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ESCOLA SUPERIOR DE GOVERNAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE LICENCIATURA

Contributo das Tecnologias de Informação e Comunicação


na Melhoria da Qualidade do Ensino em Moçambique:
Caso da Escola Secundária Força do Povo (2015-2019)

Candidata Supervisora

Maria Nhamiquia Domingos Faustino Bernardete Gomana, MA

Maputo, Fevereiro de 2023


DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu, Maria Nhamiquia Domingos Faustino, declaro, por minha honra, que o presente
trabalho é da minha autoria e que nunca foi anteriormente apresentado para avaliação em
alguma Instituição de Ensino Superior, Nacional ou de outro País.

A Candidata

____________________________________________

(Maria Nhamiquia Domingos Faustino)

Maputo, Fevereiro de 2023

i
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DA CANDIDATA E DA SUPERVISORA

Contributo das Tecnologias de Informação e Comunicação na Melhoria da


Qualidade do Ensino em Moçambique: Caso da Escola Secundária Força do Povo
(2015-2019)

Trabalho a ser submetido à Escola Superior de Governação (ESG) da Universidade


Joaquim Chissano (UJC), como cumprimento parcial dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de licenciatura em Administração Pública.

A Candidata A Supervisora

_______________________________ _______________________________

(Maria Nhamiquia Domingos Faustino ) (Bernardete Gomana, MA)

Maputo, Fevereiro de 2023

ii
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE AUTORIA .......................................................................................... i

TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DA CANDIDATA E DA SUPERVISORA ............ ii

AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... iii

DEDICATÓRIA ............................................................................................................... iv

EPÍGRAFE ....................................................................................................................... v

LISTA DE ACRÓNIMOS E SIGLAS................................................................................ vi

LISTA DE QUADRO ...................................................................................................... vii

SUMÁRIO EXECUTIVO ............................................................................................... viii

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1

1.1. Delimitação Temporal e Espacial .......................................................................... 2

1.2. Contextualização .................................................................................................... 2

1.3. Justificativa ............................................................................................................ 3

1.4. Problematização ..................................................................................................... 4

1.5. Objectivos da Pesquisa .......................................................................................... 5

1.5.1. Objectivo Geral ............................................................................................... 5

1.5.2. Objectivos Específicos .................................................................................... 5

1.6. Questões de Pesquisa ............................................................................................. 6

1.7. Hipóteses ................................................................................................................ 6

1.8. Metodologia de Pesquisa ....................................................................................... 6

1.8.1. Classificação e Caracterização da Pesquisa .................................................... 6

1.8.2. Técnicas de Recolha de Dados ........................................................................ 7

1.8.3. Métodos de Pesquisa ....................................................................................... 8

1.8.4. População e Amostra....................................................................................... 9

1.9. Estrutura do Trabalho .......................................................................................... 10

CAPÍTULO 2: QUADRO TEÓRICO E CONCEPTUAL ............................................. 11

2.1. Quadro Teórico .................................................................................................... 11


2.1.1. Origem da Teoria da Contingência ............................................................... 11

2.2.2. Precursores da Teoria da Contingência ......................................................... 11

2.2.3. Pressupostos da Teoria da Contingência ....................................................... 12

2.2.4. Críticas à Teoria da Contingência ................................................................. 12

2.2.5. Aplicabilidade da Teoria da Contingência .................................................... 13

2.2. Quadro Conceptual .............................................................................................. 14

2.2.1. Tecnologias de Informação e Comunicação ................................................. 14

2.2.2. Qualidade ...................................................................................................... 17

CAPÍTULO 3: ABORDAGEM SOBRE O CONTRIBUTO DAS TECNOLOGIAS DE


INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA MELHORIA DA QUALIDADE DO
ENSINO ......................................................................................................................... 19

3.1. Tecnologias de Informação e Comunicação ........................................................ 19

3.1.2. Tecnologias de Informação e Comunicação no Processo de Ensino e


Aprendizagem ......................................................................................................... 21

3.1.2. Novas Tecnologias e Novas Formas de Aprender ........................................ 24

3.2. Qualidade do Ensino ............................................................................................ 26

3.2.1. Indicadores da Qualidade do Ensino ............................................................. 28

3.3. Contributo das Tecnologias de Informação e Comunicação na Melhoria da


Qualidade do Ensino ................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 32
AGRADECIMENTOS

A apresentação deste trabalho representa o culminar de uma fase de formação que contou
com a colaboração de diversas pessoas. Na impossibilidade de o fazer de viva voz
aproveito este espaço para endereçar a minha profunda gratidão a todas as pessoas que
directa ou indirectamente contribuíram para a concretização deste objectivo.

Em primeiro lugar, agradeço sobretudo à Deus, que é, e sempre foi, a força, amparo e
sustento em todos os momentos da minha vida.

Aos meus queridos e carinhosos pais, Carmelita Rita Namashulua, Domingos Francisco
Faustino e Fernando Francisco Faustino, que sempre ofereceram força e apoio às minhas
escolhas.

Ao meu esposo, Ezequiel Junior, pela paciência, apoio, amor e carinho demonstrado ao
longo da minha trajectória académica e na vida, vai o meu sentimento de gratidão.

Aos meus padrinhos, Radek Baduro e Diana Baduro, que sempre me apoiaram neste
trabalho, almejando extremamente o meu êxito.

À minha supervisora Bernardete Gomana, MA, pelo exemplo de conduta a seguir, pelo
comprometimento, contribuição e estímulo, além da sua valiosa paciência no processo de
correcção, sugestões e recomendações, muito obrigada. Este agradecimento estende-se a
todos os meus docentes da Universidade Joaquim Chissano.

Aos meus colegas do curso, em especial do meu grupo de estudo, vai o meu
reconhecimento pela ajuda que directa ou indirectamente me concederam durante a
efectivação deste trabalho.

Aos professores da Escola Secundária Força do Povo, alunos e a direcção que


participaram e colaboraram compartilhando suas percepções, conhecimentos à cerca das
tecnologias disponíveis, problemas, práticas e suas motivações ao responder o
questionário.

A todos sem excepção, vai o meu muito obrigada!

iii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão de licenciatura aos meus


pais, Carmelita Rita Namashulua, Domingos Francisco
Faustino e Fernando Francisco Faustino.

iv
EPÍGRAFE

“O conhecimento e a informação são os recursos estratégicos para o desenvolvimento


de qualquer país. Os portadores desses recursos são as pessoas”.

(Peter Drucker)

v
LISTA DE ACRÓNIMOS E SIGLAS

EESG Estratégia do Ensino Secundário Geral

ESFP Escola Secundária Força do Povo

ESG Ensino Secundário Geral

MINEDH Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano

PI Política de Informática

PSI Política para a Sociedade da Informação

PTE Plano Tecnológico da Educação

TC Teoria da Contingência

TIC’s Tecnologia da Informação e Comunicação

vi
LISTA DE QUADRO

Quadro 1: Indicadores da qualidade do ensino .................................................................... 29

vii
SUMÁRIO EXECUTIVO

A presente pesquisa tem como objectivo analisar o contributo das tecnologias de


informação e comunicação na melhoria da qualidade do ensino em Moçambique. Em
termos metodológicos, a pesquisa é de natureza básica, com a abordagem do problema
qualitativo, com objectivo explicativo. Para a recolha de dados usaram-se técnicas
bibliográfica, documental e com enfoque na técnica de entrevista semi-estruturada e o
questionário. Quanto ao método de abordagem, usou-se o método hipotético-dedutivo e,
por fim, quanto ao método de procedimento, usou-se o método monográfico ou estudo de
caso. Assim, a partir dos resultados da pesquisa, concluiu-se que (em execução).

Palavras-chave: Tecnologias de Informação e Comunicação, Qualidade e Qualidade do


Ensino.

viii
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta-se com o seguinte tema: “Contributo das Tecnologias de


Informação e Comunicação na Melhoria da Qualidade do Ensino em Moçambique: Caso
da Escola Secundária Força do Povo (2015-2019)”. O objectivo desta pesquisa é de
analisar o contributo das tecnologias de informação e comunicação na melhoria da
qualidade do ensino em Moçambique. Este objectivo é definido numa altura em que o
Governo de Moçambique identificou as TIC’s como um motor de desenvolvimento, onde
a componente de informação assume um papel central em todo o contexto social e
económico no sector produtivo, em particular na educação.

Neste sentido, através da metodologia do trabalho (tipos, métodos e técnicas de pesquisa),


procura-se identificar as infra-estruturas tecnológicas utilizadas pela ESFP; explicar os
factores que dificultam a integração das tecnologias de informação e comunicação na
ESFP e aferir o contributo das tecnologias de informação e comunicação enquanto
ferramenta para a melhoria da qualidade do ensino na ESFP. A partir dos objectivos
específicos, foram elaboradas as questões e hipóteses da pesquisa, onde a sua
materialização se encontra no quarto capítulo desse trabalho.

Em qualquer organização, as TIC’s devem ser consideradas como um dos instrumentos


fundamentais para concretização dos objectivos estratégicos. Nesse contexto, sendo a
educação um processo social que envolve intervenientes de vários níveis socio-
económicos, pensar nos instrumentos tecnológicos adequados para levar, de forma
sustentável, o conhecimento à sociedade constitui uma iniciativa de grande importância.

Entretanto, no contexto da educação as TIC’s não podem ser consideradas como um


elemento suficiente para garantir a qualidade dos serviços prestados pelas instituições
educacionais, torna-se imperioso garantir-se, portanto, o pessoal qualificado para poder
utilizar essas ferramentas, dado a complexidade para sua utilização na gestão das
instituições, sobretudo no processo de ensino e aprendizagem.

Ou seja, mesmo que as TIC’s contribuam para a melhoria da qualidade do ensino, elas
por si só não são uma varinha mágica. É preciso aliá-las a outros aspectos. Assim, a
introdução das TIC’s na educação, aliada com a infra-estruturação das escolas e com as
reformas necessárias no sistema de ensino, são um factor chave para a melhoria da
qualidade do ensino e para o desenvolvimento institucional.

