curso para estar com eles.

A todos que me incentivaram a retomar o interesse pelos estudos e voltar a atuar na


minha profissão como engenheira, pois atualmente sou professora.

Agradeço aos meus colegas de classe pela paciência nos trabalhos em grupo, pois
somos de gerações diferentes. Senti muito carinho e respeito por todos.

Agradeço aos professores da UFMG do Curso de Especialização em Construção Civil


pela dedicação e incentivo. Aprendi com muitos dos professores até mesmo formas
novas de conduta e planejamento, não só para as áreas da engenharia, mas também
para a vida.

Agradeço a Deus por ter tido esta oportunidade, por ter melhorado minha auto-estima e
ter me sentido tão feliz em poder aprender e recordar em um ano coisas que não
assimilei em seis anos de graduação, talvez por falta de maturidade.

Agradeço ao Universo por poder, daqui para frente, estar trilhando novos caminhos, por
estar crescendo profissionalmente e melhorando como seu humano, ampliando meus
conhecimentos e podendo contribuir de alguma forma para a sociedade e a saúde de
nosso planeta.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Classificação de Resíduos ......................................................... 11


FIGURA 2 – Lay out de Posto de Entrega ...................................................... 15
FIGURA 3 – Passo a passo para Elaboração do PGRCC .............................. 43
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Variação do Volume e do Tipo de Resíduo em Função das


Etapas da obra ............................................................................. 13
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


ATT - Área de Triagem e Transbordo
CAD – Concreto de Alto Desempenho
CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CST – Companhia Siderúrgica de Tubarão
CTRS – Central de Tratamento de Resíduos
ERE – Estação de Reciclagem de Entulho
EVA – Espuma Vinílica Acetinada
FUNDEMA – Fundação Municipal do Meio Ambiente
IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
MBT – Master Builder Technologies
NBR – Norma Brasileira Registrada
OEC – Organization for Economic Cooperation and Development
PGRCC – Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
PIB – Produto Interno Bruto
RCC - Resíduos da Construção Civil
RCD – Resíduos de Construção e Demolição
RILEM – Réunion International dês Laboratoires d*Essais ET Matériaux.
RSCD – Resíduos Sólidos da Construção e Demolição
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SINDUSCON MG – Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais
SLU – Secretaria de Limpeza Urbana
RESUMO

Este trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Construção Civil


representa o resultado da pesquisa elaborada com foco nos resíduos sólidos
gerados em canteiros de obras e em áreas externas pela exploração e
beneficiamente de recursos minerais. Procurou-se pesquisar a classificação e
aproveitamento dos resíduos mais utilizados na construção civil e as pesquisas
mais recentes voltadas para a reciclagem, reaproveitamento e reutilização dos
diversos materiais usados para construções, bem como as normas que regem os
diversos processos de reaproveitamento.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10

2. OBJETIVO ....................................................................................................... 11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 12


3.1 Caracterização dos Resíduos da Construção Civil ................................. 13
3.1.1 Segundo Norma NBR 10004 de 2004 ........................................................ 13
3.1.2 Segundo Resolução 307 do CONAMA ....................................................... 13
3.1.3 Segundo critério de avaliação de resíduos para uso na Construção Civil
OEC – Organization for Economic Cooperation and Development ........... 14
3.1.4 Segundo sua Origem ................................................................................. 15
3.2 Termos mais usados nos processos de reciclagem e acondicionamento
na Construção Civil ................................................................................... 17
3.3 Reciclagem de Resíduos para a Construção Civil ................................... 18
3.3.1 Geração dos resíduos sólidos de obra por classe ...................................... 18
3.3.1.1 Resíduos Classe A .................................................................................. 18
3.3.1.2 Resíduos Classe B .................................................................................. 20
3.3.1.3 Resíduos Classe C ................................................................................. 26
3.3.1.4 Resíduos Classe D ................................................................................. 27
3.3.2 Classificação dos resíduos sólidos de captação externa ........................... 31
3.3.3 Características dos tipos de resíduos mais usados atualmente como
materiais de construção civil ..................................................................... 31
3.4 Trabalhos Relacionados ao Gerenciamento de Resíduos da Construção
e Demolição ................................................................................................ 41
3.4.1 Pesquisas do Centro Mineiro de Referências em resíduos ....................... 41
3.4.2 Construção sustentável – Estudo CEFET – Resíduos da Siderurgia CST . 41
3.4.3 Projeto Pioneiro Joinville –SC .................................................................... 42
3.4.4 Aproveitamento de entulhos de obras ....................................................... 42
3.5 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC .. 43
3.5.1 Características ........................................................................................... 43
3.5.2 Passo a passo para a elaboração do PGRCC – Plano de Gerenciamento
de resíduos da Construção Civil ................................................................ 43

4 CONCLUSÃO .................................................................................................. 49

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 50

ANEXOS .............................................................................................................. 51
1 INTRODUÇÃO

A preocupação com o Meio Ambiente e os impactos sofridos pelo planeta, devido


ao crescimento populacional, à ocupação acelerada de centros urbanos, às
novas tecnologias e industrialização, provocaram uma tomada de consciência
generalizada dos seres humanos, que buscam soluções sustentáveis para
amenizar estes impactos e garantir nossa sobrevivência bem como a qualidade
de vida de gerações futuras.

O Setor da Construção Civil é o maior consumidor dos Recursos Naturais.


Quando construímos e urbanizamos cidades, estamos explorando e utilizando
recursos naturais, como jazidas minerais que alteram a capacidade das florestas
em produzir oxigênio, a qualidade das águas dos rios e o clima, que são
fundamentais para a sobrevivência humana.

A capacidade do ser humano de produzir bens e explorar recursos minerais é


muito maior do que a capacidade do meio ambiente de se recuperar. Portanto, o
meio ambiente e o desenvolvimento sustentável tornaram-se questões vitais.

Estudos demonstram que 40% a 70% da massa dos resíduos urbanos são
gerados em canteiros de obras, conforme observado por alguns pesquisadores
como Hendriks (2000) e Pinto (1999). Pode-se dizer que 50% dos entulhos são
dispostos irregularmente na maioria dos centros urbanos brasileiros.

O Setor de Construção Civil também possui o maior potencial de consumo de


resíduos provenientes de outras indústrias, como cinzas volantes, escórias de
alto-forno, sílica ativa (na produção de cimentos, concretos e argamassas); papel
reciclado na produção de gesso acartonado; pneus; bagaço de cana e diversos
outros materiais que serão pesquisados neste trabalho.

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2 OBJETIVO

Como o setor de Construção Civil está diretamente ligado ao Meio Ambiente,


procuramos relacionar ao longo deste trabalho algumas medidas que vêm sendo
tomadas por empresários e órgãos competentes, visando minimizar o consumo
de recursos naturais, maximizar a reutilização dos mesmos e proteger o Meio
Ambiente.

O objetivo desta monografia, portanto, é apresentar, através de pesquisas e


trabalhos, o estado atual da arte, os mais atuais possíveis, dos resíduos sólidos
que atualmente são aproveitados na Construção Civil, provenientes das mais
variadas fontes industriais e minerais, bem como do próprio canteiro de obras. A
classificação e características destes resíduos, como eles são aproveitados e
alguns dos projetos e programas existentes para destinação destes resíduos e a
regulamentação vigente.

Serão apresentadas algumas formas de reaproveitamento e utilização destes


resíduos, com base nos projetos mais recentes de:

. Reciclagem : aproveitamento cíclico da matéria-prima de fácil purificação.


. Recuperação : Extração de algumas substâncias dos resíduos.
. Reutilização: quando o reaproveitamento é direto, sob a forma de um produto.

