FUNDADO EM 1875 Domingo 6 de AGOSTO de 2023 l R$ 9,00 l Ano 144 l Nº 47409

JULIO MESQUITA (1862—1927) estadão.com.br

Fim de semana INÊS249

C2 __ C10 e C11 Dia dos Pais __ C6 e C7 E&N __ B5

Para todos os estilos Economia verde
Curadoria artificial
BRADFORD MUSEUM

e tamanhos de bolso que renova a frota

IA garante que esta obra é do gênio Rafael. ‘Estadão’ selecionou Caminhão e ônibus
Especialistas discordam. Quem está certo? dicas de presentes velhos são reciclados

MARCELO CHELLO / ESTADÃO

‘Workation’ une férias

e rotina profissional
Modelo híbrido cresce e hotéis já têm pacotes
para adeptos como o tradutor e intérprete
Luis Reis, um ‘seminômade digital’. __ B4

Alerta aos pais __ A16 Cenário nacional __ A6 e A8 Teocracia __ A12

Seis a cada dez crianças

Zema anuncia Mães fogem do
Irã para proteger
consórcio para filhas após onda de
fazer frente ao
de 9 a 10 anos jogam
protestos no país
Nordeste e fala Mulheres tiveram papel cen-
em direita unida tral nos atos contra o regime

online; vício preocupa

Governador de Minas diz
que Estados do Sul e Sudeste
vão agir em bloco e que, sem
união na direita, reeleição se-
rá dada “de mão beijada”.
OMS classifica ‘gaming disorder’ como transtorno
hábito de partici- tros “gamers”. Na faixa entre 9 E&N Poder de compra __ B1 e B2
após a morte de jovem tortu-
rada pela polícia religiosa.
Barreira a transpor __ A18
Digitalização do
sistema dificulta
acesso de idosos

O par de jogos online

com outros adep-
tos de videogame
começa cedo e se mantém pe-
lo menos até o início da vida
adulta, informa Victoria Lacer-
da. Estudo de 2022 da TIC
Kids Online aponta que 42%
das crianças e dos adolescen-
Notas e Informações __ A3
O Brics que não
interessa ao Brasil
55%
dos jovens entre 15 e 17 anos
jogam sempre; transtorno
atinge 1,9% no mundo
e 10 anos, são 59%. Não há indí-
cios de que, se usados de for-
ma adequada, os games preju-
diquem o convívio familiar e
na escola, mas o excesso pode
causar distúrbio do sono, mu-
tes de 9 a 17 anos relataram par- dança de humor e o chamado
ticipar diariamente de jogos gaming disorder, transtorno
na internet conectados a ou- reconhecido pela OMS.
Eliane Cantanhêde __ A8 Paul Krugman __ A14
Sob o peso de relógios, Qual é o problema
colares e pulseiras com Miami?
Real valorizado em
relação a outras
moedas da região
favorece viagens
a planos de saúde
Beneficiários têm dificuldade
para usar canais de atendimen-
to em smartphones e apps.
Brasileiros aproveitam po-
der de compra para gastar Eleições de 2024 __ A9
mais nos países vizinhos.
PT anuncia apoio a Boulos e
fica sem candidato em SP
J. R. Mendonça de Barros __ B3 Bar hi-tech __ A24
É bom calibrar Robôs decoram sobremesas e
o otimismo preparam drinques em Seul

Edição de hoje Caderno A. Opinião, Política, Internacional, Metrópole, Saúde, Esportes, Para fechar... C2. Cultura & Comportamento, Tempo em SP
3 CADERNOS – 48 páginas E&N. Destacar Economia & Negócios A fundo 13° Mín. 30° Máx.
 INÊS249
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
A2 O ESTADO DE S. PAULO

ROSEANN KENNEDY
COM EDUARDO GAYER E AUGUSTO TENÓRIO Coluna do
Estadão
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
COLUNADOESTADAO@ESTADAO.COM
ESTADAO.COM.BR/POLITICA/COLUNA-DO-ESTADAO

Silveira ficou escanteado em SINAIS

trocas na Petrobras e está na PARTICULARES

frigideira do PT e do Centrão por Kleber Sales

ministro de Minas e Energia, Alexandre Silvei-

O ra, é o mais novo alvo de fogo amigo no gover-

no Lula. Ele não foi consultado sobre a ofensiva
do PT para trocar o comando da Petrobras Bio-
combustíveis, movimento revelado pela Coluna. Nos
bastidores, parlamentares da base e do Centrão dizem
que o ministro está perdendo apoio político e tem pou-
ca influência no governo, a ponto de ser escanteado
em indicações da própria pasta. A principal reclama-
ção é que ele não tem recebido parlamentares no gabi-
nete. Até mesmo lideranças do setor de energia se
queixam do acesso restrito ao ministro. A aliados, Ale-
xandre Silveira diz que tem trabalhado até alta madru-
gada e tenta atender todos na medida do possível.

l RECADO. O ex-senador, inclusi- l CRITÉRIOS. A disputa por vagas

ve, descobriu que terá de ir à Co-
missão de Minas e Energia da Câ-
mara prestar esclarecimentos so-
bre a mudança na política de pre-
ços da Petrobras. O convite foi
aprovado após um acordo costu-
rado pelo Centrão com o PT. Até
mesmo de deputados conterrâ-
neos, como Padre João (PT).
no Superior Tribunal de Justiça
(STJ) expõe a rivalidade entre juí-
zes de carreira e advogados que
ocupam cargos de desembarga-
dor. Neste ano, Lula terá de indi-
car três ministros para a Corte.
Um virá de lista apresentada pela
OAB e as outras duas vagas são Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
reservadas a juízes de segunda
instância. Aí mora a confusão.

l DINDA. Na frigideira, Silveira se
aproximou da primeira-dama
Janja. O ministro convidou-a
para ser madrinha do Luz para
Todos na Amazônia. Em um
gesto de apoio, ela aceitou.
l MAIS UM. O presidente do Se-
brae, Décio Lima, que foi o candi-
dato derrotado do PT ao gover-
no de Santa Catarina nas últimas
eleições, resolveu defender em
público a criação do Ministério
das Micro e Pequenas Empresas.
A ideia passou a ser ventilada em
Brasília no momento em que o
presidente Lula negocia uma re-
forma ministerial para selar a en-
trada do Centrão no governo.
l QUEDA DE BRAÇO. Dos 57 desem-
bargadores candidatos ao STJ, 23
vêm do chamado quinto consti-
tucional. Ou seja, são advogados
que entram na magistratura por
indicação política, sem concur-
so. Os juízes de carreira veem
concorrência desleal e dizem
que contemplá-los no STJ seria
dar mais uma vaga à advocacia.
l ZAP. O presidente da CPMI do
8 de Janeiro, Arthur Maia (U-
nião-BA), quer acesso aos da-
dos extraídos do celular do ex-
presidente Bolsonaro. A deci-
são cabe ao ministro Alexan-
dre de Moraes, do Supremo.
l NÃO PODE. Professores e alunos PRONTO, FALEI! CLICK
da Escola de Guerra Naval Divulgação
(EGN) estão proibidos de usar
expressões coloquiais como “a
gente”, “legal”, “ok” e “beleza”. A
norma, à qual a Coluna teve aces-
so, foi anunciada em sala de aula
e depois distribuída em texto,
com orientação para ter ampla di-
vulgação para o corpo docente.
Carlos Jordy Marina Silva
l JUSTIFICATIVA. A Marinha res- Líder da oposição na Câmara Ministra do Meio Ambiente
saltou que a proibição é restrita
aos eventos e atividades acadêmi-
cas formais. “É importante que “Militância e partidos de esquer- Assinou com o ministro do De-
as atividades acadêmicas da da calaram sobre o bloqueio de senvolvimento Social, Welling-
EGN sejam conduzidas em um R$ 332 milhões no orçamento ton Dias, a retomada do progra-
ambiente de formalidade”, diz o da educação. Já imaginou se ma interministerial Bolsa Ver-
aviso recebido pelos militares. fosse o governo Bolsonaro?” de, voltado à região amazônica.
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Criação Uma parceria

e periferias do Brasil

DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Publicado desde 1875
AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)
NOTAS E INFORMAÇÕES
O Brics que não
interessa ao Brasil
O País deveria repensar sua presença no bloco se prosperar
a ideia de ampliação advogada pela China, que faria do Brics
um grupo geopolítico de orientação autocrática e antiocidental
Cúpula do Brics (Brasil,
A Rússia, Índia, China e Áfri-
ca do Sul) nos dias 22 e 23
de agosto, em Johannes-
burgo, pode ser um divisor
de águas para o grupo. A presença de 22
países que manifestaram interesse em
integrá-lo, entre eles Argentina, Arábia
Saudita, Cuba, Irã e Venezuela, realça a
discussão mais importante do fórum:
criar ou não um processo formal para
admitir novos integrantes e em que ter-
mos. Até o momento, o bloco foi mais
simbólico do que concreto, mais econô-
mico do que geopolítico, mais defensi-
A recessão democrática
na América Latina
Ao constatar a precária percepção de benefício do Estado de
Direito entre os cidadãos da região, a pesquisa Latinobarómetro
expõe o risco de avanço do populismo e da via autoritária
assadas quatro décadas de
P gradual reforço das institui-
ções e do Estado Democráti-
co de Direito na América La-
tina, soa no mínimo preocu-
pante o fato de a região atravessar mais
de dez anos de “recessão democrática”.
A constatação apoia-se nos resultados
de pesquisa realizada neste ano em 17
países pelo Latinobarómetro, organiza-
ção sediada em Santiago, Chile. Não há
conforto ao nos inteirarmos que me-
nos da metade (48%) dos latino-ameri-
canos consideram a democracia como
modelo preferível à via autoritária, apoi-
ada por 17% – ou que, para 28%, pouco
importa o regime político do país. O
quadro traz grave alerta sobre a vulnera-
bilidade da região ao populismo e à as-
censão de regimes autocráticos.
A base de dados do Latinobaróme-
LUIZ CARLOS MESQUITA(1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)
vo do que construtivo. A prevalecerem
as ambições da China, que pressiona
pela expansão, essas condições podem
se inverter. Mas isso dificilmente servi-
ria aos interesses do Brasil.
O acrônimo “Bric” foi fabricado co-
mo uma ferramenta de marketing pe-
los economistas da Goldman Sachs em
2001 para descrever grandes econo-
mias emergentes em crescimento ace-
lerado. Mas, à parte essa similaridade,
desde a formalização do grupo, em
2009, era indisfarçável um certo cará-
ter contingencial e acidental, dada a he-
terogeneidade entre os membros. São
tro mostra ter havido melhores mo-
mentos para a democracia na região,
como no início da década passada,
quando a preferência por esse regime
alcançava 63%. Desde então, segundo a
organização, a percepção sobre seus be-
nefícios foi desgastada por crises econô-
micas, escândalos de corrupção, de-
mandas não atendidas pelos governos
e fragilidade do sistema partidário. O
estudo A recessão democrática da Améri-
ca Latina atribui boa parte desse desca-
labro à omissão das elites diante da ero-
são das instituições e de pressões pela
mudança nas regras do jogo – ou a sua
atuação intensa em prol desses resulta-
dos. Essa visão, obviamente, deve ser
considerada, mas está longe de esgotar
todos os alvos de responsabilização.
Expressiva é a insatisfação com a de-
mocracia, apontada por 69% das 19.205
INÊS249
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE
DIRETOR PRESIDENTE
FRANCISCO MESQUITA NETO
ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA DIRETOR DE JORNALISMO
MEMBROS EURÍPEDES ALCÂNTARA
FRANCISCO MESQUITA NETO DIRETOR DE OPINIÃO
JÚLIO CÉSAR MESQUITA MARCOS GUTERMAN
LUIZ CARLOS ALENCAR
RODRIGO LARA MESQUITA
duas das maiores democracias do mun-
do (Brasil e Índia) e duas das maiores
autocracias (China e Rússia), uma das
duas potências nucleares (Rússia) e
um dos maiores produtores agrícolas
(Brasil). Em geral, o Brics atuou como
um grupo de pressão, relativamente
unido pela desconfiança ao poder exer-
cido pelos EUA por meio de sanções e
intervenções militares. Não surpreen-
de que, além de discussões abstratas
sobre governança, a única iniciativa
concreta do grupo tenha sido a criação
de um banco de desenvolvimento, mas
que é relativamente pequeno.
Ao longo da última década, mesmo
a confluência econômica foi afetada
por disparidades. O único país que cres-
ceu expressivamente, investindo em
uma economia baseada em conheci-
mento e inovação tecnológica, foi a
China. A Índia começa a seguir esses
passos, enquanto os outros permane-
ceram estagnados, dependentes de
commodities, com sistemas políticos
marcados por disfuncionalidades e ca-
rentes de reformas.
Em princípio, a guerra da Rússia con-
tra a Ucrânia e a intensificação da rivali-
dade entre China e EUA sugeririam
que o grupo deveria se concentrar em
questões de interesse comum, como o
financiamento de projetos, e evitar a
pauta da expansão. Mas justamente es-
sas circunstâncias têm motivado a Chi-
na a fazer uma campanha agressiva pe-
la ampliação. Para Pequim, ela seria
uma oportunidade de expandir sua in-
fluência política e econômica. Para a
Rússia, por sua vez, seria um meio de se
defender do crescente isolamento di-
plomático por parte do Ocidente.
pessoas consultadas. É certo que hou-
ve recuo de três pontos porcentuais
nesse universo desde 2018, quando
atingiu o recorde de 72%. Mas a magni-
tude dos insatisfeitos não dá margem
para nenhum alento. Sinal menos ruim
surge na aversão de 61% a golpes milita-
res – 63% no Brasil. Novamente, não é
possível ser otimista quando a pesqui-
sa também mostra que 54% dos latino-
americanos não se importariam com
um governo não democrático, desde
que resolvesse os problemas nacionais.
A preocupação cresce ao se observar
o menor engajamento dos jovens na de-
mocracia. “Quanto menor a idade,
mais autoritários são”, diz o estudo, ao
alertar para a diluição dos valores de-
mocráticos entre os cidadãos que, na
América Latina, enfrentam maiores ta-
xas de desemprego e menores perspec-
tivas de futuro. O apoio às instituições
que sustentam o Estado de Direito é
declarado por 43% dos latino-america-
nos de 16 a 25 anos. Nessa faixa, que
não chegou a viver o período ditatorial,
a opção autoritária tem a preferência
de 20%.
No Brasil, a pesquisa foi realizada
logo depois dos ataques às sedes dos
Três Poderes por uma horda que defen-
dia um golpe militar para derrubar o
governo eleito de Lula da Silva. A prefe-
rência pelo Estado de Direito manteve-
se em 46%, pouco abaixo da média re-
gional, e escalou seis pontos porcen-
A3
DIRETORA JURÍDICA
MARIANA UEMURA SAMPAIO
DIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE
PAULO BOTELHO PESSOA
DIRETOR FINANCEIRO
SERGIO MALGUEIRO MOREIRA
Brasil e Índia sempre resistiram à
ampliação, conscientes de que ela dilui-
ria sua influência no grupo em favor da
China. Declarações recentes do presi-
dente Lula da Silva parecem favorecer
uma inversão dessa atitude. Mas, na
atual circunstância, a resistência é
mais, não menos, importante.
Como apontou o diplomata Ru-
bens Barbosa no Estado, “num clube
de dez ou quinze membros que votam
exatamente como a China e a Rússia
em questões como direitos humanos,
democracia e guerra na Ucrânia, o Bra-
sil vai ficar ainda mais isolado”. A es-
tratégia brasileira (e indiana) de man-
ter equidistância na rivalidade entre
China (e Rússia) e EUA (e Europa) fi-
caria comprometida. O clube de eco-
nomias emergentes não alinhadas se
tornaria um clube geopolítico de orien-
tação autocrática pautado pelos inte-
resses chineses.
Nessas condições, não surpreende
que um analista de relações internacio-
nais reputado por posições conciliató-
rias, como Barbosa, seja taxativo: “Ca-
so haja incorporação desse grande nú-
mero de países, não restará ao Brasil
alternativa senão deixar o grupo para
manter sua posição de independência
e afirmar uma posição de liderança no
Sul Global”. Na sua condição de grupo
de pressão sobre o “Norte” e de foro de
aproximação diplomática entre gran-
des economias emergentes e ocasional-
mente de financiamento de projetos
de interesse comum, o Brics mantém
seu valor para o Brasil. Mas, se prevale-
cerem os termos de expansão da Chi-
na, o País tem muito a perder e nada a
ganhar.l
tuais em relação ao nível de 2020. Os
dados indicam que a percepção foi
mais afetada pelos quatro anos de in-
vestidas do governo de Jair Bolsonaro
contra as instituições do que pelos
eventos do 8 de Janeiro.
A opção pela via autoritária cresceu
dois pontos porcentuais, para 13% – cu-
riosamente, o mesmo que na Venezuela.
O total de brasileiros indiferentes caiu
seis pontos, para 30%, um porcentual na-
da confortável. A pesquisa, porém, traz
outro dado preocupante: 43% dos brasi-
leiros concordam com a possibilidade
de o governo controlar os meios de co-
municação – ou seja, romper um princí-
pio basilar da Constituição.
O estudo do Latinobarómetro de
2023 teve o cuidado de não mergulhar
na análise dos regimes ditatoriais da
América Latina, embora tenha havido
pesquisa na Venezuela. Nicarágua e Cu-
ba foram evitados. Para a organização,
o governo de Nayib Bukele, presidente
de El Salvador, já rompeu a integridade
democrática.
A escolha do termo “recessão”,
mais afeito ao léxico econômico, está
em linha com o déficit de percepção
dos benefícios da democracia por par-
te expressiva da cidadania. Nada pode
ser mais perturbador para a América
Latina que as vozes populistas e os des-
mandos autoritários. É preciso, mais
do que nunca, zelar pelo futuro das
instituições.l
 O ESTADO DE S. PAULO
A4
ESPAÇO ABERTO
Brincadeira de criança
ou negócio sério?
Jorge Caldeira
ouco tempo atrás o
P presidente da Petro-
bras, Jean Paul Pra-
tes, numa entrevis-
ta a este jornal, foi
bastante direto numa compa-
ração: “O setor elétrico é mui-
to mais simples do que o setor
de petróleo. Nos contratos,
nos negócios, na operação, na
fabricação, na discussão regu-
latória. Posso dizer que, para
nós, fazer eólica no mar é brin-
car de Playmobil. Para quem
faz uma sonda, um navio plata-
forma dessas enormes, que fi-
ca produzindo milhões de bar-
ris em poços profundos, fazer
eólica offshore é um passeio”.
Em muitos sentidos, a decla-
ração é correta. As escalas téc-
nicas dessas duas formas de
produzir energia são diferen-
tes. A Petrobras se destaca
mundialmente pelo domínio
tecnológico na extração de pe-
tróleo em águas profundas.
Tem uma história que não po-
de ser desprezada. Por oito dé-
cadas a empresa vem sendo
uma construção da nação bra-
sileira, que sustentou os riscos
e percalços pagando impostos
– transferidos por muito tem-
po para o financiamento do
projeto. Enquanto se capacita-
va, ia criando musculatura eco-
FÓRUM DOS LEITORES
Amazônia
Operação Retomada
PF prende suspeito de grilagem cita-
do como ‘maior devastador’ da
Amazônia (Estado, 4/8, A8). Pro-
vavelmente são muitos os gran-
des devastadores da Amazônia,
que agem como agia Bruno Hel-
ler, chefe de um grupo que des-
truiu 6,5 mil hectares de floresta
(área equivalente a quatro vezes
à ilha de Fernando de Noronha),
segundo apontou a Polícia Fede-
ral. Heller, preso na quinta-feira,
é apontado como chefe de uma
quadrilha que se apossou de 21
mil hectares de terras da União
por meio da inserção fraudulen-
ta de informações no Cadastro
Ambiental Rural (CAR). A Justi-
ça determinou, ainda, o seques-
tro de veículos, 16 fazendas, imó-
veis e a indisponibilidade de 10
mil cabeças de gado ligados ao es-
quema, além do bloqueio de R$
116 milhões. Urge que o atual go-
verno melhore o sistema do
CAR, que é digital e já acumula
várias denúncias de fraudes.
nômica, na escala necessária
para sobreviver num setor de
gigantes do capital e das dispu-
tas geopolíticas planetárias.
Tudo isso fundamenta a
comparação do presidente da
empresa. Torna crível o abis-
mo linguístico criado pela ima-
gem que separa os grandes ho-
mens das crianças, os desafios
de titãs e o mundo das brinca-
deiras infantis. Esse abismo
conceitual bem pode ser consi-
derado um termo normal no
entendimento de seus negó-
cios no Brasil. Aqui, afinal, a
empresa é muito gigante em re-
lação ao ambiente ao redor.
Não obstante o peso real de
todas essas circunstâncias, e,
sobretudo, sem perder de vista
o mérito da empresa, pode-se
lidar com outras escalas. Por
exemplo, com aquela do mer-
cado mundial de energia nos
últimos anos. É dessa escala
que trata um relatório muito
recente da Agência Internacio-
nal de Energia sobre os investi-
mentos no setor.
O dado global mais relevan-
te é uma mudança visível. Em
2015, o setor fóssil era o mais
importante no mundo da ener-
gia, recebendo investimentos
anuais de US$ 1,31 trilhão. Na-
quele mesmo ano, o investi-
O Estado reserva-se o direito de selecionar e resumir as cartas.
Correspondência sem identificação (nome, RG, endereço e telefone) será desconsiderada l E-mail: forum@estadao.com
Paulo Panossian
paulopanossian@hotmail.com
São Carlos
Posse no STF
Familiaridade
A foto de primeira página do Es-
tadão de sexta-feira (4/8) regis-
trou o presidente Lula como que
apalpando a barriga do ministro
Cristiano Zanin, na cerimônia de
sua posse no Supremo Tribunal
Federal (STF). Um gesto de fami-
liaridade que não poderia existir
entre o presidente da República
e um ministro do STF, apesar de
todos saberem que Zanin foi ad-
vogado de Lula. Se o ministro qui-
ser salvar seu nome, que ao me-
nos se declare suspeito de quais-
quer processos em que Lula e pe-
tistas estejam envolvidos.
Laércio Zanini
spettro@uol.com.br
Garça
‘Palidez’
Se a primeira-dama, Janja, recla-
mou da “palidez” da cor do vesti-
do retratado na foto dela com o
Investir em plataformas
– e num mercado que
caminha para a
obsolescência – pode ser
menos negócio para
a Nação do que
brincar de Playmobil
mento em energias renováveis
chegava a US$ 1,079 trilhão.
A partir de 2019 começou
uma forte inversão de tendên-
cias. Os investimentos em
energia renovável se acelera-
ram, enquanto aqueles no se-
tor fóssil caíram – especial-
mente durante a pandemia – e
só se recuperaram levemente
depois. A combinação das
marido, a esposa de Cristiano Za-
nin e o novo ministro do STF,
que foi advogado de Lula, mui-
tos brasileiros, ainda que reco-
nheçam os passos da Justiça, há
tempos empalidecem de vergo-
nha ao ver tantos condenados na
Operação Lava Jato – depois de
confissões, delações e devolução
de escandalosas quantias de di-
nheiro oriundas de corrupção –
estarem soltos e livres, aprovei-
tando a vida.
Paulo Tarso J. Santos
ptjsantos@yahoo.com.br
São Paulo
Operação 3FA
O hacker ‘Vermelho’
As estripulias do hacker Walter
Delgatti Neto no Brasil come-
çam a incomodar. Pena que, no
início, seus crimes foram tolera-
dos e foram, inclusive, ferramen-
ta fundamental para destruir a
maior operação de combate a
corruptos que o País já viveu.
Luiz O. C. Calejon
luizcalejon@terra.com.br
Catanduva
duas tendências levou a um no-
vo equilíbrio na situação. Em
2022, os investimentos totais
em energia renovável foram
de US$ 1,617 trilhão (o PIB do
Brasil em dólares, para ter refe-
rência das magnitudes do se-
tor). Uma nova liderança, dei-
xando longe os investimentos
em fósseis, que caíram para
US$ 1,002 trilhão.
Oito anos atrás, os investi-
mentos em energia renovável
eram 28% menores que aque-
les em fósseis; oito anos de-
pois, superam em 60% aqueles
do concorrente. A previsão pa-
ra 2023 é de que o fosso aumen-
te ainda mais.
Não seria necessário mais
do que esse dado para mostrar
uma escala que não é exata-
mente infantil. Essa radical
mudança de tendência se refle-
te inexoravelmente no merca-
do do petróleo. Nem mesmo o
imenso presente dado aos con-
correntes por Vladimir Putin
(a receita total das petrolíferas
dobrou entre 2021 e 2022, che-
gando a US$ 4 trilhões) mu-
dou as estruturas da queda.
Os investimentos de capi-
tal em petróleo e gás ainda es-
tão abaixo do nível de 2019 – e
não devem chegar a esse pata-
mar neste ano corrente. A ten-
dência de queda, que vem des-
de 2014, não foi revertida. A re-
ceita extra foi empregada basi-
camente para pagar dividen-
dos e diminuir dívidas – e em
investimentos em energia re-
novável. Quem ganhou dinhei-
ro com petróleo não gastou
em petróleo.
Os sinais de declínio se
acentuaram. Em fevereiro des-
te ano, um grupo dos maiores
investidores do planeta – fun-
Vale
Guido Mantega
Concordo com o editorial A Vale
nos devaneios de Lula (Estado,
3/7, A3) quando diz que tentar
emplacar Guido Mantega no co-
mando da Vale passa dos limites.
Só não concordo quando se suge-
re que Mantega poderia seguir o
destino de Dilma: “(...) Lula man-
tém acesa a chama do atraso e,
para tanto, valoriza todos os que
corroboram suas fantasias. São
sabujos de uma fidelidade à pro-
va de bom senso. Neste grupo es-
tá Guido Mantega – que, como
Dilma, bem que poderia assumir
uma função longe do País”. Se
formos exportar alguma coisa,
que não seja a incompetência. Es-
queçamos os motivos pelos
quais Dilma sofreu o impeach-
ment – pior ela fez levando o Bra-
sil a um caos político, social e eco-
nômico sem precedentes. O que
aconteceu com ela? Por uma de-
cisão absurda do então presiden-
te do STF, ela não perdeu os direi-
tos políticos e está aí, ganhando
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
dos de pensão com aplicações
de alguns trilhões de dólares –
deu um passo para além de não
investir em petróleo: mandou
cartas aos diretores de alguns
dos maiores bancos globais su-
gerindo que eles fizessem o
mesmo.
Seja pela força dos clientes
ou – mais possivelmente – por
chegar a conclusões semelhan-
tes, bancos do porte do HSBC
ou do BNP-Paribas abandona-
ram o setor. Outros bancos eu-
ropeus, sem alarde, também es-
tão seguindo nessa direção. Co-
mo resultado, o financiamen-
to privado da indústria de pe-
tróleo está se tornando um ne-
gócio basicamente norte-ame-
ricano e dos fundos soberanos
de alguns países produtores.
Sem relevantes investidores
privados, acentuou-se uma ten-
dência definida desta maneira
num relatório do Fundo Mone-
tário Internacional (FMI): ca-
da vez mais, o mercado de pe-
tróleo vai ser coisa de países
em desenvolvimento, marcado
pelos riscos políticos e as tenta-
ções de empregar o controle do
mercado interno – onde a pro-
dução é monopólio estatal – co-
mo forma de bancar o enfrenta-
mento da deterioração do mer-
cado global. Algo que ver com o
Brasil?
Com isso se pode pensar a
frase do presidente da empre-
sa em chave menos metafóri-
ca. Investir em plataformas – e
num mercado que caminha pa-
ra a obsolescência a passos lar-
gos – pode ser, muito a sério,
menos negócio para a Nação
do que brincar de Playmobil. l
ESCRITOR, É MEMBRO DA ACADEMIA
BRASILEIRA DE LETRAS (ABL)
um salário polpudo e envergo-
nhando os brasileiros na China.
Enquanto Lula e seu nefasto par-
tido premiarem a incompetên-
cia, estarão, ao mesmo tempo,
punindo a inteligência. Guido
Mantega e Dilma Rousseff não
merecem cargo nenhum, em lu-
gar nenhum, nem como síndicos
de seus condomínios.
Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva
lgtsaraiva@gmail.com
Salvador
Fico perplexo ao saber que o pre-
sidente Lula insiste em usar a Va-
le como braço desenvolvimentis-
ta do governo. Já aconteceu um
desastre no passado, com o en-
tão presidente Roger Agnelli na
mineradora e na Petrobras, com
suas intervenções. O presidente,
anacrônico, parece viver no tem-
po em que os carros de boi eram
o progresso. Lamento a decep-
ção com quem prometeu muito
ao País, mas, até agora, só entre-
gou uma política de vendeta.
Mário Negrão Borgonovi
marionegrao.borgonovi@gmail.com
Petrópolis (RJ)
 O ESTADO DE S. PAULO A5
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023

ESPAÇO ABERTO

Algo a aprender com as guildas medievais?

Claudio de Moura Castro

m um bar de beira Fazem sua aprendizagem Mas esses são extremos. empregos por conta própria. De

E de estrada, na Ale- sob a orientação de um mestre

manha, deparo-me
com indivíduos bi-
zarramente vesti-
dos. Ternos de veludo preto,
com calças boca-de-sino, cole-
tes com grandes botões de prata
e chapéus de feltro negro, mo-
lengos e de abas largas. Bengalas
de madeira enroscada comple-
tam o traje. Não entendi nada.
Tempos depois, decifrei o misté-
rio. Pertenciam a uma corpora-
ção de ofício, fundada em épo-
cas medievais. Portavam as rou-
pas tradicionais dos carpintei-
ros, provavelmente, a caminho
de uma cervejada com colegas
de profissão. Aliás, os doutos
me expliquem por que igrejas,
universidades, cervejarias e cor-
porações de ofício são as únicas
instituições medievais que não
desapareceram.
Na França, sobreviveram
três dessas guildas. Vejamos co-
mo funciona uma delas. Os
aprendizes não são seleciona-
dos por provas, notas ou indica-
ções. O critério é a retidão mo-
ral deles e de suas famílias. As-
sim que aceitos, devem come-
çar os cursos teóricos (numa ins-
tituição semelhante ao Senai).
São encaminhados para uma es-
pécie de pensionato, administra-
do por uma matrona poderosa,
chamada de mère. Jantam de pa-
letó e gravata. E, à mesa, nada de
política ou palavrões.
de ofício. Ao longo de uns cinco
anos (no medieval eram sete),
mudam várias vezes de cidade,
indo para pensionatos seme-
lhantes. Constroem, então, sua
primeira obra (obra-prima), que
servirá para atestar sua capaci-
dade profissional. Se aprovada,
será guardada num depósito. As
melhores vão para os museus
das corporações. Finalmente,
entram no mercado de traba-
lho, e são particularmente bem
aceitos. Entusiasmam até as em-
presas modernas.
Na Alemanha, as guildas im-
punham aos aprendizes o Wan-
derjahre, ano em que passavam
viajando e oferecendo seus ser-
viços de porta em porta. Para
conquistar clientes, o cartão de
visitas era a perfeição de suas cai-
xas de ferramentas.
No Japão existe uma tradi-
ção equivalente. O curioso é que
os mestres de lá não explicam
quase nada. Cada um que tente
aprender observando o sensei –
que mal oferece correções.
Por que, em países avança-
dos, sobrevive algo parecendo
tão anacrônico? O que isso nos
diz sobre os nossos modelos
de educação? Como é possível,
instituições e formas medie-
vais de preparar mão de obra
coexistirem com cintilantes es-
colas, abarrotadas de paetês
tecnológicos?
Uma tradição Com os avanços produtivos,
medieval, quase cria-se um enorme hiato, em
intocada, continua que nem um nem o outro mode-
lo satisfazem. Soluções híbridas
formando gente bem eram inevitáveis.
aceita no mercado. Com grande relutância, as
Portanto, deve ter universidades começaram a li-
dar com ciência e com assuntos
suas vantagens práticos. Mas, com frequência,
fraquejam no lado aplicado.
Há, também, uma reengenha-
ria do modelo escola, tentando
reproduzir os ambientes fabris
num contexto de sala de aula
(as escolas do Senai são assim).
É a grande novidade da Revolu-
ção Industrial.
Na aprendizagem também
foi preciso inovar. Um velho
mestre padeiro na Alemanha
contou-me que era obrigado a
explicar as causas da 1.ª Guerra
As grandes instituições edu- aos seus aprendizes. Como não
cacionais de hoje tomam forma era uma boa solução, passa a ser
no Medieval Tardio, por via de complementada – em um dia
duas matrizes polares. por semana – por programas es-
O primeiro modelo é imemo- colares. Lá, aprendem as compe-
rial. Os macaquinhos sempre tências mais abstratas. Aliás,
aprenderam com os macacões nos países de língua alemã, a tra-
mais velhos. Dentre os hominí- dição evoluiu para o sistema
deos, os principiantes com os ex- dual, combinando trabalho
perientes. Mas é no medieval com uma formação escolar para-
que a milenar associação do lela. Infelizmente, a legislação
mestre com seu aprendiz ganha brasileira feriu mortalmente as
regras bem definidas e rígidas. regras que permitem o sucesso
Em paralelo, nascem as uni- dessa fórmula.
versidades, praticando malaba- A tradição do mestre-apren-
rismos intelectuais e rechaçan- diz (complementada por pro-
do qualquer contato com o mun- gramas em escolas) sobreviveu
do real. melhor na construção civil e nos
fato, uma tradição medieval,
quase intocada, continua for-
mando gente bem aceita no mer-
cado. Portanto, deve ter suas
vantagens. Em vez de um currí-
culo construído em gabinetes,
segue-se a rotina de trabalho
dos mestres. É o currículo do
mundo real. Pesa também a ên-
fase no caráter, nos valores da
profissão e no perfeccionismo.
E não nos esqueçamos da ética e
do sentido de pertencimento a
um grupo coeso.
Outra grande lição dessas
guildas atuais é mostrar que há
outras maneiras de aprender.
Na nossa cabeça, aprender é
em escolas, com carteiras e
quadros-negros. A aprendiza-
gem no local de trabalho con-
tradiz essa tradição, pratican-
do fórmulas buriladas no me-
dieval. Surpresa! Funciona
bem nos dias de hoje – e até
inclui o doutor orientando
seus alunos. A escola tradicio-
nal despeja abstrações e teo-
rias. Na aprendizagem, quan-
do se precisa de teoria, esta
vem embutida na prática. Dian-
te do que sabemos hoje de Teo-
ria Cognitiva, oferecem um es-
tilo mais eficaz de ensinar.
Aqueles mestres de ofício me-
dievais têm lições de pedago-
gia para oferecer aos nossos
educadores! l
M.A., PH.D., É PESQUISADOR EM EDUCAÇÃO

