www.

correiobraz
LONDRES, 1808, HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA.

CORREIO BR
BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL, 16 DE JULHO DE 2023 (DOMIN

No final do mês de junho,

o Distrito Federal
registrou

a 20ª vítima combate ao

R E S P O N S A B
I L I D A D E D E T O D O S

de feminicídio na região.
feminicídio 2 ª E D I Ç Ã O

Comparando o primeiro
semestre de 2023 com os
meses de janeiro a dezembro 20 de julho
superou a
do ano passado, a cidade
a partir das 14h

quantidade de
assassinatos In screva-s e par a
aco mpan h ar o even to
pres en cialmen te
de mulheres, por questão
de gênero.

Com o intuito de estimular

e fomentar um ambiente
seguro para o acolhimento
e enfrentamento deste
cenário,
transmissão ao vivo
o Correio nas redes sociais do
Braziliense correio braziliense
apresenta FACEBOOK , YOUTUB E E T W I T T E R.

a segunda edição
do evento "Combate
ao Feminicídio: um
responsabilidade
Realização:
de todos".

ESTÚDIO DE CONTEÚDO

INÊS249
combate ao
          
 


20 de julho
feminicídio    

    

9:7*:17
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Painel 1
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Painel 2
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 INÊS249

www.correiobraziliense.com.br
LONDRES, 1808, HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA. BRASÍLIA, 1960, ASSIS CHATEAUBRIAND

BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL, 16 DE JULHO DE 2023

CORREIO BRAZILIENSE (DOMINGO) NÚMERO 22.035 • 76 PÁGINAS • R$ 6,00

Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Com Lira, Lula

vence no Congresso
Depois de aprovar pautas importantes, co-
mo a reforma tributária, arcabouço fiscal e a
Medida Provisória da Esplanada, o governo
fecha o primeiro semestre com vitórias em
votações estratégicas no Legislativo, princi-
palmente graças às articulações do presiden-
te da Câmara. Na oposição, o senador Rogé-
rio Marinho ganha protagonismo.

PÁGINA 2

Alexandre de Moraes hostilizado

no Aeroporto de Roma
PÁGINA 5

ENTREVISTA / RODRIGO ROLLEMBERG

Carlos Vieira/CB/D.A.Press

Novas fontes
de energia
Secretário de Economia Verde,
o ex-governador do DF destaca

Bons lucros
que a agenda é a transição
Do caule às folhas, tudo na bananeira energética. Essa é a agenda de
pode ser aproveitado, como destaca o ouro. “Vai ser a grande marca

com banana
produtor rural Rogério Antônio da Silva. do governo Lula, a questão
O fruto só perde para o plantio da socioambiental”, ressalta.
goiaba no Distrito Federal. PÁGINA 16
PÁGINA 8

CRISE CLIMÁTICA
Daniela Nader/Divulgação
FEMINICÍDIO Brandon Bell/AFP

Com a presença de
Celina Leão, Correio
promove debate
sobre violência
doméstica no DF
PÁGINA 17

Arte urbana ganha

Tradição pernambucana espaço no Museu
Artesãos, como a mestre Maria de Ana, mantêm viva a da República
cultura nordestina. Maior evento do setor na América
Latina, a Feira Nacional de Negócios do Artesanato, em Coletivo Coletores faz HEMISFÉRIO NORTE / Uma onda de calor atinge os Estados Unidos e a Europa.
Recife, mostra o valor dessa economia criativa. retrospectiva de 15 anos. Cientistas alertam para mais anomalias no clima este mês. PÁGINAS 9 E 12
DIVERSÃO & ARTE
Defesa Civil SC/Divulgação

Ponto para a
É dia de jogão, papai! diversidade
Cotas específicas e abertura
Os artilheiros Cano e Gabigol se enfrentam no Maracanã do mercado favorecem
de olho no líder Botafogo. Pela Copa do Brasil, comunidade LGBTQIAPN+.
Corinthians ganhou nos pênaltis do América Mineiro. TRABALHO
Mailson Santana/Fluminense FC

Gilvan de Sousa/Flamengo

HEMISFÉRIO SUL / Ciclones e frio intenso causam prejuízos em estados no Sul

do país. Especialistas cobram políticas públicas para população vulnerável. PÁGINA 6
PÁGINA 19

Luiz Carlos Azedo Denise Rothenburg Ana Dubeux Ana Maria Campos
A gestão Lula precisa consolidar uma ampla Governo trabalha para tirar o poder das Toda mulher tem direito à paz. Toda mulher Direitos animais é a pauta número um do
coalizão democrática. PÁGINA 4 bancadas temáticas. PÁGINA 5 tem direito à vida. PÁGINA 10 Plano Plurianual (PPA). PÁGINA 14

CLASSIFICADOS: 3342.1000 • ASSINATURA / ATENDIMENTO AO LEITOR: 3342.1000 • assinante.df@dabr.com.br • GRITA GERAL: 3214.1166
Política
2 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
Editor: Carlos Alexandre de Souza
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)

ARTICULAÇÃO POLÍTICA

Lira vira fator essencial

nas pautas de Lula
Governo encerra primeiro semestre do ano com saldo positivo no Congresso. Neste cenário, o presidente da Câmara foi o
principal articulador nas pautas de interesse do Planalto. Do lado da oposição, senador Rogério Marinho ganha protagonismo
Jefferson Rudy/Agência Senado
» RAFAEL FELICE
» TAÍSA MEDEIROS

O
presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) fecha
o primeiro semestre do
ano com vitórias impor-
tantes no Congresso Nacional.
O governo garantiu a aprovação
de pautas do extremo interesse
como a Medida Provisória (MP)
da Esplanada, o arcabouço fis-
cal, o Projeto de Lei do Conse-
lho Administrativo de Recursos
Fiscais (Carf ) e, agora, caminha
para a conclusão da reforma tri-
butária até outubro. Neste ce-
nário, o presidente da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira (PP
-AL), se tornou figura central
das articulações.
Antes mesmo do início da
terceira gestão de Lula, Lira de-
monstrou ser um grande fo-
mentador das pautas defendi-
das pelo Planalto. Ele se posi-
cionou pela aprovação da Pro-
posta de Emenda à Constituição
32/2022, conhecida como PEC
da Transição, que viabilizou o
aumento em R$ 145 bilhões do
teto de gastos no Orçamento de
2023 para bancar despesas co-
mo, por exemplo, o Bolsa Famí-
lia e a Farmácia Popular.
Mais recentemente, o con-
gressista priorizou a discus-
são sobre a reforma tribu-
tária na pauta. Nos bastido-
res, os deputados afirmam
que a votação do projeto an-
tes do recesso parlamentar só
foi possível por conta da in-
fluência do presidente da Ca-
sa. Por outro lado, Lira foi o
maior obstáculo do governo.
Em maio, a Câmara dos De-
putados derrubou trechos de Lira acelerou pautas de extremo interesse do Planalto na Câmara, como a reforma tributária e o arcabouço fiscal. Parlamentar também se posicionou a favor da PEC da Transição
dois decretos do governo Lu-
la que mudavam o marco le-
gal do saneamento. ganhar mais destaque. O texto
Como compensação, Lira e Veja quem foram os principais articuladores no Congresso Nacional neste primeiro semestre sob relatoria de Eduardo Braga
o Centrão conseguiram maior Jonas Pereira/Agência Senado Ed Alves/CB/DA.Press Ed Alves/CB/D.A Press Ed Alves/CB/DA.Press (MDB-AM), líder do partido na
abertura no Executivo, com a Casa, passará pela Comissão de
entrada recente do deputado Constituição e Justiça (CCJ) an-
federal Celso Sabino (União- tes de ir ao Plenário.
PA) no Ministério do Turismo
e a reativação da Fundação Na- Reforma tributária
cional da Saúde (Funasa). Ago-
ra, a ala busca mais espaço na Na última semana, o sena-
Esplanada e em gestões de ban- dor estimou que o relatório de-
cos públicos. ve ser votado em outubro e dis-
Outro personagem funda- se que vai ouvir os estados pa-
mental nesse processo é o de- ra a conclusão do documento.
putado José Guimarães (PT- “Vamos ouvir diversas instân-
CE). Em meio aos governistas, cias federativas. Vamos ouvir
o parlamentar, muito próxi- os estados, os grandes e os pe-
mo de Lira, auxiliou na arti- Rodrigo Pacheco esteve no centro Ministro Rui Costa é alvo de Deputado Aguinaldo Ribeiro é Deputado Claudio Cajado é quenos municípios. O Senado
culação das pautas do Planal- de importantes decisões críticas no Congresso relator da reforma tributária relator do novo arcabouço fiscal representa a Federação e mes-
to e buscou equilibrar os posi- mo que seja formado por polí-
cionamentos dos políticos — Pablo Valadares/Agência Câmara Ed Alves/CB/D.A Press Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Jefferson Rudy/Agência Senado ticos majoritários, é uma casa
que, em maioria, criticavam a de diálogo e compreensão po-
atuação do ministro da Casa lítica”, afirmou Braga.
Civil, Rui Costa. Do lado da oposição, o sena-
Apesar de não ser congres- dor Rogério Marinho (PL-RN)
sista, outro nome fundamental foi um fator importante, espe-
para o governo costurar acor- cialmente sobre o Marco do Sa-
dos em torno das pautas econô- neamento. O parlamentar, que
micas foi o ministro da Fazenda, disputou com Rodrigo Pache-
Fernando Haddad. Elogiado por co a presidência do Senado, se
integrantes do governo, de cen- consolidou como líder da opo-
tro e até mesmo do PL (partido sição. O ex-ministro de Jair Bol-
de Jair Bolsonaro), ele vem mos- sonaro se apoia na base bolso-
trando ser um negociador habi- narista da Casa.
lidoso. O chefe da pasta é res- No caso do Marco do Sanea-
ponsável por resolver problemas mento, governo e oposição che-
no PL do Carf, ao negociar acor- Líder do governo na Câmara, José Deputado Reginaldo Lopes foi Fernando Haddad esteve presente Rogério Marinho se consolidou garam a um entendimento de
do com a Frente Parlamentar da Guimarães é nome próximo de Lula presidente do GT da reforma tributária nas articulações no Congresso como protagonista da oposição que os dois decretos (11.466 e
Agropecuária (FPA). 11.467) seriam revogados pelo
presidente Lula. Um novo tex-
Discordâncias to será apresentado, trazendo
apenas as partes sobre as quais
O semestre foi marcado por a manutenção do esquema ado- prevista no regimento, com cria- previsto pelo regimento. Ele medidas do Executivo caducas- não há questionamentos. Par-
um embate entre Arthur Lira e tado na pandemia de covid-19, ção de comissões mistas para atendeu a uma demanda dos sem, o Senado votava as pro- lamentares argumentam que os
o presidente do Senado, Rodrigo de uma votação semipresencial debater as medidas. parlamentares que reclama- postas em tempo recorde. decretos invadiam a competên-
Pacheco (PSD-MG). O motivo foi no plenário da Câmara e, depois, Como também é presiden- vam que as MPs chegavam da Com a reforma tributária por cia do Legislativo, ao tratar de
a forma de tramitação das MPs: no Senado; Pacheco se posicio- te do Congresso, o senador Câmara na reta final da tra- vir no segundo semestre legisla- pontos que deveriam estar em
enquanto o deputado defendia nava pelo retorno da tramitação determinou o retorno do rito mitação. Para impedir que as tivo, o Senado tem a chance de projeto de lei.
 Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • 3

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4 • Política • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Correio Braziliense
»Entrevista | DANIEL AARÃO REIS | PROFESSOR DA UFF E ESCRITOR
Para o especialista, os integrantes das Forças Armadas ainda estão atrelados a ideias e
visões que se chocam com a democracia, que, por sinal, passa por uma profunda crise
“É preciso mudar a qualidade
da formação militar”
» FABIO GRECCHI
» VICTOR CORREIA
O
historiador e professor titu-
lar da Universidade Federal
Fluminense (UFF) Daniel
Aarão Reis é enfático ao afir-
mar que o Brasil ainda conviverá
com a sombra do golpismo militar
enquanto a qualidade da formação
dos integrantes das Forças Armadas
não passar por uma profunda refor-
mulação. Ele observa que, no con-
texto de uma democracia, há a ne-
cessidade de se formular uma nova
doutrina, uma das formas de se su-
perar os resquícios da guerra fria e
do “inimigo interno”. “Isso, infeliz-
mente, nunca foi feito desde o fim
da ditadura”, lamenta.
Fundador do PT, do qual se des-
ligou em 2005, quando eclodiu o
escândalo do Mensalão, Reis tor-
nou-se uma referência na acade-
mia quando o assunto são as dita-
duras brasileiras — seus livros Dita-
dura Militar, Esquerdas e Socieda-
de, Ditadura e democracia no Bra-
sil e A Ditadura que mudou o Brasil
tornaram-se fundamentais para os
estudiosos que pretendem entender
os processos políticos do país.
Segundo o professor, há em uma
vasta parcela da sociedade brasilei-
ra um saudosismo ao regime mili-
tar entre militares e civis, que encon-
trou no ex-presidente Jair Bolsonaro
um líder com grande comunicação
popular, que soube se aproveitar da
crise pela qual as democracias — so-
bretudo a brasileira — passam. “O
que importou para seus seguidores
não foram seus defeitos, bem co-
nhecidos, mas sua capacidade em
aglutinar e liderar uma alternativa
à mal chamada Nova República, re-
gida pela dupla PT-PSDB”, diz. Leia
a entrevista a seguir.
Argentina, Uruguai e Chile,
por exemplo, parecem ser
democracias sul-americanas mais
consolidadas, pois lá os militares
foram punidos e, aparentemente,
hoje se restringem aos quartéis. No
Brasil, quase houve um golpe de
Estado em 8 de janeiro e continua
havendo receio em punir os
militares golpistas. Por quê? A Lei
da Anistia tem algo a ver com isso?
Nos três países referidos, hou-
ve realmente punições de milita-
res, mas tenho dúvida em afirmar
que as democracias por lá pare-
cem consolidadas. As democra-
cias de nossos vizinhos são tam-
bém muito instáveis. Também te-
nho reservas em dizer que quase
houve um golpe de Estado em 8
de janeiro. O que houve, em Bra-
sília, foi uma insurgência popu-
lar de extrema direita, acobertada
por chefes militares e com a qual
as forças democráticas concilia-
ram por muito tempo. Agora, vo-
cê tem razão em dizer que houve
e ainda há receio no Brasil em pu-
nir exemplarmente os militares (e
também os civis) golpistas. E isso
se deve, a meu ver, ao processo de
transição da ditadura à democra-
cia em nosso país, do qual a Lei
da Anistia é uma parte expressi-
va, mas apenas uma parte.
Segundo os grandes estudiosos da
sociedade brasileira, os militares
e a política estão umbilicalmente
ligados. Em cinco das sete
constituições que vieram no pós-
Independência — inclusive na de
1988 —, é atribuído a eles algum
papel político. Isso representa
que o país estará sempre na
iminência de um golpe?
Não diria “na iminência de um
golpe”, mas sujeito às interferências
dos militares. Uma longa tradição.
Não esquecer, porém, que, mesmo
entre os militares, na longa tradi-
ção, houve muitos chefes compro-
metidos com a defesa da legalida-
de. Por outro lado, nem sempre a
interferência dos militares revestiu
caráter repressivo ou regressivo. Ci-
to dois exemplos: o tenentismo dos
anos 1920, progressista e naciona-
lista; e a participação de militares
na campanha a favor da naciona-
lização do petróleo.
Os militares se
consideram 'anjos
da guarda' da
República. Precisam
ser considerados
como funcionários
públicos fardados.
E com papel na
construção e na
defesa do regime
democrático”
Daniel Aarão Reis,
professor e escritor
O que houve, em
Brasília, foi uma
insurgência popular
de extrema direita,
acobertada por
chefes militares
e com a qual as
forças democráticas
conciliaram por
muito tempo
Daniel Aarão Reis,
professor e escritor
Na ditadura militar, ficou explícita
a relação entre a caserna e as
forças de segurança, como as
polícias, na repressão à militância
de esquerda. Essa intimidade
voltou à tona no governo
Bolsonaro. Entre os golpistas,
militares, policiais e bombeiros se
misturavam nos acampamentos
em frente aos quartéis e na
invasão às sedes dos Três Poderes.
Por que essa ligação ainda é forte?
Atribuo o fenômeno ao proces-
so de militarização das PMs e dos
bombeiros. O das PMs vem de há
muito, não surgiu durante a dita-
dura. É preciso desmilitarizar PMs
e Bombeiros. A polícia deve ser
uma instituição civil e o mesmo
conceito deve abranger os Bom-
beiros. Enquanto permanecerem
militarizadas, estas instituições es-
tarão sujeitas a distorções e tenta-
ções antidemocráticas.
Em quê as milícias existentes
no Rio de Janeiro — que detêm
poder político, influindo na
eleição de prefeitos, vereadores,
deputados estaduais e, comenta-
se, até mesmo na do governador
fluminense — tornam a conexão
militares-forças de segurança
perigosa para a democracia?
As milícias no Rio de Janeiro e
em outros lugares do país foram
toleradas e têm sido toleradas pelo
Estado e, em parte, pelas popula-
ções, como antídotos ao tráfico de
drogas e a outras criminalidades.
Trata-se de uma conciliação ina-
ceitável e intolerável do ponto de
vista democrático. Conciliar com
as milícias é jogo perigosíssimo, o
que já está demonstrado na práti-
ca. Lutar contra elas implica polí-
ticas enérgicas e também debate
na sociedade, pois as milícias dis-
põem, em muitos lugares, de pres-
tígio e apoio populares.
De forma jocosa, a intelectualidade
brasileira de esquerda diz que
como nossos militares participam
pouco de missões em conflitos
internacionais, a maneira que
têm para preencher o tempo livre
é articular golpes de Estado.
Reequipar e profissionalizar nossas
Forças Armadas, tornando-a
uma potência regional, seria uma
maneira de afastá-las da política?
Não creio que a multiplicação
de missões internacionais, por si
mesma, possa modificar para me-
lhor o ânimo intervencionista das
Forças Armadas brasileiras. Basta
ver as missões no Haiti, coman-
dadas por chefes militares que se
revelaram golpistas. Também de
pouco adiantarão mais tanques
e equipamentos para que os mi-
litares “brinquem” de guerra. Do
que precisamos é de mudanças
qualitativas na formação dos mi-
litares, nas academias militares,
nos cursos de aperfeiçoamento
de oficiais e na Escola Superior de
Guerra (ESG). Trata-se de repen-
sar o papel das Forças Armadas no
contexto democrático, formulan-
do uma nova doutrina, superan-
do-se as tradições e os cacoetes da
guerra fria e do “inimigo interno”.
Isso, infelizmente, nunca foi feito
desde o fim da ditadura.
O que o senhor pensa da Proposta
de Emenda à Constituição (PEC)
21/21, que proíbe que os militares
da ativa ocupem cargos de natureza
civil na administração pública
— seja na União, nos estados, no
Distrito Federal ou nos municípios?
O projeto tramita na Câmara,
mas, ao que parece, esbarra nas
corporações de militares e nos
parlamentares que os representam
na Casa. A matéria teria potencial
de reduzir a participação dos
fardados na política?
Penso que é uma boa contribui-
ção, mas deveria vir no contexto de
uma ampla e substancial discussão
a respeito do papel das Forças Ar-
madas no regime democrático. É
disso que precisamos: de uma con-
cepção e de um projeto para as For-
ças Armadas, à luz dos quais os ofi-
ciais seriam formados em seus cur-
sos e academias.
O ex-presidente do período
ditatorial Ernesto Geisel classificou
Jair Bolsonaro como um “mau
soldado”, em uma entrevista
concedida em 1993. Como o senhor
explica que generais e coronéis se
deixaram envolver pela retórica
extremista do ex-presidente,
sobretudo sendo ele um ex-militar
que mal chegou a capitão e que,
na caserna, mais se alinhava com
subalternos do que superiores, em
clara quebra da cadeia hierárquica?
Muitos militares (e também ci-
vis) guardaram profundo ressenti-
mento da transição da ditadura pa-
ra a democracia, apesar da conci-
liação que regeu todo o processo.
Já me referi aqui ao dano causado
à democracia pela insuficiente dis-
cussão sobre o período ditatorial,
seus fundamentos, suas causas e
características. A sociedade bra-
sileira repetiu o que já fizera de-
pois do Estado Novo, uma outra
cruel ditadura: “jogou o manto”
sobre o passado. A maioria preferiu
acompanhar a proposta de Tancre-
do Neves: “Não vamos olhar para
o retrovisor”. É evidente que não
devemos olhar “só” para o retrovi-
sor. Mas ignorar o valor do retro-
visor é se arriscar a repetir os mes-
mos erros. O que importou para
seus seguidores não foram seus
defeitos, bem conhecidos, mas
sua capacidade em aglutinar e li-
derar uma alternativa à mal cha-
mada Nova República, regida pela
NAS ENTRELINHAS
Por Luiz Carlos Azedo
Alexandre de Moraes/UFPA
dupla PT-PSDB. Aproveitaram, ob-
viamente, do desprestígio destes
partidos, atingidos em cheio pela
crise da democracia, que ocorre
não apenas no Brasil, como bem
sabemos, mas em todo o mundo
e que tem causas profundas, em
discussão aqui e no exterior. A re-
cuperação dos valores democráti-
cos exige uma discussão em pro-
fundidade. A verdade é que a de-
mocracia está muito desgastada.
Em certos setores, desmoralizada.
Temos visto que interessa à
extrema direita bolsonarista que os
militares continuem se envolvendo
com política. É uma forma de
mantê-la coesa e, sobretudo,
preservar um espaço conquistado
nos últimos quatro anos, inclusive
no Congresso. Isso representa
que o golpismo fará parte,
explicitamente, do nosso dia a dia?
Como já tentei argumentar, as
tradições intervencionistas e, even-
tualmente, golpistas, nas Forças Ar-
madas só serão superadas no con-
texto de uma discussão sobre o
papel destas Forças no regime de-
mocrático brasileiro. Enquanto is-
so não acontecer, e precisa aconte-
cer, é claro, com a participação das
Forças Armas, estaremos à mercê
da reprodução do intervencionis-
mo militar. Os militares se consi-
deram “anjos da guarda” da Repú-
blica. Precisam ser considerados
como funcionários públicos farda-
dos. E com papel na construção e
na defesa do regime democrático.
O Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) vem sendo criticado por não
ter tornado o ex-vice-presidente
Braga Netto inelegível no mesmo
processo que baniu Bolsonaro
das urnas pelos próximos oito
anos. Acusam a Corte de ter se
acovardado por ser o ex-candidato
a vice-presidente um general
da reserva. A CPI do 8 de janeiro
em algum momento chegará
ao coronel Jean Lawand, que
prestou depoimento dias atrás
e foi duramente atacado pelos
parlamentares governistas, e ao
tenente-coronel Mauro Cid. E, a
partir daí, será cobrada punição
a eles e outros semelhantes.
Podemos ter, por causa disso, um
novo momento de instabilidade
política em um futuro breve?
Os militares — e os civis — en-
volvidos em conspirações e ações
golpistas precisam ser exemplar-
mente punidos pela Justiça, de
acordo com o devido processo pe-
nal e com direito à ampla defesa e
ao contraditório. Agora, os demais
líderes de extrema direita precisam
ser derrotados nas urnas, e não nos
tapetões dos tribunais. Essa ideia
de atribuir aos tribunais o direi-
to de cassar mandatos está sen-
do muito celebrada por democra-
tas de distintas orientações e pe-
las esquerdas. Não compartilho
desta orientação. Lembro a essas
pessoas que esses mesmos tribu-
nais inviabilizaram a candidatura
de Lula, em 2018, aplicaram ale-
gremente a infame lei da delação
premiada (sancionada pelo PT) e
‘otras cositas más’. As forças demo-
cráticas — de direita e de esquerda
— precisam isolar e derrotar a ex-
trema direita nas urnas e nas ruas,
no debate político e cultural.
luizazedo.df@dabr.com.br
O iliberalismo não morreu
com a inelegibilidade
de Bolsonaro
A agenda social-liberal está órfã no Brasil. Foi substituí-
da por um projeto iliberal no mandato de Jair Bolsonaro e
ainda não foi plenamente assumida pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, com viés nacional-desenvolvimen-
tista, evidente na política externa e na política industrial.
Para neutralizar o iliberalismo, a gestão de Lula precisaria
consolidar outro viés, a de um governo de ampla coalizão
democrática, com uma política de integração competiti-
va à economia mundial e agenda social universalista, mas
com foco nos mais pobres.
Uma terceira alternativa, com esse caráter social-liberal,
não é possível na atual conjuntura, mesmo que alguns de-
sejem, por falta de uma liderança de projeção nacional. Essa
disputa está se dando dentro do governo Lula e não fora de-
le. O que existe de alternativa de poder fora do governo são
lideranças que surgiram na aba do chapéu do ex-presidente
Jair Bolsonaro, principal representante do iliberalismo na po-
lítica brasileira, porque sua base eleitoral continua influente,
articulada e identificada com uma agenda autoritária. Com
a inelegibilidade do ex-presidente da República, sentencia-
da pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), muitos acreditam
que a ameaça à democracia deixou de existir. É um equívoco.
No momento, a maior eloquente demonstração de que o
projeto iliberal não está morto é a questão das escolas cívi-
co-militares. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), liderou o movimento para manutenção das
escolas, depois da manifestação do Ministério da Educação
(MEC), pedagogicamente correta, de que esse modelo de es-
cola é anacrônico e autoritário.
“Fui aluno de colégio militar e sei da importância de um
ensino de qualidade e como é preciso que a escola trans-
mita valores corretos para os nossos jovens”, disse o ex-mi-
nistro da Infraestrutura de Bolsonaro. Hoje, há 13 unida-
des em São Paulo.
Outros doze estados decidiram manter o modelo, na
maioria dos quais Bolsonaro venceu as eleições passadas.
Há duas razões para isso, uma é o comprometimento ideo-
lógico com o projeto
iliberal, como fica cla-
ro nas declarações do
governador paulista; o
O QUE SEPARA
outro, a pressão da ba- A DEMOCRACIA
se eleitoral do ex-chefe
do Planalto. LIBERAL DO
Como na defesa da
proibição do aborto, ILIBERALISMO
da posse de armas e da
pena de morte, o sen- É FALTA DE
so comum leva muitas
pessoas a acreditarem RESPEITO PELAS
que a formação militar
nas escolas com fins ci-
INSTITUIÇÕES
vis garantirá o futuro e
a segurança de seus fi-
INDEPENDENTES
lhos. Quais são os “va- E PELOS DIREITOS
lores corretos”?. Os pro-
fessores de nossas esco- INDIVIDUAIS,
las públicas não têm es-
ses valores? É preciso a PRINCIPALMENTE
presença de ex-milita-
res nas salas de aula pa-
ra isso? O principal problema da qualidade das escolas públi-
cas é a falta de recursos e a desvalorização dos professores.
Modernidade líquida
O iliberalismo no Brasil não é um projeto político descola-
do da nossa realidade e do mundo. A revolução digital, a crise
de representação dos partidos e as mudanças nos costumes,
com o fim da antiga “sociedade industrial”, estruturada em
classes sociais definidas, geram muita perplexidade e insegu-
rança na sociedade. Na chamada “modernidade líquida”, con-
ceito do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, principal carac-
terística de nossa época, as relações sociais, econômicas e de
produção são “frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos”.
O iliberalismo é uma das faces políticas dessa nova so-
ciedade. Na “modernidade líquida”, o indivíduo molda a
sociedade à sua personalidade, por seu estilo de vida, pa-
drão de consumo e comportamento. A mobilidade geográ-
fica é muito maior, as migrações ocorrem por necessidade
ou oportunidade, a competição econômica aumenta, os sa-
lários diminuem, o emprego é inseguro, novas profissões
surgem e muitas desaparecem. Uma pessoa ter o mesmo
emprego por toda a vida é quase impossível, exceto para
funcionários públicos de carreira. E aí que surge o reacio-
narismo, o desejo de voltar a um passado idealizado, ima-
ginário, para ter mais segurança.
E o projeto iliberal? Esse conceito surgiu para caracteri-
zar os movimentos e os partidos que combatem a democra-
cia por dentro. Ganhou muita força no Ocidente durante o
governo de Donald Trump, porque chegou ao poder nos Es-
tados Unidos. O que separa a democracia liberal do ilibera-
lismo é a falta de respeito pelas instituições independentes
e pelos direitos individuais, principalmente.
No Brasil, o iliberalismo ganhou força com a crise de nos-
sa democracia representativa, cujo descolamento da socie-
dade ficou evidente nos protestos de 2013. Chegou ao po-
der no tsunami eleitoral de 2018. Em todo o mundo, lide-
ranças iliberais combatem os valores democráticos, dispu-
tam o poder dentro das regras do jogo e, quando vitoriosos,
atuam contra as instituições democráticas. É o que ocorre
na Hungria, na Rússia e na Turquia; mais recentemente, na
Itália e na Espanha. E foi o que assistimos nos quatro anos
de governo Bolsonaro.
A expressão “democracia iliberal” (“illiberal democracy”,
em inglês) apareceu pela primeira vez em 1997, em um en-
saio publicado na revista “Foreign Affairs” pelo jornalista e
cientista político americano Farred Zakaria, um crítico da
cultura de cancelamento na esquerda.
No ensaio, Zakaria chamou de democracias iliberais os
“regimes democraticamente eleitos e com frequência ree-
leitos ou mantidos no poder por meio de plebiscitos, que
ignoram que seus poderes são limitados constitucional-
mente e que destituem seus cidadãos de seus direitos e li-
berdades básicos”.
 Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Política • 5

Brasília-DF DENISE ROTHENBURG

deniserothenburg.df@dabr.com.br

Dividir para conquistar CURTIDAS

Além de tentar tirar poder das Fogueira acesa/ Há um mal-estar entre
bancadas temáticas, a cessão de poder o Itamaraty e o assessor internacional da
aos partidos do centrão tem o objetivo Presidência, Celso Amorim. O assessor, que
de dividir os aliados de Jair Bolsonaro. já foi ministro, tem ultrapassado a linha e
Quanto mais eles brigarem entre si, atuado em negociações que deveriam ficar
melhor para os adversários deles. com o Ministério de Relações Exteriores.
Especialmente, os acordos internacionais.

Te cuida,

Portos da discórdia
O Ministério de Portos e Aeroportos
entrou na lista daqueles que podem
ser alvo da reforma ministerial com
esse objetivo. O governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas, deixou
tudo pronto para privatização,
mas o governo Lula não levou e
nem pretende levar adiante. Se o
Republicanos assumir essa pasta
em vez do Ministério do Esporte, a
perspectiva é de mais uma
divisão no partido.
Super safra
É assim que os políticos estão se
referindo aos atuais governadores. Eles
conseguiram fechar a negociação da
reforma tributária na Câmara e surgem
como promessas para a troca de
gerações na política nacional. Tarcísio
de Freitas, de São Paulo; Helder
Barbalho, do Pará; Ratinho Júnior, do
Paraná; Eduardo Leite, do Rio Grande
do Sul. Esses são apontados como os
políticos mais promissores.
Ainda tem chão
Romeu Zema, de Minas Gerais, ainda
tem que mostrar uma “pegada” mais
política. Zema é visto como aquele que
conseguiu acabar com a polarização
tradicional de Minas Gerais, entre PT e
PSDB, mas ainda não conseguiu uma
roupagem mais nacional.
Estudio i/Reprodução
Bolsonaro/
Ainda que
Valdemar da
Costa Neto tenha
dito com todas
as letras que
Jair Bolsonaro
escolherá o
candidato
do partido à
Presidência da
República em
2026, muita
gente no PL
resiste a essa ideia. Há o receio de que
Bolsonaro escolha um nome mais radical. E
muita gente no PL deseja caminhar para o
centro, e não para a extrema-direita.
A lógica e tempo da Os trabalhos de Izabela/ Sem muito
estardalhaço, a ex-ministra do Meio Ambiente
Izabela Teixeira tem feito um trabalho
reforma ministerial de defesa do Brasil mundo afora. Nos
últimos tempos, foi curadora do seminário
internacional sobre Amazônia e a nova
economia, que terá lugar em Belém, entre 30
A troca de ministros para acomodar o Centrão vai muito além do apoio ao governo. A ideia é tirar o de agosto e 1º de setembro, numa parceria
poder das bancadas temáticas na hora de negociar propostas, devolvendo esse protagonismo aos com o Instituto Brasileiro de Mineração
partidos. E o presidente Lula não tem assim tanto tempo disponível para mudar o seu ministério. É (Ibram). “O Brasil é candidato forte a
que, logo depois do recesso, a Câmara terá em pauta projetos importantes para o Poder Executivo, por provedor de produtos verdes. Da indústria à
exemplo, a segunda fase da reforma tributária, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e o próprio Orçamento cultura. O mundo inteiro está atrás disso, diz
do ano eleitoral. Para completar, vem por aí uma leva de decretos presidenciais que promete desagradar Izabela, consultora da ONU e do BNDES
a ala mais conservadora do Parlamento, em especial, a Frente Parlamentar do Agro.
»»» A la Heráclito/ O presidente do Tribunal
de Contas da União (TCU), Bruno Dantas,
Um dos temas que o governo mexerá no segundo semestre é armamento. Está em fase final de saca a seguinte frase sempre que alguém
redação um novo decreto de Lula para restringir a compra de armas por civis, de forma a tornar lhe pergunta se é candidato a ministro do
mais difícil a aquisição pelos CAC’s — Caçadores, atiradores e colecionadores. A fiscalização Supremo Tribunal Federal (STF): “Já dizia
também vai mudar. A tendência é deixar que fique a cargo da Polícia Federal. A decisão deve ser Nelson Jobim, cargo no STF não se pede e
tomada, ainda esta semana, por autoridades do Ministério da Justiça e da Defesa, a fim de deixar nem se recusa”. Em outras palavras, vale
tudo pronto para encaminhar à Casa Civil. Alguns avaliam que, com um tema desses na roda, a máxima do ex-senador Heráclito Fortes,
quanto menos poder as bancadas temáticas tiverem, melhor. que sempre repete: “Quem quer pegar uma
galinha, não grita xô”.

JUDICIÁRIO / Em aeroporto na Itália, um grupo de brasileiros

xingou o magistrado e sua família. Trio responderá em liberdade
PO
Informe Publicitário

Boletim informativo das

Moraes e família
Organizações PaulOOctavio
NEWS
E D I Ç Ã O N º 9 07 | A N O 4 8 16 DE JULHO DE 2023 | BRASÍLIA/DF

são hostilizados
» RAFAELA GONÇALVES
Ed Alves/CB/DA.Press

segundo informações do jornal

» ÂNDREA MALCHER O Globo. O Supremo afirmou que
não comentará o caso.

O
ministro do Supremo Tri-
bunal Federal (STF), Ale-
xandre de Moraes, foi
hostilizado por um gru-
po de brasileiros no Aeroporto
Internacional de Roma, na Itália,
ao retornar ao país após partici-
par do Fórum Internacional de
Direito, na Universidade de Sie-
na. O episódio ocorreu na sexta-
feira, por volta das 18h45 no ho-
rário local, e o magistrado estava
acompanhado da família.
A Polícia Federal (PF) já iden-
tificou os responsáveis pelo ata-
que ao ministro e instaurou um
inquérito para tratar do caso.
Uma mulher identificada como
Andréia xingou o magistrado de
“bandido, comunista e compra-
do”. Depois, um homem, que a
PF apontou ser Roberto Manto-
vani Filho, passa a agredir fisica-
mente o ministro, reforçando as
agressões verbais, e outro, Alex
Zanatta, se uniu à dupla com pa-
lavras de baixo calão.
Mantovani Filho teria, inclusi-
ve, dado um tapa no filho do ma-
gistrado, enquanto este tentava
intervir em defesa de Moraes. O
agressor é casado com Andréia,
que começou toda a confusão. Ele
é de Santa Bárbara d’Oeste, inte-
rior de São Paulo, e é empresário.
O grupo de agressores e Mo-
raes e sua família seguiram para
destinos diferentes. Enquanto o
trio retornava ao país, o ministro
do Supremo prosseguiu para um
outro país na Europa.
O trio responderá em liber-
dade por crime contra honra e
ameaça. O ministro da Justiça e
Segurança Pública, Flávio Dino,
entrou em contato para se solida-
rizar ao ministro, após o ataque,
Trio de brasileiros ofendeu o
magistrado na Itália
CPMI do 8/1
O ministro do STF, Luís Roberto
Barroso, deu prazo de 48
horas para que a Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI), que investiga os atos
do 8 de Janeiro, apresente
explicações sobre o pedido de
quebra de sigilo fiscal, bancário
e telefônico do ex-diretor-geral
da Polícia Rodoviária Federal
(PRF) Silvinei Vasques. A
determinação atende pedido
da defesa de Vasques, que
argumentou que a decisão
viola os “direitos à imagem e
à privacidade” da testemunha.
“O pedido será analisado após
as informações, em razão da
excepcionalidade da apreciação
de medidas de urgência”,
afirmou Barroso.
O presidente da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP-AL)
comentou o caso em suas redes
sociais. Ele enfatizou que “de-
mocracia se faz com debate, não
violência”. “Minha solidariedade
ao ministro do STF, Alexandre
de Moraes, e sua família agredi-
da no aeroporto de Roma. É ina-
ceitável que se use o argumento
de liberdade de expressão para
agredir, ofender e desrespeitar
autoridades constituídas. Isso
não pode continuar. Democra-
MENUS ESPECIAIS
cia se faz com debate e não vio- OSCAR E DIAMANTINA OFERECEM NOVAS OPÇÕES
lência”, defendeu.
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Os restaurantes dos hotéis da Rede Plaza estão com novidades para
presidente do Senado, disse que
atos como esse são “inaceitáveis”, agradar todos os clientes. Localizado no Brasília Palace, o Restaurante
e prestou solidariedade. “Esse ti- Oscar está com um novo Menu d o Chef, agora, diariamente, no almoço e
po de comportamento mina o
caminho que se visa construir de
jantar. O cardápio utiliza ingredientes frescos, cultivados e produzidos
um país de progresso, civilizado na casa, como ervas, massas artesanais, molhos, caldas doces, pães e até
e pacífico”, argumentou. sorvetes. A variedade d e pratos vai d e opções clássicas a criações inovadoras.
O ministro-chefe da Advoca-
cia-Geral da União (AGU), Jorge De entradas a sobremesas, cada prato foi criado com cuidado especial para
Messias, usou o Twitter para co- oferecer uma experiência gastronômica única. As reservas podem ser feitas
mentar o episódio. “Ataques des-
sa natureza são inconcebíveis na
pelo telefone (61) 3306-9000
democracia. Herança de um tem-
po em que o Brasil adoeceu. Que Já o Restaurante Diamantina, no Kubitschek Plaza, reestruturou seu
os autores dessa barbárie sejam cardápio, oferecendo uma completa experiência gastronômica mineira.
rapidamente submetidos à jus-
tiça para que eventos como esse
Com uma variedade d e opções que incluem entradinhas, pratos clássicos
jamais se repitam!”. e um menu executivo exclusivo, o restaurante é a escolha ideal para um
O Tribunal Superior Eleitoral almoço d e negócios. Entre as novidades, destaca-se o irresistível bolinho d e
(TSE), em 2022, reforçou a segu-
rança de seus ministros, temen- rabada, servido com duo d e molhos chimichurri e cajun, que promete aguçar
do ataques de possíveis apoiado- a mineiridade no seu paladar. Vale provar os clássicos favoritos d e JK, como
res solitários do ex-presidente Jair
Bolsonaro, que, não só colocou o tradicional Xico Angu e o saboroso picadinho d e carne, garantindo uma
em dúvida a segurança das urnas experiência gastronômica única. Reservas pelo telefone (61) 3329-3774.
eletrônicas, como atacou aberta-
mente diversos magistrados, co-
mo Luís Roberto Barroso e o pró-
prio Alexandre de Moraes, presi- www.paulooctavio.com.br
dente da Corte Eleitoral.
Brasil
6 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
Eventos extremos serão
cada vez mais intensos
Especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas voltadas às populações mais vulneráveis às
tragédias do clima. Investimento em prevenção e melhoras no planejamento das cidades também são necessidade
» ISABEL DOURADO*
E
ventos extremos, como en-
chentes, secas, ciclones,
queimadas e alagamentos
impactaram milhares de
brasileiros este ano. As tragédias,
muitas vezes inevitáveis, são con-
sequência da destruição ambien-
tal e da emissão de carbono na
atmosfera. O ciclone extratropi-
cal que atingiu os estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catari-
na no último mês de junho cei-
fou a vida de 16 pessoas. Esta se-
mana, mais uma vez o vendaval
tem afetado essas regiões, ocasio-
nando três mortes, além de per-
das materiais.
Especialistas têm alertado que
futuramente os eventos extremos
que devastam os lugares por on-
de passam vão assumir magnitu-
de ainda maior, além de se torna-
rem cada vez mais frequentes. Os
estudiosos citam, como justifica-
tiva para tal agravamento, os úl-
timos relatórios de mudança cli-
mática do Painel Intergoverna-
mental sobre Mudanças Climáti-
cas (IPCC). Os estudos detalham
as consequências devastadoras do
aumento das emissões de gases do
efeito estufa (GEE) e as ameaças
enfrentadas atualmente.
O geógrafo e professor da
Universidade Estadual Paulista
(Unesp) João Lima Sant’Anna Ne-
to alerta para essas consequên-
cias. “A tendência tem sido que os
fenômenos fiquem cada vez mais
fortes, exatamente por causa do
aquecimento. A humanidade op-
tou pelo uso do combustível fós-
sil, e o aquecimento global se dá
principalmente pela emissão de
gases estufa, mas também temos
que olhar para o desmatamento. A
tendência é que esses fenômenos
sejam mais fortes e passem a atin-
gir mais pessoas, exatamente por-
que a humanidade triplicou e ocu-
pa mais espaços”, detalha.
A professora do departamento
de Geografia da Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro (UFRJ) Nu-
bia Armond explica que atualmen-
te há cada vez mais recursos para
investigar os eventos extremos ao
redor do mundo e traçar uma re-
lação da frequência dos eventos
com as mudanças climáticas. “O
que a gente tem visto é que mais
de 80% dos eventos estudados têm
influência da mudança climática,
seja na sua magnitude seja na di-
minuição do intervalo de ocorrên-
cia deles”, afirma Nubia.
Entre os fatores que influencia-
rão na intensidade dos fenômenos,
o aumento das temperaturas será
determinante. “Haverá diminuição
Mais de 600 gaúchos estão fora de casa
» ÂNDREA MALCHER
O ciclone extratropical que dei-
xou três mortos até o momento,
dois em São Paulo e um no Rio
Grande do Sul, segue para o Ocea-
no Atlântico desde quinta-feira,
mas os impactos ainda estão sen-
do sentidos pelos sulistas. Tercei-
ro ciclone do tipo a atingir o país
em menos de um mês, o fenôme-
no forçou mais de 600 gaúchos a
deixarem suas casas. O Rio Gran-
de do Sul foi o estado mais atin-
gido pelos fortes temporais e fo-
ram registradas rajadas de vento
de 140 km/h e chuva de granizo em
mais de 50 cidades. Santa Catari-
na tem 10 municípios em situação
Foto: Joel Vargas/Ascom GVG
Em Campo Novo, no Rio Grande do Sul, cerca de 80 moradias foram atingidas total ou parcialmente pelo ciclone extratropical
de chuvas em algumas áreas e au-
mento em outras, o que gera uma
heterogeneidade na ocorrência
dos eventos extremos. Em alguns
lugares tem o aumento de estia-
gem e seca, mas a projeção é que
em algumas áreas ocorra precipita-
ção”, resume a pesquisadora.
Planejamento urbano
A organização da cidade de for-
ma a evitar desastres ambientais
poderia ser uma estratégia ado-
tada no Brasil. O professor do De-
partamento de Geografia da Uni-
versidade Federal da Bahia (UFBA)
Paulo César Zangalli chama aten-
ção para este fator. “A gente deve-
ria ter compreendido os eventos
extremos na própria formulação
e planejamento dos espaços on-
de a gente vive. Quando as cidades
foram desenvolvidas, não se pen-
sou na resolução desse problema
urbano vivenciado desde a déca-
da de 1970”, destaca.
O professor da Unesp João Lima
endossa a afirmação de Zangal-
li, e exemplifica que cidades com
de emergência e mais de 80 cida-
des enfrentam estragos e prejuízos.
Até segunda, a Defesa Civil do
Rio Grande do Sul alerta para inun-
dação no rio dos Sinos, com eleva-
ção das águas entre as cidades de
Campo Bom e São Leopoldo. Na
cidade de Rio Grande (RS), um ido-
so morreu ao ter sua casa atingida
por uma árvore, e no litoral paulis-
ta, em Intanhaém, uma idosa foi
eletrocutada fatalmente por fios
derrubados pela queda de galhos.
Em São José dos Campos, interior
de São Paulo, outra mulher morreu
atingida por um tronco de árvore.
No Sul, mais de 1 milhão de
pessoas ficaram sem energia elé-
trica e os fortes ventos forçaram a
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A gente deveria ter
compreendido os
eventos extremos na
própria formulação
e planejamento
dos espaços onde a
gente vive. Quando
as cidades foram
desenvolvidas,
não se pensou na
resolução desse
problema urbano
vivenciado desde a
década de 1970”
Paulo César Zangalli,
professor do Departamento
de Geografia da UFBA
suspensão de voos, na quinta, no
aeroporto de Florianópolis por qua-
se 24 horas e atrapalharam aterris-
sagens nos aeroportos de Congo-
nhas e Guarulhos, na capital pau-
lista. No Paraná, também na quin-
ta-feira, mais de 900 turistas fica-
ram presos por 10 horas na região
de Serra do Mar.
Nordeste
As chuvas intensas avançam,
agora, em direção ao Nordeste
brasileiro. São previstas precipita-
ções moderadas para hoje, a qual-
quer momento do dia, por todo li-
toral nordestino, da Bahia ao Rio
Grande do Norte.
menos árvores costumam sofrer
de forma mais violenta com en-
chentes. “As cidades onde as pes-
soas têm vivido não tem infraes-
trutura necessária para minimi-
zar o impacto desses efeitos extre-
mos. Todos esses córregos, rios, fo-
ram canalizados, pensando no vo-
lume de água. Se há um aumento
da precipitação das chuvas com
a impermeabilidade das cidades,
vai ter muito mais água correndo
para esses lugares que não têm a
capacidade de vazão, então as en-
chentes vão ser cada vez mais fre-
quentes e maiores. Isso não tem
só a ver com a mudança climática,
mas tem a ver com a forma que a
gente tem produzido o espaço ur-
bano”, explica Lima.
Recorte social
Outro problema perverso das
mudanças climáticas é que a po-
pulação pobre costuma ser mais
atingida. Isso ocorre porque, na
maioria das vezes, ocupa áreas
geograficamente mais expos-
tas. Nubia cita esse como um dos
Em Alagoas, 32 cidades estão em
estado de emergência e 690 pessoas
estão desalojadas e desabrigadas —
uma queda, tendo em vista que o es-
tado chegou a ter 25 mil pessoas fora
de casa. Maceió concentra a maior
quantidade de impactados pelas
chuvas, com 400 pessoas desabri-
gadas. A capital alagoana chegou a
auxiliar mais de 1,6 mil pessoas em
sete abrigos abertos para acolher ví-
timas das enchentes. Já em Pernam-
buco, pelo menos 15 municípios da
Zona da Mata Sul decretaram situa-
ção de emergência por 60 dias.
Recurso emergencial
O presidente Luiz Inácio Lula
Editor: Carlos Alexandre de Souza
elementos que configuram a vul-
nerabilidade.
“Para promover estruturas so-
cioespaciais adaptadas, a gente
precisa de políticas públicas. Sa-
bemos que populações de grupos
sociais mais vulneráveis socioeco-
nomicamente têm a tendência de
sofrer esses impactos de eventos
extremos de maneira mais signifi-
cativa”, enfatiza.
Há ainda o desafio de se recons-
truir a vida após as perdas mate-
riais, que são mais impactantes
para as classes mais baixas. A so-
lução, na visão da pesquisadora, é
o direcionamento estratégico das
políticas públicas para essa parcela
da população. “A tragédia na região
serrana do Rio de Janeiro em 2011
é um exemplo muito ilustrativo
disso, tem gente que estava espe-
rando receber o aluguel social até
dois anos atrás. O conjunto de po-
líticas públicas precisa estar mui-
to direcionado para esses grupos
porque têm dificuldades, quando
sobrevivem, de seguir em diante”.
Com a intensificação dos pro-
blemas ambientais e climáticos,
da Silva (PT) anunciou, na sex-
ta-feira, a liberação de um cré-
dito extraordinário no valor de
R$ 280 milhões para permitir o
atendimento emergencial de es-
tados que sofreram com as chu-
vas intensas.
“Os recursos, sob a respon-
sabilidade do Ministério da In-
tegração e do Desenvolvimento
Regional, serão destacados para a
atuação de resposta e de recupe-
ração de infraestrutura destruí-
da nos municípios afetados por
desastres naturais recentes, que
culminaram em inundações, en-
xurradas, alagamentos e fluxos de
lama e detritos”, informou o Pla-
nalto, em nota.
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)
a adaptação às mudanças se tor-
nou uma necessidade. De acordo
com o relatório do IPCC, políticas
climáticas em pelo menos 170 paí-
ses incluem a adaptação a esses
riscos. Entretanto, em vários paí-
ses, esses esforços ainda precisam
progredir para a implementação.
Medidas para construir resiliên-
cia e adaptação ainda estão mais
focadas em impactos imediatos e
riscos de curto prazo.
O relatório do IPCC apontou
ainda que, os países em desenvol-
vimento, sozinhos, precisarão de
US$ 127 bilhões por ano até 2030 e
de US$ 295 bilhões por ano até 2050
para se adaptar às mudanças no cli-
ma. Os fundos de adaptação, no en-
tanto, chegaram apenas a US$ 23
bilhões em 2017 e US$ 46 bilhões
em 2018, representando apenas 4%
e 8% do financiamento climático.
Futuro
O último relatório do IPCC não
deixa dúvidas sobre a dimensão
dos riscos se não houver mudan-
ças significativas para combater a
crise climática. Educação ambien-
tal e a formulação de políticas pú-
blicas são dois fatores citados pe-
los especialistas como urgentes e
necessários para que o Brasil es-
teja preparado para lidar com os
eventos extremos no futuro.
“Nós estamos muito atrasa-
dos neste sentido, e não estamos
preocupados em educar as no-
vas gerações que estão chegando
para enfrentar esse tipo de pro-
blema. Esse realmente é um ca-
so muito grave, muito sério. Nos
países desenvolvidos, como os
Estados Unidos, Japão, a educa-
ção ambiental e as mudanças cli-
máticas já fazem parte dos currí-
culos escolares há muito tempo”,
ressaltou João Lima.
Zangalli cita que o Brasil pre-
cisa investir e subsidiar pesqui-
sas que proporcionem condições
adequadas para que haja um mo-
nitoramento e prevenção de even-
tos extremos. “Isso são medidas
pontuais, não resolve o problema,
apenas atenua. Em dinâmicas es-
truturais, é preciso mudar a forma
como a gente pensa as cidades. As
políticas de ação climática que as
capitais brasileiras têm produzido
são um indicativo de como as polí-
ticas climáticas hoje são elementos
de ordenamento e de produção do
espaço urbano. O problema é que
hoje elas são mais aderentes aos
tratados internacionais do que à
sua própria realidade”, alerta.
*Estagiária sob supervisão
de Taísa Medeiros
Frente fria deixa o Sul
Com o afastamento do ciclone
da região Sul, uma frente fria avan-
ça sobre o Sudeste e parte do Cen-
tro-Oeste. Pancadas de chuva es-
tão previstas para o Rio de Janeiro,
região metropolitana de Belo Hori-
zonte, Zona da Mata Mineira, Vale
do Rio Doce e no Espírito Santo du-
rante todo o fim de semana.
O ar frio polar vai causar acentua-
da queda da temperatura em Mato
Grosso do Sul, no sul e sudoeste de
Goiás e no centro-oeste e sul de Ma-
to Grosso, com temperatura abaixo
dos 5°C. Também é esperada geada
ao amanhecer no sul de Mato Grosso
do Sul na próxima semana.
Economia
Editor: Carlos Alexandre de Souza
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)