Serão elaborados uma análise e conclusão sobre o avanço dos trabalhos de


reaproveitamento de resíduos na Construção Civil visando o desenvolvimento
Sustentável.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Caracterização dos Resíduos da Construção Civil


3.1.1 Segundo Norma NBR 10004 de 2004
3.1.2 Segundo Resolução 307 do CONAMA
3.1.3 Segundo critério de avaliação de resíduos para uso na Construção Civil
OEC – Organization for Economic Cooperation and Development
3.1.4 Segundo sua Origem

3.2 Termos mais usados nos processos de reciclagem e acondicionamento


na Construção Civil

3.3 Reciclagem de Resíduos para a Construção Civil


3.3.1 Geração dos resíduos sólidos de obra por classe
3.3.2 Classificação dos resíduos sólidos de captação externa
3.3.3 Características dos tipos de resíduos mais usados atualmente como materiais de
construção civil

3.4 Trabalhos Relacionados ao Gerenciamento de Resíduos da Construção


e Demolição

3.4.1 Pesquisas do Centro Mineiro de Referências em resíduos


3.4.2 Construção sustentável – Estudo CEFET – Resíduos da Siderurgia CST
3.4.3 Projeto Pioneiro Joinville –SC
3.4.4 Aproveitamento de entulhos de obras

3.5 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC

3.5.1 Características
3.5.2 Plano a passo para a elaboração do PGRCC – Plano de Gerenciamento de
decíduos da Construção Civil

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3.1 Caracterização dos Resíduos da Construção Civil

3.1.1 Segundo Norma NBR 10004 de 2004

Esta norma classifica os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde pública. Segundo a norma, entende-se por Resíduos Sólidos,
os resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividade da
comunidade de origem: Industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola,
serviços e varrição. Também os classificam como:

. Resíduos Classe I – perigosos;


. Resíduos Classe IIA– não inertes;
. Resíduos Classe IIB– inertes.

Fig. 1 – Classificação de resíduos

3.1.2 Segundo Resolução 307 do CONAMA

Os resíduos sólidos provenientes de canteiros de construção se dividem em


minerais, madeira, metais, vidros, papéis, gesso, plásticos e outros.
Conforme Resolução 307 do Conama, de 05/07/2002, artigo terceiro, os RSCC
são caracterizados em quatro classes:

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. CLASSE A – São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais
como de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação. Exemplos:
cacos de cerâmica, tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, concreto,
argamassa,entre outros.

. CLASSE B – São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:


plástico, madeira, papel, papelão, metais, vidro e outros.

. CLASSE C – São os resíduos em que não foram desenvolvidas tecnologias ou


aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem, ou
recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso.

. CLASSE D – São resíduos perigosos, oriundos do processo de construção, tais


como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.

3.1.3 Segundo critério de avaliação de resíduos para uso na Construção


Civil - OEC – Organization for Economic Cooperation and Development

Estes resíduos têm a seguinte classificação:

Resíduos Classe 1:
Materiais com potencial de aplicação máxima.
Possuem as melhores propriedades tanto na sua ocorrência natural, na forma
processada ou combinada, ou quando já registrado um desempenho satisfatório.
Ex.: escória de alto-forno, resíduo de demolição, cinza volante.

Resíduos Classe 2:
Materiais que requerem um processamento mais extenso e/ou quando suas
propriedades não são tão adequadas quanto às da classe 1.
Ex.: pneus e borracha, resíduos de ardósia.

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Resíduos Classe 3:
Materiais que se mostrem menos promissores do que os das classes 1 e 2,
recomendados somente para casos isolados. Ex.: areia de fundição, resinas.

Resíduos Classe 4:
Materiais que se mostram muito pouco promissores como materiais para
Construção Civil. Ex: alguns resíduos radiativos.

3.1.4 Segundo sua origem

Resíduos Industriais:
Que são os gerados em um processo produtivo e geralmente têm geração
concentrada, sendo mais fácil sua recuperação. Ex.: escórias, cinzas volantes.

Resíduos Pós-Consumo:
Que são resultantes do consumo de um bem e são gerados de forma difusa no
ambiente. Geralmente são misturados aos resíduos municipais. Necessitam de
sistema de coleta seletiva. Ex.: latas de alumínio, papelão, entre outros.

Tabela 1
Variação do volume e do tipo de resíduo em
função das etapas da obra

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3.2 Termos mais Usados nos Processos de Reciclagem e
acondicionamento na Construção Civil

Fig. 2 – Layout de Porto de Entrega.

Área de Triagem e Transbordo (ATT): estabelecimento privado ou público


destinado ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos
gerados e coletados por agentes privados, usado para triagem dos resíduos
recebidos, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada.

. Armazenamento de resíduos: estocagem temporária de resíduos, em local


autorizado pelo órgão de controle ambiental, à espera de reciclagem,
recuperação, tratamento ou disposição final adequada. Deve atender às
condições básicas de segurança.

. Aterro de resíduos da construção civil e de resíduos inertes: local onde são


empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil classe A,
conforme classificação da Resolução CONAMA nº 307 de 05 de julho de 2002, e
resíduos inertes no solo, visando e estocagem de materiais segregados, de forma
a possibilitar o uso futuro dos materiais e/ou futura utilização da área, conforme
princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar
danos à saúde pública e ao meio ambiente.

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. Agregados reciclados: Material granular proveniente de beneficiamento de
Resíduo da Construção Civil de natureza mineral (concreto, argamassa, produtos
cerâmicos e outros), designado como classe A, que apresenta características
técnicas adequadas para aplicação em obras de edificação ou infraestrutura
conforme especificações da norma brasileira NBR 15.116/2004 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

. Bica corrida: Material resultante da britagem de resíduos classe A sem


separação prévia dos tipos de materiais. Em sua constituição podem-se encontrar
resíduos de concreto, cerâmica vermelha, pedra, argamassas e terra, com
granulometrias diversas. Sua principal aplicação é para confecção de base e sub-
base de vias e reaterro de valas de infra-estrutura educativas visando reduzir a
geração de resíduos e possibilitar a sua segregação.

. Rachão: Material com dimensão máxima característica inferior a 150mm, isento de


impurezas, proveniente da reciclagem de concretos e blocos de concreto da construção
civil. O uso é recomendado em obras de pavimentação, drenagens, terraplenagem etc.

. Beneficiamento: Operação que permite a requalificação dos resíduos da


construção civil, por meio de sua reutilização, reciclagem, valorização energética
e tratamento para outras aplicações.

3.3 Reciclagem dos Resíduos para a Construção Civil

3.3.1 Geração dos resíduos sólidos de obra por classe

3.3.1.1 Resíduos Classe A

Os resíduos classe A são gerados principalmente na fase de vedações e


acabamento. Esse fato é, em grande parte, devido a deficiências no planejamento da
execução destas etapas. Na tentativa de minimizar a distância entre projeto e
execução, foram desenvolvidos métodos de racionalização construtiva.

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Na alvenaria estrutural e de vedação, a simples utilização do conceito de
modulação ou paginação pode reduzir significativamente o desperdício, assim
como a geração de resíduos, levando-se em conta o uso de meios blocos e
espessura adequada da argamassa de assentamento. Portanto, com o objetivo
de minimizar a geração dos resíduos classe A, é necessário planejar
cuidadosamente a execução da alvenaria desde a fase dos projetos de
arquitetura, estrutura(s) e instalações prediais, até o projeto de produção da
própria alvenaria.

Estes podem ser transformados em matéria-prima secundária, na forma de


agregados reciclados, que se corretamente processados (beneficiamento +
transformação), podem ser aplicados como diferentes insumos em obras civis,
tais como:

� pavimentação de estacionamentos e vias;


� base e sub-base de pavimentação;
� recuperação de áreas degradadas;
� obras de drenagem e de contenção;
� produção de componentes pré-fabricados.

A - Produtos de cerâmica vermelha, produtos à base de cimento Portland


I. Características
Segundo a resolução CONAMA N° 307/2002, os blocos cerâmicos e de concreto
são classificados como classe A, ou seja, podem ser reutilizados ou reciclados
como agregados.

