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ANTROPOLOGIA II
Exemplo disso, como dito no livro, é justamente a diferença entre o Dia da Pátria e o
Carnaval. Começa citando o tempo, sobre como a estrutura que rege o Dia da Pátria é uma
estrutura delimitada, específica, que tem raízes históricas e de um período específico. Faz com
isso, uma delimitação sobre como este evento possui uma rigidez evidente, sobre como não é
possível desvirtuar ou ‘’dançar’’ no meio desta relação. Metaforicamente ou não, é possível
no Carnaval subverter essa rigidez presente. O tempo do Carnaval é o tempo cósmico, divino,
onde todos se conectam e são capazes de apreender, solto, que não conserva uma estrutura,
por mais que como dito no texto, tenha hora, lugar e tempo de duração a cumprir. Ainda no
capítulo um, nas problemáticas que são criadas, não é possível dizer que há uma estrutura
intransigente nestes rituais sociais, no capítulo dois, explora sobre como há uma dialética
entre a casa e a rua na dinâmica carnavalesca, sobre como essas noções irão se misturar
conforme a sociedade se desdobra.
No caso de comparar Dia da Pátria e Carnaval, não é possível dizer que não há esta relação,
mas delimitar que, sobretudo, elas diferentemente criam uma realidade de Brasil diferente das
demais. Assim, a realidade que é reforçada pelo Dia da Pátria é dessa estrutura hierárquica de
mando e obediência, da hierarquização militar e da hierarquização social, onde o público é
mero espectador, enquanto no Carnaval, essa noção hierárquica se confunde. Como analisado
no texto, a interpretação do carnaval, a teatralidade ou mesmo o ‘’fervor’’ popular advindo
das escolas de samba e seus membros, permite que aquela relação de dominador e dominado
não cesse, mas se misture, se inverta, ainda está ali, mas não conserva a estrutura rígida e
hierárquica que é criada, onde mesmo o pobre torna-se nobre. Como explicado no texto, o
desfile é polissêmico por remeter a diversos subuniversos símbolos da sociedade brasileira,
por ser festa do povo, ao passo que o Dia da Pátria é uma afirmação daquilo que o carnaval
nega: a hierarquia manifesta e a autoridade.
Assim, a moralidade criada a partir desta relação é justamente aquela que mantém as noções
de hierarquia, afinal, esta está enraizada em nossa sociedade, o respeito àquele que possui
uma ‘’diferenciação’’ social de você, mas havendo o contraponto do evento que pode
subverter essa ordem, essa delimitação moral estrita e criando uma dinâmica própria, onde
não mais o poder está no dominante, mas no dominado, na expressão, na vivacidade, no povo.
Para além dessa concepção, é possível trazer para entender a hierarquia brasileira, ainda em
Carnavais, Malandros e Heróis, saber com quem você está falando. Como apresenta no
capítulo quarto, há uma dramatização do mundo social brasileiro mediante a imponência
exercida pela autoridade, a afirmação, através da célebre frase ‘’sabe com quem está
falando?’’ da hierarquia social. Isto é, as faculdades privadas e públicas se confundem e se
misturam, usa-se do Status Social para reafirmar a posição de subalterna que o outro tem, ou
melhor, que deveria ter e não está respeitando, devolvendo a pessoa ‘’ao seu lugar’’. Deve-se,
portanto, diferenciar pessoa de indivíduo, não são o mesmo por mais que queira-se aproximá-
lo. A pessoa é geral, obedece a regra, está presa a totalidade, enquanto o indivíduo é único
cria a regra, sua consciência é individual e não coletiva.
Assim, a hierarquia é reafirmada mesmo em lugares onde a individualidade é pulsante, caso
esse que não identifica no Brasil, mas por exemplo, nos EUA, extremamente individualista.
Ocorre que existe uma certa dialética entre os dois, ambos existem simultaneamente e
conversam entre si, como é o caso do racismo ou exclusivismos ocorridos nos Estados Unidos
e presente no Brasil. Categoriza-se assim o Brasil como um ‘’país de pessoas’’, onde não é
valorizada justamente a individualidade, mas colocada como problema a se lidar e como
sinônimo de egoísmo, que vai servir justamente a essa estrutura hierárquica ‘’pessoal, onde
mais significa ao que você pertence (família, cargo, etc) que sua individualidade, submetido
às suas relações sociais, à autoridade.
Isso produz, no Brasil, uma moralidade que tende a conservar essa estrutura, não por querer,
mas por ser imposta, por ser reafirmado constantemente o local de onde se vem, numa
dialética onde o indivíduo não deixa de existir mas se vê dominado por um sistema de leis e
regras que o empurra para respeitar e aceitar que ele deve entender com quem ele está
falando. No entanto, essa não é a única forma de compreender a sociedade brasileira e seus
males, fora criticado ao longo do texto, mas há outras noções sociais que devem ser levadas
em conta, dado o tema escolhido.
A conclusão alcançada pelo grupo é que a nocividade está concentrada na moralidade, mas
não nela em si e sim na estrutura que cria e lastra essas ideias as naturalizando e
estigmatizando as inúmeras vítimas de seus apedrejamentos sociais, os membros da sociedade
devem batalhar contra esta estrutura, buscando alcançar uma melhor relação social, não a
noção de fato de uma revolução ou ruptura total, mas a reforma de um sistema que conserva
mazelas, rompendo o elo de forças que torna isso possível, como explicitado ao longo do
texto.
BIBLIOGRAFIA