1
1.1. Delimitação Temporal e Espacial

Em termos temporais este trabalho foi realizado no período temporal que se estende de
2015 à 2019. O período de 2015 foi escolhido porque marcou o término da Estratégia do
Ensino Secundário Geral (EESG, 2009-2015) cuja mesma previa a introdução das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) no Ensino Secundário Geral (ESG).
O período final de 2019 foi escolhido pelo facto de ter sido nesse ano em que foi elaborado
pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) a política de
tecnologia de informação e comunicação na educação para os próximos cinco anos.

Em termos espaciais este trabalho foi realizado na Escola Secundária Força do Povo
(ESFP), Cidade de Maputo. Escolheu-se este espaço pelo facto da pesquisadora saber que
a mesma contempla as TIC’s no seu currículo, não só como disciplina, mas também como
ferramenta de aprendizagem.

1.2. Contextualização

O uso das novas TIC’s é, nos dias de hoje, uma nota dominantemente visível em todos os
sectores de actividade. O seu crescente uso tem acompanhado o ritmo crescente de
evolução das nações um pouco à escala mundial (PI, 2000).

Em Moçambique, nos finais da década 90 iniciou-se um o processo de consciencialização


da sociedade sobre o papel e o potencial das TIC’s como alavanca do desenvolvimento
sócio-económico. Com a aprovação da Política de Informática (PI) no ano 2000, o
Governo de Moçambique identificou as TIC’s como um motor de desenvolvimento, onde
a componente de informação assume um papel central em todo o contexto social e
económico no sector produtivo, em particular na educação (PSI, 2018).

Devido aos novos desafios impostos pelo crescente progresso das TIC’s foi revogada a
resolução n.º 2000, de 2 de Dezembro, que aprova a Política de Informática (PI), surgindo
desta forma, a Política para a Sociedade da Informação (PSI). De acordo com a mesma,
a implementação e disseminação das TIC’s no sistema de ensino apresenta um conjunto
de mais-valias e oportunidades para o desenvolvimento do sector, sobretudo ao nível de
acesso e da qualidade de ensino (Idem.).

Foi nesta lógica que o sector da educação elaborou, em 2011, um Plano Tecnológico da
Educação (PTE), que constituiu um marco importante no desenvolvimento das TIC’s no
sector da educação. O Plano orientava para a implantação das TIC’s no sector,

2
apresentando fundamentalmente os aspectos técnicos do programa, contudo, o mesmo
não apresentava uma visão clara do ponto onde se pretendia chegar com a sua
implementação e nem definia a missão das TIC’s na educação (PTE, 2019).

Neste sentido, por forma a substituir o plano ora em vigor e estabelecer de maneira sucinta
e clara a visão e a missão das TIC’s para o processo de ensino e aprendizagem, em 2019,
foi elaborada a Política das Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação
(PTE) cuja mesma incentiva o processo de integração das TIC’s no ESG e no ensino à
distância, no âmbito das politicas de incentivo, através da disponibilização de recursos
educacionais abertos, manutenção e assistência de salas existentes nos estabelecimentos
de ensino público, a disponibilidade e acessibilidade de sistemas de informação de gestão
escolar em todas as escolas públicas do país (Ibid.:4). Portanto, a presente pesquisa insere-
se no âmbito das TIC’s com vista a melhoria da qualidade do ensino através de
implementação de política de TIC’s na educação.

1.3. Justificativa

Quanto à relevância actual, a pesquisa é relevante porque as TIC’s jogam um papel cada
vez mais importante em todos os campos da vida das sociedades e dos indivíduos,
incluindo a educação, onde estas têm vindo a ganhar cada vez maior relevância. Na
educação, as TIC’s não só são um campo de estudo em si, mas também constituem
instrumentos de ensino e gestão que facilitam o intercâmbio de informação e
conhecimento entre todos os intervenientes no processo educativo.

Quanto à relevância pessoal, a pesquisa é relevante porque resulta da importância que o


estudo tem para a pesquisadora, visto que, durante o período de formação desenvolveu
um interesse sobre as TIC’s, visto que, constituem um elemento fundamental para a
melhoria da qualidade de ensino.

Quanto à relevância académica, a pesquisa é relevante porque servirá como base de


produção de conhecimento e discussões teóricas sobre as TIC’s na educação, tanto como
fonte secundária para pesquisas futuras.

Quanto à relevância institucional, a pesquisa é relevante porque trará subsídios teóricos


para a Administração Pública, como a entidade responsável pela aplicação de políticas
educacionais e, por fim, quanto à relevância social, a pesquisa é relevante porque visa
esclarecer aos leigos e, não só, sobre a matéria em estudo.

3
1.4. Problematização

Segundo Sette (1999), o mundo está vivendo um período de grandes e abruptas mudanças
e vem com isso, exigindo de todos nós, uma postura diferente e muitas transformações,
como a utilização das TIC’s cada vez mais desafiadoras. Em nosso cotidiano, nos
deparamos cada vez mais com momentos e situações que exigem a utilização de novas
TIC’s. Esta realidade contemporânea traz transformações no nosso comportamento, nos
fazendo pensar e relacionar, de maneira diferente, com objectos, pessoas e o mundo que
nos cerca.

Para Belloni (1999), no contexto da escola, as TIC’s ganham cada vez mais espaço. Nas
escolas de hoje já existem bibliótecas, salas de vídeo, laboratórios de informática e
equipamentos electrónicos diversos como vídeos, televisores, câmeras, filmadoras e
computadores fixos e móveis. Neste sentido, as TIC’s nos proporcionam a ampliação das
possibilidades de gerar conhecimento, compartilhá-lo e divulgá-lo em outros espaços
produtores de conhecimento, contudo, na visão de Brandão (2014), o uso das TIC’s no
cotidiano da escola precisa ser tratado com cuidado, planeamento e atenção. Deve haver
a apropriação e uso dos instrumentos com conhecimento e clareza do seu papel e
potencial, aliados à participação e compromisso de todos os actores envolvidos no
processo rumo à busca de uma educação de qualidade.

Nos dizeres de Belloni (1999), as TIC’s estão cada vez mais presentes na vida cotidiana
e fazem parte do universo dos jovens, sendo esta a razão principal da necessidade de sua
integração à educação. Em Moçambique, o sector da educação tem envidado esforços no
sentido de implementar um programa de TIC’s na educação, todavia, o sector tem
enfrentado desafios que derivam dos problemas que se relacionam com:

Os elevados níveis de analfabetismo, escolas e turmas muito grandes,


professores sobrecarregados e pouco motivados, falta de infra-estruturas
e de financiamento para o sector. A educação possui poucos quadros
qualificados, o que resulta em dificuldades enormes para integrar as
TIC’s no sistema (PTE, 2019).
Apesar dos empecilhos anteriormente mencionados, as TIC’s na educação têm sido
implementadas com maior êxito no ESG e na formação de professores, onde estão
integradas ao currículo do ensino. No ensino primário, as TIC’s funcionam mais para a
gestão escolar e quase não fazem parte do processo de ensino e aprendizagem. Isso deriva
da falta de recursos, tanto humanos como financeiros, para cobrir as necessidades de
investimentos em formação, comunicações, aquisição e manutenção de equipamentos,

4
resultando numa penetração muito limitada da Internet. Ainda assim, o sector continua a
apostar na introdução das TIC’s na educação como meio de ensino e de gestão escolar e
do sistema, considerando o seu potencial para melhorar a qualidade da prestação de
serviços de educação (PTE, 2019).

Vale lembrar que mesmo as TIC’s contribuírem para a melhoria da qualidade do ensino,
elas por si só não são uma varinha mágica. É preciso aliá-las a outros aspectos. Por sua
vez, Castel-Branco (2006:14), diz que a aquisição de tecnologias não é o mesmo que
aquisição de capacidades tecnológicas, sem a segunda, a utilidade da primeira é muito
duvidosa. Assim, percebe-se que a introdução das TIC’s na educação, aliada com a infra-
estruturação das escolas e com as reformas necessárias no sistema de ensino, são um
factor chave para a melhoria da qualidade do ensino e para o desenvolvimento
institucional.

O problema que se verifica na ESFP é a existência de turmas superlotadas, o que se


consubstancia num ensino de pouca qualidade. Assim, sabendo-se de forma geral que a
PTE incentiva a integração das TIC’s à educação por forma a melhorar a qualidade do
ensino, emerge a seguinte questão: Qual foi o contributo das TIC’s enquanto
ferramenta para a melhoria da qualidade do ensino na Escola Secundária Força do
Povo entre os anos 2015 e 2019?

1.5. Objectivos da Pesquisa

1.5.1. Objectivo Geral

 Analisar o contributo das tecnologias de informação e comunicação na melhoria


da qualidade do ensino em Moçambique.

1.5.2. Objectivos Específicos

 Identificar as infra-estruturas tecnológicas utilizadas pela ESFP;


 Explicar os factores que dificultam a integração das tecnologias de informação e
comunicação na ESFP;
 Aferir o contributo das tecnologias de informação e comunicação enquanto
ferramenta para a melhoria da qualidade do ensino na ESFP.

5
1.6. Questões de Pesquisa

 Quias são as infra-estruturas tecnológicas utlizadas pela ESFP?


 Quais são os factores que dificultam a integração das tecnologias de informação
e comunicação na ESFP?
 De que forma as tecnologias de informação e comunicação enquanto ferramenta
contribuem para a melhoria da qualidade do ensino na ESFP?

1.7. Hipóteses

 Os computadores, a internet e os roteadores são as infra-estruturas tecnológicas


utilizadas pela ESFP;
 A indisponibilidade de computadores e a dificuldade no seu uso são os factores
que dificultam a sua integração na ESFP;
 As TIC’s não contribuem para a melhoria da qualidade do ensino na ESFP, visto
que, estas não oferecem as melhores condições para o seu uso.

1.8. Metodologia de Pesquisa

A metodologia é a parte do trabalho onde se descreve de forma breve e clara as técnicas


e processos empregues na pesquisa, bem como o delineamento experimental (Amaral,
1999). Para a realização deste estudo, seguiu-se o seguinte quadro metodológico.

