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Direito Constitucional

1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei fundamental do Brasil, sendo a
mais recente de uma série de Constituições que o país já teve desde a sua independência em
1822. Ela estabelece as regras básicas do funcionamento do Estado brasileiro, definindo os
direitos e deveres dos cidadãos, a estrutura dos poderes e as relações entre eles, além de
estabelecer os princípios fundamentais que orientam a sociedade brasileira.

A Constituição de 1988 é conhecida como a "Constituição Cidadã", por ser uma das mais
democráticas e inclusivas do mundo. Ela foi elaborada a partir de um processo de
redemocratização do país, que teve início após o período de ditadura militar que durou de
1964 a 1985.

Entre os principais aspectos abordados pela Constituição de 1988, destacam-se:

A separação dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, cada um com suas atribuições e
responsabilidades.

Os direitos fundamentais: liberdade, igualdade, dignidade humana, direito à vida, à liberdade


de expressão, à educação, à saúde, à moradia, entre outros.

A organização territorial do país: formado por 26 estados e um Distrito Federal, com autonomia
política e administrativa.

A proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, com previsão de responsabilidade


ambiental.

A garantia da democracia e do Estado de Direito, com a previsão de eleições livres, respeito às


leis e à Constituição, e a defesa dos direitos humanos.

A Constituição de 1988 é considerada uma das mais avançadas do mundo em termos de


direitos e garantias fundamentais, e tem sido constantemente invocada em processos judiciais
e debates políticos em todo o país.

2. Aplicabilidade das normas constitucionais.


2.1 Normas de eficácia plena, contida e limitada.
2.2 Normas programáticas.
As normas constitucionais têm diferentes graus de eficácia e aplicabilidade. A doutrina
costuma classificar as normas constitucionais em três categorias: normas de eficácia plena,
normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada.

As normas de eficácia plena são aquelas que produzem todos os seus efeitos imediatamente,
sem necessidade de regulamentação. São normas autoaplicáveis e não precisam de nenhum
ato normativo infraconstitucional para serem aplicadas. Exemplos de normas de eficácia plena
são aquelas que estabelecem direitos fundamentais, como o direito à vida, à liberdade de
expressão e à igualdade perante a lei.

As normas de eficácia contida, por sua vez, são aquelas que estabelecem uma proteção inicial,
mas que podem ser restringidas por leis ou atos administrativos. Ou seja, a norma estabelece
um limite para a atuação estatal, mas permite que o legislador restrinja ou regulamente o
exercício do direito ou garantia estabelecido na norma. Um exemplo de norma de eficácia
contida é o direito à liberdade de expressão, que pode ser restringido em casos específicos,
como para proteção da honra, da intimidade e da imagem das pessoas.

Já as normas de eficácia limitada são aquelas que precisam de regulamentação para que
possam ser aplicadas. São normas que estabelecem objetivos e princípios a serem perseguidos
pelo Estado, mas não indicam diretamente como esses objetivos e princípios devem ser
alcançados. Essas normas são chamadas de normas programáticas. Um exemplo de norma
programática é o artigo 6º da Constituição, que estabelece o direito social à educação, à saúde,
à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à
maternidade e à infância, à assistência aos desamparados. Esses direitos precisam ser
concretizados por meio de políticas públicas e programas específicos, regulamentados por leis
e atos administrativos.

3. Direitos e garantias fundamentais.


No Brasil, os direitos e garantias fundamentais estão previstos na Constituição Federal de 1988.
Eles são considerados a base do ordenamento jurídico do país e têm como objetivo garantir a
dignidade da pessoa humana, a liberdade, a igualdade, a segurança e a justiça para todos os
cidadãos brasileiros.

Entre os direitos fundamentais previstos na Constituição Brasileira, podemos destacar:

Direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade;

Direitos sociais, como saúde, educação, trabalho, moradia, lazer, entre outros;

Direitos políticos, como o direito de votar e ser votado, a liberdade de expressão e de


manifestação, a liberdade de associação, entre outros;

Direitos individuais e coletivos, como a liberdade de religião, de consciência e de crença, a


liberdade de reunião pacífica, a liberdade de imprensa, entre outros.

