Você está na página 1de 14

Quarta-feira,27deFevereirode 1984 I SÉRIE —Número 17

SUPLEMENTO
S U M Á R I O guarda que uniu o Povo moçambicano para o combate
contra o colonialismo, dirigiu a luta armada de Lber-
Assembleia Popular tação nacional, proclamou a independência nacional
Lei n.° 1/84 e fundou a República Popular de Moçambique
Da nova redacção ao artigo 77 da Constituição da Republica A Bandeira Nacional tem cinco cores vermelho,
Lei n.° 2 / 8 4
verde, preto, amarelo dourado e branco
As cores representam
Aprova o Plano Estatal Central para o ano de 1984
Vermelho — a resistência secular ao colonialismo,
Lei 3/84
a luta armada de libertação nacional e a revolução,
Aprova os princípios e indicadores gerais a observar na
organização do Orçamento do Estado para 1984
Verde — as riquezas do solo de Moçambique
Preto — o continente africano,
Resolução n.° 2/84: Amarelo dourado — as riquezas do subsolo,
Ratifica as Leis n ° s 5, 6, e 7/83, de 31 de Março, 19 de Branco — a justeza da luta armada do Povo moçam-
Maio e 25 de Dezembro, respectivamente bicano e a paz
Resolução n.° 3/84. De cima para baixo, estão dispostas horizontalmente,
Ratifica o Acordo de Não-Agressão e Boa Vizinhança, desig- o verde, o preto e o amarelo dourado, alternadas por
nado por «Acordo de Nkomati», celebrado em 16 de faixas brancas
Março de 1984, entre o Governo da Republica Popular Do lado esquerdo, o vermelho ocupa um triângulo
de Moçambique e o Governo da Republica da África
do Sul no centro do qual se encontra uma estrela amarelo
dourado, tendo sobre ela um livro, ao qual se sobre-
Resolução 4/84: põem uma arma e uma enxada cruzadas
Ratifica o Tratado de Amizade e Cooperação, celebrado A estrela amarelo dourado simboliza o internaciona-
em Brazzaville aos 12 de Abril de 1984, entre a República
Popular de Moçambique e a República Popular de Congo
lismo proletário
O livro, a enxada e a arma consagram a palavra de
Resolução 5 / 8 4 ordem «Estudar, Produzir, Combater»
Resolução Final da 12° Sessão da Assembleia Popular
Aprovada pela Assembleia Popular

Publique-se
ASSEMBLEIA POPULAR
O Presidente da Republica, Marechal da República
Lei n.° 1/84 SAMORA MOISES MACHEL

de 27 de Abril

Por ocasião do 4.° Congresso do Partido Frelimo for cria- Lei n.° 2/84
da a nova Bandeira Nacional, pelo que é necessário alterar
de 27 de Abril
o texto do artigo 77 da Constituição da República
Nos termos do artigo 48 da Constituição, a Assembleia O Plano Estatal Central para 1984 define as principais
Popular reunida na sua 12 a Sessão determina metas e tarefas que devemos realizar em cada um dos
É alterado o artigo 77 da Constituição, que passa a ter sectores de actividade económica e social do nosso País,
a seguinte redacção para materializarmos as orientações do Partido e Estado,
A Bandeira Nacional tem como base a Bandeira da em especial, as Directivas Económicas e Sociais aprovadas
Frelimo — Frente de Libertação de Moçambique, van- pelo IV Congresso do Partido Frelimo.
4 0 - ( 2 ) I SÉRIL — NÚMERO 17

O nosso País enfrenta uma situação económica difícil civil e disciplinar em vigor na República Popular de Mo-
resultante principalmente de: çambique.
— a acção descstabilizadora provocada pela África Alt. 4. São fixadas as seguintes metas e tarefas prin-
do Sul e pelos bandidos que por ela foram arma- cipais, bem como taxas mínimas de crescimento, relativa-
dos e financiados, mente ao realizado em 1983
— a crise cconómica international, verificando-se a a) No âmbito agrário
deterioração dos termos de troca, e
— as calamidades naturais que há vários anos de- — Aumentar a produção agrária comercializada em
vastam o nosso País pelos menos 3 0 % , considerando os ramos agrícola,
pecuário e florestal na área planificada e a preços
Neste contexto, podemos afirmar que o cumprimento constances,
do Plano Estatal Central para 1984 não será tarefa fácil — Concentrar os recursos para cumprir e ultrapassar
mas é realizável se assumirmos uma atitude combativa as metas a atingir no milho, arroz, feijão, algodão-
vigilante e revolucionária, se mantivermos uma disciplina -caroço, copra, castanha de caju, chá, citrinos e
férrea e se garantiimos o engajamento de todo o Povo mafurra,
moçambicano — Assegurar a preparação da campanha de comercia-
O Plano Estatal Central para 1984 insere-se nas acções lização para se cumprirem e ultrapassarem as
em curso para a criação de um clima de paz na nossa zona, metas estabelecidas,
as quais, aliadas a nossa ofensiva militar para neutralização — Garantir a correcta preparação da próxima cam-
da acção dos bandidos devem criar condições mais favo- panha agrícola de 1984/85, de modo a que ela
ráveis para a produção. se traduza num passo em frente neste sector vital
Prossegue a ofensiva diplomática para levar a comuni- da economia nacional
dade internacional a compreender a nossa situação e os
problemas que enfrentamos, bem como as suas verdadeiras b) No âmbito industrial.
causas. — Assegurar a produção aos níveis estabelecidos dos
For solicitada aos credores a renegociação da dívida produtos de exportação, dos produtos de abaste-
externa, sendo do nosso interesse, para além do dos cre- cimento do povo e venda na comercialização
dores, sanearmos a nossa situação económico-financeira e agrária;
viabilizarmos cada vez mais a nossa economia — Aprofundar o controlo de direcção para que, com
Temos consciência dos problemas que enfrentamos e os poucos combustíveis planificados, possam ser
somos capazes de encontrar as vias para a sua solução enfrentadas as tarefas do plano e realizadas com
As metas e tarefas planificadas para 1984, em geral, êxito;
e algumas, em particular, pela sua importância, devem — Deve-se definir os principais consumidores, fixar
merecer a máxima prioridade, a concentração dos esforços consumos mínimos, hierarquizar as tarefas para
organizativos, a afectação prioritária de recursos humanos, que os objectivos principais do plano sejam sem-
materiais e financeiros necessários ao seu cumprimento pre salvaguardados;
Entre elas podem-se destacar a maximização das ex- — Promover acções concretas para desenvolver peque-
portações, garantir os níveis planificados de abastecimento nas indústrias que garantam o aproveitamento de
e assegurar os meios previstos para o reforço e ampliação recursos locais e contribuam na solução de pro-
da capacidade defensiva blemas do povo.
Os operários, os camponeses, os trabalhadores moçam-
bicanos são o factor decisivo para cumprirmos os objectivos c) No âmbito dos transportes e comunicações
planificados e, assim, avançarmos na solução dos proble- — Garantir a realização das receitas de tráfego ferro-
mas do povo viário de carga internacional fixadas, prevendo-se
A implementação e controlo permanente das metas e um crescimento de pelo menos 17 % na activi-
tarefas do plano, até ao nível das unidades de produção e dade,
serviços, constitui uma tarefa importante pelo que, calda — Assegurar a circulação de passageiros e mercadorias
colectivo e cada trabalhador deve conhecer, compreender naconais de e para os países vizinhos,
e assegurar a realização da sua tarefa — Preparar um conjunto de medidas que, face à pla-
Ass m, a emulação assume o seu verdadeiro panel nificada
e diminuiçãolugar,
da como
actividade interna
elemento no do pr
integrante
tação e execução do plano transporte aéreo, permitam a gestão normal desta
situação,
O Plano Estatal Central para 1984 deve ser rigorosamente — Garantir que, no tráfego aéreo internacional total,
cumprido por todas as entidades nele contempladas e pelos incluindo as transportadoras estrangeiras, invisí-
cidadãos, em geral veis e serviços produtivos, se diminua o sajdo
Nos termos da alínea a) do artigo 44 da Constituição da negativo cm divisas,
República, a Assembleia Popular determina — Controlar a evolução do trabalho aero-agrícola e
Artigo 1 É aprovado o Plano Estatal Central para o garantir as tarefas fundamentais, com os recursos
ano de 1984, com as metas e indicadores nele definidos, disponíveis;
apresentado pelo Conselho de Ministros e elaborado de — Procurar racionalizar, nas comunicações, a utiliza-
acordo com as Directivas Económicas e Sociais ção dos meios disponíveis, de modo a melhorar
Art. 2 O Plano Estatal Central para o ano de 1984 a possibilidade de contacto entre as diferentes
é de cumprimento obrigatório e vincula todas as entidades regiões do país, até que entrem em funciona-
estatais, cooperativas, empresas mistas e privadas nele con- mento os projectos para o efeito previstos
templadas
Art. 3 Os responsáveis pelo não cumprimento das
d) No âmbito do investimento e construção
tarefas e prazos fixados no Plano Estatal Central para o — Realizar o levantamento e análise dos investimentos
ano de 1984, respondem nos termos da legislação penal, tendo em conta os recursos disponíveis para o
27 DE ABRIL DE 1984 40—(3)

efeito, de modo a assegurar a implementação — Preparar e elaborar o plano de crédito, controlar


