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UMA ANÁLISE CRÍTICA DOS DISCURSOS E POLÍTICAS PÚBLICAS CONTRA A

VIOLÊNCIA DE GÊNERO E SUA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE


SUBALTERNIZAÇÃO DA MULHER NEGRA
Lucas Coutinho Lemos¹; Amana Capato de Souza Mucci dos Santos1¹; Rayane Pereira Faustino2¹;
Thayssa Gomes Pinheiro da Silva3¹; Barbara Batista Silveira4²;

¹Discente da Universidade de Vassouras

Uma das violências epistêmicas sofridas durante o processo de colonização foi a imposição de um
sistema sexo-gênero sobre populações que se organizavam a partir de formas próprias de estar no
mundo e que foram obrigadas a se adequar a um pensamento hegemônico. Assim, tais populações
foram forçadas a se encaixar em moldes de masculinidade e feminilidade criadas a partir da visão
europeia. Foram reproduzidos socialmente estereótipos de gênero que relacionam a mulher à
fragilidade, à castidade e até mesmo a divisão do trabalho passou a ser orientada pela visão de
gênero dos colonizadores. Porém, a escravidão atribuiu ao corpo da mulher negra uma
representação animalizada de subserviência que ainda persiste, e que autoriza as agressões no
âmbito doméstico e em diversos setores da sociedade. Esse percurso histórico é necessário para que
analisemos os discursos e as práticas políticas reproduzidas atualmente, e para que seja possível
formular estratégias eficientes que consideram a interseccionalidade que envolve a violência. Logo,
quando se fala sobre violência contra mulher, é necessário salientar que a experiência vivida pelas
mulheres brancas se difere da vivida pelas mulheres negras, e a desconsideração dessa diferença
gera uma dominação intragrupo. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica através de artigos com as
palavras-chave: “violência”, “gênero” e “raça”, e foram selecionados 5 artigos. Podemos apontar
que as políticas públicas para mulheres que se desenvolveram no país são formadas a partir de uma
visão universalizante da mulher, o que limita a discussão sobre quais diferentes processos estão as
mulheres vítimas de violência. Ou seja, as especificidades de como a violência pode operar sobre
uma mulher de acordo com sua raça e classe são desconsideradas para que se possa falar em uma
categoria universal de mulher. Segundo dados do Mapa da Violência de 2015, entre 2003 e 2013 o
feminicídio de mulheres brancas caiu 9,8%, enquanto o de mulheres negras aumentou 54%. Logo, é
possível concluir que durante o processo histórico de luta em relação à violência de gênero no Brasil,
a desconsideração desses fatores atuou como forma de invisibilização de mulheres negras, o que fez
com que as denúncias destes corpos subalternizados não fossem de fato ouvidos pelo poder jurídico
e pelas políticas públicas. É importante salientar que o mito da democracia racial promove a
manutenção das classes dominantes no poder, e é possível relacionar este fato com um processo
político vivenciado nos últimos anos. Portanto, pautas essenciais estão sendo distanciadas e
despolitizadas nos discursos e práticas políticas.

Palavras-Chave: Violência; gênero; raça

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