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1. Introdução
Além disso, diversas outras tentativas do centrão e militares tiveram como alvo os
direitos trabalhistas, reforma agrária e ferramentas para implementação de uma
democracia participativa.
Apesar do caos institucional, a Constituição de 1988, ainda assim, tem um texto que
vale a pena lutar para que seja efetivado em seu todo e para isso, a participação
popular se torna indispensável.
Carole Pateman, filósofa que atua com teoria política e feminismo para mostrar
como alcançar um nível considerável de participação popular, ou até mesmo, o nível
ideal de participação, estrutura seu ponto de vista recorrendo a três outros autores
com o intuito de mostrar que a participação em um Estado democrático é possível e
também mostra premissas necessárias para tal. Analisando a teoria política de
Rousseau, Pateman mostra que o filósofo parte da ideia de que um bom governo
seria aquele no qual houvesse total participação individual de cada componente de
determinado território e que o próprio processo de participação seria o
desencadeador para o sustento desse sistema. Para atingir esse grau de
participação, Rousseau propõe que seja estabelecida uma determinada equivalência
econômica entre os cidadãos onde nenhum homem seja tão rico que possa comprar
outro homem e que nenhum homem seja tão pobre que precise se vender ao outro.
Outra premissa é a propriedade, já que esta pode oferecer segurança e
independência. Com esses dois elementos, Rousseau fornece as bases necessárias
para uma certa igualdade política entre os cidadãos e a aplicação efetiva da
participação.
Por último, o autor analisado por Pateman é o G.D.H.Cole, teórico inglês que
postulou sobre a sociedade de guildas. Bebendo da fonte de Rousseau e Marx, Cole
via como forma de integração social a vontade e não a força. Logo, para ele a
vontade de participação efetiva de todos os cidadãos garantiria a liberdade individual
e a coesão social. Sua teoria findava principalmente numa sociedade totalmente
absorta de quaisquer valores materiais, chegando num ponto em que as atividades
industriais não teriam mais caráter remuneratório. Teria cessado também a relação
de subordinação empregador – empregado, dando mais autonomia e menos temor a
grande maioria, possibilitando a integração social. Assim como Mill, Cole também
associava a participação a um processo educacional, sendo somente promovida
pela participação e que as participações locais, mais precisamente nas indústrias,
elevariam os indivíduos a esse grau de participação efetiva.
Além dessas etapas, existem outras exigências para a realização do OP. Ademais, o
orçamento participativo depende da vontade política das administrações
governamentais para sua implementação, o que dificulta a total adesão desse
sistema por todos os municípios do país. Entretanto, outras políticas de participação
são garantidas pela Constituição Federal (CF) de 1988, como os Conselhos
Municipais, Federais e conferências municipais, estaduais e federais.
A nível educacional, a pesquisa realizada por Luchmann tem maior participação da
população, mesmo daqueles em que a renda não ultrapassa três salários mínimos,
quebrando assim o discurso de que os menos abastados participam menos das
deliberações locais. Temos ainda o aprendizado acerca dos mecanismos
institucionais para controle do orçamento, assim como distribuição, execução e
prestação de contas do mesmo.O interesse pela política cresce naqueles que
participam do programa por verem que suas demandas estão sendo efetivamente
ouvidas e colocadas em prática. Surge também o sentimento colaborativo entre
todos da comunidade pois, sendo o orçamento o meio comum para todos, a
prioridade do direcionamento deste orçamento deve visar o bem comum.
6. Conclusão
Apesar de termos uma Democracia fragilizada, assim como vários direitos violados (
dependendo de quem seja), temos uma Constituição que explicita um Estado
Democrático de Direito e nela vem junto mecanismos de fazê-lo. No entanto, a
participação popular na política direta através dos meios legais constitucionais evoca
não somente um maior conhecimento sobre o funcionamento da máquina pública e
dos demais poderes, como também nos incentiva cada vez mais a participar, afinal,
falar e fazer política é falar sobre nossa vida privada e por consequência, lutar por
direitos individuais garantindo assim um efetivo sistema democrático.
Referências bibliográfica
DALLARI, Dalmo de Abreu . Elementos de teoria geral do Estado. 28. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009.