das orientações do I V Congresso do Partido com rigor a sua implementação e definir os li-
Frelimo mites de financiamento a partir dos quais deve
ser obrigatória a uma análise e parecer do órgão
e) No âmbito do abastecimento do povo
— Garantir o aumento do abastecimento ao povo, dito,
fundamentalmente em produtos para o campo, — Iniciar a aplicação do plano geral de contabilidade
com base nos acréscimos da produção nacional, empresarial
nos esforços que o país irá realizar em importa-
ções para o abastecimento e na dinamização e í) No âmbio da educação e formação
aumento do apoio internacional ao nosso País, — Concentrar os esforços para garantia do aumento
— Assegurar que o esforço que a economia nacional da qualidade do ensino, através do reforço da
vai realizar em importações de bens para o direcção e controlo das institu ções de base do
campo, tenha um efeito multiplicador sobre a ensino e de formação, da revisão dos conteúdos
actividade económica, estimule os produtores e de formação, fornecendo material de estudo e de
promova um real crescimento da produção, em apoio e de um melhor aproveitamento dos re-
especial agrária, cursos humanos, materiais e financeiros dispo-
— Preparar os mecanismos necessários a que, permi- níveis,
tindo o cumprimento das Directivas Económicas — Assegurar as acções concretas que garantam o
e Sociais, se defina a organização para a priori- melhoramento dos índices de aproveitamento da
zação do abastecimento aos trabalhadores alfabetização e educação de adultos
f) No âmbito das relações económicas externas
j) No âmbito da saúde
— Assegurar a maximizacão das receitas e minimiza-
— Procurar concentrar os esforços nas unidades exis-
ção das despesas em moeda externa, de modo a
poderem-se cumprir os objectivos principais tentes, fortaleeendo-as e melhorando a qualidade
fixados no plano, dos serviços prestados
— Garantir o aumento das exportações em pelo menos l) No âmbito da direcção e planificação da economia
1 8 % , a preços correntes, e manter as importações
— Definir, no contexto do reforço da organização e
ao mesmo nível do ano de 1983, o que significa
disciplina
um consumo mais racional dos recursos em
moeda externa e a sua canalização para as tarefas - q u e organização interna dos orgãos centrais
mais prioritárias, se deve adoptar, de modo a assegurar-se
— Dinamizar a cooperação económica internacional, um verdadeiro espírito de austeridade e a
garantindo que ela se enquadre e sirva para redução, em 1985, dos gasto» no aparelho de
realizar os objectivos princioais do Plano Estatal Estado,
Central para o ano de 1984 - q u e organização devem ter os Governos Pro-
vinciais, suas competências e responsabili-
g) No âmbito da força do trabalho e salários
dades, na situação actual
— Promover o levantamento da situação dos traba-
lhadores excedentários, inventariando as suas — Definir e divulgar os princípios e normas mais
características profissionais e desencadear a recon- importantes sobre quadros, dentro de um contexto
versão da utilizacao dos referidos excedentes de mais global que é a política de quadros e que
força de trabalho; tenha cm conta a actual situação sócio-económica;
— Realizar o controlo do fundo de salários das princi- — Definir as medidas a adoptar no sentido de se
pais empresas, e definir normas sobre os proce- aumentar a autonomia administrativa e financeira
dimentos de pagamento de salários, tendo em das empresas e sobre o papel e tarefas das uni-
conta o princípio da ligação do salário à pro- dades de direcção
dução, Art. 5 O Plano Estatal Central para o ano de 1984, até
— Assegurar o cumprimento das receitas em divisas fins de Maro deve estar implementado até a empresa, até
fixadas para o trabalhador migratório e melho- ao distrito, com tarefas precisas, prazos estabelecidos e,
rar as condicões de apoio e valorizar o contributo simultaneamente, ser objecto de rigoroso controlo
que este dá à economia nacional Art 6 A preparação do Projecto do Plano Estatal Cen-
h) No âmbito das finanças e banca tral para o ano de 1985 obrigará a realização, por cada um
lios organismos centrais e locais, das seguintes tarefas
— Procurar aumentar o nível de receitas planificado
a) Os órgãos centrais, até 15 de Julho, trabalhando
no Orçamento de Estado até ao nível do ano de 1983, através de uma maior eficiência,
com as suas empresas mais importantes, devem
especial no âmbito fiscal e comprimir as despesas
preparar uma avaliação da situação financeira,
previstas, devendo-se adoptar as medidas neces-
material e dos recursos humanos disponíveis e
sárias para o efeito;
proporem a Comissão Nacional do Plano quais
— Propor um conjunto de medidas coordenadas e os objectivos e tarefas que se propõem cumprir
compatibilizadas no âmbito dos pregos, salários, em 1985 e que recursos necessitariam, em espe-
créditos impostos, medidas no âmbito orçamental cial os que corresoondam a gastos em divisas
e dos investimentos com vista à normalização Cada organismo deve assegurar que a proposta a apre-
gradual da situação financeira do país. sentar optimiza a estabelecida no Plano Estatal
— Adoptar medidas que aumentem a disciplina finan- Central para o ano de 1984
ceira, reforçando a exigência e o controlo sobre b) Os Governos Provinciais devem iniciar o trabalho
a aplicacão dos fundos. com os Conselhos Executivos Distritais, de ime-
40-(4) I SÉRIE —NÚMERO 17

diato, e devem igualmente propor ao Ministério Art. 12. Compete ao Ministro do Plano emitir instruções
da Agricultura as principais metas e tarefas de destinadas à execução e controlo do Plano Estatal Central
produção e comercialização agrária que pensam para o ano de 1984, sempre que tal for necessário
poder atingir e com que recursos o fariam para Art. 13. Compete ao Ministro do Plano esclarecer qual-
que este apresente a proposta da campanha agrí- quer dúvida que possa surgir na implementação, execução
cola 1984/85, ao Estado-Maior da Comissão Na- e controlo do Plano Estatal Central para o ano de 1984.
cional do Piano, até Junho, Art. 14 A presente lei entra imediatamente em vigor
c) Com base nestes materiais a Comissão Nacional do
Plano preparará orientações para a elaboração do Aprovada pela Assembleia Popular.
Projecto do Plano Estatal Central para o ano de Publique-se
1985, que serão distribuídas aos diferentes orga-
nismos, até meados de Agosto. Entretanto, o O Presidente da República, Marechal da República
trabalho com as empresas e distritos deve ser SAMORA MOISÉS MACHEL
prosseguido,
d) Durante parte de Agosto, Setembro e Outubro,
elaborar-se-ão os Projectos de Plano a nível dos Lei n.° 3/84
organismos centrais e locais, de 27 de A b r i l
e) Em Novembro e meados de Dezembro, a Comissão
Nacional do Plano preparará o Projecto do Plano O IV Congresso do Partido Frelimo analisou a situação
Estatal Central para o ano de 1985 económica e social do país e traçou as directivas para ven-
cermos as dificuldades actuais do nosso processo de desen-
Art. 7 — 1 Compete ao Conselho de Ministros e a cada volvimento
um dos seus membros, em particular, garantir e organizar O Orçamento do Estado, principal Plano Financeiro Esta-
a execução e controlo do Plano Estatal Central para o tal e instrumento para a materialização da Política Econo-
ano de 1984, no seu sector específico mica do Partido e Estado requer na sua fase de preparação,
2 Cabe a cada membro do Conselho de Ministros a um nível de organização e articulação cada vez maior e o
responsabilidade de fornecer aos respectivos sectores de- conhecimento profundo da nossa realidade política, econó-
pendentes as informações necessárias ao cumprimento do mica e social, de modo a ser possível determinar e avaliar
Plano Estatal Central para o ano de 1984. com antecedência as consequências das medidas que se pro-
3 Cabe a cada Ministro e Secretário de Estado, no seu põem nos diversos sectores.
âmbito de acção, a responsabilidade pelo controlo do cum- No processo de preparação de Orçamento do Estado
primento das metas e tarefas fixadas no Plano Estatal para 1984 é de salientar a participação activa das províncias
Central para o ano de 1984, em especial, relativamente na elaboração das suas propostas orçamentais. Esta partici-
aos produtos de exportação, de abastecimento do povo e pação aliada à directiva do IV Congresso do Partido Frelimo
as tarefas relacionadas com a defesa e segurança de descentralização dos orçamentos, quer no âmbito dos
4 O controlo da execução do Plano Estatal Central para gastos correntes do Estádio quer no âmbito do investimento,
o ano de 1984 será efectuado através da Metodologia permitiu aos órgãos provinciais aprofundarem o conheci-
Específica aprovada para o ano de 1983 mento da área económica da sua competência
Para a recolha de informação de base necessária ao Na fase de preparação do Orçamento do Estado para
controlo do Plano Estatal Central para o ano de 1984, os 1984 houve a preocupação de, à luz das «Directivas Eco-
organismos devem assegurar o respeito rigoroso das normas nómicas e Sociais» do IV Congresso do Partido Frelimo,
fixadas pelo Sistema Nacional de Informação Estatística, se introduzirem medidas visando a contenção dos fundos de
tanto no que se refere ao tipo de informação como aos salários e das despesas com o funcionamento corrente do
prazos para o seu envio aparelho de Estado Contudo, verifica-se um crescimento
5 Cabe a cada Ministro e Secretário de Estado garantir do montante global das despesas correntes do aparelho de
o cumprimento das orientações contidas na Metodologia Estado Este aumento deve-se principalmente à transferência
Específica para o orçamento corrente de encargos anteriormente fi-
Art 8 A responsabilidade pela execução e controlo do nanciados pelo Orçamento de Investimentos
Plano Provincial é da competência do Dirigente ou Go- O orçamento agora aprovado não contempla ainda as
vernador Provincial, conforme o caso, que deve fornecer necessárias dotações para o financiamento do investimento
à Comissão Nacional do Plano as informações necessárias em curso no país Nesta área, deverá o Ministério das Fi-
sobre a evolução nos termos do n 0 4 do artigo 7 nanças e o Banco de Moçambique proceder à organização do
Art. 9 As relações entre as entidades que concorrem Plano de Financiamento do Investimento, de conformidade
para o cumprimento do Plano Estatal Central para o ano com os indicadores de Plano Estatal Central e outras orien-
de 1984 regem-se mediante a celebração de contratos tações da Comissão Nacional do Plano
Art 10 Os conflitos emergentes das relações contratuais A actual situação económica, financeira e cambial do país
firmadas no âmbito do cumprimento do Plano Estatal exige um orçamenio de austeridade. Neste sentido, as tarefas
Central para o ano de 1984 serão decididos por uma e objectivos enunc ados na presente lei terão que ser assu-
comissão designada pelo Ministro do Plano midos como obrigatótios em todos os Ministérios, estruturas
Art 11 — 1. O Conselho de Ministros, sob proposta da e instituições do Estado, criando-se mecanismos para a sua
Comissão Nacional do Plano, pode elaborar os ajusta- implementação e controlo e exig.ndo-se a cada nível de res-
mentos necessários ao Plano Estatal Central para o ano ponsabilidades a necessária prestação de contas
de 1984, sempre que se verificar superveniência de factos Nestes termos, ao abrigo do disposto na alínea c) do ar-
ou alteração de circunstâncias essenciais que impossibili- tigo 44 da Constituição, a Assembleia Popular determina
tem o cumprimento dos indicadores do plano.
ARTIGO 1
2. As alterações ao Plano Estatal Central para o ano
de 1984 revestirão a forma de aditamento de cumprimento São aprovados os princípios e indicadores gerais a obser-
geral e obrigatório var na organização do Orçamento do Estado para 1984, de
27 DE ABRIL DE 1984 40—(5)

