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ANÁLISE DA COLISÃO DO DIREITO À VIDA EM FACE DA


LIBERDADE SEXUAL

Pietra Vieceli
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Anna Christina
Gris2
RESUMO

... (em construção)

Palavras-chave: Colisão de direitos fundamentais; direito à vida; liberdades sexuais;

1 INTRODUÇÃO (em construção).

Os direitos fundamentais são os direitos mais importantes para o indivíduo em sociedade, como por
exemplo: o direito à vida, à integridade física, à liberdade e segurança. Esses direitos são positivados
na Constituição Federal, onde, em algumas situações fáticas e jurídicas, os direitos fundamentais
podem entrar em colisão, tal qual como a que se verifica no aborto.
Há uma colisão entre o respeito à vida humana do nascituro, em face das liberdades sexuais da
mulher gestante. Quando em colisão, os direitos fundamentais devem ser, sempre que possível,
harmonizados, e, assim não sendo, devem ser valorados, no caso concreto, aplicando-se técnicas de
hermenêutica, como por exemplo, a técnica da ponderação em que o direito com maior peso
prevalecerá em sacrifício de outro direito em conflito.
Diante desse cenário, este artigo é dividido em quatro capítulos. O primeiro tem como título
“Colisão de direitos fundamentais” e apresenta uma análise geral dos direitos fundamentais dentro da
Constituição Federal e como se dá a colisão desses.
O segundo capítulo, cujo título é “O direito fundamental à vida”, aborda a proteção à vida como
objeto do direito e as teorias acerca do início da vida, sendo a teoria concepcionista, a teoria da
nidação e a teoria do desenvolvimento do sistema nervoso central.
O terceiro capítulo, intitulado “Liberdades sexuais”, trata do direito fundamental à saúde sexual e da
autonomia reprodutiva da mulher, bem como do direito à escolha.
O quarto capítulo, por sua vez, trata da colisão entre o direito à vida e o direito à liberdade sexual
nos casos de aborto, estudando o conflito de direitos fundamentais, abordando-se o princípio da
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Discente do Curso de Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC. E-mail:
pietra.vieceli@hotmail.com
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Docente do Curso de Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC. E-mail:
anna.gris@unoesc.edu.br
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proporcionalidade como ferramenta solucionadora.


Por fim, apresentam-se, de forma concisa, as conclusões acerca dos temas estudados no trabalho, as
quais, certamente, não encerrarão o debate sobre aborto, mesmo porque o tema envolve aspectos
delicados, em uma conjuntura que reúne medicina, direito, política, ética e religião.
O objetivo do estudo é analisar a colisão de direitos fundamentais e contribuir para o
aperfeiçoamento das discussões relativas à problemática, visando sempre à garantia e efetivação dos
direitos fundamentais, segundo as premissas do Estado Democrático de Direito.
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2 COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS


2.1 Conceito de direitos fundamentais

Os direitos fundamentais são direitos chamados “protetivos”, ou seja, garantem ao


indivíduo o mínimo necessário para viver em sociedade, como a dignidade da pessoa
humana, que é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito.
Esses são direitos garantidos por meio de ordenamento jurídico positivo, visto que
têm nível constitucional e detem de tutela reforçada, representando um conjunto de
direitos garantidos e reconhecidos por uma ordem jurídica positiva e democrática (LIMA,
2007, p. 21).
Para Junior, mediante outra perspectiva, os direitos fundamentais são todas as
posições jurídicas favoráveis às pessoas que explicitam, de forma direta ou indireta, ou por
seu conteúdo de importância (JUNIOR, 2008, p. 573).
São inúmeras as expressões empregadas para designar os direitos fundamentais,
sendo algumas delas: “direitos naturais”, “direitos humanos”, “direitos humanos
fundamentais”, “direitos individuais”, “liberdades fundamentais”, entre outros.
Para Ingo Wolfgang Sarlet (2012, p. 248), a expressão ideal a ser adotada é “direitos
fundamentais”, visto que é a definição que mais se afina com o significado e conceito de
tais direitos na Constituição, além de ser a expressão adotada pelo próprio constituinte
brasileiro.