1.8.1. Classificação e Caracterização da Pesquisa

Quanto à natureza, a pesquisa é básica, pois “objectiva gerar conhecimentos novos úteis
para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses
universais” (Silva & Menezes, 2001:20). Esta pesquisa será básica pois permitiu à
pesquisadora compreender o contributo das TIC’s na melhoria da qualidade do ensino, de
modo a buscar conhecimentos sem aplicação prática prevista.

Quanto à forma de abordagem do problema, a pesquisa é qualitativa, pois considera que


“há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável
entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em
números” (Lundin, 2016:117). Esta pesquisa é qualitativa pois os resultados os obtidos
através de entrevistas e inquéritos sobre o uso das TIC’s e o seu contributo na melhoria
da qualidade do ensino na ESFP não requereram o uso de métodos e técnicas estatísticas.

6
Por fim, quanto aos objectivos, a pesquisa é explicativa, pois visa “identificar os factores
que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenómenos. Aprofunda o
conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas” (Gil, 2008:28).
Esta pesquisa é explicativa pois permitiu à pesquisadora identificar as infra-estruturas
tecnológicas utlizadas pela ESFP e, posteriormente, explicar os factores que dificultam a
sua integração.

1.8.2. Técnicas de Recolha de Dados

Para recolher os dados nesta pesquisa foram aplicadas as seguintes técnicas:

a) Pesquisa Bibliográfica

A técnica bibliográfica, consiste num estudo sistematizado e desenvolvido com base em


materiais publicados em livros, revistas, jornais, redes electrónicas, isto é, trata-se de
material acessível ao público em geral, fornece instrumentos analíticos para qualquer
outro tipo de pesquisa, podendo esgotar por si mesmo (Vergara, 2000:48). A pesquisa
bibliográfica possibilita ao pesquisador o levantamento de informações úteis para a
pesquisa, para tal, consultaram-se livros, artigos científicos e revistas que abordam o tema
em estudo.

b) Pesquisa Documental

A pesquisa documental é “elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento


analítico” (Gil, 2008:51). Esta pesquisa é documental, porque foi realizada a partir de
documentos como planos, estratégias, entre outros documentos que proporcionaram uma
visão realística da pesquisa.

c) Entrevista

A entrevista segundo Lakatos e Marconi (2003:195), em um encontro entre duas pessoas,


a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante
uma conversa de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação
social, para a colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problema social.

Em termos de tipologia, optou-se pela entrevista semi-estruturada, pois as questões que


foram dirigidas aos entrevistados foram previamente elaboradas, porém não houve
rigidez na sequência das questões e outras questões foram exploradas no decurso da

7
entrevista (Lundin, 2016:152). A entrevista serviu para obter dados sobre o uso das TIC’s
e o seu contributo na melhoria da qualidade do ensino na ESFP.

d) Questionário

De acordo com Gil (2007:119), o questionário é a técnica de investigação composta por


um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter
informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas,
aspirações, temores, comportamento presente ou passado, entre outros. Esta técnica foi
fundamental para o estudo, na medida em que, permitiu a recolha de dados, junto dos
funcionários e alunos da ESFP de modo a fazer análise e interpretação de dados da
pesquisa.

1.8.3. Métodos de Pesquisa

Todo o processo de pesquisa científica deve conter métodos para assegurar que os seus
resultados sejam fiáveis e válidos. Para que haja pesquisa científica Lakatos e Marconi
(2003), afirmam que é preciso o emprego de métodos científicos. Assim, “pode-se definir
método como caminho para se chegar a um determinado fim. E método científico como
o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adoptados para se atingir o
conhecimento” (Gil, 2008).

a) Método de Abordagem

O método de abordagem aplicado nesta pesquisa é o hipotético-dedutivo. Nevado


(2008), defende que o mesmo consiste na construção de conjecturas que devem ser
submetidas a testes, os mais diversos possíveis, à crítica intersubjectiva, ao controlo
mútuo pela discussão crítica, à publicidade (sujeitando o assunto à novas críticas) e ao
confronto com os factos, para verificar quais são as hipóteses que persistem como válidas
resistindo às tentativas de falseamento, sem que sejam refutadas. Nesta pesquisa aplicou-
se o método hipotético-dedutivo na medida em que para a sua realização iniciou-se pela
identificação do problema, seguindo-se a elaboração de hipóteses, como tentativa de
resolução do problema e, por fim, testou-se as hipóteses com o objectivo de validá-las ou
invalidá-las.

b) Método de Procedimento

Nesta pesquisa aplicou-se o método monográfico também conhecido como estudo de


caso, que consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições,

8
instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A
investigação deve examinar o tema escolhido, observando todos os factores que o
influenciaram e analisando-o em todos os seus aspectos (Lakatos & Marconi, 2003:108).

Gil (2008:18), traz um pensamento similar ao afirmar que “o método monográfico parte
do princípio de que o estudo de um caso em profundidade pode ser considerado
representativo de muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes”. A aplicação
deste método permitiu que a partir dos resultados que foram obtidos com o estudo
profundo realizado na ESFP, referente ao contributo das TIC’s na melhoria da qualidade
do ensino, poderão servir de base de representatividade para outras instituições de ensino
que usam as TIC’s.

1.8.4. População e Amostra

Segundo Lopes (1999:2), população é um grupo, conjunto ou agregados com mesmas


características, a qual pode ser finita ou infinita. População finita é aquela em que o
número de unidades de observações pode ser contado e é limitado. População infinita é a
quantidade de unidades de observação ilimitada, ou a sua composição é tal que as
unidades da população não podem ser contadas.

Na visão de Ferreira (2005), população ou universo é um conjunto definido de elementos


que possuem determinadas características comuns. Para o presente estudo teve-se como
população todos os funcionários e alunos da ESFP.

Por sua vez, a amostra é um subconjunto do universo ou da população, por meio do qual
se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população (Gil,
2008:90). Assim, a amostra desta pesquisa foi de 30 participantes, onde 3 fazem parte da
direcção da ESFP que foram seleccionados e entrevistados com base na técnica de
amostragem não probabilística por tipicidade ou intencional1 e 27 são professores e alunos
que foram seleccionados e inquiridos com base na técnica de amostragem não
probabilística por acessibilidade ou por conveniência2.

1
A amostragem não probabilística por tipicidade ou intencional “é um tipo de amostragem não
probabilística que consiste em seleccionar um subgrupo da população que, com base nas informações
disponíveis, possa ser representativo de toda a populaçãoˮ (Ibid.:94).
2
A amostragem não probabilística por acessibilidade ou por conveniência “é um tipo de amostragem não
probabilística menos rigoroso, em que o pesquisador selecciona os elementos simplesmente porque eles
são acessíveis, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo por ele escolhidoˮ
(Idem.).

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1.9. Estrutura do Trabalho

Este trabalho comporta uma estrutura de quatro (4) capítulos, nomeadamente: o primeiro
capítulo é da introdução, que inclui a delimitação espacial e temporal da pesquisa,
contextualização, justificativa, problematização, objectivos da pesquisa, questões de
pesquisa, hipóteses e metodologia da pesquisa.

O segundo capítulo é reservado ao quadro teórico e conceptual. No primeiro quadro,


aborda-se sobre a Teoria da Contingência acompanhada da origem, precursores,
pressupostos, críticas e aplicabilidade da teoria ao estudo. O segundo quadro, apresenta
os conceitos-chave que se relacionam com o tema da pesquisa.

O terceiro capítulo apresenta a revisão da literatura. Procura-se neste capítulo desenvolver


aspectos relacionados com o contributo das tecnologias de informação e comunicação na
melhoria da qualidade do ensino. Neste capítulo, procura-se exactamente trazer
abordagens ou evidências escritas sobre o tema principal deste trabalho, para poder
justificar o estudo de caso.

No quarto capítulo procede-se a apresentação, análise e interpretação dos dados


recolhidos no campo com a finalidade de responder as questões de pesquisa levantadas
no primeiro capítulo, que consequentemente materializam os objectivos específicos.

Por fim, apresentam-se as conclusões e as recomendações sobre o estudo realizado,


incluindo as referências e anexo.

10
CAPÍTULO 2: QUADRO TEÓRICO E CONCEPTUAL

Este capítulo aborda sobre a teoria que fundamentou esta pesquisa, bem como ao quadro
conceptual. O quadro teórico visa fornecer uma base clara do estudo recorrendo-se a
ideias trazidas por autores empenhados na matéria e o quadro conceptual, apresenta os
conceitos imprescindíveis que sustentam o trabalho.

2.1. Quadro Teórico

A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de factos


levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um carácter interpretativo, no que
se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível correlacionar a pesquisa com o
universo teórico, optando-se por um modelo teórico que serve de embasamento à
interpretação do significado dos dados e factos colhidos ou levantados (Lakatos &
Markoni, 2003:224). Portanto, a presente pesquisa foi elaborada à luz Teoria da
Contingência (TC).

2.1.1. Origem da Teoria da Contingência

A TC surgiu a partir de várias pesquisas feitas para verificar os modelos de estruturas


organizacionais mais eficazes em determinados tipos de empresas. Essas pesquisas
pretendiam confirmar se as organizações mais eficazes seguiam os pressupostos da Teoria
Clássica, como divisão do trabalho, amplitude de controlo, hierarquia de autoridade de
entre vários outros aspectos. Portanto, os resultados das pesquisas conduziram a uma nova
concepção de organização, a de que a estrutura da organização e o seu funcionamento são
dependentes da interface com o ambiente externo e verificaram que não há um único e
melhor jeito de organizar (Chiavenato, 2009:504).