conformidade com o projecto submetido pelo Conselho de Em 10 MT


(1) (2)
Ministros e as disposições da presente lei
Sofala 857,8 707,8
Tete 550 3 503 3
ARTIGO 2 Zambezia , 917,4 803,4
(1) — Reccita e despesa
1 É fixado em 20 000 000 de contos o montante das (2) — Subsidio do Orçamento Centrai
receitas correntes do Estado a arrecadar em 1984, designa- 2. Compete a cada Governador Provincial aprovar o Or-
damente impostos, taxas e a participação nos resultados çamen o da respectiva província, organ zado de conformi-
das empresas do Estado. dade com o montante de despesa global que lhe é fixado
2. O Ministro das Finanças providenciará a realização e as orientações específicas do Ministério das Finanças.
do montante da receita fixada no número anterior bem como 3. O Ministro das Finanças poderá em situações prévias
a captacão e canalização de outros recursos extraordinários e devidamente fundamentadas, autorizar o reforço dos li-
incluindo os destinados ao financiamento do investimento mites fixados no n ° 1.
devendo para o efeito, determinar as medidas que se mos-
trarem necessárias. ARTIGO 7
3. Para assegurar a cobertura do deficit do Orçamento do 1 São fixados nos limites propostos pelo Conselho de
Estado na parte em que a mobilização de outros recursos Ministros os fundos de salários para cada um dos órgãos,
se revele insuficiente, o Ministro das Finanças fica autoriza- estruturas e instituições do Estado, a nível central, e bem
do a contrair um empréstimo interno junto do Banco assim os fundos de salários globais para cada Orçamento
de Moçambique. Provincial.
ARTIGO 3 2 Apenas os Ministros do Plano e das Finanças poderão,
por despacho conjunto e em situação prévia e devidamente
1 Os objectivos da defesa da Paz e da Revolução, do fundamentadas, autorizar a alteração dos limites fixados
reforço da capacidade defensiva do país e da inviolabilidade para os fundos de salários.
das fronteiras do território nacional, constituem primeira 3. Os limites dos fundos de salários a que se refere este
prioridade na afectação dos recursos disponíveis do Or- artigo serão comunicados pelo Ministério das Finanças aos
çamento do Estado respectivos órgãos, estruturas e instituições do Estado
2. O Conselho de Ministros determinará as dotações glo- 4. O Ministro das Finanças estabelecerá por despacho,
bais a atribuir aos sectores da Defesa e Segurança, compa- as medidas adequadas para a contenção dos fundos de salá-
tibilizadas com os indicadores do Plano Estatal Central rios nos limites fixados.
ARTIGO 8
ARTIGO 4
1 São estabelecidas na execução do Orçamento de Estado
1. No âmbito do financiamento da economia nacional: (corrente) para 1984, as seguintes reservas obrigatórias:
a) São fixados em 1 000 000 de contos os subsídios a) 10 por cento, para os fundos de salários;
do Orçamento do Estado aos preços; b) 20 por cento, para as dotações de gastos materiais.
h) O Conselho de Ministros fixará a dotação dos re-
cursos adicionais destinados a suportar o finan- 2. Apenas o Ministro das Finanças poderá em situações
ciamento dos déficits programados das unidades prévias e devidamente fundamentadas, autorizar a utilização
económicas do Estado e outras subvenções ao das reservas fixadas neste artigo, ou determinar as excepções
sector económico estatal, bem como as despesas à sua aplicação.
de funcionamento do aparelho estatal de direcção ARTIGO 9
económica, designadamente as «unidades de di-
recção».
organizarão o Plano de Financiamento do Investimento
2. O Ministro das Finanças estabelecerá as normas a depois de concluído o levantamento do investimento em cur-
observar para a atribuição e disponibilização dos financia- so a nível nacional.
mentos previstos no número anterior e os respectivos li- 2. Nesta fase será dada prioridade ao financiamento dos
mites. projectos de investimento em curso, observados os indica-
ARTIGO 5 dores do Plano Estatal Central e de acordo com as normas
de financiamento a serem emitidas pelo Ministério das Fi-
Aos sectores da Educação, Saúde e Segurança Social nanças
são destinados 7 427 100 de contos. 3. O Ministro das Finanças poderá condicionar a disponi-
bilização de quaisquer dotações orçamentais no âmbito do
ARTIGO 6 investimento, ao preenchimento de requisitos prévios julga-
dos adequados.
1 Os montantes da receita e despesa correntes dos or- ARTIGO 10
çamentos provinciais e os somatórios dos subsídios do
Orçamento Central a cada Orçamento Provincial, têm a O Ministro das Finanças estabelecerá as orientações e
instruções detalhadas que deverão ser seguidas na execução
seguinte distribuição:
do Orçamento do Estado para 1984, salvaguardadas as
(1) (2)
disposições dos artigos seguintes
Cabo Delgado 616 3 576 3
Gaza 685,9 603 9
Inhambane 516 9 473,9 ARTIGO 11
Manica 440 6 4006
Maputo (cidade) 1 271,8 679,8 Mantêm-se como normas de execução permanente-
Maputo (província) 516,2 454 2
Nampula 1 1174 9174 — Os n.os 1 e 2 do artigo 12, da Lei n.° 6/80, de 22 de
Niassa 399 2 369,2 Dezembro,
40-(6) I SÉRIE —NÚMERO 17

— O artigo 9 nos seus n o s 1 e 2, e os artigos 13 e 14, — Lei n ° 6/83, de 19 de Maio,


todos da Lei n.° 3/83, de 23 de Março
— Lei n 0 7/83, de 25 de Dezembro
ARTIGO 12
Aprovada pela Assembleia Popular
A presente lei produz efeitos desde 1 de Janeiro de 1984 Publique-se
Aprovada pela Assembleia Popular O Presidente da República, Marechal da República
SAMORA M O I S É S MACHEL
Publique-se
O Presidente da República, Marechal da República Resolução n° 3/84
SAMORA M O I S E S MACHEL
de 2 7 de Abril

