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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

Iara Karinny Gomes Ferreira (00000851713)


Ingrid Felix do Nascimento (00000851415)
Letícia Maria Zilô Alves Cavalcanti Marques (00000851421)
Lílian Flor dos Santos (00000851104)
Maria Júlia Cintra de Siqueira Pinheiro (00000851272)
Nicolle Sophia Luna Santana (00000851083)
Sthéfanie Rayane da Silva Bernardo (00000851416)
Vitória Santana Dias (00000851714)

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

Prof. Manoel Severino de Moraes Almeida

Recife
2023
INTRODUÇÃO

Neste artigo realizou-se um estudo teórico sobre a Constituição Federal de 1988 que foi
promulgada após o período da ditadura militar no Brasil representando, portanto, a mudança e
a importância da consolidação dos princípios democráticos e dos direitos e garantias
fundamentais dos cidadãos brasileiros, o que tornou a atual Constituição conhecida como a
Constituição cidadã. O presente trabalho tem como objetivo tratar sobre os fundamentos da
organização do Estado, os direitos e garantias, estrutura do poder judiciário e estabelece as bases
para formulação e implementação de políticas públicas.

Assim, este artigo buscou explorar pilares fundamentais da Constituição de 1988 analisando o
papel dos mesmos na Constituição de uma sociedade mais equitativa e democrática, destacando
a importância que o desenvolvimento deste documento teve para consolidação dos valores
democráticos e para a construção de um futuro mais promissor.

REFERENCIAL TEÓRICO

Constituição de 1988 e suas interseções

A Constituição Federal de 1988, também conhecida como a "Constituição Cidadã", apresenta


vários pontos de ligação e interseção com as constituições anteriores do Brasil. Alguns desses
pontos incluem:

1. Recepção de Normas: A CF/88 manteve algumas normas das constituições anteriores que
não foram expressamente revogadas, incorporando aspectos de continuidade jurídica.

2. Direitos e Garantias Individuais: Muitos dos direitos fundamentais presentes em


constituições anteriores foram preservados e ampliados na Constituição de 1988, fortalecendo
a proteção dos direitos individuais.

3. Separação dos Poderes: A estrutura de poder, com os Poderes Executivo, Legislativo e


Judiciário, permanece como princípio fundamental, embora com ajustes e inovações.

4. Federação: O modelo federativo brasileiro, estabelecido em constituições anteriores, é


mantido, mas a CF/88 trouxe novas disposições sobre a autonomia dos entes federativos.

5. Soberania: A ideia de soberania nacional, presente em constituições anteriores, é mantida,


destacando a República Federativa do Brasil como Estado Democrático de Direito.
6. Princípio da Legalidade: A CF/88 reforça o princípio da legalidade, estabelecendo que o
Estado só pode agir nos limites da lei.

1. Organização do Estado e forma de governo

A organização do Estado de governo no Brasil é caracterizada pela adoção do sistema


presidencialista, no qual há uma separação de poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário.
Essa organização tem suas raízes em um contexto histórico de influências, como a colonização
portuguesa, a independência do Brasil e a formação de uma República. Durante o período
colonial, o Brasil era uma colônia de Portugal e, portanto, era governado pelo sistema de
governo monárquico. Nesse período, o poder político era centralizado na figura do rei e não
havia uma separação clara de poderes. O governador-geral, indicado pela coroa portuguesa,
exercia o poder executivo, enquanto o poder legislativo era exercido pelo Conselho
Ultramarino.
Com a independência do Brasil, em 1822, houve uma transição para um sistema
governamental brasileiro. Inicialmente, adotou-se uma monarquia constitucional, em que o
imperador exercia o poder executivo e o poder legislativo era exercido por um Parlamento.
Essa configuração, conhecida como o Império do Brasil, perdurou até 1889, quando foi
proclamada a República. Com a Proclamação da República, em 1889, o Brasil passou a adotar
um sistema republicano de governo. A Constituição de 1891 foi a primeira a estabelecer uma
organização do Estado em moldes republicanos, com um presidente como chefe de Estado e
de governo. Essa Constituição também estabeleceu a separação de poderes entre Executivo,
Legislativo e Judiciário.
No entanto, foi a Constituição de 1988 que consolidou a organização do Estado de
governo atual do Brasil. Esse documento estabeleceu a forma federativa de Estado, onde a
União, os estados, o Distrito Federal e os municípios têm competências e autonomia para a
administração de seus interesses. Além disso, a Constituição de 1988 reafirmou a separação de
poderes, estabelecendo as atribuições e responsabilidades de cada um dos poderes.
Alguns dos artigos da Constituição de 1988 que fazem parte da Organização do Estado:
- Artigo 2º: Estabelece que são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
- Artigo 18: Define a forma federativa de Estado e estabelece a autonomia dos estados, Distrito
Federal e municípios.
- Artigo 21: Determina que compete à União explorar os serviços e instalações nucleares e
radioativas, bem como legislar sobre direito mineral, direito do mar, aeroespacial e diretrizes
da política nacional de transportes.
- Artigo 22: Define as competências legislativas da União, como legislar sobre direito civil,
comercial, penal, processual, eleitoral, entre outros.
- Artigo 48: Estabelece a competência exclusiva do Congresso Nacional para legislar sobre
matérias, como direito tributário, financeiro, orçamentário, entre outros.