Com o objetivo de facilitar o recebimento do entulho de obras em suas usinas de


reciclagem, a Superintendência de Limpeza Urbana - SLU/ PBH desenvolveu
uma classificação própria para os resíduos classe A da Resolução CONAMA 307.
A classificação desenvolvida pela SLU é a seguir descrita.

a) Produtos à base de cimento Portland: resíduo composto à base de concreto e


argamassa sem impurezas, tais como gesso, terra, metais, papel, vidro, plástico,

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madeira madura, matéria orgânica. Destinam-se, após beneficiamento, à
preparação de argamassa e concreto não estrutural.

b) Produtos à base de argila (cerâmica vermelha): resíduo de composição à base


de produtos cerâmicos, em que se admite a presença de concreto e argamassa,
sem a presença de impurezas. Destinam-se à base e sub-base de pavimentação,
drenos, camadas drenantes, rip-rap e como material de preenchimento de valas.

3.3.1.2 Resíduos Classe B

A - Madeira
A.I) Características
Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas em usos
temporários, como: fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos. De forma
definitiva, é utilizada nas estruturas de cobertura, nas esquadrias (portas e
janelas), nos forros e pisos.

Os resíduos de madeira podem apresentar dois tipos básicos de contaminação:


por metais (pregos, arame e outros) ou por argamassa/ concreto/ produtos
químicos. O tipo de contaminação é o que determina a destinação deste resíduo.
Madeiras resinadas ou tratadas pelo autoclave, podem ser co-processadas por
algumas cimenteiras, desde que se respeite a legislação pertinente.

A.II) Segregação/Coleta seletiva


Cuidados preliminares: Na fase de execução das fôrmas e na aquisição da
madeira devem ser observados os seguintes cuidados, visando minimizar a
geração de resíduos:

a) elaborar um plano ou projeto de fôrma que vise a reutilização máxima do


material, o mínimo de cortes em função das dimensões das peças e o
aproveitamento das sobras em outros locais da obra;
b) planejar a montagem e desmontagem das formas de tal modo que a desforma
seja feita sem danificar as peças, utilizando-se menos pregos e mais encaixes;

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c) garantir que a madeira adquirida seja de boa qualidade a fim de suportar os
esforços a que será submetida, tanto na montagem quanto na desmontagem da
forma, adquirindo as peças de empresas que possam comprovar a origem da
mesma, seja através de certificação legal ou de um plano de manejo aprovado
pelo IBAMA, com a apresentação de nota fiscal e documentos de transporte –
IBAMA. Para que a madeira seja co-processada em fornos (fábrica de cimento),
há necessidade de rastreamento legal.

Finalmente, deve-se considerar a possibilidade de se encomendar as fôrmas a


empresas especializadas, caso isto seja economicamente viável e que tais
empresas se responsabilizem em receber o material usado de volta. É verdade
que numa primeira análise, estaria se transferindo o problema de resíduos para
terceiros. Ocorre, entretanto, que a possibilidade de reaproveitamento da madeira
pela empresa especializada em outras obras de clientes seus é muito maior que
na obra de onde se originou, resultando num saldo positivo no processo de
gestão de resíduos. Outro aspecto a considerar é a utilização de escoramento
metálico, de vida útil longa.

Segregação: Os resíduos de madeira, no momento de sua geração, deverão ser


separados de outros resíduos que possam contaminá-los.

A madeira que contém apenas pregos deve ser separada da madeira


contaminada com argamassa ou produtos químicos. Recomenda-se a retirada
dos metais presentes na madeira para facilitar a sua destinação, tendo em vista
que pregos e outros metais são considerados contaminantes para o processo de
reciclagem da madeira.

A.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos


Além dos cuidados mencionados anteriormente, as peças de madeira devem ser
utilizadas estritamente de acordo com o plano ou projeto antes citados. Deve-se
verificar a possibilidade da reutilização das peças mesmo que tenham sido
danificadas na desforma, ou por outro motivo qualquer, recortando-as
adequadamente de modo a utilizá-las em outros locais, ou seja, utilizar uma

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mesma peça mais de uma vez, dando-lhe uma sobrevida, o que significa
economia de dinheiro e matéria-prima.

Além disso, deve-se reutilizar, o máximo possível, componentes e embalagens de


madeira dos diversos produtos que chegam na obra, procurando recuperá-los.

Deve-se, ainda, evitar que a madeira usada nas fôrmas seja tratada com produtos
químicos e que se evite o emprego desnecessário de pregos, para facilitar a
desforma ou sua reciclagem.

As peças a serem reutilizadas deverão ser empilhadas o mais próximo possível


dos locais de reaproveitamento. Caso o aproveitamento das peças não for feito
próximo ao local de geração, elas deverão ser estocadas em pilhas devidamente
sinalizadas nos pavimentos inferiores, preferencialmente no térreo ou subsolo.

As peças de madeira devem ser utilizadas de acordo com o projeto e, na falta


deste, de forma a evitar perdas com cortes desnecessários.

Deve-se verificar a possibilidade do reuso das peças, ou seja, utilizar uma mesma
peça mais de uma vez, dando-lhe uma sobrevida, o que significa economia de
dinheiro e matéria-prima.

Para o acondicionamento temporário desses resíduos, devem ser usados


tambores devidamente identificados na cor preta conforme resolução Nº 275 do
CONAMA e com furos no fundo, dispostos nos pavimentos da obra. Após atingir
a sua capacidade máxima, os tambores são transportados horizontalmente em
carrinhos e, verticalmente, em pranchas ou guinchos até o térreo onde serão
depositados em caçambas, especialmente destinadas para recebê-los.

B – Metais
B.I) Características: Os metais utilizados na construção civil apresentam uma
variedade muito grande de tipos, tanto quanto ao seu componente metálico
básico (ferro, alumínio, cobre, chumbo, estanho, antimônio, dentre outros) como

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pelas diversas ligas que deles são fabricadas (aço carbono, aço cromo níquel,
aço inoxidável, bronze, duralumínio, latão etc.). Então, o seu valor como resíduo
para venda e a sua reutilização na obra dependerão do material de que é
constituído e do seu acabamento superficial, tais como, barras de aço lisas,
nervuradas, tubos de aço galvanizado, eletrodutos de ferro, brocas, pregos,
eletrodos, soldas chapas pretas ou de aço inoxidável, perfis, tubos e chapas de
cobre e alumínio anodizados, acessórios cromados de cozinhas e banheiros, por
exemplo. Assim, ao se adquirir um dado tipo de material, solicitar as
especificações técnicas do fabricante que contemple, ao máximo, suas
características, de modo a permitir sua reciclagem ou venda mais conveniente.
Em vista desta grande variedade, no Quadro 7 constam somente os metais mais
significativos em termos de volume e valor.

B.II) Segregação / Coleta seletiva


- Planejar o uso racional dos metais a fim de reduzir a geração dos resíduos.
No caso dos vergalhões de aço, adquiri-los nas medidas definidas no projeto
estrutural de firmas especializadas. Caso contrário, selecionar e coletar as sobras
em locais apropriados no canteiro.

- Aproveitar todas as alternativas possíveis para a recuperação dos metais,


selecionando-os por tipos, bitolas, acabamento, onde for apropriado, pois o valor
econômico da sucata é habitualmente suficiente para viabilizar o seu valor
reciclado. Especial atenção deverá ser dada aos fios e cabos elétricos.

B.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos


� Sobras de vergalhões – Usá-las como esperas, estribos e outras peças de
comprimento reduzido.
� Pregos – Recolhê-los na desforma e avaliar a possibilidade de desentortá-los
para reutilização.
� Fios e cabos elétricos – Usar as sobras em emendas e ligações de
comprimento reduzido.
� Outros metais – Usá-los onde apropriado.

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Os resíduos metálicos (sucatas) podem ser enviados para as diversas empresas,
cooperativas e associações que os comercializam ou reciclam. A seguir
apresentamos algumas empresas que recebem este resíduo na Região
Metropolitana de Belo Horizonte e que o encaminham para reciclagem, sendo
que foram contemplados os metais com geração mais significativa, ou seja, aço,
ferro e alumínio.

C - Papelão e sacarias
C.I) Características
Os resíduos compostos de sacarias e papelão gerados na obra podem ser
divididos em:
- sacarias em geral e papelão contaminados (sacos de cimentos, argamassa etc.);
- papel e papelão não contaminados (embalagens).

