FUNDADO EM 1875 Sábado 17 de FEVEREIRO de 2024 l R$ 7,00 l Ano 145 l Nº 47604
JULIO MESQUITA (1862—1927) estadão.com.br
PEANUTS/UNITED FEATURE SYNDICATE
BEM-ESTAR __ D1, D4 e D5
Autoestima
infantil, um
marco para
toda a vida
Bia Ben, 21 anos, e o filho Benjamin, 4 anos: a influência dos pais é crucial para que filhos construam uma boa visão de si
A um mês de eleição na Rússia
Principal opositor russo morre
na prisão e Ocidente culpa Putin
Envenenado em 2020, Alexei Navalni estava preso no Ártico
A
longa lista de mor-
tes suspeitas de ini-
migos do autocrata
Vladimir Putin pas-
sou a incluir ontem o principal
opositor russo. Aos 47 anos, Ale-
xei Navalni, advogado conheci-
do por denunciar corrupção e
fraudes eleitorais, morreu após
dois meses numa prisão no Árti-
co. Desde 2011, ele liderou pro-
testos contra Putin, há 24 anos
no poder e prestes obter o quin-
to mandato. Em 2020, Navalni
Edição de hoje Caderno A. Opinião, Política, Internacional, Metrópole, Saúde,
4 CADERNOS – 48 páginas Esportes, Para fechar... E&N. Destacar Economia & Negócios
Fim de semana
C2 __ C1 E&N __ B16 A fundo __ C6 e C7
Embarcados A sobrevivência
Snoopy, o amigão e ‘influencers’ humana em questão
Beagle protagoniza animação com O sucesso nas redes da Margaret Atwood e
finas camadas de humor e lirismo carreira em plataformas a crise ambiental
DHAVID NORMANDO / ESTADÃO
Debate __ A4 e A6
Deslegitimar prisão
é descivilizar o País
GUILHERME DERRITE
Sec. de Segurança Pública - SP
Se a cada saída temporá-
ria 5% não voltam à pri-
são, em um ano serão 6
mil condenados soltos.
Cárcere, fator
de crime
ANTONIO CLÁUDIO
MARIZ DE OLIVEIRA
Advogado
Pena aplicada pelo Esta-
do a criminoso não pode
ser tida como instrumen-
to de vingança ou castigo.
Insegurança pública __ A14
Reincidência de
presos supera 30%
no Brasil, que tem
827 mil detentos
Os encarcerados pela primei-
ra vez são “matriculados”
por facções, mesmo sem ter
elo com o crime organizado.
__ A11 Justiça de Nova York __ A13
Multa de R$ 1,7 bi
por fraude fiscal
ameaça império
de Trump
Ex-presidente e seus filhos fo-
ram acusados de inflar o va-
lor de arranha-céus, hotéis
de luxo e campos de golfe.
RUSSIAN FEDERAL PENITENTIARY SERVICE VIA SOTAVISION VIA AP
Fareed Zakaria __ A12 Notas e Informações __ A3
A entrevista de Putin à A democracia
direita radical dos EUA
do olho roxo
foi envenenado num voo da Si- Fernando Reinach __ A16
béria para Moscou. Em 2021, foi
detido. “O que aconteceu é re-
A migração de zebras,
sultado de algo que Putin e seus
gnus e gazelas
capangas fizeram”, disse Joe Bi-
den, em sintonia com líderes eu- Fabio Gallo __ B12
ropeus. Donald Trump, admira- As fobias
dor de Putin, manteve silêncio. Navalni sorridente em seu último registro em vídeo, na quinta-feira financeiras
C2. Cultura & Comportamento, A fundo Tempo em SP
Destacar BE. Bem-estar 20° Mín. 25° Máx.
 SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
A2 O ESTADO DE S. PAULO

ROSEANN KENNEDY
COM EDUARDO GAYER E AUGUSTO TENÓRIO Coluna do
Estadão
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
COLUNADOESTADAO@ESTADAO.COM
ESTADAO.COM.BR/POLITICA/COLUNA-DO-ESTADAO

Governo diz para base evitar SINAIS

PARTICULARES
‘salto alto’ e cobra foco na
pauta econômica na Câmara por Kleber Sales

clima de euforia tomou conta das lideranças go-

O vernistas, ontem, diante da expectativa de alta de

6% na arrecadação em janeiro. Mas logo os parla-
mentares receberam recado do Planalto para não
subir no “salto alto” e manter o foco na pauta econômi-
ca na Câmara. O alerta foi repassado pelo líder do gover-
no, deputado José Guimarães (PT-CE). Enquanto cole-
gas avaliavam que o resultado tiraria a corda do pescoço
do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na sua corri-
da para buscar o déficit zero, Guimarães ressaltou a ma-
nutenção das prioridades do governo neste semestre:
“Precisamos concluir a regulamentação da reforma tri-
butária, votar a MP da reoneração da folha de pagamen-
to e analisar os vetos presidenciais”, afirmou à Coluna.

l COMO... O prefeito de São Paulo, l IRONIAS. Circula nos grupos de

Ricardo Nunes (MDB), recebeu
um “salvo-conduto bolsonaris-
ta”. O ex-presidente Jair Bolsona-
ro disse que eventual ausência
do prefeito na manifestação do
próximo dia 25 não gera risco de
rompimento de aliança nas elei-
ções deste ano. Havia esse temor
na campanha emedebista.
parlamentares bolsonaristas
uma lista com 50 nomes de con-
gressistas que já teriam confirma-
do presença no ato. A relação pu-
la o número 13, e põe 12+1. Na po-
sição, está a deputada Carla Zam-
belli, que já foi de principal aliada José Guimarães (PT-CE),
a desafeto do ex-presidente. líder do governo na Câmara

l DIGA... A Comissão de Minas e

l ...QUISER. “Com toda certeza
ele vai. Mas essa história de
rompimento não existe”, afir-
mou o ex-presidente à Coluna.
l PENSE BEM. Ontem, Nunes afir-
mou que deve comparecer. Nos
bastidores do MDB nacional, no
entanto, permanece a avaliação
de que é melhor ausentar-se.
l CARIMBO. Apesar do anúncio de
um ato pacífico, o MDB receia
ver bolsonaristas entoando men-
sagens antidemocráticas. Isso
afetaria a imagem do partido
que, vale ressaltar, ocupa três mi-
nistérios no governo Lula.
Energia da Câmara recebeu ofí-
cio do prefeito de Angra (RJ),
Fernando Jordão, com um ape-
lo para o governo federal não
renovar o contrato com a con-
cessionária de energia elétrica
Enel no Rio de Janeiro, previs-
to até 2026. O gestor destaca
os apagões constantes e relata
quatro casos de choque elétri-
co, com uma morte.
l ...NÃO. Em nota à Coluna, a Enel
informou que os problemas fo-
ram ocasionados por temporais
e que trabalha para normalizar o
serviço. Também lamentou os in-
cidentes e afirmou estar em con-
tato com familiares das vítimas.
l SOB... A Fiesp vai apresentar ao PARA VER, OUVIR E PENSAR CLICK
ministro do Empreendedorismo JOSUÉ ROCHA/ASCOM PSOL
uma proposta para atualizar o te-
to de permanência no Simples
Nacional e adequação das alíquo-
tas das últimas faixas. A entidade
ressalta que o regime simplifica-
do é adotado por 63,7% das em-
presas. Márcio França vai à se-
de da entidade na segunda, 19.
Celso Sabino Guilherme Boulos
l ...PRESSÃO. No dia seguinte, Ministro do Turismo Deputado federal (PSOL)
França vai ser pressionado sobre
o tema pela Frente Parlamentar
do Empreendedorismo. Além da l Filme: Questão de Tempo Reuniu-se com a deputada esta-
mudança na faixa de permanên- l Música: Coladinho, Zé Va- dual Marina Helou (Rede-SP) e
cia, congressistas querem estabe- queiro as presidentes estadual e muni-
lecer atualização anual da receita l Livro: O Código da Vinci, cipal da legenda para discutir
bruta com base na inflação. Dan Brown sustentabilidade em São Paulo.

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SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Publicado desde 1875
AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)
NOTAS E INFORMAÇÕES
A democracia de
olho roxo
Caso da agressão a Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma,
que ensejou medidas excepcionais por parte do Supremo por ser
vista como ameaça à democracia, é encerrado sem indiciamentos
erminou não com um es-
T trondo, mas com um gemi-
do, o inquérito que apurou
as hostilidades que o mi-
nistro do Supremo Tribu-
nal Federal (STF) Alexandre de Mo-
raes alegou ter sofrido em julho do
ano passado, junto com sua família,
no aeroporto de Roma.
Como se sabe, a investigação poli-
cial acabou sem indiciamentos, por se
tratar de crime de menor potencial
ofensivo – algo que era evidente desde
o momento em que o caso veio à tona.
No entanto, nos tempos estranhos
A crucial regulamentação
da reforma tributária
É hora de buscar convergências com os setores produtivos, e
isso deve ser feito antes do envio dos projetos ao Legislativo.
Governo e Congresso devem deixar de lado disputas de poder
Congresso tem uma tare-
O fa muito importante a
cumprir neste ano. Após
a histórica aprovação da
reforma tributária sobre
o consumo, o Legislativo terá de regula-
mentar a proposta, ou seja, apreciar pro-
jetos de lei complementares que trata-
rão da transição entre os antigos e os
novos tributos sobre bens e serviços, o
imposto seletivo, os regimes específi-
cos, a governança do Comitê Gestor do
Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), o
modelo para garantir a não cumulativi-
dade dos tributos e a apuração de crédi-
tos ao longo da cadeia, o tratamento da
Zona Franca de Manaus, a desoneração
da cesta básica e os fundos de desenvol-
vimento regional e para os Estados da
Região Norte, entre muitos outros.
O ano será curto, uma vez que as elei-
LUIZ CARLOS MESQUITA(1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)
que o País vive, uma simples alterca-
ção seguida de empurrões e tapas tor-
nou-se objeto de histérica reação de
autoridades do Supremo e do gover-
no, como se a agressão ao sr. Moraes e
a seus familiares fizesse parte do com-
plô bolsonarista contra a democracia.
Nada menos.
Ao longo de meses, a título de salva-
guardar o regime democrático, como
se este estivesse encarnado no sr. Mo-
raes, ministros do Supremo atropela-
ram princípios republicanos óbvios. A
então presidente do STF, ministra Ro-
sa Weber, magistrada rigorosamente
ções municipais devem deslocar a aten-
ção de deputados e senadores para as
disputas políticas em suas bases ao lon-
go do segundo semestre. Nesse senti-
do, foi muito positivo o encontro entre
o presidente Lula da Silva e o presiden-
te da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mar-
cado para aparar arestas geradas pelo
veto parcial às emendas de comissão e
ao calendário para execução das emen-
das parlamentares.
Tudo que o País não precisa neste
momento é de uma guerra silenciosa
entre o Executivo e o Legislativo a tra-
var a tramitação de propostas cruciais
para colocar a reforma tributária nos tri-
lhos. Esse armistício entre Lula e Lira,
porém, não é suficiente. Há muitos te-
mas a serem tratados por meio de proje-
tos de lei complementares e será preci-
so construir apoio para cada um deles.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE
DIRETOR PRESIDENTE
FRANCISCO MESQUITA NETO
ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA DIRETOR DE JORNALISMO
MEMBROS EURÍPEDES ALCÂNTARA
FRANCISCO MESQUITA NETO DIRETOR DE OPINIÃO
JÚLIO CÉSAR MESQUITA MARCOS GUTERMAN
LUIZ CARLOS ALENCAR
RODRIGO LARA MESQUITA
incompetente para decidir em um ca-
so que, se tanto, deveria tramitar na
primeira instância, autorizou o cum-
primento de mandados de busca e
apreensão na residência e locais de tra-
balho dos suspeitos da agressão – ain-
da que fosse claro, mesmo antes do
término do inquérito, que se tratava
de crime de menor potencial ofensi-
vo. Já o ministro Dias Toffoli, relator
do caso, diligentemente permitiu que
Moraes figurasse como assistente de
acusação ainda na fase de inquérito –
um evidente privilégio, tanto que a
Procuradoria-Geral da República in-
terpôs recurso para reverter essa aber-
ração jurídica.
Tudo isso se deu em meio a um cli-
ma de vale-tudo em nome da defesa
da democracia. A incivilidade de um
desafeto do sr. Moraes, que talvez não
merecesse nem sequer inquérito poli-
cial, serviu de pretexto para movimen-
tar a poderosíssima máquina do Su-
premo, com claros propósitos intimi-
datórios. Abespinhado, com razão, pe-
los seguidos ataques que vinha sofren-
do por parte de delinquentes bolsona-
ristas, o Supremo reagiu de modo
igualmente truculento.
Como se isso não bastasse, o então
ministro da Justiça, o loquaz Flávio
Dino, achou que era o caso de dizer, na
ocasião, que a agressão ao ministro
Moraes e seus familiares poderia con-
figurar, além de crimes contra a honra
e de ameaça, “um ataque ao Estado
Democrático de Direito”, tal como ti-
pificado na Lei n.º 14.197/2021. Já a
respeito do absurdo pedido da Polícia
Federal para realizar busca e apreen-
são na casa do acusado da agressão e
Para subsidiar a elaboração dos ante-
projetos, o Ministério da Fazenda criou
19 grupos técnicos com participação de
membros da União, dos Estados e dos
municípios. Os trabalhos deverão ser
concluídos até 25 de março, quando se-
rão submetidos ao ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, para só então serem
enviados pelo governo ao Legislativo.
Com receio do que o governo preten-
de apresentar, uma vez que foi excluído
dos grupos técnicos, o setor privado co-
meçou a se mobilizar. E o Congresso,
como esperado, reagiu. O resultado foi a
criação de colegiados que conduzirão as
mesmas discussões tratadas na Fazen-
da, mas de forma paralela – o que tende
a ampliar e consolidar divergências.
Como mostrou o Estadão, a indús-
tria de mineração e o setor de petróleo
querem impedir que o Imposto Seleti-
vo, cuja alíquota será de até 1% sobre a
produção, incida sobre as exportações.
Assim, buscam maneiras de convencer
os parlamentares a reduzi-lo e até isen-
tá-lo, de forma a não comprometer a
competitividade de seus produtos no
exterior.
O setor de saneamento básico, por
sua vez, alega que as contas de água po-
dem subir até 18%. O segmento, que ha-
via garantido um regime especial no Se-
nado, acabou por perdê-lo na fase final
de tramitação da proposta na Câmara.
Teme, inclusive, que a tributação impe-
ça o cumprimento dos compromissos
A3
DIRETORA JURÍDICA
MARIANA UEMURA SAMPAIO
DIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE
PAULO BOTELHO PESSOA
DIRETOR FINANCEIRO
SERGIO MALGUEIRO MOREIRA
de outros supostos envolvidos, Flávio
Dino declarou que estava tudo em or-
dem – e acrescentou: “Sobre a propor-
cionalidade da medida, sublinho que
passou da hora de naturalizar absur-
dos”. Pode-se imaginar com que âni-
mo o sr. Dino assumirá em breve seu
cargo de ministro do Supremo.
Na mesma toada, o presidente Lu-
la da Silva – aquele que se elegeu pro-
metendo “salvar a democracia” – não
perdeu a chance de explorar o caso.
“Um cidadão desses é um animal sel-
vagem, não é ser humano”, disse Lula
sobre o agressor, mesmo antes de se
conhecerem os detalhes do episódio.
Para Lula, no entanto, isso era irrele-
vante. O importante era denunciar
“essa gente que renasceu no neofas-
cismo, colocado em prática no Bra-
sil”. Lula prometeu “extirpar” tais ex-
tremistas e ser “muito duro com essa
gente, para aprenderem a voltar a ser
civilizados”.
Comparando-se esse palavrório in-
consequente com o resultado anticli-
mático do inquérito sobre o incidente
envolvendo o sr. Moraes, tem-se a exa-
ta noção da distância que há entre a
retórica inflamada dos autoritários
travestidos de paladinos da democra-
cia e a realidade dos fatos. O Brasil
estará muito longe da desejada pacifi-
cação social enquanto o discurso po-
lítico incendiário prevalecer sobre a
razão e ensejar o atropelo dos mais
elementares pilares do Estado Demo-
crático de Direito. Em outras pala-
vras: quando um simples tapa é trata-
do como um atentado à democracia, é
a democracia que sai com um olho
roxo.l
de universalização estabelecidos no
marco do saneamento.
Esses movimentos reforçam a im-
portância de o governo atuar com pru-
dência e cuidado na regulamentação da
reforma tributária. É hora de buscar
convergências com os setores, e o ideal
é que isso seja feito antes mesmo do
envio das propostas ao Legislativo. É
essencial que o Executivo saiba reco-
nhecer a oportunidade que tem em
suas mãos.
Para facilitar essas negociações,
transparência é fundamental. As dúvi-
das que permeavam o cálculo da alíquo-
ta padrão do futuro Imposto sobre Va-
lor Agregado (IVA) já estão sanadas des-
de a promulgação da Proposta de Emen-
da à Constituição (PEC) 45/2019, no
fim do ano passado.
Antes da aprovação final da reforma,
o Ministério da Fazenda a havia estima-
do em 27,5%. É hora, portanto, de o go-
verno divulgar e de a sociedade saber
qual será a alíquota padrão que resultou
dessas discussões. Só assim será possí-
vel saber se os temores dos setores têm
ou não algum sentido e propor corre-
ções, como a devolução do imposto pa-
ra famílias de baixa renda.
Ademais, governo e Congresso não
podem se perder em disputas de poder
inócuas. É preciso concentrar forças nas
propostas de que o País precisa para criar
um ambiente propício ao crescimento
econômico e à geração de empregos.l
 O ESTADO DE S. PAULO
A4
ESPAÇO ABERTO
Deslegitimar instituto da
prisão é descivilizar o País
Guilherme Derrite
a semana passa-
N da, enterramos
mais um policial
militar em San-
tos, no litoral pau-
lista. O cabo Silveira averigua-
va uma denúncia quando foi
covardemente atacado pelas
costas na manhã de 7 de feve-
reiro. Ele não resistiu. O par-
ceiro dele, o sargento Guilher-
me, também foi atingido. O
disparo acertou o globo ocular
e ele perdeu a visão. Na mes-
ma data, a Polícia Civil pren-
deu um homem que é suspeito
de envolvimento num triplo
homicídio de uma família de
Votuporanga, no interior de
São Paulo.
Os crimes se ligam não só
pela covardia, mas pelo primo-
roso instituto da saída tempo-
rária. Os dois homens que ata-
caram os policiais foram bene-
ficiados pela saidinha. Um,
condenado em 2014, deixou a
cadeia em 2017 e não voltou
mais. O outro, sentenciado a
12 anos em 2020, saiu da peni-
tenciária dois anos depois e
também escolheu ficar nas
ruas. O homem detido em Vo-
tuporanga cometeu o bárbaro
assassinato durante a saída
temporária.
Mesmo com todo este con-
FÓRUM DOS LEITORES
Rússia
A morte de Alexei Navalni
O ativista e líder da oposição rus-
sa Alexei Navalni morreu on-
tem, segundo a Reuters. Um co-
municado do centro penitenciá-
rio onde Navalni estava detido
apontou que ele perdeu a cons-
ciência após dar uma caminhada
na penitenciária, que fica no gela-
do Ártico russo. Os bons tempos
de Stalin voltaram ao Kremlin. E,
se a vontade do novo czar preva-
lecer, o império também voltará.
Arnaldo Goltcher
goltcher@terra.com.br
São Paulo
Oposição na Rússia
Registro minha tristeza e indig-
nação pela morte do jovem líder
de oposição russa Alexei Nalva-
ni, numa prisão sob o despótico
regime ditatorial de Vladimir Pu-
tin. Nalvani mostrou coragem e
compromisso de líder ao retor-
nar da Alemanha após ter sido en-
venenado, sabendo que seria
imediatamente preso e condena-
texto de extrema criminalida-
de que assola o País, não me
espantou ler um comunicado
recente emitido por um grupo
de trabalho que conta com a
participação de membros do
Ministério Público Federal –
que se diz defensor da cidada-
nia –, que sinalizou muito timi-
damente para a defesa das víti-
mas, dando voz única e exclusi-
vamente aos criminosos, en-
quanto classificou como popu-
listas as discussões acerca do
fim das saídas temporárias.
Ocorre que no Brasil os
olhares se voltam para o crimi-
noso, encobrindo por absolu-
to a dor da vítima. Assim sur-
giu a concepção de que se tor-
nar um criminoso é obra da na-
tureza, normalizando a convi-
vência na sociedade de infrato-
res que não completaram suas
penas impostas pela Justiça,
pois foram favorecidos pelos
múltiplos benefícios das leis
brasileiras.
Esse movimento está, há
tempos, deslegitimando e es-
vaziando a pena de prisão, o
único – e principal – recurso
civilizatório de defesa da socie-
dade e de prestação de justiça
às vítimas.
A prisão é a segunda fase do
sistema de justiça criminal. A
O Estado reserva-se o direito de selecionar e resumir as cartas.
Correspondência sem identificação (nome, RG, endereço e telefone) será desconsiderada l E-mail: forum@estadao.com
do, como de fato foi. Que sua bre-
ve vida de 47 anos não tenha sido
em vão: que encoraje os muitos
russos que já vêm se mobilizan-
do pela democratização do país e
que seja mais um alerta a países
democráticos que fazem vista
grossa ao que se passa lá, bem co-
mo na Venezuela e em outras di-
taduras. Quem quer defender a
democracia doméstica tem de
defendê-la também fora de casa.
Rui Tavares Maluf
rtmaluf@uol.com.br
São Paulo
Política externa
Comoção seletiva
A pretexto de ficar bem na fita
com a Liga Árabe, Lula mais uma
vez demonstra sua parcialidade
com relação à guerra entre Ha-
mas e Israel, ao negar o direito de
defesa de Israel diante de cons-
tantes ataques de grupo terroris-
ta. Por que razão não critica a co-
vardia do Hamas ao usar sua pró-
pria população civil como escu-
do humano ou manter reféns em
cativeiro por mais de quatro me-
Se levarmos em conta
que a cada saída
temporária cerca de
5% dos beneficiados
não voltam à prisão em
SP, temos, ao fim de um
ano, 6 mil condenados
nas ruas do Estado
primeira é constituída pela fa-
se policial, pelo devido proces-
so legal e pela condenação.
Após essa etapa, o criminoso
cumprirá a sentença numa pe-
nitenciaria, com seus direitos
individuais protegidos, ao pas-
so que fica incapacitado para o
crime durante o período de
cumprimento da sentença. Es-
se é um mecanismo inquestio-
ses em condições desumanas?
Por que não critica o desrespeito
ao cessar-fogo até quando prisio-
neiros palestinos são liberados?
Por que não se comoveu diante
das atrocidades cometidas con-
tra Israel com ajuda de uma agên-
cia da ONU? E o que dizer de inú-
meras outras guerras onde, infe-
lizmente, também morrem mu-
lheres e crianças inocentes? Sua
comoção seletiva não convence
ninguém e mais uma vez de-
monstra sua cegueira ideológi-
ca, que envergonha o Brasil dian-
te do mundo. Lula definitiva-
mente não me representa!
Sandra Birger Romani
sandrabirger7@yahoo.com.br
São Paulo
Discurso de Lula no Egito
O Brasil mostra sua cara hipócri-
ta, que vai na contramão das de-
mocracias. Eu não quero que o
dinheiro que pago em tributos se-
ja doado a ditaduras, terroristas,
agência da ONU ligada ao terro-
rismo, Cuba, Venezuela e países
que não respeitam os direitos
das pessoas. Cada vez que Lula
nável e que está presente nas
democracias modernas.
Ocorre que a desconstru-
ção deste instituto é um ata-
que orquestrado contra a so-
ciedade. Desde a vigência da
Lei de Execução Penal, em
1984, toda inovação que surgiu
na legislação nas últimas déca-
das foi uma maneira de evitar
que o criminoso cumpra a pe-
na estabelecida pela Justiça na
íntegra. A mais absurda é a saí-
da temporária.
As famílias brasileiras que
viviam numa época bem mais
desigual no início do século 20
não pereceram nas mãos dos
marginais da forma como é ho-
je. Chegamos a um ponto ina-
ceitável de violência. Há 40
anos sofremos com os maio-
res aumentos de criminalida-
de da nossa história. Isso por-
que os tomadores de decisão
resolveram ignorar as dores
das vítimas.
Assim, se a prisão não serve
à prestação de justiça às víti-
mas nem à imposição de custo
aos criminosos, serve a quê?
Claro, podemos supor que pas-
sou a servir somente à resso-
cialização do criminoso, pro-
porcionando uma inversão de
papéis, em que o bandido é vis-
to como a verdadeira vítima da
abstrata sociedade. A absurda
hipótese não tem a mínima evi-
dência de que dê certo, razão
pela qual nenhum outro país
adota essa aberração.
Para ter uma ideia, na saída
temporária passada, quase 35
mil detentos deixaram os pre-
sídios paulistas e 1,5 mil não
retornaram. Por vezes, há
quem defenda que o porcen-
tual de evadidos é “baixo”.
Ora, se levarmos em conta
se manifesta em discursos no ex-
terior, diz inverdades. Realmen-
te, nosso posicionamento peran-
te o mundo está cada vez mais ri-
dículo. Vamos cuidar do nosso
quintal, que isso nos trará mais
benefícios. O mundo mudou e es-
tá muito diferente do que era nas
gestões anteriores de Lula.
Mendel Leib Szlejf
mendels4@gmail.com
São Paulo
Segurança pública
Fuga em Mossoró
A fuga de dois detentos do presí-
dio de segurança máxima em
Mossoró (RN) dá a dimensão a
este governo do quanto é bom jo-
gar pedra nos antecessores.
Ocorre que agora o telhado é de
vidro. Reclamar do antigo minis-
tro da Justiça é reclamar de Dino,
e aí não pode, pois é governo.
Mas é o governo que está diante
do apagão na segurança nacional
e precisa urgentemente dar uma
resposta à ousadia dos presidiá-
rios. Independentemente de
achar culpados, é hora de encon-
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
que a cada saída temporária
aproximadamente 5% dos be-
neficiados não retornam às
penitenciárias em São Paulo,
temos, ao fim de um ano, 6
mil condenados nas ruas do
Estado, gerando retrabalho às
polícias.
Em São Paulo, de forma
inédita, as polícias realizaram
a recondução de mais de 700
detentos beneficiados pela sai-
dinha que descumpriram as re-
gras impostas pela Justiça.
Quase cem foram flagrados
cometendo novos crimes. Em
Marília, no interior do Esta-
do, um deles foi detido prati-
cando um roubo. Contra ele já
havia uma investigação que
concluíra ser o autor de outro
roubo na mesma cidade, co-
metido – vejam só – durante a
saidinha anterior.
Enquanto a quantidade de
crimes reais cometidos por es-
ses indivíduos das saídas tem-
porárias escapa das estatísti-
cas oficiais, pois requerem in-
vestigação, mais famílias
veem a criminalidade aumen-
tar por causa da saidinha, me-
dida que tem permitido o re-
torno da barbárie em nosso
país, num flagrante retroces-
so civilizacional.
Quem vai dizer aos paren-
tes destas e das próximas víti-
mas que isso é apenas populis-
mo daqueles que querem pôr
um fim ao benefício, como ale-
garam procuradores federais?
Segundo eles, a medida é um
“sucesso”. Mas só se for para
os criminosos, que se apoiam
em discursos rasos para voltar
a delinquir. l
É SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DE
SÃO PAULO
trar os foragidos e os responsá-
veis pela fuga. Já faz tempo que
os criminosos vêm testando o po-
der da Justiça brasileira. O desa-
fio é grande, pois esticaram de-
mais a corda e, agora, querem
pôr o guizo nos gatos.
Izabel Avallone
izabelavallone@gmail.com
São Paulo
Vale
Indefinição
É uma vergonha que a Vale, por
medo, fique adiando a decisão so-
bre a sucessão na sua presidên-
cia. A mineradora foi privatizada
a duras penas no governo de
FHC, enfrentando justamente o
PT. Agora, por causa novamente
de uma intromissão desse parti-
do, a empresa que nós, povo bra-
sileiro, queremos que continue
independente não consegue re-
solver essa questão. O que acon-
teceu na Petrobras deveria servir
de alerta ao Conselho da Vale.
Nelson Falseti
falsetini@gmail.com
São Paulo
O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024 A5