TEMA DO DIA PRODUTOS DIGITAIS

EMMA BAUSO/PEXELS JEFF CHIU/AP

Comentários de leitores no
portal e nas redes sociais

l “ A realidade é que cada pessoa escolhe o

conceito de amor que quer seguir.”
JEAN ALMEIDA

l “ Amor é para poucos, para quem é resolvi-

do consigo mesmo, maduro e não domina-
do pelo ego.”
MICHEL MITCHA Link
Veja tudo o que sabemos
l “Se é eterno, não sei, mas há 19 anos vivo sobre o novo iPhone 15. l
um amor único.” https://bit.ly/47kFYaj
ADRIANA LEDA
Relacionamentos Viagem
l “ Melhor forma de amor é o amor próprio, Buenos Aires e Lisboa ain-
‘O amor é impossível’: filósofo defende o
aprender a amar a si mesmo.” da são os destinos favoritos. l
fim da busca de relações eternas AÉCIO OBERDAM https://bit.ly/45ebpRN
Para o filósofo Darío Sztajnszrajber, a so-
ciedade deve reconsiderar o conceito de perda Notícias no seu e-mail
quando um relacionamento termina, o que é 13.637 NAS REDES SOCIAIS
Veja outros destaques e participe das discussões no
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A6
POLÍTICA
l Governadores l Pacto Sul-Sudeste
Romeu Zema
Governador quer
ação do Sul e do
Sudeste contra
o Nordeste
Para ele, as 2 regiões precisam
de ações sociais, mas recebem de
volta menos do que arrecadam
ENTREVISTA
Nascido em Araxá,
tem 58 anos. Elegeu-se
governador de Minas
em 2018 pelo Novo, no
2.º turno. Em 2022, foi
reeleito em 1.º turno
MONICA GUGLIANO
ANDREZA MATAIS
assava pouco das 17
P horas quando o gover-
nador Romeu Zema
(Novo) chegou à confeitaria no
bairro do Ibirapuera, em São
Paulo. Os assessores que o
acompanhavam usavam paletó
e gravata. Ele vestia camisa azul
clara com um distintivo da ban-
deira de Minas Gerais. Brincou,
contando que sempre traba-
lhou na iniciativa privada e usa-
va uniforme. Quando se elegeu
pela primeira vez, em 2018,
criou esse modelo para ele.
Durante a entrevista ao Esta-
dão, Zema definiu-se como um
político liberal e de direita. Mas
disse que o Brasil precisa man-
ter programas como o Bolsa Fa-
mília. Acha que o governo do ex-
presidente Jair Bolsonaro (PL)
ficou devendo aos liberais. “Na
área econômica, pode ter sido
bom. Mas pouco avançou em de-
sestatização e economia verde.”
O legado de Bolsonaro, para
ele, foi o de ter organizado a di-
reita. Ainda assim, ponderou
que não é “bem essa direita” que
os eleitores buscam e atribuiu a
isso o fato de “terem desponta-
do nomes mais produtivos poli-
ticamente” como os dos gover-
nadores de São Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos); do
Paraná, Ratinho Júnior (PSD); e
até do Rio Grande Sul, o tucano
Eduardo Leite. “Mas, se for para
lançar dois, três nomes (em
2026), aí é para dar de mão beija-
da a reeleição ao adversário.” Só
em alguns momentos, como
quando diz que “na política vo-
cê tem que saber agredir cirurgi-
camente”, Zema usa um discur-
so que faz jus à geração e à tradi-
ção dos políticos do Estado. Na
maior parte do tempo, é direto e
sem meias-palavras.
Embora falte muito para
2026, Zema disse que só pensa
na hipótese de ser candidato se
achar que “poderá fazer alguma
coisa”. Se não, prefere apoiar ou-
tro nome. De qualquer forma,
antevê uma eleição polarizada.
Por isso, os governadores do Sul
e do Sudeste – maciçamente de
oposição – se organizaram no
Consórcio Sul-Sudeste (Cos-
sud). A entidade é presidida por
Ratinho Júnior e promete dar
trabalho ao governo federal e
atuar em bloco no Congresso.
“Temos 256 deputados – meta-
de da Câmara –, 70% da econo-
mia e 56% da população do País.
Além do protagonismo econô-
mico que temos, queremos pro-
tagonismo político.”
Como está o relacionamen-
to do sr. com os governado-
res do Sul, do Sudeste? Con-
versam? Têm grupo no
WhatsApp?
Temos o grupo do Cossud. Na
verdade, ele já existia, mas nós
formalizamos o Consórcio Sul-
Sudeste, que reúne os sete Esta-
dos das duas regiões. A cada 90
dias, nós nos encontramos para
trabalharmos de forma conjun-
ta. A última reunião foi em Belo
Horizonte. Tem muita coisa
que um Estado faz melhor que
o outro. Também já decidimos
que, além do protagonismo eco-
nômico que temos, porque re-
presentamos 70% da economia
brasileira, nós queremos – que é
o que nunca tivemos – protago-
nismo político. Outras regiões
do Brasil, com Estados muito
menores em termos de econo-
mia e população, se unem e con-
seguem aprovar uma série de
projetos em Brasília. E nós, que
representamos 56% dos brasilei-
ros, mas que ficamos cada um
por si, olhando só o seu quintal,
perdemos. Ficou claro nessa re-
forma tributária que já começa-
mos a mostrar nosso peso. Eles
queriam colocar um conselho
federativo com um voto por Es-
tado. Nós falamos: ‘Não, se-
nhor. Nós queremos proporcio-
nal à população’. Porque sete Es-
tados em 27, iríamos aprovar o
quê? Nada. O Norte e o Nordes-
te é que mandariam. Aí, nós fala-
mos que não. Pode ter o Conse-
lho, mas proporcional. Se te-
mos 56% da população, quere-
mos ter peso equivalente.
Quando começou o Cos-
sud?
No meu primeiro ano de gover-
no. Já tivemos reuniões em to-
dos os Estados, mas nunca ha-
via sido formalizado. É que, co-
mo (João) Doria sempre foi um
candidato potencial à Presidên-
cia, essa candidatura atrapalha-
va o grupo. Os outros governa-
dores ficavam com um pé
atrás. Agora, não. Esse grupo é
coeso. A reunião de BH foi a
“Doria sempre foi um
candidato potencial à
Presidência, essa
candidatura
atrapalhava o grupo.
Os outros governadores
ficavam com um pé
atrás. Agora, não.”
“Se der tratamento bom
somente às vaquinhas que
produzem pouco e deixar
de lado as que estão
produzindo muito, as que
produzem muito vão
começar a reclamar o
mesmo tratamento.”
Romeu Zema
Governador de Minas
oitava, a melhor de todas. Mas
foi a primeira dentro desse con-
texto de formalização. Não é
mais um grupo informal, tem
CNPJ e vamos ter um escritó-
rio em Brasília. E, pela primeira
vez, um dia antes de a reforma
tributária ser votada, nós convi-
damos todos os 256 deputados
do Sul e do Sudeste. Os do Nor-
te e do Nordeste estão muito
na nossa frente.
Qual é a agenda prioritária
para o Cossud?
A reforma tributária e a repre-
sentatividade no Senado. Sem-
pre vamos estar em desvanta-
gem – 27, num total de 81. Te-
mos feito o mesmo trabalho
com o senadores de nossos Es-
tados e o que nós queremos é
que o Brasil pare de avançar no
sentido que avançou nos últi-
mos anos – que é necessário,
mas tem um limite – de só jul-
gar que Sul e Sudeste são ricos e
só eles têm de contribuir sem
poder receber nada. A reforma
tributária, fizemos outro ques-
tionamento. Está sendo criado
um fundo para Nordeste, Cen-
tro-Oeste e Norte. Sul e Sudes-
te não têm pobreza? Aqui todo
mundo vive bem, ninguém tem
desemprego, não tem comuni-
dade... Tem, sim. Nós também
precisamos de ações sociais.
Sul e Sudeste vão continuar
com a arrecadação muito maior
do que recebem de volta? Isso
não pode ser intensificado, ano
a ano, década a década. Se não,
você vai cair naquela história
do produtor rural que começa
só a dar tratamento bom para
as vaquinhas que produzem
pouco e deixa de lado as que es-
tão produzindo muito. As que
produzem muito vão começar a
reclamar o mesmo tratamento.
É preciso tratar a todos da mes-
ma forma. As decisões têm que
escutar ambos os lados e o Cos-
sud vai fazer esse papel porque
ninguém pode ignorar o peso
de 256 deputados na Câmara.
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
CRISTIANO MACHADO / IMPRENSA MG
No 1º mandato, o sr. dizia
que se sentia estranho na
política. Isso já passou?
Não. Mas, com o tempo, a gente
vai se adaptando. Eu falo que ca-
da ano de governo, para mim,
foi como se fosse um doutora-
do. Era tudo novidade. Vejo que
você aprende e, ao mesmo tem-
po, leva ideias novas que funcio-
nam. Parece que na política, no
Brasil, infelizmente, existe uma
renovação de fazer o mesmo –
que não foi o meu caso. As práti-
cas não mudam.
Por que não foi o caso do sr.?
Porque eu vim com ideias novas
e acho que, assim como aconte-
ce na iniciativa privada, você
tem que dar o exemplo. Em Mi-
nas são 320 mil funcionários pú-
blicos. Mas eu não tenho um pa-
rente, um amigo empregado no
Estado. Todos que trabalham
comigo eu não conhecia. Foram
selecionados. Mas parece que al-
go tão lógico é inédito na políti-
ca. Você sempre tem que levar
sua turminha e, infelizmente,
nem sempre só tem gente boa
nela. Na maioria das vezes, é um
punhado de gente que mais pe-
sa do que produz.
E como ficam a pressão po-
lítica, os aliados, os parti-
dos da base?
Eu diria que nós fomos vistos
com muita restrição no início.
Há quatro anos, muitos diziam
que eu teria o mesmo destino
do Witzel (Wilson Witzel, ex-go-
vernador do Rio que sofreu impea-
chment), do Carlos Moisés (ex-
governador de Santa Catarina al-
vo de processo de impeachment,
mas que foi inocentado). Ia ser o
impeachment. Eu só escutava
e falava: ‘Pode até ser, às vezes
política funciona assim. Mas
eu vou continuar fazendo o cer-
to’. E quem faz o certo uma ho-
ra começa a ter o resultado.
MAIS INFORMAÇÕES: ZEMA E AS ELEIÇÕES DE
2026. PÁG. A8
O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023 POLÍTICA A7

Evento
híbrido
10 de agosto de 2023 Das 9h às 18h

Descarbonização,
INFORMAÇÕES
E INSCRIÇÕES:

globalização e 5G:
O futuro já é agora no mercado automotivo?
KEYNOTE SPEAKERS
MEDIAÇÃO
Palestra Palestra
Desafios atuais Perspectivas,
na indústria inovação e visão de
automotiva futuro na indústria
automotiva
BESALIEL BOTELHO TIÃO OLIVEIRA
Membro do MILENA BRAGA Editor-chefe
Conselho Consultivo ROMANO de Mobilidade
da Robert Bosch Presidente da Eletra do Estadão

PRESENÇAS CONFIRMADAS:

ADRIANO ROSA ANDRÉ DE SOUZA
Diretor executivo MENDES
da Embratel Professor-doutor do
Departamento de
Engenharia Mecânica do
Centro Universitário FEI
ANTONIO FILOSA DEBORA BORTOLASI EVANDRO GUSSI
Presidente da Stellantis Diretora executiva B2B Presidente da União
para a América do Sul da Vivo da Indústria de
Cana-de-Açúcar e
Bioenergia (Unica)

GUSTAVO NORONHA FLÁVIA CONSONI JOÃO IRINEU MARCELO MARCOS FERRARI

Diretor de Professora do MEDEIROS GALLAO Presidente
Eletromobilidade da Departamento Vice-presidente Diretor de executivo da
Associação Brasileira de Política Científica de Assuntos Desenvolvimento Telebrasil e da
de Engenharia e Tecnológica do Regulatórios de Negócios da Conexis Brasil
Automotiva (AEA) Instituto de Geociências da Stellantis para a Scania Operações Digital
da Unicamp América do Sul Comerciais Brasil

ATRAÇÃO EXCLUSIVA
NO EVENTO
PRESENCIAL
17h
ELDORADO
PAULO ROBERTO SAMUEL COVAS SERGIO AVELLEDA
CARDAMONE
SESSION
SALOMÃO Sócio-fundador da
CEO da Bright Fundador e CPO Urucuia: Mobilidade MPB com Tiê
Consulting da Speedbird Aero Urbana

Apresentação: Realização Parceria: Apoio:

 POLÍTICA
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
A8 O ESTADO DE S. PAULO

Eliane Cantanhêde E-mail: eliane.cantanhede@estadao.com; Twitter: @ecantanhede

Rolex, diamantes, ourives...

Rolex cravejado de dia- resgatá-lo da Receita Federal, rives. Sim, um ourives, que dese- foi quem trocou mensagens riria Maria, mensagens golpis-

O mantes que o tenente-

coronel Mauro Cid ven-
deu, ou tentou vender, le-
va as investigações policiais pa-
ra um novo campo explosivo, o
de um esquema de joias entre a
turma do ex-presidente Jair Bol-
sonaro e os EUA. Cid, que foi
braço direito e ajudante de or-
dens (cada ordem!) dele, está
no centro dessas investigações.
Segundo fontes responsá-
veis, há um novelo de conexões.
O fio começou a ser puxado
quando o Estadão revelou o es-
tojo milionário de joias e dia-
mantes da Arábia Saudita para a
família Bolsonaro, que moveu
mundos e fundos para tentar
com a, digamos, preciosa ajuda
de Mauro Cid.
Depois vieram mais dois esto-
jos de diamantes – masculinos.
E estes não estavam com a Recei-
ta, mas com a família presiden-
cial – ilegalmente. E, como nin-
guém imagina Michelle Bolsona-
ro saindo por aí com aquele co-
lar deslumbrante, nem Bolsona-
ro com os relógios espetacula-
res, o que eles pretendiam fazer
com aquilo tudo?
A resposta começou a surgir
quando o Coaf identificou movi-
mentações financeiras estra-
nhas de Mauro Cid, de R$ 3,7 mi-
lhões em dez meses, com de-
pósitos, vejam bem, para um ou-
nha, faz e ou vende joias. Além
dele, para o sargento Marcos
dos Reis, que foi da Ajudância de
Ordens de Bolsonaro com Cid,
e um tio da mulher do coronel.
Cid abre nova linha
de investigação:
a de um esquema
internacional
de joias
Com o Rolex de R$ 300 mil,
surge Maria Farani Rodrigues,
que trabalhou na Presidência
com Cid e Reis e, depois, com a
senadora Damares Alves. Maria
com Cid sobre o relógio, com
uma curiosidade: em inglês.
Também como curiosidade, o
pai de Cid, general da reserva
Mauro Cid, era chefe da Agência
Brasileira de Promoção de Ex-
portações (Apex), em Miami, e
o irmão dele, Daniel Cid, tem
um belo patrimônio nos EUA.
Cid vai afundando, sob o pe-
so de relógios, colares e pulsei-
ras das Arábias, movimentações
financeiras esquisitonas, depósi-
tos suspeitos para Michelle,
atestados falsos de vacina, vaza-
mento de inquéritos sigilosos
da PF para reforçar as fake news
contra as urnas eletrônicas e,
“last, but not least”, como prefe-
tas e uma minuta de golpe que
combina bem com a encontrada
com ex-ministro da Justiça An-
derson Torres, que depõe nesta
semana na CPMI do Golpe.
Até quando Cid e Torres vão
matar no peito, pagando alto
preço por tudo isso, como se
não tivessem um chefe, um be-
neficiário direto de todas peripé-
cias? Uma coisa é certa: aquele
Bolsonaro simplesinho, que re-
cebia autoridades estrangeiras
com mesas de fórmica e copos
de geleia, já era. O Bolsonaro de
hoje é muito mais reluzente.l
COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO,
DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL
GLOBONEWS EM PAUTA

SEG. Carlos Pereira e Felipe Moura Brasil (quinzenalmente) l TER. Eliane Cantanhêde l QUA. Vera Rosa e Marcelo Godoy (quinzenalmente) l QUI. William Waack l SEX. Eliane Cantanhêde l SÁB. João Gabriel de Lima l DOM. Eliane Cantanhêde e J.R. Guzzo

l Governadores l Eleições 2026

de abrir mão das ações sociais.

‘A direita vai tentar se unir em 2026 O Brasil não pode ficar sem o
Bolsa Família. Mas, se alguém
falar, isso não é ser direita, en-

e achar um nome que tenha apoio’
CONTINUAÇÃO DA ENTREVISTA
Romeu Zuma
Governador de Minas
O sr. é próximo do ex-presi-
dente Jair Bolsonaro? Acha
que hoje ele ajuda um candi-
dato ou atrapalha?
Na eleição de 2018, apoiei o can-
didato do meu partido, João
Amoêdo. No segundo turno,
apoiei Bolsonaro. Na eleição de
2022, apoiei o Luiz Felipe d’Ávi-
la no primeiro turno e Bolsona-
ro no segundo, para impedir ou
tentar reduzir as chances do
PT. A minha gestão nunca teve
nenhuma proximidade com a
dele (Bolsonaro). O tratamento
da pandemia em Minas não te-
ve nada a ver com o do governo
federal. Tanto é que fomos o Es-
tado que teve a menor taxa de
mortalidade entre os Estados
de Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Com relação a essas pautas polê-
micas do Bolsonaro, eu tam-
bém não entro nisso. Não te-
nho arma, mas sou um liberal,
quem quiser ter uma pode ter.
O sr. acha que ele fez um go-
verno liberal?
Foi liberal em algumas ques-
tões e em outras, não. Na área
econômica, pode ter sido por-
que fez uma reforma previden-
ciária, simplificou a vida do em-
preendedor, mas pouco avan-
çou em desestatização, na ques-
tão de uma economia mais de
mercado, de fazer o Brasil se in-
serir numa cadeia mundial de
comprar e vender mais. Isso
não avançou. E teve a questão
do meio ambiente. Hoje, ser
ambiental é ser de mercado. Se
o nosso café não for um café
verde, nós vamos ter dificulda-
de de exportar café.
O discurso do ex-presiden-
te, que flexibilizou regras
de preservação do meio am-
biente, atrapalha?
Atrapalha muito porque nós es-
tamos inseridos numa econo-
mia em que é preciso mostrar
que você tem responsabilidade
ambiental. Só assim vai ganhar
mercado. Se você não tiver, não
ganha. É, grosso modo, seme-
lhante a ter trabalho infantil.
Que nota daria ao governo
de Bolsonaro?
É difícil dar nota. O que eu pos-
so dizer é que ele tinha a eleição
totalmente na mão. Mas o dis-
curso, a retórica e a polêmica fi-
zeram com que ele perdesse pa-
ra ele próprio. Ele fez um gover-
no bom, talvez nota 8. Mas teve
uma comunicação ruim, princi-
palmente a dele. Eu daria nota 5.
Porque não adianta você fazer
certo e comunicar o contrário.
Não foi falta de alerta, da equipe
que estava com ele de que isso
acabaria o prejudicando.
Esses equívocos de Bolso-
naro podem dificultar a
eleição de um novo gover-
no de direita? Ou isso vai
depender mais de Lula?
Eleição depende muito da eco-
nomia. Já me mostraram análi-
ses em que presidentes e gover-
nadores perderam ou ganha- depois tivemos a maior reces-
ram a eleição porque houve são da história, provocada por
uma seca, um boom econômi- questões internas que o PT ge-
co. Mas posso dizer que boa par- rou, corrupção, petrolão, mensa-
te dos indicadores positivos que lão. O mundo cresceu em 2015 e
estamos vendo no Brasil hoje foi 2016. Qual foi a maior exceção?
plantada na gestão de Bolsona- O Brasil, que teve a maior reces-
ro. E a colheita está acontecen- são da história. Tudo isso vai ter
do agora. Mas temos três anos e um peso muito maior em 2026.
meio pela frente até a próxima
eleição. Se a colheita não avan- E a direita, o sr. acha que
çar, ela não se sustenta. estará mais forte ou não?
A direita já está muito mais orga-
Acha que vai se sustentar? nizada. Acho que a figura de Bol-
O Brasil está inserido no mun- sonaro foi de fundamental im-
do. Se o que nós produzimos e portância para deixar essa ideia
vendemos estiver com um bom de direita formada. Porque pare-
preço, como nos anos 2005, ce que a direita não existia, que
2010, com o boom das commo- eram pessoas isoladas. Ele con-
dities, isso mostrou ser funda- seguiu, de certa maneira, criar
mental para a reeleição de Lula. uma noção de direita.
Mas ele não fez as reformas. E
Mas muitos não querem es-
sa direita de Bolsonaro,
querem alguém mais mode-
rado, menos encrenqueiro.
Concordo plenamente, tanto é
que os nomes que têm despon-
tado não têm essa exaltação
“O discurso, a retórica e a que ele tem. São nomes como
polêmica fizeram com o de Tarcísio (de Freitas), Rati-
que ele (Bolsonaro) nho (Júnior), Eduardo Leite...
perdesse para ele próprio.
Ele fez um governo bom, O senhor...
talvez nota 8.” Também. São nomes que se-
rão mais produtivos politica-
mente. Porque, quando você
“Mas, se for para (a agride demais, de certa maneira
direita) lançar dois, parece que isso provoca um re-
três nomes, aí é para vide, uma reação. Na política vo-
dar de mão beijada a cê tem que saber agredir cirurgi-
reeleição ao camente, em alguns pontos.
adversário.”
Romeu Zema O sr. se define como?
Governador de Minas Direita. Mas sei que, em um
País como o Brasil, você não po-
tão já não sou mais direita. Sou
centro-direita (rindo). A visão
tem que ser assim: o que funcio-
na e o que não funciona, e não
uma visão dogmática. A situa-
ção muda e eu vou manter o
meu dogmatismo? Não pode.
O sr. pretende concorrer à
Presidência em 2026?
Sempre falo que eu prefiro ser
lembrado como um ótimo, bom
governador, a ser mais um presi-
dente. Não tenho nenhuma pre-
tensão. Não sei o que será em
2026. Se depender de mim, dese-
jaria apoiar um bom nome.
Mas se o cavalo passar enci-
lhado...
Aí vamos ter que avaliar. Para
ser um presidente cheio de
amarras, que não consegue fa-
zer nada, deixo outro ir no meu
lugar. Às vezes aparece outro
nome... Ratinho, Eduardo Lei-
te... São dois governadores
bem avaliados. Tudo vai pas-
sar por um processo de a direi-
ta tentar se unir e achar um no-
me que tenha apoio. Mas, se
for para lançar dois, três no-
mes, aí é para dar de mão beija-
da a reeleição ao adversário.
Mudar de partido...
Estou muito satisfeito com o
Novo, não pretendo mudar.
Bolsonaro inelegível ajuda
ou atrapalha em 2026?
Ajuda. Sem dúvida. É lógico que
algumas posições dele afugen-
tam eleitores como foi a de des-
denhar da pandemia. Acaba
agredindo. O apoio dele vai ser
importantíssimo para o candi-
dato que surgir em 2026. Ele,
mais do que ninguém, atrai mi-
lhões de brasileiros. l MONICA GU-
GLIANO E ANDREZA MATAIS
 POLÍTICA A9
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO

Eleições 2024

Rachado, PT escolhe Boulos e fica sem candidato

Pela primeira vez em
sua história, o partido
de Lula não lançará
candidato à eleição
para disputar a
Prefeitura de SP
PEDRO PRATA
Pela primeira vez na história o
PT não terá candidato na dis-
puta pela Prefeitura de São
Paulo, cidade que já foi gover-
nada pela sigla três vezes. Em
uma decisão que expôs um ra-
cha no partido do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o di-
retório paulistano da legenda
anunciou ontem o apoio for-
mal à candidatura do deputa-
do federal Guilherme Boulos
(PSOL) nas eleições munici-
pais de 2024. Uma ala petista
defendida que o partido lanças-
se um candidato próprio.
Em uma tentativa de de-
monstrar unidade em torno de
Boulos, participaram do anún-
cio a presidente nacional do
PT, deputada Gleisi Hoffmann
(PR), e o ministro da Fazenda
e ex-prefeito, Fernando Had-
dad. Segundo Gleisi, Lula “vai
entrar na campanha” em São
Paulo. Além disso, PT indicará
o vice na chapa encabeçada pe-
lo candidato do PSOL. “Isso es-
tá pactuado”, afirmou Boulos.
Em 2020, Boulos chegou ao
segundo turno da disputa ao
Executivo municipal. Ele obte-
ve 40,62% dos votos válidos e
Resultado
40,62%
Foi o total de votos
obtidos pelo candidato do
PSOL em 2020
perdeu para Bruno Covas
(PSDB). O deputado do PSOL
é apontado como principal ad-
versário do prefeito e pré-can-
didato à reeleição, Ricardo Nu-
nes (MDB), que busca apoio
de bolsonaristas.
ACORDO. O apoio do PT ao pré-
candidato do PSOL faz parte de
um acordo feito nas eleições de
2022. À época, Boulos desistiu
de concorrer ao governo do Es-
tado para fortalecer a candidatu-
ra de Haddad, que foi ao segun-
do turno, mas perdeu para Tar-
císio de Freitas (Republicanos).
Boulos foi eleito deputado fede-
ral com mais de 1 milhão de vo-
tos, o mais votado de São Paulo.
“Na campanha de 2022 fize-
mos um compromisso (com
Boulos). Queríamos no nosso la-
do todos os partidos do campo
social e progressista. Eu sabia
que tinha desejo na militância
de estarmos unidos. Mas enten-
do que tenham divergências”,
afirmou Gleisi. “Não tenho dúvi-
das que o companheiro Jilmar
Tatto estará aqui na militância e
na campanha”, completou.
Tatto, que disputou a Prefei-
tura pela sigla em 2020, foi um
dos que criticaram o apoio ao
nome de Boulos. Ele classificou
como um “erro” o PT abrir mão
da candidatura na capital.
Haddad disse que a união em
torno de seu nome em 2022 tem
“de se repetir” com Boulos na
eleição na capital. Gleisi voltou
a reforçar a polarização com o
“bolsonarismo”. “Haddad ga-
nhou aqui, Lula ganhou aqui
(na capital, em 2022)”, disse.
Boulos seguiu o mesmo cami-
nho. “(Nunes) foi pedir a bên-
ção do Bolsonaro. Trazer o bol-
sonarismo, essa cultura que po-
demos dizer de cabeça erguida
que a nossa capital rejeitou.
Haddad ganhou, Lula ganhou. E
vamos ganhar ano que vem”,
afirmou Boulos. l COLABOROU MA-
RIANNA GUALTER

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Judiciário A decisão foi assinada an- blicada em 2012, o prazo termi-

teontem, na ação movida pelo nou em agosto de 2022. A le-
Lei de Cotas: Barroso dá prazo a Lula e ao Congresso Partido Verde. Nela, o PV ques- genda argumentou que a lei
tiona artigo da Lei de Cotas tem uma brecha: deixou de pre-
O ministro Luís Roberto Barro- va, o senador Rodrigo Pacheco para ingresso pessoas pretas, que estabelece que, dez anos ver que a política pública deve
so, do Supremo Tribunal Fede- e o deputado Arthur Lira pres- pardas e indígenas, com defi- depois do início de sua vigên- ser mantida até o Congresso
ral, deu dez dias para que o pre- tem informações sobre o pedi- ciência ou estudantes da rede cia, a política seja revista. Con- debater novamente o tema.l
sidente Luiz Inácio Lula da Sil- do para manutenção das cotas pública no ensino superior. siderando que a norma foi pu- PEPITA ORTEGA
 POLÍTICA
A10
s governantes do Brasil
O têm diante de si uma op-
ção evidente. Ou ficam
do lado da sociedade e
contra o crime, ou ficam do la-
do do crime e contra a socieda-
de. No primeiro caso, apoiam a
polícia – e têm o aplauso de uma
população oprimida pela selva-
geria cada vez maior dos crimi-
nosos. No segundo, são contra
a polícia – e têm o aplauso do
governo Lula, das classes inte-
lectuais e da maioria da mídia.
Entre uma escolha e a outra, há
um oceano de hesitações.
Umas delas são trazidas pela
boa índole das pessoas em ge-
ral, ou por boas intenções, ou
pelo princípio de que os crimi-
SEG. Carlos Pereira e Felipe Moura Brasil (quinzenalmente) l TER. Eliane Cantanhêde l QUA. Vera Rosa e Marcelo Godoy (quinzenalmente) l QUI. William Waack l SEX. Eliane Cantanhêde l SÁB. João Gabriel de Lima l DOM. Eliane Cantanhêde e J.R. Guzzo
Congresso
Lira prepara terceira tentativa de
votar projeto contra as fake news
Proposição prevê
pagamento de direitos
autorais e remuneração
de conteúdo jornalístico;
big techs pressionam
pela derrubada
JULIA AFFONSO
BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados se
prepara para tentar votar, pela
terceira vez, a proposta fatiada
do PL 2630 das Fake News. O
texto prevê o pagamento de di-
reitos autorais por conteúdos
audiovisuais publicados em
plataformas digitais e uma re-
muneração a ser paga pelas em-
presas de tecnologia a veículos
da comunicação.
Agenda
Presidente da Câmara deve
receber empresas amanhã
e artistas na terça; votação
pode ocorrer já na quarta
A decisão sobre a data deve
ser tomada na reunião de líde-
res partidários com o presiden-
te da Câmara, Arthur Lira (PP-
AL), na terça-feira, mas a ex-
pectativa é de que ocorra na
quarta. A estratégia é votar o
requerimento para regime de
urgência e o mérito do projeto
de lei no mesmo dia.
No primeiro semestre, as
empresas Google e a Meta –
controladora do Facebook,
WhatsApp e Instagram – lide-
raram uma operação de pres-
J. R. Guzzo
Do lado do crime
nosos têm direito à justiça. A
maior parte vem da desonesti-
dade, da hipocrisia e da ceguei-
ra mental de quem diz que a cul-
pa é sempre do policial. O que
não existe é a possibilidade de
estar dos dois lados ao mesmo
tempo. É como nos números –
ou é par ou é ímpar. Não se pode
querer segurança pública e es-
tar em guerra permanente con-
tra as ações da força policial.
O recente assassinato do sol-
dado Patrick Bastos Reis, no
Guarujá, vale por um curso
completo nesta obsessão suici-
da da esquerda, e dos que se jul-
gam politicamente “civiliza-
dos”, contra a polícia – e a favor
das suas fantasias de que o ho-
são e lobby para derrubar o PL
das Fake News, da pauta do
Congresso brasileiro. Durante
14 dias, as big techs atuaram
fortemente para deputados se
posicionarem contra a propos-
ta, com ameaças de retirar con-
teúdo das redes sociais e disse-
minação de uma campanha de
ataques às contas deles na in-
ternet.
Representantes de empre-
sas de comunicação e artistas
negociam reuniões com Lira
para o início da semana que
vem. O Estadão apurou que
executivos das empresas po-
dem ser recebidas amanhã na
residência oficial do presiden-
te da Câmara. Artistas, como a
cantora Marisa Monte, se pro-
gramam para chegar a Brasília
no dia seguinte e querem se
reunir com Lira na terça.
O projeto que permite a re-
muneração de artistas e de veí-
culos jornalísticos é o PL
2370/2019, de autoria da depu-
tada federal Jandira Feghali
(PCdoB-RJ), relatado pelo de-
putado Elmar Nascimento (U-
nião-BA), aliado de Lira. O tex-
to da proposta fatiada – ou se-
ja, dividido em diferentes pro-
posições, para evitar impasses
em pormenores polêmicos –
ainda não foi fechado.
RESISTÊNCIA. Os dois temas
centrais do projeto fatiado – di-
reitos autorais e remuneração
a veículos jornalísticos – eram
tratados no PL das Fake News,
de relatoria do deputado Or-
lando Silva (PCdoB-SP). Dian-
te da resistência de boa parte
dos deputados em votar a ver-
micídio, o roubo a mão armada
ou o estupro são um “problema
social” e que os bandidos são
vítimas da “situação econômi-
ca”. O soldado foi morto dentro
Não se pode querer
segurança pública e
estar em guerra
contra as ações da
força policial
do carro da PM, com um tiro
disparado de 50 metros de dis-
tância; é assassinato a sangue
frio, sem “confronto” de nin-
guém contra ninguém. O assas-
sino se entregou; não foi “execu-
Para entender
! tros, governadores, prefeitos
Oposição apelidou projeto
de ‘PL da Censura’
l O que é
O projeto 2630/2020 estabele-
ce regras e mecanismos de
transparência para redes so-
ciais, ferramentas de busca e
serviços de mensagens. O tex-
to autointitula-se Lei Brasilei-
ra de Liberdade, Responsabili-
dade e Transparência na Inter-
net, mas foi apelidado de “PL
da Censura” pela oposição ao
governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
l Políticos
O projeto prevê que perfis “de
interesse público” como presi-
Lira diz que big techs ‘não querem se render às leis’ brasileiras
são integral da proposta, Lira e
aliados decidiram pelo “fatia-
mento” do projeto para anali-
sar separadamente a remune-
ração a artistas e à imprensa.
Em entrevista no programa
tado”, como dizem os pensado-
res de esquerda e as camadas
culturais a cada vez que um cri-
minoso é morto em choque
com a polícia. Tem advogado e
está à disposição da Justiça. O
que mais eles querem? Se a PM
tivesse ficado passiva, os gatos
gordos do governo, o sindicato
dos bispos e as OABs da vida
não teriam dado um pio. Mata-
ram um policial? Dane-se o poli-
cial; além do mais, é um avanço
para as “pautas progressistas”.
Mas a PM foi atrás dos cúm-
plices e mandantes do crime.
Recebida à bala, matou sete
bandidos com antecedentes cri-
minais; outros foram presos.
Pronto. O ministro da Justiça já
dente da República, minis-
e secretários não poderão blo-
quear usuários.
l Punições
Caso descumpram a lei, as
plataformas podem sofrer até
sete tipos de sanção, como
advertência, multa, suspen-
são ou proibição de exercícios
das atividades no País. Para
supervisionar a lei, o Poder
Executivo poderá criar uma
entidade autônoma de super-
visão.
l Informação falsa
O documento ainda prevê pu-
nição para aqueles que promo-
verem ou financiarem a divul-
gação em massa de fake news,
podendo levar à pena de 1 a 3
anos de prisão e multa.
WILTON JUNIOR / ESTADÃO. - 20/2/2022
Roda Viva, Lira disse que as big
techs “não querem se render
às leis” no Brasil. O presidente
da Câmara criticou a pressão
das empresas e afirmou que a
estratégia será dividir o PL
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
suspeita de que a ação da polí-
cia foi “desproporcional”. O
dos Direitos Humanos se diz
“preocupado”. A mídia descre-
ve as operações da PM como
“represálias” contra a “popula-
ção”, e não contra o crime. É
um retrato perfeito do Brasil de
hoje. O governo Lula quer fe-
char os clubes de tiro; acha que
só a bandidagem tem direito de
ter armas. Quer 40 anos de ca-
deia para quem “atentar” con-
tra os peixes graúdos de Brasí-
lia – e “desencarceramento” pa-
ra quem cometeu crimes. Está
contra a polícia de São Paulo.
Escolheu o seu lado. l
JORNALISTA
2630 em diversas frentes. Uma
delas é o projeto fatiado de re-
latoria de Elmar Nascimento.
“A gente está dividindo (o
PL das Fake News)”, afirmou o
presidente da Câmara. “Va-
mos fatiar para quando chegar
no final muita gente que defen-
de a parte financeira das big te-
chs não apareça com a imagem
de que está defendendo a liber-
dade de expressão quando, na
verdade, há uma bancada cla-
ra, que nós sabemos, que de-
fende os interesses financei-
ros das big techs no Brasil.”
A ideia de fatiar o PL das
Fake News original tem a sim-
patia do relator Orlando Silva.
“Não sei o que pode ser retira-
do (da proposta). Se tiver, eu
sou a favor. Se puder votar 10
propostas e, ao final, a soma
das 10 virar tudo, eu sou a fa-
vor”, afirmou o deputado.
URGÊNCIA. A urgência do PL
2630 foi aprovada em abril,
mas a votação do mérito foi
adiada após a pressão das big
techs. O texto mais atualiza-
do do projeto prevê a criação
de mecanismos para identifi-
cação dos criadores de perfis
em redes sociais pelas empre-
sas de tecnologia, sem indi-
car qual seria o método ideal.
A dificuldade de rastrear
quem está por trás das pági-
nas é um tema que incomoda
deputados e pode facilitar a
tramitação do PL das Fake
News.
Um dos pontos mais polê-
micos do projeto, a criação de
uma agência reguladora das
plataformas pelo Poder Exe-
cutivo chegou a ser incluída
no projeto, mas foi retirada
após fortes críticas dos depu-
tados. Durante os últimos me-
ses, discutiu-se a inclusão da
Agência Nacional de Teleco-
municações (Anatel) como o
órgão que poderia fiscalizar a
lei. O tema, contudo, conti-
nua indefinido. l

DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Sem decoro
Melancias, hambúrgueres e
bate-bocas tomam conta de
CPIs na era das redes sociais
Para aparecer e
‘lacrar’, vale fazer
piada de mau gosto,
constranger colegas e
defender pontos de
vista extremos
As comissões parlamentares
de inquérito (CPIs) são ins-
trumentos importantes de
atuação de deputados e sena-
dores. Nos últimos tempos,
entretanto, têm sido palco de
discussões pouco republica-
nas, com sessões marcadas
por discussões, xingamentos
e ações cênicas desencadea-
das por personagens que fa-
zem de tudo por alguns cli-
ques a mais nas redes sociais.
Exemplos da semana que pas-
sou mostram que, para apare-
cer na TV e “lacrar” na inter-
net, vale fazer piadas que en-
vergonhariam um mau aluno
de quinta série.
Na quinta-feira, quando a
CPI do MST ouvia líder da
Frente Nacional de Luta
Campo e Cidade, José Rai-
nha, os holofotes saíram da
questão fundiária e foram pa-
ra o presidente da comissão,
deputado Tenente Coronel
Zucco (Republicanos-RS).
Durante uma discussão com
a colega de Casa Sâmia Bom-
COAF
Bolsonaro distribuiu
para a família parte
do dinheiro do PIX
BRASÍLIA
O ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) distribuiu diretamente pa-
ra a própria família parte dos R$
17,1 milhões que arrecadou via
Pix. Só a mulher, Michelle, a lo-
térica do irmão dele, Angelo, e a
síndica do condomínio onde vi-
ve o filho Eduardo, em Brasília,
receberam, juntos, R$ 148,3 mil,
entre janeiro e julho deste ano.
Relatório do Conselho de
Controle de Atividades Finan-
ceiras (Coaf) mostra que neste
ano foram feitos dez pagamen-
tos à ex-primeira-dama que so-
maram R$ 56.073,10. Em evento
no dia 29, Bolsonaro ironizou as
suspeitas sobre a arrecadação e
disse que o dinheiro daria para
Deputado Éder Mauro exibe melancia durante sessão com general
fim (PSOL-SP), ele fez referên-
cias consideradas machistas e
gordofóbicas. “A senhora está
nervosa, deputada? Quer um
remédio? Ou quer um hambúr-
guer?”, disse Zucco. “O senhor
não tem vergonha de envergo-
nhar o Parlamento brasileiro e
atacar mulheres?”, questionou
Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Houve quem defendesse o de-
putado. “Ih, já vitimizou”, iro-
nizou o relator da CPI, Ricardo
“pagar contas e comer um pas-
tel com dona Michelle”.
Michelle, no entanto, não foi
a principal destinatária do di-
nheiro arrecadado por Bolsona-
ro. No relatório do Coaf envia-
do à CPMI do 8 de Janeiro, a pes-
Apuração
Michelle, irmão do
ex-presidente e síndica de
condomínio de Eduardo
estão entre os beneficiados
soa que mais recebeu pagamen-
tos entre janeiro e julho foi Leda
Maria Marques Cavalcante,
com seis transferências que so-
maram R$ 77.994. Ela é síndica
do Condomínio Estância Quin-
REPRODUÇÃO DE VÍDEO - AUGUSTO TENÓRIO
Salles (PL-SP), sobre a fala de
Talíria Petrone. Zucco se retra-
tou e pediu que suas falas fos-
sem retiradas das notas taqui-
gráficas da sessão.
DITADURA. Dois dias antes, Sal-
les havia feito uma defesa do
golpe militar de 1964 na CPI,
que recebia o depoimento do
general Gonçalves Dias, o G.
Dias, ex-ministro do Gabinete
de Segurança Institucional (G-
tas da Alvorada, em Brasília,
onde o deputado Eduardo
Bolsonaro (PL-SP) vive com
a mulher e a filha.
Órgão responsável por co-
municar às autoridades indí-
cios de lavagem de dinheiro,
o Coaf citou ainda 17 paga-
mentos, que somam R$
14.268,04, à Casa Lotérica Jo-
natan e Felix LTDA. A empre-
sa, localizada em Eldorado
(SP), está em nome de Ange-
lo Guido Bolsonaro, irmão
do ex-presidente.
Também aparecem como
destinatários de repasses de
Jair Bolsonaro o tenente do
Exército Osmar Crivelatti. O
militar recebeu um valor to-
tal de R$ 11.543,94 em 29
transferências. Todos os re-
passes citados ocorreram en-
tre 1.º de janeiro e 4 de julho.
Crivelatti tem um salário de
R$ 21 mil mensais. Ele é um
dos assessores pessoais de
Bolsonaro e foi o braço-direi-
to do tenente-coronel Mau-
ro Cid, preso por falsificar
carteiras de vacinação da co-
vid-19. DANIEL HAIDAR, DANIEL WETER-
MAN, JULIA AFFONSO E VINÍCIUS VALFRÉ
SI). O deputado começou a in-
quirição perguntando se G.
Dias via os acontecimentos de
31 de março de 1964 como posi-
tivo ou negativo. O general li-
mitou-se a dizer que via o que
aconteceu naquele momento
nem como golpe ou revolução,
mas como um “movimento”.
“É uma traição aos seus co-
legas de caserna dizer que 64
não foi uma boa medida. Não
hesite em defender 64. Faça as
ressalvas que tenha que fazer,
mas defenda”, rebateu Salles.
O golpe impôs censura prévia
aos meios de comunicação, re-
sultou no encarceramento de
pessoas sem julgamento e fe-
chou o Congresso.
Na mesma sessão, os depu-
tados Delegado Éder Mauro
(PL-PA) e Messias Donato (Re-
publicanos-ES) expuseram
uma melancia para provocar
G. Dias. Na mitologia das For-
ças Armadas, a fruta remete
aos militares considerados
“de esquerda” – verdes por fo-
ra e vermelhos por dentro.
‘VERGONHA’. Já na CPI Mista
do 8 de Janeiro, o deputado
Abilio Brunini (PL-MT) foi re-
preendido pelo presidente do
colegiado, o também deputa-
do Arthur Maia (União Brasil-
BA), na terça-feira. Brunini,
que não é integrante da CPMI,
passou a apontar o dedo em di-
reção ao colega de Câmara
Duarte Júnior (PSB-MA), que
ocupava o microfone.
Enquanto Duarte Júnior
questionava Saulo Moura da
Cunha, ex-diretor da Agência
Brasileira de Inteligência (A-
bin), Brunini fazia gestos com
a mão para chamar a atenção
das câmeras e aparecer nas
imagens. Maia reagiu. Falou
que Brunini “envergonha a
Investigação
GSI prorroga pela 3ª vez
apuração de agressão
DANIEL HAIDAR
BRASÍLIA
O Gabinete de Segurança Insti-
tucional (GSI) prorrogou para
um terceiro mês a investigação
interna para identificar quem
agrediu no fim de maio a jorna-
lista Delis Ortiz, da TV Globo.
Na ocasião, a repórter recebeu
um soco no peito enquanto fa-
zia a cobertura da visita do dita-
dor da Venezuela, Nicolás Ma-
duro, ao Palácio do Itamaraty a
convite do presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva.
Apesar de já ter prorrogado o
caso por mais de dois meses, o
ministro-chefe do GSI, general
Marcos Antonio Amaro dos San-
tos, afirmou ao Estadão que a
investigação “será encerrada
em breve”. O Estadão apurou
que o GSI identificou o agres-
POLÍTICA A11
CPI” e pediu que levasse o tra-
balho a sério. Duarte Júnior
pediu que o parlamentar do
PL fosse retirado da audiên-
cia, o que não foi atendido pe-
lo presidente da CPMI.
Na última sessão da comis-
são que investiga os atos gol-
pistas, antes do recesso parla-
mentar, em 11 de julho, Bruni-
ni já havia se envolvido em
outra polêmica com a deputa-
da Erika Hilton (PSOL-SP).
De acordo com o senador Ro-
gério Carvalho (PT-SE), o de-
putado bolsonarista disse
que Erika Hilton estaria “ofe-
recendo serviços”, o que foi
confirmado pela senadora So-
raya Thronicke (Podemos-
MS). Maia pediu à Polícia Le-
gislativa que investigasse pos-
sível crime de homofobia.
Gesto
Enquanto um deputado
falava, o outro apontava o
dedo, numa tentativa de
atrair atenção de câmeras
Na quinta-feira, também
na CPMI do 8 de Janeiro, os
deputados Nikolas Ferreira
(PL-MG) e Duda Salabert
(PDT-MG) trocaram empur-
rões. Foi pouco antes do iní-
cio oficial da sessão, quando
alguns parlamentares se reu-
niam para discussões finais
sobre quais requerimentos
seriam colocados em pauta.
O tumulto começou de-
pois que a deputada Jandira
Feghali (PCdoB-RJ) acusou
Maia de favorecer interesses
de bolsonaristas. Nikolas en-
trou na discussão e Duda afir-
mou que quis separar a briga.
l LEVY TELES, DANIEL HAIDAR, NATÁLIA SAN-
TOS E GABRIEL DE SOUSA
sor. Trata-se de um militar do
Exército Brasileiro, recrutado
para servir ao GSI na ocasião.
O episódio foi filmado, mas o
GSI já usou até as férias da jorna-
lista como justificativa para a de-
mora. Ela só foi ouvida oficial-
mente sobre o caso no fim de
junho. Depois da agressão, o
GSI informou que afastou do
serviço todos os militares pre-
sentes no local durante o episó-
dio. Isso foi feito, preliminar-
mente, até o fim da apuração.
Maduro veio ao Brasil em vi-
sita oficial. Na época, Lula mi-
nimizou problemas no país vi-
zinho e isentou Maduro de res-
ponsabilidades sobre a crise
econômica e política que atin-
ge aquele país. O petista ainda
criticou as sanções que re-
caem sobre a ditadura de Ma-
duro. “É o começo da volta do
Maduro”, disse Lula. l
A12
INTERNACIONAL
Teocracia dos aiatolás
Mães fogem
do Irã para
proteger filhas
após onda de
protestos
Mulheres tiveram papel central
nas manifestações contra o regime
após a morte da jovem Mahsa Amini,
torturada pela polícia religiosa
TEERÃ
Em uma noite chuvosa de pri-
mavera, uma jovem mãe irania-
na com o braço mutilado, seu
marido e sua filha de 3 anos en-
contraram um traficante de
pessoas na fronteira com o Ira-
que que lhes deu um ultimato:
calem a boca da criança ou a
deixem para trás.
A mãe, Sima Moradbeigi, de
26 anos, correu até uma farmá-
cia para comprar um xarope.
No escuro da noite, a família
seguiu o traficante para fora do
Irã, caminhando por trilhas
nas montanhas, em alguns mo-
mentos se agachando pela ve-
getação para evitar guardas
que vasculhavam o caminho.
Eles chegaram em segurança a
uma mesquita na cidade de Su-
laimaniyah, no Curdistão, nor-
te do Iraque. A filha, Juan, mal
havia se mexido.
Misoginia institucional
O Irã nunca foi receptivo
às mulheres que se
rebelam contra os códigos
rígidos de vestimenta
O Irã, uma teocracia que sur-
giu após a revolução islâmica
de 1979, nunca foi receptivo às
mulheres que se rebelam con-
tra seus códigos rígidos de ves-
timenta. Mas os perigos se mul-
tiplicaram após uma revolta
que começou em setembro,
após a morte de uma mulher de
22 anos, Mahsa Amini, sob a
custódia da polícia religiosa.
As mulheres exerceram pa-
pel central nos protestos anti-
governo que se seguiram, exi-
gindo a abolição do sistema au-
toritário do clero. O regime re-
primiu as manifestações, dei-
xando centenas de mortos.
Algumas mães concluíram
que seria melhor arriscar a vida
para fugir do Irã e poupar suas
filhas de uma vida sob um regi-
me autoritário. Sima Moradbei-
gi protagnizou uma dessas his-
tórias. Dias após os protestos
eclodirem, ela saiu de casa segu-
rando um lenço de cabeça para
queimar nas ruas da cidade de
Bukan. Até aquele momento,
ela nunca havia se considerado
politizada.
Ela era feliz, mas ficou furio-
sa com a morte de Amini, que
morou em Saqhez, região cur-
da do noroeste do Irã. Como
Amiri, Moradbeigi integrava a
minoria curda, que enfrenta
discriminação e repressão.
Quando se juntou ao protes-
to em Bukan, Moradbeigi rece-
beu tiros de um agente de segu-
rança, que disparou dezenas de
chumbinhos contra ela. Radio-
grafias disponibilizadas por ela
mostram que os projéteis pul-
verizaram o osso de seu cotove-
lo direito.
“A cada minuto eu estava en-
xergando a morte diante de
meus olhos”, disse ela, em de-
zembro, em uma da série de en-
trevistas nos últimos sete me-
ses. “Mas meu coração estava
com minha filha. Não podia
morrer e deixá-la vivendo sob
esse regime corrupto.”
PRESSA. Os médicos avisaram
que, se ela não fizesse uma ci-
rurgia urgente para colocar
uma prótese, seu braço teria de
ser amputado. Mas a cirurgia
era complexa demais para ser
feita no Irã. E Moradbeigi te-
mia que seu ferimento a conver-
tesse em alvo fácil da polícia.
Foi então que ela decidiu fugir.
Ela e o marido passaram sete
meses escondidos enquanto
tentavam encontrar um trafi-
cante para tirá-los do Irã. Mas
todos lhes diziam que levar
uma criança pequena seria peri-
goso, porque o choro dela pode-
Sima Moradbeigi, o marido Sina Jalali, e a filha: fuga do Irã e segurança no Curdistão iraquiano
ria revelar à polícia onde eles
estavam.
Em abril, eles finalmente re-
ceberam a ligação de um trafi-
cante que concordou em orga-
nizar a fuga por 10 milhões de
tomans iranianos (cerca de R$
1.092). Eles venderam tudo o
que tinham, até os livros da fi-
lha, e fugiram levando analgési-
cos e R$ 2.850 em dinheiro.
EXÍLIO. A família agora vive no
Curdistão iraquiano em uma
casa fornecida pelo Komala,
um grupo armado de oposição
curda iraniana, que ajudou cer-
ca de 70 mulheres a escapar
desde o início dos protestos.
Várias outras iranianas, que fa-
laram com o New York Times,
escaparam para outros países,
como a Turquia.
Para Moradbeigi, o exílio vi-
rou uma corrida contra o tem-
po. Quanto mais ela atrasar o
tratamento do braço, maior o
risco de perdê-lo. Ela e o mari-
do passaram os últimos meses
lutando para reunir recursos
para viajar para um país onde
ela possa fazer a cirurgia. Ainda
assim, ela insiste que valeu a
pena. “Prefiro perder o braço a
abandonar minha filha”, disse.
Antes mesmo de os protes-
tos começarem, iranianas já se
arriscavam para garantir uma
vida melhor para as filhas. Algu-
mas foram ajudadas nas fugas
por grupos armados curdos, co-
mo o Komala. A base fica nas
montanhas do Curdistão ira-
quiano, que viraram um refú-
gio de iranianas.
Uma delas é Nasim Fathi, de
38 anos, ativista antigoverno
da cidade curda de Sanandaj,
noroeste do Irã. Ela disse que
fugiu para Sulaimaniyah em
2022, após ser intimada a com-
parecer a um tribunal por ter
participado de um protesto.
Fathi contou que foi vigiada
pelas forças de segurança, que
a impediram de deixar o país.
Ela estava diante de um dile-
ma: precisava fugir, mas era
mãe solteira de duas filhas, de
21 e de 10 anos.
Em julho de 2022, ela decidiu
que não haveria futuro para ne-
nhuma das três se ficassem no
Irã. Deixando as filhas para
trás, ela atravessou a fronteira
com a ajuda de um traficante
de pessoas. “Prometi que nos
encontraríamos quando fosse
seguro”, disse. Mas, semanas
após sua chegada, protestos to-
maram conta do Irã, colocando
em risco os planos.
A mais velha, Parya Ghai-
sary, inspirada pelos protestos,
saiu às ruas. Mas, quando duas
amigas foram detidas, em se-
tembro, sua mãe interveio do
Iraque. “Ela me pediu para le-
var minha irmã e atravessar a
fronteira”, disse Ghaisary.
“Éramos tudo que ela tinha.”
Com passaportes em mãos,
Ghaisary e a irmã, Diana, pega-
ram um táxi até a fronteira ira-
quiana, onde disseram aos
guardas que atravessariam pa-
ra assistir ao casamento de um
parente. Em questão de horas
elas se reuniram com a mãe.
“Fico apavorada quando
imagino minha filha
vítima dos mesmos
horrores que me
forçaram a fugir
Mozghan Keshavarz
Ativista antigoverno do Irã
“Meu coração estava
com minha filha.
Não podia morrer e
deixá-la vivendo sob
esse regime
corrupto”
Sima Moradbeigi
Mãe iraniana de 26 anos
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
EMILY GARTHWAITE/THE NEW YORK TIMES
Para algumas iranianas sepa-
radas das filhas, a agonia só é
superada pelo medo dos peri-
gos de um reencontro. “Fico
apavorada quando imagino mi-
nha filha vítima dos mesmos
horrores que me forçaram a fu-
gir”, disse Mozghan Kesha-
varz, ativista que falou pelo te-
lefone de um lugar fora do Irã
que não quis identificar. “Mas
não posso voltar.”
Seus problemas começaram
em 2019, quando ela lançou
uma campanha para entregar
rosas para mulheres. Policiais
invadiram sua casa e a espanca-
ram diante da filha Niki, de 9
anos, antes de arrastá-la para a
prisão. Keshavarz só reviu a fi-
lha em 2021, quando foi liberta-
da para tratar uma lesão na espi-
nha sofrida na cadeia. Mas o
reencontro foi breve.
MEDO. Ela foi obrigada a se es-
conder em julho, quando poli-
ciais invadiram a casa de seu
pai depois de ela ter participa-
do de um protesto contra a
obrigatoriedade do hijab, o véu
que cobre a cabeça. Quando
um advogado lhe disse que ela
seria sentenciada à morte,
Keshavarz fugiu do país.
Mohamed Moghimi, seu ad-
vogado, disse que ela foi acusa-
da de travar uma guerra contra
Deus, um crime que pode ren-
der a pena de morte. Durante o
exílio, ela raramente fala com a
filha por medo de que o telefo-
ne de Niki esteja grampeado.
Em vez disso, ela percorre fo-
tos e mensagens da filha.
Keshavarz recordou a noite
em que foi presa, em 2019,
quando policiais mandaram
Niki rasgar um desenho na gela-
deira que dizia: “Não quere-
mos o hijab”. “Ela se negou”,
disse Keshavarz. “Eu me sinto
humilde quando penso que aju-
dei a formar uma força destemi-
da da natureza como ela.” l NYT

DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Corrupção
Ex-premiê do Paquistão é
preso após sentença de 3 anos
Imran Khan não
declarou presentes
recebidos quando
estava no governo e
deve ficar de fora da
eleição no fim do ano
ISLAMABAD
O ex-primeiro-ministro do Pa-
quistão Imran Khan foi detido
ontem pela polícia em sua resi-
dência em Lahore, no leste do
país, horas depois de ter sido
condenado por um tribunal
de Islamabad a 3 anos de pri-
são por “práticas corruptas”.
Khan, que é líder do princi-
pal partido oposicionista, o
Movimento Paquistanês pela
Justiça (PTI), perdeu seus di-
reitos políticos por ter vendi-
do presentes que recebeu de
líderes estrangeiros quando
ocupava o cargo, de 2018 a
2022.
Em maio, Khan, de 70 anos,
foi brevemente detido tam-
bém por acusações de corrup-
Khan durante entrevista em Lahore: 150 processos na Justiça
ção, o que provocou violentos
confrontos entre os apoiado-
res do seu partido, que exi-
giam a sua libertação, e as for-
ças de segurança do Paquis-
tão.
CERCO LEGAL. O ex-primeiro-
ministro foi condenado a 3
anos de cadeia por ter “delibe-
RAHAT DAR/EFE
radamente apresentado docu-
mentos falsos” de presentes
que recebeu durante o seu
tempo no governo, de acordo
com o juiz distrital Humayun
Dilawar, que se mostrou pa-
ticularmente irritado com a
ausência dos advogados de de-
fesa na audiência.
Esta é a primeira condena-
INTERNACIONAL
ção definitiva do ex-governan-
te paquistanês, que no passa-
do enfrentou dezenas de pro-
cessos legais, dos quais conse-
guiu escapar sempre através
do pagamento de fiança. O ca-
so é um dos quase 150 que
Khan enfrenta nos tribunais,
que incluem outras acusações
de corrupção e até uma tentati-
va de homicídio.
Concretamente, Khan é acu-
sado de não ter declarado pre-
sentes que deveriam perten-
cer ao chamado Toshakhana,
um repositório do governo pa-
quistanês reservado para obje-
tos de valor recebidos por fun-
cionários do governo.
Um dos mimos seria um re-
lógio presenteado pelo prínci-
pe herdeiro da Arábia Saudita,
Mohamed bin Salman. O ex-
premiê teria comprado, reven-
dido o presente e embolsando
os lucros.
PROCESSO. Khan negou todas
as irregularidades e seu advo-
gado, Intezar Hussain Panju-
tha, disse que apelaria da sen-
tença de ontem, chamando-a
de um caso de “vitimização po-
lítica”. “Khan não teve a opor-
tunidade de se defender e de
apresentar o seu lado da histó-
ria”, disse Panjutha. “Quería-
mos fornecer testemunhas a
seu favor, mas ele não teve es-
sa chance. Khan não teve um
A13
julgamento justo.”
A ministra da Informação,
Marriyam Aurangzaib, aliada
do atual premiê, Shehbaz Sha-
rif, refutou as alegações e afir-
mou que o governo não teve
nada a ver com o veredicto ou
com a prisão. “Khan teve um
julgamento livre e justo”, dis-
se. “Durou um ano e teve mais
de 40 audiências, nas quais ele
apareceu apenas em três.”
Consequências
Muitos acreditam que a
prisão de Khan era
resultado de seu esforço
para subjugar o Exército
A decisão e a prisão, prova-
velmente, são o último prego
no caixão das chances de
Khan de disputar as próximas
eleições do Paquistão, marca-
das para novembro – embora
elas ainda possam ser adiadas.
DISPUTA. Muitos no Paquistão
ficaram com a impressão de
que a prisão de Khan era a con-
clusão inevitável de seu esfor-
ço para subjugar o Exército,
que controla a política paquis-
tanesa há décadas. Todos os
primeiros-ministros anterio-
res que tentaram enfrentar os
militares paquistaneses acaba-
ram na prisão. l AP, EFE e NYT
 INTERNACIONAL
A14
Qual é o problema com Miami?
Estagnação demográfica afeta preço dos imóveis e sonho de se tornar a ‘nova Nova York’
ARTIGO
Paul Krugman
The New York Times
É colunista, professor da City
University of New York e ganhou
o Nobel de Economia de 2008
or alguns anos após o
P início da pandemia,
houve um burburinho
considerável de que
grande parte do setor financei-
ro poderia trocar Nova York
por Miami. Afinal, os impos-
tos estaduais e locais sobre o
1% mais rico são muito mais
baixos na Flórida do que em
Nova York – cerca de nove
pontos porcentuais abaixo da
renda, de acordo com o relató-
rio mais recente do Institute
on Taxation and Economic Po-
licy – e impostos sobre os ri-
cos são ainda maiores na cida-
de de Nova York do que no Es-
tado como um todo.
Com a covid interrompen-
do a vida urbana normal, pare-
cia que grande parte do dinhei-
ro poderia se concentrar nas
vantagens financeiras e deixar
a Big Apple. Alguns tipos ricos
do mundo das finanças, de fa-
to, se mudaram. Mas o burbu-
rinho em torno da mudança fi-
nanceira para Miami dimi-
nuiu. Na verdade, a população
do condado de Miami-Dade
caiu entre 2019 e 2022.
RECUPERAÇÃO. O que aconte-
ceu? Parte da resposta é que,
embora Nova York tenha per-
dido parte da população, a ci-
dade não é um inferno distópi-
co, ao contrário do que muitos
não nova-iorquinos parecem
acreditar. Sua taxa de homicí-
dios é apenas metade da de
Miami, e tem outras vanta-
gens, como um extenso siste-
ma de transporte de massa,
que falta em Miami.
E como a vida da cidade vol-
tou ao normal, ela recuperou
seu status especial como um
lugar para os muito ricos des-
frutarem de sua riqueza. Es-
tou sendo mesquinho, eu sei,
mas sempre adorei a frase de
um gerente de ativos à Bloom-
berg: “O principal problema
de se mudar para a Flórida é
Colômbia
Filho garante que Petro não sabia de dinheiro
BOGOTÁ
O presidente colombiano,
Gustavo Petro, não sabia que o
Vista da região central de Miami: previsões de crescimento após a pandemia não se concretizaram
que você precisa morar na
Flórida”.
Além disso, as decisões dos
ricos sobre onde morar não
são tão sensíveis aos impos-
tos. A Califórnia, onde os im-
postos sobre altas rendas são
mais altos do que em Nova
York, atualmente está vendo
um rápido crescimento no nú-
mero de contribuintes que ga-
nham mais de US$ 1 milhão e
um crescimento explosivo da-
queles que ganham mais de
US$ 50 milhões.
Agora, a Flórida como um to-
do ainda está ganhando popu-
lação rapidamente, e falarei so-
bre o motivo daqui a pouco.
Primeiro, porém, vamos falar
sobre como a súbita estagna-
ção demográfica de Miami se
relaciona com um longo deba-
te sobre por que tantos ameri-
canos do Nordeste e da Cali-
fórnia se mudaram para o
“Cinturão do Sol” – um movi-
mento que é muito real, mes-
mo que os sonhos de Miami de
se tornar uma “nova Nova
York” sejam cada vez mais
uma miragem.
BUSINESS. Certo clichê que os
conservadores amam enfatiza
a importância de um “ambien-
dinheiro de um ex-traficante fi-
nanciou sua campanha em
2022. A informação veio de seu
filho, Nicolás Petro, em entre-
vista publicada ontem pela re-
Tudo sugere que
habitação acessível
é o principal motor
do crescimento no
Cinturão do Sol
te favorável aos negócios”, es-
pecialmente impostos baixos
para os “criadores de empre-
gos”, ou seja, pessoas ricas.
Uma história alternativa, no
entanto, concentra-se na aces-
sibilidade da habitação.
Graças principalmente ao
“NIMBYismo” (Not in my
backyard, ou Nimby, expres-
são pejorativa usada para clas-
sificar movimentos contrá-
rios à expansão imobiliária em
setores da cidade) desenfrea-
do, o Nordeste e especialmen-
te a Califórnia têm construído
poucas moradias.
O resultado: o custo da mo-
radia lá, comprada ou alugada,
é extremamente alto. Assim,
os americanos de renda média
e baixa se mudam para áreas
metropolitanas, como Atlanta
ou Houston, onde os salários
podem ser mais baixos do que
nas cidades do norte, mas, gra-
vista colombiana Semana. Ni-
colás admitiu estar afastado
do pai desde que o caso veio à
tona. Ele é acusado de coman-
dar um esquema de financia-
DAMON WINTER/THE NEW YORK TIMES
ças ao zoneamento permissi-
vo, a moradia é muito mais ba-
rata.
O principal sobre a área de
Miami é que, embora ofereça
impostos baixos no estilo de
Estados republicanos, para os
ricos, parece ter limites na
construção de moradias ao es-
tilo democrata, construindo o
mesmo (baixo) número de no-
vas unidades residenciais per
capita, como a grande Nova
York.
Como resultado, a moradia
é extremamente cara. Por
exemplo, os aluguéis são mui-
to mais altos do que em outras
grandes cidades do Cinturão
do Sol e não muito abaixo dos
níveis de Nova York. Como os
salários na Flórida são relativa-
mente baixos, a proporção en-
tre os preços médios das casas
e a renda média é, na verdade,
maior em Miami do que em
Nova York.
E a relativa estagnação da
população de Miami – mesmo
antes do recente tropeço, a
área metropolitana de Miami
estava atrás de outras grandes
metrópoles do Cinturão do
Sol – sugere que manter a habi-
tação acessível e não ser gentil
com os ricos é o segredo dessa
mento ilegal da campanha do
pai, em 2022.
Ele recebeu liberdade condi-
cional depois de ser preso por
lavagem de dinheiro e enrique-
cimento ilícito. “Nem meu pai
nem o chefe de campanha, Ri-
cardo Roa, sabiam do dinhei-
ro”, disse Nicolás, que estaria
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
região.
Como eu disse, no entanto,
a Flórida como um todo ainda
está ganhando população. Por
que? Por um lado, o resto do
Estado não é tão caro quanto
Miami. Mas o que todos esses
novos moradores da Flórida
estão fazendo para viver?
Bem, um número significati-
vo está aposentado. Os apo-
sentados se mudam para a
Flórida para curtir invernos
quentes há muito tempo, des-
de que Groucho Marx disse
aos compradores em poten-
cial: “Você pode conseguir
qualquer tipo de casa que qui-
ser. Você pode até conseguir
argamassa. Oh, e como você
pode conseguir argamassa!”.
Mas há muito mais migran-
tes aposentados agora do que
no passado: entre 2010 e
2020, a população geral dos
EUA cresceu apenas 7,4%,
mas a população com 65 anos
ou mais cresceu 38,6%. E, co-
mo os aposentados gastam di-
nheiro em serviços locais, o in-
fluxo de idosos também cria
empregos para os adultos
mais jovens.
Certamente, isso é apenas
parte da história do crescimen-
to contínuo da Flórida. E, com
a mudança climática, teremos
de ver se a atração de invernos
quentes será cada vez mais
compensada pela perspectiva
de verões intoleráveis.
ESTAGNAÇÃO. Também tere-
mos de ver como o Estado é
afetado por sua crescente cri-
se de seguro residencial. Mas
o influxo de aposentados aju-
da a explicar por que a popula-
ção da Flórida como um todo
ainda está crescendo rapida-
mente, embora sua maior área
metropolitana, Miami, tenha
se tornado cada vez mais ina-
cessível.
Pois todas as evidências su-
gerem que habitação acessí-
vel, e não impostos baixos pa-
ra os ricos, é o principal motor
do crescimento no restante
do Cinturão do Sol. E, se os
Estados democratas quise-
rem desacelerar ou reverter
seu declínio relativo, permitir
a construção de mais mora-
dias – e não cortar impostos
do topo da pirâmide – deve ser
sua principal prioridade. l
colaborando com a Justiça.
Petro negou ontem que sua
campanha tenha sido financia-
da pelo narcotráfico. Ele tam-
bém disse que o que aconteceu
com o filho é “terrível e lamen-
tável”, mas que ele, como presi-
dente da Colômbia, não pres-
sionará a Justiça. l AP e EFE
 INTERNACIONAL A15
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO

Lourival Sant’Anna carta@lourivalsantanna.com

Trump e o exercício da mentira

denúncia formal de Do- ra, dia de sua apresentação à negros, que não defende os in- republicanos), juízes e procu- são. Para escapar dessa puni-

A nald Trump por tentar

fraudar as eleições de
2020 e as reações do
ex-presidente dão a dimensão
dos riscos envolvidos na menti-
Justiça. “Precisamos provar
quantos patriotas estão dispos-
tos a defender pacificamente
nosso movimento e salvar nos-
sa república – mesmo quando
teresses nacionais e que tenta
se perpetuar no poder corrom-
pendo o sistema eleitoral e a
Justiça.
radores.

CRIMES. A mentira é socialmen-

ra e no desafio às instituições.
Para mitigar o dano da derrota
eleitoral e se manter competiti-
vo politicamente, Trump se en-
gaja em colocar seus seguido-
res contra o sistema de Justiça
americano.
“Todo o nosso país está con-
tando com você naquele que é
certamente o capítulo mais
sombrio da história de nossa
nação em nossa batalha final
para restaurar o poder aos cida-
dãos”, apelou um e-mail de ar-
recadação de doações da cam-
panha de Trump, na quinta-fei-
te aceita no mundo da política.
A Primeira Emenda da Consti-
ção, Trump reincide: reafirma
a tese da fraude eleitoral e ata-
ca a Justiça.
A juíza do caso, Tanya
Chutkan, nomeada pelo gover-
o Departamento de Justiça de Para se manter no tuição americana protege o di- no de Barack Obama e Joe Bi-
(Joe) Biden tenta prender o reito de expressão de maneira den, deve definir no dia 28 a da-
presidente Trump por toda a
poder, Trump geral. Esse direito se aplica ao ta do início do julgamento. Um
vida como um homem inocen- converteu seus presidente de forma ilimitada. veredicto do júri popular antes
te.” adversários políticos Não é crime ele mentir. Como da eleição de 5 de novembro do
Desde que se lançou à políti- fica claro na denúncia de 45 ano que vem pode ser decisivo.
ca, em 2015, Trump tem se em inimigos do país páginas, o crime de que Trump Pesquisa Reuters/Ipsos divul-
apresentado como o defensor é acusado não é a mentira, mas gada na sexta-feira indica que
do cidadão comum contra su- Para isso, Trump converteu a utilização que ele fez dela, e 45% dos republicanos não vota-
posta conspiração de uma eli- seus adversários políticos em de seu cargo, para tentar conti- riam em Trump se ele fosse
te que lhe rouba os impostos, inimigos do país. E não restrin- nuar no poder sabendo que fo- condenado; 35% votariam e
os empregos, o direito de ir e giu os ataques aos democratas, ra derrotado nas urnas. 20% não sabem. Seria fatal pa-
vir durante a pandemia, de por- mas também aos epidemiolo- Os crimes de conspirar para ra a candidatura de Trump. l
tar armas; que permite o abor- gistas, aos ativistas dos direi- defraudar o governo america-
to, que doutrina as crianças tos humanos, à mídia, ao FBI no e os direitos dos cidadãos É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA
em favor de homossexuais e (cujos diretores sempre foram são passíveis de décadas na pri- DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

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AFP-19/5/2023
A guerra de Putin Níger
Ucrânia inicia investida diplomática contra Rússia Vizinhos preparam ação militar após ultimato
A Ucrânia iniciou ontem uma nova investida diplomáti- Países da Comunidade Econômica dos Estados da Áfri-
ca contra a Rússia. Cerca de 40 países se reuniram na cidade ca Ocidental (Ecowas) se preparam para uma ação militar
saudita de Jeddah para discutir um acordo de paz. Além dos no Níger, após ultimato dado aos generais que deram um gol-
EUA e de países europeus, participam da negociação China, pe de Estado, em julho. Eles têm até hoje para devolver o po-
Índia, Brasil, África do Sul e alguns países do Golfo. A Rússia der aos civis. A advertência aumenta o risco de mais uma
não foi convidada para o encontro. l guerra na região. l
A16
METRÓPOLE
Sociedade
Vício de
crianças em
jogos online
preocupa pais
e motiva alerta
Quatro em cada dez se conectam
diariamente, e hábito avança conforme
a idade; dependência pode levar ao
quadro chamado de gaming disorder
VICTORIA LACERDA
De acordo com o estudo TIC
Kids Online, de 2022, 42% das
crianças e adolescentes de 9 a
17 anos relataram participar de
jogos na internet conectados a
outros jogadores todos os dias
– ou quase todos os dias. Na
faixa etária dos 9 aos 10 anos,
59% contaram usar a internet
para jogar online. Dos 15 aos 17
anos, esse porcentual é de 55%.
Os dados mostram, portanto,
que o hábito começa cedo e se
mantém até o início da vida
adulta.
Supervisionar o consumo
dos jogos online e avaliar a ma-
turidade da criança e do adoles-
cente durante o acesso são
práticas indispensáveis que
pais e responsáveis precisam
adotar para extrair o potencial
positivo do universo dos ga-
mes. Essa é a recomendação ex-
pressa pela Sociedade Brasilei-
ra de Pediatria (SBP) em um
documento publicado recente-
mente sobre o assunto.
Conselho aos pais
Para especialistas, é
importante não julgar nem
tentar diminuir valor do
jogo para a pessoa
Segundo o documento da
Sociedade, além dos aspectos
positivos, “não há evidências
de que os games, quando utili-
zados de forma adequada, afe-
tem negativamente a proximi-
dade familiar e o engajamento
escolar”. “Os games permitem
aprender a ganhar e a perder,
refazer quantas vezes for ne-
cessário, persistir e perseve-
rar. Dão oportunidade para o
conhecimento de novas cultu-
ras, história e língua estrangei-
ra”, diz Eduardo Jorge Custó-
dio, professor da Faculdade de
Ciências Médicas da Universi-
dade do Estado do Rio de Janei-
ro (UERJ) e pesquisador do
Grupo de Trabalho sobre Saú-
de na Era Digital da SBP.
Mas o exagero pode trans-
formar esse cenário. Nesses ca-
sos, os jogos podem causar pro-
blemas como distúrbios do so-
no, inatividade física, transtor-
nos de humor e até o chamado
gaming disorder, um quadro
caracterizado como dependên-
cia de uso recorrente e persis-
tente da internet para games.
Para facilitar o diagnóstico, os
especialistas até criaram um
teste capaz de ajudar a identifi-
car o nível de gravidade do
transtorno (veja nesta página).
SINAIS DE ALERTA. Caso não
consiga a colaboração da crian-
ça ou do adolescente para o tes-
te, existe outra maneira de sus-
peitar que o uso de games pas-
sou do limite. Na 11.ª revisão
da Classificação Estatística In-
ternacional de Doenças (CID-
11), a Organização Mundial da
Saúde (OMS) reconheceu o ga-
ming disorder como um distúr-
bio de saúde mental.
E ficou estabelecido que dá
para caracterizar o problema
quando há, obrigatoriamente,
a presença de três comporta-
mentos centrais por pelo me-
nos 12 meses, em um padrão
persistente. O primeiro com-
portamento é o adolescente jo-
gar por mais tempo do que ti-
nha planejado e não conseguir
parar na hora estabelecida,
configurando perda de contro-
le. O segundo ponto passível
de preocupação envolve priori-
dade, quando o jogar se so-
brepõe a outros interesses e
atividades, como sono, alimen-
tação, estudo e relacionamen-
tos. Por fim, há a manutenção
Teste para adolescentes
l Perguntas a responder
Você se sente preocupado
com o seu comportamento
em relação aos jogos eletrôni-
cos? (Alguns exemplos: Você
fica pensando na partida ante-
rior, ou no que irá fazer na
próxima partida? Acha que o
jogo se tornou a principal ati-
vidade em sua vida diária?)
Você sente mais irritação, an-
siedade ou mesmo tristeza
quando tenta jogar menos
ou parar de jogar?
Sente necessidade de passar
cada vez mais tempo jogando
para satisfação ou prazer?
Falha quando tenta controlar
sua participação em jogos ou
parar de jogar?
Perdeu o interesse em passa-
tempos anteriores e outras
atividades de entretenimento
por causa do jogo?
Continuou a jogar, mesmo
dessa atividade, mesmo quan-
do já se notam os problemas –
ou seja, o jovem continua jo-
gando, e há prejuízos familia-
res, sociais, educacionais ou
em outras esferas.
LAZER SEGUIDO DE PERTO. Se-
gundo a psicóloga Luiza Bran-
dão, doutora em Psicologia
Clínica pelo Instituto de Psico-
logia da Universidade de São
Paulo (USP), os pais e respon-
sáveis devem manter conver-
sas com as crianças e os adoles-
centes sobre esse passatempo.
“Podemos incentivá-los a pro-
curar por novos jogos sempre,
sabendo que estava causando
problemas entre você e ou-
tras pessoas?
Você já escondeu dos seus fa-
miliares, terapeutas ou de ou-
tras pessoas a quantidade de
tempo que estava jogando?
Você joga para temporaria-
mente escapar, ou aliviar al-
gum sentimento negativo (co-
mo culpa, ansiedade)?
Você colocou em risco ou per-
deu um relacionamento im-
portante, um emprego, uma
oportunidade de estudo ou de
carreira por causa do jogo?
Use para cada resposta: nun-
ca, raramente, algumas ve-
zes, frequentemente, muito
frequentemente. O resulta-
do está em estadão.com.br.
FONTE: Adaptado de severo
rb, barbosa appn, fouchy drc,
et al. development and psycho-
metric validation of internet
gaming disorder scale-short-
form (igds9-sf) in a brazilian
sample. addict behav
2020;103:10619.
mas é preciso avaliar as esco-
lhas com cuidado”, afirma.
Além disso, ela aconselha que
os adultos estabeleçam regras,
como um limite de tempo dian-
te das telas.
Segundo os especialistas do
Departamento de Medicina do
Adolescente da SBP, responsá-
veis pela publicação, é funda-
mental entender que os instru-
mentos tecnológicos são, em
princípio, “neutros”; e adqui-
rem significado “positivo ou
negativo” conforme seu uso.
“Esse conceito alerta para que
não se assuma uma postura
maniqueísta, apresentando jo-
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
gos eletrônicos, mídias sociais
e outros dispositivos eletrôni-
cos sempre como vilões”, rela-
ta o texto.
Se os pais notarem um abu-
so claro e impactos em vários
setores da vida, é fundamental
buscar o apoio de um pediatra
para avaliar corretamente. Is-
so porque, a despeito das quei-
xas frequentes de muitos pais
sobre o tempo dedicado aos ga-
mes, na maioria das vezes a fa-
mília não vivencia consequên-
cias negativas. De acordo com
o documento da SBP, ao consi-
derar estudos mais rigorosos,
a prevalência mundial de ga-
ming disorder é de 1,9%. Por
isso, Custódio acredita que o
maior conhecimento sobre o
tema contribui para capacitar
pais, escolas e profissionais de
saúde na prevenção e na identi-
ficação do problema.
CAUTELA. Entre suas orienta-
ções, a sociedade de pediatras
destaca que jogar não é perda
de tempo; aliás, pode ser um
tempo precioso, divertido e
prazeroso. Além disso, os ga-
mes podem ser usados de for-
ma educativa. Para os especia-
listas, uma atividade como es-
sa pode aproximar gerações,
sendo que o adolescente será o
protagonista do saber diante
de um familiar ou adulto que
não é um nativo digital.
Diante de alguém que pode
estar fazendo um uso proble-
mático de jogos, é importante
não julgar nem tentar dimi-
nuir a importância do jogo pa-
ra a pessoa. É necessário aten-
tar para a classificação indicati-
va e o conteúdo dos jogos, pois
nem tudo é adequado para
crianças e adolescentes de to-
das as idades. Por fim, classifi-
cação indicativa não substitui
o cuidado dos pais/cuidado-
res: conversar é o caminho. l
O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023 METRÓPOLE A17