As embalagens contaminadas ainda não possuem uma tecnologia de reciclagem


em grande escala. Por isso, devem ser encaminhadas para aterros específicos ou
para tratamentos térmicos de destruição (co-processamento).

Aquelas sem contaminação por argamassa e cimento, produtos químicos, terra


ou quaisquer outros materiais podem ser encaminhadas para as diversas
associações e empresas que trabalham com a reciclagem desses resíduos.

C.II) Segregação / Coleta seletiva


Visando a correta destinação destes resíduos, devem ser segregados, no momento
da geração, as sacarias contaminadas e o papel e papelão limpos. Podem ser
disponibilizados, próximos aos locais de geração, tambores ou bombonas
devidamente identificados na cor azul (papel – papelão), vermelho(plástico) ou cinza
(contaminados), conforme resolução Nº 275 do CONAMA.

C.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos


Para possibilitar a reciclagem do papel e papelão não contaminados deve-se
protegê-los das intempéries. Os sacos de cimento, após umedecidos, poderão
ser usados na vedação de frestas das formas de lajes e pés de pilares.

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D – Plástico
D.I) Características
Dentre os resíduos de plástico não contaminados e gerados na construção civil
podemos citar os seguintes:
- plástico filme usado para embalar insumos;
- aparas de tubulações.
Esses resíduos, quando isentos de contaminação por resíduos perigosos, podem
ser encaminhados para as diversas associações e empresas de reciclagem.

D.II) Segregação / Coleta seletiva


O plástico deve ser segregado no momento de sua geração, em tambores ou
bombonas sinalizadas e distribuídas na obra.
Obs.: O plástico contaminado deverá seguir as mesmas orientações do item anterior.

D.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos


A reutilização e reciclagem do papel e papelão não contaminados na obra são em
princípio inviáveis, pois não se identifica uma utilização na obra que justifique tais
procedimentos. Entretanto, fora da obra e por empresas interessadas, só serão
viáveis desde que os resíduos sejam segregados e protegidos das intempéries e
devidamente armazenados.

E - Vidro
E.I) Características
A construção civil utiliza principalmente os vidros planos, fabricados em chapas.
Um outro tipo de vidro plano, utilizado em menor escala pelo mercado da
construção civil são os vidros translúcidos, chamado impresso ou fantasia.

E.II) Segregação/Coleta seletiva


O habitual é que os construtores/consumidores contratem uma empresa
fornecedora, e que estas, além do fornecimento, façam a instalação. Compete a
esta contratada elaborar um plano de corte da chapa de vidro, a fim de se obter o
maior aproveitamento e consequentemente reduzir resíduos.

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E.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos
Pode-se, no caso de pequenas quebras, identificar esquadrias com espaço para
instalação de vidro menor e ajustá-lo para o reaproveitamento nestes pontos. O
contratante preferencialmente deverá incluir no contrato ou pedido que o
fornecedor deverá realizar a coleta seletiva e se incumbirá pela correta
destinação. Esta sugestão se deve ao fato de que os fornecedores, em função de
acúmulos de resíduos de mesma natureza, terão maior volume e
consequentemente terão maior viabilidade de destinação adequada.

3.3.1.3 Resíduos Classe C

A – Gesso
A.I) Características
Os resíduos de gesso são classificados pela resolução CONAMA 307 como
classe C, ou seja, “são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/ recuperação”.

Os resíduos de gesso têm três origens:


- chapas de gesso Drywall;
- da aplicação do gesso em revestimento interno – gesso lento;
- sobras de placas pré-moldadas, sancas e molduras.

Cuidados preliminares
Algumas medidas relativas ao armazenamento e ao manuseio do gesso podem
ser tomadas para minimizar a geração do resíduo, além dos sacos serem
estocados em local seco, sobre paletes de madeira:

- no caso da chapa de gesso Drywall, a perda ocorrida deve-se ao corte que pode
ser reduzido modulando-se dimensionalmente a obra. Com a definição clara do
pé direito (altura da parede ) e/ou da modulação do forro. O produto tem esta
característica econômica por tratar-se de um sistema construtivo;
- o gesso para revestimento deve ser preparado de acordo com a necessidade de
utilização, levando em consideração a área a ser trabalhada e a capacidade de
26
aplicação em função do tempo disponível. Grande parte da perda do gesso de
revestimento é devida à alta velocidade de endurecimento do gesso associada à
aplicação manual por meio de mão-de-obra de baixa qualificação. Esta perda
pode ser reduzida com o treinamento da mão-de-obra, além de que há no
mercado produtos diferenciados na qualidade que geram menos resíduos por
terem o tempo final de trabalho com menor velocidade de endurecimento;
- na confecção das placas de gesso, sancas e / ou molduras, o produto deve ser
preparado de acordo com a necessidade de utilização, levando em consideração o
tipo de forma / molde a ser trabalhado em função do tempo disponível.

A.II) Segregação
A presença de gesso em agregados reciclados pode causar problemas de tempo
de pega e expansibilidade dos produtos à base de cimento. Portanto, os resíduos
classe A (CONAMA 307) não devem ser contaminados por esse resíduo. Tal fato
torna imprescindível a segregação adequada do gesso.

A.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos


No momento de aplicação do gesso de revestimento, deve-se preocupar com o
volume de massa a ser produzido para minimizar a perda que por ventura
ocorrer. Utilizando o produto adequado, as perdas tendem a reduzir.
Ocorrendo queda da massa de gesso no chão, este não deve ser reaplicado na
parede pelo fato de possível contaminação, mesmo que o chão esteja protegido,
vindo a prejudicar a qualidade do revestimento que está sendo realizado. Neste caso,
o resíduo gerado pode ser utilizado para o primeiro preenchimento da alvenaria a ser
revestida ou destinada ao co-processamento em indústrias de cimento.

O produto está em estudo de viabilização para retornar ao processo produtivo por


meio da reutilização na fabricação de cimento e correção.

3.3.1.4 Resíduos Classe D

Segundo a Resolução CONAMA Nº 307/2002, os resíduos classe D são “resíduos


perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos
e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas ou reparos
27
de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros”. A seguir são
apresentados alguns cuidados para a gestão desses tipos de resíduos de
geração mais significativa na obra, tais como amianto, produtos químicos e
impermeabilizantes, tinta, vernizes, solventes, óleos e graxas.

A - Amianto
A.I) Características
Em 2004 a Resolução CONAMA Nº 348 modificou a Resolução CONAMA Nº
307/2002 e passou a classificar os resíduos de amianto como classe D, ou seja,
perigosos. Este resíduo deve, portanto, ser destinado adequadamente, assim
como os outros resíduos perigosos (classe I – NBR 10.004/2004).

A.II) Segregação/Coleta seletiva


A segregação deverá ocorrer imediatamente após a geração do resíduo, para que
este resíduo não contamine nenhum outro.
A.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos
No caso de telhas deve-se programar a remoção de forma a evitar quebras,
possibilitando assim seu reuso, medida que pode também ser repetida para
outros materiais em amianto.

B - Produtos químicos e impermeabilizantes


B.I) Características
Os resíduos de produtos químicos e impermeabilizantes (restos de material e
embalagens) são classificados como resíduos perigosos pela NBR 10.004/ 200,
devido às substâncias tóxicas presentes em sua composição.

B.II) Segregação/Coleta seletiva


Cuidados requeridos
- Realizar todas as operações com esses tipos de resíduos sob a supervisão do
responsável pela segurança do trabalho da obra.
- Manejar com cuidado os materiais que originam resíduos potencialmente perigosos.
- Separar e armazenar esses resíduos em recipientes seguros ou em zona reservada,
para que permaneçam fechados quando não estiverem sendo utilizados.

