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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

BRUNA LUANA COSTA SECUNDINO (12311DIR009)

LEITURA E QUESTÕES

UBERLÂNDIA

2024
1. Em relação ao desenvolvimento histórico dos direitos fundamentais,
aponte quais foram os principais marcos evolutivos na afirmação dos direitos
fundamentais pelas constituições brasileiras, desde a Constituição Imperial de
1824 até a Constituição Federal de 1988.

A Carta Imperial de 1824, inspirada na Constituição francesa da época,


estabeleceu um sistema governamental monárquico e representativo. Introduziu o
conceito do Poder Moderador, aboliu o Conselho de Estado, instituiu a Regência Una e
estabeleceu Assembleias Legislativas Provinciais autônomas. Essa constituição adotava
uma abordagem semirrígida, delineando claramente as áreas constitucionais sujeitas a
alterações mais rigorosas. Além disso, incorporou direitos sociais, como assistência
médica, educação primária gratuita e instituições de ensino para ciências, belas-artes e
humanidades.
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891 apresentava
características distintas, como o federalismo, com a União exercendo poder
predominante, a separação dos poderes, mandatos políticos periódicos e a criação de um
Estado Federal com autonomia para os novos Estados-membros. Era uma Constituição
rígida, com o ensino público secularizado. Destacava-se a importância do habeas corpus
nos direitos fundamentais, juntamente com a expansão dos direitos no artigo 78, a
abolição do Poder Moderador, o estabelecimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e
a introdução do voto feminino.
A Constituição de 1934 introduziu várias características notáveis, como a
instituição da Justiça do Trabalho, garantias para a maternidade e infância,
estabelecimento do salário-mínimo, limitação da jornada de trabalho a oito horas
diárias, repouso semanal remunerado, férias remuneradas, indenização ao trabalhador
dispensado sem justa causa, assistência médica a trabalhadores e gestantes, e
reconhecimento das convenções coletivas de trabalho. No campo dos direitos civis e
políticos, destacou-se a introdução do mandado de segurança, que poderia ser solicitado
sempre que houvesse um direito "certo e incontestável" ameaçado ou violado por ato
manifestamente inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade.
A Constituição de 1937 (Estado Novo) adotou uma abordagem estatizante e
nacionalista. Em relação aos direitos e garantias individuais, estes deveriam ser
exercidos considerando o bem público, as necessidades de defesa, bem-estar, paz,
ordem coletiva, além das exigências da segurança nacional e do Estado.
A Constituição de 1946 destacou-se pela instalação de uma Assembleia
Constituinte. Houve proteção aos direitos sociais, reafirmação do direito de greve e a
incorporação da inafastabilidade do controle jurisdicional ao ordenamento jurídico
brasileiro. Na ordem social e econômica, foi implementado um plano de recuperação e
proteção especial para a região Amazônica e Nordeste.
A Constituição de 1967 (com emendas de 1969) é marcada pelo Ato
Institucional número 5 (AI-5), que centralizou o poder na União e no Presidente da
República, instituiu eleições indiretas para Presidente, reduziu a autonomia individual,
permitiu a suspensão de direitos constitucionais, a aprovação automática de leis por
decurso de prazo, autorizou o Presidente a expedir decretos-leis sobre segurança
nacional e finanças públicas, e intensificou as restrições ao direito de propriedade.
A Constituição Federal de 1988 é um documento profundamente comprometido
com a transformação da realidade, sendo dirigente, plural e compromissório. Destaca-se
pela ênfase nos direitos humanos, incluindo a dignidade da pessoa humana como
fundamento do Estado Democrático de Direito. Os Direitos e Garantias Fundamentais
são abrangentes, incorporando direitos individuais clássicos, direitos sociais,
trabalhistas, de nacionalidade e políticos. A Constituição recebeu uma variedade de
direitos, incluindo os constantes de tratados internacionais ratificados pelo Brasil. A
relevância do regime jurídico privilegiado garantido aos direitos fundamentais, com
previsão de aplicabilidade imediata, proteção contra a reforma constitucional e garantias
processuais expressivas, é destacada. O papel do Poder Judiciário, especialmente do
STF, e do Ministério Público são fundamentais na defesa da ordem constitucional, com
a criação da Defensoria Pública fortalecendo o acesso à Justiça.