2. Direitos e garantias fundamentais

Os direitos e garantias fundamentais são direitos protetivos, que garantem o mínimo


necessário para que um indivíduo exista de forma digna dentro de uma sociedade administrada
pelo poder estatal, sendo então, baseados no princípio da dignidade da pessoa humana e que
também carregam o objetivo de proteger o cidadão das ações do Estado uma vez que é seu
dever proteger o mesmo, tal como explica o fiilosófo John Locke na sua tese sobre o contrato
social. Ele surgiu como uma inovação da constituição de 1988 após a ditadura militar que durou
por 21 anos com o intuito de consolidar os princípios democráticos que durante esse período
foram violados.

Os direitos e garantias estão divididos na Constituição Federal durante a produção deste


trabalho como: direitos individuais e coletivos (artigo 5º da CF), direitos sociais (do artigo 6º
ao artigo 11 º da CF), direitos de nacionalidade (artigos 12 º e 13 º da CF), direitos políticos
(artigos 14 ao 16 º da CF) e partidos políticos (artigo 17 º da CF).

Os direitos e garantias fundamentais da constituição brasileira de 1988 traz no seu titulo


II o artigo 5 º, conhecido também como um dos mais importantes pois traz os direitos e deveres
individuais e coletivos. Se tratando de uma cláusula pétrea (pois é de grande relevância) não
podendo ser reduzido ou suprimido por meio de emenda constitucional.

Os direitos seriam benefícios e vantagens prescritas na norma constitucional e as


garantias são instrumentos que asseguram exercícios desses direitos de forma preventiva ou os
repara caso tenham sidos violados. Como acontece no exemplo do Art 5 º, inciso VI diz que é
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Pode-se haver também mais direitos pois os expressos na Constituição não excluem
outros direitos que são decorrentes dos princípios adotados na constituição ou de tratados
internacionais onde o Brasil faça parte.

Os principais direitos fundamentais do art 5 º são o direito à vida, à liberdade, à


igualdade, à segurança e à propriedade.

Já nos demais artigos na parte de direitos sociais são assegurados direitos como
educação, saúde, trabalho e moradia visando garantir condições dignas de vida e igualdade de
oportunidades. Na parte de direitos de nacionalidade é garantido o idioma oficial do país,
quando serão considerados brasileiros natos, naturalizados e até definir quando acontece a perda
da nacionalidade. Os direitos políticos incluem o direito de votar e ser votado, participar de
processos políticos e contribuir para a formação das decisões governamentais. Dos partidos
políticos organizam a estrutura e formação de partidos políticos.

3. Estrutura do judiciário
O Poder Judiciário é regido pelos artigos 92 a 126 da Constituição Federal. A função do
poder judiciário é salvaguardar os direitos individuais, coletivos e sociais e resolver conflitos
entre cidadãos, entidades e o Estado. Para tanto, dispõe de autonomia administrativa e
financeira garantida pela Constituição Federal. Dentre os poderes que constituem a República
Brasileira, o Judiciário é responsável pela interpretação das leis estabelecidas pelo Legislativo
e promulgadas pelo Executivo. Deve aplicar estas regras em diferentes situações e julgar os
cidadãos que, por motivos diversos, não as cumprem.

3.1 Órgãos do Poder Judiciário

A função jurisdicional é exercida pela ordem judiciária do país. Ela compreende: a) um


órgão de cúpula (CF, art. 92, I), como guarda da Constituição e Tribunal da Federação, que é o
Supremo Tribunal Federal; b) um órgão de articulação (CF, art. 92, II) e defesa do direito
objetivo federal, que é o Superior Tribunal de Justiça; c) as estruturas e sistemas judiciários,
compreendidos pelos Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais, Tribunais e Juízes do
Trabalho, Tribunais e Juízes Eleitorais e Tribunais e Juízes Militares (CF, art. 92, III-VI); d) os
sistemas judiciários dos Estados e do Distrito Federal (CF, art. 92, VII).

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:

I - o Supremo Tribunal Federal;


I-A o Conselho Nacional de Justiça;

II - o Superior Tribunal de Justiça;

III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI - os Tribunais e Juízes Militares;

VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e Territórios.

§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores


têm sede na Capital Federal.

§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território


nacional.

3.2 Supremo tribunal federal

O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder Judiciário e a ele compete,


precipuamente, a guarda da Constituição, conforme definido no art. 102 da Constituição da
República.

O STF é composto por 11 ministros, cidadãos brasileiros natos, que tenha mais de 35 e menos
de 65 anos de idade e deve ter notável saber jurídico e reputação ilibada. Os ministros dos
Tribunais Superiores são indicados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado
Federal. O Presidente indica e o Senado aprova.