Além dos direitos fundamentais, a Constituição Federal também prevê garantias fundamentais,
que são mecanismos que visam assegurar o respeito aos direitos fundamentais. Dentre as
garantias fundamentais, podemos destacar:

Habeas corpus, que garante o direito à liberdade de locomoção;


Mandado de segurança, que garante o direito à segurança jurídica;

Mandado de injunção, que garante o direito de acesso à Justiça;

Ação popular, que garante a participação popular na defesa do interesse público;

Ação civil pública, que garante a defesa dos direitos coletivos.

Em resumo, os direitos e garantias fundamentais são considerados a base do Direito


Constitucional brasileiro e têm como objetivo garantir a proteção dos direitos individuais e
coletivos dos cidadãos brasileiros.

3.1 Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de


nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos.
No Direito Constitucional brasileiro, os direitos e deveres individuais e coletivos estão previstos
na Constituição Federal de 1988. Esses direitos e deveres visam proteger a dignidade da pessoa
humana, a liberdade, a igualdade, a segurança e a justiça para todos os cidadãos brasileiros.

Os direitos individuais e coletivos incluem:

Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade;

Direito à privacidade e à intimidade;

Direito à livre manifestação do pensamento, à liberdade de expressão, de reunião e de


associação;

Direito à livre religião e crença;

Direito à educação, cultura, lazer, saúde e moradia;

Direito à proteção da família e da criança;

Direito à segurança jurídica e à defesa.

Os direitos sociais, por sua vez, são direitos garantidos a todos os cidadãos para assegurar uma
vida digna e o exercício da cidadania. São exemplos de direitos sociais:

Direito à saúde, educação e moradia;

Direito ao trabalho e à previdência social;

Direito à cultura, lazer e ao esporte;

Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Os direitos de nacionalidade e os direitos políticos também estão previstos na Constituição


Federal de 1988. Os direitos de nacionalidade regulam a condição jurídica do indivíduo como
cidadão brasileiro e incluem:
Direito à igualdade perante a lei;

Direito à nacionalidade;

Direito ao voto.

Já os direitos políticos referem-se à participação do cidadão na vida política do país, e incluem:

Direito ao sufrágio universal e ao voto direto, secreto e facultativo;

Direito de ser votado;

Direito de livre associação partidária.

Os partidos políticos, por sua vez, são organizações formadas por cidadãos com objetivos
políticos comuns. A Constituição Federal de 1988 prevê a liberdade de criação, fusão,
incorporação e extinção de partidos políticos, bem como a sua autonomia para definir sua
estrutura interna, organização e funcionamento. Os partidos políticos são importantes para a
representação da sociedade no sistema político e para a defesa de interesses coletivos.

4. Organização político-administrativa do Estado.


4.1 Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal, Municípios e
territórios.
A organização político-administrativa do Estado brasileiro está prevista na Constituição Federal
de 1988 e é baseada em um modelo de Estado Federal. Nesse modelo, o poder político é
dividido entre a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os Territórios.

A União é o conjunto de todas as entidades políticas que compõem o Estado brasileiro,


formado pela união indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A União é
responsável pela defesa nacional, pela promoção do bem-estar geral da população e pela
coordenação dos interesses nacionais.

Os Estados são entidades autônomas, com poderes políticos próprios, responsáveis pela
administração de seus próprios interesses e pela promoção do bem-estar de sua população.
Cada Estado tem sua própria Constituição, governador, assembleia legislativa, tribunais de
justiça e procuradoria geral.

O Distrito Federal é uma unidade autônoma do Estado, mas não é um Estado federado como
os demais. Ele possui características especiais, uma vez que é a sede do poder federal,
abrigando a capital federal, Brasília. O Distrito Federal tem governador, assembleia legislativa e
tribunais de justiça próprios.
Os Municípios são entidades autônomas, responsáveis pela administração de seus próprios
interesses e pela promoção do bem-estar de sua população. Cada Município tem sua própria
Constituição, prefeito, câmara municipal, tribunais de justiça e procuradoria geral.

Os Territórios são entidades autônomas, com características semelhantes às dos Estados e dos
Municípios. No entanto, diferentemente destes, não têm autonomia política plena e são
administrados diretamente pela União. Os Territórios são regidos por uma lei orgânica, têm
governador e assembleia legislativa própria.