28
- Etiquetar os recipientes nas zonas de armazenagem mantendo-os perfeitamente
fechados para impedir perdas ou fugas por evaporação.
- Prestar especial atenção nas operações de manejo e retirada dos recipientes,
pois estes poderão conter produtos facilmente inflamáveis. Portanto, deve-se
manejá-los em ambientes isentos de calor excessivo.
- Utilizar todo o conteúdo das embalagens para reduzir a quantidade das mesmas.
- Armazenar tintas e vernizes em locais adequados, visando sua reutilização.
- Guardar em local fechado combustíveis e produtos químicos mais perigosos.
- Evitar que todas as ações descritas sejam executadas próximas de corpos
d’água ou zonas de drenagem.
- Manusear o produto com os cuidados indicados pelo seu fabricante na ficha de
segurança da embalagem.

B.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos


Uma adequada segregação no canteiro pelas empresas autorizadas e aptas gera
materiais que podem ser co-processados por grupos cimenteiros que
providenciam o eco-processamento destes resíduos, desde que os produtos
façam parte da legislação pertinente.

C -Tinta, vernizes, solventes, óleos e graxas


C.I) Características
Os resíduos de tintas, vernizes e solventes (restos de material e embalagens) são
classificados como resíduos perigosos pela NBR 10.004/200, devido às
substâncias tóxicas presentes em sua composição.

C.II) Segregação/Coleta seletiva


Cuidados requeridos
- Realizar todas as operações com esses tipos de resíduos sob a supervisão do
responsável pela segurança do trabalho da obra.
- Manejar com cuidado materiais que originam resíduos potencialmente perigosos.
- Separar e armazenar estes resíduos em recipientes seguros ou em zona reservada,
para que permaneçam fechados quando não estiverem sendo utilizados.
- Etiquetar os recipientes nas zonas de armazenagem e mantê-los perfeitamente

29
fechados para impedir perdas ou fugas por evaporação.
- Prestar especial atenção nas operações de manejo e retirada dos recipientes,
pois estes poderão conter produtos facilmente inflamáveis.

Portanto, deve-se manejá-los em ambientes isentos de calor excessivo - Utilizar


todo o conteúdo das embalagens para reduzir a quantidade das mesmas.
- Armazenar tintas e vernizes em locais adequados, visando sua reutilização.
- Guardar em local fechado combustíveis e produtos químicos mais perigosos.
- Evitar que todas as ações descritas sejam executadas próximas de corpos
d’água ou zonas de drenagem.
- Manusear o produto com os cuidados indicados pelo seu fabricante na ficha de
segurança da embalagem.

C.III) Reutilização e reciclagem dos resíduos


Uma adequada segregação no canteiro pelas empresas autorizadas e aptas gera
materiais que podem ser co-processados por grupos cimenteiros que providenciam o
eco-processamento destes resíduos, desde que os produtos façam parte da
legislação pertinente.

3.3.2 Classificação dos Resíduos de Captação Externa na Construção Civil

De acordo com o critério de avaliação de resíduos para uso na Construção Civil


OEC – Organization for Economic Cooperation and Development - RILEM –
Réunion International dês Laboratoires d*Essais ET Matériaux. Os resíduos são
aproveitados se:

a) a quantidade disponível em um local for grande para justificar o desenvolvimento


da reciclagem:
b) as distâncias de transporte envolvidas forem competitivas.
c) o material não foram potecialmente nocivo durante a construção ou posteriormente
à incorporação na estrutura.

30
3.3.3 Características dos tipos de resíduos mais usados atualmente como
materiais de construção civil

A) ESCÓRIA DE ALTO FORNO


É o subprotudo da produção do ferro gusa num alto-forno. É obtida pela reação,
em elevadas temperaturas, do minério de ferro, fundentes e cinzas de carvão
vegetal ou coque (carvão mineral).
Características:
. Algumas escórias apresentam propriedades pozolânicas (aglomerantes).

Utilização:
. Cimentos (Portland de Alto Forno), concretos e argamassas que apresentam:
- boa durabilidade:
- alta resistência a meios sulfatados:
- menor calor de hidratação:
- Maior ganho de resistência mecânica a longo prazo.
. Fabricação dos cimentos CPII e CPIII (Brasil). (Variando de 35 a 70% de escórias).

B) ESCÓRIA DE ACIARIA
São resíduos siderúrgicos da fabricação do aço. Normalmente apresentam
características expansivas.
As matérias primas utilizadas são:
. gusa, sucata (aço e ferro fundido), minério de ferro, cal ou calcáreo, fluorita
(CaF2), oxigênio.

Utilização:
Pode ser usada na produção de cimento, comjo substituto parcial do Clínquer
Portland.
Usa-se também a escória como base para pavimentos e como agregados em
concreto asfáltico através de diferentes formas de estbilização e com diferentes
granulometrias, para empregos em leito sub-leito inferior e estradas (asfaltos
misturados a quente).

31
C) ESCÓRIAS DE COBRE
São resíduos da fabricação do cobre metálico. O minério extraído contém de 1 a
2% de cobre.
Após a extração, britagem e moagem, o minério passa por células de flotação
que separam a parte rica em cobre (cerca de 30%).

Utilização
. Em estaleiros: abrasivo para jateamento de chapas metálicas:
. Agregado miúdo em concretos, argamassas, pré-misturado a frio, base para
pavimentação e colchão drenante, artefatos de concreto.
. Argamassa, cuja resistência à compressão é 25% maior que a argamassa com
areia normal.
. Concretos : aumentando a densidade do concreto.
. Base e sub-base: exsudação da água nos ensaios de compactação CBR
satisfatório (74%).
. Colchão drenante de pavimentos: apresentando bons resultados de permeabilidade.

. Como adição em concretos(moída):


- aumento de 12% na massa específica do concreto,
- aumento de até 30% da resistência à tração axial,
- aumento de até 17% da resistência à tração diametral,
- aumento de até 18% da resistência à tração na flexão,
- redução da absorção do concreto,
- redução da profundidade de carbonatação do concreto,
- aumento da resistência ao ataque de sulfatos.
. No geral houve a melhoria de resistência e durabilidade.

. Como agregado miúdo em concretos:


- Teor de substituição de areia, melhor resultado 40%,
- aumento abatimento devido à forma granulometria, textura e massa específica
da escória,
- aumento de 10% na massa específica do concreto,
- aumento de 31%d da resistência à compressão axial para 40%,

32
- aumento de 27% da resistência à tração na flexão para 50%,
- aumento de absorção para teor de 50%.

D) RESÍDUOS DE MATERIAIS POZOLÂNICOS


Nome originado das cinzas vulcânicas, transformadas em tufas zeolíticas,
encontradas no pé do Monte Vesúvio, em Pozzuoli.Termo “pozolanas”.
São materiais silicosos ou silicoaluminosos que, por si só, possuem pouca ou
nenhuma atividade aglomerante, mas, quando finalmente moídos e na presença
de água, reagem com o Ca(OH)2 à temperatura ambiente, formando compostos
com propriedades aglomerantes (NBR d12653).

Classificação:
a) Classe N – Pozolanas naturais e artificiais que obedeçam aos requisitos
aplicáveis nesta norma, como certos materiais vulcânicos de caráter petrográfico
ácido, cherts silicoso, terras diatomáceas e argilas calcinadas.
b) Classe C – Cinzas volantes produzidas pela queima de carvão mineral em
usinas termoelétricas.
c) Classe E – Qualquer pozolana cujos requisitos diferem das classes anteriores.

Utilização:
Devido à capacidade de reagir e se combinar com o hidróxido de cálcio formando
compostos aglomerantes, tais como, silicatos e aluminatos de cálcios hidratados,
as pozolas são normalmente utilizadas de duas formas: como substituição parcial
do coimento ou como adição, em teores variáveis, em relação à massa ou volume
do cimento conforme SILVEIRA (1996) apud SANTOS (2006).

D.1) Pozolanas Artificiais:


a) Cinzas volantes
São pequenas partículas específicos simples coletadas por sistemas antipó das
usinas de energia que queimam carvão.
São materiais sílico-aluminosos, sílico-cálcicos ou sulfo-cálcico. Variam de acordo
com as impurezas contidas na queima do carvão na usina de energia.