7 • Correio Braziliense — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

Bolsas Pontuação B3 Dólar Salário mínimo Euro CDI CDB Inflação

Na sexta-feira Ibovespa nos últimos dias Na sexta-feira Últimos IPCA do IBGE (em %)
Comercial, venda Ao ano Prefixado
117.555 117.710 6/julho 4,930 Fevereiro/2023 0,84
1,3% R$ 4,795 7/julho 4,866
R$ 1.320 na sexta-feira 30 dias (ao ano)
Março/2023 0,71
São Paulo 0,33% Abril/2023 0,61
Nova York 11/7 12/7 13/7 14/7
(+0,1%) 12/julho 4,818
R$ 5,383 13,65% 13,53% Maio/2023 0,23
13/julho 4,790 Junho/2023 -0,8

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

A marca da
sustentabilidade
Enquanto o Plano de Transição Ecológica deve ser um dos trunfos do governo Lula, a precificação do mercado de carbono é a pauta
ambiental mais avançada no momento. Marina Silva tem ambição de recuperar o protagonismo brasileiro no debate ambiental
» RAFAELA GONÇALVES
» ROSANA HESSEL
reúne as principais economias do
mundo. O país assumirá a presi- Retomada
dência do grupo no fim deste ano,
na cúpula da África do Sul, e o Rio do Rota 2030
A
pós o arcabouço fiscal e a de Janeiro vai sediar o encontro em
reforma tributária, a área novembro de 2024. Até lá, o gover-
econômica já trabalha as no precisa mostrar que avançou Uma das principais ações do go-
bases de um Plano de Tran- em algumas das vertentes. verno na estratégia rumo à transi-
sição Ecológica, que segundo o mi- A ministra do Meio Ambiente ção energética passa pela segunda
nistro da Fazenda, Fernando Had- e da Mudança Climática (MMA), fase do programa Rota 2030, ini-
dad, deve ser a grande marca do Marina Silva, está pessoalmen- ciado em 2018, e que deverá co-
terceiro mandato do presidente te empenhada para recuperar o meçar em agosto. De acordo com
Luiz Inácio Lula da Silva. Previsto protagonismo do Brasil no debate o secretário de Desenvolvimento
para ser lançado no segundo se- ambiental e no desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e
mestre de 2023, o plano conta com econômico e sustentável. Durante Serviços do Ministério do Desen-
100 ações que incluem o comba- evento da Federação Brasileira de volvimento, Indústria, Comércio e
te ao desmatamento, a geração de Bancos (Febraban), em São Paulo, Serviços (Mdic), Uallace Moreira, a
energias limpas e um marco regu- no mês passado, Marina disse que nova etapa será enquadrada dentro
latório para a mineração. o Brasil vai levar uma agenda ro- do projeto de neoindustrialização
Interlocutores do Ministério das busta com essa transição energéti- do governo, com foco na transição
Relações Exteriores afirmaram que ca para dialogar na cúpula do G20. energética e a descarbonização. Se-
o presidente Lula já deve mencio- Segundo a ministra, a preserva- gundo ele, o texto da medida provi-
nar alguns pontos da agenda em ção ambiental deve ser um trabalho sória está sendo concluído e a pu-
sua ida à Bruxelas para a cúpula conjunto. “O Brasil está trabalhan- blicação ocorrerá no mês que vem.
entre a União Europeia (UE) e a Co- do em várias agendas, mas a mu- “No Rota 2030 não há nenhum
munidade de Estados Latino-Ame- dança só virá se for uma agenda do tipo de preferência ou determina-
ricanos e Caribenhos (Celac), nes- setor público, do setor privado e do ção por rota tecnológica que pro-
ta semana. A ideia é demonstrar setor plural (a sociedade)”, frisou. mova a descarbonização. O que
os esforços do país para a transi- Em referência às medidas que nós estamos discutindo é um pro-
ção ecológica, pon- podem ser adota- jeto, uma proposta de isonomia
to crucial para des- das nessa agenda, tecnológica no setor de mobilida-
travar o acordo en- ela citou o Plano de. E não é só no setor automoti-
tre Mercosul e UE. Safra e voltou a de- vo”, afirma o secretário, em entre-
O projeto mais fender um progra- vista ao Correio. “Todas as possi-
avançado até o ma que estimule a bilidades que promovam a mobi-
momento é a pre-
“O Brasil está agricultura de bai- lidade e a descarbonização serão
cificação do mer- trabalhando em xo carbono, mas contempladas neste segundo ciclo
cado de carbo- reconheceu que o do Rota 2030. Não é um programa
no. A intenção várias agendas, mas processo será gra- para o setor automotivo. É um pro-
do governo é ter a mudança só virá dual. A expectativa grama de promoção da mobilida-
o arcabouço le- é de que os avan- de sustentável e verde. O objetivo
gal aprovado an- se for uma agenda ços nessa agen- é promover um processo nesse se-
tes da Conferên- da sejam apresen- gundo ciclo de descarbonização”,
cia da Organiza- do setor público, tados durante a frisa Moreira.
ção das Nações do setor privado e COP 30, em 2025, Ele recorda que, na primeira
Unidas (ONU) so- em Belém. “Que- etapa do programa, de 2018 até
bre Mudanças Cli- do setor plural (a remos um Plano 2023, o principal elemento era
máticas, a COP28, Safra mais susten- fomentar pesquisa e desenvolvi-
em novembro. Um sociedade)” tável e estou espe- mento no setor automotivo, prin-
estudo recente da rançosa para que cipalmente aproximando o setor
Marina Silva, ministra
Confederação Na- o Brasil possa li- de autopeças com atitudes tecno-
cional da Indús- do Meio Ambiente e da derar essa agenda lógicas. “Com isso, o volume de
tria (CNI) calcula Mudança Climática (MMA) e essa cúpula de crédito destinado ao programa
que a criação de Belém possa colo- nessa primeira fase pegou mui-
um sistema de co- car o Brasil de vol- tas entidades de pesquisas e ins-
mércio de emis- ta como protago- titutos tecnológicos vinculados a
sões poderia gerar R$ 128 bilhões nista no setor ambiental”, afirmou. empresas fazendo essa articula-
em receitas. ção”, destaca.
Desde 2021, o país tenta apro- Títulos sustentáveis O secretário informa ainda que
var um marco a tempo de chegar o programa vai ser desenvolvido
à conferência climática da ONU O Tesouro Nacional está traba- considerando as peculiaridades
com um mercado regulado. Desta lhando para lançar títulos públicos da economia brasileira. “O fato é
vez, o governo se diz otimista com soberanos sustentáveis no merca- que o Brasil, quando comparado
o ambiente político. Pesa positiva- do externo já a partir de setembro. com o mundo, está em condição
mente para a aprovação o apoio A medida é uma das alternativas pa- extremamente favorável de des-
da indústria. ra financiamento do “Plano Verde”. carbonização, porque temos uma
Em entrevista ao Correio, o se- Na última semana, foi concedido matriz energética limpa”, ressalta.
cretário de Economia Verde, Des- um mandato condicional aos ban-
carbonização e Bioindústria do Mi- cos Itaú BBA, JPMorgan, e Santander Etanol
nistério do Desenvolvimento, In- para auxiliar na emissão inaugural.
dústria, Comércio e Serviços (Mdic), Os bancos prestarão assessoria téc- Conforme o secretário, o país
Rodrigo Rollemberg, a proposta do nica no processo de revisão do arca- está adiantado porque já tem uma
governo foi construída a partir de bouço que o governo está preparan- tecnologia que emite o mesmo ní-
conversas com o setor produtivo e do para guiar as emissões sustentá- vel de CO2 do carro elétrico, que é o
segue um modelo cap and trade já veis e também darão assistência na etanol. O programa tem como ob-
adotado internacionalmente. estruturação e emissão dos títulos. jetivo cumprir duas funções. “Colo-
“O texto está praticamente Segundo o secretário do Tesouro, temas ambientais e sociais. “Des- novembro vai depender da janela de impactos ambientais positivos. car o Brasil na fronteira tecnológica
pronto. O arcabouço, a estrutura Rogério Ceron, que está presidindo de o início de janeiro estamos tra- mercado, é um posicionamento es- “Nós estamos muito focados, e, simultaneamente, à frente, na li-
do projeto, foi feita ouvindo se- o Comitê de Finanças Sustentáveis balhando nessa agenda, buscando tratégico do Tesouro para encontrar nesse momento, nas ações de fi- derança do processo de descarbo-
tores com consenso, então não Soberanas, a emissão dos títulos de- no segundo semestre, materializar a melhor janela de oportunidade pa- nanciamento da transformação nização no mundo”, diz.
vejo dificuldade. Acredito que na ve marcar um “passo concreto do a presença do Brasil no mercado ra realizar as emissões”, declarou. ecológica. Por exemplo, já temos Os recursos anuais do Rota 2030
primeira quinzena de agosto de- Brasil” dentro da agenda ESG (Envi- mundial de bonds (títulos de renda O secretário de Política Econô- praticamente finalizado o texto da para estimular a pesquisa e o de-
ve estar sendo encaminhado. De ronmental, Social and Governance). fixa negociados no exterior) susten- mica do Ministério da Fazenda, proposta para a criação do merca- senvolvimento nas empresas giram
uma forma ou de outra, vai co- O comitê interministerial foi criado táveis”, afirmou Ceron, após a pri- Guilherme Mello, afirmou que a do de carbono”, assegurou Melo. em torno de R$ 350 milhões. Mas as
meçar a andar, agosto é o mês do em maio para desenvolver o arca- meira reunião do colegiado. pasta está focando também em Além desses pontos, o governo linhas de crédito voltadas para ino-
mercado de carbono”, afirmou. bouço para as emissões, mirando Segundo o secretário, há um ape- outras ações para o financiamen- também conta com o imposto sele- vação em geral do Banco Nacional
(Leia mais na página 8) lançar um primeiro título com esse tite e um interesse muito grande de to do Plano de Transição Ecoló- tivo, incluído na reforma tributária, de Desenvolvimento Econômico e
A Fazenda está liderando o gru- perfil ainda este ano. investidores externos e o momento gica, como a implementação do que segundo Haddad, é mais um Social (BNDES), da Empresa Bra-
po interministerial empenhado em Os novos títulos serão lastreados exato do lançamento do papel no mercado regulado de carbono e a mecanismo defendido para “one- sileira de Pesquisa e Inovação In-
construir uma agenda focada na em dotações orçamentárias do go- mercado internacional vai depen- taxonomia verde, instrumento uti- rar aquilo que prejudica meio am- dustrial (Embrapii) e da Financia-
economia de baixo carbono e na verno federal voltadas ao desenvol- der da melhor janela de oportuni- lizado para classificar e determi- biente e saúde pública” e viabilizar dora de Estudos e Projetos (Finep)
transição energética para apresen- vimento sustentável, que incluem dade até o final do ano. “A data ade- nar as atividades econômicas que negócios mais sustentáveis do pon- somam R$ 106 bilhões nos quatro
tar na cúpula do G20 — grupo que ações e projetos relacionados a quada entre setembro, outubro e são sustentáveis e que possuem to de vista climático. anos de governo. (RH)
8 • Economia • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Correio Braziliense
»Entrevista | RODRIGO ROLLEMBERG | SECRETÁRIO DE ECONOMIA VERDE
Atual secretário do Mdic aponta que Brasil deve avançar na agenda verde antes da
28ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas
“Transição energética
é a agenda de ouro”
» RAFAELA GONÇALVES
» ROSANA HESSEL
E
x-governador do Distrito Fe-
deral, Rodrigo Rollemberg es-
tá entusiasmado com a agen-
da da Secretaria de Economia
Verde, Descarbonização e Bioindús-
tria do Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria, Comércio e Ser-
viços (Mdic), que tem como priori-
dade a transição energética do país.
Ele conta que já recebeu mais repre-
sentantes de empresas brasileiras e
estrangeiras interessadas em inves-
tir no país do que durante os quatro
anos como representante da capital.
“O que está óbvio é que depois da
pauta de arcabouço fiscal e reforma
tributária, a agenda é a transição
energética. Essa é a agenda de ouro.
Acho que o Brasil nunca teve uma
oportunidade tão grande como es-
sa de agora”, afirma.
A largada do governo nessa
agenda de transição ecológica se-
rá dado com a regulamentação do
mercado de carbono. Rollemberg
adianta que o projeto de lei da re-
gulamentação do mercado de car-
bono está pronto, mas falta definir
se o Executivo pretende enviar ao
Congresso ou incluir na proposta
dos projetos da qual a senadora Lei-
la Barros (PDT) é relatora.
A expectativa de Rollemberg é
que o projeto de regulamentação
do mercado de carbono e o de eóli-
cas, que está em tramitação no Con-
gresso, possam ser aprovados ainda
antes do fim deste ano, antes da 28ª
Conferência da Organização das
Nações Unidas (ONU) sobre mu-
danças climáticas, a COP 28. E, com
isso, será dada a largada para os in-
vestimentos em direção à transição
energética. Segundo ele, existem 74
pedidos de licenciamento no Insti-
tuto Brasileiro de Meio Ambiente e
Recursos Renováveis (Ibama) de eó-
licas offshore que “podem mais do
que dobrar a capacidade instala-
da de energia elétrica do país. Leia
a entrevista a seguir.
Como foi a primeira reunião
sobre transição energética no
Conselhão?
Foi uma reunião boa. Foi o pri-
meiro grupo de trabalho instala-
do do Conselhão, sobre transição
energética. Estavam os secretários
do Mdic, da Fazenda e do Meio
Ambiente, umas 40 pessoas pre-
sencialmente e outras 40, 50 vir-
tualmente. Existe uma convergên-
cia muito grande entre governo e
setor produtivo. O que está óbvio é
que, depois da pauta de arcabouço
fiscal e reforma tributária, a agen-
da é a transição energética. Essa é
a agenda de ouro. Acho que o Bra-
sil nunca teve uma oportunidade
tão grande como essa de agora.
Porque é uma exigência mundial,
em função das mudanças climáti-
cas, o processo de descarboniza-
ção. O Brasil já larga na frente por-
que ele tem uma matriz energética
46% renovável e uma matriz elétri-
ca mais de 85% renovável.Só que o
Brasil não pode ficar acomodado
diante de todas essas qualidades,
tem que transformar essas vanta-
gens comparativas em vantagens
competitivas e assumir uma lide-
rança em uma nova economia,
uma economia verde.
Qual será o modelo de
precificação de carbono?
O modelo é defendido pela in-
dústria, de cap and trade, que defi-
ne o limite de emissões. A partir da-
li, quem emite menos recebe cotas
de crédito, quem emite mais, tem
que comprar cotas de quem emite
menos, podendo compensar parte
no mercado voluntário. As empre-
sas reguladas devem ser aquelas
que emitem mais de 25 mil tone-
ladas de carbono por ano e aque-
las que emitem entre 10 mil e 25
mil vão ser obrigadas a comunicar
anualmente as suas emissões.
Essa é a primeira agenda que o
governo agora tem que decidir se
vai caminhar um projeto de lei ou
Carlos Vieira/CB/D. A Press
se vai negociar com a Leila Barros,
por exemplo, que está como rela-
tora de vários projetos de carbono,
se ela apresenta um substitutivo
com a proposta do governo. Ela já
se mostrou totalmente disponível
a colaborar com o governo nesse
sentido. Mas essa decisão será do
núcleo político do governo.
Como é que o senhor avalia o
ambiente político para a aprovação
desse projeto?
Muito favorável. Não tem nin-
guém contra, você pode ter alguém
por uma questão política, que quer
criar dificuldade para o governo
contra, mas assim, contra a agen-
da, não tem. O Brasil só tem a ga-
nhar com isso. Segundo a Câmara
de Comércio Internacional, o Bra-
sil pode faturar até US$ 120 bilhões
até 2030 com esse mercado.
Qual deve ser o próximo passo?
Depois disso, nós temos eólicas
offshore. É um projeto do Jean Paul
Prates (presidente da Petrobras,
ex-senador), que já foi aprovado
no senado e agora está na Câma-
ra. Esse projeto é importante por-
que hoje o Brasil tem um potencial
enorme de produzir hidrogênio
de baixo carbono. Por exemplo, a
gente tem condições de produ-
zir hidrogênio no Nordeste a par-
tir das fotovoltaicas, com as placas
solares, através das eólicas onsho-
re e, numa escala maior, das eóli-
cas offshore. Essas eólicas offshore,
em alto mar, têm uma intensida-
de de vento maior, então elas são
mais caras, mas são mais produti-
vas. Nesse mesmo momento, elas
podem servir para descarbonizar
a produção de petróleo.
E como fazer isso?
Para isso, será preciso adaptar
a retroárea dos portos para rece-
ber essas indústrias. Mas isso já
está acontecendo, você já tem R$
29 bilhões de investimentos anun-
ciados entre Suape, em Pernam-
buco, e Porto do Açu, no Rio de Ja-
neiro. Hoje, temos 74 pedidos de
licenciamento no Ibama e eólicas
offshore, que nem o Ibama se sen-
te seguro para licenciar sem a lei e
nem as empresas se sentem segu-
ras para investir.O Brasil tem uma
experiência na produção de bio-
combustíveis, o SAF é um biocom-
bustível mais sofisticado. A produ-
ção, no ano passado, de querosene
de SAF foi de 450 milhões de litros
no mundo todo e em 2027 será de
4,5 bilhões de litros. Olha só o po-
tencial disso.
Que outras tecnologias podem ser
desenvolvidas nessa agenda?
Será possível também usar o
hidrogênio para produzir amônia
verde, e a partir da amônia verde,
produzir fertilizantes nitrogenados.
O Brasil importa 85% dos adubos
Acho que o Brasil
nunca teve uma
oportunidade tão
grande como essa
de agora. Porque
é uma exigência
mundial, em função
das mudanças
climáticas”
Rodrigo Rollemberg,
ex-governador do DF e
secretário de Economia Verde
nitrogenados. Além disso, tem ou-
tro tema importante, que é a cap-
tura e estocagem de carbono, ou
seja, captura o carbono e o coloca
numa falha geológica e veda. A Pe-
trobras já tem essa tecnologia e in-
jeta gás para retirar mais petróleo
e essa vai ser uma outra tecnologia
de descarbonização muito impor-
tante para a produção de petróleo,
mas também para outros.
Existe engajamento no
governo com essa agenda?
No momento político, tem o
presidente Lula sensível ao tema e
que inegavelmente exerce uma li-
derança internacional neste senti-
do. O vice-presidente Geraldo Alck-
min, que comanda o Mdic, tem
plena consciência da importân-
cia dessa agenda para promover a
neo-industrialização. Tem o minis-
tro da Fazenda, Fernando Haddad,
que, depois da reforma tributária
e do arcabouço fiscal, coloca co-
mo prioridade, a transformação e a
transição ecológica. Tem o BNDES
totalmente comprometido, entu-
siasmado com o tema, através do
seu presidente, das suas diretorias
todas e que agora aprovou um pro-
jeto de lei que permite ao governo
utilizar a TR (Taxa Referencial) para
projetos de inovação. Eu vejo uma
oportunidade única para o Brasil e
o setor produtivo alinhado com to-
das essas agendas.
Qual vai ser o cronograma das
ações deste Conselho de Transição
Ecológica do Conselhão?
Tem vários grupos temáticos
e agora vai receber contribuições
práticas para a gente desenhar as
ações. Eu começaria com a aprova-
ção do mercado carbono e a apro-
vação da regulamentação das eó-
licas offshore. Um que está bem
acordado, que o mercado de carbo-
no e o outro já foi aprovado no Se-
nado, está na Câmara, e isso já da-
ria uma sinalização para o mercado
interno e externo extremamente
positiva e o Brasil chegaria muito
bem a COP 28, no fim do ano, em
Dubai (Emirados Árabes Unidos).
Qual prazo para o
mercado de carbono?
Segundo semestre antes da COP.
Acho que vai ser.
E essa agenda de transição
energética que a ministra Marina
Silva tem falado que também pode
não só ir para a COP, mas também
para o G20, que é o encontro
do final do ano que o Brasil vai
assumir a presidência…
Todos esses temas são de inte-
resse do Brasil, mas também são
do planeta. A aviação internacio-
nal precisa de SAF e sabe que o
Brasil pode ser o grande produ-
tor. A Europa precisa descarboni-
zar sua produção, inclusive com
possibilidade de empresas de pro-
dução manufatureira migrarem
para o Nordeste brasileiro, para
produzir aqui com uma baixa pe-
gada de carbono e com isso cum-
prir as suas metas de redução de
emissões.
Então quer dizer que o Brasil
pode aproveitar esse movimento
do nearshore?
Para fazer agora o powershore,
para atrair as empresas para o Bra-
sil. É o que o Jorge Arbache, da CAF,
tem escrito que é o powershore,
que é você trazer todas essas plan-
tas para produzir no Brasil, aprovei-
tando a nossa disponibilidade de
energia, mas trazendo junto com
isso o processo de industrialização,
atraindo a cadeia de suprimentos e
as indústrias intensivos de energia.
O ministro Haddad falou que o
Plano de Transição Ecológica seria
a grande marca do Lula 3. O senhor
acredita nisso?
Eu concordo. Eu acho que a re-
forma tributária e o arcabouço fis-
cal são pisos importantes para vo-
cê dar tranquilidade e segurança
jurídica, os próprios sinais da eco-
nomia estão demonstrando clara-
mente isso. Agora, a agenda do fu-
turo é a agenda da Transição Ecoló-
gica e a agenda da Transição Ener-
gética, que o Brasil tem todas as
condições de liderar.
Quais os planos para o Centro de
Biotecnologia da Amazônia, em que
o senhor assumiu recentemente a
liderança do conselho?
Bioeconomia. Hoje você tem 28
milhões de pessoas que vivem na
Amazônia, que precisam de alter-
nativas econômicas para ter quali-
dade de vida que lhes permita evi-
tar de derrubar a floresta. Ou seja,
a bioeconomia passa a ter um pa-
pel muito importante também na
questão climática, o que ajuda o
Brasil a cumprir suas metas.
Brasil S/A
por Antonio Machado
machado@cidadebiz.com.br
Política em evolução
Embora de modo confuso, atritado, mal explicado, o fato é que
muita coisa mudou na condução da política, com resultados pro-
missores para a conjuntura econômica e social. A passagem da re-
forma tributária na Câmara, depois de duas décadas de discussão,
foi um marco considerado inalcançável, e tudo indica que ela tam-
bém será aprovada no Senado.
Tecnicamente complexa, a proposta, que caberá ao Congresso
promulgar sem interferência do governo, foi concebida por técnicos
não ligados às instâncias públicas devido ao antigo desinteresse da
Receita e dos próprios governantes. Talvez não vissem dividendos
eleitorais neste tema árido e polêmico, além de mudá-lo ser prer-
rogativa do Congresso.
A reforma dos impostos sobre o consumo começou a tramitar na
Câmara em 2019 por iniciativa de seu então presidente, Rodrigo Maia,
sob a forma da Proposta de Emenda Constitucional 45, a PEC-45, e
ressurgiu este ano pelo seu sucessor, Arthur Lira — ambos do campo
de partidos de centro-direita, Maia no DEM, hoje União Brasil e fora
da política, e Lira, do PP, núcleo duro do chamado Centrão.
Ao se manter distante das pressões e dos lobbies ou para tumul-
tuar a proposta ou para moldá-la a seu favor, o presidente Lula en-
fraqueceu a oposição bolsonarista a tudo que leve a marca do PT. O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve espaço para circular
nos bastidores da Câmara, graças, sobretudo, à boa relação com Lira
e com o relator da PEC, deputado Aguinaldo Ribeiro, também do PP.
Não há rusgas tampouco entre Haddad e Rodrigo Pacheco, PSD,
presidente do Senado, e o senador Eduardo Braga, MDB, relator nes-
ta fase da PEC. Pouco compreendido é que tal relacionamento sem
subordinação entre os poderes tende a ser o novo normal da políti-
ca, em que o presidente da República terá que se postar mais como
executivo-chefe do governo que como líder de coalizão parlamen-
tar. Seria se a tivesse organicamente, o que nenhum presidente elei-
to conseguiu desde a redemocratização.
Antes de as emendas à lei orçamentária se tornarem obrigató-
rias, no governo Temer, o parlamentar dependia do presidente para
poder enviar recursos a suas regiões. Isso acabou, apesar de o no-
ticiário falar de “compra” de deputado e senador com liberação de
emendas à véspera de votações relevantes. Hoje, para ter voto no
Congresso, o governo tem de dividir a gestão com partidos em ge-
ral de centro-direita, mas isso também está em evolução e tenderá
a ser a grande novidade até 2026.
A discussão tributária pôs os deputados, e agora serão os sena-
dores, em contato direto com as forças vivas da sociedade, de em-
presários a sindicalistas e organizações sociais. O governo só não foi
isolado na discussão porque Haddad trouxe como secretário espe-
cial o economista Bernard Appy, coordenador da PEC 45, além de
assessor da PEC 110, que tramitava no Senado. O texto aprovado na
Câmara reúne as duas PECs.
Já havia sido assim na reforma da previdência, que sem Maia e
David Alcolumbre, então presidente do Senado, não seria aprova-
da tamanha a inabilidade do ministro da Economia de Bolsonaro,
Paulo Guedes, e a omissão do presidente. Ele só queria tirar os mi-
litares da reforma.
O Congresso se impôs a Bolsonaro e aos militares que lhe davam
apoio ao trocar o risco de impeachment, em meio a sua desastrosa
atuação na pandemia, pelo comando da execução da lei orçamen-
tária, criando até o tal do “orçamento secreto” (emendas à margem
de controles).
O STF glosou a validade desse tipo de emendas e Lula negociou
reter metade do projetado para este ano na LOA e liberar outra me-
tade como restos a pagar. É esse dinheiro que vem sendo liberado. A
volta deste ardil está descartada, mas ficou claro que o risco à gover-
nabilidade impeliu o presidente a procurar ampliar sua base na Câ-
mara, abrindo alguns ministérios aos blocos do centrão. É o que está
em curso: uma mexida de cadeiras ministeriais. E resolve? Sim e não.
Sim, quando estiverem em cena propostas consensuais na eco-
nomia tal como a tributária, o novo regime fiscal de controle do gas-
to público, vulgo “arcabouço”, e a volta do voto de desempate em
favor do governo no Conselho de Contestações da Receita, o Carf
(é como a Fazenda vê a chance de zerar o déficit do orçamento até
2025). Destas, falta só o arcabouço, deixado para agosto como sinal
de dúvidas do centrão.
Não, quando ou se o governo quiser aprovar pautas mais pro-
gressistas da agenda de costumes, tipo ampliar o escopo do abor-
to, reaver a lista de empresas privatizadas na gestão passada, como
a Eletrobras, ou ser muito rígido com a proposta de reforma do Im-
posto de Renda com a qual espera concluir a atualização completa
do sistema tributário.
Entre as duas posições, também deverá manter influência a orto-
doxia do mercado financeiro, sempre pondo as metas fiscais à frente
tanto do desempenho da atividade econômica quanto dos indicado-
res sociais — e isso com o apadrinhamento pragmático das banca-
das de centro, já que o cumprimento do plano fiscal de Haddad ra-
tificado pelo Congresso dá aos políticos o meio de controlar os pro-
jetos mais eleitorais do PT.
Para ser diferente, Lula teria de ter inaugurado o governo com
outra política econômica, como lhe fora sugerido antes da posse.
Ao optar pelo convencionalismo monetário, que é o que faz o Ban-
co Central de Campos Neto tão criticado por todos, inclusive por
ele, e sem margem fiscal nem financeira para operar a despesa, o
governo se estreitou.
Os partidos que dominam a agenda de votações no Congresso
não estão no voo ao acaso. O panorama na Câmara, por exemplo,
mostra quase um perfeito equilíbrio minoritário entre as bancadas
de esquerda e a de extrema-direita ainda caudatária de Bolsonaro
com direitos políticos suspensos por oito anos. Uma anula a outra,
aumentando o cacife dos que se declaram independentes ou com
alinhamento crítico ao governo.
Curiosamente, porém, centro e centro-direita, embora majoritá-
rios no eleitorado, não dispõem de candidato natural para concorrer
contra um nome indicado por Lula em 2026 ou ele próprio. Desde o
fim do PFL, o principal partido conservador que emergiu da ditadu-
ra, acelerado pela morte precoce do deputado Luis Eduardo Maga-
lhães, nome promissor para as eleições de 2002, houve uma disper-
são dessa corrente, que continua forte nos estados, mas não conse-
guiu formar uma liderança nacional.
Os polos opostos da política, assim, tentam seduzir desde já
apoios do maior número possível dos “centristas” — ou para a va-
ga aberta por Bolsonaro, como o governador Tarcísio de Freitas, ou
para o campo de Lula. Isso é o que a imprensa põe em destaque dia
sim, outro também.
Não se especula sobre a disposição da centro-direita em se unir em
torno de algum nome possivelmente ainda não visível. Isso vai crescer
à medida que a economia continue presa ao longo viés de estagnação
— algo que a reforma tributária, embora impactante, não tem o poder
de romper, pois será implantada no tempo a partir de 2026.
Seria preciso algo mais rápido, intenso e transformador, sin-
tonizado com as enormes mudanças tecnológicas e geopolíticas
desta década. Mas como, se nem um plano de digitalização total
dos negócios públicos e privados está à vista? E sem isso nada pa-
ra de pé. Esse é o cenário.
Mundo
9 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
Fim de semana em
condições críticas
Dias corridos de altas temperaturas mudam a rotina do Hemisfério Norte. Países enfrentam um verão na marca
dos 40ºC, com riscos significativos ao funcionamento das cidades e à saúde de moradores e turistas
E
uropa, Estados Unidos e
Japão enfrentam tempe-
raturas recordes neste fim
de semana. E os gover-
nantes colocaram em prática
ações mais severas na tentativa
de amenizar os efeitos do clima
extremo. Mesmo com as medi-
das, moradores e turistas se veem
em meio a incêndios florestais,
chuvas intensas, alterações na
rotina das cidades e os efeitos
no corpo de registros nos termô-
metros que ultrapassam os 40ºC.
Na Grécia, a Acrópole de Ate-
nas, monumento mais visitado
do país, permanecerá fechada
hoje, pelo terceiro dia consecu-
tivo, durante os períodos mais
quentes. A decisão de proibir o
acesso a um dos patrimônios
mundiais da Unesco foi toma-
da “para proteger os trabalha-
dores e os visitantes”, justificou
a ministra da Cultura e dos Es-
portes, Lina Mendoni. Os ter-
mômetros no país indicaram
40°C em algumas regiões, e a
previsão do Observatório Na-
cional de Atenas é de que uma
nova onda de calor poderá afetar
o país a partir desta quinta-feira.
A Espanha acaba de encer-
rar uma semana marcada por
temperaturas muito altas, que
superaram os 40°C principal-
mente na Andaluzia e nas Ilhas
Canárias. Ontem, um incêndio
em La Palma, nas Ilhas Caná-
rias, queimou 4.500 hectares e
fez com que mais 2.500 habi-
tantes evacuassem áreas próxi-
mas. “O fogo se espalhou muito
rapidamente. O vento, as con-
dições climáticas, assim como a
onda de calor que vivemos, ge-
raram muito material nas mon-
tanhas”, disse o presidente do
governo regional do arquipé-
lago, Fernando Clavijo.
Na Itália, as equipes médicas
estão mobilizadas para dar su-
porte aos casos de desidratação.
O Ministério da Saúde emitiu,
ontem, alerta vermelho para di-
versas cidades do centro do país.
Em Roma, há previsão de regis-
tros de temperaturas entre 36°C e
37°C a partir de hoje. A Sociedade
Meteorológica do país batizou a
onda de calor de Cerberus, como
referência ao monstro de três ca-
beças da obra Inferno, de Dante.
GUERRA NO LESTE EUROPEU
Coreia do Sul promete ampliar ajuda à Ucrânia
Uma visita do presidente da
Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, à
Ucrânia sinaliza um reforço no
aparato militar ao país em con-
fronto, há mais de 500 dias, com
a Rússia. Yeol prometeu “ampliar
a escala” da ajuda humanitária e
de equipamento militar não letal
a Kiev durante uma reunião, on-
tem, com o homólogo ucraniano,
Volodymyr Zelensky.
Seul “ampliará a escala de su-
primentos na comparação com o
ano passado, quando entregamos
materiais como capacetes e cole-
tes à prova de balas”, disse Yoon.
A Coreia do Sul é o nono maior
exportador de armas do mundo
e produz grandes volumes de ar-
mamentos que são compatíveis
com os equipamentos utilizados
pela Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan).
O país, porém, adota uma políti-
ca antiga de não enviar armas para
AFP
AFP
O caso não é exceção. No ve-
rão do ano passado, apenas na
Europa, as fortes temperatu-
ras provocaram mais de 61 mil
mortes, e a Itália foi o país com
mais vítimas: 18 mil, segundo
áreas em que há conflitos ativos. Es-
tados Unidos, as potências europeias
e a própria Ucrânia têm feito pedidos
reiterados pelo envio de armamen-
tos e outros artefatos. Yoon, em sua
primeira visita a Kiev, manteve a po-
sição e prometeu aumentar o apoio
em ajuda humanitária para US$ 150
milhões neste ano, 50% a mais do
que foi enviado em 2022.
“Posso afirmar, com satisfação,
que já está sendo aplicado um acor-
do sobre a transferência de veículos
e equipamentos especiais, incluindo
veículos de desminagem. Isto ajuda-
nos a salvar vidas”, afirmou Zelensky
depois da reunião. Ele havia pedido
a Yoon para aumentar o apoio mili-
tar quando eles se encontraram pe-
la primeira vez, em maio.
Solidariedade
Antes de desembarcar na Ucrâ-
nia, o presidente sul-coreano
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
um estudo divulgado, na sema-
na passada, na revista cientí-
fica Nature Medicine. O leste
francês, a Alemanha e a Polô-
nia também enfrentam uma on-
da de calor intensa.
participou de uma cúpula da Otan
na Lituânia e visitou a Polônia, onde
expressou solidariedade aos ucra-
nianos e discutiu formas de apoiar
sua luta contra a ofensiva russa.
Em Kiev, visitou o local dos assas-
sinatos em massa em Bucha, perto
da capital, e Irpin, área residencial
bombardeada por mísseis em lar-
ga escala. A reunião com Zelensky
ocorreu em seguida.
Yeol disse que a Ucrânia de
hoje o lembra “a Coreia do Sul
do passado”, fazendo referência
à ajuda internacional que per-
mitiu a seu país obter uma “vi-
tória milagrosa” contra Pyong-
yang e virar uma das maiores
economias do mundo. Na sex-
ta-feira, o Ministério da Terra,
Infraestrutura e Transporte sul-
coreano informou que planeja
apoiar a reconstrução da Ucrâ-
nia em áreas de infraestrutura,
como transporte e energia.
Editora: Ana Paula Macedo
anapaula.df@dabr.com.br
3214-1195 • 3214-1172
Incêndios no condado
de Riverside, nos EUA,
devastaram, até ontem,
mais de 1.200 hectares
devastou, até ontem, mais de
1.200 hectares e desencadeou
uma ordem de evacuação para
os habitantes locais.
O oeste e grande parte do sul
do país estão sendo assolados,
neste fim de semana, com uma
onda de calor “extremamente pe-
rigosa”, de acordo com o Serviço
Meteorológico Nacional (NWS,
na sigla em inglês), com o ter-
mômetro marcando até 47°C.
Em Phoenix, capital do Arizo-
na, um dos estados mais afeta-
dos, o sábado foi o 16º dia con-
secutivo com máximas acima de
43º C. Parte do estado está sob
alerta de “nível de calor extremo
raro e/ou de longa duração”, o
mais elevado do NWS.
No Canadá, os incêndios
também não dão trégua. O oes-
te do país registra centenas de
focos, a maioria provocados
por tempestades elétricas. Mais
de 10 milhões de hectares fo-
ram queimados desde o início
de 2023, número 11 vezes aci-
ma da média anual da última
década. A fumaça de mais de
Benjamin Netanyahu é hospitalizado por desidratação 500 focos de incêndios fora
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi de controle tem provocado
hospitalizado, ontem, para ser submetido a exames médicos vários episódios de poluição
após apresentar sintomas de desidratação. O gabinete do atmosférica — em junho a fu-
chefe de Governo afirmou que, na sexta-feira, Netanyahu maça chegou ao nordeste dos
passou algumas horas no Mar da Galileia, no norte do Estados Unidos
país, sob um calor intenso. “Ele se sentiu um pouco tonto Na Ásia, algumas regiões da
e, a conselho de seu médico pessoal, dr. Zvi Berkowitz, foi China, incluindo a capital Pe-
levado à emergência do Hospital Sheba, o maior hospital de quim, sofrem com a combinação
Israel”, informou a nota. Também segundo o comunicado, os de alta temperatura e chuvas for-
primeiros exames mostraram resultados normais. Em um tes. A previsão é de que os japo-
vídeo, Netanyahu afirmou que passou algum tempo com sua neses enfrentem hoje tempera-
mulher no lago, “debaixo de sol, sem chapéu e sem água”, turas de 38°C a 39°C. A cidade de
o que, segundo ele, não foi “uma boa ideia”. O premiê disse Akita, no norte do país, registrou,
estar bem e sugeriu aos israelenses que “passassem menos em apenas algumas horas de on-
tempo sob o sol e bebessem mais água” nestes tem, a quantidade de chuva que
dias marcados por altas temperaturas”. estava prevista para todo o mês
de julho, informou a emissora
NHK. A tempestade provocou,
Sem trégua pessoas dos estados do sudoes- pelo menos, um deslizamento
te sofreram os efeitos das tem- de terra e obrigou 9 mil pessoas
Nos Estados Unidos, o ca- peraturas extremas, incluindo a deixarem suas casas.
lor intenso se estende da Cali- extensas áreas de florestas to-
fórnia ao Texas. Durante toda madas pelo fogo. Um incên- Leia mais sobre a crise
a semana passada, milhões de dio no condado de Riverside climática na página 12
AFP
Yoon Suk Yeol e Volodimir Zelensky: US$ 150 milhões para apoio humanitário e equipamentos não letais
Opinião 10 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
VISÃO DO CORREIO
Mais crescimento,
menos desigualdade
O
s tempos de incerteza no Brasil,
definitivamente, parecem estar fi-
cando para trás. Ainda que os de-
safios de se recolocar o país nova-
mente nos trilhos permaneçam, é possível
olhar para o horizonte e ver perspectivas
alvissareiras para a economia. Não à toa,
a confiança de empresários e consumido-
res aumentou e, entre as multinacionais,
o mercado brasileiro desponta como um
dos mais promissores do planeta.
As projeções de crescimento do Produ-
to Interno Bruto (PIB), que começaram o
ano próximas de 0,5%, caminham para
2,5%, com chances de bater em 3%. Pa-
ra 2024, as previsões são de avanço seme-
lhante, o que resultará em mais empregos
e renda. A inflação, que há pouco mais de
um ano, rondava em 10%, está abaixo de
4%, abrindo as portas para que, enfim, o
Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central inicie o processo de corte da
taxa básica de juros, de 13,75% ao ano, des-
proporcionalmente alta ante o atual com-
portamento dos preços.
Uma série de fatores contribuíram para
que o Brasil saísse da letargia, provocada
por uma grave crise política. A tensão en-
tre os Poderes se dissipou, as dúvidas so-
bre a forma como o atual governo condu-
ziria a economia diminuíram considera-
velmente, o compromisso com a respon-
sabilidade fiscal voltou a ser regra e houve
o efetivo combate à inflação. Mais: a ativi-
dade econômica, puxada expressivamen-
te pelo agronegócio, mostrou-se mais forte
do que se imaginava e o Congresso redo-
brou os esforços para levar adiante proje-
tos que vão mudar o ambiente de negócios
no país, em especial, a reforma tributária.
Não há exagero em dizer que a norma-
lidade voltou a ser regra no Brasil, um ga-
nho excepcional para a sociedade. É nes-
se contexto que se espera ações concretas
do governo, sem demagogia, para resolver
os graves problemas que se acumularam
nos últimos anos, o mais urgente deles, o
combate à fome. Dados divulgados pela
Organização das Nações Unidas (ONU)
ANA DUBEUX
anadubeux.correio@gmail.com
Queremos paz para as mulheres
Toda mulher tem direito à paz. Para cami-
nhar pelas ruas sem qualquer tipo de abor-
dagem. Para ser dona de seu corpo e de suas
vontades. Para viver sua sexualidade como
quiser. Para terminar relacionamentos. Para
ter segurança dentro de suas próprias casas.
Para criar seus filhos longe de ameaças. Para
usufruírem de liberdade.
Toda mulher tem direito à vida. E essa é
uma afirmação que não precisaria estar es-
crita aqui. Mas a verdade é que este direito
tem sido negligenciado. Tem sido insupor-
tável conviver com a matança de mulheres
no Distrito Federal. Só neste ano, 20 mulhe-
res foram assassinadas. A cada feminicídio,
uma família destroçada. Cada vez que uma
mulher é assassinada, todas nós sentimos a
crueldade. É uma dor coletiva, absurda, re-
voltante. Precisamos fazer algo.
O Correio deseja ser uma parte influen-
te no debate para encontrar soluções. Pa-
ra isso, promove, na próxima quarta-feira
(20/7), um seminário para discutir a onda
de feminicídios que a capital do país está vi-
vendo, com o objetivo de buscar alternativas
que amparem as mulheres. Vamos ouvir es-
pecialistas e integrantes da sociedade civil.
A abertura do seminário contará com a
participação da governadora em exercício
do DF, Celina Leão (PP). Também de outras
autoridades, como Sandro Avelar, secre-
tário de Segurança Pública do Distrito Fe-
deral; Antônia Carneiro, defensora públi-
ca chefe do Núcleo de Promoção e Defesa
dos Direitos das Mulheres; Cristina Tubino,
presidente da Comissão de Enfrentamento
GUILHERME AUGUSTO MACHADO
Presidente
Leonardo Guilherme Lourenço Moisés
Vice-Presidente executivo
Valda César
Superintendente de Negócios e Marketing
apontam que o país tem 21,1 milhões de
pessoas que não têm o que comer, um au-
mento de 37% no triênio 2020-2022. Não é
possível que a miséria absoluta continue
afetando quase 10% da população, a maio-
ria, mulheres e crianças.
O Brasil já deu provas de que políticas
sociais focadas trazem resultados concre-
tos. Mas somente programas bancados pe-
lo governo não serão suficientes para que
o flagelo da extrema pobreza seja limado
do mapa. É por meio do crescimento con-
sistente da economia que se reduz, efetiva-
mente, as desigualdades entre pobres e ri-
cos e se abrem oportunidades para aqueles
que vivem em situação de vulnerabilida-
de. Não há mágicas nesse processo. E to-
das as vezes em que o Brasil tentou pular
etapas, recorrendo a estripulias, o resulta-
do foi perverso.
Enquanto o avanço do PIB vai se conso-
lidando — isso ficará mais claro ao longo
do segundo semestre —, a forte queda da
inflação terá papel importante neste mo-
mento para facilitar a vida das camadas
menos favorecidas da população. Afinal, a
maior parcela dos alimentos ficou mais ba-
rata e as estimativas são de novas quedas
nos próximos meses. Essas expectativas se
baseiam no forte recuo dos preços no ata-
cado, ou seja, no início da cadeia que vai