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 METRÓPOLE
A18
l Medicina particular
Digitalização vira desafio para idoso que
tenta acessar serviços dos planos de saúde
Beneficiários mais
velhos têm encontrado
dificuldade em usar
sozinhos canais de
atendimento em
smartphones e apps
ANA CAROLINA MONTORO
Idosos têm encontrado dificul-
dades em acessar sozinhos os
canais de atendimento dos pla-
nos de saúde. A digitalização
desses serviços já estava em
curso e foi intensificada duran-
te o período de isolamento da
pandemia de covid-19. Essa no-
va realidade, no entanto, não
dialoga com o nível de letra-
mento digital de todas as pes-
soas que têm acima de 60 anos
de idade, parcela da população
que é grande consumidora dos
serviços de saúde.
De acordo com dados do Pa-
norama dos Idosos Beneficiá-
rios de Planos de Saúde, do Ins-
tituto de Estudos de Saúde Su-
plementar (IESS), no período
entre 2002 e 2022, a quantida-
de de pessoas idosas que pos-
suem contratos ativos em ope-
radoras de plano de saúde do-
brou, passando de 3,2 milhões
para 7 milhões.
Exclusão digital
72% dos brasileiros acima
de 60 anos de idade nunca
acessaram um aplicativo,
aponta pesquisa do Sesc
Se lá atrás bastava uma liga-
ção telefônica para agendar
exames e consultas, agora os
beneficiários precisam entrar
em aplicativos e chatbots de
WhatsApp (ou seja, a intera-
ção inicial ocorre com um ro-
bô) para obter esses serviços.
O avanço da tecnologia pode
ter facilitado a vida de muitos,
mas se tornou um problema
para os consumidores que têm
dificuldades em usar smartp-
hones e aplicativos – e não é
pouca gente. Uma pesquisa
conduzida pelo Sesc São Paulo
e pela Fundação Perseu Abra-
mo em 2020 revelou que os
idosos se sentem excluídos do
mundo digital.
Na pesquisa, que ouviu mais
de 2,3 mil brasileiros com mais
de 60 anos de idade, foi identi-
ficado um aumento na parcela
que afirma ter conhecimento
sobre o termo “internet” – sal-
tou de 63%, em 2006, para
81%, em 2020. Apesar disso, so-
mente 19% dos entrevistados
relataram usar a plataforma.
Ainda de acordo com o levanta-
mento, 72% dos participantes
nunca acessaram um aplicati-
vo e 62% nunca entraram nas
redes sociais.
EPOPEIA DIGITAL. A aposenta-
da Sônia Moreira, de 81 anos,
faz parte dessa significativa fa-
tia que não tem familiaridade
com o mundo virtual – e, por
isso, encontrou obstáculos ao
utilizar serviços de saúde. Des-
de 2022, ela é titular de um
plano voltado exclusivamen-
te para pessoas acima de 50
anos e, em janeiro, caiu e fratu-
rou o pulso. Sônia recebeu os
primeiros cuidados em um
hospital particular fora da re-
de conveniada da operadora,
mas, um mês depois, precisou
ir ao centro médico do seu
convênio para solicitar um
raio X da fratura.
Seu neto, Erick Maués, de
29 anos, que a acompanhou,
conta que ela não foi atendida
assim que chegou porque rece-
beram a informação de que de-
veriam marcar o exame pelo
WhatsApp e o agendamento
não poderia ocorrer presen-
cialmente. “Enquanto eu con-
versava com a equipe, tentava
o agendamento no chatbot, e
ele não respondia. Consegui
falar com o médico, expliquei
toda a situação e fizemos o
raio X naquele dia. Mas só por
conta da minha insistência”,
afirma o neto da aposentada.
O resultado do exame mos-
trou necessidade de uma ci-
rurgia, pois o processo de cica-
trização não estava acontecen-
do de forma correta. Mais
uma vez, foi Erick quem preci-
sou tomar à frente e auxiliar
na marcação do procedimen-
to, já que isso precisava acon-
tecer via chatbot. Mas até o
jovem teve dificuldade. “Ten-
tei agendar, mas só tinha vaga
para o mês seguinte. Como ex-
plico a emergência da situa-
ção para um robô?”, indaga.
A cirurgia foi realizada dois
dias depois de Sônia ter sido
levada ao pronto atendimen-
to do hospital da rede, onde
os médicos constataram a ur-
gência do procedimento. Mas
a epopeia tecnológica não ter-
minou. O agendamento das
dez sessões de fisioterapia pa-
ra a recuperação completa do
pulso também precisava acon-
tecer pelo sistema remoto. De-
pois de uma manhã de tentati-
vas, a filha da beneficiária con-
seguiu resolver a situação.
“Apesar do serviço ser volta-
do para idosos, o atendimen-
to é virtual e minha avó não
está acostumada com isso. É
ela quem paga e utiliza o pla-
no, mas depende de mim e da
minha mãe para poder fazer
os agendamentos”, diz Erick,
o neto.
O funcionário público Adal-
Sônia, de 81 anos, teve a ajuda do neto Erick para marcar exame
Saiba mais
Dicas para não ter dor de
cabeça ao usar o plano
l Confira se a operadora ain-
da conta com guias físicos de
clínicas e hospitais credencia-
dos, com telefones e endereço
para contato.
l Se não houver material im-
presso, peça apoio a um fami-
liar para anotar os principais
contatos ou até mesmo impri-
mir informações sobre a rede
e os médicos credenciados.
l Evite passar qualquer tipo
de dados pessoais a quem não
seja de extrema confiança.
l Em caso de insistência do
plano em não oferecer uma
forma de contato alternativa,
deve-se ligar para o SAC da
mir de Castro, de 72 anos, está
lidando com percalços pareci-
dos para fazer uma ressonân-
cia magnética da próstata por
meio da Pessoal Saúde, seu
convênio. Depois de uma con-
sulta com o urologista no co-
Cobertura especial
Caros para quem paga, defi-
citários para quem opera.
Nesta série, discutimos as
fragilidades do sistema de
planos de saúde e possíveis
soluções. Leia mais em:
Aponte a câmera do celular
para o código ao lado e veja as
reportagens
https://bit.ly/3QroTWn
SERGIO DUTTI/AESTADÃO
empresa ou acionar o Procon
da sua cidade. Em último ca-
so, pode-se procurar a Agên-
cia Nacional de Saúde Suple-
mentar (ANS) pelo telefone
0800-7019656.
Para quem quer contato
com o universo digital
l Busque recursos de acessi-
bilidade de smartphones e
computadores para ampliar
letras e aumentar brilho de
tela em caso de problemas de
visão ou outras dificuldades.
l Tenha paciência. O proces-
so de aprendizado de algo no-
vo leva tempo e cada um
aprende de forma diferente.
l Universidades públicas cos-
tumam ter programas de ex-
tensão voltados a idosos, co-
mo a Universidade Aberta à
Terceira Idade (Unati).
meço de julho, o médico solici-
tou o exame, que só pode ser
realizado depois que o pacien-
te apresentar a justificativa
médica sobre a necessidade do
procedimento, considerado
de alta complexidade. Só que o
documento deve ser enviado
em formato de PDF por meio
da opção “fale conosco” do
aplicativo.
“Vou ter de ir até uma lan
house e procurar alguém para
fazer isso para mim, porque
não tenho computador em ca-
sa. Se pudesse entregar esse do-
cumento pessoalmente, talvez
fosse mais rápido”, afirma o
funcionário público.
GARANTIAS. A advogada Mari-
na Paullelli, do Programa de
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Saúde do Instituto de Defesa
do Consumidor (Idec), expli-
ca que o idoso está amparado,
de forma ampla, tanto pelo
Código de Defesa do Consumi-
dor (CDC), que também se
aplica aos planos de saúde,
quanto pelo Estatuto do Ido-
so, e que isso lhe dá garantias
quando há práticas abusivas
pelas operadoras de saúde.
“O que as operadoras têm
de garantir de forma geral,
mas pensando sobretudo em
quem tem mais de 60 anos, é
uma diversificação nos canais
de atendimento”, resume Ma-
rina. De acordo com ela, é im-
portante que a operadora de
plano de saúde oferte, por
exemplo, a opção de atendi-
mento presencial ou linhas te-
lefônicas com possibilidade
de conversar com um funcio-
nário, e não com um robô.
Também é interessante que o
beneficiário consiga escrever
a sua demanda em uma plata-
forma que não seja totalmente
robotizada.
A representante do Idec ain-
da salienta que todos os pla-
nos devem deixar à disposição
de seus clientes, e de forma cla-
ra, o contato do serviço de
atendimento ao consumidor
(ou SAC) para que, assim, os
beneficiários possam ter aces-
so a esclarecimentos. Aliás, ela
lembra que, segundo o Código
de Defesa do Consumidor
(CDC), é um dever fornecer es-
se atendimento por meio de
um atendente, e não de um ro-
bô ou inteligência artificial.
“Se a operadora não der uma
resposta satisfatória ou insis-
tir na má conduta em outros
momentos, o consumidor po-
de fazer uma reclamação em
um órgão de defesa do consu-
midor, como o Procon ou con-
sumidor.gov, que é uma plata-
forma online. No caso de qual-
quer dificuldade de atendi-
mento ou negativa de cobertu-
ra por causa de uma questão
tecnológica forçada pela ope-
radora, ele deve fazer uma re-
clamação na Agência Nacional
de Saúde Suplementar
(ANS)”, orienta a advogada.
EMPRESAS. O Estadão entrou
em contato com as operado-
ras citadas na reportagem e
não recebeu resposta do pla-
no de saúde exclusivo para
pessoas acima de 50 anos. Em
nota, a Pessoal Saúde confir-
mou que os seus clientes têm
a opção de agendamento re-
moto via aplicativo e infor-
mou a possibilidade de reali-
zar esse tipo de atendimento
presencialmente nas unida-
des nos municípios de Mauá e
de São Bernardo do Campo,
na Grande São Paulo.l

DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
As baleias passam na costa brasileira a partir de maio, vindas de duas ilhas próximas da Antártida, e vão até Abrolhos, numa jornada que chega a até 4 mil quilômetros
Ambiente
Turistas se encantam em
passeio para avistar as
baleias-jubarte em Ilhabela
‘Estadão’ embarcou
em uma saída turística
que teve avistamento
de 15 animais; registros
da espécie no litoral de
SP têm alta este ano
PRISCILA MENGUE
Todos os olhos em busca de
um sinal. Um borrifo ou uma
movimentação diferenciada
na água indicam: as baleias-
jubarte estão por perto. Logo
na sequência, os grandes ma-
míferos marinhos expõem
uma parte do corpo, às vezes
da nadadeira caudal, submer-
sa lentamente. E, com sorte,
alguma gigante mais “acro-
bática” dá um salto e se mos-
tra totalmente fora d’água.
Experiências do tipo não
eram tão comuns no litoral
norte de São Paulo até uns se-
te anos atrás e têm crescido.
Com o aumento de registros
de avistamentos em Ilhabela
e São Sebastião, a passagem
das jubartes chama a atenção
não só de pesquisadores, mas
também de turistas.
Operadores do litoral nor-
te têm realizado passeios de
algumas horas e mais de um
dia inteiro, com embarca-
ções de diferentes portes. O
Estadão acompanhou uma
saída em 22 de julho, um sába-
do, com partida de Ilhabela
por volta das 9h30 e retorno
às 17h, com opção de embar-
que também em São Sebas-
tião, operada pela Capitão Xi-
mango (www.barcocapitao
ximango.com.br). O custo é
de R$ 350, com as refeições.
O passeio teve início com
uma palestra de 15 a 20 minu-
tos na tenda do Projeto Baleia
Jubarte, junto ao Píer Perequê,
em Ilhabela. Nela, os turistas
aprendem que as baleias pas-
sam na costa brasileira a partir
de maio, vindas de duas ilhas
próximas da Antártida, e vão
até Abrolhos, numa jornada
que visa à reprodução e que
chega a até 4 mil quilômetros.
Essas aparições no litoral pau-
lista se estendem até agosto,
por vezes até setembro.
Os animais podem ter até 40
toneladas e 16 metros, com fi-
lhotes de 4 metros e quase
uma tonelada, destaca Rafaela
Souza, bióloga e coordenadora
de pesquisa da base do Projeto
Baleia Jubarte em Ilhabela.
“Tem grande chance de obser-
vá-las dando salto, batendo
cauda, batendo peitoral.”
Os turistas são convidados a
fotografar as baleias e, no caso
de captarem a imagem da na-
dadeira caudal, a comparti-
lhar o registro em um catálo-
go online. Na plataforma, um
algoritmo compara as fotogra-
fias, a fim de traçar a trajetória
de cada uma pelo globo. Há
até o caso de uma espécime
que é avistada há cerca de 30
anos em águas brasileiras.
Há outras espécies de cetá-
ceos que passam ou vivem na
região, como orcas, toninhas,
baleias-francas, golfinhos e
outras. O litoral norte é um
“hot spot” para essa diversida-
de, diz Rafaela. No caso das
jubartes, esse crescimento
ocorre ao longo das décadas,
após a caça, que quase dizi-
mou a espécie, ser proibida
em grande parte do planeta.
Após a breve palestra, os tu-
ristas e a equipe do Estadão
lugar de gente muito, muito feliz!
Fortaleza-Argamassa
Cozinhas E Banheiros
20kg Cód.7754
De: 18,
90
Por:
12,90
DESCONTO ECONOMIZE:
-32% 6,00
embarcaram no píer. Segui-
mos para a parte sul da ilha,
entre Ilhabela e São Sebastião,
onde há maior número de re-
gistros de cetáceos. O passeio
pode ser cancelado no caso de
condições climáticas instá-
veis.
BALEIA À VISTA! Após a saída,
foi menos de uma hora de traje-
to por águas esverdeadas e céu
ensolarado até ser avistada a
primeira jubarte. Gritinhos en-
tre os turistas e aglomeração
na proa, com câmera ou celu-
lar para registrar o momento.
A cada avistamento, a situa-
ção se repetia. E, aos poucos,
os turistas perceberam mais fa-
cilmente os sinais das baleias,
especialmente os borrifos an-
teriores à exposição na super-
fície. Às vezes sozinhas, às ve-
zes em par ou trio.
Segundo os responsáveis pe-
lo passeio, foram cerca de 15
jubartes, além de uma arraia-
manta (também chamadas de
“jamanta”, tipo de arraia que
pode pesar até duas tonela-
das). A observação ocorria a
certa distância, com a troca de
dicas entre outras embarca-
ções sobre possíveis sinais de
novos animais.
O engenheiro ambiental Lu-
cas Funari, de 31 anos, estava
Esteves-C50 Plus
Torneira Cozinha Parede
1/4 1168 VTP150CWB
Cód.3679740
De: 137,
90
Por:
99,90
DESCONTO ECONOMIZE:
-28% 38,00
METRÓPOLE A19
KAÍQUE GUIMARÃES/ESTADÃO
entre os estreantes na embar-
cação. “Teve mais baleias do
que eu esperava”, relata. “E é
um apelo grande ver assim,
na natureza, no ambiente de-
la, não em um aquário, mas
na rota natural.”
Dono da Capitão Ximango,
Gustavo Luiz dos Santos con-
ta que a demanda por pas-
seios de observação tem cres-
cido. “Está acontecendo de
eu abrir a saída de manhã e, à
tarde, já não ter mais vaga.”
Ele acredita que os avista-
mentos continuarão nas
próximas semanas, pelo alto
volume de baleias deste ano.
Relatos em alta
Número quintuplicou em
comparação a 2022;
foram 405 jubartes
avistadas até julho
“No ano passado, das nossas
saídas, a de maior número de
avistamentos foi de nove ba-
leias. Neste ano, foram 26.”
Como mostrou o Estadão,
houve alta de registros nesta
temporada. O Projeto Baleia
à Vista diz que o número quin-
tuplicou em relação a 2022 e
estava em cerca de 405 ani-
mais até meados de julho.l
Amplo estacionamento:
200 vagas
R. Ática, 47
Brooklin
São Paulo/SP
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO:
De Segunda a Sexta-feira, das 6h30 às 21h30;
Sábado, das 7h às 21h; Domingo e Feriado, das 8h às 20h.
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durarem os estoques. Preços FOB. Imagens meramente
ilustrativas. Não acompanham os objetos decorativos, os
acessórios e os metais. A loja reserva-se o direito de corrigir
eventuais erros gráficos. Condição de pagamento para
produtos deste anúncio - à vista, retira. Dinheiro - cheque.
 METRÓPOLE
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
A20 O ESTADO DE S. PAULO

HOJE : MANHÃ TARDE NOITE VOLUME UMIDADE SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SOL LUA: CHEIA
PREVISÃO DO TEMPO
13° 30° 21°
DE CHUVA RELATIVA CRESCENTE 25/7 19H06
15°/ 31° 16°/ 23° 14°/ 26° 14°/ 23°
0MM 19%
24%
CHEIA 1/8 15H31
55% MINGUANTE 8/8 7H28
67% NASCENTE: 6H38 NOVA 16/8 6H38
POENTE: 17H46

ACIMA Tábuas das marés: Porto de Santos Capitais MÍN./MÁX. MÍN./MÁX. Mundo FUSO MÍN./MÁX. FUSO MÍN./MÁX.
VOTUPORANGA FRANCA DE 32° N
Estado de SP 17°/36°
ARACAJU 22°/29° MACEIÓ 21°/27° ASSUNÇÃO -1 16°/35° MÉXICO -3 15°/26°
18°/32° NO NE BELÉM 22°/35° MANAUS 25°/35° ATENAS 6 26°/32° MIAMI -1 27°/37°
S. J. DO RIO PRETO
RIBEIRÃO PRETO
O 10nós L 1,0m BELO HORIZONTE 15°/29° NATAL 23°/30° BARCELONA 5 21°/23° MONTEVIDÉU 0 5°/13°
ARAÇATUBA 18°/35° 28°
15°/34° BOA VISTA 25°/34° PALMAS 22°/38° BERLIM 5 16°/20° MOSCOU 6 20°/30°
17°/35° SO SE
ARARAQUARA BRASÍLIA 14°/29° PORTO ALEGRE 15°/28° BRUXELAS 5 12°/18° NOVA YORK -1 20°/31°
ADAMANTINA 14°/33° 24° HOJE S SEGUNDA, 07
SÃO CARLOS CAMPO GRANDE 20°/33° PORTO VELHO 24°/36° BUENOS AIRES 0 11°/15° PARIS 5 13°/19°
20°/35° C. DO JORDÃO 4h51 1,1 5h20 1,0
MARÍLIA 13°/32° CUIABÁ 20°/39° RECIFE 23°/28° CARACAS -1 22°/27° ROMA 5 18°/27°
PRESIDENTE PRUDENTE 14°/32° BAURU 7°/24°
19° 11h47 0,3 12h25 0,5 CURITIBA 12°/25° RIO BRANCO 21°/36° CHICAGO -3 21°/25° SANTIAGO -1 12°/17°
19°/34° 15°/33° CAMPINAS
PIRACICABA 14°/30° 17h24 1,0 17h46 0,9 FLORIANÓPOLIS 14°/24° RIO DE JANEIRO 15°/31° ESTOCOLMO 5 12°/20° SYDNEY 13 10°/15°
14°/31° S. J. DOS CAMPOS ABAIXO
OURINHOS
10°/28° DE 19° 22h30 0,5 22h29 0,5 FORTALEZA 24°/32° SALVADOR 22°/29° GENEBRA 5 5°/13° TEL-AVIV 6 24°/34°
15°/31°
ITAPETININGA GOIÂNIA 15°/33° SÃO LUÍS 25°/31° JOHANNESBURGO 5 8°/19° TÓQUIO 12 27°/32°
SÃO PAULO
12°/30° SOROCABA 13°/30° UBATUBA TERÇA, 08 QUARTA, 09 JOÃO PESSOA 22°/28° TERESINA 22°/37° LIMA -2 18°/20° TORONTO -1 18°/23°
12°/31° 15°/28° 6h06 0,8 2h31 0,7
Dia de sol, tempo aberto e GUARUJÁ MACAPÁ 25°/33° VITÓRIA 18°/31° LISBOA 4 18°/40° WASHINGTON -1 22°/32°
ITAPEVA 16°/28° 14h07 0,7 4h44 0,6
calorão. As temperaturas sobem SANTOS LONDRES 4 11°/19°
10°/29° 16°/28° 18h14 0,8 12h27 0,8 Confirapor
Receba a previsão para os próximos
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mais à tarde. Não chove. IGUAPE LOS ANGELES -4 25°/36°
dodias:
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de onde você está
CANANEIA 12°/23° 22h42 0,6 16h53 0,7 MADRID 5 18°/35°
13°/23° e-tempo/sp-sao-paulo
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SÃO PAULO RECLAMA HÁ UM SÉCULO

Segurança pública

Contra alta de assaltos, Leitor reclama de som

alto durante madrugada
Emigração italiana

Em seu relatorio, informa o

centro de São Paulo terá

Reclamação de Renato consul do Brasil em Livorno,
Grecco: “Novamente solici- cidade portuária italiana na
to apoio em relação ao baru- costa oeste da região da Tos-
lho provocado por estabele- cana:

batalhão especial da PM cimento no Butantã, na zo-

na oeste de São Paulo. O lo-
cal estava com alvará cassa-
do, mas retornou às ativida-
“É sabido que a Italia foi
sempre um paiz de grande
emigração.
Dispondo de um territorio
des esta semana e já tive- relativamente pequeno com
Criação da unidade lidade para atender a qualquer Em março, o governo autori- mos novamente vazamento elevada densidade de popula-
está prevista para tipo de ocorrência na região zou a abertura de editais pa- de som de madrugada por ção, os seus filhos não encon-
central”, afirmou o vice-gover- ra a contratação de 5,6 mil dois dias seguidos, o sufi- tram na patria o campo onde
fevereiro de 2024; nador de São Paulo, Felicio Ra- novos policiais militares. O ciente para acordarmos. Já possam applicar actividades
número de policiais e muth (PSD), ao Estadão. centro é a região prioritária encaminhei reclamação à (...). Um numero considera-
modalidade de atuação No caso da “gangue das bici- de atuação. subprefeitura.” vel de trabalhadores agrico-
ainda estão em estudo cletas”, os bandidos atuam Também para tentar las e industriaes é forçado a
quase sempre da mesma for- frear a alta de roubos, estão Resposta da Subprefeitu- emigrar.
Diante da movimentação dos ma, circulando à espera de al- previstas mudanças de sede ra do Butantã: “A Subprefei- O Brasil continúa sendo um
usuários de drogas da Craco- gum alvo pelas ruas e calçadas. de unidades já existentes tura do Butantã informa que dos paizes preferidos pelos emi-
lândia e da alta de roubos de Quando o pedestre se distrai no centro. A nova sede da foi lavrada a terceira multa grantes italianos. Os conheci-
celulares pela chamada “gan- com o celular em mãos, o la- 2.ª Companhia do 7.º Bata- com base na Lei 9.433/1982. dos sentimentos de hospitalida-
gue das bicicletas” no centro drão arranca o aparelho da víti- lhão de Polícia Militar Me- Seguindo a legislação, a equi- de, a liberalidade das leis, expli-
da capital paulista, o governo ma com a bicicleta em movi- tropolitano (7 BPM/M) de- pe de fiscalização poderá rea- cam a preferencia”.
de São Paulo planeja criar em mento. Nessa perseguição, verá ocupar as imediações lizar nova ação depois de 60
fevereiro de 2024 um batalhão por exemplo, as motos podem da Rua 7 de Abril a partir do dias corridos. Após isso, será
policial especial para a região e ser mais ágeis que as viaturas. fim do mês. E a corporação feita nova vistoria, caso as in- CORREÇÕES
ocupar os espaços com novas Levantamento do Anuário está em tratativas adianta- conformidades permane-
sedes de agrupamentos da Polí- do Fórum Brasileiro de Segu- das para a transferência da çam, o estabelecimento rece-
cia Militar. rança Pública (FBSP) aponta sede da Companhia de For- berá sanções previstas pela Este espaço se destina à correção de erros
publicados na edição impressa do ESTADÃO.
O número de soldados e a que o Estado de São Paulo teve ça Tática do mesmo bata- lei citada. O estabelecimen- Você pode colaborar enviando e-mail para
modalidade de atuação ainda média de 950 registros por dia lhão para a Rua Vitória. to será fiscalizado por meio correcoes@estadao.com. As correções abran-
gem erros como: de informação, nome, cargo,
estão em estudo. A opção mais de roubos ou furtos de celular O Estadão apurou que a do Programa de Silêncio Ur- dados numéricos, entre outros.
provável é um batalhão Ronda no ano passado. mudança de endereço está bano (Psiu). l
Ostensiva Com Apoio de Moto- diretamente relacionada à
cicletas (Rocam) para atuar FORMAÇÃO. O lançamento des- tentativa de fortalecer o po- Teve algum direito como cidadão LOTERIA
ou consumidor desrespeitado? O
contra os ladrões que agem de se novo agrupamento no cen- liciamento nas proximida- blog Seus Direitos pode ajudar.
Envie suas reclamações, com os
bicicleta. “Tudo indica que o no- tro aguarda a formação de poli- des da concentração de de- devidos documentos, dados pes- Para ver os resultados, aponte a câma-
vo batalhão será formado por ciais que estarão na academia pendentes químicos da Cra- soais e contatos, além do nome
dos envolvidos na questão, para o
ra do seu celular para o QR Code ou
acesse: https://loterias. esta-
motocicletas, que têm mais agi- ao longo do segundo semestre. colândia. l GONÇALO JÚNIOR spreclama@estadao.com dao.com.br/mega-sena.

Para publicar anúncio fúnebre: Balcão Limão l (11) 3856-2139 / (11) 3815-3523 / WHATSAPP (11)99123-8351. l Atendimento de 2ª a 6ª das 8h30 às 21h horas, Sábado das 10h às 20h, Domingo das 14h às 20h l Só serão publicadas notícias de falecimen-
FALECIMENTOS to/missa encaminhadas pelo e-mail falecimentos@estadao.com, com nome do remetente, endereço, rg e telefone.

MISSAS (Matzeiva) IHannelore Lubinski Stahl – Hoje, às Boris Garbati Becker – Hoje, às A família do querido e inesquecível
Irene Manissadjian – Hoje, às 11 ho- Maurice Rene Fermon – Hoje, às 11h30, no S M – Q 243 – Sep. 30. 10h30, no S B – Q 24 – Sep. 154.
09h30, no S R – Q 398 – Sep. 168. Suzel Giongoli – Hoje, às 11h30, no S B EMIL ADIB RAZUK
ras, na Catedral Apostólica Armênia Israel Rewin – Hoje, às 11h30, no S R –
(Shloshim) – Q 16 – Sep. 116. agradece o carinho e conforto recebidos
São Jorge, na Av. Santos Dumont, 55, Elias Hacad – Hoje, às 10 horas, no S M Q 364 – Sep. 100.
(Matzeiva) e convida para a missa de 7º dia que será
Luz (1 ano). – Q 241 – Sep. 56. Cemitério Israelita do Embu Augusta Amar Zeidoh – Hoje, às 11 ho-
realizada 3ª feira, 08/08/23 às 12hrs,
Cemitério Israelita do Butantã Regina Stela Gurfinkel – Hoje, às 11 na Catedral Metropolitana Ortodoxa
horas, no S R – Q 363 – Sep. 89. (Shloshim) ras, no S D – Q 55 – Sep. 190. Rua Vergueiro, 1515.
(Yurzait)
(Matzeiva)
Izaac Telichewsky -- Hoje, às 9 horas, Joaquin Rohr – Hoje, às 10h30, no S R
no S R – Q 404 – Sep. 68. – Q 363 – Sep. 23.
Antonio Oliveira Santos
A familia de O presidente José Roberto Tadros, diretores e colaboradores da Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com a família enlutada, comunicam,
LUCY RISSO MOREIRA CESAR com pesar, o falecimento do Presidente de Honra da CNC, Antonio Oliveira Santos. A
CNC, as Federações, os Sindicatos, o Sesc e o Senac estão em luto e demonstram seu
( 1924 – 2023 ) carinho e sua solidariedade à família do grande líder empresarial que, à frente da Confe-
deração de 1980 a 2018, ajudou a moldar a grandeza do Sistema Comércio.
agradece as manifestações de pesar recebidas por ocasião do seu falecimento.
 METRÓPOLE A21
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO

Rosely Sayão rosely.estadao@gmail.com

A birra. Ah! A birra da criança

ão há uma família com ainda é restrito para expressar com quem faz tal papel; no iní- ter ou fazer o que quer. São ba- relação dos pais com os filhos

N filhos que não enfrente

ou que não tenha en-
frentado a birra dos fi-
lhos, que ocorre principalmen-
te entre 2 e 5 ou 6 anos. E sabe
suas vivências, reage com o cor-
po. Ela se descontrola.
Tem sido comum ouvir
mães e pais dizerem que a/o fi-
lha/o surta quando quer algo e
de uma coisa? Olhando bem, não consegue. O que a criança
hoje vemos adultos tendo cri- tem quando faz birra é uma cri-
ses de birra. Por que tanta bir- se de descontrole corporal e
ra na vida das crianças? emocional. O melhor que po-
Os motivos são variados. As demos fazer é buscar sair da
emoções que a criança peque- tentação de “medicalizar” a vi-
na experimenta são muitas e a da das crianças: não é uma
maioria desconhecida. Ela doença. É uma fase da vida in-
quer algo e não consegue? Fica fantil que pode terminar mais
frustrada. Ela é levada a fazer cedo ou mais tarde, dependen-
algo que não quer? Sente raiva. do da reação dos pais e dos
Ela se depara com algo que não adultos próximos.
entende? Tem medo. Como o A criança pequena tem uma
universo linguístico da criança ligação intensa com a mãe ou
cio, ela até se confunde, tem a
sensação de que as duas são
uma pessoa só. Aos poucos, a
criança percebe que a mãe se
As reações dos pais
precisam variar.
O que não ajuda é
abandonar criança
descontrolada
dedica a outras coisas e não
apenas a ela. A mãe se alimen-
ta, sai de casa, tem trabalhos a
realizar, dorme, usa celular...
Além disso, a criança fica in-
dignada quando não consegue
nhos de realidade que a vida
vai dando e a vão exasperando.
E ela, então, reage como pode,
como consegue. Aí há espaço
para a birra surgir.
Os pais precisam saber que
nenhuma atitude deles acaba
definitivamente com esse com-
portamento. A criança precisa
aprender a lidar com suas emo-
ções, a conviver com os outros
de modo a ser querida, e passar
dessa fase em que o corpo ex-
pressa mais do que a fala. Por
isso, paciência é preciso!
Acolher a criança nos seus
momentos de descontrole e
não reagir com raiva ou frustra-
ção têm papel importante na
e no crescimento emocional
da criança.
As reações dos pais preci-
sam variar: ora com humor,
ora com firmeza, ora encon-
trando uma boa distração para
a criança, sempre tentando
usar a criatividade. O que não
ajuda é abandonar a criança
descontrolada: é isso o que
acontece quando os pais ten-
tam ignorar a birra.
Aliás, cá entre nós: será que
dá para ignorar uma criança
em crise de descontrole emo-
cional e corporal? l
É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL
E AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO
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José Eduardo de Abreu Sodré Santoro, Leiloeiro Oficial JUCESP nº 195.

