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Quarta-feira, 14 de Outubro de 1992 I SÉRIE - Número 42

BOLETIM DA REPUBLICA
PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

SUPLEMENTO
SUMÁRIO Art. 4. A presente lei entra imediatamente em vigor.

Assembleia da República: Aprovada pela Assembleia da República.


Lei n.° 13/92: O Presidente da Assembleia da República, Marcelino
Aprova o Acordo Geral de Paz. dos Santos.
Lei n.° 14/92: Promulgada aos 14 de Outubro de 1992.
Altera os artigos 1, 5, 6, 11, 14, 16 e 23 da Lei n.° 7/91,
de 23 de Janeiro, sobre os partidos políticos. Publique-se.
Lei n.° 15/92:
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
Amnistia os crimes cometidos contra a segurança do povo e
do Estado popular, previstos na Lei n.° 2/79, de 1 de Março
e na Lei n.° 1/83, de 16 de Março, os crimes contra a segu-
rança do Estado, previstos na Lei n.° 19/91, de 16 de
Agosto, e os crimes militares previstos na Lei n.° 17/87,
de 21 de Dezembro e ainda aqueles cujo procedimento
criminal não tenha sido instaurados até 1 de Julho de 1988.
Acordo Geral de Paz de Moçambique
Joaquim Alberto Chissano, Presidente da República de
Moçambique, e Afonso Macacho Marceta Dhlakama, Pre-
sidente da RENAMO, encontrando-se em Roma,

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Sob a presidência do Governo italiano, na presença do


Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Italiana,
Emílio Colombo,
Lei n.° 1 3 / 9 2
E na presença de:
de 14 de Outubro
S. Ex,a Robert Gabriel Mugabe, Presidente da Repú-
Com vista a tornar executório o Acordo Geral de Paz blica do Zimbabwe;
assinado em Roma, entre o Governo da República de S. Ex.a Ketumile Masire, Presidente da República
Moçambique e a Renamo, a Assembleia da República, do Botswana;
usando da competência estabelecida no n.° 1 do artigo 135
da Constituição, determina. S. Ex.a George Saitoti. Vice-Presidente da República
do Quénia;
Artigo 1. É aprovado o Acordo Geral de Paz assinado
em 4 de Outubro de 1992 entre o Governo da República S. Ex.a Roelof F. Botha, Ministro dos Negócios Es-
de Moçambique e a Renamo, que é publicado em anexo trangeiros da República da Africa do Sul;
e que faz parte integrante da presente lei. Hon. John Tembo, Ministro na Presidência da Re-
Art. 2. Consideram-se criados para todos os efeitos pública do Malawi;
legais os organismos previstos no Acordo Geral de Paz, Emb. Ahmed Haggag, Vice-Secretário-Geral da OUA;
com as funções e composição neste estipuladas, sem pre- dos mediadores: on. Mario Raffaelli, representante
juízo de regulamentação necessária. do Governo italiano e coordenador dos mediadores,
Art. 3. A legislação decorrente do Acordo Geral de D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, professor
Paz incluirá, para cada caso, o conteúdo estipulado no Andrea Riccardi e D. Matteo Zuppi, da Comuni-
mencionado Acordo. dade de S. Egídio;
e dos representantes dos observadores: o Dr. James Ministro do Trabalho, e Francisco Madeira, Assessor Di-
O. C. Jonah, Secretário-Geral Adjunto para os plomático do Presidente da República, e a Delegação da
Assuntos Políticos das Nações Unidas; S. Ex.a o RENAMO, chefiada por Raul Manuel Domingos, chefe
Subsecretário de Estado Embaixador Herman J. do Departamento das Relações Exteriores, composta pelos
Cohen, pelo Governo dos Estados Unidos da Amé-
senhores Vicente Zacarias Ululu, Chefe do Departamento
rica; S. Ex.a o Embaixador Philippe Cuvillier, pelo
Governo da França; S. Ex.a o Secretário de Estado da Informação, Agostinho Semende Murrial, Vice-Chefe do
dos Negócios Estrangeiros c da Cooperação, Dr. Departamento dos Assuntos Políticos, e João Francisco
José Manuel Durão Barroso, pelo Governo de Por- Almirante, membro do Gabinete Presidencial, reunidas
tugal; e S. Ex.a Sir Patrick Fairweather, pelo Go- em Roma, no âmbito das conversações de Paz, na pre-
verno do Reino Unido; sença dos mediadores, on. Mario Raffaelli, representante
do Governo da República italiana e coordenador dos me-
No termo do processo negocial dc Roma, para o estabe- diadores, D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, pro-
lecimento de uma paz duradoira e duma sólida democracia fessor Andrea Riccardi e D Matteo Zuppi da Comunidade
em Moçambique, aceitam como obrigatórios os seguintes de S. Egídio;
documentos, que constituem o Acordo Geral de Paz:
Determinados a realizar os superiores interesses do povo
1. Protocolo I (Dos Princípios Fundamentais); moçambicano, reafirmam que o método de diálogo e de
2. Protocolo II (Dos Critérios e Modalidades para colaboração entre si é indispensável para se alcançar uma
a Formação e Reconhecimento dos Partidos Po- paz duradoira no País
líticos);
3. Protocolo III (Dos Princípios da Lei Eleitoral); Consequentemente:
4. Protocolo IV (Das Questões Militares); 1. O Governo compromete-se a não agir de forma con-
5. Protocolo V (Das Garantias); trária aos termos dos Protocolos que se estabeleçam, a não
6. Protocolo VI (Do Cessar-Fogo); adoptar leis ou medidas e a não aplicar as leis vigentes
7. Protocolo VII (Da Conferência de Doadores).
que eventualmente contrariem os mesmos Protocolos.
Aceitam igualmente como partes integrantes do Acordo 2. Por outro lado a RENAMO compromete-se a partir
Geral de Paz de Moçambique os seguintes documentos: da entrada em vigor do cessar-fogo a não combater pela
força das armas, mas a conduzir a sua luta política na
a) Comunicado Conjunto do dia 10 de Julho de 1990; observância das leis em vigor, no âmbito das instituições
b) Acordo de 1 de Dezembro de 1990;
do Estado existentes e no respeito das condições e garan-
c) Declaração do Governo da República de Moçam-
tias estabelecidas no Acordo Geral de Paz.
bique e da RENAMO sobre os princípios orien-
tadores da ajuda humanitária, assinado em 3. Ambas as partes assumem o compromisso de alcançar
Roma, aos 16 de Julho de 1992; no mais curto espaço de tempo o Acordo Geral de Paz,
d) Declaração Conjunta, assinada em Roma, aos 7 contendo os Protocolos sobre cada um dos pontos da
de Agosto de 1992. agenda adoptada no dia 28 de Maio de 1991 e desenvolver
as acções necessárias para esse efeito. Neste contexto
O Presidente da República de Moçambique e o Presi- o Governo empenhar-se-á a não obstaculizar as deslocações
dente da RENAMO comprometem-se a tudo fazerem para internacionais c os contactos da RENAMO no exterior no
se alcançar uma efectiva reconciliação nacional. quadro das negociações para a Paz. Com o mesmo fim,
Os Protocolos acima referidos foram devidamente ru- também serão possíveis contactos no interior do País entre
bricados e assinados pelos respectivos Chefes de Delega- a RENAMO e os mediadores, ou os membros da Comissão
ção e pelos mediadores. O presente Acordo Geral de Paz Mista de Verificação. As modalidades concretas de reali-
entra em vigor imediatamente após a sua assinatura. zação dos mesmos deverão ser estabelecidas caso a caso,
a pedido dos mediadores ao Governo
Joaquim Alberto Chissano - Presidente da República
de Moçambique. 4. Os Protocolos a acordar no decurso destas negocia-
ções farão parte integrante do Acordo Geral de Paz e a
Afonso Macacho Marceta Dhlakama - Presidente da sua entrada em vigor ocorrera na data da assinatura deste,
RENAMO com a excepção do parágrafo 3 deste Protocolo o qual
entra em vigor imediatamente
Os Mediadores: on. Mario Raffaelli, D. Jaime Gonçal- 5. As partes acordam no princípio de constituição de
ves, Professor Andrea Riccardi, D Matteo Zuppi uma Comissão para supervisar e controlar o cumprimento
do Acordo Geral de Paz. A Comissão será composta por
Assinado em Roma, aos 4 de Outubro de 1992 representantes do Governo, da RENAMO bem como das
Nações Unidas, outras Organizações ou Governos a acor-
dar entre si

PROTOCOLO I Pela Delegação do Governo da República de Moçam-


bique, Armando Emílio Guebuza. - Pela Delegação da
Dos princípios fundamentais RENAMO. Raul Manuel Domingos

No dia 18 de Outubro de 1991, a Delegação do Go- Os Mediadores: on. Mario Raffaelli, D. Jaime Gonçalves,
verno da República de Moçambique, chefiada por Ar- professor Andrea Riccardi, D Matteo Zuppi
mando Emílio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comu-
nicações, e composta pelos senhores Aguiar Mazula,
Ministro da Administração Estatal, Teodato Hunguana, Feito em S. Egídio, Roma, aos 18 de Outubro de 1991
PROTOCOLO II 2. Princípios gerais.

Na sua formação, estrutura e funcionamento, os partidos


Dos critérios e modalidades para a formação políticos observarão e aplicarão os seguintes princípios
e reconhecimento dos Partidos Políticos gerais a fim de disciplinar a sua actividade:

No dia 13 de Novembro de 1991, a Delegação do Go- a) Prossecução de fins democráticos;


verno da República de Moçambique, chefiada por Ar- b) Prossecução de interesses nacionais e patrióticos;
mando Emílio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comu- c) Prossecução de fins políticos não regionalistas,
nicações, e composta pelos senhores Aguiar Mazula, tribalistas, separatistas, raciais, étnicos ou reli-
Ministro da Administração Estatal, Teodato Hunguana, giosos;
Ministro do Trabalho, e Francisco Madeira, Assessor Di- d) Necessidade dos seus filiados serem cidadãos mo-
plomático do Presidente da República, e a Delegação da çambicanos;
RENAMO, chefiada por Raul Manuel Domingos, chefe do e) Estruturação democrática dos partidos e transpa-
Departamento das Relações Exteriores, e composta pelos rência dos seus órgãos internos;
senhores Vicente Zacarias Ululu, Chefe do Departamento f) Aceitação de métodos democráticos na prossecu-
da Informação, Agostinho Semende Murrial, Vice-Chefe ção das suas finalidades;
do Departamento dos Assuntos Políticos, e João Francisco S) A adesão a um partido é sempre voluntária e de-
Almirante, membro do Gabinete Presidencial, reunidas riva da liberdade de os cidadãos se associarem
em Roma, no âmbito das conversações de Paz, na presença em torno dos mesmos ideais políticos.
dos mediadores, on. Mario Raffaelli, representante do Go-
verno da República Italiana e coordenador dos mediadores, 3. Direitos dos partidos
D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, professor Andrea
Riccardi e D. Matteo Zuppi da Comunidade de S. Egídio, A Lei dos Partidos tem como objectivo a protecção da
abordaram o primeiro ponto da Agenda acordada no dia liberdade de actuação e de funcionamento dos partidos
28 de Maio de 1991, sobre os «Critérios e modalidades políticos, com exclusão daqueles que se proponham fins
para a formação e reconhecimento dos partidos políticos». anti-democráticos, totalitários ou violentos, e os que desen-
volvam a sua actividade com violação da lei.
No termo das suas discussões as partes acordaram na Os Partidos gozarão dos seguintes direitos:
necessidade de garantir a implementação da democracia
multipartidária, na qual os partidos concorram livremente a) Igualdade de direitos e deveres perante a lei;
para a formação e manifestação da vontade popular e para b) Cada partido deve poder difundir livre e publi-
a participação democrática dos cidadãos na governação camente a sua política;
do País. c) Serão estabelecidas garantias específicas de acesso
aos meios de comunicação social, a fundos de
Neste contexto, e, tendo em consideração o conteúdo financiamento do Estado e às instalações ou
do Protocolo n.° 1 «dos Princípios Fundamentais», as par- facilidades públicas, segundo o princípio de não
tes acordaram nos seguintes princípios: discriminação e com base em critérios de repre-
sentatividade a fixar na lei eleitoral;
1. Natureza dos partidos políticos d) A isenção de impostos e taxas nos termos da lei;
e) Nenhum cidadão pode ser perseguido ou discrimi-
a) Os partidos políticos são organizações autónomas, nado em razão da sua filiação partidária ou das
suas opiniões políticas;
voluntárias e livres de cidadãos de carácter e âmbito na-
f) Os demais aspectos próprios a cada partido serão
cional, tendo como objectivo principal dar expressão demo- definidos pelos respectivos estatutos ou regu-
crática à vontade popular e a permitir a participação demo- lamentos, os quais deverão observar a legali-
crática no exercício do poder político de acordo com os dade. Os estatutos ou regulamentos são objecto
direitos e as liberdades fundamentais dos cidadãos e na de publicação oficial.
base dos processos eleitorais a todos os níveis da organi-
zação do Estado. 4. Deveres dos partidos
b) As associações que tenham por objectivo principal
a defesa de interesses locais, sectoriais ou exclusivos de Os partidos políticos estarão vinculados aos seguintes
um grupo social ou classe específica de cidadãos serão deveres:
distintos dos partidos políticos e não poderão gozar do a) Devem ser identificados por nome, sigla e sím-
estatuto legalmente previsto para estes. bolo. São proibidos os nomes, siglas ou símbo-
c) A Lei dos Partidos deve estabelecer as condições los que possam ser considerados ofensivos para
em que os partidos políticos adquirem personalidade jurí- a população ou os que incentivem a violência
dica. e os que se prestem a conotações divisionistas
d) Serão atribuídas aos partidos políticos prerrogativas com base na raça, região, tribo, sexo ou reli-
próprias, garantidas legalmente. gião;
e) Para a implementação e desenvolvimento pleno da b) Não devem pôr em causa a integridade territorial
democracia multipartidária, assente no respeito e na ga- e a unidade nacional;
rantia dos direitos e liberdades fundamentais e no plura- c) Devem constituir seus órgãos e estabelecer a sua
lismo de expressão e organização políticas democráticas organização interna na base do princípio da
nos quais o poder político pertence exclusivamente ao povo eleição e da responsabilidade democráticas de
e é exercido de acordo com os princípios da democracia todos os titulares dos órgãos centrais;
representativa e pluralista, os partidos deverão ser dotados d) Devem assegurar a aprovação dos seus Estatutos
de princípios fundamentalmente democráticos aos quais e programas por maioria dos seus membros ou
se devem conformar na acção e na sua luta política. por assembleias representativas dos mesmos;
e) Na sua organização interna os partidos devem conversações de Paz, na presença dos mediadores, on. Ma-
respeitar plenamente o princípio da livre filia- rio Raffaelli, representante do Governo da República Ita-
ção dos seus membros, os quais não poderão liana e coordenador dos mediadores, D. |aime Gonçalves,
ser obrigados a ingressar ou permanecer num Arcebispo da Beira, prol. Andrea Riccardi e D. Matteo
partido contra sua vontade; Zuppi da Comunidade de S. Egídio, abordaram o 2.° ponto
da Agenda assinada no dia 28 de Maio de 1991, reiativo
f) Submeter-se ao registo e fazer publicar anual-
à Lei Eleitoral, e acordaram no seguinte.
mente os respectivos balanços de contas bem
como a proveniência dos seus fundos. O presente Protocolo compreende os princípios gerais
que deverão orientar a redacção da Lei Elertoral bem como
5. Registo eventuais modificações às leis que estejam relacionadas
com o desenvolvimento do processo eleitoral
a) O acto de registo visa declarar a conformidade da A Lei Eleitoral deverá ser elaborada pelo Governo, em
constituição c a existência dos partidos com os princípios consulta com a RENAMO assim como com todos os
legais que devem observar c, em consequência, conferir- outros Partidos políticos
lhes personalidade jurídica.
b) Para efeito do registo cada partido deverá ter o nú- I. Liberdade de imprensa e de acesso aos meios de
mero mínimo de 2000 assinaturas. comunicação
c) Compete ao Governo registar os partidos.
d) A Comissão prevista no n.° 5 do Protocolon.°1 a) Todos os cidadãos têm direito a liberdade de im-
sobre os Princípios Fundamentais analisará e decidirá os prensa bem como o direito à informação. Estas liberdades
litígios que surjam no processo de registo dos partidos, compreendem, nomeadamente, o direito de fundar e gerir
devendo para tal o Governo pôr a disposição desta a do- jornais e outras publicações, estacões emissoras radiofó-
cumentação requerida por lei. nicas c televisivas assim como outras formas de propa
ganda escrita ou sonora, tais como cartazes, folhetos e
6. Implementação outros meios de comunicação.
Estes direitos não serão limitados por censura.
a) As partes acordam que, imediatamente após a assi- b) Regulamentos administrativos e fiscais não serão, em
natura do Acordo Geral de Paz a RENAMO iniciará a nenhum caso, aplicados de maneira a discriminar ou im-
sua actividade na qualidade de partido político e com as pedir o oxercício deste direito por razões politicas
prerrogativas previstas na lei, ficando, porém, sujeita a c) A liberdade de imprensa inclui também a liberdade
submetei posteriormente, para o registo, a documentação de expressão e de criação dos jornalistas e a protecção da
requerida por lei sua independência e do sigilo profissional.
b) Prosseguindo com o método do diálogo, colaboração d) Os órgãos de comunicação social do sector público
e consultas regulares, as partes acordam em estabelecer, gozarão de independência editorial e garantirão, nos ter-
no âmbito da discussão do Ponto 5 da Agenda acordada, mos da regulamentação própria prevista no ponto V.3.b)1
a calendarização das acções necessárias para assegurai deste protocolo, direito de acesso, sem discriminação poli-
a correcta implementação do presente Protocolo tica, a todos os partidos. No âmbito desta regulamentação,
dever-se-ão prever espaços de acesso gratuito a todos os
E, para constar, as partes decidiram assinar o presente partidos
Protocolo Não poderão ser recusados, por razões políticas, anún-
cios que respeitem as regras comerciais em uso.
Pela Delegação do Governo da República de Moçam- e) Os meios de comunicação social não poderão discri-
bique, Armando Emílio Guebuza. - Pela Delegação da minar ou recusar, por razões políticas, a nenhum Partido
RENAMO, Raul Manuel Domingos ou seus candidatos, o exercício do direito de resposta ou
a publicação de rectificações ou desmentidos Em caso de
Os Mediadores: Mario Raffaelli. D Jaime Gonçalves,
difamação, calúnia, injúria ou outros crimes de imprensa
Andrea Riccardi, D Matteo Zuppi
será garantido recurso aos tribunais
Feito em S. Egídio, Roma, aos 13 de Novembro de 1991.
II. Liberdade de associação, expressão e propaganda
política

