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FISCALIZAÇÃO, PERÍCIA E

AUDITORIA AMBIENTAL
EDIÇÃO Nº 1 – 2018

JEFERSON SANTOS SANTANA


Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

APRESENTAÇÃO

Prezado aluno (a),


Nesta obra apresentaremos os aspectos mais usuais referentes à
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental envolvendo a compreensão dos
principais parâmetros, conceitos, concepções, funcionamentos, classificação e
funcionalidades utilizadas nos mesmos. O livro é dividido em nove Capítulos os
quais estão distribuídos em quatro Unidades. Na Unidade 01 abordaremos os
principio da tripartição dos Poderes, conceituação da fiscalização ambiental frente à
Constituição, poder de polícia em ações de fiscalização, multifaces do meio
ambiente, Bem ecológicos e classificações dos danos ambientais juntamente com
Eixos norteadores da política ambiental e sua relação com a educação ambiental. A
Unidade 02 apresentará as Principais ações de fiscalização ambiental, atividades
potencialmente poluidoras, classificação das ações de fiscalização, obrigações dos
agentes de fiscalização, leis ambientais federais e crimes ambientais. Na Unidade
03 verificaremos a conceituação da perícia, princípios norteadores do Direito
Ambiental, Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9605/98), Política Nacional de
Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), Fundamentação sobre degradação ambiental e
suas relações com a política ambiental, proposições das perícias ambientais,
Valoração Ambiental, Valor econômico total e Métodos de valoração ambiental. A
última unidade (Unidade 04) há uma finalização do assunto contendo os principais
aspectos da Auditoria Ambiental (fundamentação), normas que compõem a
auditoria ambiental, ISO 14001 e SGA e Fases da auditoria. Para melhor localização
no estudo, os capítulos do livro são apresentados de forma seqüencial para melhor
aprendizagem.

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

SUMÁRIO

UNIDADE 01............................................................................................................................4
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL - PARTE 01 ......................................................................4
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL ...................................... 5
CAPÍTULO 2. POLÍTICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................................................. 16

UNIDADE 02......................................................................................................................... 22
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL - PARTE 02 ................................................................... 22
CAPÍTULO 3. FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL E ATIVIDADES POTENCIALMENTE
POLUIDORAS ........................................................................................... 23
CAPÍTULO 4. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE FISCALIZAÇÃO, LEIS AMBIENTAIS
FEDERAIS E CRIME AMBIENTAL .......................................................... 31
4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE FISCALIZAÇÃO E OBRIGAÇÕES DOS
AGENTES DE FISCALIZAÇÃO ........................................................................... 31
4.2 LEIS AMBIENTAIS FEDERAIS ............................................................................. 34
4.3 CRIME AMBIENTAL.............................................................................................. 38

UNIDADE 03......................................................................................................................... 46
PERÍCIA AMBIENTAL........................................................................................................ 46
CAPÍTULO 5. PERÍCIA AMBIENTAL .............................................................................. 47
CAPÍTULO 6. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM A POLÍTICA
AMBIENTAL .............................................................................................. 57
CAPÍTULO 7. VALORAÇÃO AMBIENTAL E MÉTODOS DE VALORAÇÃO ................. 66

UNIDADE 04......................................................................................................................... 75
AUDITORIA AMBIENTAL .................................................................................................. 75
CAPÍTULO 8. AUDITORIA AMBIENTAL ......................................................................... 76
CAPÍTULO 9. FASES DA AUDITORIA (PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E
CONCLUSÃO) .......................................................................................... 83

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

UNIDADE 01

FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL - PARTE 01

Caro (a) Aluno (a)


Seja bem-vindo (a)!

Nesta primeira unidade verificaremos os principais aspectos e conceitos


fundamentais aplicados à fiscalização, suas multifaces e sua relação com a
Educação Ambiental.

Conteúdo da Unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 01 e 02). No capítulo
01 abordaremos o Principio da tripartição dos Poderes, conceituação da fiscalização
ambiental frente à Constituição, poder de polícia em ações de fiscalização,
multifaces do meio ambiente, Bem ecológicos e classificações dos danos
ambientais. No capítulo 02 verificaremos os principais conceitos a respeito dos eixos
norteadores da política ambiental, educação ambiental.

Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos, à medida


que for estudando.

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

Segundo a nossa Constituição, a República Federativa do Brasil é formada


pelos estados, municípios e pelo Distrito Federal, que se aliam numa “união
indissolúvel” para a formação de um Estado Federal ou Federação. Por isso é que a
Constituição, em seu art. 1º, estabelece que a organização político-administrativa da
República Federativa do Brasil abrange os estados, o Distrito Federal, os municípios
e a União – com U maiúsculo – pessoa jurídica que resultou daquela “união
indissolúvel”, que representa a Federação. O Estado Federal caracteriza-se pela
descentralização do poder político e pela repartição de competências entre as
entidades político-administrativas (União, estados e municípios). A forma de Estado
relaciona-se à maneira pela qual o poder político é exercido no território. Se for
compartilhado com outras coletividades regionais, está-se diante da Federação.
Caso contrário, se houver centralização do poder público, está-se diante do Estado
Unitário, que é o oposto do Federal.
Seguindo a tradição, a Constituição Brasileira adotou o princípio da
separação de Poderes. É a “teoria da tripartição”, segundo a qual as funções de
poder do Estado são exercidas por três órgãos distintos: o Executivo, o Legislativo e
o Judiciário (eles são denominados “Poderes” com P maiúsculo). Em seu art. 2º,
nossa Lei Maior estabelece que esses Poderes sejam independentes e devem
funcionar em harmonia, pois cada um deles completa e, ao mesmo tempo, limita a
atuação do outro. Funcionam, assim, como um “sistema de freios e contrapesos”:
cada um deles controla o outro, tendo seus deveres ou competências e
prerrogativas definidas na Constituição. O Executivo tem responsabilidade direta
sobre os serviços públicos, tais como saúde, segurança, educação, abastecimento e
infraestrutura (estradas, energia, saneamento, etc.). Entretanto, ele só pode
executá-los conforme as leis, emitindo decretos que dispõem sobre a forma como
seus servidores o executarão.
A rigor, o poder é uno, e não tripartido. A tripartição da qual se fala é
orgânica, das funções estatais. São três órgãos que exercem cada um, uma das
três funções estatais básicas do poder uno do povo. São essas funções:
● a legislativa (elaboração da norma jurídica);

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● a administrativa (aplicação da norma jurídica e atuação gerencial);


● a judiciária (julgamento de comportamentos em face da aplicação da
norma).

A cada uma dessas funções corresponde uma estrutura, uma instituição,


que a exerce com precipuidade, mas não exclusivamente.
As funções típicas do Poder Legislativo são a legislativa (elaboração de
comandos normativos genéricos e abstratos) e a fiscalizatória (CF, art. 49, IX e X,
70, caput, e 71, caput), da qual, inclusive, a investigatória, por meio das Comissões
Parlamentares de Inquérito (art. 58, § 3º), é correlata. A função típica do Poder
Executivo é a de aplicação das leis a situações concretas às quais se destinem,
vindo daí, inclusive, a permissão constitucional de uso do poder regulamentar, que
consta no art. 84, IV, da CF. A função típica do Poder Judiciário é a de aplicação da
lei a situações concretas e litigiosas e, também, a de proteção da autoridade das
Constituições Federal e Estaduais e da Lei Orgânica do Distrito Federal no
julgamento dos processos objetivos de controle de constitucionalidade em tese.
Assim, cada um dos três poderes é regido por normativas, sendo fiscalizado
pelos demais, no entanto, constituindo-se como um poder independente.
Em 31 de agosto de 1981 foi instituída a Lei Federal n° 6.938, conhecida
como Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), ela foi em muitas coisas
precursora da Constituição Federal de 1988. A PNMA estabelece o Sistema
Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, entendido como um sistema de ação
cooperada entre os três níveis de governo, sendo constituído pelos órgãos e
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas
Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental.
A estruturação do SISNAMA conta com os seguintes órgãos (IBAMA, 2006):
● Órgão superior: O Conselho de Governo – reúne todos os ministérios
e a Casa Civil da Presidência da República na função de formular a
política nacional de desenvolvimento do País, levando em conta as
diretrizes para o meio ambiente.
● Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) – formado por representantes dos diferentes setores do
governo (em âmbitos federal, estadual e municipal), do setor produtivo

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

e da sociedade civil. Assessora o Conselho de Governo e tem a


função de deliberar sobre normas e padrões ambientais.
● Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA) – com a função de
planejar, supervisionar e controlar as ações referentes ao meio
ambiente em âmbito nacional.
● Órgão executor: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) e Instituto Chico Mendes (ICMBio) –
com a função de executar e fazer executar as políticas e as diretrizes
nacionais para o meio ambiente. O IBAMA é responsável pela
fiscalização e licenciamento ambiental em âmbito federal, enquanto o
ICMBio é responsável pela gestão das unidades de conservação
federais - como Parques Nacionais, Estações Ecológicas, Áreas de
Proteção Ambiental, entre outras - atuando também na fiscalização e
licenciamento apenas dentro destes territórios.
● Órgãos Seccionais: órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de
atividades capazes de provocar a degradação ambiental.
● Órgãos Locais: órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo
controle e fiscalização dessas atividades e respectivas jurisdições.

Visando melhor organizar e controlar a sociedade, uma das funções do Estado


é exercer o poder de polícia. Tal poder “é faculdade que dispõe a administração pública
para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em
benefício da coletividade e do próprio Estado”, ou seja, é a atividade do Estado que
limita o exercício de direitos individuais em prol do bem comum.
Na área ambiental, o poder de polícia é exercido mais comumente por meio
das ações de fiscalização, com medidas preventivas, de monitoramento, de
inspeção, de advertência, punitivas, corretivas, entre outras. Assim, a lógica
coercitiva da fiscalização ambiental reside na aplicação de sanções impostas por
uma autoridade constituída pela sociedade, o Estado, e suas estruturas
organizacionais. É, pois, a existência de uma ameaça de punição (sanção) pelo não
cumprimento da regra e sua imposição por uma autoridade pública, que busca
atender ao interesse geral, ou seja, o bem comum, a paz e a organização social.
Estabelece-se assim a coerção, ou seja, ato de induzir, pressionar ou compelir

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça. Esse direito de usar a força
é um monopólio e uma prerrogativa legítima exercida pelo Estado moderno.
Atribui-se no nome do processo administrativo sancionador ao rito da
administração pública em prover a responsabilização administrativa (ambiental) ao
administrado decorrente de suas condutas e atividades que transgrediram as
normas, cabendo a ele a aplicação de sanções. No caso, o procedimento para
apuração das infrações ambientais pode ser organizado em quatro etapas:
detectação, ação fiscalizatória, julgamento e execução das sanções, conforme
representado na Figura 01 e descrito em seguida.

Figura 01 - Representação das etapas do processo administrativo


sancionador (Fonte: SCHMITT, 2015)

A detecção da infração consiste em identificar a ocorrência de atos


infracionários ou indícios desses atos visando subsidiar o processo de tomada de
decisão pela administração pública e empreender as medidas coercitivas. De modo
geral, existem várias formas, técnicas e instrumentos para se detectar as infrações,
dentre elas:
● Monitoramento ambiental1;
● Denúncias;
● Investigação administrativa;
● Atividade de inteligência;
● Patrulhamento;
● Postos de controle.
1
Entende-se por monitoramento ambiental o conhecimento e acompanhamento sistemático da situação dos
recursos ambientais dos m eios físico e biótico, visando a recuperação, melhoria ou manutenção da qualidade
ambiental. A qualidade ambiental está relacionada ao controle de variáveis ambientais, que se alteram, seja em
função das ações antrópicas, seja em função de transformações n aturais.

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

A ação fiscalizatória é a segunda etapa do processo administrativo


sancionar que consiste em fazer as verificações e inspeções das infrações e,
efetuar a autuação quando houver a constatação de alguma infração. Quando
constatada alguma inconformidade ambiental, que se caracteriza infração é lavrado
um auto de infração pela autoridade de fiscalização competente onde consta a
qualificação do autuado, a infração cometida e seu fundamento legal juntamente
com as sanções propostas. É nesse momento que se realiza a intervenção para
cessar ou mitigar o dado ambiental adotando medidas cautelares e orientativas
como, embargo, suspensão de atividade, destruição de algum produto ou objeto que
esteja dando continuidade ao dano e, notificando ao administrado a adotar outras
medidas de sua responsabilidade.
A fiscalização ambiental é necessária para reprimir e prevenir a ocorrência
de condutas lesivas ao meio ambiente. Ao punir aqueles que causam danos
ambientais, a fiscalização ambiental promove a dissuasão 2. A aplicação de multas,
apreensões, embargos, interdições, entre outras medidas, tem o objetivo de impedir
o dano ambiental, punir infratores e evitar futuras infrações ambientais.
De posse do auto de infração, dos documentos de instrução e das
alegações do autuado, todos consignados num processo administrativo, efetua-se o
julgamento da infração ambiental na qual o autuado está sendo acusado. Para isso,
a autoridade julgadora competente realiza a análise das informações que
descrevem e registram os fatos e decide pela manutenção ou não da autuação, ou
seja, julga o processo administrativo sancionador.
Em seguida, vem a etapa de execução das sanções, pois havendo a
decisão pela manutenção da autuação, cabe à administração executar as sanções
estabelecidas, dentre elas, o pagamento da multa, a manutenção do embargo, a
destinação de bens apreendidos, a recuperação do dano ambiental, entre outras,
conforme o caso.
Portanto, a fiscalização ambiental pode ser, pois, empreendida por qualquer
ente federado dentro do seu território (terrestre ou marítimo), com base no art. 70,
§1º, da Lei nº 9.605/98, observando-se que, de acordo com o art. 76 da mesma Lei,

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Ação de dissuadir, de fazer com que alguém mude de ideia, de opinião, de ponto de vista.

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

"o pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou


Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência".
O IBAMA é competente para lavrar auto de infração ambiental e instaurar o
processo administrativo de apuração da infração na esfera federal, conforme a Lei
de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. No entanto, para
garantir a ampla defesa do meio ambiente, a competência de fiscalização ambiental
é compartilhada com os demais entes da federação: estados, municípios e distrito
federal, integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Para
delimitar o exercício da competência comum de fiscalização e garantir maior
proteção ambiental, a Lei Complementar no 140, de 8 de dezembro de 2011, definiu
que ações administrativas competem a cada ente.
O IBAMA é de extrema importância para a preservação e manutenção do
Meio Ambiente no Brasil. Ele atua de forma eficiente para a preservação das matas,
florestas, rios, fauna e recursos naturais diversos. Sem a atuação deste órgão e das
respectivas legislações o país poderia ser devastado do ponto de vista ambiental.
O tema sobre preservação do meio ambiente é atualmente mais pensado,
discutido e refletido com ações práticas pelos governos, com a sedimentação do
conceito de desenvolvimento sustentável, defesa de espécies ameaçadas,
conservação de ecossistemas, ampliação de áreas de conservação e corredores
ecológicos, para manutenção da biodiversidade. No entanto, os órgãos
governamentais não têm banco de dados completo que reúna informações relativas
às agressões ao meio ambiente e que possam diagnosticar o problema com
precisão, indicando a quantidade de infrações, ameaças e localidades das infrações
ambientais. Cada espécie de vida tem uma função na cadeia alimentar, na
polinização, no controle de pragas e vetores de doenças, na ciclagem de nutrientes,
na contenção de encostas, no controle da temperatura e umidade do ar, entre
outros. Qualquer agressão ao meio ambiente pode alterar essa interação em
consequência da extinção de espécies ou diminuição da biodiversidade.
Muitas pessoas pensam que não jogar lixos nas ruas, separar o lixo
reciclável do não reciclável é o suficiente para resolver o problema. Não é bem
assim que funciona, pois o meio ambiente não se restringe à vegetação, aos rios ou
córregos que encontramos na cidade, é algo bem mais abrangente como, por
exemplo, a preservação das florestas, nascentes, entre outros. A preservação é um

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

conjunto de medidas que devem ser adotadas por todos, de forma a garantir o
futuro do nosso planeta para as novas gerações.
Atualmente, a preservação ambiental se torna praticamente obrigatória em
todo o mundo, devido às graves consequências originadas pela degradação do
meio ambiente, sendo a preservação a única maneira de amenizar ou até mesmo
de acabar com tais consequências. A relação que existe entre o meio ambiente e a
educação adquire um papel cada vez mais desafiador, que exige a manifestação de
novos saberes para compreender processos sociais, observável sob diferentes
aspectos, e riscos ambientais que se intensificam.
Dos problemas relativos à degradação progressiva do meio ambiente
originam-se questionamentos acerca do direito ambiental, uma vez que identificar
fatores prejudiciais, buscar soluções e fiscalizar tais procedimentos devem ser
ações compartilhadas pelo Estado e pela coletividade.
No Direito brasileiro, a responsabilidade civil era unicamente subjetiva. Para
gerar o dever de indenizar, fazia-se necessária a existência de quatro elementos: 1)
ação ou omissão; 2) dano; 3) nexo causal; e 4) culpa ou dolo. Baseava-se na ideia
da culpa em sentido estrito (negligência, imperícia e imprudência) e do dolo,
fundamentados no Art. 159 do Código Civil de 1916: “Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a
outrem, fica obrigado a reparar o dano”
O Código Civil de 2002 dispõe, no caput do Art. 927, que “Aquele que, por
ato ilícito (Arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. E
estabeleceu o conceito de ato ilícito nos Arts. 186 e 187, respectivamente: “Aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” e
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes”.
O dano ambiental é de difícil conceituação. Tal ocorre porque o tema Meio
Ambiente é amplo, difuso e abrange vários aspectos. Neste passo, pode-se afirmar
a característica multidimensional e/ou multifacetada do meio ambiente. Aliás,
considerado como direito de terceira dimensão, não há como negar que ele abrange
os direitos de primeira dimensão (direitos civis e políticos ou as liberdades
clássicas), os de segunda (direitos econômicos, sociais e culturais) e, perfeitamente

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

amoldado ao princípio da solidariedade humana, ganha dimensão ímpar e


caracteriza-se pela sua inexauribilidade 3. Segundo o INSTITUTO AMBIENTAL DO
PARANÁ (2018) caracteriza-se como dano ambiental a lesão aos recursos
ambientais, com consequente degradação – alteração adversa ou in pejus – do
equilíbrio ecológico e da qualidade de vida.
A sociedade sempre lutou contra ignorância, pobreza, doenças, ameaças
naturais e rivais vindos de outros lugares. Sempre aspirou por conhecimento,
liberdade, saúde, poder, segurança, conforto e prazer. Meios importantes para
deixar as condições da Idade da Pedra e chegar à segurança e às oportunidades
dos Tempos Modernos foram: trabalho braçal, organização social, educação,
ciência, tecnologia e formação de capital. Até agora, em vários lugares esse
processo natural conduziu à superpopulação, consumo excessivo e uma
esmagadora tecnologia. Riqueza material e poder técnico são especialmente fortes
nos países industrializados do Ocidente, ao passo que crescimento populacional e
pobreza são abundantes nos países menos industrializados, especialmente na
África. As desigualdades espalhadas pelo mundo são amplamente expostas via
modernos meios de comunicação. Assim, os povos “subdesenvolvidos” são
fortemente motivados (se não seduzidos) a crescer economicamente e reduzir seu
atraso em segurança e oportunidade.
A evolução da tecnologia conduz à globalização, ao aumento desenfreado
da população por consequência das necessidades inerentes à procura de qualidade
de vida, aumentando a produção, o consumo descontrolado e a exploração
exaustiva dos recursos que a cadeia ambiental fornece simplesmente por pura
cegueira destruidora. Tudo isto, gera uma enorme quantidade de resíduos a serem
eliminados pelo homem, utilizando para tal a mãe natureza provocando na maioria
das situações, danos irreversíveis. Esta questão levanta, em relação ao apuramento
da responsabilidade, a problemática da existência de duas realidades diferentes,
que não devem ser confundidas quando mencionamos o dano ambiental, que são:
● Bem ambiental - É um bem de todos e a sua proteção é para toda a
coletividade, pois o que se pretende proteger é o Direito à Vida. A
responsabilidade é no sentido de garantir a sustentabilidade da
atividade e o respeito aos bens comuns de todos.