Em resumo, a organização político-administrativa do Estado brasileiro é baseada em um


modelo de Estado Federal, onde o poder político é dividido entre a União, os Estados, o Distrito
Federal, os Municípios e os Territórios, cada um com autonomia política e administrativa
própria.

5. Administração Pública.
5.1 Disposições gerais, servidores públicos.
A Administração Pública é o conjunto de órgãos, entidades e agentes públicos responsáveis por
executar as políticas públicas definidas pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ela é
regida por princípios e normas constitucionais, que visam garantir a eficiência, a efetividade e a
legalidade das atividades desempenhadas pelo Estado.

As disposições gerais da Administração Pública brasileira estão previstas no artigo 37 da


Constituição Federal. Entre os princípios que regem a Administração Pública, destacam-se a
legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. Esses princípios têm
como objetivo assegurar que a Administração Pública atue de forma transparente, imparcial e
eficiente, garantindo o bem comum e o interesse público.

No que diz respeito aos servidores públicos, a Constituição Federal estabelece que o ingresso
no serviço público deve ser feito por meio de concurso público, exceto em casos de cargos em
comissão ou funções de confiança. Os servidores públicos têm direitos e deveres específicos,
tais como a estabilidade após três anos de efetivo exercício e a proibição de acumular cargos
públicos.

A Constituição também prevê a existência de carreiras no serviço público, que devem ter
estruturação e regras definidas por lei. Além disso, a Administração Pública é responsável por
garantir a capacitação e o aprimoramento dos servidores, visando garantir a qualidade dos
serviços prestados ao cidadão.

Em suma, a Administração Pública brasileira é regida por princípios e normas constitucionais


que visam garantir sua eficiência e efetividade, e os servidores públicos desempenham um
papel fundamental na prestação dos serviços públicos à sociedade.
6. Poder Executivo.
6.1 Atribuições e responsabilidades do presidente da República.
O Poder Executivo é um dos três poderes fundamentais do Estado brasileiro, ao lado do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário. Ele é exercido pelo presidente da República, auxiliado pelos
ministros de Estado.

Entre as atribuições do presidente da República, destacam-se:

Chefe de Estado: representa a União em suas relações internacionais e exerce as funções


protocolares do Estado;

Chefe de Governo: é responsável por definir e executar as políticas públicas do governo;

Comandante Supremo das Forças Armadas: é responsável pelo comando das Forças Armadas;

Nomeação de ministros e outros cargos públicos: o presidente da República é responsável pela


nomeação de ministros de Estado, embaixadores, presidentes de autarquias e empresas
estatais, entre outros cargos;

Vetar ou sancionar projetos de lei: cabe ao presidente da República sancionar ou vetar projetos
de lei aprovados pelo Congresso Nacional;

Celebrar tratados e acordos internacionais: o presidente da República tem a competência para


celebrar acordos e tratados internacionais, desde que sejam submetidos ao Congresso
Nacional para aprovação;

Decretar estado de defesa ou estado de sítio: em caso de grave perturbação da ordem pública,
o presidente da República pode decretar o estado de defesa ou o estado de sítio, nos termos
da Constituição.

Além das atribuições, o presidente da República também tem responsabilidades, como prestar
contas à sociedade sobre sua gestão e ser submetido a processos de impeachment caso
cometa crimes de responsabilidade.

Em resumo, o presidente da República é o chefe do Poder Executivo e tem diversas atribuições


e responsabilidades, que visam garantir o bom funcionamento do Estado brasileiro e o
atendimento das demandas da sociedade.
7. Poder Legislativo.
7.1 Estrutura.
7.2 Funcionamento e atribuições.
7.3 Processo legislativo.
7.3.1 Processo legislativo federal: conceito, espécies normativas, modalidades, fases.
7.3.2 Processo legislativo estadual, distrital e municipal: normas constitucionais federais
aplicáveis.
O Poder Legislativo é um dos três poderes fundamentais do Estado brasileiro, ao lado do Poder
Executivo e do Poder Judiciário. Ele é composto pelo Congresso Nacional (que é bicameral,
composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal), pelas Assembleias Legislativas
dos Estados e do Distrito Federal, e pelas Câmaras Municipais.