até os consumidores. O valor do trigo e do
boi gordo acumula queda de 17% no ano e
o do milho, de 22%. Parte disso será repas-
sada para as gôndolas dos supermercados.
Aqueles que detêm o poder de decisão
têm a responsabilidade de não deixar esse
quadro virtuoso se perder no meio do ca-
minho. A população brasileira não aceitará
mais arcar com os erros daqueles aos quais
confiaram o destino no país. Mesmo com
as recentes conquistas e com o reforço
da democracia, as demandas continuam
enormes. É hora de agir com bom senso,
sem voluntarismos, para que o Brasil saia
do campo das promessas e se encontre
com o futuro. Previsibilidade, responsa-
bilidade e transparência formam o tripé
do que se espera de uma nação mais justa.
da Violência Doméstica da OAB/DF; Da-
niel Bernoulli, promotor de Justiça do Dis-
trito Federal; Vera Lúcia Santana Araújo, in-
tegrante da Executiva Nacional da Associa-
ção Brasileira de Juristas pela Democracia
(ABJD) e ativista da Frente de Mulheres Ne-
gras do DF; Rita Lima, assessora internacio-
nal do Ministério das Mulheres, entre outros.
O evento será realizado no auditório do
Correio, com a mediação dos jornalistas
Ana Maria Campos e Carlos Alexandre Sou-
za, com transmissão pelo no site e nas redes
sociais do jornal. Não ficaremos apenas nes-
se debate. O projeto é uma campanha que se
estende. Haverá podcasts e visitas a escolas,
entre outras iniciativas.
Nós sabemos que esse é um problema
complexo. Que se ampara no machismo es-
trutural, na certeza que muitos homens têm
que são proprietários dos corpos femininos.
Que reside na certeza deles de que não po-
dem ser contrariados, nem abandonados.
Mas o fato de ser de difícil solução não quer
dizer que não possa ser combatido de for-
ma enérgica.
A solução não será apenas pela via da le-
gislação, pela proteção jurídica e policial. Is-
so não tem sido suficiente. Será pelos esfor-
ços coletivos de autoridades, sociedade ci-
vil, homens e mulheres. Precisamos criar al-
ternativas reais e rápidas, que se somem às
leis e soluções legais. Convidamos vocês a
serem partes dessa luta. Por todas nós, nos-
sas filhas, netas, amigas. Pelas gerações de
mulheres que virão depois de nós. Mulhe-
res merecem e precisam de paz.
‘‘Na quarta parte nova os campos ara
E se mais mundo houvera, lá chegara’’
Camões, e, VII e 14
Ana Dubeux
Diretora de Redação
Editora: Dad Squarisi // dadsquarisi.df@dabr.com.br
opiniao.df@dabr.com.br || 3214-1140
» Sr. Redator
» Cartas ao Sr. Redator devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome e endereço completo, fotocópia de identidade e telefone para contato.
» E-mail: sredat.df@dabr.com.br
Resiliência em prestígio ao seu maior
Desabafos
»
princípio: o da imparcialida-
É uma prática cada vez mais Pode até não mudar a situação, de. Ninguém aqui é ingênuo
cobrada pelas grandes empre- mas altera sua disposição de achar que o STF seja uma
sas, órgãos públicos, na Igreja, corte isenta de erros e de in-
em rodas familiares e de ami- Como é que uma deputada federal, fluência política de mão du-
gos. Quem não foi provocado que está na mira do Judiciário, usa pla. Diz-se que “à mulher de
com ou sem segundas inten- as redes sociais para reafirmar seus César não basta ser honesta;
ções, e não teve que pensar deve parecer honesta” e o que
duas ou três vezes? Uns recor- crimes? Se age contra ela mesma, tem feito o STF, recentemen-
rem, rápido, à resiliência, que é não se pode esperar que tenha te, se não dar nítidas suspei-
“o tolerar ventanias verbais ás- projetos em favor da sociedade. tas de que interpreta as leis e
peras” diante desse ou daque- a Constituição de acordo com
le ato ou fato; outros, soltam Afonso Guimarães — Noroeste sua falta de abnegação? Volte-
flechas com palavras à altura mos alguns meses no tempo...
da provocação e os controles Alexandre de Moraes afirmou,
emocionais revoam pelos ven- A deputada negacionista Bia durante as eleições, que vivía-
tos indesejáveis. EsStes estão mos em uma “segunda ge-
errados? Sempre bom analisar-
Kicis quer cobrar vacina do ração das fake news”, isto é,
mos que a melhor saída é bus- governo. Pode rir, a piada é essa. a manipulação de premissas
carmos o equilíbrio, que nem Vital Ramos de V. Júnior — Jardim Botânico verdadeiras, mas com uma
sempre pode estar de plantão conclusão falsa. Logo em se-
para nos acolher. De poucos guida, o TSE concedeu direi-
dias para cá, veio esse mote to de resposta a Lula frente
para escrever sobre a resiliên- Caiu o número de famintos no à Jovem Pan, para que possa
cia, que é o desejável contro- Brasil, mas essa chaga social ainda afirmar que o ex-presidente é
le emocional ou o bom equi- está aberta. É preciso solidariedade inocente. O uso da terminolo-
líbrio que devemos adotar no gia confunde quem não é do
dia a dia. Só sei que todo dia é
e boas políticas públicas para meio jurídico, pois, ao ter as
o bom dia para aprendermos a cicatrizá-la definitivamente. penas anuladas pelo STF, Lula
ter divina tolerância e a dura- Ana Lúcia Martins — Asa Sul passou a ter para si a presun-
doura perseverança. Isso po- ção da inocência sem ter si-
de ser considerado como ver-
dadeira caridade? Talvez sim,
Senador bolsonarista chora pela
do inocentado e o direito de
resposta conferido pode ter
uma vez que respirar fundo e levado à falsa conclusão em
suplicar à nossa alma que nos prisão dos que participaram parte do eleitorado. Na mes-
acalme — diante de certos mo- da tentativa de golpe. Mas não ma época, a Justiça ordenou
mentos turbulentos — pode o adiamento prévio de um
ser uma arte. Até cedo ou até derramou uma lágrima pelos mais documentário a favor de Bol-
mesmo tarde, vamos trilhan- de 700 mil mortos pela covid-19. sonaro, sob o pretexto de não
do por esses caminhos que são Um homem muito sensível. comprometer a lisura do es-
ora com ventos tranquilos, ora crutínio. Para derrotar o bol-
José Enrique Fonseca — Asa Norte
com ventanias que empurram sonarismo, como disse Bar-
os cipós físicos ou subjetivos e roso, valeu até mesmo ir con-
nos batem de repente e sem tra a própria jurisprudência:
dó! Ter e cultivar a resiliência quando o STF declarou que a
pode ser um aprendizado e muitas vezes chega devagari- Lei de Imprensa não foi recepcionada pela Constituição, a
nho. É como aquele manso passarinho que diante das ad- Corte decidiu que não se deve existir jamais um controle
versidades vai com amor buscando sua comida, se compor- prévio, mas sim admitir a publicação ou a divulgação para
ta no cio e vai — na calma — preparando seu carinhoso ni- que, sobre ela, se for o caso, exista um controle posterior,
nho! Por isso, é sempre bom que, ao sair e no chegar à sua que permita a devida responsabilização do agente (ADPF
casa, faça as súplicas com fé para ser abençoado no campo nº 130, rel. Min. Ayres Britto, de 30/04/2009). Recente-
da boa resiliência, pondo em prática sua inteligência. Siga- mente, Bolsonaro foi considerado inelegível por abuso de
mos de bem nessa vida; essa sempre nos convida! poder ao reunir embaixadores e criticar as urnas eletrôni-
cas, em 2022. Mas, em 2016, Dilma fez exatamente a mes-
» Antônio Carlos S. Machado ma coisa, com um propósito muito claro em meio ao pro-
Águas Claras cesso de impeachment. Conclui-se, portanto, que criti-
car o Legislativo e chamá-lo de golpista faz parte do jogo,
mas criticar o sacrossanto Judiciário e suspeitar das urnas
Justiça eletrônicas por ele gerida, ainda que isso seja um notório
devaneio do ex-presidente, é atentar contra a democra-
Concordo plenamente com a missiva Curiosidade cia. Michel Foucault dizia que não há verdade sem poder
(15/7). Ao afirmar, em um evento da UNE, que “nós der- e para que algo seja verdadeiro, precisa ser livre, sem es-
rotamos o bolsonarismo”, aponta-se, em primeiro lugar, tar vinculado a uma institucionalização. Afinal, o que é a
o que um juiz da Suprema Corte estava fazendo em um verdade? A quem compete dizer o que é a verdade? Qual
evento de uma organização política, que apoia pautas é a verdade do STF? Cometer atitudes antidemocráticas e
a respeito das quais ele próprio julgará. Em segundo lu- redesenhar o jogo eleitoral para, supostamente, defender
gar, aponta-se que o termo “bolsonarismo” foi infeliz e a democracia? Eis a história da mulher de César.
também o seria se fosse “lulismo”, “tucanismo” ou qual-
quer outra corrente. O exercício judicante é incompatível » Ricardo Santoro
com a atividade político-partidária e, por isso, é vedada, Lago Sul
S.A. CORREIO BRAZILIENSE – Administração, Redação e Oficinas Edifício Edilson
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Pastores nazistas
H
itler e o nazismo detestavam a ho-
mossexualidade, as “raças não aria-
nas ou germânicas”, os comunistas
e, de fato, os matou impiedosamen-
te, especialmente os judeus. Certos pastores
evangélicos e iletrados são nazistas enrusti-
dos (outros são ocultamente homossexuais)
ao contrário de outros cultos ditos protes-
tantes como batistas, calvinistas, metodis-
tas, luteranos, pentecostais e outras denomi-
nações mais exigentes. Para ser pastor evan-
gélico, basta falar bem, mesmo sem ser uma
pessoa de bem e ter, ou ingressar. no templo.
Leio no Estado de Minas que o controver-
tido e sempre enrolado Pastor Valadão, um
parlapatão conhecido, pregou matar os ho-
mossexuais, condição sexual que desafia sé-
culos. Há médicos que dizem nascerem pre-
destinados pela vontade de Deus, prescre-
vendo o exercício da aceitação e da tolerância
cristãs para as pessoas homoafetivas.
Colho no Estado de Minas os tópicos mais
importantes do assunto: Deputados esta-
duais de Minas Gerais protocolaram ontem
representação no Ministério Público Fede-
ral (MPF), em Belo Horizonte, contra o pas-
tor André Valadão, líder da Igreja Batista da
Lagoinha, que fez discurso de homotransfo-
bia incitando evangélicos atacar e matar pes-
soas LGBTQIA+, no último domingo, em cul-
to realizado em Orlando, nos Estados Unidos.
O vídeo (em que Valadão ataca pessoas
LGBTQIA+) está sendo compartilhado e as
pessoas estão sendo intimidadas, coagidas.
E a gente não sabe até que ponto isso vai co-
locar em risco a integridade física delas”, afir-
mou a deputada Lohanna.
Bella Gonçalves afirma que a representa-
ção também tem intenção de analisar se a
frase pode trazer ganhos econômicos para o
religioso. Na postagem, ele anuncia uma sé-
rie e “usa do ódio para chamar atenção”. “A
gente espera que ele possa ser responsabili-
zado e até preso por esse caso. (...) Crime de
LGBTfobia. Convocação de fiéis para o assas-
sinado de pessoas LGBTs que é algo sem pre-
cedentes. Precisa de uma atuação exemplar
do Ministério Público”.
Valadão insinuou que evangélicos deve-
riam agredir e matar homossexuais, durante
a live intitulada de “Teoria da Conspiração”.
“Agora é a hora de tomar as cordas de volta.
Deus fala que não pode mais. Ele diz? Se eu
pudesse, matava tudo e começava de novo.
Mas prometi que não posso, agora tá com
vocês”. Ao que o pastor, se dirigindo para os
fiéis, reafirmou que “não entendeu o que eu
disse? Agora tá com vocês! Deus deixou o tra-
balho sujo para nós.
Um dos poucos parlamentares a saírem
em defesa de Valadão foi o deputado federal
bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) que
afirmou, na segunda-feira em sessão no ple-
nário da Câmara, que “combater o pecado
não quer dizer incitação ao ódio”. O comen-
tário foi realizado após críticas dos deputa-
dos federais Glauber Braga (Psol-RJ) e Pastor
Henrique Vieira (Psol-RJ) à fala de Valadão.
Poder Constituinte e Poder Legislativo
ALMIR PAZZIANOTTO, advogado. Foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho
N
as eleições de 1986, ao votarem em
deputados e senadores para compo-
sição do Poder de Legislativo, os elei-
tores ignoravam que seriam investi-
dos de poder para redigir e promulgar nova
Constituição. Acreditavam que eram candi-
datos à Câmara dos Deputados e ao Senado,
para legislar à luz da Emenda Constitucio-
nal nº 1/1969, considerada a nossa sétima
Constituição.
Foi no exercício de prerrogativa conce-
dida pela Emenda Constitucional nº 26,
de 17/11/1985, que o presidente José Sar-
ney converteu o Poder Legislativo em Poder
Constituinte. Assim o havia feito o presidente
Castelo Branco em 7/12/1966, quando, pelo
Ato Constitucional nº 4, reuniu o Congresso
Nacional extraordinariamente, de 12 de de-
zembro de 1966 a 24 de janeiro de 1967, pa-
ra “discussão, votação e aprovação de projeto
de Constituição apresentado pelo presidente
da República” (Art. 1º).
O presidente Castelo Branco seguia o
exemplo deixado pelo presidente interino
José Linhares, presidente do Supremo Tribu-
nal Federal, sucessor do deposto presiden-
te Getúlio Vargas. O ministro José Linhares,
mediante Lei Constitucional editada em 12
de dezembro de 1945, deliberou que os par-
lamentares eleitos em 2 de dezembro, para
a Câmara dos Deputados e para o Senado,
se reuniriam no Distrito Federal, “sessenta
dias após as eleições, em Assembleia Cons-
tituinte, para votar, com poderes ilimitados,
a Constituição do Brasil”.
A rigor, a única Assembleia Constituin-
te eleita para elaboração de Constituição
foi a de 1933/34. O melhor relato desse his-
tórico momento pertence a Hélio Silva, no
livro 1934 A Constituinte. Diz o parágrafo
introdutório, em linguagem magistral: “Os
» SACHA CALMON
Advogado
A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou
à Procuradoria-Geral da República (PGR)
uma queixa-crime contra o deputado Gus-
tavo Gayer (PL-GO), após o parlamentar te-
cer comentários racistas no podcast Três Ir-
mãos na semana passada. Durante a entrevis-
ta, Gayer faz uma associação entre africanos
e pessoas com QI baixo. Segundo o deputa-
do, a democracia não deu certo em países da
África, pois não teriam “capacidade cogniti-
va”. “Democracia não prospera na África. Pa-
ra você ter o mínimo de capacidade cogniti-
va de entender entre o bom e o ruim, o certo
e o errado”, disse.
Esses pastores são inquisidores-mor, do ti-
po que foi Torquemada, ao tempo da inquisi-
ção cristã contra judeus e a protestantes con-
tra as bruxas (há até um filme: As Bruxas de
Salém, nos Estados Unidos).
Essa fala do Nicolas de “luta contra o pe-
cado” leva o assunto para o campo da teolo-
gia da santidade típica da Baixa Idade Média
da humanidade no Ocidente. É uma gente
tosca, pequena, mesquinha, supostamente
monumentos que perpetuam a história tam-
bém têm a sua história e os seus monumen-
tos. Para os que viram a solenidade de insta-
lação da Assembleia Constituinte, de 15 de
novembro de 1933, aquela Casa havia se pre-
parado para o Momento Supremo. E nunca
mais teria a grandeza que foi abandonando o
plenário, os gabinetes, os corredores, as esca-
darias” (Civilização Brasileira, RJ, 1969, pág.
21). Rejeitada por Getúlio Vargas, a Consti-
tuição de 34 teve vida efêmera. Foi abatida
após três anos e cinco meses, pela Carta de
10/11/1937.
A oitava Constituição foi elaborada em
ambiente de rebeldia e revanchismo. Não
havia clima para exame de projeto elabora-
do por juristas. O presidente José Sarney o
tentou, com a nomeação de Comissão Pro-
visória de Estudos Constitucionais, conheci-
da como Comissão Afonso Arinos. Por razões
que não vem ao caso examinar, a iniciativa
falhou. O texto não foi submetido à Consti-
tuinte, dividida em 8 comissões temáticas, 24
subcomissões e Comissão de Sistematização.
Os resultados são conhecidos.
Aos juristas causou espanto o estilo carac-
terizado pela prolixidade. Entre outras péro-
las, programou para 7/9/1993 plebiscito des-
tinado a permitir ao eleitorado optar pela for-
ma (república ou monarquia constitucional)
e o sistema de governo (parlamentarismo ou
presidencialismo) e abriu espaço para revi-
são constitucional, após cinco anos da data
da promulgação. Determinou que as taxas de
juros reais não poderiam ser superiores a 12%
ao ano. O Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT), destinado a disciplinar
a transição do militarismo para a democra-
cia, além de se perpetuar foi alongado. Pas-
sados 34 anos, permanece em vigor e conta
hoje com 114 dispositivos, 74 acrescentados
Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Opinião • 11
religiosa, mas com intensidade fanatizada.
Se fossem islâmicos fariam parte dos talibãs,
no Afeganistão, com toda certeza.
É justamente o amor e a compaixão pela
condição humana em toda sua extensão in-
cluindo todas as raças e classes sociais, que
conduz à tolerância e à aceitação cristã. A lu-
ta é contra o pecado e as diferenças sociais
e de cor. E o amor em favor do que sofrem,
incluídos os próprios pecadores, buscando
que se redimam em Cristo. Atire a primeira
pedra aquele que nunca pecou disse um dia
Jesus, a pregar a compreensão da condição
humana e o processo de acolhimento do pe-
cador, valorizando o valor do perdão (ama-
mos uns aos outros).
A grandiosidade da fé cristã está justa-
mente na caridade, na crença e na esperan-
ça em Deus, as chamadas três virtudes teolo-
gais, uma trindade em nossas almas, que al-
guns, tidos por cristãos, não possuem, pois
querem poder e prestígio, iludindo os fiéis,
como Valadão e Nicolas.
arbitrariamente pelo Poder Legislativo.
Promulgada em ambiente de euforia,
quando completou cinco anos a Constitui-
ção começou a ser desfigurada. A Emenda
Constitucional de Revisão nº 1, foi promul-
gada em 2/3/1994; a Emenda Constitucio-
nal nº 1 em 6/4/1992. As Emendas de Revi-
são são seis. As demais Emendas atingem o
fantástico número de 128. Centenas esperam
para ser analisadas. Em fase de discussão se
encontram algumas dezenas. No momento
debate-se a quinta Reforma Tributária. Acre-
dita-se que, ao entrar em vigor, aumentará a
carga de impostos.
Impossível com ela; pior sem ela. Não vejo
como partir para a elaboração da nona Cons-
tituição. A falta de serenidade e racionalida-
de prevalecem no cenário político. Poucos se
mostram dispostos a ouvir. A radical divisão
do Brasil em lulistas e bolsonaristas impede
a prática do diálogo em níveis elevados, es-
sencial ao regime democrático. O rancor é
generalizado. A expressão reforma é utiliza-
da de maneira banal, como se fosse dotada
de poderes sobrenaturais.
Confundida com lei ordinária, decreto, re-
solução ou mera portaria ministerial, a Lei
Fundamental se tornou vulnerável a agres-
sões. Como não a conhece, o povo não a dis-
cute, nem a defende. Não se sabe de alguém
dotado de autoridade moral para assumir a ta-
refa da convocação de Assembleia Constituin-
te, nomear integrantes de comissão incumbi-
da de formular projeto de nova Constituição e
sustentá-lo perante incrédula opinião pública.
Estamos presos à Constituição de 1988.
Como Prometeu da lenda grega, o povo está
acorrentado à íngreme escarpa da burocra-
cia, da ineficiência e da corrupção, onde o
insaciável Estado abutre comparece diaria-
mente, para lhe devorar o fígado.
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
Campo
minado
Não há hoje um único cidadão de bom senso capaz de
apostar um centavo furado no futuro de uma América do
Sul, onde os cartéis do narcotráfico cuidam, cada um a seu
modo, de destruir os alicerces políticos, econômicos e so-
ciais de muitos países do continente. Para piorar uma si-
tuação, que em si mesma já é pra lá de caótica, existe ainda,
comprovadamente, associações veladas entre esses cartéis
do crime e alguns no comando de seus países, como é o ca-
so específico da Venezuela, onde os observadores dizem ser
impossível distinguir as fronteiras que separariam as legen-
das políticas do crime organizado.
O poderio econômico e de fogo dessas organizações tor-
nam fáceis os acessos ao poder. Quando não compram os
políticos e até legendas inteiras, simplesmente os eliminam.
O número de crimes contra a vida, principalmente daqueles
que ousam enfrentar esses cartéis ou questionar o próprio
governo, ocorrem aos milhares a cada ano.
A maioria, por questões óbvias, não são sequer investiga-
dos. Os problemas em países como a Venezuela, Equador,
Nicarágua, Colômbia, Peru e muitos outros é que a imprensa
livre é uma instituição em processo acelerado de extinção.
Há um número incerto e alto de jornalistas que perdem a
vida a cada ano ao investigar a infiltração do crime organi-
zado dentro do Estado.
Nesses países, como no Brasil, tornou-se comum o fi-
nanciamento de campanhas políticas pelo crime organiza-
do. A eleição dos candidatos ligados aos cartéis do crime é
um processo também comprovadamente em andamento.
O reforço e consolidação do chamado Narco-Estado é uma
realidade. Em alguns desses países do nosso continente, a
presença dentro dos governos de elementos ligados às qua-
drilhas criminosas vem acontecendo há algum tempo e tor-
nam a realidade em um num misto entre o que é oficial e le-
gal e entre o que é oficioso e ilegal.
Mesmo as forças armadas, como no caso da Venezuela,
estão, segundo os serviços de inteligência de vários países,
mortalmente infiltradas por criminosos, que não se intimi-
dam em usar o aparato militar para dar proteção às ativi-
dades dos cartéis. A situação é de alarme. Correndo por fo-
ra desse caos institucional, os guerrilheiros que atuam no
combate aos governos também engrossam as fileiras para
destruir os poderes constituídos.
A questão toda é que a Europa, os Estados Unidos e ou-
tros países do planeta injetam bilhões de dólares na com-
pra e no financiamento desses narco-cartéis . Enquanto o
consumo de drogas pelo mundo continuar numa trajetória
ascendente, os cartéis do crime continuarão agindo para
destruir países e sociedades inteiras.
Também, a facilidade de comunicação, trazida pela in-
ternet ajuda não só na organização e na logística do tráfico,
como colabora para abrir caminhos seguros para o escoa-
mento da produção de centenas de toneladas de cocaína
produzidas pelos países sul americanos. O Brasil não está
fora de rota da morte.
A Região Amazônica é hoje um corredor natural para
narcotraficantes, que contam com apoio local do crime or-
ganizado que age naquela área. Outro fator que aumenta a
produção e, consequentemente, o poderio desses cartéis do
crime é dado pela integração internacional de muitas fac-
ções de traficantes, que parecem ter criado uma espécie de
multinacional das drogas.
» A frase que foi pronunciada
“Toda forma de vício é ruim,
não importa que seja droga,
álcool ou idealismo.”
Carl Jung
Atitude
» Enfim os pedidos dos moradores da Asa Norte
foram atendidos pelo Detran. A Operação
Sossego apreendeu 15 motos, que trafegavam
pelas calçadas e com escapamento alterado
para fazer mais barulho.
Consciência
» Proposta interessante do ex-senador José
Serra vai à sanção presidencial. O projeto
torna lei a negociação prévia antes de
multas em estabelecimentos pela Vigilância
Sanitária. Em caráter de alerta, a solução é
cobrada em um espaço de tempo. Caso não
seja cumprida, daí sim, vem a multa.
» História de Brasília
A solução seria a segunda etapa de Cachoeira
Dourada, já iniciada, por sinal. Mas não ficará pronta
antes de 1965, isto se o Banco do Brasil autorizar, logo,
a importação do material necessário.
(Publicada em 22/3/1962)
Ciência
12 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
O pior do calor
está por vir
Depois do junho mais quente da história, a população mundial deve ser surpreendida, nas próximas semanas, por novas anomalias
climáticas, alertam especialistas. Cenário crítico é atribuído principalmente às mudanças ambientais causadas pela ação humana
» PALOMA OLIVETO
O
calor extremo que afeta boa
parte do globo vai conti-
nuar e confirma o alerta de
cientistas climáticos sobre
2023. Em maio, a Organização Me-
teorológica Mundial (OMM), or-
ganismo das Nações Unidas, des-
tacou que, em alguns meses deste
ano, a temperatura ultrapassaria
1,5ºC, em comparação à era
pré-industrial, o que aconteceu em
junho. A previsão baseia-se em sé-
ries históricas e modelagens e leva
em conta a volta do El Niño — fe-
nômeno natural que, segundo pes-
quisadores, é intensificado por um
século de aquecimento causado
por atividades humanas.
A última sexta-feira 7 foi o dia
mais quente desde que a tempe-
ratura começou a ser registrada, no
fim do século 19. Os 17,24ºC supe-
raram o recorde anterior, de 2016,
quando a média mundial foi de
16,94ºC. Nas duas próximas sema-
nas, de acordo com a OMM, pode-
se esperar mais anomalias climá-
ticas, com até 5ºC acima dos regis-
tros históricos na região mediter-
rânea. Há três dias, a Agência Es-
pacial Norte-Americana (Nasa) di-
vulgou que nenhum mês de junho
foi tão quente quanto o de agora.
Em nota, Christopher Hewitt,
diretor de Serviços Climáticos da
OMM, afirma que o pior está por
vir. “O calor excepcional em ju-
nho e no início de julho ocorreu
no início do desenvolvimento do
El Niño, que deve alimentar ainda
mais o calor tanto na terra quanto
nos oceanos e levar a temperatu-
ras mais extremas e ondas de ca-
lor marinhas”, disse. “Estamos em
território desconhecido e podemos
esperar que mais recordes caiam à
medida que o El Niño se desenvol-
ve. E esses impactos se estenderão
até 2024. Essa é uma notícia preo-
cupante para o planeta.”
O Climate Watch Advisory, que
orienta os serviços meteorológi-
cos da Eurásia, destaca que, nas
próximas semanas, os registros
no Hemisfério Norte, onde é ve-
rão, atingirão de 35ºC a 40ºC. Os
Estados Unidos enfrentam, nes-
te fim de semana, uma onda de
calor “extremamente perigosa”,
de acordo com o Serviço Meteo-
rológico Nacional, com termôme-
tro marcando até 47°C. Não só a
Culpa não é só do El Niño
A onda de calor que tem afe-
tado boa parte do mundo não é
culpa apenas do fenômeno na-
tural El Niño. “O clima extremo
— uma ocorrência cada vez mais
frequente em nosso clima em
aquecimento — está tendo um
grande impacto na saúde hu-
mana, em ecossistemas, econo-
mias, agricultura, energia e abas-
tecimento de água. Isso destaca a
crescente urgência de reduzir as
emissões de gases de efeito es-
tufa o mais rápido e profunda-
mente possível”, disse, em nota, o
secretário-geral da Organização
Meteorológica Mundial (OMM),
Prof. Petteri Taalas. “Temos que
intensificar os esforços para aju-
dar a sociedade a se adaptar ao
que infelizmente está se tornan-
do o novo normal.”
Em fevereiro, por exemplo, a
temperatura começou a aumen-
tar e, em abril, o sudoeste da Eu-
ropa e o norte da África registra-
ram temperaturas acima de 40ºC,
em uma onda de calor recorde
para esta época do ano. Segundo
AFP
Novo verão nos Alpes
franceses: registros no
Hemisfério Norte podem
chegar a 40ºC
porção terrestre do globo baterá
recordes: a superfície do Mar Medi-
terrâneo deve ultrapassar 30ºC em
sua maior parte ocidental.
No Brasil, não houve ondas de
calor tão graves em 2023, mas os
boletins do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet) mostram
que, em quase todo o país, os ter-
mômetros ficaram acima da mé-
dia. Nas regiões costeiras, um es-
tudo da Universidade Federal de
um estudo da rede World Wea-
ther Attribution, o evento seria
praticamente improvável sem as
mudanças climáticas provocadas
pelo homem. Os cientistas con-
cluíram que as alterações asso-
ciadas às emissões de gases de
efeito estufa tornaram a onda de
calor pelo menos 100 vezes mais
provável, com temperaturas até
3,5°C mais quentes, em um ce-
nário sem mudanças climáticas.
Para chegar a essas conclusões,
os especialistas usaram registros
meteorológicos aplicados a um
modelo. Embora o evento de abril
tenha sido considerado incomum
pela equipe, a tendência é que fe-
nômenos do tipo se tornem ca-
da vez mais frequentes. “Com o
aquecimento do planeta, essas
situações se tornarão mais fre-
quentes e exigirão planejamento
de longo prazo, incluindo a im-
plementação de modelos agríco-
las sustentáveis e políticas eficazes
de gerenciamento de água”, disse,
em nota, Fatima Driouech, profes-
sora da Universidade Politécnica
São Paulo (Unifesp) afirma que,
nos últimos 40 anos, extremos de
temperatura aumentaram tanto
em frequência quanto em intensi-
dade. A pesquisa, publicada na re-
vista Scientific Reports, mostra
que, em quatro décadas, even-
tos do tipo cresceram 84% em
São Paulo, 100% no Rio Grande
do Sul e 188% no Espírito Santo.
Embora esses estados tenham re-
gistrado as maiores elevações, os
NASA’s Goddard Institute for Space Studies
Mohammed VI, do Marrocos, e um
dos autores do estudo.
Em março, os satélites do Coper-
nicus Sentinel-3 registraram uma
onda de calor severa no Uruguai e na
Argentina. Maio foi a vez da América
do Norte quebrar recordes de tempe-
ratura, com incêndios devastando
cientistas constataram a tendência
em todo o litoral brasileiro.
“O aumento de ondas de calor e
de frio tem vários impactos em to-
do o mundo, que vão desde o des-
conforto térmico até o aumento
de incêndios florestais, problemas
de saúde e da mortalidade de ani-
mais, plantas e dos seres huma-
nos, especialmente, idosos e pes-
soas em situação de vulnerabilida-
de”, destaca Ronaldo Christofoletti,
florestas nos Estados Unidos, no Mé-
xico e no Canadá. Em junho, Israel
e parte do Caribe sofreram com
ondas de calor — em Porto Rico, o
termômetro marcou 52º C. Agora,
o evento extremo atinge a Europa,
com o topo do globo, o Ártico, tam-
bém quebrando recordes.
Palavra de especialista
Sinal de alerta severo
“O mundo está aquecendo como
os cientistas previram, e a mudan-
ça climática antropogênica é a ra-
zão. Nós quebramos o aquecimen-
to de 1,5ºC periodicamente em ju-
nho — o que significa que não vio-
lamos o Acordo de Paris, pois isso
exige que as temperaturas médias
de longo prazo estejam consistente-
mente acima desse limite. Mas, di-
to isto, estamos chegando, e isso de-
ve ser um sinal de alerta severo de
que estamos entrando em um ter-
ritório desconhecido muito quen-
te. Atualmente, estamos com o El
Niño, que é um fenômeno natural
Estamos em território desconhecido e podemos
esperar que mais recordes caiam à medida que
o El Niño se desenvolve. E esses impactos se
estenderão até 2024.”
Christopher Hewitt, diretor de Serviços Climáticos
da Organização Meteorológica Mundial
coordenador da pesquisa e profes-
sor do IMar/Unifesp. “Estudos re-
centes demonstram um aumento
de quase 70% na mortalidade de
idosos devido ao calor intenso. Ao
longo dos últimos anos, foram vá-
rios casos de mortalidade por on-
das de calor, como visto em Espa-
nha, Canadá e Portugal.”
Fenômeno natural, o El Niño
ocorre periodicamente — o último
foi há quatro anos — e é causado
pelo superaquecimento da porção
equatorial do Oceano Pacífico. Pes-
quisas indicam, porém, que o even-
to tem sido intensificado pelas mu-
danças climáticas. “O El Niño ocor-
re naturalmente, mas, nos últimos
50 anos, eventos mais fortes acon-
teceram com maior frequência. A
mudança climática estava desem-
penhando um papel? Nossa pesqui-
sa se propôs a responder a essa per-
gunta”, contaWenju Cai, do Centro de
Mapa mostra anormalidades da
temperatura global no mês passado
Surtos
“O El Niño já chegou, e isso,
somado à crise climática, signi-
fica que o mundo experimenta-
rá novos recordes de temperatu-
ra e extremos climáticos”, desta-
ca a física climática Anna Cabré,
Editora: Ana Paula Macedo
anapaula.df@dabr.com.br
3214-1195 • 3214-1172
em que experimentamos tempera-
turas globais mais altas em média
e, portanto, não é surpresa que es-
tejamos ultrapassando temporaria-
mente os limites de 1,5ºC. Exigimos
uma ação urgente e uma redução
significativa nas emissões para evi-
tar que isso ocorra em longo prazo.
Esse é apenas um lembrete de quão
perto estamos chegando e quão sé-
rios são os impactos.”
Melissa Lazenby, professora
de mudanças climáticas na
Universidade de Sussex,
no Reino Unido
Pesquisa dos Oceanos do Hemisfério
Sul (CSHOR), na Austrália.
A equipe respondeu, segundo
ele, a uma dúvida que intriga pes-
quisadores há mais de três décadas.
“Os cientistas, há muito, observam
uma correlação entre os impactos
das mudanças climáticas nos ocea-
nos e na atmosfera e o aumento das
emissões de gases de efeito estufa
da atividade humana”, diz.
A pesquisa examinou quando
essa atividade pode ter começa-
do a tornar os eventos El Niño e
La Niña (resfriamento do Pacífico
Equatorial) mais extremos. “Nossa
análise profunda encontrou uma
relação entre a atividade de gases
de efeito estufa causada pelo ho-
mem e as mudanças no El Niño e
La Niña”, diz Cai. O estudo foi reali-
zado durante cinco anos e utilizou
43 modelos, que simulam o clima
na Terra desde 1901.
consultora de pesquisa na Uni-
versidade da Pensilvânia, nos Es-
tados Unidos. Ela cita possíveis
desdobramentos: “Impactos na
saúde, como surtos de malária,
nos ecossistemas (especialmente
corais), na infraestrutura (redes
energéticas em seus limites),
na segurança alimentar (que-
bra de safras afetando princi-
palmente pequenos agriculto-
res), nos conflitos (episódios de
calor intenso estão intimamen-
te relacionados a diferentes ti-
pos de violência), entre outros”.
O problema, alerta Cabré, é que
o planeta não está preparado pa-
ra lidar com essas temperaturas.
“Devemos cooperar para garan-
tir respostas imediatas às crises
que surgem, mas também en-
tender que reduções drásticas
nas emissões de gases de efeito
estufa são urgentes e que uma
adaptação sustentável de longo
prazo deve ser preparada levando
em consideração os riscos globa-
lizados e transfronteiriços.” (PO)
Cidades
+ política e economia no DF
Monitoramento preserva
ecossistema do lago
Ao contrário do que parece, não existe superpopulação de capivaras e jacarés na região do Paranoá. “O que vai definir o tamanho
de uma população são os recursos disponíveis”, destaca a pesquisadora Morgana Bruno, da Universidade Católica
» NAUM GILÓ
O
Lago Paranoá, além de
um espaço de lazer e es-
porte para o brasilien-
se, também é lar de cen-
tenas de espécies de animais
silvestres e exóticos, muitos es-
tão em contato direto com os
visitantes da região. É preciso
atenção a essas interações, que
podem causar desequilíbrios e
transmissão de zoonoses. Ques-
tionada pelo Correio, a Secreta-
ria de Meio Ambiente e Prote-
ção Animal do Distrito Federal
(Sema) informa que coordena
ações de monitoramento de
populações de animais nati-
vos e exóticos na região do
corpo d'água. São programas
que têm como objetivo produzir
conhecimentos que subsidiam
possíveis práticas de manejo e
educação ambiental.
Sobre ações de manejo, o Ins-
tituto Brasília Ambiental (Ibram)
informou que emite autorização
para essas práticas quando re-
quisitado. Essas autorizações só
são liberadas após a apresen-
tação de estudo demonstran-
do a necessidade do procedi-
mento, que deve ser executa-
do por profissionais habilita-
dos, vinculados às universida-
des e centros de pesquisas, que
utilizam metodologias específi-
cas relacionadas a cada estudo.
Vida selvagem
O analista ambiental do
Ibram, Thiago Silvestre, apon-
ta que os monitoramentos são
importantes porque o lago é um
ecossistema vivo, que tem liga-
ção com outros ecossistemas.
"Apesar de ser artificial, é abas-
tecido por outros cursos d'água,
incluindo o córrego do Bananal,
que nasce no Parque Nacional,
onde há forte presença de vi-
da selvagem, como capivaras,
De acordo com
especialistas não
há excesso de animais
que vivem na orla do
Lago Paranoá
serpentes, jacarés-de-papo-ama-
relo, e é óbvio que esses animais
vão chegar ao lago, onde há es-
paço para eles viverem", explica.
Sobre os últimos monitora-
mentos, feitos em parceria com
instituições científicas, Silvestre
revela que o instituto tem obti-
do bons resultados. Um estudo
concluído em maio de 2022 de-
monstrou que não há ocorrên-
cia de caramujos africanos na
região. Outro, finalizado em ou-
tubro do mesmo ano, monito-
rou a presença de capivaras no
lago e indicou que a população
do roedor está estável. "A saída é
a união entre a força da ciência e
o Poder Público, para não ficar-
mos batendo cabeça em busca
de soluções para eventuais pro-
blemas", destaca.
Ainda sobre os monitora-
mentos, Silvestre explica que o
trabalho é de suma importân-
cia para o levantamento de es-
pécies e a criação de novas áreas
de conservação. "Os monito-
ramentos podem ser provo-
cados por entes externos, co-
mo o Ministério Público, por
exemplo, ou feita como es-
tratégia de conservação pe-
lo Ibram. No momento, a de-
manda mais urgente é a cons-
cientização da população sobre
o contato com os animais silves-
tres e sobre o que é o manejo".
Manejo
A pesquisadora Morgana
Bruno, da Universidade Cató-
lica de Brasília (UCB), ressalta
que ações de manejos só são
indicadas após a conclusão
de estudos que comprovem
a necessidade do trabalho.
"O indicado é que tenha um
monitoramento para obser-
var as variações no ambiente.
Também é recomendado quan-
do há uma obra imobiliária,
urbana ou algo que cause
MEIO AMBIENTE
Minervino Júnior/CB/D.A.Press
Flagrante de um
jacaré tomando
sol no Deck Sul:
ecossistema
controlado
impacto e seja causa de dese-
quilíbrio no sistema", pontua.
Contudo, Morgana desta-
ca que a forma de fazer o ma-
nejo não envolve retirar o ani-
mal daquele local, matá-lo ou
castrá-lo. "Existem ações in-
diretas mais recomendadas,
eficientes e menos impactan-
tes, como diminuir a quantida-
de da comida que os animais
gostam naquela área", esclarece.
A pesquisadora foi respon-
sável pelo estudo de monitora-
mento sobre a população de ca-
pivaras que vivem no Lago Pa-
ranoá, mencionado por Thia-
go Silvestre. Diferentemente do
que muitos acreditam, não há
uma superpopu-
lação desses
animais na
região,
Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 •฀Correio฀Braziliense฀฀• 13
segundo o estudo "Identifica-
ção e monitoramento da po-
pulação de capivaras da orla
do lago Paranoá", solicitado
pela Secretaria de Meio Am-
biente e Proteção Animal do
Distrito Federal (Sema).
Ela adianta que o termo "su-
perpopulação" é antropocêntri-
co, não ecológico. "O que vai de-
finir o tamanho de uma popula-
ção são os recursos disponíveis. E
existem mecanismos do próprio
meio que vão fazer esse controle
da quantidade de indivíduos, co-
mo parasitas, disputa entre os ma-
chos e a disponibilidade de espa-
ço", explica Morgana.
Os jacarés que vivem no la-
go não são grandes o suficientes
para predar uma capivara adul-
ta. "Eles podem comer filhotes,
mas não em uma
escala suficiente para controlar
as quantidade de capivaras na-
quele ambiente. Esses répteis
costumam se alimentar mais de
peixes", diz a pesquisadora.
Apesar da ausência de pre-
dadores, a bióloga descarta a
possibilidade de um crescimen-
to exagerado da população dos
roedores. "Não há espaço e nem
recursos para que a população
cresça tanto. São animais que
não gostam de lugares mui-
to urbanizados e preferem
locais mais limpos", detalha.
De acordo com o estudo, a
quantidade dos roedores no
lago se mantém estável, osci-
lando de acordo com a época do
ano, em que haverá variação na
disponibilidade de alimentos.
O integrante da associação
civil A Vida no Cerrado (Avinc) e
pesquisador da Universidade de
Brasília (UnB), Vitor Sena, ressal-
ta que o plano de manejo é o do-
cumento técnico que toda uni-
dade de conservação tem que
ter, no qual há os fundamentos
dos objetivos gerais da unida-
de, estabelece zoneamento, nor-
mas do uso da água e da área e o
uso de outros recursos naturais.
"Importante lembrar que o Lago
Paranoá é uma Área de Proteção
Ambiental (APA) e tem um pla-
no de manejo. No entanto, este
não é necessariamente relacio-
nado a animais silvestres, exó-
ticos ou domésticos", pondera.
Fauna
Das 67 espécies de peixes que
vivem no Lago Paranoá, 15 são
exóticas. Fora os peixes, tam-
bém são conhecidas, na área
do Lago Paranoá, 18 espécies
de anfíbios, 13 de lagartos, três
de cobra-de-duas-cabeças, 33
espécies serpentes, duas espé-
cies de jacaré e cinco de tar-
tarugas, totalizando 74 espé-
cies, conforme os números
Editor: José Carlos Vieira (Cidades)
josecarlos.df@dabr.com.br e
Tels. : 3214-1119/3214-1113
Atendimento ao leitor: 3342-1000
cidades.df@dabr.com.br
fornecidos pelo Instituto Brasília
Ambiental (Ibram).
Para o grupo das aves foram
registradas 71 espécies, sendo as
mais comuns a garça-branca-
grande, garça-branca-pequena,
biguá, martim-pescador-grande
ou matraca, marreca-de-pé-ver-
melho e garça-faceira. Ao todo
foram registrados 52 mamífe-
ros, entre elas lontra, capivara,
cuíca-d’água e o rato-d’água.
Nas margens semi-urbanizadas
é possível encontrar mico-estre-
la, gambá-de-orelha-branca, pe-
quenos roedores e morcegos de
espécies frugívoras e nectarívoras.
A introdução de espécies
exóticas no Lago Paranoá ini-
ciou-se já no ano seguinte
ao seu enchimento, segundo
o Brasília Ambiental. Entre
março e dezembro de 1960,
foram lançados no reserva-
tório um total de 145 mil tilá-
pias do Congo ( Tilapia ren-
dalli), 6,5 mil black-bass
(Micropterus salmoides);
7 mil bluegill (Lepomis ma-
crochira); 5 mil mandi ama-
relo (bagre não identifica-
do) e 12 reprodutores de
piapara (espécie da Família
Anostomidae - piaus).
Ao longo das décadas se-
guintes, o processo de inserção
espécies exóticas continuou,
com a introdução de carpas
asiáticas; os amazônicos tu-
cunaré, tamoatá e tambaqui;
e os bluegills e black-bass, ori-
ginários da América do Norte.
O próprio instituto reconhece
que os animais invasores (in-
troduzidos no passado) podem
trazer danos para a fauna nativa,
uma vez que esse animais compe-
tem com as espécies silvestres na-
tivas por espaço e alimentação,
transmitem doenças, podem cau-
sar prejuízos em lavouras, provo-
car erosão e destruição de nas-
centes e da vegetação nativa e
caçar ou ferir animais nativos.
Divulgação/Operações Lacustres/PMDF
14 • Cidades • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Correio Braziliense