P R O T O C O L O III a) Todos os cidadãos têm direito à liberdade de ex-


pressão, associação, reunião, manifestação e propaganda
Dos Principios da Lei Eleitoral política. Regulamentos administrativos e fiscais não serão,
em nenhum caso, aplicados de maneira a discriminar ou
No dia 12 de Março de 1992. a Delegação do Governo impedir o exercício destes dnertos por razões de ordem
da Republic a de Moçambique, chefiada por Armando política Estes direitos nau se estendem a actividades e
Emílio Guebuza, Ministro dos Transportes c Comunica- grupos paramilitares privados ilegais bem como os que
ções, e composta pelos senhores Aguiar Mazula, Ministro promovam a violência em todas as suas formas o terro-
ela Administração Estatal, Teodato Hunguana, Ministro do rismo, o racismo ou o separatismo.
Trabalho, e Francisco Madeira, Assessor Diplomático do b) A liberdade de associacão, expressão e propaganda
Presidente da República, e a Delegação da RENAMO, che- política compreende o acesso não diseriminatório à utili
fiada por Raul Manuel Domingos, chefe do Departamento zação de lugares e instalações públicas
da Organização, e composta pelos senhores Vicente Zaca Esta utilização dependerá de pedido às autoridades
rias Ululu, chefe do Departamento da Informação, Agos- administrativas competentes, as quais deverão pronun
tinho Semende Muirial, Vice-Chefe do Departamento da ciar-se no prazo de 48 horas após a submissão elo mesmo
Organização, e Virgílio Namalue, Director do Departa- Os pedidos só poderão ser indeferidos por razões de or-
mento da Informação, reunidas em Roma, no âmbito das dem pública ou de carácter organizativo
III. Liberdade de circulação e de domicílio no País 3. Comissão Nacional de Eleições
Todos os cidadãos têm direito de circular em todo o a) Para organizar e dirigir o processo eleitoral, o Go-
País, sem necessidade de autorização administrativa. verno constituirá uma Comissão Nacional de Eleições
Todos os cidadãos têm direito do fixar residência em composta por pessoas que, pelas suas características pro-
qualquer parte do território nacional, de sair ou de re- fissionais e pessoais, dêem garantias de equilíbrio, objec-
gressar para o País. tividade e independência em relação a todos os Partidos
políticos. Um terço dos membros a designar na referida
IV. Regresso de refugiados e deslocados moçambica- Comissão será apresentado pela RENAMO.
nos e sua reintegração social
b) A comissão terá as seguintes competências:
a) As partes comprometem-se a cooperar na repatriação 1. Elaborar em consulta com os partidos políticos o
e reintegração dos refugiados e deslocados moçambicanos Regulamento para a disciplina da propaganda
no território nacional assim como na integração social dos eleitoral, o Regulamento sobre a distribuição
mutilados de guerra. do tempo de antena, bem como o Regulamento
b) Sem prejuízo da liberdade de circulação dos cidadãos, sobre a utilização de lugares e instalações pú-
o Governo elaborará um plano de acordo com a RE- blicas e privadas durante a campanha eleitoral.
NAMO para organizar a assistência necessária aos refugia- 2. Supervisar a elaboração das listas eleitorais, a apre-
dos e deslocados, de preferência nos lugares de origem das sentação legal das candidaturas, a sua publica-
populações. As partes acordam em solicitar a participação ção e a verificação e registo do resultado das
dos competentes organismos das Nações Unidas na elabo- eleições.
ração e implementação deste plano. A Cruz Vermelha 3. Controlar o Processo Eleitoral e assegurar a obser-
Internacional bem como outras organizações a acordar se- vância da legalidade.
ão convidadas a participar na implementação do mesmo. 4. Assegurar a igualdade de tratamento dos cidadãos
c) Os refugiados e deslocados moçambicanos, pelo facto em todos os actos eleitorais.
de terem abandonado os lugares da sua residência habitual, 5. Receber, examinar e deliberar sobre as reclama-
não perdem nenhum dos seus direitos e liberdades de ções quanto à validade das eleições.
cidadãos. 6. Assegurar a igualdade de oportunidade e trata-
d) O registo e a inscrição dos refugiados e deslocados mento das diversas candidaturas.
moçambicanos nas listas eleitorais serão feitos em conjunto 7. Apreciar as contas eleitorais.
com os demais cidadãos nos lugares de residência. 8. Elaborar e mandar publicar no Boletim da Repú-
e) Aos refugiados e deslocados moçambicanos será garan- blica os mapas dos resultados do apuramento
tida a reintegração na posse dos bens que sejam da sua pro- geral das eleições.
priedade, ainda existentes, assim como o direito de os
reivindicar por via legal a quem os detiver. 4. Assembleias de voto
V. Procedimentos eleitorais: sistema de voto demo- a) Em cada local de votação funcionará uma assem-
crático, imparcial e pluralistico bleia de voto composta por:
1. Princípios gerais
direito de voto nesse local;
a) A Lei Eleitoral estabelecerá um sistema eleitoral que
respeite os princípios de voto directo, igual, secreto e pes-
soal.
ti) As eleições da Assembleia da República e do Presi- b) Cada assembleia de voto é presidida por uma mesa
dente da República serão realizadas simultaneamente. de voto que dirige as operações eleitorais e é composta
c) As eleições terão lugar dentro do prazo de um ano por um Presidente, um Vice-presidente também com fun-
a partir da data da assinatura do Acordo Geral de Paz. ções de Secretário e os escrutinadores.
Este prazo poderá ser prorrogado quando se verifiquem c) Os elementos que compõem a mesa de voto serão
razões que impossibilitem o seu cumprimento. designados de entre os eleitores pertencentes à respectiva
assembleia de voto com a concordância dos representantes
2. Direito ao voto das diferentes candidaturas.
a) Terão direito de votar os cidadãos moçambicanos d) Compete às mesas de voto fiscalizar todas as opera-
maiores de 18 (dezoito anos), com excepção dos que so- ções eleitorais e enviar os resultados à Comissão Nacional
fram de incapacidade mental comprovada ou demência. de Eleições
b) Não terão igualmente direito ao voto os cidadãos e) Os delegados das candidaturas ou dos Partidos à
moçambicanos que, a seguir a aplicação do ponto 4, alí- assembleia de voto terão os seguintes direitos:
nea a), da Agenda acordada, se encontrem detidos ou 1. Fiscalizar todas as operações eleitorais.
legalmente condenados à pena de prisão por crime doloso 2. Consultar os registos efectuados ou utilizados pela
de delito comum enquanto não hajam expiado a respec- mesa.
tiva pena. Em todo o caso, esta limitação não se aplica 3. Serem ouvidos e esclarecidos sobre todos os pro-
a elementos das partes por actos cometidos em acções de blemas decorrentes do funcionamento da assem-
guerra. bleia.
c) O exercício do direito ao voto é condicionado à ins- 4. Apresentar reclamações.
crição nas listas eleitorais 5. Ocupar os lugares mais próximos da mesa da
d) A fim de permitir a mais ampla participação nas assembleia.
eleições, as partes acordam em mobilizar todos os cidadãos 6. Rubricar e assinar a acta da assembleia e acom-
moçambicanos maiores de 18 anos para se registarem e panhar todos os actos respeitantes às opera-
exercerem o seu direito ao voto. ções eleitorais.
f ) Eventuais reclamações serão registadas nas actas e VI. Garantias do processo eleitoral e papel de obser-
enviadas à Comissão Nacional de Eleições. vadores internacionais

5. Eleição da Assembleia da República a) A supervisão e controlo da implementação do presente


Protocolo serão garantido pela Comissão prevista no Proto-
a) As províncias do País constituirão os círculos eleito- colo I dos Princípios Fundamentais.
rais. A Comissão Nacional de Eleições decidirá sobre o b) Com vista a garantir a maior objectividade no pro-
número de assentos para cada círculo eleitoral com base cesso eleitoral, as partes acordam em convidar como obser-
na densidade populacional de cada província. vadores as Nações Unidas, a OUA e outras organizações,
b) Para a eleição da assembleia a Lei Eleitoral estabe- bem como personalidades estrangeiras idóneas conforme
lecerá um sistema eleitoral baseado no princípio de repre- for acordado entre o Governo e a RENAMO
sentação proporcional. do início da campanha eleitoral até à tomada de posse do
c) Os Partidos que entendam apresentar-se conjunta- do início da campanha eleitoral até à tomada de posse do
mente nas eleições para a Assembleia deverão apresentar Governo.
as listas eleitorais com um único símbolo. c) Para uma melhor implementação do Processo de
d) Após o início da campanha eleitoral não serão per- Paz, as partes acordam igualmente na necessidade de soli-
mitidas coligações de listas eleitorais com o objectivo de citar apoio técnico e material às Nações Unidas e à
contar conjuntamente os votos. OUA, à começar após a assinatura do Acordo Geral de
e) Serão elegíveis para Assembleia da República os cida- Paz.
dãos maiores de 18 anos. As partes concordam, todavia,
d) Para efeitos do previsto no presente ponto VI, o
na oportunidade de prever uma norma transitória para as
Governo dirigirá pedidos formais às Nações Unidas e à
próximas eleições que eleve este limite para 25 anos.
OUA.
f) Será estabelecida uma percentagem mínima dos votos
expressos à escala nacional sem a qual os partidos polí- E para constar, as partes decidiram assinai o presente
ticos concorrentes não poderão ter assento na Assembleia. Protocolo.
Essa percentagem será acordada em consulta com todos os
partidos políticos no País e não deverá ser inferior a 5 % Pela delegação do Governo da República de Moçambi-
ou superior a 20 %. que, Armando Emílio Guebuza. - Pela delegação da RE-
g) Os representantes dos partidos em cada círculo elei- NAMO, Raul Manuel Domingos.
toral serão eleitos cm conformidade com a ordem da sua
apresentação nas listas. Os mediadores: Mario Raffaelli, D. Jaime Gonçalves,
Andrea Riccardi e D. Matteo Zuppi.
6. Eleição do Presidente da República
Feito em Roma, aos 12 de Março de 1992.
a) O Presidente da República é eleito por maioria
absoluta dos votos expressos. Se nenhum candidato obtiver
a maioria absoluta, proceder-se-á a um segundo escrutínio
entre os dois candidatos mais votados.
b) O Segundo escrutínio terá lugar dentro do prazo de
uma a três semanas a partir da proclamação dos resultados PROTOCOLO IV
do primeiro. Tendo em conta as condições organizativas
necessárias, a data será indicada antes do início da cam- Das Questões Militares
panha eleitoral.
c) Serão elegíveis para Presidente da República os cida- No dia 4 de Outubro de 1992, a Delegação do Governo
dãos eleitores maiores de 35 anos. da República de Moçambique, chefiada por Armando
d) As candidaturas para Presidente da República devem Emílio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comunica-
ser apoiadas por um mínimo de 10 000 assinaturas de ções, e composta por Mariano de Araújo Matsinha, Mi-
cidadãos moçambicanos maiores de 18 anos com capa- nistro sem Pasta, Aguiar Mazula, Ministro da Adminis-
cidade eleitoral activa. tração Estatal, Teodato Hunguana, Ministro do Trabalho,
Tenente-General Tobias Dai, Francisco Madeira, Assessor
7 Finanças e facilidades Diplomático do Presidente da República, Brigadeiro Aleixo
Malunga, Coronel Fideles de Sousa, Major Justino Nrepo,
a) A Comissão Nacional de Eleições garantirá a distri- Major Eduardo Lauchande, e a Delegação da RENAMO,
buição, sem discriminação, a todos os Partidos concorren- chefiada por Raul Manuel Domingos, Chefe do Departa-
tes às eleições, dos subsídios e do apoio logístico dispo- mento da Organização, e composta por José de Castro,
níveis para a Campanha Eleitoral, em função do número de Chefe do Departamento das Relações Exteriores, Agosti-
candidatos de cada Partido e com o controlo de todos os nho Semende Murrial, Chefe do Departamento da Infor-
partidos concorrentes às eleições. mação, José Augusto Xavier, Direetor-Geral do Departa-
b) O Governo empenhar-se-á em facilitar à RENAMO, mento da Administração Interna, Major General Hermínio
a obtenção de instalações e meios, com vista a permitir a Morais, Coronel Fernando Canivete, Tenente-Coronel Aro-
possibilidade de alojamento, movimentação e comunicações ne Julai, Tenente António Domingos, reunidas em Roma,
para o desenvolvimento das suas actividades políticas em na presença dos mediadores, on. Mario Raffaelli, repre-
todas as Capitais Provinciais do País e em outros lugares sentante do Governo italiano e coordenador dos media-
onde tal for possível em função das disponibilidades exis- dores, D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, professor
tentes. Andrea Riccardi e D. Matteo Zuppi, da Comunidade de
c) Para estes fins o Governo solicitará apoio da comu- S. Egídio, e dos observadores das Nações Unidas e dos
nidade internacional e em particular da Itália. Governos dos Estados Unidos da América, da França, da
Grã-Bretanha e de Portugal, abordaram o ponto 3 da ii. Efectivos
Agenda Acordada no dia 28 de Maio de 1991, intitulado
«Questões Militares», e acordaram no seguinte: 1. As Partes acordam que os efectivos das FADM, até
à tomada de posse do novo Governo, serão os seguintes:
a) Exército: 24 000;
I. Formação das Forças Armadas de Defesa de Mo-
b) Força Aérea: 4000;
çambique c) Marinha: 2000.
i Princípios gerais 2. Os efectivos das FADM, em cada um dos ramos
previstos, serão fornecidos pelas FAM e pelas forças da
1. São constituídas as Forças Armadas de Defesa de RENAMO, na razão de 50 % para cada lado.
Moçambique (FADM) para todo o território nacional.