2.2.2. Precursores da Teoria da Contingência

A TC foi desenvolvida, principalmente, a partir dos trabalhos elaborados por vários


autores a respeito das organizações e seus ambientes, dos quais destacam-se: Alfred D.
Chandler, realizou uma investigação histórica sobre as mudanças estruturais de quatro
grandes empresas americanas - a DuPont, a General Motors, a Standard Oil Co. de New
Jersey e a Sears Roebuck & Co. Relacionando-as com a estratégia de negócios para
demonstrar como a estrutura dessas empresas foi sendo continuamente adaptada e
ajustada à sua estratégia; Tom Burns e G. M. Stalker, sociólogos, pesquisaram indústrias
inglesas para verificar a relação entre práticas administrativas e ambiente externo dessas

11
indústrias; Joan Woodward, socióloga industrial, organizou uma pesquisa para avaliar se
a prática dos princípios de administração propostos pelas teorias administrativas se
correlacionavam com o êxito do negócio e Paul R. Lawrence e Jay W. Lorsch, fizeram
uma pesquisa sobre o defrontamento entre organização e ambiente que provocou o
aparecimento da TC (Chiavenato, 2009:504).

2.2.3. Pressupostos da Teoria da Contingência

A TC enfatiza que não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa.


Tudo é relativo. Tudo depende. A abordagem contingencial explica que existe uma
relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas
apropriadas para o alcance eficaz dos objectivos da organização. As variáveis ambientais
são variáveis independentes, enquanto as técnicas administrativas são variáveis
dependentes dentro de uma relação funcional (Idem.).

Para a TC não existe uma única maneira melhor de organizar, ao contrário, as


organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às condições ambientais. Assim, a
TC apresenta os seguintes pressupostos:

a) A organização é de natureza sistémica, isto é, ela é um sistema aberto;


b) As características organizacionais apresentam uma interacção entre si e com o
ambiente. Isso explica a íntima relação entre as variáveis externas (como a certeza
e a estabilidade do ambiente) e as características da organização (diferenciação e
integração organizacionais);
c) As características ambientais funcionam como variáveis independentes, enquanto
as características organizacionais são variáveis dependentes (Idem.).

2.2.4. Críticas à Teoria da Contingência

A TC representa a mais recente abordagem da teoria administrativa. Os principais


aspectos críticos da mesma são3:

a) Relactivismo em administração: A TC rechaça os princípios universais e


definitivos de administração. A prática administrativa é situacional e
circunstancial. Em outros termos, ela é contingente, pois depende de situações e

3
Ibid.:548.

12
circunstâncias diferentes e variadas. Nada é absoluto ou universalmente aplicável.
Para a teoria contingencial tudo é relactivo e tudo depende;
b) Bipolaridade contínua: Os conceitos básicos da TC são utilizados em termos
relactivos, como em um continuum. Isto é, os autores dessa abordagem não
utilizam conceitos únicos e estáticos e em termos absolutos e definitivos, mas
como conceitos dinâmicos e que podem ser abordados em diferentes situações e
circunstâncias e, sobretudo, em diferentes graus de variação;
c) Ênfase no ambiente: A TC focaliza a organização de fora para dentro;
d) Ênfase na tecnologia: A visão contingencial focaliza a organização como um
meio de utilização racional da tecnologia. A tecnologia representa uma variável
ambiental e uma variável organizacional, ou seja, uma variável exógena e uma
variável endógena para as organizações;
e) Compatibilidade entre abordagens de sistema fechado e aberto: A TC
mostrou que as abordagens mecanísticas se preocuparam com os aspectos internos
e íntimos da organização enquanto as abordagens orgânicas voltaram-se para os
aspectos da periferia organizacional e dos níveis organizacionais mais elevados;
f) Carácter ecléctico e integrativo: A abordagem contingencial é ecléctica e
integrativa, absorvendo os conceitos das teorias administrativas no sentido de
alargar horizontes e mostrar que nada é absoluto. A tese central é a de que não há
um método ou técnica que seja válido, ideal ou óptimo para todas as situações. O
que existe é uma variedade de métodos e técnicas das diversas teorias
administrativas apropriados para determinadas situações. Cada teoria
administrativa foi forjada e desenvolvida para uma dada situação dentro da qual
funciona adequadamente. Mudando-se a situação, ela deixa de produzir
resultados.

2.2.5. Aplicabilidade da Teoria da Contingência

Partindo-se do pressuposto que para a TC não existe uma única e melhor maneira de
organizar para se atingir os objectivos organizacionais, o ambiente impõe desafios
externos à organização, enquanto às tecnologias impõe desafios internos. Deste modo,
qualquer organização deverá tomar em consideração tudo o que acontece no seu ambiente
externo, quer a nível sociológico, tecnológico, político ou demográfico, visto que, pode
influenciar o seu funcionamento, sua estrutura organizacional, sua gestão e as decisões
dos seus gestores. Por outro lado, vista a organização numa perspectiva sistémica, é

13
preciso considerar que a sua sobrevivência depende da sua capacidade de adaptação ao
ambiente no qual opera. Portanto, introdução das TIC’s no sector da educação tem a ver,
por um lado, com o ambiente cada vez mais globalizado e, por outro lado, com a
necessidade de se melhor a qualidades do ensino.

2.2. Quadro Conceptual

O presente quadro conceptual apresenta os conceitos-chave para sustentar a compreensão


do tema em estudo. As abordagens conceptuais são apresentadas sob perspectivas de
diferentes autores que abordam matérias relacionadas a cada conceito específico. Dos
conceitos seleccionados a partir do tema da pesquisa são os seguintes: Tecnologias de
Informação e Comunicação e Qualidade.

2.2.1. Tecnologias de Informação e Comunicação

Uma definição exacta e precisa da palavra tecnologia é difícil de ser estabelecida, tendo
em vista que, ao longo da história, o conceito é interpretado de diferentes maneiras, por
diferentes pessoas, embasadas em teorias muitas vezes divergentes e dentro dos mais
distintos contextos sociais. Em diferentes momentos, a história da tecnologia vem
registrada junto com a história das técnicas, com a história do trabalho e da produção do
ser humano (Maleane, 2012:23).

No mesmo diapasão, Sitoe (2020:16), refere que o conceito de TIC´s, por ser novo e em
construção, não tem uma definição unânime entre os autores que o abordam, este varia
de acordo com a área e o contexto que é aplicado.

Nessa lógica, seria inoportuno apresentar aqui o conceito das TIC’s sem, no entanto,
compreender alguns conceitos relacionados com essa designação, neste caso: Tecnologia,
Informação e Comunicação.

O termo tecnologia, etimologicamente, provém de técnica, cujo vocábulo latino “techné”


quer dizer arte ou habilidade. Essa derivação mostra que tecnologia é uma actividade
voltada para a prática (Grinspun et al., 1999:48).

Na actualidade o termo é tão abrangente que seu significado se alargou, sendo o mesmo
abordado sob vários enfoques, para finalidades diferentes, em busca de solução para
problemas específicos de áreas diversas. Nesta perspectiva, destacam-se os usos diversos
da palavra tecnologia, a saber: utilização no sentido de técnica; emprego com referência

14
às máquinas, equipamentos, instrumentos e sua fabricação ou mesmo na sua utilização ao
seu manejo; relacionado com os estudos dos aspectos económicos da tecnologia e seus
efeitos sobre a sociedade (Grinspun et al., 1999:48).

A tecnologia, conforme o dicionário Web (20114), pode ser percebida como um produto
da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas
que visam a resolução de problemas. Sendo assim, conforme Reis (1995:41), é difícil
descrever o significado de tecnologia porque, como afirma Widmer (1982), está aplicada
em muitas ocasiões de uma maneira tão vaga que é susceptível de avaliações de tipo
ideológico.

Souza (2005, 13-40), define tecnologia como toda forma de gerar, armazenar, processar
e reproduzir a informação. Assim sendo, pode-se perceber que tecnologia é uma aplicação
de um conhecimento científico ou técnico, de um saber como fazer, de métodos e
materiais para a solução de um determinado problema.

Por sua vez, informação, conforme o dicionário Web (2011), é um conjunto de dados,
que constituem uma mensagem sobre um determinado fenómeno ou evento. Entretanto a
informação dentro das TIC’s está a ser muito utilizado e apresenta em diferentes noções
dependendo do contexto onde está a ser empregada. Para Ferreira e Jaqueline (2004), a
informação é o conjunto organizado de dados, que constitui uma mensagem sobre um
determinado fenómeno ou evento5.

Nessa linha de pensamento pode-se afirmar que usamos, absorvemos, assimilamos,


manipulamos, transformamos, produzimos e transmitimos informação durante o tempo
todo. Todavia, ainda assim fica complicado definir a informação, deste modo existe
também uma outra noção da informação. Seguindo a lógica dessas definições, chega-se à
conclusão de que a informação só será gerada mediante demanda e a procura, ou seja,
uma pessoa tem que precisar da informação para que esta seja gerada6.

4
Dicionário Web. Disponível em <http://conceito.de/tecnologia>. Acessado em 25 de Janeiro de 2023.
5
Ao fazer uma pergunta, estamos pedindo informação, quando assistimos televisão ou um filme, estamos
absorvendo informação. Também ao ler um jornal, uma revista, ou ao ouvir uma música, estamos a lidar
com algum tipo de informação. Até quando contamos uma piada estamos transmitindo informação (Souza,
2005).
6
Tamele, C. A. (2016), Análise das Práticas de Gestão Inerentes a Integração das TIC’s nas Instituições
de Ensino Secundário. Caso da Escola Secundária Quisse Mavota, (Monografia). Maputo: Universidade
Eduardo Mondlane.

15
Outro conceito que me propus discutir, nesta secção, é a comunicação. A palavra
comunicação, por sua vez, é uma palavra derivada do termo latino “communicare”, que
significa partilhar, participar algo, tornar comum. No que diz respeito ao conceito de
comunicação, Teixeira (1998:184), define esse termo como o processo de transferência
de informação, ideias, conhecimentos ou sentimentos entre as pessoas. Pode traduzir-se
tanto na carta do correio como nas transmissões via satélite.

Para Stoner; Freeman (1999:388), primeiro, a comunicação é o processo por meio do qual
os administradores realizam as funções de planificação, organização, liderança e controlo.
Segundo, a comunicação é uma actividade à qual os administradores dedicam uma
enorme proposição de seu tempo.