Eixo Capital ANA MARIA CAMPOS

anacampos.df@dabr.com.br

Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Viagem ao paraíso
A primeira-dama do DF, Mayara Noronha Rocha, postou
ontem nas redes sociais uma foto da viagem ao paraíso
no Mediterrâneo. Ela e o marido, o governador Ibaneis
Rocha (MDB), com os filhos, estão na ilha grega Mykonos, À QUEIMA-ROUPA
em pleno verão. Todos no DF esperam que Ibaneis volte
inspirado para o segundo semestre. Na semana passada, ele RAONI MACIEL, PROMOTOR
comemorou o aniversário de 52 anos na viagem à Europa. DE JUSTIÇA QUE ATUA
NO TRIBUNAL DO JÚRI DE
BRASÍLIA
Arquivo Pessoal

Pauta animal faz

Reprodução/Instagram
sucesso no PPA
Na rodada de consulta do PPA (Plano Plurianual) Participativo,
promovido pelo governo federal para saber quais são as
prioridades das pessoas para os próximos quatro anos, no
Comunicação pública e de governo “O feminicídio é um subproduto de
uma sociedade violenta e machista.
ranking de votações, até o momento, direitos animais é a pauta Até o fim deste mês estará no ar o canalgov, da EBC, totalmente Na minha experiência profissional
número um quando se trata de interesses coletivos e difusos. O voltado para notícias e informações do governo federal. A vejo nos feminicidas egoísmo e
tema principal é a política nacional de controle populacional TV Brasil voltará assim a ser uma emissora de comunicação misoginia. São assassinos covardes e
de cães e gatos. Perde apenas para as pautas corporativas, pública, com programação infantil, cultural, de entretenimento que não reconhecem a vítima como
como salários, concurso, carreira. A votação termina hoje. e jornalística. O canalgov transmitirá solenidades oficiais e sujeito de direitos, como ser humano
entrevistas de autoridades, além de noticiar ações do governo autônomo e que merece ser feliz”
e programas como Conversa com o Presidente e Bom Dia,
Ministro. A programação da TV Brasil e da então NBR foi
unificada no governo anterior e, com a volta dos dois canais, Só neste ano, registramos 20
Thais Magalhães/CBF a EBC cumpre a recomendação do GT de transição de dividir feminicídios no DF, mais que em todo
claramente a comunicação pública da comunicação de governo. o ano passado. É uma epidemia?
Não gosto da analogia. Primeiro
porque epidemias são fenômenos
Prêmio ABDI Anatel naturais, e o feminicídio é um ato
humano e antinatural, perverso. Mas
de redes privativas principalmente porque se fosse uma
epidemia, seria no Brasil uma epidemia
Os presidentes da
Divulgação/Rachel Porfírio

secular. Em 1873, o desembargador

Agência Brasileira alagoano José Candido matou
de Desenvolvimento “Mariquinha”, vítima do Maranhão, e
Industrial (ABDI), hoje o nome do crime seria feminicídio.
Igor Calvet, e da Vamos menos longe, o assassinato de Ana
Agência Nacional de Lídia ocorrido aqui no DF em 1973 seria,
Telecomunicações hoje, um caso de feminicídio.
(Anatel), Vinícius
Caram, anunciaram Acha que aumentar a pena pode ser uma
Critérios iguais para mulheres o Prêmio ABDI
Anatel de redes
solução para coibir esse tipo de crime?
Um sociedade violenta como a
A deputada distrital Doutora Jane (MDB), procuradora Especial da Mulher privativas, concurso brasileira não pode se dar ao luxo
na Câmara Legislativa, sugeriu que a Casa e o Governo do DF adotem que selecionará, em de ser tão condescendente com os
ponto facultativo em dias de jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo quatro categorias, assassinos. Precisamos rediscutir as
feminino que ocorre na Austrália e Nova Zelândia, a partir de quinta-feira. os melhores penas e o modelo de progressão de
Em memorando enviado ontem ao presidente da Casa, Wellington Luiz usos de redes regime, para todos os homicídios, e
(MDB), a distrital afirma que a Seleção Feminina de futebol tem conquistado privativas sem fio principalmente para os feminicídios.
feitos admiráveis em competições internacionais, o que dá orgulho à nação no Brasil. A parceria entre a ABDI e a Anatel, cujo resultado
e inspira milhares de jovens atletas. Ela defende o mesmo tratamento será anunciado em 11 de agosto, coletará informações Por que homens matam mulheres
dado aos jogos da Seleção Brasileira Masculina. As brasileiras estreiam no dos serviços utilizados para mensurar o impacto que as que deveriam amar?
Mundial contra o Panamá, em 24 de julho, uma segunda-feira, às 8h. Na redes de telecomunicação voltadas a soluções específicas O feminicídio é um subproduto de
primeira fase, a Seleção disputará três jogos, sendo dois deles em dias úteis. têm nos negócios do setor produtivo nacional. uma sociedade violenta e machista. Na
minha experiência profissional vejo nos
feminicidas egoísmo e misoginia. São
Ed Alves/CB/DA.Press
assassinos covardes e que não reconhecem
a vítima como sujeito de direitos, como ser
Muito trabalho humano autônomo e que merece ser feliz.
O ex-secretário de Segurança Pública do DF Júlio Danilo assumiu a
Coordenação-Geral de Repressão a Drogas, Armas, Crimes Contra Quais são as evidências que indicam
MANDOU BEM o Patrimônio e Facções Criminosas da Polícia Federal (PF). Em sua que um homem pode matar?
Depois de muita discussão, equipe estão colegas da PF que atuavam também na Secretaria Estudos da Secretaria de Segurança
o Congresso aprovou a de Segurança até o fim do ano passado. É uma área com bastante Pública do DF mostram que mesmo
recomposição salarial das demanda, tanto a nível nacional quanto internacional. Danilo sem registro de ocorrência anterior ao
forças de segurança do DF. apresentou na PF um Plano de Enfrentamento à Criminalidade feminicídio, no mais das vezes houve
Violenta, aprovado pelo Ministério da Justiça, que deverá ser alguma violência pretérita, seja física,
anunciado oficialmente nos próximos dias. Consiste, basicamente, moral, patrimonial ou mesmo sexual.
na implementação de Forças Integradas de Combate ao Crime Portanto, numa frase: um homem que
Organizado nos 27 Estados, que proporcionará a integração comete crimes previstos na Lei Maria
entre forças de segurança estaduais e federais, e a abertura de da Penha é um homem perigoso.
mais cinco unidades dos Grupos de Investigações Sensíveis
(totalizando 20 em todo país), que desenvolvem investigações Em geral, os jurados no DF são
MANDOU MAL de maior abrangência sobre tráfico de drogas, tráfico de armas e rigorosos ou têm condescendência
O deputado Eduardo Bolsonaro facções criminosas. “Grandes desafios pela frente”, conta Danilo. com os feminicidas?
(PL-SP) comparou professores Extremamente rigorosos. Nos
com traficantes e deixou muitos tribunais do júri do Distrito Federal,
profissionais indignados. feminicidas e seus defensores já não
cogitam qualquer absolvição fundada
em argumentos emocionais. Em mais
“Que governadores
de uma década de atuação, nunca
héteros de direita e extrema-direita “Manifestação vi por aqui a tal ‘legítima defesa da
fizessem isso já era esperado. Mas de um gay? deprimente e cheia de honra’ tendo espaço.
Se bem que gays com homofobia internalizada em preconceitos em incontáveis
geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao direções… e que em nada contribui
ENQUANTO ISSO… autoritarismo e aos uniformes. Se for branco
Acredita que o futuro é promissor
NA SALA DE JUSTIÇA para construir uma sociedade ou não há luz no fim do túnel?
e rico então… Tá feio, bee” com mais respeito e tolerância.
A pedido dos conselheiros Eu vou insistir sempre: não
Rodrigo Badaró e Rogério Ex-deputado federal e ex-BBB Jean Wyllys sobre a decisão Jean Wyllys, eu lamento a sua podemos confundir a visibilidade
Varela, o Conselho Nacional do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite ignorância” maior de um crime com incremento de
(PSDB), de manter as escolas sua ocorrência. O tipo penal foi criado
do Ministério Público (CNMP) Governador do Rio Grande do
cívico-militares Sul, Eduardo Leite (PSDB) em 2015, não temos uma série histórica
afastou liminarmente um
promotor de Justiça do Paraná suficiente para dizer categoricamente
que descumpriu 101 vezes as que há aumento nessa oscilação que
medidas protetivas concedidas à estamos vendo. Há luz sobre essa
ex-mulher. A decisão foi tomada tragédia, ela está em discussão e não
pelo corregedor nacional do é mais um assunto ignorado ou pior,
Ministério Público, Oswaldo proibido. Isso deve nos dar esperança.
SÓ PAPOS Isso me dá esperança, porque para
D'Albuquerque, depois que uma
Carlos Vieira

resolver um problema precisamos

Divulgação

matéria do Globo apontar que o

promotor Bruno Vargas agrediu encará-lo de frente e é o que estamos
a ex-esposa de várias formas. fazendo aqui no Distrito Federal.

Acompanhe a cobertura da política local com @anacampos_cb

 Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • 15

Programa para jovens jornalistas

O Correio Braziliense
realiza a primeira edição
do curso Jornalismo na Prática,
um programa de treinamento
para jovens profissionais que
estão ingressando na área.

A primeira turma receberá

formação teórica e prática
para a cobertura de
saúde no Brasil.

Fique atento ao período de inscrições que

o jornal apresentará nos próximos dias.

realização:
apresentado por:
16 • Cidades • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Correio Braziliense

Crônica da Cidade
SEVERINO FRANCISCO | severinofrancisco.df@dabr.com.br

O apagamento Graça é uma nordestina tenaz e apai-

xonada, autora de alguns ensaios es-
senciais para conhecer e compreender
O livro de Graça é, a um só tempo, re-
portagem, ensaio, arqueologia cultural,
investigação histórica, romance de sus-
construção da capela. Sem essa ação,
possivelmente, muito elementos po-
deriam se perder para sempre.
da construção da Igrejinha e, ao mes-
mo tempo, entrelaça a história do tem-
plo com a história de Brasília e com a

de Volpi a arte, a arquitetura e os artistas que

A matéria de O apagamento de Vol-
pi, de Graça Ramos (Tema Editorial), é
um crime cultural. Quatro anos depois
da inauguração, as pinturas de Volpi nas
paredes da Igreja Nossa Senhora de Fá-
tima, a nossa Igrejinha da 307 Sul, fo-
ram apagadas por freis e fiéis, com
baldes, buchas, espátulas e pincéis. O
episódio permaneceu na condição de
trauma e enigma na história da cidade.
Não poderia haver alguém mais quali-
ficada para enfrentar o desafio de des-
vendar o mistério da Igrejinha.
construíram Brasília: Palácio do Planal-
to (ITS), Burle Marx (Coleção Brasilien-
ses) e Maria Martins – Escultora dos tró-
picos (artviva), finalista do Prêmio Jabu-
ti em 2011, na categoria ensaio de arte.
Mas voltemos à Igrejinha da 307 Sul.
Situada no meio de uma praça aberta, ela
tem o intimismo de uma capela de cidade
do interior, com brincadeira das crianças
nas colunas e cachorro na porta. Pousa
na quadra com a leveza de um chapéu
de freira. Foi erguida, a toque de caixa,
de março a junho de 1958, para atender
a uma promessa da então primeira-da-
ma, Sara Kubistchek, que fizera uma pro-
messa a Nossa Senhora de Fátima.
pense, reflexão estética, diário de pes-
quisadora e memória afetiva. Os pais
dela eram profundamente católicos e
frequentadores da igrejinha.
Oscar Niemeyer, Volpi, Juscelino Ku-
bistchek, Mario Pedrosa (o crítico in-
fluente que bancou Volpi) e a igreja ca-
tólica são personagens da trama confli-
tuosa, tensa e delicada que envolveu a
construção do templo.
Durante os três anos da pandemia,
Graça aprendeu a pesquisar de ma-
neira virtual. Acordava, dormia e so-
nhava pensando naquilo: o apaga-
mento dos painéis de Volpi na Igreji-
nha. É preciosa a reconstituição que
empreende da história não oficial de
Além disso, com agudeza, ela mos-
tra que o mural de Volpi está ancora-
do na tradição da iconografia religiosa
e, ao mesmo tempo, rompe com a con-
venção. E especula que, embora fugaz,
a experiência brasiliense de Volpi teria
impactado a produção posterior do ar-
tista, que é um dos grandes mestres da
cor na pintura brasileira.
É admirável a maneira respeitosa
com que Graça trata os devotos da igre-
ja católica, em um esforço de compreen-
são do ponto de vista do outro, mesmo
discordando completamente do dog-
ma religioso e defendendo a liberdade
de expressão artística.
Graça passeia por múltiplos aspectos
história do Brasil. A imagem que a gen-
te tem da Igrejinha, com a memória do
painel de Volpi destruído ou com a nova
versão de Galeno, é de uma festa no céu.
Mas o livro é a história de uma falha e de
uma falta. Tanto assim é que todas as fo-
tos estão em preto e branco esmaecido.
O apagamento do painel de Volpi na
Igrejinha é a primeira distopia da ci-
dade-utopia. Escrito com instinto de
repórter, imaginação de ensaísta e ta-
lento de escritora, o livro de Graça Ra-
mos é muito rico em informações, re-
flexões, intuições, impressões e espe-
culações. É uma declaração de amor a
Brasília, mas de maneira extremamen-
te crítica e provocadora.

AGRICULTURA / Seu aproveitamento pode ser feito de forma integral: fruta, folhas, caule e "coração". É base
também para peças de artesanato que são vendidos fora do DF, no Rio e em São Paulo

Banana vira ganha-pão para produtores rurais

Minervino Júnior/CB/D.A.Press Minervino Júnior/CB/D.A.Press
» LAEZIA BEZERRA

A
bundante na agricultura
do Distrito Federal, a ba-
naneira é uma planta que
pode ser aproveitada inte-
gralmente (fruta, folhas, tronco e
“coração”). Todas essas partes po-
dem ser usadas na produção de ali-
mentos para humanos e animais,
assim como para a produção de re-
médios veterinários naturais e sua
fibra no artesanato. Além de ser ri-
ca em amido, vitaminas e nutrien-
tes é excelente fonte de renda.
De acordo com a Empresa de As-
sistência Técnica e Extensão Rural do
Distrito Federal (Emater-DF), a área de
cultivo da banana no DF, só perde pa-
ra o plantio da goiaba. Em 2022, foram
produzidas5.643,63toneladasdafruta
em 276,25 hectares de terras em áreas
rurais ocupadas por 835 produtores.
O aproveitamento mais comum é
o da fruta, que pode ser consumida
crua, assada, frita, desidratada, em
farinha, em purê, em doces, bolos,
sorvetes e até como bife feito com a
casca da banana. Mas a bananeira
tem mais usos possíveis do que a ex-
ploração apenas da banana. Além da
variedade enorme de pratos, é usada
na produção de adubo, e sua fibra na
produção de itens artesanais.
“A bananeira é uma planta incrí-
vel e pode ser aproveitada por com-
pleto. Por ser versátil, cria alternativas
para uma alimentação diversificada,
agrega valor com a possibilidade da
fabricação de vários produtos e isso
pode ser uma oportunidade de me-
lhoria de renda e qualidade de vida
para as pessoas, principalmente para
a produção na agricultura familiar”,
ressalta a extensionista da Emater-
DF Selma Tavares.
Suas folhas grandes, antiade-
rentes e impermeáveis são utiliza-
das na culinária como embrulho
para cozinhar ou assar. Um exem-
plo está na culinária de Minas Ge-
rais com a “Cubu”, uma broinha
assada na folha da bananeira e
no cozimento do abará na Bah-
ia. Serve também como decora-
ção em arranjos, vasos e como for-
ro de mesas, pratos e ornamenta-
ção, na alimentação de animais e
nas compostagens. “Seu “umbigo”
ou pendão que fica na parte infe-
rior à penca de bananas, também
conhecido como “coração”, pode
ser utilizado em refogados, faro-
fas, tortas, guisados e de forma ca-
seira, as pessoas usam no preparo
de xarope”, destaca Selma Tavares.
Outra parte importante da ba-
naneira é o pseudocaule, de onde
Valdira Sena descobriu na banana uma fonte de renda para a família
podem ser extraídas cinco tipos de fi-
bras diferentes do tronco, uma ma-
téria-prima bastante versátil e
que tem gerado renda e quali-
dade de vida para mulheres ru-
rais com a produção de artesa-
nato. “Por ter fibras de variados
tipos de maciez, são usadas no
artesanato em forma de trançados,
cestarias, bolsas, pufes, papel arte-
sanal, tapete e outros itens”, destaca.
Artesanato
Desde de 2020, por meio da
Emater-DF, um grupo de mulhe-
res que moram no assentamen-
to Pequeno William, em Planal-
tina, está sendo capacitado para
produzir artesanato com a fibra
da bananeira. No curso, as arte-
sãs aprenderam a manipular e
colher o pseudocaule, retirar e
identificar as diferentes fibras, fa-
zer trançados, tingir e confeccio-
nar peças usando também ou-
tros recursos naturais.
Valdira Sena dos Santos, 38 anos,
moradora do assentamento desde
2011,descobriunabananeiraumafon-
te de renda para ajudar no sustento de
O produtor Rogério Antônio vende a fruta e mudas de bananeira
Minervino Júnior/CB/D.A.Press
conhecimento, aprendizado e uma
fonte de renda para ajudar nas des-
pesas.“A bananeira nos ensinou uma
atividade importante, o artesanato
que é confeccionado de maneira
sustentável, sem causar prejuízo al-
gum ao meio ambiente”, conta.
Produção
Para o produtor rural Rogério An-
tônio da Silva, 48, morador há 25
anos do Núcleo Rural Taquara, em
Planaltina, a bananeira além de ofe-
recer diversas possibilidades e ser
fonte de renda, produz um fruto po-
Artesanato feito da fibra da banana é vendido por até R$ 250 pular e indispensável na mesa da
maioria das pessoas. O agricultor vi-
ve no local com a esposa e dois filhos.
sua família. Ao lado de outras mora- Aprendemos a fazer artesanato e Antes de plantar bananeira, ele culti-
doras da região, ela produz diversos ti- multiplicamos isso para outras mu- vava eucalipto, mas enxergou na ba-
pos de artesanato com a fibra doada lheres. Queremos formar uma gran- nana, uma excelente oportunidade
pela Emater. As peças variam de pre- de rede de artesãs na região, fortale- de empreendimento.
ço, entre R$ 5 e R$ 250. São vendidas cer nossa história no assentamento. Em sete hectares de terra, ele ini-
em feiras populares, exposições e já O dinheiro arrecadado com as peças ciou, há seis anos, uma plantação
foram levadas até para outros estados, ajuda muito no sustento de nossas de bananas, que cultiva em parce-
como Rio de Janeiro e São Paulo. famílias. Além disso, criar cada ob- ria e sociedade com os três irmãos,
“Nossa produção ainda é peque- jeto é uma terapia”, destaca. e que atualmente rende 2 mil caixas
na, não temos matéria-prima, tudo Sylvaneide Pereira dos Santos, por mês do produto, com uma ren-
que produzimos é com a fibra doa- 29, conta que a bananeira possibi- da anual de R$ 180 mil. Além da fru-
da pela Emater e outros parceiros. litou a ela e ao grupo de mulheres, ta, a família de Rogério comercializa
“A bananeira é uma
planta incrível e
pode ser aproveitada
por completo. Por
ser versátil, cria
alternativas para
uma alimentação
diversificada,
agrega valor com
a possibilidade da
fabricação de vários
produtos e isso pode
ser uma oportunidade
de melhoria de renda”
Selma Tavares, extensionista
da Emater-DF
também mudas de bananeira. So-
mente em 2022, o faturamento foi
de R$ 110 mil com os brotos.
Segundo o agricultor, as bananas
produzidas pelos irmãos são vendidas
na feira de Planaltina, para clientes fi-
delizados, e há períodos em que a pro-
dução é insuficiente para atender toda
aclientela,mesmocomumaplantação
tãovasta.“Éumabananadiferenciada,
saborosa,muitodoceeumdosprodu-
tosmaisprocuradosdaregião.Àsvezes,
a demanda é tão intensa que não con-
sigo atender”, conta.
Rogério explica que o cultivo
em suas terras é feito de forma
muito consciente, responsável e
com muito amor pelas bananei-
ras, com nutrição, correção do so-
lo, irrigação, adubação e pulveriza-
ção feita com drone, trabalho que
ele realiza diariamente com os ir-
mãos. Ele destaca, ainda, que pa-
ra colher um cacho de banana no
ponto de consumo, é necessário
aguardar um período de 10 a 12
meses e pode ser vendido por cer-
ca de R$ 50 chegando a R$ 100, de-
pendendo do tamanho.
“São diversas as possibilidades
que a banana nos proporciona. É
um negócio prazeroso, um privilé-
gio esse tipo de plantação. Além de
tirar meu sustento e da minha famí-
lia, sinto satisfação em produzir um
alimento tão especial, como a bana-
na”, destaca Rogério Antônio.

Obituário
Envie uma foto e um texto de no máximo três linhas sobre o seu ente querido para: SIG, Quadra 2, Lote 340, Setor Gráfico. Ou pelo e-mail: cidades.df@dabr.com.br
Sepultamentos realizados em 15 de julho de 2023

» CAMPO DA ESPERANÇA Alessandro Jesus da Silva, 53 anos
Antônio Rafael Gomes de
Dorival João Kruger, 75 anos
Sousa, 30 anos
Júlia Ferrini Rodrigues,
Arisantina de Souza, 84 anos
menos de um ano
Aurora Ferreira do
Maria de São José dos Santos,
Nascimento, menos de um ano
76 anos
Claudete de Freitas Ferreira,
Miguel Simaan Vasconcelos,
48 anos
menos de um ano
Feliciano Caetano de Faria,
Norma Pires Chrisostomo,
81 anos
91 anos
João de Jesus , 70 anos
» TAGUATINGA Joaquim de Araújo Neto, 79 anos
José da Silva Oliveira, 73 anos
Agenor Gomes de Almeida,
Josefa Taveira da Silva, 65 anos
85 anos
Judson Carlos Soares da Esthela Luiza da Ressurreição João Batista Galeno Carvalho, Djalma de Souza Costa, 66 anos
Silva, 37 anos Farias Gomes, 10 anos 68 anos Aparecida Moura Pontes, 49 anos
Luiz Carlos Fabiano Vieira, Mayara Vieira da Silva,
» SOBRADINHO » Cremação
64 anos 30 anos
Maria do Carmo de Deus Benjamim Fernandes Hisako Shiraishi, 89 anos
» PLANALTINA
Silva, 84 anos Oliveira, menos de um ano Celina Werneck Genofre
Natalina Moreira da Silva, Ilauro Salustiano Santos, 75 Gonçalves, 77 anos
» JARDIM METROPOLITANO
74 anos anos Álvaro Luiz Chan Jorge,
José de Albuquerque, Paulo Hubner Miranda, 60 anos
» GAMA
85 anos 50 anos Tania Margareth Nunes
Ana Lúcia da Silva Santa, Pedro Silva Leite, 71 anos Enok Avelino da Cunha, Milhomens, 68 anos
42 anos 62 anos Luiz Roberto Pazinato,
Antonio Fernando Rodrigues, » BRAZLÂNDIA 66 anos
Hortência Ferreira da Silva,
71 anos Ireni Pereira da Silva, 64 anos 52 anos Jacyra Serrão Vilar, 87 anos

O Correio reunirá, na próxima quinta-feira, autoridades e especialistas para discutirem formas de combate à violência
doméstica. Só neste semestre, 20 mulheres foram brutalmente assassinadas no Distrito Federal
Como conter onda de feminicídio
» MILA FERREIRA
O
Correio Braziliense
promoverá, na próxima
quinta-feira, um even-
to em que serão deba-
tidas formas de enfrentamento
ao feminicídio. Esta é a segun-
da vez que o jornal promove
um debate para discutir o te-
ma tão preocupante para a so-
ciedade. Estarão presentes au-
toridades, como a governa-
dora em exercício do Distrito
Federal, Celina Leão (PP) e o
secretário de Segurança Pú-
blica, Sandro Avelar. O even-
to, “Combate ao Feminicí-
dio: Uma Responsabilidade
de Todos” acontecerá a par-
tir das 14h, no auditório do
jornal, e terá transmissão ao
vivo nas redes sociais.
O debate será mediado pe-
la jornalista e titular da co-
luna Eixo Capital, Ana Maria
Campos, e pelo editor de Polí-
tica e Brasil, Carlos Alexandre
de Souza. Para acompanhar o
evento presencialmente, bas-
ta se inscrever acessando o
QR Code ao lado.
A primeira edição do semi-
nário ocorreu em 7 de março, e
contou com a presença da minis-
tra da Igualdade Racial, Anielle
Franco, e do secretário-executivo
do Ministério da Justiça e Segu-
rança Pública, Ricardo Cappelli,
além de outras autoridades lo-
cais e nacionais. O debate tem
NOVA
TEMPORADA
NIKOLE NO COMANDO
VEM QUE EU TÔ TE VENDO!
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
o intuito de reunir autoridades
da área da Justiça e da Seguran-
ça para estimular e fomentar um
ambiente seguro de acolhimen-
to às mulheres e enfrentamen-
to da onda de feminicídios, que
tem crescido no DF.
Além da governadora em
exercício e do secretário de
Segurança, estarão presentes
a assessora internacional do
Ministério das Mulheres, Rita
Lima; a integrante da Executiva
Nacional da Associação Brasi-
leira de Juristas pela Democra-
cia (ABJD) e ativista pela Frente
de Mulheres Negras no DF, Ve-
ra Lúcia Santana Araújo; a de-
fensora pública e chefe do Nú-
cleo de Promoção e Defesa dos
Direitos das Mulheres, Antô-
nia Carneiro; a perita criminal
Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Cidades • 17
e diretora da Divisão de Perícias
Externas do Instituto de Cri-
minalística, Beatriz Figuei-
redo; a presidente da Co-
missão de Enfrentamento da
Violência Doméstica da Or-
dem dos Advogados do Brasil
(OAB-DF), Cristina Tubino; o
promotor de Justiça do Distri-
to Federal Daniel Bernoulli e a
delegada-chefe da Delegacia de
Debate do
Correio Braziliense
sobre feminicídio
Celina participou
do primeiro debate
promovido pelo Correio
sobre o combate ao
feminicídio e estará
também na segunda
edição do evento
Atendimento à Mulher (DEAM),
Letízia Lourenço.
Para Antônia Carneiro, a
atuação do Estado deve come-
çar desde os primeiros deli-
tos praticados contra mulhe-
res vítimas de violência domés-
tica. “Além disso, o enfrenta-
mento ao feminicídio demanda
uma atuação multidisciplinar e
multissetorial, não apenas no
24 JULHO
11:45
âmbito das políticas públicas
de intervenção secundária e
terciária, que incidem especial-
mente após a ocorrência dos
delitos, mas também no âmbito
das políticas públicas de inter-
venção primária, a fim de evi-
tar que o próprio crime ocorra”,
destacou a defensora pública.
De janeiro de 2023 até o mo-
mento, 20 mulheres foram víti-
mas de feminicídio no Distrito
Federal. O número de vítimas é
maior do que o registrado du-
rante todo o ano de 2022, quan-
do 17 mulheres foram mortas por
questão de gênero.
O crime
De acordo com a Lei nº 13.104,
de 9 de março de 2015, o que ca-
racteriza o feminicídio é a con-
dição da mulher em relação ao
seu algoz. O crime pode ser ca-
racterizado pelo sentimento de
posse ou ainda pelo simples fa-
to de ocorrer em decorrência do
gênero. A Secretaria de Seguran-
ça explica que os casos de vio-
lência contra a mulher são defi-
nidos por uma Câmara Técnica,
que avalia uma a uma as ocor-
rências. O órgão explica que a
qualificação pode mudar, de
acordo com andamento das
investigações ou, ainda, se-
gundo o entendimento da Jus-
tiça, uma vez que o feminicí-
dio é um qualificador para o
crime de homicídio.
 18 • Cidades • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Correio Braziliense
Arquivo Público DF
Fotos do livro Bernardo
Sayão, caminhos, afetos,
cidades, do escritor e
jornalista Sérgio de Sá
O homem que
Arquivo Pessoal
interiorizou o Brasil
» NAHIMA MACIEL
Livro do jornalista
F
oi, sobretudo, afetivo o ca-
minho seguido pelo jor-
Sérgio de Sá,
nalista Sérgio de Sá para
escrever Bernardo Sayão
neto de Bernardo
— Caminhos, Afetos, Cidades,
que tem lançamento marca-
Sayão, retoma
do para amanhã no Gentil Ca-
fé. Longe de ser uma biografia,
histórias e
o livro funciona como uma sé-
rie de crônicas sobre a vida do
episódios de um
engenheiro que ficou conheci-
do pela construção da estrada
dos desbravadores
Belém-Brasília e pela morte trá-
gica, mas foi também um pio-
mais importantes
neiro da interiorização do Bra-
sil e uma figura chave na cons-
do país no
trução de Brasília.
Sérgio de Sá é neto de Ber-
século 20
nardo Sayão. Filho de Lia, uma
dos seis filhos do engenheiro, e sobrinho de Léa,
autora de Meu pai, Bernardo Sayão, ele não che-
gou a conhecer o avô, mas cresceu com o ouvi-
do grudado nas histórias míticas contadas por
tios e pela avó, Hilda, com quem chegou a mo-
rar por um tempo. Tirar o avô do lugar mitológi-
co e colocá-lo na realidade do cotidiano foi um
dos desafios na escrita do livro.
Bernardo Sayão — Caminhos, Afetos, Cida-
des não é uma biografia nem se apega a contar
sequências cronológicas da vida do desbrava-
dor, mas transforma em pequenas crônicas mo-
mentos emblemáticos, alguns mais conhecidos
que outros, da trajetória do personagem. “A ideia
desse formato é que fosse uma coisa leve, que as
pessoas lessem como pequenas crônicas da vida
dele que pudessem, juntas, dar uma dimensão
biográfica que me parece que pode fazer algum
sentido”, explica o autor.
Abre o livro o acidente que levou à morte
do engenheiro, à beira da Belém-Brasília em
construção, na divisa entre o Pará e o Mara-
nhão. Um galho de jatobá teria despenca-
do de 40 metros sobre o corpo de Sayão, que
Arquivo Pessoal
ainda foi socorrido por um helicóptero, mas
morreu durante o voo, em uma tarde de janei-
ro de 1959. Há várias versões para esse mo-
mento e Sérgio de Sá se debruçou sobre todas
elas, em um exercício de checagem de fatos
e investigação de tudo já escrito sobre o avô,
postura que conduz o neto por todo o livro.
Sayão foi perfilado por grandes escritores, co-
mo John dos Passos, para a revista Life, Virgi-
nia Prewett, para a Seleções do Reader’s Digest,
e Antonio Callado, para a Visão. Este último
também faria do pioneiro um dos persona-
gens do romance Quarup. Na ficção, aparece
ainda em Cidade livre, de João Almino. E em
crônicas, é personagem frequente de auto-
res como Conceição Freitas e Luz Clemente.
Fotografias —muitas inéditas e guardadas
no acervo familiar, outras pouco vistas e per-
tencentes a arquivos públicos — abrem os ca-
pítulos numa reconstituição iconográfica do
homem, mas também da família. Elas estão as-
sociadas às histórias narradas, mas não são ne-
cessariamente descritivas dos episódios. Nessa
pesquisa de imagens, o autor se deparou com
Correio Braziliense • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Cidades • 18
um registro histórico do momento que selou
para sempre a entrada de Bernardo Sayão pa-
ra a história do Brasil. Em 1941, ele recebeu de
Getúlio Vargas o convite para integrar a Mar-
cha para o Oeste e “levar o Brasil para dentro
de si mesmo”, como escreve Sá.
Foi o início de uma saga que terminaria na
Belém-Brasília, passaria pela fundação da ci-
dade de Ceres, antes Colônia Nacional de Goiás,
por uma breve passagem pela política goiana,
pela Novacap, da qual Sayão foi diretor, e pela
construção de Brasília, como espécie de emis-
sário de Juscelino Kubitschek nos canteiros de
obras. “É um livro que organiza coisas esparsas”,
avisa o autor, que também precisou dissociar
afeto e história, mito e avô, para dar conta do
personagem. “A pesquisa e a leitura me fizeram
ver um homem mais real”, conta. “Ele era mui-
to mítico, mesmo para mim, meu avô, esse ca-
ra cujo sobrenome chama tanto a atenção. Para
mim, também era uma narrativa um pouco eté-
rea, como se ele, de alguma maneira, não tivesse
existido, porque as pessoas, ao falar dele, falam
sempre de uma maneira, saudosa, reverencial.
Mas ele existiu na dimensão concreta, do dia a
dia de um pai afetuoso ou de um cara que pre-
cisa lidar com questões financeiras”, acrescenta.
Aventureiro corajoso
As histórias da construção da Belém
-Brasília e da própria capital são mais co-
nhecidas, mas é nos episódios menos es-
petaculares descritos no livro que estão os
indicativos mais reveladores da construção
do aventureiro corajoso que ajudou a des-
bravar e povoar a região central do país. A
viagem empreendida por Bernardo Sayão
em 1939, de carro, do Rio de Janeiro até o
Araguaia, com a irmã e as duas filhas do
primeiro casamento, Laís e Léa, em férias
de inverno, destinadas a conhecer o inte-
rior do país é reveladora e anuncia a saga
que seria a aceitação do convite de Getúlio
Vargas. “Eu acho que ficou mais claro para
mim que ele era meio maluquinho”, brin-
ca Sá. “Sair do Rio de Janeiro, fazer uma
viagem de carro até o Araguaia em 1939,
depois aceitar vir para o interior de Goiás,
nos anos 1940, um lugar bastante inóspito,
Divulgação
e estar no chão de fábrica, na estrada, acho
que isso causava encanto nos trabalhado-
res. Ele era motivo de inspiração. Mas, por
ser um homem de ação e ter morrido na ba-
talha, ficou um pouco esquecido”, acredita.
Outro aspecto ressaltado em todo o livro é
a ligação de Sayão com a natureza e o trabalho
em campo. Homem avesso a escritórios e pro-
cedimentos burocráticos, era no encontro com
as pessoas e com o próprio meio que ele exercia
o talento para a construção. Os inúmeros episó-
dios no Rio das Almas, a relação com os colonos
e com os trabalhadores que comandava, a li-
derança natural e o empenho em facilitar a
BERNARDO SAYÃO — ligação dos filhos com a natureza permeiam
CAMINHOS, AFETOS, todos os capítulos. É um pouco também o que
faz o neto contestar a definição de bandei-
CIDADES rante que tantas vezes foi utilizada para des-
crever Sayão: “Ele não era um bandeirante,
De Sérgio de Sá. Edição do Autor, não era o cara que ia lá, saqueava e ia embo-
260 páginas. R$ 70. Lançamento, ra. Ele tinha essa coisa do pioneiro coloniza-
amanhã, às 18h, no Gentil Café dor, chegava primeiro, estabelecia contato, já
(410 Sul, Bloco B) com essa coisa da natureza, da educação. Ele ti-
nha uma certa vocação socializante”.
 19 • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

CORREIO BRAZILIENSE
Candangos na Série D

ESPORTES
Com a proximidade do fim da fase de grupos da Série D do Campeonato
Brasileiro, os times do Distrito Federal lutam para confirmarem
sequência no torneio nacional. Ontem, o Brasiliense empatou com o
Anápolis, fora de casa, por 0 x 0. Com o resultado, o Jacaré vai precisar
ganhar na última rodada e, antes disso, torcer para o Ceilândia. Hoje,
o Gato Preto encara o União Rondonópolis, às 15h30, no Abadião. Se
ganhar, o alvinegro garante a classificação e, de quebra, auxilia o rival
correiobraziliense.com.br/esportes - Subeditor: Marcos Paulo Lima E-mail: esportes.df@dabr.com.br Telefone: (61) 3214-1176 local no objetivo de também avançar ao mata-mata.

BRASILEIRÃO Atrações do domingo de rivalidades regionais, Cano, Gabigol, Marcos Leonardo e Calleri prometem
gols nos duelos entre Fluminense e Flamengo e São Paulo e Santos. Junto, quarteto colocou 68 bolas na rede em 2023
Marcelo Gonçalves/Fluminense Marcelo Cortes/Flamengo

Gol
é com
eles! DANILO QUEIROZ

P
oderio ofensivo não será problema nos dois clássi-
cos da rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
Às 16h, Fluminense e Flamengo, no Maracanã, e São
Paulo e Santos, no Morumbi, vão colocar em campo
um quarteto responsável por impressionantes 68 bolas na
rede somente em 2023. No Fla-Flu, o tricolor German Ca-
no e o rubro-negro Gabigol são as atrações. No San-São, o
são-paulino Jonathan Calleri e o santista Marcos Leonardo
carregam as esperanças de gols.
Há tempos, o Fla-Flu aparece como o clássico mais pri-
vilegiado no Brasil em termos de goleadores. No ano pas-
sado, por exemplo, Cano e Gabigol terminaram a tempo-
rada como os maiores goleadores do futebol brasileiro.
Neste ano, a dupla vem mantendo a média: o tricolor tem
27 gols, enquanto o rubro-negro já fez 18. Ambos têm,
Cano é o artilheiro do Brasil na temporada 2023 ainda, justamente os rivais como vítimas. O Germán cas- Gabigol tem no Fluminense uma das principais vítimas pelo Fla
tigou o rival em três oportunidades no primeiro semestre.
Raul Baretta/Santos

Gabriel Barbosa encontrou as redes do adversário uma vez. Rubens Chiri/São Paulo

Hoje, no confronto direto por uma vaga no G-4 do Bra-

Marcos Leonardo marcou 40% dos gols anotados pelo Santos em 2023
sileirão, o retrospecto pessoal da dupla é primordial. Após
protagonizarem confrontos quentes em decisões no Cam-
peonato Carioca e na Copa do Brasil, Fluminense e Fla-
mengo estão separados por apenas dois pontos. Quem
ganhar no Maracanã, vai terminar a rodada confortavel-
mente na vice-liderança, atrás do líder Botafogo. Porém,
se os titulares não resolverem, o banco tem peças ofensi-
vas fortes. O rubro-negro Pedro tem 26 gols em 2023. Su-
plente tricolor, Lelê fez 13.
O clássico paulista não conta com artilheiros tão cali-
brados, mas Marcos Leonardo e Calleri passam longe de
serem coadjuvantes na corrida ofensiva dos duelos regio-
nais. Mesmo com o Santos em fase instável, o camisa nove
é o artilheiro do time no ano com 16 gols. O número cor-
responde a 40% das bolas na rede do alvinegro. O centro-a-
vante tricolor fez sete, mas é o vice-artilheiro do São Paulo
na temporada e vê no Peixe um rival de boas lembranças.
Um dos gols foi justamente em um duelo diante do Peixe.
Tricolores e alvinegros estão separados na tabela e em
disputas totalmente diferentes na Série A do Brasileirão.
O São Paulo, por exemplo, pode terminar a rodada no
G-4 se levar a melhor no clássico em casa. Para os
Santos, conquistar os três pontos no Morumbi
terão gosto de alívio na luta cruel contra a proxi-
midade da zona de rebaixamento. Entretanto, seja
qual for o objetivo, ele passa diretamente por uma
tarde inspirada dos artilheiros.
A eficiência do quarteto envolvido nos clássicos
é evidenciada quando comparada aos times da atual
Série A do Brasileirão. Em 2023, apenas Flamengo (90),
Fortaleza (89), Palmeiras (79), Botafogo (74) Athletico-PR
(72), Goiás (69) e Fluminense (69) estão acima da marca
de gols somada de Gabi, Cano, Marcos Leonardo e Calle-
ri. Os outros 13 participantes da elite não chegaram aos 68
gols. Cruzeiro (31), Coritiba (35) e Vasco (38) são os mais
distantes da marca. Calleri é a esperança de gols do tricolor no clássico paulista de hoje

Rodrigo Coca/ Agência Corinthians

COPA DO BRASIL EM BH EM FORTALEZA

Corinthians passa nos pênaltis
e pega São Paulo na semifinal
DANILO QUEIROZ
Mais uma vez, o Corinthians
sofreu bastante, mas conseguiu
confirmar um lugar na semifi-
nal da Copa do Brasil. Ontem,
em confronto atrasado do mata
-mata nacional contra o Améri-
ca-MG, o alvinegro venceu por
3 x 2, na Neo Química Arena.
Como os mineiros ganharam
a ida por 1 x 0, o confronto foi
para os pênaltis. Na marca da
cal, o clube paulista contou
com a estrela do goleiro Cássio
e se classificou.
Vice-campeão em 2023, o
Corinthians está entre os quatro
melhores da Copa do Brasil pela
segunda temporada seguida. Na
luta para figurar outra vez na
decisão, o time do técnico Van-
derlei Luxemburgo terá um clás-
sico paulista pela frente contra
o São Paulo. As partidas serão
disputadas nas janelas de 26 de
julho e 16 de agosto.
Ao apito final, os corintianos
celebraram a vaga, a segunda
seguida nos pênaltis somente
nesta edição do torneio nacio-
nal. “Segundo ano na semifi-
nal. Não é fácil. Baixamos um
pouco a guarda. Tomamos o
gol que levou para os pênaltis,
mas conseguimos concentrar
e fomos felizes. Tive a felicida-
de de defender. O mais impor-
tante é que o Corinthians pas-
sou de fase”, vibrou Cássio. O
goleiro é o maior pegador de
pênaltis do alvinegro, com 31
cobranças defendidas.
“Tomara que não precise de
penaltis nas próximas. A gente
estava preparado psicologica-
mente, com todo respeito ao
América, no conjunto dos dois
Goleiro Cássio foi o grande destaque da classificação do alvinegro
jogos, criamos muito mais.
Merecíamos um resultado
melhor no primeiro jogo. Mas
o que vale é a classificação.
estamos muito felizes”, ressal-
tou Yuri Alberto.
Na sequência do torneio, o
Corinthians vai se apegar em
um retrospecto curioso. Nas
últimas duas oportunidades
em que emendou duas semifi-
nais seguidas, o clube paulista
sempre conquistou a taça. Foi
assim nas edições de 2002 e de
2009. O alvinegro, porém, ainda
tem mais um degrau antes de
sonhar, de fato, com o tetracam-
peonato da Copa do Brasil.
Sonhando com objetivos
maiores na classificação
da Série A do Campeonato
Brasileiro, o Cruzeiro
encara o Coritiba, que luta
desesperadamente contra
o rebaixamento, mas vem
de duas vitórias seguidas,
hoje, às 11h, na Arena
Independência, pela 15ª
rodada. O time mineiro
não perde há três jogos no
torneio nacional.
EM PORTO ALEGRE
Em crise, decadente e
fora da Copa do Brasil, o
Palmeiras se concentra
em dar logo uma resposta
ao torcedor alviverde na
disputa da Libertadores e
do Campeonato Brasileiro,
pelo qual tem compromisso
hoje. Às 18h30, visita o
Internacional, no Beira-Rio
pressionado após resultados
e apresentações ruins.
O Fortaleza quer entrar no
G-4 (zona de classificação
direta à Libertadores 2024)
do Campeonato Brasileiro
e, para isso, terá que
vencer o Cuiabá, hoje, às
16h, na Arena Pantanal,
na capital do Mato Grosso,
pela 15ª rodada da Série
A do torneio nacional. O
confronto deverá receber
mais de 35 mil torcedores
nas arquibancadas.
EM CURITIBA
Athletico-PR e Bahia
fizeram grandes jogos
contra Flamengo e Grêmio,
respectivamente, mas
acabaram eliminados nas
quartas de final da Copa do
Brasil. Coincidentemente,
a dupla se encontra hoje,
às 18h30, na Ligga Arena,
na capital paranaense, pela
15ª rodada da Série A do
Campeonato Brasileiro.
20 • Esportes • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • Correio Braziliense

ESPORTES

WIMBLEDON Final do Grand Slam entre Djokovic e Alcaraz promete um banquete entre duas linhagens distintas do tênis
Sebastien Bozon/AFP Glyn Kirk/AFP

O duelo
de duas
gerações
DANILO QUEIROZ Roger Federer e conquista o 24º tí-
tulo de Grand Slam, superando Se-

D
e um lado, um dos ícones rena Williams e alcançando a mar-
de uma excepcional gera- ca absoluta de Margaret Court.
ção do tênis. Do outro, o lí- Promissor, Alcaraz dá os primeiros
der de uma jovem e promis- passos em uma história de grande
sora legião da modalidade. Hoje, potencial. Campeão do US Open
às 10h, Novak Djokovic e Carlos em 2022, joga a decisão de Wim-
Alcaraz farão um verdadeiro due- bledon pela primeira vez. Novak,
lo entre duas linhagens douradas por exemplo, ganhou a primeira Favorito no confronto, Futuro do esporte,
na decisão do Torneio de Wimble- taça em Londres “apenas” aos 24. Novak Djokovic busca Carlos Alcaraz encara
don, em Londres. Sete vezes cam- Assumindo o risco de parecer oitava taça na grama referência por primeira
peão da competição, o sérvio de 36 “arrogante”, o sérvio assumiu o de Wimbledon taça em Londres
anos encara o jogo como “mais um favoritismo. “É um confronto de-
dia” na vitoriosa carreira. Atrás do finitivo. Tudo se resume a um jo-
primeiro triunfo na grama ingle- go. Todos os olhos do mundo es-
sa, o espanhol, de 20, define uma tarão voltados para a final. Prova- fazer isso contra Novak”, acres- Djokovic levou a melhor na semifi- qual Djokovic tem bem mais in- lutar e acho que posso vencê-lo
conquista como, possivelmente, “o velmente, será o jogo mais visto centou Alcaraz. nal de Roland Garros, em junho, e timidade, vão se encontrar pe- aqui”, garantiu Alcaraz. “Carlos
melhor momento da vida.” em nível mundial”, afirmou Djo- O retrospecto do confronto em pavimentou caminho para o título. la primeira vez. Em Wimbledon, está em ótima forma, muito mo-
Com vários recordes no currícu- kovic. “Acho que é mais especial fases menos agudas, porém, in- Alcaraz ganhou na mesma etapa do por exemplo, o sérvio não perde tivado, é jovem e tem fome de vi-
lo, Djokovic tem em mente concre- jogar contra uma lenda do nosso dica equilíbrio. Os dois ícones de ATP de Madri, em maio de 2022, e um jogo na quadra central, local tórias”, reconheceu Novak, antes
tizar o ambicioso plano de ampliar esporte. Se eu vencer, será incrí- gerações distintas do tênis me- também seguiu firme para colocar da decisão, desde a temporada de advertir. “Eu também estou
o nome na história do tênis. Se ga- vel para mim, não só por ganhar diram força em quadra apenas o título na galeria de conquistas. de 2013. “Não é o momento de com fome. Então, vamos dar um
nhar, o sérvio iguala o recorde de o título de Wimbledon, mas por duas vezes. Cada um venceu uma. Na grama, estilo de quadra na ter medo. É preciso dar tudo. Vou banquete”, prometeu.