Perspectiva artística
Fachada
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a alteração sem aviso prévio. Projeto executivo em desenvolvimento. O projeto apresentado poderá sofrer alterações inclusive em decorrência de exigência do Poder Público e concessionárias de serviços. Shpaisman 120 Empreendimentos Imob. SPE Ltda. – CNPJ:
45.388.534/0001-75 – Cerqueira César – CEP: 01414-003. Intermediação: Shpaisman Vendas Ltda. CRECI: J28848 – Rua Haddock Lobo, 1.307 – 18º andar, cjs. 183/184 – Cerqueira César – tel: (11) 3065-1677 e central de atendimento Abyara (Quantum Partners
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meramente ilustrativas, podendo sofrer alterações. A vegetação e o paisagismo retratadas são meramente ilustrativos e apresentam porte adulto de referência. Na entrega do empreendimento, essa vegetação poderá apresentar diferenças de tamanho e porte.
 O ESTADO DE S. PAULO
A6
ESPAÇO ABERTO
Cárcere, fator de crime
Antonio Cláudio Mariz de Oliveira
á no Brasil ques-
H tões de grande re-
levância para as
quais a socieda-
de empresta pou-
ca importância. Talvez esse de-
sinteresse tenha como uma
das razões o descaso dado pelo
poder público. Refiro-me à
questão penitenciária e ao seu
respectivo sistema.
A inércia do Estado e a apatia
da sociedade transformaram o
encarceramento no Brasil num
eficiente fator de crime. O pri-
meiro despende fortunas na
construção de presídios e a se-
gunda se limita a exigir a prisão
como única resposta à crimina-
lidade. E nada mais fazem.
A Lei de Execução Penal
criou mecanismos importan-
tes na tentativa de adequar o ho-
mem preso às normas e exigên-
cias do convívio social, tornan-
do-o elemento prestante à so-
ciedade quando em liberdade.
O seu artigo primeiro reza
que a execução penal tem por
escopo fundamental a “har-
mônica integração social do
condenado e do internado”.
Em inúmeros artigos, traz o ins-
trumental necessário para o al-
cance desse objetivo. No entan-
to, tal como outros diplomas le-
gais, tornou-se neste aspecto
da reintegração do detento le-
tra morta. É um exemplo elo-
quente da existência de dois paí-
ses: o Brasil legal e o Brasil real.
TEMA DO DIA
FOTÓGRAFO/CRIADORDIAMOND FILMS/DIVULGAÇÃO
Cinema
‘Zona de interesse’ usa nazismo para expor
nossa cumplicidade com horrores do mundo
Jonathan Glazer, cineasta inglês, busca-
va uma abordagem nova, que trouxesse a tragé-
dia dos anos 1940 para os dias de hoje. Sua ideia
foi levar à tela o Holocausto pelo ponto de vista
dos perpetradores, ou seja, dos nazistas. l
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Logo em seu artigo 6.º, a lei
determina que o preso seja clas-
sificado de acordo com seus an-
tecedentes e sua personalida-
de, para que se cumpra o princí-
pio constitucional da indivi-
dualização da pena. A Consti-
tuição ainda prevê a preserva-
ção da integridade física e mo-
ral; a separação dos presos em
presídios distintos de acordo
com sua idade, natureza do cri-
me e sexo; e que as mulheres
permaneçam com seus filhos
para amamentá-los.
Ao lado desses direitos, a Lei
de Execução Penal impõe ao Es-
tado o dever de prestar assis-
tência material nos campos da
saúde, da justiça, educação, so-
cial e religiosa. Uma obrigação
do sistema é a de orientar e as-
sistir o albergado e o egresso,
por meio dos patronatos. No
entanto, pouco amparo se dá
ao egresso.
O rol dos descumprimentos
da lei não caberia no espaço
deste artigo. Basta que se obser-
ve a notória carência de assis-
tência médica e jurídica a que
estão relegados os homens e as
mulheres que cumprem pena
de prisão.
Deve-se ter presente que a
primeira e mais grave agressão
ao preso é contra a sua dignida-
de humana, protegida no fron-
tispício da Constituição fede-
ral (artigo 1.º, inciso III). A de-
gradação física e moral a que
15.705
interações
A pena aplicada pelo eficiente fator de aumento de
Estado ao autor de
um crime, em
cumprimento aos
imperativos legais,
não pode ser tida como
criminalidade. Durante o cum-
primento da pena, a carga cri-
minógena aumenta substan-
cialmente. Não se pense que o
encarcerado é apenas o perigo-
so criminoso. Prende-se, e mui-
to, o autor de pequenos delitos,
instrumento de insignificantes crimes. Revolta-
do com a desnecessária pena,
vingança ou de castigo refém do crime organizado, vio-
lentado física e moralmente,
ele adquire um incontrolável
ódio pela sociedade. Lembre-
se de que em liberdade as opor-
tunidades de trabalho são es-
cassas, a sua família pode estar
desfeita, restando-lhe para so-
breviver a volta ao crime.
A prisão atualmente, sob a in-
fluência da cultura punitiva
que se apossou do País, está
sendo muito mal decretada pe-
lo Poder Judiciário. Prende-se
de forma descriteriosa, sem
são submetidos centenas de qualquer avaliação de sua ne-
mulheres e de homens encarce- cessidade. Prisões preventivas
rados deveria ser motivo de continuam a ser decretadas a
mobilização geral, para em- mancheia. Embora a lei preveja
prestar humanidade ao cumpri- medidas cautelares em substi-
mento de pena. tuição, não são poucos os juí-
A sociedade precisa ter pre- zes que hesitam em aplicá-las.
sente que o preso não ficará de- Também com previsão legal,
tido para sempre – este seria o as audiências de custódia, ou-
desejo oculto de muitos. As- tro extraordinário avanço da
sim, se não por uma questão de Justiça Penal para corrigir ex-
humanidade, mas da própria cessos de prisões preventivas,
preservação, deveria-se cuidar estão sendo utilizadas com par-
do encarcerado. Tal como se cimônia. Ademais, a polícia
apresenta hoje, o sistema peni- tem decretado flagrantes des-
tenciário transformou-se em necessários em face de crimes
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ra arrebatadora! Saí arrasada do cinema.”
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no Oscar.”
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SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
de mínima gravidade, inclusive
os de natureza famélica. O ape-
go à letra fria da lei conduz a
graves injustiças, com nefastas
consequências futuras para a
sociedade.
A pena aplicada pelo Estado
ao autor de um crime, em cum-
primento aos imperativos le-
gais, não pode ser tida como
instrumento de vingança ou de
castigo. Em termos globais, ob-
serva-se que as prisões não es-
tão inibindo o avanço da crimi-
nalidade. No Brasil há aproxi-
madamente 700 mil presos, e a
criminalidade está sempre em
crescimento. Tanto a prisão
não impede a prática de novos
crimes que 70% dos atuais pre-
sos já estiveram no cárcere e a
ele voltaram.
Tivemos, com o surto de co-
vid-19, uma demonstração de
insensibilidade em relação aos
homens e mulheres encarcera-
dos. Centenas morreram sem
assistência e não se sabe até ho-
je o número de contaminados
e de mortos.
O crime e a prisão são fatos
humanos, que potencialmente
podem nos atingir ou a alguém
ligado a nós. Assim, não se po-
de retirá-los do nosso foco de
atenção. Cuidar do sistema pe-
nitenciário é uma obrigação hu-
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SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Operação Tempus Veritatis
Moraes mantém veto a contato entre
investigados por meio de advogados
Ministro do STF diz que decisão que deflagrou ação da PF não proíbe comunicação
entre representantes da defesa, apenas entre os suspeitos; OAB vê ‘vitória da advocacia’
RUBENS ANATER
PEPITA ORTEGA
RAYSSA MOTTA
O ministro do Supremo Tribu-
nal Federal (STF) Alexandre
de Moraes manteve a decisão
que proíbe a comunicação en-
tre os investigados da Opera-
ção Tempus Veritatis, deflagra-
da pela Polícia Federal no últi-
mo dia 8. Na determinação
que veda a comunicação entre
os suspeitos de tentar um gol-
pe de Estado, o ministro man-
teve também a ressalva de que
ela não poderá ocorrer “inclu-
sive através de advogados”.
A manifestação de Moraes
ocorreu em resposta a uma pe-
tição apresentada pelo Conse-
lho Federal da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil (OAB), que
viu ameaça de restrição ao
exercício da profissão. A men-
ção à proibição de comunica-
ção “através” de advogados
motivou a solicitação da OAB.
Em resposta ao pedido pro-
tocolado pela entidade, o mi-
nistro do STF afirmou que “di-
versamente do alegado pelo
Conselho Federal da OAB, em
momento algum houve proibi-
ção de comunicação entre ad-
vogados ou qualquer restrição
ao exercício da essencial e im-
prescindível atividade da advo-
cacia para a consecução efeti-
va do devido processo legal e
da ampla defesa”.
O ministro argumenta que
não proibiu comunicação entre
as defesas, mas que advogados
sejam usados para que os inves-
tigados troquem informações
ou combinem versões. A medi-
da costuma ser padrão em in-
vestigações criminais para evi-
tar, por exemplo, tentativas de
obstruir o trabalho da polícia.
“Em momento algum houve
qualquer vedação de comunica-
ção entre os advogados e seus
clientes ou entre os diversos ad-
vogados dos investigados”, afir-
Ministro se diz impedido e não julga sigilo do caso Roma
O ministro Alexandre de Mo-
raes, do Supremo Tribunal Fe-
deral, se declarou impedido e
não vai participar do julgamen-
to sobre o sigilo imposto ao ví-
deo do episódio no aeroporto
de Roma, em julho do ano pas-
mou Moraes no seu despacho.
Na decisão de agora, o minis-
tro destacou que “os investiga-
dos não poderão comunicar-se
entre si, seja pessoalmente, se-
ja por telefone, e-mail, cartas
ou qualquer outro método, in-
clusive estando vedada a comu-
nicação dos investigados reali-
zada por intermédio de tercei-
ra pessoa, sejam familiares, ami-
gos ou advogados, para que não
haja indevida interferência no
processo investigativo”. Segun-
do ele, a medida é necessária
para evitar combinação de ver-
sões e inibir “possíveis influên-
cias indevidas no ânimo de tes-
temunhas e de outras pessoas
que possam colaborar com o es-
clarecimento dos fatos”.
Na petição apresentada no
dia 9 último, a OAB interpre-
tou que Moraes estaria restrin-
gindo direitos da categoria e
pediu que a proibição de comu-
nicação entre os alvos da inves-
tigação “não seja extensiva aos
patronos (advogados) consti-
tuídos para representação dos
clientes investigados, de mo-
do a garantir o direito à liberda-
de do exercício profissional e o
direito à comunicação resguar-
dado constitucionalmente”.
‘PRERROGATIVAS’. Em nota di-
vulgada ontem, a Ordem cele-
brou a resposta de Moraes, afir-
mando que o ministro decidiu
“que não há proibição ou limi-
te para as comunicações entre
advogados de investigados em
operações da Polícia Federal”.
O presidente nacional da
OAB, Beto Simonetti, afirmou,
no comunicado, que a decisão
do ministro é uma “vitória da
advocacia” e afasta qualquer in-
terpretação divergente, refor-
çando as prerrogativas da cate-
goria. “Não se pode confundir
o advogado com seus clientes
e o texto original permitia que
algumas pessoas tivessem essa
interpretação. Agora, após
atuação da Ordem, fica esclare-
sado. Os ministros vão decidir
se confirmam ou não a decisão
do relator, Dias Toffoli, que
mantém a gravação em segre-
do de Justiça e se recusa a com-
partilhar cópias com a Procura-
doria-Geral da República e a de-
Moraes diz que decisão não impõe restrição ao exercício da advocacia
“A decisão afronta a
liberdade da advocacia,
pois não deveria vedar
a comunicação dos
advogados com os
investigados ou com
qualquer outra pessoa.
É essencial ao pleno
exercício da ampla
defesa a preservação
das prerrogativas da
advocacia”
Miguel Pereira Neto
Conselheiro do Instituto dos
Advogados de São Paulo
cido que não há essa limitação,
de acordo com o que dizem a
lei e as prerrogativas”.
Para o ex-secretário de Justi-
ça de São Paulo Belisário dos
Santos Júnior, “a questão fi-
cou esclarecida”. “Mas foi deci-
siva a ação do Conselho Fede-
ral da Ordem, porque não po-
de ficar no ar esse mal-entendi-
do de que advogados não po-
dem se falar, o que é um absur-
do. O ministro Alexandre de
fesa dos empresários investiga-
dos por hostilidades a Moraes.
O julgamento ocorre no ple-
nário virtual do STF. Os minis-
tros têm até a próxima sexta-fei-
ra para registrar o voto. Até ago-
ra, apenas Toffoli votou, man-
POLÍTICA
WILTON JUNIOR/ESTADÃO–9/8/2023
Moraes saiu dessa saia-justa di-
zendo que nunca havia proibi-
do o contato entre os advoga-
dos e deu a interpretação que a
classe queria ouvir.”
Já Miguel Pereira Neto, es-
pecialista em Direito Criminal
e conselheiro do Instituto dos
Advogados de São Paulo
(Iasp), avaliou que “a decisão
afronta a liberdade da advoca-
cia”. “Pois não deveria vedar a
comunicação dos advogados
com os investigados ou com
qualquer outra pessoa. É es-
sencial ao pleno exercício da
ampla defesa a preservação
das prerrogativas da advoca-
cia. Somente dessa forma res-
tará garantida uma investiga-
ção válida, eficaz e justa”, afir-
mou Pereira Neto.
RECURSO. Nesta semana, a de-
fesa do ex-presidente Jair Bol-
sonaro pediu a Moraes que re-
considere a decisão que o proi-
biu de manter contato com Val-
demar Costa Neto, o presiden-
te nacional do PL – seu partido
–, no inquérito que apura su-
posta tentativa de golpe.
Os advogados de Bolsonaro
alegam que ele é o principal ca-
bo eleitoral da legenda e que a
restrição prejudica as articula-
tendo posicionamento que apre-
sentou na decisão monocrática.
A Polícia Federal apresentou
anteontem o relatório final da
investigação com a conclusão
de que o empresário Roberto
Mantovani cometeu o crime de
“injúria real” – emprego de vio-
lência ou vias de fato para ofen-
der a dignidade ou o decoro de
A7
ções para as eleições munici-
pais de 2024. O documento
afirma que a decisão de Mo-
raes “compromete não apenas
a atividade político-partidária,
mas também a essência do de-
bate democrático”.
O criminalista Marcelo Bes-
sa, que coordenava a defesa de
Bolsonaro em outras investiga-
ções no Supremo, renunciou
na quinta-feira aos processos
envolvendo o ex-presidente
da República. Procurado pela
reportagem, ele informou que
não comentaria a saída.
O advogado atuava em in-
quéritos como o das milícias
digitais, das fake news sobre va-
cinação e sobre o vazamento
de dados de ataque hacker aos
sistemas da Justiça Eleitoral.
Ele será substituído pela advo-
gada Luciana Lauria Lopes.
Bessa também representa
Valdemar Costa Neto e perma-
necerá na defesa do presiden-
te nacional do PL. A decisão de
deixar os processos de Bolso-
naro estaria relacionada ao im-
pedimento imposto por Mo-
raes no inquérito que investiga
suspeita de trama para uma
tentativa de golpe no País.
IMPEDIMENTO. A defesa do ex-
presidente também questiona
a atuação de Moraes. Os advo-
gados pediram que o inquérito
seja redistribuído e que as deci-
sões tomadas pelo ministro se-
jam anuladas por falta de im-
parcialidade do magistrado.
A Polícia Federal descobriu
que Moraes foi monitorado
clandestinamente e que alia-
dos próximos de Bolsonaro
suspeitos de envolvimento na
conspiração golpista planeja-
vam a prisão do ministro.
A chance de o recurso da de-
fesa de Bolsonaro prosperar é
pequena. O Supremo já vali-
dou a atuação de ministros em
situações semelhantes, como
no caso do ex-deputado Da-
niel Silveira (PTB-RJ). l
alguém. A PF decidiu não indi-
ciá-lo porque o crime tem me-
nor potencial ofensivo. Isso não
significa que ele foi inocentado.
A Procuradoria inda precisa de-
cidir se é o caso de denunciá-lo.
Moraes sinaliza, ao se declarar
impedido, que também não deve
participar do julgamento final do
caso, se houver denúncia. l R.M.
 POLÍTICA
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
A8 O ESTADO DE S. PAULO

Operação Tempus Veritatis deral Carlos Jordy (PL-RJ), lí-

der da Oposição na Câmara, é Presenças

Nunes diz que vai a ato um dos principais aliados do

ex-presidente que estarão no
evento. Jordy teve endereços
vasculhados na Operação Lesa
l Governadores
Tarcísio de Freitas

pró-Bolsonaro em SP: Pátria, que investiga os respon-

sáveis por planejar, incitar e
executar o 8 de Janeiro. O par-
(Republicanos-SP)
Ronaldo Caiado
(União Brasil-GO)

‘Preciso ser solidário’ lamentar entrou na mira da PF

Candidato à reeleição
este ano, prefeito
deve participar da
manifestação junto
com o governador
Tarcísio de Freitas
SÃO PAULO
BRASÍLIA
O prefeito de São Paulo, Ricar-
do Nunes (MDB), afirmou on-
tem que pretende comparecer
ao ato convocado pelo ex-pre-
sidente Jair Bolsonaro (PL) na
Avenida Paulista, no dia 25.
“(Bolsonaro) Deve me apoiar,
portanto, evidentemente, eu
preciso ser solidário e parcei-
ro”, disse o prefeito, acrescen-
tando ter “gratidão” ao ex-pre-
sidente. O emedebista busca a
reeleição no pleito de outubro,
com apoio do ex-chefe do Exe-
cutivo federal.
A expectativa é a de que Nu-
nes participe da manifestação
junto o governador do Estado,
Tarcísio de Freitas (Republica-
nos). “Se ele (Tarcísio) me der
uma carona”, brincou o emede-
bista. Tarcísio confirmou pre-
sença na manifestação em de-
sagravo ao seu padrinho políti-
co. “Essa será uma manifesta-
ção pacífica de apoio ao presi-
dente, e eu vou estar ao lado do
presidente Bolsonaro, como
sempre estive”, declarou o go-
vernador de São Paulo. Outro
governador que estará presen-
te será Ronaldo Caiado (União
Brasil), de Goiás.
Bolsonaro convocou a mani-
festação depois de ter sido um
dos alvos da Operação Tem-
pus Veritatis, da Polícia Fede-
ral, na última semana, quando
teve de entregar seu passapor-
te às autoridades. A PF apura a
participação do ex-presidente
em uma articulação para dar
um golpe de Estado que impe-
diria as eleições de 2022 ou a
posse do presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva.
FAIXAS. Nunes afirmou que
uma manifestação é algo de
“mais importante que tem no
sistema democrático”, e que
viu com bons olhos o gesto de
Bolsonaro de pedir que apoia-
dores não levem faixas contra
“quem quer que seja”. “Eu fi-
quei muito feliz com a forma
com que ele colocou de dizer
‘Não levem faixas e cartazes
ofendendo ninguém’”, disse o
prefeito durante entrevista co-
letiva na manhã de ontem.
O pastor evangélico Silas
Malafaia é um dos idealizado-
res do ato e alugou um trio elé-
trico onde o ex-presidente fa-
rá um discurso. Outros envol-
vidos na organização da mani-
festação são o ex-ministro da
Secretaria da Comunicação So-
cial da Presidência (Secom) Fa-
bio Wajngarten e o deputado
federal Zucco (PL-RS).
Ao Estadão, o senador Ciro
Nogueira (PP-PI), que foi mi-
nistro da Casa Civil na gestão
de Bolsonaro, disse que vai
comparecer ao evento. Quem
também confirmou presença
foi o deputado federal Ricardo
Salles (PL-SP), que, na gestão
passada, chefiou o Ministério
do Meio Ambiente.
Empresário
Luciano Hang
justificou ausência:
‘100% focado’ em suas
atividades empresariais
Outros dois ex-ministros
que agora são senadores disse-
ram que vão à Paulista no dia
25: Jorge Seif (PL-SC) e Mar-
cos Pontes (PL-SP). Seif che-
fiava a Secretaria de Pesca e
Aquicultura, enquanto o astro-
nauta Marcos Pontes coman-
dou a Ciência e Tecnologia.
Alvo de uma operação da PF
no mês passado, o deputado fe-
após serem encontradas men-
sagens trocadas com um sus-
peito de organizar bloqueios
de estradas no interior do Rio
após as eleições de 2022. Ele
negou as acusações.
FALTAS. Governador de Santa
Catarina, Jorginho Mello (PL)
não vai comparecer por estar
fora do País. Gladson Cameli
(PP), governador do Acre, dis-
se que estará participando de
evento no Oriente Médio e
não poderá ir à Paulista. Por
causa de compromissos no Es-
tado, o governador de Rorai-
ma, Antonio Denarium (PP),
será outra ausência.
Luciano Hang, empresário e
dono da rede de lojas Havan
que se tornou figura constante
em manifestações bolsonaris-
tas, não deve participar do ato
na capital paulista. Ele disse
que, está “100% focado” em
suas atividades empresariais
“e assim continuará, sem parti-
cipar de agendas políticas”.
Outros aliados do ex-presi-
dente também justificaram a
ausência no ato do dia 25. A se-
nadora Damares Alves (Repu-
blicanos-DF) afirmou que terá
agendas oficiais no dia da mani-
festação. O ex-ministro Onyx
Lorenzoni declarou que está
fazendo uma pós-graduação
em Portugal e, por isso, não te-
rá como comparecer à manifes-
tação. l MATHEUS DE SOUZA, GABRIEL DE
SOUSA E KARINA FERREIRA
l Prefeito
Ricardo Nunes
(MDB-SP)
l Parlamentares
Nikolas Ferreira (PL-MG)
Bia Kicis (PL-DF)
Hélio Lopes (PL-RJ)
Julia Zanatta (PL-SC)
Marcos Pollon (PL-MS)
Abilio Brunini (PL-MT)
Cabo Gilberto Silva (PL-PB)
Capitão Alden (PL-BA)
Capitão Augusto (PL-SP)
Carla Zambelli (PL-SP)
Carlos Jordy (PL-RJ)
Coronel Telhada (PP-SP)
Alexandre Ramagem (PL-RJ)
General Girão (PL-RN)
Gilvan da Federal (PL-ES)
Gustavo Gayer (PL-GO)
Marcelo Moraes (PL-RS)
Mario Frias (PL-SP)
Mauricio Marcon
(Podemos-RS)
Nicoletti (União-RR)
Pastor Marco Feliciano
(PL-SP)
Paulo Bilynskyj (PL-SP)
Pedro Lupion (PP-PR)
Rodrigo Valadares
(União-SE)
Sanderson (PL-RS)
Sargento Fahur (PSD-PR)
Sílvia Waiãpi (PL-AP)
Zucco (Republicanos-RS)
l Ex-ministros
Ciro Nogueira (PP-PI)
Ricardo Salles (PL-SP)
Jorge Seif (PL-SC)
Marcos Pontes (PL-SP)

Para contato com o CRECISP, acesse o link:

https://app.crecisp.gov.br/sistemas/agendamento/salas-video-conferencia/ Informe Publicitário
Ex-presidente dispensa
‘vaquinha’ para evento
Corretores trabalham no combate em mensagem distribuída an-
RAYANDERSON GUERRA teontem aos aliados.
à dengue em todo o Estado RIO
DESPESAS. Os custos da organi-
Há anos, o CRECISP integra o Comitê de Mo- dengue no Estado, desde o início de 2024. Já são 11
O ex-presidente Jair Bolso- zação do evento serão arcados
bilização e Combate à Dengue do Estado de São mortos confirmados e outros 16 sob investigação,
Paulo, sempre tomando medidas que contribuam além de 39.048 suspeitas de casos positivos.
naro (PL) pediu a aliados e pelo pastor Silas Malafaia. On-
para o controle da doença e a eliminação de focos Como prevenção, o Conselho pede aos corre- parlamentares bolsonaris- tem, no entanto, o líder religio-
de criadouros do mosquito Aedes aegypti. E em tores que fiquem atentos aos imóveis, impedindo o tas que não contribuam so foi às redes sociais para ne-
especial neste momento, em que o País atravessa acúmulo de água parada em quintais, verificando com campanhas de arreca- gar que os gastos com o ato se-
uma nova fase dessa epidemia, o Conselho está calhas, lajes, caixas d’água e ralos e vedando re- dação de dinheiro que te- rão bancados pela igreja As-
envidando esforços ainda maiores no sentido de servatórios abertos. É importante também garantir nham como objetivo finan- sembleia de Deus Vitória em
combater o problema. sua própria saúde, usando repelentes pela manhã e ciar o ato marcado para o Cristo ou pela Associação Vitó-
Estão disponíveis aos corretores e imobiliárias à tarde, quando há maior circulação do mosquito, próximo dia 25 na Avenida ria em Cristo – organizações
de todo o Estado, materiais como adesivos tapa-ra- e roupas de manga longa e sapatos fechados em Paulista, em São Paulo. Em que ele comanda. “A responsa-
los e selos de vistoria a serem colocados nos imóveis locais reconhecidos como de transmissão. mensagem encaminhada a bilidade é minha e pessoal.
sob a responsabilidade desses profissionais. Nas 22 “Estamos participando dessa luta que é res- deputados, ele diz que a or- Com o maior prazer farei isso
delegacias regionais do CRECISP, os representantes ponsabilidade de todos nós. Os números mostram ganização da manifestação em favor do Brasil”, postou Ma-
da entidade também já estão se reunindo com téc- que não podemos dar trégua ao mosquito sob pena “não precisa de recursos”. lafaia no Instagram.
nicos da vigilância sanitária, para acertar detalhes de termos resultados catastróficos como os de anos “Comunicado que o even- Na última quarta-feira, Ma-
sobre a abertura das propriedades à venda ou para passados, com a perda de muitas pessoas por conta to de 25/fevereiro tem uma lafaia havia dito que o aluguel
locação para acesso aos agentes da saúde, já que os da dengue, da chikungunya e da zika. Compete coordenação. Não precisa- de um trio elétrico para a mani-
corretores de imóveis são os únicos possuidores das a cada um de nós, como membros de nossas co-
mos de recursos. Quem por- festação foi feito em nome da
chaves de milhares de imóveis fechados e, portanto, munidades, nos engajarmos e contribuirmos com
ventura esteja pedindo di- Associação Vitória em Cristo,
possíveis criadouros do mosquito. ações simples de nosso dia a dia, mas que podem
No último dia 15, a Secretaria Estadual de Saú- fazer grande diferença”, explicou o presidente do
nheiro (vaquinha) para o que faz parte de seu império
de divulgou um boletim registrando 51.175 casos de CRECISP, José Augusto Viana Neto.
evento, não conta com nos- religioso. “Alguém tem que pa-
so apoio. Não contribua”, gar, não é de graça”, afirmou o
escreveu o ex-presidente pastor ao Estadão. l
 POLÍTICA A9
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

Operação Tempus Veritatis tros e ex-assessores militares.

Na semana passada, o ex-presi-

Ex-vice da AGU que esteve em reunião de dente e aliados foram alvo da

Operação Tempus Veritatis,
da Polícia Federal.

Bolsonaro permaneceu no governo Lula DIPLOMATA. Além do procura-

Procurador federal
ocupava função
comissionada no
órgão; portaria de
exoneração foi
assinada ontem
PAULA FERREIRA
JULIANO GALISI
Um dos participantes da reu-
nião ministerial de 5 de julho
de 2022 na qual o ex-presiden-
te Jair Bolsonaro (PL) cobrou
um “plano B” antes da eleição
daquele ano permaneceu no
governo Lula até ontem. O pro-
curador federal Adler Anaxi-
mandro Alves, então vice da
Advocacia-Geral da União (A-
GU) à época da reunião, ocupa-
va, na gestão petista, função co-
missionada no órgão que lhe
garantia pagamento extra de
R$ 6.784,14 por mês.
Após o vídeo do encontro de
Bolsonaro com auxiliares se
tornar público, a AGU infor-
mou que exonerou o servidor
da função. Alves alegou que
compareceu à reunião ministe-
rial porque recebeu “convoca-
ção formal e oficial” no siste-
ma corporativo da AGU para
que acompanhasse o chefe da
instituição no encontro.
Após a posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, Alves
foi designado pelo atual chefe
da AGU, Jorge Messias, em ja-
neiro de 2023, para a Coorde-
nação-Geral de Planejamento
e Gestão Estratégica do Depar-
tamento de Gestão e Cálculos.
Em junho, o procurador foi es-
colhido como substituto para
a direção de Gestão e Cálculo.
Se fosse convocado a assumir
o cargo, ganharia remunera-
ção extra de R$ 8.909,69.
A AGU informou que abriu
apuração preliminar sobre o
caso. “Durante a instrução pre-
liminar o referido procurador
terá a oportunidade de prestar
os esclarecimentos que consi-
derar necessários”, diz nota do
órgão ao Estadão. A exonera-
ção precisa ser publicada no
Diário Oficial da União (DOU).
Investigação
Vídeo da reunião
ministerial se tornou
peça-chave da operação
que mira suspeita de golpe
O vídeo da reunião ministe-
rial faz parte do inquérito que
investiga suspeita de tentativa
de golpe de Estado por parte
de Bolsonaro e de ex-minis-
dor federal Anaximandro Al-
ves, outro integrante do gover-
no Lula presente na reunião
ministerial de Bolsonaro foi
dispensado. Ontem, o diplo-
mata Comarci Eduardo Mo-
reaux Nunes Filho deixou a Se-
cretaria de Comunicação So-
cial da Presidência.
Em julho de 2022, ele ocupa-
va cargo de assessor técnico
da Secretaria-Geral da Secom
e foi à reunião acompanhando
o então titular da Secretaria-
Geral, que representou o ex-
chanceler Carlos França. Nu-
nes Filho deve retornar ao se-
tor de imprensa do Itamaraty.
A reportagem tentou contato
com ele, mas não obteve res-
posta. l PAULA FERREIRA E JULIANO GALISI

@OFICIALARTHURLIRA VIA INSTAGRAM

Carnaval Comunicações
Lira usa aviões da FAB para ir a Salvador e ao Rio PT insiste em TV própria e recorre a ministério
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), viajou a O PT recorreu ao Ministério das Comunicações após
Salvador, Rio e Campinas no carnaval em aviões da Força ter pedido de concessão de rádio e TV negado. “A pretensão
Aérea Brasileira. Ele alegou questão de segurança para usar do Partido dos Trabalhadores apenas se ampara em uma pos-
os voos. Após participar do carnaval baiano, o deputado des- sibilidade que a lei lhe consagra”, diz o recurso. A pasta bar-
filou na Sapucaí pela Beija-Flor de Nilópolis, que homena- rou a solicitação por entender que partidos não têm direito a
geou este ano Maceió, capital de Alagoas, Estado de Lira. l nenhuma das modalidades de outorgas existentes. l
 POLÍTICA
A10
Transparência Internacional
Diretor de ONG se reúne
com Sarrubbo e nega ter
recebido dinheiro da J&F
Bruno Brandão esteve
com procurador-geral
de Justiça de São
Paulo e futuro
secretário do
Ministério da Justiça
RAYSSA MOTTA
O diretor executivo da Trans-
parência Internacional no
Brasil, Bruno Brandão, este-
ve anteontem na sede do Mi-
nistério Público de São Paulo
(MP-SP), onde se reuniu com
o procurador-geral de Justiça
do Estado, Mario Luiz Sarrub-
bo, e com promotores espe-
cializados no combate à cor-
rupção e improbidade. Bran-
dão negou que a ONG tenha
recebido dinheiro da J&F.
A ONG vive um momento
sensível desde que entrou na
mira do ministro Dias Toffo-
li, do Supremo Tribunal Fe-
deral (STF), que mandou in-
vestigar se a organização re-
cebeu indevidamente recur-
sos do acordo de leniência
do grupo J&F.
“Jamais pleiteamos nem
receber nem gerir qualquer
recurso. Apenas oferecemos
diretrizes para que esse re-
curso tivesse o impacto so-
Lava Jato
Audiência de conciliação
discutirá ação que pede
suspensão de leniências
RUBENS ANATER
O ministro André Mendonça,
do Supremo Tribunal Federal
(STF), marcou uma audiência
de conciliação para discutir
uma ação que pede a suspen-
são liminar de todos os acor-
dos de leniência da Operação
Lava Jato firmados até agosto
de 2020. A audiência foi convo-
cada para o próximo dia 26, às
10h, e discutirá ação proposta
pelos partidos Solidariedade,
PSOL e PCdoB.
As legendas argumentam
que, durante a operação, ór-
gãos de persecução penal pro-
moveram “a instalação de um
estado de coisas inconstitucio-
nal”. Dizem também que os
Para lembrar
Toffoli mandou investigar
ONG que o criticou
l Apuração
O ministro Dias Toffoli, do
Supremo Tribunal Federal,
determinou que a Procurado-
ria-Geral da República investi-
gue se a ONG Transparência
Internacional se apropriou de
recursos públicos
l Colaboração
Toffoli alega que colaboração
da Transparência Internacio-
nal com o Ministério Público
para a aplicação dos recursos
da leniência da J&F não teria
seguido “normas legais orça-
mentárias”. Na decisão, o mi-
nistro afirma que a colabora-
ção da ONG não passou pelo
crivo do Judiciário e do Tribu-
nal de Contas de União
l ‘Alienígena’
“Segundo apontam as cláusu-
las do acordo, ao invés de a
cial que deveria ter, blindá-
lo de mau uso”, afirmou
Brandão ao sair da reunião.
“É importante que exista um
exercício de esclarecimento
acordos foram firmados sob
coação e violaram preceitos
fundamentais. A partir disso,
pedem a suspensão das indeni-
zações e multas impostas an-
tes de 6 de agosto de 2020,
quando órgãos do poder públi-
co firmaram um acordo de coo-
peração técnica que padroniza
a instituição de acordos de le-
niência, com a Controladoria-
Geral da União (CGU) e a Ad-
vocacia-Geral da União (A-
GU) como responsáveis pela
condução da negociação e da
celebração dos atos.
DEBATE. Para discutir o tema,
o ministro convocou os parti-
dos autores, além da Procura-
doria-Geral da República, da
CGU e da AGU. As três institui-
destinação dos recursos, a ri-
gor do Tesouro Nacional, ser
orientada pelas normas legais
orçamentárias, destinava-se a
uma instituição privada, ain-
da mais alienígena e com sede
em Berlim”, disse o ministro
l Relatório
O despacho de Toffoli, em no-
tícia-crime de 2021, foi proferi-
do seis dias depois de a Trans-
parência Internacional divul-
gar relatório sobre a piora do
Brasil no Índice de Percepção
da Corrupção. O texto critica
as decisões do magistrado de
suspender provas e o paga-
mento de multas bilionárias
em acordos de leniência
l ‘Falsas’
A ONG negou ter se apropria-
do de recursos, chamando de
“falsas” as acusações que mo-
tivaram a decisão de Toffoli.
“Reações hostis ao trabalho
anticorrupção da Transparên-
cia Internacional são cada vez
mais graves e comuns”
de todas as instituições.” O
encontro serviu, segundo
ele, para apresentar em deta-
lhes o trabalho da entidade e
rebater “notícias falsas” que
ções celebraram acordos de
leniência antes de 2020. Fo-
ram chamadas também as
empresas que firmaram
acordos com qualquer uma
das instituições. O ministro
convidou ainda o Tribunal
de Contas da União (TCU).
De acordo com Mendon-
ça, a finalidade da audiência
é buscar um consenso. Para
ele, porém, ainda que a con-
ciliação não ocorra, a “mera
tentativa já viabilizará a ob-
tenção de dados capazes de
orientar” uma análise judi-
cial que possa ocorrer.
Entre o fim de 2023 e o
início deste ano, o ministro
Dias Toffoli, do Supremo
Tribunal Federal (STF),
atendeu a pedidos da Ode-
brecht e da grupo J&F e sus-
pendeu o pagamento das
multas dos acordos celebra-
dos pelas empresas com o
Ministério Público Federal.
A PGR recorreu. A ação sob
relatoria de Mendonça é
mais ampla e considera to-
das as empresas que fize-
ram acordos de leniência an-
tes de agosto de 2020. l
rondam a ONG.
Sarrubbo assume em mar-
ço a cadeira de secretário na-
cional de Segurança Pública,
braço importante do Minis-
tério da Justiça, o que torna
o canal um ativo importante
para o futuro.
O Estadão apurou que a
reunião ocorreu a convite de
promotores de São Paulo,
que estão em alerta para o
rumo da investigação sobre
a Transparência Internacio-
nal, embora não tenham en-
volvimento direto no caso.
RECURSO. O Ministério Públi-
co paulista também amargou
o impacto de decisões recen-
tes de Toffoli que desidrata-
ram os acordos de leniência
fechados na esteira da Opera-
ção Lava Jato. Ao anular pro-
vas entregues pela Odebrech-
t, o ministro colocou em xe-
que investigações derivadas
dos anexos do acordo da
construtora no MP de São
Paulo. Um recurso sobre o ca-
so, apresentado pelo procura-
dor-geral de Justiça, está na
fila para julgamento no STF.
A Transparência Interna-
cional no Brasil ajudou a defi-
nir diretrizes para gastos da
parcela da multa do acordo
(R$ 2,3 bilhões) da J&F reser-
vada a investimentos em pro-
jetos sociais. As recomenda-
ções vão desde princípios
que deveriam guiar a escolha
dos projetos, como transpa-
rência, diversidade e legiti-
midade social, até orienta-
ções práticas para a elabora-
ção dos editais de fomento.
Não houve indicação de pro-
jetos a serem beneficiados.
O trabalho foi desenvolvi-
do voluntariamente, ou seja,
o convênio não previu ne-
Ex-procurador-geral
Aras critica procurador
que o liga ao 8 de Janeiro
O ex-procurador-geral da Re-
pública Augusto Aras reagiu à
manifestação da Procuradoria
Regional dos Direitos do Cida-
dão que sugeriu que ele contri-
buiu para o avanço de atos anti-
democráticos e disse que “não
passa de uma opinião ressenti-
da”. Segundo Aras, o caso foi
encaminhado à Corregedoria
do Ministério Público “para as
providências cabíveis”.
Ofício assinado pelo procu-
rador da República Anselmo
Henrique Cordeiro Lopes cita
decisões de Aras que, segundo
ele, atrapalharam o combate a
articulações antidemocráti-
cas. O procurador mencionou
medida de Aras de dezembro
de 2022 que barrou o envio de
uma recomendação, prepara-
da pela Procuradoria Regional
dos Direitos do Cidadão, para
que Polícia Federal, Polícia Mi-
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
nhum repasse à Transparên-
cia Internacional pelo acon-
selhamento. A ONG nega ter
recebido valores do acordo,
direta ou indiretamente.
A informação também foi
desmentida, em 2020, pela
subprocuradora Samantha
Dobrowolski, que coordenou
a extinta comissão do Minis-
tério Público Federal para as-
sessoramento dos acordos
de leniência e de colaboração
premiada.
“Jamais pleiteamos
nem receber nem
gerir qualquer
recursos. Apenas
oferecemos diretrizes
para que esse recurso
tivesse o impacto
social que deveria
ter, blindá-lo de mau
uso. É importante
que exista um
exercício de
esclarecimento de
todas as instituições”
Bruno Brandão
Diretor executivo da
Transparência
Internacional no Brasil
“A decisão de investigar a
Transparência Internacio-
nal causa preocupação, pois
os documentos mostram
que a entidade não recebeu
nem administrou recursos
de acordos”, disse o promo-
tor de Justiça Silvio Mar-
ques, da Promotoria de Justi-
ça do Patrimônio Público e
Social da Capital, que partici-
pou do encontro. Até o mo-
mento, apesar da ofensiva de
Toffoli, a Transparência In-
ternacional não foi notifica-
da da investigação. l
litar do Distrito Federal, Co-
mando Militar do Planalto e Se-
cretaria de Segurança Pública
do DF monitorassem os acam-
pamentos bolsonaristas e fi-
zessem o possível para coibir
manifestações violentas.
Aras alega que a manifesta-
ção do procurador se deu por
ele estar “ainda inconforma-
do” com suas decisões “contrá-
rias ao repasse de R$ 2,3 bi-
lhões de um acordo de leniên-
cia para a Transparência Inter-
nacional, uma ONG alemã”.
Aras faz menção ao acordo de
leniência da J&F e à intenção
de criação de uma fundação pa-
ra gerenciar parte do valor,
que teria como destino a execu-
ção de projetos sociais.
O procurador Anselmo Lo-
pes não havia se manifestado
até a noite de ontem. l R.A., R.M. E
FAUSTO MACEDO

SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
O poder do Kremlin
Ocidente culpa Putin por morte de
principal opositor russo na prisão
Alexei Navalni morre aos 47 anos encarcerado no Ártico e se junta a uma longa
lista de dissidentes russos assassinados ou que morreram em circunstâncias suspeitas
WASHINGTON
Assim que autoridades russas
confirmaram ontem a morte
do opositor Alexei Navalni, aos
47 anos, em uma prisão no Árti-
co, os EUA e vários países oci-
dentais apontaram o dedo para
um culpado: o presidente da
Rússia, Vladimir Putin. Não só
por causa da lista de dissiden-
tes que morreram de maneira
suspeita nos últimos anos, mas
porque o episódio ocorre a um
mês da eleição que deve dar o
quinto mandato a Putin.
O presidente dos EUA, Joe
Biden, disse que não havia “ne-
nhuma dúvida” de que Putin
estava por trás da morte de Na-
valni. “Não se enganem: Putin
é responsável”, disse o ameri-
cano, mesmo sem saber os de-
talhes do que aconteceu. “O
que aconteceu é resultado de
algo que Putin e seus capangas
fizeram.”
A Europa também acusou o
Kremlin. O Reino Unido afir-
mou que “as autoridades rus-
sas são totalmente responsá-
veis”. “Navalni lutou por uma
Rússia democrática. Por isso,
Putin o torturou até a morte”,
afirmou Christian Lindner, mi-
nistro das Finanças da Alema-
nha. “A UE considera o regime
russo o único responsável por
essa morte trágica”, disse Char-
les Michel, presidente do Con-
selho Europeu.
Aliados russos de Navalni
também pareciam chocados.
Dmitri Muratov, vencedor do
Admiradores do Kremlin
são cúmplices morais
ANÁLISE
BRET STEPHENS
THE NEW YORK TIMES
os primórdios da
N União Soviética, os lí-
deres do Partido Co-
munista organizavam excur-
sões cuidadosamente adminis-
tradas para jornalistas e inte-
lectuais ocidentais simpáti-
cos, que apresentavam relató-
Nobel da Paz de 2021, disse que
a morte de Navalni foi um “as-
sassinato causado por maus-
tratos”. “Ele foi submetido a
tortura durante três anos.”
O porta-voz do Kremlin,
Dmitri Peskov, chamou os co-
mentários de líderes ociden-
tais de “ultrajantes e inaceitá-
veis”. “Os médicos têm de es-
clarecer a causa da morte”, dis-
se Peskov, que garantiu que o
serviço penitenciário está in-
vestigando o caso.
ELEIÇÕES. A notícia teve impac-
to na política interna dos EUA.
Alguns republicanos lamenta-
ram a morte de Navalni e criti-
caram membros do próprio
partido pela simpatia com o
Kremlin. “Putin é um crimino-
so de guerra. Não há espaço no
Partido Republicano para apo-
logistas de Putin”, disse Mike
Pence, que foi vice de Donald
Trump – o ex-presidente, que
costuma elogiar o russo, não se
pronunciou.
Navalni foi um advogado que
ficou conhecido ao denunciar
casos de corrupção de estatais
russas. Em 2011, criou uma
ONG anticorrupção e se tor-
nou líder dos protestos contra
a fraude nas eleições. Em 2020,
quase morreu envenenado du-
rante um voo da Sibéria para
Moscou. Depois de ser atendi-
do na Rússia, ele foi internado
em Berlim. Os testes identifica-
ram a presença do agente ner-
voso soviético Novichock.
Em 2021, Navalni voltou pa-
ra a Rússia e foi detido. Foi con-
rios sobre fazendas coletiviza-
das produtivas, operários feli-
zes e camaradas gentis no
Kremlin. Normalmente, os re-
latos não incluíam as prisões à
meia-noite, as execuções sumá-
rias, os gulags (campos de ree-
ducação forçada).
Este mês, houve um parale-
lo terrível, com Tucker Carl-
son oferecendo a Vladimir Pu-
tin uma entrevista tão bajula-
dora que até o líder russo recla-
mou da falta “das chamadas
perguntas incisivas”. Dez dias
INTERNACIONAL
Navalni algemado em Moscou: anos de tortura e morte no Ártico
ONDE FICA
0 km 150
N
CÍRCULO POLAR ÁRTICO
FINLÂNDIA
KHARP
RÚSSIA
SÃO PETERSBURGO
ECATERIMBURGO
Moscou
UCRÂNIA CASAQUISTÃO
INFOGRÁFICO: ESTADÃO
denado a 19 anos de prisão por
organizar atividades “extremis-
tas”. Outras condenações se
acumularam, demonstrando
que tão cedo ele não sairia da
cadeia. Transferido para uma
prisão no Ártico, em dezem-
após a entrevista, o líder da
oposição russa preso Alexei Na-
valni foi dado como morto on-
tem. Não foi informada a causa
da morte. Dada a tentativa mal
disfarçada anterior dos servi-
ços de segurança de matá-lo, é
razoável suspeitar que houve
novamente um crime.
Eis o que também é razoável
suspeitar. Graças, em grande
parte, ao visível enfraqueci-
mento da determinação oci-
dental de deter a Rússia na
Ucrânia – um enfraquecimen-
to que ficou evidente nesta se-
mana, quando 26 senadores re-
publicanos votaram contra a
ajuda militar à Ucrânia; e quan-
do Donald Trump convidou
Moscou a invadir os países
membros da Otan; e, sim, quan-
AP
bro, ele parecia bem na quinta-
feira, quando compareceu a
uma audiência por videoconfe-
rência.
Conhecida como Lobo Po-
lar, a prisão fica em Kharp, aci-
ma do Círculo Polar Ártico,
onde as temperaturas chegam
a 30ºC abaixo de zero. A colô-
nia penal foi construída na dé-
cada de 60, no lugar onde fica-
va o Gulag 501, um dos cam-
pos de trabalho forçado do re-
gime Josef Stalin. É para lá
que vão os criminosos perigo-
sos, condenados por crimes
violentos, além dos dissiden-
tes políticos.
Ontem, um comunicado do
centro penitenciário em que
Navalni estava detido disse
que ele perdeu a consciência
após uma caminhada. Os médi-
cos do Hospital Municipal de
Labytnang, onde ele foi atendi-
do, alegaram que tentaram rea-
nimá-lo por mais de 30 minu-
tos, mas não conseguiram. l NYT
do o principal “jornalista” com
visões favoráveis ao republica-
no encontrou com Putin para
uma entrevista de mau gosto –
o Kremlin achou que poderia
se safar com outro assassinato
de alto nível.
Perseguição
Se Navalni foi morto, ele
se junta a uma lista ilustre
de críticos de Putin que
tiveram fim prematuro
Se Navalni foi de fato mor-
to, então ele se junta a uma
lista ilustre de críticos de Pu-
tin que tiveram um fim pre-
maturo. Há um método para
isso: como a advogada russa
A11
Mortes suspeitas
!
O destino cruel de quem
cruza o caminho do czar
l Yevgueni Prigozhin
Chefe do grupo Wagner e
líder de um levante militar
morreu na queda de um
avião ao norte de Moscou
l Ravil Maganov
Em setembro de 2022,
presidente da gigante
petrolífera Lukoil caiu do
sexto andar de um hospital
em Moscou e não resistiu
l Boris Nemtsov
Em 2015, opositor foi
baleado quatro vezes nas
costas por um atirador
desconhecido
l Boris Berezovski
Em 2013, magnata foi encon-
trado morto no banheiro de
casa, no Reino Unido, com
uma corda no pescoço
l Alexander Litvinenko
No Reino Unido, o ex-espião
da KGB foi envenenado em
2006 por agentes russos
l Anna Politkovskaia
Em 2006, a repórter que
criticou o presidente no
livro A Rússia de Putin foi
baleada à queima-roupa no
elevador do prédio onde
morava em Moscou
de direitos humanos Karin-
na Moskalenko me explicou
há muitos anos, na Rússia de
Putin, “não é necessário ma-
tar todos os jornalistas”.
“Basta matar os mais desta-
cados, os mais corajosos, e
os outros entenderão a men-
sagem. Ninguém é intocá-
vel”, disse.
O mais destacado e corajo-
so líder da oposição está mor-
to. Que sua memória seja uma
bênção. Até que se prove o
contrário, devemos conside-
rar o Kremlin direta e crimi-
nalmente responsável – e tra-
tar os farsantes de Putin no
Ocidente como seus cúmpli-
ces morais. l NYT
É COLUNISTA
A12 INTERNACIONAL
Direita radical rejeita
os valores americanos
Ela está cada vez mais deslumbrada com o
modo higiênico e ordenado dos regimes autoritários
entrevista do presiden-
A te da Rússia, Vladimir
Putin, a Tucker Carl-
son ganhou muita
atenção. Mas o que me mar-
cou mais foi a reação dele à
sua visita a Moscou – a primei-
ra em sua vida. Ele não ficou
apenas impressionado; ficou
radicalizado e enraivecido
com o governo de seu próprio
país.
Por onde começamos? Tal-
vez pelo lembrete óbvio de
que se você vive em Moscou e
critica o governo pode acabar
na prisão ou morto, às vezes
ambos. Em Dubai, dias após a
entrevista, Carlson soltou
afirmações bizarras e confu-
sas. Considerou a arquitetu-
ra, a comida e os serviços em
Moscou melhores do que em
qualquer cidade americana.
Verdade?
Moscou, salvo seu pequeno
centro histórico, é repleta de
edifícios de concreto acinzen-
tado construídos na era sovié-
tica. E ainda que a comida em
Moscou possa ser muito boa,
será melhor que a de Nova
York ou São Francisco? Você
precisa circular mais, Tucker!
Muitas de suas provoca-
ções são simplesmente inver-
dades. Ele elogiou Moscou
afirmando que a cidade é um
dos vários “lugares maravilho-
sos para se viver” porque, ao
contrário dos EUA, a Rússia
aparentemente não sofre de
uma “inflação galopante”.
Dívida externa
Cuba cita até clima ao
analisar calote no Brasil
AMANDA PUPO
O regime cubano manifestou
ao governo Lula a intenção de
quitar a dívida que tem com o
Brasil, mas também apontou
“limitações” para realizar os
pagamentos no curto prazo. Já
contabilizados os juros de mo-
ra, o débito de Cuba alcançou
US$ 671,7 milhões (cerca de
R$ 3,36 bi) no fim do ano, en-
Fareed
Zakaria
Mas usando os dados do pró-
prio governo russo, o índice
de inflação no país foi de 7,4%
no mês passado, quase duas
vezes e meia mais alto que o
índice americano.
Em um vídeo curto gravado
em Moscou, Carlson faz com-
pras em um mercado de ali-
mentos local e fica maravilha-
do com o fato de itens sufi-
cientes para alimentar uma
família russa por uma sema-
na custam talvez um quarto
do que alimentos similares
custariam nos EUA. Isso o en-
fureceu. Mas o PIB per capita
da Rússia é cerca de US$ 15
mil; e o dos EUA ronda os
US$ 76 mil.
As coisas custam mais caro
em países ricos que em países
pobres. Carlson deveria fazer
compras no México, onde os
alimentos também são muito
mais baratos. Talvez ele confi-
ra um novo respeito do ao go-
verno mexicano.
METRÔ. Carlson também se
maravilhou com a grandiosi-
dade de uma estação de me-
trô, comparando favoravel-
mente o metrô de Moscou
com o de Nova York. Ainda
que seja verdade que o metrô
da capital russa é excelente,
as estações são tão grandes
por lá porque foram construí-
das por Josef Stalin, com enor-
me gasto público, para de-
monstrar a superioridade do
comunismo soviético. Em
quanto as parcelas a vencer so-
mam US$ 525 milhões (aproxi-
madamente R$ 2,6 bi). Os valo-
res ainda estão em fase de con-
ciliação entre as equipes técni-
cas, informou o Ministério da
Fazenda.
Integrantes da pasta e auto-
ridades de Cuba se reuniram
no início do mês para retomar
as discussões sobre a dívida
que Havana mantém com Bra-
sília, cujo atraso nos pagamen-
contraste, o metrô de Nova
York é produto do capitalis-
mo, construído e operado por
meio de parcerias público-pri-
vadas de vários tipos, que são
mais sensatas em relação a or-
çamentos. Sempre foi verda-
A ojeriza da direita
populista pelos EUA é
em parte a rejeição
à própria democracia
moderna e pluralista
tos se agravou em 2018.
Questionada sobre os avan-
ços registrados nesta primeira
agenda, a Fazenda afirmou
que representantes cubanos
reconheceram a dívida, com
intenção de pagá-la, mas tam-
bém aproveitaram para ressal-
tar as dificuldades financeiras
enfrentadas pela ilha nos últi-
mos anos, “decorrentes de
choques externos diversos”,
como a pandemia, os embar-
gos americanos e as mudanças
climáticas.
ALIANÇA. Aliado histórico de
Cuba, o governo petista, con-
tudo, não pode fazer uma rees-
truturação da dívida por deci-
são própria. Qualquer renego-
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
deiro que autocracias centrali-
zadas são capazes de direcio-
nar todos os recursos da socie-
dade para a construção de
grandes projetos assoberba-
dos. Tucker deveria seguir via-
gem para conhecer as pirâmi-
des do Egito e o Taj Mahal.
São impressionantes.
Essa exaltação toda de Carl-
son em relação à Rússia trata,
na verdade, dos EUA. Ele dis-
se que cresceu “em um país
que tinha cidades como Mos-
cou, Abu Dhabi, Dubai, Cinga-
pura e Tóquio”. Nova York,
disse ele, é uma de suas cida-
des favoritas, mas, de seu pon-
to de vista, as cidades america-
nas estão arrebentadas hoje.
Carlson nasceu em 1969,
portanto a Nova York dos
anos 70 da qual ele se recorda
tão carinhosamente era uma
cidade assolada por criminali-
dade, protestos violentos e pi-
chação – uma cidade tão mal
gerida que quase declarou fa-
lência em 1975. Em 1977, um
blecaute ficou famoso em ra-
zão da onda de saques e cri-
mes que desencadeou. Mais
de 800 mil pessoas fugiram
da cidade naquela década, e o
valor dos imóveis despencou.
CRIMINALIDADE. E não era ape-
nas Nova York. São Francisco
naquele tempo era vista como
um antro de hippies, drogas,
pornografia e experimentalis-
mos radicais. O filme Dirty
Harry, que retratava uma cri-
minalidade urbana descontro-
lada, passou-se na São Fran-
cisco dos anos 70. Os índices
de criminalidade em Nova
York hoje, como em muitas
grandes cidades americanas,
caíram muito em relação aos
níveis nos anos 80 e 90.
Carlson fala com inveja de
cidades como Tóquio, Cinga-
pura, Abu Dhabi e Dubai. Eu
estive muitas vezes em todas
essas cidades – em algumas
nos meses recentes – e elas
são realmente maravilhosas
de maneiras próprias e distin-
ciação teria de ser aprovada pe-
lo Legislativo. No ano passa-
do, antes da visita do presiden-
te Luiz Inácio Lula da Silva a
Havana, autoridades cubanas
Choques externos
Havana culpa pela crise
a pandemia, o embargo
americano e as
mudanças climáticas
já haviam sinalizado informal-
mente sobre as dificuldades
em quitar sua dívida com o Bra-
sil, pedindo flexibilidade do
governo brasileiro.
A maior parte dos recursos
que foram emprestados ao re-
O ESTADO DE S. PAULO
tivas. Mas o impressionante
em relação a elas é que todas
são de alguma maneira doma-
das e subjugadas, produtos de
governos autoritários ou cul-
turas conformistas – ou de am-
bos.
DEMOCRACIA. As cidades ame-
ricanas são diferentes. São
produto de descentralização,
diversidade e democracia. Ja-
ne Jacobs, uma grande narra-
dora da vida urbana, sempre
descreveu as melhores cida-
des como sistemas que irrom-
pem de baixo para cima, apa-
rentemente anárquicos, mas
na verdade orgânicos e no lon-
go prazo muito superiores
aos desenhos abstratos dos
planejadores centrais.
As cidades americanas são
expressões da democracia, lu-
gares onde as pessoas têm de
negociar diferenças e encon-
trar maneiras de viver juntas.
Isso as torna mais bagunça-
das, sujas e, certas vezes,
caóticas. Mas talvez seja isso
que as torne tão vibrantes e
inovadoras e explique por
que elas estão na vanguarda
ao fazer dos EUA o país que
lidera o mundo em economia,
tecnologia, cultura e poder.
No passado, os conservado-
res americanos louvavam as
comunidades orgânicas dos
EUA, com raízes na liberdade
e na escolha, construídas de
baixo para cima, não de cima
para baixo. Mas a nova direita
populista despreza essas cida-
des, e essa ojeriza é em parte
uma rejeição à própria demo-
cracia moderna e pluralista.
Eles ficam cada vez mais
deslumbrados com os modos
higiênicos e ordenados de di-
taduras, líderes autoritários
populistas e monarquias abso-
lutistas. Afinal, pode-se dizer
o que for a respeito de Putin,
mas o trens do metrô dele não
atrasam. l TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
É COLUNISTA DO ‘WASHINGTON POST’,
PUBLICADO NO ‘ESTADÃO’ AOS SÁBADOS
gime cubano pelo Banco Na-
cional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
financiou o projeto do Porto
de Mariel, inaugurado em
2014.
A reportagem questionou o
Ministério da Fazenda sobre a
expectativa de retomada do
fluxo de pagamentos. A pasta
não cravou uma data, mas indi-
cou pessimismo em uma reso-
lução no curto prazo. “Quanto
às possibilidades de quitação
e de retomada dos pagamen-
tos a vencer, os representan-
tes cubanos apontaram que,
dada a dificuldade de geração
de divisas, há limitações para
o pagamento no curto prazo”,
afirmou o ministério. l
 INTERNACIONAL A13
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

EUA cluindo a sua própria, por três milhões por danos. A multa se eram subvalorizados no mo-
anos. Os dois filhos adultos de soma aos mais de US$ 80 mi- mento da declaração de impos-

Justiça de NY multa Trump – Donald Trump Jr. e

Eric Trump – também foram
punidos com dois anos, além
lhões (R$ 398 milhões) que ou-
tro tribunal condenou Trump
a pagar, em janeiro, por difama-
tos. Embora os credores te-
nham ganhado dinheiro, eles
foram as vítimas do caso. A pe-

Trump em R$ 1,7 bi do pagamento de uma multa

de US$ 4 milhões cada. Eric é o
executivo-chefe da Organiza-
ção de uma escritora que o acu-
sou de tê-la agredido sexual-
mente nos anos 90.
nalidade financeira reflete os
lucros perdidos.
Trump recorrerá da multa

por fraude fiscal ção Trump. Não está claro se

NOVA YORK
A Justiça de Nova York impôs
a Donald Trump uma grande
derrota em seu caso de fraude
civil, considerando o ex-presi-
dente responsável por mani-
pular seu patrimônio líquido e
ordenando que ele pague uma
multa de US$ 355 milhões (e-
quivalente a cerca de R$ 1,76
bilhão).
A decisão do juiz Arthur
Engoron encerra um caso
caótico, que durou anos, no
qual a procuradoria-geral de
Nova York colocou em julga-
mento a fortuna de Trump.
O juiz proferiu uma gama de
punições que ameaçam o im-
pério do ex-presidente, que
enfrenta outros quatro pro-
cessos criminais e busca, ao
mesmo tempo, reconquistar
a Casa Branca.
O juiz também impôs uma
proibição a Trump de ocupar
cargos importantes em qual-
quer empresa de Nova York, in-
algum membro da família po-
derá administrar a empresa no
curto prazo.
“Sua total falta de contrição
e remorso chega a ser patológi-
ca. Eles são acusados de inflar
o valor dos ativos para ganhar
mais dinheiro”, disse o juiz em
sua sentença. “Com esta sen-
tença, o tribunal pretende pro-
teger a integridade do merca-
do financeiro e, portanto, o pú-
blico em geral”, afirmou.
A procuradora-geral do Esta-
do de Nova York, Letitia Ja-
mes, que apresentou a ação ci-
vil em 2022 alegando fraude fi-
nanceira, solicitava US$ 370
Vetado
Decisão impede Trump de
gerenciar qualquer
empresa no Estado por
três anos, incluindo a sua
FRAUDE. Trump e seus filhos
foram acusados de inflar o va-
lor de arranha-céus, hotéis de
luxo e campos de golfe em to-
do o mundo durante a década
de 2010, dentro da Organiza-
ção Trump, para obter em-
préstimos mais favoráveis dos
bancos e melhores condições
de seguro. Os mesmos ativos
que pode chegar a US$ 400 mi-
lhões ou mais quando os juros
forem adicionados. Ele terá de
arranjar o dinheiro ou garan-
tir uma fiança dentro de 30
dias. A decisão não o levará à
falência, pois a maior parte de
sua riqueza está vinculada a
imóveis.
Trump também deve pedir
a um tribunal de recursos que
suspenda as restrições impos-
tas a ele e a seus filhos de admi-
nistrarem a empresa enquan-
to analisa o caso. “Esse vere-
dicto é uma injustiça manifes-
ta, pura e simples”, disse Alina
Habba, uma das advogadas de
Trump. l NYT e AFP

THIBAULT CAMUS/EPA/EFE
A guerra de Putin
Zelenski firma acordos com Alemanha e França
O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, assinou
ontem acordos de segurança com a Alemanha e a França, em
um momento que seu Exército enfrenta dificuldades para re-
pelir a invasão russa e a ajuda americana está congelada. Ele
se reuniu com o chanceler alemão, Olaf Scholz, em Berlim, e
com o presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris. l
Guerra em Gaza
Egito está subindo muro na fronteira, diz jornal
O Egito está construindo um grande muro de concreto
na sua fronteira com a Faixa de Gaza para conter uma possível
onda de palestinos que fogem dos bombardeios de Israel, noti-
ciou ontem o Wall Street Journal. A construção ocorre no mo-
mento em que cresce o receio de o Exército de Israel lançar
uma operação por terra contra Rafah, na fronteira egípcia. l
A14
METRÓPOLE
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

: SISTEMA CARCERÁRIO

de Estudos da Violência da

Reincidência de presos REINCIDÊNCIA CRIMINAL

Universidade de São Paulo. O
próprio encarceramento, des-
taca ele, reduz as possibilida-
des de trabalho pós-prisão.

supera 30% no País, que

Por tipo de crime
cometido inicialmente A pesquisa do Igarapé mos-
tra que uma rede familiar fra-
ca, baixa conexão com a esco-
Furto la, trabalho precoce e históri-

tem 827 mil detentos FURTO

Especialistas culpam problemas estruturais das
cadeias, leis e ineficiência do Estado em reinserção
MARCIO DOLZAN
País com a terceira maior po-
pulação carcerária do mundo
(quase 827 mil presos), o Bra-
sil registra também alto índice
de egressos de penitenciárias
voltando ao sistema prisional
por reincidência de crimes.
Não há números oficiais, mas
estudos mostram que cerca de
1/3 dos que cumprem pena aca-
ba preso novamente.
Levantamento do Instituto
Igarapé, com base em 111 estu-
dos empíricos, indica que a
reincidência chega a 32%. O re-
latório, de 2022, considera da-
dos de quatro décadas, publica-
dos em pesquisas de diferen-
tes níveis. Outro estudo, do De-
partamento Penitenciário Na-
cional (Depen), em parceria
com a Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), mos-
tra números mais altos: a rein-
cidência atinge 37,6% para no-
vo cumprimento de pena em
até cinco anos, e alcança 42,5%
se for considerada qualquer en-
trada no sistema prisional
(quando há prisão, mas ainda
sem nova sentença, tecnica-
mente a volta ainda não é con-
siderada reincidência).
Em geral, os números são
fornecidos só por alguns Esta-
dos e não há uniformidade. A
pesquisa do Depen, por exem-
plo, apesar da base robusta de
dados, usa informações de 13
unidades – e não inclui algu-
mas das maiores, como Rio e
Minas. Na avaliação do Igara-
pé, a ausência do banco de da-
dos completo contribui para a
reincidência. “Sistematizar in-
formações é crucial para a for-
mulação eficaz de políticas pú-
blicas, dando base sólida e
abrangente para implementar
estratégias de reintegração so-
cial e redução da reincidên-
cia”, diz Melina Risso, diretora
de pesquisa do instituto.
Retorno ao mesmo crime
Reincidência está ligada à
repetição de infrações;
pesquisador pede foco em
quem é preso pela 1ª vez
CAUSAS. Especialistas apon-
tam diferentes motivos, entre
eles problemas estruturais dos
presídios, de legislação e a pró-
pria ineficiência do Estado na
reinserção social. “As causas
são múltiplas, mas é evidente a
deficiência do Estado em pro-
ver oportunidades a quem por
alguma razão entrou nesse uni-
verso”, afirma o delegado Fer-
nando Veloso, ex-secretário
de Administração Penitenciá-
ria do Estado do Rio.
“Uma das primeiras ques-
tões é que o preso é identifica-
do com a facção que atua na-
quele território – e há mais de
70 ou 80 no País”, diz. Segun-
do ele, o preso é logo “matricu-
lado” na facção, sem necessa-
riamente ter elo com o crime
organizado.
Isso eleva o risco de que se
envolva em outros delitos no
futuro. Além disso, a prisão po-
de funcionar como uma “esco-
la” do crime, onde são compar-
tilhadas estratégias com cole-
gas de cela e é criada uma rede
de contatos que pode ser reto-
mada no futuro. “Dentro da
unidade prisional, o Estado
não tem o controle. Quem tem
é o próprio preso. O que o Esta-
do consegue fazer é dizer que
não pode sair. Só isso”, acres-
centa Veloso. Muitas vezes
nem isso é possível. Nesta se-
mana, houve pela primeira vez
uma fuga de um presídio fede-
ral: dois detentos, que têm liga-
ção com o Comando Verme-
lho, escaparam de unidade de
Mossoró (RN).
MESMOS CRIMES. O estudo do
Depen mostra que os casos de
reincidência frequentemente
estão ligados aos mesmos cri-
mes que levaram à primeira pe-
na. Delitos contra o patrimô-
nio (roubos e furtos), em ge-
ral, se repetem. Apesar da ten-
dência, também há registro de
crimes novos: 3% dos presos
por crimes relacionados a dro-
gas, por exemplo, voltam à ca-
ROUBO
DROGAS
35%
9%
5%
co de delitos na adolescência
antes da primeira prisão in-
fluenciam. Durante o cumpri-
AMEAÇA 4%
mento da pena, a violência ins-
titucional e a convivência com
RECEPTAÇÃO 3%
bandidos contumazes aumen-
tam ainda mais o risco. Já de-
Roubo pois da soltura, a falta de apoio
da família, a ausência de políti-
ROUBO 27% cas públicas para egressos e o
FURTO 8% abuso de drogas contribuem.
DROGAS 6%
RECEPTAÇÃO 3% O QUE FAZER? Veloso defende
ARMAS 3% foco em evitar que o preso pela
primeira vez siga no mundo do
Drogas crime. “É preciso uma divisão
entre crimes violentos e não
DROGAS 24% violentos. Todo benefício de-
ROUBO 7% ve ser mantido, mas para os
FURTO 5% que não praticaram violência
ARMAS 3% contra a pessoa”, diz. “O sujei-
HOMICÍDIO 3% to que errou pela primeira vez
tem de ser tratado de forma di-
ferente do que fez várias.”
Ameaça Para André Vilela Kamatsu,
AMEAÇA 21%
da USP, endurecer a legisla-
LESÃO 10%
ção, como sugere parte do Con-
FURTO 7%
gresso (mais informações nesta
ROUBO 5%
página), não resolve. “É preci-
DROGAS 4%
so ter políticas de desencarce-
ramento, em especial nos ca-
sos de menor gravidade e que
Lesão muitas vezes sequer foram in-
LESÃO 18%
vestigados e/ou julgados. E, cla-
AMEAÇA 16%
ro, essas políticas só funciona-
FURTO 6%
rão se atreladas a outras políti-
ROUBO 6%
cas de maior inclusão e igualda-
DROGAS 4%
de social”, diz.
FONTES: INSTITUTO IGARAPÉ E DEPEN /
O levantamento do Igarapé
INFOGRÁFICO: ESTADÃO mostra que apenas 14 Estados
têm programas de reintegra-
ção social de presos, o que en-
deia após casos de homicídio. volve, por exemplo, estraté-
“Se as condições de vida – pes- gias de trabalho, educação e as-
soais, relacionais, econômicas sistência social para os deten-
e sociais – do indivíduo preso tos. “Vimos que o primeiro
não mudarem, a chance de es- mês é crucial para quem sai da
se tipo de conduta voltar a prisão. Criar e investir em pro-
acontecer é relativamente gramas que atuem na transi-
grande”, diz André Vilela Ko- ção do mundo da prisão para a
matsu, pesquisador do Núcleo vida em liberdade é chave.” l

Congresso discute a revisão de ‘saidinhas’ e progressão

A Lei de Execução Penal prevê
benefícios para presos que
apresentarem bom comporta-
mento. Há, porém, críticas à le-
gislação, sobretudo à “saidi-
nha”, que permite a saída tem-
porária dos detentos em datas
comemorativas.
Um projeto de lei no Senado
tenta restringir esse benefício.
O relator do texto, aprovado
na Câmara em 2023, foi o en-
tão deputado Guilherme Derri-
te (PL), hoje secretário da Se-
gurança Pública em São Paulo.
Para ele, a saidinha está por
trás da reincidência. “A gente
não tem dificuldade de pren-
der quadrilhas, criminosos. A
gente tem dificuldade com a
reincidência criminal”, afir-
mou, em entrevista em dezem-
bro. “É normal um país pren-
A visão dos especialistas
Para promotor e juiz, leis
precisam ser revistas, mas
não deveriam ser extintas
por completo
der 14 vezes o mesmo indiví-
duo pelo mesmo crime grave?
É normal prender pela 30.ª vez
um indivíduo com fuzil?”
Para o promotor Alexandre
Daruge, do Ministério Público
de São Paulo, a saidinha não
precisa ser extinta, mas passar
por uma restrição. “É chegada
a hora de equalizar um pouco
isso, frear um pouco as saídas
em bloco”, diz. Daruge partici-
pou do vodcast Dois Pontos, do
Estadão. “Quando se fomenta
um discurso muito punitivis-
ta, olha-se só para o aspecto de
vingança. E quando se pensa
muito na ressocialização sem
verificar que aumenta o risco
social dentro da execução pe-
nal, deixa de garantir que o sis-
tema funcione a contento.”
PROGRESSÃO. A lei prevê que o
cumprimento da prisão será
executado de forma progressi-
va, a partir de transcorrido 1/6
dela, desde que o apenado te-
nha bom comportamento. Pa-
ra muitos, a medida é vista co-
mo outro facilitador da reinci-
dência e no Congresso há ao
menos três projetos que
propõem aumentar restrições
à progressão de regime.
Um deles impede a progres-
são de regime para condena-
dos por estupro ou estupro de
vulnerável; outro prevê que
condenados por homicídio de
autoridade ou integrante das
forças de segurança precisa-
rão cumprir no mínimo 80%
da pena para pedir a progres-
são de regime. Um terceiro de-
fende monitoramento ele-
trônico obrigatório para todos
os presos que passam para os
regimes aberto ou semiaberto.
O juiz Luís Geraldo Lanfredi
rebate as críticas. “Ela (a pro-
gressão) tem por base avalia-
ções objetivas e subjetivas, es-
tudos que importam a singula-
rização da vida do condenado,
instrumentos que, se bem em-
pregados, trazem prognósti-
cos que evitam ou diminuem a
chance de reincidência.” l
 METRÓPOLE A15
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