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Característica daquilo que não se acaba, do que não se esgota, do que existe em grande quantidade, do que é
inexaurível

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Bem ecológico - É o resultado de um conjunto de processos mantidos


por seres vivos ou pelos componentes bióticos que constituem os
ecossistemas, juntamente do meio físico e não vivo ou abiótico.

A degradação de recursos naturais, ainda que em área particular, impõe à


sociedade prejuízos pela deterioração de bens de uso comum (qualidade do ar,
água e outros) que não são refletidos pelo mercado. Um dano ao meio ambiente
não é um fato isolado, que tenha suas consequências determinadas somente em
uma conduta (dano direto), mas ao contrário, ele pode afetar diversos outros
sistemas e processos (danos indiretos), que devem ser incluídos no rol de
mensuração das perdas ambientais e ecossistêmicas.
Sob o aspecto ecológico, danos ambientais causam perda de habitats, de
diversidade biológica e extinção de espécies. Por isso, ecólogos e conservacionistas
recomendam a restauração de comunidades vegetais degradadas por atividades
humanas como meio de recuperar forma e funções ecológicas e,
consequentemente, aumentar a capacidade de suporte do ambiente. A restauração
de ecossistemas é atualmente entendida como a criação de condições que
permitem a sucessão ecológica restabelecer a comunidade biótica e as funções
ambientais em um local degradado, perturbado ou destruído. Projetos de
restauração de ecossistemas abandonaram a ideia de recondução ao status quo
ante em uma única etapa e trabalham atualmente com metas específicas a serem
alcançadas tais como controle da erosão, cobertura do solo, incremento do porte de
plantas, aumento da diversidade de espécies e reintrodução de espécies-chaves.
Considerando as dificuldades para se identificar a concepção de dano
ambiental, a sua classificação também não é tarefa fácil. Todavia, a maioria da
doutrina apresenta a seguinte classificação: quanto à amplitude do bem protegido e
quanto à extensão do dano. Com relação à amplitude do bem protegido, a doutrina
faz a seguinte subdivisão:
● Dano ecológico puro - é qualquer lesão que recaia exclusivamente
sobre o patrimônio natural; este entendido como sendo a natureza em
toda a sua plenitude, não abrangendo, entretanto, as lesões que
recaiam sobre o patrimônio cultural, assim entendidas as paisagens e
as construções humanas. Trata-se de danos que atingem, de forma
intensa, bens próprios da natureza, em sentido estrito

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Dano ambiental coletivo ou lato sensu - é uma categoria mais


abrangente, concernente aos interesses difusos da coletividade,
englobando, assim, todos os componentes do meio ambiente,
inclusive o patrimônio cultural. No Brasil, o legislador adotou um
conceito amplo e unitário de dano ambiental.
● Dano ambiental individual - tem como objetivo principal a tutela dos
interesses próprios da vítima. A tutela do patrimônio ambiental é
adjacente.

Os danos ambientais podem ser classificados também quanto à sua


extensão:
● Dano patrimonial ambiental, relativamente à restituição, recuperação
ou indenização do bem ambiental lesado;
● Dano extrapatrimonial ou moral ambiental quando diz respeito à
sensação de dor experimentada ou conceito equivalente em seu mais
amplo significado ou todo prejuízo não patrimonial ocasionado à
sociedade ou ao indivíduo, em virtude de lesão ao meio ambiente.
A Tabela 01 apresenta uma correlação entre os tipos de danos ambientais e
algumas ações geradoras que podem ocasionar tais danos.

Tabela 01 - Relação entre tipos de danos ambientais e ações geradoras

Danos Ambientais Ação Geradora

Supressão da vegetação Desmatamento para as atividades de


mineração.

Mudanças na paisagem regional Desmatamento e modificações no


relevo e no solo.

Desenvolvimento e intensificação de Desmatamento e modificações no


processos erosivos. relevo e no solo.

Adensamento da fauna nos fragmentos Desmatamento e movimentação no


remanescentes. local.

Supressão de habitat e locais de Desmatamento e modificações no


nidificação (fauna). relevo e no solo.

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Perda da variabilidade material genético Remoção da cobertura vegetal


vegetal.

Perturbação dos agentes dispersores e Desmatamento e modificação da


polinizadores paisagem natural.

Alteração dos corredores de Desmatamento e alterações no solo


biodiversidade

Riscos sobre espécies endêmicas, raras Desmatamento, modificação da


e ameaçadas de extinção. paisagem natural e alterações no solo.

Alteração na composição e estrutura da Desmatamento


vegetação (processos ecológicos
prejudicados).

Aumento na incidência de Abertura e aumento das vias de


atropelamentos sobre vertebrados acessos. Tráfego de veículos
terrestres automotores

Alteração da fertilidade do solo Supressão da vegetação e retirada do


horizonte A (camada superficial do solo)

Alteração populacional da fauna, com Desmatamento, alteração dos


possibilidade de extinções locais, corredores de biodiversidade.
aumento de competição e predação.

Intervenção em áreas de preservação Supressão da vegetação e retirada do


permanente, alterando funções horizonte A (camada superficial do
ecossistêmicas. solo).

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 2. POLÍTICA E
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

As atividades poluidoras que antes assombravam e causavam grandes


danos ambientais e humanos agora passam por processos reguladores e
licenciatórios antes mesmo de serem implantadas, promovendo o planejamento em
todas as suas fases, da concepção à operação de qualquer empreendimento,
reduzindo consideravelmente os potenciais impactos e proporcionando mitigação ou
mesmo compensação em torno de passivos ambientais inerentes.
Quando se estuda a história das políticas públicas ambientais no mundo,
nota-se um padrão: grandes desastres ambientais, com consequentes
contaminações ambientais, atingindo centenas de pessoas antecedem a
mobilização da sociedade e tomadas de decisão, ou seja, primeiro têm-se
descaracterização de ambientes e perdas vidas humanas e depois de um período
de tempo, por vezes anos, chegam as soluções. Uma característica fundamental do
estilo de vida da humanidade sempre se deu sob o enfoque da remediação, ao
invés da prevenção.
É senso comum que uma política ambiental deve ser baseada
prioritariamente em ações preventivas. As ações de repressão ou de reparação
(quando isto é possível) são frequentemente mais complexas do ponto de vista
ecológico e dispendiosas do ponto de vista financeiro. De acordo com o princípio da
prevenção, cabe ao empreendedor público ou privado adotar ações de prevenção
de danos ambientais comprovados, graves e irreversíveis, a um custo
economicamente aceitável. Cabe ainda utilizar as melhores técnicas disponíveis
para evitar e controlar, na origem, as ações agressivas ao meio ambiente. Trata-se,
portanto, de medidas de gestão de riscos conhecidos. Para implementar estratégias
preventivas, a variável ambiental deve ser incorporada desde as primeiras fases de
elaboração das políticas públicas setoriais, bem como nos projetos de
empreendimentos do setor produtivo. Há que se acrescentar que tais estratégias
levam em conta todo o ciclo dos produtos (agrícolas, industriais e outros), desde a
concepção até a eliminação, passando pela comercialização e o consumo.
Para sucesso de uma política de atuação ambiental responsável, é
imprescindível, além de incorporar ética e valores ambientais nas estratégias e nos

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

manuais da empresa, ou nos sites de internet, sua implementação efetiva, com a


participação ativa de todas as pessoas, incluindo direção e empregados. Este
processo deve permear todos os níveis hierárquicos e todas as atividades, e a todo
o dia. Nas reuniões, nos debates, nas pesquisas, nos projetos, na produção, nas
avaliações, a questão ambiental deve ser tema obrigatório. Todos precisam ser
incentivados a encontrar formas de atender aos objetivos da ecoeficiência,
recebendo recompensas materiais e salariais pelo desempenho e economias assim
gerados, sem o que as intenções não passam de manifestações formais, que
acabam corroendo a credibilidade da organização junto ao público interno e também
externo, com prejuízos intangíveis que podem comprometer a competitividade, a
imagem e, consequentemente, a sustentabilidade em longo prazo.
A sustentabilidade em longo prazo em uma empresa requer ações concretas
no curto prazo. Ser uma empresa sustentável vai além de apenas ter uma política
de Responsabilidade Social Corporativa ou ter Certificações Ambientais, o qual o
verdadeiro desafio para as empresas é repensar a sua estratégia, a sua maneira de
fazer negócios.
Uma das ferramentas para o Estado indutor de boas práticas intervir
qualitativamente na ordem econômica de forma a influenciar o mercado e a
sociedade na busca da sustentabilidade seria a tributação ambiental. Tal medida
propõe o entendimento que prioritariamente o Poder Público utilize o campo da
tributação extrafiscal para graduar a tributação de forma a incentivar as atividades,
processos produtivos ou consumos “ecologicamente corretos”, ou environmentally
friendly, e desestimular o emprego de tecnologias defasadas, a produção e o
consumo de bens “ecologicamente incorretos”, ou not environmentally friendly .
Um exemplo normativo veio a ser inserido na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010), em seu artigo 44, disponibilizando
incentivos fiscais, financeiros e creditícios aos estabelecimentos industriais, projetos
e entidades comprometidas em tratamento e reciclagem de resíduos sólidos e
limpeza urbana.
Acredita-se que os incentivos sustentáveis do Poder Público, somado às
políticas públicas destinadas a equidade social podem remodelar o caminho traçado
pela economia tradicional. Não significa que o sistema econômico existente será
abolido, mas que deve passar por algumas modificações no seu procedimento,
tendo em vista que a situação atual do meio ambiente é de interesse de todos.

17
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

A Constituição Federal brasileira estabelece que “Todos têm direito ao meio


ambiente ecologicamente equilibrado”, sendo este o primeiro de todos os princípios
que regem a política ambiental no país. Qualquer ato ou ação contrária a este
princípio básico é ilegal. Outros princípios estabelecidos na Constituição são: o da
sustentabilidade, impondo-se ao poder público e, à coletividade, o dever de
defender e preservar o ambiente para a presente e futuras gerações; e o da
responsabilidade ambiental, imputando o ônus da recuperação dos impactos e
danos ambientais ao agente causador dos impactos ou danos ambientais. Os
demais princípios básicos da gestão ambiental pública brasileira, derivados dos três
primeiros, são estabelecidos na lei 6938/81, em seu Artigo 2°, como segue:

Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a


preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os
seguintes princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou
efetivamente poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas
para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas;
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

18
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a


educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente.

De acordo com a Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação


Ambiental, realizada em 1977 em Tbilisi, Georgia (ex-URSS) a Educação ambiental
é considerada um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade
tomam consciência do meio ambiente e adquirem os conhecimentos, os valores, as
habilidades, as experiências e a determinação que os tornam aptos a agir individual
e coletivamente para resolver problemas ambientais presentes e futuros
Foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação,
orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de
enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada
indivíduo e da coletividade. Essa definição é adotada no Brasil e pela maioria dos
países membros da Organização das Nações Unidas - ONU caracterizando-se por
incorporar as dimensões sociais, políticas, econômicas, culturais, ecológicas e
éticas, o que significa que ao tratar de qualquer problema ambiental, deve-se
considerar todas as dimensões.
O conhecimento da população a respeito dos principais conceitos e
problemas ambientais parece estar aumentando, não obstante a persistência de
nítidas diferenças regionais. Por exemplo, na região Sul 74% das pessoas sabem o
que é uma unidade de conservação, enquanto que, na região Nordeste, apenas
45% o sabem. No geral, menos de 15% da população se considera bem informada
sobre questões de meio ambiente e ecologia (BRASIL, 2012).
Pesquisas indicam que os brasileiros se orgulham das riquezas naturais do
seu país e que a consciência e preocupação a respeito de pressões ambientais vêm
aumentando. Em 2012, o meio ambiente ficou em sexto lugar na pauta das
principais preocupações dos brasileiros (após saúde, violência, desemprego,
educação e política) comparado com o 12º lugar em 2006, e nenhuma menção em
1992. A maioria dos brasileiros (82%) não concorda que o progresso econômico
seja mais importante que a preservação ambiental; ou que o aumento da poluição
seria aceitável se trouxesse mais emprego ou salários mais elevados (87%)
(BRASIL, 2012;). .

19
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Os brasileiros apontam o desmatamento como o problema ambiental mais


premente, seguido pela poluição hídrica, poluição atmosférica, geração e tratamento
de resíduos e mudança do clima. Moradores de áreas urbanas apontam a geração
de resíduos, a poluição hídrica e a poluição atmosférica como suas principais
preocupações ambientais, ficando o desmatamento em quarto lugar (Figura 02) Os
níveis de satisfação com a ação pública para a proteção ambiental vêm diminuindo,
especialmente no que se refere ao desempenho das instâncias subnacionais.

Figura 02 – Principais causas de preocupação ambiental dos brasileiros


exceto entre moradores de áreas urbanas. (OCDE, 2018)

Até recentemente, cabia a qualquer órgão ambiental federal, estadual ou


municipal fiscalizar e impor sanções a poluidores, sempre que uma infração
ocorresse dentro de sua área de competência. A Lei Complementar 140/2011 sanou
a sobreposição constitucional e jurisdicional que havia sido amplamente interpretada
como permitindo que qualquer órgão de meio ambiente pudesse exigir o
cumprimento de qualquer disposição ou regulamento em vigor em sua esfera de
competência territorial. Tal interpretação permitia diversos meios de autuação,
apesar das disparidades de capacidade de órgãos das diferentes instâncias. O
Artigo 17 desta lei restringe ao órgão licenciador o poder de fiscalização sobre
operações licenciadas, dessa forma limitando o poder de atuação do IBAMA ou de
outros órgãos estaduais no que tange a exercer, completar ou anular ações de
órgãos de instância inferior. O órgão de instância superior ainda pode fiscalizar um
local licenciado pelo órgão de instância inferior, mas deve informá-lo e respeitar sua
competência quando da eventual imposição de sanções.

20
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

A Lei no 9605/1998, lei de Crimes Ambientais, é o principal instrumento


jurídico que dispõe sobre as sanções ambientais penais e administrativas, de
aplicação uniforme em todo o país. O Decreto nº 6.514/2008 regulamenta a lei,
estabelecendo sanções para mais de 60 tipos de infrações ambientais.
● Sanções penais podem incluir multas, serviços comunitários ou prisão
de pessoas físicas; ou suspensão da atividade de pessoas jurídicas. O
relato espontâneo de uma violação pode atenuar eventuais
penalidades. Servidores públicos também podem ser autuados por
crimes ambientais como, por exemplo, a emissão de licença que não
esteja em conformidade com as normas ambientais. Em 2005, o
Superior Tribunal de Justiça admitiu, pela primeira vez, a possibilidade
da responsabilização penal de pessoas jurídicas, em conjunto com
seus gestores.
● Sanções administrativas podem consistir de advertências, multas para
pessoas físicas ou jurídicas, e/ou suspensão da atividade. A aplicação
de advertências e multas administrativas é semelhante em todos os
estados. Ao apurar uma violação, geralmente o fiscal emite um aviso.
Caso as fiscalizações subsequentes apurem que a situação não está
sendo corrigida, o fiscal pode emitir até três multas de gravidade
crescente e, então, passa a impor multa diária. Se essas multas não
surtirem efeito, o órgão pode tomar providências no sentido de
encerrar a atividade (o que raramente acontece na prática). Esse
procedimento varia de acordo com o estado: em alguns (ex., São
Paulo) as multas são impostas diretamente pelos fiscais; em outros, a
competência pela emissão da multa é do chefe do órgão de meio
ambiente.

21
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

UNIDADE 02

FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL - PARTE 02

Caro (a) Aluno (a)


Seja bem-vindo (a)!

Nesta segunda unidade verificaremos os principais aspectos e conceitos


fundamentais aplicados à fiscalização ambiental, as atividades potencialmente
poluidoras, classificações e conceituação de crime ambiental.