Urbanismo Nunes determinou que a Se- dia se concentra na região das

Prefeito quer dar isenção de IPTU na Cracolândia
O prefeito de São Paulo, Ricar-
do Nunes (MDB), planeja con-
ceder isenção de Imposto Pre-
dial e Territorial Urbano (IP-
TU) aos donos de imóveis da
região da Cracolândia, no cen-
tro da capital. Ocupada por
usuários de crack, a área tem
sido alvo de roubos, furtos e
outros crimes. Por isso, comer-
ciantes perderam clientes,
com medo de se deslocar até a
região, e moradores estão com
medo de se locomover pelas
ruas, especialmente à noite.
cretaria da Fazenda trabalhe
na criação de um projeto de lei
que conceda essa isenção tan-
to para imóveis comerciais co-
mo residenciais. Mas questões
como o perímetro a ser benefi-
ciado ainda estão sendo estu-
dadas. Atualmente, a Cracolân-
Ruas Gusmões, Vitória, Santa
Ifigênia e Avenida Rio Branco.
“A expectativa é de que o docu-
mento seja encaminhado para
apreciação do Poder Legislati-
vo nos próximos dias”, diz no-
ta enviada pela assessoria de
Nunes. l FÁBIO GRELLET
A22
ESPORTES
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
Justiça interdita lago
em mansão de O ESTADO DE S. PAULO
Neymar pela 2ª vez

Campeonato Brasileiro

São Paulo joga e faz festa para Lucas

Atacante volta ao clube após 11 anos e Dorival Junior pretende utilizá-lo contra o
Atlético-MG; Time não vence há quatro jogos, mas Morumbi receberá grande público
MARCIUS AZEVEDO
Sem vencer há quatro jogos,
sendo dois deles pelo Campeo-
nato Brasileiro, o São Paulo
confia na volta de Lucas Mou-
ra para superar o Atlético-MG,
hoje, às 16h, no Morumbi, e se
afastar do momento ruim.
Após 11 anos, o atacante retor-
nou ao clube e já se colocou à
disposição do técnico Dorival
Junior para reestrear em um
estádio lotado para recebê-lo.
A partida vai ter transmissão
da Globo e Premiere.
“Estou bem fisicamente, te-
nho treinado bastante neste
tempo parado. Falta ritmo de
jogo, porque não estive traba-
lhando com bola e no campo.
Foi bom participar já dos trei-
nos, conhecer os companhei-
ros e ter esse cuidado. Estou à
que. Joguei como camisa 10,
centroavante e me sinto con-
fortável com liberdade do
meio pra frente”, afirmou.
Na primeira passagem pelo
São Paulo, clube que o formou,
Lucas se destacou atuando pe-
lo lado direito, mas sempre
com liberdade. Na base, quan-
do era conhecido como Marce-
linho, ele jogava como um ca-
misa 10. “Gosto de armar o jo-
go, buscar a bola, mas não tive
essa conversa com o Dorival.
Chego para agregar, na posi-
ção que ele achar melhor, vou
estar disposto a ajudar.”
Com promessa de Morumbi
lotado, além de Lucas, que de-
ve começar no banco, o São
Paulo vai apresentar James Ro-
dríguez aos 50 mil são-pauli-
nos. O colombiano já treina no
CT da Barra Funda, mas, dife-
rentemente do outro reforço,
SAOPAULOFC.NET
18ª RODADA DO BRASILEIRÃO
SÃO PAULO ATLÉTICO-MG
SÃO PAULO: Rafael; Rafinha, Arbo-
leda, Beraldo e Caio Paulista; Pablo
Maia, Alisson, Rodrigo Nestor e Wel-
lington Rato; Luciano e Calleri.
Técnico: Dorival Junior.
ATLÉTICO-MG: Matheus Mendes;
Mariano, Igor Rabello, Maurício Le-
mos (Jemerson) e Rubens (Arana);
Battaglia, Otávio e Igor Gomes; Pa-
vón, Paulinho e Hulk.
Técnico: Luiz Felipe Scolari.
Árbitro: Rodrigo P. de Lima (PE).
Horário: 16h. Local: Morumbi.
Lucas se colocou à disposição e Dorival deve escalá-lo durante o jogo TV: Globo e Premiere.
Palmeiras 18ª RODADA DO BRASILEIRÃO
CLASSIFICAÇÃO
leva 2 a 1 do Flu 1 Botafogo
PG
43
J
17
V
14
E
1
D SG
2 22

no Maracanã
2 Flamengo 31 17 9 4 4 10
disposição para domingo (ho- não teve sua situação regulari- FLUMINENSE PALMEIRAS 3 Fluminense 31 18 9 4 5 7
je), mas vai depender da comis- zada pela diretoria. 2 1 4 Palmeiras 31 18 8 7 3 16
são técnica”, afirmou Lucas. 5 Grêmio 30 16 9 3 4 5
Gols: Arias, aos 14 min do 1º tempo, 6 Athletico-PR 28 18 8 4 6 4
Dorival não confirmou se MINEIROS EM CRISE. Se o São De olho no jogo de volta pelas 7 RB Bragantino 28 17 7 7 3 9
John Kennedy, aos 14, e Gustavo Gó-
vai utilizar Lucas como titular. Paulo quer vencer após quatro oitavas de final da Libertado- mez, aos 50 min do 2º. 8 São Paulo 26 17 7 5 5 7
Após perder para o San Loren- jogos, o Atlético-MG vive um res, diante do Atlético-MG, o 9 Cuiabá 25 17 7 4 6 -1
FLUMINENSE: Fábio; S. Xavier (Gu-
10 Internacional 24 18 6 6 6 -4
zo, quinta-feira, pela Sul-Ame- jejum ainda maior. A equipe Palmeiras foi a campo ontem ga), D. Braz, Marlon (F. Melo) e Marce-
11 Cruzeiro 23 17 6 5 6 4
ricana, o treinador apenas afir- ainda não venceu sob o coman- com um time misto e perdeu lo; Martinelli, Daniel (Ganso), Arias e 12 Fortaleza 23 18 6 5 7 -2
Leo (Lima); Cano e J. Kennedy (Lelê).
mou que tinha intenção de con- do de Felipão. São nove parti- por 2 a 1 para o Fluminense, no Téc: Fernando Diniz.
13 Atlético-MG 21 17 5 6 6 2
14 Corinthians 20 17 5 5 7 -3
tar com o jogador na partida das, com quatro empates e cin- Rio.Com o resultado, o time PALMEIRAS: Weverton; M. Rocha 15 Goiás 19 18 5 4 9 -10
contra o time mineiro coman- co derrotas. Apesar dos protes- viu sua série de três vitórias se- (Mayke), Luan, G. Gómez e Vanderlan; 16 Santos 18 18 4 6 8 -8
dado por Luiz Felipe Scolari. O tos dos torcedores, o experien- guidas ser encerrada e caiu pa- Jailson (G. Menino), R. Rios e L. Gui- 17 Bahia 15 17 3 6 8 -8
lherme (Artur); Jhon Jhon, Endrick 18 Coritiba 14 17 3 5 9 -15
objetivo maior é deixá-lo pron- te treinador continua prestigia- ra o quarto lugar na competi- (Rony) e B. Lopes (Flaco Lopes). 19 América-MG 10 16 2 4 10 -19
to para jogar os 90 minutos do no cargo. ção. O Fluminense subiu para Téc: Abel Ferreira. Árbitro: Ramon 20 Vasco 9 16 2 3 11 -16
contra o Corinthians, dia 16 de Para o jogo no Morumbi, Sco- os mesmos 31 pontos e assu- Abatti Abel (SC). Cartões amare- l Libertadores l Sul-Americana l Rebaixamento
los: Lima, J. Kennedy, Martinelli,
agosto, na partida de volta pela lari não vai contar com o golei- miu a terceira posição. Lelê, Weverton, F. Melo e Vaderlan.
18ª RODADA
semifinal da Copa do Brasil. ro Everson, suspenso, e Zara- Arias abriu o marcador de pê- C. vermelho: Lelê. Público: 31.037
ONTEM
Santos 1 x 1 Athletico-PR
16h
Lucas explicou que ainda cho, que sentiu novamente nalti, aos 12 minutos. Depois pagantes. Renda: R$ 1.272.175,00 18h30 Internacional 2 x 2 Corinthians
não conversou com o técnico uma lesão na coxa direita. Ape- disso, o Palmeiras cresceu e Local: Maracanã (RJ) 18h30 Goiás 1 x 0 Fortaleza
21h Fluminense 2 x 1 Palmeiras
para saber em qual função ele sar de ter o Palmeiras pela fren- passou a controlar o ritmo, HOJE
pretende colocá-lo no time. O te na próxima semana, no jogo mas Fábio foi efetivo e conse- 16h Vasco x Grêmio
16h São Paulo x Atlético-MG
atacante deixou Dorival bas- de volta das oitavas de final da guiu segurar a vitória parcial nedy aproveitou para fazer o 2 18h30 Cruzeiro x Botafogo
tante à vontade para decidir. Libertadores, quando precisa- para o Fluminense. No segun- a 0. Já nos acréscimos, Gusta- 18h30 Coritiba x RB Bragantino
“Adquiri versatilidade para jo- rá vencer, Felipão não deve do tempo, a história se repetiu, vo Gómez descontou de cabe- 18h30 Bahia x América-MG
20h Cuiabá x Flamengo
gar em diversas funções no ata- poupar nenhum jogador. l e num contragolpe John Ken- ça para o Palmeiras. l

Corinthians deixa 18ª RODADA DO BRASILEIRÃO

Santos fica no 18ª RODADA DO BRASILEIRÃO

empate e pode
escapar a vitória no fim INTERNACIONAL CORINTHIANS entrar no Z-4 SANTOS ATHLETICO-PR
2 2 1 1

O Corinthians poderia teria
festejado uma vitória ontem,
em Porto Alegre, mas levou gol
aos 53 minutos do segundo
tempo e precisou se contentar
com empate por 2 a 2.
O time paulista jogou com o
que tinha de melhor, enquanto
o Inter foi escalado por Eduar-
do Coudet com apenas três ti-
tulares, preocupado com a par-
tida no meio da semana com o
River Plate, pela Libertadores.
Renato Augusto abriu o mar-
cador aos 12, mas Bruno Henri-
que empatou seis minutos
mais tarde.
O segundo tempo foi bem
disputado, porém com poucos
espaços. O Corinthians enfra-
queceu sem Renato Augusto,
que ficou no vestiário após o
intervalo, enquanto o Inter ca-
receu de entrosamento.
Ainda assim, o time paulista
ficou novamente à frente em
pênalti cobrado por Fábio San-
tos, aos 40. O Inter, contudo,
não desistiu e empatou com
Luiz Adriano aos 53. l
Gols: Renato Augusto (12 min) e Bru-
no Henrique (18) no 1º tempo; Fábio
Santos (40) e Luiz Adriano (53) no 2º.
INTER: Rochet; I. Gomes, Vitão, N.
Hernández e C. de Pena; Gabriel
(Johnny), M. Dias (Wanderson), Bruno
Henrique (Aránguiz), Maurício (En-
ner), P. Henrique (Alan Patrick) e Luiz
Adriano. Técnico: Eduardo Coudet
CORINTHIANS: Cássio; Fágner, Gil,
Murillo e F. Santos; Maycon (Roni),
Ruan (B. Méndez) e R. Augusto (F.
Vera); Adson (M. Araújo), Y. Alberto e
G. Biro (Ángel R.). T: V. Luxemburgo.
Árbitro: Wagner Magalhães (RJ)
Cartões amarelos: Rochet, Pena, B.
Henrique, Jhonny, Ruan e Y. Alberto
Cartão vermelho: De Pena
Público: 22.509
Local: Beira-Rio, em P. Alegre
O Santos empatou ontem
com o Athletico-PR em 1 a 1
e pode terminar esta roda-
da do Brasileirão na zona do
rebaixamento – basta o Ba-
hia vencer o América-MG
hoje. Em mais um jogo em
casa sem torcida, devido a
punição da Justiça Desporti-
va, o Peixe tomou um gol
aos 30 minutos – Pablo mar-
cou para o Athletico. O em-
pate veio aos 50 minutos do
2º tempo, em pênalti cobra-
do por Marcos Leonardo. l
Gols: Pablo, aos 30 min do 1º tempo;
Marcos Leonardo, aos 50 do 2º.
SANTOS: João Paulo; Gabriel Ino-
cêncio, Alex, João Basso e Dodô
(Kevyson); Rodrigo Fernández (Lucas
Braga), Dodi (Julio Furch), Jean Lu-
cas e Lucas Lima; Mendoza e Marcos
Leonardo. Técnico: Paulo Turra.
ATHLETICO-PR: Bento; Madson
(Khellven), Cacá (Zé Ivaldo), Thiago
Heleno e Kaué; Hugo Moura, Fernan-
dinho (Canobbio) e Zapelli (V. Bueno)
; Cuello, Marcelo Cirino (Vítor Roque)
e Pablo.Técnico: Wesley Carvalho.
Árbitro: André Luiz Skettino Policar-
po Bento (MG). Cartões: João Paulo,
Lucas Lima, Mendoza, Vitor Bueno e
Vítor Roque. Renda e Público: jogo
com portões fechados.
Local: Vila Belmiro, em Santos

DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Revelação
Gui Khury, novo menino
prodígio do skate, tem os
Jogos de Paris como alvo
Paranaense de 14 anos
já tem grande coleção
de medalhas, entre
elas duas de ouro nos
X-Games, e menção
no livro dos recordes
MURILLO CÉSAR ALVES
Um skate, uma pista e uma infi-
nidade de sonhos. Aos 14 anos,
Gui Khury alcança lugares que
poucos atletas vão atingir na
carreira. No último mês, con-
quistou duas medalhas no X-
Games (uma de ouro e outra
de prata), principal competi-
ção de esportes radicais do
mundo; em 2022, já havia en-
trado para o Guinness Book, o
livro dos recordes. É com esse
currículo que o skatista se colo-
ca no rol do esporte e tem um
objetivo bem definido: os Jo-
gos Olímpicos de Paris.
Mundial vai dar vaga
O Mundial de Skate Street
será em Roma no próximo
mês e é classificatório
para os Jogos Olímpicos
“Ir para a Olimpíada é o so-
nho de todo atleta. É o maior
campeonato de skate que tem
no mundo. Para os brasileiros
é muito importante, mas segui-
mos como uma família, mes-
mo competindo”, disse Gui ao
Estadão, fiel a um dos precei-
tos mais importantes do skate,
o companheirismo.
Natural de Curitiba, Gui se
encantou cedo pelo esporte.
Aos três anos, mudou-se com a
família para os Estados Uni-
Stock Car
Ricardo Zonta é pole
pela 1ª vez no ano
Ricardo Zonta vai largar na
ponta na sexta etapa da Stock
Car, que será disputada no Au-
tódromo Velocittá, em Mogi
Guaçu (SP), a partir das 11h30
de hoje. O piloto da RCM fez a
pole pela primeira vez na tem-
porada 2023. Líder do campeo-
nato, Thiago Camilo (Ipiranga
Racing) não passou sequer do
Q1 e vai largar em 20º.
Todos os carros puderam en-
trar na pista com novos pneus,
dos. Na Califórnia, foi incenti-
vado pelo pai a se aventurar no
skate. Lá, participou de peque-
nos campeonatos e acampa-
mentos, onde praticava o es-
porte ao lado de jovens atletas,
de idade semelhante à sua.
Gui retornou ao País em
2015, novamente para Curiti-
ba. Com uma educação bilín-
gue, conta que teve um pouco
de dificuldade para se adaptar
à nova rotina no Brasil, passan-
do pelo pouco conhecimento
do idioma. “Não sabia falar
muito bem o português e mis-
turava algumas coisas.”
Dentro das pistas, no entan-
to, nunca mudou o seu foco
em atingir o topo do mundo
em cima de seu skate. Nova-
mente, contou com a ajuda do
pai, que construiu uma pista
particular em sua residência
para ajudar nos treinos.
Desde então, o hoje adoles-
cente coleciona múltiplos re-
cordes e conquistas. Em 2019,
se tornou o atleta mais jovem a
competir nos X-Games; dois
anos depois, teve marca seme-
lhante, dessa vez ao conquis-
tar da medalha de ouro da cate-
goria masculina.
Além destes feitos, também
entrou para o Guinness Book co-
mo o skatista mais jovem a
completar a manobra 1080
graus no vertical (três giros
completos, em torno do mes-
mo eixo), o que alcançou em
maio de 2020.
O destaque em sua carreira
é a forma como, ainda muito
precoce, Gui já rivaliza com
skatistas de todo o mundo nas
competições – não há limite de
idade para competir no skate.
No fim de julho, conquistou a
medalha de ouro na modalida-
depois de quase metade da
temporada com a quantidade
de rodas reduzidas. Desde o co-
meço do ano, o número era li-
mitado por causa de um incên-
dio na fábrica da Hankook, que
impediu o envio de um segun-
do lote no tempo planejado. O
calor de 29°C em Mogi Guaçu
dificultou a aderência na pista
e foi um desafio para a relação
dos pilotos com os equipamen-
tos novos.
de “melhor manobra no vert”.
Ao todo, Gui soma oito me-
dalhas no X-Games antes mes-
mo de completar 15 anos. As
duas de ouro são, para ele, seus
principais momentos no espor-
te e os que mais o orgulham.
“Foram conquistas importan-
tes e que me fazem evoluir ain-
da mais.”
Inspirando-se em outros
skatistas nesse processo, co-
mo Sandro Dias e Tony Hawk,
Gui ainda quer aprender novas
manobras e brinca que precisa
“crescer” fisicamente. “Preci-
so ganhar mais base no skate,
ficar mais forte.”
SONHO OLÍMPICO. Sua próxima
meta é ambiciosa: disputar os
Jogos Olímpicos de Paris, em
2024. Assim como Rayssa Leal,
em 2021, que virou febre entre
os brasileiros após a conquista
da medalha de prata em Tó-
quio, o curitibano, que assistiu
todas as transmissões do skate
da Olimpíada japonesa, busca
se classificar para a disputa do
street park.
Um objetivo que, segundo
Gui, é ousado: considera o Bra-
sil o país mais difícil para se
classificar aos Jogos pela quan-
tidade de bons atletas.
Além disso, na Olimpíada, o
jovem não poderá competir
em sua maior especialidade, o
skate vertical. Ele é praticado
em uma pista em forma de ‘U’,
chamado half pipe, com late-
rais maiores do que as outras
paredes. Esse tipo de pista per-
mite voos altos em que o skatis-
ta consegue fazer manobras
em rotação, flips e aéreos. Esta
é a modalidade em que Gui
Khury quebrou os recordes
mundiais.
A definição do grid no Q3
iniciou com a temperatura
da pista a 48°C, e qualquer
um dos seis que avançaram
garantiria uma pole inédita.
Pai e filho, Rubens e Dudu
Barrichello correram perto
e chegaram a fazer dobradi-
nha de melhor tempo. Ser-
gio Jimenez, porém, bateu
os dois. O último a fechar a
volta foi Ricardo Zonta, que
registrou 1min30s066 e as-
sumiu o melhor tempo.
Na segunda bateria, Zon-
ta buscou defender o desem-
penho. Salas e Dudu não
conseguiram melhorar. Até
o fim, Rubinho tentou supe-
rar Zonta, mas ficou em
quarto. l
Gui Khury tem se destacado com sua boa técnica; talento precoce
Na Olimpíada de Tóquio,
em 2021, o Brasil conquistou
três pódios no skate. Rayssa
Leal e Kelvin Hoefler levaram
a prata no street, enquanto Pe-
dro Barros conquistou meda-
lha da mesma cor no park. Em
Paris, a modalidade novamen-
te não terá disputas no verti-
cal, especialidade de Gui. Para
ir aos Jogos de 2024, o jovem
terá de obter o índice no park,
nas eliminatórias e no Mun-
dial da modalidade.
O Mundial de Skate Street
acontece em setembro, em Ro-
ma, Itália. “Todo campeonato
é um aprendizado, ainda mais
porque ainda sou criança”, diz.
Ele reconhece que sente uma
pressão extra por competir
por vaga na Olimpíada. “Nun-
ca estive tão nervoso assim,
mas tenho me acostumado em
competir em campeonatos
“Ir para a Olimpíada
é o sonho de todo
atleta. É o maior
campeonato de
skate que tem no
mundo. Para os
brasileiros, é muito
importante”
Gui Khury
Skatista brasileiro
O MELHOR DA TV
STOCK CAR
l Etapa de Mogi-Guaçu
11h / Band, BandSports e
SporTV 2
TÊNIS
l WTA 500 de Washington
Finalíssima
15h30 / ESPN 2
l ATP 500 de Washington
Finalíssima
18h / ESPN 2
FUTEBOL
l Brasileirão Sub-20
Palmeiras x Corinthians
11h / SporTV
l Supercopa Inglesa - Final
Manchester City x Arsenal
ESPORTES A23
LEANDRO TERRILE / RED BULL CONTENT POOL
grandes desse nível. Competir
pela vaga aumenta ainda mais
o meu foco”, afirma.
ROTINA DE ESTUDOS. Fenôme-
no no skate, Gui tem planos de
seguir com o esporte quando
se tornar adulto. Isso não signi-
fica que não tenha as mesmas
obrigações de um jovem da
sua idade. Ele divide sua rotina
com os estudos e os treinamen-
tos. “Para falar a verdade, mi-
nhas notas não tão boas”, brin-
ca o skatista. Recentemente,
se mudou para uma nova esco-
la em Curitiba que, segundo
ele, o auxilia com a rotina de
treinamentos e as viagens
constantes. As aulas são todas
presenciais.
“O estudo é um dos meus
focos e eu estou gostando mui-
to desse novo lugar. Já fiz mui-
tos amigos e estou gostando
de estudar”, diz Gui. Mas ele
tem outras atividades quando
se trata de esporte. “Também
jogo basquete na escola e ou-
tros esportes. Sou uma criança
também, então tenho de viver
esses outros momentos, ser
uma criança normal”, comple-
ta o skatista que hoje participa
do segundo e último dia do
Vert Battle, pelo Circuito Brasi-
leiro de Skate Vertical, no Cen-
tro Esportivo Tietê, em São
Paulo. l
12h / ESPN
l Série B
Ponte Preta x Chapecoense
15h30 / Band e Premiere
Ceará x ABC
18h / Band e Premiere
l Campeonato Brasileiro
Vasco x Grêmio
16h / Premiere
São Paulo x Atlético-MG
16h / Globo e Premiere
Coritiba x Red Bull Bragantino
18h30 / Premiere
Cruzeiro x Botafogo
18h30 / SporTV e Premiere
Bahia x América-MG
18h30 / Premiere
Cuiabá x Flamengo
20h / Premiere
A24
PARA FECHAR...
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023

UMA BOA HISTÓRIA O ESTADO DE S. PAULO

BOTBOTBOT – 26/8/2021
Tecnologia terna e pequenas imagens de
robôs. Os preços não são mui-

Em cafeteria to altos – apesar de incluírem

a experiência robótica. A li-
monada saiu por 5,5 mil wons
sul-coreanos, cerca de R$ 20.

de Seul, robôs HUMANOS ‘IMPREVISÍVEIS’.

Não é só em Seul que os ro-

viram bartenders bôs estão preparando bebi-

Na BotBotBot, na capital da Coreia
do Sul, cafés e drinks são preparados
por máquinas ao gosto do cliente
BRUNA ARIMATHEA
ENVIADA ESPECIAL A SEUL
Não é difícil encontrar robôs
na Coreia do Sul. Em um pas-
seio de uma tarde por alguns
pontos de Seul, a capital do
país, eles podem ser vistos no
metrô, nos supermercados,
no shopping e em restauran-
tes – seja como auxiliares de
atendimento ou até garçons
em alguns casos.
Mas uma cafeteria, em par-
ticular, é bem conhecida pelo
trabalho de um bartender. A
atração ali, claro, é um robô.
Na BotBotBot, localizada no
bairro de Seongdong, a propos-
ta é ser um local onde “pessoas
e robôs coexistam e se harmo-
nizem”, de acordo com o local.
Isso significa que é possível
ser atendido por humanos (e
até ter parte do pedido prepara-
do por eles). Mas a ideia é que a
preparação fique a cargo dos ro-
bôs. Para preparar uma bebida,
o DrinkBot, como é chamada a
estrela da casa, controla a quan-
tidade de gelo, prepara as do-
Na BotBotBot, além de tirar cafés, os robôs decoram sobremesas
ses e faz a mistura no copo. Na
visita, pedi uma limonada bem
gelada para o calor de 35 graus
que fazia no dia.
Após o trabalho, o robô en-
trega novamente a bebida a
um funcionário, que só preci-
sa repassar o pedido ao clien-
te. Depois do drinque, ainda é
possível pedir uma sobremesa
personalizada e um cafezinho
também preparados por ou-
tros robôs da casa. Apesar dis-
so, nem tudo é perfeito: no dia
da nossa visita, uma das máqui-
nas estava em manutenção.
Três tipos de robôs são res-
ponsáveis pelo menu: o Drip-
Bot, barista de café; o Drink-
Bot, que prepara as bebidas; e
o DessertBot, que desenha so-
bre as sobremesas. Para os
drinques, os robôs utilizados
são os da Universal Robots –
uma empresa dinamarquesa
que desenvolve dispositivos in-
dustriais.
O restaurante ainda tem
dois ambientes com decora-
ção moderna, com amplas te-
las que simulam cenários e um
rooftop com mesas na área ex-
das. Em Nova York, o Botbar
abriu as portas em junho com
o slogan “Humanos podem
ser imprevisíveis; deixe o ro-
bô preparar seu café”.
Ao jornal El País, a fundado-
ra da cafeteria – que deverá se
tornar uma rede –, Denise
Chung, disse que Adam, o ro-
bô, é capaz de preparar até 50
cafés por hora. De acordo
com ela, em vez de os clien-
tes serem atendidos por um
garçom cansado de preparar
500 cafés por dia, eles terão à
disposição um robô que ga-
rante que a bebida será feita
com rapidez e perfeição.
Ela afirma, no entanto, que
os garçons continuarão no
atendimento. l
A REPÓRTER VIAJOU A
CONVITE DA SAMSUNG
NA WEB
Assista ao vídeo da cafeteria toda
controlada por robôs
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ECONOMIA
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DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023

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América Latina Paridade favorável

Real à frente das moedas da região

Moeda valorizada em relação à maioria das divisas latino-americanas aumenta o
poder de compra dos turistas brasileiros e favorece as viagens aos países vizinhos

ses da América Latina. ainda mais força com a eleição

WESLEY GONSALVES Isso porque, apesar de o real presidencial, em outubro.
ter perdido peso frente às moe- “Na Argentina, essa desvalo-
O ‘SOBE E DESCE’ DAS MOEDAS
Viajar ao exterior foi um luxo das fortes, nossos vizinhos vi- rização cambial vem de longe.
que os brasileiros viram ficar ram suas divisas se desvaloriza- O país sofre com choques eco- Veja a variação cambial para as moedas de países da
cada vez mais caro nos últimos rem ainda mais. O resultado é nômicos há anos, é um proble- América Latina em relação ao Real
anos, principalmente por cau- que o poder de compra dos bra- ma estrutural de dívida muito VARIAÇÃO EM UM ANO, EM PORCENTAGEM
sa da desvalorização do real sileiros nesses países aumen- alta. Outro país em dificulda- 0

frente ao dólar (a moeda ameri- tou. Um dos principais exem- des é o Peru, com o presidente COSTA RICA 15
cana foi de R$ 3,80, no início de plos é a Argentina, cuja capital, Pedro Castilho (destituído e pre- PARAGUAI 7,6
2019, para R$ 5,30 no fim de Buenos Aires, é o destino mais so após tentar um golpe de Esta- PERU -1,5
2022), e também em razão da buscado por brasileiros: em do)”, diz o economista da XP EQUADOR -6,5
inflação no turismo global – um ano, o peso perdeu 56% de Francisco Nobre PANAMÁ -6,5
que explodiu depois do fim valor em relação ao real. Com exceção da Costa Rica e GUATEMALA -7,4
das restrições a viagens impos- O país passa por nova crise, do México, nos últimos 12 meses MÉXICO -7,6
tas durante a pandemia de co- agravada por uma seca históri- quase todos os países latino-ame- BOLÍVIA -7,89
vid-19. Mas cruzar as frontei- ca, que o obrigou a renegociar ricanos viram suas moedas se CUBA -9
ras e conhecer novos países um novo acordo com o Fundo desvalorizarem ante o real.l REPÚBLICA DOMINICANA -10,4
ainda é uma possibilidade Monetário Internacional (F- ARGENTINA -56
quando se olha para destinos MI). Neste ano, a especulação VENEZUELA -82
PREÇOS DE LANCHE E ROUPAS VIRAM
mais próximos, como os paí- com o peso argentino ganhou REFERÊNCIA PARA COMPARAÇÃO. PÁG. B2 FONTE: GOOGLE FINANÇAS / INFOGRÁFICO: ESTADÃO

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 ECONOMIA&NEGÓCIOS
B2
ocê e gente próxima a vo-
V cê ou já foram vítimas de
fraude digital ou sofre-
ram tentativa de fraude.
Os ataques virtuais no Brasil
dispararam. Informações do
Anuário do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública apontam pa-
ra alta de 65% nos golpes por
meio eletrônico no País em
2022, na comparação anual.
Quando se trata de surrupiar
dinheiro dos outros, os frauda-
dores são espertos e criativos.
Tentam as transferências via
Pix para contas laranjas ou solici-
tam empréstimos nos aplicati-
vos dos bancos e fintechs.
Grande parte da porta de en-
trada desses golpes acontece
por meio da manipulação das
vítimas que são levadas a clicar
América Latina Paridade favorável
Preços de lanche
e roupas viram
referência para
comparar valor
de cada moeda
Índices que comparam
preços de roupas da
Zara e do sanduíche
Big Mac são medidas
usadas para aferir a
valorização do real
WESLEY GONSALVES
Longe das cifras frias do mer-
cado de câmbio – pelas quais o
bolívar venezuelano foi a moe-
da que mais perdeu ante o real
nos últimos 12 meses (-82%)
–, o maior poder de compra do
brasileiro em países da Améri-
ca Latina também pode ser afe-
rido por meio de outros indica-
dores, mais práticos. Um de-
les é o “Zara Index”, criado pe-
lo banco BTG Pactual para
comparar as economias de di-
ferentes países em que a rede
espanhola de fast fashion tem
lojas, e que leva em conta uma
cesta com 12 itens vendidos pe-
la varejista.
Luiz Guanais, da área de pes-
quisas de mercado do BTG, ex-
plica que, apesar de o indicador
ter como função a análise ma-
croeconômica, o turista brasilei-
ro pode usá-lo para medir o po-
der da paridade do real em cada
Celso Ming
As fraudes no celular ou no cartão
em links falsos que dão acesso
ao smartphone e outros dados
sigilosos. Mas as abordagens ex-
trapolam as mensagens e e-
mails fraudulentos. Quadrilhas
montam esquemas que simu-
lam centrais telefônicas, sites
falsos ou invadem redes sociais
por meio das quais vendem pro-
dutos irreais. Outras vezes, ex-
traviam correspondências para
acessar cartões de crédito ou uti-
lizam maquininhas de pagamen-
tos em golpes do delivery.
A mais recente fraude pas-
sou a utilizar o programa de re-
negociação de dívidas Desen-
rola Brasil. Os golpistas espa-
lharam links falsos nas redes
sociais para tentar roubar da-
dos pessoais e obter pagamen-
tos dos endividados.
país por meio do preço de peças
de roupa. “Essa é uma compara-
ção que pode ser feita. Um brasi-
leiro que vai para o Chile com-
prar a mesma peça de roupa vai
ver que lá ela é bem mais barata
do que aqui”, diz Guanais.
De acordo com o indicador,
uma calça jeans da Zara vendi-
da aqui por R$ 279 pode ser ad-
quirida no México por R$ 256;
no Chile, por R$ 171; no Uru-
guai, por R$ 240; e no Peru, por
R$ 196. “Não fazemos a análise
na Argentina pela dificuldade
de coleta de dados”, diz.
VANTAGEM MONETÁRIA. Outro
indicador usado para esse tipo
de comparação é o “Big Mac In-
dex”, criado em 1986 pela revis-
ta The Economist. Na edição
mais recente do índice – que
compara os preços do princi-
pal sanduíche do McDonald's
ao redor do mundo –, o brasilei-
ro só não teria mais poder de
compra na América Latina do
que o uruguaio e que, surpreen-
dentemente, o argentino.
A explicação para isso, segun-
do Nobre, da XP, é apenas téc-
nica. “Na análise, o Big Mac In-
dex utiliza apenas a cotação
‘oficial’ do dólar, mas na Argen-
tina há vários tipos de câmbio,
celso.ming@estadao.com
MARCELO CHELLO / ESTADAO-7/5/2022
Você já caiu nesses golpes?
Para evitar cair na mão de vi-
garistas, é inevitável que o con-
tato entre cliente e instituição
financeira seja feito de forma di-
reta, sem intermediários. Além
disso, é preciso reforçar a segu-
rança de smartphones e de e-
mails e não clicar em links rece-
bidos por aplicativos de mensa-
gens, redes sociais e patrocina-
dos em sites de busca. Muito
menos passar dados sigilosos
BRASILEIROS PELA AMÉRICA LATINA
Pelo terceiro ano consecutivo, Buenos Aires, na Argentina, é o destino mais buscado por
brasileiros na hora de viajar
Ranking de destinos mais buscados pelos brasileiros
Em 2021
1º BUENOS AIRES
2º SANTIAGO
3º MONTEVIDÉU
4º LIMA
5º BARILOCHE
6º
7º
8º
9º
CUSCO
CARTAGENA DAS ÍNDIAS
BOGOTÁ
MENDOZA
10º SAN ANDRÉS
11º USHUAIA
12º ASSUNÇÃO
13º SANTA CRUZ DE LA SIERRA
14º CALAMA
15º PUNTA DEL ESTE
o que torna o resultado para o
país enviesado”, diz. No caso
do Uruguai, observa o econo-
mista, a explicação está relacio-
nada ao fato de o país ter uma
economia muito “dolarizada”.
Essa relativa vantagem mo-
netária levou a um forte au-
mento da procura de brasilei-
ros por viagens pela América
Upgrade
A vantagem pode ser ainda
maior com os programas
de fidelidade de hotéis e
de companhias aéreas
Latina depois da pandemia. Le-
vantamento da operadora de
turismo Decolar mostrou um
crescimento de 480% na procu-
ra por viagens para destinos na
região no primeiro semestre
deste ano em comparação com
igual período de 2022.
E a Argentina segue sendo o
em ligações ou mensagens.
Mas não adianta apenas cul-
par o elo mais fraco da cadeia
quando não há, também, empe-
nho dos agentes e do Estado em
fiscalizar e evitar grandes vaza-
mentos de dados, suspender
operações de contas fraudulen-
tas e punir os responsáveis por
facilitar e cometer esses crimes.
Como explica Camila Con-
tri, especialista do Instituto Bra-
sileiro de Defesa do Consumi-
dor, a redução da vulnerabilida-
de dos usuários passa pela regu-
lação das plataformas digitais e
pelo aperfeiçoamento das re-
gras de segurança de dados.
Uma norma aprovada recen-
temente pelo Conselho Monetá-
rio Nacional e pelo Banco Cen-
tral criou um sistema para com-
Em 2022
1º BUENOS AIRES
2º SANTIAGO
3º LIMA
4º MONTEVIDÉU
5º BOGOTÁ
6º
7º
8º
9º
BARILOCHE
MENDOZA
ASSUNÇÃO
CUSCO
10º CARTAGENA DAS ÍNDIAS
11º USHUAIA
12º SANTA CRUZ DE LA SIERRA
13º CÓRDOBA
14º SAN ANDRÉS
15º QUITO
destino mais popular. Pelo ter-
ceiro ano seguido, Buenos Ai-
res é a cidade turística mais
procurada no portal da Deco-
lar. Este ano, Santiago, no Chi-
le, e Bariloche, também na Ar-
gentina, estão em segundo e
terceiro entre os destinos mais
procurados, respectivamente.
PERFIL DE CONSUMO. Segundo
Bob Rossato, vice-presidente
de produtos aéreos da opera-
dora de turismo no País, a me-
lhora do poder de compra dos
brasileiros tem trazido tam-
bém mudanças no perfil de
consumo dos clientes. Com o
dinheiro valendo mais, diz ele,
os turistas brasileiros têm
aproveitado para consumir
itens de maior valor, como
hospedagens em hotéis cinco
estrelas, voos de classe execu-
tiva e idas a restaurantes estre-
lados. “São cidades extrema-
mente seguras, muito perto
do Brasil. Tem lugares que,
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
partilhamento e consulta de da-
dos sobre tentativas de fraudes
identificadas no Sistema Finan-
ceiro Nacional e no Sistema de
Pagamentos Brasileiro. O que
pode dificultar essas ações.
Adriano Volpini, diretor do Co-
mitê de Prevenção a Fraudes da
Febraban, entende que, com es-
sa base de dados, as instituições
poderão identificar de forma
mais eficaz o uso de contas laran-
jas e aplicar as sanções adminis-
trativas para evitar mais golpes.
Mas isso é pouco. Sem que as
autoridades policiais sigam os
rastros do dinheiro e das contas
e contra-ataquem com determi-
nação, esses golpes tendem a
crescer. l / COM PABLO SANTANA
COMENTARISTA DE ECONOMIA
Em 2023
1º BUENOS AIRES
2º SANTIAGO
3º BARILOCHE
4º MONTEVIDÉU
5º LIMA
6º
7º
8º
9º
MENDOZA
BOGOTÁ
CARTAGENA DAS ÍNDIAS
CUSCO
10º SAN ANDRÉS
11º USHUAIA
12º ASSUNÇÃO
13º SANTA CRUZ DE LA SIERRA
14º CÓRDOBA
15º CALAMA
FONTE: DECOLAR / INFOGRÁFICO: ESTADÃO
com R$ 100, você vai comer
muito bem. É muito favorável
para nós”, diz Rossato.
Bernardo Brites, presidente
da fintech Trace Finance, afir-
ma que a melhor forma de apro-
veitar esse cenário de valoriza-
ção do real é se programando
para realizar uma viagem a paí-
ses da região. Ele recomenda
aos viajantes que busquem as
opções de compra de moeda
mais vantajosas, como os car-
tões de conta global e de via-
gem, oferecidos por empresas
como Wise, C6, Western
Union, entre outras. “Nos ban-
cos tradicionais, as taxas de
câmbio para viagens de turis-
mo costumam ser bem mais al-
tas”, diz Brites.
Deve-se olhar ainda os pro-
gramas de fidelidade de redes
de hotéis e das companhias aé-
reas, que podem proporcionar
opções melhores de passagem
e hospedagem, sem precisar de-
sembolsar mais por isso.l

DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Brasil não é, definitiva-
O mente, para principian-
tes. No início do ano,
boa parte dos observa-
dores e analistas atribuíam ao
novo governo uma boa dose de
força política, decorrente da
eleição e de ter sobrevivido
bem aos acontecimentos de 8
de janeiro. Mas viam também
fraqueza do ponto de vista eco-
nômico, já que apontavam co-
mo provável a volta da hetero-
doxia e do fantasma de uma re-
cessão como a que vivemos en-
tre 2014 e 2016.
Passados seis meses, vemos
um governo fraco no Congres-
so, mas forte na economia, com
a consolidação de uma visão
SEG. Luiz Carlos Trabuco Cappi e Henrique Meirelles (revezam quinzenalmente) l TER. Demi Getschko (quinzenalmente) l QUA. Fábio Alves l QUI. Adriana Fernandes l SEX. Elena Landau e Laura Karpuska (revezam quinzenalmente) e Pedro Doria l SAB. Adriana Fernandes
l DOM. José Roberto Mendonça de Barros (quinzenalmente) e Affonso Celso Pastore (quinzenalmente); Paulo Leme (1º domingo do mês), Roberto Rodrigues (2º domingo do mês), Albert Fishlow (3º domingo do mês) e Gustavo Franco (último domingo do mês)
A melhor solução em
Segurança e Serviços
Produção Depreciação acelerada
Ministérios negociam
pacote para renovar
maquinário da indústria
Proposta deve ser
apresentada até
novembro, para valer
em 2024; valores
ainda precisam ser
definidos pela Fazenda
AMANDA PUPO
BRASÍLIA
O Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria, Comércio e
Serviços (Mdic) estuda atual-
mente cinco cenários alternati-
vos para estruturar uma políti-
ca de depreciação acelerada,
ou seja, um incentivo para a in-
dústria renovar seu maquiná-
rio, que seria implementada a
partir de 2024.
Os ministros da Fazenda, Fer-
nando Haddad, e do Desenvol-
vimento, Geraldo Alckmin, esti-
maram um pacote que pode ir
de R$ 3 bilhões a R$ 15 bilhões
no próximo ano. Agora, a Fazen-
da precisa bater o martelo so-
bre o espaço orçamentário que
José Roberto Mendonça de Barros
É bom calibrar o otimismo
surpreendentemente otimista.
Queda consistente da infla-
ção, melhora no desempenho
econômico, aprovação de proje-
tos importantes e evolução na
perspectiva da nota do País fo-
ram os eventos mais relevantes
para entender essa visão mais po-
sitiva que passou a predominar.
Entretanto, é essencial ter
presente que o segundo semes-
tre será bem desafiante. A ativi-
dade econômica deverá desace-
lerar lentamente, especialmen-
te no terceiro trimestre, dadas
as dificuldades do mercado de
crédito para as empresas, eleva-
das pelas cinzentas expectati-
vas quanto ao desenlace do ca-
so Americanas e de outras RJs,
OBSOLESCÊNCIA
Ano de fabricação do maquinário utilizado na
produção industrial
IDADE DAS MÁQUINAS
ATÉ 2,5 ANOS
MAIS DE 2,5 A 5 ANOS
MAIS DE 5 A 7,5 ANOS
MAIS DE 7,5 A 10 ANOS
MAIS DE 10 A 15 ANOS
MAIS DE 15 A 20 ANOS
MAIS DE 20 A 25 ANOS
MAIS DE 25 A 30 ANOS
MAIS DE 30 A 35 ANOS
MAIS DE 35 A 40 ANOS
MAIS DE 40 ANOS
vai separar para o incentivo, en-
quanto o Mdic define a amplitu-
de do programa – que depende
também da margem estabeleci-
da pela equipe econômica.
Como mostrou o Estadão,
boa parte da indústria brasileira
opera com maquinário antigo e
ECONOMIA&NEGÓCIOS
jr.mendonca@mbassociados.com.br
e pelo fraco desempenho da pois, como mostrou recente tra-
manufatura e do comércio.
Também está ficando claro
que o governo não conseguirá
elevar a arrecadação no mon-
balho do Ipea, a alíquota geral
teria de ser superior a 25%, algo
inaceitável pela sociedade.
Dois fatores, por outro la-
do, serão favoráveis a um me-
Será indispensável lhor desempenho na econo-
mia: o promissor início de re-
reduzir a lista de dução da Selic e os programas
exceções criadas na do tipo Desenrola.
reforma tributária No caso dos juros, o efeito so-
bre o crédito de capital de giro só
aprovada na Câmara será significativo daqui a alguns
meses, especialmente no que
tante necessário para zerar o tange às companhias mais endi-
déficit primário em 2024, man- vidadas e às médias e pequenas.
tendo a questão fiscal incerta. Quanto ao Desenrola e ou-
Finalmente, será indispensá- tros, creio que poderão ser um
vel reduzir a lista de exceções sucesso. Boa parte dos brasilei-
criadas na reforma tributária, ros tem familiaridade com pla-
equipamentos com 10 a 15 anos.
Para a pesquisa, foram entrevis-
tados 1.682 executivos. Em ini-
ciativa recente, o governo anun-
ciou programa para renovar a
frota de veículos no País, com a
concessão de bônus tributários
(mais informações na pág. B5).
INCENTIVO. Na prática, a políti-
ca busca incentivar a renova-
ção de equipamentos e maqui-
nário da estrutura produtiva
do País ao antecipar a dedução
tributária que as empresas têm
direito ao investir nesses bens.
O plano do Mdic é anunciar
os detalhes da depreciação ace-
lerada até novembro. Enquan-
to os critérios serão definidos
PORCENTUAL INDICADO PELAS EMPRESAS
por meio de medida provisória,
os recursos destinados à políti-
2% ca precisam estar reservados
7% no Orçamento de 2024 – que o
13% governo precisa propor ao Con-
18% gresso até o fim deste mês.
28% O secretário de Desenvolvi-
14% mento Industrial, Inovação,
6% Comércio e Serviços, Uallace
4% Moreira Lima, afirmou que a
3% pasta fez várias projeções pa-
4% ra a política – mais ampla ou
1% menos ampla, a depender dos
FONTE: CNI / INFOGRÁFICO: ESTADÃO beneficiados. Em qualquer
uma delas, diz o secretário, a
indústria de transformação
com tecnologia defasada, se- será atendida. O governo ain-
gundo levantamento inédito da da avalia o uso da depreciação
Confederação Nacional da In- acelerada por outros setores,
dústria (CNI). Entre as empre- como elétrico, de construção
sas que responderam à pesqui- civil, de transporte e de tele-
sa, apenas 2% têm máquinas comunicações, por exemplo.
com até 2,5 anos de uso. O “Se pegarmos só a indústria
maior porcentual, de 28%, tem de transformação, que vai fa-
B3
taformas e querem renegociar.
Os bancos também querem, in-
clusive para acionar créditos
tributários. O mesmo vale pa-
ra empresas comerciais. O con-
sumidor deverá receber o 13.º
salário numa situação financei-
ra mais leve, podendo até retor-
nar ao consumo.
Dá para continuar otimista,
mas sem comprar o exagero.
*****
Os preços dos combustí-
veis seguem agora uma regra
tipo “la garantia soy yo”, e es-
tão abrindo um rombo nos
moldes do governo Dilma.
O “sucesso” será garantido. l
ECONOMISTA E SÓCIO DA MB ASSOCIADOS
www.gruposouzalima.com
zer investimento em bens de
capital, temos um impacto. Se
incorporar a construção civil, o
setor elétrico, por exemplo, aí
você tem outro impacto. É
uma decisão de política mes-
mo. Só que isso vai ser feito
com base no espaço fiscal que a
Fazenda avaliar que tem para o
próximo ano”, disse Moreira,
sem abrir os dados detalhados
dos cinco cenários.
PEDIDO. Para basear o pleito de
depreciação acelerada ao go-
verno Lula, a Federação das In-
dústrias do Estado de São Pau-
Projeção
Fiesp diz que plano de
R$ 15 bilhões pode gerar
250 mil empregos e
adicionar 0,2 ponto ao PIB
lo (Fiesp) projetou impactos
da medida, também tomando
como base alguns cenários de
valores. Um deles estimou
que, se a política resultar num
investimento de cerca de R$ 15
bilhões pelo setor privado, o
País teria potencial de gerar até
250 mil empregos e adicionar
0,2 ponto porcentual ao resul-
tado do PIB, considerando um
período de dois anos.
“O resultado maior é sobretu-
do sobre a produtividade. É
uma medida de renovação do
parque produtivo”, disse ao Esta-
dão/Broadcast o economista-
chefe da entidade, Igor Rocha. l
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
B4 O ESTADO DE S. PAULO

NOTAS E INFORMAÇÕES listas ouvidos pelo Estadão. No mercado financeiro versa de que os novos ministros – aposta-se nos depu-
circulam projeções ainda mais vultosas para a receita tados federais André Fufuca, do PP, e Silvio Costa
extraordinária, em torno de R$ 130 bilhões. Levantar Filho, do Republicanos – possam se adaptar a qual-

Sem pressa,
com pressão
Lira quer o PP no Ministério. Lula
quer dinheiro para fechar as contas.
Enquanto isso, o tempo voa
governo precisa garantir arrecadação
adicional tão robusto fica ainda mais incerto por de-
pender da aprovação, pelo Congresso, de projetos es-
senciais ao governo.
Além do próprio arcabouço, que retornou à Câma-
ra depois das alterações no Senado, ainda estão pen-
dentes matérias como o voto de qualidade do Carf; a
reforma tributária no Senado; a adaptação tributária
decorrente da retirada dos impostos federais PIS/Co-
fins da base de créditos do ICMS; e medidas a serem
enviadas, como taxação de fundos dos super-ricos e a
segunda etapa da reforma tributária, que trata dos
impostos sobre a renda. E, por fim, a definição do
Orçamento de 2024.
Com a visão pragmática de formar maioria para
aprovação de temas caros ao governo, o presidente
Lula da Silva abriu as portas da Esplanada aos parti-
dos amigos. Na verdade, não amigos, mas dispostos a
colaborar – ainda que, em alguns casos, paramenta-
dos como oposição. Mas, até agora, depois de longa
negociação, a única mudança foi a entrada de Celso
Sabino (União Brasil), aliado do presidente da Câma-
ra, Arthur Lira, no Ministério do Turismo.
quer função. Em sua explicação, Lula da Silva chegou
a ponderar a necessidade de ver “que Estado vai ser
beneficiado”.
Enquanto ele prolonga a indefinição, o líder do
Centrão, Arthur Lira, arrasta a entrada dos temas eco-
nômicos na pauta do plenário da Câmara. Mas jura
que não faz pressão para ver o seu partido, PP, com
assento no Ministério. O fato é que, antes do recesso
parlamentar, havia um acordo informal de discutir na
Câmara, já na primeira semana de agosto, o novo arca-
bouço fiscal modificado pelo Senado. Não aconteceu.
Lira já fala no prazo mínimo de 31 de agosto, mes-
ma data em que o governo precisa mandar sua propos-
ta de Orçamento para 2024 ao Congresso. Em entre-
vista à Globonews, o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, fez uma declaração que alguns poderiam en-
tender como ameaça. “Estamos colocando a decisão
política (de aprovar medidas arrecadatórias) nas mãos
do Congresso”, disse, lembrando que, se não conse-
guir aumentar a receita, terá de “cortar o pobre do
Orçamento de 2024”.
É um jogo engenhoso, esse praticado em Brasília.

O extra de, ao menos, R$ 100 bilhões no

segundo semestre para zerar o déficit
público em 2024, como prevê o projeto
de arcabouço fiscal, avaliaram especia-
“Não tem pressa”, foi a resposta de Lula ao ser
questionado, num programa de rádio, sobre a “minir-
reforma”. O presidente admitiu que ainda não defi-
niu quais cargos vai oferecer, seguindo a lógica trans-
O pior é que a incerteza não acabará mesmo se os
ponteiros para aprovar as medidas forem acertados.
Ainda restará saber, na ponta do lápis, se há mesmo
potencial para chegar aos tais R$ 100 bilhões a mais.l

Trabalho Qualidade de vida organização é chave para não

perder produtividade – ou cair

‘Workation’ é tendência que numa armadilha financeira.

“Não dá para simplesmente
esquecer do trabalho. Tento
sempre estar disponível no ho-

une férias e rotina profissional rário comercial, e aproveitar o

Algumas empresas já
adotam esse modelo
híbrido de trabalho,
e há até hotéis com
pacotes exclusivos
aos seus adeptos
BRUNA KLINGSPIEGEL
E se você pudesse explorar os
sítios arqueológicos de Cuzco
durante o seu horário de almo-
ço? Ou terminar a última reu-
nião do dia e, em seguida, visi-
tar uma praia paradisíaca? Es-
sa é a proposta do “workation”
– termo em inglês que mescla
as palavras “work” (trabalho)
e “vacation” (férias) –, tendên-
cia que consiste em unir traba-
lho e lazer. A prática já é adota-
da no Brasil, e se tornou até
benefício corporativo.
Mas, diferentemente dos nô-
mades digitais, o workation
não é um estilo de vida e as via-
gens são planejadas para serem
temporárias, com data de ida e
volta. O tradutor e intérprete
Luis Reis, por exemplo, é um
dos profissionais que descobri-
ram as maravilhas e os desafios
do trabalho remoto durante a
pandemia, e virou adepto.
Com o lockdown em 2020,
ele passou a trabalhar remota-
mente e, após uma temporada
na casa da irmã no litoral pau-
lista, decidiu vender o aparta-
mento em São Paulo e come-
çar sua jornada como seminô-
made digital, viajando mensal-
mente, mas ainda tendo a capi-
tal paulista como base.
Conheceu o País todo, e des-
Em imagem de arquivo pessoal, Gabriela Maia aparece num coworking de um hotel em Lima, no Peru
cobriu no equilíbrio entre tra-
balho e lazer um modo de vida
profissional mais prazeroso.
Após o término de um namo-
ro, a gerente de liderança e de-
senvolvimento de competên-
cias da Petrobras, Gabriela
Maia, também decidiu reorga-
nizar sua rotina e passou a tra-
balhar remotamente de dife-
rentes lugares do mundo.
Quando a empresa reto-
mou o trabalho híbrido, com
a obrigatoriedade de ir à sede
duas vezes por semana, ela
passou a fazer viagens mais
curtas. Em comum, Reis e Ga-
briela viram a necessidade de
se distanciar da rotina para ex-
pandir suas redes pessoais e
profissionais. “É quando vo-
cê sai da sua zona de conforto
que tem umas viradas de cha-
ve”, diz Gabriela.
Ao trabalhar remotamente
de um local diferente, geral-
mente um destino turístico ou
paradisíaco, os profissionais
podem ter uma rotina menos
cansativa e usar o tempo livre
para explorar e aproveitar o lo-
cal visitado. Apesar de essa
prática parecer um sonho, Reis
diz que não é algo tão simples.
Além da necessidade da flexi-
bilidade do próprio trabalho, a
tempo livre para conhecer a ci-
dade e me divertir”, conta ele.
ARQUIVO PESSOAL/GABRIELA LIMA
SERVIÇOS ADAPTADOS. Essa
mudança de hábitos entre pro-
fissionais após o período mais
agudo da pandemia levou em-
presas e alguns ramos de servi-
ços, como o de hotelaria, a se
reorganizarem para atender
esse novo público.
A rede de hotéis Selina, por
exemplo, adaptou-se ao
“work and play” (trabalhe e se
divirta) e todas as suas unida-
des, hoje, oferecem espaços
de coworking com programas
de workation, combinando
trabalho remoto em horário
comercial com a oferta de ex-
periências turísticas e rodas
de interação entre os hóspe-
des. O objetivo, diz Mónica Or-
doñez, diretora comercial do
Selina, é oferecer um ambien-
te produtivo permitindo que
as pessoas criem comunida-
des e façam amigos durante as
atividades oferecidas.
A CI&T, multinacional brasi-
leira de TI e desenvolvimento
de software, também criou um
programa, o Workation, que
“É quando você sai da proporciona experiências in-
sua zona de conforto ternacionais de até 90 dias aos
que tem umas viradas funcionários, sem prejuízo do
de chave” trabalho. Eles podem usar es-
Gabriela Maia se período para imersões cultu-
Gerente de liderança da rais, aprendizado de idiomas
Petrobras ou estar próximos de familia-
res que moram no exterior.
“O papel da empresa nesse
“Não dá para contexto é apoiar os colabora-
simplesmente esquecer dores, oferecendo orientações
do trabalho. Tento e suporte logístico, além de
sempre estar disponível pensar em como adaptar sua
no horário comercial” rotina de trabalho, consideran-
Luis Reis do o fuso horário, por exem-
Tradutor e intérprete plo”, explica Vinicius Lucas,
head de pessoas da CI&T. l

DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
l Economia Verde l Processo circular
Empresas compram
caminhões e ônibus
velhos para reciclar
Em troca, elas podem utilizar o bônus oferecido
por programa do governo para renovação de frota
CLEIDE SILVA
Caminhoneiro autônomo des-
de os 20 anos, Adeilton Batista
da Silva perdeu vários contra-
tos de entrega de carga por cau-
sa da elevada idade do seu ca-
minhão, fabricado em 1990.
Adquirido há seis anos, o veícu-
lo de 33 anos teve motor, bom-
ba injetora e outras peças subs-
tituídas seis meses após a com-
pra, o que exigiu “um gasto
enorme”, conta. No mês passa-
do, ele recebeu uma proposta
de R$ 45 mil pelo veículo. Acei-
tou, e agora pretende comprar
um modelo 2001. “Será o cami-
nhão mais novo que eu já tive.”
Quanto ao usado, foi vendido
para a empresa Vamos, do gru-
po Simpar, que vai mandá-lo pa-
ra reciclagem com outros 98 veí-
culos de mais de duas décadas
que está adquirindo. A condição
para ter direito ao bônus é justa-
mente enviar para reciclagem
um usado com mais de 20 anos.
Com isso, a empresa, que atua
na revenda e na locação de cami-
nhões, terá direito a desconto de
R$ 33,6 mil a R$ 80,3 mil na com-
pra de modelos zero, conforme
prevê o programa de renovação
da frota do governo federal.
Descontos
Para caminhões, bônus
vão de R$ 33,6 mil a
R$ 80,3 mil; para ônibus,
chegam a R$ 99,4 mil
O programa foi lançado pelo
Ministério do Desenvolvimen-
to, Indústria, Comércio e Servi-
ços (Mdic) em 5 de junho, e
incluía carros de passeio até
R$ 120 mil (com descontos de
R$ 2 mil a R$ 8 mil), ônibus e
caminhões. A verba divulgada
para os automóveis era de R$
800 milhões, mas quase 20%
ficaram nos cofres do governo
para compensar a perda de ar-
recadação com o incentivo. A
verba acabou em um mês.
Para caminhões, o governo
destinou R$ 700 milhões, além
de R$ 300 milhões para ôni-
bus. Porém, segundo o ministé-
rio, até o momento apenas R$
NEGÓCIOS B5
TABA BENEDICTO/ESTADÃO
Pátio da Vamos; empresa tem cerca de 100 unidades para sucatear
100 milhões foram requisita- zantur, empresa que atua no ro equivale aos pedidos de ôni-
dos pelas fabricantes de cami- Crédito
transporte rodoviário em cida- bus novos já encaminhados às
nhões. Para ônibus, foram pedi- des do ABC paulista. montadoras Mercedes-Benz
dos R$ 150 milhões até o mo- Segundo Claudinei Broglia- (110), Scania (20) e Volvo
mento, e outros R$ 10 milhões R$ 700 mi é a ver- to, presidente da empresa, já (20). A Suzantur tem 510 ôni-
aguardam aprovação do Mdic. ba destinada para renova- foram adquiridos 40 ônibus bus com idade média de cinco
Nesse segmento, os descontos ção da frota de caminhões com idades entre 20 e 25 anos anos. Desses, 90 serão substi-
variam de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 que não tinham mais condi- tuídos após a compra do novo
mil. O programa tem validade R$ 100 mi foi o ções de transportar passagei- lote e 60 farão parte da amplia-
até o início de outubro. volume requisitado até ros. Eles estavam encostados ção da frota.
agora pelas fabricantes ou operando em pequenas ci- De acordo com a Mercedes-
BAIXA PROCURA. Segundo o dades no interior de vários Es- Benz, um ônibus fabricado na
Mdic, a baixa procura foi moti- R$ 300 mi é o volu- tados. “Vamos chegar a 150 veí- década de 90 emite óxido de
vada por entraves relativos à me destinado a ônibus, dos culos que serão retirados de nitrogênio equivalente a 55 veí-
quantidade e capacidade das re- quais a metade foi pedida circulação”, informa. O núme- culos mais modernos. l
cicladoras para receberem os
veículos velhos. Também ha-
via dificuldades para a baixa
dos documentos pelos De-
trans, mas no dia 31 de julho o
Conselho Nacional de Trânsi-
to (Contran) divulgou delibera-
ção simplificando o processo.
“O Brasil tem uma frota de
cerca de 3,5 milhões de cami-
nhões em circulação, sendo
que 40% pertencem a autôno-
mos, e a maioria tem mais de
20 anos”, informa o CEO da
Vamos, Gustavo Couto.
Os caminhões adquiridos pe-
la empresa têm entre 28 e 53
anos, pelos quais foram pagos
de R$ 30 mil a R$ 50 mil, diz
Couto. A empresa precisa dar
baixa dos registros nos órgãos
de trânsito e depois enviá-los
para desmanches cadastrados
pelos Detrans. Esses, por sua
vez, têm de entregar um relató-
rio da destinação correta de ca-
da componente reaproveitado
na reciclagem.
Com o “atestado de óbito”
do caminhão em mãos, a Va-
mos poderá receber os bônus
da montadora que fornecer o
veículo novo. Segundo Couto,
os veículos fabricados com o
selo Euro 6 poluem 30% me-
nos e são 30% mais econômi-
cos em relação a modelos na
faixa de 20 anos.
“Focamos a busca em locais
de aglomeração desse tipo de veí- FAÇ A S UA R E S E RVA ! 12 3132-3555
culo, como portos de São Paulo
e do Rio de Janeiro”, diz o CEO Localizado a apenas duas horas de São Paulo,
o Hotel & Golfe Clube dos 500 combina
da Vamos. Entre as aquisições, o arte, bom gosto e hospedagem.
modelo mais velho, um Scania,
operava no Porto de Santos.
ÔNIBUS. Outra grande aquisi-
ção, neste caso de ônibus ve-
lhos, está sendo feita pela Su-
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
B6 O ESTADO DE S. PAULO

Coluna do
ALTAMIRO SILVA JUNIOR, CYNTHIA DECLOEDT, ALINE BRONZATI E
WILIAN MIRON / GABRIEL BALDOCCHI (edição)
TWITTER: @COLUNADOBROAD
EMAIL: COLUNABROADCAST@ESTADAO.COM

Broadcast
Oferta de privatização da RETORNO PARA CASA SOBE
Copel atrai estrangeiros e FERNANDO BIZERRA/AGÊNCIA SENADO-9/11/2019
Grandes empresas elevam
investimento em startups
soma R$ 10 bi em demanda CARLOS BARRIA/REUTERS-7/7/2023

poucos dias de sua privatização, a Compa-

A nhia Paranaense de Energia (Copel) continua

a atrair investidores para sua oferta bilioná-
ria de ações. A demanda para participar da
operação se aproxima dos R$ 10 bilhões, o dobro do
tamanho original da transação, apurou a Coluna. A
expectativa é de que o interesse cresça ainda mais, As áreas de Corpora-
pois muitos investidores deixam para colocar suas te Venture Capital,
ordens nos momentos finais. O preço de venda da fundos de grandes
ação está previsto para ser definido na próxima ter- empresas para investimento
em startups, aportaram R$
ça-feira. Nesta segunda-feira, às 17h, acaba o prazo 680 milhões no segundo tri-
para a reserva dos papéis. Parte da demanda tem vin- mestre, alta de 209% sobre o
do de investidores estrangeiros, com os quais os ban- Após deixar o cargo no BB na gestão Bolsonaro por causa de um primeiro trimestre, segundo
cos coordenadores já conversam há alguns meses. comercial, ex-diretor vai presidir filial do banco nos Estados Unidos a Associação Brasileira de
Private Equity e Venture Ca-
pital (ABVCap) e a consulto-
ria TTR Data. Foram 25 roda-
Gestoras GQG e Zimmer vão entrar l DE VOLTA. O ex-diretor de l APERTADO. Em meio ao esgo- das de investimento após 11
A gestora norte-americana GQG se comprometeu a Marketing e Comunicação do tamento em sua rede de distri- no trimestre anterior.
Banco do Brasil Delano Valen- buição no norte de Minas Ge-
levar US$ 100 milhões das ações oferecidas. Outra tim deu a volta por cima. Após rais, a Cemig tem recomenda-
gestora dos Estados Unidos que entrará é a Zimmer, ter saído do cargo na gestão do do que operadores de fazendas DESCE
que investe em petróleo, energia e saneamento e ex-presidente Jair Bolsonaro, solares com até 5 megawatts
tem ações de Duke Energy e Eletrobras. ele foi indicado para comandar (MW) busquem outras áreas Preço do diesel acumula
a filial do banco nos Estados do Estado para desenvolver redução de 21,8% no ano
Unidos, o BB Americas. projetos ou que adotem siste- DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-19/5/2019
mas de armazenamento em ba-
Mapeamento prévio mostrou apetite terias para injetar energia so-
A maior parte da demanda, por enquanto, é de inves- l TRÂMITES. Atualmente, Valen- mente entre 19h e 5h.
tidores locais. Ainda entre as gestoras que deram or- tim é vice-presidente do banco
argentino Patagônia, controla-
dens, fontes citam a carioca SPX. Antes de a opera- do pelo BB, com 80,39% das l EM CARTAS. O Operador Na-
ção ir a mercado, os bancos fizeram um mapeamen- ações. Faltam apenas os trâmi- cional do Sistema Elétrico
to do interesse dos investidores e constataram que tes de governança do BB Ameri- (ONS) divulgou nota técnica
havia apetite para todos os papéis. cas para que seja empossado. que alertava para o esgotamen-
to da capacidade da rede em O preço do óleo die-
algumas regiões do Estado. O sel S10, o mais con-
l NOVA CARA. Em 2019, o execu- parecer embasou cartas que a sumido por ser me-
l MODELO. A Copel vai vender l VALORES. O preço de referên- tivo era diretor de marketing distribuidora enviou aos gera- nos poluente, caiu 1,3% em
inicialmente 549 milhões de cia é de R$ 7,85 por ação. Se- do BB e renunciou ao cargo dores de energia solar desauto- julho, para R$ 5,09 o litro, e
ações ordinárias (com direito gundo fontes, os bancos po- após um comercial sobre jo- rizando o envio de energia nos acumula queda de 21,8% no
a voto). O recurso da distribui- dem tentar vender a ação da vens e diversidade. A peça de- períodos de sobrecarga. ano, segundo levantamento
ção primária de 229,9 milhões Copel na casa dos R$ 8,00. Na sagradou Bolsonaro e foi reti- do Veloe, hub de mobilida-
de ações pagará a renovação da Bolsa, o papel foi negociado a rada do ar. Valentim, funcioná- de e gestão de frotas, em
concessão da hidrelétrica. O R$ 8,63 na sexta-feira. A oferta rio de carreira do BB, foi o res- l AUMENTOU. A Cemig diz que o parceria com a Fipe. A
Estado do Paraná venderá 319 é coordenada por BTG Pactual ponsável pela peça publicitá- número de pedidos de cone- maior diminuição, de 4,1%,
milhões de ações. A oferta, esti- – o líder da transação –, Itaú ria. Agora, ao contrário da ges- xão desses sistemas cresceu ra- foi em Florianópolis. Nos
mada em R$ 5 bilhões, deve ser BBA, UBS BB, Bradesco BBI e tão anterior, diversidade é pa- pidamente. Passou de 55 mil últimos 12 meses, a redução
uma das maiores do ano. Morgan Stanley. lavra de ordem no banco. em 2019 para 160 mil em 2022. do preço chegou a 33,2%.

ALTO ESCALÃO Luana Pavani E-mail: luana.pavani@estadao.com

MARISA. Nomeou Daniel Char-
leaux diretor comercial.
CITROSUCO. O novo CFO é
Alessandro Gregori (ex-AES).
EDENRED. Alexandre Rappa-
port (ex-CashMe) responde
pela Ticket como diretor-geral
da Ticket.
NESTLÉ. Promoveu Rachel
Muller a VP de operações para
América Latina.
BAYER. Erica Barbagalo assu-
me como vice-presidente de
RH Brasil e para o Negócio
Agro América Latina. Em seu
lugar, como vice-presidente
de Jurídico, sobe Andrea Gar-
cia.
DB SCHENKER. Roberto More-
no torna-se CEO América Lati-
na, e Luís Marques, CEO Bra-
sil, agrega Argentina.
BANCO FIBRA. Contratou Gus-
tavo Deamo (ex-Liber) como
diretor de Produtos, Marke-
ting e Canais Digitais.
RIMINI STREET. O novo vice-
presidente para América Lati-
na para Service Delivery é
Eneas Bernardo (ex-Deloi-
tte).
OMRON. Fernanda Villalobos
(ex-BD) assume como direto-
ra-geral no Brasil, sucedendo a
Wanderley Cunha.
BS2. Giuseppe Paternostro Ne-
to foi promovido a diretor exe-
cutivo de Crédito.
VERACEL CELULOSE. Luiz Ta-
pia é agora diretor de Sustenta-
bilidade e Relações Corporati-
vas.
MSD BRASIL. O novo diretor
executivo de Relações Governa-
mentais é Rodrigo Cruz. Já na
MSD Saúde Animal, Juliana
Crema (ex-EYP) entra como di-
3M
retora de Estratégia e Inovação.
BAIN & COMPANY. Carolina
Contador foi promovida a vi-
ce-presidente Talent and Busi-
ness Operations.
MAPFRE. Trouxe Hugo Assis
(ex-Accenture) para diretor-
geral de planejamento estra-
tégico e transformação.
BULLLA. Mauro Gomide (ex-
Cielo) é o novo diretor de Tec-
Adriana Nascimento nologia e Inovação.
3M do Brasil
Assume como diretora-presidente JAMEF. Paulo Nogueirão volta,
e mantém o cargo de VP de como diretor Comercial e
Consumo na América Latina Marketing. l
O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023 ECONOMIA&NEGÓCIOS B7
B8
Mercado Hora da mudança
Trabalhador precisa se preparar
para momento de pedir demissão
Especialistas dizem que sair da empresa sem ‘bater a porta’ – deixando claro
os motivos da decisão – evita que o profissional fique com sua reputação manchada
JAYANNE RODRIGUES
Sair do emprego e “deixar as
portas abertas” é a melhor al-
ternativa para os profissio-
nais. As razões da transferên-
cia podem ser variadas – uma
nova proposta, questões pes-
soais ou para escapar de um
ambiente tóxico. Mesmo com
raiva ou mágoa, o importante é
não se exceder ao trocar de em-
presa, porque isso pode man-
char sua reputação profissio-
nal. Como fazer essa mudança
numa boa?
O Estadão consultou Pau-
la Boarin, mentora de carrei-
ras, e Luciano Santos, espe-
cialista em carreira e educa-
ção corporativa, que passa-
GERENTE DE PROGRAMAÇÃO
E OPERAÇÕES
Noções de: Grade de programa-
ção e controle de edição; Suporte
produção, coordenação de tarefas
dos setores coligados; Acompa-
nhamento de contratos c/ produ-
tores e conhecimento de mídias
digitais; Canal de TV Assinatura;
Local de trabalho; Jardins / Con-
tratação regime de PJ - CV p/
eduardobluetv@yahoo.com
GERENTE TÉC. CANAL DE TV
Responsável pela transmissão dos
canais, almoxarifado, manut. equi-
pamentos do canal, gravações e
estúdio. Responsável pela boa
qualidade da imagem, identifican-
do origem de eventuais erros e
demais funções pertinentes ao
canal. Experiência + 01 ano em
televisão – Regime Contratação: PJ
– Região dos Jardins – CV para
eduardobluetv@yahoo.com
MECÂNICO DE
REFRIGERAÇÃO
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médio (noturno ) ou formado, co-
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cluído, Inglês Básico, Pacote Offi-
ce intermediário/avançado, A par-
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Ter disponibilidade para trabalhar
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Formado no Ensino Médio, Residir
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cacapava-v10
CARREIRAS&EMPREGOS
ram dicas para fazer essa tran-
sição da melhor maneira, dei-
xando as portas abertas no
emprego anterior.
Segundo Paula, às vezes a
vontade de sair do trabalho é
grande, mas a pessoa não tem
condições no momento. “Acre-
dito que temos uma visão ro-
mântica sobre o trabalho. Isso
nos frustra quando nos depara-
mos com o cenário real. E te-
mos na sociedade um ideal de
felicidade atrelado ao traba-
lho”, diz Paula. Não precisa ser
assim, segundo ela. As pessoas
necessitam reavaliar a manei-
ra como enxergam a importân-
cia e a centralidade do traba-
lho na vida, diz ela.
Um exercício para mudar es-
sa mentalidade é ver o ofício
ESTÁGIO EM COMPRAS ESTÁGIO EM ECONOMIA
Ter disponibilidade para estagiar Estar cursando graduação em
das 8:00 às 14:30, Estudantes do Economia a partir do 6° semestre
Ensino Superior em Administração
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Conhecimento no Pacote Office
(principalmente Excel e Power po-
para Dezembro de 2024, Estu- int): Avançado Conhecimento em
dantes do Ensino Superior em Co- Power BI, Conhecimento em R De-
mércio Exterior - Previsão de for- sejável. Das 09:00 às 15:00, São
mação mínima para Dezembro de Paulo - SP. A combinar. Bolsa au-
2024 Estudantes do Ensino Su- xílio compatível com o mercado,
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Plano de Saúde, Seguro de Vida,
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Ter disponibilidade para estagiar
pass, Convênio com Farmácia, Ho-
das 8:00 às 14:30, Estudantes do me Office às Sextas. https://ciee-
Ensino Superior em Administração
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para Dezembro de 2024, Estu- ria-quimica-v1
dantes do Ensino Superior em Co-
mércio Exterior - Previsão de for- ESTÁGIO EM RH
mação mínima para Dezembro de
Estudantes cursando administra-
2024 Estudantes do Ensino Su- ção. A partir do 3° semestre. Das
perior em Engenharia de Produ-
10:00 às 17:00. Santa Bárbara
ção - Previsão de formação míni-
ma para Dezembro de 2024, Es-
tudantes do Ensino Superior em
D’Oeste - São Paulo. De R$1,350.
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feição no local, Cesta básica.
Relações Internacionais - Previsão https://ciee-vagas.taqe.com.br/
de formação mínima para Dezem-
ciee/industrias-romi-estagio-em-
bro de 2024, Residir em Campi- recursos-humanos-v1
nas ou proximidades. R$ 1,100.
00, Vale Transporte, Seguro de Vi-
ESTÁGIO EM VENDAS
da, Possibilidade de Efetivação. Ter disponibilidade para estagiar
https://ciee-vagas.taqe.com.br/
das 13:00 às 19:00, Cursar Ensi-
ciee/recycleware-estagio-em- no Superior em Marketing - Previ-
compras-campinas-v1?utm_sour-
são de formação mínima para de-
ce=paineldevagas&utm_medi- zembro de 2024, Cursar Ensino
um=onecieelp
Superior em Administração - Pre-
visão de formação mínima para
ESTÁGIO EM
DESENVOLVIMENTO dezembro de 2024, Cursar Ensino
Superior em Economia - Previsão
Ensino superior cursando Enge-
nharia de Alimentos, Biologia ou de formação mínima para dezem-
bro de 2024, Cursar Ensino Supe-
química. Formação prevista entre
Jun/2024 e Dez/2025. Inglês e rior em Engenharia de Produção -
Espanhol Intermediário (diferenci- Previsão de formação mínima pa-
al). Pacote Office básico. Residir em
Campinas ou região. Das 09:00 às
ra dezembro de 2024, Cursar En-
sino Superior em Publicidade e
16:00. Campinas - SP. R$ 2,200.
00, Vale Transporte (R$400,00 em
Propaganda - Previsão de forma-
ção mínima para dezembro de
dinheiro), Vale Refeição (R$400,00
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2024, Possuir conhecimento
avançado no Inglês Ter fácil aces-
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partir de 06/2024, Conhecimento
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direito-trabalhista
,QVFULo}HVJUDWXLWDVHLQIRUPDo}HV
7HO
2FXVWRpGHXPDOLJDomRORFDOHPTXDOTXHUUHJLmRGR3DtVPHVPRTXHVROLFLWHR'''
VLWHZZZFLHHRUJEURXQDXQLGDGH&,((PDLVSUy[LPD
LQIRUPDQGRRFyGLJRGDYDJD
como um local para a execução
de tarefas, convivência com co-
legas e garantir o sustento.
Para Santos, outro recurso
é focar no comprometimento
profissional. “Não avacalhe,
complete suas tarefas, não dei-
xe ninguém na mão e seja tão
profissional nos seus últimos
dias de trabalho quanto foi no
primeiro”, afirma ele. Para o
especialista, sair “queimado”
de uma empresa traz danos
no curto e no longo prazos pa-
ra a imagem profissional. “Em-
presas são compostas por pes-
soas e, assim como na vida pes-
soal, elas contam as histórias
que elas observaram.”
MOMENTO IDEAL. Sempre há a
dúvida se existe um momento
ESTÁGIO NO COMERCIAL
Ter disponibilidade para estagiar
das 8:00 às 15:00. Estudantes do
Ensino Superior em Administração
- Previsão de formação mínima
para Dezembro de 2024, Estu-
dantes do Ensino Superior em
Contabilidade - Previsão de for-
mação mínima para Dezembro de
2024, Estudantes do Ensino Su-
perior em Marketing - Previsão de
formação mínima para Dezembro
de 2024, Residir em Vinhedo ou
proximidades. R$ 1,000.00, Vale
Transporte, Seguro de Vida, Bonifi-
cação por desempenho. https://
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safe-estagio-no-comercial-vinhe-
do-v1?utm_source=paineldeva-
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ESTÁGIO NO COMERCIAL
Ter disponibilidade para estagiar
das 8:00 às 15:00. Estudantes do
Ensino Superior em Administração
- Previsão de formação mínima
para Dezembro de 2024, Estu-
dantes do Ensino Superior em
Contabilidade - Previsão de for-
mação mínima para Dezembro de
2024, Estudantes do Ensino Su-
perior em Marketing - Previsão de
formação mínima para Dezembro
de 2024, Residir em Vinhedo ou
proximidades. R$ 1,000.00, Vale
Transporte, Seguro de Vida, Bonifi-
cação por desempenho. https://
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ESTÁGIO PARA PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA
Estudante de Psicologia. A partir do
2º semestre do curso. PCD Vaga
destinadas apenas para pessoas
com deficiência Auditiva, Física,
Visual, Intelectual, Reabilitado. 20
horas Semanais. 2 folgas Sema-
nais. R$ 1,100.00, Vale transpor-
te R$ 239,80, Possibilidade de
prorrogação. https://ciee-vagas.
taqe.com.br/ciee/sintonia-servi-
cos-em-psicologia-estagio-para-
pessoas-com-deficiencia-campi-
nas-v1
ESTÁGIO TÉCNICO EM
QUÍMICA
Ter disponibilidade para estagiar
das 8:00 às 15:00, Estudantes do
Técnico em Química - Formação
mínima para Junho de 2024, Re-
sidir em Sumaré ou cidades próxi-
mas: Hortolândia, Campinas, No-
va Odessa e Americana. Sumaré ou
cidades próximas: Hortolândia,
Campinas, Nova Odessa e Ameri-
cana - SP. R$ 1,063.00, Vale
Transporte ou Fretado, Refeitório
Local, Assistência Médica, Assis-
tência Odontológica, Gympass,
Programa de Desenvolvimento.
https://ciee-vagas.taqe.com.br/
ciee/ppg-estagio-tecnico-em-qui-
mica-sumare-v2?utm_sour-
ce=paineldevagas&utm_medi-
um=onecieelp
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
Para anunciar: O ESTADO DE S. PAULO
(11) 3855-2001
certo para buscar um novo em-
prego. Essa resposta não preci-
sa ser imediata. Um bom ponto
de partida é fazer uma lista do
que você busca em um trabalho,
sugere Santos. Pergunte-se: vo-
cê está disposto a abrir mão de
um bom salário? Quais são suas
expectativas em relação à lide-
rança? Qual é a sua prioridade
atual na carreira: reconhecimen-
to, crescimento, estabilidade fi-
nanceira ou um ambiente psico-
logicamente seguro?
AMBIENTE RUIM. Paula enfati-
Fique atento
za a importância de prestar
atenção a alguns sinais. Se você
não se sente feliz, não aprende,
l Avise antes não cresce e não se sente res-
Sempre comunique que pre- peitado, mesmo após tentar
tende sair aos superiores. corrigir essas questões, é hora
Essa é a melhor forma de de considerar a mudança. An-
evitar ressentimentos tes de optar por uma transição,
tente resolver os pontos que o
l Passado é importante incomodam no trabalho atual.
Como o mercado é dinâmi- “Problemas são comuns em to-
co, uma saída repentina po- das as empresas”, diz a especia-
de acarretar problemas quan- lista. Se não compreender isso,
do alguém pedir referências o profissional corre o risco de
se depara com o mesmo proble-
l Só pessoalmente ma no novo emprego.
Comunicado por WhatsApp Em caso de um ambiente
ou e-mail não é indicado. O tóxico, Paula diz que isso deve
ideal é contatar o chefe e ser informado no momento da
dizer de maneira clara saída. “Não tem mistério. É ser
que pretende sair sucinto e anunciar a decisão.” l
FAMAR - APRENDIZ
Ter de 16 a 21 anos. Ensino Mé- ÌëîêÝè
dio completo ou cursando em pe-
ríodo noturno. Residir em Marília -
SP. Conhecimento de Pacote Offi- ÆåãåðÝè
ce. Das 08:00 às 14:00. Marília -
SP. De R$771.00 até R$854.00,
Vale Transporte, Vale Alimentação
de 12,00 por dia útil, Seguro de
Vida. https://ciee-vagas.taqe.
com.br/ciee/famar-aprendiz-ma-
rilia-v1
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
Estudantes que estejam cursando
ou formando no Ensino Médio.
Idade: 18 à 22 anos (idade máxi-
ma não se aplica para candidatos
com deficiência). Não ter atuado
como Jovem Aprendiz nos arcos
Administrativo ou Bancário. Dispo-
nibilidade para trabalhar 6 horas
diárias (segunda à sexta - 08h00
às 14h00 ou 09h00 às 15h00).
Residir em Bauru-SP ou proximi-
dades. 30 horas Semanais. 2 fol-
gas Semanais. Bauru - SP. R$
1,188.00, Vale Transporte, Vale
Refeição, Assistência Odontológi-
ca, Assistência Médica. https://ci-
ee-vagas.taqe.com.br/ciee/apren-
diz-instituicao-financeira-bauru-
sp-v1
PROGRAMA DE ESTAGIO
Estar dentro de um dos pilares da
Diversidade; Ensino superior, téc-
nico ou tecnólogo cursando; Dis-
ponibilidade para trabalho em
modelo híbrido – Localidade Al-
phaville/Barueri. PCD. Vaga desti-
nadas também para pessoas com
deficiência. A combinar. Alphavil-
le/Barueri - SP. R$ 2,000.00 lelo
Alimentação/Refeição: R$1.
800,00, Vale Transporte, Ajuda de
custo home office: R$100,00,
Ônibus da empresa/Fretado, Auxí-
lio Creche ou Babá Alelo Cultura,
Assistência médica, Assistência
Odontológica, Estacionamento,
Gympass, Seguro de Vida, Alelo
Natal, E-pharma, Possibilidade de
efetivação, Possibilidade de pror- Ã ëìŖƾë àá èáî ë åéìîáïïë
áé âëîéÝðë àåãåðÝèåöÝàë ż
rogação. https://ciee-vagas.taqe.
com.br/ciee/alelo-veloe-e-pede-
pronto-programa-de-estagio-so-
éÝîÝòåèäëïÝ ìÝîÝ éåé
mente-talentos-da-diversidade-v1
RODOBENS - APRENDIZ
Ter disponibilidade para trabalhar: íñá ãëïðë àÝ ëîãÝêåöÝŖƾë
De segunda a sexta-feira, 8h as
15h, com 1h de almoço. Ensino áé ìźãåêÝï á ßÝàáîêëï
Médio cursando ou completo. Ter
entre 16 e 22 anos. Conhecimen- éÝï ßëé Ý ìîÝðåßåàÝàá àë
éñêàë àåãåðÝè
to em Excel será um diferencial. Das
08:00 às 15:00. São José do Rio
Preto - SP. Das 08:00 às 15:00,
Vale Transport, Assistência Médi-
ÃàîåÝêÝ ÈáîêÝêàáï ßëèñêåïðÝ á îáìƀîðáî àë ÇïðÝàƾë
ca, Possibilidade de efetivação,
Assistência Odontológica, Seguro
de Vida. https://ciee-vagas.taqe. ÃÅÇÕÕÇ Ñ ÌÑÔÐÃÎ ÆËÉËÖÃÎ
com.br/ciee/rodobens-vaga-de-
jovem-aprendiz-para-sao-jose-do-
rio-preto-sp-v1
SHINAGAVA - ESTAGIO EM
‘ØÇÏ
ADM
Ensino Superior cursando em: Ad-
ministração ou Logística Forma-
ção prevista a partir de Jun/2024. ÒÇÐÕÃÔ
Residir em: Campinas, Vinhedo,
Valinhos ou Louveira. Das 08:00 às ÅÑÏ
15:00. Campinas - SP e região. De
R$1,340.00 até R$1,800.00, Va-
à ÉÇÐÖÇ
le Transporte, Vale Alimentação,
Assistência Médica. https://ciee-
vagas.taqe.com.br/ciee/shinaga-
wa-estagio-afirmativo-para-pesso-
as-pretas-e-pardas-v1
ÃËÐÆà ÐƭÑ ŭ ÃÕÕËÐÃÐÖÇ ÎËÉ×Ç $ ## ""
 OPORTUNIDADES&LEILÕES B9
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO Para anunciar:
(11) 3855-2001