33
b) Cinzas de casca de arroz
Estudos têm sido feitos para o beneficiamento da cinza de casca de arroz no sul
do país, onde a produção é grande e os resíduos devem ser utilizados.
A cinza, previamente moída, é beneficiada e usada na produção de cimento tipo
pozolânico ou composto.
É usada também na obtenção de isolantes térmicos , na produção de cerâmica e
como agregado às argamassas utilizada para obtenção de tabelas de pré-moldados.

c) Sílica ativa
É o subproduto da produção do silício metálico, ou das ligas de ferro-silício e de
outras ligas de silício, produzidos em fornos de arco elétrico. Partículas esféricas
muito usada em CAD – concreto de alto desempenho.

d) Argilas calcinadas
São materiais de solo mineral, beneficiados em laboratório, através da queima da
argila retirada se obtém um agregado sintético (artificial). Utilizado na produção
de tijolo como argila cerâmica e também como argila expandida em pavimentos
rodoviários, bem como na indústria de elementos pré-moldados de concreto
armado e pretendido.

e) Metacauli
Originado da calcinação do refeito do beneficiamento do caulim.
Subproduto silicoaluminoso proveniente da calcinação de argilas cauliníticas.
Características:
Cimentos, concretos e argamassa com PZ apresentam:
. Melhoria da trabalhabilidade,
. Boa durabilidade,
. Alta resistência a meios sulfatados,
. Redução do calor de hidratação e fissuração,
. Ganho de resistência mecânica a longo prazo.
. Resistência à fissuração por reação álcalis-agregados.

34
Utilização:
. Em cimentos, concretos e argamassas,
. Fabricação dos cimentos CPII e CPIV (Brasil)

E) RESÍDUOS DE EVA (Termoplásticos)


E.1) Concreto Leve de EVA
Seus teores de substituição dos agregados(volume) são de: 60, 70, 80 e 100%.
Principais características:
. Concreto com baixa massa específica,
. Melhor trabalhabilidade,
. Elevada absorção de água no concreto – 17 a 58%,
. Aumento da ductilidade do concreto.

E.2) Agregado Leve de EVA


São obtidos agregados leves para concretos, através de retalhos de placas
triturados em moinho de facas.
Principais características:
. Elevada absorção de água,
. Elevada elasticidade.

Utilização:
Buscou-se usar o EVA como agregado, que compõe um concreto leve para
melhorar a resistência/peso na construção de edifícios altos e melhorar o
isolamento térmico e/ou acústico de edificações, sem aumentar a espessura do
concreto (Santiago, 2008).

F) RESÍDUOS DE ARDÓSIA
As ardósias são rochas metamórficas de granulação fina a muito fina. As argilas,
ao se consolidarem, passam a argilitos e folhelhos e esses, por metamorfismo, a
ardósias e filitos, e com metamorfismo intenso, a xistos e gnaisses:
Principais características:
. Possuem baixa porosidade e alta resistência mecânica,
. São altamente duráveis.

35
Utilização:
Cerca de 25% a 30% do bloco é transformado em pó.
O pó oriundo da exgtração da rocha de ardósia pode ser utilizado na fabricação
de peças cerâmicas.
Misturada ao polipropileno, forma polímeros (resinas termoplásticas).

G) RESÍDUOS DE MINÉRIO DE FERRO


G.1) Resíduos solúveis
As atividades de mineração causam um impacto ambiental considerável, com
resíduos solúveis, ou particulares que ficam em suspensão como lama e poeira.

Além da poluição por lama, muitas minerações provocam poluição de natureza


química, por efluentes que se dissolvem na água usada no tratamento do minério
ou na água que passa pela área de mineração. Estes ontaminantes solúveis
podem ser reagentes usados no tratamento e beneficiamento do minério ou
podem ser originados pela própria rocha minerada.

Utilização:
. Piso intertravado de concreto, contendo rejeitos de minério de ferro e sílica
(PAVIECO), pavimento ecológico.
. Blocos para calçamento de ruas, formados com a mistura de cimento.

G.2) Rejeito de Sinter-feed


São rejeitos Classe II (inertes), oriundos das atividades mineradoras de ferro, que
são depositados nos arredores de minerações, formando verdadeiras pilhas.
O descarte deste rejeito, de maneira produtiva, pelas indústrias mineradoras,
significa grande relação custo;benefício, bem como a contribuição para o
desenvolvimento sustentável da construção civil.

Utilização:
Pode ser utilizado como agregado, na produção de concreto para a fabricação de
elementos pré-fabricados destinados à pavimentação.

36
Foram efetuados ensaios físicos como o de resistência à compressão, simples de
argamassa utilizando este rejeito.

Pode ainda ser usado na confecção de peças de pré-moldados para pisos


intertravados. Os resultados dos testes, de acordo como a normalização
brasileira, forma satisfatórios.

H) BLOCOS DE ALVENARIA ESTRUTURAL


São blocos estruturais de concreto feitos com agregados graúdos reciclados, com
resistência mais elevada e baixo consumo de cimento. Podem ser:
. Resíduos de vigotas pré-moldadas,
. Resíduos de bloco de concreto.
. Aglomerante usado: CP-V-ARI-PLUS
. Aditivo Plastificante: Rh e o mix 610 da MBT (Master Builder Technologies)
. Produto viável técnica e economicamente. Custos inferiores aos dos blocos
convencionais.

I) RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS PELAS AREIAS DE FUNDIÇÃO


AGLOMERADAS COM ARGILA
São matrizes de cimento portland, melhoradas através da adição de sílica ativa,
passando a desempenhar papel de agregado a composição de argamassa
superficial, aumentando a resistência à compressão.

O projeto de tijolos maciços foi concebido, inicialmente, para ser utilizado na


execução de alvenaria não portantes de vedação em um sistema construtivo
sustentável de moradias de interesse social em desenvolvimento pelo Laboratório
de Construção Civil do Departamento de Arquitetura e Urbanização da Escola de
Engenharia de São Carlos USP.

O formato de tijolos obtidos com design diferenciado, proporciona a modulação e


encaixe que podem reduzir significativamente o consumo de argamassa de
assentamento.

Houve resultados satisfatórios nos ensaios de resistência à compressão,


absorção de água e solubilização.
37
O resíduo sólido industrial tratado através das técnicas de solidificação/ estabilização
em matrizes de cimento Portland, seguem especificação brasileiras referentes.

J) RESÍDUOS DE MARMORARIAS NA PRODUÇÃO DE CONCRETO


No contexto da indústria de rochas ornamentais há uma grande produção de
resíduos sólidos, com grande potencial de reciclagem na produção de materiais
de construção.

Estudos realizados de três marmorarias da cidade de Goiânia com mármore e


granito como material alternativo, visando minimizar o impacto ambiental,
indicaram a viabilidade técnica da substituição parcial do cimento pelo resíduo na
produção do concreto.

Dentro do processo de utilização para o beneficiamento de rochas, ocorre a


produção de resíduos nas seguintes etapas produtivas:

. Resíduos da extração do bloco,


. Resíduos da serragem para enquadrar os blocos nas dimensões,
. Resíduos da serragem dos bloco para transformar em chapas ornamentais.
. Resíduos da serragem e polimento das chapas para fabricação de peças
ornamentais (beneficiamento).

Foi demonstrada, através de ensaios, a viabilidade técnica da substituição parcial


do cimento pelo resíduo de beneficiamento de mármore e granito RBMG, na
produção de concreto, na proporção de 50%.

K) POLÍMEROS RECICLADOS
A abundância de material plástico contribui para pesquisas de aplicação de
termoplásticos na construção civil, em elementos estruturas constituídos de
madeira, aço e concreto.

Utilizado em produtos, principalmente na Europa e Estados Unidos, como


passarelas, dormentes, marinas, etc.

38
Alguns tipos de polímeros reciclados podem ser aplicados como elementos
estruturais, desde que sejam estudadas possíveis formas de diminuir sua
deformabilidade como o uso de seções transversais vazadas de maiores
dimensões externas, incorporação de nervuras, blendas poliméricas ou adição de
cargas minerais e de fibras de elevado módulo de elasticidade e resistência.