A principal função do Supremo Tribunal Federal é zelar pela observância da


Constituição Federal, sendo por isso considerado um tribunal especial. Uma de suas principais
funções é a ação direta para determinar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
federais ou estaduais, ações declaratórias para determinar a constitucionalidade de leis ou atos
normativos federais, alegações de descumprimento de normas fundamentais da própria
constituição e extradição solicitada por países estrangeiros. No domínio penal, destaca-se a
capacidade judiciária do Presidente e do Vice-Presidente, dos deputados à Assembleia
Nacional, dos ministros do país e do Procurador-Geral da República nas infracções penais
ordinárias. Na esfera recursal, caso a sentença seja julgada improcedente, a obrigação de julgar
o habeas corpus, o mandado de segurança, habeas corpus e liminar decididos pelo Supremo
Tribunal em um único caso ganha destaque no recurso ordinário e, no recurso especial, quando
o Se a decisão recorrida conflitar com o disposto na Constituição, o caso será decidido em
primeira instância ou em última instância.

Competência para julgar: Presidente da República; Vice-Presidente da República; Congresso


Nacional; Ministros do STF; Procurador-Geral da República. (crimes comuns).

Ministros de Estado: Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica; Membros dos


Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, TSE, STM); Tribunal de Contas da União; Chefes de
missão diplomática permanente. (crimes comuns e de responsabilidade).

3.3 Conselho nacional de justiça

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi criado pela Emenda Constitucional nº


45/2004 e instalado em 14 de junho de 2005. Trata-se de uma instituição do poder judiciário
que visa melhorar o funcionamento do sistema judiciário brasileiro, principalmente em termos
de controle e transparência administrativa e processual. Além disso, trabalha para melhorar a
eficiência dos serviços judiciais, formular e implementar políticas judiciais nacionais e esforça-
se por promover e divulgar as melhores práticas.

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato
de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, nos seguintes termos:

I – o(a) presidente do Supremo Tribunal Federal;

II – um(a) ministro(a) do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;

III – um(a) ministro(a) do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;

IV – um(a) desembargador(a) de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

V – um(a) juiz(a) estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

VI – um(a) juiz(a) de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VII – um(a) juiz(a) federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VIII – um(a) juiz(a) de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do
Trabalho;

IX – um(a) juiz(a) do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;


X – um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;

XI – um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República


dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;

XII – dois(duas) advogados(as), indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil;

XIII – dois(duas) cidadãos(cidadãs), de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um


pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

O Conselho é presidido pelo(a) presidente do STF e o(a) ministro(a) do STJ exerce a função de
corregedor(a) nacional, competindo-lhe, entre outras atribuições, receber as reclamações e
denúncias, de qualquer pessoa, relativas a magistrados(as) e aos serviços judiciários, bem como
exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral.

Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e


do cumprimento dos deveres funcionais da magistratura, cabendo-lhe:

• zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura,


podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
providências;

• zelar pela observância do art. 37 da Constituição e apreciar, de ofício ou mediante provocação,


a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário,
podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas
da União;

• receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de
registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da
competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares
em curso, determinar a remoção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa;

• representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de


abuso de autoridade;
• rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano;

• elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por


unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

• elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do
Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da
abertura da sessão legislativa.

3.4 Tribunais Superiores

Os Tribunais Superiores são os órgãos máximos de seus ramos de Justiça. São eles:
Superior Tribunal de Justiça (STJ), Superior Tribunal Militar (STM), Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e Tribunal Superior do Trabalho (TST). Magistrados(as) que compõem esses
colegiados são denominados(as) ministros(as).

3.4.1 Superior Tribunal de Justiça

É o tribunal superior da Justiça comum (estadual e federal) para causas


infraconstitucionais (que não se relacionam diretamente com a Constituição Federal), sendo
composto por 33 ministros e ministras. Sua principal função é uniformizar e padronizar a
interpretação da legislação federal brasileira, ressalvadas as questões de competência das
justiças especializadas (Eleitoral e Trabalhista).

Suas competências estão previstas no art. 105 da Constituição Federal, entre as quais o
julgamento em recurso especial de causas decididas em última ou única instância pelos
Tribunais Regionais Federais, pelos Tribunais de Justiça ou pelos Tribunais de Justiça Militar
dos estados quando a decisão recorrida contrariar lei federal.

Competência para julgar: Governadores dos Estados e do Distrito Federal (crimes comuns).

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.

Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente
da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos,
de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta
do Senado Federal, sendo:

I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores
dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;

II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,


Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

3.4.2 Tribunal Regional Federal

7 Juízes (no mínimo);

Competência para julgar: Juízes federais em sua jurisdição (inclusive juiz militar e da
Justiça do Trabalho); Prefeito (quando for matéria de interesse federal); Dep. Estadual (quando
for matéria de interesse federal);

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:

I - os Tribunais Regionais Federais;

II - os Juízes Federais

3.4.3 Tribunal Superior Eleitoral

O TSE, órgão máximo da Justiça Eleitoral, é composto por sete primeiros-ministros e


sete vice-ministros. São três titulares e três deputados do STF, dois (dois) titulares e dois (dois)
deputados do STJ, e dois (dois) titulares e dois (dois) deputados da classe dos advogados,
indicados pelo STF e deputados indicados . do STF. advogados o presidente da república. Sua
principal tarefa é garantir a tranquilidade de todo o processo seletivo. Além de outras atribuições
previstas na Lei Eleitoral, cabe ao TSE dirimir recursos contra decisões do Tribunal de Justiça
(TRES), inclusive em matéria administrativa. Quem administra todo o processo eleitoral é o
juiz eleitoral.

Um fato interessante é que não existe concurso para ser apenas juiz eleitoral. O juiz
eleitoral é um juiz de direito, ou seja, um juiz da justiça estadual. Se houver mais de um juiz na
comarca, cada um exercerá a função de juiz eleitoral por 2 anos.
3.4.4 Supremo Tribunal Militar

O STM é o poder judiciário militar da União, composto por 15 ministros vitalícios, três
oficiais-generais da Marinha, quatro oficiais-generais do Exército, três oficiais-generais da
Aeronáutica - todos na ativa e com carreiras superiores - e cinco oficiais-generais. civis
escolhidos pelo Presidente da República. O Tribunal Militar de Apelação tem o poder de decidir
recursos do Tribunal de Primeira Instância da União, e de acusar e condenar generais e ordenar
que sejam destituídos de seu posto e patente. é considerado um funcionário indigno ou inapto.

3.4.5 Tribunal Superior do Trabalho

Órgão máximo da Justiça do Trabalho, o TST é composto por 27 ministros(as). Sua


principal função é uniformizar as decisões sobre ações trabalhistas, consolidando a
jurisprudência desse ramo do Direito.

O TST tem competência para resolver recursos de revista, recursos ordinários e agravos
de instrumento contra decisões do TRT, bem como litígios coletivos organizados em nível
nacional, bem como mandados de segurança e embargos comerciais contra suas decisões, bem
como ações anulatórias, entre outras constantes no art. 114 da Constituição Federal.

3.5 Ramos da Justiça

O Poder Judiciário brasileiro é composto por cinco segmentos: Justiça Estadual e Justiça
Federal, que integram a Justiça Comum, e Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça
Militar, que integram a Justiça Especial.

3.5.1 Justiça Federal

A Justiça Federal é composta pelos Tribunais Distritais Federais (TRFs) e juízes


federais. A Justiça Federal é responsável por decidir os casos em que a União, entidades
autônomas ou empresas públicas federais tenham interesse como autores, réus, co-réus ou
oponentes; motivos relacionados com países estrangeiros ou acordos internacionais; crimes
políticos ou crimes contra bens, serviços ou interesses da União; os crimes contra a organização
do trabalho; a disputa sobre os direitos indígenas; entre outros previstos no art. 109 da
Constituição Federal.

Na Justiça Federal, há os Juizados Especiais Federais, com competência para processar,


conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de 60 salários mínimos,
bem como executar as suas sentenças, nos termos da Lei n. 10.259/2001. Os Juizados Especiais
Federais Criminais processam e julgam os feitos de competência da Justiça Federal relativos às
infrações de menor potencial ofensivo.

Estrutura:

A organização do primeiro grau de jurisdição da Justiça Federal está disciplinada pela


Lei n. 5.010/1966, que determina que em cada uma das unidades da Federação será constituída
uma seção judiciária. As seções judiciárias são formadas pelas varas federais, onde é realizado
o julgamento originário da maior parte das ações submetidas à Justiça Federal.

O segundo grau de jurisdição da Justiça Federal é composto por seis Tribunais Regionais
Federais (TRFs), com sedes em Brasília (TRF 1ª Região), Rio de Janeiro (TRF 2ª Região), São
Paulo (TRF 3ª Região), Porto Alegre (TRF 4ª Região), Recife (TRF 5ª Região) e Belo Horizonte
(TRF 6ª Região). Os TRFs englobam duas ou mais seções judiciárias, conforme definido a
seguir:

TRF 1ª Região: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins;

TRF 2ª Região: Espírito Santo e Rio de Janeiro;

TRF 3ª Região: Mato Grosso do Sul e São Paulo;

TRF 4ª Região: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina;

TRF 5ª Região: Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

TRF 6ª Região: Minas Gerais.

Nas comarcas onde não houver vara federal, os juízes estaduais são competentes para processar
e julgar determinados tipos de processos.

3.5.2 Justiça Estadual


A Justiça Estadual é responsável por julgar questões fora da jurisdição dos outros
poderes do judiciário – federal, trabalhista, eleitoral e militar – o que significa que sua jurisdição
é residual, embora cubra a maioria dos processos judiciais.

