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Celestina Moniz
Problematização
A luta histórica por um Estado de Direito, que teve como percursores os filósofos
gregos, é considerada por alguns autores ter tido início em Roma com a instituição
da Lei de Doze Tábuas (Lex Duodecim Tabularum) de 450 a.C. e que preconizava
a eliminação das diferenças de classe. Este instrumento é reconhecido como uma
das mais antigas legislações, que deu origem ao direito romano, visto que
contribuiu para a consolidação do princípio da legalidade, com vista a impedir o
autoritarismo. No entanto muitos autores são unânimes em afirmar que é na
Inglaterra, onde os primeiros sinais de Estado de Direito foram positivados,
através da Carta Magna de 1215, promovida pelos barões ingleses contra os
monarcas e que culminou na limitação de alguns dos seus poderes, pela instituição
de alguns direitos e liberdades, a introdução e modificação do habeas corpus que,
permitiu o devido processo legal, positivou o direito e todas as gerações de direitos
de que se fala hoje. Segundo vários analistas, os movimentos revolucionários
ingleses, que incluem a Carta Magna de 1215, a Petition of Rights de 1628, a Bill
of Rights de 1689, a Revolução Puritana de 1649 e Gloriosa de 1688 catapultaram
outros povos da Europa e América na luta pelos seus direitos.
A Revolução Americana de 1776 que três anos mais tarde possibilitou a United
States Bill of Rights “Declaração dos Direitos dos Estados Unidos (1789-1791)
proibindo, assim, o Congresso de fazer leis que violem entre outros: o direito à
vida, à livre consciência, à liberdade, à propriedade; a Revolução Francesa de
1789, não só limitou os poderes dos Estados, como também proclamou direitos e
liberdades do homem, que deixa a partir de então, de ser um simples individuo
passando a ser considerado cidadão, com direitos e liberdades. Estes movimentos
revolucionários trouxeram uma nova era no campo dos direitos, pois criaram a
base angular para a instituição do Estado de direito, uma vez que de acordo com a
análise de deferentes autores, foi a partir deles que o Estado passa a ser visto como
uma entidade que serve ao povo, com base na observância da lei sendo esta a
expressão da vontade geral. O órgão da vontade geral passa a ser a assembleia dos
representantes da nação. A base da organização assenta-se no individualismo não
havendo, para o liberalismo, limite para a riqueza, nem a interferência do governo
no campo do trabalho. Desaparecem desta forma as classes, corporações,
privilégios. ficando assim o homem considerado cidadão, sujeito aos direitos e
deveres na sociedade a que está inserido. Nestes movimentos o surgimento do
Estado liberal é marcado pelo reflorescimento do ideal constitucionalista e é
caracterizado pela necessidade de constituições escritas. Embora os direitos
reivindicados nas revoluções liberais fossem para uma minoria, não deixa de ser o
indicio da liberdade do homem de que, mais tarde, todos vieram beneficiar.
Dallari (2000) define o Estado como sendo “a ordem jurídica soberana que tem
por fim o bem comum de um povo situado em determinado território”. No sentido
de direito, o Estado de direito significa aquele em que a lei é sua base para a
atuação, portanto, vigora a lei. No sentido de democracia, o Estado democrático
significa que as pessoas que exercem as funções do Estado são eleitas por voto
secreto.
Para kelsen (2006) o Estado de direito é o sujeito artificial pela qual se manifesta
o poder do povo, submetendo a todos em igualdade de circunstâncias (tanto
governados como governantes), na observância da lei. Em Moçambique embora o
Estado tenha ratificado o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos em
vigor desde 1991, com vista à abolição da pena de morte, e a Convenção Contra a
Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis Desumanas ou Degradantes de
1984[1] (#_ftn1) , observância destes preceitos juridicos internacionais continua
sendo um desafio, segundo vários relatórios divulgados por diferentes plataformas
da sociedade civil (Amnistia Internacional, Liga Moçambicana dos Direitos
Humanos, Ordem dos Advogados de Moçambique, Bureau of Democracy, Human
Rights and Labor Country, Centro de Integridade Pública, etc.). No contexto da
administração da justiça, o sistema de administração da Justiça, conforme vários
analistas, não oferece garantias de que as violações dos direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos serão penalizadas para quem as comete,
independentemente do seu estatuto político ou condição social.
III. Metodologia
Moçambique tornou-se independente em 1975, tendo entrado em
vigor a primeira Constituição da República, que durou 15 anos. Em 1990 entrou
em vigor uma nova Constituição que contribuiu na alteração da ordem política,
social e económica do país e que veio a ser melhorada com a Constituição de 2004,
revista em 2018.
Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e
estão sujeitos aos mesmos deveres, sem distinção de cor, raça, sexo,
origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição
social, estado civil dos pais, profissão. O homem e a mulher são iguais
perante a lei, em todos os domínios da vida politica, económica, social e
cultural[5] (#_ftn5) .
Conclusão
Bibliografia
[1] (#_ftnref1) Artigo 109º do Titulo III, que preconiza os Órgãos do Estado
[3] (#_ftnref3) Nº 02 do artigo 75º dos Direitos, Deveres e Liberdades e 102 dos
órgãos do Estado estatuídos na CRM.
[5] (#_ftnref5) Artigo 66º, 67º Capitulo I dos Princípios Gerais da CRM
[6] (#_ftnref6) Artigos 86º, 87º,88º 89º 91º, 92º 94º, 95º, Capitulo III, dos Direitos
e Deveres Económicos e sociais, da CRM
Autor
Celestina Moniz
Jurista, Mestrada em Direito Juridico Politico; doutoranda em
Direito Público
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