2. As FADM: lII. Estruturas de Comando das FADM

a) Terão por missão geral a defesa e a salvaguarda da 1. As Partes acordam na criação de uma Comissão Con-
soberania, da independência e da integridade junta para a Formação das Forças Armadas de Defesa de
territorial do País. No período entre o cessar- Moçambique (CCFADM) nos seguintes termos:
fogo e a tomada de posse do novo Governo, a) A CCFADM tem como tarefa específica dirigir o
poderão, sob o Comando Superior das FADM,
processo de formação das FADM, e funciona
actuar em cooperação com o Comando da Po-
na dependência da CSC;
lícia, para proteger as populações civis contra b) A CCFADM é o órgão responsável pela formação
o crime e a violência em todas as suas formas. das FADM até à tomada de posse do novo
Serão ainda tarefas das FADM a intervenção Governo. As FADM serão dirigidas por um
e assistência em situações de crise ou emergên- Comando Superior (CS) que estará na depen-
cia no País resultantes de calamidades naturais, dência da CCFADM. Após a tomada de posse
bem como o apoio aos empreendimentos da do novo Governo, as FADM subordinar-se-ão
reconstrução e do desenvolvimento; ao novo Ministério da Defesa ou outro órgão
b) Serão apartidárias, de carreira, profissionalmente que o novo Governo estabelecer;
idóneas, competentes, exclusivamente formadas c) A CCFADM será constituída por representantes
por cidadãos moçambicanos voluntários, pro- das FAM e das forças da RENAMO como
venientes das forças de ambas as partes, ser- membros, assistidos por representantes dos paí-
vindo com profissionalismo o País, respeitando ses escolhidos pelas Partes para assessorarem o
a ordem democrática e o estado de direito, de- processo de formação das FADM. A CCFADM
vendo a sua composição garantir a inexistência tomará posse no dia da entrada em vigor do
de qualquer forma de discriminação racial, cessar-fogo (Dia E);
étnica, de língua ou de confissão religiosa. d) A CCFADM elaborará directivas sobre o fasea-
mento do levantamento das estruturas das
3. O processo de formação das FADM iniciar-se-á de- FADM e proporá à CSC:
pois da entrada em vigor do cessar-fogo, imediatamente
após a tomada de posse da Comissão prevista no Proto-
colo I de 18 de Outubro de 1991, a qual passa a desig- tomada de posse do novo Governo;
nar-se Comissão de Supervisão e Controle (CSC). Este
processo terá o seu termo antes do início da campanha pessoal das FAM e das forças da RE-
eleitoral. NAMO para a formação das FADM;
4. O processo de formação das FADM desenvolver-se-á
em simultâneo com a concentração, desarmamento e inte- Comandos principais.
gração na vida civil dos efectivos que forem sendo pro-
gressivamente desmobilizados em consequência do cessar- 2. Comando Superior das FADM:
fogo. A disponibilização das unidades, a ser feita a partir a) O CS tem por missão geral implementar as direc-
das forças existentes de cada lado, é da responsabilidade tivas recebidas da CCFADM, tendo em vista
do Governo e da RENAMO, respectivamente, e far-se-á o levantamento das estruturas e o apoio das
à medida que as novas unidades das FADM forem sendo Forças;
formadas, sendo desmobilizadas todas as unidades exis- b) Até à tomada de posse do novo Governo, o co-
tentes na altura em que os efectivos das FADM estiverem mando das FADM é exercido por dois oficiais
completos. generais com a mesma categoria, designados
5. A neutralidade das FADM, no período entre o cessar- por cada uma das Partes. As suas decisões só
fogo e a tomada de posse do novo Governo, será garan- serão válidas quando assinadas por estes dois
tida pelas Partes, através da Comissão referida no número oficiais generais;
I, iii, 1.a deste Protocolo. c) Toda a estrutura de Comando das FADM será
6. Na altura da realização das eleições, existirão apenas rigorosamente apartidária, recebendo directivas
as FADM, com a estrutura acordada entre as Partes, não e ordens apenas através do respectivo canal
podendo existir quaisquer outras forças. Todos os ele- hierárquico de comando;
mentos das actuais forças armadas de cada Parte que não d) A logística das FADM será única para os três
venham a pertencer às FADM serão desmobilizados no ramos. Para o efeito, será criado o Comando
período previsto no número VI, i, 3, do presente Pro- Logístico e de Infra-estruturas subordinado ao
tocolo. Comando Superior das FADM;
e) As nomeações para o Comando Superior das um Estado-Maior que, inicialmente, in-
FADM e para os Comandos dos três ramos das cluirá as seguintes Repartições:
FADM e o Comando Logístico serão propostas
pela CCFADM e aprovadas pela CSC;
f) Até à tomada de posse do novo Governo o Co-
mando Superior das FADM será assistido pelo
Estado-Maior General, com departamentos che-
fiados por oficiais generais ou oficiais supe- 4. O Comando de Logística e de Infra-estru-
riores propostos pela CCFADM e aprovados turas terá sob o seu comando as unidades
pela CSC. de apoio que lhe forem atribuídas.

3. Comando do Exército, Força Aérea, Marinha c Co- iv. Calendarização do Processo


mando Logístico: a) A formação das FADM iniciar-se-á com as seguintes
O Comando Superior das FADM terá sob sua depen- nomeações:
dência os Comandos dos três ramos (Exército, Força
Aérea e Marinha) e o Comando Logístico, os quais serão
-fogo (Dia E);
assim articulados:
a) Comando do Exército:
1. A estrutura de Comando do Exército inte- logístico;
grará as Regiões Militares na dependên-
cia directa do Comandante do Exército,
com funções a definir, mas que poderão
b) Imediatamente após a nomeação de cada comando
incluir a organização e preparação das
serão organizados os Estados-Maiores.
forças, instrução, justiça, disciplina e
apoio logístico às forças atribuídas. c) O sistema de apoio administrativo-logístico será or-
ganizado tomando em conta a nova dimensão das FADM,
2. Cada Região Militar será comandada por de acordo com o princípio de utilização ou de transfor-
um Comandante com a patente de Gene- mação das estruturas actualmente existentes, em conformi-
ral, assistido por um Segundo Coman- dade com os planos do CS das FADM, aprovados pela
dante. CCFADM.
3. As sedes dos Quartéis Generais das Regiões
Militares serão propostas pelo Comando v. Assistência Técnica de Países Estrangeiros
do Exército e aprovadas pelo CS.
As Partes informarão os mediadores, até 7 (sete) dias
b) Comando da Força Aérea: após a assinatura do Protocolo do Cessar-Fogo, os Países
A Foiça Aérea será constituída tomando em que serão convidados a prestar assistência ao processo de
consideração a formação e a capacitação pro- formação das FADM.
fissional dos efectivos provenientes da Força
Aérea existente e das forças da RENAMO,
II. Retirada das tropas estrangeiras do território mo-
em conformidade com o determinado por di-
çambicano
rectivas da CCFADM.
1. A retirada das tropas estrangeiras do território mo-
c) Comando da Marinha: çambicano iniciar-se-á após a entrada em vigor do cessar-
A Marinha será constituída tomando em consi- fogo (Dia E).
deração a formação e a capacitação profis- O Governo da República de Moçambique compromete-
sional dos efectivos provenientes da Marinha se a negociar a retirada completa das forças e contingentes
existente e das forças da RENAMO, em con- estrangeiros do território moçambicano com os Governos
formidade com o determinado por directivas dos respectivos países.
da CCFADM. As modalidades e o prazo da retirada não deverão
contrariar qualquer disposição do Acordo de cessar-fogo
d) Comando Logístico e de Infra-estruturas: ou do Acordo Geral de Paz.
2. O Governo da República de Moçambique apresen-
1. Na dependência directa do Comando Supe- tará à CSC os termos e os planos de implementação da
rior das FADM será criado o Comando retirada, especificando os efectivos exactos existentes no
Logístico e de Infra-estruturas. território moçambicano e a sua localização.
2. O Comando Logístico e de Infra-estruturas 3. A retirada completa das forças e contingentes estran-
terá por função geral planear e propor o geiros do território moçambicano será fiscalizada e verifi-
apoio administrativo-logístico às FADM cada pela Comissão do Cessar-Fogo (CCF), referida no nú-
(Exército, Força Aérea e Marinha) e ga- mero VI, i, 2 deste Protocolo. A CCF informará a CSC
rantir a sua execução através dos serviços da conclusão da retirada completa das forças estrangeiras
gerais das FADM. Será em particular, res- do território nacional.
ponsável pela logística dc produção e 4. De acordo com o seu mandato a CSC, através da
aquisição. CCF, assumirá, após a retirada das tropas estrangeiras, a
3. O Comando Logístico e de Infra-estruturas imediata responsabilidade pela verificação e implementa-
será comandado por um General, assis- ção da segurança das linhas estratégicas e comerciais,
tido por um Segundo Comandante e por adoptando as medidas que considerar necessárias.
III. Actividades de grupos armados privados e irregu- através do Presidente da República, dentro dos
lares limites autorizados pelo ordenamento jurídico,
e no estrito respeito dos princípios do Estado
1. Com a excepção do previsto no n.° 3, os grupos de Direito e dos Direitos Humanos e das Liber-
armados, paramilitares, privados e irregulares que se en- dades Fundamentais. As informações assim ob-
contrem em actividade no dia da entrada em vigor do tidas não poderão ser usadas em nenhum caso
cessar-fogo serão extintos e proibida a constituição de no- para limitar o exercício dos direitos democrá-
vos grupos da mesma natureza. ticos dos cidadãos ou para favorecer qualquer
2. A CCF fiscalizará e verificará a extinção dos grupos partido político.
armados, privados e irregulares e recolherá as suas armas c) Em nenhum caso poderão ser atribuídas ao SISE
e munições. A CSC decidirá o destino final a dar às armas funções policiais.
e às munições recolhidas.
3. A CSC poderá autorizar, a título temporário, a con- 6. O Director-Geral e o Vice-Director-Geral do SISE são
tinuação da existência de organizações de segurança para nomeados pelo Presidente da República de Moçambique.
garantir, durante o período entre o cessar-fogo e a to- 7.
mada de posse do novo Governo, a segurança de determi-
a) A fim de verificar que as actuações do SISE não
nadas infra-estruturas públicas ou privadas.
violam a legalidade ou não se traduzem em
4. Estas organizações de segurança poderão ser autori- violação dos direitos políticos dos cidadãos será
zadas a utilizar armas no desempenho das suas funções. criada uma Comissão Nacional de Informação
As actividades dessas organizações serão fiscalizadas pela (COMINFO);
CCF.
b) A COMINFO será composta por 21 membros que
pelas suas características profissionais e pes-
IV. Funcionamento do S N A S P soais e pela sua actuação no passado, dêem
garantias de equilíbrio, efectividade e indepen-
1. As partes concordam ser imprescindível a continua- dência em relação a todos os Partidos Políticos;
ção em funcionamento dum serviço de informações do
c) A COMINFO será constituída pelo Presidente da
Estado durante o período entre a entrada em vigor do
cessar-fogo e a tomada de posse do novo Governo, para República de Moçambique num prazo de quinze
garantir a disponibilização de informações estratégicas ne- dias após a entrada em vigor do Acordo Geral
cessárias ao Estado e para a protecção da soberania e de Paz, e será composta por seis cidadãos apre-
independência da República de Moçambique. sentados pela RENAMO, seis apresentados pelo
Governo, e nove resultantes das consultas que
2. Para os efeitos acima indicados as Partes concordam o Presidente da República fará junto das forças
que o Serviço de Informações e Segurança do Estado políticas do país e entre cidadãos com as carac-
(SISE), criado pela Lei n.° 2/91, de 23 de Agosto, con- terísticas indicadas na alínea b);
tinuará a exercer as suas funções na directa subordina-
ção ao Presidente da República de Moçambique, e sujeito d) A COMINFO terá plenos poderes para investigar
aos seguintes princípios: qualquer assunto relacionado com a actuação
do SISE tida como contrária à legalidade e aos
3. O SISE deverá: princípios contidos nos n.os 1, 2, 3 e 5. O pe-
a) Executar as suas tarefas e funcionar estritamente dido de investigação poderá ser rejeitado so-
em acordo com o espírito e a letra dos princí- mente por uma maioria de dois terços dos seus
pios democráticos internacionalmente reconhe- componentes;
cidos; e) A COMINFO fornecerá à CSC os relatórios e es-
b) Respeitar os Direitos Civis e Políticos dos cida- clarecimentos que esta Comissão venha a soli-
dãos, bem como os Direitos Humanos e as Li- citar;
berdades Fundamentais internacionalmente re- f) A COMINFO dará conhecimento às instituições
conhecidos; competentes do Estado das anomalias encontra-
c) Desempenhar as suas funções norteando-se pelo das para que estas tomem as medidas policiais
interesse do Estado e do bem comum, de forma ou disciplinares adequadas.
alheia a toda a consideração partidária, ideoló-
gica ou de posição social, ou qualquer outra
V. Despartidarização e reestruturação das Forças Po-
forma de discriminação;
liciais
d) Actuar sempre e em todos os aspectos, em con-
formidade com os termos e o espírito do Acordo 1. Durante o período entre a entrada em vigor do ces-
Geral de Paz. sar-fogo e a tomada de posse do novo Governo, a Polícia
da República de Moçambique (PRM) continuará a exer-
4. O SISE é composto, a todos os níveis de serviço, cer as suas funções sob responsabilidade do Governo.
por cidadãos seleccionados na base de critérios que se
2. A Polícia da República de Moçambique deverá:
conformem com os princípios acima citados.
5. a) Executar as suas tarefas e funcionar estritamente
a) As medidas tomadas pelo SISE, bem como todas de acordo com o espírito e a letra dos princí-
as actuações dos seus agentes, estarão sempre pios democráticos internacionalmente reconhe-
condicionadas pela Lei em vigor na República cidos;
de Moçambique, e pelos princípios acordados b) Respeitar os Direitos Civis e Políticos dos cida-
nos termos do Acordo Geral de Paz; dãos, bem como os Direitos Humanos e as
b) As actividades e atribuições do SISE ficarão limi- Liberdades Fundamentais internacionalmente re-
tadas à produção de informações requeridas conhecidos;
c) D e s e m p e n h a r as suas f u n ç õ e s n o r t e a n d o - s e p e l o fará u m a análise i n t e r n a p r e l i m i n a r p a r a deter-
interesse do Estado e d o b e m c o m u m , de f o r m a m i n a r se este se e n q u a d r e n o â m b i t o das acti-
alheia a toda a c o n s i d e r a ç ã o p a r t i d á r i a , ideo- vidades da Polícia A C o m i s s ã o t o m a r á a de-
lógica ou de posição social, ou q u a l q u e r o u t r a cisão de p r o c e d e r ás investigações d e s d e q u e
f o r m a de d i s c r i m i n a ç ã o ; haja a c o r d o de mais de m e t a d e dos seus m e m -
d) A c t u a r s e m p r e em c o n f o r m i d a d e com os l e r m o s bros.
e o espírito do A c o r d o G e r a l de Paz; e) A C O M P O L dará S i s t e m a t i c a m e n t e relatórios das
e) Agir s e m p r e c o m i m p a r c i a l i d a d e e isenção em re- suas a c t i v i d a d e s á ESC.
lação a todos os Partidos Políticos. f ) A C O M P O L d a r á c o n h e c i m e n t o às instituições
c o m p e t e n t e s d o E s t a d o das a n o m a l i a s encon-
3. A PRM e c o m p o s t a p o r c i d a d ã o s seleccionados na tradas para a t o m a d a das m e d i d a s judiciais ou
base de critérios q u e se c o n f o r m e m coar os princípios disciplinares a d e q u a d a s .
acima citados.
4. A PRM tem c o m o tarefas f u n d a m e n t a i s .
VI. Reintegração económica e social dos militares des-
a) a s s e g u r a r o respeito e a defesa da lei: mobilizados
b) p r e s e r v a r a o r d e m e t r a n q u i l i d a d e públicas, pre-
venindo e reprimindo o crime: Desmobilização
c) g a r a n t i r a existência de um clima de e s t a b i l i d a d e
I Entende-se p o r d e s m o b i l i z a ç ã o das FAM e d a s forças
e h a r m o n i a sociais.
de R E N A M O o processo pelo q u a l , p o r decisão das res-
pectivas Partes, p a s s a m , para lodos os efeitos, á s i t u a ç ã o
de civis, militares q u e no Dia F i n t e g r a v a m estas forças.
a) As m e d i d e s t o m a d a s pela P R M , bem c o m o todas
as a c t u a ç õ e s dos seus agentes, são s e m p r e con- 2. C o m i s s ã o d o Cessar-Fogo:
d i c i o n a d a s pelas Leis e n o r m a s legais em vigor
a) No Dia E, e na d e p e n d ê n c i a directa da C S C , será
c r i a d a e e n t r a r á em f u n ç õ e s a C o m i s s ã o do Ces
cípios a c o r d a d o s nos termos do A c o r d o Geral
sar-Fogo ( C C F ) .
de Paz.
b) A C C F será c o m p o s t a por r e p r e s e n t a n t e s d o Go-
v e r n o , da R E N A M O , dos países c o n v i d a d o s e
das d e n t r o dos limites a u t o r i z a d o s pelo o r d e n a -
das Nações Unidas. A C C F será presidida pelas
m e n t o jurídico, mas no estrito respeito pelo
Nações U n i d a s .
p r i n c í p i o d o Estado de Direito e dos Direitos
c) C C F terá a sua sede em M a p u t o e e s t r u t u r a r - s e á
H u m a n o s e das L i b e r d a d e s F u n d a m e n t a i s . Estas
da seguinte f o r m a .
a c t i v i d a d e s não p o d e r ã o ser o r i e n t a d a s em
n e n h u m caso p a r a limitar o exercício dos di- - delegações regionais ( N o r t e , C e n t r o e Sul):
reitos d e m o c r á t i c o s dos c i d a d ã o s ou p a r a favo- - delegações nos locais de r e u n i ã o e de a c o m o d a ç ã o
recer q u a l q u e r p a r t i d o politico. de a m b a s as partes.