O Povo moçambicano é um povo amante da paz Guia-


Resolução n.° 2/84 do pelo Partido Frelimo tem lutado incessantemente para
de 2 7 de Abril pôr fim às guerras e agressões que lhe têm sido impostas
e aspira a viver pacificamente, construindo a sua felicidade
No intervalo entre a realização da 11 a e 12.a Sessões da e bem-estar.
Assembleia Popular, a Comissão Permanente aprovou vários Reflectindo a sua tradição de paz, ao ser proclamada a
actos legislativos que devem ser ratificados, dando cumpri- independência nacional foram consagrados na Constituição
mento ao disposto na alínea g) do artigo 44 da Constituição da República Popular de Moçambique os princípios funda-
da República mentais que regem a política externa do Estado
As leis aprovadas foram' De entre eles destacam-se a observância e aplicação dos
— Lei n.° 5/83, de 31 de Março, que determina que seja princípios da Carta das Nações Unidas e da Organização
aplicada a pena de chicotada como medida preventiva e da Unidade Africana e o respeito mútuo pela soberania e
educativa, aos autores, cúmplices e encobridores dos se- integridade territorial, igualdade, não ingerência nos assun-
guintes crimes consumados, frustrados ou tentados tos internos e reciprocidade de benefícios.
Desde então, nas relações com os Estados membros da
Crimes Contra a Segurança do Povo e do Estado Po-
Comunidade Internacional, em todos os foros internacionais
pular;
em que intervém, a República Popular de Moçambique tem
Candonga em todas as suas formas, nomeadamente,
pautado a sua conduta por uma sistemática e rigorosa apli-
especulação e açambarcamento, crime contra o abas-
cação destes princípios. A acção no domínio da política in-
tecimento público, tráfico ilegal de divisas e contra-
ternacional, e a favor da paz na região da África Austral,
bando,
assente no cumprimento integral das resoluções das Nações
Assalto à mão armada, pertença a organização, qua-
Unidas, grangearam ao nosso Estado enorme prestígio no
drilha ou bando de malfeitores;
seio da comunidade internacional, que teve como ponto
Roubo;
culminante o reconhecimento mundial do contributo deci-
Estupro e violação de menores
sivo dado à luta pela libertação e independência do Zimba-
Determina também que os tribunais poderão decidir apli- bwe.
car a pena de chicotada, quando a particular gravidade Com a independência do Zimbabwe terminaram as agres-
política económica e social do delito, os antecedentes cri- sões perpetradas pelo regime ilegal da ex-colóma da Rodésia
minais ou a personalidade do delinquente o exija, aos au- do Sul contra o nosso País.
tores, cúmplices e encobridores dos seguintes crimes Todavia a situação na região, tendo como foco de des-
tabilização a política da República da África do Sul, fez
Furto; com que mais uma vez a República Popular de Moçambique
Homicídio voluntário, tivesse de se defender de armas na mão. Paralelamente a este
Violação; combate o nosso Estado desenvolvia uma ampla acção de
Aliciamento, incitamento e utilização de menores na consciencialização da comunidade internacional para a
prática de delitos; agressão de que éramos vítimas e para a situação de inse-
Tráfico de estupefacientes; gurança, de desconfiança provocada na região da África
Cobrança de preços manifestamente desproporcionados Austral, a qual impedia o nosso desenvolvimento eco-
ao tipo de natureza do serviço prestado nómico e ameaçava transformar-se em conflito generalizado
— Lei n° 6/83, de 19 de Maio, que introduz alterações na zona.
à Lei n ° 5/80, de 25 de Setembro, adequando a hierarquia Os resultados da ofensiva militar das Forças Armadas
das patentes militares previstas, à estrutura orgânica das de Moçambique (FPLM) e do povo contra os bandidos
Forças Armadas introduzindo a patente de Brigadeiro e a armados e os sucessos através das acções diplomáticas do
forma de designação de Oficiais-Generais. nosso Governo, levaram a República da África do Sul a
— Lei n ° 7/83, de 25 de Dezembro, que concede perdão constatar a inviabilidade da sua intenção de submeter o
de certas penas e dá aos beneficiários a ocasião de se rea- Estado moçambicano e conduziu-a, em consequência, a
lizarem como cidadãos úteis, participando em liberdade na aceitar manter um relacionamento não agressivo e de boa
reconstrução nacional. vizinhança.
Assim, a Assembleia Popular, reunida na sua 12 a Sessão, É assim que se celebra o Acordo de Nkomati entre o
ao abrigo da alínea g) do artigo 44 da Constituição, deter- Governo da República Popular de Moçambique e o Go-
mina verno da República da África do Sul
O Acordo no seu conteúdo fundamental e um Acordo de
São ratificadas as leis não-agressão, um Acordo que preconiza o estabelecimento
— Lei n.o 5/83, de 31 de Março, de relações de boa vizinhança entre os dois Estados
27 DE ABRIL DE 1984 40—(7)

O Acordo de Nkomati é a prova de capacidade de com- RECONHECENDO que é responsabilidade dos Estados
bate das Forças Armadas de Moçambique (FPLM) e das não permitirem que o seu território seja utilizado para a
forças de defesa e segurança em geral, que no campo milicar prática de actos de guerra, agressão ou violência contra
lutam contra os bandidos armados. outros Estados;
Este acordo de não-agressão e de boa vizinhança é es- CONSCIENTES da necessidade de promover um rela-
pelho da maturidade e competência do Governo do nosso cionamento de boa vizinhança com base nos princípios de
País que, mais uma vez, soube evidenciar que é capaz de igualdade de direitos e vantagens mútuas;
realizar uma política correcta em defesa dos interesses da CONVICTOS de que as relações de boa vizinhança, entre
Nação as duas Altas Partes Contratantes contribuirão para a paz,
Hoje, abre-se a perspectiva de uma paz duradoura, que segurança, estabilidade e progresso na África Austral, no
permitirá dedicarmo-nos ao desenvolvimento económico, Continente e no Mundo,
à liquidação dos males sociais, à implantação do progresso Acordam solenemente o seguinte:
e do bem-estar, o que consagra o Acordo de Nkomati como
acontecimento histórico de grande alcance.
ARTIGO 1
Pela esperança de paz e de segurança que encerra, o
Acordo é a justa compensação para os sacrifícios consen-
Cada uma das Altas Partes Contratantes compromete-se
tidos pelo Povo moçambicano pela afirmação da sua per-
a respeitar a soberania e independência da outra e deve,
sonalidade, dignidade e independência.
em cumprimento desta obrigação fundamental, abster-se
O Presidente da República, enquanto Chefe do Estado de interferir nos assuntos internos da outra Parte.
e símbolo da Nação, ao dirigir o Governo e ao assinar o
Acordo, soube assumir os justos anseios de todo o Povo
moçambicano: ver alcançada a paz, a segurança e a tran- ARTIGO 2
quilidade e ver afastado o espectro da instabilidade, da vio-
lência e da guerra. 1. As Altas Partes Contratantes resolverão os diferendos
O Acordo de não-agressão e de boa vizinhança está em e disputas que surjam entre si e que possam pôr em perigo
rigorosa conformidade com os preceitos constitucionais e a paz e segurança mútuas ou da região, através de negocia-
com as demais normas do nosso Estado e da ordem jurídica ções, inquéritos, mediação, conciliação, arbitragem e outros
internacional. meios pacíficos, e obrigam-se a não recorrer individual
Assim, nos termos do artigo 51 da Constituição da Re- ou colectivamente ao uso da força contra a soberan'a,
pública, a Assembleia Popular determina: integridade territorial e a independência política de cada
uma delas
É ratificado o Acordo de Não-Agressão e Boa Vizinhaça, 2. Para efeitos do presente artigo, o uso da força com-
designado por «Acordo de Nkomati», celebrado em 16 de preende inter alia:
Março de 1984, entre o Governo da República Popular de
Moçambique e o Governo da República da África do Sul, a) Ataques por forças terrestres, aéreas ou marítimas;
cujo texto figure em anexo à presente resolução b) Sabotagem;
c) Concentração injustificada de tais forças ou na junto
Aprovada pela Assembleia Popular
das fronteiras internacionais das Altas Partes Contra-
Publique-se tantes;
d) Violação das fronteiras internacionais, terrestre,
O Presidente da República, Marechal da República aérea ou marítima, de qualquer das Altas Partes Con-
SAMORA M O I S É S MACHEL
tratantes.

Acordo de Não-Agressão e Boa Vizinhança 3. As Altas Partes Contratantes não apoiarão de qualquer
entre o Governo da República Popular de forma as forças armadas de qualquer Estado ou conjunto
Moçambique e o Governo da República de Estados que tenham sido mobilizados contra a soberania
da África do Sul territorial ou independência política da outra Parte

O Governo da República Popular de Moçambique e o Go- ARTIGO 3


verno da República da África do Sul, adiante designados
também como Altas Partes Contratantes; 1. As Altas Partes Contratantes não permitirão que os
RECONHECENDO o princípio de respeito estrito da respectivos territórios águas territórias ou espaço aéreo, se-
soberania e integridade territorial, da igualdade soberana, jam utilizados como base, ponto de passagem ou de qualquer
da independência política e da inviolabilidade das fronteiras outra forma por outro Estado, Governo, forças militares
de todos os Estados; estrangeiras, organizações ou indivíduos que planeiam ou
REAFIRMANDO o princípio de não ingerência nos as- se preparem para levar a cabo actos de violência, terrorismo
suntos internos de outros Estados, ou agressão contra a integridade territorial ou independência
CONSIDERANDO os princípios internacionalmente con- política da outra, ou que possam ameaçar a segurança dos
sagrados do direito dos povos à autodeterminação e inde- seus habitantes.
pendência e o princípio de igualdade de direito de todos 2. As Altas Partes Contratantes com vista a impedir ou
os povos, a eliminar as acções ou a preparação das acções menco-
CONSIDERANDO a obrigação de todos os Estados de nadas no n.° 1 deste artigo, comprometem-se nomeada-
se absterem, nas relações internacionais, do uso da força mente a:
ou ameaça de uso da força contra a integridade territorial
ou independência política de qualquer Estado; a) Proibir e impedir a organização nos respectivos
CONSIDERANDO a obrigação dos Estados de resolve- territórios de forças não regulares ou bandos arma-
rem os conflitos por meios pacíficos, e assim salvaguardarem dos, incluindo mercenários, que se proponham rea-
a paz e a segurança internacionais e a justiça, lizar as acções referidas no n.° 1 deste artigo;
4 0 - ( 8 ) I SÉRIE —NÚMERO 17