Conteúdo da Unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 03 e 04). No capítulo
03 abordaremos Principais ações de fiscalização ambiental, atividades
potencialmente poluidoras. No capítulo 04 classificação das ações de fiscalização,
obrigações dos agentes de fiscalização, leis ambientais federais e crimes
ambientais.

Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos, à medida

que for estudando. ·.

22
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 3.
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL E ATIVIDADES
POTENCIALMENTE POLUIDORAS

DUARTE (2013) apresenta um estudo realizado no Paraná (utilizando-se as


bases de dados fornecidas pelo INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ - IAP),a
respeito das infrações ambientais. Tal estudo foi realizado no período de 2003 a
2009 os quais foram registados um total de mais de 35 mil autos de infrações deste
tipo. Nesse período, cada um dos 399 municípios do estado do Paraná recebeu ao
menos um registro de infração. Apesar dessa informação não ser ambientalmente a
mais adequada, ela retrata uma boa capilaridade da atuação do órgão ambiental, a
qual se estende a todo o Estado, não importando o tamanho do município, o seu
número de habitantes ou qualquer outro fator alheio ao meio ambiente.
As infrações ambientais estão divididas em cinco grandes grupos. Veja a
seguir como se distribuem, conforme a Lei da Natureza (9.605/98):
● Crimes ambientais contra a fauna: são aqueles cometidos contra
animais silvestres, como caçar, pescar, manter em cativeiro, fazer a
reprodução, comercializar ou traficar, por exemplo;
● Crimes ambientais contra a flora: nesse caso estamos falando de
crimes contra a floresta. Os tipos mais comuns são desmatar, construir
em locais de preservação ambiental (mangues, nascentes, entre
outros), provocar queimadas e também realizar a extração ilegal de
árvores para fins comerciais, como lenha, carvão ou madeira;
● Poluição e outros crimes: qualquer tipo de ação que polua e resulte em
danos à saúde humana, morte de animais ou destruição de florestas.
Os casos mais usuais são a poluição de rios, abandono de
substâncias tóxicas ou oleosas em locais impróprios, a emissão de
gases tóxicos e o ato de dificultar ou impedir o acesso público a praias;
● Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: significa
danificar bens e locais protegidos por leis, como arquivos, museus e
bibliotecas. Também pichar monumentos urbanos e construir em solo
considerado não edificável;

23
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Crimes contra a Administração Ambiental: são os tipos de crimes


cometidos por funcionários ao fornecer licenças ambientais fora das
normas exigidas, ao omitir ou sonegar informações científicas, ao
passar dados falsos ou deixar de cumprir suas funções ambientais, por
exemplo.

As Figuras 03 a 11 foram abordadas por ACOES DE FISCALIZAÇÃO


AMBIENTAL (2018) e exemplificam tais infrações.

Figura 03 - Descarte inadequado de resíduos de construção civil em áreas de


preservação

24
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Figura 04 - Utilização inadequada de resíduos e influência no solo pela passagem


de veículos (recalque)

Figura 05 - Descarte inadequado de resíduos

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Figura 06 - Descarte inadequado de resíduos e queimada

Figura 07 - Descarte inadequado de resíduos e influência direta na flora e solo

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Figura 08 - Descarte inadequado de resíduos e viabilização da proliferação de


doenças

Figura 09 - Desmatamento

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Figura 10 - Desmatamento

Figura 11 - Armazenamento e retirada não autorizada de recursos naturais

As atividades potencialmente poluidoras vêm definidas na Lei n. 6.938/81,


Anexo VIII (introduzido pela Lei n. 10.165/2000), e, envolvem:
● Extração e tratamento de minerais;
● Indústria de produtos minerais não metálicos;
● Indústria metalúrgica;
● Indústria mecânica;

28
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações;


● Indústria de material de transporte;
● Indústria de madeira;
● Indústria de papel e celulose;
● Indústria de borracha;
● Indústria de couro e peles;
● Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos;
● Indústria de matéria plástica;
● Indústria de fumo;
● Indústria de concreto e asfalto;
● Indústria química;
● Indústria de produtos alimentares e bebidas;
● Serviços de utilidade;
● Transporte, terminais, cargas e comércio;
● Turismo.

O dispositivo revela ainda o caráter parafiscal do tributo, eis que, criado pela
União, é ao IBAMA a quem compete não apenas sua cobrança e arrecadação como
também a utilização em benefício da própria atividade dos recursos arrecadados.
Diante disso pode-se apontar como sujeito passivo da taxa sob análise todo
aquele que exercer uma das atividades enquadradas no rol supra exposto. Trata-se
de tributo fixo, de recolhimento trimestral, cujos valores estão definidos na legislação
citada, tendo-se por critério o porte da empresa potencialmente poluidora, o
potencial de poluição, e, o grau de utilização dos recursos naturais. Esta definição
do critério quantitativo da taxa atende também ao princípio constitucional e tributário
da isonomia, vez que o pagamento da taxa se dará atendendo a potencialidade
poluidora e não a receita bruta.
Em relação à conversão de multa ambiental em prestação de serviços
ambientais foi prevista na Lei de Crimes Ambientais de 1998 e, posteriormente,
regulamentada por diversos decretos e instruções normativas federais. A legislação
atualmente em vigor (Decreto no 6.514/2008) dispõe que a multa simples pode ser
convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do
meio ambiente e, dentre os serviços que podem ser prestados, é permitida a

29
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

execução de atividades para a recuperação dos danos decorrentes da própria


infração (Figura 12).

Figura 12 - Atividades para recuperação de danos ambientais (INPUT, 2018)

30
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 4.
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE FISCALIZAÇÃO, LEIS
AMBIENTAIS FEDERAIS E CRIME AMBIENTAL

4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE FISCALIZAÇÃO E OBRIGAÇÕES DOS


AGENTES DE FISCALIZAÇÃO

As Ações de Fiscalização podem ser classificadas em:


● PROGRAMADAS: são as ações desencadeadas na execução de um Plano
de Fiscalização, previamente estabelecido;
● DE DENÚNCIA: são as ações realizadas em atendimento à denúncia formal
e informal. Destaca-se que as ações de fiscalização “Programadas” e em
decorrência de “Denúncias” são as mais recorrentes nos órgãos de meio
ambiente.
● DE OFÍCIO: são os trabalhos que ocorrem por iniciativa própria do órgão
ambiental;
● EMERGENCIAIS: são aquelas realizadas para coibir infrações ambientais de
alto impacto ambiental ou para prevenir danos iminentes ao meio ambiente. A
ação de fiscalização emergencial tem a finalidade de interromper as infrações
cujo potencial tenha reflexo na saúde humana, de espécies ameaçadas de
extinção e áreas protegidas.
● DE ORDEM: são aquelas que ocorrem por determinação ou solicitação
superior;
● JUDICIAIS: são desencadeadas por força de sentença, mandato judicial ou
requerimento do Ministério Público;
● SUPLETIVAS: ocorrem em decorrência da inércia do Órgão Estadual de
Meio Ambiente (OEMA) ou do Município, ou quando o IBAMA entender
conveniente.

Segundo IBAMA (2007) as atribuições e obrigações dos agentes de


fiscalização consistem em:
● ATRIBUIÇÕES

31
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

○ Realizar diligências para averiguação ou apuração de agressões


cometidas contra a flora e fauna, bem como, para apurar ações ilícitas
nas atividades de pesca, que provoquem poluição/degradação no
meio ambiente, ou que envolvam ações de biopirataria;
○ Multar, advertir, notificar, embargar e interditar atividades ilegais,
interditar empresas por cometimento a infrações ambientais,
apreender produtos e subprodutos, objetos e instrumentos resultantes
ou utilizados na prática de agressão ambiental;
○ Inspecionar estabelecimentos industriais e comerciais que tenham por
objetivo a exploração de produtos e subprodutos oriundos dos
recursos naturais renováveis;
○ Acompanhar, fiscalizar, inspecionar e controlar as atividades de
exploração dos recursos naturais renováveis, autorizadas;
○ Orientar contribuintes e a comunidade em geral sobre as atribuições e
competências do IBAMA, divulgando a legislação ambiental em vigor,
propiciando a formação de uma consciência crítica e ética voltada para
as ações conservacionistas e preservacionistas.

● OBRIGAÇÕES
○ Conhecer a estrutura organizacional do Ibama, seus objetivos e
competências como órgão executor da Política Nacional do Meio
Ambiente;
○ Aplicar técnicas, procedimentos e conhecimentos inerentes à prática
fiscalizatória, adquiridas nos cursos de capacitação ou
aperfeiçoamento;
○ Cumprir as determinações da autoridade competente;
○ Cumprir e fazer cumprir as normas legais destinadas à proteção,
conservação e preservação dos bens ambientais;
○ Participar de cursos, atualizações, treinamentos e encontros que
visem ao aperfeiçoamento das suas funções, bem como conhecer e
habilitar-se ao manuseio de armas de fogo;
○ Apresentar relatório das atividades de fiscalização ao seu chefe
imediato;

32
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

○ Preencher os formulários de fiscalização, de forma concisa e legível,


circunstanciando os fatos averiguados com informações objetivas e
fazendo o enquadramento legal específico, evitando a perda do
impresso ou a nulidade da autuação;
○ Obedecer, rigorosamente, os deveres, proibições e responsabilidades
relativas ao servidor público civil da União;
○ Zelar pela manutenção, uso adequado e racional dos veículos, barcos,
equipamentos, armas e demais instrumentos empregados nas ações
de fiscalização em geral e, especificamente, aqueles que lhes forem
confiados;
○ Identificar-se, previamente, sempre que estiver em ação fiscalizatória;
○ Atender às necessidades do exercício da fiscalização, atuando em
locais, dias e horários estabelecidos, peculiares à determinada prática
fiscalizatória;
○ Portar arma de modo discreto, sendo vedado o seu manuseio em
locais de aglomeração popular ou estabelecimentos e
empreendimentos sob fiscalização, salvo sob iminente ameaça e
mediante orientação expressa do coordenador da equipe;
○ Obedecer às normas quanto ao uso de espingardas e carabinas, que é
restrito às ações fiscalizatórias efetuadas em área rural, rios e mar
territorial ou outras que justifique o seu emprego, mediante orientação
expressa da área de fiscalização;
○ Atuar ostensivamente, mediante o uso do uniforme e veículo oficial
identificado, salvo em situações devidamente justificadas;
○ Guardar, rigorosamente, o sigilo das ações de fiscalização;
○ Comunicar ao coordenador da equipe os desvios praticados e
irregularidades detectadas no exercício da ação fiscalizatória;
○ Devolver todo material inerente à fiscalização, por ocasião do seu
afastamento da atividade de fiscalização.
○ Atuar em ação fiscalizatória sempre em equipe. No caso de estar
sozinho e deparar-se com infração ambiental, procurar ajuda policial
ou procurar testemunhas.
○ Evitar conversas isoladas com infratores ou advogados, para não ser
acusado de qualquer solicitação de favorecimento.

33
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

4.2 LEIS AMBIENTAIS FEDERAIS

AÇÃO CIVIL PÚBLICA


● Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, que disciplina a Ação Civil
Pública

AGROTÓXICO
● Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa e
fiscalização de agrotóxico Decreto nº 4.074, de 04 de janeiro de
2002, que regulamenta a Lei nº 7.802/89

ÁGUAS
● Decreto nº. 24.643, de 10 de julho de 1934, que decreta o Código de
Águas
● Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional
de Recursos Hídricos

CRIMES E INFRAÇÕES AMBIENTAIS


● Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre
sanções penais e administrativas Decreto nº 6.514, de 22 de
julho de 2008, que dispõe sobre infrações e sanções
ambientais

FAUNA
● Lei nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à
fauna
● Decreto-lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a
proteção e estímulos à pesca Instrução Normativa Ibama nº 179, de
25 de junho de 2008, que define as diretrizes procedimentos para
destinação dos animais da fauna silvestre nativa e exótica
apreendidos

34
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

FLORESTAS
● Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código
Florestal
● Lei nº 11.284, de 02 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de
florestas públicas
● Decreto nº 6.063, de 20 de março de 2007, que regulamenta a Lei
nº 11.284/2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas
para a produção sustentável
● Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a
utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata
Atlântica
● Decreto nº 6.660, de 21 de novembro de 2008, que regulamenta
dispositivos da Lei nº 11.428/06 Resolução Conama nº 302, de 20
de março de 2002, que disciplina os limites de área de preservação
permanente de reservatórios artificiais
● Resolução Conama nº 303, de 20 de março de 2002, que
regulamenta definições e limites das áreas de preservação
permanente
● Resolução Conama nº 369, de 28 de março de 2006, que regulamenta
os casos excepcionais que disciplinam a intervenção ou supressão de
vegetação em áreas de preservação permanente

GERENCIAMENTO COSTEIRO
● Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro

IMPACTO E LICENCIAMENTO AMBIENTAL


● Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986, que dispõe
sobre Estudo Prévio de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto
Ambiental - EIA/RIMA
● Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, que
estabelece o procedimento de licenciamento ambiental estabelecido
na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente

35
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Resolução CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006, que dispõe


sobre os casos excepcionais de utilidade pública, interesse social ou
baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou su-
pressão de vegetação em área de preservação permanente

MINERAÇÃO
● Decreto-lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967, dá nova redação ao
Decreto-lei número 1.985, de 29 de janeiro de 1940, que dispõe sobre
o Código de Mineração
● Lei nº 7.805, de 18 de julho de 1989, que altera o Decreto-lei nº
227, de 28 de fevereiro de 1967, que cria o regime de permissão
de lavra garimpeira
● Decreto nº 98.812, de 09 de janeiro de 1990, que regulamenta a Lei nº
7.805/89
● Resolução CONAMA nº 09/1990, de 06 de dezembro de 1990,
que dispõe sobre normas específicas para o Licenciamento
Ambiental de Extração Mineral.

PESCA
● Decreto-lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre
proteção e estímulos à pesca

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
● Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que regulamenta o art. 225, § 1o,
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação - SNUC
● Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, que regulamenta artigos
da Lei nº 9.985/00

36
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

POLÍTICA URBANA
● Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, que dispõe sobre o
parcelamento do solo urbano
● Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os artigos
182 e 183 da Constituição Federal e institui o Estatuto da Cidade

POLÍTICA AGRÍCOLA
● Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a Política
Agrícola

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


● Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente Decreto nº 99.274, de 06 de junho de
1990, que regulamenta as Leis nº 6.902, de 27 de abril de 1981
(criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental) e nº
6.938/81

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS


● Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que instituiu a Política
Nacional de Resíduos Sólidos e altera a Lei nº 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998

SANEAMENTO BÁSICO
● Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, que disciplina o saneamento
básico

TERRENOS DE MARINHA
● Constituição Federal Art. 20, VII Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998,
que dispõe sobre os bens públicos federais e altera os dispositivos do
Decreto-lei nº 9.760 de 05 de setembro de 1946

37
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

4.3 CRIME AMBIENTAL

São considerados crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de


recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não-
recuperação da área explorada; a produção, processamento, embalagem,
importação, exportação, comercialização, fornecimento, transporte,
armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas
ou nocivas à saúde humana ou em desacordo com as leis; a operação de
empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em
desacordo com esta; também se encaixam nesta categoria de crime
ambiental a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam
causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas.
A desobediência a uma postura federal pode ser tipificada como crime.
Os crimes podem ser dolosos ou culposos.
O crime doloso é aquele que se teve a intenção de fazer. Caçar
animais selvagens em extinção pode ser enquadrado como crime doloso
(dolo = maldade, ato mau , intencional). Deixar escorrer petróleo para um rio
é possivelmente um ato não de vontade, mas uma falha. Esse ato pode ser
enquadrado como crime culposo, ou seja, algo que causa um mal, mas sem
que se desejasse fazê-lo. Só leis federais podem definir crimes, podendo
levar a pessoa a ser presa.
Leis estaduais e municipais não podem definir os “crimes”. As Leis
Estaduais e Municipais só podem levar a multas e/ou fechamento de
atividade econômica. Assim, vários derrames de óleo de uma fábrica que não
toma cuidados mínimos de segurança pode ser fechada e/ou multada por ato
de um governador do estado ou de um prefeito. Chama-se de contravenção
uma desobediência de menor gravidade e que normalmente é punida com
multa ou pena alternativa. Por exemplo, o Código Florestal previu várias
infrações de menor gravidade como contravenção. A pesca fora de época
pode ser considerada como contravenção acarretando perda do pescado,
dos utensílios de pesca e multa, podendo ser aplicada uma pena adicional do
tipo alternativo como trabalhar x dias para uma comunidade. Outro exemplo
de contravenção penal prevista no Código Florestal punível com prisão

38
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

simples de três meses a um ano ou multa de um a cem vezes o salário


mínimo (verificar a troca possível, típica da infração contravenção) a quem
danificar (tirar a casca de uma árvore, por exemplo) matar, lesar ou maltratar
por qualquer modo ou meio plantas de ornamentação de logradouros
públicos.
Quando se lê a Lei de Proteção ao Meio Ambiente (Lei Federal n.
9.605/1998) vê-se que determinadas infrações são punidas com detenção e
outras com reclusão e que as infrações punidas com detenção são menos
graves que as infrações punidas com reclusão.
A criminalização das condutas ambientais é adequada à realidade
brasileira. O Brasil é um país de imenso território e com uma fiscalização
ambiental fragilizada pela falta de estrutura. Há poucos funcionários para
áreas imensas, principalmente na região Norte. Além disso, por vezes
recebem vencimentos inadequados e são assediados por propostas de
suborno e até ameaças.
A fiscalização ambiental representa um importante instrumento no qual
se torna possível garantir os interesses da sociedade e, portanto, da
coletividade, através da fiscalização de denúncias que abranjam
irregularidades ambientais que causam incômodos à população e degradam
o meio ambiente.
Portanto, o direito de fiscalizar instalações de atividades econômicas
para verificar sua adequação às normas de proteção ao meio ambiente é
exclusivo dos órgãos ambientais – nem a polícia judiciária nem a polícia
militar podem exercer essa função. Como um empreendimento econômico
tem o mesmo status constitucional de proteção que os domicílios, ele não
pode ser invadido pelas autoridades policiais sem um mandado judicial, a
menos que tenha ocorrido uma denúncia ou que esteja sendo praticado um
crime. Porém, caso a fiscalização ambiental esteja sendo impedida de
exercer suas funções, poderá solicitar o auxílio da polícia.