Empreendedorismo PME

Só faturamento não garante negócio rentável

Segundo especialistas, empreendedor deve ter planejamento para separar a conta
bancária pessoal da conta da empresa e não comprometer o lucro final do negócio

que o faturamento anual de sempre importante lembrar as operações, há prejuízo, po-

FELIPE SIQUEIRA um pequeno empreendedor De olho nos gastos
que existe a possibilidade de de ser que fechando uma das
chega a R$ 10 milhões, signifi- aumentar vendas e lucrar me- unidades já consiga reverter es-
Um faturamento anual de R$ ca que as vendas atingiram es- nos. Principalmente se forem se cenário. Agora, se não tiver
10 milhões indica que uma em- se patamar, e esse foi o dinhei- l Faça as contas dados muitos descontos”, na “ponta do lápis” todo esse
presa está bem? Não é possível ro que entrou, mas não o que É comum o empreendedor contextualiza. controle, não vai conseguir re-
responder a essa pergunta só sobrou. “Ele é muito importan- de primeira viagem confun- solver esse tipo de problema.
com essa informação, e quem te, precisa existir. Mas não é o dir os conceitos de fatura- PRECAUÇÕES. Uma empresa
for investir num negócio preci- único a ser avaliado”, explica a mento e de lucro pode, sim, quebrar mesmo RISCO DA EXPANSÃO. É co-
sa prestar atenção a isso. Pode consultora de negócios do Se- tendo um faturamento alto. O mum, segundo Leidiane, o em-
parecer óbvio, mas muita gen- brae-SP Leidiane Lima. l O que sobra planejamento é essencial para preendedor começar a expan-
te confunde faturamento com Isso porque, após o fatura- É preciso lembrar que, com evitar que isso aconteça. E ele dir as operações por conta de
lucro. E existe uma distinção mento, será preciso pagar con- o dinheiro do faturamento, passa por dois tópicos essen- receitas e demanda altas.
essencial entre os dois. Não en- tas de consumo, como água, é preciso pagar contas ciais. No entanto, é necessário
tender isso pode levar a empre- luz, telefone, internet, além de de consumo, além O primeiro é separar as con- avaliar com calma os próxi-
sa à falência. impostos, embalagens (se for de impostos, funcionários tas física e jurídica. De acordo mos passos. Isso porque, quan-
Simplificando, faturamen- o caso de um produto para en- e fornecedores. Só depois com a especialista do Sebrae- do se aumenta o faturamento,
to é o resultado de vendas da trega), funcionários, fornece- disso vem o lucro SP, Um dos maiores erros dos não é só isso que cresce: impos-
empresa. Lucro é o que sobra dores, entre outros custos. Só empreendedores, especial- tos e custos com embalagens
depois de pagar todos os gas- depois de tudo isso será possí- mente dos iniciantes, é não sa- também vão ter impacto.
tos. A empresa precisa de fatu- vel saber se houve lucro ou pre- mum que as pessoas façam es- ber distinguir o que fica com o Além disso, se a estrutura
ramento para pagar funcioná- juízo. “O que move a empresa sa confusão entre esses dois dono e o que é para a empresa. aumentar, gastos com funcio-
rios, contas, aluguel e todos é a lucratividade”, resume a conceitos. “O empreendedor Isso pode acabar atrapalhando nários, aluguel e consumo
os outros custos. consultora. costuma se apegar excessiva- tanto o CPF quanto o CNPJ. também correm risco de dis-
Portanto, quando se fala Ela explica que é muito co- mente ao faturamento. Mas é Se, no final, somando todas parar. l

/(,/¸(6
$7(1ª¦23$5$$&2035$(0/(,/¸(626,17(5(66$'26'(9(5¦22%5,*$725,$0(17((67$5(05(*8/$5,'$'(),6&$/3(5$17($5(&(,7$)('(5$/

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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023 CLASSIFICADOS B11
B12
LINK
Inteligência artificial Efeito no mercado
IA já é ameaça
real a postos
de trabalho
em diferentes
atividades
Nos EUA, uso da tecnologia tira o
emprego de pessoas em áreas como a
de atendente de call centers; avanço é
tema de debate no Congresso americano
THE NEW YORK TIMES
“Essa coisa de IA está ficando
muito louca.”
As vozes de Charlamagne
Tha God, apresentador do pro-
grama de rádio The Breakfast
Club, e de suas convidadas
Mandii B e WeezyWTF preen-
chiam o carro de Ylonda Sher-
rod enquanto ela fazia seu ca-
minho diário pela Interesta-
dual 10, no Mississippi. O te-
ma do programa de rádio favo-
rito dela naquele dia era inteli-
gência artificial (IA), mais es-
pecificamente uma amostra
gerada por meio de IA da voz
do rapper conhecido como Big-
gie, já falecido.
Cortes anunciados
O BT Group avisou que
vai eliminar até 55 mil
postos até 2030, para
usar cada vez mais a IA
“Sonoramente, parece le-
gal”, disse Charlamagne Tha
God. “Mas não tem alma.”
Então WeezyWTF respon-
deu: “Algumas pessoas chega-
ram a me perguntar se eu subs-
tituiria aqueles que trabalham
para mim pela IA. Não, cara”.
Ylonda concordou enfatica-
mente com a cabeça enquanto
passava de carro em frente às
casas de tijolinhos e lanchone-
tes. Ela chegou à central de
atendimento da empresa de te-
lecomunicações AT&T, onde
trabalha, sentindo um certo in-
cômodo. Então falou da con-
versa que escutou no rádio so-
bre IA para um colega.
“Sim, isso é loucura”, ele res-
pondeu. “E quanto a nós?”
Como muitos milhões de tra-
balhadores americanos, os cer-
ca de 230 atendentes do call
center da AT&T, na cidade de
Ocean Springs, Mississippi, vi-
ram a IA surgir de forma veloz
no ano passado.
Do nada, os funcionários do
serviço de atendimento ao
cliente não estavam fazendo
suas próprias anotações duran-
te as ligações. Em vez disso,
uma ferramenta de IA gerava
uma transcrição, que poderia
ser verificada pelos gestores
posteriormente. A tecnologia
de IA estava dando sugestões
de o que dizer aos clientes. E
os consumidores também esta-
vam sendo atendidos em parte
pelos sistemas automatiza-
dos, que resolviam questões
simples e transferiam as com-
plicadas para os atendentes hu-
manos.
SINDICATO. Ylonda, 38, que é vi-
ce-presidente do sindicato lo-
cal de funcionários de centrais
de atendimento ao cliente, par-
te do Communications
Workers of America, o maior
sindicato de comunicação e mí-
dia dos EUA, começou a fazer
perguntas aos gerentes da
AT&T. “Se não falarmos disso,
talvez minha família seja preju-
dicada”, disse ela. “Vou perder
meu emprego?”
Nos últimos meses, o
ChatGPT passou a estar pre-
sente em tribunais, salas de au-
la, hospitais e em todos os can-
tos. Com isso veio a especula-
ção sobre o impacto da IA nos
empregos. Para muitas pes-
soas, a IA parece uma bomba-
relógio, que com certeza leva-
rá o emprego delas embora.
Mas para algumas, como Ylon-
da, a ameaça da IA não é abstra-
ta. Elas já conseguem sentir
seus efeitos.
Quando a automação absor-
ve empregos, muitas vezes is-
so acontece primeiro com as
funções de atendimento ao
consumidor, que representam
cerca de três milhões de pos-
tos nos EUA. A automação ten-
de a impactar aqueles com tare-
A sindicalista Ylonda Sherrod questiona os seus gerentes na AT&T
fas repetitivas, como o serviço
de apoio ao cliente, que já é um
local cheio de terceirização fo-
ra dos EUA.
A maioria dos trabalhadores
de centrais de atendimento ao
consumidor dos EUA entrevis-
tados neste ano disse que seus
empregadores estavam auto-
matizando parte de seu traba-
lho, segundo uma pesquisa
com duas mil pessoas da Uni-
versidade Cornell. Quase dois
terços dos entrevistados disse-
ram acreditar ser um pouco ou
muito provável que o aumento
do uso de bots levasse a demis-
sões nos próximos dois anos.
Os executivos da tecnologia
chamam a atenção para o fato
de os temores da automação
existirem há séculos – remon-
tando ao ludismo, movimento
que ficou famoso pela destrui-
ção e queima de máquinas usa-
das na indústria têxtil –, mas,
historicamente, terem sido en-
fraquecidos pela realidade na
qual a automação cria mais em-
pregos do que acaba com eles.
Mas essa geração de empre-
gos acontece gradualmente.
Os novos postos de trabalho
criados pela tecnologia, como
cargos de engenharia, exigem
qualificação. Isso pode criar
um abismo para trabalhadores
como Ylonda, que encontrou
o que parecia ser um bilhete
premiado na AT&T: um empre-
go que paga US$ 21,87 por hora
e até US$ 3 mil em comissões
por mês, disse ela, além de dar
direito a plano de saúde e cin-
co semanas de férias – tudo is-
so sem a exigência de um diplo-
ma universitário. Menos de 5%
dos empregos na AT&T exi-
BRYAN TARNOWSKI/THE NEW YORK TIMES
gem nível superior.
Para Ylonda, o atendimento
ao cliente significava que al-
guém como ela – uma mulher
negra criada pela avó numa ci-
dade pequena do Mississippi –
poderia ter “uma vida muito
boa”. Quando um amigo lhe
contou do emprego na AT&T,
ela achou que a oportunidade
parecia boa demais para ser
verdade. A central de atendi-
mento tinha ar-condicionado.
Ela podia passar o dia todo sen-
tada, descansando os joelhos.
Então fez o teste para a vaga na
central de atendimento duas
vezes. Na segunda vez, em
2006, foi aprovada e começou
a ganhar US$ 9,41 por hora.
PESADELO. Recentemente, os
legisladores de Washington co-
meçaram a conversar com os
“O trabalho na central
de atendimento mudou
minha vida. Será que
tudo isso vai ser tirado
de mim?”
Ylonda Sherrod
Atendente de call center
“Haverá um impacto
nos empregos”
Sam Altman
CEO da OpenAI
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
fabricantes de ferramentas de
IA sobre os perigos dos produ-
tos lançados.
“Permita-me perguntar qual
é o seu maior pesadelo”, disse
o senador democrata Richard
Blumenthal ao CEO da Ope-
nAI, Sam Altman, depois de
compartilhar que o maior me-
do dele era a perda de empre-
gos. “Haverá um impacto nos
empregos”, disse Altman, cuja
empresa desenvolveu o
ChatGPT.
Essa realidade já se tornou
evidente. A empresa britânica
de telecomunicações BT
Group anunciou em maio que
cortaria até 55 mil postos de
trabalho até 2030, conforme
passasse a depender cada vez
mais da IA. O CEO da IBM tam-
bém disse que a IA afetaria cer-
tas funções administrativas na
empresa, acabando com a ne-
cessidade de até 30% de alguns
cargos, ao mesmo tempo em
que criaria outros.
A AT&T começou a incorpo-
rar a IA em muitas partes de
seu serviço de atendimento ao
consumidor, inclusive na
transferência de clientes para
representantes, oferecendo su-
gestões de soluções técnicas
durante as ligações e produzin-
do transcrições.
A empresa disse que todos
esses usos tinham como objeti-
vo criar uma melhor experiên-
cia para os consumidores e os
trabalhadores.
No fim de maio, Ylonda foi
convidada pelo Communica-
tions Workers of America a via-
jar para Washington, onde ela
e dezenas de outros trabalha-
dores se reuniram com repre-
sentantes do Escritório de En-
gajamento Público da Casa
Branca para compartilhar sua
experiência com a IA.
MONITORAMENTO. Um traba-
lhador de um armazém descre-
veu ser monitorado por IA,
que controlava a rapidez com
que ele movia os pacotes, crian-
do uma pressão para que ele
pulasse os períodos de pausa.
Um motorista que faz entre-
gas disse que tecnologias de vi-
gilância automatizada esta-
vam sendo usadas para moni-
torar os trabalhadores e pes-
quisar possíveis medidas disci-
plinares, embora seus regis-
tros não fossem confiáveis.
Ylonda descreveu como a IA
criava resumos incorretos de
seu trabalho.
Com seu salário e comis-
sões, ela conseguiu comprar
uma casa. E vive numa rua en-
solarada, cheia de famílias, al-
gumas das quais com pessoas
trabalhando em áreas como en-
fermagem e contabilidade.
Ylonda se orgulha por poder
comprar tudo o que o filho pe-
de. Ela quer dar a ele a infância
que nunca teve.
“O trabalho na central de
atendimento mudou minha vi-
da. Será que tudo isso vai ser
tirado de mim?”, pergunta. l
TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

C10 E C11 A fundo
Uso da
IA para
legitimar
obras de
arte causa polêmica
Música História
Por onde andam os músicos que
passaram pelo Secos & Molhados?
Sob o comando de João Ricardo e sem Ney Matogrosso, a banda lançou álbuns
em 1978, 1980 e 1988 e teve várias formações. Fomos atrás de seus integrantes
LEONARDO CATTO
MATEUS DE ALBUQUERQUE
ESPECIAIS PARA O ESTADÃO
O álbum de estreia do Secos
& Molhados, com a icônica ca-
pa da mesa de jantar e a músi-
ca Sangue Latino na faixa de
abertura, completa 50 anos
em agosto de 2023. Os rostos
de Ney Matogrosso, João Ri-
cardo, Gerson Conrad e Mar-
celo Frias, servidos em bande-
jas, formam uma das princi-
pais imagens no imaginário
do fã de rock brasileiro. Po-
rém, nesse banquete já foram
servidas outras cabeças ao
C2
C1
CULTURA&
COMPORTAMENTO
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023 O ESTADO DE S. PAULO
longo da história do grupo.
Claro que os integrantes de
1973, especialmente Ney Ma-
togrosso e João Ricardo, sem-
pre tiveram muito o que falar
sobre a história de uma das
bandas mais importantes do
Brasil. Eles foram, sem dúvi-
da, os ingredientes princi-
pais, bastante ouvidos e apre-
ciados. Mas e os acompanha-
mentos nas outras formações
da mesa?
PARADEIRO. A discografia da
ACERVO JOÃO ASCENSÃO
banda seguiu por anos de-
pois, sempre sob o coman-
do de João Ricardo, e sem
Ney Matogrosso, com inte-
grantes menos conhecidos
e que tiveram trajetórias dis-
tintas.
Nesta reportagem, o Esta-
dão mapeia o paradeiro de
alguns músicos dos álbuns
de 1978, 1980 e 1988, entre
quem seguiu na música e
quem ficou desconhecido.
Duas mortes no anonimato,
sobre as quais pouco se sa-
bia, estão nos relatos. l
VEJA POR ONDE ANDAM OS MÚSICOS DA
Lili Rodrigues, João Ascensão, João Ricardo e Wander Taffo no encarte de ‘Secos & Molhados’ (1978) BANDA NA PÁGINA C4
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C2 CULTURA&COMPORTAMENTO
Humor
O apresentador e comediante Diogo Defante também canta; aqui interpretando o single ‘Jerry’
‘Repórter doidão’: Diogo Defante ensina
como fazer sucesso no YouTube
raque em fazer vídeos
C de humor para o You-
Tube, Diogo Defante
avalia que o segredo es-
tá em transmitir autenticida-
de por meio das câmeras.
“Como hoje tem muita gente
fazendo conteúdo na inter-
net, fica muito difícil conse-
guir se destacar”, afirma.
“Mas eu diria que o caminho
é conseguir imprimir você
mesmo com uma câmera, sa-
be? Porque eu acho que as
pessoas estão buscando gen-
te que consegue passar algu-
ma verdade.”
Na Copa do Mundo de
2022, no Catar, ele encarnou
o ‘repórter doidão’ na cober-
tura para CazéTV. Abordou
as pessoas nas ruas com brin-
Direto da Fonte
Gilberto Amendola
cadeiras ‘no sense’, acariciou
leão, dançou com seguranças
do estádio, fingiu desmaio en-
tre argentinos, chegou a ser
abordado por polícias por
causa das suas peripécias no
país conservador.
“É óbvio que há persona-
gem em vários momentos,
que não sou daquele jeito na-
turalmente”, explica. “Nas
abordagens às pessoas que fa-
ço na rua, no ponto de ôni-
bus, às vezes, com algum tipo
de arrogância, quando al-
guém não entendeu que é
uma zoeira, eu saio do perso-
nagem para mostrar para o
cara que aquilo era só uma
proposta de brincadeira. E aí
quem tá assistindo entende
que aquele momento eu esta-
gilberto.amendola@estadao.com
STEFF LIMA
va sendo um personagem”.
Desde 2016, ele faz o perso-
nagem “repórter doidão” en-
trevistando pessoas nas
praias e engarrafamentos,
mas ir à Copa, a convite do
influenciador Casimiro Mi-
guel, foi um divisor de águas.
De lá para cá, Defante acumu-
lou seguidores nas redes so-
ciais: 3 milhões só no Insta-
“Eu diria que o
caminho é conseguir
imprimir você mesmo
com uma câmera. As
pessoas estão buscando
quem consegue passar
alguma verdade”
Diogo Defante
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
MARCELA PAES | MARCELA.PAES@ESTADAO.COM
PAULA BONELLI | PAULA.BONELLI@ESTADAO.COM
CASTRO FILMES
gram e mais 3,1 milhões no
YouTube.
Atualmente, ele é contrata-
do do estúdio Podpah, onde
faz um programa maluco de
culinária, o Rango Brabo, em
que recebe convidados famo-
sos para fazer um prato. Tem
edição que chega a 800 mil
views. “Virou várzea o negó-
cio porque a gente está priori-
zando entretenimento mui-
to mais do que a pessoa saber 1
a receita”, conta.
Para Defante, no princí-
pio, quando ainda não se tem
algum sucesso, ao fazer um 2
vídeo, não é necessário se
preocupar com marketing.
Acertar a edição, por exem-
plo, ele considera mais rele-
vante. Apesar do conteúdo
chegar a mais internautas
com o uso das tags certas, o
comediante diz que no seu ca-
so o vídeo viraliza “de formi-
guinha, em formiguinha mes-
mo, um cara mostra para o
irmão, depois para o primo,
que também mostra para al-
guém. E aí, meu irmão, não
importa a tag certa”.
Além da carreira de humo-
rista, Defante fez duas parti-
cipações como ator. Uma no
filme Um Natal Cheio de Gra-
ça, protagonizados por Sér-
gio Malheiros e Gkay, e tam-
bém na série Eleita, com Clari-
ce Falcão, da Amazon. Agora,
ele ataca também de cantor.
Lançou o EP chamado Rob-
son com cinco músicas. Inves-
tiu em clipes profissionais.
Vai apresentar um show auto-
ral em São Paulo, no dia 26,
no Carioca Club, em Pinhei-
ros. O som é fiel ao seu estilo
sui generis com músicas fa- 3
lando de alienígenas, piratas
e até o rato Jerry, do desenho 1. Chica Capeto, na inauguração
animado Tom e Jerry. Antes da nova decoração da piscina
da fama, Defante tocou bate- do Copacabana Palace, no Rio
ria em uma banda emo na ce- de Janeiro.
na underground do Rio de Ja- 2. Talita Oliveira.
neiro. l PAULA BONELLI 3. Gab Lobo.
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Música Personalidade
Tesouros de
Freddie Mercury
são revelados e
postos à venda
Do manuscrito de
‘Bohemian Rhapsody’
à coleção de quimonos
e porcelanas, acervo
vai a leilão em
setembro, em Londres
SYLVAIN PEUCHMAURD
AFP
Do manuscrito de Bohemian
Rhapsody à sua emblemática ca-
pa, passando pela coleção japo-
nesa, a intimidade de Freddie
Mercury, vocalista do Queen,
está em exibição em Londres,
antes que esses tesouros se-
jam leiloados pela Sotheby’s.
Atrás da fachada da famosa
casa de leilões, decorada para a
ocasião com um grande bigo-
com
Robert Scheidt
de, foi recriado o universo do
cantor, que morreu em 1991
por complicações da aids, em
sua casa de Garden Lodge, no
leste da capital britânica.
Foi nesse imóvel que os
itens foram conservados por
três décadas, explicou David
Macdonald, responsável de
vendas da Sotheby’s.
Percorrendo as salas da ex-
posição, é possível admirar pe-
ças icônicas, como a coroa e a
capa que o artista usava em
God Save the Queen ao encerrar
cada show de sua última turnê
no Queen, em 1986. A paixão
de Mercury pelo Japão é uma
das descobertas mais fascinan-
tes dos organizadores da mos-
tra, que pode ser visitada até 5
de setembro, data em que o
músico completaria 77 anos.
A coroa que Freddie usava nos finais dos shows, um dos itens mais badalados que a Sotheby vai leiloar
Os quimonos e as estampas
e porcelanas que ele coleciona-
va são um “conjunto completa-
mente único”, assegura Cécile
Bernard, diretora-geral da So-
theby’s na Europa.
O mobiliário permite respi-
rar a atmosfera de Garden
Lodge. O visitante pode ver
uma mesa de cozinha antiga
ou uma sala de jardim e imagi-
nar as refeições e festas da-
quela época. Esses objetos
mostram o quão cuidadoso
Mercury era ao receber seus
convidados. Há até notas em
que ele escrevia como a mesa
deveria ser arrumada e o lu-
gar dos convidados.
Está presente também o
MEU
MELHOR
LEGADO
Morumbi Shopping | Cidade Jardim | BH Shopping
CULTURA&COMPORTAMENTO
magnífico jukebox Wurlitzer
de 1941 que o cantor comprou
para a cozinha de sua casa,
com discos como Hallelujah I
Love Her So, de Ray Charles, Rit
It Up, de Little Richard, e
Shake, Rattle and Roll, de Bill
Haley.
RASCUNHO. Entre os esboços
de alguns dos maiores suces-
sos do Queen se destaca o de
Bohemian Rhapsody: 15 páginas
que revelam as diferentes
ideias de Mercury para essa
canção que inicialmente se
chamaria Mongolian Rhapsody.
Outro item excepcional é o
piano Yamaha, comprado em
1975, com o qual o músico com-
C3
KIRSTY WIGGLESWORTH/AP
pôs quase tudo a partir de Bohe-
mian Rhapsody, segundo Ga-
briel Heaton, especialista em li-
vros e manuscritos. Para a So-
theby’s, está avaliado entre 2 e
3 milhões de libras (R$ 12,4 a R$
18,6 milhões, na cotação atual).
No guarda-roupa de Mer-
cury também podem ser vis-
tos blusas, sapatos, óculos, ter-
nos com lantejoulas e até mes-
mo a camiseta amarela “Cham-
pion” que ele usou em seu últi-
mo show, em 9 de agosto de
1986. A mostra inclui ainda
um livro de poemas com co-
mentários do jovem Farrokh
Bulsara – o verdadeiro nome
de Mercury – e uma poesia
composta por ele. l
 DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
C4 CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Música História

Integrantes tentaram novos projetos,

desistiram de outros e se desiludiram
Gel e Wander tocaram Secos & Molhados, quatro anos ponte entre a banda e João Ri- quarteto, enquanto a banda se- po grava um fonograma de 11 fai-
com Rita Lee e após o primeiro álbum. O baixis- cardo, mirando a volta do Se- ria um quinteto, limou Gel dos xas, mas não cativa interessa-
ta João Ascensão e o guitarrista cos. Do conjunto, aproveitou- créditos, e o colocou como dos em transformar aquilo em
fundaram o Rádio Wander Taffo haviam tocado se somente Norival. Na conver- “músico convidado”. álbum. Sem shows, frustrados e
Táxi; Lili morreu e com João no disco solo Da Boca sa, entrosaram-se todos. Al- Um clipe foi gravado para o quebrados, a banda minguou, e
João Ascensão Pra Fora (1976). Eles indicaram guns ganharam apelidos, de au- que seria o hit do álbum, Que o material foi perdido.
mudou de profissão o baterista Gelson Fernandes, toria do próprio João Ricardo: Fim Levaram Todas as Flores?. O Mais tarde, João Ascensão de-
da banda Os Incríveis. Norival virou Lili; Gelson, Gel. vídeo foi exibido no Fantástico, sembarcou. Não queria mais sa-
Já o vocalista Norival Rodri- O álbum em nada lembrava a da TV Globo, anunciando a vol- ber de música e retomou a facul-
LEONARDO CATTO gues, alto e com vocal similar ao atmosfera soturna do Secos pre- ta do grupo. João Ricardo che- dade de Engenharia Elétrica,
MATEUS DE ALBUQUERQUE de Ney Matogrosso, tinha vin- gressos, acenando para a febre gou a dizer que agora era uma profissão que exerce hoje. Ele
ESPECIAIS PARA O ESTADÃO do de uma banda de Campinas, disco. O baterista faltou à ses- banda “mais consistente”. De desmontou o baixo com o qual
a Pedra de Sal. Marcos May- são fotográfica, pois estava em Mim para Você seria outro suces- gravou o groove de De Mim Pra
Em 1977, na casa da irmã de nard, na época produtor da Poly- turnê com Os Incríveis. A grava- so do álbum, parte da trilha so- Você e o jogou fora. Wander Taf-
João Ricardo, estava reunida o gram, teve contato com a Pedra dora, preocupada com o fato de nora da novela Te Contei?. fo e Gel Fernandes foram cha-
que seria a nova formação do e achou interessante fazer a que o encarte teria a foto de um mados para a banda de Rita Lee.
O FIM. A projeção midiática não Os dois fundaram, mais tarde, o
se traduziu em espetáculos. “Es- Rádio Táxi. Wander morreu em
tourou a música, foi tudo legal, 2008, de mal súbito. Gel Fernan-
mas poderia ter tido mais se a des está até hoje na banda.
gente tivesse shows”, conta O paradeiro de Lili Rodrigues
Gel. Segundo a versão de Ascen- era um grande mistério. O jorna-
são, o fim começou com um pla- lista Alberto Villas tentou locali-
no de internacionalização do zá-lo, sem sucesso, para o Fan-
grupo, a partir de uma versão tástico, em 2003. A última apari-
em espanhol de Que Fim Leva- ção pública de Lili foi em uma
MINISTÉRIO DA CULTURA E CONGREGAÇÃO ISRAELITA PAULISTA
ram Todas as Flores?. nota do Estadão, em 1982, so-
APRESENTAM Lili, então, organizou com os bre uma apresentação do can-
demais integrantes a participa- tor na Praça da Sé. Beto era gran-
ção nos lucros da banda. Todos de amigo de Lili.
CONCERT O BENEFICENT E recebiam só cachês. João Ricar- Segundo ele, após o insuces-
em prol dos projetos sociais da CIP do recusou e a banda se desfez. so dos Sobrinhos, Lili se desen-
Já Beto Rodrigues, amigo de Lili cantou. Depois, afundou-se em
dos tempos da Pedra de Sal e uma jornada autodestrutiva
SOLISTA que o acompanhou durante a com drogas. Beto o acompa-
sua passagem pelo Secos, conta nhou por um tempo, mas afas-
SERGEI NAKARIAKOV
que a principal questão foi ar- tou-se. “Escapei desse turbi-
TROMPETE
tística: o grupo queria partici- lhão e segui minha vida”, lem-
par mais nas composições. bra. Algum contato foi manti-
O histórico de João Ricardo é do, especialmente nas ligações
coerente com o relato de Gel e de madrugada que Lili fazia.
Beto. Para João, o Secos & Mo- Lili ainda tentou montar al-
REGÊNCIA lhados é um projeto pessoal, guns negócios, como uma loja
ISAAC KARABTCHEVSKY idealizado ainda antes da forma- de roupas, e trabalhou em bares
ção com Gerson e Ney. Todos de Campinas como cantor, diz
os músicos, para ele, eram auxi- João, sobrinho de Lili que esta
liares à sua visão. reportagem conseguiu locali-
Gel Fernandes, João Ascen- zar. Em 2010, o músico morreu
são, Lili Rodrigues e Wander de cirrose, em decorrência do
Taffo montaram o um novo pro- uso intenso de álcool e drogas,
jeto, contando com o apoio de quando João tinha 18 anos. “Eu
Beto Rodrigues, nas letras, a So- quis me afastar tanto que aca-
brinhos da Rainha. Uma brinca- bei me afastando da minha pró-
deira com a postura imperial de pria memória. Eu não me con-
João Ricardo, conta Beto. O gru- formo”, arrepende-se Beto. l