b) Eliminar dos respectivos territórios bases, centros, e abrigações internacionais e os compromissos decorrentes
de treino, locais de guarida, alojamento e trânsito do presente Acordo.
para os elementos que pretendam realizar as acções ARTIGO 7
referidas no n.° 1 deste artigo,
c) Eliminar dos respectivos territórios centros ou de- As Altas Partes Contratantes empenham-se em interpretar
pósitos de armamento de qualquer tipo, a serem uti- o presente Acordo dentro do princípio da boa-fé e realizarão
lizados pelos elementos referidos no n 0 1 deste artigo; contactos periódicos entre si para garantir a efectiva aplica-
d) Eliminar dos respectivos territórios postos ou locais ção do Acordo.
de comando, direcção e coordenação dos elementos ARTIGO 8
referidos no n.° 1 deste artigo,
e) Eliminar dos respectivos territórios instalações de Nenhuma disposição do presente Acordo poderá ser
comunicação e telecomunicação entre o comando e entendida como restringido o direito de autodefesa de cada
os elementos referidos no n 0 1 deste artigo; uma das Altas Partes Contratantes, em caso de ataques ar-
f) Eliminar e proibir a instalação nos respectivos ter- mados, nos termos em que tal direito vem consagrado na
ritórios de estações de radiodifusão, incluindo emis- Carta das Nações Unidas.
sões não oficiais ou clandestinas de elementos que
ARTIGO 9
levem a cabo as acções referidas no n.° 1 deste artigo,
g) Exercer nos respectivos territórios controle rigoroso 1 Cada uma das Altas Partes Contratantes designará
sobre elementos que se proponham realizar ou pla- representantes de nível elevado para integrar uma Comissão
near as acções referidas no n.° 1 deste artigo; Conjunta de Segurança, com o objectivo de supervisar e
h) Impedir que elementos que se proponham ou pla- controlar a aplicação do presente Acordo
neiam realizar as acções referidas no n.° 1 deste ar- 2. A Comissão determinará os seus próprios procedi-
tigo transitem de um ponto do interior do território mentos de trabalho.
de qualquer das Partes para outro ponto do território 3 A Comissão deverá reunir-se regularmente e poderá ser
da outra ou para um outro ponto do território de convocada a título exraordinário sempre que as circunstân-
qualquer terceiro Estado que faça fronteira com a cias o exigirem
Alta Parte Contratante contra a qual os referidos ele- 4 A Comissão deverá:
mentos se propõem ou planeiam realizar tais acções,
i) Tomar medidas apropriadas nos respectivos ter- a) Apreciar todas as alegações de violação das disposi-
ritórios para impedir o recrutamento de elementos de ções do presente Acordo;
qualquer nacionalidade com o objectivo de levar a b) Notificar as Altas Partes Contratantes das suas
cabo as acções referidas no n.° 1 deste artigo, conclusões;
j) Impedir que a partir dos seus respectivos territórios c) Recomendar às Altas Partes Contratantes medidas
os elementos referidos no n.° 1 deste artigo possam, que visem a aplicação eficaz do presente Acordo
por qualquer meio, levar a cabo acções de rapto e e a resolução dos diferendos decorrentes de viola-
outras, com vista a tornar reféns cidadãos de qualquer ções ou alegadas violações
nacionalidade no território da outra Alta Parte Con-
tratante; 5 Altas Partes Contratantes definirão o mandato dos
k) Proibir a concessão nos seus respectivos territórios respectivos representantes, de modo a permitir a tomada de
de qualquer facilidade de ordem logística para a rea- medidas provisórias, em casos de reconhecida urgência.
lização das acções referidas no no 1 deste artigo 6. As Altas Partes Contratantes porão à disposição da
Comissão todas as facilidades necessárias ao seu bom fun-
3 As Altas Partes Contratantes não utilizarão o território cionamento e apreciarão em conjunto as conclusões e reco-
de terceiros Estados para levar a cabo ou apoiar as acções mendações por ela submetidas.
referidasnos n.os 1 e 2 deste artigo.
ARTIGO 10

ARTIGO 4
Este Acordo será também designado por Acordo de Nko-
As Altas Partes Contratantes tomarão medidas, individual mati.
e conjuntamente, para assegurar que a fronteira interna- ARTIGO 11
cional entre os respectivos territórios seja efectivamente
patrulhada e que os postos de fronteira funcionem com 1. Este Acordo entra em vigor na data da sua assinatura
eficiência para impedir a travessia ilegal do território de 2. Qualquer alteração deste Acordo, concordada pelas
uma das Altas Partes Contratantes para o território da outra, Altas Partes Contratantes, poderá ser efectuada por Troca
nomeadamente pelos elementos referidos no artigo 3 do pre- de Notas
sente Acordo. Em fé do que, os signatários, em nome dos respectivos
Governos, assinam e selam este Acordo, em quadruplicado,
ARTIGO 5
nas línguas portuguesa e inglesa, sendo ambas as versões
As Altas Partes Contratantes proibirão nos seus territórios igualmente autênticas.
acções de propaganda que incitem à guerra de agressão con- Feito e assinado na fronteira comum nas margens do Rio
tra a outra Alta Parte Contratante e proibirão igualmente Nkomati, aos 16 dias do mês de Março de 1984.
as acções de propaganda destinadas a incitar a actos de
terrorismo e guerra civil no território da outra Alta Parte Pelo Governo da República Popular de Moçambique,
SAMORA M O I S É S M A C H E L Marechal da República, Presi-
Contratante
dente da República Popular de Moçambique, Presidente
ARTIGO 6
do Conselho de Ministros. — Pelo Governo da República
As Altas Partes Contratantes declaram que não há con- da África do Sul, P I E T E R W I L L E M B O T H Primeiro-Ministro
flito entre os compromissos por elas assumidos em tratados da República da África do Sul
27 DE ABRIL DE 1984 40—(9)

Resolução n.° 4 / 8 4 A Assembleia Popular destacou e enalteceu a acção


de 27 de Abril
decisiva das Forças Armadas de Moçambique (FPLM) no
combate e liquidação dos bandidos armados, na libertação
O reforço permanente da unidade africana, o estreita- das populações e na criação de condições de segurança
mento dos laços de amizade e cooperação com todos os necessárias à reactivação das actividades económicas e
estados africanos, particularmente com aqueles que seguem sociais nas zonas afectadas Neste processo, foi decisiva a
a via socialista, sempre foi uma constante da política externa intensificação da reorganização global da estrutura defen-
do Estado moçambicano. siva do país e o reforço da direcção do Ministério da
É neste contexto que se insere a visita de Estado, efectua- Defesa Nacional e das Forças Armadas de Moçambique
da pelo Presidente Samora Moisés Machel à República Po- (FPLM)
pular de Congo, durante a qual se procedeu à assinatura do Foi deste modo possível elevar a preparação combativa
Tratado de Amizade e Cooperação entre os Estados dos e o nível operacional das Forças Armadas, estabelecer
dois países consolidando os antigos e sólidos laços que unem formas de actuação conjunta com as Forças Locais, as
os dois povos desde os duros tempos da luta armada de li- Forças Policiais, as Forças de Segurança e as Milícias
bertação nacional em Moçambique Populares e melhorar o enquadramento dos cidadãos na
Estes laços materializam-se nas relações de amizade que luta pela liquidação dos bandidos armados
se têm desenvolvido entre os nossos estados e na amizade Os sucessos militares alcançados resultam da natureza
que liga o Presidente Denis Sassou Nguesso e o Presidente profundamente popular das Forças Armadas de Moçam-
Samora Moisés Machel, a qual permidu um amplo entendi- bique e da correcta materialização da estratégia e táctica
mento nos diferentes domínios, partícularmente nas questões militar traçadas pelo Partido Frelimo A experência do
de princípios da política internacional, na perspectiva do combate adquirida revela ainda que é necessário pros-
desenvolvimento de um clima de paz e desanuviamento seguirmos a ofensiva organizativa desencadeada no sero
O tratado que agora é ratificado significa a abertura de das Forças da Defesa e Segurança, com vista a adequá-las
novas e promissoras possibilidades de cooperação entre os cada vez mais às necessidades do combate contra os
dois Estados nos domínios político, económico, comercial, bandidos armados.
técnico e cultural A Assembleia Popular concluiu que as vitorias militares
O tratado assinado em Brazzaville concretiza num ins- alcançadas foram determinantes e colocaram os bandidos
trumento jurídico o desejo político comum dos dois povos armados na debandada e no desespero Os deputados
de reforçarem as suas relações, permitindo um melhor co- estão conscientes de que mais do que nunca importa agora
nhecimento recíproco e, desta forma, conseguir uma coo- agudizar a vigilância e intensificar a ofensiva militar Os
peração mutuamente vantajosa deputados reafirmam a sua determinação cm participar
Nos termos do artigo 51 da Constituição a Assembleia com redobrado vigor na liquidação dos bandidos armados,
Popular determina mobilizando e galvanizando todo o povo neste combate
decisivo
É ratificado o Tratado de Amizade e Cooperação, cele- A Assembleia Popular declara que é agora o momento
brado em Brazzaville aos 12 de Abril de 1984, entre a Re- de darmos o golpe final aos bandidos armados
pública Popular de Moçambique e a República Popular de Notando que a defesa e a economia são dois aspectos
Congo intimamente interdependentes, os deputados consideram
que a criação de condições de paz e tranquilidade são a
Aprovada pela Assembleia Popular base indispensável para o funcionamento regular da nossa
economia e para o desenvolvimento económico e social do
Publique-se nosso País
O Presidente da República, Marechal da Republica Analisando a difícil e complexa situação economica e
SAMORA M O I S E SM A C H E L financeira em que vivemos, os deputados da Assembleia
Popular dedicaram especial atenção à identificação e com-
preensão das suas causas essenciais e à definição das
Resolução n° 5 / 8 4 acções principais a realizar para vencer a crise
de 27 de Abril Foram identificados como factores externos com maior
influência no agravamento da situação económica, a guerra
A Assembleia Popular, reunida na sua 12.a Sessão, de não declarada pela África do Sul contra o nosso País,
24 a 27 de Abril de 1984, fez o balanço das actividades do nomeadamente a acção desestabilizadora e as acções de
Estado desde a sua 11.a Sessão, analisou profundamente a agressão directa ou através dos bandidos armados por ela
situação do País e o nível de realização das orientações armados, as calamidades naturais que assolaram vastas
do IV Congresso do Partido Frelimo sobre a defesa da regiões do país, em particular as secas e as inundações,
Pátria, a economia, a defesa da legalidade, a acção diplo- assim como os efeitos devastadores da crise económica
mática e as Assembleias do Povo internacional que agravou a deterioração dos termos de
Os deputados da Assembleia Popular constataram que, troca no mercado externo
da 11.a à 12.a Sessões, foram realizadas tarefas fundamentais Como factores internos desse agravamento, constataram
por todo o povo moçambicano e pelo nosso Estado, neces- que subsiste a tendência de fazer prevalecer as decisões
sárias à criação de um clima de paz e de tranquilidade administrativas sem atender as leis económicas objectivas
e à criação das condições para o arranque decisivo da Constataram também a debilidade e por vezes inadequada
economia nacional. organização do sector produtivo, a centralização excessiva
Salientaram que nesse período, alcançámos vitórias de de decisões, a persistência de acções que demonstram a
cisivas Fizeram no entanto notar que são necessários ainda falta de austeridade, a incorrecta utilização dos recursos
enormes esforços adicionais para consolidar as nossas humanos, materiais e financeiros e o desvio de bens do
conquistas, vencer as insuficiências e corrigir os erros Estado
detectados de modo a que os resultados das nossas vitórias A Assembleia Popular esta consciente de que o Acordo
sejam usufruídos por todo o povo moçambicano de Nkomati não constitui por si só a resolução dos nossos
4 0 - ( 1 0 ) I SÉRIE —NÚMERO 17