NOTAS E INFORMAÇÕES Foi essa a estupefaciente explicação que o sr.
Lewandowski resolveu dar para o vexame da recente
fuga de dois perigosíssimos criminosos de um presí-
dio de suposta segurança máxima em Mossoró (RN).
O carnaval do O ministro, no afã de justificar tão espantosa falha
onde falha não pode haver, resolveu insultar a inteli-
sr. Lewandowski gência de um país já farto de explicações grosseiras
para o recorrente fracasso da segurança pública.
Em favor do sr. Lewandowski, é bom que se diga
que pouca coisa pode ser debitada de sua conta, já que
ele mal chegou ao cargo. Mas isso não o autoriza a
tratar como tolos os cidadãos brasileiros preocupa-
dos com a manutenção de sua vida e de seu patrimô-
nio diante da evidente inépcia do poder público – cujo
ápice parece ter chegado com a desmoralização do
instituto da “segurança máxima”.
As investigações iniciais sobre a fuga apontam uma
Ministro insulta o País ao tentar série de problemas num presídio que deveria ser mo-
delar: o forro das celas não estava concretado, a ilumi-
explicar falha inaceitável em prisão nação apresentava falhas, as câmeras de segurança
estavam sem manutenção havia dois anos e ferramen-
de segurança máxima tas de uma reforma foram largadas no canteiro de
obras. Tudo isso, somado ao “relaxamento” carnava-
lesco, abriu caminho para a fuga.
ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, O episódio amplia a pressão sobre o presidente
de romper a longa tradição de fracassos do PT ao lidar
com esse problema. À guisa de exemplo, tome-se a
dramática situação da Bahia. Governado pelo PT há
20 anos, o Estado tornou-se um dos mais violentos do
País, acossado pela guerra entre facções criminosas.
Em boa medida, a incompetência petista na área
deriva de uma deturpação original das causas da crimi-
nalidade. A intelligentsia dita progressista enxerga o cri-
me e o criminoso como corolários de um sistema políti-
co-econômico que só gera opressão e iniquidades, esti-
mulando o crime. De acordo com essa fantasia, a crimi-
nalidade sumirá como mágica no momento em que
esse sistema perverso for substituído por outro, supos-
tamente mais justo. Não raro também os formulado-
res enxergam as polícias como inimigas e a preocupa-
ção com a segurança como uma agenda da direita.
Claro que a ninguém de boa-fé ocorre desvincular
as profundas desigualdades do Brasil dos índices de
criminalidade obscenos. Mas o fato é que, quando
resolvem enfrentar os problemas da segurança, gover-
nos petistas o fazem de modo atabalhoado ou com
medidas ineficazes – como foi o caso da decretação de
Garantia da Lei e da Ordem em portos e aeroportos
para combater o tráfico de armas e drogas.
O antecessor de Lewandowski, Flávio Dino, pare-

O deu a dica: se um meliante quiser fugir da

prisão, basta esperar o carnaval – época em
que, segundo informou o ministro, os guar-
das costumam ficar mais “relaxados”.
Lula da Silva numa área que tem sido, há muito tem-
po, o busílis dos governos petistas. Sobre os ombros
de Lewandowski, jejuno na administração pública e
na própria área de segurança pública, pesa o desafio
cia mais preocupado em fazer barulho nas redes so-
ciais. Roga-se que o atual ministro seja não só mais
discreto, como mais eficiente – e que poupe os brasi-
leiros de explicações esdrúxulas.l

Sistema carcerário

Polícia acha pertences de detentos foragidos

Forças de segurança
fazem caçada em uma
área de 15 km ao
redor do presídio de
Mossoró; população
diz ter visto suspeitos
PAULA FERREIRA
Moradores do município de
Mossoró (RN) relataram ter
avistado ontem duas pessoas
que podem ser os foragidos da
penitenciária federal da cida-
de. O Estadão apurou que os
investigadores que atuam nas
suspende banho de sol, visitas
e atividades educacionais e re-
ligiosas nas unidades. Foi a pri-
meira fuga de um presídio fede-
ral desde que eles foram cria-
dos, em 2006. O episódio colo-
ca esse formato em xeque.
O cerco aos criminosos co-
meçou a se fechar, de acordo
com autoridades e policiais
que acompanham o caso. Após
moradores de Mossoró terem
visto os foragidos e rastros dos
Equipamento sofisticado
Agentes utilizam drones,
equipamentos que medem
pamentos que medem a tempe-
ratura corporal e aeronaves pa-
ra realizar as buscas, além do
apoio de forças estaduais. Essa
é a primeira crise enfrentada
pelo novo titular da pasta, Ri-
cardo Lewandowski.
A FUGA. Na quinta-feira, o mi-
nistro detalhou a dinâmica da
fuga. Os criminosos escalaram
uma luminária na cela, chega-
ram ao teto do presídio e con-
seguiram alcançar o pátio, on-
de era realizada uma obra de
manutenção. Ali, encontra-
ram uma brecha em um tapu-
me e usaram alicate para cor-
tar o alambrado que dá acesso
ao exterior. O Estadão apurou
que os detentos ficavam em ce-
las vizinhas, o que facilitou a
comunicação entre eles.
Lewandowski anunciou
uma série de medidas para for-
talecer a segurança dos presí-
dios federais. Segundo o minis-
tro, o governo construirá mura-
lhas nas unidades prisionais
de Mossoró, Catanduvas, Por-
to Velho e Campo Grande.
Além disso, prevê incremen-
tar o sistema de monitoramen-
to e convocar agentes peniten-
ciários aprovados em concur-
so. Nesta sexta, o governo en-
viou ofício ao Ministério da
Gestão e Inovação solicitando
a convocação de servidores. l
Um projeto:

buscas pelos criminosos tam- a temperatura corporal e

bém encontraram pertences
que seriam dos detentos Rogé-
rio Mendonça e Deibson Nasci-
mento, como camisetas e uma
toalha. Foram identificadas
ainda pegadas que seriam dos
criminosos na região.
Na manhã desta sexta, o Mi-
nistério da Justiça e Segurança
Pública também prorrogou as
restrições impostas aos presí-
dios federais até o dia 21 de fe-
vereiro, quinta-feira. A medida
aeronaves para as buscas
prisioneiros terem sido encon-
trados, a expectativa é de que
eles sejam capturados em bre-
ve. Atualmente, cerca de 300
agentes atuam nas buscas em
Os principais acontecimentos
um perímetro de 15 quilôme-
que impactam os seus
tros ao redor da penitenciária investimentos
federal.
Conforme o ministério, os
agentes utilizam drones, equi-

PM mata 3 no Guarujá,
incluindo acusado de
ser líder de facção
Três homens, entre eles um
suposto líder de facção crimi-
nosa, foram mortos ontem,
em confronto com policiais
militares no Guarujá, litoral
de São Paulo. São 26 mortos
em confronto com agentes
de segurança na região, após
a morte de um soldado da
Rota no início do mês.
TODAS AS
SEGUNDAS-FEIRAS
Conforme a Polícia Mili-
ÀS 9H15
tar, o enfrentamento ocor-
reu por volta das 6 horas,
quando agentes entraram
em um apartamento no bair-
ro Santa Cruz dos Navegan-
tes, em busca de um suspeito
conhecido como Danone.
Ele e outras duas pessoas
que estavam ali foram balea-
das e morreram. Danone foi
apontado como um dos res-
ponsáveis pela morte do PM
Marcelo Fukuhara, em 2012.
l JOSÉ MARIA TOMAZELA
 METRÓPOLE
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
A16 O ESTADO DE S. PAULO

Fernando Reinach fernando@reinach.com

A migração de zebras, gnus e gazelas

migração das zebras, minada pelo tamanho do ani- de inteligência artificial. Tam- das fezes demonstrou que ze- territórios e tentam caçar os

A gnus e gazelas para o

norte do Serengeti, na
Tanzânia, é deslum-
brante. Todo mês de abril, 200
mil zebras iniciam a viagem de
mal. A zebra, com seus 230 kg,
dominaria primeiro as áreas
de pasto alto, seguida pelos
gnus (155 kg), e as gazelas, me-
nores (20 kg), ficariam com o
800 km. São seguidas por 1,3 que restou do pasto. A terceira
milhão de gnus e, na sequên- teoria é que haveria um proces-
cia, por 400 mil gazelas. São so de facilitação ou colabora-
acompanhadas de perto pelos ção entre as espécies. A zebra,
carnívoros, como leões, leopar- com sua boca grande, comeria
dos e hienas. Nessa migração, as gramíneas mais altas, dando
as três espécies de herbívoros acesso aos gnus e gazelas às
raspam a vegetação que cres- plantas mais baixas, rasteiras.
ceu nos meses anteriores. E os Seria uma maneira de otimizar
predadores fazem a festa. a coleta do alimento.
O interessante é que a mi- Agora, um grupo de cientis-
gração não ocorre de forma de- tas publicou um estudo capaz
sordenada, mas segue sempre de discriminar entre essas três
a mesma ordem: as zebras vão hipóteses. Para tanto, eles ins-
na frente, seguidas pelos gnus talaram ao longo da rota de mi-
e por fim, pelas gazelas. Há dé- gração 200 câmeras fotográfi-
cadas os ecologistas tentavam cas ativadas pela presença de
explicar a razão dessa ordem. animais. A migração foi docu-
Até agora existiam três teo- mentada por 8 anos, entre
rias. A primeira é que, ao se es- 2012 e 2020. Os animais pre-
palhar ao longo do tempo e, sentes em cada foto, devida-
portanto, ocupando áreas mente datada, foram identifi-
maiores, as três espécies difi- cados e contados por um gru-
cultam a ação dos predadores. po de 130 mil voluntários de
A segunda é que competem pe- todo o mundo. No último ano,
la comida e a ordem seria deter- isso foi feito por um sistema
bém foram colocados colares
com sistemas de GPS em 28 ze-
bras e 54 gnus. Com esse siste-
ma, os cientistas puderam sa-
ber exatamente onde cada um
desses animais estava em cada
momento. Finalmente foram
coletadas 230 amostras de fe-
zes das três espécies, que fo-
ram analisadas para identifi-
As espécies migram
em sequência, pois
isso permite melhor
exploração do
alimento disponível
car que plantas cada animal ha-
via comido. Os resultados obti-
dos analisando as fotografias
demonstram que, ao migrar na
frente, as zebras são os primei-
ros animais a pastar nas novas
áreas. Os gnus chegam logo
atrás e pastam em áreas que já
foram rebaixadas pelas zebras.
Essa observação foi confirma-
da pelos dados coletados dos
colares com GPS. Já o exame
bras e gnus comem plantas dis-
tintas. As abocanhadas pelas
zebras são mais altas, estão
presentes em maior volume e
são menos nutritivas se compa-
radas às consumidas pelos
gnus. À medida que as zebras
comem e avançam para o nor-
te, liberam áreas de pastagem
mais baixas e com diferentes
espécies. Os gnus comem toda
a vegetação deixada pelas ze-
bras, quase rapelando a área e
colocando pressão para as ze-
bras se moverem em direção a
áreas ainda virgens. Após o
avanço de zebras e gnus, as
plantas devoradas começam a
brotar e esses brotos, muito
nutritivos, são pequenos de-
mais para serem abocanhados
com eficiência por zebras e
gnus. É nesse momento, algu-
mas semanas depois, que che-
gam as gazelas, com suas bo-
cas pequenas e delicadas, adap-
tadas para arrancar os brotos
que estão surgindo. E fazem a
festa. É menos comida, mas
ela é mais nutritiva. Já os carní-
voros permanecem em seus
membros mais fracos ou des-
garrados das três espécies.
Eles parecem não acompanhar
a migração. É como se perma-
necessem na beira da estrada
atacando a caravana.
Esses dados indicam que as
três espécies fazem a migração
em ordem sequencial, pois is-
so permite uma melhor explo-
ração do alimento disponível.
Dessa forma não parece haver
competição entre as espécies
pelo alimento nem um papel
importante dos predadores. É
um arranjo que permite o me-
lhor aproveitamento da pasta-
gem. E a hipótese de que as es-
pécies colaboram entre si,
uma facilitando a vida da ou-
tra, parece ser a explicação cor-
reta. Não é bonito? l
INFORMAÇÕES: INTERPLAY OF COMPETITION
AND FACILITATION IN GRAZING SUCCESSION
BY MIGRANT SEREGETI HERBIVORES. SCIENCE
VOL.383, PÁG. 782-788 2024
É BIÓLOGO, PHD EM BIOLOGIA CELULAR
E MOLECULAR PELA CORNELL UNIVERSITY
E AUTOR DE A CHEGADA DO NOVO
CORONAVÍRUS NO BRASIL; FOLHA DE LÓTUS,
ESCORREGADOR DE MOSQUITO; E A LONGA
MARCHA DOS GRILOS CANIBAIS

SAB. Fernando Reinach l DOM. Renata Cafardo (a cada 15 dias) e Rosely Sayão (a cada 15 dias)

Soluções Ambientais lo bicho da seda; as proteínas e

os polissacarídeos como, por

Cientistas brasileiros criam plástico exemplo, a celulose encontra-

da no algodão.

APLICAÇÃO. Pela facilidade de

orgânico com babosa e batata-doce produção e por suas proprieda-

des já conhecidas, os pesquisa-
dores decidiram utilizar o ex-
JOSÉ THOMAZ DE CARVALHO/DIVULGAÇÃO
trato de aloe vera, uma planta
Plástico convencional primas renováveis, é um tradicionalmente conhecida
demora de 200 anos a atraente campo de pesquisa por suas propriedades cicatri-
que concilia o suprimento do zantes que gera uma resina
até 5 mil anos para se mercado consumidor e a pre- que, combinada a um amido –
deteriorar; protótipo servação ambiental”, afirmam no caso, da batata-doce –, deu
nacional se decompõe os autores do estudo “Produ- origem ao plástico de origem
em até 120 dias ção de Plástico Biodegradável vegetal fino como um filme.
a Partir de Aloe vera (L.) “Nos testes tivemos um resul-
Cientistas brasileiros desen- Burm. f. (Babosa) e Ipomoea tado bastante satisfatório, sig-
volveram um plástico orgâni- batatas (L.) (Batata-Doce) cul- nifica que estamos no cami-
co, a partir de babosa e batata- tivadas organicamente no SI- nho certo. O bioplástico mos-
doce, que se decompõe em até trou consistência, não degra-
120 dias na natureza e ainda se dando automaticamente, po-
transforma em adubo para o Próximos passos rém numa velocidade satisfa-
solo. Plásticos convencionais Estudos ainda precisam tória para os objetivos propos-
demoram de 200 anos a até 5 avançar, agora com foco tos. Não sabemos onde o pro-
mil anos para se deteriorarem, na aplicabilidade duto vai chegar, se será utiliza-
o que faz desse material utiliza- do produto Foram utilizados polímeros naturais, tecnologia orgânica milenar do como sacola plástica, como
do massivamente no mundo gaze para ferimentos ou de ou-
um dos principais vilões da cri- tra maneira na área médica.
se climática. PA (Sistema Integrado de Pro- váveis, trazendo maneiras de zada pela equipe para criar o Agora precisamos seguir com
A humanidade produz mais dução Agroecológica)”. não deteriorar o meio ambien- bioplástico é “extremamente os estudos com foco na aplica-
de 430 milhões de toneladas O trabalho foi a tese de dou- te e prejudicar os seres vivos. simples e conhecida há muito bilidade”, disse ao Estadão
de plástico derivado de petró- torado em Agrobiologia do pes- O que acreditamos ser o dife- tempo”. Trata-se do uso de po- orientador da pesquisa.
leo – não biodegradável – por quisador José Thomaz de Car- rencial do nosso bioplástico é límeros naturais, tecnologia Silva acrescenta que, em 60
ano. Desse total, dois terços valho, orientado pelo profes- o fato de todos os ingredientes orgânica milenar que agora dias, o plástico orgânico per-
são descartáveis, segundo rela- sor Leonardo Duarte da Silva, terem sido produzidos em am- conquista novo status na jorna- deu 60% de sua massa e, em
tório de 2023 do Programa das da Universidade Federal Rural biente agroecológico controla- da contra o aquecimento glo- 120 dias, esse índice chegou a
Nações Unidas para o Meio do Rio de Janeiro (UFRRJ). do, sem adição de quaisquer bal. Eles são provenientes de 90%. O agora doutor em Agro-
Ambiente (Pnuma). “Nesse “Existem outros plásticos bio- produtos químicos no proces- organismos vegetais e ani- biologia José Thomaz de Car-
contexto, o desenvolvimento degradáveis que vêm sendo de- so”, explica Leonardo, que é mais, como a borracha, produ- valho adianta que pretende se-
de novas tecnologias, mate- senvolvidos, a partir de ami- professor do Instituto de Tec- zida pela extração do látex da guir com os estudos. “Desejo
riais e produtos totalmente ou dos, celuloses e quitinases, nologia do Departamento e En- seringueira; o amido, extraído prosseguir na área de saúde. In-
parcialmente biodegradáveis, substituindo resinas petroquí- genharia da UFRRJ. a partir das raízes de diversos cluindo um antibiótico para de-
obtidos a partir de matérias- micas, que são fontes não reno- Segundo ele, a técnica utili- vegetais; a seda, produzida pe- terminados tratamentos.” l
 METRÓPOLE A17
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

HOJE: HOJE: HOJE: VOLUME UMIDADE AMANHÃ SEGUNDA TERÇA QUARTA SOL LUA: CRESCENTE
PREVISÃO DO TEMPO MANHÃ TARDE NOITE

21° 25° 20°

DE CHUVA RELATIVA CRESCENTE 16/02 12h00
19°/26° 19°/28° 20°/26° 20°/27°
0MM 60 95%
Para São Paulo - Capital NASCENTE: 5h54 CHEIA 24/02 09h30
POENTE: 18h46 MINGUANTE 03/03 12h23
Baseada na geocoordenada Última Atualização:
16/02 5% 30% 15% a
da Praça da Bandeira NOVA 10/03 06h00

Regiões do Estado de SP Chance de Chuva Volume de Chuva Temperaturas (min./máx,)

Precipitação
ARARAQUARA
Média Capitais CHOVE? VOL.MÉDIO MÍN./MÁX. Capitais CHOVE? VOL.MÉDIO MÍN./MÁX. Mundo FUSO MÍN./MÁX. FUSO MÍN./MÁX.
82% 6mm 19°/30°
RIBEIRÃO PRETO ARACAJÚ 45% 2mm 27°C/32°C MACEIÓ 25% 0mm 26°C/32°C ASSUNÇÃO 0h 22°C/33°C LOS ANGELES -5h 10°C/17°C
+
98% 6.5mm 18°/30° CAMPINAS ATENAS +5h 9°C/14°C MADRID +4h 6°C/15°C
BELÉM 70% 6mm 24°C/32°C MANAUS 45% 3mm 26°C/32°C
88% 5.4mm 17°/28° 100mm
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO BELO HORIZONTE 70% 18mm 20°C/28°C NATAL 65% 13mm 27°C/30°C BARCELONA +4h 13°C/18°C MIAMI -2h 21°C/26°C
84% 9mm 19°/30° SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
BOA VISTA 0% 0mm 26°C/36°C PALMAS 70% 10mm 25°C/30°C BERLIM +4h 5°C/12°C MONTEVIDÉU 0h 20°C/26°C
71% 5.3mm 14°/30° 50mm
ARAÇATUBA BRUXELAS +4h 8°C/12°C MOSCOU +6h -8°C/-2°C
77% 6.2mm 20°/31° LITORAL NORTE BRASÍLIA 80% 26mm 19°C/27°C PORTO ALEGRE 40% 4mm 21°C/29°C
20% 0mm 20°/29° 25mm BUENOS AIRES 0h 22°C/26°C NOVA YORK -2h -1°C/2°C
PRESIDENTE PRUDENTE CAMPO GRANDE 90% 6mm 23°C/32°C PORTO VELHO 65% 7mm 25°C/32°C
CARACAS -1h 21°C/29°C PARIS +4h 7°C/14°C
56% 1.6mm 20°/33° 10mm CUIABÁ 70% 5mm 28°C/34°C RECIFE 75% 9mm 27°C/31°C
CIDADE DO MÉXICO -3h 10°C/16°C ROMA +4h 8°C/19°C
MARÍLIA Ondas: CURITIBA 40% 5mm 17°C/24°C RIO BRANCO 75% 5mm 24°C/34°C
59% 2.8mm 18°/31° 17/02 5mm ESTOCOLMO +4h -2°C/4°C SANTIAGO 0h 15°C/30°C
SOROCABA
FLORIANÓPOLIS 70% 3mm 21°C/28°C RIO DE JANEIRO 10% 0mm 25°C/28°C
68% 2.7mm 16°/29° GENEBRA +4h 4°C/11°C SYDNEY +14h 22°C/26°C
BAURU +
2,5m 2mm FORTALEZA 75% 8mm 26°C/31°C SALVADOR 40% 2mm 25°C/32°C
64% 3.7mm 18°/30° SÃO PAULO JOANESBURGO +5h 19°C/33°C TEL-AVIV +5h 10°C/16°C
59% 2.3mm 15°/28° 1,5m GOIÂNIA 95% 16mm 21°C/28°C SÃO LUÍS 70% 6mm 25°C/31°C LIMA -2h 24°C/27°C TÓQUIO +12h 8°C/16°C
TEMPOnaCidade.com.br 1mm
LITORAL SUL 1m JOÃO PESSOA 65% 9mm 26°C/32°C TERESINA 55% 13mm 24°C/31°C LISBOA +3h 13°C/20°C TORONTO -2h -10°C/-6°C
27% 0.2mm 19°/29° - - MACAPÁ 70% 7mm 25°C/29°C VITÓRIA 55% 7mm 23°C/28°C LONDRES +3h 8°C/13°C WASHINGTON -2h -1°C/3°C

SÃO PAULO RECLAMA HÁ UM SÉCULO

Clima

Ciclone subtropical leva Leitor questiona ‘sumiço’

de linha de ônibus

Reclamação de Sérgio Sa-

A Tumba de Tutancâmon

Luxor- A visita ao tumulo de

Tutankhamen está prohibida.

fortes chuvas a SP e Rio les: “Todo domingo, cami-

nho do Largo de São Fran-
cisco até a Rua Xavier de To-
O escavador Howard Carter re-
cusou-se a permitir a entrada
no tumulo de Tutankhamen

neste fim de semana ledo, no centro da cidade,

para pegar ônibus para a La-
pa. No fim do mês passado,
não tinha nenhuma linha de
do chefe de policia. O sr. Car-
ter deixou o serviço. A proposi-
to das divergencias entre Car-
ter e o governo egypcio, a pro-
ônibus. Encontrei, por aca- posito da prohibição da visita
Fenômeno ocorre a ALERTA. Ainda na quarta, o Ins- rinha ‘batiza’ estas baixas so, um funcionário de ôni- ao tumulo, o correspondente
cerca de 235 km da tituto Nacional de Meteorolo- pressões atmosféricas espe- bus que informou que eles da Associated Press, no Cairo,
gia (Inmet) emitiu alerta ver- ciais”, disse a empresa de estavam passando na Praça foi officialmente informado de
costa fluminense e não melho para grande perigo de meteorologia. da República.” que havia sido tomada aquella
passará sobre nenhum tempestades intensas no Vale Ainda conforme a Clima- medida extrema, afim de se-
Estado; mar ficará do Paraíba; no litoral norte de tempo, o ciclone subtropi- Resposta da São Paulo rem satisfeitas as obrigações,
agitado no Sudeste São Paulo; no sul fluminense; e cal é uma área de baixa pres- Transporte: “A SPTrans assumidas pelo governo peran-
na região metropolitana do são atmosférica formada desviou o itinerário de 31 li- te a sciencia e o publico. l
Rio. Ontem, o alerta foi atuali- em latitudes subtropicais, nhas de ônibus no evento
RENATA OKUMURA zado para laranja (de “grande que gera ventos de até 63 teste do Programa Ruas
perigo” para apenas “perigo”). km/h. Já a tempestade sub- Abertas em 21 de janeiro,
Com formação iniciada na noi- “Há risco para chuva entre 30 e tropical tem pressão atmos- das 6h30 às 16h, na Av. São
te de quarta-feira, um ciclone 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, férica mais baixa e gera ven- João, entre a Rua Helvétia e
subtropical ganha força em al- com ventos intensos (60-100 tos mais fortes, entre 63 o Vale do Anhangabaú. As
to-mar, na costa do Rio, segun- km/h). Há risco de corte de km/h e 118 km/h. alterações foram informa-
do a Marinha. Por isso, a previ- energia elétrica, queda de ga- O akará é o nome indíge- das com antecedência em
são é de fortes chuvas em áreas lhos de árvores, alagamentos e na do acará, espécie de pei- edição especial do Jornal do
de São Paulo e do Rio. descargas elétricas.” xe de rio encontrado na re- Ônibus nas linhas envolvi-
“O sistema se encontra cer- gião amazônica. “Conheci- das. Havia também sinaliza-
ca de 235 km afastado da costa do por sua carne saborosa, é ção com adesivos no totem
do Estado do Rio de Janeiro e Maior intensidade muito utilizado na culiná- do ponto de ônibus da Rua
seus impactos serão sentidos Caso ciclone se torne ria, preparado de várias ma- Xavier de Toledo, informan-
principalmente em alto-mar”, tempestade subtropical, neiras, frito, assado, cozido do que o embarque da linha
prevê a empresa de meteorolo- ventos ganharão força, ou em ensopados. Além dis- 8000/10 seria feito na Rua
gia Climatempo. Ele não passa- podendo chegar a 118 km/h so, é apreciado por sua car- Capitão Salomão, 63, local CORREÇÕES
rá sobre nenhuma região do ne branca e firme”, diz Bor- também sinalizado com
Brasil, mas intensificará os ven- ges, da Climatempo. banner. Fora isso, a equipe
tos no litoral do Sudeste, dei- AKARÁ. Ainda segundo a Cli- Na quinta-feira, o Inmet de campo orientava os pas- Este espaço se destina à correção de erros
publicados na edição impressa do ESTADÃO.
xando o mar agitado. “Terá pa- matempo, a expectativa era de já havia alertado que, em ca- sageiros na região e as alte- Você pode colaborar enviando e-mail para
pel importante no aporte de que o ciclone continuasse ga- so de persistência das condi- rações também foram divul- correcoes@estadao.com. As correções abran-
gem erros como: de informação, nome, cargo,
umidade para os Estados de nhando força e se transforma- ções atmosféricas e da in- gadas nas redes sociais da dados numéricos, entre outros.
São Paulo e Rio, o que, somado se em tempestade subtropical tensificação do vento, o ci- SPTrans.”l
à atuação de um cavado em mé- na noite de ontem. “Se isso clone poderia ser classifica-
dios/altos níveis da atmosfera, ocorrer, este sistema será no- do como uma tempestade Teve algum direito como cidadão
LOTERIA
ou consumidor desrespeitado? O
intensificará a chuva no fim de meado de Akará, espécie de pei- subtropical. A última tem- blog Seus Direitos pode ajudar.
Envie suas reclamações, com os
semana nestes Estados”, diz xe em Tupi antigo. Apenas as pestade subtropical regis- devidos documentos, dados pes- Para ver os resultados, aponte a câma-
Guilherme Borges, meteorolo- tempestades subtropicais rece- trada no Brasil foi a Yake- soais e contatos, além do nome
dos envolvidos na questão, para o
ra do seu celular para o QR Code ou
acesse: https://loterias. esta-
gista da Climatempo. bem um nome e somente a Ma- can, em maio de 2022. l spreclama@estadao.com dao.com.br/mega-sena.

Para publicar anúncio fúnebre: Balcão Limão l (11) 3856-2139 / (11) 3815-3523 / WHATSAPP (11)99123-8351. l Atendimento de 2ª a 6ª das 8h30 às 21h horas, Sábado das 10h às 20h, Domingo das 14h às 20h l Só serão publicadas notícias de falecimen-
FALECIMENTOS to/missa encaminhadas pelo e-mail falecimentos@estadao.com, com nome do remetente, endereço, rg e telefone.

Nelson Verona – Aos 75 anos. Era ca-
sado. Deixa filhas, parentes e amigos.
O enterro foi realizado no Cemitério e
A família agradece as carinhosas manifestações recebidas
pelo falecimento, em 31 de janeiro de 2024, da querida
LILIANE VLADIMIRSCHI
Crematório Primaveras. Hoje, às 9h30, na Paróquia Santa Tere-
MISSAS sinha, na R. Maranhão, 61 (7º dia).
Helena Villaça de Cerqueira Cesar – Nilce Nersessian — Amanhã, às
11h30, na Catedral Apostólica Armê-
nia de São Jorge, na Av. Santos Du-
mont, 55, Bom Retiro (6 anos).
Fernando Tullio Colacioppo Jr. – Ho-
je às 16h30, na Basílica Menor de
Sant’Ana, na R. Voluntários da Pátria,
2.060, Santana (7º dia).
Nevino Antonio Rocco – Hoje, às
18h30, na Paróquia Nossa Sra. de Fáti- Jose Filler – Amanhã, às 11 horas, no S
ma, na R. Flávio Fongaro, 126, Vila Mar- R – Q 361 – Sep. 43.
lene, São Bernardo do Campo (1 mês). Anna Crochik Feldman – Amanhã,
Carlos Alfredo De Souza Queiroz – às 11h30, no S R – Q 397 – Sep. 216.
Amanhã, às 18 horas, na Paróquia San- (Shloshim)
ta Therezinha, na Pç. Luiz Mantoanel- Sarah Schechtman Rabinovitch – Ama-
li, s/nº, Itaici, Indaiatuba (2 anos). nhã, às 10h30, no S O – Q 344 – Sep. 165.
Cemitério Israelita do Butantã Eva Gil Finguermann – Amanhã, às 11
(Matzeiva)
Jacob Exman – Amanhã, às 11 horas,
horas, no S R – Q 405 – Sep. 128.
Rosa Tiker Feldman – Amanhã, às
no S O – Q 342 – Sep. 47. 12h30, no S R – Q 406 – Sep. 25.
A18
ESPORTES
Futebol brasileiro
Rodrigo Caetano
aceita o desafio de
reestruturar a seleção
Novo diretor de seleções da CBF, ele vai atuar
na reformulação da equipe principal e das de base
RIO
Rodrigo Caetano é o novo dire-
tor de seleções masculinas da
CBF. A contratação do executi-
vo, que vinha atuando como di-
retor de futebol do Atlético-
MG, foi oficializada ontem,
após cerca de três semanas de
negociações. A proposta feita
a ele pelo presidente Ednaldo
Rodrigues envolve a participa-
ção na reestruturação da sele-
ção brasileira principal, treina-
da por Dorival Júnior, e das
equipes de base. Foi prometi-
da autonomia a Caetano.
O novo diretor vai ter dois
desafios já no início do seu tra-
balho: em junho, a Copa Améri-
ca nos Estados Unidos; em se-
tembro, a retomada das Elimi-
natórias da Copa do Mundo de
2026. O Brasil é apenas o sexto
colocado e tem o pior desem-
penho da história.
Os primeiros jogos da sele-
ção na gestão de Rodrigo Cae-
Campeonato Paulista
Após duas derrotas,
São Paulo tenta se
realinhar na temporada
BRUNO ACCORSI
A euforia de um time invicto e
campeão da Supercopa do Bra-
sil foi substituída por dúvidas
após duas derrotas seguidas.
Superado pela Ponte Preta, em
seu primeiro revés da tempora-
da, e pelo rival Santos, o São
Paulo tenta se realinhar em
duelo com o Red Bull Braganti-
no, hoje às 18h, pela nona roda-
da do Paulistão, no MorumBis.
A sequência negativa mante-
ve a disputa bastante acirrada
no Grupo D, dentro do qual os
são-paulinos continuam na li-
derança, com 13 pontos, mas
apenas um acima de Novori-
zontino e São Bernardo, segun-
do e terceiro colocados, res-
Clubes pedem que CBF
interrompa Brasileirão
durante a Copa América
Nove clubes que disputam a
Série A do Brasileirão decidi-
ram pedir à CBF que paralise
o campeonato durante a Co-
pa América, que vai ser reali-
zada nos Estados Unidos en-
tre os dias 20 de junho e 14
de julho. Para isso, enviaram
um ofício à entidade com a
solicitação. O documento é
assinado por Athletico-PR,
Atlético-MG, Botafogo, Red
Bull Bragantino, Flamengo,
Fluminense, Palmeiras, São
Paulo e Vasco.
A iniciativa foi revelada
por Luís Carlos Azevedo, ge-
rente de futebol do Flamen-
go, quinta-feira, após a vitó-
ria do time rubro-negro so-
bre o Bangu por 3 a 0, pelo
Campeonato Carioca.
“Existe, sim, uma conver-
pectivamente. O time da capi-
tal tem, entretanto, um jogo
atrasado da quinta rodada pa-
ra disputar com a Inter de Li-
meira, dia 28. O quarto lugar é
do Botafogo de Ribeirão Preto,
com oito pontos.
Na missão de contornar o
momento ruim, o técnico Thia-
go Carpini tem de lidar com
uma série de desfalques. O
mais recente é o lateral-direito
Moreira, que sentiu um incô-
modo durante o aquecimento
antes da derrota por 1 a 0 para
o Santos, no MorumBis, e foi
diagnosticado com uma lesão
no músculo reto femoral da co-
xa direita após realização de
exames.
Os laterais Rafinha e Igor Vi-
nícius, os meio-campistas Ro-
sa para que tenha uma aten-
ção, para que os clubes te-
nham prejuízo menor”, disse
Luís Carlos.
Como a Copa América faz
parte do calendário da Fifa,
os clubes são obrigados a li-
berar seus jogadores, o que
deverá causar vários desfal-
ques nas equipes para a dis-
puta das rodadas do Brasilei-
rão previstas para o período.
Além de atletas que podem
ser convocados por Dorival
Júnior para a seleção brasilei-
ra, vários jogadores de sele-
ções sul-americanas perten-
cem a equipes brasileiras.
A sugestão dos clubes é
que ocorra uma inversão des-
ses jogos do Brasileirão com
as disputas das oitavas e
quartas de final da Copa do
Brasil. Com isso, as finais da
Copa do Brasil seriam dispu-
tadas apenas em 11 e 15 de
dezembro, no término do
calendário nacional. l
9ª RODADA DO PAULISTÃO
SÃO PAULO RB BRAGANTINO
SÃO PAULO: Rafael; Bobadilla,
Arboleda, Diego Costa e Welington;
Alisson, Pablo Maia, Galoppo e
Luciano; Juan e Calleri.
Técnico: Thiago Carpini.
RED BULL BRAGANTINO: Clei-
ton; Andres Hurtado, Lucas Cunha,
Léo Ortiz e Juninho Capixaba; Jad-
som (Lincoln), Raul e Lucas Evange-
lista; Helinho, Vitinho e Eduardo
Sasha. Técnico: Pedro Caixinha.
Árbitro: Vinícius G.D. Araújo.
Horário: 18h.
Local: MorumBis, em São Paulo.
Na TV: TNT e HBO Max
drigo Nestor, Rodriguinho e
Wellington Rato e o atacante
Lucas são os outros jogadores
que estão entregues ao depar-
tamento médico para trata-
mento de lesões.
EMPENHO. “Foi o oitavo jogo à
frente do São Paulo e não con-
segui repetir a escalação ne-
nhuma vez. Não consegui por
problemas de início de tempo-
tano serão em março. O Brasil
visita a Inglaterra, em Wem-
bley, e encara a Espanha, no
Santiago Bernabéu. A convoca-
ção acontece no dia 1.º do
próximo mês. Será também a
primeira de Dorival.
Caetano vai planejar tam-
bém todo o calendário das sele-
ções de base (sub-15, sub-17 e
sub-20). Na semana passada, o
time Pré-Olímpico fracassou e
não conquistou vaga para os Jo-
gos de Paris-2024. Ramon Me-
nezes será demitido.
“Agradeço a confiança do
presidente Ednaldo por esse
convite, sem dúvida alguma o
maior desafio da minha carrei-
Conhecido de Dorival
Rodrigo Caetano trabalhou
com Dorival Júnior em
duas ocasiões: no Vasco e
no Fluminense
ra. Nem poderia ser diferente,
pelo tamanho da instituição e
da responsabilidade. Me sinto
muito honrado pela escolha,
ser chamado para a seleção é
uma convocação, é assim que
me sinto”, afirmou Caetano.
Ele já trabalhou com Dorival
duas vezes: no Vasco, em
2009, e no Fluminense, em
2013. Agora, o executivo terá a
missão de reformular a sele-
ção com o treinador. “Agrade-
ço muito também ao Dorival,
com quem já tive a oportunida-
de de trabalhar em dois gran-
des clubes, agora vamos reto-
mar essa parceria. É importan-
te a confiança que ele deposita
no nosso trabalho.”
AUTONOMIA. Ednaldo Rodri-
rada. Mas posso garantir
que vamos seguir lutando,
trabalhando e com essa
mesma competitividade
nas partidas”, pontuou Car-
pini na quarta-feira.
Para se recuperar, o time
são-paulino vai colocar à
prova a consistência do Red
Bull Bragantino, que, de-
pois de um início vacilante
no Paulistão, vive uma se-
Jogo atrasado
O São Paulo vai pegar a
Inter de Limeira, fora
de casa, no próximo
dia 28, às 21h35
quência de quatro jogos
sem derrota, com três vitó-
rias e um empate. Por isso,
está na liderança do Grupo
C, com 14 pontos, persegui-
do de perto pela vice-líder
Inter de Limeira, que tem
13. O terceiro colocado é o
Mirassol com 11 pontos e o
quarto lugar da chave fica
com o Corinthians, que está
com nove pontos. l
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
gues disse ter “confiança irres-
trita” no diretor. “Ele terá auto-
nomia total para fazer todas as
modificações necessárias para
a seleção brasileira continuar
sendo vencedora, forte e iden-
tificada com os torcedores”,
disse o presidente, para quem
Rodrigo Caetano “foi um
exemplar atleta e tem sido um
exemplar dirigente”.
Rodrigo Caetano tem 53
anos e foi jogador sem muito
destaque, atuando principal-
mente por clubes gaúchos,
além do Deportivo Táchira, da
Venezuela. O melhor momen-
to da carreira como atleta foi
no Mogi Mirim, quando jogou
ao lado de Rivaldo, no começo
da década de 1990.
Ganharia destaque como
gestor. Caetano iniciou como
executivo no futebol de base
do Grêmio. Depois, foi para o
Vasco, onde atuou na reestru-
turação do clube após a queda
para a Série B em 2009. Refor-
mulou o elenco e ajudou a
montar o time que conquistou
a Copa do Brasil em 2011. No
Fluminense, o executivo parti-
cipou dos títulos carioca e bra-
sileiro em 2012.
No Flamengo, Rodrigo Cae-
tano participou da gestão do
presidente Eduardo Bandeira
de Mello, com foco na recupe-
ração de dívidas. Foi nessa épo-
ca que o clube negociou o ata-
cante Vinícius Júnior com o
Real Madrid por ¤ 45 milhões
(R$ 267 milhões, em 2020).
Depois, passou por Interna-
cional e Atlético-MG, onde par-
ticipou dos títulos da Superco-
pa do Brasil de 2022, Brasileiro
e Copa do Brasil (ambos em
2021) e do tricampeonato mi-
neiro (2021 a 2023). l
O MELHOR DA TV
SURFE
l Circuito Mundial - WSL
Etapa de Sunset Beach
14h55 / SporTV 3
FUTEBOL
l Campeonato Espanhol
Atlético Madrid x Las Palmas
10h / ESPN
l Campeonato Italiano
Napoli x Genoa
11h / ESPN 3
Verona x Juventus
14h / ESPN 4
l Campeonato Inglês
Manchester City x Chelsea
14h30 / ESPN
l Campeonato Carioca
Madureira x Fluminense
16h / Band e BandSports
l Campeonato Paulista
Mirassol x Botafogo
18h / CazéTV
São Paulo x RB Bragantino
18h / TNT
Ponte Preta x Ituano
20h / CazéTV
BASQUETE
l NBB
Brasília x Flamengo
17h10 / Cultura

SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Depois da chuva
Uma mansão de
US$ 16 milhões, à
beira do precipício
Autoridades de cidade no sul
da Califórnia dizem não haver perigo;
morador afirma que vai ficar no imóvel
DANA POINT, CALIFÓRNIA
Uma casa multimilionária,
construída no topo de um pe-
nhasco no sul da Califórnia,
nos Estados Unidos, chegou
um pouco mais perto do abis-
mo após deslizamentos de
terra provocados pela chuva
na cidade de Dana Point.
A água fez com que tonela-
das de pedras e terra caíssem
no mar. As fotos são de tirar o
fôlego. Mas, embora as ima-
gens pareçam assustadoras,
as autoridades determinaram
que a casa e as residências vizi-
nhas não estão em perigo ime-
diato. E seus moradores resol-
veram permanecer nelas.
O deslizamento ocorreu na
cidade de Dana Point depois
de tempestades consecuti-
vas, que causaram diversos
fluxos de lama e detritos na
região desde a semana passa-
da, provocando inundações e
problemas de trânsito.
Fotos de antes e depois pu-
blicadas pelo jornal Los Angeles
Times mostram que uma enor-
UMA BOA HISTÓRIA
JEFF GRITCHEN/THE ORANGE COUNTY REGISTER VIA AP – 13/2/2024
A residência na cidade de Dana Point tem 900 metros quadrados
me área verde atrás da casa de-
sapareceu. Imagens da AFP
permitem perceber que areia e
terras mais claras ficaram ex-
postas com o desprendimento
da parte mais escura da falésia,
com pedaços de vegetação na
nova cratera. Ao todo, foram
registrados mais de 500 desli-
zamentos de terra de vários ta-
manhos somente em Los Ange-
les – e os fenômenos atingiram
todo o sul da Califórnia.
Segundo as autoridades lo-
cais, o inspetor de engenharia
da cidade analisou a estrutura
do imóvel e um engenheiro
geotécnico observou o local
do deslizamento. Os dois esti-
veram na região na quarta-fei-
ra, dia 14, e, em seguida, emiti-
ram um comunicado oficial:
“A cidade julgou que nenhuma
ação adicional é necessária e,
com muita cautela, recomen-
dou ao dono da propriedade
que contratasse uma avaliação
de engenharia profissional da
propriedade”, dizia a nota di-
vulgada na quinta, dia 15.
O prefeito de Dana Point
foi mais incisivo ao tranquili-
A19
zar os moradores: “Os enge-
nheiros que inspecionaram a
casa disseram que não há da-
nos e não há ameaça iminen-
te à sua estrutura, o que é
uma boa notícia”, disse Ja-
mey Federico ao Los Angeles
Times. “Então, falando de for-
ma bem honesta, a situação
parece bem mais assustadora
do que realmente é.”
ESTRUTURA. “A casa está
bem, não está ameaçada pelo
que aconteceu e não será mar-
cada como perigosa pelas au-
toridades”, disse o dono do
imóvel, Lewis Bruggeman, pa-
ra a emissora local KCAL-
TV. “A cidade concorda que
não há problemas estruturais
maiores com a casa.”
A residência, agora locali-
zada praticamente “sobre o
mar”, tem 900 metros qua-
drados e é estimada em US$
16 milhões (quase R$ 80 mi-
lhões), de acordo com a im-
prensa norte-americana.
Meteorologistas dizem
que o sul da Califórnia pode
sofrer outra inundação nos
próximos dias. Segundo as au-
toridades, há previsão de no-
vas chuvas fortes a partir do
final de domingo, com dura-
ção prevista até pelo menos
quarta-feira. l AFP / AP
A20 UMA BOA HISTÓRIA SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024 O ESTADO DE S. PAULO
 INCLUI CLASSIFICADOS

ECONOMIA
E&N
B9 Mercado imobiliário. B1
Carrefour
vende
terrenos
ao lado das
lojas para construção
de unidades residenciais
&NEGÓCIOS
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024 O ESTADO DE S. PAULO
DESTAQUE O
CADERNO E&N
(B1 A B12)

Indicadores Perspectivas

Diretor do BC afirma que é preciso

manter a ‘cautela’ para baixar juros
Gabriel Galípolo diz que autoridade monetária tem mostrado coerência no ritmo de
corte da Selic, de 0,50 ponto porcentual: mercado vê taxa básica em 9% no final do ano

BRASÍLIA
SÃO PAULO
O diretor de Política Monetá-
ria do Banco Central (BC), Ga-
briel Galípolo, disse ontem
que autoridades monetárias,
assim como economistas, li-
dam com um paradoxo entre
o desempenho positivo da ati-
vidade econômica e do merca-
do de trabalho e o processo de
desinflação que mostra um
bom comportamento. Segun-
do Galípolo, a correlação pou-
co usual entre essas variáveis
explica a cautela atual dos
bancos centrais nas decisões
sobre baixar os juros.
“Tem muita novidade em co-
mo essas correlações vêm se
apresentando no mundo. Por
isso, é importante manter (a)
cautela”, disse Galípolo duran-
te transmissão ao vivo realiza-
de termos demonstrado coe-
rência na comunicação sobre
o ritmo (de corte das taxas de
juros) foi deslocando o debate
no mercado sobre o que seria o
juro terminal (ao final do ciclo
de redução).”
AFROUXAMENTO. O Comitê de
Política Monetária (Copom)
do BC iniciou um afrouxamen-
to na política monetária em
agosto do ano passado, quan-
do a taxa básica de juros (Selic)
estava em 13,75%. Na ocasião,
houve um corte de 0,50 ponto
porcentual, com a Selic passan-
do a 13,25%. Desde então, hou-
ve mais quatro reduções com a
mesma intensidade – hoje a ta-
xa está em 11,25%.
Em comunicado após a últi-
ma reunião, em janeiro, o cole-
giado manteve a sinalização de
que o ritmo de corte de 0,50
ponto porcentual continua
gistrado um bom desempe-
nho, mas os preços estão está-
veis. Ele também disse que o
real, amparado por resultados
positivos da balança comer-
cial, apesar da desaceleração
chinesa, apresentou bom com-
portamento mesmo nos mo-
mentos de maior volatilidade
dos títulos americanos.
Para ele, apesar disso, assim
como acontece em outros mer-
cados, as surpresas e a correla-
ção não usual entre desempe-
nho econômico, mercado e in-
flação também exigem cautela
do BC no Brasil.
HOTEL RESORT E GOLFE CLUBE DOS 500
ESTADIA EM
INFLAÇÃO AMERICANA. O dire-
tor de Política Monetária dis-
se ainda que os últimos dados
da inflação nos Estados Uni-
dos, mais altos do que o espe-
rado, não afetaram as expecta-
tivas, assim como o plano do
Banco Central para os juros
no Brasil. Para ele, os núme-
ros americanos acentuam a re-
comendação de o BC seguir a
“trajetória de voo” com a “de-
vida cautela”.
No final do mês passado, o
Fed (o banco central dos
EUA) manteve os juros do
país inalterados, em uma faixa
de 5,25% a 5,5% ao ano. A deci-
são foi unânime. A taxa é a
maior desde 2001 e tem o obje-
tivo de conter a inflação, que
está em 3,1% no acumulado do
ano até janeiro.
O mercado americano apos-
ta que os cortes nas taxas de
juros agora podem começar
em maio, mas ainda há dúvi-
das de como a inflação vai se
comportar, pois o mercado de
trabalho local ainda está aque-
cido. l CÉLIA FROUFE e EDUARDO LAGUNA
‘CORTE DE JURO DE DEVER SER MENOR’, DIZ
ECONOMISTA-CHEFE DO CITI. PÁG. B2

“Tem muita novidade e,
por isso, é importante
manter (a) cautela”
“Nas reuniões com
banqueiros centrais de
outros países, é curioso
porque cada um de nós
parece ter uma
explicação própria
sobre seu país sobre
esse movimento”
Gabriel Galípolo
Diretor de Política Monetária
do Banco Central
HARMONIA
sendo o mais apropriado.
O ministro da Fazenda, Fer-
nando Haddad, já defendeu que
o tamanho dos cortes poderia
ser maior, de 0,75 ponto porcen- COM A NATUREZA
tual. “É hora de cortar não mais Aproveite paisagens de rar o fôlego e
meio, mas 0,75 (ponto porcen- serviços de alta qualidade no Hotel Resort
tual) a Selic”, disse o ministro e Golfe Clube dos 500. Sua estadia será
em setembro do ano passado marcada pela beleza e conforto.
em um evento da corretora XP.
Galípolo foi indicado para o
BC pelo governo, que se queixa-
va do que considerava uma mo-
rosidade da autoridade monetá-
ria em iniciar uma redução da
taxa básica de juros. Ele era o
número 2 do Ministério da Fa-
zenda e assumiu o cargo no BC
em julho de 2023.

da pela Bradesco Asset de de- DIREÇÃO. Elaborado pelo BC

bate sobre os rumos da políti-
ca monetária no País e no mun-
do. Segundo ele, as surpresas
positivas são, talvez, a marca
principal do momento da eco-
nomia global.
“Não só fomos surpreendi-
dos pela diferença entre o es-
perado e o que ocorreu (nos
indicadores), mas também pe-
la correlação pouco usual en-
tre variáveis. Isso tem feito
com que as autoridades mone-
tárias estejam mais data-de-
pendent”, disse.
Galípolo destacou também
que, no caso brasileiro, a auto-
ridade monetária se mostra afi-
nada com o mercado. “O fato
com base na opinião de analis-
tas do mercado, o último Bole-
tim Focus, divulgado na quin-
ta-feira, mostra que a estimati-
va para a Selic ao final deste
ano é de 9%, patamar que se
mantém estável há sete sema-
nas. Há, porém, analistas mais
cautelosos. “O Banco Central
vai continuar cortando 0,50
ponto nas próximas duas reu-
niões, mas vai parar na de ju- Localizado a apenas duas horas de São Paulo, o Hotel Resort e Golfe Clube dos 500
nho, com a Selic a 10%”, afir- combina arte bom gosto, hospedagem de excelência e oferece um
ma o economista-chefe do Ci- ambiente único com 600.000m² de área verde.
ti, Leonardo Porto (mais infor-
mações na pág. B2).
No evento de ontem, Galí-
polo afirmou que a atividade
econômica brasileira tem re-
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
B2
A abertura só traz benefícios
ARTIGO
Adriano Pires
Diretor do Centro Brasileiro
de Infraestrutura (CBIE)
A
balança comercial de pe-
tróleo e derivados atin-
giu recorde com um su-
perávit de US$ 25 bi-
lhões, em 2023, representando
25% do saldo nacional, cujo su-
perávit foi de US$ 99 bilhões.
O resultado mostra como foi
bem-sucedido o modelo de
leilões para explorar petróleo.
Por outro lado, mostra, tam-
bém, como o monopólio manti-
do no refino ajudou a sermos
importadores de todos os deri-
vados de petróleo.
O modelo de leilões atraiu
Leonardo Porto
‘Corte deve ser menor do
que o mercado acredita’
Economista-chefe do Citi projeta suspensão do ciclo
de baixa da Selic em junho, quando taxa chegar a 10%
ENTREVISTA
Doutor e mestre em
Teoria Econômica
pela FEA/USP, Porto é
da equipe de pesquisa
Global/América
Latina do Citi
LUIZ GUILHERME GERBELLI
economista-chefe do -
O Citi Brasil, Leonardo
Porto, avalia que o es-
paço para o Banco Cen-
tral (BC) reduzir a taxa básica
de juros vai ser menor do que o
mercado projeta. No cenário
traçado por ele, o BC deve en-
cerrar o ciclo de corte de juros
em junho, quando a Selic deve
chegar a 10%. O mercado traba-
lha com números diferentes.
No relatório Focus, produzido
pelo Banco Central com base
na previsão de analistas, a Se-
lic deve encerrar este ano em
9% e recuar para 8,5% no ano
que vem.
Na leitura de Porto, o ciclo
de afrouxamento monetário
deve ser mais curto pela combi-
nação de um mercado de traba-
lho mais aquecido, o que pres-
siona a inflação de serviços, e
por uma expectativa de acele-
grandes players e investidores,
estimulando a competição e
permitindo a exploração por
parte de empresas estrangei-
ras e brasileiras, juntamente
com a Petrobras. De 1997 a
2022, a produção de petróleo
brasileira cresceu 257%, um
crescimento anual de 5,34%,
passando de 1,1 milhão de bar-
ris por dia (b/d) para 3,1 mi-
lhões de b/d. Além disso, a aber-
tura do mercado levou a um
crescimento da arrecadação
das participações governamen-
tais, que era de R$ 1,33 bilhão,
em 1999, para R$ 129,93 bi-
lhões, em 2022.
Enquanto ao longo dos anos
nos tornamos exportadores de
petróleo, também acabamos
por ser importadores de deriva-
dos, em particular, de diesel.
De acordo com dados da ANP,
ração da economia brasileira
ao longo de 2024. A seguir os
principais trechos da entrevis-
ta concedida ao Estadão.
Qual é a expectativa para a
economia neste ano?
A desinflação vai continuar
acontecendo, mas, daqui para
frente, vai ficar mais lenta. A
gente acha que a inflação fecha
este ano em 4%. E a razão de
ficar mais lenta se dá porque
contamos com um choque
muito favorável em 2023, num
cenário incomum de aconte-
cer, de queda de commodities
lá fora com apreciação do real.
Não é uma evidência comum
de acontecer no Brasil. Na nos-
sa visão, (em 2024) o câmbio
fica mais ou menos parado e o
preço das commodities deve
cair, mas marginalmente. Essa
contribuição, que fez com que
a inflação de comercializáveis
fechasse o ano passado próxi-
ma de zero, não vai ajudar tan-
to, ainda que continue rodan-
do abaixo da inflação média. E,
portanto, a inflação vai ficar
mais dependente da inflação
de serviços.
E qual é a expectativa de
crescimento para o início
deste ano?
Depois de uma expectativa de
(alta de) 0,1% para o quarto tri-
mestre, temos um crescimen-
Enquanto nos tornamos
exportadores de petróleo,
também acabamos por
ser importadores de
derivados
até novembro de 2023, a balan-
ça comercial de derivados foi
deficitária em US$ 6,0 bilhões,
enquanto a balança do petró-
leo foi superavitária, de US$
30,2 bilhões. Nesse recorte, só
a importação de diesel repre-
sentou 50% das despesas com
derivados.
A defasagem do refino em re-
lação ao segmento de explora-
ção e produção (E&P) resulta
de anos de monopólio, obras
inacabadas e insegurança jurídi-
to de 0,3% no primeiro trimes-
tre, acelerando para 0,4% no
segundo e 0,5% no terceiro e
quarto trimestres. E isso é
mais um fator que tende a fa-
zer com que o mercado de tra-
balho, que já está apertado,
aperte ainda mais e consolida
o nosso call (projeção) de que o
espaço de corte de juros por
parte do Banco Central deve
ser menor do que o mercado
está atualmente acreditando.
Qual deve ser o tamanho do
corte da Selic, então?
O BC continua cortando 50
pontos (0,50 ponto porcentual)
nas próximas duas reuniões,
mas vai parar na de junho (fa-
zendo mais um corte de 25 pon-
tos), com a Selic a 10%. No fun-
do (essa Selic), deriva de um
quadro que a gente está visuali-
zando, mais ou menos no meio
do ano, de uma inflação que ain-
da não convergiu para a meta
com uma economia que vai dar
sinais claros de ‘reaceleração’.
Então, como o Banco Central
vai querer atingir o centro da
meta se a inflação está rodando
acima do centro da meta com
uma economia cada vez mais
robusta e um mercado de traba-
lho cada vez mais apertado?
O crescimento deste ano
pode surpreender tam-
bém?
ca e regulatória. Desde o início
dos anos 2000, o parque de refi-
no nacional não recebe investi-
mentos significativos. O último
foi a Refinaria Abreu e Lima,
que iniciou suas operações com
metade da capacidade prevista
e se tornou símbolo de anos de
corrupção na Petrobras.
Em 2019, o governo resolveu
atender ao que a lei da abertura
(9.478/97) previa, e Cade e a Pe-
trobras assinaram o TCC que
previa a venda de oito refina-
rias, 50% da capacidade de refi-
no da empresa.
Em 2023, a nova gestão da
companhia anunciou a decisão
de suspensão da alienação de
ativos de refino. Não concluiu
a venda da Lubnor (CE) e no
fim de 2023 sinalizou a inten-
ção de voltar a ter participação
na Refinaria de Mataripe, que
SILVIA ZAMBONI-28/3/2022
“O fiscal sempre pode
produzir um risco. As
contas públicas são a
variável mais frágil no
Brasil. A nossa projeção
de primário neste ano é
negativa, em 0,9% do
PIB, pior do que a meta
de déficit zero”
No momento, eu estou relati-
vamente confortável com o
crescimento de 1,5%, mas eu
acho que o risco é de um cresci-
mento, eventualmente, maior
na medida em que a gente tem
uma resiliência do consumo
das famílias. Então, se tivesse
de apontar algum risco para o
crescimento, talvez, seja um
risco de maior crescimento do
que 1,5%, não menor.
Há sempre uma preocupa-
ção com o rumo das contas
públicas. Qual a leitura pa-
ra a área fiscal?
O fiscal sempre pode produzir
um risco. As contas públicas
são a variável mais frágil no
Brasil. A nossa projeção de
(déficit) primário neste ano é
negativa, em 0,9% do PIB, por-
tanto, pior do que a meta de
(resultado primário) zero. E es-
sa projeção tem como base o
fato de que a gente não está
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
representa 15% da capacidade
de refino do Brasil.
A título de comparação, en-
quanto em 1997 a Petrobras
era responsável por 100% da
produção nacional de petró-
leo, no fim de 2023 esse por-
centual foi reduzido para 65%.
Já no refino, a única mudança
substancial foi a venda da
RLAM, atual Mataripe, que re-
presenta 14% da capacidade
nacional.
O sucesso do modelo do seg-
mento de E&P deveria servir
de inspiração para o refino. A
entrada de novas empresas tra-
zendo concorrência traria in-
vestimentos e geração de em-
pregos e beneficiaria os consu-
midores e a própria Petrobras,
que se blindaria de interven-
ções do governo na política de
preços da empresa. l
incorporando nenhuma medi-
da adicional que o governo pos-
sa eventualmente aprovar no
Congresso. Se o governo vier a
aprovar alguma coisa, a gente
adiciona isso na projeção.
E quando começa o ciclo
de corte de juros nos EUA?
O ciclo de corte vai ser depois
do que o mercado está esperan-
do. A gente acha que o ciclo de
corte começa só em junho.
Essa Selic permanece em
10% por um prazo mais lon-
go, em 2025?
Por enquanto, mantemos a Se-
lic em 10%. Hoje, a gente traba-
lha com um juro real de equilí-
brio entre 5% e 5,5%. Portanto,
temos consciência que esta-
mos levemente acima do nível
neutro. Porém, tem algumas
considerações que nos levam a
não estimar quedas adicionais
lá na frente. A primeira delas é
o fato de que as expectativas
de inflação de longo prazo es-
tão acima do centro da meta. A
segunda é que tem um desen-
volvimento muito importan-
te, que é o ciclo de corte de ju-
ros por parte do banco central
americano. A gente vai ter uma
visão um pouco mais acurada
ao longo desse ano de como é
que vai ser esse processo. A ter-
ceira é que tem uma mudança
no BC brasileiro bastante im-
portante no final do ano, que é
a saída do presidente Campos
Neto, o que pode ter, inclusi-
ve, impactos na ancoragem de
expectativas. A gente está to-
mando uma certa cautela e re-
conhecendo que essa disten-
são monetária de curto prazo
tende a ser menor do que o
mercado espera nesse momen-
to. Vamos ter uma visão um
pouco melhor daqui a algum
tempo para visualizar se vai ha-
ver espaço adicional de reto-
mar um ciclo de corte em 2025.
Mas, por enquanto, a gente es-
tá com 10%. l
O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024 ECONOMIA&NEGÓCIOS B3

Marcelo Otaviano dos Santos – Presidente Codevar, torna público a
ata de registro de preços e homologa o Pregão Eletrônico n.º 02/2023,
Objeto: Registro de Preços para Aquisições Futuras, pelos Municípios
Consorciados de Mochilas, Estojos e Pasta para Professor - Empresa
QUER vencedora: C&F EDUCACIONAL E COMERCIO DE PAPELARIA LTDA,
RESULTADOS? inscrita no CNPJ sob o n.º 06.959.645/0001-32 conforme a seguir: lote
PUBLIQUE 1 – R$ 16.186.740,50. Barretos, 16 de fevereiro de 2024
SEUS ATOS
SOCIETÁRIOS
NO ESTADÃO
FUNDAÇÃO FACULDADE DE MEDICINA
ABERTURA DE PROCESSO DE COMPRA
Entidade filantrópica privada sem fins lucrativos, torna pública a abertura de processo de contratação,
com base em seu Regulamento de Compras, cujos detalhes estão disponíveis no site (www.ffm.br).
CONCORRÊNCIA:
FFM 0053/2024-00 – “CONSULTORIA PARA IMPLANTAÇÃO DO ESCRITÓRIO CORPORATIVO”
FFM 0097/2024-00 – “ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA PARA OS INSTITUTOS DO HCFMUSP”
FFM 0103/2024-00 – “ADEQUAÇÃO DA SALA DO RAIO X E TOMOGRAFIA PARA O INSTITUTO
PERDIZES HCFMUSP”
ADJUDICAÇÃO – COMPRAS REGULAMENTO FFM
FFM 0539/2023-00 (RC 39.437) OLYRA SERVIÇOS E COMERCIO LTDA, 17.893.540/0001-44
FFM 0724/2023-00 (RC 38.240) ALTERNATIVA – DESENTUPIDORA LTDA, 02.538.081/0001-03
FFM 1123/2023-00 (RC 38.734) CONFORLAB ENGENHARIA AMBIENTAL LTDA, 06.191.743/0001-72
FFM 1711/2023-00 (RC 39.511) ALVES E SIMI – CONSULTORIA E APERFEIÇOAMENTO
PROFISSIONAL LTDA, 20.923.839/0001-09

PROCURADORIA
GERAL

Marcelo Otaviano dos Santos – Presidente Codevar, torna público a ata de registro de
preços e homologa o Pregão Eletrônico n.º 03/2023, Objeto: Registro de Preços para
futuras e eventuais aquisições de Displays multimídia para prospecção de conteúdo
digital de 75 e 86 polegadas, incluindo: Serviço de Instalação, Suporte e fonte de
energia (nobreak) e formação para capacitar o corpo docente para a devida utilização
do produto - Empresa vencedora: C&F EDUCACIONAL E COMERCIO DE PAPELARIA
LTDA, inscrita no CNPJ sob o n.º 06.959.645/0001-32 conforme a seguir: lote 1 – R$
69.850,00; Lote 2 – R$ 79.350,00. Barretos, 16 de fevereiro de 2024
FAZENDA PÚBLICA
11ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA
Edital para conhecimento de terceiros - Prazo 10 dias - Processo nº 1065012-76.2023.8.26.0053. O Dr. Fausto
Dalmaschio Ferreira, Juiz de Direito da 11ª Vara da Fazenda Pública da Capital, etc... Faz Saber que a Municipalidade
de São Paulo move uma ação de desapropriação em face de Paulo Moreira da Silva, casado com Thereza Hernandes
da Silva, objetivando a área de 252,92 m², concernente a totalidade do imóvel situado na Rua Cônego Macário de
Almeida, nº 472 (antigo 153), Jardim Santa Adélia, São Paulo, Capital - CEP 03970-000, contribuinte nº 152.126.0010-
2, descrita na Transcrição nº 131.937/9º CRI e declarada de utilidade pública para a implantação do melhoramento
público “Terminal São Mateus”. E, para o levantamento do depósito efetuado, foi deferida a expedição do
presente edital, com o prazo de 10 dias, nos termos do artigo 34 do Decreto-Lei nº 3.365/41, contando a partir da
primeira publicação no D.J.E., após o que, sem impugnação, a referida quantia será levantada. Será o presente edital
afixado e publicado na forma da Lei.

Tenda Negócios Imobiliários S.A.