Como ela se organiza:

Cada uma das unidades da Federação tem a atribuição de organizar a sua justiça. E o Poder
Judiciário do Distrito Federal e Territórios é organizado e mantido pela União.

Estrutura:

Do ponto de vista administrativo, a Justiça Estadual é estruturada em duas instâncias ou graus


de jurisdição:

Primeiro grau: composto pelos juízes de Direito estaduais.

Segundo grau: é representado pelos Tribunais de Justiça (TJs). Nele, os(as) magistrados(as)
são desembargadores(as), que têm entre as principais atribuições o julgamento de demandas de
competência originária e de recursos interpostos contra decisões proferidas no primeiro grau.

3.5.3 Juizados Especiais

Criados pela Lei n. 9.099/1995, os juizados especiais têm competência para a


conciliação, o processamento, o julgamento e a execução das causas cíveis de menor
complexidade (por exemplo, as cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo, entre
outras) e das infrações penais de menor potencial ofensivo, que são as contravenções penais e
crimes para os quais a lei defina pena máxima não superior a dois anos.

3.5.4 Justiça Eleitoral

A Justiça Eleitoral é um ramo especializado do Poder Judiciário brasileiro responsável


pela organização e realização de eleições, referendos e plebiscitos, pelo julgamento de questões
eleitorais e pela elaboração de normas referentes ao processo eleitoral.

Estrutura:

A Justiça Eleitoral não possui corpo de juízes próprio que atue por autoridade. Está
dividido em três órgãos: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a primeira e segunda instâncias
de jurisdição. No primeiro caso, existe um juiz eleitoral em cada zona eleitoral, escolhido entre
juízes e juízas, e comissões eleitorais, que existem apenas temporariamente durante as eleições
e são compostas por advogados e cidadãos de má reputação. A segunda instância é representada
pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), compostos por dois (dois) desembargadores da
Justiça Federal, dois (dois) desembargadores de direito, um desembargador(a) do Tribunal do
Distrito Federal e dois desembargadores. advogados de considerável conhecimento jurídico e
integridade moral.

3.5.5 Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho concilia e julga reclamações judiciais decorrentes da relação de


trabalho, reclamações relacionadas ao exercício do direito de greve, reclamações de
representação sindical, e reclamações decorrentes de sua própria, incluindo decisões coletivas,
punições.

Como ela se organiza:

São órgãos da Justiça do Trabalho: o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os 24


Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e os juízes e juízas do Trabalho que atuam nas Varas
do Trabalho.

Como ela é formada:

A Justiça do Trabalho está dividida em 24 regiões. Do ponto de vista hierárquico e


institucional, todas estas áreas estão divididas em dois graus de jurisdição: Primeiro grau: é
composto pelos tribunais do trabalho cuja competência é determinada pelo local de prestação
de serviços às empresas, instituições ou trabalhadores, independentemente do local do contrato
– seja nacional ou internacional. Segunda grau: Composta pelos Tribunais Regionais do
Trabalho (TRTs). Tratam de recursos ordinários contra decisões de tribunais do trabalho,
conflitos coletivos, ações anteriores e despachos de juízes.

3.5.6 Justiça Militar

A Justiça Militar é o ramo do sistema jurídico brasileiro responsável por processar e


punir militares e civis das Forças Armadas que tenham cometido crimes de guerra nos termos
da lei. É o segmento jurídico mais antigo do Brasil e o Supremo Tribunal Militar é o primeiro
tribunal do país, instituído em 1º de abril de 1808 pelo então Príncipe Regente de Portugal,
Dom João VI.

Estrutura:

A JMU é estruturada em dois graus de jurisdição: uma primeira instância e um tribunal


superior, o Superior Tribunal Militar (STM). A primeira instância é composta por 19 Auditorias,
divididas em 12 Circunscrições Judiciárias Militares. As Auditorias têm jurisdição mista, ou
seja, cada uma julga os feitos relativos à Marinha, ao Exército e à Aeronáutica. O julgamento é
realizado pelos Conselhos de Justiça, formados por quatro oficiais e pelo juiz(a)-auditor(a). Os
recursos às decisões de primeira instância são remetidos diretamente para o STM, a quem cabe,
também, julgar originalmente os oficiais-generais.

3.5.7 Justiça Militar Estadual:

Já a Justiça Militar Estadual é um ramo especializado do Poder Judiciário brasileiro


responsável por processar e julgar os militares com vínculo nos estados (Polícia Militar e Corpo
de Bombeiros Militar) sobre crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares.