actuais problemas económicos Ele criou condições para lismo e o imperialismo, pela libertação nacional, pela
que as acções económicas possam desenvolver-se com independência, pela democracia e progresso social.
regularidade e no tempo previsto. Os deputados manifes- A Assembleia Popular debateu em detalhe a vida das
taram a sua total disponibilidade em desenvolver esforços Assembleias do Povo. Analisou em particular o seu nível
adicionais para curar as feridas que foram sucessivamente de funcionamento, debruçando-se nomeadamente sobre a
provocadas ao país, ano após ano, desde a independência periodicidade das sessões, a actividade das comissões de
nacional trabalho, as experiências de aplicação dos princípios de
A Assembleia Popular considerou que a tarefa essencial subordinação das assembleias de escalão inferior às de
é a de concentrar os esforços na liquidação definitiva dos escalão superior e dos órgãos executivos às assembleias do
bandidos armados e na recuperação económica nível respectivo.
No contexto da reconstrução nacional, deverá ser dada Os deputados constataram que um trabalho vivo e
prioridade à ocupação física, política, administrativa e concreto das Assembleias do Povo exige que cada deputado
económica das zonas devastadas pelos bandidos armados tenha uma vinculação permanente com os cidadãos eleito-
É necessário revitalizar o conjunto da economia nacional res. Um trabalho dinâmico implica igualmente a estrutura-
através da concretização das directivas económicas e sociais ção nas assembleias de órgãos permanentes formados pelos
do IV Congresso do Partido Frelimo, nomeadamente con- seus deputados.
cedendo maior apoio ao sector familiar e privado, forta-
lecendo a gestão empresarial e agindo com maior incidên- A Assembleia Popular considerou ser indispensável indi-
cia no sector produtivo car o processo de implementação do sistema de inspecção
popular tal como foi definido pelo IV Congresso do Partido
Os deputados da Assembleia Popular ao debaterem os Frelimo
objectivos, métodos e resultados da Operação Produção
consideraram que constitui um meio correcto de orientar Os deputados da Assembleia Popular estudaram especi-
a população excedentária dos centros urbanos para activi- ficamente as nossas experiências eleitorais anteriores no
dades produtivas nas zonas rurais e de promover o apro- contexto da análise das próximas 2 a s eleições gerais e
veitamento da força de trabalho sem emprego ou subutili- pronunciaram-se sobre as medidas necessárias à sua cor-
zada Acentuaram contudo, que devem ser adoptadas recta preparação e realização
medidas correctivas dos erros já detectados, a fim de Ultrapassada a fase de criação das Assembleias do Povo.
impedir o desvirtuamento da Operação Produção e garantir a Assembleia Popular declara que devemos consolidar as
que prevaleçam os seus objectivos de dignificar o trabalho, Assembleias do Povo como órgãos de exercício efectivo do
de criar em cada cidadão a consciência de que deve ser poder popular
socialmente útil, de contribuir eficazmente para o combate Tendo debatido em profundidade a realidade presente
à improdutividade e marginalidade. do país no plano interno e externo, a Assembleia Popular
Examinando o estado da legalidade no país, a Assembleia considerou que as dificuldades actuais encontram a sua
Popular constatou que ainda se verificam violações, irregu- solução na implementação das decisões do IV Congresso
laridades e arbitrariedades que constituíram a razão do Neste contexto e na concretização das resoluções da
desencadeamento da Ofensiva da Legalidade III Sessão do Comité Central do Partido Frelimo, a As-
Os deputados da Assembleias Popular concluíram que sembleia Popular determina:
a manutenção da Ofensiva da Legalidade como uma prática
permanente é uma das garantias da ordem pública, da
segurança e tranquilidade interna, valores que a ética
da revolução moçambicana encerra
1. Nas Forças de Defesa e Segurança deve ser prossegui-
A Assembleia Popular ao apreciar as acções desenvolvi- da a ofensiva organizativa, de modo a
das no quadro da ofensiva diplomática, assentes nos
princípios básicos que orientam o nosso Partido e Estado, — Consolidar a sua organização,
reafirmou o facto de que o estabelecimento dum clima de — Reforçar a preparação combativa das Forças Ar-
paz, de cooperação, de igualdade e de justiça, constituem madas de Moçambique (FPLM) adaptando-as
expressão das mais profundas aspirações do povo mo- cada vez mais às novas tácticas dos bandidos
çambicano que, em tranquilidade, quer vencer o subdesen- armados;
volvimento e edificar o socialismo. — Valorizar o Serviço Militar Obrigatório e melhorar
A Assembleia Popular considerou que a ofensiva diplo- o nível de organização do recrutamento militar,
mática permitiu divulgar a natureza da nossa política — Elevar o nível de organização das Milícias Populares
socialista de paz, de independência, de não-alinhamento e unificando-lhes o comando e subordinando-o ao
de cooperação com todos os países, e denunciar que o comando das Forças Armadas Neste contexto
rcgime de apartheid constitui o factor essencial da desesta- importa garantir o cumprimento das orientações
bilização da África Austral já definidas sobre a selecção, preparação e en-
A Assembleia Popular congratulou-se pela assinatura do quadramento dos milicianos, recorrendo nomea-
Acordo de Nkomati, expressão da vitória da política so- damente à participação popular na purificação
cialista de paz praticada pela República Popular de Mo- dos infiltrados
çambique
A Assembleia Popular saudou as acções diplomáticas 2 Reconhecendo a importância das Forças Locais no
desenvolvidas Elas têm alcançado os seus objectivos e combate aos bandidos armados, é fundamental melhorar
são coerentes com os princípios da política externa consa- a sua organização e fortalecer o seu comando
grados na Constituição da República 3 As Forças Armadas de Moçambique (FPLM) devem
A Assembleia Popular concluiu que a defesa dos inte- generalizar o treino militar e intensificar a educação patrió-
resses do povo moçambicano, constituindo uma constante tica entre os jovens nas escolas, nos institutos, na universi-
da nossa política, é parte indissociável da luta pela conso- dade e outras instituições de ensino, nas empresas, coope-
lidação e fortalecimento da revolução socialista em Mo- rativas, hospitais, em todos os locais de trabalho e de
çambique, sendo parte da luta dos povos contra o colonia- residência
27 DE ABRIL DE 1984 40—(11)