Estrutura do Poder Legislativo

O Congresso Nacional é composto pela Câmara dos Deputados, que é formada por
representantes eleitos pelo povo, e pelo Senado Federal, que é composto por representantes
eleitos pelos estados e pelo Distrito Federal. Já as Assembleias Legislativas dos Estados e do
Distrito Federal e as Câmaras Municipais são compostas por vereadores e deputados estaduais,
eleitos pelo voto direto.

Funcionamento e atribuições

O Poder Legislativo é responsável pela elaboração das leis que regem a sociedade, bem como
pela fiscalização do Poder Executivo e pela aprovação do orçamento público. As principais
atribuições do Poder Legislativo são:

Elaborar e aprovar leis;

Fiscalizar o Poder Executivo;

Aprovar o orçamento público;

Deliberar sobre assuntos de interesse público.

Processo legislativo

O processo legislativo é o conjunto de procedimentos pelos quais se cria uma norma jurídica.
Ele é regido pela Constituição Federal e pelas leis ordinárias.

3.1. Processo legislativo federal

O processo legislativo federal é dividido em espécies normativas (emendas constitucionais, leis


complementares e leis ordinárias), modalidades (ordinárias, complementares, delegadas e
medidas provisórias) e fases (iniciativa, discussão, votação e sanção).

3.2. Processo legislativo estadual, distrital e municipal


O processo legislativo estadual, distrital e municipal é regido pelas normas constitucionais
federais, mas também podem contar com regras específicas estabelecidas em suas respectivas
Constituições e leis orgânicas.

Em resumo, o Poder Legislativo é responsável pela elaboração das leis e pela fiscalização do
Poder Executivo, e seu processo legislativo é regido por normas constitucionais e legais que
estabelecem os procedimentos para criação das normas jurídicas.

7.4 Fiscalização contábil, financeira e orçamentária.


O Poder Legislativo brasileiro também é responsável pela fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial dos poderes Executivo, Judiciário e do Ministério
Público, bem como das entidades da administração direta e indireta. Essa fiscalização é
realizada por meio de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e pelo Tribunal de Contas
da União (TCU), que tem como função auxiliar o Congresso Nacional nessa tarefa. As CPIs são
criadas por decisão do plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, com o
objetivo de apurar irregularidades em determinado assunto de interesse público. O TCU, por
sua vez, é responsável por analisar as contas públicas e emitir pareceres sobre a regularidade
das despesas e receitas dos órgãos públicos. Além disso, o Congresso Nacional tem a
prerrogativa de sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

7.5 Comissões parlamentares de inquérito.


As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) são um instrumento utilizado pelo Poder
Legislativo brasileiro para investigar fatos determinados de interesse público, relacionados a
temas específicos, como irregularidades em contratos públicos, corrupção, entre outros.

Para criar uma CPI, é necessário que um terço dos membros da Casa Legislativa apresente
requerimento para sua instauração, especificando o objeto e o prazo de duração. Em seguida, a
mesa diretora da Casa designa os membros que irão compor a comissão e define seu
presidente e relator.

Durante a investigação, a CPI tem amplos poderes, podendo convocar autoridades, requisitar
informações e documentos, realizar diligências, colher depoimentos e realizar perícias. Ao final,
a comissão apresenta um relatório com suas conclusões, que pode ser encaminhado ao
Ministério Público ou à Justiça para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

8. Poder Judiciário.
8.1 Disposições gerais.
O Poder Judiciário é um dos três poderes da República Federativa do Brasil, ao lado do Poder
Executivo e do Poder Legislativo, sendo responsável por garantir a aplicação da lei e a defesa
dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.

A Constituição Federal estabelece que o Poder Judiciário é composto por diferentes órgãos,
dentre eles os tribunais superiores (Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça,
Tribunal Superior do Trabalho e Tribunal Superior Eleitoral), os tribunais de segunda instância
(tribunais regionais federais, tribunais de justiça e tribunais regionais do trabalho) e os juízes
de primeira instância (juízes federais, estaduais, trabalhistas e eleitorais).