Como ela se organiza:

Cada estado tem o direito de estabelecer um Tribunal Militar Estadual por lei, por
iniciativa dos Tribunais de Justiça. Contudo, a formação de um tribunal militar nacional só é
possível se houver mais de vinte mil militares nacionais no país, incluindo a Polícia Militar e o
Corpo de Bombeiros Militar (CF/88 art 125 § 3º). Todas as unidades da federação possuem
tribunal militar estadual, e três estados possuem tribunal militar: Minas Gerais, Sul do Rio
Grande e São Paulo. A lei marcial do país está dividida em dois graus, ou jurisdições. O primeiro
grau é composto pelas auditorias militares, que é composto por um juiz judicial, também
denominado juiz-auditor, responsável pelas atividades oficiais e pelos tribunais, que é um órgão
colegiado composto por quatro juízes militares (oficiais militares) e um juiz- auditor. . A
segunda instância é representada pelos tribunais militares dos estados de Minas Gerais, São
Paulo e Sul do Rio Grande. Nas demais jurisdições estaduais e federais, essa tarefa cabe aos
tribunais (TJ).

4. Segmentos Sociais: situação de minorias

A princípio, é necessário entender o conceito da palavra "minoria". Esse termo social,


diferente do que muitos pensam, representa pessoas que de alguma forma se encontram em
situação de desigualdade/desvantagem em relação a outro em sociedade, apesar de geralmente
serem constituídos pela minoria numérica, não é por isso que o termo é utilizado. As minorias
sociais são as coletividades que sofrem processos de estigmatização e discriminação, resultando
em diversas formas de desigualdade ou exclusão sociais, mesmo quando constituem a maioria
numérica de determinada população, como foi citado anteriormente. São exemplos de minorias
sociais atualmente: negros, indígenas, imigrantes, mulheres, homossexuais, idosos, moradores
de comunidades (ou favelas), portadores de deficiências e moradores de rua.

Muitos pesquisadores e pessoas de épocas antes da constituição destacavam a realidade


conturbada do país e explicavam como era convivência entre grupos sociais distintos. Como,
por exemplo, o pesquisador Ricardo Kosovski, que afirma “A história do Brasil está repleta de
exemplos de grupos que foram escravisados, desprezados, renegados, isolados, explorados,
ridicularizados e, como tais, tornados mais fáceis de serem controlados e dominados. O
preconceito e a discriminação em relação às minorias fazem com que estas se sintam inferiores
e lhes dê a sensação de que são incapazes, supérfluas e deslocadas”. Transmitindo a situação
em que as minorias se situavam e o comportamento desumano contra elas, pela ótica de pessoas
que estudaram ou viram o cenário desagradável da coexistência entre os grupos sociais distintos
e os considerados “dominantes”.

A partir de 1988, vários direitos passaram a ser garantidos - no papel - através da


Constituição Federal, que significa um grande avanço, principalmente para as minorias,
explicitando majoritariamente o reconhecimento e a proteção da diversidade étnico-cultural
dignificando a condição em que elas se encontram, para ilustrar o respeito entre diferentes
grupos sociais, tendo como exemplos:

Art. 1.( inciso III) Assim, os grupos sociais excluídos, marginalizados, que se consideram
ameaça dos em seus direitos, devem tutelar a proteção dos mesmos como forma de garantir o
respeito à dignidade da pessoa humana, inerente à própria condição de ser humano.

Art. 3.( inciso III) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais.

Art. 3.( inciso IV) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4. (relações internacionais) tem como princípio a prevalência dos direitos humanos, da
autodeterminação de povos, do repúdio ao racismo e da cooperação entre povos para o
progresso da humanidade.

Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião
ou procedência tem pena de reclusão.
Art. 140. Crimes de injúria racial é um dos crimes contra honra e ocorre quando há ofensa à
dignidade de alguém com o emprego de elementos ou palavras depreciativas referentes à raça
e à cor, com a intenção de insultar a vítima.

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes
da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações
culturais.

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em
juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos
do processo.

Parágrafo 1º: O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-
brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. […]

Art. 216: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Já que da Constituição Federal se originam as demais leis e normas, artigos como esses
foram um passo muito importante para a garantia de proteção de direitos e dignidade de todas
as minorias.

Além disso, é primordial destacar que o reconhecimento da heterogeneidade da


população e do direito das minorias contribui para a efetiva formação de uma sociedade
brasileira democrática e multicultural. Não é favorável aceitar uma instituição denominada por
um "Estado Democrático de Direito", que obtém ideais supremos como justiça, igualdade e
dignidade, com o dever de assegurá-los a sociedade, tendo aquiescência à atos de exclusão
social ou a permissão de formas de discriminação.

5. Políticas públicas e saúde, educação, segurança pública

Disposição Geral

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar
e a justiça sociais.
5.1 Abrangência da Seguridade Social

A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) instituiu o Sistema de Seguridade Social, formado


pelos subsistemas Saúde, Previdência Social e Assistência Social. O art. 194 da CF/1988 estabelece
que “a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social.

5.2 Saúde

Antes da promulgação da Constituição Federal de 1998, a saúde não era um direito universal
mas um subsistema ligado ao Instituto de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) onde
os serviços somente eram assegurados a quem contribuísse. Após a promulgação da Constituição
Federal de 1998, a saúde passou a ser um dever do Estado e um direito de todos, sem caráter
contributivo.