6. O C o m a n d a n t e - G e r a l e o Vice C o m a n d a n t e - G e r a l da d) A C C F terá, e n t r e outras., a missão de imple-


PRM são n o m e a d o s pelo Presidente da República de Mo- m e n i a r o processo de d e s m o b i l i z a ç ã o , com as
gambique, seguintes t a r e f a s :
7. — planeamento e organização:
a) A fim de verificar q u e as a c t u a ç õ e s da PRM não
violem a l e g a l i d a d e ou n ã o se t r a d u z a m em
violação dos direitos políticos dos c i d a d ã o s .
será c r i a d a uma C o m i s s ã o N a c i o n a l de Assuntos e m i s s ã o dos respectivos cartões dc
Policiais ( C O M P O L ) . identidade;

não p o d e m fazer parte dos q u a d r o s da PRM m u n i ç õ e s , explosivos, e q u i p a n e n t o s ,


e q u e pelas suas características p r o f i s s i o n a i s e uniformes e documentação,
pessoais e pela sua a c t u a ç ã o no passado, dêem destruis ou decidir de o u t r o destino a d a r
g a r a n t i a s de e q u i l í b r i o , e f e c t i v i d a d e e indepen- as armas, m u n i ç õ e s , explosivos, equi-
dência em relação a lodos os p a r t i d o s politicos, pamentos, uniformes e documenta-
c) A C O M P O L será c o n s t i t u í d a pelo Presidenie da ção, c o n f o r m e a c o r d a d o pelas partes;
República de Moçambique n u m p r a z o de q u i n z e

de Paz, d e v e n d o a sua c o m p o s i ç ã o integrar seis


membres apresentados pela RENAMO seis e) As Nações U n i d a s assistirão a i m p l e m e n t a ç ã o , ve-
a p r e s e n t a d a s pelo G o v e r n o e nove resultantes r i f i c a ç ã o e fiscalização de lodo o processo de
das c o n s u l t a s feitas pelo Presidente da República desmobilização.
j u n t o das forcas politicas do País e e n t r e ci-
d a d ã o s com características r e f e r i d a s na alí- Calendarização
nea b). Dia E: i r s t a l a ç ã o e início de f u n ç õ e s da C C F
d) A C O M P O L lerá p l e n o s p o d e r e s para investigar Dia F. 1 30: d e f i n i ç ã o , por a m b a s as Partes, dos
q u a l q u e r a s s u n t o r e l a c i o n a d o com a a c t u a ç ã o efectivos a d e s m o b i l i z a r , a c t i v a ç ã o das e s t r u t u r a s
da PRM tida c o m o c o n t r á r i a à legalidade e aos de d e s m o b i l i z a ç ã o e início d o processo.
princípios c o n t i d o s nos n,os 1, 2. 4 e 5. Ao Dia F i 6 0 : d e s m o b i l i z a ç ã o , no m í n i m o , de 20 %
t o m a r c o n h e c i m e n t o do a s s u n t o a C o m i s s ã o dos efectivos totais a d e s m o b i l i z a r .
Dia E + 90: desmobilização, no mínimo, de mais c) A CORE terá a sua sede em Maputo e estruturar-
20 % dos efectivos totals a desmobilizar. -se-á da seguinte forma
Dia E + 120: desmobilização, no mínimo, de mais -
20 % dos electivos totais a desmobilizar.
-
Dia E + 150: desmobilização, no mínimo, de mais
cia.
20 % dos efectivos totais a desmobilizar.
Dia E + 180: fim da desmobilização dos sefectivos a
d) A CORE terá a missão de implementar a reinte-
desmobilizar.
gração económica e social dos militares desmo-
bilizados, executando, para o efeito, as se-
ii. Reintegração guintes tarefas

1. Entende se por militar desmobilizado o indivíduo que:


-
RENAMO;
-
do respectivo comando, tendo feito entrega do
armamento, munição, equipamento, uniforme c 3 Recursos
documentação que possuir;
A reintegração económica e social dos militares desmo-
— tenha sido registado e tenha recebido o respectivo
bilizados (subsídios de desmobilização, formação técnica
cartão de identidade;
e / o u profissional, transporte, etc.) dependerá dos recursos
-
disponibilizados no âmbito da Conferência de Doadores,
Para todos os efeitos, os militares desmobilizados de tal como referido no ponto 6 da Agenda Acordada no
ambas as Partes passarão a ser civis e receberão tratamento dia 28 de Maio de 1991.
igual perante o Estado. E, para constar, as Partes decidiram assinar o presente
Protocolo.
2. Comissão de Reintegração
a) E criada a Comissão de Reintegração (CORE). Pela Delegação do Governo da República de Moçam-
A CORE funcionará na dependência directa da bique. Armando Emílio Guebuza.
CSC e iniciará as suas funções no Dia E.
b) A CORE será composta por representantes do Pela Delegação da RENAMO, Raul Manuel Domingos.
Governo e da RENAMO, por representantes
dos países convidados, por um representante Os Mediadores: On. Mario Raffaelli, D. Jaime Gon-
das Nações Unidas, que a ela presidirá assim çalves. Prot. Andrea Riccardi, D. Matteo Zuppi,
como representantes de outras organizações
internacionais. S Egídio, Roma, aos 4 de Outubro de 1992.
ANEXO