Além disso, a Constituição prevê a independência funcional e a vitaliciedade dos magistrados,


garantindo-lhes a autonomia necessária para julgar de acordo com suas convicções e a
estabilidade no cargo. Também é assegurada a garantia da imparcialidade dos juízes, que
devem se pautar exclusivamente pela aplicação da lei, sem se deixar influenciar por pressões
externas.

Cabe ao Poder Judiciário julgar conflitos de interesse e decidir sobre a constitucionalidade das
leis e atos do Poder Público, podendo ser acionado por meio de ações judiciais ou por recursos
interpostos pelas partes envolvidas nos processos. A sua função é fundamental para a garantia
da democracia e do Estado de Direito no Brasil.

9. Funções essenciais à Justiça.


9.1 Ministério Público, advocacia pública.
O Poder Judiciário é responsável pela aplicação da lei e pela resolução de conflitos entre as
partes. As funções essenciais à Justiça são instituições que colaboram para a manutenção do
Estado Democrático de Direito. Dentre elas, destacam-se o Ministério Público e a advocacia
pública.

O Ministério Público é uma instituição autônoma que tem como função zelar pela ordem
jurídica, pelos direitos sociais e individuais indisponíveis, bem como pela defesa do regime
democrático. É responsável pela investigação criminal, pela defesa dos direitos coletivos e pela
fiscalização do cumprimento das leis.

Já a advocacia pública é composta pelas procuradorias e pelas defensorias públicas, que têm
como função representar judicialmente e extrajudicialmente o Estado, as autarquias e as
fundações públicas.

10. Controle de constitucionalidade.


10.1 Controle judicial de constitucionalidade: conceito, histórico, sistemas,
pressupostos, modalidades, órgãos competentes, sujeitos legitimados, objetos de
controle, tipos de inconstitucionalidade, parâmetros de controle, formalidades,
procedimentos, julgamentos, decisões, efeitos das decisões, técnicas de decisão,
segurança e estabilidade das decisões.

Conceito
O controle judicial de constitucionalidade é um mecanismo que visa assegurar a supremacia da
Constituição e a observância das normas fundamentais do Estado. Esse controle pode ser
exercido tanto preventivamente, antes da edição da norma, como repressivamente, após sua
publicação.

Em linhas gerais, o controle judicial de constitucionalidade consiste em submeter as leis e atos


normativos produzidos pelo Estado a uma avaliação da compatibilidade com a Constituição,
verificando se eles estão em conformidade com as disposições da Carta Magna.

O objetivo é garantir que as leis e atos normativos não violem direitos e garantias
fundamentais, bem como não contrariem os princípios fundamentais que regem o Estado
brasileiro.

No Brasil, existem duas modalidades de controle judicial de constitucionalidade: o controle


difuso e o controle concentrado. O primeiro é exercido por qualquer juiz ou tribunal, em
qualquer processo judicial, desde que seja necessário decidir sobre a validade ou a
aplicabilidade de uma norma em face da Constituição. Já o segundo é exercido pelos tribunais
superiores e pelo Supremo Tribunal Federal, em ações específicas que têm como objetivo
principal a declaração de inconstitucionalidade de uma norma em tese, ou seja, sem a
necessidade de um caso concreto.

Em síntese, o controle judicial de constitucionalidade é um instrumento fundamental para a


proteção da ordem constitucional e para a garantia dos direitos e garantias fundamentais dos
cidadãos brasileiros. Ele é um dos pilares do Estado Democrático de Direito e da proteção dos
direitos humanos e fundamentais.

Histórico

O controle judicial de constitucionalidade no Brasil teve início com a Constituição de 1891, que
já previa a possibilidade de se questionar a constitucionalidade de leis e atos normativos. No
entanto, o controle era exercido de forma difusa, ou seja, por qualquer juiz ou tribunal.

A Constituição de 1934 estabeleceu o controle concentrado, atribuindo ao Supremo Tribunal


Federal a competência para julgar ações diretas de inconstitucionalidade. Já a Constituição de
1937, que instaurou a ditadura do Estado Novo, não previa o controle judicial de
constitucionalidade.

Com a redemocratização, a Constituição de 1946 retomou a previsão do controle de


constitucionalidade, tanto difuso quanto concentrado. No entanto, foi com a Constituição de
1988 que o controle judicial de constitucionalidade ganhou uma importância ainda maior,
sendo considerado um dos pilares do Estado Democrático de Direito e da proteção dos direitos
fundamentais.