39
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

QUESTÕES (UNIDADES 01 E 02)

1. (FCC - 2016) Os valores da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental −


TCFA, para efeito de controle e fiscalização das atividades potencialmente
poluidoras e utilizadoras de recursos naturais, de que trata a Lei nº
10.165/2000, são calculados mediante análise dos estabelecimentos,
fundamentalmente quanto às características das atividades em termos de:
a. GU − Grau de Utilização de Recursos Naturais; PP − Potencial de
Poluição; área utilizada para o empreendimento.
b. GU − Grau de Utilização de Recursos Naturais; PP − Potencial de
Poluição; porte medido em lucro bruto anual da empresa.
c. GU − Grau de Reutilização de Recursos Naturais; PP – Potencial de
Poluição; porte medido em patrimônio da empresa.
d. GU − Grau de Utilização de Recursos Naturais; PP − Potencial de
Poluição; porte medido em receita bruta anual da empresa.
e. GU − Grau de Reutilização de Recursos Naturais; PP − Potencial de
Poluição; área utilizada e tipo de exploração.

2. (AOCP - 2016) Assinale a alternativa correta, de acordo com a Política


Nacional do Meio Ambiente.
a. O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA é composto apenas
por órgãos federais e estaduais.
b. Os Estados e Municípios não podem legislar sobre matéria ambiental.
c. O Conselho Nacional do Meio Ambiente é presidido pelo Presidente da
República.
d. A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA é um tributo
arrecadado pelo Município.
e. É admitida servidão ambiental para fins de compensação de reserva
legal.

1. (CESPE - 2012) Com relação à PNMA e à estrutura e funcionamento do


SISNAMA, conforme a Lei n.º 6.938/1981, assinale a opção correta.

40
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

a. A fiscalização e o controle da aplicação de critérios, normas e padrões


de qualidade ambiental devem ser exercidos prioritariamente pelo
IBAMA e, em caráter supletivo, pelos órgãos estaduais e municipais
competentes.
b. Na estrutura do SISNAMA, o CONAMA é o órgão superior, e sua
função é assistir o presidente da República na formulação de diretrizes
da PNMA.
c. Não se exige das pessoas físicas que se dediquem à consultoria
técnica de problemas ambientais o registro no IBAMA, mas as
pessoas físicas e jurídicas que se dediquem a atividades poluidoras ou
à extração, produção, transporte e comercialização de produtos
perigosos, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora,
devem, obrigatoriamente, registrar-se em cadastro técnico federal
administrado pelo IBAMA.
d. Compete ao CONAMA, entre outras atribuições, determinar, mediante
representação do IBAMA, a perda ou a restrição de benefícios fiscais
concedidos pelo poder público e a perda ou a suspensão de
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais
de crédito.
e. A construção, instalação, ampliação e o funcionamento de
estabelecimentos e de atividades que utilizem recursos ambientais
considerados efetiva e potencialmente poluidores dependem de prévio
licenciamento do IBAMA, se o impacto ambiental for de âmbito
nacional, e do órgão estadual do ambiente, caso o impacto seja de
âmbito regional.

2. Acerca do SISNAMA e da lei que dispõe sobre a Política Nacional do Meio


Ambiente (PNMA) - Lei n.º 6.938/1981 -, assinale a opção correta.
a. O SISNAMA constitui-se de órgãos e entidades da União, dos estados,
do DF e dos municípios, bem como de fundações instituídas pelo
poder público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade
ambiental.
b. A lei que dispõe sobre a PNMA prevê a instituição de uma taxa de
controle e fiscalização ambiental, a ser cobrada pelos diversos órgãos

41
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

estaduais e municipais de meio ambiente, cujo fato gerador é o


exercício regular do poder de polícia para controle e fiscalização das
atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
naturais.
c. Cada estado da Federação deve instituir e manter, sob sua
administração, um cadastro técnico de atividades potencialmente
poluidoras ou utilizadoras de recursos ambientais, para registro
obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem a
atividades potencialmente poluidoras e(ou) à extração, produção,
transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao
meio ambiente.
d. Integram o plenário do CONAMA, na qualidade de conselheiros
permanentes, um representante do MP Federal e três representantes
dos MPs estaduais, indicados pelo procurador-geral da República.
e. Cabe ao IBAMA, como órgão central do SISNAMA, prover os serviços
de apoio técnico e administrativo do CONAMA.

3. (MPE-MG-2010) Considere as seguintes assertivas a respeito da Lei Federal


nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio
Ambiente
I. São princípios da Política Nacional do Meio Ambiente a proteção dos
ecossistemas, com a preservação de áreas representativas, a proteção das
áreas ameaçadas de degradação, bem como a recuperação das áreas
degradadas.
II. O poluidor é obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros
afetados por sua atividade, sendo que as medidas de responsabilização civil
e a recuperação ambiental podem eximir o poluidor de sanções
administrativas.
III. As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente obrigam não apenas
as atividades empresariais públicas, mas também as privadas.
IV. São instrumentos da PNMA o zoneamento ambiental, a avaliação de
impactos ambientais, as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da

42
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

degradação ambiental, a criação de espaços territoriais especialmente


protegidos pelo Poder Público, assim como instrumentos econômicos,
inclusive o seguro ambiental.
V. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos
e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e
potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão
estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças
exigíveis.
Assinale a opção CORRETA.
a. I, II, III e IV estão corretas.
b. I, II, III e V estão corretas.
c. I, III, IV e V estão corretas.
d. I, III e V estão corretas.
e. Todas estão corretas

4. (CESPE - 2012) Acerca da responsabilidade ambiental, assinale a opção


correta.
a. As ações penais por crimes ambientais previstos na Lei n.º 9.605/1998
são públicas incondicionadas ou condicionadas à representação.
b. Em matéria ambiental, a responsabilidade por ilícitos é sempre
objetiva, dispensando-se a comprovação de culpa em sentido amplo.
c. A omissão da autoridade ambiental competente, sendo ela obrigada a
agir, poderá configurar infração administrativa ambiental.
d. Os valores arrecadados em decorrência do pagamento de multas por
infração ambiental devem ser integralmente revertidos ao Fundo
Nacional do Meio Ambiente.
e. Entre os efeitos da condenação por crime ambiental inclui-se a
apreensão de produtos dele decorrentes e de instrumentos utilizados
para cometê-lo, salvo os instrumentos lícitos.

43
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

5. (FEPESE - 2018) Considere as afirmativas abaixo em relação à Lei


Complementar 140/2011, que tem o objetivo de fixar normas para a
cooperação entre a União, os Estados e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao
combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das
florestas, da fauna e da flora.
O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda
concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira
será de atribuição da União, exclusivamente nos casos previstos em tipologia
estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão
Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conama e
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade
ou empreendimento. 2. Como já estabelecia na Lei no 6.938/81, coube à
União a maior fatia da competência em matéria ambiental, isto quer dizer que
compete à União a denominada competência residual. 3. A Lei
Complementar 140/2011 revogou expressamente o artigo 10o , § 4o da Lei
6.938/81, de forma que a definição de competência não se dá mais pela
abrangência do impacto, mas sim pelo local da atividade ou empreendimento,
uma vez que sua redação faz menção às atividades localizadas ou
desenvolvidas em determinada região. Isto é, a definição quanto ao ente
federativo que irá licenciar está estritamente relacionado aos limites
geográficos da atividade e/ou empreendimento. 4. A Lei Complementar
140/2011 assegura, em seu artigo 13, que os empreendimentos e atividades
serão licenciados ambientalmente por um único ente federativo. Essa
definição já se encontrava estabelecida na Resolução Conama 237/97,
porém não era observada diante de flagrante de inconstitucionalidade.
a. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
b. São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
c. São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
d. São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
e. São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
f. São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

44
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

GABARITO

1. D
2. E
3. D
4. A
5. C
6. C
7. D

45
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

UNIDADE 03

PERÍCIA AMBIENTAL

Caro (a) Aluno (a)


Seja bem-vindo (a)!

Nesta terceira unidade verificaremos os principais aspectos e conceitos


fundamentais aplicados à perícia ambiental e sua relação com a Política Ambiental

Conteúdo da Unidade
A unidade contará com 3 capítulos (nomeados Capítulo 05 e 07). No capítulo
05 abordaremos Conceituação da perícia, princípios norteadores do Direito
Ambiental, Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9605/98) e Política Nacional de
Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10). No capítulo 06 verificaremos a fundamentação
sobre degradação ambiental e suas relações com a política ambiental, proposições
das perícias ambientais. E no capítulo 07 abordaremos as questões inerentes à
Valoração Ambiental, Valor econômico total e Métodos de valoração ambiental.

Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos, à medida


que for estudando.

46
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 5.
PERÍCIA AMBIENTAL

Assim, pelo conceito etimológico da palavra, pode-se inferir que a perícia é


uma habilidade que vai se adquirindo no decorrer da vida, através do saber e dos
trabalhos realizados, ou seja, a perícia consiste numa declaração de ciência sobre
fatos relevantes à causa, emitida por pessoa com relevante sabedoria, também
chamada de expert, com o objetivo de esclarecer aspectos técnicos, mediante
exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação, com objetivo
exclusivo de fazer prova perante o Magistrado e as partes envolvidas na discussão.
A perícia existe desde os mais remotos tempos da humanidade, quando,
reunindo-se em sociedade, iniciou-se o processo civilizatório – aliás, infindável –
para caminhar da animalidade à racionalidade, pela experiência ou pelo maior
poderio físico, com que se comandava a sociedade na era primitiva, ou seja, é tão
antiga quanto à sociedade que foi evoluindo com as crescentes mudanças
econômicas e a evolução de tal. Nessa época, perito, Juiz, legislador eram os que
exerciam a lei, ou seja, eram peritos, legisladores, árbitros e executores ao mesmo
tempo. Esse era o germe básico correspondente ao exame da situação.
Atualmente, ela se configura como uma atividade de observação, análise,
interpretação e documentação destinada a verificar e esclarecer a verdade sobre
um fato. As perícias judiciais destinam-se a elucidar, a partir de elementos materiais,
fatos discutidos em processos judiciais cíveis ou criminais. Essa divisão reflete-se
na distinção da perícia em dois grandes ramos:
● Perícia criminal, função jurisdicional do Estado, que examina vestígios
relacionados às infrações penais, no propósito de reduzir a prática de
crimes lesivos à sociedade;
● Perícia cível, que trata de exames em provas materiais em conflitos
judiciais nas demais áreas, como a patrimonial, trabalhista, fazendária
e tributária.

Enquanto a perícia cível ocorre durante a instrução processual no curso do


processo cível, a perícia criminal deve ser produzida imediatamente após o
conhecimento do fato pela autoridade policial, mesmo antes da formalização de um

47
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

processo judicial criminal. Como via de regra, a perícia criminal é produzida no


decorrer de inquérito policial, ainda durante atividade de polícia judiciária que, por
sua vez, culmina com um eventual indiciamento pela polícia e denúncia pelo
Ministério Público ao Poder Judiciário.
Os profissionais responsáveis por sua realização são os peritos, que podem
ser oficiais, ou seja, servidores públicos atuantes em órgão oficiais de perícia,
investidos no cargo por força de concurso público, ou profissionais habilitados
nomeados pelo juiz para a realização de uma perícia específica. Os peritos oficiais
possuem competência para atuação em casos na esfera criminal e em ações civis
públicas. Já em ações civis comuns ou na ausência de peritos oficiais, o juiz nomeia
para a realização da perícia um ou mais profissionais de sua confiança, com
conhecimento técnico adequado, que serão chamados de peritos judiciais.
Dentro do arcabouço legal, é de fundamental importância o artigo 5º da
Constituição Federal, que prevê os direitos e garantias individuais dos cidadãos,
entre os quais se destacam que:
● Ninguém será submetido à tortura;
● As provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis;
● A pessoa que for presa será informada de seus direitos, entre os quais
o de permanecer calada e o de ter a assistência da família e de
advogado.

Estes direitos e garantias individuais representam a objetivação da


concepção social e política de que a polícia não pode mais utilizar métodos arcaicos
de investigação, como a tortura, por exemplo. É neste contexto que a prova pericial,
produzida com base científica, ganha relevância colaborando para promover o
respeito aos direitos humanos nas investigações.
A produção da prova técnica através da perícia é prevista no Código de
Processo Penal Brasileiro (Decreto-Lei nº 3.689/1941), que em seu artigo 158 prevê
que “quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.”.
A atividade pericial pode ser dividida em dois tipos:
● PERÍCIA JUDICIAL Tem seu fundamento numa ação postulada em
Juízo, podendo ser determinada diretamente pelo juiz dirigente do
processo ou a ele requerida pelas partes em litígio. PERÍCIA

48
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● EXTRAJUDICIAL Livremente contratada entre as partes em pré-litígio.


“PERÍCIA é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado
visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal opinião
realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações,
arbitramentos, em suma, todo e qualquer procedimento necessário à
opinião”.

A principal fonte legal que rege as perícias judiciais, é o Código de Processo


Civil na Justiça, havendo ainda a Lei de Falência ou recuperação judicial, a
legislação trabalhista e outras leis específicas que tratam do assunto.
Existem diversas modalidades de perícia, que se definem pelas
especialidades do objeto a ser periciado e pela área de conhecimento que as
fundamentam, como a perícia ambiental.
A perícia ambiental visa esclarecer tecnicamente a existência ou não de
ameaça ou dano ambiental, produzindo a prova e o laudo pericial e assessorando o
juiz na formação do seu convencimento.
Dentre os escopos da perícia ambiental, uma das possíveis ferramentas
utilizáveis pelo perito é a análise ecotoxicológica, por exemplo. Tal análise se detém
de grande importância, se o objetivo da perícia for identificar em qual grandeza as
substâncias químicas, isoladas ou em forma de misturas, são nocivas, e como e
onde se manifestam seus efeitos. Estes efeitos se manifestam somente em matéria
viva. Os sistemas vivos respondem de forma integral com reações específicas a
todas as intervenções e perturbações diretas ou indiretas, causadas por substânci as
nocivas. Em muitos organismos, tais reações são visíveis ou mensuráveis, o que os
habilita a serem utilizados como indicadores, sendo sensores biológicos de medição
de efeitos.
A realização da perícia ambiental objetiva a comprovação da
responsabilidade civil com fulcro nos princípios do direito ambiental, tal qual
princípio da precaução ou prevenção, poluidor pagador e usuário pagador além da
reparação integral dos danos, isso na esfera civil.
Tal atividade estará, ainda, vinculada à legislação tutelar do meio ambiente,
designada legislação ambiental, que regulamenta a proteção ambiental nos níveis
federal, estadual e municipal, no âmbito do direito ambiental.

49
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Criado pela Lei 6.938/1981, regulamentada pelo Decreto 99274/1990, o


Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) é a estrutura adotada para a
gestão ambiental no Brasil, e é formado pelos órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela proteção, melhoria
e recuperação da qualidade ambiental no Brasil, e tem a seguinte estrutura (Figura
13):
( COLOCAR A FIGURA 13 AQUI)

Figura 13 - Estrutura do SISNAMA (Disponível em:


<https://lutofoli.wordpress.com/2017/06/20/direito-ambiental-i-resumo-para-prova-
final/>. Acesso em 02 de nov. 2018)

O direito ambiental é uma das mais modernas disciplinas do direito, não


podendo, no entanto, ser ainda considerado um ramo autônomo. É multidisciplinar,
pois a tutela ambiental se faz mediante a aplicação de normas de direito penal, civil,
financeiro e administrativo, visando disciplinar o comportamento humano em relação
ao seu meio ambiente.
Na área do direito ambiental existem princípios norteadores para a aplicação
da legislação ambiental:

50
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Princípio da Prevenção e o Princípio da Precaução: Este é o maior e


mais importante ordenamento jurídico ambiental, considerando que a
prevenção é o grande objetivo de todas as normas ambientais, uma
vez que, desequilibrado o meio ambiente a reparação é na maior parte
das vezes uma tarefa difícil e dispendiosa. Os instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente (Licenciamento, EIA, zoneamento) estão
fundados nesse princípio. O princípio da prevenção tem por finalidade
a adoção de ações ou de inações para evitar eventos previsíveis; já o
princípio da precaução visa a gerir riscos em princípio não prováveis
por completo. O princípio da prevenção visa a inibir o dano potencial
sempre indesejável, e o princípio da precaução visa a impedir o risco
de perigo abstrato.
● Princípio da Cooperação: Significa dizer que todos, o Estado e a
Sociedade, através de seus organismos, devem colaborar para a
implementação da legislação ambiental, pois não é só papel do
governo ou das autoridades, mas de cada um de nós.
● Princípio da Publicidade e da Participação Popular: Importante afirmar
que não existem segredos em questões ambientais, pois afetam a vida
de todos. Tudo deve ser feito, principalmente pelo Poder Público, com
a maior transparência possível, e de modo a permitir a participação na
discussão de projetos e problemas dos cidadãos de um modo geral.
● Princípio Poluidor-pagador: O princípio do poluidor-pagador impõe que
os danos ambientais ocorridos durante o processo produtivo sejam
considerados e experimentados pelo agente empreendedor da
atividade que promove degradação. No ordenamento jurídico pátrio,
considera-se que o princípio ora em estudo, ainda que de forma
implícita, foi introduzido pela Lei 6.938/81 (artigos 4º, VI I, e 14, §1º),
tendo a Constituição Federal de 1988 o recepcionado e lhe conferido o
status de norma constitucional (artigo 225, §§2º e 3º). Apesar de um
princípio lógico, pois quem estraga deve consertar, infelizmente ainda
não é bem aceito na prática, ficando, na maioria das vezes, para o
Estado esta obrigação de recuperar e para a sociedade o prejuízo com
o dano.

51
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Princípio Indúbio pro natura: É uma regra fundamental da legislação


ambiental, que leva para a preponderância do interesse maior da
sociedade em detrimento de um interesse individual e menor do
empreendedor ou de um dado projeto.