CNPJ/MF nº 09.625.762/0001-58 - NIRE 35.300.357.469
CONTEÚDO RELEVANTE Ata de Reunião da Diretoria realizada em 06 de fevereiro de 2024
1. Data, Hora e Local: em 06 de fevereiro de 2024, às 10h00, por meio de videoconferência, conforme recebidos pela Securitizadora, no respectivo mês de arrecadação, quando da ocorrência desses
DE SEGUNDA A SEGUNDA previsão do art. 8, § 1º, do Estatuto Social da Tenda Negócios Imobiliários S.A., situada no município de eventos, serão utilizados pela Securitizadora para a Amortização Extraordinária parcial dos CRI, na Data
São Paulo, estado de São Paulo, na Rua Boa Vista, nº 280, 8º e 9º pavimentos, Centro, CEP 01014-908 de Pagamento subsequente prevista no Cronograma de Pagamentos, proporcionalmente ao saldo do
Há 149 anos o Estadão leva (“Companhia”). 2. Convocação e Presença: dispensada a convocação prévia, diante da presença da respectivo Valor Nominal Unitário na data do evento, observado que qualquer Amortização Extraordinária
informação editorial com totalidade dos membros da Diretoria da Companhia, verificando-se, portanto, o quórum necessário para alcançará indistintamente todos os CRI e deverá ocorrer na proporção entre o saldo devedor dos CRI
instalação da reunião. 3. Composição da Mesa: Presidente: Luiz Maurício de Garcia Paula. Secretária: Seniores e o saldo devedor CRI Subordinados quando da Data de Verificação (a ser definida no Termo
transparência e credibilidade, Amanda da Silva Ribeiro. 4. Ordem do Dia: (i) aprovar a cessão de Direitos Creditórios Imobiliários de Securitização) após a amortização programada (“Proporção entre Séries”); (i) Repactuação
admirado por leitores (conforme abaixo definido), pela Companhia à True Securitizadora S.A., inscrita no Cadastro Nacional Programada: os CRI não serão objeto de repactuação programada; (j) Resgate Antecipado Obrigatório
qualificados e reconhecido da Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda (“CNPJ/MF”) sob o nº 12.130.744/0001-00 dos CRI: a Securitizadora deverá realizar o resgate antecipado obrigatório da totalidade dos CRI (i) no
(“Securitizadora”), por meio da celebração do “Instrumento Particular de Contrato de Cessão de mês em que o somatório dos recursos apurados na Conta Centralizadora e nas Contas Arrecadadoras
pelo mercado publicitário Direitos Creditórios Imobiliários e Outras Avenças”, entre Companhia, a Construtora Tenda S.A., inscrita (a serem definidas no Termo de Securitização), incluindo os recursos do Fundo de Reserva e os
em todo o Brasil. no CNPJ/MF sob o nº 71.476.527/0001-35 (“Construtora Tenda” e, quando em conjunto com a Recursos Excedentes, sejam suficientes para quitar o saldo devedor do CRI e eventuais custos em
Companhia, as “Cedentes”) e a Securitizadora; (ii) aprovar a operação de securitização aberto ou provisionados na Emissão; e/ou (ii) nos Eventos de Reembolso Compulsório totais; e/ou (iii)
(“Securitização”), por meio de emissão pela Securitizadora de certificados de recebíveis imobiliários caso seja exercida a Opção de Compra dos Direitos Creditórios Imobiliários e mediante o recebimento
(“CRI”) das 1ª e 2ª séries da sua 265ª emissão, conforme os termos e condições a serem estabelecidos dos recursos decorrentes de referida compra dos Direitos Creditórios Imobiliários (“Resgate Antecipado
no “Termo de Securitização de Direitos Creditórios Imobiliários das 1ª e 2ª Séries da 165ª Emissão de Obrigatório”). O Resgate Antecipado Obrigatório dos CRI será efetuado pela Securitizadora,
Certificados de Recebíveis Imobiliários da True Securitizadora S.A., Lastreados em Direitos Creditórios unilateralmente, sob a ciência do Agente Fiduciário, e alcançará indistintamente todos os CRI, sendo os
Imobiliários Diversificados Cedidos pela Tenda Negócios Imobiliários S.A. e pela Construtora Tenda S.A.” recursos recebidos pela Securitizadora em decorrência do resgate antecipado repassados aos titulares
(“Termo de Securitização”), a ser celebrado entre a Securitizadora e a Oliveira Trust Distribuidora de de CRI no prazo de até 3 (três) Dias Úteis contados da data do seu efetivo recebimento pela
Títulos e Valores Mobiliários S.A, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 36.113.876/0004-34, na qualidade de Securitizadora; (k) Data de Vencimento dos CRI: conforme venha a ser definida no Termo de
agente fiduciário nomeado nos termos do artigo 10º da Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997, Securitização, ressalvadas as hipóteses de Resgate Antecipado Obrigatório dos CRI; e (l) Opção de
conforme alterada, e da Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) nº 17, de 9 de fevereiro Compra dos Direitos Creditórios Imobiliários: Sujeito à verificação das Condições de Exercício da Opção
de 2021 (“Agente Fiduciário”); (iii) aprovar a celebração do “Contrato de Coordenação e Distribuição de Compra (a ser definido no Contrato de Cessão) e mediante o pagamento do Preço de Exercício
Pública, sob o Regime de Melhores Esforços de Colocação, sob o Rito de Registro Automático, de (conforme definido no Contrato de Cessão), as Cedentes Companhia poderão adquirir a totalidade dos
Certificados de Recebíveis Imobiliários das 1ª e 2ª séries da 265ª Emissão, da True Securitizadora S.A.” Direitos Creditórios Imobiliários pelo valor do saldo devedor atualizado dos CRI, desde que ocorrida a
(“Contrato de Distribuição”), a ser celebrado entre a instituição intermediária a ser contratada para a assunção do Backup Servicer na administração e cobrança dos Direitos Creditórios Imobiliários, exceto
DIVULGAÇÃO oferta pública dos CRI (“Coordenador Líder” e “Oferta”, respectivamente), a Securitizadora e as nos casos em que as Cedentes, intencionalmente, derem causa a tal substituição, conforme a ser
Cedentes; (iv) aprovar a celebração do “Instrumento Particular de Contrato de Prestação de Serviços de previsto no Contrato de Cessão, em até 180 (cento e oitenta) dias corridos da data em que o Backup
MULTIPLATAFORMA Servicing e Backup Servicing de Carteira de Recebíveis Imobiliários” a ser celebrado entre a Maximus Servicer assumir a administração e cobrança dos Direitos Creditórios Imobiliários (“Opção de Compra
DE RESULTADOS FINANCEIROS Servicer Assessoria e Consultoria em Crédito Imobiliário Ltda., inscrita no CNPJ/MF sob o nº dos Direitos Creditórios Imobiliários”); (m) Lastro dos CRI: os CRI estarão lastreados em direitos
E NOTÍCIAS DE EMPRESAS 27.894.972/0001-23 (“Backup Servicer”) e a Companhia (“Servicer”), na qualidade de contratadas, e a creditórios imobiliários, representados por cédulas de crédito imobiliário fracionárias e/ou integrais,
Securitizadora, na qualidade de contratante, com a interveniência da Construtora Tenda e (“Contrato de conforme o caso (“CCI”), as quais serão emitidas pela Securitizadora, sob a forma escritural, por meio
Servicing e Backup Servicing”), no qual a Companhia figurará como contratada responsável pela da celebração do “Instrumento Particular de Escritura de Emissão de Cédulas de Crédito Imobiliário
prestação dos serviços de gestão e cobrança dos Direitos Creditórios Imobiliários e atendimento aos Fracionárias e Integrais, Sem Garantia Real, sob a Forma Escritural e Outras Avenças”, celebrado entre
Clientes; e (v) autorizar a prática, nos termos do estatuto social da Companhia, de todos e quaisquer a Securitizadora e a Vórtx Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliarios Ltda., instituição financeira com
atos e a celebração de todos e quaisquer documentos que se façam necessários ou convenientes à sede na cidade de São Paulo e Estado de São Paulo, na Rua Gilberto Sabino, nº 215, 4º andar,
efetivação das matérias previstas nos itens (i) a (iv) acima, conforme aprovado. 5. Deliberações: em Pinheiros, CEP 05425-020, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 22.610.500/0001-88, na qualidade de
conformidade com a ordem do dia, as seguintes deliberações foram tomadas e aprovadas, por instituição custodiante e registradora, nomeado nos termos do artigo 18 § 4º e 19, inciso II, da Lei nº
unanimidade, nos termos do Estatuto Social da Companhia: (i) aprovar, em observância ao disposto no 10.931, de 2 de agosto de 2004, conforme alterada (“Escritura de Emissão de CCI” e “Instituição
artigo 7º, parágrafo 1º, alínea “d” do Estatuto Social da Companhia, a cessão, pela Companhia à Custodiante”, respectivamente), para representar os Direitos Creditórios Imobiliários; (n) Reembolso
Securitizadora, de direitos creditórios imobiliários que, cumulativamente: (i) são decorrentes da Compulsório dos Direitos Creditórios Imobiliários: as Cedentes deverão reembolsar a Securitizadora, de
comercialização das unidades autônomas de empreendimentos residenciais que foram ou estão sendo forma parcial ou integral, pela parcela dos Direitos Creditórios Imobiliários por ela cedidos, em relação
LÍDER EM desenvolvidos pelas Cedentes, conforme o caso, destinados à venda a terceiros (“Imóveis” e aos quais tenham ocorrido um evento de reembolso compulsório a ser estabelecido no Contrato de
CONTEÚDO “Empreendimentos”, respectivamente); (ii) contam com classificação de risco de “Baixíssimo Risco”, Cessão (“Eventos de Reembolso Compulsório”), no estado em que se encontrarem, exceto caso
“Baixo Risco”, “Médio Baixo Risco”, “Médio Alto Risco”, “Alto Risco” e “Altíssimo Risco” (atribuída pelas aprovado em Assembleia Especial de Investidores (a ser definido no Termo de Securitização) a renúncia
DE ECONOMIA Cedentes de acordo com a metodologia de atribuição de classificação de risco a ser especificada no prévia ou o perdão do referido Evento de Reembolso Compulsório, observado que na hipótese em que
& NEGÓCIOS Contrato de Cessão); (iii) possuem parcelas com até 40 (quarenta) dias de atraso contados da Data não houver o perdão ou a renúncia prévia, as Cedentes obrigam-se, em caráter irrevogável e irretratável,
Base da Cessão (a ser definida no Contrato de Cessão); (iv) sejam relativos a clientes devedores a pagar à Securitizadora o Valor de Reembolso Compulsório a ser acordado no Contrato de Cessão; (o)
(“Clientes”) que tenham liquidado 2 (duas) ou mais parcelas; e (v) não possuam qualquer montante Fundo de Despesas: A Securitizadora, por conta e ordem das Cedentes, com a retenção dos recursos
objeto de renegociação após a assinatura do respectivo Contrato de Venda e Compra, excetuada a oriundos do pagamento do Valor da Cessão (a ser definido no Contrato de Cessão), constituirá na Conta
repactuação do índice de atualização do financiamento concedido pela respectiva Cedente constante do Centralizadora, fundo de despesas em valor a ser acordado entre as partes, para fazer frente às (i)
respectivo Contrato de Venda e Compra, incluindo a respectiva remuneração, conforme o caso, na Despesas (a ser definido no Termo de Securitização); e (ii) despesas de administração e cobrança das
periodicidade ali estabelecida, bem como todos e quaisquer outros direitos creditórios devidos pelos parcelas dos Contratos de Venda e Compra devidas ao Servicer e ao Backup Servicer (“Fundo de
respectivos Clientes por força dos Contratos de Venda e Compra, incluindo a totalidade dos respectivos Despesas”); (p) Fundo de Reserva: A Securitizadora, por conta e ordem das Cedentes, constituirá, na
acessórios e garantias, tais como encargos moratórios, multas, penalidades, indenizações, inclusive as Conta Centralizadora, mediante retenção de valores decorrentes do fluxo de pagamento dos Direitos
multas devidas por rescisão antecipada motivada pelos Clientes previstos nos Contratos de Venda e Creditórios Imobiliários, na forma e limites previstos na Cascata de Pagamentos, fundo de reserva para
A FORÇA Compra, observado que a cessão não abrange juros de obras e eventuais reembolsos de despesas (i) fazer frente às Obrigações (a ser definido no Termo de Securitização); (ii) para honrar com o
DO IMPRESSO devidos pelos Clientes, como por exemplo, de tributos e custos de cartórios aplicáveis quando da pagamento das parcelas do CRI que porventura não tenham sido quitadas em suas respectivas datas
transferência dos Imóveis (“Direitos Creditórios Imobiliários”). Fica ora aprovada a cessão pela de vencimento com o fluxo regular dos Direitos Creditórios Imobiliários; (iii) para honrar com o pagamento
+2,2M DE Companhia, em definitivo, dos Direitos Creditórios Imobiliários com valor nominal total de até R$ das despesas de administração e cobrança das parcelas dos Contratos de Venda e Compra devidas ao
LEITORES 286.550.316,83 (duzentos e oitenta e seis milhões, quinhentos e cinquenta mil, trezentos e Servicer e/ou ao Backup Servicer, caso o Fundo de Despesas seja insuficiente para arcar com referidas
dezesseis reais e oitenta e três centavos), na Data Base da Cessão, por meio da celebração do despesas; e (iv) para amortizar extraordinariamente os CRI em caso de desenquadramento do Índice de
Contrato de Cessão, os quais serão lastro da 265ª emissão de CRI da Securitizadora; (ii) aprovar a Cobertura. O Fundo de Reserva deverá corresponder, a partir da data da primeira integralização dos CRI
operação de Securitização, por meio de emissão pela Securitizadora dos CRI das 1ª e 2ª séries da sua (inclusive) até o vencimento final dos CRI, ao respectivo montante mínimo a ser previsto em tabela no
265ª emissão, conforme os termos e condições a serem estabelecidos no Termo de Securitização, a ser Termo de Securitização (“Fundo de Reserva”); (q) Recomposição do Fundo de Reserva: Na hipótese de
celebrado entre a Securitizadora e o Agente Fiduciário, com as seguintes características: (a) Quantidade desenquadramento do Índice de Cobertura em uma Data de Pagamento dos CRI: (a) serão utilizados os
de CRI: serão emitidos 173.260 (cento e setenta e três mil e duzentos e sessenta) CRI, sendo 86.630 recursos do fluxo regular dos Direitos Creditórios Imobiliários, observada a Cascata de Pagamentos a
(oitenta e seis mil e seiscentos e trinta) CRI da primeira série (“CRI Seniores”) e 86.630 (oitenta e seis ser prevista no Termo de Securitização, para a Amortização Extraordinária dos CRI; e (b) caso, após a
mil e seiscentos e trinta) CRI da segunda série (“CRI Subordinados”), observado que a quantidade de utilização dos recursos decorrentes do fluxo regular dos Direitos Creditórios Imobiliários, na forma
CRI poderá ser diminuída, em virtude de distribuição parcial dos CRI, desde que observado o montante prevista no item (a) acima, o Índice de Cobertura permanecer desenquadrado, os recursos do Fundo de
CIRCULAÇÃO mínimo de 50.000 (cinquenta mil) CRI (“Montante Mínimo”) e a subordinação a ser prevista no Termo Reserva poderão ser utilizados para a Amortização Extraordinária dos CRI até o limite do valor
NACIONAL de Securitização (“Subordinação”); (b) Valor Global dos CRI: o valor total da emissão dos CRI necessário para o reenquadramento do Índice de Cobertura. Caso após a Amortização Extraordinária
corresponderá a R$ 173.260.000,00 (cento e setenta e três milhões e duzentos e sessenta mil reais), disposta acima, o Índice de Cobertura permaneça desenquadrado, as Cedentes deverão recompor o
209.132 sendo R$ 86.630.000,00 (oitenta e seis milhões e seiscentos e trinta mil reais) de CRI Seniores e R$ Fundo de Reserva ao Valor Mínimo do Fundo de Reserva correspondente, na forma a ser disposta no
EXEMPLARES 86.630.000,00 (oitenta e seis milhões e seiscentos e trinta mil reais) de CRI Subordinados, observado Contrato de Cessão, seja em único ou em diversos eventos de recomposição ao longo da vigência dos
(IMPRESSO+DIGITAL) que a quantidade de CRI poderá ser diminuída em virtude da Distribuição Parcial, desde que observado CRI, de forma que haja recursos suficientes para a realização da Amortização Extraordinária dos CRI,
o Montante Mínimo e a Subordinação; (c) Valor Nominal Unitário dos CRI: os CRI terão valor nominal na forma a ser disposta no Termo de Securitização; e (r) Demais condições: Todas as demais condições,
unitário de R$ 1.000,00 (mil reais) (“Valor Nominal Unitário”), na data de emissão dos CRI, a ser termos, prazos e regras específicas relacionados à Oferta serão tratados detalhadamente no Termo de
definida no Termo de Securitização (“Data de Emissão”); (d) Garantias: não serão constituídas garantias Securitização. (iii) aprovar a celebração do Contrato de Distribuição, a ser celebrado entre o
em favor dos Titulares do CRI; (e) Atualização Monetária: (i) o Valor Nominal Unitário ou o saldo do Valor Coordenador Líder, a Securitizadora e as Cedentes; (iv) aprovar a celebração do Contrato de Servicing
CONSULTE NOSSA Nominal Unitário dos CRI Seniores, conforme aplicável, será atualizado monetariamente pela variação e Backup Servicing, a ser celebrado entre a o Backup Servicer e a Companhia, na qualidade de
EQUIPE COMERCIAL do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e contratadas, e a Securitizadora, na qualidade de contratante, com a interveniência da Construtora
Estatística, a partir da Data da Primeira Integralização dos CRI Seniores, até a integral liquidação dos Tenda, no qual a Companhia figurará como contratada responsável pela prestação dos serviços de
(11) 3856-2442 CRI Seniores, calculada de forma pro rata temporis por Dias Úteis, nos termos a serem previstos no gestão e cobrança dos Direitos Creditórios Imobiliários e atendimento aos Clientes; e (v) autorizar a
Termo de Securitização; e (ii) o Valor Nominal Unitário ou o saldo do Valor Nominal Unitário dos CRI prática, nos termos do estatuto social da Companhia, de todos e quaisquer atos e a celebração de todos
Subordinados, conforme aplicável, não será atualizado monetariamente ou corrigido por qualquer índice; e quaisquer documentos que se façam necessários ou convenientes à efetivação das deliberações dos
(f) Juros Remuneratórios: (i) os CRI Seniores farão jus à remuneração equivalente à sobretaxa (spread) itens (i) a (iv) acima, inclusive a assinatura de quaisquer instrumentos e respectivos aditamentos
de 7,8978% (sete inteiros, oito mil e novecentos e setenta e oito décimos de milésimos por cento), necessários à cessão dos Direitos Creditórios Imobiliários e à implementação da Securitização ora
ACESSE E CONHEÇA calculada na forma a ser prevista no Termo de Securitização (“Remuneração dos CRI Seniores”); e (ii) aprovadas, podendo, inclusive, mas não se limitando: (a) negociar, definir e aprovar o teor dos
os CRI Subordinados farão jus à remuneração equivalente a 100% (cem por cento) da Taxa DI, acrescida documentos relacionados à cessão dos Direitos Creditórios Imobiliários e à Securitização; (b) praticar os
de uma sobretaxa (spread) de 3,4988% (três inteiros, quatro mil e novecentos e oitenta e oito atos necessários à celebração do Termo de Securitização, do Contrato de Distribuição, do Contrato de
décimos de milésimos por cento) ao ano, base 252 (duzentos e cinquenta e dois) Dias Úteis Servicer, do Contrato de Cessão e de quaisquer outros documentos necessários à cessão dos Direitos
(“Remuneração dos CRI Subordinados” e, quando referido em conjunto com a Remuneração dos CRI Creditórios Imobiliários e à implementação da Securitização, bem como quaisquer aditamentos a eles
Seniores, “Remuneração”), calculada na forma a ser prevista no Termo de Securitização. O pagamento relacionados; (c) praticar os atos necessários à contratação das instituições necessárias para a
da Remuneração será devido em cada uma das datas de pagamento dos CRI relacionadas na tabela realização da Securitização, incluindo, mas não se limitando a, contratação da Securitizadora, do
constante do Termo de Securitização (“Data(s) de Pagamento”), até a data de vencimento dos CRI da Coordenador Líder, dos assessores legais, do escriturador, do banco liquidante, do Agente Fiduciário, da
respectiva série; (g) Amortização: os CRI Seniores e os CRI Subordinados serão amortizados conforme Instituição Custodiante, do auditor independente, entre outros, podendo, para tanto, negociar e assinar
estipulado no cronograma de pagamentos anexo ao Termo de Securitização. Nos termos a serem os respectivos instrumentos de contratação e eventuais alterações, fixar-lhes honorários, bem como
previstos na cascata de pagamentos do Termo de Securitização, que estabelecerá a ordem de prioridade ratificar os atos já praticados pela Diretoria da Companhia neste sentido; (d) realizar a publicação e o
nos pagamentos dos CRI com os recursos decorrentes dos Direitos Creditórios Imobiliários (“Cascata arquivamento dos documentos de natureza societária perante a junta comercial competente; e (e) tomar
de Pagamentos”), os CRI Subordinados somente receberão a Amortização Programada após todos os as providências necessárias junto a quaisquer órgãos ou autarquias, nos termos da legislação em vigor,
CRI Seniores; (h) Amortização Extraordinária dos CRI: a Securitizadora deverá promover a amortização bem como tomar todas as demais providências necessárias para a efetivação da Securitização,
extraordinária dos CRI, observada a cascata de pagamentos a ser estabelecida no Termo de conforme ora aprovada. 6. Encerramento: nada mais havendo a ser tratado, foi oferecida a palavra a
Securitização, (i) na ocorrência dos Eventos de Reembolso Compulsório (conforme definido abaixo); (ii) quem ela quisesse fazer uso e, como ninguém se manifestou, foram suspensos os trabalhos pelo tempo
em cada Data de Pagamento, no montante equivalente aos recursos depositados nas Contas do necessário à lavratura da presente ata, a qual, após reaberta a sessão, foi lida, aprovada por todos os
Patrimônio Separado (a ser definido no Termo de Securitização) que sobejarem aos pagamentos presentes e assinada. Composição da Mesa: Luiz Maurício de Garcia Paula (Presidente) e Amanda da
previstos na Cascata de Pagamentos (“Recursos Excedentes”) disponíveis nas Contas Arrecadadoras Silva Ribeiro (Secretária). Diretores Presentes: Rodrigo Osmo, Luiz Maurício de Garcia Paula, Alexandre
(a serem definidas no Termo de Securitização), observada a Proporção entre Séries abaixo definida Millen Grzegorzewski, Cristina Caresia Marques, Daniela Ferrari Toscano de Britto, Fabricio Quesiti
(após a amortização programada do mês em questão); (iii) para reenquadramento do Índice de Arrivabene, Renan Barbosa Sanches, Weliton Luiz Costa Junior, Alexandre Regis de Oliveira, André Luis
Cobertura, na forma a ser definida e prevista no Contrato de Cessão e o Termo de Securitização; e (iv) Menegazzo Padilha, Amanda da Silva Bezerra e Marcelo de Melo Buozi. Certifico que a presente confere
FONTES: IVC | PORTAL GOOGLE ANALYTICS NOV/22 a partir da segunda Data de Pagamento dos CRI e a cada Data de Pagamento subsequente, todos os com a via original lavrada em livro próprio. São Paulo, 06 de fevereiro de 2024. Amanda da Silva Ribeiro
valores excedentes ao Valor Mínimo do Fundo de Reserva (“Amortização Extraordinária”). Os recursos - Secretária. JUCESP nº 63.599/24-7 em 09/02/2024.
B4 ECONOMIA&NEGÓCIOS
A Associação Saúde da Família - ASF torna público o processo para a Seleção de Fornecedores, na modalidade
Coleta de Preços nº 027/2023, Processo ASF nº 070/2023, que objetiva a Contratação de Empresa Especializada
na Confecção de Próteses Dentárias e Aparelhos Ortodônticos, para as Unidades de Saúde Administradas pela
Associação Saúde da Família. O edital na íntegra poderá ser consultado e extraído do site da ASF:
www.saudedafamilia.org - Informações no endereço eletrônico: selecaodefornecedor@saudedafamilia.org e/ou por
telefone: 3154-7050. Data da Sessão Pública: 29/02/2024, às 10h00min - Local da entrega dos envelopes:
Associação Saúde da Família, Praça Mal. Cordeiro de Farias, nº 65 - Higienópolis, São Paulo/SP.
AVISOS DE LICITAÇÕES
PG SABESP RJ 00214/24-Aquisição
00214/24-Aquisição de peças sobressalentes para bombas de
deslocamento positivo marca netzsch utilizada em sistemas de água e esgoto da
UN Capivari/Jundiaí. Edital para “download” a partir 19/02/2024 - ww.sabesp.com.
br/licitações, mediante obtenção de senha e credenciamento (condicionante a
participação) no acesso “cadastre sua empresa”. Problemas c/ site, contatar fone
(11) 3388-6984: Informações (11) 4894-8155. Envio das Propostas a partir da 00h00
de 04/03/2024 até as 09h00 de 05/03/2024 - www.sabesp.com.br/licitacoes. As
09h01 será dado início a Sessão Pública. Itatiba, 16/02/2024 - (RJ).
ADIAMENTO COM PRORROGAÇÃO DE DATAS
PG SABESP MM 02520/23-Prestação
02520/23-Prestação de serviço de locação de guindastes
telescópicos sobre pneus, capacidade mínima de 30t e 60t com operador para
realização de serviços na Região Metropolitana de São Paulo - RMSP. A Sabesp
informa que as datas inicialmente publicadas para recebimento e abertura das
propostas ficam prorrogadas: Recebimento das Propostas: a partir da 00h00 (zero
hora) do dia 04/03/2024 até às 10:00h do dia 05/03/2024. Abertura das Propostas dia
05/03/2024 às 10:05. Demais condições permanecem inalteradas. Edital completo
disponível para download desde 30/01/2024 - www.sabesp.com.br/licitacoes. SP,
19/02/2024 - OG.
CPFL Serviços, Equipamentos,
Indústria e Comércio S.A.
CNPJ/MF nº 58.635.517/0001-37 - NIRE nº 35.300.325.664
Ata da Assembleia Geral Extraordinária Realizada em 29 de Dezembro de 2023
Data, Horário e Local: Realizada em 29 de dezembro de 2023, às 08h10, na sede social da CPFL
Serviços, Equipamentos, Indústria e Comércio S.A. (“Companhia”), localizada na Avenida dos
Braghetta, nº 364, Bairro Distrito Industrial, na cidade de São José do Rio Pardo, estado de São
Paulo, CEP 13720-000. Convocação: Dispensada a convocação, nos termos do art. 124, § 4º, da Lei
nº 6.404/76 em virtude da presença da única acionista CPFL Energia S.A. (“CPFL Energia”).
Presença: Compareceu à Assembleia Geral, a acionista CPFL Energia, representando a totalidade
do capital social da Companhia. Mesa: Eduardo dos Santos Soares, Presidente; e Giovana Sartori
Tchian, Secretária. Ordem do Dia: Deliberar a respeito das seguintes matérias: (i) aprovação do
Protocolo e Justificação de Incorporação (conforme definido abaixo); (ii) ratificação da nomeação e
contratação da Empresa Especializada (conforme definido abaixo); (iii) aprovação do Laudo de
Avaliação (conforme definido abaixo) preparado pela Empresa Especializada; (iv) aprovação da
Incorporação (conforme definido abaixo), nos termos do Protocolo e Justificação de Incorporação;
(v) aprovação da alteração do objeto social da Companhia, para fins de absorção de atividades
executadas pela Incorporada (conforme definido abaixo), com a consequente alteração do artigo 2º
do Estatuto Social da Companhia; (vi) aprovação do aumento do capital social da Companhia em
decorrência da Incorporação, com a consequente alteração do artigo 5º do Estatuto Social da
Companhia; e (vii) autorização à administração da Companhia para praticar todos os atos
necessários à implementação da Incorporação e ratificação dos atos já praticados. Leitura de
Documentos e Lavratura da Ata: (i) foi dispensada a leitura dos documentos relacionados às
matérias a serem deliberadas nesta Assembleia Geral Extraordinária, uma vez que são do inteiro
conhecimento da acionista; e (ii) foi autorizada a lavratura da presente ata na forma de sumário e a
sua publicação com omissão das assinaturas da acionista, nos termos do artigo 130, parágrafos 1º e
2º, da Lei nº 6.404/76. Deliberações Tomadas: Após as discussões relacionadas às matérias
constantes da Ordem do Dia, a única acionista, sem quaisquer ressalvas: (i) aprovou o Protocolo e
Justificação de Incorporação pela Companhia da CPFL Eficiência Energética Ltda., sociedade
limitada unipessoal, com sede na Rua Jorge de Figueiredo Correa, nº 1.632, parte, Jardim Professora
Tarcília, na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, CEP 13087-397, inscrita no CNPJ/MF sob o
nº 18.710.670/0001-67 (“CPFL Eficiência” ou “Incorporada”), celebrado nesta data entre a Companhia
e a Incorporada (“Protocolo e Justificação de Incorporação”), que integra a presente ata na forma do
Anexo 1; (ii) ratificou a contratação e nomeação da Taticca Auditores Independentes S.S., com sede
na Rua Doutor Geraldo Campos Moreira, nº 375, Sala 51, Bairro Cidade Monções, na cidade de São
Paulo, Estado de São Paulo, CEP 04571-020, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 20.840.718/0001-01
(“Empresa Especializada”), responsável pela avaliação do acervo líquido contábil da Incorporada,
com base no seu balanço patrimonial levantado em 31 de outubro de 2023, bem como pela
elaboração do respectivo laudo de avaliação (“Laudo de Avaliação”); (iii) aprovou o Laudo de
Avaliação preparado pela Empresa Especializada, o qual fixou o valor do acervo patrimonial líquido
contábil da CPFL Eficiência a ser incorporado pela Companhia, e que integra o Protocolo e
Justificação de Incorporação na forma de anexo; (iv) aprovou a incorporação da CPFL Eficiência
pela Companhia, nos termos e condições estabelecidos no Protocolo e Justificação de Incorporação,
vertendo-se linha a linha, a partir dessa data, todos os bens, direitos e obrigações da CPFL Eficiência
para a Companhia, com a consequente extinção da CPFL Eficiência, de pleno direito, passando a
Companhia a ser sua sucessora universal, em todos os seus direitos e obrigações (“Incorporação”);
(v) aprovou, em vista da absorção das atividades da CPFL Eficiência pela Companhia, a alteração
do seu Estatuto Social para incluir em seu artigo 2º as atividades atualmente não previstas em seu
objeto social, que passará a viger com a seguinte redação: “Artigo 2º - A Companhia tem por objeto
social: (a) a construção e manutenção de redes de distribuição, subestações e linhas de transmissão
de energia elétrica; (b) a prestação de serviços, próprios ou terceirizados, de engenharia, elaboração
de estudos e projetos, fiscalização, perícia e arbitramento, ensaios, operação, inspeção, reparação,
reforma e manutenção (inclusive com serviços em solo e corte e poda de árvores), implantação,
operação e manutenção de infraestrutura para instalações comerciais e industriais, consultoria em
geral no mercado de energia, gestão energética especializada em eficiência energética e qualidade
de energia; (c) a fabricação, comercialização, recuperação e industrialização por conta própria ou por
encomenda de terceiros, todos no ramo de engenharia, relacionados, entre outros, resíduos e
sucatas metálicos e não metálicos, a equipamentos, instalações e sistemas eletromecânicos,
instalações elétricas, obras civis, telecomunicações e iluminação pública, bem como reforma e
manutenção de equipamentos em geral; (d) serviços de cartografia, topografia e geodésia; a
industrialização e recuperação por conta própria, ou por encomenda de terceiros, de resíduos e
sucatas metálicos e não metálicos, comercialização de resíduos e sucatas metálicos e não metálicos;
(e) o comércio de produtos primários, semi-faturados e manufaturados, mediante compra e venda,
exportação e importação e intermediação de bens e equipamentos, bem como comercialização de
produtos e serviços relacionados ao ramo de energia elétrica, incluindo, mas não se limitando, a
produtos eletroeletrônicos; (f) os serviços de transporte, logística e armazenagem de carga e
descarga de materiais e equipamentos; (g) a participação no capital de outras sociedades como
sócia ou acionista, bem como em consórcios ou em outras formas de associação; (h) operação de
estações de transferência de resíduos perigosos, responsáveis pelo armazenamento temporário e
transferência definitiva de resíduos perigosos para locais definitivos; e (i) britamento de pedras,
exceto associado à extração; (j) locação e comercialização de bens necessários à implementação e
modernização de centrais de geração de energia elétrica, cogeração, refrigeração, sistemas de
recuperação de calor e unidades de climatização; (k) participação e operação em mercados de
comercialização de energia elétrica, de utilidades (água, vapor, gás, ar comprimido etc.), organizados
ou não; (l) o estudo, desenvolvimento, realização e exploração de projetos de pesquisa e
desenvolvimento e de programas relacionados à energia em suas diferentes formas, diretamente ou
em parceria com entidades públicas ou privadas.” (vi) aprovou o aumento do capital social da
Companhia em decorrência da Incorporação linha a linha do patrimônio líquido da CPFL Eficiência,
no valor de R$ 108.733.538,00 (cento e oito milhões, setecentos e trinta e três mil, quinhentos e trinta
e oito reais), sem a emissão de novas ações, passando o referido capital social de R$ 150.929.289,68
(cento e cinquenta milhões, novecentos e vinte e nove mil, duzentos e oitenta e nove reais e sessenta
e oito centavos), dividido em 1.634.743.834 (um bilhão, seiscentas e trinta e quatro milhões,
setecentas e quarenta e três mil, oitocentas e trinta e quatro) ações ordinárias, nominativas e sem
valor nominal, para R$ 259.662.827,68, (duzentos e cinquenta e nove milhões, seiscentos e sessenta
e dois mil, oitocentos e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos) dividido em 1.634.743.834 (um
bilhão, seiscentas e trinta e quatro milhões, setecentas e quarenta e três mil, oitocentas e trinta e
quatro) ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal. Deste modo, o artigo 5º do Estatuto Social
da Companhia passará a viger com a seguinte redação: “Artigo 5º - O capital social totalmente
integralizado em moeda corrente nacional é de R$ 259.662.827,68 (duzentos e cinquenta e nove
milhões, seiscentos e sessenta e dois mil, oitocentos e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos),
dividido em 1.634.743.834 (um bilhão seiscentas e trinta e quatro milhões setecentas e quarenta e
três mil oitocentas e trinta e quatro) ações ordinárias, todas nominativas, sem valor nominal.”
(vii) autorizou a administração da Companhia a praticar todos os atos necessários à implementação
da Incorporação e ratificação dos atos já praticados, com amplos e gerais poderes para proceder a
todos os registros, transcrições, averbações ou comunicações que se fizerem necessários, de modo
a implementar Incorporação nos termos ora aprovados. Encerramento e Lavratura da Ata: Nada
mais havendo a tratar, o Presidente suspendeu os trabalhos pelo tempo necessário à lavratura desta
ata. Reaberta a sessão, a ata foi lida, aprovada e assinada pelo Presidente da Mesa, pela Secretária
e pela acionista presente, CPFL Energia S.A., (por seus representantes legais Karin Regina Luchesi
e Flávio Henrique Ribeiro). São José do Rio Pardo, 29 de dezembro de 2023. Eduardo dos Santos
Soares - Presidente da Mesa; Giovana Sartori Tchian - Secretária. CPFL Energia S.A. - Karin
Regina Luchesi, Flávio Henrique Ribeiro. JUCESP nº 2.158/24-3 em 05/01/2024. Maria Cristina
Frei - Secretária Geral.
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024 O ESTADO DE S. PAULO
A Associação Saúde da Família - ASF torna público o processo para a seleção de fornecedores,
na modalidade coleta de preços nº 030/2023, Processo ASF nº 075/2023, que objetiva a Contratação
de Empresa Especializada Locação de Scanner de Mesa, com Manutenção Preventiva e Corretiva
e Fornecimento de Peças, para as Unidades de Saúde Administradas pela Associação Saúde da
Família. O edital na íntegra poderá ser consultado e extraído do site da ASF: www.saudedafamilia.org -
Informações no endereço eletrônico: selecaodefornecedor@saudedafamilia.org e/ou por telefone:
3154-7050. Data da Sessão Pública: 05/03/2024, às 10h00min - Local da entrega dos envelopes:
Associação Saúde da Família, Praça Mal. Cordeiro de Farias, nº 65 - Higienópolis, São Paulo/SP.
QUER
RESULTADOS?
PUBLIQUE
COMPANHIA HABITACIONAL REGIONAL DE RIBEIRÃO PRETO – COHAB-RP SEUS ATOS
CNPJ 56.015.167/0001-80
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
SOCIETÁRIOS
CHAMAMENTO PÚBLICO PARA CREDENCIAMENTO DE EMPRESAS ESPECIALIZADAS EM SERVIÇOS DE NO ESTADÃO
IMPLEMENTAÇÃO, GERENCIAMENTO E ADMINISTRAÇÃO DE VALE-ALIMENTAÇÃO E/OU VALE-REFEIÇÃO No° 01/2023.
Pelo presente, nos termos do item 10.5 e 17.3, do Chamamento Público nº. 01/2023, a Companhia Habitacional Regional de Ribeirão
Preto – COHAB-RP, convoca as empresas: VEROCHEQUE REFEIÇÕES LTDA, e SODEXO PASS DO BRASIL SERVIÇOS E
COMÉRCIO S.A., para assinatura do CONTRATO referente ao Chamamento Público Para Credenciamento de Empresas
Especializadas em Serviços de Implementação, Gerenciamento e Administração de Vale-Alimentação e/ou Vale-Refeição nº.
01/2023, no prazo de 05 (cinco) dias úteis, contado da data de publicação desta Convocação, ficando desde já franqueadas vistas aos
interessados. Ribeirão Preto - SP, 05 de fevereiro de 2024. ROBERTO TAKANOBU ISHIKAWA - Diretor Financeiro e Administrativo,
NILSON ROGÉRIO BARONI - Diretor-Presidente
BR Advisory Partners Participações S.A.
CNPJ/MF nº 10.739.356/0001-03 – NIRE 35.300.366.727 | Código CVM: 25860 – Companhia Aberta
Edital de Convocação – Assembleia Geral Ordinária a ser realizada em 19 de março de 2024
Convocamos os senhores acionistas da BR Advisory Partners Participações S.A., S.A., sociedade
por ações aberta, com sede na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Brigadeiro
Faria lima, nº 3732, 28º andar, Itaim Bibi, CEP 04538-132, inscrita no Registro de Empresas sob o
NIRE 35.300.366.727 e no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda sob
o nº 10.739.356/0001-03, registrada na Comissão de Valores Mobiliários (“CVM (“CVM
CVM”)”) como companhia
aberta categoria “A” sob o código 2586-0 (“Companhia
(“Companhia
Companhia”), ”), nos termos do artigo 124 da Lei nº 6.404,
de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada (“Lei(“Lei das Sociedades por Ações”)
Ações”) e dos artigos 4º
e 6º da Resolução CVM nº 81, de 29 de março de 2022, conforme alterada (“Resolução
(“Resolução CVM 81”),
81”), a
se reunirem, de modo exclusivamente presencial,
presencial, em Assembleia Geral Ordinária, a ser realizada
no dia 19 de março de 2024, às 10:00, na sede da Companhia (“AGO (“AGO ”), a fim de discutir e deliberar
AGO”),
sobre as seguintes matérias: (i) tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as CONTEÚDO RELEVANTE
demonstrações financeiras da Companhia referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezem- DE SEGUNDA A SEGUNDA
bro de 2023, incluindo o relatório da administração, o relatório do Comitê de Auditoria e o parecer
dos auditores independentes; (ii) deliberar sobre a proposta de destinação do resultado do exercício Há 149 anos o Estadão leva
social encerrado em 31 de dezembro de 2023; (iii) definir o número de membros do Conselho de
Administração da Companhia; (iv) eleger os membros do Conselho de Administração da Companhia; informação editorial com
e (v) fixar a remuneração anual global dos administradores da Companhia para o exercício social de transparência e credibilidade,
2024. Instruções e Informações Gerais: Observado o disposto no artigo 126 da Lei das Sociedades admirado por leitores
por Ações, solicita-se aos acionistas que se fizerem representar por procuração a entrega na sede da
Companhia de mandato e dos documentos que comprovam os poderes do respectivo representante qualificados e reconhecido
legal, dentro do prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas antes da data marcada para a realização pelo mercado publicitário
da AGO, isto é, até às 10:00 horas do dia 17 de março de 2024. Para participar da AGO, os acionistas em todo o Brasil.
deverão exibir documento de identidade/documentos societários e comprovante de titularidade das
ações da Companhia emitido nos 5 (cinco) dias anteriores à data de realização da AGO pela instituição
depositária, sendo que as orientações detalhadas acerca da documentação exigida para participação
na AGO constam na Proposta da Administração disponibilizada pela Companhia nos endereços
abaixo indicados. Por fim, recomendamos aos acionistas que cheguem ao local com 1 (uma) hora de
antecedência, para o devido cadastramento e ingresso no local da AGO. Ainda, o acionista que optar
por exercer seu direito de voto à distância poderá: (i) transmitir as instruções de voto diretamente
pelas instituições e/ou corretoras que mantém suas posições em custódia; (ii) transmitir as instruções
de voto diretamente ao escriturador das ações da Companhia, qual seja o Itaú Corretora de Valores
S.A., conforme instruções estabelecidas na Proposta da Administração; ou (iii) preencher o boletim de
voto à distância (“Boletim
(“Boletim de Voto”)
Voto”) disponível nos endereços indicados abaixo e enviá-lo diretamente
à Companhia, conforme instruções contidas na Proposta da Administração para a AGO. Para mais
informações, observar as regras previstas na Resolução CVM 81, na Proposta da Administração e no
Boletim de Voto. Estão à disposição dos acionistas, na sede social da Companhia e nos websites da
Companhia (https://ri.brpartners.com.br), da CVM (www.cvm.gov.br) e da B3 (www.b3.com.br), nos
termos da Resolução CVM 81, a Proposta da Administração e demais documentos e informações
relacionados às matérias constantes da ordem do dia da AGO. São Paulo, 16 de fevereiro de 2024.
Jairo Eduardo Loureiro Filho – Presidente do Conselho de Administração. (16, 17 e 19/02/2024) DIVULGAÇÃO
MULTIPLATAFORMA
DE RESULTADOS FINANCEIROS
CPFL Serviços, Equipamentos, E NOTÍCIAS DE EMPRESAS
Indústria e Comércio S.A.
Companhia Fechada
CNPJ/MF nº 58.635.517/0001-37 - NIRE nº 35.300.325.664
Ata da Assembleia Geral Extraordinária Realizada em 18 de Dezembro de 2023
I - Dia, Hora e Local: Aos 18 dias do mês de dezembro de 2023, às 9:00, na sede social da CPFL
Serviços, Equipamentos, Indústria e Comércio S.A. (“CPFL Serviços” ou “Companhia”), localizada
na Avenida dos Braghetta, nº 364, Bairro Distrito Industrial, na cidade de São José do Rio Pardo, no CONSULTE NOSSA
Estado de São Paulo, CEP 13720-000. II - Convocação: Dispensada a convocação, nos termos do
art. 124, parágrafo 4º, da Lei nº 6.404/76, em vista da presença da acionista CPFL Energia S.A. EQUIPE COMERCIAL
(“CPFL Energia”), representando a totalidade do capital social. III - Presença: A acionista CPFL
Energia compareceu à Assembleia Geral, representando a totalidade do capital social da Companhia, (11) 3856-2442
conforme se verifica no “Livro de Presença de Acionistas”. IV - Mesa: Presidente, Sr. Eduardo dos
Santos Soares, e Secretário, Sr. Victor Demolin. V - Ordem do Dia: (i) Aprovar a celebração de
contratos de aquisição de Licenças Microsoft; (ii) Aprovar a celebração de contratos e atos de
aquisição de licenças SAP e serviço de suporte; e (iii) Aprovar a celebração de aditivos aos contratos
de reforma de transformadores, reforma de equipamentos e compra de sucata para logística reversa.
VI - Leitura De Documentos, Recebimento de Votos e Lavratura da Ata: (1) dispensada a leitura
dos documentos relacionados às matérias a serem deliberadas nesta Assembleia Geral ACESSE E CONHEÇA
Extraordinária, uma vez que são do inteiro conhecimento do acionista; e (2) autorizada a lavratura da
presente ata na forma de sumário e a sua publicação com omissão da assinatura do acionista, nos
termos do art. 130, parágrafos 1º e 2º, da Lei nº 6.404/76. VII - Deliberações: Após a análise e
discussão da matéria constante da Ordem do Dia, a acionista deliberou por: (i) Aprovar, nos termos
do Número de Referência 2023476-C, a celebração de contratos de aquisição de Licenças
Microsoft. O Valor Global será dividido entre as empresas conforme material arquivado na sede da
Companhia. O valor do fornecedor poderá variar de acordo com a efetiva demanda de cada Empresa
do Grupo CPFL. (ii) Aprovar, nos termos do Número de Referência 2023496-C, a celebração de
contratos e atos de aquisição de licenças SAP e serviço de suporte. O Valor Global será dividido entre
as empresas conforme material arquivado na sede da Companhia. O valor do fornecedor poderá
variar de acordo com a efetiva demanda de cada empresa do Grupo CPFL. (iii) Aprovar, nos termos
do Número de Referência 2023508-Se, a celebração de aditivos aos contratos de reforma de
transformadores, reforma de equipamentos e venda de sucata para logística reversa, conforme
material arquivado na sede da Companhia. VIII - Encerramento: Nada mais havendo a tratar,
o Sr. Presidente suspendeu os trabalhos pelo tempo necessário à lavratura desta ata. Reaberta a
sessão, a ata foi lida e aprovada pelos presentes, que a subscrevem. Eduardo dos Santos Soares
(Presidente da Mesa), Victor Demolin (Secretário), CPFL Energia S.A. (por seus representantes
legais Karin Regina Luchesi e Flávio Henrique Ribeiro). A presente Ata é cópia da Ata lavrada
em livro próprio, sendo autorizada a publicação e o registro desta ata na forma de extrato, com
omissão de assinaturas dos diretores e supressão de informações estratégicas e/ou confidenciais.
Para efeitos legais, a versão em português deverá prevalecer. São José do Rio Pardo,
18 de dezembro de 2023. Mesa: Eduardo dos Santos Soares - Pesidente da Mesa; Victor Demolin
- Secretário. JUCESP nº 24.431/24-2 em 16/01/2024. Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
Alcântara,
o desastre espacial
brasileiro
20 ANOS DEPOIS
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SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Setor financeiro Agenda de reformas
Haddad pede aos
bancos apoio a
projetos de crédito
Em encontro na
Febraban, Fazenda
defendeu projetos de
interesse do mercado
financeiro que já
estão no Congresso
MATHEUS PIOVESANA
FRANCISCO CARLOS DE ASSIS
O Secretário de Reformas Eco-
nômicas do Ministério da Fa-
zenda, Marcos Pinto, apresen-
tou ontem aos presidentes dos
Setor expõe preocupações com a reforma tributária
Embora tenham demonstrado
estar alinhados às pautas defen-
didas pelo ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, na reunião
de ontem os dirigentes do setor
bancário pediram a atenção da
maiores bancos do País oito
projetos de lei que tramitam
no Congresso e que tratam de
temas dos setores financeiro e
de crédito. O ministro da Fa-
zenda, Fernando Haddad, pre-
sente no encontro, pediu aos
executivos do setor apoio du-
rante a tramitação dos textos.
A apresentação foi feita du-
rante reunião realizada na se-
de da Federação Brasileira de
Bancos (Febraban), em São
Paulo. O encontro contou
com a presença do presidente
da Febraban, Isaac Sidney, e
pasta à regulamentação da refor-
ma tributária, que será definida
pelo Congresso neste ano, e
também ao crédito consignado,
que tem sido uma fonte de atri-
tos entre os bancos e outras pas-
dos principais executivos de al-
guns dos maiores bancos do
País, como: Marcelo Noronha,
do Bradesco; Tarciana Medei-
ros, do Banco do Brasil; Carlos
Vieira, da Caixa Econômica Fe-
deral; e Mario Leão, do Santan-
der Brasil.
Segundo Haddad, os proje-
tos não são novos, mas são pri-
mordiais para o ambiente de
crédito no Brasil, especialmen-
te num momento em que os
ventos externos têm mudado
com frequência.
“O secretário de Reformas
Econômicas da Fazenda Mar-
cos Pinto apresentou oito pro-
jetos de lei que já estão trami-
tando no Congresso e viemos
aqui pedir apoio da Febraban
para acelerar a tramitação des-
tes projetos”, disse Haddad.
Na apresentação, Marcos
Pinto detalhou cada um dos
projetos, bem como o contex-
to em que cada um se insere e
como podem contribuir para a
tas do governo federal.
Segundo apurou a reporta-
gem, Isasc Sidney, presidente
da Febraban, reiterou que os
bancos apoiam a agenda de bus-
ca pelo equilíbrio fiscal encam-
ECONOMIA&NEGÓCIOS
melhoria do mercado de crédi-
to. Boa parte dos projetos foi
proposta por parlamentares
em momentos anteriores à
atual gestão do governo fede-
ral, mas os textos foram en-
campados pela Fazenda em
uma ampla agenda para dina-
mizar o mercado financeiro e
de crédito no País.
Urgência
Ao defender os projetos,
Haddad disse que é preciso
pressa para corrigir o
mercado de crédito no País
Um exemplo é a lei do Segu-
ro: proposta em 2004 pelo en-
tão o deputado federal José
Eduardo Cardozo (PT), o tex-
to estava parado no Congresso
desde 2017, mas foi desengave-
tado pelo Senado no ano passa-
do e recebeu o apoio do gover-
no. Como antecipou o Esta-
pada por Haddad. Contudo, dis-
se que o setor espera atenção
especial a alguns pontos da
agenda legislativa. No caso da
reforma tributária, por exem-
plo, o setor espera que a tributa-
ção sobre a intermediação finan-
ceira (spread) não aumente em
relação aos patamares atuais.
B5
dão/Broadcast, o governo pre-
para uma série de medidas es-
pecíficas para o setor de segu-
ros, que partirão da aprovação
do texto do PL 29.
ELEIÇÕES. Perguntado sobre
se as eleições municipais deste
ano poderiam atrapalhar a tra-
mitação dos projetos, o minis-
tro disse que não dá para ficar
pensando qual o momento cor-
reto. E acrescentou que é preci-
so pressa para se corrigir o am-
biente de crédito no País.
Além do PL 29, foram deta-
lhados na reunião os projetos
da Resolução Bancária (PLP
281/19); de Ressarcimento a In-
vestidores (PL 2.925/23); das
Infraestruturas do Mercado Fi-
nanceiro (PL 2.926/23); das
Cooperativas de Seguros (PLP
101/23 – apensado ao PLP
519/18); do Regime Legal de Ju-
ros (PL 6.233/23); das Falên-
cias (PL 3/24);e da Execução
Extrajudicial (PL 6.204/19).l
Sidney também pediu que a
Fazenda considere um regime
diferenciado caso altere as nor-
mas dos juros sobre capital pró-
prio (JCP), que permite distri-
buir lucros a acionistas dedu-
zindo os valores da alíquota de
imposto paga pelas empresas.
l MATHEUS PIOVESANA
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
B6
Indicadores Trabalho
Desemprego recua em quase todo o País
Taxa cai de 9,6% em
2022 para 7,8% no
ano passado; 26 das
27 unidades da
Federação têm
aumento de vagas
DANIELA AMORIM
RIO
O mercado de trabalho mos-
trou melhora generalizada no
País no ano passado. A taxa de
desemprego média recuou em
26 das 27 unidades da Federa-
ção do País na passagem de
2022 para 2023. Os dados são
da Pesquisa Nacional por Amos-
tra de Domicílios Contínua (P-
nad Contínua) divulgados on-
tem pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
O único aumento na taxa de
desocupação ocorreu em Rorai-
ma, alta de 1,7 ponto porcen-
tual, de 4,9% em 2022 para 6,6%
em 2023. Em oito Estados, a ta-
xa de desocupação desceu às
mínimas históricas: Rio Gran-
de do Norte (10,7%), Alagoas
(9,2%), Acre (7,5%), Tocantins
(5,8%), Minas Gerais (5,8%), Es-
pírito Santo (5,7%), Mato Gros-
so (3,3%) e Rondônia (3,2%).
Na média nacional, a taxa
anual de desocupação brasilei-
ra desceu de 9,6% em 2022 pa-
ra 7,8% em 2023, uma queda de
1,8 ponto porcentual. As princi-
pais reduções no período fo-
ram registradas pelo Acre (-4,9
ponto porcentual), Maranhão
(-3,5), Rio de Janeiro (-3,2) e
Contas públicas Resultado
Ipea projeta superávit de R$ 77,9 bilhões em janeiro
Com um avanço real na arreca-
dação, as contas do governo
central devem ter em janeiro
um superávit primário de R$
77,9 bilhões. A estimativa é do
CLASSIFICADOS
ARTES
E ANTIGUIDADES
ANTIGUIDADES -
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de Artes. (11) 96332-7007 Noely
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2022-24
Amazonas (-3,2). Na média
anual, as maiores taxas de de-
socupação do País foram as de
Pernambuco (13,4%), Bahia
(13,2%) e Amapá (11,3%), en-
quanto as mais baixas ocorre-
ram em Rondônia (3,2%), Ma-
to Grosso (3,3%) e Santa Cata-
rina (3,4%).
DESACELERAÇÃO. Na passa-
gem do terceiro para o quarto
trimestre de 2023, diversos Es-
tados apresentaram tendência
de queda, mas a taxa de desem-
prego recuou de forma estatis-
ticamente significativa – supe-
rando o intervalo da margem
de erro – em apenas duas uni-
dades da Federação, disse
Adriana Beringuy, coordena-
dora de Trabalho e Rendimen-
to do IBGE.
Na média nacional, a taxa
de desemprego caiu de 7,7%
no terceiro trimestre de 2023
para 7,4% no quarto trimes-
tre. No Rio, a taxa desceu de
10,9% para 10%, e no Rio Gran-
de do Norte, de 10,1% para
8,3%. Segundo Adriana, o Rio
registrou um crescimento
acentuado da população ocu-
pada no período, especialmen-
te nas atividades industriais e
de outros serviços. No Rio
Grande do Norte, o recuo da
taxa foi influenciado pela re-
dução do número de pessoas
procurando emprego.
Em São Paulo, a taxa de de-
semprego diminuiu de 7,1% pa-
ra 6,9% no período, oscilação
dentro da margem de erro da
pesquisa. Na direção oposta,
Instituto de Pesquisa Econômi-
ca Aplicada (Ipea), em cálculo
preliminar feito com dados do
Sistema Integrado de Adminis-
tração Financeira (Siafi).
JORNAL DO CARRO IMÓVEIS OPORTUNIDADES&LEILÕES CARREIRAS&EMPREGOS
COMUNICADOS
ABANDONO DE EMPREGO
A empresa Prime Clean Consulto-
ABANDONO DE EMPREGO ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
A empresa Prime Clean Consulto-
solicita a Sra. DENISE ANDRIELI
ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
solicita a Sra. VANESSA ANJOS
LOPES DE ABREU CPF:
BARBALHO, CTPS:72776 SERIE:
45940996884 a comparecer no
prazo de 3 dias para tratar de as-
365 a comparecer no prazo de 3
dias para tratar de assunto do seu
sunto do seu interesse. Caso não
compareça, caracterizará abando-
interesse. Caso não compareça, no de emprego conforme artigo
caracterizará abandono de em-
482 letra I da CLT.
prego conforme artigo 482 letra I
da CLT.
ABANDONO DE EMPREGO
A empresa Prime Clean Consulto-
ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
solicita a Sra. ALEXSANDRA LO-
PES DE ABREU CTPS:028903 SE-
RIE:00435 a comparecer no pra-
zo de 3 dias para tratar de assun-
to do seu interesse. Caso não
compareça, caracterizará abando-
no de emprego conforme artigo
482 letra I da CLT.
houve aumento significativo
em Rondônia, de 2,3% para
3,8%, e em Mato Grosso, de
2,4% para 3,9%.
Em Rondônia, houve demis-
sões na agricultura e no comér-
cio, enquanto que, em Mato
Grosso, foi registrada uma ex-
pansão no número de pessoas
procurando trabalho.
No quarto trimestre de 2024,
as maiores taxas de desocupa-
ção foram as de Amapá (14,2%),
Bahia (12,7%) e Pernambuco
(11,9%). Os menores resulta-
dos foram registrados em San-
ta Catarina (3,2%), Rondônia
(3,8%) e Mato Grosso (3,9%).
MULHERES. O desemprego en-
tre as mulheres permaneceu
consideravelmente mais ele-
vado do que entre os ho-
mens. A taxa de desemprego
foi de 6% para os homens no
quarto trimestre de 2023, an-
te um resultado de 9,2% para
as mulheres.
Havia desigualdade de gê-
nero também entre quem es-
tava trabalhando. O rendi-
mento médio real, habitual-
mente recebido no trabalho
principal, alcançou um recor-
de de R$ 2.947 no quarto tri-
mestre de 2023. As mulheres
trabalhadoras, porém, rece-
biam apenas 80% do salário
médio dos homens.
Considerando apenas a ren-
da habitual obtida do traba-
lho principal (e não de todos
os trabalhos), o rendimento
médio alcançou patamar re-
corde no quarto trimestre de
Em nota técnica, o Ipea in-
forma que os números forne-
cem uma “boa aproximação”
dos valores que ainda serão di-
vulgados pela Secretaria do Te-
ABANDONO DE EMPREGO
A empresa Prime Clean Consulto-
ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
solicita a Sra. NAIARA DOS SAN-
TOS COSTA CTPS:0826163 SE-
RIE:002 a comparecer no prazo de
3 dias para tratar de assunto do
seu interesse. Caso não compare-
ça, caracterizará abandono de
emprego conforme artigo 482 le-
tra I da CLT
ABANDONO DE EMPREGO
A empresa Prime Clean Consulto-
ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
solicita a Sra. THAYNA SOUSA OLI-
VEIRA CTPS:016140 SERIE: 00401
a comparecer no prazo de 3 dias
para tratar de assunto do seu in-
teresse. Caso não compareça, ca-
racterizará abandono de emprego
conforme artigo 482 letra I da CLT.
Balanço
13,4% foi a taxa anual
de desemprego em Pernam-
buco, a maior do País em
2023, segundo o IBGE
3,4% foi a taxa média
de desemprego registrada
em Santa Catarina no ano
passado, a menor de todo o
País
9,2% foi a taxa anual
no ano passado de desem-
prego entre as mulheres,
maior que a média
nacional, de 7,8%, e a
de homens, de 6%
2023 tanto para os homens,
R$ 3.233 quanto para as mu-
lheres, R$ 2.562. Ou seja, o
homem recebe cerca de 25%
mais do que a mulher em seu
emprego principal.
“Embora ambos atinjam va-
lores máximos (da série históri-
ca), a diferença é de 25%”, dis-
se Adriana.
Quanto à desigualdade ra-
cial, a taxa de desemprego ficou
abaixo da média nacional para
os brancos, 5,9%, muito aquém
do resultado de pretos (8,9%) e
pardos (8,5%). Por nível de es-
colarização, a taxa de desocupa-
ção para as pessoas com ensino
médio incompleto foi de 13,0%,
mais que o triplo do resultado
para as pessoas com nível supe-
rior completo, de 3,6%.
souro Nacional. Em 2023, ja-
neiro também foi superavitá-
rio, em R$ 82,5 bilhões (em va-
lores de janeiro de 2024), de-
pois de um superávit de R$ 4
bilhões em dezembro de 2022.
Se a estimativa do Ipea se con-
firmar, significará uma inversão
expressiva ante o resultado de
ABANDONO DE EMPREGO
ABANDONO DE EMPREGO A empresa Prime Clean Consulto-
A empresa Prime Clean Consulto-
ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
solicita ao Sr. ITALO JUNIO DA SIL-
solicita ao Sr. NSALAMBI NGUINA-
MAU PEDRO CPF:90131097806
VA MEDEIROS CTPS:1090863 SE-
RIE:5605 a comparecer no prazo
a comparecer no prazo de 3 dias de 3 dias para tratar de assunto do
para tratar de assunto do seu in- seu interesse. Caso não compare-
teresse. Caso não compareça, ca- ça, caracterizará abandono de
racterizará abandono de emprego
conforme artigo 482 letra I da CLT.
emprego conforme artigo 482 le-
tra I da CLT
ABANDONO DE EMPREGO ABANDONO DE EMPREGO
A empresa Prime Clean Consulto-
A empresa Prime Clean Consulto-
ria de Serviços Terceirizados Ltda., ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
solicita ao Sr. MARCOS DA SILVA
solicita a Sra. SUZANA QUIRINO DE
CTPS:8394103 SERIE:0050 a
CAMPOS CTPS: 82816 SERIE:
00426 a comparecer no prazo de comparecer no prazo de 3 dias
para tratar de assunto do seu in-
3 dias para tratar de assunto do
teresse. Caso não compareça, ca-
seu interesse. Caso não compare-
ça,caracterizará abandono de em- racterizará abandono de emprego
conforme artigo 482 letra I da
prego conforme artigo 482 letra I
CLT(Funcionário encontra-se pos-
da CLT
sivelmente em Rio de janeiro -RJ)
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
No quarto trimestre de
2023, o País tinha 1,806 milhão
de pessoas em situação de de-
semprego de longo prazo, que
buscavam um trabalho havia
pelo menos dois anos. Outras
911 mil pessoas procuravam
emprego havia pelo menos um
ano, porém menos de dois
anos; 3,760 milhões de brasilei-
ros buscavam trabalho havia
mais de um mês, mas menos
de um ano; e 1,606 milhão ten-
tavam uma vaga havia menos
de um mês.
PARTICIPAÇÃO. A participa-
ção dos idosos no mercado de
trabalho voltou a alcançar o
patamar pré-pandemia, en-
quanto a dos jovens permane-
cia aquém do pré-crise sanitá-
ria. Na média global, a taxa de
participação – que mostra a
proporção de pessoas em ida-
de de trabalhar que efetiva-
mente estão participando do
mercado de trabalho, seja tra-
balhando seja procurando em-
prego – foi de 62,2% no quarto
trimestre de 2023, ainda
aquém dos 63,6% vistos no
quarto trimestre de 2019, an-
tes da covid-19.
Entre os idosos, com 60
anos ou mais, a taxa de partici-
pação no quarto trimestre de
2023 foi de 24,0%, mesmo pata-
mar registrado no quarto tri-
mestre de 2019. Na faixa etária
de 40 a 59 anos, a taxa de parti-
cipação ficou em 74,6% no
quarto trimestre de 2023, aci-
ma dos 74,5% vistos no quarto
trimestre de 2019. l
dezembro de 2023, quando a di-
ferença entre as receitas e as des-
pesas foi negativa em R$ 116,147
bilhões – o pior desempenho em
termos reais para dezembro des-
de 1997, início da série histórica
–, que foi influenciado pelo paga-
mento extraordinário dos preca-
tórios.l AMANDA PUPO/BRASÍLIA
Para anunciar:
(11) 3855-2001
ABANDONO DE EMPREGO
ABANDONO DE EMPREGO
A empresa Prime Clean Consulto- A empresa Prime Clean Consulto-
ria de Serviços Terceirizados Ltda., ria de Serviços Terceirizados Ltda.,
solicita ao Sr. ALEXANDRE CAR- solicita a Sra. ADRIANA FERREIRA
LOS DOS SANTOS CTPS:88673 DOS SANTOS CTPS: 44098 SE-
SERIE: 097 a comparecer no pra- RIE:165 a comparecer no prazo de
zo de 3 dias para tratar de assun- 3 dias para tratar de assunto do
to do seu interesse. Caso não seu interesse. Caso não compare-
compareça, caracterizará abando- ça, caracterizará abandono de
no de emprego conforme artigo
482 letra I da CLT. (Funcionário
emprego conforme artigo 482 le-
tra I da CLT. ( Funcionário encon-
encontra-se possivelmente em Rio tra-se possivelmente em Rio de
de Janeiro - RJ) Janeiro-RJ )
ABANDONO DE EMPREGO
A empresa Prime Clean Consulto-
ria de Serviços Terceirizados Ltda., ABANDONO DE EMPREGO
solicita a Sra. TUANE CAMILO A empresa Crystal Consultoria de
Serviços Terceirizados Ltda., solici-
CTPS:8810049 SERIE:0040 a
comparecer no prazo de 3 dias ta ao Sr. HYAGO DOS SANTOS LI-
para tratar de assunto do seu in- MA CPF: 42474747826 a com-
parecer no prazo de 3 dias para
teresse. Caso não compareça, ca-
racterizará abandono de emprego tratar de assunto do seu interes-
conforme artigo 482 letra I da CLT. se. Caso não compareça, caracte-
rizará abandono de emprego con-
(Funcionário encontra-se possivel-
mente em Rio de Janeiro -RJ) forme artigo 482 letra I da CLT.
O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024 CLASSIFICADOS B7