Nos dizeres de Almeida (2007), a comunicação é entendida como forma de interagir entre
as partes interessadas, deste modo para haver uma comunicação é fundamental a presença
dos componentes como, o emissor, o receptor, a mensagem, o canal de propagação, o
meio de comunicação, o feedback e o ambiente onde o processo comunicativo se realiza.

Conceitualizando, a comunicação deve ter em conta, a comunicação corporal,


comunicação oral, comunicação escrita, comunicação digital. Falar da comunicação
dentro das TIC’s, trata-se da recolha, armazenamento, processamento e transmissão de
dados por intermédio de conexões baseados na escala mundial como a Internet.

Diante dessa compreensão, existem dois aspectos que valem a pena sublinhar quando se
procurar instigar sobre os conceitos acima apresentados, que são: tecnologia de
informação e tecnologia de comunicação. Na verdade esses conceitos, apesar de andarem
sempre juntos, precisam de ser analisados de forma criteriosa, uma vez que quando
falamos de tecnologia de informação não significa falar de tecnologia de comunicação,
visto que se trata de questões diferentes.

Por tecnologia de informação entende-se que se trata dos suportes de gravação e do


armazenamento, de informação, como por exemplo, o papel, os arquivos, os catálogos,
CD, DVD’s, flash (pen drive), MP3; etc. Já a tecnologia de comunicação diz respeito, por
exemplo, aos livros, fax, telefone, jornais, correio, as revistas, aos vídeos, internet, à
informática etc (Mombassa, 2013).

Retornando ao conceito de TIC’s, essa sigla está ligada à língua latina e significa
Tecnologia da Informação e Comunicação. Esse conceito, surge enquanto conjunto de

16
conhecimentos, reflectidos quer em equipamentos e programas, quer na sua criação e
utilização nos níveis pessoal, empresarial ou institucional (Morgado, 2004:12).

Conforme Costa (2008), as TIC’s, podem ser entendidas como todas as formas de
tecnologias utilizadas para criar, armazenar, trocar e/ou transmitir e utilizar a informação
nas suas diversas formas, estruturas ou formatos (dados, voz, imagem, filmes,
multimédia, etc.). É um conceito que se caracteriza por uma rápida expansão dos
equipamentos, serviços e tecnologias que processam a informação.

Para o relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento


(2003:37) citado por Sitoe (2020:16), TIC’s é a expressão que designa os dipositivos de
computadores (hardware e software), rádio difusão, telecomunicações do sistema digital,
e ainda televisor, rádio, telemóveis e as políticas que regulamentam estes meios e
dispositivos.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2008:148) citado
por Sitoe (2020:16), as TIC´s em sua expressão geral, designam dispositivos de
computadores, rádio difusão e telecomunicações de sistema digital bem como
repositórios de informação electrónica, tais como o world wide web (www) ou
dispositivos incorporados em CD-Roms. A expressão TIC’s representa, logo, uma gama
de elementos em contínua evolução que incluem ainda a televisão, a rádio, os telemóveis,
as políticas e as leis que regulam estes meios e dispositivos

Com base no exposto, para efeitos desta pesquisa, o termo TIC’s deve ser entendido como
nada mais, nada menos que um conjunto de meios tecnológicos e computacionais que
permitem a produção e a utilização da informação, abrangendo desde as redes de
computadores e aos demais dispositivos.

2.2.2. Qualidade

De acordo com Paro (1986), o conceito de qualidade raramente aparece explicitado de


forma rigorosa. Isso explica porque é tão complexo chegar a um denominador comum
a esse respeito.

7
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (2003), Estudo sobre o Governo
Electrónico da Organização das Nações Unidas 2014, Publicação Oficial do Departamento de Assuntos
Económicos e Sociais das Nações Unidas.
8
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2008), Relatório de Desenvolvimento Humano:
O Papel das Tecnologias de Informação e Comunicação na Realização dos Objectivos do Milénio.

17
De acordo com Avelino (2005:159) citado por Xhlaisse (2021), a qualidade corresponde
a um conjunto de propriedades e características de um produto, processo ou serviço, que
lhe fornecem a capacidade de satisfazer as necessidades explícitas ou implícitas. Ela pode
ainda significar um grau previsível de uniformidade e confiança a baixo custo, estando
adequada ao mercado.

Na sequência, Meredith e Shafer (200210) citados por Xhlaisse (2021), definem a


qualidade como um modo eficaz de produzir com bom preço, a custos baixos, atendendo
e satisfazendo as necessidades dos clientes, tornando a empresa competitiva no mercado.

Por sua vez, Bianco (200011) citado por Xhlaisse (2021), defende que o conceito de
qualidade está associado a certas manifestações físicas mensuráveis no produto ou pelo
menos detectáveis sensorialmente, todas elas capazes de atestar algum efeito benéfico.

Neste sentido, para a leitura do presente trabalho, adopta-se o conceito de Bianco (2000).
Pois, este enquadra-se perfeitamente aos objectivos pretendidos com esta pesquisa. Visto
que, para se aferir o contributo das TIC’s enquanto ferramenta para a melhoria da
qualidade do ensino na ESFP foram usados indicadores da qualidade do ensino que
permitarm atestar o efeito benéfico dessas ferramentas na melhoria qualidade do ensino.

Findo este capítulo, que se debruçou em torno do enquadramento teórico que por sua vez
fez-se menção à TC e, posterior debate conceptual onde foram debatidos os conceitos-
chave, no capítulo que se segue apresenta-se a abordagem sobre o contributo das
tecnologias de informação e comunicação na melhoria da qualidade do ensino.

9
Avelino, A. (2005), Qualidade no processo de produção: um modelo de gestão para garantir a qualidade
de acabamento das carrocerias em chapa na linha de produção, Dissertação de Mestrado, Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo.
10
Meridith, J. & Shafer, S. (2002), Administração da produção para MBA’S. Porto Alegre: Bookman.
11
Bianco, M. & Jaccoud, A. (2000), Total Quality Management (TQM) e gestão dos recursos humanos:
estudo baseado em empresas líderes, XXIV Encontro da ANPAD, 12 a 15 de setembro, 2000,
Florianópolis/Brasil, Disponível em: www.anpad.org.br, Acesso em 15 de janeiro 2021.

18
CAPÍTULO 3: ABORDAGEM SOBRE O CONTRIBUTO DAS TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA MELHORIA DA QUALIDADE DO
ENSINO

Neste capítulo apresenta-se a revisão da literatura referente à abordagem sobre o


contributo das tecnologias de informação e comunicação na melhoria da qualidade do
ensino. A revisão da literatura tem o objectivo de fazer o levantamento do material
bibliográfico e documental relacionado com o tema, confrontando vários pontos de vista
de autores que escreveram sobre a matéria que o pesquisador pretende estudar.

3.1. Tecnologias de Informação e Comunicação

As TIC’s são utilizadas em diversas maneiras e em vários ramos de actividades, podendo


se destacar nas indústrias no processo de automação, no comércio em gerenciamentos e
publicidades, no setor de investimentos com informações simultâneas e comunicação
imediata, e na educação no processo de ensino aprendizagem e educação a distância.
Pode-se dizer que a principal responsável pelo crescimento e potencialização da
utilização das TIC’s em diversos campos foi à popularização da Internet (Oliveira, et al.,
s/d).

Em se tratando de informação e comunicação, as possibilidades tecnológicas apareceram


como uma alternativa da era moderna, facilitando a educação com a inserção de
computadores nas escolas, possibilitando e aprimorando o uso da tecnologia pelos alunos,
o acesso a informações e a realização de múltiplas tarefas em todas as dimensões da vida
humana, além de qualificar os professores por meio da criação de redes e comunidades
virtuais (Idem.).

Sabe-se que, as mudanças com o aparecimento das tecnologias foram grandes e positivas
para a sociedade, em relação à comunicação, ligação e convívio social. A Informática
trouxe, além de inúmeros recursos tecnológicos, a esperança de melhorias no processo de
ensino e aprendizagem.

As TIC’s possibilitam a adequação do contexto e as situações do processo de


aprendizagem às diversidades em sala de aula. As tecnologias fornecem recursos
didáticos adequados às diferenças e necessidades de cada aluno. As possibilidades
constatadas no uso das TIC’s são variadas, oportunizando que o professor apresente de
forma diferenciada as informações. Por meio das TIC’s, disponibilizamos da informação

19
no momento em que precisamos, de acordo com nosso interesse. O termo TIC’s é a junção
da tecnologia ou informática com a tecnologia da comunicação, a Internet é um
ensinamento claro disso. As TIC’s quando são utilizadas, melhoraram o processo de
ensino, pois criam ambientes virtuais de aprendizagem, colaborando com o aluno na
assimilação dos conteúdos. O computador e a Internet atrai a atenção dos alunos
desenvolvendo neles, habilidades para captar a informação. Essa informação manifesta-
se de forma cada vez mais interativa e cada vez mais depressa, que os envolvidos no
processo de ensino, muitas vezes, não conseguem assimilar (Oliveira, et al., s/d).

A principal dificuldade de se incorporar as TIC’s no processo de ensino, é o facto de o


professor ser ainda apontado, o detentor de todo conhecimento. Hoje, diante das
tecnologias apresentadas aos alunos, o professor tem o papel de interventor dessa nova
forma de ensino, dando o suporte necessário ao uso adequado e responsável dos recursos
tecnológicos. Para que isso aconteça, o professor deve buscar, ainda em sua formação, se
atualizar não só dentro de sua especialidade, mas também, dentro das tecnologias que
possam auxiliar em suas práticas pedagógicas (Idem.).