FORÇAS ARMADAS DE DEFESA DE MOÇAMBIQUE

ESTRUTURA DE COMANDO
PROTOCOLO V g) Até à data do início da campanha eleitoral os can-
didatos à Presidência da República deverão ter
Das garantias apresentado as suas candidaturas em conformi-
No dia 4 de Outubro de 1992, a Delegação do Governo dade com os requisitos previstos na lei;
da República de Moçambique, chefiada por Armando Emí- h) A campanha eleitoral terminará 48 horas antes do
lio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comunicações, e início da votação;
composta por Mariano de Araújo Matsinha, Ministro sem i) A Assembleia da República eleita tomará posse
Pasta, Aguiar Mazula, Ministro da Administração Estatal, 15 (quinze) dias após a publicação dos mapas
Teodato Hunguana, Ministro do Trabalho, Tenente-Gene- dos resultados eleitorais. Os mapas dos resul-
ral Tobias Dai, Francisco Madeira, Assessor Diplomático tados eleitorais serão publicados no prazo má-
do Presidente da República, Brigadeiro Aleixo Malunga, ximo de 8 (oito) dias após o encerramento da
Coronel Fideles de Sousa, Major Justino Nrepo, Major votação;
Eduardo Lauchande, e a Delegação da RENAMO, chefiada i) O Presidente da República eleito será investido
por Raul Manuel Domingos, Chefe do Departamento da no cargo uma semana depois da tomada de
Organização, e composta por José de Castro, Chefe do
posse da Assembleia da República eleita.
Departamento das Relações Exteriores, Agostinho Semende
Murrial, Chefe do Departamento da Informação, José
Augusto Xavier, Director-Geral do Departamento da
Administração Interna, Major-General Hermínio Morais, II. Comissão de supervisão do cessar-fogo e de con-
Coronel Fernando Canivete, Tenente-Coronel Arone Julai, trolo do respeito e implementação dos acordos entre
Tenente António Domingos, reunidas em Roma, na pre- as Partes no quadro destas negociações: sua com-
sença dos mediadores, on. Mario Raffaelli, representante do posição e competências
Governo italiano e coordenador dos mediadores, D. Jaime
Gonçalves, Arcebispo da Beira, professor Andrea Riccardi 1. Nos termos do Protocolo I é criada a Comissão de
e D. Matteo Zuppi, da Comunidade de S. Egídio, e dos Supervisão e Controlo (CSC), que entrará em funções com
observadores das Nações Unidas e dos Governos dos Esta- a nomeação do seu Presidente pelo Secretário-Geral das
dos Unidos da América, da França, da Grã-Bretanha e de Nações Unidas.
Portugal, abordaram o ponto 5 da Agenda Acordada no 2. Esta Comissão será composta pelos representantes do
dia 28 de Maio de 1991, intitulado «Garantias», e acor- Governo, da RENAMO, das Nações Unidas, da OUA
daram no seguinte: e dos países a acordar entre as Partes. A Comissão será
presidida pela ONU e terá a sua sede em Maputo.
I. Calendário de implementação do processo eleitoral 3. As decisões da CSC serão tomadas por consenso de
ambas as Partes.
1. As eleições da Assembleia da República e do Presi-
dente da República serão realizadas em simultâneo e terão 4. A CSC elaborará o seu próprio Regulamento de fun-
lugar um ano após o dia da assinatura do Acordo Geral cionamento e sempre que achar oportuno poderá criar
de Paz, conforme previsto no Protocolo III. subcomissões, para além das previstas no número II,7 do
2. Para além do estabelecido no Protocolo III, as Partes presente Protocolo.
acordam ainda no seguinte: 5. A CSC, em particular:
a) Até ao dia E + 60 o Governo constituirá a Comis- a) Garantirá a implementação das disposições conti-
são Nacional de Eleições prevista no Proto- das no Acordo Geral de Paz;
colo III; b) Garantirá o respeito do calendário previsto para
b) Logo após a assinatura do Acordo Geral de Paz, o cessar-fogo e para a realização das eleições;
o Governo, para efeitos do previsto no Proto- c) Responsabilizar-se-á pela interpretação autêntica
colo III, solicitará apoio técnico e material às
Nações Unidas e à OUA; dos acordos;
c) O Governo elaborará a Lei Eleitoral em consulta d) Dirimirá litígios que surjam entre as Partes;
com a RENAMO e com os outros partidos no e) Orientará e coordenará as actividades das Comis-
período máximo de 2 (dois) meses a partir da sões subordinadas referidas no número II,7
adopção, pela Assembleia da República, dos deste Protocolo.
instrumentos legais que incorporam na Lei mo-
çambicana os Protocolos e as garantias, assim 6. A CSC cessará as suas funções com a tomada de posse
como o Acordo Geral de Paz. A aprovação e do novo Governo.
publicação desta lei eleitoral ocorrerão num 7. À CSC estão subordinadas as seguintes Comissões:
prazo não superior a um mês após a conclusão
da sua elaboração; a) Comissão Conjunta para a Formação das Forças
d) Até 60 dias após a assinatura do Acordo Geral de Armadas de Defesa de Moçambique (CCFADM):
Paz, o Governo e a RENAMO acordarão nos As suas competências são as definidas no
observadores a convidar para o processo eleito- ponto I.iii do Protocolo IV, sobre a For-
ral. O Governo formulará os respectivos con- mação das Forças Armadas de Defesa de
vites; Moçambique.
e) A campanha eleitoral iniciar-se-á 45 dias antes da A CCFADM será composta pelos represen-
data das eleições; tantes das Partes e dos Governos escolhi-
f) Até à data do início da campanha eleitoral todos dos pelas Partes antes da assinatura do
os partidos concorrentes deverão estar já re- Acordo Geral de Paz para prestar assistên-
gistados, e deverão já ter apresentado as suas cia ao processo de formação das FADM
listas de candidatos bem como os respectivos em conformidade com o previsto no Pro-
símbolos; tocolo IV,I.
b) Comissão de Cessar-Fogo (CCF); necessário para a realização das eleições gerais
A sua composição e competências são as e presidenciais justas e livres conforme previsto
constantes do Protocolo IV, VI e do Pro- no Acordo Geral de Paz e na Lei Eleitoral;
tocolo VI,I. c) Ambas as Partes comprometem-se a garantir que
as Leis e normas legais da República de Mo-
c) Comissão de Reintegração (CORE): çambique bem como os Direitos Cívicos e Polí-
A sua composição e competências são as ticos dos cidadãos, os Direitos Humanos e as
definidas no Protocolo IV,VI. Liberdades Fundamentais serão respeitados e
garantidos em todas as partes do território na-
cional em conformidade com o Protocolo I
III. Garantias específicas para o período que vai do de 18 de Outubro de 1991;
cessar-fogo à realização das eleições d) Para garantir maior tranquilidade e estabilidade no
período que vai da entrada em vigor do cessar
fogo até à tomada de posse do novo Governo,
1. O Governo da República de Moçambique enviará
as Partes acordam no princípio de que as insti-
um pedido formal às Nações Unidas solicitando a parti-
tuições previstas pela Lei para o exercício da
cipação destas na fiscalização e garantia da implementação
administração pública nas zonas controladas
do Acordo Geral de Paz, em particular do Cessar-Fogo e
pela RENAMO deverão fazer uso unicamente
do processo eleitoral, dando prioridade imediata à coorde-
de cidadãos nelas residentes podendo estes ser
nação e à disponibilização de alimentos, assistência médica
membros da RENAMO. O Estado deverá, dar
e todo o tipo de apoio indispensável aos locais de reunião
a tais cidadãos e às instituições que dirigem
e acomodação das forças conforme o previsto no Proto-
respeito, tratamento e apoio necessários para o
colo VI.
exercício das suas funções, na base da estrita
2. Com os meios à sua disposição e com a ajuda da igualdade e sem quaisquer discriminações cm
Comunidade Internacional o Governo da República de relação a outras que exercem funções análogas
Moçambique disponibilizará à CSC e às suas Comissões e instituições do mesmo nível em outras zonas
subordinadas a logística necessária ao seu funcionamento. do País.
3. O Governo da República de Moçambique enviará
O relacionamento entre o Ministério da Admi-
os pedidos formais aos Governos e organizações que terão
nistração Estatal e a administração nas zonas
sido escolhidos, pelas duas Partes, para participarem nas
controladas pela RENAMO será feito através de
Comissões acima acordadas,
uma Comissão Nacional, composta pelas Par-
4. Os meios e as instalações previstas nos termos do tes para facilitar a colaboração e o bom enten-
Protocolo III,7,b), serão disponibilizados pelo Governo da dimento. A referida Comissão será composta
República de Moçambique, a partir da adopção do Acordo por 4 representantes de cada das Partes e en-
Geral de Paz na Lei moçambicana pela Assembleia da trará em funções 15 (quinze) dias após a assi-
República. A parte principal de tal processo dever-se-á natura do Acordo Geral de Paz;
concluir até ao Dia E.
5. O Comité previsto na Declaração do dia 16 de e) O Governo compromete-se a respeitar e a não
Julho de 1992 exercerá as suas funções até à tomada antagonizar as estruturas e autoridades tradi-
de posse da CSC. A CSC poderá eventualmente decidir do cionais onde elas estejam actualmente de facto
prolongamento das actividades do referido Comité, esta- exercendo tal autoridade, permitindo a sua
belecendo para o efeito as normas da actuação. substituição apenas nos casos exigidos pelos pró-
6. O Governo da República de Moçambique elaborará, prios procedimentos da tradição local;
em concordância com a RENAMO e com os respectivos f) O Governo compromete-se a não realizar eleições
organismos das Nações Unidas, nos termos do Proto- de localidade, de posto administrativo, de dis-
colo III, o plano de assistência aos refugiados e deslocados, trito ou de província em antecipação das pró-
o qual deverá ser apresentado à Conferência de doadores, ximas eleições gerais;
cuja realização se encontra acordada no Protocolo VII. g) As Partes comprometem-se a garantir em todo o
7. Após a entrada em vigor do Cessar-Fogo até à tomada território nacional o exercício dos direitos e li-
de posse do novo Governo, não será consentido o ingresso berdades democráticos por todos os cidadãos
de tropas ou contingentes estrangeiros no território mo- bem como a realização do trabalho partidário
çambicano, à excepção de casos a acordar pela CSC. por todos os Partidos Políticos;
8. A RENAMO será responsável pela segurança pessoal h) As Partes garantem às Comissões previstas no
imediata dos seus mais altos dirigentes. O Governo da Acordo Geral de Paz, aos representantes e fun-
República de Moçambique concederá estatuto policial aos cionários das Instituições do Estado previstas na
elementos da RENAMO encarregados de garantir aquela Lei e seus funcionários, acesso a qualquer lu-
segurança. gar do território nacional para onde tiverem
9. Garantia da legalidade, estabilidade e tranquilidade necessidade de se deslocar em serviço bem
em todo o território da República de Moçambique: como o exercício do direito à livre circulação
em todos os lugares não restritos por qualquer
a) As Partes reconhecem que a administração pública medida, diploma ou norma legal.
na República de Moçambique durante o período
entre a entrada em vigor do cessar-fogo e a IV. Questões constitucionais
tomada de posse do novo Governo continuará
a obedecer à Lei em vigor e a ser exercida atra- A Declaração Conjunta do dia 7 de Agosto de 1992,
vés das instituições previstas pela Lei; assinada por Joaquim Alberto Chissano, Presidente da
b) A administração pública deve garantir a tran- República de Moçambique, e Afonso Macacho Marceta
quilidade e estabilidade públicas, zelar pela Dhlakama, Presidente da RENAMO, é parte integrante do
manutenção da paz e pela criação do clima Acordo Geral de Paz. Nesta conformidade, os princípios
contidos no Protocolo I são válidos também relativamente 2. A CCF, que será estruturada nos termos do Proto
ao problema das garantias constitucionais levantado pela colo IV,VI, I,2, tem como funções:
RENAMO e ilustrado no Documento apresentado ao Presi-
dente da República do Zimbabwe, Robert Gabriel Mugabe das normas do cessar-fogo;
aos 4 de Julho de 1992 em Gaberone, Botswana.
Com este fim. o Governo da República de Moçambique reduzir riscos de incidentes;
submeterá à Assembleia da República, para adopção, os
instrumentos legais incorporando os Protocolos, as garan- gem;
tias, assim como o Acordo Geral de Paz, na Lei moçam-
bicana. tísticos fornecidos pelas Partes sobre pessoal, ar-
mamento e equipamento militar;
E, para constar, as Partes decidiram assinar o presente
— Receber, analisar e decidir sobre queixas ou recla-
Protocolo
mações sobre eventuais violações ao cessar-fogo;
Pela delegação do Governo da República de Moçam- — Efectuar a necessária articulação com os órgãos
bique, Armando Emílio Guebuza, - Pela delegação da do sistema de verificação das Nações Unidas;
RENAMO, Raul Monuel Domingos
colo IV.
Os mediadores: on Mario Raffaelli, D Jaime Goncalves,
prof Andrea Riccardi, D Matteo Zuppi. 3. O TCA começará no dia E e terminará no dia
E + 180.
S Egídio, Roma, aos 4 de Outubro de 1992
4. O TCA compreende 4 (quatro) fases-