2. Quais são os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988?


Comente a respeito de sua função, classificação e eficácia dos princípios
constitucionais fundamentais.
Os alicerces da Constituição Federal de 1988 são delineados nos artigos 1º a 4º,
destacando-se a Dignidade da Pessoa Humana, a República, a Cidadania, a Separação
dos Poderes e o Estado Democrático de Direito. A Dignidade da Pessoa Humana, como
pedra angular do Estado Democrático, desempenha um papel axiológico e possui uma
eficácia absoluta e vinculativa. A República, ao estruturar o governo, representa um
princípio organizativo de grande importância e eficácia inquestionável na ordem
política. A Cidadania, ao atribuir direitos e deveres, é de natureza subjetiva, conferindo
eficácia plena a todos os brasileiros. A Separação dos Poderes, ao evitar concentrações
excessivas, é de caráter organizacional, com eficácia relativa na busca do equilíbrio. O
Estado Democrático de Direito, com o poder emanando do povo, é tanto organizador
quanto garantidor, possuindo eficácia plena e sendo essencial para a ordem democrática.
A classificação varia conforme a natureza e a função, sendo a eficácia um elemento
crucial para a proteção dos direitos fundamentais e a preservação do Estado
Democrático de Direito.

3. Comente o significado, a importância e as funções da dignidade da pessoa


humana na arquitetura jurídico-constitucional brasileira.
A Dignidade da Pessoa Humana emerge como o princípio central na estrutura
jurídico-constitucional brasileira, simbolizando o valor intrínseco e inalienável de cada
indivíduo, independentemente de sua condição. Este princípio, consagrado como
fundamento da República na Constituição Federal de 1988, proclama a inviolabilidade e
o respeito à individualidade e aos direitos básicos de cada cidadão. Sua essência
transcende a mera disposição legal, permeando a interpretação e a aplicação das normas
jurídicas, influenciando diretamente as decisões dos operadores do direito.
A Dignidade da Pessoa Humana desempenha um papel fundamental como
critério orientador, fornecendo um referencial ético para a atuação no campo jurídico.
Além disso, serve como alicerce para a proteção dos direitos fundamentais, garantindo a
preservação da liberdade, igualdade, intimidade e integridade física e moral de cada
indivíduo.
Na prática, esse princípio é invocado em uma variedade de contextos, desde
casos de tortura e tratamento desumano até questões de discriminação e desigualdade
social. Além disso, serve de base para a formulação de políticas públicas que visam
promover a justiça social e garantir condições dignas de vida para todos os membros da
sociedade. Em síntese, a Dignidade da Pessoa Humana representa um elemento
essencial na interpretação, criação e aplicação das leis, sendo a força motriz por trás da
defesa e promoção dos direitos fundamentais.

4. Descreva as principais características do princípio do Estado


Democrático e Socioambiental de Direito.
O princípio do Estado Democrático de Direito e Socioambiental, consagrado na
Constituição Federal de 1988, engloba uma série de facetas que visam garantir a
democracia, a justiça social e a sustentabilidade ambiental. Suas características
compreendem a promoção da Democracia Participativa, incentivando a participação
ativa dos cidadãos nas decisões políticas; o Respeito aos Direitos Fundamentais,
assegurando a proteção dos direitos individuais em equilíbrio com o bem coletivo; a
Sustentabilidade Ambiental, priorizando a preservação do meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável; a busca pela Justiça Social e a Redução das
Desigualdades, por meio de políticas redistributivas e inclusivas; a Legalidade e o
Controle de Atos Estatais, sujeitando a atuação governamental à legislação e
estabelecendo mecanismos de controle; e o reconhecimento do Pluralismo Político,
valorizando a diversidade de ideias e garantindo o direito à livre expressão. Tais
elementos refletem o compromisso do Estado em incorporar a democracia, a justiça
social e a preservação ambiental como valores primordiais na estrutura jurídica do
Brasil.

5. Qual o papel desempenhado pelos objetivos fundamentais e pelos


princípios regentes da ordem internacional na Constituição Federal de 1988?
Os objetivos fundamentais e os princípios regentes da ordem internacional
desempenham papéis cruciais na Constituição Federal de 1988, moldando tanto a
condução das relações externas quanto a estrutura do Estado brasileiro. Esses
elementos, delineados no Título VIII da Constituição, que trata da Ordem Social,
incluem os Objetivos Fundamentais (Art. 3º da CF/88) e os Princípios Regentes da
Ordem Internacional (Art. 4º da CF/88).
Os objetivos fundamentais, estabelecidos no Artigo 3º, orientam a atuação
estatal, priorizando a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o
desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e das desigualdades, a promoção
do bem de todos sem discriminação, e a inclusão das pessoas com deficiência. Quanto
aos princípios regentes das relações internacionais, expressos no Artigo 4º, reforçam a
independência nacional, a autodeterminação dos povos, a não intervenção, a igualdade
entre os Estados e a defesa da paz.
Esses elementos refletem o compromisso do Brasil com valores fundamentais,
orientando a atuação estatal na busca pelo desenvolvimento, justiça social, igualdade e
cooperação internacional.

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