Muitos vêem nas TIC’s, a perspectiva transformadora e determinante para melhorar a


educação, mas deve-se considerar que há muitos problemas ainda associados à
incorporação de tecnologias nas escolas. É um desafio para os professores mudar sua
forma de conceber e por em prática o ensino, através de uma nova ferramenta. Para
Imbérnom (2010:36):

Para que o uso das TIC’s signifique uma transformação educativa que se
transforme em melhora, muitas coisas terão que mudar. Muitas estão nas
mãos dos próprios professores, que terão que redesenhar seu papel e sua
responsabilidade na escola actual. Mas outras tantas escapam de seu
controle e se inscrevem na esfera da direção da escola, da administração
e da própria sociedade.
As escolas devem fazer uso das TIC’s como novos meios de aprendizagem em todos os
aspectos do currículo. Hoje as TIC’s são utilizadas em trabalhos extracurriculares, ou em
disciplinas como complemento didático. O computador ainda não é considerado um
recurso do cotidiano para criação e pesquisa..

Precisamos então começar a pensar no que realmente pode ser feito a partir da utilização
dessas novas tecnologias, particularmente da Internet, no processo educativo. Para isso,
é necessário compreender quais são suas especificidades técnicas e seu potencial
pedagógico.

20
3.1.2. Tecnologias de Informação e Comunicação no Processo de Ensino e
Aprendizagem

O uso de tecnologias na escola tem uma longa história, mas, tal como noutras áreas
científicas, só no decorrer do século passado viria a constituir um novo campo de estudo
e de investigação (Costa, 2007).

No início dos anos 50, Skinner apresentou uma máquina de ensinar que se baseava no
conceito de instrução programada, que consistia em dividir o material a ser ensinado em
pequenos módulos, de maneira que cada facto ou conceito fosse apresentado ao aluno de
forma sequencial (António & Coutinho, s/d).

Com o advento do computador, tornou-se claro que os módulos do material de instrução


poderiam passar a ser apresentados com grande flexibilidade. Assim, durante o início dos
anos sessenta, foram criados diversos programas informáticos de instrução programada e
começou a popularizar-se a expressão ensino assistido por computador ou “computer-
aided instruction” (Idem.).

Os primeiros anos do processo de integração dos computadores nas escolas ficaram muito
marcados pela tentativa da sua utilização de modo a melhorar a eficácia do acto de
ensinar. Sensivelmente ao mesmo tempo em que se iam dando os primeiros passos na
exploração dos computadores como máquinas de ensinar (mais do mesmo), de entre o
grupo de cépticos quanto a ser essa a melhor via da integração dos computadores na
educação, sobressaía uma figura que iria marcar indelevelmente toda a reflexão posterior
em torno dessa questão. Essa personalidade é Seymour Papert, e o seu nome está ligado
à criação da linguagem Logo, por ter liderado o grupo que a desenvolveu, no
Massachusetts Institute of Technology, na segunda metade dos anos 60 (Idem.).

Convém relembrar que a importância do Logo radica no facto de não ser apenas uma
ferramenta informática, uma mera linguagem de programação, mas todo um projecto
pedagógico de utilização de computadores na educação, segundo uma perspectiva que
nada tinha que ver com a perspectiva do ensino assistido por computador. De facto,
enquanto o ensino assistido por computador fornecia, ou um substituto para o professor,
ou algo que potenciasse a sua capacidade de ensinar, a perspectiva de Papert apontava
para a criação de uma ferramenta que, entregue aos aprendizes, potenciasse as suas
possibilidades de aprender, e de aprender para além do currículo (Idem.).

21
Nesse sentido, a inserção das TIC’s no cotidiano escolar anima o desenvolvimento do
pensamento critico criativo e a aprendizagem cooperativa, uma vez que torna possível a
realização de actividades interativas. Sem esquecer que também pode contribuir com o
estudante a desafiar regras, descobrir novos padrões de relações, improvisar e até
adicionar novos detalhes a outros trabalhos tornando-os assim inovados e diferenciados
(Oliveira, et al., s/d).

As tecnologias proporcionam que os alunos construam seus saberes a partir da


comunicabilidade e interações com um mundo de pluralidades, no qual não há limitações
geográficas, culturais e a troca de conhecimentos e experiências é constante (Idem.).

Dessa maneira as tecnologias de informação e comunicação operam como molas


propulsoras e recursos dinâmicos de educação, à proporção que quando bem utilizadas
pelos educadores e educandos proporcionam a intensificação e a melhoria das práticas
pedagógicas desenvolvidas em sala de aula e fora dela (Idem.).

Na sociedade actual em que estamos vivendo, em que por muitas vezes a máquina
substitui o trabalho humano, cabe ao homem à obrigação de ser criativo, ter boas ideias.
E na era da informação e comunicação é indispensável que as pessoas saibam e consigam
identificar o que há de essencial (Idem.).

É preciso compreender que a ferramenta tecnológica não é ponto principal no processo


de ensino e aprendizagem, mas um dispositivo que proporcionaliza a mediação entre
educador, educando e saberes escolares, assim é essencial que se supere o velho modelo
pedagógico é preciso ir além de incorporar o novo (tecnologia) ao velho. Sendo assim,
temos que entender que, a inserção das TIC’s no ambiente educacional, depende
primeiramente da formação do professor em uma perspectiva que procure desenvolver
uma proposta que permita transformar o processo de ensino em algo dinâmico e
desafiador com o suporte das tecnologias (Idem.).

As TIC’s quando articuladas a uma prática formativa que leva em conta os saberes
trazidos pelo aluno, associando aos conhecimentos escolares se tornam essenciais para a
construção dos saberes. Além disso, favorece aprendizagens e desenvolvimentos, além
de oportunizar melhor domínio na área da comunicação permitindo aos mesmos
construírem e partilharem conhecimentos, tornando-os seres democráticos que aprendem
a valorizar a competências individuais (Idem.).

22
Para que os recursos tecnológicos façam parte da vida escolar é preciso que alunos e
professores o utilizem de forma correta, e um componente substancial é a formação e
actualização de professores, de modo que a tecnologia seja de facto incorporada no
currículo escolar, e não vista apenas como um complemento ou aparato marginal. É
preciso pensar como incorporá-la no dia a dia da educação de forma definitiva. Em
seguida, é preciso levar em conta a construção de conteúdos inovadores, que usem todo
o potencial dessas tecnologias (Oliveira, et al., s/d).

A incorporação das TIC’s deve ajudar gestores, professores, alunos, pais e funcionários a
transformar a escola em um lugar democrático e promotor de acções educativas que
transida os limites da sala de aula, instigando o educando a ver o mundo muito além dos
muros da escola, respeitando constantemente os pensamentos e princípios do outro. O
professor deve ser capaz de reconhecer as diferentes maneiras de pensar e as curiosidades
do aluno sem que aja a imposição do seu ponto de vista (Idem.).

Sabe-se que, o uso da informática na educação implica em novas formas de comunicar,


de pensar, ensinar/aprender, ajuda aqueles que estão com a aprendizagem muito aquém
da esperada. A informática na escola não deve ser concebida ou se resumir a disciplina
do currículo, e sim deve ser vista e utilizada como um recurso para auxiliar o professor
na integração dos conteúdos curriculares, sua finalidade não se encerra nas técnicas de
digitações e em conceitos básico de funcionamento do computador, há todo um leque de
oportunidades que deve ser explorado por aluno e professores (Idem.).

Vieira (2011), ressalta duas possibilidades para se fazer uso das TIC’s, a primeira é de
que o professor deve fazer uso deste para instruir os alunos e a segunda possibilidade é
que o professor deve criar condições para que os alunos descreva seus pensamentos,
reconstrua-os e materialize-os por meio de novas linguagens, nesse processo o educando
é desafiado a transformar as informações em conhecimentos práticos para a vida. Pois
como considera o autor supracitado,

[...] a implantação da informática como auxiliar do processo de


construção do conhecimento implica mudanças na escola que vão além
da formação do professor. É necessário que todos os segmentos da escola
– alunos, professores, administradores e comunidades de pais – estejam
preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a
formação de um novo profissional. Nesse sentido, a informática é um dos
elementos que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança é
mais profunda do que simplesmente montar laboratórios de
computadores na escola e formar professores para utilização dos mesmos.

23
Concordo com a autora, pois implantar laboratórios de informática nas escolas não é
suficiente para que a educação de um salto na qualidade, é fundamental que todos os
membros do ambiente escolar inclusive os pais tenham seu papel redesenhado.

Actualmente o mundo tem a seu dispor muitas inovações tecnológicas para se usar em
sala de aula, o que condiz com uma sociedade pautada na informação e no conhecimento,
pois através desses meios temos a possibilidade virtual de ter acesso a todo tipo de
informação independente do local em que nos encontramos e do momento, esse
desenvolvimento tecnológico trouxe enormes benefícios em termos de avanço científico,
educacional, comunicação, lazer, processamento de dados e conhecimento (Oliveira, et
al., s/d).

Sabe-se que, a aprendizagem intermediada pelo o computador gera profundas


transformações no processo de produção do conhecimento, se antes as únicas vias eram
de sala de aula, o professor e os livros didáticos, hoje é concedido ao aluno navegar por
diferentes espaços de informação, que também nos viabiliza enviar, receber e armazenar
informações virtualmente (Idem.).

Portanto, o computador e os demais aparatos tecnológicos são vistos como bens


necessários e saber operá-los constitui-se em condição de empregabilidade, conhecimento
e domínio da cultura.

3.1.2. Novas Tecnologias e Novas Formas de Aprender

Com as novas tecnologias da informação abrem-se novas possibilidades à educação,


solicitando assim, uma nova presença do educador. Com a utilização das tecnologias na
educação, podem-se obter informações, fazendo assim, uma conexão com alunos e
professores, permitindo que o educador trabalhe melhor o desenvolvimento do
conhecimento (Mombassa, 2013).

O acesso à internet nas escolas permite que a aprendizagem ocorra frequentemente no


espaço virtual, que precisa ser introduzido às práticas pedagógicas. A escola é um
ambiente privilegiado de interacção social, mas este deve interligar-se e integrar-se aos
demais espaços de conhecimento hoje existentes e incorporar os recursos tecnológicos e
a comunicação, concedendo fazer as pontes entre conhecimentos e se tornando um novo
elemento de cooperação e transformação. A forma de produzir, armazenar e disseminar a

24
informação está se transformando; o enorme volume de fontes de pesquisas é aberto aos
alunos pela Internet (Oliveira, et al., s/d).