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B8 CLASSIFICADOS
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A empresa JS ARAUJO EMPREITEI-
RA LTDA, inscrita no CNPJ 33.151.
854/0001-28, com sede à rua
Capitão Eugênio de Macedo, 204
– Vila Silva Teles – SP, solicita o
comparecimento do Sr. João Ga-
briel Pereira Felix, CTPS 3619681,
Série 0820, SP, para prestar es-
clarecimentos sobre suas ausên-
cias da obra ORIGEM PENHA (Rua
Mapu, 20 – Penha/SP) há mais de
30 dias. O não comparecimento
caracterizará abandono de em-
prego, conforme artigo 482, alínea
“i” da CLT.
GRAÇA ALCANÇADA
Agradeço às 13 Almas por uma
graça alcançada. CCLJ
GRAÇA ALCANÇADA
Agradeço à Santo Antônio por uma
graça alcançada. CCLJ
GRAÇA ALCANÇADA
Agradeço à Santa Rita de Cássia
por uma graça alcançada. CCLJ
GRAÇA ALCANÇADA
Agradeço à Santo Expedito por uma
graça alcançada. CCLJ
GRAÇA ALCANÇADA
Agradeço à Nossa Senhora Apare-
cida por uma graça alcançada.
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SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Rede varejista Diversificação
Carrefour negocia terrenos para a
construção de imóveis ao lado de lojas
Varejista tem 50 projetos de complexos multiúsos, com moradias, salas comerciais,
hotéis e parques, para serem desenvolvidos nos próximos dez anos em seus terrenos
Loja do Atacadão, na zona norte do Rio de Janeiro, onde a incorporadora Riva vai erguer prédios residenciais em parte do estacionamento
CIRCE BONATELLI
O Carrefour acertou a venda
de dois terrenos para a incor-
poradora Riva, do grupo Dire-
cional, erguer prédios residen-
ciais ao lado de seus supermer-
cados em São Paulo e no Rio de
Janeiro – em áreas que hoje
são usadas como estaciona-
mentos. A venda faz parte da
iniciativa do grupo varejista de
atrair parceiros para explorar
o potencial de desenvolvimen-
to imobiliário dos seus terre-
nos, além de assegurar maior
liquidez aos negócios.
Pelo acordo, parte do períme-
tro dos centros comerciais será
destinado para a construção de
dez torres, totalizando 1,3 mil
apartamentos de dois a três dor-
mitórios, a serem lançados nos
próximos trimestres. Os em-
LANÇAMENTOS
IMOBILIÁRIOS
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preendimentos devem movi-
mentar R$ 600 milhões com as
vendas futuras dos imóveis.
Uma das áreas fica em Inter-
lagos, zona sul de São Paulo, ao
lado de uma loja do Atacadão.
A outra área fica no bairro Vi-
cente de Carvalho, zona norte
do Rio, com um Carrefour. As
empresas não divulgaram o va-
lor da transação. O Esta-
dão/Broadcast apurou que os
ativos (terrenos) valem em tor-
no de R$ 90 milhões.
A transação foi fechada por
meio de permuta financeira.
Ou seja: o Carrefour ficará
com um porcentual da venda
dos apartamentos, tendo um
valor mínimo garantido. Há po-
tencial de elevar esse valor ca-
so haja aumento no preço de
venda dos apartamentos.
A negociação foi feita pelo
Carrefour Property, braço res-
ponsável pela administração
dos imóveis onde funcionam
os supermercados da rede, ga-
lerias e estacionamentos. O
grupo vem buscando faturar
com a atração de interessados
na construção de prédios resi-
denciais e comerciais no entor-
no das suas lojas.
POTENCIAL CONSTRUTIVO .
“Essa transação vai ao en-
contro da nossa estratégia
de criar valor nos terrenos
do portfólio”, disse a presi-
dente do Carrefour Pro-
perty, Liliane Dutra, ao Esta-
dão/Broadcast. “Usamos cer-
ca de 15% do potencial cons-
trutivo das nossas áreas. En-
tão, temos um potencial gi-
gantesco para explorar.”
Ao todo, o Carrefour Pro-
perty tem 50 projetos de com-
plexos multiúsos para serem
desenvolvidos nos próximos
dez anos a partir da reconfigu-
ração dos terrenos onde estão
suas lojas. Com isso, seria pos-
sível multiplicar a área cons-
truída nesses locais entre três
e cinco vezes, com inserção de
imóveis residenciais, salas co-
merciais, hotéis, minishop-
pings, parques e afins.
Exemplo disso é o empreen-
dimento Alto das Nações, ao
lado da Marginal do Pinhei-
ros. No local, onde há um hi-
permercado, estão sendo
construídos prédios residen-
ciais, torre de escritórios, par-
que público e teatro, desenvol-
vidos por diferentes incorpo-
radores, como Eztec, JFL, W-
torre e Altre.
Para a rede varejista, é vanta-
joso ter um fluxo maior de pes-
soas ao lado das suas lojas. E,
para os incorporadores, a pre-
sença de um supermercado é
NEGÓCIOS
RIVA/DIVULGAÇÃO
Projetos
R$ 600 milhões
é quanto devem movimen-
tar as vendas de imóveis de
dois empreendimentos em
terrenos vendidos à incor-
poradora Riva, um em São
Paulo e outro no Rio
1,3 mil é o número de
apartamentos de dois a
três dormitórios que serão
lançados nos dois projetos
um apelo a mais para atrair
compradores dos imóveis. “O
terreno é um dos ativos mais
estratégicos para qualquer em-
presa que atua no setor da
construção. Nessa parceria
chegamos a imóveis bem locali-
zados e ancorados em uma
operação de varejo de grande
porte”, diz o diretor Comer-
cial e de Incorporação da Riva,
Eduardo Quintella.
A negociação entre as duas
empresas levou cerca de um
ano e meio até a conclusão. Os
dois executivos contam que há
conversas em andamento para
novas parcerias.
O Carrefour já tem algumas
definições dos moldes da ope-
B9
ração que contempla também
a cisão dos seus ativos imobiliá-
rios. A potencial de segregação
e venda dos ativos (carve out,
no jargão do mercado) foi
anunciado pelo grupo em no-
vembro de 2022.
LIQUIDEZ E INVESTIMENTOS. “Es-
tamos nos estruturando para
buscar sócios e fazer a venda de
uma parte do negócio. O objeti-
vo é levantar recursos para no-
vos investimentos do grupo e
ganho de liquidez”, diz Liliane.
Segundo ela, já foram defini-
das áreas de 200 a 300 imóveis
que podem ser alienadas, em
um universo de cerca de 500
unidades da rede de varejo. En-
tram aí as lojas que abrigam Car-
refour, Atacadão, Sam’s Club e
as galerias com lojistas peque-
nos e lanchonetes junto dos su-
permercados. A venda envolve
apenas aos imóveis, e não a ope-
ração varejista, que permanece-
rá nos locais como inquilina.
Pelas contas do Goldman Sa-
chs, o valor integral do portfó-
lio do Carrefour gira na faixa
de R$ 11 bilhões a R$ 17 bilhões
(cálculo de 2022, quando a in-
tenção da potencial venda foi
anunciada). Desde então, o
grupo comprou o BIG e se des-
fez de parte das lojas da rede.
“É um portfólio único no
Brasil”, ressalta Liliane, pre-
vendo a atração de investido-
res que procuram faturar com
aluguéis gerados por varejis-
tas. “Esse é um mercado que
está crescendo e se mostrou re-
siliente em muitos momentos,
como na pandemia.”
Ano passado, o Carrefour
vendeu quatro centros de dis-
tribuição e cinco lojas para um
fundo administrado pela gesto-
ra de recursos Barzel por R$ 1,2
bilhão, numa pequena mostra
do potencial de seu portfólio.
No momento, o grupo traba-
lha para definir o modelo da
transação – venda direta de
participação para um sócio ou
a constituição de um fundo
aberto a vários investidores.
O Estadão/Broadcast apurou
que o Itaú BBA foi contratado
como assessor financeiro na
busca de interessados. “Ainda
não definimos o modelo da
operação, nem o prazo. Isso de-
pende dos juros no País e a me-
lhor época do mercado. Esta-
mos trabalhando para estar-
mos prontos na janela corre-
ta”, afirma a presidente. l
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
B10 O ESTADO DE S. PAULO