Carlos Vieira/C.B./D.A. Press

VÔLEI DE PRAIA

Vencedores do Torneio Aberto da pela brasiliense Teresa e pela

carioca Bárbara perdeu, também,
Top-12

ganham vagas inéditas no Top-12 a disputa de terceiro lugar no Par-

que da Cidade. Carol Sallaberry/
Se a etapa de Salvador já
tem a definição de duas novas
Luiza levaram a melhor, com uma duplas no Top-12, a de Brasília
Duas duplas conquistaram Mafe e a mineira Manu teve um vitória por 2 sets a 0, parciais de conhecerá, hoje, os campeões
classificações inéditas para o dia praticamente irretocável. Nas 21/13 e 21/14. masculino e feminino. Entre
Top-12 do Circuito Brasileiro de semis, a dupla não teve dificul- Wesley e Denilson tiveram 8h30 e 11h, a arena montada
Vôlei de Praia. Ontem, na arena dades para ganhar de Carolina/ uma trajetória mais dura em dire- pela CBV no Parque da Cidade
do Parque da Cidade, em Brasília, Maria Luiza, por 2 sets a 0, par- ção ao ouro inédito do Torneio vai receber as disputas pelo ouro
Mafe/Manu, no feminino, e Wes- ciais de 21/13 e 21/16. O triunfo Aberto do Circuito Brasileiro. Na e pelo terceiro lugar.
ley/Denilson, no masculino, se as credenciou para decisão contra semifinal, os pernambucanos fize- Entre as mulheres, a deci-
sagraram campeões da etapa da Rosimeire Lima/Maria Clara. A ram jogo movimentado contra a são vai ser protagonizada pelas
capital federal do Torneio Aberto vitória dourada também veio por dupla Pablo e Jô. A vitória de vira- dupla Duda/Ana Patrícia, a
da competição nacional. Os triun- 2 sets a 0, com parciais de 21/14 da foi concretizada por 2 sets a 1 melhor do país. A competição
fos garantiram a eles um lugar na e 22/20. “Estou feliz demais com veio no tie-break, com parciais de dos homens terá Arthur/Adriel-
disputa principal da sétima fase essa conquista. Não imaginava 22/20, 14/21 e 9/15. A decisão teve son competindo contra Felipe/
de partidas do certame organiza- que seria tão rápida a nossa evo- domínio contra Lipe/Anderson Gabriel. O ingresso para acom-
do pela Confederação Brasileira lução”, vibrou Mafe. Melo: 2 sets a 0, parciais de 21/12 panhar os jogos é gratuito. Para
de Vôlei (CBV), marcada para Sal- No feminino, o Distrito Federal e 21/17. “Nossa trajetória tem sido obtê-lo, o torcedor precisa reser-
vador, entre 23 e 27 de agosto. bateu na trave por uma medalha. só de vitórias. Esse pódio veio na var um voucher no site disponi-
Ontem, na arena brasiliense, Derrotada na semi por Rosimeire hora certa para firmarmos nossa bilizado pela CBV: eventos.volei-
a equipe formada pela carioca Lima/Maria Clara, a dupla forma- Mafe e Wesley vibraram muito pelo ouro conquistado em Brasília parceria”, celebrou Wesley. brasildigital.com.br. (DQ)

Giro Esportivo
Sebastien Bozon/AFP

Sebastien Bozon/AFP

Alexandre Schneider/CPB

Alexandre Schneider/CPB

Thais Magalhães/CBF

Divulgação/Inter Miami

Vondrousova no topo Triunfo nas duplas Dobradinha nos 400m Ouro no disco O dia da Seleção Contrato assinado
A tenista Marketa Vondrousova O holandês Wesley Koolhof e o O Brasil protagonizou uma O paulista Alessandro Silva manteve A Seleção Brasileir realizou o O argentino Lionel Messi assinou
se sagrou campeã do torneio de britânico Neal Skupski venceram, dobradinha no pódio dos 400m da a hegemonia no lançamento de disco treinamento de ontem com portões contrato com o Inter Miami até o
Wimbledon ao derrotar a tunisiana ontem, o torneio de duplas de classe T20 (deficiência intelectual) no da classe F11 (cegos) e conquistou o fechados. A técnica Pia Sundhage final da temporada 2025. O jogador
Ons Jabeur. Vontrousova fechou o Wimbledon. Koolhof e Skupski Mundial de Atletismo Paralímpico, tricampeonato da disputa no Mundial comandou um coletivo de 11 contra de 36 anos irá se integrar à equipe
jogo em 2 sets a 0, com um duplo fecharam o jogo contra o espanhol em Paris, na França. Samuel de Atletismo Paralímpico, em Paris, 11 e, em outro turno, ainda voltou a nos próximos dias. “Estou muito
6-4. Com o título, a tcheca entrará no Marcel Granollers e o argentino Conceição faturou o ouro, enquanto na França. Em toda a competição, o campo para trabalho separado com emocionado em começar este
Top 10 do ranking da WTA . Horacio Zeballos em 2 sets a 0. Daniel Martins foi prata. Brasil soma 11 ouros. algumas atletas. próximo passo”, disse o astro.

Flávio Mendonça/Divulgação
MÚSICA /
Músico do DF
será jurado no
Grammy Latino
» SUZANO ALMEIDA
O
músico e produtor de Bra-
sília Cezar Degraf será um
dos membros votantes do
Grammy Latino, em 16 de
novembro, em Sevilha, na Espa-
nha. Ele foi selecionado pela aca-
demia após análise do Departa-
mento de Afiliação. Ao lado de
Alok e Ludmila, ele ajudará a esco-
lher os destaques da música mun-
dial em 2023. O Grammy Latino
premia artistas falantes em espa-
nhol e português e é a maior pre-
miação da indústria fonográfica.
“Fazer parte da Academia é um
privilégio mas também uma gran-
de responsabilidade, pois uma das
atribuições dos membros votantes
também é ajudar a aprimorar co-
munidade da música. Poderei in-
dicar fonogramas, votar e partici-
par do processo da premiação do
Grammy Latino. A premiação é o
sonho de muitos artistas. Analisar
o trabalho de tantos artistas
CRUZADAS
© Ediouro Publicações — Licenciado ao Correio Braziliense para esta edição
DIRETAS DE ONTEM
Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 — CORREIO BRAZILIENSE Diversão & Arte — 21
Cezar Degraf foi escolhido pela academia
para fazer a escolha dos vencedores do
maior prêmio da música internacional, que
reconhece artistas de língua espanhola e
portuguesa do mundo inteiro
Cezar
Degraf
fantásticos e talentosos é Apesar de provavelmen- contribuir com minha baga-
uma honra”, comemora Degraf. te não ir ao evento na Espa- gem de mais de 20 anos de es-
Com mais de 20 anos de carreira nha, Cezar Degraf não quer per- trada na música autoral e represen-
musical e produção, atualmente Ce- der a oportunidade de, neste pri- tar com muito orgulho o rock bra-
zar Degraf faz um trabalho com ban- meiro ano como membro votan- sileiro e do Distrito Federal, como
das autorais do Distrito Federal e do te, trocar experiências. “As plata- membro da Academia do Grammy
Entorno, com o projeto Alto Volume, formas de mídias digitais facili- Latino”, conclui.
que leva à importantes casas de sho- taram para os artistas a distribui-
ws bandas do rock local, em diversas ção e propagação de suas músi-
fases da carreira, além de artistas de cas junto ao público e, também, Cezar Degraf começou a carrei-
outras vertentes musicais. o acesso a premiações como o ra no final dos anos 1990. No início
Para ser selecionado membro Grammy Latino. É uma grande dos anos 2000 fundou a banda Von-
do Grammy, o músico precisou experiência para todo músico ser tana, com quem conquistou grande
mandar uma solicitação para a aca- membro da academia. Acredito público, especialmente nas redes so-
demia. Após análise, e preenchen- que quanto mais o músico estiver ciais e nos streamings. Além da car-
do todos os requisitos, ele foi apro- imerso no cenário, tendo acesso reira com o grupo, Degraf tem man-
vado por um comitê, que, na ma- aos diversos trabalhos, artistas e tido uma carreira solo, com músicas
drugada da última sexta-feira, en- produções, mais o músico cresce que nas principais plataformas têm
trou em contato para fazer o convi- profissionalmente.” milhares e em alguns casos centenas
te. “Para ser um membro votante da “Tenho certeza que encontrei na de milhares de players.
Academia Latina da Gravação é ne- Academia Latina da Gravação uma Na produção musical, Cezar tem
cessário que a pessoa esteja compro- comunidade vibrante que vive e fo- trabalhado com bandas autorais, por
vadamente ativa e envolvida no uni- menta a música intensamente. Te- meio do Alto Volume. O projeto, com
verso da música, seja como músico, rei a possibilidade de acompanhar diversas casas parceiras de primeira li-
produtor, compositor, engenheiro de perto excelentes trabalhos mu- nha,comooO’Rilley,VelveteInfinutem
de áudio e etc. Definitivamente, me sicais. O Grammy Latino é plural e levadoaograndepúbliconovasbandas
sinto honrado”, explica. eu acho isso fantástico. Espero autorais do rock brasiliense.
Zé
FALA, Humor
por José Carlos Vieira >> josecarlos.df@dabr.com.br
Frases da semana do meu amigo
mosquito, o Clark kent de boteCo
“O bom de ser velho “A frase ‘acredite no processo’
é dizer: no meu só serve para o Botafogo”
tempo, tudo aqui “Broxante como passar o
era mato” cartão e ler ‘transação não
autorizada’”
“Vem deflação,
vai inflação e eu “Mais baixo que discussão do
continuo quebrado” PL no WhatsApp”
Conversa no ponto
de ônibus não é piada
Arthur Lira
“O Centrão está tão no cruzeiro do
moderno que aceita Safadão
bitcoin”
só para quem é das antigas
“I don’t want to stay here.
I wanna to go back to Bahia”
poeminha Um
ele
Admirável aqu ntínuo abraçã,
co
cuja vida é um go
(cheio o!!!!
relâmpa energiade
!)
Matsuo Bashô
SUDOKU
SUDOKU DE ONTEM
Grau de dificuldade: fácil www.cruzadas.net

Diversão&Arte
Diversão Arte
TA
U
E
Histórias
que não
TRUPE D
ninam, vídeo
instalação
Série Ledtruck -
Matrizes insurgentes
2020 - 2023
» NAHIMA MACIEL
R
epresentatividade no es-
paço urbano, disputas ter-
ritoriais na cidade, quem
está autorizado ou não a
usufruir das metrópoles, como
as narrativas coloniais se apode-
ram desses espaços e quais são os
bolsões de luta por um discurso
decolonial são alguns dos temas
abordados pela exposição Signos
de resistência, bordas da memó-
rias, em cartaz no Museu Nacio-
nal da República. A mostra come-
mora os 15 anos de existência do
Coletivo Coletores, dupla forma-
da pelos artistas paulistas Flávio
Camargo e Toni Baptiste.
Nascido na Zona Leste de São
Paulo, o coletivo investe em pes-
quisa que envolve memória, tec-
nologia, questões raciais, políticas
e sociais com trabalhos que pro-
põem olhar para a cidade como um
campo de disputa de signos, narra-
tivas e histórias. Segundo a curado-
ra, Aline Ambrósio, o recorte pen-
sado para a exposição em Brasília
reúne signos e símbolos utilizados
pelos artistas e que representam a
ideia de resistência. “É uma forma
de comemorar esses 15 anos tra-
zendo um recorte de toda a traje-
tória do coletivo”, avisa.
O Coletivo Coletores começou
em 2008, quando dois estudantes
de artes da periferia há muito es-
tavam embrenhados no grafite e
na pichação passaram a pensar a
Flávio Camargo e
Toni, coordenadores do Coletivo Coletores
RESISTA! 1.0 - São Mateus 2014
O COLETIVO COLETORES, FORMADO
PELA DUPLA FLÁVIO CAMARGO E TONI
BAPTISTE, TRAZ AO MUSEU NACIONAL
DA REPÚBLICA RETROSPECTIVA
DE 15 ANOS DE ATUAÇÃO
rua como espaço alternativo às
instituições de arte até então ina-
cessíveis. “Viemos da pichação,
da arte urbana típica da perife-
ria de São Paulo, com um desejo
de pensar a rua, pensar a cidade,
pensar os espaços institucionais
tão limitados, pensar novas pro-
postas”, conta Flávio. “A cidade
era o tema e o suporte da nossa
produção.” Refletir sobre o terri-
tório, acreditavam os artistas, os
levava também a atuar no pró-
prio território. “A produção vem
muito de questionar a institucio-
nalidade e a rigidez dos espaços”,
diz Flávio, lembrando que o Co-
letivo Coletores não tem ateliê e
cultiva a ideia de sempre produ-
zir em trânsito e in loco.
Dividida em seis núcleos, a ex-
posição no Museu Nacional da Re-
pública faz um passeio pela produ-
ção da dupla e suas preocupações
Daniel Marques
ER
ES
e reflexões. Em Ícones da Resistên-
cia, o destaque é para personalida-
des brasileiras e internacionais que
se tornaram símbolos da luta con-
tra o racismo e pela igualdade ra-
cial. Estão lá obras que retomam
Marielle Franco, Carlos Marighela,
Carolina Maria de Jesus, Lula, Mar-
tin Luther King e o índio Galdino.
Bandanas e Bandeiras é dedicado
aos signos da resistência brasileira
e de todo o sul global, periférico,
originário e negro. “É uma série de
bandanas pensadas também co-
mo bandeiras, um elemento de po-
der de uma representação, de uma
identidade”, explica a curadora.
Arquitetura: territórios de me-
mória traz as obras pelas quais o
coletivo é mais conhecido: a pes-
quisa com projeções mapeadas
com lugares simbólicos de luta e
resistência, como terreiros, edifi-
cações coloniais reapropriadas e
cultura.df@dabr.com.br
3214-1178/3214-1179
Editor: José Carlos Vieira
josecarlos.df@dabr.com.br
CORREIO BRAZILIENSE
Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
IS
Ibeji 2020
vozes contra
o racismo
TÊN
Vídeo
instalação
CIA
a partir de
intervenção
urbana
digital sobre
o Monumento
às Bandeiras
Fotos: Coletivo Coletores
histórias como a de Tebas, primei-
ro arquiteto negro brasileiro. Aqui
entra o questionamento sobre os
monumentos e quem representam
como forma de os artistas refleti-
rem sobre territórios apagados ou
que ajudam a pensar a constru-
ção da imagem nacional.
Em Costurando bordas, o pú-
blico pode se familiarizar com os
signos e os referenciais estéticos
que conduzem Flávio e Toni. A
linguagem da moda e da música
e as referências periféricas apare-
cem como elementos das obras.
“É um núcleo mais fluido”, avisa
Aline Ambrósio. Por último, Per-
cursos Insurgentes apresenta a
trajetória do led truck, um cami-
nhão com painel de led utiliza-
do pelo coletivo durante a pande-
mia para levar mensagens de arte
ao espaço urbano. “A gente sem-
pre atuou com tecnologia como
meio de produção, pensando em
como lidar com uma tecnologia
que chega inacessível e torná-la
acessível, como usar recursos de
projeção e vídeo a favor da peri-
feria, num processo de pensar a
tecnologia de forma mais acessí-
vel e trazendo uma relação com
a memória”, explica Flávio. “O co-
letivo entende sempre que fomos
muito apartados de nossas rela-
ções de memória com um apa-
gamento da história ou de nos-
sa própria memória. Então que-
ríamos atuar tanto com memó-
ria presente quanto do passado.”
Revista
do CORREIO
Moda
O moleton não perde a
classe e a elegância

CORREIO BRAZILIENSE
domingo, 16 de julho de 2023
Ano 17. Número 948
TV+
Reality No limite se
aventura na Amazônia!

Conheça a diversidade
da arte tradicional
pernambucana, como
os trabalhos feitos
pela loiceira e mestra
griô Maria de Dion
de Pankararu

Ancestralidade
criativa
 Reprodução/ Pinterest

Do editor
Neste domingo é possível viajar
20Casa
Pode ser visando a praticidade ou
até mesmo transformar os sapatos
sem sair do sofá! A convite da Agência em itens de decoração, a questão
é que as sapateiras estão em alta.
de Desenvolvimento Econômico de
Pernambuco (Adepe), nossa sub-editora
Sibele Negromonte voou até Pernambuco
para a 23ª edição da Feira Nacional de
22Bichos
Já imaginou trabalhar diretamente
com o que você ama? E imagina se
esse trabalho é feito lado a lado
Negócios do Artesanato (Fenearte), maior com os seus pets preferidos?
evento do setor da América Latina, e con-
versou com artesãos de diversos municí-

Arquivo Globo
pios, que levam sua arte para o Brasil e
para o mundo, além de visitar alguns pon-
tos turísticos e de economia criativa entre
Recife e Olinda. O resultado, e as ótimas
dicas, você confere na nossa matéria
Especial. Para quem quiser uma progra-
mação diferente sem sair de Brasília, que
tal visitar um cat café? Confira na nossa
04Moda O frio do nosso inverno vai e volta,
mas mesmo assim o moletom
reportagem de bichos dessa semana. se tornou um item essencial no
guarda-roupa de todos os estilos.

Boa leitura e um ótimo domingo!

Por Ailim Cabral 06Beleza Os cuidados com pés costumam

ser esquecidos, mas é importante
que eles façam parte da nossa rotina
de bem-estar.
Editor:
24TV+Uma volta no tempo! A Globoplay
e o Star resgataram dois fenômenos
da década de 80 e apresentam,
respectivamente, Xuxa, o
documentário, e a Superfantástica

Subeditora:
José Carlos Vieira - josecarlos.df@dabr.com.br

Sibele Negromonte - sibelenegromonte.df@dabr.com.br

14Fitness & Nutrição
Todo mundo já ouviu falar que
comer fibras faz bem para a saúde,
História do Balão.

Diagramação:

Diretora de Redação:
Guilherme Dias - guilherme.dias.df@dabr.com.br

Ana Dubeux - anadubeux.df@dabr.com.br

mas você já se perguntou por quê?
26Cidade nossa
Essa semana, Pestana reflete e
discorre sobre o possível fim do

Telefones: 3214-1192 e 3214-1156 16Saúde Entenda a importância de começar a

cuidar da higiene e da saúde bucal
mundo e como olhar para a vida
com mais alegria.
E-mail: revistad.df@dabr.com.br
desde os primeiros anos de vida.
Capa: Mariana Guerra/Divulgação
28Crônica da Revista
Em tema parecido ao colega Pestana,

18 Encontro com o Chef

Siga @revistadocorreio no
Twitter e no Instagram
Conheça a história da confeiteira
que dá a cada doce que cria o
Maria Paula escreve sobre a possível
desextinção a partir da notícia
de que um pássaro extinto voltou
nome de uma pessoa querida. a habitar o planeta.
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2/3 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

Moda

Para proteger do
frio e trazer
elegância
Considerada uma peça coringa do vestuário, o moletom
é febre entre todos os públicos. Muito mais que conforto,
estilo e ousadia também fazem parte do item.
POR EDUARDO FERNANDES

uando o frio aparece, tudo o que se

Q deseja é aquele moletom para aque-

cer e proteger do inverno. Item que
vem ganhando destaque ao longo
dos anos, a peça é considerada coringa e super-
versátil na hora de compor o look. Em casa ou
Fundamental
na hora de se
vestir, a peça
pode ser usada
em algum evento, usá-lo pode ser sinônimo de sobreposta a outra
estilo e elegância.
Uma aposta fashionista e uma febre entre todas
as idades. De acordo com a consultora de moda
Rose Santos, o grande boom do moletom aconte-
ceu no período pandêmico, quando a moda comfy
passou a ser indispensável. “Agora, em 2023, a
tendência loungewear vai fazer você produzir looks
estilosos com essa peça queridinha”, afirma.
A ideia é abusar da versatilidade e transitar
nos mais diversos ambientes. Desde os mais
informais como academia, supermercado e um
parque, até aqueles mais formais, como traba-
lho, jantar ou aquela balada com os amigos.
Antes o moletom era usado como uma ter-
ceira peça, algo nem sempre escolhido na hora
de sair. No entanto, esse caminho tem tomado
a direção inversa. A peça, agora, é considerada
um elemento primordial da produção, podendo
ser usada de várias formas.

4/5 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023


Com ou sem estampas, o moletom pode ser
usado em ocasiões formais ou informais
Na hora de ser diferente, combinar outras peças
com o moletom pode trazer um tom de ousadia
Fotos: Reprodução/ Pinterest
A nova febre
O moletom surgiu na década de 1920 e,
desde então, esteve presente em todas as gera-
ções e categorias de moda, de mãos dadas com
outros componentes do vestuário, como o jeans,
as jaquetas e as t-shirts. A consultora de imagem
Patrícia Coutinho acredita que, após a pande-
mia, o conforto se tornou o novo luxo.
Com isso, o moletom, prático e confortável,
despontou como item must have — considerado
essencial — além de ser estiloso e servir elegân-
cia em todos os tipos de produção, desde uma
ida ao supermercado quanto aquela famosa
caminhada em uma passarela.
Depois dessa ascensão, a peça aparece em
2023 para confirmar ainda mais o apreço do públi-
co. “Nas coleções de inverno deste ano, prevalecem
os moletons cropped que ficam maravilhosos quan-
do combinados com saia”, detalha Patrícia.
Queridinho do inverno, os vestidos de mole-
tom oversized, para o público feminino, são
famosos por se encaixarem nos mais diversos
eventos, sejam eles casuais ou não. Isso vai
depender, ainda, dos acessórios que serão usa-
dos para incrementar o look escolhido.
“Se você é do time saia, mas também ama os
moletons, deixe a criatividade solta e combine
texturas, materiais, estampas, cores e modelos
diferentes e aproveite conforto e muito estilo em
suas composições. Use com tênis, mocassim,
bota ou coturno”, completa.
O moletom virou
peça coringa e
traz ainda mais
estilo ao look
Básico ou extravagante?
Para ocasiões mais casuais, a consultora de
imagem recomenda que o moletom seja usado
com outros tecidos apropriados para práticas de
exercícios físicos. Entretanto, é possível deixar o
look mais descolado com as escolhas certas.
“As mulheres podem usar o moletom
cropped com uma calça legging e um tênis
básico. Já os homens, uma sobreposição da
peça com uma jaqueta corta vento e uma calça
moletom”, complementa. Se for de seu interes-
se fugir do óbvio e apostar em algo diferente,
o moletom oversized com uma bermuda ciclista
traz estilo e praticidade.
Para elas
O look vai ficar descolado combinando o
moletom com peças e acessórios statement (que
chamam a atenção), e são a estrela do look,
como por exemplo, um colarzão.
Para eles
Independentemente do estilo pessoal, que
é individual, os homens costumam ter mais
apreço por peças de roupa mais folgadas,
confortáveis, esportivas. O hi-lo pode ser
feito com a blusa de moletom por cima de
camisa social ou a calça de moletom com
um blazer, por exemplo.
 lm e n te m a is grossa,
s p é s , d e pele natura
c h e g a d a d o c lima fr io , o
r u m s p a c a p ri chado com
Com a ratação. Faz e
Beleza a m a is c u id a d o e h id
a c io s d u ra n te a seca
exigem aind r o p ç ã o p a ra m antê-los m
é a melho
POR LETÍCIA GUEDES*
um profissional

S
kincare com máscaras de argila, cro-
nograma capilar e muitos óleos hidra-
tantes para manter a pele viçosa e bem Todo carinho
aos
pés
cuidada, essas são apenas algumas das
técnicas adotadas por quem costuma preocu-
par-se com a estética e o bem-estar. Porém,
há muito mais do que o que pode ser feito
rotineiramente em casa. Existem espaços vol-
tados para o cuidado com a pele e o cabe-
lo, claro, mas alguns serviços de estética e
bem-estar vão além, como o spa dos pés,
mais uma dessas inovações.
Naturalmente mais grossa e ressecada, a
pele dos pés exige cuidado apropriado para
preservar a hidratação, especialmente em
tempos mais frios, momento em que o clima
costuma ficar mais seco. Contudo, tratar os
pés não é um hábito adotado por todos. Por
ficarem, quase sempre, escondidos dentro
dos sapatos, algumas pessoas acabam por
deixá-los de lado. É importante saber
que esses cuidados não são indicados somen-
te por estética, mas para o alívio de descon-
fortos e melhora na circulação sanguínea.

Spa e tratamento
Karolyne Martins é massoterapeuta e compõe
a equipe da barbearia Oh#Mem, no Lago Sul.
A profissional é responsável por atender clientes
que procuram a plástica dos pés, tratamento de
higienização destinado à remoção de calos e
rachaduras.
Ela explica que o procedimento é indicado
àqueles que têm excesso de calosidades, racha-
duras e apresentam descamação. A técnica
inclui higienização dos pés, aplicação de emo-
liente com algodões e, posteriormente, envelo-
pamento dos pés com papel filme. Após a reti-
rada do produto, é feita uma raspagem com o
auxílio de uma ferramenta arredondada, sem
corte, semelhante ao bisturi e, ao final, hidrata- A Barbearia
ção acompanhada de massagem. Oh#Mem oferece
Sobre a duração do procedimento, a mas- aos clientes
soterapeuta esclarece que dependendo da a plástica
situação dos pés, o produto poderá perma- dos pés, um
necer em ação por cerca de 10 a 40 minutos. tratamento de
Rogério Coelho, private banker, é cliente da higienização dos
pés, destinado
Oh#MEM e conheceu o procedimento através a remoção
da barbearia. Ele conta que trabalha diaria- de calos e
mente com sapato social e por isso acaba rachaduras
percebendo calos nos pés, então, quando
soube do procedimento oferecido na barbearia,
Eduardo Martins

6/7 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

decidiu experimentar e, desde então, realiza a
plástica a cada 15 dias.
A especialista ressalta que, a cada etapa
do procedimento, oferece massagens que pro-
porcionam relaxamento e contribuem para a
melhora da circulação sanguínea. Para quem
não possui pés tão rachados e porosos, Karolyne
indica o spa dos pés, que inclui higienização,
esfoliação e uma boa massagem.
Um benefício universal
Elisângela Oliveira é manicure e oferece o
serviço de spa dos pés para seus clientes, ela
explica que o tratamento traz benefícios
como a remoção da calosidade, eliminação
de células mortas, hidratação e maciez, além
de proporcionar bem-estar físico e mental,
em decorrência do relaxamento promovido
pela massagem.
A manicure conta que costuma atender
tanto homens quanto mulheres, principalmen-
te aqueles que praticam atividades físicas e
QUEM NÃO que passam muito tempo em pé. “É um pro-
PODE FAZER? cedimento indicado para todos, inclusive para
quem tem pele ressecada e tensão muscu-
• Pessoas que têm: lar. Este procedimento existe há muitos anos
• Psoríase e vem evoluindo cada vez mais, registrando
• Micose uma procura cada vez maior.”
• Fissuras que sangram Karolyne Martins aponta que a plástica
• Dermatite dos pés é indicada para grávidas, já que
• Desidrose proporciona relaxamento e alívio na tensão,
• Liquenificação mas salienta a importância do profissional
• Pessoas com câncer ou em processo verificar a composição química dos compo-
de quimioterapia nentes de cada produto para evitar possíveis
reações alérgicas.
Para diabéticos, a massoterapeuta também
BENEFÍCIOS indica atenção, os cuidados com os pés são
muito indicados por proporcionarem hidratação,
• Melhora a circulação sanguínea mas é preciso maior cautela no momento da
• Elimina a tensão, proporcionando raspagem, para não causar fissuras ou ferimen-
relaxamento dos músculos tos, já que o diabético tem o retardo em curar
• Elimina microrganismos que qualquer machucado.
causam mau odor
• Remove células mortas Estagiária sob a supervisão
• Aumenta a hidratação e a maciez de José Carlos Vieira

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Especial
Artesãos de Pernambuco
mantêm vivo o trabalho
artístico que passa de geração
em geração e movimenta o
turismo e a economia criativa
do estado nordestino

POR SIBELE NEGROMONTE

eza a lenda que os per-

R nambucanos têm mania

de grandeza. Eles mesmos

Tradição
costumam dizer, em tom de
gozação, que tudo o que é feito

renovada
por lá ou é o maior ou o melhor do
mundo. Brincadeiras à parte, o per-
nambucano tem mesmo muito do
que se orgulhar. Com uma cultura
riquíssima e um artesanato diverso
e único, o estado conta com uma
economia criativa vibrante, um dife-
rencial turístico que vai além das
praias paradisíacas do Nordeste.
Com técnicas, algumas milena-
res, que passam de pai para filho, o
artesanato pernambucano chama a
atenção por sua forte conexão com a
Fotos: Andreey Lucas/Divulgação
cultura local, fortalecida pelas novas
gerações. A bandeira do estado,

com seu marcante arco-íris, tornou-
se um ícone nacional e hoje estampa
camisas, bolsas, peças decorativas,
cangas e o que mais a imaginação
permitir. Um passaporte, distribuído
gratuitamente em pontos turísticos,
pode ser carimbado a cada visita a
espaços culturais e reforça o slogan
que, por lá, é propagado aos quatro
cantos: “Meu país é Pernambuco”.
Durante quatro dias, a Revista
esteve presente na 23ª edição da
Feira Nacional de Negócios do
Artesanato (Fenearte), maior evento
do setor da América Latina e que
se encerra neste domingo, após
intensos 12 dias de programação,
conversou com artesãos de diver-
sos municípios, que levam sua arte
para o Brasil e o mundo, e visitou
alguns pontos turísticos e de econo-
mia criativa entre Recife e Olinda.
8/9 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
Arte o
ano inteiro
Considerada a maior feira de
artesanato da América Latina, a
Fenearte é a culminância de um tra-
balho que dura todo o ano. “Essa
é a grande vitrine do artesão. Aqui,
ele fecha negócios, tem contato com
o cliente, mas ela vai além disso”,
explica o diretor de Conteúdo da
Fenearte, Lúcio Omena. “A ideia é
fortalecer os espaços e as ações já
consolidadas, mas também ressig-
nificar e trazer algumas inovações”,
completa a diretora-executiva da
feira, Camila Bandeira.
Para colocar a feira em diálo-
go com outros espaços do Recife
e Olinda e com outras lingua-
gens, como artes visuais, design
e gastronomia, foi criado, nesta
23ª edição, o Circuito Fenearte,
com o mapeamento de cerca de
50 ateliês, centros culturais, gale-
rias, museus e restaurantes das
duas cidades. São espaços que
podem ser visitados pelos turistas
durante todo o ano.
No Recife Antigo, próximo ao
Marco Zero da cidade, é possível
ter uma mostra do trabalho produ-
zido por mais de 25 mil artesãos
em todo o estado — do litoral
ao sertão, passando pelo agreste
e pela zona da mata. Criado em
2012, o Centro de Artesanato
de Pernambuco (CAP) ocupa o
Armazém 11 da antiga zona por-
tuária da capital e funciona como
uma espécie de loja colaborativa.
Para expor o trabalho, há alguns
critérios técnicos, como a tipologia
da arte e a região de onde ela vem.
Peças em barro — maior vocação
do artesanato pernambucano —,
madeira, ferro e renda, aplicados
em peças decorativas e utilitárias
estão à venda no local.
Dentro do CAP (@centrodear-
tesanatodepe) existe ainda uma
área destinada à Moda Autoral de
Pernambuco (Mape), que reúne 86
estilistas que produzem vestuários
e acessórios com a cara do esta-
do. A cada dois anos, é promo-
vido um rodízio, no qual 10% dos
artesãos saem para dar espaço a
novos nomes. No ano passado,
o centro ganhou uma outra área,
desta vez voltada à produção de
bebidas locais — vinhos, cafés,
destilados e cervejas artesanais.
São 140 rótulos de 40 marcas
100% pernambucanas.

Além do Marco Zero, o CAP
conta com pontos de venda no
Mercado Eufrásio Barbosa, em
Olinda; nos shoppings Tacaruna e
Recife; e no município de Bezerros,
no Agreste pernambucano.
A influência
do sertão
A poucos metros dali, em outro
armazém, está instalado o Museu
Cais do Sertão, onde é possível
conhecer um pouco da cultura da
região. A partir da obra de Luiz
Gonzaga, um dos nordestinos mais
ilustres, é feita uma viagem por sete
territórios sertanejos: viver, ocupar,
cantar, criar, crer, migrar e sentir
saudade. Inaugurado em 2014, o
espaço conta com um acervo per-
manente e exposições temporárias.
Até 30 de julho, uma mostra
temporária estará em cartaz. As
raízes do interior do Nordeste e a
cultura vernacular foram as grandes
inspirações do designer pernambu-
cano, radicado em Goiânia, Fábio
Melo, para montar a exposição
Sertão sobre Sertão — Narrativas
poéticas e design autoral.
As vivências da infância, passa-
da em Caruaru, sua cidade natal,
o resgate do cangaço, a influência
do movimento armorial, encabeça-
do por Ariano Suassuna no anos
1970, e do artesanato local estão
presentes em suas obras — algu-
mas delas feitas de forma colabora-
tiva com artesãos pernambucanos.
Para conceber a mostra, o artista
viajou pelo Sertão.
O Recife Antigo conta ainda com
outros museus, como o do Passo do
Frevo, que conta a história do ritmo
tipicamente pernambucano, bares
e restaurantes, além de um casario
conservado. Vale a visita.
Andreey Lucas/Divulgação
Respirando cultura
pelas ladeiras de Olinda
Do ladinho do Recife, Olinda
é destino obrigatório para quem
quer conhecer um pouco da cul-
tura local. A cidade foi incluída no
Circuito da Fenearte, que propõe
a visitação de dois espaços, tam-
bém com exposições temporárias. A
Casa Criatura (@casacriatura) é um
coletivo que abriga “criaturas para
cocriar ideias inovadoras, a fim de
construir um mundo mais criativo
e sustentável”, como se autodefine
o grupo. Oito escritórios de arqui-
tetura, de design, de audiovisual e
ONG ocupam o espaço.
“Em 2018, pegamos uma casa
que estava fechada e reformamos
para transformá-la em nossa pri-
meira sede. Em 2021, consegui-
mos um endereço oito vezes maior,
aqui na Rua de São Bento”, sinteti-
za o arquiteto e artista plástico Isac
Filho. Dentro da proposta de ser um
espaço cultural aberto à população,
todos os fins de semana a Casa
Criatura promove eventos regados a
muita música, comidinhas e bebidas.
Atualmente, abriga a exposição
A cara do Brasil, uma homenagem
aos povos originários e um resga-
te aos nossos símbolos nacionais.
A mostra conta com seis painéis
gigantes do artista visual Max Motta
(@maxmottawtf), que iniciou a car-
reira fazendo grafite na periferia do
Recife, e quadros de outros 11 artis-
tas plásticos pernambucanos. Max
levou 18 dias para criar as pinturas,
que interagem com a casa.
Poucos passos distanciam a Casa
Criatura de outro espaço cultural
vibrante, a Casa Estação da Luz (@
casaestacaodaluz). O lugar abriga
exposições, shows, feiras e eventos de
arte, cultura e pensamento diversos.
Apoia também iniciativas sociais. O
equipamento ocupa um antigo casa-
rão do século 19, na Rua Prudente de
Moraes, adquirido por Alceu Valença,
antigo morador da cidade.
No momento, conta com a
exposição de um ícone da pintura
olindense, a artista plástica Marisa
Lacerda. Vizinha de porta de Alceu,
ela fez várias obras sob encomenda
para o cantor, como o seu convi-
te de casamento e a capa de um
dos álbuns, premiado com o Prêmio
Sharp na década de 1980. Esses
quadros dividem espaço com outros
do acervo pessoal de Marisa e de
amigos próximos, além das cria-
ções feitas especialmente para a
mostra — aos 84 anos, a artista
continua ativa.
Com vocação para as artes plás-
ticas, Olinda abriga em seu sítio
histórico vários ateliês de pintores
locais. Coloque um sapato con-
fortável e se perca nas ladeiras da
cidade, certamente, você encontrará
boas surpresas artísticas e culturais.
Especial

Reverência
aos grandes
mestres
Uma das características do artesanato per-
nambucano é a herança passada de pai para
filho. Hoje, o estado conta com aproximada-
mente 120 mestras e mestres artesãos. Para
receber o título, além da transmissão do saber
para as novas gerações, eles precisam ter notó-
rio reconhecimento popular. Espalhados por
todo o estado, durante os dias de Fenearte, os
artesãos se reúnem para ocupar um lugar de
destaque, logo na entrada da feira, onde os
visitantes podem ver de perto o seu trabalho e
conhecer um pouco da sua história.
Valfrido de Oliveira Cezar, o Mestre Fida
(@mestrefida), de Garanhuns (PE), participou
de todas as 23 edições da Fenearte. Apesar de
ter começado sua arte depois dos 40 anos de
idade, logo imprimiu uma marca registrada: o
Homem Cata-Vento, inspirado em um boneco
que o pai tinha ganhado de um amigo quando
Fida era criança. Feito em madeira amarela,
típica da região, o boneco tem braços articula-
dos que se movem como cataventos. Hoje o seu
trabalho é reconhecido em todo o mundo.
Nenhum dos sete filhos de Fida seguiu os
passos do pai. Mas o mestre repassa aos vizi-
nhos, na cidade do Agreste, os seus saberes Mestra Dona Odete
Daniela Nader/Divulgação
para que a sua arte continue viva. O artesão
também produz barcos e os famosos ex-votos.
Também de Garanhuns, José Sérgio Pereira Integrante da Fenearte desde 2012, o artesão cença, renda de origem italiana que encontrou
dos Santos, o Mestre Serginho (@mestre_sergi- de 43 anos é um dos mais concorridos da feira terreno fértil no interior de Pernambuco. Ela
nho_artesao), teve sua vida modificada pela arte. — no segundo dia de evento, tinha vendido toda conta que a técnica foi levada pelas irmãs da
Sonhando em ser jogador de futebol, chegou a a produção. Serginho faz questão de dizer que só congregação francesa Filhas da Caridade de
atuar em times profissionais, mas, com a morte usa madeira reciclada. Além das bonecas, esculpe São Vicente de Paulo à sua cidade natal. Foi a
da esposa, precisou arrumar um novo meio de santos, animais e peças utilitárias, como bancos. mestra Lalá, apelido de Elza Mendes Medeiros,
sustento para os filhos, então com 6 e 8 anos. O quem montou um grupo embrionário de rendei-
pai tinha o hobby de esculpir peças em madeira. A força feminina ras, do qual dona Odete fazia parte. “Eu era a
Serginho aprendeu a técnica e imprimiu a sua pró- mais novinha da turma”, recorda-se.
pria assinatura ao criar bonecas de roca rústicas Nascida em Poção, município do Agreste per- Depois de se casar, dona Odete se mudou
— uma releitura dos santos de procissão, ocos na nambucano, Odete Maciel, a mestra Odete, há para a vizinha cidade de Pesqueira, onde vive
parte inferior para não pesar durante a romaria. mais de oito décadas domina a arte da renas- até hoje. Ativa aos 95 anos, garante que faz
renda todos os dias. “O meu trabalho já não é
10/11 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 tão bonito por causa da minha vista”, lamenta,
 Roberta Guimaraes/Divulgação

exibindo uma peça impecavelmente bordada por

suas mãos. A veterana diz que sempre fez questão
de passar a sua arte para quem estivesse disposto
a aprender — foi professora de renascença por
muitos anos. Mas se ressente com o fato de não
ter descendentes diretos seguindo os seus passos.
A história de Mestra Odete é contrária à da
família de Ana das Carrancas (@anadascarran-
cas), cujas filhas Maria da Cruz, a Mestra Maria
de Ana, e Angela Lima mantêm vivo o trabalho
da mãe, artesã que virou símbolo da cultura Mestre Fida
pernambucana. Dona Maria conta que Ana
Leopoldina dos Santos, que este ano completa- Daniela Nader/Divulgação

ria 100 anos, nasceu em Santa Filomena, então

município de Ouricuri. Viúva, para fugir da seca,
foi parar em Petrolina, município na divisa com
a Bahia, com as duas filhas e o restante da famí-
lia. Lá, conheceu o segundo marido e desenvol-
veu a arte que a deixaria famosa mundialmente.
De início, para ganhar a vida, Ana vendia
suas loiças de barro na feira. Um dia, quando
tirava barro nas margens do Rio São Francisco,
conheceu um pescador que lhe contou a lenda
das carrancas — uma estátua, misto de homem
e de bicho, que era colocada nas proas das
embarcações para protegê-las dos maus espí-
ritos. Ao chegar em casa, a artesã criou uma
carranca com as características que imaginou
a partir do relato do pescador. A peça virou sua
marca registrada. Outra característica marcante Mestra Maria de Ana
das peças de Ana da Carranca é uma homena-
gem ao seu segundo marido, que era cego. A Daniela Nader/Divulgação

artesã fez um furo nos olhos das carrancas.