Refere-se a um direito social que deve ser concretizado por todos os entes da federação, por
meio de políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação
(art. 196 da CF/1988). Independentemente da condição social ou econômica, todo cidadão tem
direito à assistência à saúde, garantida pelo Estado.

São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. (art.
197 da CF/1988).

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e


constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização,
com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade.
(art. 198 da CF/1988). Instituído pela Constituição Federal de 1998 o Sistema Único de Saúde
(SUS), foi custeado com os recursos do orçamento da Seguridade Social, da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.

As entidades da iniciativa privada poderão atuar livremente na área da saúde, mas a


Constituição Federal de 1988, além de proibir a destinação de recursos públicos para auxílios ou
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos, somente permite a participação de empresas
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no Brasil nos casos previstos em lei. Significa que a
iniciativa privada pode atuar na prestação de serviços de saúde, através do pagamento efetuado por
parte do usuário, podendo também participar de forma complementar no SUS, segundo as diretrizes
deste, por meio de contrato público ou convênio, no entanto as entidades filantrópicas e as sem fins
lucrativos possuem preferência.

Cabendo à lei estabelecer as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos,


tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta,
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
(§ 4º do art. 199 da CF/1988).

5.3 Assistência Social

É de responsabilidade do Estado fornecer assistência social à pessoas carentes, sem exigir


contribuição, como forma de garantir o mínimo existencial, concretizando a dignidade da pessoa
humana. Observa-se então a importância do Benefício de Prestação Continuada(BPC),
fundamentado na Constituição Federal de 1998, art 203. inc. V, garantido um salário mínimo de
benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de
prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme requisitos estabelecidos
em lei.

5.4 Previdência Social

A Previdência Social tornou-se a única modalidade de proteção social que exige contribuição
dos segurados e de filiação obrigatória, como condição para ampará-los de futuros infortúnios
sociais e de outras situações que merecem amparo, após a Constituição Federal de 1998.

Expressa o dever de assegurar um regime de previdência social, preservando o equilíbrio


financeiro e atuarial, tendo por finalidade acobertar riscos sociais. O art. 201, estabelece que a
Previdência Social atenderá, nos termos da lei: a) cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte
e idade avançada; b) proteção à maternidade, especialmente à gestante; c) proteção ao trabalhador
em situação de desemprego involuntário; d) salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes
dos segurados de baixa renda; e e) pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes.

5.5 Ciência, Tecnologia e Inovação

O artigo 218 da constituição federal de 1988 aborda a questão da Ciência, Tecnologia e


inovação. O texto expressa que o Estado tem o dever de promover e incentivar o desenvolvimento
científico a pesquisa a capacitação científica e tecnológica e a Inovação. A priorização à pesquisa
científica básica e tecnológica é destacada. Além disso o artigo orienta que a pesquisa tecnológica
deve se preocupar principalmente nas soluções dos problemas brasileiros e no desenvolvimento do
sistema produtivo nacional e regional buscando direcionar os esforços para questões que afetam
diretamente a sociedade brasileira.

Há uma orientação para que o estado incentive apoio a formação de Recursos Humanos nas
áreas de ciência pesquisa tecnologia e inovação. O artigo também prevê o estímulo a empresas que
investem em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia adequada às questões do Brasil e na formação
de seus recursos humanos, há destaque a respeito da importância de práticas salariais que garantem
a participação dos empregados nos ganhos econômicos resultantes da produtividade do trabalho.

E por fim ressalta ainda a possibilidade de os estados e o Distrito Federal para em parte de
sua receita a entidades públicas de fomento ao ensino e a pesquisa científica e tecnológica
fortalecendo o apoio financeiro a essas iniciativas.

5.6 Comunicação Social

O artigo 220 garante a liberdade de expressão e informação, desde que esteja em


conformidade com o estabelece pela Constituição, proibindo qualquer restrição a liberdade de
execução e informação. Além disso, enfatiza a plena liberdade de informação jornalística em
qualquer veículo de comunicação social e proíbe a censura política, ideológica e artística. Proíbe o
monopólio ou oligopólio direta ou indiretamente dos meios de comunicação e dispensa a
necessidade de licença de autoridade para a publicação de veículo impresso.

O artigo 221 estabelece princípios que devem ser observados na produção e programação de
emissoras de rádio e televisão. Esses princípios incluem a preferência por conteúdo educativo,
artístico, cultural e informativo, a promoção da cultura nacional e regional, a regionalização da
produção cultural, artística e jornalística, e o respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da
família.

O artigo 222 define a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons


e imagens como privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas
jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. Os parágrafos desse artigo
trazem detalhes adicionais sobre a participação de capital estrangeiro, responsabilidades editoriais e
questões de controle societário.
O artigo 223 discute a concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão
sonora e de sons e imagens, estabelecendo que estas devem ser concedidas pelo Poder Executivo e
renovadas mediante aprovação do Congresso Nacional. Este artigo também estabelece os prazos
para essas concessões e permissões.