PROTOCOLO VI
Do Cessar-Fogo
No dia 4 de Outubro de 1992, a Delegação do Governo 5. O cessar-fogo.
da República de Moçambique, chefiada por Armando
Emílio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comunica- As partes concordam que:
ções, e composta por Mariano de Araújo Matsinha, Minis-
tro sem Pasta, Aguiar Mazula, Ministro da Administração a) O cessar-fogo entrará em vigor no Dia E.
Estatal, Teodato Hunguana, Ministro do Trabalho, Te- O Dia E é o dia da adopção do Acordo
nente General Tobias Dai, Francisco Madeira, Assessor Geral de Paz pela Assembleia da República,
Diplomático do Presidente da República, Brigadeiro Aleixo incorporando-o na Lei moçambicana. Neste
Malunga, Coronel Fideles de Sousa, Major Justino Nrepo, mesmo dia, iniciar-se-á o desdobramento dos
Major Eduardo Lauchando, e a Delegação da RENAMO, efectivos das Nações Unidas no território mo
chefiada por Raul Manuel Domingos, Chefe do Departa- çambicano para a verificação do cessar-fogo.
mento da Organização, e composta por José de Castro, b) A partir do Dia E nenhuma das Partes realizará
Chefe do Departamento das Relações Exteriores, Agostinho qualquer operação ou acto hostil por meio de
Semende Murrial, Chefe do Departamento da Informação, forças ou indivíduos sob seu controlo. Desse
José Augusto Xavier, Director-Geral do Departamento modo, não poderão:
Administração Interna, Major-General Hermínio Morais,
Coronel Fernando Canivete, Tenente-Coronel Arone Julai,
Tenente António Domingos, reunidas em Roma. na pre- terra, por mar ou por ar;
sença dos mediadores, on. Mario Raffaelli, representante
do Governo italiano e o coordenador dos mediadores,
D. Jaime Gonçalves Arcebispo da Beira, professor Andrea
Riccardi e D. Matteo Zuppi, da Comunidade de S. Egídio, nagem;
e dos observadores das Nações Unidas e dos Governos
dos Estados Unidos da América, da França, da Grã-Bre-
tanha e de Portugal, abordaram o ponto 4 da Agenda qualquer tipo;
Acordada no dia 28 de Maio de 1991, intitulado «Cessar-
Fogo», e acordaram no seguinte-
população civil;
I. Termo do Conflito Armado
1. O Termo do Conflito Armado (TCA) é um processo livre circulação de pessoas e bens;
irreversível, curto, dinâmico e de duração predeterminada,
que se deve aplicar a todo o território nacional de Mo- militar que, a juízo da CCF e das Na-
çambique. ções Unidas, possa perturbar o cessar-
A execução do processo será da responsabilidade do fogo.
Governo da República de Moçambique e da RENAMO, Para cumprir a sua missão, a CCF e as Na-
actuando no âmbito da Comissão de Cessar-Fogo (CCF), ções Unidas gozarão de completa liberdade de
a qual se subordina funcionalmente à CSC, órgão respon- movimentos em todo o território de Moçambi-
sável pelo controlo político global do cessar-fogo. que.
A CCF será composta por representantes do Governo
e da RENAMO, por representantes dos países por estes c) No Dia E, as Nações Unidas darão início à veri-
aceites e por um representante das Nações Unidas que a ficação oficial do compromisso descrito na alí-
ela presidirá nea b), investigando qualquer alegada violação
do cessar-fogo. Toda a violação devidamente d) Todos os movimentos realizar-se-ão sob a super-
comprovada será denunciada pelas Nações Uni- visão e a coordenação das Nações Unidas, e as
das ao nível apropriado; suas condições serão as mesmas que as estabe
d) A partir da data da assinatura do Acordo Geral lecidas na separação das forças;
de Paz até ao Dia E, as duas Partes acordam e) Todas as principais instituições mintares de am-
em observar uma cessação completa das hostili- bas as Partes que não se possam deslocar para
dades e das actividades deseritas na alínea b), os locais de reunião e acomodacao tais como
a fim de permitir às Nações Unidas o desdo- hospitais militares, unidade logísticas, instala-
bramento dos seus efectivos no território para ções de treino, serão sujeitas a verificação no
verificar todos os aspectos do ICA a partu do lugar onde se encontram. Estes locais deverão
Dia F ser igualmente identificados até 7 (sete) dias
após a Assinatura do Acordo Geral de Paz;
6. A separação das torças f) Cada local de reunião e acomodação será dirigido
por um Comandante Militai designado pe a
As Partes cuncurdam que Parte respectiva. O Comandante Militar é res-
a) A finalidade da separaçao das loiças é a de redu- ponsável pela manutenção da ordem e disciplina
ziros riscos de incidentes, fortalecer a confianiça das tropas, pela distribuição da comida e pela
c permitir que as Nações Unidas tenham con ligação com os órgãos de verificaçao e fiscaliza
diçôes para verificar, eficazmente, os compro ção do cessar-logo.
missos assumidos pelas partes; Em caso do incidente ou violacao do cessar-
b) A separação das torças terá a duração de b (seis) -togo o Comandante Militar deve tomar medi-
dias, do Dia E ao Dia E + 5, das imediatas com vista a evitar a escalada e
c) Nesse período, as FAM dirigir-se ão aos quartéis, fazer cessar o incidente ou a violação. QUAL
bases, instalações semifixas existentes ou aos quer incidente ou violação será comunicado
outros lugares discriminados no Anexo A; estrutura de comando de escalão superior e aos
d) Ao mesmo tempo, as forças da RENAMO diri- órgãos de verificação e fiscalização do cessar-
gir-se-ão aos locais discriminados no Anexo B; fogo;
e) A identificação dos locais constantes dos anexos g) A segurança de cada local de reunião e acomoda-
acima referidos é a acordada entre as Partes ção é acordada entre o respectivo Comandante
e as Nações Unidas até (sete) dias após a assi- e a CCF, com conhecimento das Nações Unidas.
natura do Acordo Geral de Paz, especificando A unidade militar estacionada em cada local
a localização e o nome dos 29 locais de reu- garante a sua própria segurança. Cada local dc
nião e acomodação das FAM, assim como os reunião e acomodação terá uma extenção má-
20 das forças da RENAMO; xima de 5 km de raio. Apenas poderão ser dis-
f) Desse modo, até às 24.00 horas do Dia E + 5, tribuídas as armas individuais e as munições
as FAM e as torças da RENAMO deverão estar necessárias ao pessoal de serviço de segurança
nos locais discriminados nos anexos A e li, res- dos locais de reunião e acomodação;
pectivamente, h) Cada local deverá ter a capacidade de acolher um
g) Todos os movimentos realizar-se-ão sob a super- mínimo de mil militates
visão e a coordenação das Nações Unidas. Ne-
8. Desmobilização:
nhuma das Partes poderá impedir ou pôr em
perigo os movimentos das torças da outra Parte. Processar-se-á nos termos do ponto VI do Proto-
As Nações Unidas supervisarão todos os locais colo IV
discriminados nos anexos A e B, e, a partir do
9. Formação das FADM:
Dia E estarão em princípio presentes durante
as 24 horas do dia em cada um dos locais dis- Processar-se-á nos teimo, do ponto I do Protocolo IV.
criminados, a partir do Dia E,
10. Pescrições diversas.
h) Nesse período de 6 (seis) dias, nenhuma loiça ou
indivíduo poderá sair dos locais de reunião e a) As partes acordam no seguinte:
acomodação, a não ser para assistência médica 1) Entregar as Nações Unidas inventários
ou outro motivo humanitário, mas sempre sob completos dos electivos em pessoal, ar
autorização e controlo das Nações Unidas hm mas, munições, minas e outros explosi-
cada local o Comandante das tropas será res vos, nos dias E - 6,E,E + 6,E + 30,
ponsável peia manutenção da ordem e da dis- e, a partir daí, de quinze em quinze
ciplina, e de que essas tropas se conduzam con- dias;
forme os princípios e o espírito deste Protocolo 2) Permitir as Nações Unidas proceder a ve-
7. A concentração das torças rificação nos aspectos e datas referidas
na alínea anterior;
As Partes acordam em que 3) Que, a partri do Dia E + 31, todas as ai-
mas colectivas e individuais, incluindo
a) A concentração das forças inicrar-se á no Dia E + 6 o armamento de bordo das aeronaves
e terminará no Dia E + 30, e navios, estarão armazenadas em depó-
b) Nesse periodo, as FAM concentiar-se-ão nos quar- sitos, sob controlo das Nações Unidas;
téis e nas bases militares normais para tempo 4) Que, a partir do Dia E + 6, as tropas
de paz, discriminados no Anexo C, poderão somente sair dos respectivos
c) Ao mesmo tempo, as torças da RENAMO d m locais de reunião e acomodação me-
gir-se-ão para os locais de reunião e acomoda- diante autorização e sob controlo das
ção discriminados no anexo D; Nações Unidas
b) A partir do Dia E, a Força Area e Marinha das PROTOCOLO VIl
Forças Armadas de Moçambique abster-se-ão de
qualquer acção ofensiva. Essas forças poderão Da Conferência dos doadores
somente realizar missões de carácter não bélico
necessárias ao cumprimento dos seus deveres No dia 4 de Outubro de 1992, a Delegação do Governo
não relacionados com o conflito armado. Rela- da República de Moçambique, chefiada por Armando Emí-
tivamente à Força Área, todos os planos de vôo lio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comunicações,
deverão ser comunicados, antecipadamente, e composta por Mariano de Araújo Matsinha, Ministro
às Nações Unidas. De qualquer modo, as aero- sem Pasta, Aguiar Mazula, Ministro da Administração Es-
naves não poderão estar armadas e nem sobre- tatal, Teodato Hunguana, Ministro do Trabalho, Tenente-
voar os locais de reunião e acomodação; General Tobias Dai, Francisco Madeira, Assessor Diplo-
c) As forças estrangeiras actualmente existentes no mático do Presidente da República, Brigadeiro Aleixo Ma-
território de Moçambique deverão, também, res- lunga, Coronel Fideles de Sousa, Major Justino Nrepo,
peitar o cessar-fogo acordado a partir do Dia E. Major Eduardo Lauchande, e a Delegação da RECAMO,
De acordo com o ponto II do Protocolo IV, chefiada por Raul Manuel Domingos, Chefe do Departa-
no Dia E o Governo da República de Moçam- mento da Organização, e composta por José de Castro,
bique comunicará às Nações Unidas e à CSC, Chefe do Departamento das Relações Exteriores, Agosti-
os planos para a retirada das tropas estran- nho Semende Murrial, Chefe do Departamento da Infor
geiras do território moçambicano. Esses pla- mação, José Augusto Xavier, Director-Geral do Departa-
nos incluirão efectivos e dispositivos dessas mento da Administração Interna, Major General Hermínio
tropas. A retirada iniciar-se-á no Dia E + 6 e Morais, Coronel Fernando Canivete, T. Coronel Arone
terminará no Dia E + 30. Todos os movimen- Julai, Tenente António Domingos, reunidas em Roma, na
tos deverão ser coordenados e verificados pela presença dos mediadores, on. Mario Raffaelli, represen-
CCF; tante do Governo italiano e coordenador dos mediadores,
d) As Partes concordam que, a partir do Dia E, cessa- D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, professor An-
rão toda a propaganda hostil, tanto a nível in- drea Riccardi e D. Matteo Zuppi, da Comunidade de
terno como externo; S. Egídio, e dos observadores das Nações Unidas e dos
e) O controlo das fronteiras a partir do Dia E será Governos dos Estados Unidos da América, da França, da
garantido pelos serviços de Migração e pela Grã-Bretanha e de Portugal, abordaram o ponto 6 da
Polícia. Agenda Acordada no dia 28 de Maio de 1991, intitulado
«Conferência de Doadores», e acordaram no seguinte:
II. Calendário operacional do cessar-fogo 1. As Partes decidem solicitar ao Governo italiano a con-
vocação de uma Conferência de países e organizações doa-
Dia E: Entrada em vigor do cessar-fogo e início da veri- doras para financiamento do processo eleitoral e de pro-
ficação pelas Nações Unidas. gramas de emergência e reintegração das populações des-
Início do Termo do Conflito Armado (TCA). locadas e refugiadas e dos militares desmobilizados.
Início da fase da Separação das Forças. 2. As Partes concordam em pedir que, dos fundos con-
Dia E + 5: Fim da fase da Separação das Forças. cedidos pelos países doadores, uma quota adequada seja
Dia E + 6: Início da fase da Concentração das Forças. posta à disposição dos Partidos Políticos para o financia-
Início da retirada das Forças e contingentes estrangeiros mento das suas actividades.
do País. 3. As Partes apelam que a Conferência de Doadores
Dia E + 30: Fim da fase da Concentração das Forças. seja convocada até 30 dias após o Dia E. Para além dos
Fim da retirada das Forças e contingentes estrangeiros países e organizações doadoras serão igualmente convida-
do País. dos a enviar representantes o Governo e a RENAMO.
Dia E + 31 Início da fase da Desmobilização
Dia E + 180: Fim da fase da Desmobilização e do E, para constar, as Partes decidiram assinar o presente
TCA. Protocolo.
Pela delegação do Governo da República de Moçam-
III. Libertação de prisioneiros à excepção dos detidos bique, Armando Emílio Guebuza. - Pela delegação da
por crimes de delito comum RENAMO, Raul Manuel Domingos.
1. Todos os prisioneiros que no Dia E eventualmente se Os mediadores: on. Mario Raffaelli, D. Jaime Gon-
encontrem detidos, à excepção dos detidos por crimes de calves, Professor Andrea Riccardi, D. Matteo Zuppi.
delito comum, serão libertos pelas Partes.
2. O Comité Internacional da Cruz Vermelha, junta- S. Egídio, Roma, aos 4 de Outubro de 1992.
mente com as Partes, acordará as modalidades e a veri-
ficação do processo de libertação dos prisioneiros, refe-
ridos no ponto 1.
E, para constar, as Partes decidiram assinar o presente C O M U N I C A D O CONJUNTO
Protocolo.
Teve lugar em Roma, na sede da Comunidade de Santo
Pela delegação do Governo da República de Moçam- Egídio, de 8 a 10 de Julho de 1990, um encontro directo
bique, Armando Emílio Guebuza.- Pela delegação da RE- entre uma delegação do Governo da República Popular de
N A M O , Raul Manuel Domingos. Moçambique, chefiada pelo Senhor Armando Emílio Gue-
Os mediadores: on Mario Raffaelli, D. Jaime Gonçalves,
buza, Ministro dos Transportes e Comunicações e uma
Professor Andrea Riccardi, D. Matteo Zuppi.
delegação da RENAMO, chefiada pelo Senhor Raul Ma-
nuel Domingos, Chefe do Departamento das Relações
S. Egídio, Roma, aos 4 de Outubro de 1992. Exteriores.
Presentes ao encontro, na qualidade de observadores, CEDENTE A PROCLAMAÇÃO DO CESSAR-FOGO»,
estavam, o Senhor Mario Raffaelli, representante do Go- nos seguintes termos:
verno da República Italiana, o prof. Andrea Riccardi e 1. O Governo da República de Moçambique acordará
dom Matteo Zuppi, ambos da Comunidade de Santo Egídio, com o Governo da República do Zimbabwe as modali-
assim como dom Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira. dades de Concentração das tropas zimbabweanas ao longo
Ambas as delegações, reconhecendo-se como compatrio- das áreas denominadas por «corredor da Beira» e «cor-
tas e membros da grande família moçambicana, expres- redor do Limpopo», numa extensão mínima de 3 km para
saram satisfação e agrado pot este encontro directo, aberto fora, a partir das linhas mais externas de cada corredor.
e franco, o primeiro a ter lugar entre as duas partes. Este limite pode ser alterado sob proposta da Comissão
As duas delegações manifestaram interesse e vontade Mista de Verificação referida no ponto 3, em conformi-
de tudo fazerem para levarem a cabo um processo cons- dade com critérios que garantam maior segurança e eficá-
trutivo de busca de uma paz duradoura para o seu país cia da verificação. A concentração das tropas zimbabwea-
e para o seu povo. nas nos corredores acima referidos terá início até 15 dias
Tendo em consideração os superiores interesses da nação após a assinatura do presente Acordo concluindo-se num
moçambicana, as duas partes concordaram que é neces- prazo de 20 dias após a data limite do início da referida
sário que se ponha de lado aquilo que as divide e que concentração.
se concentre, com prioridade, a atenção naquilo que as 1.1. O Governo da República de Moçambique comuni-
une, com vista a criarem uma base comum de trabalho cará à mesa das conversações o número limite dos efec-
para, no espírito de compreensão e entendimento mútuos, tivos zimbabweanos a permanecerem nos corredores.
realizarem um diálogo no qual debatam os diferentes
pontos de vista. 1.2. Durante as operações de concentração as tropas
zimbabweanas não poderão ser envolvidas cm operaçõer
As duas delegações afirmaram estar prontas a empenhar-
militares de carácter ofensivo.
se profundamente e no espírito de respeito e compreensão
2. Para facilitar o processo de paz em Moçambique, a
mútuos, na busca de uma plataforma de trabalho para pôr
RENAMO cessará todas as operações militares ofensivas
fim à guerra, e criar condições políticas, económicas e
e ataques nos corredores da Beira e do Limpopo, ao longo
sociais que permitam trazer uma paz duradoura e nor-
das áreas acordadas nos termos do ponto 1.
malizar a vida de todos os cidadãos moçambicanos.
3. Com o fim de velar pela estricta aplicação do presente
No termo da reunião, as duas delegações decidiram vol- Acordo, é criada uma Comissão Mista de Verificação
tar a encontrar-se oportunamente em Roma, na presença composta por representantes civis e militares designados
dos mesmos observadores. Elas expressaram satisfação e pelo Governo da República dc Moçambique e pela RE-
gratidão pelo espírito de amizade, e pela hospitalidade e NAMO, em número de 3 por cada parte, a comunicar aos
apoio que lhes foram dispensados pelo Governo italiano mediadores até 7 dias após assinaturas deste Acordo.
e por todos aqueles que contribuíram para tornar possível
O Governo da República do Zimbabwe poderá integrar
este encontro a Comissão Mista de Verificação com igual número de
representantes.
Feito, aos 10 de Julho de 1990, S. Egídio, Roma. 3.1. A Comissão Mista de Verificação sera ainda inte-
grada pelos mediadores ou seus representantes, que a ela
Pela Delegação do Governo da República Popular de presidirão, e por 8 países acordados entre as partes.
Moçambique, Armando Emílio Guebuza 3.2. A Comissão Mista de Verificação terá a sua sede
em Maputo Periodicamente, ela apresentará relatório à
Pela Delegação da RENAMO, Raul Manuel Domingos mesa das conversações ou sempre que uma das partes o
solicitar.
Os mediadores, on. Mario Raffaelli, D. Jaime Gonçalves, 3.3. A Comissão Mista de Verificação poderá constituir
Professor Andrea Riccardi, D. Matteo Zuppi subcomissões com igual composição aptas a verificar «in
loco» a aplicação do presente Acordo.
3.4. Os membros da Comissão Mista de Verificação
gozarão de imunidades diplomáticas. O Governo da Repú-
blica de Moçambique por um lado, e a RENAMO por
ACORDO outro, garantirão segurança e livre circulação dos mem-
bros da Comissão e das subcomissões, bem como dos
Movidos pelo espírito e pelo engajamento recíproco de seus enviados em qualquer área sujeita à aplicação do
rapidamente obterem a pacificação de Moçambique, as presente Acordo.
delegações do Governo da República de Moçambique e da 3.5. A Comissão Mista de Verificação acordará, pontual-
RENAMO, chefiadas respectivamente por Armando Emí- mente, com o Governo da República de Moçambique as
lio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comunicações, medidas de segurança necessárias para os seus membros.
e Raul Manuel Domingos, Chefe do Departamento das O Governo da República de Moçambique fornecerá as
Relações Exteriores, reuniram-se em Roma, na sede da instalações para a sede da Comissão Mista de Verificação
Comunidade de Santo Egídio, na presença dos mediadores, assim como todo o apoio logístico necessário ao seu fun-
on. Mario Raffaelli, representante do Governo da Repú- cionamento.
blica Italiana, D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, 3.6. A Comissão Mista de Verificação tomará posse até
professor Andrea Riccardi e D. Matteo Zuppi, em repre- 15 dias após a assinatura do presente Acordo e iniciará
sentação da Comunidade de Santo Egídio, e acordaram imediatamente as suas actividades. Ela exercerá o controlo
na necessidade de imediatamente implementarem os enten- da aplicação do presente Acordo por um período de 6 me-
dimentos e conclusões alcançados na discussão do ponto 1 ses, renovável de comum acordo entre as partes, sempre
da agenda aprovada no dia 9 de Novembro de 1990 com que necessário.
a designação de «PRESENÇA E PAPEL DAS FORÇAS 3.7. Logo após a tomada de posse, a Comissão Mista
MILITARES DO ZIMBABWE NO PERÍODO ANTE- de Verificação submeterá à aprovação da mesa das conver-
sações os critérios fundamentais que regerão a respectiva Acordo de cessar-fogo parcial de 1 de Dezembro de 1990,
actividade. e a adopção dos seguintes Protocolos e Acordos:
3.8. As delegações do Governo da República de Moçam- i) Agenda Acordada no dia 28 de Maio de 1991
bique e da RENAMO solicitam ao Governo italiano e aos e as emendas nela introduzidas pela Acta
outros Governos dos países membros da Comissão Mista Acordada do dia 19 de Junho de 1992;
de Verificação, o desenvolvimento de esforço a nível bila- ii) Protocolo n.I «Dos Princípios Fundamentais»,
teral e multilateral para garantir financiamento e apoio assinado aos 18 de Outubro de 1991;
técnico necessários ao funcionamento eficaz da Comissão iii) Protocolo n.II «Critérios e modalidades para a
Mista de Verificação, criada neste Acordo. formação e reconhecimento dos partidos polí-