Atualmente, pode-se dizer que a maioria dos países, independentemente de


situação econômica, possui algum tipo de legislação ambiental. Contudo, boa parte
do conjunto potencial de relações sociedade/natureza não é considerada nos
processos de formulação de políticas públicas.
O período pós 70, que marca a moderna questão ambiental no Brasil,
apresenta a formulação de um corpo legal mais elaborado e, embora ainda marcado
pelas motivações desenvolvimentistas, já apresenta outras influências derivadas do
debate ambiental interno e internacional que então se afirmava e expandia. Assistiu-
se nesse período pós 1973, a formação gradual de um sistema governamental de
agências ambientais que se institucionalizou progressivamente através da criação
da Secretaria Especial de Meio Ambiente – SEMA, em 1973, do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em 1989, do
Ministério do Meio Ambiente em 1993, da Agência Nacional de Águas – ANA, em
2001 e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, em
2007. Ao lado dessa estrutura institucional construiu-se igualmente um aparato
jurídico amplo. A implantação da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA),
instituída com a edição da Lei 6.938 de 31.08.1981, fez surgir no país uma
abordagem mais formal a respeito da temática ambiental. Tal Lei institucionalizou o
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Licenciamento Ambiental.
Desse modo, essa Lei representa, portanto, um importante marco histórico no que
diz respeito à questão ambiental.
Entre uma série extensa de leis que regem a proteção ao meio ambiente, as
leis nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e 12.305/2010 (Política Nacional de
Resíduos Sólidos – PNRS) são consideradas marcos no setor.
A Lei de Crimes Ambientais, por exemplo, define que a pessoa jurídica,
autora ou coautora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à
liquidação da empresa, no caso de ela ter sido criada ou usada para facilitar ou
omitir crime ambiental. Com o surgimento desta lei, a legislação ambiental no que
toca à proteção ao meio ambiente é centralizada. As penas agora têm

52
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

uniformização e gradação adequadas e as infrações são claramente definidas.


Contrário ao que ocorria no passado, a lei define a responsabilidade das pessoas
jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam responsabilizadas criminalmente
pelos danos que seus empreendimentos possam causar à natureza. Matar animais
continua sendo crime, exceto para saciar a fome do agente ou da sua família; os
maus tratos, as experiências dolorosas ou cruéis, o desmatamento não autorizado,
a fabricação, venda, transporte ou soltura de balões, hoje são crimes que sujeitam o
infrator à prisão.
Além das agressões que ultrapassam os limites estabelecidos por lei,
também são considerados crimes ambientais as condutas que ignoram normas
ambientais, mesmo que não sejam causados danos ao meio ambiente. É o caso
dos empreendimentos sem a devida licença ambiental. Neste caso, há a
desobediência a uma exigência da legislação ambiental e, por isso, ela é passível
de punição por multa e/ou detenção. As multas previstas podem chegar a R$ 50
milhões e a punição só será extinta caso se comprove a recuperação do dano
ambiental, o que também pode custar milhões. No caso da Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente, o poluidor é obrigado a indenizar danos ambientais que causar,
independentemente da culpa, e o Ministério Público pode propor ações de
responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, impondo também à empresa
poluidora a obrigação de recuperar os prejuízos causados
As infrações ambientais (ou crime ambiental) são classificadas em dois tipos,
a de nível administrativo e a de nível judicial. Em nível administrativo as infrações
tramitam somente na esfera do órgão ambiental. O processo se inicia com a
formação das provas e, após defesa prévia, se o agente for penalizado deverá
efetuar o pagamento da multa e a recuperação do dano (quando for necessário), de
acordo com as determinações da autoridade competente. Já no nível judicial, na
maioria das vezes o processo se inicia a partir do compartilhamento das medidas
administrativas, quando o órgão ambiental encaminha cópia do processo
administrativo ao Ministério Público da Comarca local (Promotoria do Meio
Ambiente) onde ocorreu a infração.
Tais infrações podem ocorrer das seguintes formas:
● Natureza dos crimes e do meio ocorrido: fauna, flora, administração
ambiental, ordenamento urbano e territorial, poluição gerada por
aspectos socioeconômicos e, outros.

53
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Ações de possíveis perícias ambientais: maus tratos em animais,


ações antrópicas que dificultam o ciclo vital e, se o crime ocorre em
área protegida ou não; desmatamento, queimadas, exploração de
madeiras, produção de carvão; perícia sobre um RIMA (Relatório de
Impacto Ambiental) ou PCA (Plano de Controle Ambiental) aprovado
indevidamente em Órgãos Ambientais; parcelamento do solo,
ocupação indevida de áreas públicas, pichação de prédios públicos,
depredação de sítios arqueológicos, parques, etc.; poluição sonora ou
visual, temperatura, luminosidade, vibração, gases, chaminés,
efluentes de: curtumes, agrotóxicos, matadouros domésticos, lixões e
poluição residual (independentemente da origem, deixa sequelas ao
homem e ao meio ambiente); mineração, execução de aterros,
drenagem, dragagem, barragens, erosão, voçoroca, resíduos sólidos e
obras de engenharia em geral. Para analisar o aspecto do
desenvolvimento socioeconômico e ambiental de uma região, um
território ou local, que visa o crescimento sustentável (em processo de
resolução), o Perito e/ou Assistente Técnico também faz consultoria
capaz de emitir pareceres ambientais, provendo modificações e
soluções necessárias para promoção de ações mitigadoras e
compensatórias, evitando riscos: físico-ambientais e econômicos
(multas), resultando na prevenção ambiental e valorando o “bem”
privado ou público tornando-o sustentado (resolução efetivada). O
Meio Ambiente tem valor econômico agregado a partir de um sólido
projeto de Gestão Ambiental.

As infrações ambientais também podem ser classificadas em:


● Leves: as eventuais e que não venham a causar riscos ou danos à
saúde, à biota e aos materiais, nem provoquem alterações sensíveis
ao meio ambiente;
● Graves: as que venham causar risco à saúde, à segurança ou ao
bem-estar da população ou causar danos à biota ou a outros
recursos ambientais, e
● Gravíssimas: as que venham causar perigo iminente à saúde ou
danos irreparáveis ou de difícil recuperação ao meio ambiente.

54
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305, a


mesma foi sancionada em 2 de agosto de 2010 e conta com dois decretos
regulamentadores (Decretos 7.404 e 7.405, de 23 de dezembro de 2010). A PNRS
estabelece a gestão integrada, que articula a dimensão social, ambiental e
econômica presente na administração dos resíduos sólidos. Ela se integra à Política
Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a Política Nacional de Educação
Ambiental, com a Política Nacional de Saneamento Básico, entre outras
articulações.
A PNRS criminaliza condutas inadequadas e prevê a criação de incentivos
fiscais e financeiros, incentiva sistemas de gestão ambiental nas empresas, focando
melhorias nos processos produtivos e no reaproveitamento dos resíduos,
contemplados em seus planos de gerenciamento de resíduos. Tal política também
determina que governos elaborem seus Planos de Resíduos Sólidos e assegura o
controle social em todas as etapas de planejamento e implementação. Propicia
cooperação entre o Poder Público, o setor produtivo e a sociedade na busca de
alternativas para o problema. Revela novas frentes de negócios na valorização dos
resíduos, incentiva a geração de renda, inclusão de catadores e também chama
atenção para a Gestão Legal na constituição e no funcionamento das cooperativas e
associações.
Entretanto a PNRS também apresenta diferentes problemas para sua efetiva
aplicação, entre os quais se destacam a baixa disponibilidade orçamentária e a
fraca capacidade institucional e de gerenciamento de muitos municípios brasileiros,
especialmente os de pequeno porte. Para enfrentar esses desafios, essa lei
estabelece diretrizes de gestão compartilhada, como a formação de consórcios
intermunicipais de gerenciamento dos resíduos sólidos. Além disso, a PNRS define
a proteção da saúde humana e a sustentabilidade como princípios norteadores de
todas as ações de governo nesse âmbito, identificando metas para a erradicação de
lixões e impulsionando soluções ambientalmente adequadas para disposição final
de RSU.
Devido ao grande volume de lixo produzido pela população em quantidades
cada vez maiores, a destinação final adequada de RSU, atualmente, é considerada
como um dos principais problemas de qualidade ambiental das áreas urbanas no
Brasil. É evidente a necessidade de se promover uma gestão adequada das áreas

55
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

de disposição de resíduos, no intuito de prevenir ou reduzir os possíveis efeitos


negativos ao meio ambiente ou à saúde pública. A busca de soluções tem
envolvido, sobretudo, a recuperação técnica, social e ambiental de áreas de
depósitos de RSU inadequadas.
Teoricamente, a recuperação de uma área degradada por deposição
inadequada de lixo envolve a remoção total dos resíduos depositados,
transportando-os para um aterro sanitário, seguida da deposição de solo natural da
região na área escavada. Contudo, ações deste porte compreendem elevados
custos, inviabilizado economicamente este processo e forçando a adoção de
soluções mais simples e econômicas de modo a minimizar o problema. Essas
soluções envolvem um conjunto de providências, através das quais espera-se
minimizar os efeitos impactantes gerados ao meio ambiente, e correspondem a:
Intervir em um aterro com o intuito de encerrar a sua operação, requalificando-o
ambientalmente ao espaço onde está inserido, reduzindo os impactos ambientais
negativos sofridos pela área e dando-lhe outra finalidade, como parques.

56
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 6.
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E SUA
RELAÇÃO COM A POLÍTICA AMBIENTAL

Em termos gerais, o conceito de área degradada ou de paisagens


degradadas pode ser compreendido como locais onde existem (ou existiram)
processos causadores de danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se
reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade produtiva dos
recursos naturais.
A degradação ambiental pode estar situada nas zonas rurais, mas também
em zonas urbanas. Mais de 15% dos solos do mundo encontram-se degradados ou
em processo de degradação. Na região tropical, a situação é ainda pior: mais da
metade dos solos tropicais possuem algum grau de degradação. Das áreas
degradadas, 98,8% estão relacionadas às atividades de produção e extrativismo, e
1,2% a ações como mineração, construção de estradas, represas, áreas industriais,
disposição do lixo urbano de forma incorreta, e erradicação da mata ciliar e de
galeria, entre outras, resultando em impacto imediato sobre o solo.
A redução das áreas ocupadas por vegetação nativa tem levado a
alarmantes taxas de perdas de biodiversidade e ao empobrecimento dos recursos
genéticos. A conservação in situ ainda é a melhor forma de manutenção de
biodiversidade, uma vez que permite a continuidade dos processos evolutivos.
Os programas de restauração tradicionalmente são executados com alguns
vícios que comprometem o modelo de conservação in situ: uma visão fortemente
dendrológica4, com uso quase que exclusivo de espécies arbóreas; utilização de
espécies exóticas, propiciando a contaminação biológica local e potencializando a
degradação; tecnologias muito caras, inviabilizando pequenos projetos que
pudessem efetivamente restaurar a biodiversidade através de processos naturais de
sucessão. Somam-se ainda a esses fatores a falta de ações concretas de empresas
responsáveis por grandes obras, para restaurar as áreas impactadas pelos seus
investimentos, e as deficiências na formação de recursos humanos para fiscalizar,
orientar e executar programas de restauração ambiental.

4
Dendrologia - ramo da botânica dedicado ao estudo das árvores

57
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

Além disto, a degradação ambiental gera problemas políticos e econômicos


num país, influindo na qualidade de vida do seu povo. Entre os problemas
ambientais globais que vêm afligindo toda a humanidade podemos citar os
exemplos da chuva ácida, do efeito estufa, e da destruição da camada de ozônio. O
emprego de substâncias e tecnologias perigosas ao meio ambiente, tanto nas
guerras, como para fins pacíficos, foi gerando ao longo do tempo um movimento de
questionamento sobre sua legitimidade e conveniência.
Alguns países em desenvolvimento relacionaram suas prioridades em
matéria de problemas e intervenções ambientais ao elaborarem seus Planos
Nacionais de Ação Ambiental (National Environmental Action Plan — Neap). Os
Neaps são uma formulação das estratégias ambientais preparada pelos países em
desenvolvimento para cumprir as exigências formais do Banco Mundial. Na
Nicarágua, por exemplo, extensas discussões em nível municipal ocorreram em
paralelo com análises técnicas e econômicas efetuadas por especialistas nacionais.
A integração dos resultados das duas frentes levou a uma hierarquização dos
problemas ambientais do país, pela ordem: a gestão dos recursos hídricos, o
desmatamento e a erosão do solo. Prioridades diferentes foram encontradas em
nível local, devido às condições específicas de cada região.
A decisão de quais problemas são prioritários é, em última instância, um
processo político. As comunidades afetadas pela degradação ambiental, os
principais poluidores, os especialistas em meio ambiente, as ONGs e os órgãos
governamentais precisam chegar a um consenso sobre quais sejam os problemas
ambientais mais críticos. E este consenso precisa apoiar-se em análises técnicas e
econômicas bem fundamentadas. O acesso a dados e informações adequados e
confiáveis é essencial para a formulação dessas análises. Nos países em
desenvolvimento, esses dados muitas vezes inexistem ou são imprecisos, mas nem
por isso estas nações devem deixar de usar as melhores informações de que
puderem dispor para formular as análises necessárias. Os critérios geralmente
usados nessa hierarquização dos problemas ambientais são:
● Ecológicos, como os impactos físicos, a irreversibilidade ou a
recorrência dos problemas;
● Sociais, como o número de pessoas afetadas, os efeitos sobre a
saúde e a incidência entre os mais pobres;

58
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Econômicos, como os efeitos sobre a produtividade econômica e o


crescimento, e fatores como o risco e a incerteza.

De acordo com MARGULLIS (1996) os fracassos de políticas ambientais em


vários países dependem da interação de muitos fatores diversos, alguns dos quais
são muito específicos ao país ou à região. Um dos principais problemas subjacentes
que leva ao fracasso de implementação é inconsistência de Leis e Regras e
Limitação da Gama dos Instrumentos, como:
● Contradições na legislação - As leis e regras ambientais de um setor
nem sempre se encaixam com normas relacionadas de outros setores
ou de outros níveis de governo.
● Falta de normas específicas - Muitas leis precisam de regulamentação
e normas específicas para poderem ser aplicadas, e estas demandam
tempo para serem promulgadas. Nesse meio tempo, os agentes
econômicos têm problemas para determinar o nível adequado de
controle, abrindo espaço para a atuação arbitrária dos órgãos de
controle ambiental. Algumas normas e regras também são obsoletas
e/ou carecem de apoio técnico e científico, e podem ser facilmente
contestadas.
● Sistema ineficaz de penalidades - Os poluidores muitas vezes
preferem enfrentar o (baixo) risco de serem surpreendidos pela
fiscalização e em seguida enfrentar multas, porque estas ou não são
cobradas de todo (ou minimizadas ao cabo de alguma negociação) ou
então são geralmente baixas demais para induzir de fato investimentos
em controle. Os órgãos de controle ambiental também têm poucos
incentivos para cobrar essas multas, se pelo menos uma parte da
arrecadação não lhes for destinada.
● A incapacidade de envolver e estabelecer parcerias com as ONGs e
os grupos afetados - Os órgãos de controle ambiental precisariam
travar parcerias com ONGs e grupos interessados a fim de identificar
os problemas locais, acompanhar as condições locais, fornecer
informações para as comunidades afetadas e propor maneiras de
abordar os problemas, o que pode minimizar sua carga de
responsabilidades. Mas não há muita experiência no envolvimento e

59
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

no trabalho conjunto com esses interessados, e em muitos órgãos de


controle ambiental existe a convicção de que abordagens menos
ortodoxas como essas não funcionam.
● A gama limitada de instrumentos - a natureza reguladora das políticas
e a incapacidade de usar IMs. Como já dissemos acima, os países em
desenvolvimento basicamente copiaram suas leis ambientais dos
países da OCDE, e pelo menos no início estas se baseavam em
regras e padrões muito estritos acompanhados de exigências de
controle e fiscalização, que por sua vez dependiam de órgãos de
controle ambiental fortes e bem preparados. As leis podiam ser
copiadas com facilidade, mas o fortalecimento das instituições nos
países em desenvolvimento a níveis comparáveis com a OCDE
exigiria recursos jamais disponíveis nesses países.
● Falta de estabilidade e disciplina econômicas - A confiança nos
mecanismos do mercado é minada quando a economia (de mercado)
não funciona bem, e isto ocorreu muitas vezes nos países em
desenvolvimento. A cobrança de taxas e tributos e as políticas de
preços dependem claramente de um certo nível de estabilidade e
disciplina econômicas. Esses mecanismos não se aplicam à economia
informal, e é mais difícil aplicá-los aos pequenos poluidores.
● Resistência dos poluidores - As indústrias e os demais poluidores
acreditam que têm maior influência sobre a formulação e a
implementação das regras do que teriam no caso dos instrumentos de
mercado. É mais fácil deixar de obedecer a um determinado padrão,
em casos de capacidade insuficiente de controle e execução, do que
evitar mecanismos fiscais e de incentivo onde existe pouca
flexibilidade. Os apelos aos tribunais também são mais difíceis.
● Resistência dos ministérios econômicos. Os ministérios econômicos
também não dão mostras de um interesse especial pelas questões
ambientais, pois os recursos envolvidos não são significativos, apesar
dos benefícios em termos de melhoria da qualidade ambiental. Mas o
que é mais importante, especialmente nos países do Extremo Oriente,
é que prevalece a ideia de que a estratégia nacional de contar com
investimentos estrangeiros para sustentar um crescimento baseado

60
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

nas exportações de manufaturados sempre teve o efeito sistemático


de aumentar a poluição produzida pelas manufaturas.

