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Segue abaixo uma Resenha Crítica do livro “A ASSISTÊNCIA RELIGIOSA EM TEMPOS DE

PANDEMIA E ISOLAMENTO SOCIAL” (2022), do escritor Gibton Pereira de Andrade, feita pelo
aluno (nome do aluno).

No livro “A Assistência Religiosa em Tempos de Pandemia e Isolamento Social”, Gibton


Pereira disserta sobre liberdade de fé e do culto religioso em tempos de pandemia e de isolamento
social, em face dos Decretos do Executivo no âmbito da União, Estados e Municípios os quais
impuseram medidas de segurança e prevenção contra o Covid-19 e restrições de direitos, a
exemplo da assistência religiosa, prática mitigada às diversas religiões e seu "culto" sagrado.
Diante das narrativas, entre a liberdade de fé e a segurança dos fiéis em tempos
pandêmicos ganhou visibilidade nas discussões. Neste viés, a problemática está em saber se a
liberdade religiosa e sua assistência presencial – ainda que em isolamento social – sobrepõe a
segurança dos fiéis em termos de saúde coletiva, considerando que liberdade de fé e culto
usufruem de proteção constitucional. O autor através do método hipotético – dedutivo, busca-se
evidenciar os princípios que norteiam as decisões do Supremo Tribunal Federal – STF no tocante
à colisão entre direitos humanos fundamentais e invioláveis.
No contexto das discussões, imperioso é conhecer o papel do STF nas
discussões. Analisados os resultados, verificar-se-á que a vida precede a liberdade e não o
contrário. In fine, apresenta-se a proposta de um ponto de fusão entre fé e ciência, qual seja a
renúncia temporária de um direito fundamental em benefício de um bem maior, a preservação da
própria humanidade. Logo no primeiro capítulo o autor enfatiza às opiniões de especialistas e
leigos sobre a fé em tempo de pandemia. Sita pensamentos de grandes figuras como Thomas
Hobbes, Nicolau Maquiavel, Leonardi entre outros. O autor cita Thomas Hobbes extrai-se a
preocupação em manter a República estabilizada politicamente, reconhecendo ser a questão
central em sua abordagem, uma vez evidenciado o problema de desordem social entrelaçada aos
interesses dos cidadãos, especialmente a liberdade.
O entendimento deste “estado ou condição hipotética” e leciona que
“nesse estado, todos teriam liberdade irrestrita e direito a todas as coisas, mas, dada à escassez
dos recursos e os desejos ilimitados das pessoas, teríamos a receita perfeita para a anarquia e a
desordem”. Segundo Hobbes a liberdade irrestrita causa o encurtamento da vida. Ao mesmo
tempo que essas premissas se amoldam às problemáticas atuais, relacionadas ao contexto da
Pandemia de Coronavírus – trazer à memória que priorizar a todo custo a liberdade irrestrita em
detrimento de outros direitos, a exemplo da segurança e saúde coletiva, além do “encurtamento da
vida”, é a receita do estado pandêmico (anarquia e desordem) que gera a instabilidade política.
O auto vem fazendo um paralelo dos antigos pensadores sobre a liberdade do
cidadão e o poder absoluto do estado perante uma situação atípica que não somente assolou o
Brasil como também o mundo.
Logo em seguida no capítulo “Direito à Liberdade sob o Estado Democrático de Direito” o
autor cita os dispositivos da Constituição Federal que falam sobre direitos fundamentais que
versam sobre Liberdade como o Art. 5º, caput, principalmente, a Liberdade da manifestação de
pensamento (Art. 5º, IV e V); Liberdade de consciência, crença e culto (Art. 5º, VI a VIII);
Liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença; (Art. 5º, IX) entre outros.
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Observa – se que o auto expressa seu descontentamento com as restrições no período
pandêmico, demonstrando claramente sobre as privações relacionados aos direitos de liberdade
consciência, crença e culto.
Fica evidente, que a motivação de se constitui como um tema de alto significado e
relevante, é necessário que mais estudos sobre o assunto sejam realizados, cada vez mais
profundos no sentido de contribuir para melhores elucidações das questões referentes à sentença
judicial e sua fundamentação.
Para o auto as medidas adotadas pelo judiciário brasileiro foram necessárias para
conter a disseminação do novo coronavírus sendo uma prioridade sobre o assunto, tendo também
a proteção como um direito fundamental. As proibições não só colocariam em perigo os
participantes de cultos religiosos, mas também um número consideravelmente maior de pessoas
por infecção. Os tribunais não desconsideraram a importância dos direitos
fundamentais à liberdade religiosa, porem observa-se que não se trata de um direito absoluto que
se relativiza no caso específico pelo princípio da proporcionalidade e da motivação. Na
prossecução dos requisitos enunciados no texto, as ações do Estado são entendidas como valor
acrescentado em todo o seu princípio vinculativo.
Observa-se que os direitos básicos não incluem apenas a
não prática de possíveis atos ilícitos, mas também estipula claramente que ações positivas são
necessárias para permitir que os titulares de direitos exerçam suas palavras. O autor divide em
três formas de expressão, nomeadamente: liberdade de crença, liberdade de culto e liberdade de
organização religiosa. Interessante o autor frisar da importância que foi dado referente as
medidas que foram tomadas durante a pandemia, entre elas está o fechamento dos templos
religiosos e pela proibição dos cultos, pois estes promoviam aglomerações de pessoas. Tais
medidas foram tomadas em consideração ao direito de salvaguardar a saúde pública no chamado
direito coletivo. Nesse sentido, ressalta-se que a saúde também é um direito básico e constitui um
direito social previsto no Art. 6º, da CF/88.
O autor faz um destaque referente ao conflito entre os direitos em
questão, episódio relativamente corriqueiro na prática jurídica, sendo necessário que o intérprete
proceda a uma interpretação e análise do caso concreto, garantindo assim uma ponderação justa.
Frisou também que não há dúvida de que a saúde de uma sociedade é um dos bens mais
importantes, pois também é importante destacar a proibição de fazer mal a outrem. Isso não é
uma liberalidade, pelo contrário, é uma necessidade do Estado para proteger a saúde pública, a
vida humana. Existe um conflito aparente entre princípio da dignidade humana e as questões
jurídicas que ocasionam o núcleo dos direitos fundamentais.
O auto cita o lamentável crescimento de números de
mortos de covid-19, fazendo com que órgãos como Ministério Público, e alguns chefes de governo
estaduais e municipais reforçaram algumas medidas de prevenção com o objetivo de evitar
aglomerações, entre essas medidas estavam proibições de reuniões em templos religiosos,
lockdown entre outras, medidas que causaram grandes conflitos, inclusive com o próprio
presidente da república, que não era favorável ao fechamentos por completo das igrejas sendo
uma garantia constitucional. A grande discussão sobre fechar ou não fechar, acredito que mesmo
sendo um direito fundamental não se pode “absolutizar” quando se trata de saúde pública,
devendo buscar-se critérios para tais restrições. É razoável flexionar temporariamente a
liberdade religiosa a fim de proteger a vida das pessoas, mas não seria medida democrática ou
constitucional, se tal restrição não fosse com objetivos difusos ao interesse do bem-estar público.
Muitas liberdades públicas são concedidas por princípios constitucionais, incluindo o direito de não
ser obrigado de fazer ou não fazer algo exceto conforme previsto em lei, migração, reunião,