A Constituição de 1988 atribuiu ao Supremo Tribunal Federal a competência para julgar ações
diretas de inconstitucionalidade e ações declaratórias de constitucionalidade. Além disso,
permitiu que qualquer juiz ou tribunal possa realizar o controle difuso de constitucionalidade,
o que garante maior efetividade na proteção dos direitos fundamentais.

10.2 Súmula vinculante.


O Controle de Constitucionalidade é uma das funções mais importantes do Poder Judiciário no
Brasil. Ele consiste na verificação da compatibilidade das leis e dos atos normativos com a
Constituição Federal, ou seja, em garantir que nenhum dispositivo de uma lei ou ato normativo
infrinja os preceitos fundamentais da Constituição.

Existem várias formas de controle de constitucionalidade no Brasil, sendo as mais comuns o


controle difuso e o controle concentrado. O controle difuso é feito pelos juízes e tribunais de
forma pontual, ou seja, a inconstitucionalidade é declarada apenas no caso em questão. Já o
controle concentrado é feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Tribunal de Justiça (TJ)
nos Estados, por meio de ações específicas que permitem a declaração de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos de forma geral e abstrata.

A Súmula Vinculante, por sua vez, é um instrumento utilizado pelo STF para uniformizar a
interpretação da Constituição Federal e das leis federais em todo o país. Ela é uma síntese da
jurisprudência do tribunal sobre determinado assunto, que passa a ser obrigatória para todos
os órgãos do Poder Judiciário e para a Administração Pública, tanto federal quanto estadual e
municipal.

Assim, quando o STF edita uma Súmula Vinculante, ela tem força de lei e deve ser aplicada por
todos os juízes e tribunais do país, bem como pelos órgãos da administração pública. Dessa
forma, a Súmula Vinculante é um importante instrumento para a garantia da segurança jurídica
e da uniformidade na aplicação das leis em todo o território nacional.

10.3 Reclamação constitucional.


A Reclamação Constitucional é uma ação judicial que visa garantir a autoridade das decisões do
Supremo Tribunal Federal (STF) e a observância de suas súmulas vinculantes. Ela é um
instrumento processual utilizado para assegurar que uma decisão do STF seja cumprida por
outras instâncias judiciais ou pela administração pública.

A Reclamação Constitucional é uma espécie de ação judicial que permite que qualquer pessoa,
física ou jurídica, possa apresentar ao STF uma reclamação caso uma decisão do STF não esteja
sendo cumprida ou esteja sendo interpretada de forma errônea por outra instância judicial ou
pela administração pública.
O objetivo da Reclamação Constitucional é garantir que a decisão do STF seja cumprida e
respeitada em todo o território nacional, evitando divergências e garantindo a segurança
jurídica.

É importante ressaltar que a Reclamação Constitucional é um recurso de última instância, que


deve ser utilizado somente após esgotadas todas as outras possibilidades recursais. Além disso,
a Reclamação Constitucional só pode ser utilizada em casos em que haja uma violação direta
de uma decisão do STF ou de uma súmula vinculante por parte de outras instâncias judiciais ou
pela administração pública.

Em resumo, a Reclamação Constitucional é um importante instrumento para garantir a


autoridade das decisões do STF e a observância das suas súmulas vinculantes em todo o país.

10.4 Controle não judicial de constitucionalidade: órgãos, institutos e


procedimentos.
O controle de constitucionalidade não judicial é uma forma de controle de constitucionalidade
exercida por órgãos ou instituições que não fazem parte do Poder Judiciário. Esses órgãos ou
instituições têm a função de verificar a compatibilidade das leis e atos normativos com a
Constituição Federal, por meio de procedimentos próprios.

Entre os órgãos e instituições que podem exercer o controle de constitucionalidade não


judicial, destacam-se:

Tribunal de Contas: o Tribunal de Contas da União e os Tribunais de Contas dos Estados e


Municípios podem exercer o controle de constitucionalidade de leis e atos normativos no
âmbito de suas atribuições. Esse controle é feito em razão da fiscalização da legalidade e da
efetividade das contas públicas.

Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI): as CPIs têm o poder de investigação próprio das
autoridades judiciais, e podem apurar infrações à Constituição, além de fatos que possam
resultar em prejuízo ao erário ou em graves violações aos direitos humanos.

Advocacia-Geral da União (AGU): a AGU é a instituição responsável pela representação judicial


e extrajudicial da União e de suas autarquias e fundações. Ela pode exercer o controle de
constitucionalidade de leis e atos normativos no âmbito de suas atribuições.

Conselho Nacional de Justiça (CNJ): o CNJ pode exercer o controle de constitucionalidade de


atos administrativos do Poder Judiciário.
Procuradorias-Gerais dos Estados e do Distrito Federal: as procuradorias-gerais têm a função
de representar judicialmente os Estados e o Distrito Federal, e podem exercer o controle de
constitucionalidade de leis e atos normativos no âmbito de suas atribuições.

Os procedimentos utilizados pelos órgãos e instituições que exercem o controle de


constitucionalidade não judicial variam de acordo com as suas competências e atribuições
específicas. No entanto, é importante ressaltar que esses procedimentos devem sempre
respeitar os princípios constitucionais e garantir o devido processo legal.

10.5 Controle de constitucionalidade nos estados e no Distrito Federal.


O controle de constitucionalidade nos estados e no Distrito Federal segue as mesmas regras do
controle de constitucionalidade da União, ou seja, as normas estaduais e distritais também
devem respeitar as disposições da Constituição Federal.

Os Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal são responsáveis pelo controle de
constitucionalidade das leis e atos normativos estaduais e distritais, exercido por meio do
processo de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e da Ação Declaratória de
Constitucionalidade (ADC). Essas ações são similares às ações que podem ser propostas no
Supremo Tribunal Federal (STF) para o controle de constitucionalidade de normas federais.

Além disso, os estados e o Distrito Federal também podem estabelecer mecanismos próprios
de controle de constitucionalidade, como as súmulas vinculantes dos Tribunais de Justiça
estaduais e distrital, que têm a mesma finalidade das súmulas vinculantes do STF. As súmulas
vinculantes estaduais e distrital têm a função de garantir a uniformidade da interpretação da
Constituição e das leis estaduais e distritais, além de assegurar a sua observância em todo o
território estadual ou distrital.

Por fim, é importante lembrar que os estados e o Distrito Federal também podem instituir
órgãos ou instituições responsáveis pelo controle de constitucionalidade não judicial, nos
moldes descritos na resposta anterior.

11. Ordem econômica e financeira.


A ordem econômica e financeira é um dos princípios fundamentais da Constituição Federal de
1988 e está prevista no artigo 170. Ela tem por objetivo assegurar a todos uma existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observando-se os seguintes princípios:

Soberania nacional: a ordem econômica e financeira deve ser orientada pela soberania
nacional, que se manifesta na capacidade do Estado de dirigir a economia em prol do interesse
público e do desenvolvimento nacional.
Propriedade privada: a ordem econômica e financeira deve respeitar a propriedade privada e
incentivar a sua função social.

Livre iniciativa: a ordem econômica e financeira deve assegurar a liberdade de iniciativa e a


livre concorrência, visando a eficiência e a competitividade dos agentes econômicos.

Valorização do trabalho humano: a ordem econômica e financeira deve valorizar o trabalho


humano e garantir a sua dignidade.

Defesa do meio ambiente: a ordem econômica e financeira deve promover o desenvolvimento


sustentável e a preservação do meio ambiente.

Redução das desigualdades regionais e sociais: a ordem econômica e financeira deve buscar a
redução das desigualdades regionais e sociais, promovendo o desenvolvimento equilibrado do
país.

O controle de constitucionalidade também se aplica à ordem econômica e financeira, sendo


possível questionar judicialmente a constitucionalidade de leis e atos normativos que violem
esses princípios. Além disso, o próprio Estado tem o dever de fiscalizar e regulamentar as
atividades econômicas, com o objetivo de assegurar a sua conformidade com a Constituição e
os princípios da ordem econômica e financeira.

12. Finanças públicas.


As finanças públicas são um importante tema do Direito Constitucional brasileiro e estão
previstas na Constituição Federal de 1988. O artigo 163 da Constituição estabelece que a
União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem obedecer aos princípios da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência na gestão das
finanças públicas.