A formação de professores para essa nova realidade tem sido crítica e não tem sido
priorizada de maneira efectiva pelas políticas públicas em educação nem pelas escolas.
As soluções propostas inserem-se, principalmente, em programas de formação de nível
de pós-graduação ou, como programas de qualificação de recursos humanos. O perfil do
profissional de ensino é orientado para uma determinada especialização, mesmo por que,
o tempo essencial para essa apropriação não o permite. Como resultado, evidencia-se a
fragilidade das acções e da formação, reflectidas também através dos interesses
económicos e políticos (Vieira, 2011).

A importância de inserir novas tecnologias em ambientes escolares é para gerar coisas


novas e pedagogicamente importantes que não se pode acontecer de outras formas. A
escola passa a ser um ambiente mais interessante que aprontaria o aluno para o seu futuro.
A aprendizagem centra-se nas diferenças individuais e na qualificação do aluno para
torná-lo um utilizador independente da informação, capaz de usar vários tipos de fontes
de informação e meios de comunicação (Costa, 2007).

Às escolas cabe à introdução das novas tecnologias de comunicação e coordenar o


processo de transformação da actuação do professor, que é o principal actor destas
mudanças, preparar o educando a buscar correctamente a informação em fontes de vários
tipos. É importante também, informar toda a comunidade escolar, principalmente os
alunos, da importância da tecnologia para o desenvolvimento social e cultural (Oliveira,
et al., s/d).

Com as novas tecnologias, novas formas de compreender, novas competências são


exigidas, novas formas de se realizar o trabalho pedagógico são necessárias e
fundamentalmente, é necessário formar continuamente o novo professor para actuar neste
ambiente tecnológico, em que a tecnologia serve como intercessor do processo ensino-
aprendizagem (Idem.).

As novas tecnologias podem ter um significativo choque sobre o papel dos educadores,
bem como na vida dos educandos, influenciado assim em sua aprendizagem, a tecnologia,
tem que ser apoiada por um modelo geral de ensino que encara os estudantes como
componentes ativos do processo de aprendizagem e não como receptores passivos de
informações ou conhecimento, incentivando-se os professores a utilizar redes e

25
começarem a reformular suas aulas e a estimular seus alunos a participarem de novas
experiências (Reis, 1995).

Portanto, a utilização adequada destas tecnologias estimula a capacidade de desenvolver


estratégias de buscas; critérios de escolha e habilidades de processamento de informação,
não só a programação de trabalhos. Em correlação a comunicação, induz o
desenvolvimento de competências sociais, a capacidade de comunicar efectiva e
coerentemente, a qualidade da apresentação escrita das ideias, permitindo a autonomia e
a criatividade.

3.2. Qualidade do Ensino

Segundo Klauck (2012:38), o tema qualidade da educação escolar colocou-se com força
no debate público, no contexto de ampliação de demandas e de acirramento das
divergências sobre supostos, motivações, fins, meios e resultados dessa prática social. Aí
cresceu o interesse por discutir e pesquisar essa questão, com especial atenção às
estratégias e ferramentas das políticas públicas para induzir, monitorar e avaliar a
qualidade do ensino, das escolas.

Um dos muitos desafios relativos a essa questão é o de natureza conceitual, sendo


largamente reconhecida, na literatura educacional, a complexidade, a polissemia e o
carácter multidimensional desse conceito (Beisiegel, 2005; Oliveira e Araújo, 2005;
Dourado e Oliveira, 2009; Ferreira e Tenório, 2010). Isso porque o conceito de qualidade
em educação está em movimento no tempo e espaço, ou seja, tem natureza histórica.

Entretanto, Oliveira (2009), pondera que, de uma perspectiva ampla, de conjunto,


podemos observar duas concepções de qualidade da educação:

uma delas está presente na orientação económico-produtiva, na qual se exige o


desenvolvimento de competências para o mundo do trabalho, lembrando que,
com as mudanças tecnológicas, cada vez mais surgem necessidades aos
trabalhadores, exigindo-lhes mais habilidades; outra concepção refere-se à busca
pela democratização do ensino, considerada como uma luta histórica, como um
direito do cidadão pela gratuidade e obrigatoriedade do ensino com qualidade,
cumprindo o ensino, dessa forma, a sua função social.
Na mesma linha de raciocínio, Saraiva., et al (s/d), consideram que o conceito de qualidade de
ensino surge frequentemente, também, associado ao conceito de eficácia e de eficiência,
referindo-se neste contexto à necessidade de alargamento da escolaridade a um maior
número de participantes, ao aumento das taxas de sucesso, à adequação do processo do
ensino-aprendizagem, à formação de professores, ao reapetrechamento das instituições

26
escolares e ao reforço de qualificação dos formandos, caracterizado pela procura da
qualidade a todos os níveis.

Sendo o conceito de qualidade em educação muito difícil de definir, Ethier (198912) citado
por Saraiva., et al (s/d), refere basicamente que este está centrado em três parâmetros:

 Qualidade dos recursos humanos, materiais e financeiros de que deve dispor um


serviço de educação;
 Qualidade do processo educativo em que os programas e os métodos exprimam
todo o seu potencial;
 Qualidade dos resultados académicos, mas também dos relacionados com o
desenvolvimento pessoal e social dos estudantes.

Outros autores, na análise da qualidade das escolas ou dos sistemas educativos,


debruçam-se sobretudo sobre a qualidade dos recursos, enquanto outros se concentram
essencialmente sobre a qualidade do processo e dos resultados. No entanto, ambos os
factores se interpenetram e é a partir da optimização dessa combinação que surge a mais-
valia para a qualidade das escolas.

Assim, todos os elementos de um sistema educativo podem contribuir para a qualidade


do sistema, bem como podem também induzir à negligência e à mediocridade. O sucesso
qualitativo do sistema depende da interacção harmoniosa de todos os elementos, no
sentido de se completarem, se apoiarem e darem a sua contribuição específica para os
objectivos globais do mesmo sistema. Pelo que, existem certas medidas que, pelo seu
poder multiplicador, se tornam estrategicamente prioritárias, nomeadamente:

 Promoção da eficácia da aprendizagem: que é determinada por um currículo


que reflicta o estado da ciência, que se adapte ao desenvolvimento e à cultura dos
alunos e que seja operacional. Isto é, que tenha objectivos claramente
estabelecidos, não esquecendo a questão da diferenciação curricular, de modo a
que se possa exigir, com rigor e clareza, diferentes desempenhos a alunos
diferentes; e nunca permanente e irreversível, mas aberto e reformulável conforme
a evolução dos interesses e capacidades dos alunos. Um dos meios mais eficazes

12
Ethier, G. (1989), La gestion de I'excellence en éducation. Presses de l'Université du Québec.

27
de promover a qualidade do processo de aprendizagem é a avaliação contínua e
formativa (Cunha, 1997:89);
 Promoção directa da excelência dos resultados: através de provas aferidas que
permitam harmonizar critérios de classificação de escola, impedir eventuais
injustiças de inflações locais, manter padrões de excelência nas escolas e nas
disciplinas e garantir a confiança social nos diplomas (Idem.);
 Promoção da qualidade dos recursos humanos e materiais: A qualidade dos
recursos humanos depende essencialmente da formação inicial dos docentes, da
sua formação contínua, dos métodos do seu recrutamento e colocação, dos
métodos de gestão das escolas, das condições de trabalho, dos benefícios salariais,
dos sistemas de inspecção, apoio e mobilização para a inovação e, finalmente, da
própria deontologia dos docentes, especialmente actualização científica e
pedagógica, empenho na individualização do ensino, estímtllo da superação das
dificuldades, expectativa em relação ao desempenho dos alunos (Idem.).

3.2.1. Indicadores da Qualidade do Ensino

Segundo Ferreira., et al (200913) citados por Xhlaisse (2021), o indicador é uma medida,
de ordem quantitativa ou qualitativa, doptada de significado particular e utilizada para
organizar e captar as informações relevantes dos elementos que compõem o objecto da
observação. É um recurso metodológico que informa empiricamente sobre a evolução do
aspecto observado.

Nesse sentido, o estudo de indicadores da qualidade na educação têm o objetivo de


delimitar indicadores que caracterizam os pontos fracos e pontos fortes na escola, no
intuito de potencializar e oferecer um instrumento para a avaliação e o monitoramento da
qualidade da educação (Ribeiro & Kaloustian, 2007). Assim, o presente estudo apontou
sete dimensões da escola a considerar: ambiente educativo, prática pedagógica e
avaliação, ensino e aprendizagem da leitura e da escrita, gestão escolar democrática,
formação e condições de trabalho dos profissionais, espaço físico e acesso, permanência
e sucesso na escola. Essas dimensões e respectivos indicadores de qualidade são
apresentados no quadro a seguir.

13
Ferreira, A. R., et al. (2009). Uma Experiência de Desenvolvimento Metodológico para Avaliação de
Programas: o modelo lógico do programa segundo tempo. Texto para discussão. Brasília: IPEA.