Existem obras com vigas e pilares de concreto ou aço com GFRP (polímeros
reforçados com fibra de vidro) e polietileno, Pontes como:
. sobre o rio Hudson, em New York, com vão de 9m e largura de a3,35m
.sobre o rio Mullica, New Jersey, com vão de 14m e largura de 3,50m.

São aplicados ainda:


. Plástico na produção de dormentes para ferrovias,
. Fabricação de vigas de seção I e pilares de plástico.
. Compósito polimérico para elementos com madeira, como dormentes, meio-fio de
estacionamentos, estacas em marinas, degraus de piscina, mourões, dentre outros.

L) PRODUTOS DERIVADOS DA RECICLAGEM DE PNEUS INSERVÍVEIS.


Estes produtos são a borracha (em variadas granulometrias) e fibras de nylon,
obtidos por meio do processo de trituração mecânica.

As partículas de borracha são submetidas a um prévio estudo granulométrico


para obter melhor capacidade, a seguir aglomerados com cimento Portland, água
e aditivo superplastificantes para produção de placas tipo drywall.

A partir destes materiais, podem ser produzidos diferentes compósitos por meio
da sua associação com aglomerantes poliméricos e cimentícios. As fibras de
nylon são aglomeradas com resina poliuretana derivada do óleo de mamona,
constituindo placas para revestimentos de pisos e forros de edificações.

Existem ainda, sugestões para a realização de estudos para a verificação do


desempenho à abrasão, característica importante para a utilização deste novo
material no revestimento de superfícies como pisos e paredes de edifícios.

39
M) RESÍDUO DE BAGAÇO DE CANA
Usado na produção de painéis similares (de partículas longas e orientadas de
bagaço de cana-de-açúcar), utilizado em diversos segmentos da construção civil.
São acrescentadas resinas adesivas poliuretanas à base de óleo de mamona e
cascomel.

É possível recomendar para os painéis produzidos neste trabalho, as mesmas


aplicações usualmente adotadas para as chapas de fibra orientadas de madeira,
em particular na construção civil.

N) APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE GESSO COM REFORÇO DE


POLPA CELULÓSICA PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

Este trabalho examina as propriedade mecânicas e microestruturais do material


compósito formado por gesso reciclado com reforço de fibra residual de celulose
a partir de papel imprensa, sisal e embalagem de saco para cimento.

Foram feitos ensaios de resistência à tração na flexão e microscopia eletrônica de


varredura.

O material é tecnicamente um substituto superior à placa de gesso frágil, e se


sobressai especialmente por suas características resistentes de elevada
tenacidade e módulo de ruptura.

A composição 77,5% de gesso, 10% de adição de massa de pó calcário e 12,5% de


adição em massa de polpa de celulose, se obtém placas por sucção e prensagem,
com maior capacidade de deformação e resistência, boa trabalhabilidade e baixa
condutividade térmica, perfeitamente adequada a regiões de clima quente.

Mas,conforme literatura, é pouco resistente às intempéries, indicada para uso


interno como paredes divisórias e forros.

40
3.4 Trabalhos relacionados ao gerenciamento de resíduos da construção e
demolição

3.4.1 Pesquisas do Centro Mineiro de Referências em resíduos

O Centro Mineiro de Referência em Resíduos tem desenvolvido trabalhos de


pesquisa, levantamento e identificação de problemas e proposta de ação referentes a
todo material de resíduo sólido que pode ser reciclado, gerado por mineradoras,
siderúrgicas e obras de construção civil e criando parcerias com a sociedade civil, as
Empresas envolvidas na geração e aproveitamento de resíduos e as Universidades.

Como exemplo do envolvimento da sociedade, temos o caso do Inventor: Sr.


Francisco da Silva, desenvolveu um maquinário próprio que trabalha com o
aproveitamento dos seguintes materiais:

A - Mármore
A máquina corta os resíduos de mármore em filetes idênticos e com o acréscimo
de água e o pó das pedras, cria uma massa que é usada para juntar os filetes e
produzir placas ornamentais utilizadas em fachadas.

B – Pneus
Fabricação de blocos com resíduos de pneus triturados e resto de pedras.Foram
feitos testes de resistência e permeabilidade, entre outros.
Os resultados comprovaram , além de não quebrar e da leveza deste material, a
impermeabilidade e o isolamento acústico.

3.4.2 Construção sustentável – Estudo CEFET – Resíduos da Siderurgia CST

Estão sendo elaborados pelo CEFET, estudos e experimentos com os resíduos


da Siderúrgica CST do Espírito Santo. Além da escória de aciaria gerada ser
utilizada em argamassas e pisos, destaca-se o trabalho elaborado para a
confecção do bloco de concreto:

41
O material é pesado com a matéria prima, aditivo, cimento e água. Em seguida
vibrado, compactado, curado e paleitizado, formando assim o bloco de concreto.

Este bloco será utilizado em residências sociais que consomem 60 toneladas de


escória, que é a geração diária de uma usina, saindo a preço 0 (zero).

Este trabalho que já vem sendo desenvolvido foi Finalista do Prêmio da Fundação
Banco do Brasil em 2007.

3.4.3 Projeto Pioneiro Joinville –SC

Um trabalho a ser destacado como Soluções Sustentáveis, destaca-se o projeto


que está sendo desenvolvido com a participação da Prefeitura, Câmara Estadual,
Governo, Cidadãos e a FUNDEMA (Fundação Municipal do Meio Ambiente).

Como o gerenciamento de resíduos de obras é oneroso e complexo, e são graves


os problemas de saneamento público e poluição ambiental, decorrentes do
depósito de resíduos em locais indevidos, a Cidade de Joinville, em parceria com
a prefeitura e o SINDUSCON, apoiada por toda comunidade, criou um Pacto
Ambiental com as Empresas e a sociedade.

Foram criados pontos de entrega voluntária de resíduos somente de materiais de


construção e madeiras. O projeto já prevê 8 destes pontos.

Com a adesão a este projeto e tomada de consciência da população, 80%


(oitenta por cento) dos resíduos gerados na cidade estão sendo reaproveitados.

3.4.4 Aproveitamento de entulhos de obras

Em São Paulo, 17.000 toneladas de resíduos de obras (entulhos) são transportados


diariamente para usinas de reciclagem. Os entulhos de obras estão sendo
reaproveitados e reciclados como areia e brita . A areia de boa qualidade é usada em
acabamentos finos e de outras granulometrias, aproveitadas em novas obras.

42
Antigamente as prefeituras só usavam este material em estradas e pavimentação.
O custo por m³ de areia reciclada fica 30% mais barato que a original.

3.5 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil - PGRCC

3.5.1 Características

Deverá conter as diretrizes técnicas e procedimentos para os Projetos de


Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos grandes
geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os geradores; o
cadastramento das áreas públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e
armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da
área urbana municipal; o estabelecimento de processos de licenciamento para áreas
de beneficiamento e de disposição final de resíduos:

- a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;


- o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo
produtivo; a definição de critérios para cadastramento de transportadores; as
ações de orientação, fiscalização e controle de agentes envolvidos; e as ações.

3.5.2 Passo a passo para Elaboração do PGRCC

Cartilha apresentada no Módulo 4 do Curso de Gerenciamento de Resíduos da


Construção e Demolição pela Profª Rosana Gonçalves Ferreira Franco da Escola de
Gerenciamento de Resíduos - Centro Mineiro de Referência em Resíduos (2011).

43
44
45
46
47
Fig. 3 – Passo a passo para Elaboração do PGRCC.

48
4 CONCLUSÃO

Pode-se mensurar atualmente a elevada preocupação mundial com o meio


ambiente. Podemos comprovar este processo através da mobilização para serem
desenvolvidos estudos, programas e normas como oficializado na ECO 92, na
Conferência da Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, quando foi
abordada a questão do esgotamento dos recursos não renováveis utilizados ao longo
de toda a cadeia de produção na indústria da construção civil, bem como impactos e
custos causados pelo desperdício de materiais e destino dado aos rejeitos
produzidos.