Historicamente, somente depois que fatos graves como o despejo de


efluentes industriais na Baía de Minamata no Japão durante os anos de 1953 a
1997, culminando com o envenenamento de aproximadamente 12.500 pessoas, a
emissão do agente laranja em Seveso, na Itália em 1976 matando animais e
contaminando as pessoas, o acidente nuclear de Chernobyl na Ucrânia em 1986
que espalhou radioatividade em quantidade superior a dez bombas atômicas
aconteceram, causados por intervenção humana na busca do desenvolvimento
industrial, é que surgiram os primeiros alertas que os ataques ao meio ambiente
poderiam produzir efeitos para toda a humanidade. Foi a partir daí, que se começou
a tomar consciência da necessidade de se criarem organismos políticos, estruturas
jurídicas e a implementação de normas jurídicas específicas, ou seja, um direito
próprio para proteger o meio ambiente.
Ao perceber que o planeta está doente e reagindo violentamente aos ataques
sofridos, o homem despertou para a importância das questões ambientais, e a
população tem se conscientizado do seu papel frente às questões ambientais e
entendido que a defesa da natureza não é apenas atribuição do governo e que, sem
o seu apoio, as ações governamentais tornam-se desprovidas de eficácia.
O Poder Público, consciente da responsabilidade de proteger os cidadãos
brasileiros e os recursos naturais, tem exigido que os impactos ambientais negativos
fossem minimizados e controlados através da criação e aplicação de severas leis
ambientais. Cada vez mais, procuradores da Justiça têm instaurado ações civis
públicas visando punir os infratores e reparar as perdas. Neste sentido, o perito tem
um papel fundamental, ou seja, auxiliar a justiça na elucidação da lide e na
valoração dos danos ambientais. A reparação dos danos causados ao meio
ambiente somente é possível quando se determina o seu valor, por isso,
profissionais de nível superior de diversas áreas do conhecimento são requeridos
pela justiça e pelas empresas para atuarem como peritos e assistentes técnicos em
processos judiciais ou extrajudiciais, e na maioria dos casos, devido à complexidade
do assunto, a interdisciplinaridade de conhecimentos é necessária para avaliação

61
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

do dano ambiental, e requer a constituição de uma equipe multidisciplinar de


profissionais especialistas.
De acordo com o Departamento de Polícia Federal (BRASIL, DPF, 2012) as
perícias envolvendo o meio ambiente apresentam algumas proposições como:
● Exame de Animal - Exames morfológicos ou anatômicos, realizados
por observações macro ou microscópicas diretas, ou com auxílio de
exames complementares em animais.
● Identificação / Anatomopatológico - Exames realizados com o objetivo
de identificar taxonomicamente espécimes animais, determinar se
pertencem à fauna brasileira ou exótica, bem como se constam em
listas de espécies ameaçadas de extinção. Já o exame
anatomopatológico é realizado em animais mortos com a finalidade de
determinar causa mortis e modus operandi da morte do animal e
indicar a ocorrência de maus-tratos antes da morte.
● Sanidade Animal - Exames realizados com o objetivo de verificar
clinicamente o estado de saúde do animal, ocorrência de maus-tratos
e diagnóstico de doenças infecciosas notificáveis, como na ocorrência
de epidemias de importância médico-veterinária sob investigação da
Polícia Federal.
● Exame de Produto de Origem Animal - Exame de partes, peças ou
produtos de origem animal com as finalidades de identificação das
espécies utilizadas, quantificação, análises histológicas,
anatomopatológicas, microbiológicas, dentre outras.
● Exame de Meio Ambiente - Utilizado para todos os casos que
envolvam crimes contra o meio ambiente
● Análise de Procedimento Administrativo Ambiental - Utilizado para
verificar as licenças ou autorizações ambientais concedidas para o
empreendimento periciado incluindo exames em EIA/RIMA, análise de
Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) ou outros exames
em documentos que estejam inseridos em Procedimento
Administrativo Ambiental. Material comumente recebido: estudos
ambientais, licenças ambientais ou documentos importantes expedidos
pelos órgãos competentes.

62
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Cavidade Natural Subterrânea - Utilizado quando o fato investigado


ocorreu em cavernas, grutas, abrigos sob rocha, lapas ou sítios
espeleológicos
● Constatação de Reparação de Dano Ambiental - Utilizado para
averiguar se a obrigação de reparar danos foi cumprida, ou seja, se o
dano foi reparado na medida da pena ou do acordo homologado.
● Corpo d’Água - Análise realizada em corpos d’água com a finalidade
de constatar intervenção no curso ou no leito do corpo d’água. Locais
mais comuns: reservatórios de barragens, cursos d’água, lagos,
canalização de rios, retificações e desvio de curso d’água
● Dano à Fauna - Exames realizados para constatar danos que afetem a
fauna, decorrentes de alterações ambientais, como em locais de crime
ambiental em que haja animais mortos.
● Dano à Flora - Exames realizados para determinar dano à flora nativa
ou exótica. Utilizado nos casos em que não caiba desmatamento,
como exploração seletiva e impedimento de regeneração. Locais e
materiais comumente sob análise: nome da propriedade, nome do
posseiro ou proprietário, localização (se possível com coordenadas
geográficas), como chegar ao local com croqui ou mapa, autos de
infração, licenças ambientais ou outros documentos administrativos
expedidos por órgão competente para as ações desenvolvidas pelo
proprietário, termo de embargo, registro do imóvel com as delimitações
georreferenciadas (com a averbação da Reserva Legal, se houver).
● Dano ao Solo - Exame para constatar danos ocasionados ao solo.
● Desmatamento - Remoção total ou de grande parte da vegetação
florestal de um ambiente natural, causando alterações drásticas no
ecossistema. Materiais e documentação comumente utilizados: nome
da propriedade, nome do posseiro ou proprietário, localização com
coordenadas geográficas, croqui ou mapa, autos de infração, licenças
ambientais ou outros documentos administrativos expedidos por órgão
competente para as ações desenvolvidas pelo proprietário, termo de
embargo e registro do imóvel com as delimitações georreferenciadas
(com a averbação da Reserva Legal, se houver).

63
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Extração Mineral - Exame visando a constatar um conjunto de


operações coordenadas objetivando a extração de substâncias
minerais úteis de uma jazida.
● Incêndio Florestal - Exame visando a constatar a propagação do fogo
de forma não controlada na vegetação.
● Intervenção em Área Protegida - Qualquer exame pericial que vise a
constatar alteração, dano ambiental, ocupação ou intervenções,
especialmente relevantes por estarem inseridas em área protegida ou
em áreas sujeitas a regime especial de uso, quando não há dúvidas se
o local examinado está ou não inserido em uma área protegida.
● Poluição - Exame realizado com finalidade de constatar a degradação
da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população, criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas, afetem desfavoravelmente a biota, afetem as condições
estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou lancem matérias ou
energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. São
constituídos de exames em locais e documentos relacionados a
atividades poluidoras (por exemplo, lixões, aterros, locais de descarte
de substâncias, locais de vazamento ou derramamento de poluentes
ou outros que envolvam poluição da água, do solo, do ar e da biota por
meio de lançamento de matéria ou energia)
● Sítio Paleontológico - Utilizado quando o dano for causado em locais
onde se encontram fósseis (vestígios da presença de vida no passado
geológico) ou quando um sítio paleontológico é violado, depredado ou
quando seus recursos (fósseis) são economicamente explorados.
● Uso do Solo - Exame usado com a finalidade de constatar desvios na
destinação de ocupação do solo em determinado local em relação ao
previsto na legislação.
● Pesca - Exames periciais realizados em materiais, equipamentos e
embarcações relacionados à pesca, incluindo a pesca da lagosta e
pesca predatória em geral (art. 34 ao art. 36 da Lei nº 9605/1998).
Além dos materiais, podem ser encaminhados o Termo de Apreensão
e Depósito e o Auto de Infração.

64
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Extração Vegetal - Exame realizado em materiais, equipamentos,


máquinas e veículos relacionados à extração vegetal. Documentos
comumente apresentados: Termo de Apreensão e Depósito e Auto de
Infração.
● Carvão - Exames envolvendo identificação botânica, quantificação do
volume e/ou valoração de carvão vegetal ou briquetes.

Verifica-se assim que, diante das definições existentes e da dimensão e


importância da perícia ambiental, é grande desafio do perito ambiental na “busca da
verdade” durante a execução dos trabalhos realizados, mais especificamente a
perícia criminal ambiental que tem a responsabilidade da materialização da prova
penal nos danos causados ao meio ambiente em suas diferentes tipologias e
consequentemente seu enquadramento como crime ambiental. Daí a importância de
seguir os procedimentos para a realização do exame pericial como a preparação
técnico-científica, a utilização de instrumentos, equipamentos, e materiais que
possam servir de apoio ao trabalho, que deverão ser escolhidos em função das
características de cada perícia, e principalmente, o levantamento de dados in loco
que constitui a base fática para a elaboração do laudo pericial.

65
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 7.
VALORAÇÃO AMBIENTAL E MÉTODOS DE VALORAÇÃO

Até pouco tempo o Meio Ambiente era considerado como fonte infinita de
recursos a serem explorados e como um receptáculo de resíduos com capacidade
inesgotável. No entanto, as limitações do Meio Ambiente, tanto como fonte de
insumos para produção quanto como depósitos de resíduos são evidentes.
Tornando necessário, desenvolver novos instrumentos de análise econômica para
incorporar os efeitos das atividades de produção e consumo sobre o meio ambiente
e valorá-lo adequadamente como um bem da sociedade. Os danos que os
diferentes tipos de poluição provocam ao homem, à fauna, à flora, aos recursos
naturais, às condições climáticas e aos materiais, necessitam de estudos
econômicos do meio ambiente, para se obter uma avaliação das perdas financeiras,
e quando possível, das perdas intangíveis.
Na área ambiental, a perícia envolve diversos aspectos técnicos complexos,
resultado das próprias características multidisciplinares que envolvem as ciências
ambientais. Dentre estes aspectos, um dos temas que ainda desafia o trabalho dos
peritos é o método de valoração dos danos ambientais.
Tal método é de crucial importância para o resguardo dos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade.
● Valorar significa atribuir preço a algo sujeito a contingências
econômicas, antrópicas e naturais. Caso os recursos naturais fossem
inesgotáveis, não existiria a necessidade de legislação protecionista e
da valoração econômica de danos ambientais. Entretanto, grande
parte dos ativos naturais está sujeita à exploração e degradação, e a
valoração de externalidades é necessária.

Danos causados ao meio ambiente geram custos que impactam as contas


nacionais. Portanto, o estoque de capital natural e suas perdas não autorizadas pelo
Estado precisam ser contabilizados para efeitos de reparação.
Enquanto provedor de serviços essenciais, o capital natural é
reconhecidamente dotado de valor econômico. No entanto, a característica de bens
públicos assumida pelos elementos estruturais do capital natural faz com que os

66
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

seus valores econômicos não sejam adequadamente capturados pelo mercado.


Criar mecanismos para que os valores dos serviços prestados pelo capital natural
sejam internalizados de maneira apropriada pelo sistema econômico representa um
desafio na medida em que as abordagens convencionais até então utilizadas para a
valoração dos serviços ecossistêmicos 5 enfatizam ou o sistema econômico ou os
ecossistemas, não se preocupando com as inter-relações entre os dois sistemas e
com os aspectos éticos e normativos dos valores dos serviços ecossistêmicos.
Além disso, tais abordagens são estáticas ou quase estáticas, não
acompanhando as trajetórias dos valores dos serviços ecossistêmicos associadas à
evolução das estruturas do capital natural. Faz-se necessário uma valoração
dinâmico-integrada dos serviços ecossistêmicos, que amplie o escopo dos
exercícios valorativos até então realizados. Além de considerar a dinâmica
ecológica, uma verdadeira valoração dinâmica integrada deveria incluir também as
visões que diferentes grupos de indivíduos têm sobre as diversas categorias de
serviços ecossistêmicos e suas dimensões culturais e éticas. Não basta apenas
ampliar o cenário de valoração, incorporando aspectos de dimensões ecológicas e
biofísicas. É preciso reconhecer que os seres humanos possuem uma racionalidade
limitada e que é necessário ponderar quesitos de ordem social.
A atribuição de valor às coisas ou às ações é um produto de extrema
relatividade. A atividade econômica, que subsiste da troca de mercadorias e
serviços por um valor monetário engloba um contexto social delimitado. Assim, não
tem sentido falar em valor de alguma coisa sem contextualizar as regras de vida em
sociedade. Quando se pensa em atribuir valor à natureza logo vem a ideia que há
coisas de valor inestimável: a vida, a liberdade, a água, o ar, a biodiversidade, etc.
Por outro lado, as pessoas aceitam que, para viver em sociedade, é preciso regras
de convívio que resultam em direitos e deveres.
Portanto, a imprecisão do critério de valoração não é empecilho para a
fixação de valor de indenização, pois, o que interessa, de fato, é que seja
determinado um valor que indique ao degradador que essas condutas não lhe

5
Serviços ecossistêmicos são definidos como as contribuições diretas e indiretas dos ecossistemas à economia
e ao bem estar da humanidade, e podem ser inicialmente classificados em quatro categorias: PROVISÃO -|
alimentos, água, matérias primas como madeiras e fibras, biocombustíveis, recursos genéticos, medicinais ou
ornamentais, etc. REGULAÇÃO - clima, polinização, controle biológico de pragas e doenças, purificação da
água, etc. SUPORTE -| manutenção dos ciclos de vida de espécies migratórias e da divers idade biológica
CULTURAL - recreação, turismo, inspiração cultural, etc.

67
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

rendem bons resultados. Dada a necessidade de pragmatismo na aplicação da


valoração de dano ambiental à questão criminal, a opção pela via neoclássica nesta
proposta de aplicação do método não significa rejeição à visão holística da questão,
porém, para tanto, há necessidade de pesquisas para que o entendimento dos
complexos fenômenos naturais sejam mais bem avaliados no contexto
socioeconômico.
Conforme a Economia do Ambiente (CAMPOS JÚNIOR, 2003), o valor dos
bens ambientais pode ser representado pela formulação VET = (VUD + VUI + VO
+ VE) que é constituída por um conjunto menor de valores que abarcam as
diferentes possibilidades de uso econômico que podem ser feitos do meio ambiente.
Assim o valor econômico total (VET) constitui-se em valor de uso e valor de não
uso, os quais se subdividem da seguinte forma:
● Valor de uso direto (VUD): valor que os indivíduos atribuem a um
recurso ambiental pelo fato de que dele se utilizam diretamente, por
exemplo, na forma de extração, de visitação ou outra atividade de
produção ou consumo direto.
● Valor de uso indireto (VUI): valor que os indivíduos atribuem a um
recurso ambiental quando o benefício do seu uso deriva de funções
ecossistêmicas, como, por exemplo, a contenção de erosão e a
reprodução de espécies marinhas pela conservação de florestas de
mangue.
● Valor de opção (VO): valor que o indivíduo atribui em preservar
recursos que podem estar ameaçados, para usos direto e indireto no
futuro próximo. Por exemplo, o benefício advindo de terapias genéticas
com base em propriedades de genes ainda não descobertos de
plantas tropicais.
● Valor de não uso ou valor de existência (VE): valor que está
dissociado do uso (embora represente consumo ambiental) e deriva de
uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos
direitos de existência de outras espécies que não a humana ou de
outras riquezas naturais, mesmo que estas não representem uso atual
ou futuro para ninguém. Um exemplo claro deste valor é a grande
mobilização da opinião pública para o salvamento dos pandas ou das

68
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

baleias, mesmo em regiões em que a maioria das pessoas nunca


poderá estar ou fazer qualquer uso de sua existência.

A valoração ambiental no escopo da perícia de crimes ambientais deverá se


utilizar do método que garanta uma estimativa plausível, cientificamente
fundamentada e exequível para a rotina e demanda crescentes de apuração de
crimes ambientais nos órgãos periciais brasileiros. A seleção do método deve ser
precedida do estudo aprofundado de suas potencialidades e limites, coletando-se os
dados técnico-periciais que possam subsidiar os cálculos dos componentes do valor
econômico total do objeto da perícia. Nessa linha o método mais adequado será
função do tipo, magnitude e localização do dano em questão, ou seja, a adoção do
método dependerá do objetivo da valoração.
A principal vantagem dos métodos baseados nas funções de demanda é
utilizarem a disposição a pagar (ou a ser compensado), obtida em entrevistas, ou a
utilização de mercados hipotéticos, capazes de captar os valores de uso e de não-
uso na composição do valor econômico total do recurso ambiental. Por sua vez, os
métodos lastreados na função de produção são bastante úteis e objetivos à perícia
criminal para medir as alterações na disponibilidade dos recursos ambientais,
decorrentes dos danos associados a uma intervenção não autorizada no meio
ambiente.
A valoração é estimada a partir da precificação dos insumos que podem
substituir o bem ou serviço afetado pela degradação. No entanto, tais métodos não
são capazes de estimar os valores de não uso, subestimando de forma grave o
valor do recurso natural. Nas aplicações de valoração em casos de apuração de
danos em crimes ambientais, a perícia criminal ainda não se utiliza das técnicas de
construção de mercados hipotéticos, pesquisas baseadas em questionários ou
preços hedônicos como os apresentados nos métodos em função da demanda. A
obtenção de informações por meio de tais técnicas seria uma quebra de paradigma
no trabalho de perícia criminal, que tem por princípio examinar vestígios de fatos e
não resultados de pesquisas. A complexidade metodológica e os vieses esperados
para aplicação de entrevistas ou avaliações em um ambiente marcado por
apurações policiais ou da justiça criminal não recomendam a aplicação generalizada
desses métodos pela perícia criminal. Ao não registrar a disposição a pagar ou a

69
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

aceitar, captadas pelos Métodos de Valoração Contingente, Custo de Viagem e


Preços Hedônicos.
● Método de Valoração Contingente – MVC: tem como premissa a ideia
de que o consumidor tem suas preferências e restrição orçamentária e
com isso elas revelam sua disposição a pagar (DAP) por determinado
bem ou serviço, ou a disposição a aceitar (DAC) uma perda. Para
conhecer qual a DAP de cada indivíduo é necessário o
questionamento direto a uma amostra da população, a partir de um
mercado hipotético. Por meio de surveys (entrevistas) será possível
conhecer as preferências de cada indivíduo a respeito do bem
ambiental. É o único capaz de encontrar o Valor de Existência;
● Método de Preço Hedônico – MPH: Nogueira et al, 2000 declaram que
o MPH objetiva conhecer as peculiaridades de um bem privado.
Dessa forma, é possível verificar atributos que sejam complementares
ao bem ou serviços ambientais a assim, avaliar o preço implícito dos
atributos. O preço hedônico é toda alteração no valor de um bem, que
é causada pela modificação de algum atributo nele inserido. A decisão
de pagar um valor mais alto devido à presença de algum atributo
particular representa seu preço hedônico.
● Método de Custo de Viagem – MCV: expõe o valor monetário total
utilizado para usufruir das áreas verdes. Gastos referentes a
transporte, alimentação, etc. O Método de Custo de Viagem tem por
finalidade estimar o valor do benefício existente em áreas verdes a
partir da recreação, utilizando o gasto e o tempo para chegar ao local
escolhido.