ORQUESTRA SINFÔNICA HELIÓPOLIS

Durante o projeto Sobrinhos
Onde estão
da Rainha, decepcionou-se
13 AGOSTO I 18h I DOMINGO I SALA SÃO PAULO com a música. É engenheiro
l Lili Rodrigues eletricista em São Paulo.
Após o projeto Sobrinhos da
PR O G R A M A
Rainha, ficou desiludido com l Cesar Lempé e Roberto
BEETHOVEN Abertura Egmont
a música. Morreu em 2010. Lempé
COMPRE SEUS
TCHAIKOVSKY Variações sobre um tema rococó Seguem músicos e se apresen-
INGRESSOS
MOZART Concerto para trompete e orquestra nº 4 l Wander Taffo tam juntos no Rio de Janeiro.
TCHAIKOVSKY Capricho Italiano cip.org.br/orquestra Tocou com Rita Lee e fundou
a banda Rádio Táxi. Morreu l Carlos Amantor
em 2008. Mudou para o Espírito Santo
PATROCÍNIO
e prefere o anonimato. Escre-
l Gel Fernandes ve poesias.
APOIO PRODUÇÃO
Também tocou com Rita Lee
REFRIGERAÇÃO INDUSTRIAL
e fundou a banda Rádio Táxi, l Totô Braxil
na qual segue até hoje. Fundou o projeto Aids-Vida.
REALIZAÇÃO
Morreu, por complicações da
l João Ascensão aids, em 1994.
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Cinema Em cartaz
‘Megatubarão 2’
é absurdo,
bizarro e faz rir
Longa usa o exagero
como arma para
deixar o público se
divertir com cenas
propositalmente
distantes da realidade
MATHEUS MANS
Na primeira cena de Megatuba-
rão 2, em cartaz nos cinemas, o
espectador é transportado para
a Terra de 65 milhões de anos
atrás. O mundo está tomado
por dinossauros. De repente,
um tiranossauro começa a per-
seguir pequenas criaturas que
entram na água para se prote-
ger. Do nada, um gigantesco tu-
barão sai das profundezas do
oceano e, em uma única e rápi-
da bocada, engole esse preda-
dor jurássico que aterroriza o ci-
nema há décadas.
Apesar da estranheza da ce-
na, principalmente por conta
dos efeitos especiais um pouco
capengas, foi uma espécie de
prévia do diretor Ben Wheatley
(Free Fire, Turistas) sobre o que
viria nas duas horas seguintes
de projeção: bizarrices atrás de
bizarrices envolvendo tubarões
do tamanho de pequenos pré-
dios. É, afinal, a continuação do
filme de 2018 que fez um consi-
derável sucesso de bilheteria.
Sendo uma sequência, assim,
Wheatley tem a obrigação de
deixar tudo mais exagerado,
maior e grandioso. Como fazer
isso em um filme que já tinha
cenas gigantescas com tuba-
rões também gigantescos? É aí
que vem o grande acerto do ci-
neasta: o longa deixa de ser um
filme de ação com toques de
thriller, como tinha sido na pro-
dução exageradamente séria de
2018, para abraçar o cômico, o
Jason Statham enfrenta tubarões gigantescos que se libertam de uma fossa no fundo do oceano
tosco, o bizarro. Não chega a ser
um Sharknado, que tem tuba-
rões voando em tornados, mas
capta a sua essência.
TRAMA. Tudo começa com a his-
tória inacreditável de Jonas Tay-
lor (Jason Statham), especialis-
ta subaquático que se vê no
meio de um acidente no fundo
do oceano – a cerca de 7,6 mil
metros abaixo do nível do mar.
No caos que se segue, os megalo-
dontes se libertam da fossa que
os mantinha presos. É aí que co-
meça a ação, já que é preciso im-
pedir rapidamente que algo
pior aconteça por ali.
Nesse contexto, são várias
as coisas inacreditáveis que
acontecem na tela e fazem
com que o público dê gargalha-
CULTURA&COMPORTAMENTO
das sinceras. Statham (de Velo-
zes e Furiosos), por exemplo,
deixaria Chuck Norris orgulho-
so: ele nada a milhares de me-
tros de profundidade sem ne-
nhum tipo de proteção, faz ma-
nobras aéreas com um jet ski e
até mesmo segura um megalo-
donte apenas com o pé. É ab-
surdo em sua essência, sem
vergonha de ser o que é.
Curiosamente, Wheatley não
faz isso à toa. O cineasta absor-
ve conteúdo de uma dezena de
filmes trash, de Tubarão 2 até
Dinoshark, para fazer graça com
substância – os que conhecem
esse cinema vão sair da sessão
entusiasmados. Só não chega a
ser um Sharktopus, por exem-
plo, mas se aproxima disso lá pe-
la metade da história.
C5
WARNER BROS.
O fato é que Megatubarão 2
não é um filme com capacida-
de para ser realmente bom e o
diretor sabe disso. Para resol-
ver a questão, fez tudo aquilo
que o cineasta Jon Turteltaub
não foi capaz de fazer há cinco
anos: brindar o público com
uma divertida comédia de
ação, que tem lá seus momen-
tos desnecessários ou longos
demais, mas que sabe que o
céu é o limite quando falamos
de histórias (e tubarões) tão
bizarros.
Agora, é só torcer para que
um terceiro filme tenha a cora-
gem de homenagear Sharkto-
pus ou Exorcista de Tubarão,
que já fazem parte de um peda-
ço obscuro da cultura pop e
que merecem atenção. l
 DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
C6
CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Ainda não comprou o presente para seu pai? Fizemos

uma seleção para resolver a questão agora, sem sair de casa

Para todos os tipos de pais, para

todos os tamanhos de bolso
ESTADÃO RECOMENDA
EDUARDO RIBEIRO
FRED LOPES
Dia dos Pais, celebra-
O do no próximo do-
mingo, dia 13, é sem-
pre cercado de expectativas pa-
ra quem vai presentear e tam-
bém para o presenteado. Para
quem está diante da clássica
questão: “O que eu compro de
presente para o meu pai?”, ago-
ra é uma boa hora para garan-
tir as melhores escolhas, para
vários estilos e bolsos.
O Estadão Recomenda, servi-
ço do Estadão focado em indi-
cações e análises de produtos
de maneira independente, reú-
ne algumas dicas de presentes
que se destacam no e-commer-
ce – confira sempre o prazo de
entrega para ter certeza de
que o produto a ser comprado
vai chegar até o fim de semana
que vem, momento de cele-
brar. Encontramos de lança-
mentos a mimos tradicionais
que não têm erro.
O VAIDOSO. Se seupaijádeupis-
tas de que está precisando re-
novar o guarda-roupa e gosta
de futebol, que tal a nova cami-
sa oficial da Seleção Brasileira,
lançada pela Nike, com tecno-
logia dry-fit, que absorve o
suor para evaporação mais

l Perfume
Dicas ! Palo Santo
Natura
(R$ 159,90)
Opções incluem bebidas e BELEZA &
até mala de ferramentas CUIDADOS PESSOAIS

l Kit para cabelo e barba Go Man

Mr. Wild (R$ 66,46)
l Kit skincare
Skinéve
(R$ 349)

GAME/TECH
MODA

l Celular
Redmi 12C l Camisa
Xiaomi do Brasil
(R$ 719,90 a Nike
R$ 785) (R$ 350)

l Console
Nintendo Switch
(R$ 2.199)

l Fone Bluetooth
Galaxy Buds2
Samsung (R$ 329 a
R$ 387,07)
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
rápida? Esse modelo é uma
réplica idêntica da que os pro-
fissionais usam em campo e
sai por R$ 349,99.
Se camiseta da Seleção não
faz o estilo dele, e você está
com menos dinheiro para gas-
tar, uma alternativa é a “tech
t-shirt” da Insider. Minimalis-
ta, com modelagem ajustada
ao corpo, é também versátil,
vai do esportivo ao casual
chic. É a releitura tech da cami-
seta básica masculina, feita
com fibra macia que não es-
quenta, não precisa ser passa-
da e não desbota com o tem-
po. Disponível em sete tama-
nhos (PP ao XXGG) e nove co-
res, ela sai por R$ 149.
Já se o seu pai não abre mão
do bem-estar e do autocuida-
do, perfumes e kits para bar-
ba, rosto e cabelo sempre
caem bem. O kit Go Man (R$
66,46), da Mr. Wild, é vendi-
l Camiseta
básica
Insider
(R$ 149)
do em uma nécessaire de ny-
lon exclusiva feita a mão e in-
clui balm de barba que ama-
cia, perfuma e hidrata, e um
xampu para cabelo e barba
com tecnologia de alta espu-
mação e hidratação.
A fragrância Essencial Palo
Santo (100 ml), da Natura, é
outro presente que não tem
como não agradar. Trata-se
de uma combinação inédita
de cumaru com as melhores
madeiras da perfumaria, por
R$ 159,90. Você também po-
de optar por algum produto
voltado ao tratamento de pe-
le masculino, como o kit da
Skinéve (R$ 349): sabonete
líquido, ácido glicólico 7% e
sérum multifuncional.
O GOURMET. Se o seu pai gosta
mesmo é de cozinhar e de co-
mer e beber, a Tramontina
tem um kit para churrasco
CASA
l Maleta de
ferramentas
Tramontina
(R$ 210,33 a
R$ 284,90)
com valores entre R$ 642,60 e
R$ 714. Vem em madeira
polywood castanho com caixa
de papelão trazendo 15 peças.
Desenvolvidas com lâminas
de aço inox, as peças têm um
fio com alta resistência. Os ca-
bos são de madeira tratada e
resistem a impactos e altas
temperaturas. Com a faca para
carne, o garfo trinchante e a tá-
Ferramentas
Para pais mais chegados
às habilidades manuais,
uma dica é a maleta de
65 peças da Tramontina
bua o kit fica completo.
Para acompanhar, os kits de
cervejas artesanais podem ser
uma ótima pedida. Um dos
combos oferecidos pela produ-
tora belga Schornstein combi-
na quatro rótulos de 500 ml,
para contemplar paladares
dos mais leves e refrescantes
aos mais encorpados e comple-
GOURMET
l Kit churrasco
Tramontina
(R$ 642,60 a R$ 714)
CULTURA&COMPORTAMENTO
xos: Pilsen, Ipa, Weiss e Bock
(R$ 110,90).
Depois do banquete, um ca-
fezinho, por favor! Para os
que não dispensam uma xíca-
ra de grãos especiais, as
máquinas de expresso da li-
nha Nespresso Vertuo são
perfeitas. Há a versão compac-
ta, que extrai até seis medidas
de mais de 30 exemplares de
cápsulas disponíveis. Para
quem pensa em investir entre
R$ 865,10 e R$1.179.
O ANTENADO. Ositenstecnoló-
gicos, como games, smartpho-
nes e fones de ouvido nunca
decepcionam os pais hi-techs.
Uma das dicas em games é o
título Super Smash Bros. para
Nintendo Switch, que sai por
R$ 299 e traz os novos persona-
gens Simon Belmont e King K.
Rool. Outra aposta segura a
preço acessível é o celular Red-
mi 12C, da Xiaomi. Por um va-
lor entre R$ 719,90 e R$ 785, o
aparelho é um 4G com sistema
Android perfeito para ativida-
l Cafeteira Vertuo Pop
Nespresso
(R$ 865,10 a R$1.179)
C7
des do cotidiano, como aces-
sar bancos, redes sociais, ler,
navegar na internet, escutar
música e praticar jogos leves.
É possível fazer bonito ainda
presenteando com um fone de
ouvido sem fio de alto desem-
penho, como o Galaxy Buds2
da Samsung. Eles custam em
torno de R$ 329 a R$ 387,07 e
entregam um som bem equili-
brado, conforto e conectivida-
de contínua com o celular e o
relógio.
O “FAZ-TUDO”. Pais caseiros,
que se orgulham de suas habili-
dades manuais, merecem ter à
sua disposição uma caixa de
ferramentas completa, concor-
da? Sugerimos a maleta de 65
peças da Tramontina. Sai bem
mais em conta do que comprar
as ferramentas individualmen-
te (R$ 210,33 a R$ 284,90) e o
estojo, super-resistente, ainda
vem com os encaixes certi-
nhos para cada uma, colabo-
rando para a organização dos
objetos. l
l Pack cervejas
artesanais
Schornstein
(R$ 110)
FOTOS DIVULGAÇÃO
Serviço
Ainda não achou nada que
combine com o seu pai? Acesse a
nossa lista com 60 dicas de
presente para ele publicada no site
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NA WEB
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equipe montou para você.
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 DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
C8 CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Horóscopo
Quiroga Cinema Personalidade com quatro partes) chegou a
aparecer em alguns registros
divulgados por suas filhas re-
oscar@quiroga.net
Quentin Tarantino quer centemente e, em março, reno-
vou os votos de casamento
Quanto vales tu?
Data estelar: Sol e Júpiter
Tua individualidade tem o
exato valor dos laços de coo- Bruce Willis de volta às com a mulher, Emma Heming.

peração e fraternidade que APARIÇÃO. Tarantino espera

em quadratura
nquanto a pulsão de
consolides e sustentes, e teu
valor individual diminuirá na
telas em seu último filme que o ator esteja bem o sufi-
ciente para fazer uma aparição

E autopreservação de tua
individualidade conti-
nuar sendo mais alerta
e forte do que a pulsão que te
leva a unir forças com as pes-
soas que te servem de refe-
rência, consolidando o espíri-
to grupal, continuarás tam-
bém trilhando o caminho da
carência, onde tudo é difícil e
árido, onde cada dia é uma
luta ladeira acima.
ÁRIES 21-3 a 20-4
Cuide para não se lan-
çar a fazer gastos desne-
cessários e supérfluos
neste momento de sua vida,
porque apesar de brindarem
com regozijo imediato, depois
se transformariam em contas
que pesarão. Melhor não.
mesma medida em que teus
relacionamentos sejam ári-
dos, pautados por interesses,
sem haver qualquer traço de
amizade real ou de fraternida-
de solidária, portanto, toma
as iniciativas pertinentes para
conquistar o verdadeiro va-
lor, aquele que significa pro-
gresso material e espiritual,
porque ou esses andam jun-
tos, ou está tudo perdido. l
TOURO 21-4 a 20-5
Por pior que seja o resul-
tado, mesmo assim será
positivo, porque você
terá avançado muito no cami-
nho. Permaneça com a alma se-
rena e confiante, o mistério da
vida não é ameaçador, é um con-
vite à felicidade plena.
Segundo o jornal
‘Daily Express’,
diretor planeja
pedir autorização
da família do ator,
que trata de afasia
Quentin Tarantino quer
que Bruce Willis deixe a
aposentaria para partici-
par de The Movie Critic, fil-
me que, segundo o cineas-
ta, será o seu último traba-
lho como diretor.
A informação foi divulga-
da pelo jornal Daily Express
QUADRINHOS
Minduim Charles M. Schulz
UK. De acordo com o tabloide
britânico, um produtor que
não teve a identidade revelada
afirmou que Tarantino gosta-
ria que o ator tivesse um peque-
no papel no longa.
Willis, de 68 anos, está afas-
tado das telas desde março de
2022, quando foi diagnostica-
do com afasia, um distúrbio
que afeta a comunicação. Des-
de então, o problema progre-
diu e ele desenvolveu demên-
cia frontotemporal (FTD),
que também atinge as habilida-
des cognitivas. O astro de Duro
de Matar (Die Hard, até aqui
especial em seu filme. “Quen-
tin ainda não falou com a famí-
lia de Bruce – e vai respeitar
totalmente os desejos dela ca-
so ele esteja muito doente”, es-
clareceu a fonte. “Se esse for o
caso, ele planeja tentar usar
um pequeno trecho de um dos
muitos filmes antigos de Bru-
ce no longa”, completou.
Tarantino e Willis ficaram
amigos quando o diretor o es-
calou para viver Butch Coolid-
ge no clássico Pulp Fiction:
Tempo de Violência, de 1994,
um dos filmes que ajudaram a
restabelecer a carreira do ator
na época. l

GÊMEOS 21-5 a 20-6 CÂNCER 21-6 a 21-7

Por um instante, você
terá a sensação de ser
transparente, e que as
pessoas percebem tudo que
você sente e pensa. Porém, vo-
cê não é transparente e poucas
pessoas sabem decifrar o que
você sente nas entrelinhas.
Convencer as pessoas é
uma tarefa difícil, inclu-
sive porque é impossí-
vel convencer alguém que não
tenha mínima abertura mental
para escutar pontos de vista
radicalmente diferentes daque-
les que defende. Dificuldade. Recruta Zero Mort Walker

LEÃO 22-7 a 22-8 VIRGEM 23-8 a 22-9

Ainda que de maneira
atrapalhada, mesmo
assim é melhor agir do
que ficar esperando por um mo-
mento melhor. Tome as iniciati-
vas pertinentes a cada caso, não
espere, se atreva a colocar em
marcha aquilo que você deseja.
Você não precisa saber
tudo de antemão para
colocar os pés no cami-
nho e começar a fazer algo útil.
Há coisas que você saberá atra-
vés do bom senso, e outras, ain-
da, que irá aprendendo ao lon-
Turma da Mônica Maurício de Sousa
go do caminho. Confiança.

LIBRA 23-9 a 22-10 ESCORPIÃO 23-10 a 21-11

Ainda que seja difícil e
que tudo pareça contra-
riar o objetivo de as pes-
soas unirem forças em torno de
um mesmo ideal, é isso mesmo
que sua alma precisa continuar
pleiteando. Em frente, porque a
fila anda, e como anda!
Enquanto não houver
cooperação não haverá
tampouco progresso,
porque nesta parte do caminho
não se trata de competir, mas de
colaborar para que o maior nú-
mero possível de pessoas envol- O melhor de Calvin Bill Watterson
vidas receba algum benefício.

SAGITÁRIO 2-11 a 21-12 CAPRICÓRNIO 22-12 a 20-1

Fazer caber as ideias na
realidade concreta con-
tinuará sendo o maior
desafio de todos, o que se apre-
senta todos os dias e faz com
que nos momentos de definição
sua alma tenha de escolher um
dentre milhares de desejos.
Você não precisa sacrifi-
car tudo só porque ago-
ra sua mente parece ter
encontrado a pedra filosofal
que resolveria tudo. Desfrute o
momento, mas não exagere nas
Frank & Ernest Bob Thaves
conclusões que parecem ser
definitivas. Tudo passa.

AQUÁRIO 21-1 a 19-2 PEIXES 20-2 a 20-3

Calcule direito os cus-
tos envolvidos em cada
passo que você der ago-
ra, porque isso evitará que, de-
pois, sua alma seja pega de sur-
presa com o tamanho da conta.
Nada precisa ser caro, mas tudo
tem algum custo inevitável.
A mente enxergou há
muito tempo o que está
em andamento agora,
portanto, de nada vale deixar a
ansiedade enganar você, imagi-
nando que não dará conta de
tudo que precisa ser administra-
do. Dará conta e mais ainda. BEM PENSADO “O deserto é uma praia que, por melancolia, se afastou do mar” A. Cruz
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO CULTURA&COMPORTAMENTO C9

Mercado Editorial testes indicarem níveis de ál-

cool acima do permitido em
seu organismo.

Editora de Harry Potter nos EUA EXAMES. “Os resultados estão

sendo avaliados por um con-

morre em acidente de barco na Itália sultor do Ministério Público,

Adrienne Vaughan
faleceu após colisão
entre o barco de
passeio onde ela
estava e um veleiro
na Costa Amalfitana
Adrienne Vaughan, de 45 anos,
presidente da filial americana
da editora Bloomsbury e figu-
ra fundamental no lançamen-
to de Harry Potter nos Estados
Unidos, morreu em um aciden-
te de barco na Costa Amalfita-
na na quinta-feira. O barco mo-
torizado em que Vaughan esta-
va com sua família colidiu com
pois os dados iniciais não são
necessariamente significati-
BLOOMSBURY PUBLISHING/AP
vos”, disse o procurador-chefe
o veleiro Tortuga, que trans- de Salerno, Giuseppe Borrelli.
portava 70 passageiros que fes- Ele acrescentou que mais ava-
tejavam um casamento. liações eram necessárias para
A colisão ocorreu na região determinar “a incidência dos
do Fiordo di Furore, no final níveis na capacidade do sujei-
da tarde, horário local da Itá- to” de pilotar o barco. Na sex-
lia. Vaughan foi arremessada ta-feira, os noticiários italia-
ao mar e ferida pelas hélices do nos disseram que os exames to-
Tortuga. A Guarda Costeira xicológicos de sangue encon-
respondeu ao acidente, mas traram vestígios de cocaína.
Vaughan morreu antes que pu- Adrienne Vaughan foi presidente da
desse ser levada para o hospi- Vaughan foi filial americana da Blooms-
tal de Salerno. arremessada bury, que conta com escrito-
O marido e os filhos Lean- ao mar após res que vão desde os romancis-
na, de 14, e Mason, de 11, sobre- o barco onde tas best-sellers Sarah J. Maas e
viveram ao acidente. O capitão estava Susanna Clarke até o historia-
do barco em que a família esta- colidir com dor Mark Kurlansky entre sua
va está sob investigação, após um veleiro lista de autores. l AP

CRUZADAS NA WEB Jogue as cruzadas

https://bit.ly/3OngujS CRIPTOGRAMA E CAÇA-PALAVRAS Nesta seção, todos os dias, um jogo diferente para você

Disputa Local de trabalho Órgão agrá- Diz-se da Lugar de Para letras iguais, números iguais. Nas casas em destaque, um dos sismos mais
entre do pedreiro rio extinto reação profecias mortíferos da história, ocorrido em 1755, marcando o que alguns historiadores chamam
China e Praia de Fernando em 2016 exagerada no Monte
EUA (2023) de Noronha (sigla) Parnaso (Ant.) a pré-história da Europa Moderna.
Constela-
ção da
Estrela 1 2 3 4 5 6 7
Grande moita.
Polar

A gravidez que ocorre fora do 3 8 1 9 5 3 7

útero.
A missão
Estado,
Roberto 4 9 2 10 5 7 6
que não a- Carlos: Rejeitar; recusar.
em
bre nova fa- o Rei da
francês
se no jogo MPB
Festa com fartura de comida e 4 11 7 12 1 13 4
(?) Byrne, Confusão
atriz de Sucesso bebida.
"Vizinhos" de Raul
(Cin.) Seixas
14 5 15 4 15 8 4
Alto; elevado.

A primeira a ver o Cristo 7 10 7 16 4 15 7

ressuscitado.
Situação de quem
Qualidade
Que é feito está "trocando as 3 1 6 6 5 10 1
da bala pernas" Acontecido.
de bronze (?)-se,
macia
desejo do cativo
Olivier Linguagem Diodo 4 1 16 1 11 7 16
Giroud, informal encontrado Relativo à verdade religiosa.
atacante
do Milan
dos
jovens
em
TVs L E D (?) de Luxor, monumento da Praça da 12 4 16 5 17 3 1
Concórdia, em Paris.
7 2 16 7 10 1 6
Bajulador; puxa-saco.
Infecção Peixe (?) e efeito, Cifra do
viral ou miúdo funda- acorde de
bacteriana preso na mento ré maior 11 6 4 15 3 5 7
na garganta pescaria espírita (Mús.) Gestão; administração.
Coelho (?),
xerife de 13 7 17 7 6 5 1
desenho Aquele que contrafaz (dinheiro).
animado
Construção O coleste- 4 18 10 4 15 8 4
sagrada rol bom Patente; manifesto.
em Meca Lista de
Denomi- registro 14 5 8 4 6 5 1
nação Desvendar um (?): matar a charada.
Mono- "Touro",
comum de
grama de em
indivíduo
branco
"Irene" taurino 18 5 6 7 15 8 4
Palpitante; entusiástico.

9 6 10 5 11 5 1
Milagre; maravilha.
Formato Anfíbio
da mão
Sufixo de
comestí- Que profere ultrajes a religião ou 12 16 17 13 4 14 1
"mimosa"
francesa vel (pl.) divindade.
BANCO
4/état — rose. 9/ricochete — ursa menor. 10/caucasiano — secundária. 15/oráculo de delfos.
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Nível Difícil 6003244

1 4 3 8 5 2 9 7 6
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7 9 2 6 1 3 4 5 8
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9 2 7 4 8 6 5 1 3
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6 5 8 3 9 1 2 4 7
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5 7 4 1 6 9 8 3 2
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3 1 9 2 4 8 7 6 5
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1 4
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2 8 6 5 3 7 1 9 4
M

C
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7 9 6
3 5
4 6 2 7

9 5 8
C10
A FUNDO
ARTE CONTESTADA
Tecnologia atribuiu uma obra a
Rafael, mas especialistas estão céticos
Uso da IA na
autenticação
de quadros
é rejeitado
REMO CASILLI/REUTERS – 4/3/2020
SHERA AVI-YONAH
THE WASHINGTON POST
s exibições de pintu-
A ras do mestre renas-
centista Rafael geral-
mente são reservadas aos lo-
cais de arte mais famosos do
mundo, como o Louvre em Pa-
ris, o Metropolitan Museum
Razão da dúvida of Art em Nova York e os Mu-
Para alguns críticos, seus do Vaticano.
Mas, na semana passada,
Rafael (acima, em uma galeria na cidade de Brad-
autorretrato), estando ford, no norte da Inglaterra,
no auge, não gastaria seu exibiu o que, segundo ela, a in-
teligência artificial identifi-
tempo apenas copiando cou como uma obra do pintor
a ‘Madona Sistina’ renascentista italiano tantas
vezes mencionado ao lado de
Michelangelo e Leonardo da
Vinci. Os pesquisadores espe-
ram que o uso experimental
de IA acabe com um debate de
décadas sobre as origens da
pintura, conhecida como De
Brécy Tondo, permitindo que
seja admitida junto a outras
obras de Rafael em cidades
mais conhecidas por seus
salões de arte.
A exposição de dois meses
na Cartwright Hall Art Gallery
de Bradford mostra como os
modelos de IA podem abalar o
estreito mundo da atribuição
de arte profissional, tradicio-
nal reduto de especialistas
que muitas vezes dedicam to-
da a carreira ao estudo de um
único artista ou período.
Pesquisadores das Univer-
sidades Nottingham e de Brad-
ford disseram em janeiro que
um modelo de reconhecimen-
to facial com IA mostrou uma
semelhança de 97% entre a
Virgem Maria retratada na pin-
tura De Brécy Tondo e a Mado-
na Sistina, obra confirmada de
Modernizar
Para Hassan Ugail, está
na hora de os críticos de
arte ‘modernizarem seu
kit de ferramentas’ e
reavaliarem sua posição
Rafael, bem como 86% de se-
melhança entre o menino e o
Jesus do retábulo. Alguns es-
pecialistas discordaram.
Hassan Ugail, professor de
computação visual da Universi-
dade de Bradford que desenvol-
veu o modelo, disse que o caso
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
mostra que está na hora de os
conhecedores de arte moderni-
zarem seu kit de ferramentas.
“Foi uma grande curva de
aprendizado para entender o
mundo da arte e como os espe-
cialistas quase não usam evi-
dências científicas”, afirmou
Ugail. Os pesquisadores do mo-
delo usaram marcos de “dimen-
sões que o olho humano não
consegue ver”, completou ele.
RISCOS FINANCEIROS. A atri-
buição de arte pode acarretar
enormes riscos financeiros,
explicou Richard Polsky, que
dirige uma empresa de auten-
ticação focada em artistas
americanos do século 20.
“Digamos que haja um nú-
mero muito pequeno de obras
genuínas de certo artista
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
nos museus. Você coloca
mais uma obra no mercado e
pode cobrar um preço tremen-
do, porque ela esteve em
mãos privadas durante sécu-
los”, admitiu Polsky. “Não é
preciso muito para alguém
com dinheiro dizer: ‘Quero is-
so no meu novo museu e vou
pagar US$ 100 milhões’.”
Alguns artistas têm um catá-
logo definitivo de obras atri-
buídas. Outros, não – o que sig-
nifica que os estudiosos e o
mercado de arte precisam che-
gar a um consenso sobre possí-
veis novas peças, que podem
render milhões e mudar a com-
preensão dos espectadores so-
bre um determinado artista
em questão.
Os defensores do uso da IA
dizem que ela deixará o pro-
cesso de atribuição mais jus-
to. “A confiança no julgamen-
to de um único especialista hu-
mano pode ser arriscada por
causa do potencial de erro hu-
mano, da subjetividade ou dos
vieses”, advertiu Carina Popo-
vici, diretora executiva da em-
presa de autenticação de IA
Art Recognition, que não este-
ve envolvida no estudo sobre
De Brécy Tondo.
Ela contou que o algoritmo
de seu grupo detectou com
precisão as pinturas feitas pe-
lo falsificador Wolfgang Bel-
tracchi, que admitiu em 2012
falsificar obras de cerca de 50
artistas. Mas, no caso de De
Brécy Tondo, especialistas na
arte de Rafael e do Renasci-
mento informam que estão cé-
ticos sobre os resultados des-
A FUNDO C11
BRADFORD MUSEUM
se novo modelo de IA.
Um colecionador particu-
lar comprou a pintura em
1981, percebendo sua seme-
lhança com a Madona Sistina,
e a transferiu para um fundo
em 1995 para que especialis-
tas pudessem estudá-la. Os
proponentes afirmaram que é
um original de Rafael. Outros
dizem que é uma cópia feita
em algum momento entre a vi-
da do artista e o século 19.
Rudolf Hiller von Gaertrin-
gen, historiador de arte da
Universidade de Leipzig, na
Alemanha, que escreveu um
compêndio sobre a obra de Ra-
fael, não acredita que o pintor
teria produzido uma cópia
das figuras retratadas na Ma-
dona Sistina no auge de sua car-
reira, na década de 1510, pois
ele certamente preferiria va-
riar seus temas.
Novas paisagens
A IA está rapidamente
invadindo o mundo
da arte, fazendo
outras avaliações e
até criando obras
Patricia Emison, especialis-
ta em Renascimento Italiano
da Universidade de New
Hampshire, concorda. “Repin-
tar a Madona e o tema da crian-
ça que se vê no retábulo (da
Madona Sistina) está abaixo
de sua dignidade artística”, ga-
rantiu Emison. “Ele não esta-
va só tentando um dinheiri-
nho extra”, ponderou.
Polsky e Emison não têm
certeza de que um modelo de
IA consiga detectar nuances
que os especialistas veem
quando olham para uma obra
de arte. “Se você está profun-
damente imerso no trabalho
de um artista, já leu tudo sobre
ele. Já esteve em todos os mu-
seus do mundo para ver origi-
nais, já esteve em exposições
em galerias, talvez tenha até al-
guma obra ou já as comprou e
vendeu”, analisou Polsky.
1 “Não acho que esse tipo de coi-
sa possa ser ensinado.”
PINACOTECA DOS MESTRES ANTIGOS DE DRESDEN
CONTROVÉRSIAS. Apesar do ce-
1. ‘De Brécy ticismo dos especialistas, a IA
2 Tondo’, que a está rapidamente se tornando
IA garante um elemento do mundo da ar-
ser de Rafael te. Além de distinguir obras
2. ‘Madona de arte verdadeiras e falsas, os
Sistina’, obra modelos baseados em IA es-
do artista tão gerando novas obras de ar-
de 1512 te – e novas controvérsias.
Um grupo de artistas proces-
sou várias empresas de IA este
ano, alegando que elas viola-
ram a lei de direitos autorais
ao usar arte online como mate-
rial de treinamento.
Ao contrário do processo
no tribunal, talvez seja difícil
chegar a uma decisão definiti-
va sobre a procedência de De
Brécy Tondo. “A atribuição é
uma coisa delicada. Não é algo
que se pratica com absoluta
certeza”, admitiu Emison. l
TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

C12 CULTURA&COMPORTAMENTO
Dona Florinda pede comida
As distinções sociais ficaram difusas. Não me refiro ao dinheiro, mas às molduras sociais
ma cena que se repete:
U um entregador de co-
mida é maltratado pela
pessoa que encomen-
dou. É um déjà-vu eterno. To-
da semana, há um novo episó-
dio. O que está ocorrendo?
Alguém soltará um suspiro
saudosista: “Antigamente, as
pessoas eram mais educadas”.
Sim, havia mais fórmulas de
comportamento polido. No
entanto, reconheçamos – não
eram regras para ser aplicadas
a todo mundo. Vejamos algu-
mas normas do campo da eti-
queta tradicional: “Ao chegar
pela primeira vez a uma casa,
leve um presente. Cumpri-
mente as pessoas, olhando
nos olhos. Pergunte se estão
bem. Agradeça a considera-
ção. Elogie a casa. Jamais criti-
que a comida ou os móveis. Re-
tribua o convite, recebendo-
as na sua residência”. Eram
princípios lindos de uma vida
harmoniosa, mas, forçoso pen-
sar, surgiam da horizontalida-
de social e só diziam respeito
a pessoas que se acreditavam
da mesma categoria. Vamos a
uma expressão antiga: “Não
grite comigo, porque eu não
sou sua empregada”. O senti-
do é lógico: com a empregada,
você pode gritar. “Sou o pro-
prietário deste imóvel e devo
ser respeitado.” A etiqueta de-
rivava, em parte, da escritura
do apartamento. Respeito era
uma categoria mais financeira
do que humana.
O mundo foi transformado,
e as distinções sociais ficaram
mais difusas. Não me refiro ao
dinheiro: ele continua bastan-
te concentrado como sempre.
Refiro-me às molduras so-
MANTENEDORES
Leandro
Karnal
D. Florinda e seu Madruga no SBT: Lívia Andrade e Felipe Levoto
Não temos, entre
nós, nobres de
nascimento. Para
comer em lugar caro
basta ter recursos
ciais. Não temos por comuns,
entre nós, nobres de nasci-
mento. Para comer em um lu-
gar caro, basta ter recursos fi-
nanceiros; nenhuma linha-
gem é exigida. Pior: um in-
fluencer famoso da internet
terá mais facilidade com a re-
serva do que Dona Maria Antô-
nia de Andrade Motta Siquei-
ra e Prado, paulista quatrocen-
tona e descendente de uma fa-
mília bandeirante. “Oh tempo-
ra, oh mores!” – proclamará
PATROCINADORES OURO
ARTHUR IGRECIAS
Dona Maria Antônia, em me-
mória ao latim do Colégio Des
Oiseaux. “É nóis na fita!” – di-
rá o influencer que nem sabe
onde ficava o instituto educa-
cional aristocrático. O mun-
do, como diria Christopher
Hill, está de “ponta-cabeça”.
Sem limites claros, sem
códigos evidentes de roupas
e de costumes, sem brasões,
a diferença social agarra-se
ao material em si. Fica mais
difícil me isolar da massa. Só
tenho a casa, o apartamento,
o carro ou a renda para me
considerar especial. Fazer
um espaço de identidade que
me afaste da plebe é uma aspi-
ração antiga no Brasil. Não
importa que tenha vindo de
terceira classe, no porão de
um cargueiro: meus ances-
WIENER
KAMMERSYMPHONIE
O REQUINTE DA MÚSICA DE CÂMARA
COM VIRTUOSES DE VIENA
29 DE AGOSTO
SALA SÃO PAULO
Classif icação indicativa: recomendado para maiores de 7 anos.
trais eram europeus. Nos
trópicos, minha alvura deve-
ria ser um distintivo, pensam
os membros do precariado.
O neologismo serve para os
adultos altamente escolariza-
dos que sentem insegurança,
pois não possuem milhões
em um banco em Genebra.
Trabalham, têm alguma ren-
da, mas vivem sem lastros fir-
mes e apresentam pavor à
ideia de declínio.
Quando eu marco uma co-
mida em um aplicativo, sinto-
me um duque inglês, pedindo
meu chá Darjeeling com san-
duíche de pepino. Ao embar-
car em um voo, faço o ar blasé
de um aristocrata no cais do
Le Havre, prestes a um pas-
seio ao redor do mundo. Só
que... não. O meu chá da nobre-
za é uma pizza amolecida pelo
vapor e chega em uma moto
velha. Por vezes, “The horror,
the horror!” – eu tenho de des-
cer à portaria e dialogar com
um trabalhador que não está
trajado à altura do meu mole-
tom. Como Dona Florinda, a
mãe do Kiko, no seriado mexi-
cano Chaves, eu estou na mes-
ma vila de todo mundo, mas,
como tenho uma pequena pen-
são do meu falecido esposo,
recomendo ao meu rebento
que “não se misture com esta
gentalha”. A dor da Dona Flo-
rinda é ser gentalha também,
precariado puro. A única ale-
gria dela, com vida social e se-
xual deficitárias, é humilhar
seu Madruga e similares para
se sentir melhor.
O mundo é líquido, e hierar-
quias oscilam muito. Pedir
uma comida barata significa
algo prático. Implica tam-
2023
INGRESSOS À VENDA
TEL .: (11) 3815-6377
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• 20H30
APOIO
DOMINGO, 6 DE AGOSTO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
bém que não tenho muitos
empregados em casa, elabo-
rando pratos sofisticados.
Uma vida prática, com pouco
tempo, limitada em recursos,
lançou-me aos aplicativos de
comida. Mas... eu ainda sou
Dona Florinda e “não me mis-
turo com esta gentalha”.
Vivemos em um mundo de
grosserias, porque temos re-
ceios. O medo gera ogros rai-
vosos. O ressentimento vol-
ta-se para a política, para as
redes sociais e para o entrega-
dor. Aquele rapaz que pedala
ou dirige a moto é o símbolo
de tudo o que eu tento evitar.
Se eu demonstrar minha in-
dignação com ele, estarei um
pouco menos pesaroso em re-
lação à minha memória de
precariado. O que meu res-
tou? O pugilato com quem
não pode se defender. Isso é
meu reconhecimento de fra-
queza, do meu fracasso e, por
saber disso, fico ainda mais
irado. Cada pizza amolecida
remete-me ao que jamais ti-
ve, mas que fantasio como
instrumento de transferên-
cia. Sim, Dona Florinda está
sempre com os bobes, por-
que um dia sairá dali arruma-
da e feliz. Provavelmente,
nunca escapará da vila. No en-
tanto, o destino deu-lhe ao
menos um consolo: poder hu-
milhar a gentalha anônima
que a lembra, a cada entrega,
que ela também é uma fracas-
sada. Esperança? Isso o apli-
cativo não entrega. Tem de
ser construído. l
LEANDRO KARNAL É HISTORIADOR,
ESCRITOR, MEMBRO DA ACADEMIA
PAULISTA DE LETRAS E AUTOR DE
‘A CORAGEM DA ESPERANÇA’, ENTRE OUTROS
REALIZAÇÃO