“Minha mãe chegava na feira e expunha suas
loiças. Quando o povo se aproximava, ela mos-
trava suas carrancas e todos riam do trabalho
dela. Até que, um dia, dois jornalistas da capital
foram a Petrolina e conheceram suas peças. Eles
se encantaram pelo trabalho da minha mãe e
decidiram fazer uma matéria, que foi capa de
jornal. A partir daí, as peças ganharam o devido
reconhecimento”, detalha Maria.
Hoje, Mestra Maria de Ana e Mestra Angela Lima
seguem o legado da matriarca. Produzem as clás-
sicas peças e fazem uma releitura do seu trabalho,
que foi reconhecido, inclusive, com a Ordem do
Mérito Cultural, recebida em Brasília, em 2005, ao
lado de outros grandes nomes da cultura brasileira.
Falante, Mestra Maria lembra com alegria o Mestre Serginho
dia em que sua mãe descobriu que ela seguiria
os passos dela no artesanato. A filha tinha 8
anos, e a mãe pediu sua ajuda para dar conta Dois livros, fotografados por Daniela Nader e escritos pelos jornalistas
da encomenda de 500 carrancas que tinha rece- Catarina Lucrécia Araújo e Márcio Markman, contam a história dos mestres
bido. “Eu fiquei lá quietinha e fiz a minha pró- pernambucanos. O segundo volume de Feira dos sonhos foi lançado durante
pria peça do início ao fim. Minha mãe me olhou a 23ª edição da Fenearte. A ideia do trio é registrar a trajetória de todos os
e disse: “Graças a Deus, de hoje em diante, mestres do artesanato pernambucano, inclusive, em novos volumes.
tenho quem me ajude”.
Especial

A preservação
de uma
arte milenar
No mezanino do Centro de Convenções de
Pernambuco, onde ocorre a Fenearte, uma indí-
gena hipnotiza quem passa. Sentada no chão,
ela pega um pedaço de barro e, habilmente,
sem a ajuda de torno ou de qualquer outro
equipamento, vai moldando o material até trans-
formá-lo em um pote perfeitamente simétrico.
Dona Maria Aciole Barbosa, a mestra griô Maria
de Dion de Pankararu, é uma das mais antigas
do seu povo a manter viva a arte milenar das
loiceiras — mulheres que fazem loiças (em por-
tuguês vernacular) de barro.
Os loiceiros pernambucanos foram o tema
da feira deste ano, que contou com a exposição
As loiceiras de Tacaratu, fruto de uma pesquisa
etnográfica concluída pela fotógrafa Ana Araújo
(@fotoanaraujo) em 2017 e iniciada em 1987.
Esses 30 anos de trabalho foram registrados
no livro As loiceiras de Pernambuco — A arte
Mariana Guerra/Divulgação
milenar das mulheres do meu sertão, publica-
do em 2018. “Comecei fotografando a mestra
griô de origem afroindígena Antônia Inês da ras, como explica Ana Araújo. No entanto, os vermelho-terra. Para o acabamento das peças,
Conceição, conhecida como Tônia Loiceira, produtos de plástico e as panelas de alumínio também são usadas apenas ferramentas naturais,
em 1987, vendendo as suas loiças na feira seguem tomando o lugar da tradicional cerâmi- como sabugo de milho, seixo e cabaça.
de Tacaratu”, detalha Ana, que nasceu em ca utilitária de barro antigamente vendidas nas Ações como a homenagem dessas mulhe-
Tacaratu, cidade a 444km do Recife, e cresceu feiras. ”Por conta dessa demanda quase inexis- res em uma feira de visibilidade mundial e os
admirando a arte dessas mulheres. tente, hoje, só restam em atividade, e produ- registros feitos por Ana Araújo mantêm viva essa
Maria de Dion é da mesma aldeia de dona zindo sob encomenda, quatro descendentes da arte milenar. “Com o olhar de dentro, de filha
Tônia, que morreu em março de 2012, aos 80 mestra Tônia Loiceira do Altinho e cerca de dez da terra, busco visibilizar o valor e a beleza do
anos, e também é retratada no livro da jornalista loiceiras das aldeias indígenas Pankararu e Entre patrimônio cultural e imaterial dos habitantes
pernambucana radicada em Brasília. A indíge- Serras Pankararu, localizadas nos município de originários dessa região de Pernambuco.
na esteve na Fenearte para mostrar um pouco Tacaratu, Jatobá e Petrolândia”, detalha.
da arte do seu povo. Aos 66 anos, a peniten- Dona Maria de Dion confirma que tudo o Trabalho explorado
te, como se apresenta, tem o orgulho de ver as que produz hoje é usado nos rituais religiosos
quatro filhas e o “bocado” de netas manterem da aldeia. “Os Praíá (entidades representativas Durante muitos anos, Cida Lima (@cidami-
vivo o seu trabalho. “Enquanto preparo as loi- do sagrado Pankararu) vão na frente com as la_oficial) teve o trabalho explorado. A artesã,
ças, eu canto e rezo”, conta a mulher, que tem panelas de barro grandes (produzidas por ela e que vivia das loiças de cerâmica que produzia,
importante papel religioso em sua aldeia, ao outras mulheres), com comida dentro, e o restan- tinha dificuldade em conseguir a matéria-pri-
mesmo tempo em que é devota de Padre Cícero. te segue com os pratos”, explica. As loiças são ma. Uma moradora de Belo Jardim, sua cidade
Essa transmissão dos conhecimentos pela ora- pintadas com o giz branco da Serra do Sorongo natal, fornecia o barro, mas, em troca, a hoje
lidade continua até hoje nas famílias das loicei- e com o toá, ou tauá, uma pedra de um intenso mestra dava sua produção quase de graça.

12/13 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

 Daniela Nader/Divulgação
O marido, Germano Ciço da Silva, resolveu dar
um basta na situação e correu atrás do material
que a mulher precisava para fazer a sua arte.
Mas a grande guinada na carreira de Cida ocor-
reu mesmo quando a artista plástica Ana Veloso
conheceu o trabalho dela e disse que ela pode-
ria agregar valor se fizesse algo diferente, único.
Com aquilo em mente, Cida moldou um bone-
co que costumava fazer quando criança para brin-
car. Ao ver aquela cabeça perfeitamente esculpida
em barro, a artista plástica profetizou: “Nasce aqui
uma artista, seu trabalho vai ganhar o mundo”.
De fato, as cabeças em cerâmica, com nariz, ore-
lha e um acabamento impecável, encantaram a
todos. Em sua primeira Fenearte, em 2011, Cida
participou como mestra. Hoje, suas peças estão
presentes em galerias de arte de todo o Brasil.
“Vendemos até para o exterior”, orgulha-se.
Assim, a artesã, que antes mal tinha dinheiro
para pôr comida na mesa, hoje emprega nove
pessoas da família, sem contar o marido, que
continua a cuidar da matéria-prima, os filhos
Jadeilson, Jailson e Joselma, que seguem os pas-
sos da mãe como artesãos, e o caçula, Josimar,
responsável pela administração do negócio.
Jailson e Joselma Lima, inclusive, já assinam suas
próprias criações, que têm traços próprios.
Para o presidente da Agência de
Desenvolvimento Econômico de Pernambuco
(Adepe), André Teixeira Filho, esse é o papel da
economia criativa: pegar uma vocação e trans-
formar em atividade econômica. “Para isso, pre-
cisamos entender por que ela existe, estudá-la,
repensá-la, agregar valor e transformar em um
negócio lucrativo para o artesão. Ao mesmo
tempo, em que o estado vende sua riqueza cul-
tural”, detalha. “É isso que, no final das contas,
vai resultar no ‘orgulho de ser pernambucano’.”
Para entender todo esse processo, a Adepe está
realizando uma detalhada pesquisa com os arte-
sãos, iniciada pouco antes da Fenearte e que só
deve ter os resultados no final do ano. Com base
nesse estudo, será possível saber os rumos que a
Mestra Cida economia criativa de Pernambuco deve seguir.
Lima e Família
A jornalista viajou a convite da Adepe
Fitness & Nutrição
Comumente ouvimos de profissionais
da saúde alertas acerca da necessidade
da ingestão de fibras alimentares, mas
você sabe qual a razão para serem tão
benéficas ao organismo? Especialistas
apontam a quantidade ideal a ser
consumida diariamente e esclarecem
a importância da ingestão diária
POR LETÍCIA GUEDES*

D
esde a infância, quando ainda esta-
mos sendo apresentados aos alimentos “Vassouras” do

e tendo os primeiros contatos com os
mais variados tipos de sabores e textu-
ras, é comum que escutemos, daqueles que nos
cuidam, o quão importante é chupar laranja,
para enriquecer a vitamina C no corpo; tomar
leite, para absorver o cálcio; e consumir todo o
feijão do prato, para que o ferro afaste os riscos
de anemia. Contudo, existem substâncias que,
ainda que sejam amplamente indicadas, não
são verdadeiramente conhecidas.
As fibras alimentares fazem parte dessa classi-
ficação – muitos sabem que elas trazem impactos
positivos ao organismo do ser humano, mas não
sabem quais e nem de que forma isso, efetivamente,
acontece. De acordo com Lorena Balestra, médica
pós-graduada em nutrologia e endocrinologia, as
fibras alimentares são componentes encontrados em
alimentos de origem vegetal que não são digeridos
nem absorvidos pelo nosso organismo.
A especialista explica que as fibras são clas-
sificadas em duas categorias principais: solúveis
e insolúveis. As fibras solúveis têm a capacidade
de se dissolver em água, formando uma substân-
cia gelatinosa, e são encontradas em alimentos
como aveia, maçãs, feijões e lentilhas. Elas aju-
dam a retardar a digestão e a absorção de gli-
cose, o que contribui para o controle dos níveis
de açúcar no sangue. Também podem ajudar
a reduzir os níveis de colesterol LDL (o “mau”
colesterol) e promover a sensação de saciedade,
o que pode auxiliar no controle de peso.
Por outro lado, as fibras insolúveis são as que
não se dissolvem em água. Elas são identifica-
das em alimentos como trigo integral, vegetais
de folhas verdes e sementes, aumentando o
volume e a consistência das fezes, ajudando a
prevenir a constipação.
intestino
Unsplash/ Melissa Belanger
Qual a relevância
para o organismo?
Gabriela Lopes, nutricionista comportamental
e funcional, esclarece que as fibras são respon-
sáveis por atuarem como “vassouras”, carre-
gando os resíduos alimentares e a gordura em
excesso, contida nos alimentos, pelo intestino e
abaixando, dessa maneira, o nível de colesterol.
A profissional explica que as fibras são muito
importantes para o organismo de pessoas com
qualquer idade, pois ajudam na manutenção da
microbiota intestinal, auxiliam na redução dos
níveis de glicose no sangue, diminuem a pressão
e os lipídios e previnem contra problemas crôni-
cos, como doenças cardiovasculares, diabetes
mellitus e câncer de cólon.
As fibras têm, ainda, a capacidade de
melhorar o trânsito intestinal, aumentar o
volume e a consistência das fezes, promover
a saciedade, auxiliar no controle do apetite e
no gerenciamento do peso corporal e regular
os níveis de açúcares no sangue.
A médica Lorena Balestra conta que a quantidade
ideal de fibra alimentar a ser ingerida diariamente
varia de acordo com a idade, sexo e necessidades
individuais. Entretanto, de forma geral, para adultos
saudáveis, as diretrizes recomendam a ingestão de
cerca de 25 a 38 gramas de fibra por dia.
Para quem não tem o costume de ingerir ali-
mentos ricos em fibras, mas quer eliminar o mau
hábito, o indicado é aumentar o consumo de
frutas e legumes com casca, mas nunca esque-
cer de higienizá-los corretamente antes de inge-
rir. Balestra ressalta a importância de aumentar
gradualmente a ingestão de fibras ao longo do
tempo e beber bastante água para evitar des-
confortos gastrointestinais.
“É essencial buscar orientação de um profis-
sional de saúde, como um médico e nutricio-
nista, para obter uma recomendação persona-
lizada de consumo de fibras, levando em consi-
deração as necessidades individuais e possíveis
condições de saúde”, alerta.
*Estagiária sob a supervisão
de José Carlos Vieira

14/15 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

 Unsplash/Abishek Hajare

ALIMENTOS PARA ADAPTAR

RICOS EM FIBRAS GRADUALMENTE A DIETA
PARA ADICIONAR E AUMENTAR A INGESTÃO
NA DIETA DE FIBRAS, ALGUMAS
DICAS ÚTEIS SÃO:
• Grãos integrais:
Aveia, cevada, trigo integral, • Incluir uma porção adicional de frutas
arroz integral, quinoa, e vegetais em cada refeição.
centeio, etc. • Optar por grãos integrais em vez de
• Leguminosas e verduras: refinados, como trocar o arroz branco
Brócolis, couve-flor, espinafre, pelo arroz integral.
cenoura, feijões, lentilhas, • Adicionar sementes (chia, linhaça) e
ervilhas, etc. oleaginosas (amêndoas, castanhas) às
• Frutas: saladas, iogurtes ou lanches.
Maçãs, peras, laranjas, • Substituir lanches processados por
bananas, amoras, framboesas, opções mais saudáveis, como vegetais
morangos, etc. crus, frutas ou barras de cereais ricas
• Sementes e oleaginosas: em fibras.
Chia, linhaça, sementes • Aumentar gradativamente o consumo
de abóbora, sementes de legumes e feijões, adicionando
de girassol, amêndoas, pequenas colheres em pratos como
nozes, etc. sopas, ensopados ou saladas.
Saúde
POR AILIM CABRAL
importância da higie-
A ne bucal é amplamente
debatida e divulgada.
Embora muitas pessoas
ainda sejam mais displicentes
com a saúde da boca e dos den-
tes do que com outros aspectos
do corpo, é inegável que manter
a saúde bucal em dia é essencial
para o organismo como um todo.
Em pesquisa feita em 2019,
os dados coletados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostraram que
34 milhões de brasileiros, com
mais de 18 anos, perderam 13
dentes ou mais, e 14 milhões de
pessoas perderam todos os dentes.
Neste mesmo trabalho, o IBGE
apontou que menos da metade
dos brasileiros consultou um den-
E quando o bebê nasce?
• Durante os seis primeiros
meses de vida, o
recomendado é que o bebê
se alimente apenas de leite
materno.
• Nesse período, quando
ainda não há dentes ou
outros alimentos, existem
duas vertentes. De acordo
com Cynthia, alguns
estudiosos defendem que até
o aparecimento do primeiro
dente, não é necessário
nenhum tipo de intervenção.
• “Alguns defendem até mesmo
que o ideal é não limpar,
porque o leite materno tem
anticorpos que ajudam no
desenvolvimento geral do
bebê e que estes não precisam
ser removidos com nenhuma
limpeza”, acrescenta.
• Outra vertente da
odontopediatria, no entanto,
defende que desde o início da
vida do bebê seja feita uma
limpeza da boca e da gengiva,
16/17 — CORREIO BRAZILIENSE
a limpeza b u c a l d e bebês e
v e s e r f e it a t e s d esde
m o d e s d e n
tista no ano anterior ao levanta- Entenda co t â n c ia d e cuidar do
a impor te de leite
crianças e
mento. O problema não é fácil
e ir o d e n
de resolver, requer, além da aten-
do prim
ção do governo, uma conscien-
tização da população, que deve
começar desde os primeiros anos
de vida, criando assim o hábito
on a s c im e n t o
Como deixar a
da limpeza bucal.
Segundo Cynthia Miranda,
dentista e coordenadora de
Odontologia do Hospital Santa
Lúcia, os cuidados dentais devem
começar antes mesmo do nasci-
fada do dente
mento. “A formação dos dentes
de leite do bebê começa ainda
no segundo semestre de gesta-
ção, cerca de 20 dentinhos ficam
embaixo da mandíbula e da maxi-
la, prontos para nascer”, explica.
orgulhosa
Por isso, é importante que a
gestante tenha uma alimentação
equilibrada e mantenha os níveis
de cálcio no organismo.
usando apenas uma gaze
molhada.
• A Associação Brasileira de
Odontopediatria preconiza
que a higienização bucal do
bebê seja iniciada apenas
após o nascimento do
primeiro dente, e claro, que
seja feita de acordo com as
particularidades exigidas pela
idade do bebê.
• Porém, o Ministério da Saúde,
no guia “Cadernos da
Atenção Básica — Saúde
bucal” recomenda que a
limpeza da cavidade bucal
seja feita com gaze ou tecido
limpo embebidos em água
filtrada.
• Enquanto o bebê ainda
não tem o primeiro dente,
os pais podem escolher a
recomendação que mais lhe
agrada e buscar a orientação
de um odontopediatra, que
poderá dar um direcionamento
mais personalizado.
— Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

E como devemos fazer a limpeza bucal do bebê?
• Antes do nascimento do primeiro dente, caso
realize a limpeza, ela deve ser feita com
delicadeza e suavidade, somente com água e
gaze ou tecido limpo, com cuidado para não ferir
os tecidos.
• A partir do nascimento do primeiro dente, não
há controvérsia ou dúvida, é necessário iniciar a
limpeza direcionada.
• Com o primeiro dente, passa a ocorrer o
acúmulo de bactéria, que pode se transformar
em biofilme, antigamente chamado de placa
bacteriana.
• Caso não seja removido, o biofilme pode evoluir
para uma cárie.
• Neste início, quando há apenas poucos dentes,
os pais ou responsáveis podem usar uma
dedeira específica para essa limpeza, encontrada
facilmente em farmácias.
• A limpeza pode ser feita apenas com a dedeira,
mas como uma maneira de transformar o
momento em algo mais prazeroso e que seja
percebido como positivo pela criança, pode-se
usar pastas dentais próprias para a faixa etária,
que costumam ter sabores agradáveis.
• Conforme o bebê cresce e os dentes se
multiplicam, passa a ser usada uma escova
específica para cada idade, assim como as
pastas.
• Segundo Cynthia, baseada em estudos mais
recentes, a recomendação atual do Ministério da
Saúde é que todos, incluindo as crianças a partir
dos seis meses, devem usar pasta de dente com
flúor, em uma concentração mínima de 1000
ppm (informação contida na embalagem).
• “Caso contrário, podemos dizer que a pasta
só dará um cheirinho agradável, sem trazer
aos dentes proteção alguma contra a cárie”,
acrescenta.
• Idealmente, a limpeza deve ser feita três vezes
ao dia, depois de cada refeição. Mas a limpeza
do período da noite, antes de dormir, não pode
nunca ser esquecida. Ela é a mais importante,
uma vez que este é o período mais propício para
o desenvolvimento de cáries.
• O uso do fio dental pode ser iniciado assim que
o bebê tiver mais de um dente.
• Enxaguantes bucais não são indicados para
bebês ou crianças.
Palavra do
especialista
O que é a chamada cárie de
mamadeira?
Na verdade, o termo correto é
cárie de acometimento precoce.
Ela é definida a partir da presença
de um ou mais dentes decíduos
(dentes de leite) cariados,
perdidos por cárie ou restaurados
antes dos 71 meses de idade.
O tratamento é feito a depender
do estágio da cárie e pode ir
desde a mínima intervenção até
procedimentos mais invasivos,
como canal e prótese.
Além da cárie de acometido
precoce, que outros problemas
podem surgir da falta de
higienização da boca de bebês
e crianças?
A falta de higienização favorece
o surgimento de uma microbiota
com placa bacteriana, o que,
além de facilitar o surgimento da
cárie de acometimento precoce,
também pode resultar em doença
periodontal, que acomete a gengiva
e possível halitose (mau hálito).
Quais devem ser os principais
cuidados com a saúde bucal
de bebês e crianças?
Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS),
é de suma importância
evitar o consumo de açúcar,
especialmente a sacarose, nos
dois primeiros anos de vida.
Após os dois anos o consumo
deve ser moderado e inteligente,
ou seja, pouca frequência,
de consistência que não seja
pegajosa e preferencialmente
como sobremesa, pois em
seguida acontecerá a escovação.
Letícia Vieira,
dentista, professora
de Odontopediatria
da Faculdade Aria e
no Instituto Aria e
coordenadora do curso
de especialização em
odontopediatria
Encontro com o Chef Por Sibele Negromonte
sibelenegromonte.df@dabr.com.br

Maria Victória Ferraz

Bolos com
história
Depois do nascimento da filha, chef
passa a se dedicar à confeitaria e cria
produtos cheios de afeto e memória
ecília de Araújo demorou até decidir

C que profissão seguir. Iniciou o curso

de arquitetura e abandonou quatro
anos depois; ingressou na faculdade
de administração e largou após três anos
e meio; trabalhou na empresa do pai, mas
não se sentia realizada e pediu demissão.
Em 2013, resolveu mudar radicalmente.
Vendeu o carro e o apartamento que ainda
estava pagando, pegou todas as economias
e foi estudar gastronomia em Nova York,
cidade que sempre amou. “Na primeira
semana de aula, sabia que era aquilo que
queria para a vida”, conta.
O prazer de comer bem e se reunir em
torno da mesa sempre esteve presente na
vida de Cecília. Filha de pai capixaba e mãe
baiana, ela nasceu em Antas, na Bahia, mas
se mudou ainda criança para Goiânia, onde
viveu dos 7 aos 36 anos. “Minha avó paterna,
Odete, cozinhava muito bem, assim como a
minha mãe. Desde cedo, eu as ajudava na
cozinha, queria aprender. Mas eram comidas
simples, e eu nunca imaginei que aquilo se
tornaria minha profissão.”
Em Nova York, Cecília se matriculou em
um curso integral, de seis meses, na reno-
mada International Culinary Center (ICC) —
escola que fechou as portas em 2020, duran-
te a pandemia — e foi aprender técnicas da
clássica cozinha francesa. “A escola sempre Terminado o curso, a baiana resolveu ficar um que ensinava pessoas que queriam aprender
estava presente em eventos, como casamen- pouco mais pelos Estados Unidos, aperfeiçoando desde o básico da cozinha até se aprimorar em
tos, festas e até o US Open de Tênis, e os o inglês. Depois de quase dois anos, voltou para pratos mais sofisticados. Também era contratada
alunos podiam se voluntariar para trabalhar. Goiânia decidida a trabalhar com gastronomia. para dar aulas em lojas e eventos. Em quase três
Eu ia em todos”, diverte-se. Montou, então, um curso de bon gourmand, em anos como professora, contabilizou 312 alunos.

18/19 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023


Encontrando
a confeitaria
No início de 2018, Cecília descobriu que esta-
va grávida. Na mesma época, apareceu a opor-
tunidade de o então marido montar um negócio
em Brasília e, assim, ela se mudou para a capital.
Decidiu dedicar-se integralmente à pequena Maria
Alice, que nasceu em outubro daquele ano.
Mas ficar parada — por mais que os cuida-
dos com a casa e com a filha recém-nascida
tomassem todo o seu tempo — era uma novi-
dade para Cecília. Ela resolveu, então, fazer um
curso on-line de bolo de camada. “Não é uma
técnica fácil de fazer, afinal as camadas pre-
cisam ficar perfeitas, assim como o recheio”,
detalha. Até aquele momento, a confeitaria era
algo distante na vida da chef, que sempre tinha
se dedicado à comida salgada.
Cecília começou a fazer testes e desenvol-
veu um bolo de massa de cacau com um toque
de café e recheio de brigadeiro com chocolate
52%. Deu a ele o nome de Alice, em homena-
gem à filha, e sempre o levava para as festas de
família. “Minha sogra começou a fazer propa-
ganda para todas as amigas até que uma delas
me encomendou um bolo, em abril de 2019. Eu
fiz e foi um sucesso”, recorda-se.
E novas encomendas foram chegando.
Cecília passou, então, a fazer, além do bolo
Alice, brigadeiro e cookies, e a vender na casa
de carne do agora ex-marido. “Achei que a con-
feitaria era um bom caminho a seguir, pois con-
seguiria trabalhar em casa e cuidar de Alice.”
Mas ela só tinha, basicamente, um produto, que
era vendido em dois tamanhos.
Logo depois, criou uma nova torta com pista-
che e fava de baunilha e a batizou de Romero,
em homenagem ao ex-marido. Mas, assim como
aconteceu com o bolo Alice no início, só ser-
via nas reuniões familiares. Por insistência dos
parentes, acabou, um ano depois e já em meio
à pandemia da covid-19, também o comerciali-
zando. Agora, no cardápio, havia dois bolos. E
as encomendas não paravam de chegar.
Cecília percebeu que a cozinha de casa já não
dava conta e, em sociedade com o ex-marido e
com a ex-cunhada, abriu, em julho de 2021, um
espaço, na Asa Sul, onde, além de produzir os
bolos, os clientes podem pegar as encomendas e
até sentar para tomar um café com bolinho. Na
Cozinha Alice, além dos bolos Alice e Romero,
é possível adquirir outras criações que ela foi
desenvolvendo ao longos dos últimos meses.
Arquivo pessoal
BOLO DE MILHO
Ingredientes
(para medir use a própria
lata do milho)
• 1 lata de milho verde
(uso os cozidos no vapor)
• 1/2 lata de óleo de girassol
(ou o de sua preferência)
• 1/2 lata de leite
• 4 ovos caipiras
(só uso ovo caipira)
• 1 lata de açúcar
demerara
• 1/2 lata de farinha
de milho flocada
(flocão)
• 2 colheres de sopa
rasas de farinha
de trigo
• 4 colheres de sopa
de coco fresco ralado
• 1 colher de chá
de fermento
Modo de fazer
• Coloque todos os
ingredientes no liquidificador,
menos a farinha de trigo
e o fermento.
• Bata por 2 minutos.
• Adicione a farinha de trigo e o
fermento e bata por 5 segundos.
• Despeje a massa em uma
forma untada e enfarinhada.
• Asse em forno preaquecido
a 180ºC por 40 minutos.
Detalhe: todos em homenagem a pessoas impor- lançar outro bolo em homenagem à filha, que
tantes na vida da confeiteira. “Os meus bolos sempre está na cozinha ajudando a mãe nos pre-
sempre têm uma história por trás”, garante. paros. “Como Maria Alice não gosta de choco-
Assim, surgiu o bolo Selma, feito com pistache, late, no aniversário de 4 anos dela, criei um bolo
um toque de azeite e um mix de chocolates, o de baunilha, framboesa e limão. Foi um sucesso.
preferido da mãe de Cecília. Já o bolo Odete, Agora, vou vendê-lo.” Para a festa de 5 anos da
batizado com o nome da avó paterna, é produzi- garota, em outubro, Cecília está trabalhando em
do com chocolate e coco. “Para chegar à textura um bolo com blueberry e limão. “Como ela quer
que queria, criei uma pasta de coco, que é feita um bolo azul, vai ficar lindo e gostoso.”
aqui e leva quatro dias para ficar pronta”, detalha. A chef ressalta que só usa farinha e açúcar
A ex-sogra Samira ganhou um brownie de cho- cristal orgânicos, prepara a própria pasta dos
colate e a amiga Taís, um cookie de avelã com recheios e, o principal, faz tudo com muito amor
chocolate. “Desenvolvi a minha própria Nutella”, e dedicação. “Meus bolos são feitos para mar-
brinca. No cardápio, há ainda lascas e barras car a memória.” Agora, resta saber quem será o
de chocolate. Em breve, a confeiteira pretende próximo homenageado!
Casa
Fotos: Reprodução/ Pinterest

Além de deixar o cômodo arrumado, A utilização de prateleira na

esse componente também é sapateira também traz um
ótimo custo benefício
extremamente importante na hora
de compor e embelezar o cenário.
As opções para isso são diversas

POR EDUARDO FERNANDES

entro do quarto, alguns itens precisam

D de uma atenção especial. Talvez uma

organização um pouco mais capricha-
da, para deixar o cômodo mais embe-
lezado. Além da cama arrumada, dos lençóis
devidamente dobrados ou do guarda-roupas
ajeitado corretamente, as sapateiras também
são importantes nesse quesito, já que nos últi-
mos anos deixaram de ser apenas funcionais e
têm sido usadas como um item de decoração.
Sapatos e tênis em geral costumam ter um
espacinho no quarto. Mas, deixá-los largados
é sempre uma opção usada por muitos. Pela
falta de disposição para guardá-los ou apenas
por praticidade, os itens são deixados de lado.
Entretanto, dedicar uma área específica para
essa finalidade é necessário, segundo a designer
de interiores Aline Silva.
Várias são alternativas para que isso seja feito
da maneira correta. De acordo com a especia-
lista, utilizar a entrada da casa ou um canto pró-
ximo à porta para acomodar os calçados, pode

Organizando o
auxiliar nessa questão. “Você pode instalar um
móvel específico, como um banco com espaço
para sapatos embaixo, ou utilizar prateleiras ou
nichos para organizá-los nesta área”, recomenda.
Outra possibilidade é destinar um armário
ou closet exclusivamente destinado aos tênis e
sapatos, caso haja um espaço disponível para
isso. Fazer uso de prateleiras, organizadores de
calçados ou sapateiras suspensas para maximi-
quarto com as
sapateiras
zar o espaço e mantê-lo bem organizado, sem a
necessidade de grandes mudanças ou trabalho.
“Existem também móveis projetados especial-
mente para armazenar calçados, como sapa-
teiras ou racks para sapatos. Esses móveis pos-
suem compartimentos próprios para cada par de
sapatos, o que facilita a organização e o acesso
a eles”, destaca Aline Silva. Se a sua intenção
é instalar em prateleiras ou nichos nas paredes
como mencionado anteriormente, é uma ótima
pedida, pois isso ajudará a adaptar o cômodo
de acordo com as suas necessidades.

20/21 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

 DEIXANDO
O AMBIENTE
MAIS
ORGANIZADO:
Colocar esse
componente
na parede • Classifique os sapatos por
pode tornar tipo ou uso.
ainda mais • Utilize organizadores, como
acessível caixas transparentes ou
sapateiras suspensas.
• Considere fazer uma rotação
sazonal dos sapatos.
• Faça limpezas regulares e
mantenha os sapatos limpos
antes de guardá-los.
• Utilize etiquetas ou
marcações para identificar os
Colocar pares.
espelhos e
uma luz de • Seguindo essas dicas,
LED ajudam sua sapateira ficará mais
a incrementar organizada e facilitará a
ainda mais a escolha dos sapatos.
sapateira
Fonte: Aline Silva, designer de
interiores da Interioras Design

PARA DEIXAR SUA SAPATEIRA MAIS ENCORPADA:

1 Adicionar espelhos nas portas para criar uma

sensação de espaço e facilitar a visualização dos 4 Aplicar um revestimento de tecido ou papel de parede
nas paredes internas para adicionar cor e padrão.
Lembre-se de considerar o
espaço disponível e seu estilo
sapatos.

2 Instalar iluminação interna para realçar

os sapatos e melhorar a visibilidade.
5 Adicionar acessórios decorativos, como ganchos
para bolsas ou caixas de armazenamento para
itens menores.
pessoal ao implementar essas
ideias. O objetivo é tornar a
sapateira mais encorpada, ao

3 Criar divisórias personalizadas para

organizar os sapatos de forma mais
ordenada e estilizada.
6 Personalizar a sapateira com pintura ou
acabamento diferenciado, como cores vibrantes
ou efeitos especiais.
mesmo tempo em que a
mantém funcional e adequada
ao seu gosto, orienta Aline Silva.

As mais desejadas
A designer de interiores descreve que os clientes
gostam de tipos bem diferentes de sapateiras. Os
mais populares incluem aquelas em formato de
prateleiras horizontais, para armazenar os sapatos
de forma mais acessível. “As sapateiras suspensas,
que podem ser penduradas na parede, são ideais
para economizar espaço no chão, enquanto as
sapateiras giratórias oferecem acesso facilitado
aos calçados de todos os lados”, detalha.
Além dessas, as sapateiras de banco com espa-
ço de armazenamento combinam um assento com
compartimentos embaixo, proporcionando um
local para sentar e guardar os calçados. Outro
tipo bastante desejado são as modulares, que per-
mitem uma personalização flexível, adaptando-se
à área disponível e a quantidade de sapatos que
estão dispostos para serem guardados.
“Independentemente da opção escolhida,
é importante garantir uma ventilação adequa-
da para evitar odores indesejados e manter os
calçados em bom estado. Dessa forma, você
poderá criar um espaço separado e funcional
para guardar os seus calçados dentro de casa”,
orienta a profissional.
Caprichando no cômodo
Antigamente, esse elemento não era tão incre-
mentado como é hoje. Mas, com o passar dos anos
e o apreço por calçados, esse pensamento mudou.
O arquiteto Diego Aquino destaca que a organiza-
ção de sapatos dentro do quarto vem ganhando
uma atenção especial na decoração de interiores.
“Para deixar esse componente mais encorpado, é
possível recorrer a soluções de marcenaria, que per-
mitem esconder os tênis”, acrescenta.
Por exemplo, é possível utilizar gave-
tas especiais que se encaixam no armário
e deslizam para fora quando necessário.
Além disso, é natural que cada família tenha
suas preferências e necessidades individuais.
Durante a pandemia, de acordo com Diego,
a instalação de sapateiras tornou-se algo
visto com frequência.
Esse movimento pode ser considerado uma
tendência, já que a higiene e a organização
dos ambientes passaram a ser uma priori-
dade, especialmente ao chegar em casa.
Uma forma de inovar, caso o orçamento não
extrapole, é utilizar uma luz de LED para que
o cenário fique ainda mais embelezado e o
quarto ganhe um charme especial. “Se você
deseja inovar e iluminar todo o guarda-rou-
pas, a luz de LED pode ser uma opção inte-
ressante”, finaliza.
Bichos

Desapet Brechó
Histórias de superação, sonhos e

MEU PET, MINHA INSPIRAÇÃO

preocupações. Cada proprietária, com
suas particularidades, inspirou-se nos
animais e projetou empreendimentos
que têm conquistado os brasilienses

POR LETÍCIA GUEDES*

hegada a hora de decidir com o que

C queremos trabalhar, não é incomum que

surjam dúvidas ao analisar o grande
leque de opções disponíveis no merca-
do. Escolher atuar em prol daquilo que mais ama,
optar pelo que trará mais retorno financeiro ou
tentar um concurso que me proporcione estabili-
dade? Entre as proprietárias do Desapet Brechó, Gabriela Carvalho, segurando Alegra (branquinha) e
My Cat Space e Roof For Pet a resposta foi unâ- Maria Cândida Salles segurando o mascote Lilo Jack (pretinho)
nime: por acaso, ou não, todas decidiram unir o
amor pelos animais ao desejo de empreender. O Desapet é o primeiro
brechó para pets em Brasília
Brechó para pets!
My Cat Space

O primeiro brechó para pets em Brasília sur-

giu da emocionante história de Maria Cândida
Salles, 60 anos, que, em 2012, parou de traba-
lhar para dedicar-se integralmente aos cuida-
dos com sua mãe que, de idade avançada, não
tinha mais autonomia para viver sozinha.
Tempos depois, após o falecimento da mãe,
Maria estava desempregada e sem perspectivas,
à beira de uma depressão, quando ouviu a his-
tória de Jack, um cachorrinho que havia sofrido
Desapet Brechó
um acidente doméstico e ficado tetraplégico. Os
tutores não possuíam recursos financeiros para
cuidá-lo e declararam que, caso não aparecesse
alguém para ajudar, precisariam eutanasiá-lo.
Junto a uma amiga, Maria Cândida passou
a cuidar de Jack e descobriu ali, o sentido que
faltava em sua vida. “Acompanhei diariamente
a luta para sobreviver e voltar a andar. Ele foi
operado, numa cirurgia de alto risco, e, graças
a Deus, foi um sucesso!”
Depois que o animalzinho se recuperou e vol-
tou para a casa dos tutores, Maria continuou a
visitá-lo, mas sempre ia embora chorando. Ela se
afeiçoou a Jack e gostaria de criá-lo, porém os
tutores não consentiam. Um dia, em uma das visi-
tas, Maria sentiu falta dos brinquedinhos que havia
dado a Jack, e refletiu sobre onde poderiam estar.
“Onde estariam os seus brinquedinhos?
Guardados? Esquecidos? Ao mesmo tempo, me
A proposta do My Cat Space é unir gato e café em um só lugar,
22/23 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 as comidinhas servidas no café trazem características dos felinos

dei conta da infinidade de produtos que existem
para animais de estimação. Será que as outras
pessoas usavam tudo ou será que haviam muitas
coisas guardadas e até mesmo meio esquecidas?”
E por meio desse momento de angústia, Maria
Cândida teve a ideia de montar um brechó para
pets. Em novembro de 2020 a ideia do brechó
se concretizou e, em poucos meses, Gabriele
Carvalho, 22, nora de Maria Cândida, virou sócia.
Pouco tempo depois, para a alegria da
empreendedora, os antigos tutores reconhece-
ram que o melhor para Jack, agora chamado
Lilo Jack, era viver integralmente com Maria.
A empresa trabalha com tudo que envolve o
mundo pet, roupas, coleiras e produtos para trans-
portes, basta estarem em bom estado. “Saber que
os pets agora podem colaborar com a sustentabili-
dade, é motivo de muita alegria. Não só ajudamos
o meio ambiente, mas também àqueles que têm
em casa produtos que não têm mais utilidade para
o animalzinho deles.” Quando algum produto não
é vendido, o brechó os envia para abrigos de ani-
mais em situação de vulnerabilidade.
Atualmente, o Desapet conta com um espaço
físico em uma clínica veterinária localizada no
Guará, que é, inclusive, responsável por cuidar
dos pets de Maria Cândida há 19 anos. Uma
médica veterinária que trabalha na clínica foi a
primeira fornecedora e incentivadora do brechó
e, por isso, é considerada madrinha da empresa.
Café & Gatos
Inaugurado há 7 meses, o My Cat Space é um
café temático que conta com um gatil, de 20m², com
felinos para adoção ou visitação. O projeto foi ideali-
zado por Márcia Mendonça, 37, que, junto ao mari-
do, já possuía a Mundo Pluto, uma loja de móveis
especializados para pets, especialmente gatos.
Tutora de gatinhas, Márcia sabia que o seu foco
era realmente o mundo felino, então começou a
estudar e encontrou a ideia do Cat Café, que nasceu
no Japão. Ela conta que de cara adorou a ideia e
pensou na possibilidade de ter um. Depois de alguns
anos sonhando e estudando, em novembro de
2022, o My Cat Space foi, finalmente, inaugurado.
A proprietária explica que além de oferecer um
ambiente gostoso, aconchegante e acolhedor, com
uma comida que afague a barriga e o coração,
proporcionar a adoção consciente de gatinhos e
converter mais pessoas a tornarem-se tutores é um
dos principais objetivos do espaço, e tem dado
certo. O My Cat Space alcançou a marca de 250
animais adotados em sete meses de funcionamento.
Hoje, a proprietária atua junto à Lucile Álvares,
que foi convidada para ser sócia pela vasta expe-
riência na proteção animal. O Place Cat, como
Roof For Pet
A Roof For Pet foi responsável pelo
buffet do casamento de duas cabras
SERVIÇO
Desapet brechó
QE 30, Bloco B, loja 26 do Guará II
Funcionamento de segunda a sábado: 8h às
12h30 - 14h às 18h
Instagram: @desapetbrecho
My Cat Space
CLN 111 bl A - Asa Norte - Brasília/DF
Funcionamento de segunda a sexta-feira: 14h
às 21h (terça-feira: fechado) | FDS: 9h às 20h
Instagram: @my_cat_space
Roof For Pet
A empresa recebe encomendas diariamente
através do Instagram: @rooforpet
é chamado o gatil, tem a capacidade de abrigar
12 a 15 animais. Toda semana, os gatos recebem
a visita do médico veterinário e proprietário do
Hospital Animais-DF, Dr. Luiz Alberto, para verifi-
cação da saúde. Os novos animais também são
avaliados antes de entrar no espaço.
Além de fazer carinho nos pets, os clientes que
se apaixonarem, podem preencher um formulário
solicitando a adoção do gatinho escolhido, mas
é preciso se atentar a alguns requisitos: casa ou
apartamento sem rota de fuga, com telas; garan-
tir a vacinação completa e anual do animal;
adquirir os produtos corretos para adaptação do
animal em sua casa, entre outros itens que são
avaliados antes da adoção. Após adotados, eles
são acompanhados pelas protetoras por 6 meses
a 1 ano para orientações e verificação de como
está a adaptação do mesmo ao novo ambiente.
Bolo para cachorro?
Nascida em plena pandemia, em junho de
2020, a Roof For Pet foi desenvolvida por Gabriella
Nishiyama, 25, a empresa surgiu repentinamen-
te por uma necessidade. Apaixonada por ani-
mais desde criança, Gabriella se viu preocupada
quando Amora, sua cadelinha de nove anos, à
época, apresentou crise de dermatite e foi proibida
de ingerir qualquer tipo de petisco industrializado,
os médicos veterinários apontaram que a cadela
necessitava de uma alimentação natural.
Pensando no bem-estar de Amora, a tuto-
ra resolveu se arriscar na cozinha e testar algu-
mas receitas de petiscos naturais — deu certo!
Gabriella distribuiu os petiscos caseiros para os
cachorros da vizinhança e tanto os pets quanto os
tutores aprovaram o resultado. O feedback foi tão
positivo que passaram a cobrar de Gabrielle quan-
do ela faria a receita de novo, e foi aí que a ideia
de comercializar os petiscos naturais nasceu. “Não
foi nada planejado, foi uma coisa que aconteceu
de uma necessidade do mundo pet, encantou todo
mundo e criou uma proporção para além do que
a gente imaginava”, destaca Gabriella.
Petiscos, cupcakes, bolos, panetones e ovos
de páscoa, são todos feitos de alimentos natu-
rais e não levam ração na receita. “Nossa lista
de sabores dos bolos vai desde maçã, banana
e cenoura, até opções com proteína que levam
fígado ou frango. A gente faz e isso dá oportu-
nidade do tutor também provar o que o seu pet
está comendo. O bolo de banana é uma delícia,
já o de fígado não é tão interessante assim para
nós humanos”, explica Gabi em meio à risadas.
Atualmente a Roof funciona de forma on-line,
mas expandirá, em breve, para um espaço físico. A
proprietária conta que as encomendas são diárias
e que atende o mais variado público de eventos e
animais. A empresa já foi responsável pelo buffet de
aniversário de gatos, cachorros e até de uma gali-
nha, já produziram um bolo de dois andares para
o casamento de duas cabras e, nos últimos meses,
tem recebido encomendas para chá revelação.
“Os pets dos tutores revelam o sexo do seu
novo irmãozinho humano. Os donos nos man-
dam o exame e nós fazemos o interior do bolinho
rosa ou azul, também tudo de forma natural, sem
corantes, aí na hora da revelação o pet, ao comer
o bolo, revela para os humanos o sexo do bebê.”
Sorrindo, Gabriella conta que já produziu um bolo
para que um porquinho pudesse fazer a revelação.
 No documentário ‘A
superfantástica história do
TV+ balão’, Simony, Tob, Mike e Jair
Oliveira se reúnem pela primeira
vez em mais de uma década
mais de uma década
Tomadas pela nostalgia, as plataformas
de streaming voltam aos anos 1980
com a estreia de A superfantástica
história do balão, no Star+, e Xuxa,
o documentário, no Globoplay
POR ISABELA BERROGAIN

os interessados em revisitar o passado, as

A plataformas de streaming brasileiras ofe-

recem aos assinantes um mergulho dire-
to no túnel do tempo. Dois dos maiores
fenômenos midiáticos dos anos 1980, a Turma do
Balão Mágico e a apresentadora Xuxa, são resga-
tados nos documentários A superfantástica história
do balão e Xuxa, o documentário, lançamentos da
Star+ e do Globoplay, respectivamente.
Pela primeira vez, em mais de uma década,
os amigos do peito Simony, Tob, Mike e Jair

De volta aos
Oliveira, conhecido na época como Jairzinho,
voltam a se reunir para relembrar a infância

anos 1980
como membros de um dos grupos musicais
infantis mais bem-sucedidos do Brasil. Ao longo
de três episódios, o quarteto divide com o públi-
co histórias que abordam desde origens familia-
res à explosão da banda, revelando o por trás
das câmeras, os altos e baixos do show business
e até mesmo os traumas deixados pela fama
estrondosa alcançada pelos integrantes.
Com imagens de arquivo inéditas da traje-
tória da banda que vendeu mais de 5 milhões
de cópias no Brasil, a minissérie conta, tam-
bém, com a participação de personalidades que
fizeram parte do sucesso da Turma do Balão.
Fábio Júnior e Baby do Brasil relembram das
colaborações musicais que fizeram com o
grupo, enquanto Boni e Ticiane Pinheiro recor-
dam do programa Balão Mágico, produzido
e exibido pela TV Globo entre 1983 e 1986.
Nomes como Lázaro Ramos, Raul Gil, Gretchen,
Castrinho, Juninho Bill, Rita Cadillac, Pepeu
Gomes, Luciana Mello, Simoninha e Pedro
Camargo Mariano, além de parentes do quar-
teto, também dão seus depoimentos.
Ainda no início dos anos 1980, outro fenôme-
no surgia no Brasil. Em 1983, Maria da Graça
Meneghel, mais conhecida como Xuxa, deu início
Globoplay/Divulgação

à carreira como apresentadora e, desde então,

tem trilhado uma trajetória de sucesso na tele-
visão brasileira, se desdobrando também nos
papéis de atriz e cantora. Dirigida e produzida
pelo apresentador Pedro Bial, Xuxa, o documen-
‘Xuxa, o documentário’ relembra os 60 anos de
vida e 40 de carreira da Rainha dos Baixinhos
24/25 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
 OUTRAS PRODUÇÕES
O que não faltam são produções audiovisuais disponíveis no streaming
que narram a vida e carreira de nomes brasileiros de sucesso, unindo a
ficção à realidade. Confira as principais delas:

Warner/Divulgação
Hebe: A estrela do Brasil
Também destacando o período dos anos
1980, Hebe: A estrela do Brasil dá foco
à emancipação profissional de uma das
maiores estrelas nacionais. Em meio
à transição da ditadura militar para a
democracia, a apresentadora, vivida na
ficção por Andréa Beltrão, decide enfrentar
o machismo da sociedade da época e o
ciúme exagerado do então marido Lélio
Ravagnani. Assim, a paulista foi capaz de
garantir o direito de controlar a própria
carreira, driblar a censura e levantar
bandeiras importantes, mostrando ao
público a força e o poder da mulher que foi.
O longa-metragem faz parte do catálogo do
Amazon Prime.
Star+/Divulgação

O rei da TV
Em O rei da TV, os espectadores podem
acompanhar a trajetória do apresentador
Silvio Santos, um dos maiores ícones da
televisão brasileiro. A série narra a vida de
Silvio desde a infância no Rio de Janeiro
até a ascensão à fama, consolidando-se
como um dos principais comunicadores do
país. A 2ª temporada do seriado, lançada
pela Star+ em março, relembra momentos
marcantes na história do carioca — a
candidatura à Presidência da República,
o sequestro da filha Patrícia Abravanel e a
crise do Banco PanAmericano. A produção
protagonizada por José Rubens Chachá, no
entanto, não agradou o dono do SBT. Silvio
Star+/Divulgação
Santos chegou a dizer publicamente que a
série é “mal feita”.
tário relembra, ao longo de cinco episódios, os
Globo/ Divulgação

60 anos de vida recém-completados da Rainha Chacrinha: O velho guerreiro

dos Baixinhos, abordando, de forma inédita, as Assim como em O rei da TV, o filme
principais polêmicas da vida pública da gaúcha. Chacrinha: O velho guerreiro conta a
Um dos pontos altos do documentário é o história de José Abelardo Barbosa desde
encontro de Xuxa com a ex-empresária e dire- a juventude, quando decide se tornar
tora Marlene Mattos, após quase duas déca- locutor de rádio, até a criação do alter ego
das sem contato. Nos últimos anos, a relação Chacrinha. O filme, protagonizado por
conturbada entre as duas foi marcada por acu- Stepan Nercessian, mostra também como o
sações públicas e brigas — a apresentadora apresentador, no auge do sucesso, foi capaz
gaúcha chegou a dar declarações afirmando de revolucionar os programas de auditório.
que foi um fantoche de Marlene, que retribuiu Dois anos após o lançamento, o longa-
com um boletim de ocorrência na delegacia por metragem foi responsável por dar origem à
calúnia. Outro encontro que também é destaque produção Chacrinha: A minissérie. Baseada
no seriado é o da Rainha dos Baixinhos com no filme, o seriado une, ao longo de quatro
Marcelo Ribeiro, o ator-mirim que protagonizou, capítulos, ficção com arquivos documentais
ao lado dela, uma cena sensual no polêmico da vida do pernambucano. Ambas
filme Amor estranho amor. Na época, a apresen- produções estão disponíveis na Globoplay.
tadora tinha 18 anos e Marcelo, 12.
 a re le vâ n ci a d e vi ve r a personagem
sobre
TV+
A mensagem na Carol Castro comenta
Darlene, uma mãe so
lteira q u e in te rp re ta e m u ma novela

atuação
POR PEDRO IBARRA

á pouco mais de um mês, uma personagem entrou na

H novela Amor perfeito e movimentou muito a história.