28
Quadro 1: Indicadores da qualidade do ensino

Dimensões Indicadores de qualidade


Ambiente  Amizade e solidariedade;
educativo  Alegria;
 Respeito ao outro;
 Combate à discriminação;
 Disciplina e tratamento adequados aos conflitos que ocorrem no diaa-
dia da escola;
 Respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes.
Prática  Projeto político-pedagógico definido e conhecido por todos;
pedagógica e  Planeamento;
avaliação  Contextualização;
 Prática pedagógica inclusiva;
 Formas variadas e transparentes de avaliação dos alunos;
 Monitoramento da prática pedagógica e da aprendizagem dos alunos.
Ensino e  Orientações para a alfabetização inicial implementadas;
aprendizagem  Existência de práticas alfabetizadoras na escola;
da leitura e  Atenção ao processo de alfabetização de cada criança;
da escrita  Ampliação das capacidades de leitura e escrita ao longo do ensino
fundamental;
 Acesso e bom aproveitamento da biblioteca ou sala de leitura, dos
equipamentos de informática e da internet;
 Existência de ações integradas entre a escola e toda a rede de ensino
com o objetivo de favorecer a aprendizagem da leitura e da escrita.
Gestão  Informação democratizada;
escolar  Conselhos escolares atuantes;
democrática  Participação efetiva de estudantes, pais, mães e comunidade em geral;
 Acesso, compreensão e uso dos indicadores oficiais de avaliação da
escola e das redes de ensino;
 Participação em programas de repasses de recursos financeiros;
Formação e  Formação inicial e continuada;
condições de  Suficiência e estabilidade da equipe escolar;
trabalho dos  Assiduidade da equipe escolar.
profissionais
da escola
Ambiente  Suficiência do ambiente físico escolar;
físico escolar  Qualidade do ambiente físico escolar;
 Bom aproveitamento do ambiente físico escolar.
Acesso e  Atenção especial aos alunos que faltam;
permanência  Preocupação com o abandono e evasão;
dos alunos na  Atenção especial aos alunos com alguma defasagem de aprendizagem.
escola

Fonte: Ribeiro & Kaloustian (2007).

3.3. Contributo das Tecnologias de Informação e Comunicação na Melhoria da


Qualidade do Ensino

As TIC’s são mais do que ferramentas de trabalho. Elas têm um papel fundamentall na
maneira como permitem mudanças ao nível de metanlidade, ao nível institucional,

29
alterando a forma como as organizações e os indivíduaos se comunicam, funcionam e
trocam informações (ECTIM, 2006:8).

No contexto escolar, as TIC’s são pontes que abrem a sala de aula para o mundo, que
representam, medeiam o nosso conhecimento do mundo. São diferentes formas de
representação da realidade, de forma mais abstrata ou concreta, mais estática ou dinâmica,
mais linear ou paralela, mas todas elas, combinadas, integradas, possibilitam uma melhor
apreensão da realidade e o desenvolvimento de todas as potencialidades do educando, dos
diferentes tipos de inteligência, habilidades e atitudes (Moran, 2007:164).

Nesse sentido, enquanto ferramenta de aprendizagem, as TIC’s contribuem para a


melhoria da qualidade do ensino na medida em que permitem o desenvolvimento do
pensamento critico criativo e a aprendizagem cooperativa, uma vez que tornam possível
a realização de actividades interativas14.

Igualmente, as TIC’s proporcionam que os alunos construam seus saberes a partir da


comunicabilidade e interações com um mundo de pluralidades, no qual não há limitações
geográficas, culturais e a troca de conhecimentos e experiências é constante. Dessa forma,
as TIC’s operam como molas propulsoras e recursos dinâmicos de educação, à proporção
que quando bem utilizadas pelos educadores e educandos proporcionam a intensificação
e a melhoria das práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula e fora dela,
contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade do ensino (Idem.).

Entretanto, no contexto da educação as TIC’s não podem ser consideradas como um


elemento suficiente para garantir a qualidade dos serviços prestados pelas instituições
educacionais, torna-se imperioso garantir-se, portanto, o pessoal qualificado para poder
utilizar essas ferramentas, dado a complexidade para sua utilização na gestão das
instituições, sobretudo no processo de ensino e aprendizagem (Mombassa, 2013).

O mesmo raciocínio é partilhado por Paiva (2002:129), ao considerar que a utilização das
TIC’s está também relacionada com a formação de professores. Ter como dados
adquiridos um bom apetrechamento informático e uma formação adicional, não são
garantias suficientes para se verificar um uso sistemático e de qualidade das TIC’s no
meio educativo.

14
Oliveira, C. et al. (s/d), TIC’S na Educação: a utilização das tecnologias da informação e comunicação
na aprendizagem do aluno.

30
Segundo o mesmo autor é fundamental que os professores estejam devidamente
preparados para se efectuar uma eficaz e adequada integração das tecnologias no processo
pedagógico. Há uma clara necessidade de se proceder a uma articulação entre os modelos
pedagógicos existentes e as potencialidades das novas tecnologias. O que Figueiredo
(2000), designa por criação de ambientes de aprendizagem significativos, onde as TIC’s
desempenham um papel importante, materializando o desenvolvimento de desafios
educativos, devidamente contextualizados e enriquecedores.

Findo este capítulo, que se debruçou em torno da abordagem sobre o contributo das
tecnologias de informação e comunicação na melhoria da qualidade do ensino, no capítulo
que se segue desenvolve-se o estudo de caso, que de certa forma, procura materializar os
objectivos do estudo.

31
REFERÊNCIAS

a) Livros

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contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa. São
Paulo.
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Graduação. 2ª Edição, Livraria Universitária, Maputo.
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 Belloni, M, L. (1999), Educação a Distância. Editores Associados: São Paulo:
Editores.
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e Comunicação: Questões Variáveis para o Desenvolvimento dos Distritos? Maputo.
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desafios. Campinas.
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para Avaliação de Programas: o modelo lógico do programa segundo tempo. Texto
para discussão. Brasília: IPEA.
 Ferreira, D. F. (2005), Estatística Básica. Editora UFLA: Lavras.
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 Imbernón, F. (2010), Formação Docente e Profissional: formar-se para a mudança
e a incerteza. 7ª. Edição. São Paulo.
 Lakatos, E. & Marconi, M. (2003), Fundamentos de Metodologia Científica. 5ª
Edição, Atlas S.A.: São Paulo.

32
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Em Excel. Editora: ERNESTO REICHMANN.
 Lundin, I. (2016), Metodologia de Pesquisa em Ciências Sociais. Escolar Editora:
 Maputo.
 Meridith, J. & Shafer, S. (2002), Administração da produção para MBA’S. Porto
Alegre: Bookman.
 Moran, J. M. (2007), Desafios na Comunicação Pessoal. São Paulo.
 Nevado, P. (2008), Métodos de Investigação Científica. Saraiva: São Paulo.
 Oliveira, O. J. (2009), Gestão da Qualidade: Tópicos Avançados. Pioneira Thomson
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 Paiva, J. (2002), As Tecnologias de Informação e Comunicação: utilização pelos
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 Paro, V. H. (1986), Administração Escolar: uma introdução crítica. Editora Cortez.
 Reis, M. F. (1995), Educação Tecnológica: A Montanha Pariu um Rato? Tendências
e Dificuldades da Educação Tecnológica na Educação Geral, com Referência ao
Contributo das Ciências. Porto: Porto Editora, LDA.
 Ribeiro, V. M. & Kaloustian, S. (2007), Indicadores da Qualidade na Educação. 3ª
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 Silva, E. & Menezes, E. (2001), Metodologia de Pesquisa e Elaboração de
Dissertação. 3ª Edição revista e actualizada. Laboratório de ensino a distância da
UFSC: Florianópolis.
 Souza, S. (2005), Tecnologias de Informação – Oque são? Para que servem?. 6ª
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 Stoner. J. A. F. & Freeman, R. E. (1999), Administração. 5ª Edição. Rio de Janeiro.
 Teixeira, S. (1998), Formação para a Integração das TIC’s na Educação Pré-escolar
e no 1.º Cciclo do Ensino Básico. Porto: Porto Editora.
 Vergara, C. (2000). Projectos e relatórios de pesquisa em administração, 3. ed. São
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 Widmer, T. (1982), Gestão das Organizações. 2ª Edição. Portugal. Editora MC
Graw-Hill, Lda.

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b) Artigos e Revistas Científicas

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Universidade Pedagógica, Instituto de Educação, Universidade do Minho.
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 Costa, F, A. (2007), “Tecnologias em Educação - um século à procura de uma
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 Figueiredo, A. D. (2000), “Importância e Complexidade da Formação de
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 Maleane, S. O. T. (2012), Tecnologias de Informação e Comunicação como um Meio
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(Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação) Brasília-DF.
 Mombassa, A. Z. B. (2013), A Utilização das Tecnologias de Ensino à Distância na
Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique (Programa de Pós-Graduação
Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública) Universidade Federal de
Juiz de Fora.

34
 Oliveira, C. et al. (s/d), TIC’S na Educação: a utilização das tecnologias da
informação e comunicação na aprendizagem do aluno.
 Oliveira. R. P. & Araújo, G. C. (2005), Qualidade do Ensino: uma nova dimensão
da luta pelo direito à educação. Revista Brasileira de Educação.
 Saraiva, M., et al (s/d), Conceituar a Qualidade de Ensino: uma aplicação prática
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 Sitoe, M. A. (2020), Contributo do Governo Electrónico para a Promoção do Direito
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 Tamele, C. A. (2016), Análise das Práticas de Gestão Inerentes a Integração das
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Mavota, (Monografia). Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
 Vieira, R. S. (2011), O Papel das Tecnologias da Informação e Comunicação na
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do Vale do São Francisco.
 Xhlaisse, B. J. (2021), Impacto das Tecnologias de Informação e Comunicação na
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c) Publicações Oficiais

 Boletim da República (2000), Resolução n.º 28/2000 de 12 de Dezembro, que aprova


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Moçambique: Maputo.
 Boletim da República (2018), Resolução n.º 17/18 de 21 de Junho, que aprova a
Política para a Sociedade da Informação de Moçambique, I Série – Número 122,
Publicação Oficial da República de Moçambique: Maputo.
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Estudo sobre o Governo Electrónico da Organização das Nações Unidas 2014,
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Unidas.
 Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (2019), Política das
Tecnologias de Informação na Educação em Moçambique. Maio de 2019, Maputo.

35
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na Realização dos Objectivos do Milénio.
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d) Portais ou Páginas da Internet

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recursos humanos: estudo baseado em empresas líderes, XXIV Encontro da ANPAD,
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Acesso em 15 de janeiro 2021.

 Dicionário Web. (2011), Disponível em <http://conceito.de/tecnologia>. Acessado


em 25 de Janeiro de 2023.
 Morgado, P. J. M. (2004), As Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino
Superior: Um caso de estudo num Departamento de Informática. Disponível em:
www.dei.isep.ipp.pt/~paf/proj/Junho2004/ .Acesso: 28 de Janeiro de 2023.

36

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