4. A Assembleia Popular responsabiliza as estruturas A Operação Produção deve neste contexto, ser prosse-
políticas e administrativas locais, pelo apoio e participação guida no sentido de promover o enquadramento na pro-
dos deputados, para o enquadramento correcto das popu- dução dos trabalhadores subempregados e improdutivos.
lações vítimas da acção dos bandidos armados. Estas 4. Para uma adequada aplicação dos recursos disponí-
estruturas devem mobilizar os recursos locais para a re- veis, o Governo deve introduzir, no corrente ano, a regula-
construção da vida económica e social das populações mentação do processo de investimentos internos com vista
afectadas, consolidando política e economicamente as áreas a que se realizem fundamentalmente os projectos cuja
em que vivem. viabilidade técnico-económica esteja claramente demons-
5. A Assembleia Popular exorta todos os cidadãos a trada e para os quais estejam assegurados os meios indis-
agudizar a vigilância popular, dando particular atenção pensáveis.
às manobras do inimigo, nas suas tentativas de infiltração 5. No corrente ano, em todos os sectores económicos,
no seio das famílias, procedendo-se ao controlo rigoroso da no aparelho de Estado e nas empresas, têm de ser intro-
movimentação das pessoas. duzidas medidas que garantam a contenção de despesas
Exorta igualmente os deputados a todos os níveis, a e o rigoroso controlo da aplicação dos fundos.
engajarem-se activamente no combate aos bandidos arma- Em particular, em 1984, no aparelho de Estado o fundo
dos, participando na mobilização e no enquadramento do de salários global não poderá crescer, sendo em princípio
povo para intensificar a vigilância, detectar e combater as vedado o recrutamento de novos trabalhadores. Todas as
manobras do inimigo. nomeações, reavaliações ou reajustamentos salariais serão
efectuadas por meio de concursos e necessitarão de inter-
II — No âmbito económico venção do Ministério das Finanças.
6 Os deputados ao assumirem que no PEC-84 os re-
1. As estruturas do aparelho de Estado de direcção da cursos disponíveis são escassos, serão conscientes de que
economia devem tornar-se mais operativas, eficientes e deverão buscar meios adicionais através de maior apro-
actuantes por forma a garantir a realização, em devido veitamento de reservas económicas disponíveis localmente,
tempo, das tarefas do Plano Estatal Central para 1984. e através de maior desenvolvimento da iniciativa criadora
Neste contexto, deverão ser adoptadas medidas concretas aplicando com maior dinamismo o princípio de contar com
para criar as condições do arranque da nossa economia. as próprias forças.
2. Para o funcionamento regular da economia devem O cumprimento do Plano e a melhoria das condições
ser eliminados a ingerência e o bloqueio de carácter admi- de vida exige ainda o desenvolvimento de pequenos pro-
nistrativo, para que a empresa se torne efectivamente a jectos, em particular no fomento da actividade artesanal
célula base da nossa economia. Em 1984, o Governo deve e da indústria local.
aprovar e fazer aplicar leis e normas económicas que
libertem as forças produtivas do país. A solução dos nossos problemas assenta no apoio prio-
ritário que conferimos aos produtores, em todos os aspectos
O Governo deve em particular-
da vida económica e social, em especial o sector familiar
— Adoptar medidas no âmbito da política de preços e privado, elementos importantes na melhoria da situação
que proporcionem benefícios efectivos aos pro- económica do país nesta fase.
dutos, que incentivem a produção mercantil e 7. A luta que empreendemos contra o subdesenvolvi-
que promovam a eficiência e a produtividade das mento exige de cada um de nós uma atitude activa e dinâ-
empresas; mica na defesa da economia, na protecção dos bens do
— Aprovar legislação sobre o sistema cambial que Estado, no controle e fiscalização dos circuitos de comer-
estimule os sectores geradores de divisas; cialização e de distribuição.
— Introduzir legislação e regulamento de carácter la-
No âmbito do controlo da actividade económica em geral
boral, concretizando um sistema de remuneração
cabe aos órgãos estatais nos vários escalões, com a parti-
que ligue o salário a produção, que incentive a
qualificação profissional permanente e que pre- cipação das Organizações Democráticas de Massas, intensi-
meie o bom trabalho e penalize o mau. Neste ficar e organizar o controlo popular.
domínio, devem ainda ser definidas as obrigações Para defesa da economia, no corrente ano, os organismos
dos trabalhadores. As normas disciplinares deve- estatais de inspecção e controlo terão de ser mais actuantes
rão contemplar sanções monetárias para casos e agir regular e sistematicamente.
de infracção aos procedimentos e regulamentos 8. Considerando que o PEC-84 se vai realizar num
de trabalho momento em que a economia moçambicana atravessa um
período crítico, resultante de factores negativos acumulados
3. No contexto da promoção do funcionamento regular nos últimos anos, a Assembleia Popular exorta a todos os
da economia os órgãos centrais do Estado devem também cidadãos para maior racionalização na utilização do com-
introduzir, em 1984, medidas que, em conjunto, promovam bustível, das matérias-primas, em particular as importadas,
a valorização do metical, corrigindo anomalias no âmbito e para uma adequada manutenção e utilização de equi-
de preços e salários, emprego, crédito, impostos e margens pamentos e a maquinaria.
de comercialização. Em 1984, todos os sectores devem aplicar medidas que
Neste processo, é ainda imperativo que as empresas estimulem a prática contínua e sistemática da poupança,
produzam lucros. Durante o ano de 1984 o aparelho de da austeridade e da racionalização dos gastos materiais
Estado, a todos os níveis, deve introduzir medidas orga- e financeiros, como fontes importantes de obtenção de
nizativas e económicas que assegurem a viabilidade das recursos adicionais para o desenvolvimento.
empresas através de uma melhor utilização de recursos e 9. Na valorização e na melhor utilização dos nossos
da capacidade instalada. Com este objectivo, deve criai recursos e como contribuição determinante para o aumento
condições para que as empresas funcionem com maior de produção e da produtividade e para a melhoria da
autonomia administrativa e financeira, capacitando-se para organização económica do pais é decisiva a reactivação,
uma melhor gestão económica, técnica e financeira. em todos os sectores, da Ofensiva Política e Organizacional.
4 0 - ( 1 2 ) I SÉRIE —NÚMERO 17

5. Proceder à redistribuição 'dos quadrosIIIcom formação


jurídica, afectando alguns nas estruturas responsáveis pela
1. É fundamental fazer da Ofensiva da Legalidade uma investigação, para melhorar a sua eficiência
prática permanente, nomeadamente através das seguintes 6. Punir severamente todos aqueles que, por negligência
acções: ou intencionalmente, violem os direitos fundamentais dos
cidadãos, nomeadamente pela prática de detenções arbitra-
— Divulgar de forma sistemática e generalizada as rias e ilegais, e incumprimento dos prazos de prisão preven-
leis que regem os direitos e as garantias funda- tiva, bem como aqueles que façam falsas denúncias que
mentais dos cidadãos, a economia nacional, o conduzam a prisões injustificadas
abastecimento, a saúde, a educação, o trabalho 7. Garantir uma maior eficiência e continuidade de
e a segurança do povo e do Estado Popular; trabalho dos órgãos judiciais, incluindo o Tribunal Militar
— Educar os cidadãos na obediência e respeito pela Revolucionário
lei;
— Sensibilizar todas as estruturas, sobretudo a nível IV — No âmbito da operação produção
das empresas estatais, cooperativas, organismos
económicos e administrativos para o cumprimento 1 Prosseguir a reintegração dos cidadãos improdutivos
das leis, por forma a concorrerem para a elimi- em tarefas de produção, garantindo que sejam cuidadosa-
nação das violações da legalidade no que respeita mente observadas as condições materiais para a sua cor-
à protecção, à saúde, normas salariais, regras de recta selecção, encaminhamento, recepção e colocação nos
segurança no trabalho, defesa da economia, uso locais e centros de produção previamente preparados para
abusivo dos bens do Estado e sua delapidação, o seu enquadramento.
desvio de bens, cumprimento dos planos, e das 2 Melhorar os métodos de planificação e organização
metas de produção traçadas; por forma a garantir-se maior eficiência e o respeito pelos
direitos dos cidadãos.
— Responsabilizar os órgãos competentes pelo cum-
primento rigoroso das normas que regem as de- 3. A Operação Produção deve assumir um carácter
tenções, buscas domiciliárias, revistas e apreen- permanente, garantindo-se a participação efectiva de todas
sões dos bens, bem como garantir o cumprimento as estruturas envolvidas para que possa adquirir esse
das leis sobre os prazos de prisão preventiva carácter.
sem culpa formada e com culpa formada; V — No âmbito das Assembleias do Povo e das
— Garantir neste âmbito a realização dos julgamentos 2as Eleições Gerais
dentro dos prazos fixados por lei, o cumprimento
dos períodos das penas, a assistência aos detidos 1. Deve ser aumentado na próximas eleições gerais o
e o respeito pelos seus direitos; número de deputados eleitos para cada uma das Assem-
— Reprimir severamente a criminalidade económica, bleias do Povo de modo a garantirmos uma maior partici-
designadamente da candonga em todas as suas pação de todos os sectores da vida económica e social no
formas, do tráfico de divisas e de estupefacientes, exercício do poder popular
de desvio de produtos do abastecimento do povo 2. O princípio de preenchimento dos lugares vagos nas
e da sabotagem económica. Assembleias do Povo deve ser mantido, garantindo-se
também o enquadramento dos deputados transferidos no
trabalho das Assembleias.
2 É necessário desenvolver no quadro da Ofensiva da 3. Deve ser desenvolvida a prática de os órgãos executi-
Legalidade os mecanismos de controle da aplicação e cum- vos de Estado darem relatório e prestarem contas das suas
primento das leis, nomeadamente: actividades à Assembleia do Povo do escalão respectivo
—-Tornar eficientes e mais dinâmicos os órgãos de Os deputados podem contactar, solicitar esclarecimento,
defesa da legalidade instituídos, nomeadamente fazer perguntas aos Ministros e demais membros dos órgãos
executivos do Estado. Estes responsáveis devem, com
- a Inspeccão do Estado obrigatoriedade, dar respostas às solicitações dos deputados
- a Procuradoria da República, 4. As Assembleias do Povo devem criar comissões de
- a s Comissões de Legalidade das Assembleias trabalho para melhorar a realização das suas actividades
do Povo, Essas comissões devem ter objectivos claros, tarefas
- o s Gabinetes de Controlo e Disciplina precisas, e programa de trabalho. Deve igualmente ser defi-
— Alargar a rede judiciária a nível de distrito, median- nida a duração do mandato respectivo As comissões de
te a criação de novos tribunais populares trabalho atribuem tarefas concretas a cada deputado e
procedem ao controlo das decisões, exigindo a prestação
regular de contas.
3. Em todo este processo, é importante a participação
activa dos deputados das Assembleias do Povo a todos Neste contexto não se deve criar situações de acumulação
os níveis na aplicação e defesa da legalidade revolucionária. excessiva de tarefas que tornem impossível a sua realização
prática.
As Comissões de Legalidade das Assembleias do Povo 5. Relativamente à necessidade de criação de um órgão
devem enquadrar os deputados nas tarefas de controlo da permanente de apoio ao trabalho de cada Assembleia do
legalidade, organizando visitas periódicas às cadeias e Povo com vista a assegurar o exercício do poder mesmo
outros centros prisionais e assegurando a informação das no intervalo das sessões, devem ser estudadas antes da sua
estruturas competentes e a respectiva Assembleia da situa- generalização as experiências existentes ao nível das
ção prisional. Assembleias Provinciais. Estes órgãos permanentes não
4. Intensificar a formação política e técnico-profissional devem substituir-se à própria Assembleia nem o órgão
dos magistrados, defensores e agentes de investigação e a executivo na tomada das suas decisões, embora possam
exigência do rigoroso cumprimento da ética profissional apoiar o trabalho permanente das Assembleias e controlar
e o respeito pela pessoa humana a execução das suas decisões
27 DE ABRIL DE 1984 40—(13)