Darlene, vivida por Carol Castro, é uma mulher deter-
minada, mãe de Clarinha (Vitoria Pabst), uma menina
cadeirante, fruto de um amor proibido entre ela e o Frei João (Allan
Souza Lima). Ela chega na história com toda vivência de mãe sol-
teira e da luta para cuidar de uma criança com paralisia infantil.
A bela história de força, amor e esperança atraiu Carol
Castro para o papel. “A Darlene foi um grande presente, repre-
sentar a missão de uma mãe atípica de uma criança atípica,
fruto de um amor proibido”, explica a atriz. “Estou feliz de poder
contar essa história muito bonita. Essa novela ainda tem outras
histórias paralelas maravilhosas. Tem ainda um belo folhetim
pela frente, daqueles bem gostosos de assistir”, complementa
O assunto é relevante, principalmente por tocar em temas
importantes e muito discutidos recentemente no país. “É rele-
vante trazer a conscientização sobre a importância da vaci-
nação de poliomielite. Ainda mais nesse momento do Brasil,
em que há pessoas que não acreditam em vacina”, afirma
Carol, que elogia a novela. “Me encantou muito, tem uma
inclusão real. A nossa atriz Vitoria Pabst é realmente uma
atriz cadeirante”, diz. A artista entendeu a personagem como
um chamado. “É bem honrosa essa missão e o convite que
recebi. A arte tem o poder de transformar e educar, levantar
questões e fazer as pessoas pensarem”, pontua.
Este é o retorno de Carol Castro aos folhetins televisivos,
visto que esteve muito presente nos streamings recentemente.
“Voltando a fazer novela, uma linguagem que fiz durante anos,
mas estive muito tempo afastada com trabalhos no cinema
e séries. Simplesmente o bom filho à casa torna”, comenta.
“Tenho muito carinho pela novela, o quanto ela atinge o públi-
co, que ainda está lá assistindo o que a gente faz de tão bem.
As melhores novelas do mundo são as brasileiras”, exalta.

Papel de artista
A atriz esteve em pelo menos cinco produções antes de ser
anunciada em Amor perfeito. Algumas até bastante badaladas,
como é o caso de Ninguém é de ninguém, longa que estreou
nos cinemas; Insânia, série de terror da Star+; e Maldivas,
comédia de mistério da Netflix. “Foi muito bacana viver diver-
sas personagens, com diversos cabelos e temas, e agora che-
gar aqui, representando essa mãe. Um amor incondicional em
uma situação atípica, é tudo muito empolgante”, conta Carol.
Contudo, poder falar sobre temas importantes é o que
a move. “O verdadeiro artista fala, alerta, toca o público.
Somos contadores de histórias que fazem rir, chorar e pensar.
Estamos sempre trabalhando. Estamos observando a nós
mesmos, ao próximo e o contexto que estamos”, acredita
a intérprete, que confirma que não é fácil. “A cabeça está o
tempo inteiro trabalhando, terapia é muito bom, inclusive,
bom para qualquer um, mas para ator é melhor ainda”, diz
Castro, no processo de seguir a vida artística. “É assim que
a gente segue: fazendo terapia, fazendo arte, trabalhando e
26/27 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 sendo mãe tudo ao mesmo tempo.”
Próximo Capítulo
FIQUE
DE
OLHO
• Já está na Netflix o
filme Bird Box Barcelona,
versão espanhola com Mário
Casas no elenco
• Amanhã, chega ao Viva a novela
Escrito nas estrelas, de 2010
• No Globoplay, é a vez da novela
Bambolê, de 1987, e...
• ... na quarta, estreia a série
nacional Vicky e a musa
Liga
Acabou o mistério.
A novela Dona Beija vai
mesmo sair do papel, com
Grazi Massafera confirmadíssima no
papel-título. O anúncio foi feito pela
HBO Max, que será responsável
pela produção, em parceria com a
Floresta. A ex-BBB, indicada ao
Emmy, está mais que consolidada
como uma potência cênica e é uma
escolha certeira para reviver a
personagem defendida por Maitê
Proença nos anos 1980.
Desliga
Por falar em
escalação acertada, não
parece ser o caso da
possível escolha de Marcos Palmeira
para protagonizar o remake de
Renascer. O ator foi bem como José
Leôncio, em Pantanal (2022), mas a
repetição — insistência de Bruno
Luperi, responsável pela adaptação
dos clássicos do avô, Benedito Ruy
Barbosa — não tem agradado o
público. Murilo Benício é o nome
mais pedido na web.
Patrick Selvatti
http://blogs.correiobraziliense.com.br/proximocapitulo
Encanto e medo na selva
Mauricio Fidalgo/TV Globo
Em um cenário selvagem, com comida escas-
sa, exposição severa às intempéries climáticas e
zero conforto, são realizadas provas complexas,
que exigem resistência física e psicológica, em
meio à convivência extrema com pessoas de dife-
rentes personalidades e temperamentos. O pro-
grama No Limite está de volta, em uma nova ten-
tativa de êxito, nesta retomada iniciada há dois
anos pela Globo. Desta vez, entretanto, o rea-
lity show sai de uma praia deserta no Nordeste
brasileiro para assumir uma ambientação ainda
mais desafiadora: a Amazônia. De acordo com
o apresentador Fernando Fernandes, o objetivo
desta temporada é instigar os participantes a se
juntarem à floresta. “É muito lindo e muito difícil.
O que encanta também amedronta. É tudo, lite-
ralmente, no limite”, define.
A temporada de 2023 estreia, nesta terça-fei-
ra, com outras novidades. Serão 15 participan-
tes e, pela primeira vez, ocorre a mistura entre
desconhecidos e celebridades no elenco. Onze
anônimos e quatro famosos vão se aventurar O atleta Fernando Fernandes apresenta o No
em situações limítrofes na Floresta Amazônica. Limite, na Amazônia, a partir de terça-feira
O “camarote” na selva é composto pelos ato-
res Paulo Vilhena, Carol Nakamura, Cláudio
Heinrich e Mônica Carvalho. Mas, segundo lity, sendo quem ele é. A figura do Fernando é
o diretor de conteúdo da emissora, Gabriel de um amigo do público, que convive e cami-
Jácome, a fama não vale de nada na compe- nha ao lado dele. Temos, aqui, um participante
tição. “O colírio da Capricho (referindo-se ao que narra, com tesão, energia e a coragem para
ator e apresentador Cláudio Heinrich) vai ter que também enfrentar os obstáculos”, pontua.
dar o melhor de si, sem vantagens”, explica. O Giannetto talvez simbolize o grande trunfo
representante no Brasil da Endemol — idealiza- desta temporada. Ele entra no reality para ocupar
dora do formato Survivor, que inspirou o reality o posto de Boninho no comando da atração e
tupiniquim —, Allan Lico, reforça que a produção traz uma mudança monumental ao programa: o
se preocupou em escalar artistas com garra, que No Limite Amazônia não terá um campeão defi-
querem verdadeiramente ser campeões. “Não nido por quem está no aconchego do sofá. Em
tem roteiro. Eles logo compreenderam que, des- vez de a vitória ser entregue ao participante mais
ligando a câmera, as limitações seguem e os popular, a final terá outro formato: a decisão ao
privilégios não vêm”, acrescenta.
Pelo segundo ano consecutivo, Fernando
vivo, com votação do público, não existirá; agora,
uma prova coroará quem leva para casa o prê-
Fernandes apresenta o programa e ele desta- mio de R$ 500 mil. Assim, a estratégia dos com-
ca que, desta vez, a zona de conforto da última petidores é o que terá peso na decisão — como
edição, ambientada no “quintal de casa”, não foi na primeira edição, o que aproxima mais a
existe. “Ano passado, o programa foi gravado no versão brasileira da original, o grande sucesso
Ceará, que é onde eu moro. O quadriciclo que mundial produzido pelos Estados Unidos.
eu usava para me locomover nas dunas era meu, Na web, os fãs do formato comemoraram,
por exemplo. Porém, agora na selva, eu encaro ainda que torcessem para que fosse implantado,
desafios. Nos rios, eu até me sinto mais em casa, na final da versão brasileira, o tribunal impla-
porque o caiaque e a canoa são minhas ferra- cável formado por participantes eliminados,
mentas no esporte, mas, de cadeira de rodas, como é de praxe no Survivor. De toda forma, a
tenho que criar caminhos no meio da mata”, Globo promete resgatar, ao máximo, a essên-
comenta o para-atleta. O diretor do programa, cia do reality show de sobrevivência. Garantido
Rodrigo Giannetto, destaca que Fernando não é mesmo é que haverá a prova da comida repug-
apenas um apresentador. “Ele faz parte do rea- nante. Essa, não pode faltar.
Cidade nossa Por Paulo Pestana (Especial para o Correio)
papestana@uol.com.br

Vamos
acabar
com
isso
O mundo está para acabar, como sabemos
desde que barbudos catastrofistas metidos a pro-
fetas começaram a anunciar o apocalipse em pla-
cas colocadas nos peitos, andando pelas calçadas
do planeta. Mas tem gente com pressa. São os
chamados antinatalistas que, como o nome suge-
re, defendem que ninguém mais tenha filhos.
São pessoas que preferiam não ter nascido.
Pessimistas, não acreditam que a vida valha a
pena e, como se não bastasse, tentam conven-
cer aos demais de que é melhor não viver. É um
povo que se encontra apenas virtualmente, em sem sua permissão. “É errado trazer crianças ao não gostam — de fazer sexo e alardeiam isso. Pode
redes sociais, até por um motivo simples: não mundo porque elas têm que tolerar o sofrimento ser por nojinho, bloqueio psicológico ou qualquer
se suportariam. Mas começam a sair da bolha. ao longo da vida”, disse ele, resumindo a filoso- outro motivo. Mas pelo menos esses admitem ter
É preciso respeitar quem não quer ter filhos, fia dos antinatalistas. O rapaz, um certo Samiel, filhos, desde que sejam gerados numa proveta.
mas daí a fazer uma pregação universal há uma não disse se a pergunta deveria ter sido feita ao Parece que as redes sociais servem para isso
longa distância. Mais do que um mergulho na óvulo, ao espermatozoide ou ao feto, que deve- mesmo: mostrar que ninguém, de perto ou de
própria insignificância diante da vida, os depoi- ria ter chutado menos a barriga da mãe e per- longe, é normal. Mas tem gente que quer ser
mentos registrados em grupos que defendem o manecido no conforto da placenta, quentinha, mais esquisito ainda. E daí nascem os anti-al-
fim da espécie e condenam os felizes. “Iludidos”, enquanto o mundo se virava sem ele. guma-coisa, gente que, por falta de talento e
é o mínimo; “insensíveis”, o mais comum. Obviamente, os antinatalistas defendem solu- excesso de tempo, se põe a espinafrar pessoas e
A maioria dos adjetivos é xingamento mesmo, ções radicais como aborto, laqueadura e vasec- ações que não conhece só para causar rebuliço.
com dúvidas à capacidade de alguém gostar da tomia para prevenir a produção de bebês, mas Mas também tem os esquisitões pró-alguma-
vida, considerando que apenas seres de pouca aí cabe perguntar: já que eles não sentem prazer coisa, como é o caso dos adeptos da rede The
sensibilidade ou menor inteligência podem gos- em nada não seria melhor parar de fazer sexo? Ugly Bug Ball, uma espécie de site de relacio-
tar de viver. Ou seja, não basta que eles não É muito mais eficiente e certamente daria mais namentos mas só para gente feia, embora no
gostem de viver; são cínicos o bastante para motivos para eles reclamarem. enunciado se apresente como “um site para
duvidar que alguém mereça ou sinta felicidade. Mas essa é uma turma que já existe, tem nome pessoas com aparência normal”. Ou seja, para
Há alguns anos, um indiano de 27 anos pro- e também faz barulho nas redes sociais: são os eles, o normal é ser feio. No Brasil, o site nau-
cessou criminalmente os pais por ter nascido assexuais, pessoas que não se interessam — ou fragou. Pelo jeito, somos todos lindos.

28/29 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 16 de julho de 2023

 Por Oscar Quiroga oscar@quiroga.net
Horóscopo
Solução de continuidade
Data estelar: Lua quase Nova em Câncer.

Dentro de nosso estreito espectro de percepção, imaginamos a realidade como uma sucessão de começos, caminhos e
fins, mas na verdade tudo isso se resolve numa solução de eterna continuidade, nada começa, nada é caminho, nada
termina, tudo continua o tempo inteiro. Os átomos da matéria com que somos feitos já constituíram outros corpos antes do
nosso e depois de deixarmos de existir nesta forma específica, os átomos continuarão disponíveis para estruturarem outros
corpos. As ideias que pensamos foram idealizadas por outras pessoas antes de nós e também ao mesmo tempo em que as
pensamos, e nada disso significa a destruição de nossa amada individualidade, mas o enriquecimento dela para que nossa
percepção se amplie, e porque se amplia, que inclua a cada dia um pouco mais do que é maior do que nós.

Áries 21/3 a 20/4 Libra 23/9 a 22/10

O cuidado que precisa haver agora é o de
não se encrencar desnecessariamente, só por
estar em busca de passar um bom momento.
Se não encontrar ninguém para acompanhar
seu bom momento, prefira a solidão, isso sim.
Pessoas folgadas sempre haverá por aí, e
não é que sejam más pessoas, é que andam
sempre distraídas. Diante disso, é preciso você
andar na mão oposta, preservando a atenção
para que as tarefas sejam bem divididas.

Touro 21/4 a 20/5 Escorpião 23/10 a 21/11

Talvez seja precipitado de sua parte tentar
se livrar o quanto antes das situações que
perturbam, porque há algo que sua alma
precisa entender a respeito, algo que atrai e
produz rejeição ao mesmo tempo. A Vida.
Nem tudo que precisa ser feito agora é o que
você desejaria, mas a necessidade há de ser
sempre colocada acima dos desejos, só assim
você evita encrencas desnecessárias. Só que
isso há de ser produto de sua vontade.

Gêmeos 21/5 a 20/6 Sagitário 22/11 a 21/12

Quem muito palpite dá é quem faz menos
para ajudar. Prefira se aproximar das pessoas
que, apesar de não serem comunicativas,
sempre resolvem praticamente o que seja uma
necessidade. Elas são as boas companhias.
Quanto mais loucas e desvairadas sejam
suas vontades deste momento, mais você terá
de tomar cuidado para não criar comoções
desnecessárias no ambiente mais próximo dos
relacionamentos. Loucura cuidadosa.

Câncer 21/6 a 21/7 Capricórnio 22/12 a 20/1

Organize o possível, mas se permita uma
ampla margem de manobra e flexibilidade,
porque tudo anda sujeito a ser muito diferente
de como se apresenta neste momento. A
flexibilidade ajudará a fluir por entre os acontecimentos.
As pessoas certas para você compartilhar
suas inquietações mais íntimas talvez não
sejam as que parecem ser as mais certas,
só porque são próximas. Procure rever os
relacionamentos e buscar as pessoas certas.

Leão 22/7 a 22/8 Aquário 21/1 a 19/2

Sempre valerá a pena tentar de todas as
maneiras possíveis se aproximar do que, à
primeira vista, pareceriam sonhos, mesmo que
depois, olhando melhor, se mostrem como o
que verdadeiramente são, fantasias falsas.
Faça tudo de acordo ao que intuitivamente
lhe pareça melhor, porque as opiniões que
você recebe são contraditórias entre si e só
confundem o entendimento. Ouça tudo, mas
em última instância, faça o que quiser.

Virgem 23/8 a 22/9 Peixes 20/2 a 20/3

Coloque suas intenções sobre a mesa, mas
sem se apegar a que essas sejam atendidas
ou bem interpretadas. Se não conseguir se
desapegar desses resultados, o melhor, então,
será continuar agindo sob o manto da discrição.
O todo é maior do que a soma das partes.
Por exemplo, você é maior do que a soma dos
órgãos que compõem seu corpo. Esta verdade
há de ser levada em conta toda vez que você
se veja tentando entender algo ou alguém.
Crônica da Revista
Desextinção, pode? … e deve?
30/31 — CORREIO BRAZILIENSE
ossa era traz desafios enor-
N mes. Com o aumento da
temperatura, o avanço do
desmatamento nas grandes
florestas, a poluição e vários outros
desequilíbrios causados pela atividade
humana, fomos colocados diante da
necessidade de enfrentamento à amea-
ça de extinção de várias espécies...
No entanto, uma novidade recente
vem causando estranhamento pelo inu-
sitado enunciado, que vem na contra-
mão de tudo o que se tem notícia. Uma
ave extinta em 1662 está sendo trazida
de volta ao nosso mundo. Isso mesmo:
vai entrar em desextinção! O que pode-
mos fazer diante de tamanho desatino?
Qual o impacto ambiental que uma
façanha como essa pode provocar?
Parece roteiro de filme de ficção
científica, mas a situação é plausí-
vel na era da tecnologia: a partir de
fósseis de ossos de pássaros dodô,
que viviam nas ilhas Mauricio e fica-
ram séculos guardados num museu
— Brasília, domingo, 16 de julho de 2023
mariapaula.df@dabr.com.br
na Dinamarca, uma empresa de
biotecnologia chamada Colossal
Biosciences, sediada no Texas,
Estados Unidos, decidiu trazer a tal
espécie de volta à vida.
Tipo filme de terror a la Jurassic
Park. No entanto, o dodô não é o
único animal em que a empresa está
focada em realizar a desextinção. Eles
também têm planos ambiciosos de
trazer de volta o ancestral do elefan-
te moderno, o mamute lanoso, além
de reviver o extinto tigre da Tasmânia.
Para alcançar esses objetivos, eles
estão empregando a engenharia genô-
mica em uma escala sem precedentes.
A técnica envolve a recuperação de
material genético de espécimes extintos
e a inserção desses genes em embriões
de espécies relacionadas. Com avan-
ços significativos na tecnologia genética,
a tal empresa de biotecnologia busca
trazer de volta essas espécies extintas,
reconstruindo suas características únicas
e ecossistemas perdidos.
Por Maria Paula
Embora a desextinção traga consigo
um fascínio científico e a promessa de
recuperar espécies perdidas, também
levanta questões éticas e preocupa-
ções sobre os impactos ambientais,
ninguém sabe no que isso vai dar.
Fico pensando quais os próximos neo-
logismos afins que teremos de encarar:
“Reciclapreguiça” — o ato de reci-
clar de forma preguiçosa, apenas
jogando tudo no lixo, sem separar cor-
retamente os materiais.
“Chocomóvel” — um veículo movi-
do a chocolate. Qualquer coisa é só
botar um canudinho no tanque e man-
dar ver.
“Netfling” — a ação de passar
horas rolando a lista de filmes e séries
do catálogo da Netflix sem conseguir
decidir o que assistir.
“Catazap” — uma rede social na
qual as pessoas postam fotos de suas
refeições deliciosas ao invés de devo-
rá-las…
Aiaiai, É cada uma!
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Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • CORREIO BRAZILIENSE

Mercado de trabalho para pessoas da comunidade

LGBTQIAPN avança com maior oferta de vagas
nas empresas e reserva de cotas em concursos
públicos, mas o clima organizacional ainda precisa
reduzir a hostilidade a esses profissionais.
Ativistas e especialistas analisam o cenário
para uma melhor inclusão
PÁGINAS 2, 3 E 4

DIVERSIDADE E
EMPREGABILIDADE

Câmara Legislativa aprova mais de 50 mil vagas para 2024

CONCURSOS PÚBLICOS nos órgãos do Governo do Distrito Federal e no legislativo local
PÁGINA 6 E 7
2 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • CORREIO BRAZILIENSE

CULTURA CORPORATIVA
Aumento no número de oportunidades abertas nas empresas e cotas em concursos públicos
destinadas a pessoas LGTBQIAPN+ apontam evolução, mas ainda é um avanço tímido

Um ambiente de trabalho
menos hostil à diversidade
EVARISTO SA

» LARA COSTA*
» PATRICK SELVATTI

O
mundo está mudando para mel-
hor.A causa LGBTQIAPN+ tem
observado uma considerável
evolução na sociedade e um
dos reflexos disso tem sido a inserção
no mercado de trabalho de profission-
ais que pertencem a comunidade. De
acordo com a plataforma Vagas.com, o
volume de anúncio de vagas destinado
ao público representado pela bandeira
arco-íris registrou aumento de 2% em
dois anos, saltando de 487 no primeiro
semestre de 2021 para 496 no mesmo
período deste ano. Os desafios, todavia,
não acabam. Além de inserir nos pos-
tos de trabalho, ativistas e especialistas
destacam que é preciso promover a in-
clusão desses profissionais em um am-
biente laboral mais harmônico.
Para o especialista em diversidade e
inclusão da Vagas.com Renan Batistela,
o avanço de 2% na oferta de oportuni-
dades, mesmo que tímido, é um sinal de
que muitas organizações estão buscan-
do tornar seu time mais diverso. “O nú-
mero não é tão expressivo, mas, quando
se trata de um grupo minorizado, todo
pequeno aumento de ofertas no mer-
cado de trabalho é sempre uma vitória
a ser comemorada, principalmente se
considerarmos que, há poucos anos, es-
se recorte social era pouco ou nem era
considerado”, avalia ele, que não clas-
sifica com o viés da inclusão por cotas
a alta nas oportunidades de emprego
anunciadas para contratação de gays,
lésbicas, trans e outros representantes
da diversa comunidade. “Mesmo que
fosse por uma questão de cotas, ainda
assim teríamos pessoas desse recorte
social sendo incluídas no mercado de
trabalho. Talvez se a discussão da diver-
sidade e inclusão e as cotas não existis-
sem, muito provavelmente as empresas
não teriam a intencionalidade de con- As vagas destinadas ao
tratar, principalmente, pessoas trans. público representado pela
Desta forma, o importante é que essas bandeira arco-íris registraram
pessoas estejam tendo oportunidades aumento de 2% em dois anos
de trabalho”, reforça.

Divulgação
Renan Batistela é especialista em
diversidade e inclusão da Vagas.com
Por outro lado, ainda que a inclusão
esteja crescendo, o preconceito ainda
persiste. De acordo com levantamento
divulgado pelo LinkedIn, oito em cada
10 pessoas LGBTQIAPN+ sentem-se con-
fortáveis para compartilhar a identidade
de gênero e a orientação sexual no am-
biente de trabalho, mas 43% relatam ter
sofrido discriminação, principalmente
por meio de piadas e comentários homo-
fóbicos por parte de pares e superiores. E
a percepção não é exclusiva a quem sofre
na pele. Entre os profissionais heteros-
sexuais, 53% relataram alguma situação
discriminatória devido à orientação se-
xual ou identidade de gênero de colegas.
Os entrevistados afirmaram, ainda,
que há pouca representatividade no mer-
cado de trabalho, principalmente, pela
falta de pessoas trans: 77% dos entrevis-
tados sentem falta de profissionais trans-
gêneros no mercado de trabalho formal.
“A gente pode olhar nas principais em-
presas e órgãos públicos e perceber que
não existem profissionais trans em cargos
de destaque, muito menos de chefia. Há
uma inclusão e a principal barreira es-
tá aí”, aponta o coordenador do Centro
LGBTS+ de Brasília, Júlio Cardia.
Para Renan Batistela, quebrar essa bar-
reira na hora da seleção de pessoal é um
forte desafio para as organizações e seus
setores de recursos humanos. “É importan-
te que sejam realizadas ações de letramen-
to para as lideranças, fazendo que pessoas
que tenham esses cargos se tornem mais
conscientes da importância da diversidade
e inclusão. Treinamentos sobre liderança
inclusiva e vieses inconscientes podem
ser boas opções para começar”, observa
o especialista. Ele reitera que, para que as
equipes de trabalho sejam menos hostis à
presença de pessoas LGBTQIAPN+, todas
os trabalhadores devem receber letramen-
to frequente, e não apenas no mês do or-
gulho. “Podem ser ações como palestras,
rodas de conversa, guias na intranet, gru-
pos de afinidade, entre outras. Além disso,
é importante que seja disponibilizado um
canal seguro de denúncias para que sejam
relatados eventuais casos de preconceito
ou discriminação”, complementa.
Ed Alves/CB
Constrangimento e resistência
“Não é fácil ser uma pessoa trans em
um ambiente laboral no Brasil”, declara
Bianca Moura de Souza, 53 anos, a pri-
meira mulher transgênero reconhecida
em cartório a se aposentar no serviço
público da capital do país. Servidora do
Governo do Distrito Federal (GDF) du-
rante décadas, a maranhense radicada
na capital do país desde 1988 reforça
as estatísticas ao declarar uma série de
desafios que enfrentou em sua jornada
profissional. Segundo ela, o ambiente
de trabalho ainda é muito hostil para a
diversidade sexual.
“Eu uso o banheiro masculino,
no mesmo setor, durante cinco anos.
Aí depois começa a minha transição
e quero usar o banheiro feminino, mas
começam os questionamentos inter-
nos por minhas amigas evangélicas
que trabalham comigo e que, até en-
tão, mantinham uma situação de res-
peito. Começam a bater o pé e dizer
que, se eu usar, elas não usam”, relata
Bianca, reforçando que precisou ser
muito resistente para poder sair do
sanitário reservado aos homens e pas-
sar a usar o das mulheres. “Isso depois
de muitas reuniões, depois de muitos
questionamentos, de pessoas que ti-
veram que mudar o posto de traba-
lho. Eu resisti, não saí do meu setor e
passei, com muita resistência, a usar o
banheiro feminino”, acrescenta.
CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 •฀Trabalho & Formação • 3
A servidora pública aposentada tam-
bém relembra situações que não envol-
vem a discussão frequente do uso dos
banheiros, como as festas no ambiente
de trabalho. “Vamos tirar foto só com os
homens ou só com as mulheres. Algumas
pessoas fazem de propósito: puxam as
mulheres e me deixam de lado. E isso
causa um constrangimento, uma triste-
za...”, desabafa. Nas comemorações do 8
de março, outro constrangimento quan-
do o chefe distribui flores, os homens
cumprimentam todas, menos aquela
mulher trans. “As pessoas não nos reco-
nhecem como feminino e a gente fica na-
quele constrangimento. Mas levanta a ca-
beça, segue em frente”, lamenta Bianca.
Dados de uma pesquisa de 2020,
realizada em 14 estados brasileiros,
revelam que 38% das empresas têm
restrições para contratação de pessoas
LGBTQIAPN+. Tábata Silva, gerente do
portal de recolocação profissional Em-
pregos.com.br, fala que essa questão é
fruto de um passado de exclusão e pre-
conceito que ainda se reflete nos dias
de hoje. “A presença desses profissio-
nais no mercado de trabalho ainda en-
frenta muitas barreiras e desafios. São
poucas as empresas que têm academias
ou comitês de diversidade, que pos-
suem ações para educar colaboradores
por meio de bate-papos, palestras, ro-
das de discussões e treinamentos para
As pessoas não nos
reconhecem como
feminino e a gente
fica naquele
constrangimento.
Mas levanta a cabeça,
segue em frente”.
Bianca Moura de Souza,
servidora pública trans
aposentada
acolher essa comunidade”, afirma.
Anabel Carvalho Martins Filardi
trabalha no setor de Empregabilidade
da Escola da Nuvem, uma organização
sem fins lucrativos que visa garantir a
educação e a empregabilidade de pes-
soas em situação de vulnerabilidade
social para que elas consigam ingressar
no setor de cloud computing — setor
que, segundo ela, é predominantemen-
te masculino, branco e heteronormati-
vo. “O mercado de trabalho é formado
por pessoas e cada indivíduo possui
valores pessoais e ideais. Entretanto,
muitas vezes essas crenças se tornam
limitantes e estão recheadas de este-
reótipos, o que impacta todo o per-
curso das pessoas que fazem parte de
grupos sub representados no ambiente
corporativo, desde o processo seletivo
até oportunidades de crescimento de
carreira”, opina. Para a especialista, o
preconceito pode ser algo invisível e,
por muitas vezes, não ser consciente,
dificulta o processo de mudança. “Mui-
tos comportamentos são tão enraizados
em nossa sociedade e rotina que são
naturalizados. Para mudar a realidade
que vivemos hoje, é essencial que cada
pessoa crie consciência de seu lugar de
fala e privilégios”, argumenta.
*Estagiária sob a supervisão
de Patrick Selvatti
4 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • CORREIO BRAZILIENSE

CULTURA CORPORATIVA

Cotas para profissionais transgêneros

Minervino Júnior/CB
Em 28 de junho, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a re-
serva de cotas para pessoas transexuais
ao cargo de auditor fiscal do trabalho em
concurso público. De todas as vagas, 2%
serão destinadas a candidatos/candida-
tas transexuais, equivalendo a 18 vagas
de 900. Os funcionários selecionados vão
fiscalizar irregularidades, como trabalho
escravo, uso de mão de obra infantil e vio-
lações de normas básicas relacionadas ao
trabalho, com salário inicial de R$ 21 mil.
O deputado distrital Fábio Félix
(Psol-DF) aprova a medida. “É uma deci-
são acertada do presidente Lula, pelo fa-
to de as pessoas transexuais serem a co-
munidade que mais sofre da sigla. Existe
um relatório da Associação Nacional
de Transexuais e Travestis (Antra) que
revela que, geralmente, mulheres trans
e travestis se submetem a prostituição
compulsória, as colocando em situação
difícil, frente a inserção no trabalho for-
mal”, defende o parlamentar e ativista
em direitos humanos.
A ativista Samantha Dufner reforça O presidente Lula (PT) anunciou a reserva de cotas para transexuais ao cargo de auditor fiscal do trabalho em concurso público
a importância dessas cotas para transe-
xuais, tendo em vista a dívida histórica Lara Machado da Costa Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

da sociedade para com a comunida- Caminho promissor

de e o papel do Poder Executivo nes-
se processo. “A comunidade trans não
tem iguais oportunidades de acesso ao
estudo, ao trabalho e aos cargos públi-
cos. Em razão disso, nós não evoluímos
no que diz respeito ao reconhecimento
de que estes grupos são vulneráveis e
de que devemos mudar para recepção,
inclusão e respeito aos direitos destas
pessoas”, opina. Diante do fato de o Bra-
sil ser um dos países mais transfóbicos
do mundo, a especialista afirma: “É por
meio da educação, da informação e de
programas sociais e públicos como este
das reservas de cotas em concursos que
demonstram para a sociedade brasileira
que é normal ter perfis diferentes no que
tange a gênero e orientação”.
Jennifer Zveiter, coordenadora de se-
tor de Diversidade, Equidade e Inclusão
da Condurú Consultoria, também vê que
a iniciativa é desafiadora. “Sem esses pro-
cessos, não estaríamos vivos”, frisa. Entre-
tanto, ela reforça o contexto de desafios
impostos às mulheres transexuais nesses
ambientes de trabalho, que passam por
preconceitos mais explícitos. “Pessoas
trans não estão seguras para andar nas
ruas, utilizar um banheiro público, fre-
quentar um hospital, como estarão segu-
ras em seus empregos?”, questiona.
Felicia Felicio Moreno, mais conhe-
cida como Felicius, mulher trans de 24
anos, acredita que os desafios vão além
do preconceito típico perante as pessoas
transexuais, mas também na questão do
O mercado nos abre portas,
mas não nos retém”
Felicia Felicio Moreno,
mulher trans
nome social e do respeito aos pronomes
adequados com os quais a pessoa deseja
ser tratada. “De nada adianta o merca-
do de trabalho querer abrir portas para
as pessoas trans entrarem se eles não
As pessoas trans são as que
mais mais sofrem”
Fábio Félix,
deputado distrital (PSol-DF)
manterão essas pessoas lá dentro. Do que
adianta ser só uma porta aberta para essa
pessoa visitar e sair de novo, por não se
sentir plena e insuficiente para ocupar
aquele espaço?”, indaga.
Alex Araújo, CEO da 4Life Prime Saú-
de Ocupacional, defende que as políticas
para integração da comunidade LGBT-
QIAPN+ no mercado de trabalho são um
caminho a ser adotado em larga escala
pelas empresas. “Isso acontece porque
os consumidores estão se tornando mais
conscientes e responsáveis pelo o que
compram ou pelos serviços que contra-
tam. Aumentando suas exigências e pres-
sionando as empresas a estabelecerem
um compromisso com a responsabilida-
de social”, argumenta.
Um exemplo da fala de Alex é o
grupo Heineken, que, em junho des-
te ano, anunciou sua adesão aos 10
compromissos do Fórum de Empre-
sas e Direitos LGBTI+. “Temos muito
orgulho desta parceria, que simboliza
um compromisso público e genuíno
do grupo e materializa nosso cuidado
com as pessoas. Se queremos que as
pessoas sejam felizes de forma inte-
gral, promover um ambiente seguro e
inclusivo é fundamental.” comenta o
CEO Mauricio Giamellaro, em nota di-
vulgada à imprensa. A marca é apoia-
dora oficial da Parada do Orgulho
LGBT+ desde 2019 e possui um traba-
lho contínuo de apoio à comunidade,
como ações de retificações de nomes,
apoio ao empreendedorismo, suporte
a ONGs e veiculação da primeira pro-
paganda estrelada por pessoas da co-
munidade em rede nacional. (PS e LC)
 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 •฀Trabalho & Formação • 5

»ARTIGO Por Maria Filomena Brandão

Romper o etarismo passa

por ocupar espaço na educação
66% dos profissionais da geração X (nascidos entre meados de 1960 até 1979) sentem que os mais
novos duvidam de seu profissionalismo, segundo pesquisa. Mas os 60+ estão cada vez mais produtivos

O
termo etarismo nun-
ca esteve tão em pauta.
Episódios mais recentes
vão desde momentos de
glória, quando vibramos com a
sexagenária Michelle Yeoh gan-
hadora do Oscar, ao fazer um dis-
curso inspirador antietarista, até
momentos de indignação com
o preconceito contra uma estu-
dante de 45 anos. E que bom.
Como pedagoga e psicanalis-
ta, com profundo respeito pelos
meus 62 anos, esperanço-me ao
ver um tema como esse sendo
varrido para fora do tapete. Acre-
dito que tudo que levanta debate
gera crescimento, novas oportuni-
dades e leituras para a nossa visão
de mundo. Finalmente estamos
popularizando um termo que, se-
gundo a Academia Brasileira de
Letras, trata da “discriminação e
preconceito baseados na idade,
geralmente das gerações mais no- que o processo de aprendizagem
vas em relação às mais velhas”. passa pela tentativa e erro.
É claro, o etarismo permeia Ocupar espaços da educação
a nossa cultura faz muito tem- por alunos da terceira idade é fun-
po. No mercado de trabalho ele damental para combater o etaris-
aparece com certa frequência. A mo e construir uma sociedade
última versão da Global Learner mais justa. Espero, sinceramente,
Survey, pesquisa realizada pela O preconceito baseado na ida- o que, para muitos, pode ser um vendidos no Brasil para destinos não precisar afirmar o óbvio: que
Pearson com a Morning Consult de está inserido no discurso momento de decadência, eu cos- nacionais e internacionais. O au- somos plenamente capazes de
em 2022, mostrou ao ouvir 6 mil da maioria dos empregadores, tumo enxergar como vida, tem- mento da expectativa de vida e a nos desenvolver em qualquer eta-
mulheres em diferentes países, acionando os mais variados ti- po de criar e, mais do que nunca, estabilidade financeira tardia po- pa da vida. O etarismo precisa sim
Estados Unidos, Reino Unido, pos de opressão, desrespeito e de aprender! Os 60+ estão cada dem estar entre as razões pelas ser discutido e que nossas respos-
Brasil, México e Índia. Nela, 74% desvalorização das soft e hard vez mais produtivos e ávidos por quais muitos deixem para realizar tas tragam novas oportunidades
das mulheres afirmaram que a skills do idoso. Ocorre em qual- conhecimento. E em um mun- seus sonhos mais tarde. Estudar para quem se sentia abandonado
discriminação ainda é um pon- quer segmento, biografia e cur- do em constante transformação, outra língua é uma delas. pela vitalidade e colágeno de ou-
to forte na hora de participar de rículo das vítimas. A popstar aprender é ao longo de toda a vi- Acompanho com entusias- trora. Podemos tudo e queremos
processos seletivos. Já 65% acre- Madonna acaba de ser vítima da mesmo. As possibilidades são mo os mais velhos retornando mais. Why not?
ditam que o preconceito em rela- do etarismo no Grammy por infinitas - inclusive de estudar um à sala de aula nas universidades,
ção a idade deve ser combatido. sua aparência. A cantora Sandy novo idioma, seja para viajar a aos cursos técnicos, aos supleti-
A pesquisa do site de em- já se disse ‘velha pra ser jovem’. passeio, realizar um intercâmbio vos, cursos de inglês, sendo au- *É pedagoga, psicanalista,
pregos Infojobs vai ao encontro E ela só tem 40 anos. ou aprender a tão sonhada cultu- todidatas e quebrando precon- psicóloga e bacharel em
dessa estatística ao mostrar que De acordo com o último re- ra que ainda não teve chance. ceitos. É importante não ter me- direito, mestre em educação
66% dos profissionais da gera- latório divulgado pela Organiza- Segundo a Associação Bra- do de experimentar, de mexer no e doutora em psicologia. Já
ção X (nascidos entre meados ção Mundial da Saúde (OMS), até sileira de Agências de Viagens desconhecido e encarar o novo atuou no ensino básico e em
da década de 1960 até 1979) 2050 o número de pessoas com (Abav), os viajantes com mais de com naturalidade. A geração 40+ universidades e atualmente
sentem que os mais novos du- mais de 60 anos irá duplicar no 65 anos representam cerca de 15% foi educada em um tempo em é gerente pedagógica na área
vidam de seu profissionalismo. mundo e triplicar no Brasil. Mas das vendas dos pacotes turísticos que errar era proibido, sendo de Governo da Pearson.
6 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • CORREIO BRAZILIENSE

CONCURSOS PÚBLICOS
Câmara Legislativa aprovou o PLDO 2024. No plenário, um total de 16 emendas foram apresentadas.
O relator do projeto, deputado Eduardo Pedrosa (União) votou pela admissibilidade de todas

Mais de 58 mil vagas

no GDF em 2024
Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

» YASMIN RAJAB
Distritais autorizaram
» RAPHAELA PEIXOTO*
criação e provimento de
vagas para o próximo ano

D
iversas oportunidades
em concursos públicos
serão abertas em 2024.
A Câmara Legislativa do
DF aprovou o Projeto de Lei
de Diretrizes Orçamentárias
(PLDO). Inicialmente, eram
previstos 54.534 cargos de
criação e provimento. No en-
tanto, o texto final, publicado
no Diário Oficial do Legislati-
vo do Distrito Federal em 10
de julho, atualizou o quanti-
tativo de vagas para 58.633,
sendo 210 para o Legislativo e
58.423 para o Executivo.
No plenário, 16 emendas
foram apresentadas. O relator
do projeto, deputado Eduardo
Pedrosa (União) votou pela ad-
missibilidade de todas. Ele prevê
um bom cenário para a carreira
pública do DF no próximo ano.
“A tendência é ter um bom nú-
mero, até porque o nosso orça-
mento cresceu 9%, então existe
uma tendência boa de melhorar
o atendimento à população, com
mais profissionais para dar su-
porte à comunidade.”
O deputado ressalta a im-
portância de nomear mais fun-
cionários públicos: “Ter mais
profissionais para atender a co-
munidade, seja na área social,
na saúde, que a gente tem visto
uma necessidade muito gran- ou provimento de vagas, e não e condições legais para o inves- Comece a estudar este ano questione sobre qual o mo-
de, ou na área da segurança. Eu uma autorização para novos timento em novas vagas nos ór- mento certo de iniciar os es-
acredito que é essencial o gover- concursos. “Na PLDO, os depu- gãos descritos no documento. Para Victor Tanaka, espe- tudos para conseguir a apro-
no continuar fazendo concur- tados puderam colocar muitas O PLDO também define regras cialista em concursos públi- vação. Segundo Tanaka, os
sos, não só para suprir as vagas nomeações autorizativas. Não para organização e execução do cos do Estratégia Concursos, concurseiros devem começar
dos funcionários que estão se quer dizer que o governo vá fa- orçamento para o próximo ano, o cenário é favorável para o a estudar ainda neste ano,
aposentando, mas também pa- zer todos os concursos. Na ver- além de traçar prioridades para o concurseiro. Ele cita, inclusi- pois os certames do DF têm
ra melhorar e ampliar o atendi- dade, a gente possibilita que o GDF. A previsão total do investi- ve, a autorização de mais de muita concorrência e o nível
mento a população”. governo escolha entre essas va- mento é de R$ 59,25 bilhões para 4.436 vagas no âmbito federal. das provas é alto.
Entretando, Pedrosa alerta gas para que ele (o governo) faça pagamento de pessoal, além do Diante desse reaquecimento
que os números representam o concurso”, esclarece. custeio e investimentos nos ór- do mercado de concursos, é *Estagiária sob
uma estimativa para a criação O projeto traz uma previsão gãos detalhados na proposta.. natural que o candidato se supervisão de Ana Sá
 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 •฀Trabalho & Formação • 7

Arquivo pessoal

Para uma boa preparação, o professor

Victor Tanaka dá as seguinte dicas Foco nos
1 Ter planejamento: a rotina
de estudos precisa ser
pausas de maneira saudável à
sua rotina de estudos. estudos
dinâmica, deve evoluir e estar
sujeita a ajustes e melhorias
constantes.
4 Teoria X Prática: em relação
a divisão entre teoria e
prática, há três fases de Diante do anúncio de vagas

2 Garantir constância: é
fundamental que o
concurseiro tenha contato semanal
com todas as disciplinas que
estarão na prova. Naquelas que o
concurseiro possui mais facilidade,
pode alocar uma carga menor. Por
outro lado, nas matérias que
envolvam maior complexidade ou
que possuam um peso maior na
prova, certamente precisará de
uma alocação mais relevante de
carga horária.
estudos: a primeira é a criação
da base, consolidando a teoria e
tendo os exercícios como forma
de reforçar todo o conteúdo. Em
um segundo momento, quando
já se tem um equilíbrio maior
entre teoria e prática, é
aconselhável ter um tempo
maior praticando exercícios e
revisando a teoria já estudada,
com o acréscimo de eventuais
matérias novas ao ciclo. Por
fim, o processo deve ser focado
previstas na PLDO de 2024, al-
guns concurseiros já começa-
ram a se preparar para garantir
a tão sonhada aprovação no
serviço público. O universitário
Arthur Vieira, 21 anos, dedica
cerca de três a quatro horas do
dia para estudar no meio da se-
mana, e nos fins de semana se-
para seis por dia.
O estudante pretende prestar
o concurso do Tribunal de Con-
tas do DF e da Polícia Civil do DF,

3 Fazer pausas: cada pessoa

precisa saber adaptar as
Órgãos e provimentos autorizados:
» Câmara Legislativa do DF:
180 cargos;
» Tribunal de Contas do DF:
30 cargos;
» Secretaria de Estado de
Planejamento, Orçamento e
Administração (Seplad-
DF): 7.663 cargos;
» Secretaria de Estado de
Saúde do Distrito Federal
(SES-DF): 19.368 cargos;
» Secretaria de Estado de
Educação do DF (Seduc-
DF): 18.916 cargos;
» Secretaria de Estado de
em revisão do conteúdo e
resolução de muitos exercícios.
(SMDF): 60 cargos;
» Procuradoria Geral do Distrito
Federal (PGDF): 242 cargos;
» Controladoria Geral do Distrito
Federal (CGDF): 260 cargos;
» Polícia Civil do Distrito
Federal (PCDF): 260 cargos;
» Fundação Hemocentro de
Brasília (FHB): 50 cargos;
» Universidade do Distrito
Federal (UnDF): 409 cargos;
» Departamento de Estradas e
Rodagem (DER-DF): 100 cargos;
» Departamento de Trânsito
(Detran-DF): 645 cargos;
para a área administrativa. “É a
melhor forma de conseguir esta-
bilidade financeira e profissional.
Dessa forma, tenho um futuro
mais garantido”, diz o jovem.
Ionice Souza da Silva também
separa a mesma quantidade de
horas por dia para estudar, en-
quanto concilia com o trabalho
e as tarefas domésticas. A militar
temporária do Exército comprou
uma mentoria on-line e faz ano-
tações no caderno de estudos.
“Pego uma hora do meu almoço
para estudar. E quando saio do
serviço depois de pegar meus
filhos na escola, verificar os ca-
dernos da minha filha mais velha
e fazer alguns afazeres em casa,
começo a estudar por volta das
21h e vou até umas 23h30”, relata.
Arquivo pessoal
Arthur pretende prestar concurso para o Tribunal
de Contas do DF e para a Polícia Civil do DF
Aos 45 anos, Ionice também O foco de Ionice é o concur-
se dedica aos sábados, fazen- so do Detran. Ela confessa que
do aulas de português das 8h esperava uma quantidade maior
às 12h. Apesar do receio, por de vagas a serem ofertadas na
conta da idade, a militar deci- PLDO do próximo ano. “Sou
diu mudar a forma de pensar apaixonada pelas carreiras po-
e ir em busca da estabilidade liciais, mas depois de um tempo
garantida pelo serviço públi- passei a olhar para o Detran com
co. “Quando entrei no exército, olhos apaixonados. Eu fiz a pro-
minha renda melhorou muito. va para técnico, mas não fiquei
Tive condições de dar um es- dentro das vagas e dali em dian-
tudo melhor para meus filhos, te comecei a me dedicar para o
consegui comprar minha casa Detran”. Ela também pretende
(embora ainda esteja pagando) prestar concurso para o DNIT,
e percebi que eu tinha que con- DER e Polícia Civil, para o cargo
tinuar assim”, conta. de agente de custódia.