Por fim, o artigo 224 estabelece a criação do Conselho de Comunicação Social como órgão
auxiliar do Congresso Nacional.

5.7 Previdência social

A Constituição Federal de 1988 estabelece a Previdência Social como um direito do


trabalhador e daqueles que contribuem para o sistema. Que tem como objetivo garantir a proteção
social nos casos de doença, invalidez, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário
e maternidade. A previdência está fundamentada nos princípios da solidariedade e universalidade,
buscando assegurar a dignidade e o sustento do cidadão em momentos de necessidade.

5.8 Meio ambiente

A Constituição de 1988 trata do meio ambiente como um bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida. Ela estabelece que a coletividade tem o direito de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O documento também destaca a responsabilidade
do poder público e da coletividade na preservação e conservação dos recursos naturais, além de
prever a obrigação de reparação de danos ambientais.

5.9 Família, Crianças e Adolescentes, Jovens e Idosos

A Constituição assegura a proteção à família como base da sociedade, reconhecendo a


igualdade de direitos e deveres entre cônjuges. Quanto às crianças, adolescentes, jovens e idosos, o
texto constitucional preconiza a proteção integral, assegurando direitos específicos a cada grupo,
como a prioridade na recepção de recursos e políticas públicas. Essa abordagem visa garantir o
desenvolvimento saudável e digno de cada fase da vida.

5.10 Dos Índios

A Constituição Federal reconhece aos índios seus direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, cabendo à União demarcá-las e protegê-las. Além disso, destaca-se a
preservação de suas línguas, crenças e tradições culturais. A Constituição também destaca a
necessidade de consulta prévia, informada e participativa aos povos indígenas em relação a projetos
que possam afetar seus territórios e modos de vida.
CONCLUSÃO

A Constituição de 1988, promulgada após o regime militar no Brasil, deixou importantes


legados jurídicos. Ela reforçou os princípios democráticos, estabeleceu direitos fundamentais,
promoveu a descentralização do poder e reconheceu a diversidade cultural. Além disso,
consolidou a independência dos poderes e fortaleceu o sistema de freios e contrapesos,
contribuindo para a consolidação da democracia no país.

A Constituição Federal de 1988, conhecida como a "Constituição Cidadã", é o produto de um


contexto histórico e político complexo no Brasil. Promulgada após um longo período de
ditadura militar que perdurou por mais de duas décadas, a nova Constituição foi um marco na
transição para a democracia. Esse documento reflete não apenas as demandas da sociedade da
época, mas também busca estabelecer bases sólidas para um Estado democrático de direito.

Em meio a esse contexto, a Constituição de 1988 deixa para a história uma série de legados
jurídicos significativos. Primeiramente, destaca-se o comprometimento com os princípios
democráticos e a garantia dos direitos fundamentais. Após anos de restrições e violações
durante o regime militar, a Constituição reafirmou valores como a liberdade de expressão, o
direito à privacidade e a igualdade perante a lei. Estabeleceu-se, assim, um arcabouço legal que
visava proteger o cidadão contra abusos estatais.

Outro legado importante é a ênfase na justiça social e na redução das desigualdades. A


Constituição de 1988 buscou criar mecanismos para promover a inclusão social, reconhecendo
direitos sociais como saúde, educação, moradia e trabalho digno. Essa abordagem reflete a
aspiração de construir uma sociedade mais justa e igualitária, superando as disparidades
históricas que marcaram o país.

Além disso, a descentralização do poder foi um princípio fundamental incorporado pela


Constituição. O documento fortaleceu os municípios e estados, atribuindo-lhes autonomia
política, administrativa e financeira. Esse aspecto visa garantir uma participação mais efetiva
da sociedade nas decisões políticas, reconhecendo a diversidade regional do Brasil.

No que tange à organização do Estado, a Constituição de 1988 consolidou a independência dos


poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — estabelecendo um sistema de freios e
contrapesos. Essa separação de poderes visa evitar concentrações excessivas de autoridade e
proteger os cidadãos contra possíveis abusos governamentais.
Ademais, a Carta Magna de 1988 também reconheceu e valorizou a diversidade cultural
brasileira. Ao afirmar a igualdade e a liberdade cultural, a Constituição buscou preservar e
promover as manifestações culturais de diferentes grupos étnicos e sociais. Esse
reconhecimento contribuiu para a construção de uma identidade nacional plural, respeitando as
raízes históricas e a multiplicidade de tradições existentes no país.

Em síntese, a Constituição de 1988 deixou para a história um legado jurídico profundo e


abrangente. Ela não apenas restabeleceu a democracia no Brasil, mas também estabeleceu as
bases para um sistema jurídico que valoriza a cidadania, a igualdade e a justiça social. Seus
princípios e dispositivos continuam a moldar a ordem jurídica e a vida política do país,
refletindo o compromisso duradouro com os ideais democráticos e os direitos fundamentais.

REFERÊNCIAS

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