6. Deve ser alterada a periodicidade das sessões das As- vamente os deputados, materializando as orientações tra-
sembleias do Povo actualmente em vigor, passando: çadas pelo Bureau Político do Comité Central do Partido
— A Assembleia Provincial a reunir-se de 4 em 4 me- Frelimo sobre a comemoração desta data.
ses,
— A Assembleia Distrital a reunir-se de 3 em 3 meses; VII — Prestação de Contas.
— A Assembleia de Localidade reunir-se de 2 em
2 meses A Comissão Permanente da Assembleia Popular deve
organizar a prestação de contas a realizar perante a As-
A duração das sessões das Assembleias do Povo deve ter sembleia Popular pelos seus deputados e pelo Governo
em coma o numero e especificidade dos assuntos a tratar, sobre o grau de implementação das decisões tomadas na
bem como o momento da vida económica e social em que 12.a Sessão da Assembleia Popular.
se realizam
7. As Assembleias do Povo devem aplicar métodos de
trabalho simples, afastando os procedimentos protocolares VII I Bandeira Nacional.
inadequados que sejam mera repetição dos realizados a
um escalão superior, de modo a garantir uma participação Nos livros das escolas do nosso País devem ser intro-
mais activa dos deputados, a transmissão das suas experiên- duzidas as palavras proferidas pelo Presidente da Repú-
cias concretas e uma melhor discussão dos problemas blica, na 12.a Sessão acerca do significado da Bandeira
concretos da vida do povo. Nacional, cujo conteúdo histórico e de exaltação patriótica
contém uma força educativa profunda essencial à formação
As intervenções dos deputados podem, portanto, ser das jovens gerações, continuadoras das gloriosas tradições
feitas sem texto previamente escrito. revolucinárias do povo moçambicano dirigido pela FRE-
Deve-se ainda cuidar e estimular em cada sessão as LIMO na luta pela conquista da Independêcnia Nacional
manifestações culturais de cada local no sentido de que e do Poder Popular.
constituem parte da cultura nacional.
8. Não podem ser criadas novas unidades político-admi-
mstrativas sem considerar a eleição da respectiva Assem- IX — Saudações.
bleia do Povo e seu Conselho Executivo
9 É necessário adoptar medidas, incluindo no âmbito A Assembleia Popular saúda as gloriosas Forças Arma-
financeiro, que eliminem a classificação de «localidades das de Moçambique (FPLM), os soldados, sargentos e
administrativas» e «localidades políticas» oficiais que com firmeza e heroísmo combatem os bandidos
10 Em especial, ao nível da Assembleia Popular, a sua armados para que a paz e a tranquilidades sejam a reali-
Comissão Permanente deve: dade do dia-a-dia da vida do povo moçambicano Saúda
igualmente as Forças Policiais, as Forças Locais, a Segu-
— Melhorar o trabalho da Assembleia Popular e rança Popular, as Milícias Populares e os Grupos de Vigi-
dinamizar a actividade individual e colectiva dos lânc a pela sua permanente acção de vigdencia e combate
seus deputados; contra os bandidos armados, os criminosos, os marginais
— Criar uma comissão permanente para as relações
internacionais,
A Assembleia Popular saúda o povo moçambicano, todos
— Criar uma comissão de inspecção popular de ca-
os patriotas firmemente engajados na liquidação dos bandi-
rácter permanente;
dos armados e na luta contra a fome, a nudez, a ignorância
— Assegurar que o Conselho de Ministros dê perio- e a miséria É no trabalho árduo e com disciplina, no
dicamente relatório global das actividades do estudo permanente e no combate sem tréguas aos nossos
Governo à Assembleia Popular; inimigos que todos edificamos a Pátria moçambicana de-
— Assegurar a orientação e apoio às Assembleias do senvolvida e socialista de que nos orgulhamos.
Povo de escalão inferior, em particular às As-
sembleias Provinciais. A Assembleia Popular manifesta também o seu apreço
pelos trabalhadores das várias nacionalidades que movidos
11. Relativamente às 2.as eleições, estas devem ter lu- pelos ideais de solidariedade de cooperação unem-se ao
gar no segundo semestre de 1985 povo moçambicano nas realizações economias e sociais
Importa, entretanto, reactivar os órgãos do poder popular necessárias ao crescimento e prosperidade do nosso País
aos vários níveis no cumprimento das tarefas prioritárias Os deputados da Assembleia Popular, reconhecendo a
da liquidação dos bandidos armados e da criação das justeza das decisões do IV Congresso do Partido Frelimo,
condições de arranque decisivo da nossa economia. saúdam-nas vivamente e consideram-nas um guia perma-
As 2.as eleições gerais serão parte do movimento de cele- nente das assembleias e da vida de todo o povo moçambi-
bração do 10 ° Aniversário da Independência Nacional a cano. Saúdam ainda as decisões da III Sessão do Comité
realizar em 1985 Central do Partido Frelimo que sendo uma aplicação cor-
recta das decisões do IV Congresso, contém orientações
VI — Comemoração do 25 de Setembro. e tarefas de primordial importância para vencermos a
crise e rompermos com o subdesenvolvimento
Aproxima-se o 20.° aniversário do 25 de Setembro, data
plena de significado para a nossa revolução. Esta data Os deputados da Assembleia Popular consideram que
deve ser assinalada condignamente por todo o povo e em o sucesso dos trabalhos desta sessão se deve às lúcidas
particular pelos seus representantes democrativamente elei- orientações definidas pelo Presidente da República no seu
tos, os deputados. discurso de abertura e, uma vez mais, à sua atitude cora-
Ciente da necessidade de se atribuírem tarefas concretas joso e entusiástica que serve de guia e farol à nação
aos deputados das assembleias aos diferentes níveis, no inteira.
âmbito das comemorações do 25 de Setembro, a Assembleia Os momentos altos da vida nacional vividos desde a
Popular estabelece que cada assembleia deve aprovar um última sessão da nossa assembleia resultaram das posições
programa de tarefas que responsabilize individual e colecti- esclarecidas, firmes e de grande visão e realismo histórico
40-(14) I SÉRIE —NÚMERO 17

que o Presidente Samora Moisés Machel mais uma vez amizade os Povos irmãos de Angola, Cabo Verde, Guiné-
demonstrou. - Bissau e São Tomé e Príncipe.
Por tudo isto os deputados saúdam com calor e viva
emoção Sua Excelência o Presidente da República Popu- A Luta Continua'
lar de Maçambique.
Os deputados da Assembleia Popular manifestam una- Aprovada pela Assembleia Popular.
nimemente elevada honra e grande alegria pelo privilégio Publique-se
que constitui a presença dos ilustres Chefes de Estado dos
Países Africanos de expressão oficial portuguesa nesta O Presidente da República, Marechal da República
12.a Sessão da Assembleia Popular e saúdam com profunda SAMORA MOISÉS MACHEL

Você também pode gostar