Transporte e Mobilidade do » Instituto do Meio Ambiente e

Distrito Federal (Semob-DF):
178 cargos;
» Secretaria de Estado da
Agricultura, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural do
Distrito Federal (Seagri-DF):
1.112 cargos;
» Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária
(Seape-DF): 1.300 cargos;
» Secretaria de Estado de
Justiça e Cidadania do
Distrito do Distrito Federal
(Sejus-DF): 4.570 cargos;
» Secretaria de Estado de
Cultura e Economia Criativa
do Distrito Federal (Secec-
DF): 96 cargos;
» Secretaria de Estado da
Fazenda do Distrito Federal
(Sefaz-DF): 366 cargos;
» Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Social do
Distrito Federal (SEDS):
900 cargos;
» Secretaria de Estado da
Mulher do Distrito Federal
Recursos Hídricos do Distrito
Federal (Ibram-DF): 323 cargos;
» Instituto de Defesa do
Consumidor do Distrito Federal
(Procon-DF): 173 cargos;
» Agência Reguladora de
Águas e Saneamento do
Distrito Federal (Adasa-DF):
135 cargos;
» Secretaria de Estado de
Proteção da Ordem
Urbanística do Distrito Federal
(DF Legal): 634 cargos;
» Instituto de Previdência dos
Servidores do Distrito Federal
(Iprev-DF): 65 cargos;
» Companhia de
Desenvolvimento
Habitacional do Distrito
Federal (CODHAB): 312
cargos;
» Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do
Distrito Federal (Emater DF):
36 cargos;
» Defensoria Pública do Distrito
Federal (DPDF): 500 cargos.
Ionice sonha em ser aprovada no concurso do Detran-DF. Ela estuda desde fevereiro deste ano
8 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • CORREIO BRAZILIENSE
» FGV
CuRSO PaRa gESTORES
a Fundação getulio Vargas (FgV), por meio de sua Diretoria
Internacional (FgV DINT), lançou a 7ª edição do Programa Lati-
no-americano de governabilidade, gerência Política e gestão
Pública. as inscrições poderão ser feitas até 12 de setembro e os
encontros serão realizados de forma 100% virtual, por meio da
Plataforma Zoom. O cronograma prevê o início das aulas em
16 de setembro de 2023 e o encerramento em 9 de março de
2024. Para mais informações e inscrições, acesse o site https://
shre.ink/lWg1 .
» INSTITUTO BANCORBRÁS
CaPaCITaçãO
PROFISSIONaL
as inscrições para a edição de 2023 do Capacita Ban-
corbrás estão abertas. O objetivo do projeto é oferecer
capacitação gratuita para profissionais do Terceiro Setor,
em especial educadores e assistentes sociais, em gestão,
inovação, e metodologias pedagógicas que contribuam no
fomento de boas práticas. Este ano, o projeto contará com
o apoio e contribuição do Impacta Hub Brasília, com uma
metodologia diferenciada e aplicável. O curso será on-line
e terá a duração de dois meses, com mentorias de carrei-
ra. as formações abordarão temas como: educação com
propósito, desenho e planejamento de projetos, economia
comportamental, comunicação empática e efetiva, trabalho
colaborativo, ferramentas e metodologias de impacto coleti-
vo. as vagas são limitadas e os interessados devem realizar
as inscrições pelo link https://shre.ink/99iW.
» AON PLC
JOVEM SEguRO 2023
aon plc (NYSE: aON), empresar global em serviços pro-
fissionais, está com inscrições abertas para o Programa
Jovem Seguro 2023, iniciativa desenvolvida pelo Instituto
aon em parceria com o Instituto Techmail, que tem como
missão formar, educar e preparar jovens de 16 a 24 anos
em situação de vulnerabilidade social para o mercado
de trabalho. Esta edição disponibilizará 35 vagas para o
curso que será realizado em formato híbrido. Os alunos
residentes em São Paulo contarão com palestras, uma vez
por semana, no escritório da aon e aulas presenciais no
Instituto Techmail, duas vezes por mês. Para os residentes
fora da capital paulista, o Jovem Seguro será 100% on-li-
ne. as inscrições estão abertas até 14 de julho e podem
ser feitas pelo site url.gratis/pt-br. O início das aulas está
previsto para agosto.
» INDICIUM
aCELERaçãO DE CaRREIRa
a empresa catarinense Indicium, que impulsiona enterpri-
ses a jornada data driven, abre inscrições para o programa
de aceleração em dados Lighthouse. Com inscrição gratuita e
seis meses de desenvolvimento teórico, prático e remunerado,
a aceleração inclui a participação em projetos reais e destina
50% das vagas a mulheres. O objetivo é auxiliar o desenvol-
vimento prático de profissionais em transição de carreira e de
estudantes da área de exatas em uma das áreas mais quentes
do Brasil. as inscrições vão até 21 de julho e podem ser feitas
no site shre.ink/99z4.
Lista de concursos
Nesta semana, o caderno Trabalho & Formação Profissional preparou uma lista com 179 concursos e 21.251 vagas, além de
cadastro reserva. No Distrito Federal, há apenas um concurso aberto com 200 vagas. Para o Centro-Oeste, são 14 seleções
abertas com 1.930 oportunidades. Nos conselhos regionais e municipais, há 16 concursos com 526 postos vagos. Entre os
nacionais, há 6 certames abertos para 8.163 oportunidades. Há ainda 20 seleções para concursos estaduais com 5.232 vagas.
Para os municipais, há 32 concursos e 3.629 vagas. Nas universidades federais, são 44 processos seletivos e 984 oportunidades.
Nos institutos federais há 47 certames abertos com 592 vagas.
DISTRITO FEDERAL
Secretaria de Estado de
Planejamento, orçamento e
Administração do Distrito Federal
Inscrições até 8 de agosto pelo site: https://
bit.ly/3r7fBEm . Concurso com 200 vagas e
formação de cadastro reserva para técnico em
enfermagem. Salário: até R$1.735. Taxa: R$65.
NACIONAIS
AERONÁUTICA DO BRASIL
Inscrições até 28 de julho pelo site https://
bit.ly/3COoYLG. Concurso com 225 vagas pa-
ra as áreas de: comunicações (24); mecânica
de aeronaves (30); material bélico (9); fotoin-
teligência (8); eletricidade e instrumentos
(6); estrutura e pintura (10); meteorologia
(18); suprimento técnico (14); informações
aeronáuticas (12); eletromecânica (12); guar-
da e segurança (20); bombeiro (5); cartogra-
fia (2); desenho (3); metalurgia (2); controle
de tráfego aéreo (50). Sálario: não informa-
do. Taxa de inscrição: R$ 80.
INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
Inscrições até 19 de julho pelo site: https://
concursos.ibfc.org.br/. Concurso com 7.548
vagas para os cargos de agente de pesquisas
e mapeamento (6.742) e supervisor de coleta
e qualidade (806). Salário: de R$ 3.100 até
R$ 2.045,50. Taxa: R$ 42,20.
ESCOLA DE SAÚDE E FORMAÇÃO
COMPLEMENTAR DO EXÉRCITO (ECFCEX)
Inscrições até 2 de agosto pelo site: https://
bit.ly/3HPt1dq. Concurso com 162 vagas para
matrícula no Curso de Formação de Oficiais
do Serviço de Saúde em 2024 para as seguin-
tes funções: anestesiologia (5); cancerologia/
oncologia (5); cardiologia (5); cardiologia in-
tervencionista (hemodinâmica) (2); cirurgia de
cabeça e pescoço (3); cirurgia geral (5); cirur-
gia pediátrica (1); cirurgia torácica (2); cirurgia
vascular (2); clínica médica (4); endoscopia
digestiva (3); ginecologia e obstetrícia (5); he-
matologia e hemoterapia (3); mastologia (1);
medicina da família (6); medicina intensiva (5);
nefrologia (3); neonatologia (2); neurologia (4);
oftalmologia (3); ortopedia e traumatologia
(6); ortopedia e traumatologia (cirurgia de joe-
lho) (2); ortopedia e traumatologia (cirurgia de
ombro) (2); otorrinolaringologia (2); patologia
(2); pediatria (7); pneumologia (2); proctologia
(3); psiquiatria (5); radiologia (3); sem especia-
lidade (46); urologia (3). Curso de formação de
oficiais farmacêuticos (5): farmácia (5). Curso
de formação de oficiais dentistas (5): cirurgia
e traumatologia buco-máxilo-facial (3); endo-
dontia (2). Salário: não informado, Taxa: R$150.
EXÉRCITO BRASILEIRO
Inscrições até dia 2 de agosto pelo site: https://
bit.ly/3PyJjMI. Concurso com 35 vagas para
administração (1); ciências contábeis (3); direito
(8); enfermagem (6); estatística (1); informática
(3); magistério biologia (1); magistério espa-
nhol (1); magistério física (1); magistério inglês
(1);magistério matemática (2); magistério por-
tuguês (2); magistério química (1); psicologia
(1); padre católico romano (2); pastor evangé-
lico (1). Salário: não especificado. Taxa: R$ 150.
ITAMARATY
Inscrições até 3 de agosto pelo site: https://
bit.ly/444GWWl. Concurso com 50 vagas pa-
ra classe inicial de terceiro secretário. Salá-
rio inicial: R$ 20.926,98. Taxa: R$ 229
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA
E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO)
Inscrições até 19 de julho pelo site: https://
shre.ink/9QwU. O concurso oferece 143
vagas no total, sendo dez imediatas e 133
vagas para cadastro reserva para auxiliar
de motorista (28); advo gado (28); analista
administrativo (15); analista de comunicação
- digital (15); analista de tecnologia da infor-
mação (42) e analista financeiro e contábil
(15), distribuídas em Curitiba (PR) e em Bra-
sília (DF). Salário entre: R$2.608 e R$10.548.
Taxa entre: R$60 e R$ 75.
CENTRO-OESTE
PREFEITURA DE PIRENÓPOLIS - GO
Inscrições até 25 de julho pelo site: https://
shre.ink/9kYe. Concurso com 88 vagas pa-
ra administrativo educacional ii - técnico
em alimentação educacional - setor 01 (4);
administrativo educacional ii - técnico em
alimentação educacional - setor 02 (1); ad-
ministrativo educacional ii - técnico em ali-
mentação educacional - setor 03 (1); admi-
nistrativo educacional iii - educação infantil
- setor 01 (37); administrativo educacional
iii - educação infantil - setor 02 (4); admi-
nistrativo educacional iii - educação infantil
- setor 03 (5); administrativo educacional iii -
técnico em administração escolar - setor 01
(8); administrativo educacional iii - técnico
em administração escolar - setor 02 (3); ad-
ministrativo educacional iii - técnico em ad-
ministração escolar - setor 03 (2); professor
p-iii - setor 01 (105); professor p-iii - setor 02
(9); professor p-iii - setor 03 (9). Salário: de
R$ 1.452 a R$ 3.148,80. Taxa: não informada.
IF GOIANO - INSTITUTO
FEDERAL GOIANO
Inscrições até 10 de agosto pelo site: https://
shre.ink/9k4T. Concurso com 22 vagas pa-
ra analista de tecnologia da informação (1);
assistente em administração (4); biólogo (1);
contador (1); médico (1); odontólogo (1); psi-
cólogo/área: clínica (1); técnico de laborató-
rio nas áreas de: biologia (1), eletrotécnica
(1), informática (2) e química (2); técnico de
tecnologia da informação (2); técnico em
agropecuária (2) e tecnólogo na área de ges-
tão pública (2). Salário: de R$ 2.667,19 a R$
4.556,92. Taxa: e R$ 120 a R$ 140.
PREFEITURA DE PORANGATU
Inscrições até dia 17 de julho pelo site:
https://shre.ink/9k4s. Concurso com 83
vagas e formação de cadastro reserva para
condutor de veículos escolares (4); operador
de máquinas pesadas (2); vigia (5); condutor
de veículos pesados (1); agente administra-
tivo educacional - merendeiro (12); agen-
te administrativo educacional - porteiro
servente (7); agente de trânsito (1); agente
administrativo educacional - auxiliar de se-
cretaria (4); fiscal de obras e posturas (1); fis-
cal de tributos municipais (1); fiscal do meio
ambiente (1); monitor educacional - nível I
(17); operador de usina de asfalto (1); técnico
de informática (1); fiscal de saúde pública
e vigilância sanitária (1); fonoaudiólogo (1);
nutricionista (1); profissionais do magistério
PIII em ciências biológicas (1); geografia (1);
história (1); letras (1); matemática (2); peda-
gogo (15) e psicólogo (1). Salário: de 1.302 a
R$ 2.184. Taxa: R$ 70 R$ 90 e R$ 120.
PREFEITURA DE POSSE - GO
Inscrições até 31 de julho pelo site: https://
shre.ink/9k6U. Concurso com 27 vagas e
formação de cadastro reserva para agen-
te comunitário de saúde. Salário: R$ 2.640.
Taxa: R$ 80.
PREFEITURA DE RIO VERDE - GO
Inscrições até 8 de agosto pelo site: https://
www.unirv.edu.br/. Concurso com 329 vagas
para almoxarife (8); analista administrativo
(27); atendente - plantonista (38); auxiliar
administrativo (171); auxiliar de copa e cozi-
nha (40); lavadeiro/passadeiro (11); monitor
de transporte escolar (8); motorista de veí-
culos leves (11); orientador social (11);; auxi-
liar de copa e cozinha (1); auxiliar de farmá-
cia ii (1); auxiliar de farmácia ii (2); lavadeiro/
passadeiro (1) auxiliar de copa e cozinha (2).
Salário: de R$ 1.419,37 a R$ 3.098,38. Taxa:
R$ 110 a R$ 210.
PREFEITURA DE URUAÇU
Inscrições de 19 de julho a 9 de agosto
pelo site: https://shre.ink/9k6O. Concur-
so com 62 vagas e formação de cadastro
reserva para fiscal ambiental (3); fiscal
de vigilância sanitária (3); analista am-
biental (3); assistente administrativo (10);
agente de trânsito (4); motorista (9); agen-
21a.2ga5s1
v
te comunitário de saúde (10); agente de
combate a endemias (10); psicólogo (3);
procurador municipal (1); fonoaudiólogo
(2); fisioterapeuta (2) e nutricionista (2).
Salário: R$ 1.925,84 a R$ 6.088,20. Taxa:
R$ 100 e R$ 180.
PREFEITURA DE UNIÃO DO SUL - MT
Inscrições até 21 de julho presencialmen-
te,na Recepção da Prefeitura Municipal, lo-
calizada na avenida Curitiba, nº 94, centro.
Concurso com 69 vagas para os cargos de
condutor de veículo emergencial (3); condu-
tor de veículo escolar (8); monitor de trans-
porte escolar (2); merendeira (1); zeladora
(7); auxiliar administrativo (1); inspetor de
alunos (1); agente comunitário de saúde (1);
agente de combate às endemias (1); agen-
te de desenvolvimento infantil (3); agente
de desenvolvimento da educação especial
(5); secretário escolar (1); fiscal de vigilân-
cia sanitária (1); técnico em radiologia (1);
professor de educação básica (20); psicólogo
(1); enfermeiro (3); odontólogo (1); auditor
em saúde pública (1); assistente social (2);
professor de educação física (1); fonoaudió-
logo (1); terapeuta ocupacional (1) e médico
clínico geral (2). Salário: de R$ 1.458,32 a R$
10.639,13. Sem taxa de inscrição.
PREFEITURA DE CATALÃO - GO
Inscrições entre 4 de agosto a 5 de setembro
pelo site: https://shre.ink/9QxF. O concurso
oferece 665 vagas, além de formar cadas-
tro reserva para merendeira (106); auxiliar
de serviço escolar (115); auxiliar de serviços
construção civil (4); encanador (1); motorista
de frota escolar (15); pedreiro (2); eletricista
(1); escriturário (8); motorista (5); assistente
social (3); engenheiro civil (1); nutricionista
(6); psicólogo (2); professor de banda mu-
sical (4); professor pedagogo (366); profes-
sor de educação física (26). Salário entre:
R$1.357 a R$6.388. Taxa entre: R$80 a R$150.
PREFEITURA DE GOIANDIRA - GO
Inscrições entre 3 de agosto a 5 de se-
tembro pelo site: https://shre.ink/9QBO.
O concursos oferece 126 vagas, bem como
formar cadastro reserva para auxiliar de
serviços gerais (48);agente de vigilância (6);
motorista (9); oficial de serviços gerais -
merendeira (6); oficial de obras e serviços
(3); mecânico (1); operador de máquinas
leves (3); operador de máquinas pesadas
(5); recepcionista (5);agente administrati-
vo (4); agente de combate de endemias (1);
fiscal de obras, posturas e trânsito (1); fiscal
de tributos (1);técnico em higiene dental
(2); técnico em enfermagem (1); técnico em
informática (1); técnico em segurança do
trabalho (1);agente de defesa ambiental (1);
analista ambiental (3); enfermeiro - psf (2);
farmacêutico (2); fisioterapeuta (2); nutri-
cionista (2); odontólogo - psf (2); professor
- pIII(14). Salário entre: R$1.320 a R$4.750.
Taxa entre: R$80a R$120.
PREFEITURA DE MARZAGÃO - GO
Inscrições entre 4 e 25 de agosto pelo site:
https://shre.ink/9QQG. O concurso oferece
69 vagas para auxiliar de obras e serviços
(4); auxiliar de serviços gerais (7); mecâni-
co (1); motorista de veículos leves (2); mo-
torista de veículos pesados (2); oficial de
obras e serviços (4); operador de máquinas
leves (2); operador de máquinas leves pe-
sadas (2); auxiliar administrativo (3); mo-
nitor educacional (13); fiscal de postura e
edificações (1); técnico de enfermagem (5);
professor p ii (18); professor educador físico
(1); enfermeiro padrão (1); fisioterapeuta
(2); médico psf (1). Salário entre: R$1.413 a
R$8.745. Taxa: R$70 a R$140.
Confira a lista completa no site
www.correiobraziliense.com.br/euestudante
 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 •฀Trabalho & Formação • 9

» guia de estágios e jovem aprendiz 1.273 vagas

» espro 33g0as
va
Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico
ou Superior / Vaga: 04 / Bolsa: R$611,72 +
Assist. Médica e Odonto + VR + VT / Horário:
14h às 18h - Seg. a Sex. / 18 a 22 anos
Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico ou
As inscrições devem ser feitas no endereço SGAS Quadra 915, Lote 72-A, Asa Sul, das 8h30 às 16h30.
Informações no site www.espro.org.br ou pelo telefone (61) 3226-1512
Superior / Vaga: 1 / Bolsa: R$1.113 + Assist. Assist. Médica e Odonto + VR + VT / Horário: 17h - Seg. a Sex. / 18 a 22 anos Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico
Odonto + VR + VT / Horário: 9h às 15h - Seg. 14h às 18h - Seg. a Sex. / 18 a 22 anos Empresa: privada. / Ens. Fundamental, Mé- ou Superior / Vaga: 02 / Bolsa: R$611,72 +
a Sex. / 18 a 22 anos Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico dio ou Técnico / Vaga: 02 / Bolsa: R$611,72 Assist. Médica e Odonto + VR + VT / Horário:
Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico ou Superior / Vaga: 03 / Bolsa: R$1.113 + + VT / Horário: 14h às 18h - Seg. a Sex. / 13h às 17h - Seg. a Sex. / 18 a 22 anos
ou Superior / Vaga: 04 / Bolsa: R$611,72 + Assist. Odonto + VR + VT / Horário: 11h às 14 a 18 anos Ainda há 330 vagas para jovem aprendiz.

» ieL Instituto Euvaldo Lodi 123as

Endereço: SIA, Trecho 3, Lote 225, Edifício Fibra ou UnB, MASC Norte, Sala AT 2/20
Telefones: SIA (3362-6024) ou UnB (99128-2294)/ Site: www.ieldf.org.br
vag Horário de atendimento: das 9h às 17h (SIA) ou das 9h às 16h (UnB).

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Empresa: Privada– 112668 - Sem.: 1º ao 4°/
Vagas: 1/ Local: Asa Norte/ Bolsa: R$ 600+ AT
/ Período: 8h as 12h /Conhec. Exigidos; Word/
Enviar currículo para: curriculos.iel@sistemafi-
bra.org.br e no assunto coloque: 112668.
Empresa: Privada– 112850 - Sem.: 1º ao 4°/
Vagas: 1/ Local: Guará/ Bolsa: R$ 896+ AT /
Período: 06 horas diárias /Conhec. Exigidos;
Word/ Enviar currículo para: curriculos.iel@sis-
temafibra.org.br e no assunto coloque: 112850.
Empresa: Privada– 112970 - Sem.: 2º ao
5°/ Vagas: 1/ Local: Sobradinho/ Bolsa:
R$ 1080+ AT / Período: 8h as 12h /Conhec.
Exigidos; Word/ Enviar currículo para: cur-
riculos.iel@sistemafibra.org.br e no assunto
coloque: 112970.
TÉCNICO EM ELETRÓTECNICA
Empresa: Privada– 112523 - Sem.: 3º ao 4°/
Vagas: 1/ Local: Sudoeste/ Bolsa: R$ 550+ AT
/ Período: 7h as 13h /Conhec. Exigidos; Word/
Enviar currículo para: curriculos.iel@sistema-
fibra.org.br e no assunto coloque: 112523.
TÉCNICO EM REDES DE COMPUTADORES
Empresa: Privada– 112808 - Sem.: 1º ao 4°/
Vagas: 1/ Local:Asa Sul/ Bolsa: R$ 700+ AT
/ Período: 6 horas diárias /Conhec. Exigidos;
Word/ Enviar currículo para: curriculos.iel@sis-
temafibra.org.br e no assunto coloque: 112808.
TÉCNICO EM GESTÃO COMERCIAL
Empresa: Privada– 112806 - Sem.: 3º ao 6°/
Vagas: 1/ Local:Asa Sul/ Bolsa: R$ 750+ AT /
Período: 14h as 19h /Conhec. Exigidos; Word/
Enviar currículo para: curriculos.iel@siste-
mafibra.org.br e no assunto coloque: 112806.
Ainda há vagas para nível técnico (14),
tecnologia da informação (3), técnico
em eletrotécnica (3), técnico em redes
de computadores (1), técnico em gestão
comercial (1), técnico em contabilidade
(3), técnico em logística (1), técnico em
análise química (1), técnico em produção
industrial (1), nível superior (109), admi-
nistração (30), análise e desenvolvimento
de sistemas (3), artes visuais (1), arqui-
tetura (1), biblioteconomia (1), ciências
contábeis (19), comunicação social (6),
design gráfico (5), direito (3), enfermagem
(1), engenharia aeroespacial (3), engenha-
ria de alimentos (2), engenharia civil (3),
engenharia elétrica (5), engenharia de
produção (2), engenharia da computação
(5), fonoaudiologia (1), gastronomia (3),
jornalismo (3), odontologia (3), pedagogia
(1), publicidade e propaganda (1), recursos
humanos (6), secretariado (1).
Ainda há vagas para nível técnico (14) e
nível superior (109).

Os interessados deverão comparecer ao Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), de segunda a sexta-feira,

» ciee - centro de integração empresa-escola 10

vagas
das 8h às 17h noCIEE Brasília na EQSW 304/504, Lote 2, Edifício Atrium — Sudoeste, próximo ao Hospital das
Forças Armadas (HFA). Documentação para inscrição: Carteira de identidade, CPF, declaração de escolaridade e
comprovante de residência com CEP. Informações: www.ciee.org.br ou (61) 3701-4811

ADMINISTRAÇÃO: PROPAGANDA E MARKETING TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA PEDAGOGIA: ENSINO MÉDIO

Cód.: 4794946/Vaga: 1/ Local: Asa Norte /4º
ao 6ºS / Período: 13h30 às 17h30 / 4h diárias /
Bolsa: R$ 600 + benefícios
Cód.: 4707463/Vaga: 1/ Local: Asa Sul / 4º ao 07º
/ Período: 12h às 18h / 6h diárias / Bolsa: R$
1000 + benefícios
COMUNICAÇÃO SOCIAL -
Cód.: 4794296 /Vaga: 1/Local: Taguatinga/ 1º A0 3º/ Pe-
ríodo: 8h às 13h / 5h diárias / Bolsa: R$ 700+ benefícios
ENGENHARIA CIVIL
Cód.: 4746659 /Vaga: 1/ Local: Asa Norte / 5º ao
6º / Período: 7h as 12h / 4h diárias / Bolsa: R$
1000+ benefícios
Cód.: 4746373/Vaga: 1/ Local: Asa Sul / 1º ao 4º / Pe-
ríodo: A combinar / Bolsa: R$ 3,34 HORA + benefícios
CIÊNCIAS CONTÁBEIS :
Cód.: 4794355/Vaga: 1/ Local: SIG/ 5º A0 8º/
Período: A combinar / 6h diárias / Bolsa: R$
1.2OO+ benefícios
Cód.: 4595343/Vaga: 1/ Local: JARDIM BOT NICO
/ 1º A0 6º/ Período: 07h30 às 13h30 /Bolsa: R$
700+ benefícios
DIREITO:
Cód.:4719812/Vaga: 1/ Local: Asa SUL/ 6º A0 10º/
Período: 08h às 14h / Bolsa: R$1.125,69+ benefícios
Cód.: 4795239/Vaga: 1/ Local: GUARÁ / 1º ao 3º / Perío-
do: 12h as 18h / 6h diárias / Bolsa: R$ 600 + benefícios
DESIGN GRÁFICO:
Cód.: 4795288/Vaga: 1/ Local: Asa NORTE / 1º
A0 6º/ Período: 13h as 18h / 5h diárias / Bolsa:
R$ 400+ benefícios

» super estágios 24g2as

va
As inscrições devem ser feitas no site www.superestagios.com.br ou no endereço
Rua Copaíba, Lote 1, Torre B, Sala 1306, Shopping DF Plaza, Águas Claras

ADMINISTRAÇÃO
Vaga: 175294/ Local: Taguatinga/ Sem.: A
partir do 1º período / Carga Horária: 6 horas
diárias / Horário do estágio: tarde/ Bolsa:
R$ 600 / Benefícios: Auxílio Transporte:a
combinar / Vaga: 01
Vaga: 175483/ Local: Asa Sul/ Sem.: A
partir do 1º período / Carga Horária: 6
horas diárias / Horário do estágio: manhã
ou tarde/ Bolsa: R$ 800 / Benefícios: Auxílio
Transporte: R$ 11 (diários)/ Vaga: 01
Vaga:177038/ Local: Asa Norte/ período: A
partir do 2º/ Carga Horária: 5 horas diárias /
Horário do estágio: Manhã ou Tarde/ Bolsa:
R$ 500 / Benefícios:Auxílio transporte: R$ 11
(diários) Vaga: 01
Vaga: 178004/ Local: Asa Sul/ Sem.: a
partir do 4º período / Carga Horária: 4
horas diárias/ Horário do estágio: Manhã
ou Tarde/ Bolsa: R$ 980 / Benefícios: Auxílio
Transporte:R$ 10 (diários)/ Vagas: 02
Vaga: 178676/ Local: Asa Sul / Sem.: a
partir do 1º período / Carga Horária: 5
horas diárias/ Horário do estágio: Tarde
e Noite / Bolsa:R$ 700/ Benefícios:Auxílio
Transporte: R$ 11 diários + obs:o estagiário,
receberá o valor diário de R$ 6 por dia
como um benefício de auxílio lanche. O
vale transporte, irá depender da localidade
onde o candidato a estágio reside, por
exemplo no DF o valor diário é de R$ 11
por dia/ Número de Vagas: 05
Vaga: 178780/Local: Vicente Pires/ Sem.: a
partir do 2º período / Carga Horária: 6 horas
diárias/ Horário do estágio: manhã e tarde/
Bolsa: R$ 800 / Benefícios: Auxílio Transpor-
te: a combinar/ Número de Vaga: 01
Ainda há vagas para administração (18),
análise e desenvolvimento de sistemas (2),
arquivologia (2), arquitetura e urbanismo
(ou arquitetura) (5), ciências contábeis (2),
ciência da computação (5), comunicação
organizacional (1), contabilidade (2), direito
(9), educação física (1), enfermagem (2),
engenharia da computação (3), engenharia
elétrica (1), engenharia mecânica (1), estética
e cosmética (3), farmácia (5), fisioterapia (3),
gastronomia (4), gestão comercial (2), gestão
financeira (1), gestão hospitalar (1), gestão
pública (8), jornalismo (5), logística (1),
marketing (12), nível médio (49), nutrição (6),
pedagogia (18), psicologia (1), publicidade e
propaganda (12), química (1), recursos huma-
nos (1), relações públicas (4), secretariado (3),
técnico em auxiliar administrativo (9), técnico
em confeitaria (1), técnico em eletrônica (3),
técnico em eletrotécnica (1), técnico em
secretariado (3), técnico em marketing (1),
técnico em mecânica (1).

O instituto está atendendo apenas a distância. O antedimento presencial é apenas para

» iF estágio
Instituto Fecomércio/DF
JOVEM APRENDIZ
Cód.: 524661 / Vaga: 1/ Ano: Indiferente /
Salário: R$ 929,99 + VT / Horário de: 12h às
18h /Local: Areal (águas Claras) / Assunto:
524661
Cód.: 419647 / Vaga: 1/ Ano: Indiferente /
Salário: R$ 619,99 + VT / Horário de: 13:30h
às 17:30h / Local: Zona Industrial (Guará) /
Assunto: 419647
Cód.: 411921 / Vagas: 2 / Ano: Indiferente /
Salário: R$ 710,75 / Horário de: 14h às 18h /
Local: Asa Sul / Assunto: 411921
Cód.: 415064 / Vaga: 1/ Ano: Indiferente /
Salário: R$ 710,75 + VT / Horário de: 8h às
12h / Local: Asa Sul / Assunto: 415064
568s
vaga
emissão de contratos. É preciso agendar horário. Telefone: (61) 3962-2023. E-mail:
acompanhamento.if@institutofecomerciodf.com.br. Site: www.institutofecomerciodf.com.br.
Endereço: SCS, QD. 6, Edifício Jessé Freire, 5° andar, Brasília - DF.
Cód.: 410940 / Vaga: 1/ Ano: Indiferente / ciências ambientais (1), ciências contábeis (1), gestão de marketing (4), gestão e pro- mética (2), tecnologia em gestão comercial
Salário: R$ 619,99 + VT / Horário de: 14h (14), ciências econômicas (2), comunicação moção de vendas (1), gestão em marketing (1), tecnologia em gestão de marketing (1),
às 18h / Local: Zona Industrial (Guará) / e ilustração digital (1), comunicação em pu- (2), gestão financeira (3), jornalismo (2), tecnologia em gestão em controladoria e fi-
Assunto: 410940 blicidade (2), comunicação organizacional letras - inglês (3), letras - português (3), nanças (2), tecnologia em gestão financeira
Ainda há vagas para jovem aprendiz (212), (1), comunicação propaganda e marketing licenciatura em pedagogia (1), licenciatura da graduação tecnológica (2), tecnologia em
ensino médio (76), ensino profissionalizante (3), comunicação social - publicidade e em matemática (4), licenciatura em química gestão financeira e tributária (2), tecnologia
(47), assistente administrativo (1), eletrônica propaganda (8), comunicação social em (1), logística (1), marketing (11), matemática em marketing (1), tecnologia em sistemas
(1), estética (2), técnico em administração audiovisual (2), comunicação- jornalismo (4), nutrição (3), odontologia (3), pedagogia de informação (1), tecnólogo em estética e
(20), técnico em contabilidade (2), técnico (3), design de interiores (2), design gráfico (23), pedagogia educação infantil (6), pós cosmética (2), web designer (1).
em enfermagem (2), técnico em logística (1), design - programação visual/DIN graduação em saúde estética (2), produção
(1), técnico em radiologia (1), técnico em (1), direito (1), economia (3), educação audiovisual (1), psicologia (4), publicidade e
secretariado (1), ensino superior (233) física (6), educação física- licenciatura (1), propaganda (12), publicidade, propaganda
administração (42), administração pública enfermagem (2), engenharia ambiental (1), e marketing (12), química (1), radiologia (1),
(2), análise e desenvolvimento de sistemas engenharia civil (4), engenharia elétrica (1), recursos humanos (2), secretariado (17),
(1), arquitetura e urbanismo (2), arquivo- engenharia florestal (1), estatística (1), física secretariado executivo (8), tecnologia da Confira a lista completa no site
logia (2), biblioteconomia (6), biologia (1), (1), gestão ambiental (1), gestão comercial informação (1), tecnologia em estética e cos- www.correiobraziliense.com.br/euestudante
10 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 16 de julho de 2023 • CORREIO BRAZILIENSE

29g5as OFERTAS DA AGêNCIA DO TRABALHADOR

precisa-se va

A Secretaria do Estado de Trabalho do Distrito Federal também disponibiliza as vagas oferecidas nos sites www.trabalho.df.gov.br e maisemprego.mte.gov.br. O interessado em utilizar o serviço
precisa fazer um cadastro no endereço eletrônico para ter acesso às oportunidades existentes para o seu perfil. Por conta desse sistema, os postos aqui listados estão sujeitos a alterações.

Cargo Vagas Salário Cargo Vagas Salário Cargo Vagas Salário

AÇOUGUEIRO 13 R$ 1.620 A R$ 1.800
+BENEFÍCIOS
AJUDANTE DE AÇOUGUEIRO (COMÉRCIO) 15 R$ 1.100 + BENEFÍCIOS
(Jovem Aprendiz)
ANALISTA DE MARKETING 1 R$ 1.800 +BENEFÍCIOS (PcD)
ARRUMADOR NO SERVIÇO DOMÉSTICO 1 R$ 1.500 +BENEFÍCIOS
ATENDENTE DE BALCÃO 6 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
ATENDENTE DE FARMÁCIA - BALCONISTA 1 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
AUXILIAR DE BARMAN 3 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
AUXILIAR DE COZINHA 8 R$ 1.320 A R$ 1.500
+BENEFÍCIOS
AUXILIAR DE ENCANADOR 10 R$ 1.450 +BENEFÍCIOS
AUXILIAR DE ESTOQUE 5 R$ 1.533 +BENEFÍCIOS
AUXILIAR DE EXPEDIÇÃO 2 R$ 1.550 +BENEFÍCIOS
AUXILIAR DE LIMPEZA 2 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
AUXILIAR DE MARCENEIRO 4 R$ 1.400 +BENEFÍCIOS
AUXILIAR NOS SERVIÇOS
DE ALIMENTAÇÃO 60 R$ 1.425 +BENEFÍCIOS
BALCONISTA DE CREDIÁRIO 8 R$ 1.533 +BENEFÍCIOS
BARBEIRO 2 R$ 1.828,88 +BENEFÍCIOS
BARMAN 1 R$ 1.700 +BENEFÍCIOS
BOMBEIRO HIDRÁULICO 28 R$ 2.200
+BENEFÍCIOS (PcD)
CARPINTEIRO 3 R$ 2.200
+BENEFÍCIOS (PcD)
CASEIRO 1 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
CASEIRO (AGRICULTURA) 1 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
CAVADOR DE POÇO SOBRADINHO 1 R$ 1.600 +BENEFÍCIOS
COLORISTA 2 R$ 2.200 +BENEFÍCIOS
CONFEITEIRO 2 R$ 1.750 +BENEFÍCIOS
CONTOR DE VENDAS 10 R$ 1.533 +BENEFÍCIOS
CONTADOR 1 R$ 2.000 +BENEFÍCIOS
COZINHEIRO GERAL 4 R$ 2.000 +BENEFÍCIOS
CUMIM 6 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
DESIGNER DE INTERIORES 1 R$ 1.600 +BENEFÍCIOS
ELETRICISTA 8 R$ 2.200 +BENEFÍCIOS
EMPREGADO DOMÉSTICO NOS
SERVIÇOS GERAIS 2 R$ 2.000 +BENEFÍCIOS
EMPREGADO DOMÉSTICO
ARRUMADOR 1 R$ 1.500 +BENEFÍCIOS
EMPREGADO DOMÉSTICO FAXINEIRO 1 R$ 1.500 +BENEFÍCIOS
ESTOFADOR DE MÓVEIS 4 R$ 1.400 +BENEFÍCIOS
GARÇOM 24 R$ 1.320 A R$ 2.800
+BENEFÍCIOS
LABORATORISTA DE SOLOS 1 R$ 2.200 +BENEFÍCIOS
LAVADOR DE PRATOS 1 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
LAVADOR DE VEÍCULOS 2 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
MARCENEIRO 4 R$ 1.800 +BENEFÍCIOS
MONITOR DE RECREAÇÃO 1 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
OPERADOR DE GUINDASTE MÓVEL 1 R$ 2.088 +BENEFÍCIOS
PEDREIRO 3 R$ 2.200 +BENEFÍCIOS
PEDREIRO DE FACHADA 1 R$ 2.000 +BENEFÍCIOS
PIZZAIOLO SOBRADINHO 2 R$ 1.500 +BENEFÍCIOS
REPRESENTANTE COMERCIAL
AUTÔNOMO 20 MÉDIA R$ 1.500 + BENEFÍCIOS
SALGADEIRO 1 R$ 2.300 +BENEFÍCIOS
SERVENTE DE OBRAS 5 R$ 1.438 +BENEFÍCIOS
VENDEDOR INTERNO 6 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS
VENDEDOR PRACISTA 5 R$ 1.320 +BENEFÍCIOS

» Agências do Trabalhador » Confira o endereço das Agências do Trabalhador que estão funcionando:

Do total, 14 Agências do
Trabalhador estão com
atendimentos presenciais
ao público. Funcionamento:
de segunda a sexta-feira,
das 8h às 17h
(sem interrupção). Para
mais dúvidas entre em
contato pelos telefones
de atendimento ao
público (61)3773-9482/
(61)3773-9484.
Agência Brazlândia Edifício Bittar II Agência do Trabalhador Autônomo Biblioteca Pública Agência Taguatinga
Tel:. 3255-3797 / 3255-3798 » Agência Riacho Fundo II Tel:. 3255-3848 / 3255-3849 /
Tel:. 3255-3868 / Agência Estrutural
Tel:.3255-3827 / 3255-3754
3255-3869 Tel:. 3255-3808 / 3255-3809 SCS Qd. 6, Bl. A, Ed. Guanabara, C4 Lt. 3, Ed. TVA Imperial,
SCDN BL K, Lj. 1/5 AE n° 5, Setor Central, Lt. 10/11 3255-3828 Av. das Palmeiras
QC 1, Cj. 5, Lt. 2, AE s/n » Agência Planaltina
» Agência de Ceilândia Administração » Agência Plano Piloto
» Agência Samambaia Tel:.3255-3715 / 3255-3829
Tel:. 3255-3521 » Agência Gama Tel:. 3255-3732 / 3255-3815 Setor Administrativo, Av. Uberdan
Tel:.3255-3832 / 3255-3833
EQNM 18/20, Bloco B, Praça do Povo, Tel:. 3255-3820 / 3255-3821 SEPN 511 Bloco A, S/N QN 303, Cj. 1, Lt. 3 Cardoso
Ceilândia AE 1, Setor Central Edifício Bittar II » Agência São Sebastião
» Agência Santa Maria Tel:.3255-3840 / 3255-3841
» Agência PCD (511 Norte) » Agência Sobradinho » Agência Recanto das Emas Tel:.3255-3836 / 3255-3837 Qd. 104, Cj. 5, Lt. 9,
Tel:. 3255-3804 / 3255-3843 Tel:. 3255-3824 / 3255-3825 Tel:. 3255-3864 / 3255-3842 Av. Alagados, QC 1, Cj. H, Galpão Setor Residencial Oeste
SEPN 511 Bloco A, S/N Qd 8, AE nº 3, Sobradinho I Qd. 805, AE s/n, Prédio da Cultural

OpOrtunidades
» L’ORÉAL BRASIL » JANSSEN BRASIL
TRAINEE 2023 » PICPAY VAGAS PARA
A L’Oréal Brasil abre as inscrições para seu
programa de Trainee 2023. Assim como todos os
CHANCE DE EMPREGO BRASÍLIA
programas de entrada na empresa, metade das O PicPay anuncia a abertura de mais de 50 vagas de A Janssen, farmacêutica da Johnson
vagas são destinadas para pessoas negras. As vagas emprego. Até o fim do ano, cerca de 200 novas posições & Johnson, abriu inscrições para o
são para trabalhar na sede da empresa ou no devem estar disponíveis para contratação. As oportunidades seu programa “Geração J”, voltado
Laboratório de Pesquisa & Inovação, ambos no Rio de são para diversas áreas, com foco principal em tecnologia, para que pessoas sem experiência
Janeiro, ou na fábrica em São Paulo. Os candidatos para atuar com dados, produtos e desenvolvimento. Os possam atuar na área comercial do
selecionados pelo programa terão uma trilha de cargos estão disponíveis para profissionais de diferentes setor farmacêutico. A empresa oferece
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com líderes da corporação. As vagas são nas áreas oferece benefícios como vale-alimentação, vale-refeição e diversas cidades e regiões do Brasil,
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6
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número do edital deverá ser informado no campo “assunto”. E-mails que não
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Em atenção às disposições do decreto nº 5.151, de 22/07/2004, é vedada a
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praticado em 30/04/2023. É importante ressaltar que conforme acordado pelas entidades e aprovado pelos trabalha-
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