O controle de constitucionalidade se aplica também às finanças públicas, sendo possível


questionar judicialmente a constitucionalidade de leis e atos normativos que violem esses
princípios. Além disso, o próprio Estado tem o dever de fiscalizar e regulamentar as finanças
públicas, com o objetivo de assegurar a sua conformidade com a Constituição.

No âmbito da União, o controle das finanças públicas é exercido pelo Tribunal de Contas da
União (TCU), que tem como função a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial do Estado e das entidades da administração direta e indireta.
Nos Estados e municípios, o controle das finanças públicas é exercido pelos Tribunais de Contas
estaduais e municipais, que têm as mesmas funções do TCU. Além disso, a Lei de
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) estabelece normas para a gestão das
finanças públicas e a responsabilidade na sua execução, visando à transparência, ao controle e
à responsabilidade fiscal.

13. Constituição do Estado de Mato Grosso e suas emendas.


A Constituição do Estado de Mato Grosso é a norma fundamental que rege a organização
político-administrativa do estado de Mato Grosso, estabelecendo as bases do regime jurídico e
político do estado. A atual Constituição do Estado de Mato Grosso foi promulgada em 05 de
outubro de 1989, e tem como princípios fundamentais a democracia, a cidadania, a dignidade
da pessoa humana, a separação de poderes e o pluralismo político.

A Constituição do Estado de Mato Grosso pode ser alterada através de emendas


constitucionais, que são propostas pelo Poder Legislativo estadual ou pelo governador do
estado, desde que atendam aos requisitos constitucionais estabelecidos. A emenda
constitucional deve ser aprovada em dois turnos, com o voto favorável de pelo menos três
quintos dos membros da Assembleia Legislativa, antes de ser promulgada pelo presidente da
Assembleia Legislativa.

Vale ressaltar que as emendas constitucionais devem respeitar as cláusulas pétreas


estabelecidas na Constituição Federal de 1988, que são aquelas normas que não podem ser
objeto de emendas constitucionais que as abolem. Dentre as cláusulas pétreas, destacam-se a
forma federativa do Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos
poderes, os direitos e garantias fundamentais e o sistema de direitos e garantias fundamentais.

Assim, as emendas à Constituição do Estado de Mato Grosso devem respeitar as normas


estabelecidas na Constituição Federal e as garantias fundamentais previstas na Constituição
Estadual.

Emendas

Desde sua promulgação em 1989, a Constituição do Estado de Mato Grosso já sofreu diversas
emendas. Algumas das principais emendas à Constituição do Estado de Mato Grosso são:

Emenda Constitucional nº 1/1992: modificou a redação do art. 29 da Constituição, que trata da


organização dos municípios do estado.

Emenda Constitucional nº 2/1992: alterou a redação do art. 28 da Constituição, que dispõe


sobre a criação de novos municípios em Mato Grosso.
Emenda Constitucional nº 3/1992: modificou a redação do art. 29 da Constituição, com o
objetivo de regulamentar a transferência de recursos financeiros do estado para os municípios.

Emenda Constitucional nº 4/1993: alterou o art. 67 da Constituição, que trata da gestão dos
recursos hídricos em Mato Grosso.

Emenda Constitucional nº 6/1994: modificou a redação do art. 27 da Constituição, que


estabelece as regras para a criação e a extinção de cargos públicos no estado.

Emenda Constitucional nº 10/1997: acrescentou o art. 59-A à Constituição, criando o Fundo


Estadual de Defesa do Consumidor.

Emenda Constitucional nº 33/2003: modificou o art. 71 da Constituição, que trata da


composição e da competência do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso.

Emenda Constitucional nº 35/2003: acrescentou o art. 154-A à Constituição, criando a


Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso.

Emenda Constitucional nº 56/2014: alterou a redação do art. 88 da Constituição, que


estabelece as regras para a criação e a extinção de municípios no estado.

Essas são apenas algumas das emendas à Constituição do Estado de Mato Grosso, sendo que
outras emendas foram realizadas ao longo dos anos. Cada emenda tem o objetivo de ajustar e
adequar a Constituição às necessidades e demandas da sociedade e do próprio estado.

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