Os métodos de valoração ambiental apresentam vieses que merecem


atenção por parte dos pesquisadores a fim de se evitar distorções de resultados.
Porém, devido à relevância dos vieses para que se obtenha uma melhor
confiabilidade dos resultados, destaca-se que:
O método de preços hedônicos, por exemplo, requer um levantamento de
dados minucioso. Principalmente sobre atributos outros que não os ambientais,
como: características da propriedade, o que quer dizer, tamanho, grau de

70
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

conservação, benfeitorias, facilidades de serviços, comerciais, transporte e


educação; qualidade do local, vizinhança e taxa de criminalidade.
O bem ou serviço ambiental em questão tem que estar precisamente
definido, pois o consumidor somente irá valorar com base em uma qualidade geral
do ambiente. Outro importante viés deste método está na possibilidade de que
preços de propriedade estejam subestimados por razões fiscais, com a finalidade de
se reduzir o valor do imposto de transmissão da propriedade ou para reduzir
variações patrimoniais. O que habitualmente é praticado para contornar esta
situação é a utilização de valores de aluguel em lugar dos preços de transferência
da propriedade.

A escolha do método mais apropriado pode ser separada em três etapas pré-
definidas.
● Etapa 1: identificação dos valores econômicos do recurso ambiental.
○ Esta etapa é básica para o processo de valoração e requer dois
procedimentos admitindo que variações na disponibilidade do
recurso ambiental afeta o bem-estar dos indivíduos.
● Etapa 2: estimação dos valores de uso.
○ Esta etapa indica hipóteses do funcionamento do mercado
apresentando seis situações de possibilidade e os oito
procedimentos resultantes.
● Etapa 3: estimação dos valores de existência.
○ Esta etapa restringe-se ao procedimento de uso do método de
valoração contingente, que é teoricamente o único que poderá
captar o valor de existência na situação onde um mercado
hipotético pode ser construído.

Com base nas quantidades de variáveis, algumas subjetivas, cabe destacar a


profusão de métodos de valoração e a ausência de consenso na literatura no
sentido de destacar um tipo de método mais utilizado para os diversos segmentos
industriais existentes.

71
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

QUESTÕES

1. (FUNIVERSA - 2015) Segundo a Lei de Crimes Ambientais (Lei n.°


9.605/1998), que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, nos crimes contra a
fauna, em seu artigo 29, § 5.º, em virtude de agravamento de atividade ou
conduta, as penas poderão ser aumentadas em até o triplo se essas
atividades
a. forem realizadas em período noturno.
b. incluírem matar ou transportar espécimes da fauna silvestre, nativas
ou migratórias, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de
seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro.
c. forem decorrentes do exercício de caça profissional.
d. incluírem matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo
com a obtida.
e. forem realizadas com abuso de licença.

2. (IBFC - 2013) A valorização dos danos causados ao meio ambiente é


motivada pela Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605) que dita em seu Art. 19:
A perícia da constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o
montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo
de multa. Ainda em seu parágrafo único: A pericia produzida em seu inquérito
cível ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal,
instaurando-se o contraditório. O Estado se utiliza de métodos simplificados
no processo de avaliação, que devem seguir critérios. Assinale o item que
não é critério dessa metodologia:
a. Simplicidade – o método deve ser de baixo custo, de fácil
compreensão e de rápida implementação.
b. Reconhecimento legal
c. Estimativa fixa dos danos.
d. Transparência.

72
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

e. Estimativas do valor de uso e não uso, que não devem ser


tendenciosas.

3. (VUNESP - 2016) O princípio que define que a proteção ao meio ambiente


deve ser amplamente observada pelos estados, de acordo com suas
capacidades, e que, quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis,
a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão
para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a
degradação ambiental é o princípio:
a. da precaução.
b. do poluidor-pagador
c. de ação e casualidade.
d. do contraditório.
e. da insignificância.

4. (SCGás - 2014) No que concerne a Lei de Crimes Ambientais é correto


afirmar:
I. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à
qualidade do meio ambiente.
II. A responsabilidade das pessoas jurídicas exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
III. Não é crime o abate de animal, quando realizado em estado de
necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família.
IV. É considerado crime destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer
modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em
propriedade privada alheia.
A sequência correta é:
a. Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
b. Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.
c. Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.
d. Apenas a assertiva II está correta.

73
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

GABARITO

1. C
2. C
3. A
4. C

74
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

UNIDADE 04

AUDITORIA AMBIENTAL

Caro (a) Aluno (a)


Seja bem-vindo (a)!

Nesta quarta e última unidade verificaremos os principais aspectos e


conceitos fundamentais aplicados Auditoria Ambiental suas normatizações e fases
da auditoria.

Conteúdo da Unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 08 e 09). No capítulo
05 abordaremos Auditoria Ambiental (fundamentação), normas que compõem a
auditoria ambiental, ISO 14001 e SGA. No capítulo 06 verificaremos as Fases da
auditoria.

Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos, à medida


que for estudando.

75
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 8.
AUDITORIA AMBIENTAL

Auditoria é o trabalho do auditor. Auditor é uma palavra etimologicamente


latina, que vem de auditore, ou aquele que ouve, ouvidor. Fazer auditoria significa
comparar práticas operacionalizadas com procedimentos normatizados ou
previamente estabelecidos.
Segundo SOUZA (2018), a auditoria nasceu na era antes de Cristo na Antiga
Suméria, e em seguida, surgiu nas províncias romanas no primeiro século depois de
Cristo; porém, foi no século 18 na Inglaterra, com a Revolução Industrial, que houve
grande desenvolvimento da auditoria mediante o surgimento das grandes empresas,
das necessidades por parte dos investidores de acompanhamento do capital
investido e da taxação do imposto de renda com base no lucro. Os usos e costumes
de auditoria antecederam o alvará de 18 de junho 1808, que previa introdução da
obrigatoriedade do uso dos serviços de auditoria independente na Real Fazenda
Portuguesa, uma vez que partidas dobradas – nome dado aos registros de
transações financeiras – já eram utilizadas por volta de 1790.
A auditoria estende ou reduz a extensão da prova em função da
confiabilidade que lhe inspira a estrutura do controle interno. A realização do
trabalho de auditoria, por via de regra, é permanente, continuado, permitindo ao
auditor formar e acumular conhecimento sobre a entidade auditada. É precedida de
planejamento, contemplando a avaliação dos controles internos e o exame acurado
da coisa auditada.
A concepção em relação à auditoria ambiental, atualmente, não é de apenas
verificar se as empresas estão cumprindo a legislação ambiental, mas,
principalmente, verificar se os objetivos das organizações estão sendo alcançados.
As organizações têm visualizado na auditoria ambiental uma ferramenta que pode
auxiliar na correção de rotas e na avaliação de objetivos previamente determinados.
A ISO série 14.000 cobre suas áreas, tanto no nível do SGA, realizando a avaliação
do desempenho ambiental e da auditoria ambiental, quanto na rotulagem ambiental,
por meio da análise do ciclo de vida e aspectos ambientais dos produtos.
A auditoria ambiental pode ser aplicada de forma compulsória e/ou preventiva
nas organizações, no desenvolvimento de produtos, no sistema de gestão, nos

76
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

processos administrativos, financeiros e contábeis, com o objetivo de investigação


das informações. Visa verificar se o controle interno é eficiente ou não e buscar sua
eficácia. É também uma forma de avaliação dos processos operacionais e
produtivos das empresas, visando identificar possíveis danos ao meio ambiente,
quantificar contingências e preparar a empresa para receber certificações.
A partir da última década, tem crescido a importância das questões
relacionadas com o meio ambiente, especialmente nas atividades ligadas à indústria
e ao comércio, o que vem afetando significativamente a vida das empresas. Isto tem
se dado com ênfase nos países mais industrializados, especialmente da América do
Norte e da Europa Ocidental. A partir destes países, as preocupações de caráter
ambiental com os processos industriais de produção e seus produtos, uso e
posterior descarte, tem se refletido nas relações comerciais entre países, produtores
e importadores. Até há bem pouco tempo, os aspectos normativos relacionados a
tais questões ambientais eram contemplados nas normas técnicas estabelecidas
para produtos, e dimensionados por valores limites, que deveriam ser respeitados.
O atendimento aos padrões referidos eram comprovados através de ensaios
normatizados. A ISO (International Standardization Organization) é uma
organização não governamental fundada em 1947, com sede em Genebra, na
Suíça, que atua como uma federação mundial de organismos nacionais de
normatização. A ISO conta atualmente com mais de 100 membros, sendo um único
membro de cada país, entre eles a ABNT6 (Associação Brasileira de Normas
Técnicas).
A partir de 1971, a ISO constituiu três comitês técnicos, para tratar
exclusivamente da normatização de métodos e análises ambientais: o TC-146 -
Qualidade do Ar, o 56 TC-147 - Qualidade da Água, e o TC-190 - Qualidade do
Solo. A partir daí, a importância dada à normatização ligada aos aspectos
ambientais tem aumentado constantemente.
A Série ISO 14000 é resultado de um processo evolutivo iniciado em 1978
com a iniciativa alemã do selo ecológico “Anjo Azul“, em 1992 utilizando a
experiência com a norma britânica BS 7750, com versão definitiva publicada em

6
O Brasil participa da ISO através da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A ABNT é uma
sociedade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940 e reconhecida pelo govern o brasileiro como o Fórum
Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. É o órgão
responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico
brasileiro, cujo objetivo principal é promover a elaboração de normas em diversos domínios de atividades. Além
disso, a ABNT pode efetuar a certificação de produtos e sistemas.

77
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

fevereiro de 1994. A Série ISO 14000 é um grupo de normas que fornece


ferramentas e estabelece um padrão de Sistemas de Gestão Ambiental. Através
dela, a empresa poderá sistematizar a sua gestão através de uma política ambiental
que vise à melhoria contínua em relação ao meio ambiente.
Tal série aborda diversos temas como os Sistemas de Gestão Ambiental
(SGA), a auditoria ambiental, a avaliação de desempenho ambiental, dentre outros
do conjunto ambiental.
Os elementos-chave, ou os princípios definidores de um Sistema de Gestão
Ambiental baseados na NBR Série ISO 14001, através dos quais podem ser
verificados os avanços de uma empresa em termos de sua relação com o meio
ambiente, são: (1) Política ambiental; (2) Planejamento; (3) Implementação e
operação; (4) Verificação e ação corretiva; (5) Análise crítica. Na implementação de
um SGA, contudo, o primeiro passo deve ser a formalização por parte da direção da
empresa, perante a sua corporação, do desejo da instituição em adotar um SGA,
deixando claro suas intenções, e enfatizando os benefícios a serem obtidos com a
sua adoção. Isso se traduz em comprometimento de sua alta administração, ou, em
alguns casos, dos gerentes e chefias de suas unidades, com a realização de
palestras de conscientização e de esclarecimentos da abrangência pretendida,
realização de diagnósticos ambientais, definição formal do grupo coordenador,
definição de um cronograma de implantação, e, finalmente, no lançamento oficial do
programa de implantação do SGA.
No Brasil a ISO é representada pela ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas. As empresas que buscam credibilidade no mercado têm
desenvolvido seu SGA com base nessas normas, pois visão a certificação visto que,
a NBR ISO 14001 é a única certificável desse conjunto e empresas que detêm esse
certificado ganham além da credibilidade, a sua positiva reafirmação em seu
mercado de atuação.
Segundo AMORIM (2018) as normas que compõem esta série são:
● ISO 14001:1996- Sistemas de Gestão Ambiental - Especificação e
diretrizes para uso (válida até maio de 2006 para empresas
certificadas até 15 de maio de 2005).
● ISO 14001:2004 - Sistemas de Gestão Ambiental - Requisitos com
orientação para uso

78
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● ISO 14004:1996- Sistemas de Gestão Ambiental - Diretrizes gerais


sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio (versão 2004 em
elaboração)
● ISO 19011:2002 – Diretrizes para auditoria em sistema de gestão da
qualidade e ou ambiental
● ISO 14015:2001 - Gestão Ambiental - Análise ambiental de lugares e
organizações
● ISO 14020:2000- Rotulagem e declarações ambientais - Princípios
gerais
● ISO 14021:1999- Rotulagem e declarações ambientais - Auto
declaração das exigências ambientais (Tipo II Rotulagem Ambiental)
● ISO 14024:1999- Rotulagem e declarações ambientais - Tipo I
Rotulagem ambiental - princípios e procedimentos
● ISO/DIS 14025 - Rotulagem e declarações ambientais - Tipo III
Declarações ambientais – princípios e procedimentos
● ISO 14031:1999- Gestão Ambiental- Avaliação do desempenho
ambiental- Diretrizes
● ISO/TR 14032:1999- Gestão Ambiental - Exemplos de avaliação de
desempenho ambiental- (EPE)
● ISO 14040:1997- Gestão Ambiental- Análise do ciclo de vida-
Princípios e estrutura
● ISO/DIS 14040 - Gestão Ambiental- Análise do ciclo de vida-
Princípios e estrutura
● ISO 14041:1998- Gestão Ambiental - Análise do ciclo de vida -
Objetivos, definição do escopo e análise do inventário
● ISO 14042:2000- Gestão Ambiental- Análise do ciclo de vida - Análise
dos impactos
● ISO 14043:2000- Gestão Ambiental- Análise do ciclo de vida-
Interpretação do ciclo de vida
● ISO/DIS 14044 - Gestão Ambiental- Análise do ciclo de vida –
Requerimentos e diretrizes
● ISO/TR 14047: 2003 - Gestão Ambiental- Análise do ciclo de vida-
Exemplos de aplicação da ISO 14042

79
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● ISO/TS 14048:2002 - Gestão Ambiental - Análise do ciclo de vida -


Formato dos dados da documentação
● ISO/TR 14049:2000 - Gestão Ambiental - Análise do ciclo de vida -
Exemplos de aplicação da ISO 14041, definição de metas e escopo e
analise do inventário (em construção)
● ISO 14050:2002 - Gestão Ambiental- vocabulário
● ISO/AWI 14050 - Gestão Ambiental- vocabulário
● ISO/TR 14062: 2002 - Gestão ambiental - Integrando dos aspectos
ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos
● ISO/DIS 14063- Gestão ambiental – Comunicações ambiental –
Diretrizes e exemplos
● ISO/DIS 14064 - 1 – Diretrizes para medição, verificação e relatório de
entidades e projetos emissões de gás da estufa (Greenhouse gases --
Part 1: Specification with guidance at the organization level for
quantification and reporting of greenhouse gas emissions and
removals)
● ISO/DIS 14064-2 Greenhouse gases -- Part 2: Specification with
guidance at the project level for quantification, monitoring and reporting
of greenhouse gas emission reductions or removal enhancements
● ISO/DIS 14064-3 Greenhouse gases -- Part 3: Specification with
guidance for the validation and verification of greenhouse gas
assertions
● ISO/WD 14065 Greenhouse gases -- Requirements for greenhouse
gas validation and verification bodies for use in accreditation or other
forms of recognition - Guia ISO/AWI 64 - Guia para inclusão dos
aspectos ambientais na padronização dos Produtos

A implementação do ISO 14001 permite descobrir desperdícios e processos


ineficientes, tornando possível a fabricação de mais produtos com menor
quantidade de matérias-primas e criando menor quantidade de resíduos.
É possível relacionar as principais motivações para a implantação da ISO
14001 com os benefícios que a certificação proporciona, que são:
● Abertura de mercados domésticos e internacionais;
● Melhoria na gestão como um todo;

80
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Aumento da satisfação dos consumidores;


● Resposta à legislação específica de cada país;
● Padronização dos procedimentos de gestão ambiental nas operações
internas;
● Redução do desperdício e economia de recursos utilizados no
processo (redução de custos);
● Melhoria da imagem da empresa;
● Aumento da consciência ambiental na cadeia de suprimentos;
● Desenvolvimento de procedimentos de produção limpa;
● Atendimento às pressões dos grupos externos;
● Melhoria no desempenho ambiental como um todo.