2.2 Direitos fundamentais na Constituição Federal

A Constituição Federal de 1988, prevê o rol de direitos fundamentais explícitos no Título


II, subdivididos em cinco capítulos. Sendo assim, o texto constitucional classificou estes
direitos em cinco grupos, sendo: os direitos individuais; direitos coletivos; direitos sociais;
direitos à nacionalidade, e direitos políticos.
Neste diapasão, o artigo 5º3, caput, da Carta Magda dispõe em seu texto, cinco direitos
fundamentais basilares para criação dos demais direitos, sendo o direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade. Sendo assim, o Título II prevê os direitos e garantias
fundamentais, os quais são subdivididos em cinco capítulos, sendo eles: direitos individuais e
coletivos, direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos e direitos relacionados à
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Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade [...] (BRASIL, 1988).
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existência, organização e participação em partidos políticos.
Os direitos individuais foram os pioneiros, ou seja, os primeiros a serem
reconhecidos na Constituição Federal, são direitos relacionados ao conceito de pessoa
humana e à sua personalidade, sendo direitos ligados à vida, privacidade, igualdade,
dignidade, etc. Estes estão elencados no artigo 5º e seus incisos.
Já os direitos sociais visam proteger os direitos mínimos inerentes à sociedade,
mitigando vulnerabilidades sociais, são exemplos o direito à educação, a saúde, o trabalho, o
lazer, entre outros. Estão elencados a partir do artigo 6º.
Os direitos de nacionalidade são o vínculo político entre o indivíduo e o Estado, onde
este indivíduo torna-se um componente do povo. Os direitos políticos são os direitos que
permitem ao indivíduo exercer sua cidadania, participando das atividades do Estado. Estão
elencados no artigo 14º.
Por fim, há os direitos relacionados a existência, organização e partidos políticos, que
garantem uma autonomia e liberdade dos partidos para atuar como instrumento na
preservação do Estado Democrático de Direito. Estão elencados no artigo 17º.

2.3 Colisão de direitos fundamentais

Com o constitucionalismo contemporâneo da segunda metade do século XX,


concretizou-se a construção de um Estado Democrático de Direito, onde se buscou a ampla
proteção jurídica dos direitos fundamentais, sendo criada uma teoria geral dos direitos
fundamentais, que visa proteger, interpretar e aplicar esses direitos. A Constituição Federal
de 1988 integra essa forma de constitucionalismo. Com isso, surge a ideia de que é preciso
limitar os direitos fundamentais para que haja uma convivência harmônica em sociedade,
sendo corolário com a própria noção de liberdade (LIMA, 2008, p. 132).
Nesse sentido, esses direitos fundamentais podem ser restringidos para salvaguardar
outros direitos e/ou bens coletivos também garantidos pela Carta Magna. Essa relatividade
dos direitos fundamentais, aponta que nenhum direito fundamental em nosso ordenamento
jurídico tem caráter absoluto.
São inúmeros os diplomas internacionais que determinam a convivência harmônica
dos direitos fundamentais. Dentre eles, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948), prevê em seu art. 29 4 que o indivíduo tem deveres para com a comunidade, onde
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O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno
desenvolvimento da sua personalidade. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está
sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o
respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem
pública e do bem-estar numa sociedade democrática [...] (DUDH, 1948).
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sem essa, não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade, sujeitando-
se às limitações previstas em lei no que tange a promoção do reconhecimento e respeito
dos direitos e liberdades dos outros, para que se satisfaça as justas exigências da moral,
ordem pública e do bem estar na sociedade democrática de direito.
Percebe-se que em determinadas situações fáticas, há a problemática dos direitos
fundamentais entrarem em colisão uns com os outros. Ou seja, essa colisão acontece
quando o titular de um direito fundamental, ao exercê-lo, impede ou dificulta que outro titular
de direito, também fundamental, o exerça plenamente (RODRIGUES, et.al, 2012, p. 6).
Um dos maiores exemplos evidenciados na doutrina e jurisprudência, é a colisão do
direito a informação, que entra em conflito como direito a intimidade, bem como, o direito
fundamental à liberdade de imprensa frente ao direito de privacidade.
Há duas formas de averiguar se há colisão de direitos fundamentais. No sentido
estrito, essa colisão é exclusivamente entre direitos fundamentais, já em sentido amplo, as
colisões se dão entre direitos fundamentais e interesses e bens coletivos ou públicos
tutelados no ordenamento jurídico (LIMA, 2008, p. 131).
Sendo assim, pode ocorrer tanto conflito de direitos fundamentais, como o direito à
vida frente as liberdades sexuais, cujo conflito será abordado posteriormente, quanto
colisão de princípios e regras, como o direito à informação em face do direito à intimidade
conforme supracitado acima.
Desta forma, quando ocorre a colisão desses direitos fundamentais, não há como
proteger incondicionalmente um deles, sem que restrinja o outro, ou o torne inoperante. Ou
seja, a tutela de um direito fundamental, tem como limite a tutela de outro direito
fundamental, ambos concorrentes (LIMA, 2008, p. 134).
Como resultado disso, essa colisão entre direitos fundamentais comprova que não há
como esses serem absolutos e ilimitados, pois consagram de restrições nos demais direitos
igualmente consagrados na Constituição, buscando-se uma ponderação entre os direitos
pelo princípio da proporcionalidade, o qual, é um dos métodos para a solução da
problemática.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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