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atividades profissionais, livre iniciativa (Art. 5º, II, XV, XVI, XIII, Art. 170, parágrafo único, CF/88).
O auto deixa claro que os direitos
fundamentais são inalienáveis, não absolutos, e não existe uma relação hierárquica entre os
direitos básicos, segundo o Ministro Alexandre de Moraes. O auto faz referência ao equilíbrio
entre o direito e as situações que podem levar ao conflito, foi o caso das restrições durante a
pandemia. Nesse contesto o auto explica
que os direitos básicos estipulados pela constituição limitarão todos os poderes do Estado e
paralelamente reconhecerão a supremacia da constituição em relação ao poder legislativo
ordinário. No ponto de vista
de Silva (2020) é preciso notar que o Estado de Direito gira em torno do princípio da dignidade da
pessoa humana e da centralidade dos direitos fundamentais, estando incluídos nos direitos
fundamentais a liberdade, a igualdade e o mínimo existencial que devem ser realizados pelo
Legislativo, Executivo e Judiciário na maior extensão possível, tendo como limite mínimo o núcleo
essencial desses direitos. É notável que todas as questões referentes a ordem jurídica e sistema
judiciário, inclusive o direito básico a saúde estão ligadas diretamente ao Supremo Tribunal
Federal - STF. O
legislativo e o judiciário criaram um norte com a criação de leis federais referente ao
enfrentamento da covid-19 responsável por milhares de morte no Brasil e no mundo em 2019.
O autor critica com embasamentos científicos que umas das medidas adotadas pela
estada era ineficaz como por exemplo “distanciamento social”.
Percebe – se que foram criadas medidas a olho nu, o desespero em fazer alguma coisa
para frear o contagio evitando aglomerações a qualquer custo sem saber realmente os pontos
transitiveis do vírus. O fechamento de templos ficou marcado por violação de uns dos direitos
fundamentais mais marcante por nossa constituição.
Durante a pandemia todas as atividades de postos de saúde e hospitais foram suspensas,
sendo atendidas somente urgências. O caos se instalou uma vez que as pessoas com outras
comorbidades como diabetes, pressão alta e outros tratamentos não deram continuidades nos
procedimentos com medicamentos.
O auto no capítulo sobre “A JUDICIALIZAÇÃO DO TEMA PERANTE A CORTE
SUPREMA BRASILEIRA” fala que o estado não deveria se exceder em suas decisões, devendo
ser imparcial, principalmente nas questões das igrejas e grupos religiosos.
É compreensivo que mudanças e adaptações com certa rapidez não é
fácil, principalmente quando se trata de seres humanos, ninguém imaginou que ao perder um ente
querido não poderia fazer o velório para se despedir com risco de propagar um vírus. Não pode
esquecer que além da crise de saúde no mundo, outros setores foram drasticamente atingidos
como a produção de alimentos, economia, educação entre outros.
Existe confrontos jurídico se os Estados e municípios podem ou não
interferi nas decisões sobre o isolamento e as restrições de atividades em casos de pandemias ou
outras calamidades. Nas nuancias do judiciário em ter um estado moderador podendo tomar
medidas restritivas, definindo quais atividades devem ser suspensas. O conflito desses direitos e a
necessidade última de escolha de um direito que deve se sobrepor ao outro é a complexidade que
existe no ordenamento jurídico plural.
Ficou evidente e claro o embate entre liberdade de fé e segurança dos fiéis – em tempos
de pandemia e isolamento social, tem espaço garantido na mesa de debates, uma vez que divide
opiniões, em face da imperiosidade do exercício de direitos constitucionais.
AL SGT Fernando é graduando do Curso de sargento da Academia de Polícia Integrada Coronel

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Santiago.

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