Porém tais benefícios somente serão alcançados se vinculados a fatores


como comprometimento da alta direção, gestão da mudança e monitoramento dos
aspectos externos, sociais e técnicos. Quanto às dificuldades para sua implantação,
destacam-se a alta dependência do comprometimento dos empregados e,
consequentemente, a forma como foram motivados para isto, as falhas na
comunicação e as distorções nas estruturas de poder .
O SGA faz parte de um esforço integrado e contínuo de toda a organização
de um empreendimento na busca pela excelência ambiental, no quadro da
prevenção e da melhoria contínua do seu desempenho a esse nível, com vista a um
desenvolvimento sustentável. O SGA atua como uma ferramenta para estabelecer
práticas e procedimentos visando à mitigação dos impactos resultantes dos
aspectos ambientais relacionados aos processos produtivos de um
empreendimento. Dessa forma, em suma, o SGA atua como uma ferramenta que
levanta os impactos ambientais relevantes e estabelece práticas e procedimentos
para monitorá-los e mitigá-los de maneira a buscar a melhoria contínua do
desempenho a este respeito.
A política ambiental, que é um dos requisitos da ISO 14001, obriga as
empresas a se comprometerem com a prevenção e combate da poluição e ainda
possuir programas de melhoria contínua. Fundamentalmente foi constituída para
cuidar de questões que se referem à diminuição e/ou eliminação das várias formas
de poluição e impactos adversos de correntes, bem como à racionalização do

81
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

consumo de recursos naturais renováveis e/ou não renováveis e otimização de


impactos benefícios.
Definida a política ambiental, a administração responsabiliza-se pelo
planejamento capaz de mapear e analisar os impactos ambientais causados por
suas atividades, serviços e produtos, buscando identificar as principais formas de
minimizá-los. O planejamento deve estar sempre em diálogo com as exigências
legais, com as metas e objetivos da empresa, assim como seus recursos financeiros
e tecnológicos disponíveis. A partir deste diagnóstico circunstanciado, torna-se
possível a definição de programas de gestão ambiental coerentes com a realidade
da empresa e que possibilitem o alcance de seus objetivos.
Importante frisar a necessidade de os programas serem constantemente
revisados e atualizados de acordo com a alteração ou inserção de novas atividades
produtivas e serviços na empresa. Em relação à implementação e à operação do
Sistema de Gestão Ambiental, entende-se que estas envolvem uma série de
procedimentos que passam por toda estrutura organizativa e por processos
produtivos da empresa. Desta maneira, tornam-se necessárias a definição, a
documentação e a atribuição de responsabilidades, de forma que o processo de
gestão ambiental seja eficiente, e o sistema executado seja constantemente
aprimorado. Some-se a isso a importância de se realizar treinamento das equipes e
trabalhos de conscientização para que seja reconhecida a importância da
participação dos colaboradores na implementação do SGA, assim como a
responsabilidade social e o envolvimento da empresa nas questões ambientais.
Todas as ações definidas pela empresa como necessárias para a
implementação da política ambiental e do SGA devem passar, periodicamente, por
um processo de monitoramento para se avaliar seu desempenho e realizar ajustes,
quando necessários. Ademais, salienta-se a importância de uma análise crítica
realizada pela alta administração da empresa, a fim de avaliar a eficiência da
execução do sistema de gestão ambiental, pois a implantação de um SGA não
garante seu gerenciamento. Assim, é necessário que o sistema passe por
monitoramento constante, a fim de avaliar qualitativa e quantitativamente o quanto
as medidas estão sendo eficazes. O levantamento de informações adequadas
contribui para a tomada de ações preventivas/corretivas frente às metas e para
alinhar os objetivos do SGA com as estratégias organizacionais.

82
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

CAPÍTULO 9.
FASES DA AUDITORIA
(PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E CONCLUSÃO)

“A auditoria ambiental é um processo sistemático e documentado de


verificação, realizado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria
para determinar se as atividades, eventos, sistemas de gestão e condições
ambientais especificados, ou as informações relacionadas a estes estão em
conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste
processo ao cliente.” (definição da norma ISO 14.010). Critérios de auditoria são os
procedimentos, práticas e requisitos que são utilizados pela empresa ou auditor
como padrões para avaliar as práticas operacionais da empresa auditada, sua
documentação e outras atividades previstas na contratação da auditoria.
Segundo FISCHER (2013) a Auditoria Ambiental possui diversos intuitos,
podendo visar ao licenciamento, à certificação ou à conservação da biodiversidade.
Logo, torna-se importante conhecermos os tipos de auditorias existentes, que vão
além dos já citados e que se relacionam direta ou indiretamente com questões
ambientais. O objetivo das auditorias ambientais pode ser classificado como:
● Auditoria de conformidade legal (compliance): ferramenta utilizada
para verificar a real situação da empresa mediante a legislação
ambiental vigente no país;
● Auditoria de desempenho ambiental: avalia a conformidade da unidade
auditada com a legislação, os regulamentos aplicáveis e os
indicadores de desempenho ambientais setoriais aplicáveis à unidade;
● Auditoria de sistema de gestão ambiental: avalia o cumprimento dos
princípios estabelecidos no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da
empresa e suas adequações e eficácias;
● Auditoria de certificação: avalia a conformidade da empresa com
princípios estabelecidos nas normas pela qual a empresa esteja
desejando se certificar;
● Auditoria de descomissionamento (decommissiong): avalia os danos
ao ecossistema e à população do entorno de alguma unidade

83
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

empresarial, em consequência de sua desativação (paralisação


definitiva de suas atividades);
● Auditoria de responsabilidade: destinada a avaliar o passivo ambiental
das empresas, ou seja, as responsabilidades ambientais das
empresas. Geralmente é usada nas ocasiões de fusões, aquisições
diretas ou indiretas ou de refinanciamento de empresas;
● Auditoria de sítios: destinada a avaliar o estágio de contaminação de
um determinado local;
● Auditoria pontual: destinada a otimizar a gestão dos recursos, a
melhorar a eficiência do processo produtivo e, consequentemente,
minimizar a geração de resíduos, o uso de energia ou de outros
insumos.

Além dessa conceituação de tipos de auditorias existentes, é importante


consideramos sua classificação quanto à forma de aplicação da mesma e ao
envolvimento dos profissionais auditores; assim, podem ser classificadas como:
● Auditoria Interna: realizada periodicamente pelos funcionários da
própria empresa ou contratados por ela, geralmente, como preparação
para auditorias de terceira ou segunda parte ou para verificação da
conformidade do sistema de gestão;
● Auditoria de Segunda Parte (Externa): são realizadas por terceiros,
que tenham interesse no resultado da auditoria. São, por exemplo,
fornecedores, clientes e outras partes interessadas, porém sem o
objetivo de certificação. Geralmente são utilizadas para a verificação
de empresas durante um processo de contratação e, por isso podem
se basear em critérios definidos pelo realizador da auditoria;
● Auditoria de Terceira Parte (Externa): são as auditorias de certificação,
recertificação, ou manutenção do certificado. São realizadas sempre
por terceiros independentes, que não tenham interesses no resultado
da auditoria, geralmente um órgão certificador.

Quanto ao objeto, as auditorias dividem-se em auditorias de produto, de


processo e de sistemas. As auditorias de conformidade legal são realizadas para
verificar a concordância dos procedimentos com os requisitos legais ou com códigos

84
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

empresariais e compromissos voluntariamente assumidos pela empresa; as


auditorias de sistema de gestão ambiental são realizadas para verificação da
concordância dos resultados reais com os requisitos da norma de gestão ambiental
adotada, da política ambiental, de padrões internos e metas da Companhia, para
verificar o comprometimento e responsabilidades dos administradores, para avaliar
as práticas operacionais da empresa, com os objetivos e metas tais como redução
riscos, limites de emissões, economias de custos, eficiência de operações, etc.,
conforme definido em seu escopo (definição inicial sobre os objetivos da auditoria).
As auditorias ambientais servem para determinar a eficiência de um sistema de
gestão implantado e proporcionam ao auditor uma oportunidade para melhorar esse
sistema. As auditorias são realizadas por meio do exame de documentos e
registros, entrevistas pessoais, inspeções da fábrica, reuniões, medições e ensaios,
etc., em um processo denominado obtenção de “evidências de auditoria”, devendo
ser finalizada com relatórios escritos e exposição oral aos diretores e outros
funcionários de níveis mais elevados da empresa. A comparação dos objetivos e
metas, e requisitos legais, com os valores reais alcançados permitem concluir sobre
o desempenho ambiental do setor que, consolidado aos outros setores fornece um
retrato da situação da empresa.
Dentre as vantagens que a auditoria ambiental oferece à organização,
segundo quando há comprometimento da direção da empresa e indisponibilidade
de recursos para aplicar a auditoria, visando a corrigir as não-conformidades
detectadas, a auditoria ambiental permite obter, dentre outros, os seguintes
benefícios:
● Identificação e registro das conformidades e das não-conformidades
com a legislação, com regulamentações e normas e com a política
ambiental da empresa (caso exista);)
● Prevenção de acidentes ambientais;
● Melhor imagem da empresa junto ao público, à comunidade e ao setor
público;
● Provisão de informação à alta administração da empresa, evitando-lhe
surpresas;
● Assessoramento aos gestores na implementação da qualidade
ambiental na empresa;

85
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

● Assessoramento à alocação de recursos (financeiro, tecnológico,


humano) destinados ao meio ambiente na empresa, segundo as
necessidades de proteção do meio ambiente e as disponibilidades da
empresa, descartando pressões externas;
● Avaliação, controle e redução do impacto ambiental da atividade;
● Minimização dos resíduos gerados e dos recursos usados pela
empresa;
● Promoção do processo de conscientização ambiental dos
empregados;
● Produção e organização de informações ambientais consistentes e
atualizadas do desempenho ambiental da empresa, que podem ser
acessadas por investidores e por outras pessoas físicas ou jurídicas
envolvidas nas operações de financiamento e/ou transações da
unidade auditada;
● Facilidade na comparação e intercâmbio de informações entre as
unidades da empresa.

A auditoria ambiental, quando usada como instrumento de controle,


abarcando critérios e medidas estipuladas com o objetivo de evitar a degradação
ambiental e possíveis acidentes, necessariamente deverá envolver todos os
membros da unidade auditada, e especialmente contar com o comprometimento da
alta direção da empresa, para tomar atitudes de proteção do meio ambiente e a
adoção das medidas corretivas que se façam necessárias. Para que haja
consistência nos resultados, é importante que as auditorias ambientais, nas diversas
unidades das empresas e nos distintos períodos, sigam padrões semelhantes de
abrangência, definição de escopo e de período a ser analisado na auditoria;
procedimentos e metodologia aplicada, além do uso de instrumentos adequados.
Portanto, de suma importância que se tenha bem clara as matérias que
compreendem as atividades do objeto da auditoria, os princípios de comportamento
ambiental e a ocasião para que é considerada, podendo ser conforme as seguintes
fases: a de incubação (pré-auditoria); a fase de âmbito (auditoria) e a fase de
reportagem (pós-auditoria), conforme a seguir:

● PRÉ-AUDITORIA ( Planejamento )

86
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

○ Definição do objetivo da auditoria. Trata-se de uma reunião


entre o auditor e o cliente onde são definidos a Unidade a ser
auditada, confirmação de datas e dos recursos técnicos
disponíveis.
○ Formação da Equipe de auditores.
○ Coleta de informações, ou seja, discussão do escopo, revisão
da auditoria anterior, estudo do Processo Industrial e de
procedimentos.
○ Elaboração do plano de auditoria onde deve constar da
identificação dos tópicos prioritários, preparação dos protocolos,
check-list, guias e alocação de recursos (humanos e materiais).

● AUDITORIA (Trabalho de campo)


○ Compreensão do sistema de gestão. Há necessidade de
reunião de abertura, inspeção de área acompanhada pelo
auditado, questionário de controles, entrevistas e revisão das
práticas e procedimentos.
○ Verificação do sistema de gestão, ou seja, verificação das
conformidades e não conformidades dos sistemas de gestão,
verificação dos riscos inerentes e verificação dos controles
inerentes.
○ Coleta de evidências para avaliação e verificação, além da
revisão das documentações e procedimentos.
○ Relatório das descobertas da auditoria.

● PÓS-AUDITORIA ( Conclusão )
○ Preparação e distribuição de minuta do relatório.
○ Revisão da minuta do relatório.
○ Elaboração e distribuição do relatório final.
○ Desenvolvimento do plano de ação, constando de propostas de
ação corretiva, definição de responsabilidades pela execução
do plano de ação e definição dos prazos para execução.
○ Acompanhamento do plano de ação.

87
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

QUESTÕES

1. (FUNIVERSA - 2010) A auditoria ambiental pode ser classificada conforme


seus objetivos. Assinale a alternativa incorreta em relação a esse tema.
a. Auditoria ambiental de verificação de correções tem por fim verificar se
as não conformidades de auditorias anteriores foram corrigidas.
b. Auditoria compulsória visa cumprir exigência legal referente à
realização de auditoria ambiental.
c. Auditoria ambiental de sítio é destinada a avaliar o grau de
contaminação de áreas específicas.
d. Auditoria ambiental de certificação tem por objetivo produzir uma
declaração ou certificado, com atestado de que os critérios de
auditoria são cumpridos pela organização auditada.
e. Auditoria ambiental de acompanhamento é utilizada na avaliação para
fusões, aquisições e refinanciamento de empresas, e também na
desativação de atividades industriais.

2. (IF-RS - 2015) Sobre a auditoria ambiental, assinale a resposta CORRETA:


a. Os procedimentos adotados na auditoria ambiental são muito
diferentes aos utilizados nas auditorias de qualidade e nas de
segurança e prevenção de acidentes.
b. Quando o motivo de uma auditoria for a certificação do
estabelecimento, de acordo com um sistema de gestão ambiental
específico, pode ser realizada pelo próprio estabelecimento.
c. A auditoria pode ser interna, realizada por pessoal da própria
organização de forma rotineira, conforme o que institui sua política
ambiental.
d. A auditoria ambiental sempre ocorre de forma voluntária, por decisão
da empresa, em conformidade com sua política ambiental.
e. O único objetivo da auditoria ambiental é melhorar a transparência da
imagem da organização.

3. (IF-PA-2015) Sobre a auditoria ambiental, marque a opção incorreta:

88
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

a. A auditoria ambiental voluntária ou compulsória é uma investigação


documentada, independente e sistemática de fatos, procedimentos,
documentos e registros relacionados com o meio ambiente. Ela pode
ser usada para atender objetivos da própria diretoria da empresa ou de
clientes, governo, acionistas, investidores, seguradores, etc., o que
definirá seu escopo, critérios de aplicação e resultados.
b. A auditoria ambiental não pode ser confundida com uma simples
avaliação ou com uma fiscalização. Isto porque a independência dos
auditores em relação ao setor auditado exigem um conhecimento de
metodologia e aplicação para se obter o resultado esperado através
das evidências obtidas, como um grau de percepção muito mais
acurado do que o exigido numa simples avaliação.
c. A auditoria ambiental tem objetivo punitivo, fiscalizatório e obrigatório,
principalmente nas empresas em que são identificados os
responsáveis por atos ilegais, com vistas, em longo prazo, a encontrar
as soluções em não conformidades, identificadas pelo auditor.
d. A auditoria ambiental deve apresentar objetivos explicitamente
definidos; limites de escopo claramente definidos; abrangência que
priorize unidades mais importantes, sem desprezar as demais;
abordagem compatível com os objetivos; treinamento, experiência e
habilidade dos profissionais que conduzem a auditoria; e suporte
gerencial e organização eficazes.
e. A auditoria ambiental é um processo de avaliação sistemático e
documentado que visa obter e avaliar objetivamente as evidências que
determinam se as atividades específicas, acontecimentos, condições e
sistemas de gestão relativos ao meio ambiente, ou informações sobre
essas questões, estão em conformidade com os critérios de auditoria e
comunicar os resultados desse processo ao cliente. É importante ficar
esclarecido que a auditoria ambiental é uma excelente ferramenta na
defesa do meio ambiente.

4. (FCC - 2007) As auditorias ambientais podem ser classificadas de acordo


com as seguintes possibilidades:

89
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

a. apenas em classificação de acordo com os critérios de auditoria - de


conformidade legal ambiental, de desempenho ambiental, ou de
sistemas de gestão ambiental; classificação de acordo com os
objetivos da auditoria ambiental - de certificação, de
acompanhamento, de correções (ou de follow-up), de responsabilidade
(due dilligence), de sítio, ou compulsória.
b. apenas em classificação de acordo com a parte auditora - de primeira
parte, de segunda parte, ou de terceira parte.
c. apenas em classificação de acordo com os critérios de auditoria - de
conformidade legal ambiental, de desempenho ambiental, ou de
sistemas de gestão ambiental.
d. apenas em classificação de acordo com os objetivos da auditoria
ambiental - de certificação, de acompanhamento, de correções (ou de
follow-up), de responsabilidade (due dilligence), de sítio, ou
compulsória.
e. classificação de acordo com a parte auditora - de primeira parte, de
segunda parte, ou de terceira parte; classificação de acordo com os
critérios de auditoria - de conformidade legal ambiental, de
desempenho ambiental, ou de sistemas de gestão ambiental;
classificação de acordo com os objetivos da auditoria ambiental - de
certificação, de acompanhamento, de correções (ou de follow-up), de
responsabilidade (due dilligence), de sítio, ou compulsória.

5. (ESAF - 2013) No que se refere a questões associadas às Auditorias


Ambientais, no mundo e no Brasil, é incorreto a?rmar que:
a. a Auditoria Ambiental, em sua origem na América do Norte, na década
de 1970, foi formulada como uma ferramenta de avaliação, de
natureza voluntária, adotada pela própria iniciativa privada, para a
verificação da ocorrência de riscos e passivos ambientais de seus
empreendimentos.
b. a partir do final da década de 1980, as auditorias ambientais se
tornaram uma ferramenta comum de gestão ambiental nos países
desenvolvidos. Desde então, foi cada vez maior sua aplicação nos
países em desenvolvimento, tanto pelas empresas multinacionais, que

90
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

obedeciam a diretrizes de seus países de origem, quanto pelas


próprias empresas nacionais.
c. no Brasil, a busca pela certificação ambiental, de acordo com a norma
NBR ISO 14001, o incremento do rigor da legislação ambiental em
alguns Estados e em função de alguns tipos de empreendimentos,
levaram as auditorias ambientais a serem incorporadas pelas áreas
ambientais de um número significativo de empresas nacionais.
d. no Brasil, a auditoria ambiental é, essencialmente, um processo
voluntário das empresas, com vistas à certificação ambiental, não
havendo demandas de auditorias ambientais compulsórias pelos
órgãos ambientais federal e estaduais. No entanto, alguns Estados,
como Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo,
reconhecem as auditorias ambientais voluntárias em seus processos
de licenciamento ambiental de empreendimentos.
e. independentemente de qual seja a motivação para realização de uma
auditoria ambiental, pode-se adequar a auditoria ambiental às
necessidades da organização. Há vários tipos de auditoria utilizados
pelas empresas, tais como a auditoria de gestão ambiental, a auditoria
de conformidade legal, a auditoria de sistemas gerenciais, a auditoria
técnica e de processos, a auditoria de risco, entre outras.

91
Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

GABARITO

1. E
2. C
3. C
4. E
5. D

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Fiscalização, Perícia e Auditoria Ambiental

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