A evolução da conscientização pelo setor de construção em relação aos


problemas ambientais que o cercam levou à preocupação da necessidade de se
desenvolver materiais e processos construtivos que não causem danos ao
homem e ao meio ambiente.

Todas as formas de abordagem dos programas para aproveitamento de resíduos


na área do meio ambiente construído revelam a reversão no nível de prioridade
que o assunto normalmente preenchia, não apenas na concepção e execução de
uma edificação, mas dentro das cadeias produtivas do setor de Construção Civil.

A elaboração de planilhas pelo SINDUSCON e a ampliação de Normas e


Legislações que regularizam todos os processos de aproveitamento de resíduos
na construção civil são exemplos e comprovam a grande importância deste tema
para os municípios, estados, países e todo o planeta.

Atualmente, devido ao aumento destes vários problemas ambientais, tornou-se


prioridade a criação de organizações municipais que contribuam em nível
estadual e mundial, cada um com sua parcela com a proteção do meio ambiente.
Um exemplo de organização é o Centro Mineiro de Referência em Resíduos que
orienta a população, órgãos governamentais e indústrias, com cursos, cartilhas,
planilhas e outros materiais de apoio para uma mudança de postura da
sociedade. A meu ver este é o principal caminho a ser seguido pela humanidade.
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

BLUMENSCHIN, Raquel Naves. Manual Técnico. Gestão de Resíduos Sólidos


em Canteiros de Obras.Brasília.SEBRAE/DF. 2007.48p.

CHAHUD, Eduardo (Org.) Reciclagem de Resíduos para a Construção Civil.


Belo Horizonte: Universidade FUME/FEA -Faculdade de Engenharia e
Arquitetura. 2007. 456p. ISBN: 978-85-612558-01-06. Construção Civil 2.
Resíduos 1.

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E PARCEIROS DO SINDUSCON-MG.


Alternativas para a Destinação de Resíduos da Construção Civil. 2.ed. Belo
Horizonte. 2008. 84p.

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E PARCEIROS DO SINDUSCON-MG.


Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil. SINDUSCON-MG.
Belo Horizonte: SENAI-MG. 2008. 72p.

GUERRA, Adriana Gumeri. Mestrado em Construção Civil. Apostila.


Aproveitamento de Resíduos na Construção Civil. Belo Horizonte:
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. 2012. 78p.

VIANNA, Ayrton Costa. (Dissertação de Mestrado). Utilização do rejeito de sinterfeed


como agregado na produção de peças de concreto para pavimentação. Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. 2009.

NORMAS NBR. Nºs 15112 / 15113 / 15114 / 15115 / 15116.

PÉRET DELL’ ISOLA. José Alexandre &- FRANCO, Rosana. Curso de


Gerenciamento de Resíduos da Construção e Demolição. MODULO 1. Meio
Ambiente e Capacidade de Suporte. MODULO 2.Impactos da Construção.
MODULO3. Classificação dos Resíduos de Demolição e Construção MODULO 4.
Passo a Passo para a Elaboração do PGRCC Plano de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil. Escola de Gestão de Resíduos. Centro Mineiro de
Referência em Resíduo. Belo Horizonte/MG. 2011.

Resolução CONAMA. 307, 15 de julho de 2002. 348, 16 de agosto de 2004.

VIDEOS CEFET sobre Construção Sustentável. Curso de Gerenciamento de


Resíduos da Construção e Demolição Prêmio Fundação Banco do Brasil de
Tecnologia Social. Belo Horizonte. 2007.

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ANEXOS

ANÁLISE DE DADOS

1. Impactos da Construção Civil

De acordo com o CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável:

- o setor de construção civil é responsável por 10% do PIB mundial;


- 40% dos materiais consumidos;
- 30% da geração de lixo sólido;
- 20% do consumo de água e
- 35% de toda a energia dispensada pela sociedade.

- proliferação de agentes transmissores de


doenças;

- assoreamento de rios e córregos;

- obstrução dos sistemas de drenagem;

- esgotamento de recursos naturais;

- resíduos que podem gerar risco por sua


periculosidade.

Impactos da construção.

Cerca de 75% dos resíduos gerados pela construção nos municípios provêm de
eventos informais (obras de construção, reformas e demolições, geralmente
realizadas pelos próprios usuários dos imóveis).

Perdas e desperdícios
- Cimento 56% - Blocos e tijolos 13%
- Aço 9% - Concreto 9%
- Areia 44% Vanderley M. John, Vahan Agopyan, 2001.
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Redução impacto Ambiental

Para consolidar a reciclagem devemos:


- Desenvolver mercado;
- Normalização:
. Agregados
. Pavimentos
- Desenvolvimento de técnicas para outras aplicações;
- Incentivos governamentais.

ERE – Estação de Reciclagem de Entulho


Transformam RCC -> agregados reciclados
- construídas em terrenos públicos;
- área mínima de 6.000 m²;
- cercada e identificada;
- pontos de aspersão de água;
- calhas dos equipamentos revestidas de borracha;
- pás-carregadeiras dispõem de silenciadores.

NÃO PODE: acima de 10% de outros materiais,


terras, matéria orgânica, gesso e amianto.

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ERE – Estação de Reciclagem de Entulhos

2. Impactos Ambientais pela Indústria no setor da Construção Civil

Dados Importantes para essa análise são citados abaixo:


. Ela representa 40% da formação bruta de capital internacional (SJOSTROM
apud SCHENINI et al., 2004);
. Gera 15% dos empregos nacionais (JOHN apud MEDEIROS, 2006);
. Em 2005 cresceu 1,3% e participou com 7,3% do PIB nacional (IPEA et.al.,
2005);
. Existem 118.993 empresas de Construção Civil no país, responsáveis pela
ocupação formal de 1.462.589 trabalhadores(IPEA et.al., 2005);
. Quase 94% são micro e pequenas empresas, que empregam até 19
trabalhadores (IPEA et.al., 2005);
. Consome entre 14 a 50% dos recursos naturais extraídos no planeta,
(DANSCHNEIDER apud MEDEIROS, 2006);
. Os resíduos que ela gera correspondem de 41 a 70% da massa de resíduos
urbanos coletados no Brasil (PINTO apud MEDEIROS, 2006), sendo em média
de 230 a760 kg/hab. ano (PINTO apud MEDEIROS, 2006);
. Cada m² construído no país equivale à geração de 50 kg de resíduos
(ANDRADE apud MEDEIROS, 2006);

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. Apenas 5 a 30% dos resíduos de construção e demolição –RCD, no país, são
gerados pela construção formal (PINTO, 2005);
. 70 a 85% destes RCD são gerados pela construção informal (BLUMENSCHEIN
apud MEDEIROS, 2006).

Diante do exposto percebe-se o impacto do setor no planeta havendo assim, uma


necessidade de buscar novas tecnologias para que este impacto seja amortizado,
podendo assim, procurar alcançar um desenvolvimento sustentável, para que as
futuras gerações possam ainda usufruir, e consciente, o planeta. (Eduardo Chahud)

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Legislações e Normas

Triagem de Resíduos

NBR 15112 – Áreas de Transbordo e Triagem de Resíduos da Construção Civil e


Resíduos Volumosos – (ATT): são áreas especialmente destinadas à captação
dos resíduos de grandes geradores e compromissados com a sua total triagem e
destinação adequada dos resíduos e rejeitos resultantes.

NBR 15113 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros –


Diretrizes para projeto, implantação e operação

NBR 15114 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de Reciclagem –


Diretrizes para projeto, implantação e operação.

NBR 15115 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –


Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos.
Estabelece os creitérios para a execução em obras de pavimentação, de
camadas de reforço de subleito, sub- base e base de pavimentos, bem como
camada de revestimento primário, com agregado reciclado de resíduo sólido da
construção civil, denominado “agregado reciclado”.

NBR 15116 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –


Utilização em pavimentação e preparado de concreto sem função estrutural –
Requisitos.

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