4. As partes comprometem-se a evitar toda a acção que ticos», assinado aos 13 de Novembro de 1991;
directa ou indirectamente possa violar o espírito ou letra iv) Protocolo n.III sobre os «Princípios da Lei Elei-
do presente Acordo. A pedido de uma das partes, no caso toral», assinado aos 12 de Março de 1992;
de se verificar qualquer acontecimento anormal de carác- y) Acta Acordada de 2 de Julho de 1992, para me-
ter militar que comprometa a implementação deste Acordo, lhorar o funcionamento da COMIVE;
os mediadores poderão assumir iniciativas úteis para iden- vi) Declaração sobre os Princípios orientadores da
tificar e superar o problema. ajuda humanitária, assinada aos 16 de Julho
de 1992, E;
4.1 O Governo da República de Moçambique e a RE-
NAMO convencidos de que a assinatura e a aplicação do Complementando estes esforços na busca de Paz, Demo-
presente Acordo contribuirão significativamente para o cracia e Unidade Nacional baseada na Reconciliação em
reforço do clima de confiança necessário ao diálogo, reno- Moçambique, teve lugar um encontro em Gaberone, Bo-
vam o compromisso de prosseguirem na análise dos res- tswana, aos 4 de Julho de 1992, entre S. Ex.a Robert Gabriel
t a n t e s pontos da agenda para o estabelecimento da Paz Mugabe, Presidente da República de Zimbabwe, e S. Ex.a
emMoçambique. Sir Ketumile Masire, Presidente da República do Botswana,
5. Este Acordo entra em vigor na data da sua assinatura. dum lado, e o Senhor Afonso Macacho Marceta Dhlakama,
Presidente da RENAMO, doutro lado;
Pela Delegação do Governo da República de Moçam- A seguir ao qual, o Presidente da República de Moçam-
bique, Armando Emílio Guebuza. - Pela Delegação da bique, Joaquim Alberto Chissano, foi detalhadamente in-
RENAMO, Raul Manuel Domingos. formado pelo Presidente do Zimbabwe aos 19 de Julho
de 1992;
Os Mediadores: Mario Raffaelli, D. Jaime Gonçalves, Considerando que o Senhor Afonso Macacho Marceta
Andrea Riccardi, D. Matteo Zuppi. Dhlakama declarou a sua disponibilidade em assinar um
Feito em S. Egídio, Roma, 1 de Dezembro de 1990. cessar-fogo imediato caso fossem providenciadas certas
garantias e segurança no que se refere tanto à sua segu-
rança pessoal, como a dos seus membros e à liberdade
do seu partido de se organizar e fazer campanha sem inter-
ferências ou impedimentos;
Considerando o seu pedido de garantias para permitir
DECLARAÇÃO CONJUNTA à RENAMO operar livremente como partido político de-
pois da assinatura do Acordo Geral de Paz;
Nós, Joaquim Alberto Chissano, Presidente da República Convencidos de que o sofrimento do povo moçambi-
de Moçambique, e Afonso Macacho Marceta Dhlakama, cano, resultante da guerra e agravado pelas consequências
Presidente da RENAMO, da pior seca de que há memória, exige a tomada de rápidas
medidas para acabar com a guerra;
Tendo-nos encontrado em Roma, na presença de S. Ex.a Reconhecendo a necessidade do estabelecimento ime-
Robert Gabriel Mugabe, Presidente da República do Zim- diato da Paz em Moçambique;
babwe; S. Ex.a Emilio Colombo, Ministro dos Negócios Reafirmando o compromisso do Governo da Repú-
Estrangeiros da República da Itália; a representante de blica de Moçambique e da RENAMO em acabar com as
S. Ex.a o Presidente da República do Botswana, Dr.a Gaosi- hostilidades em Moçambique;
twe Keagakwa Tibe Chiepe, Ministro dos Negócios Estran- Determinados a fazer tudo aquilo que estiver em nosso
geiros, os mediadores do processo de paz, on. Mario poder para acabar a catástrofe resultante das consequên-
Raffaelli, representante do Governo italiano e coordenador cias combinadas da guerra e da seca no nosso País;
dos mediadores, D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, Apreciando o progresso alcançado nas negociações de
professor Andrea Riccardi e D. Matteo Zuppi, da Comu- paz de Roma entre as nossas respectivas delegações;
nidado de S. Egídio, E; Considerando o espírito do encontro de Gaberone de
4 de Julho de 1992;
Reconhecendo que
O alcance da Paz, da Democracia, e da Unidade Nacio- Nestes termos, comprometemo-nos ao seguinte:
nal baseada na Reconciliação Nacional é o maior anseio
e desejo de todo o povo moçambicano; liberdade política, de acordo com os princípios
Na prossecução desse objectivo, o processo de paz foi de democracia internacionalmente reconheci-
iniciado em Roma entre o Governo da República de Mo- dos;
çambique e a RENAMO, assistidos pelos mediadores do ii) garantir a segurança pessoal de todos os cidadãos
Governo Italiano, da Comunidade de S. Egídio e da Igreja moçambicanos e a todos os membros de parti-
Católica de Moçambique; dos políticos;
Importantes resultados foram conseguidos até agora, iii) aceitar o papel da comunidade internacional, e
conforme exemplificado e demonstrado pela assinatura do particularmente das Nações Unidas, na fiscali-
zação e garantia da implementação do Acordo e a Delegação da RECAMO, chefiada PDT Raul Manuel
Geral de Paz, em particular do cessar-fogo e Domingos, Chefe do Departamento da Organização, na
do processo eleitoral; presença dos Mediadores, dos Observadores e dos Repre-
iv) respeitar plenamente os Princípios contidos no sentantes das Organizações Internacionais, acordaram na
Protocolo n.° 1, nos termos dos quais «o Go- seguinte declaração
verno compromete-se a não agir de forma con- Considerando que, para a população, as consequências
trária aos termos dos Protocolos que se esta- do conflito armado foram dramaticamente agravadas pola
beleçam, a não adoptar leis ou medidas e a não pior seca dos últimos 50 anos no País e na legião,
aplicar as leis vigentes que eventualmente con-
Determinados a mobilizar todos os recursos para aliviai
trariem os mesmos Protocolos» e ainda que
a inanição c prevenir mortes em Moçambique,
«a RENAMO compromete-se a não combater
pela força das armas, mas a conduzir a sua Enquanto prosseguem os esforços para alcançai um
luta política na observância das leis em vigor, acordo total de Paz em Moçambique o mais cedo possível;
no âmbito das instituições do Estado existentes Reafirmando os princípios contidos na Resolução n.° 46/
e no respeito das condições e garantias estabe- /182, da Assembleia Geral das Nações Unidas, relativos
lecidas no Acordo Geral de Paz»; a ajuda humanitária,
v) salvaguardar os direitos políticos, clarificando que Reafirmando o entendimento alcançado em Dezembro
os princípios contidos no Protocolo n.° 1 são de 1990 entre o Governo, a RENAMO e o Comité inter-
válidos e também relacionados ao problema nacional da Cruz Vermelha, sobre os princípios do livre
das garantias constitucionais, levantado pela movimento das populações c da ajuda para todos os mo-
RENAMO, e ilustrado no Documento apresen- çambicanos onde quer que estes se encontrem,
tado ao Presidente Mugabe. Com este fim o 1.O Governo e a RENAMO, solenemente, acordam e
Governo da República de Moçambique subme- comprometem-se a observar os seguintes princípios orienta-
terá à Assembleia da República a adopção dos dores da ajuda humanitária
instrumentos legais incorporando os Protocolos a) A ajuda será destinada a todos os moçambicanos
e as garantias, assim como o Acordo Geral de afectados, livremente e sem discriminação,
Paz, na Lei moçambicana; b) Será garantida a livre circulação e o respeito às
vi) na base dos princípios acima enunciados e do pessoas e aos meios que, sob a bandeira das
nosso compromisso, como referido nesta De- Nações Unidas ou do CICV, estejam empenha
claração Solene, nós, Joaquim Alberto Chis- dos em acções humanitárias, e não sejam acom-
sano, Presidente da República de Moçambique, panhados de escoltas militares;
e Afonso Macacho Marceta Dhlakama, Presi- c) A liberdade e a neutralidade da ajuda humanitária
dente da RENAMO, mandatamos e damos ins- será reconhecida e respeitada,
truções às nossas respectivas delegações parti- d) Será permitido o acesso a toda a população atec
cipantes no processo de Paz em Roma para tada, utilizando-se todos os meios de transporte
concluirem, até ao dia 1 de Outubro de 1992, e) Será permitida e facilitada a utilização de todos
os restantes Protocolos previstos na Agenda os meios pata a rápida e expedita distribuição
Acordada, permitindo assim a assinatura do da ajuda humanitária,
Acordo Geral de Paz até essa data. f) Será garantida a liberdade de movimento a todo
o pessoal que, sob os auspícios da ONU/CICV,
A assinatura do Acordo Geral de Paz e a respectiva tenha como objectivo identificar as populações
adopção pela Assembleia da República, nos termos do necessitadas, as áreas prioritárias os meios
previsto no parágrafo «v» da presente Declaração, deter- de transporte e as vias de acesso, bem como
minarão a imediata entrada em vigor do cessar-fogo acor- fiscalizar a distribuição da ajuda,
dado no âmbito do Acordo Geral de Paz. g) Será permitida a livre circulação das pessoas a
fim de lhes possibilitar o total acesso à ajuda
Joaquim Alberto CHISSANO - Presidente da Repú- humanitária
blica de Moçambique - Afonso Macacho Marceta D H L A -
KAMA, Presidente da R E N A M O - Robert Gabriel MU- II. Com o objectivo de socorrer a situações de extrema
GABE, Presidente da República do Zimbabwe. urgência, que já se verificam no País, as partes concordam
Testemunhado por: Dr. Gaositwe Keagakwa Tibe CHIE-
em:
PE, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Botswana, e a) Permitir e facilitar, de imediato, a circulação por
via aérea a todos os pontos do País, para trans-
Pelos Mediadores, on Mano RAFFAELLI, D. Jaime porte da ajuda humanitária e do seu pessoal con
GONÇALVES, Professor Andrea RICCARDI, D. Matteo siderado necessário e viável;
ZUPPI b) Com o mesmo fim, permitir e facilitar a imediata
Roma, aos 7 de Agosto de 1992 utilização e reabilitação, onde necessário, das
outras vias de acosso às populações afectadas,
incluindo aquelas vias com pontos de partida
nos Países vizinhos, que serão acordadas pelas
partes e comunicadas pelo Comité referido no
Declaração do Governo da República de Mo- ponto V desta Declaração
çambique e da Renamo sobre os princípios
orientadores da ajuda humanitária III. Para além disso, o Governo e a RENAMO conti-
nuarão a negociar com objectivo de alcançar, o mais ra-
No dia 6 de Julho de 1992, a Delegação do Governo pidamente possível, um acordo sobre a abertura de estradas
da República de Moçambique, chefiada por Armando Enis e a remoção de todos os obstáculos que possam impedir a
lio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comunicações, distribuição da ajuda humanitária
IV. O Governo e a RENAMO comprometem-se a não proposta apresentada pelos mediadores, nos seguintes ter-
tirar vantagens militares das operações de ajuda humani- mos:
tária realizadas ao abrigo da presente Declaração. 1. Lei dos Partidos:
V. Ambas as partes concordam que a coordenação e a
a) Critérios e modalidades para a formação e re-
fiscalização de todas as operações de ajuda humanitária,
conhecimento de partidos políticos.
feitas ao abrigo da presente Declaração, serão da respon-
sabilidade de um Comité presidido pelas Nações Unidas. 2. Lei Eleitoral:
Esse Comité será integrado pelos Mediadores, pelos Obser-
a) Liberdade de imprensa e acesso aos meios de
vadores às negociações de Roma e pelo CICV. Os media-
comunicação;
dores terão também a tarefa de verificar o respeito a esta b) Liberdade de associação, expressão e propaganda
Declaração e de submeter à mesa das conversações even- política;
tuais reclamações e protestos. c) Liberdade de circulação e domicílio no país;
O Comité informará às partes, em devido tempo, sobre d) Regresso de refugiados e deslocados e sua reinte-
detalhes operacionais. gração social;
VI. Ambas as partes concordam em participar e cola- e) Procedimentos eleitorais: sistema de voto demo-
borar com a Comunidade Internacional em Moçambique crático, imparcial e pluralístico;
na formulação de planos de acção a fim de os implementar f) Garantias do processo eleitoral e papel de obser-
nos termos desta Declaração. O Comité coordenará essas vadores internacionais.
actividades. Para este efeito, a RENAMO indicará o seu 3. Questões Militares:
representante no quadro e nos procedimentos da COMIVE,
a) Exército nacional apartidário: critérios de forma-
que terá o estatuto aí previsto.
ção, composição e número;
VII. Ambas as partes comprometem-se ao estrito cum- b) Retirada de tropas estrangeiras do País;
primento dos termos desta Declaração e concordam que c) Funcionamento dos grupos armados privados e irre-
qualquer violação, comprovada pelo Comité, poderá ser gulares;
comunicada à Comunidade Internacional. d) Funcionamento do SNASP;
VIII. A esta Declaração será dada a máxima divulgação e) Despartidarização e reestruturação das Forças Po-
possível em Moçambique. liciais;
f) Reintegração económica e social dos militares des-
Pela Delegação do Governo da República de Moçam- mobilizados;
bique, Armando Emílio Guebuza.
4. Cessar-fogo:
Pela Delegação da RENAMO, Raul Manuel Domingos. a) Modalidades do cessar-fogo e da libertação de pri-
sioneiros à excepção dos detidos por crimes de
Os Mediadores: On. Mário Raffaelli, D. Jaime Gon- delito comum;
çalves, prof. Andrea Riccardi, D. Matteo Zuppi. b) Órgãos e modalidades de observação, supervisão
e controlo do cessar-fogo e papel internacional
no processo;
c) Calendário operacional do cessar-fogo.
5. Garantias:
PROTOCOLO a) Calendário de implementação do processo eleitoral;
Roma, aos 28 de Maio de 1991 b) Comissão Político-Militar de supervisão do cessar-
-fogo e de controlo do respeito e implementação
dos acordos alcançados entre as partes no qua-
No dia 28 de Maio de 1991, a delegação do Governo da
dro destas negociações; sua composição e com-
República de Moçambique, chefiada pelo senhor Armando
petências;
Emílio Guebuza, Ministro dos Transportes e Comunica-
c) Garantias específicas para o período que vai
ções, e composta pelos senhores Teodato Hunguana, Mi-
do cessar-fogo à realização das eleições.
nistro do Trabalho, Aguiar Mazula, Ministro da Adminis-
tração Estatal, e Francisco Madeira, Assessor Diplomático 6. Conferência de doadores:
do Presidente da República; e a delegação da RENAMO,
Organização de uma conferência dos países doado-
chefiada pelo Senhor Raul Manuel Domingos, Chefe do
res para financiamento de processo eleitoral e
Departamento para as Relações Exteriores e composta pe-
para programas de emergência para reintegra-
los senhores Vicente Zacarias Ululu, Chefe do Departa-
ção das populações deslocadas e rofugiadas.
mento da Informação, Anselmo Victor, Chefe do Departa-
mento dos Assuntos Políticos, Agostinho Semende Murrial, 7. A assinatura dos documentos acordados e do proto-
Vice-Chefe do Departamento dos Assuntos Políticos, José colo final.
de Castro, Chefe do Gabinete da Administração Interna, E, para constar, as partes decidiram assinar o presente
e João Francisco Almirante, membro do Gabinete Presi- protocolo.
dencial, encontraram-se em Roma, na sede da Comunidade
de Santo Egídio, na presença dos mediadores, on. Mario Pela delegação do Governo da República dc Moçam-
Raffaelli, representante do Governo da República Italiana bique, Armando Emílio Guebuza. - Pela delegação da
e coordenador dos mediadores, D. Jaime Gonçalves, Arce- RENAMO, Raul Manuel Domingos.
bispo da Beira, professor Andrea Riccardi e D. Matteo
Os mediadores: on. Mario Raffaelli. D. Jaime Gonçalves,
Zuppi da Comunidade de Santo Egídio.
Professor Andrea Riccardi. - D. Matteo Zuppi.
As duas partes acordaram no detalhamento da agenda
aprovada no dia 10 de Novembro de 1990, com base na Feito em Santo Egídio, Roma, 28 de Maio de 1991.
ACTA A C O R D A D A de emergência para a reintegração das populações deslo-
cadas e refugiadas.
No decurso da 10.a ronda das conversações de paz, a 7. Assinatura dos documentos acordados e do Protocolo
delegação do Govetno da República de Moçambique, che- final:
fiada por Armando Emílio Guebuza, Ministro dos Trans-
b) Considerar os pontos 3,4,5 da Agenda Acordada
portes e Comunicações, e composta por Mariano de Araújo
como partes de um todo e, uma vez alcançado o acordo
Matsinha, Ministro sem Pasta, Aguiar Mazula, Ministro da
em cada ponto, rubricar os respectivos Protocolos, os quais
Administração Estatal, Teodato Hunguana, Ministro do
serão assinados em conjunto o mais rapidamente possível,
Trabalho, e Francisco Madeira, Assessor Diplomático do
conforme expresso pelas partes no Protocolo NI «Dos
Presidente da República, e a delegação da RENAMO, che-
Princípios Fundamentais»
fiada por Raul Manuel Domingos, Chefe do Departamento
da Organização, e composta por Vicente Zacarias Ululu,
Chefe do Departamento da Informação, Agostinho Semen- Pela delegação do Governo da República de Moçam-
de Murrial, Vice-Chefe do Departamento da Organização, bique, Armando Emílio Guebuza. - Pela delegação da
José Augusto Xavier, Director-Geral do Departamento da RECAMO, Raul Manuel Domingos
Administração Interna, reunidas em Roma, na presença dos
mediadores, on. Mario Raffaelli, representante do Governo Os mediadores: on Cario Raffaelli, D. Jaime Gonçalves,
italiano e coordenador dos mediadores, D. Jaime Gonçal- professor Andrea Riccardi e D. Matteo Zoppi
ves, Arcebispo da Beira, professor Andrea Riccardi e
D. Matteo Zuppi, da Comunidade de S. Egídio, e dos S. Egídio, Roma, aos 19 de Junho de 1992
observadores dos Governos dos Estados Unidos da Amé-
rica, da França, da Grã-Bretanha e de Portugal.
Tendo em conta e aceitando a Comunicação do dia 17 de
junho de 1992, feita pelos mediadores, de acordo com a
Acta Acordada no dia 12 de Março de 1992, concorda-
ram no seguinte:
a) Alterar a ordem da Agenda Acordada, na parte
ACTA A C O R D A D A
ainda por discutir, que passa a ser a seguinte:
No decurso da 10.a ronda das conversações de paz, a de-
3. Questões militares: legação do Governo da República de Moçambique, che-
a) Exército nacional apartidário, critérios de forma- fiada por Armando Emílio Guebuza, Ministro dos Trans-
portes e Comunicações, e composta por Mariano de
ção, composição e número; Araújo Matsinha, Ministro sem Pasta, Aguiar Mazula, Mi-
b) Retirada de tropas estrangeiras do País; nistro da Administração Estatal, Teodato Hunguana, Mi-
c) Funcionamento dos grupos armados privados e nistro do Trabalho, e Francisco Madeira, Assessor Diplo-
irregulares; mático do Presidente da República, e a delegação da
d) Funcionamento do SNASP; RENAMO, chefiada por Raul Manuel Domingos, Chefe do
e) Despartidarização e reestruturação das Forças po- Departamento da Organização, e composta por Vicente
liciais; Zacarias Ululu, Chefe do Departamento da Informação,
f) Reintegração económica e social dos militares des- Agostinho Semende Murrial, Vice-Chefe do Departamento
mobilizados. da Organização, José Augusto Xavier, Director-Geral do
Departamento da Administração Interna, reunidas em
Roma, na presença dos mediadores, on. Mario Raffaelli
4. Garantias: representante do Governo italiano e coordenador dos me
a) Calendário de implementação do processo eleitoral; diadores, D. Jaime Gonçalves, Arcebispo da Beira, pro-
b) Comissão de supervisão do cessar-fogo e de con- fessor Andrea Riccardi e D Matteo Zuppi, da Comuni-
trolo do respeito e implementação dos acordos dade de S. Egídio, e dos observadores dos Governos dos
entre as partes no quadro destas negociações, Estados Unidos da América, da França, da Grã-Bretanha
sua composição e competências; e de Portugal, e das Nações Unidas;
c) Garantias específicas para o período que vai do Após a discussão sobre o relatório do Presidente da
cessar-fogo à realização das eleições; COMIVE e tomando em conta as medidas que foram adop-
d) Questões constitucionais. tadas pelos mediadores e que estão contidas na Carta
prot. 1/92, que no dia 2 dc julho de 1992 dirigiram ao
5 Cessar-fogo: Presidente da própria COMIVE, as partes compromete-
ram-se a envidar esforços com vista a facilitar a implemen-
a) Modalidades do cessar-fogo e da libertação de pri- tação de tais medidas.
sioneiros à excepção dos detidos por crimes de
delito comum;
b) Órgãos e modalidades de observação, supervisão Pela delegação do Governo da República de Moçam-
e controlo do cessar fogo e papel internacional bique, Armando Emílio Guebuza. - Pela delegação da
no processo; RENAMO, Raul Manuel Domingos.
c) Calendário operacional docessarfogo
Os mediadores: on Mario Raffaelli, D. Jaime Gonçalves,
6. Conferência de doadores professor Andrea Riccardi e D. Matteo Zuppi
a) Organização duma Conferência dos Países doadores
para financiamento do Processo Eleitoral e para programas S. Egídio, Roma, aos 2 de Julho de 1992
Lei n.° 14/92 h) direitos e deveres dos filiados;
de 14 de Outubro i) disposições sobre dissolução, fusão e cisão.
Tornando-se necessário introduzir algumas alterações 3. O requerimento contendo o pedido de criação
à Lei n.° 7/91, de 23 de Janeiro, a Assembleia da Repú- deve ser assinado por três dos membros dirigentes,
blica, no uso da competência que lhe é conferida pelo sendo as assinaturas reconhecidas presencialmente
n.° 1 do artigo 135 da Constituição, determina: por notário.
ARTIGO 11
Artigo 1. São alterados os artigos 1, 5, 6, 11, 14, 16
e 23 da Lei n.° 7/91, de 23 de Janeiro, os quais passam (órgãos)

a ter a seguinte redacção: Os partidos podem criar os órgãos que julgarem


necessários para a prossecução dos seus objectivos,
ARTIGO 1 devendo ter pelo menos um órgão central com fun-
(Noção) ções deliberativas, democraticamente eleito e compe-
tente para aprovar os programas do partido.
1. São partidos políticos as organizações de cida-
dãos moçambicanos constituídas com o objectivo fun- ARTIGO 14
damental de participar democraticamente na vida (Direitos dos partidos políticos)
política do país e de concorrer, de acordo com a
Constituição e as leis, para a formação e expressão Os partidos políticos são iguais perante a lei,
da vontade política do povo, intervindo, nomeada- sendo-lhes reconhecidos os seguintes direitos:
mente, no processo eleitoral, mediante a apresentação a) prosseguir livre e publicamente os objectivos
ou o patrocínio de candidaturas. pelos quais se constituiram;
2. Os partidos políticos gozam de personalidade b) concorrer a eleições dentro das condições
jurídica e têm autonomia administrativa, financeira fixadas na lei eleitoral;
e patrimonial. c) definir os seus projectos de governação;
ARTIGO 5 d) emitir opinião sobre os actos do Governo e
(Número mínimo de filiados) da administração;
e) difundir livre e publicamente a sua política
1. Para além de outros requisitos definidos na lei, através dos meios de comunicação social
o reconhecimento legal de um partido efectua-se e outros permitidos por lei;
quando o número dos seus proponentes seja de, pelo f) adquirir a título gratuito ou oneroso os seus
menos, dois mil cidadãos residentes no país. imóveis e outros indispensáveis à prosse-
2. Os proponentes referidos no número anterior cução dos seus fins;
devem ser cidadãos com capacidade eleitoral activa. g) filiar-se livremente em associações ou orga-
nismos políticos internacionais que não
ARTIGO 6 prossigam fins contrários à ordem política
(Condições para a criação dos partidos) e social estabelecida no país;
h) receber dotações do orçamento geral do Es-
1. A criação de um partido é requerida ao Minis- tado nos termos do n.° 1 do artigo 20 da
tério da Justiça, sendo o pedido acompanhado dos presente lei.
seguintes elementos:
a) estatutos e programas; ARTIGO 16
b) certidão de nascimento, certidão de registo (Deveres dos partidos políticos)
criminal e atestado de residência dos diri- 1. Aos partidos políticos cabem, entre outros, os
gentes; seguintes deveres:
c) lista nominal dos filiados a que se refere o a) respeitar a Constituição e as leis;
artigo 5, com a indicação da idade, local b) comunicar ao órgão estatal competente para
de nascimento e de residência, número do o registo dos partidos, as alterações aos
Bilhete de Identidade e assinatura dos filia- estatutos e programa, bem como a super-
dos; veniência da dissolução, da fusão, da cisão
d) acta da reunião ou assembleia constitutiva na e da coligação;
qual os membros ou assembleias represen- c) publicar anualmente as contas.
tativas dos mesmos aprovaram os estatutos.
2. Os estatutos, a serem remetidos em três exem- 2. Os partidos políticos não podem:
plares, devem conter, entre outras indicações: a) recorrer à violência ou preconizar o uso desta
a) nome ou sigla; para alterar a ordem política e social do
b) endereço da sede; país;
c) objectivos e princípios por que se rege o par- b) fomentar nem difundir ideologias ou políticas
tido, designadamente o princípio da elei- separatistas, discriminatórias, antidemocrá-
ção democrática e de responsabilidade dos ticas e nem ter base em grupos regionalis-
titulares dos seus órgãos; tas, étnicos, raciais ou religiosos;
d) composição dos órgãos deliberativos; c) difundir ou propagar, por qualquer meio, pa-
e) modalidade de eleição dos titulares dos órgãos lavras ou imagens ofensivas à honra e con-
de direcção e duração do seu mandato; sideração devidas ao Chefe de Estado, aos
f) organização interna; titulares dos órgãos do Estado e aos diri-
g) disposições financeiras; gentes de outros partidos políticos;
d) utilizar nomes, siglas ou símbolos que incen- Lei n.° 15/92
tivem a violência, que se prestem a conota-
ções divisionistas com base na raça, região, de 14 de Outubro
tribo, sexo ou religião, ou que possam
constituir ofensa à moral pública. Dentro do princípio de reconciliação nacional e harmo-
nização da vida do povo moçambicano, nos termos da
ARTIGO 23 alínea l) do n.° 2 do artigo 135 da Constituição, a Assem-
(Suspensão) bleia da República determina

1. O Tribunal Supremo poderá, quando se verifi- Artigo 1. São amnistiados os crimes cometidos contra
que os pressupostos das alíneas b) e c) do n.° 1 do a segurança do povo e do Estado popular, previstos na
artigo anterior, por proposta do Ministério Público, Lei n.° 2 / 7 9 , de 1 de Março e na Lei n.° 1/83, de 16 de
suspender a actividade e benefícios do partido. Março, os crimes contra a segurança do Estado previstos
na Lei n.° 19/91, de 16 de Agosto, e os crimes militares
2. A suspensão manter-se-á até que o Tribunal
previstos na Lei n.° 17/87, de 21 de Dezembro.
delibere em definitivo.
3. A suspensão poderá circunscrever-se a uma de- Art. 2. São ainda amnistiados os crimes contra as pes-
terminada zona do país soas previstos na lei penal comum e cujo procedimento
criminal não tenha sido instaurado até 1 de Julho de 1988.
Art. 2. O artigo 28 da Lei n.° 7 / 9 1 , de 23 de Janeiro, Art. 3. A presente lei entra em vigor à data da sua
passa a ser o artigo 29, introduzindo-se como artigo 28 publicação.
o seguinte:
ARTIGO 28 Aprovada pela Assembleia da República.
Até ao apuramento das próximas eleições presiden-
O Presidente da Assembleia da República, Marcelir
ciais e legislativas, as funções atribuídas nos n.° 3 do
artigo 7 e n.° 3 do artigo 10 da presente lei, respec- dos Santos.
tivamente ao Tribunal Administrativo e ao Tribunal
Supremo, serão exercidas pela Comissão de Supervisão Promulgada aos 14 de Outubro de 1992.
e Controlo do Acordo Geral de Paz.
Publique-se.
Art. 3. A presente lei entra imediatamente em vigor.
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
Aprovada pela Assembleia da República.

O Presidente da Assembleia da República, Marcelino


dos Santos.

Promulgada aos 14 de Outubro de 1992

Publique-se.

O Presidente da República, JOAQUIM A L B E R T O CHISSANO.

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