RAISA PEDROSO/ARQUIVO PESSOAL

Carreira Vida em alto-mar ram as histórias da família”, re-
lata o profissional, que soma oi-

Trabalhadores to anos embarcado. Nos últi-

mos dois anos, desempenha a
função de operador de produ-
ção em uma plataforma de ex-

de plataformas tração de petróleo localizada

na Bacia de Campos.
Assim como Raisa, o enge-

marítimas fazem nheiro tem jornada de 12 ho-

ras, em regime 14/14 (trabalha
14 dias e folga 14). “Acompa-
nho as variáveis do processo

sucesso nas (de extração da plataforma). No

meu dia a dia, tenho uma pran-
cheta que reúne vários equipa-

redes sociais mentos. Tenho de passar na

minha planta inteira e checar
os parâmetros de temperatura
e pressão.”
O cotidiano em terra firme
Na internet, há mais cia em plataforma e o escape também não é tão simples.
de 193 mil vídeos e cerca de aeronaves submersas –, con- Adequar-se a uma nova rotina
cluiu pós-graduação em enfer- a cada duas semanas demanda
de 4 bilhões de magem do trabalho, curso do engenheiro uma certa disci-
visualizações somente no avançado de emergências car- plina para não ficar ocioso du-
TikTok sobre a rotina diológicas e suporte avançado rante a folga. Ele busca ler, pas-
dos profissionais de trauma. sear com os cachorros e ficar
A primeira oportunidade foi A enfermeira Raisa Pedroso tem mais de 77 mil seguidores no TikTok com a família. “No geral, em
uma vaga em uma empresa ter- dias de semana, fico um pouco
JAYANNE RODRIGUES ceirizada de extração de gás na- ansioso, porque as pessoas es-
tural localizada na Bacia de tão nas suas rotinas normais.”
Compartilhar a rotina de traba- Campos, na costa do Rio de Ja- Especialidades
l Supervisor/instrumentação Na visão de Andrea Torres,
lho nas redes sociais não é algo neiro, que presta serviço para a ! l Operador de carga analista de RH de uma multina-
novo. No entanto, uma área es- Petrobras. De imediato, gostou l Operador de casa de máqui- cional de óleo e gás, a procura
pecífica vem ganhando desta- da experiência. “Gosto de adre- nas por profissionais voltou a cres-
que: a de offshore, profissio- nalina. Tenho perfil para isso, Conheça as profissões l Especialista em automação cer no fim de 2021. Um dos mo-
nais de diversos setores que mas nem todas as pessoas têm.” típicas nas plataformas l Técnico de medição tivos são os novos contratos ge-
atuam embarcados em platafor- Embora a rotina comparti- l Inspetor de equipamentos rados pela Petrobras, segundo
mas marítimas de exploração lhada diariamente para milha- l Produção Andrea. Ela avalia que o merca-
de óleo e gás. São mais de 193 res de pessoas desperte curio- l Marítimos do deve se manter aquecido
mil vídeos e cerca de 4 bilhões sidade, Raisa é cuidadosa em l Operador/sala de controle neste ano. “Temos mais de dez
de visualizações somente no não romantizar a profissão. l Técnico ou operador de l Pumpman /Bombeador navios de produção de petró-
TikTok. Há comentários sobre “Temos de ter um equilíbrio produção l Operador de carga leo para a Petrobras contratar
salários, cursos e o balanço das emocional enorme porque é l Técnico ou operador de l Superintendente marítimo até 2030. Mas não temos no
plataformas em alto-mar. um ambiente de risco. As pes- produção trainee l Supervisor de carga mercado profissionais capaci-
soas acham que é um resort, l Técnico de laboratório l Superintendente de carga tados do jeito que precisamos
um cruzeiro, mas a realidade é l Supervisor de produção l Marinheiro de convés em navios mais novos, com tec-
Rotina puxada que a nossa carga de trabalho é l Superintendente de produ- l Montador de andaime nologias diferentes.”
Profissionais cumprem pesada”, comenta. ção l Operador de guindaste Segundo a analista, o merca-
jornadas de 12 horas e A profissional cuida da parte offshore do de offshore vivencia um mo-
alternam 14 dias de ocupacional de todos os traba- l Manutenção mento “de leilão de salários”,
trabalho com 14 de folga lhadores da plataforma – cerca l HSSE (saúde, segurança e já que os profissionais que de-
de 190 pessoas –, que exercem l Almoxarife meio ambiente) têm as competências exigidas
funções críticas, seja em locais l Técnico de mecânica estão sendo mais disputados.
Foi exatamente por esse in- altos, seja mergulhando. Outra l Supervisor de mecânica l Técnico de segurança no A maioria dos cargos não exi-
teresse na área de offshore que atribuição a bordo é a vigilância l Superintendente de manu- trabalho ge graduação superior. Basta
a enfermeira Raisa Pedroso, de sanitária com relação ao condi- tenção l Enfermeiro offshore ter um nível técnico e investir
33 anos, acumulou mais de 77 cionamento, preparo dos ali- l Técnico de instrumentação l Rádio operador nos cursos voltados para deter-
mil seguidores no TikTok. A mentos e inspeção da cozinha. minada área e os obrigatórios.
maioria surgiu após a profissio- A média salarial para cargos ini-
nal publicar um vídeo em que JORNADA E RENDA. A jornada mo karaokê, sala de cinema e offshore varia de R$ 5 mil a R$ ciais gira em torno de R$ 4 mil
mostrava o pôr do sol da plata- da enfermeira alcança 12 horas indo à “noite do churrasco”. 15 mil, segundo a profissional. a depender do cargo.
forma em que trabalha. por dia. Ela passa 14 dias em- Apesar dos contrapontos, Além do LinkedIn, as vagas
Ela atua embarcada desde barcada e outros 14 de folga, Raisa pretende galgar outros INSPIRAÇÃO NO PAI. No caso para offshore também podem
maio do ano passado. Antes período em que ainda faz plan- cargos no setor offshore. O do engenheiro mecânico Dar- ser encontradas nos sites de
disso, trabalhou por mais de tões em um hospital em Cam- quesito financeiro é um dos lisson Ferreira, de 35 anos, a emprego Glassdoor, Indeed e
dez anos em hospitais. A enfer- pos dos Goytacazes, no Rio. atrativos. Ela recebe 40% aci- vontade de embarcar foi, de cer- Salarios.com. l
meira fez vários cursos para O confinamento, segundo ma da média salarial de profis- ta forma, incentivada pelo pai,
ter um currículo apto para em- ela, é o maior desafio. Fora do sionais de enfermagem que que atuou na década de 80 em NA WEB
barque. Além dos obrigatórios expediente, ela tenta usar os atuam no setor hospitalar. A re- plataformas de petróleo e gás. A enfermeira Raisa Pedroso mostra
sua rotina em redes sociais
– como o básico de sobrevivên- espaços comuns do navio, co- muneração para enfermeiros “O que realmente me atraiu fo- www.estadao.com.br/

BROADCAST MERCADOS Ibovespa: 128.725,88 PTS. | Dia 0,72% | Mês 0,76% | Ano -4,07%

MAIORES ALTAS DO IBOVESPA Pontos Dia% Mês% Ano% INFLAÇÃO (%) INSS - COMPETÊNCIA (FEVEREIRO) AGRÍCOLAS - MERCADO FUTURO MOEDAS E COMMODITIES
R$ Var. % Neg. NOVA YORK - DJIA 38.627,99 -0,37 1,25 2,49 Índice Dezembro Janeiro No ano 12 Meses Trabalhador assalariado e doméstica* Venc. Aju.C. Abe. Min. Máx. Var.% Venda Dia % Mês %Ano %
BRASKEM PNA N1 19,25 10,32 19.261 INPC (IBGE) 0,55 0,57 0,57 3,82 Salário de contribuição Alíquota AÇÚCAR NY* MAR/24 23,08 139.407 22,71 23,39 1,14 DÓLAR COMERCIAL 4,9671 -0,03 0,60 2,34
FRANKFURT - DAX 17.117,44 0,42 1,26 2,18
ATÉ R$ 1.412,00 7,5% DÓLAR TURISMO 5,1620 0,16 0,45 2,12
CASAS BAHIA ON 8,36 5,03 9.513 LONDRES - FTSE 7.711,71 1,50 1,06 -0,28 IGP-M (FGV) 0,74 0,07 0,07 -3,32 CAFÉ NY* MAI/24 186,70 114.810 183,80 187,65 0,84
DE R$ 1.412,01 ATÉ R$ 2.666,68 9% EURO 5,3520 0,02 0,00 -0,34
SLC AGRICOLAON 19,50 4,17 16.157 TÓQUIO - NIKKEI 38.487,24 0,86 6,06 15,01 IGP-DI (FGV) 0,64 -0,27 -0,27 -3,61 SOJA CBOT** MAR/24 11,72 183.945 11,623 11,738 0,86 OURO 277,063 1,67 -9,16 -2,44
IPC (FIPE) 0,38 0,46 0,46 2,98 DE R$ 2.666,69 ATÉ R$ 4.000,03 12% MILHO CBOT** MAI/24 4,30 480.632 4,278 4,33 -0,06 WTI US$/BARRIL 78,1900 0,73 3,19 9,68
MAIORES BAIXAS DO IBOVESPA IPCA (IBGE) 0,56 0,42 0,42 4,51 DE R$ 4.000,04 ATÉ R$ 7.786,02 14%
TESOURO DIRETO (*) Vcto. Ano % R$
(*) EM CENTS POR LIBRA-PESO (**) EM US$ POR BUSHEL IBRENTUS$/BARRIL 83,2100 0,44 3,19 8,01
TIM ON NM 17,40 -3,81 16.054 CUB (Sinduscon) 0,00 0,00 0,00 2,21 Autônomo Alíquota A pagar (R$) AGRÍCOLAS - MERCADO FÍSICO
IPCA 15/5/2029 5,44 3.200,52 US$ 1 Euro/ 1 Libra/ R$ 1/
TELEF BRASILON 52,66 -2,54 8.891 FIPEZAP-SP (FIPE) 0,16 0,27 0,27 4,68 (BASE EM R$) SOJA Ult. Var. (%) Var. 1 ano(%) 1/NY Europa Londres Brasil
15/5/2035 5,59 2.296,25 DE 1.412,00 A 7.786,02 20% DE 282,40 A 1.557,20 Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 112,38 0,91 -32,35
CCR SA ON NM 13,27 -2,35 13.160 Índices de reajuste do aluguel (Fevereiro) DÓLAR AMERICANO 1,000 1,0777 1,2603 0,2013
JUROS SEMESTRAIS 15/8/2035 5,57 4.438,42 VENCIMENTO 7/3. O PORCENTUAL DE MULTA A SER BOI EURO 0,928 1,0000 1,1693 0,1868
TR/TBF/POUPANÇA/POUPANÇA SELIC (%) IGP-M (FGV) -1,0332 IPCA (IBGE) 1,0451 APLICADO FICA LIMITADO A 20%, MAIS TAXA SELIC. Cepea/esalq, R$/@ 240,45 1,50 -20,63
PREFIXADO 1º/1/2027 10,10 759,05 FRANCO SUÍÇO 0,881 0,9495 1,1103 0,1774
IGP-DI (FGV) -1,0361 INPC (IBGE) 1,0382 CDB - CDI MILHO
13/2 a 13/3 0,0372 0,7775 0,5374 0,5000 1º/1/2031 10,83 495,26 Data Taxa ano Taxa dia Mês% Ano% LIBRA ESTERLINA 0,794 0,8552 1,0000 0,1598
IPC-FIPE 1,0298 ICV-DIEESE - Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 62,47 0,35 -27,56 IENE 150,195 161,8745 189,2790 30,2430
14/2 a 14/3 0,0660 0,8165 0,5663 0,5000 SELIC 1º/3/2027 0,10 14.428,03 CDB (22/31) 11,08 0,00 -0,81 -4,89 CAFÉ
FATORES VÁLIDOS PARA CONTRATOS CUJO ÚLTIMO REAJUSTE AS MOEDAS NA VERTICAL:VALOR DE COMPRA SOBRE AS DEMAIS
15/2 a 15/3 0,0665 0,8170 0,5668 0,5000 (*)TÍTULOS A VENDA OCORREU HÁ UM ANO. MULTIPLIQUE O VALOR PELO FATOR CDI 11,15 0,00 -4,29 -4,29 Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 1013,91 3,02 -10,68 / FONTE: IDC
O ESTADO DE S PAULO SÁBADO 17 DE FEVEREIRO DE 2024
ATA DE REUNIÃO DE SÓCIOS PARA REDUÇÃO DE CAPITAL SOCIAL
SINO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS E PARTICIPAÇÕES LTDA
CNPJ:06.165.835/0001-88 NIRE:35218875320
Mogi das Cruzes/SP – Aos 09 de fevereiro de 2023, às 10:00 horas, na sede da sociedade, na Rua Dr Deodato Wertheimer, 505,
Bairro Mogilar, Mogi das Cruzes/SP, CEP: 08773-090
Convocação e Presença – Dispensada a publicação de editais de convocação, na forma do disposto no artigo 1.072, § 2º da Lei
10.406/2002, por estarem todos os sócios presentes, conforme assinatura ao final do presente instrumento.
Presentes: Mônica Chang Yi Wei, Wei, brasileira, casada em regime de comunhão parcial de bens, empresária, portadora da Cédula
de Identidade RG nº 35.630.567-3 SSP/SP e inscrita no CPF/MF nº 286.430.608-52, residente e domiciliada no Município de Mogi
das Cruzes/SP, na Rua Doutor Deodato Wertheimer, 505 – Bairro Mogilar – CEP: 08773-090, representando 98,70% do capital social
da empresa; Chiang Chung Sen, Sen, brasileiro, casado em regime de comunhão parcial de bens, engenheiro, portador da Cédula de
Identidade RG nº 28.821.246-0 SSP/SP e inscrito no CPF/MF nº 199.138.998-18, residente e domiciliado no Município de Mogi das
ECONOM A&NEGÓC OS B11
Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e em
Empresas Operadoras de Veículos Leves sobre Trilhos do Estado de São Paulo
EDITAL DE CONVOCAÇÃO - ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
No uso de suas atribuições a Presidenta do SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS
DE TRANSPORTES METROVIÁRIOS E EM EMPRESAS OPERADORAS DE VEÍCULOS LEVES SOBRE
TRILHOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, Senhora Camila Ribeiro Duarte Lisboa, convoca todos os
membros da categoria profissional para Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se na Rua
Serra do Japi, nº 16, Tatuapé, São Paulo/SP, no dia 20 de fevereiro de 2024,
2024, a partir das 18h30
em primeira convocação, e às 19h00 em segunda convocação, com transmissão em tempo real
pelas plataformas digitais do sindicato, instaurando processo de votação on-line para deliberar
sobre: 1) Acordo de Jornada de Trabalho; 2) Demissões; 3) Continuidade da luta contra a
terceirização e a privatização; 4) Outros Assuntos Gerais.
São Paulo, 17 de fevereiro de 2024.
Camila Ribeiro Duarte Lisboa
Presidenta

AQUI É Cruzes/SP, na Rua Doutor Deodato Wertheimer, 505 – Bairro Mogilar – CEP: 08773-090, representando 1,30% do capital social da
empresa;
PREFE TURA MUN C PAL DE BAURU
Composição da Mesa – Presidente:Mônica
Presidente: Mônica Chang Yi Wei,Wei, brasileira, casada em regime de comunhão parcial de bens, empresária,
MAIS FÁCIL portadora da Cédula de Identidade RG nº 35.630.567-3 SSP/SP e inscrita no CPF/MF nº 286.430.608-52, residente e domiciliada no
Município de Mogi das Cruzes/SP, na Rua Doutor Deodato Wertheimer, 505 – Bairro Mogilar – CEP: 08773-090;
NOT F CAÇÃO DE ABERTURA DE L C TAÇÃO
LE N 14 133 2021 UASG 986219 Ed a n 41 2024 P o o n 118 571 2023
ENCONTRAR Secretário: Luiz Carlos de Souza,
Souza, brasileiro, casado em regime de comunhão parcial de bens, contador, inscrito no CRC-SP
sob n 1SP-173.006/O0, portador do documento de identidade RG nº 8.224.285-9, expedido pela SSP/SP, inscrita no CPF sob nº
Mod d d P gão E ôn o n 47 2024 do po MENOR PREÇO POR LOTE L C TAÇÃO
D FERENC ADA NO MODO COTA RESERVADA PARA ME EPP EQU PARADAS MODO
O QUE
857.986.228-00, com escritório comercial na Rua Dr Felice Buscaglia, 541, bairro São Mateus, na cidade de São Paulo/SP, CEP DE D SPUTA ABERTO OBJET VANDO AQU S ÇÃO DE D VERSOS MATER A S DE
03963-080. Ordem do Dia – Consoante à cláusula 5ª do contrato social, a sócia Mônica Chang Yi Wei reduz a sua participação,
P NTURA PELO S STEMA DE REG STRO DE PREÇOS d o do om p fi õ
atualmente no valor de R$760.000,00 (setecentos e sessenta mil reais) no capital social, que passará a ser de R$ 10.000,00(dez mil
on d no An xo do Ed n d S Mun p G bn do P o Co po
PRECISA reais), nos termos dos artigos 1.082, inciso I, e do artigo 1083, do Código Civil, em decorrência da desincorporação de seu imóvel
no capital social por decisão judicial transitada em julgado, conforme item I da 2ª Alteração do Contrato Social:“I – Considerando que d Bomb o FUNPREV EMDURB P odo p n g d p opo 19 02 2024 08h

ONLINE
o imóvel, com benfeitorias, situado na Quadra 20, Lotes 399,400 e 401, localizado no Bairro Vila Mogilar, registrado sob matricula nº 01 03 2024 09h D p v p b u d o púb 01 03 2024 09h n o m õ
39.639 no 1º Oficial de Registro de Imóveis e Anexos - Município de Mogi das Cruzes – SP, utilizado pela Sócia Mônica Chang Yi d n S d Adm n oDv od L õ on P d C 1 59 V
Wei na integralização de Capital, em 02/09/2011, conforme registro R.7 da matrícula nº39.639, foi anulado por decisão judicial nos No my 2 nd 10 CEP 17 014 500 B u u SP no ho o d 08h 12h d 13h 17h
autos do processo nº0018242-60.2001.8.26.0361, e registrado conforme averbação Av.8”; on 14 3235 1092 ou v d down o d g u o no www b u u p gov b ou v do
Encerramento e Aprovação da Ata – Terminados os trabalhos, inexistindo qualquer outra manifestação, lavrou-se a presente ata h p www gov b omp p b – d on o PNCP 46137410000180 1 000012 2024 ond
que, lida, foi aprovada e assinada por todos os sócios presentes. Mogi das Cruzes, 09 de fevereiro de 2023 od p g o ôn o om o n d vd m n d n do
Presidente:: Monica Chang Yi Wei
Presidente Secretário:: Luiz Carlos de Souza
Secretário Sócio:: Chiang Chung Sen
Sócio B u u 16 02 2024
o Rob o do S n o ún o D o d D v o d L õ

CONSTRUTORA TENDA S.A.

Companhia Aberta - CNPJ/MF nº 71.476.527/0001-35 - NIRE 35.300.348.206
Ata da Reunião do Conselho de Administração realizada em 06 de fevereiro de 2024
1. Data, Hora e Local:Local: em 06 de fevereiro de 2024, às 10h00, por meio de videoconferência, conforme CRI e a cada Data de Pagamento subsequente, todos os valores excedentes ao Valor Mínimo do Fundo
previsão do art. 20, § 2º, do Estatuto Social da Construtora Tenda, situada no município de São Paulo, de Reserva (“Amortização (“Amortização Extraordinária”).
Extraordinária”). Os recursos recebidos pela Securitizadora, no respectivo
estado de São Paulo, na Rua Boa Vista, nº 280, 8º e 9º pavimentos, Centro, CEP 01014-908 mês de arrecadação, quando da ocorrência desses eventos, serão utilizados pela Securitizadora para a
Presença: verificado o quórum necessário para instalação da Reunião Amortização Extraordinária parcial dos CRI, na Data de Pagamento subsequente prevista no
(“Companhia”). 2. Convocação e Presença:
do Conselho de Administração, diante da presença da totalidade dos membros do Conselho de Cronograma de Pagamentos, proporcionalmente ao saldo do respectivo Valor Nominal Unitário na data
Administração, nos termos dos Artigos 19 e 20 do Estatuto Social da Companhia, a saber: Claudio José do evento, observado que qualquer Amortização Extraordinária alcançará indistintamente todos os CRI
Carvalho de Andrade (Presidente), Antonoaldo Grangeon Trancoso Neves, Mauricio Luis Luchetti, e deverá ocorrer na proporção entre o saldo devedor dos CRI Seniores e o saldo devedor CRI
Flavio Uchôa Teles de Menezes, Michele Corrochano Robert e Marcos Duarte Santos. 3. Subordinados quando da Data de Verificação (a ser definida no Termo de Securitização) após a
Composição da Mesa: Mesa: Presidente: Claudio José Carvalho de Andrade. Secretária: Amanda da Silva amortização programada (“Proporção (“Proporção entre Séries”);
Séries”); (i) Repactuação Programada: os CRI não serão
Ribeiro. 4. Ordem do Dia: (i) aprovar a cessão de Direitos Creditórios Imobiliários (conforme abaixo objeto de repactuação programada; (j) Resgate Antecipado Obrigatório dos CRI: a Securitizadora deverá
definido), pela Companhia à True Securitizadora S.A., inscrita no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica realizar o resgate antecipado obrigatório da totalidade dos CRI (i) no mês em que o somatório dos
do Ministério da Fazenda (“CNPJ/MF
(“CNPJ/MF
CNPJ/MF”)”) sob o nº 12.130.744/0001-00 (“Securitizadora
(“Securitizadora
Securitizadora”),”), por meio da recursos apurados na Conta Centralizadora e nas Contas Arrecadadoras (a serem definidas no Termo
celebração do “Instrumento Particular de Contrato de Cessão de Direitos Creditórios Imobiliários e de Securitização), incluindo os recursos do Fundo de Reserva e os Recursos Excedentes, sejam
Outras Avenças”, entre a Companhia, a Tenda Negócios Imobiliários S.A., inscrita no CNPJ/MF sob o nº suficientes para quitar o saldo devedor do CRI e eventuais custos em aberto ou provisionados na
09.625.762/0001-58 (“Tenda Imobiliários” e, quando em conjunto com a Companhia, as Emissão; e/ou (ii) nos Eventos de Reembolso Compulsório totais; e/ou (iii) caso seja exercida a Opção
(“Tenda Negócios Imobiliários”
“Cedentes
Cedentes”) ”) e a Securitizadora; (ii) aprovar a operação de securitização (“Securitização
(“Securitização
Securitização”),”), por meio de de Compra dos Direitos Creditórios Imobiliários e mediante o recebimento dos recursos decorrentes de
emissão pela Securitizadora de certificados de recebíveis imobiliários (“CRI (“CRI ”) das 1ª e 2ª séries da sua referida compra dos Direitos Creditórios Imobiliários (“Resgate
CRI”) (“Resgate Antecipado Obrigatório”).
Obrigatório”). O Resgate
265ª emissão, conforme os termos e condições a serem estabelecidos no “Termo de Securitização de Antecipado Obrigatório dos CRI será efetuado pela Securitizadora, unilateralmente, sob a ciência do
Direitos Creditórios Imobiliários das 1ª e 2ª Séries da 265ª Emissão de Certificados de Recebíveis Agente Fiduciário, e alcançará indistintamente todos os CRI, sendo os recursos recebidos pela
Imobiliários da True Securitizadora S.A., lastreados em Direitos Creditórios Imobiliários Diversificados Securitizadora em decorrência do resgate antecipado repassados aos titulares de CRI no prazo de até
Cedidos pela Tenda Negócios Imobiliários S.A. e pela Construtora Tenda S.A.” (“Termo (“Termo de 3 (três) Dias Úteis contados da data do seu efetivo recebimento pela Securitizadora; (k) Data de
Securitização”),
Securitização ”), a ser celebrado entre a Securitizadora e a Oliveira Trust Distribuidora de Títulos e Vencimento dos CRI: conforme venha a ser definida no Termo de Securitização, ressalvadas as
Valores Mobiliários S.A, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 36.113.876/0004-34, na qualidade de agente hipóteses de Resgate Antecipado Obrigatório dos CRI; e (l) Opção de Compra dos Direitos Creditórios
fiduciário nomeado nos termos do artigo 10º da Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997, conforme Imobiliários: Sujeito à verificação das Condições de Exercício da Opção de Compra (a ser definido no
alterada, e da Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM (“CVM
CVM”) ”) nº 17, de 9 de fevereiro de 2021 Contrato de Cessão) e mediante o pagamento do Preço de Exercício (conforme definido no Contrato de
(“Agente
(“ Fiduciário”); (iii) aprovar a celebração do “Contrato de Coordenação e Distribuição Pública, Cessão), as Cedentes Companhia poderão adquirir a totalidade dos Direitos Creditórios Imobiliários
Agente Fiduciário”);
sob o Regime de Melhores Esforços de Colocação, sob o Rito de Registro Automático, de Certificados pelo valor do saldo devedor atualizado dos CRI, desde que ocorrida a assunção do Backup Servicer na
de Recebíveis Imobiliários das 1ª e 2ª séries da 265ª Emissão, da True Securitizadora S.A.” (“Contrato (“Contrato administração e cobrança dos Direitos Creditórios Imobiliários, exceto nos casos em que as Cedentes,
Distribuição”), a ser celebrado entre a instituição intermediária a ser contratada para a oferta pública intencionalmente, derem causa a tal substituição, conforme a ser previsto no Contrato de Cessão, em até
de Distribuição”),
dos CRI (“Coordenador
(“Coordenador Líder”Líder” e “Oferta
“Oferta ”, respectivamente), a Securitizadora e as Cedentes; (iv) 180 (cento e oitenta) dias corridos da data em que o Backup Servicer assumir a administração e
Oferta”,
aprovar a celebração do “Instrumento Particular de Contrato de Prestação de Serviços de Servicing e cobrança dos Direitos Creditórios Imobiliários (“Opção (“Opção de Compra dos Direitos Creditórios
LAR Backup Servicing de Carteira de Recebíveis Imobiliários” a ser celebrado entre a Maximus Servicer Imobiliários ”); (m) Lastro dos CRI: os CRI estarão lastreados em direitos creditórios imobiliários,
Imobiliários”);
Assessoria e Consultoria em Crédito Imobiliário Ltda., inscrita no CNPJ/MF sob o nº 27.894.972/0001-23 representados por cédulas de crédito imobiliário fracionárias e/ou integrais, conforme o caso (“CCI (“CCI”), as
CCI”),
(“Backup Servicer”) e a Tenda Negócios Imobiliários (“Servicer”), na qualidade de contratadas, e a quais serão emitidas pela Securitizadora, sob a forma escritural, por meio da celebração do “Instrumento
Securitizadora, na qualidade de contratante, com a interveniência da Companhia (“Contrato de Particular de Escritura de Emissão de Cédulas de Crédito Imobiliário Fracionárias e Integrais, Sem
Servicing e Backup Servicing”), no qual a Companhia figurará como contratada responsável pela Garantia Real, sob a Forma Escritural e Outras Avenças”, celebrado entre a Securitizadora e a Vórtx
prestação dos serviços de gestão e cobrança dos Direitos Creditórios Imobiliários e atendimento aos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliarios Ltda., instituição financeira com sede na cidade de São
MODA E Clientes; e (v) autorizar a prática, nos termos do estatuto social da Companhia, de todos e quaisquer Paulo e Estado de São Paulo, na Rua Gilberto Sabino, nº 215, 4º andar, Pinheiros, CEP 05425-020,
atos e a celebração de todos e quaisquer documentos que se façam necessários ou convenientes à inscrita no CNPJ/MF sob o nº 22.610.500/0001-88, na qualidade de instituição custodiante e registradora,
BELEZA efetivação das matérias previstas nos itens (i) a (iv) acima, conforme aprovado. 5. Deliberações: em nomeado nos termos do artigo 18 § 4º e 19, inciso II, da Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004, conforme
conformidade com a ordem do dia, as seguintes deliberações foram tomadas e aprovadas, por alterada (“Escritura (“Escritura de Emissão de CCI” CCI” e “Instituição
“Instituição Custodiante”,
Custodiante”, respectivamente), para
unanimidade, nos termos do estatuto social da Companhia: (i) aprovar, aprovar, em observância ao disposto no representar os Direitos Creditórios Imobiliários; (n) Reembolso Compulsório dos Direitos Creditórios
artigo 21, alínea “u” do Estatuto Social da Companhia, a cessão, pela Companhia à Securitizadora, de Imobiliários: as Cedentes deverão reembolsar a Securitizadora, de forma parcial ou integral, pela parcela
direitos creditórios imobiliários que, cumulativamente: (i) são decorrentes da comercialização das dos Direitos Creditórios Imobiliários por ela cedidos, em relação aos quais tenham ocorrido um evento
unidades autônomas de empreendimentos residenciais que foram ou estão sendo desenvolvidos pelas de reembolso compulsório a ser estabelecido no Contrato de Cessão (“Eventos (“Eventos de Reembolso
PRESENTES Cedentes, conforme o caso, destinados à venda a terceiros (“Imóveis (“Imóveis
Imóveis”” e “Empreendimentos
“Empreendimentos
Empreendimentos”, ”, Compulsório
Compulsório”), ”), no estado em que se encontrarem, exceto caso aprovado em Assembleia Especial de
respectivamente); (ii) contam com classificação de risco de “Baixíssimo Risco”, “Baixo Risco”, “Médio Investidores (a ser definido no Termo de Securitização) a renúncia prévia ou o perdão do referido Evento
Baixo Risco”, “Médio Alto Risco”, “Alto Risco” e “Altíssimo Risco” (atribuída pelas Cedentes de acordo de Reembolso Compulsório, observado que na hipótese em que não houver o perdão ou a renúncia
com a metodologia de atribuição de classificação de risco a ser especificada no Contrato de Cessão); prévia, as Cedentes obrigam-se, em caráter irrevogável e irretratável, a pagar à Securitizadora o Valor
(iii) possuem parcelas com até 40 (quarenta) dias de atraso contados da Data Base da Cessão (a ser de Reembolso Compulsório a ser acordado no Contrato de Cessão; (o) Fundo de Despesas: A
definida no Contrato de Cessão); (iv) sejam relativos a clientes devedores (“Clientes (“Clientes ”) que tenham Securitizadora, por conta e ordem das Cedentes, com a retenção dos recursos oriundos do pagamento
Clientes”)
TECH liquidado 02 (duas) ou mais parcelas; e (v) não possuam qualquer montante objeto de renegociação do Valor da Cessão (a ser definido no Contrato de Cessão), constituirá na Conta Centralizadora, fundo
após a assinatura do respectivo Contrato de Venda e Compra, excetuada a repactuação do índice de de despesas em valor a ser acordado entre as partes, para fazer frente às (i) Despesas (a ser definido
atualização do financiamento concedido pela respectiva Cedente constante do respectivo Contrato de no Termo de Securitização); e (ii) despesas de administração e cobrança das parcelas dos Contratos de
Venda e Compra, incluindo a respectiva remuneração, conforme o caso, na periodicidade ali estabelecida, Venda e Compra devidas ao Servicer e ao Backup Servicer (“ (“Fundo Despesas”); (p) Fundo de
Fundo de Despesas”);
bem como todos e quaisquer outros direitos creditórios devidos pelos respectivos Clientes por força dos Reserva: A Securitizadora, por conta e ordem das Cedentes, constituirá, na Conta Centralizadora,
Contratos de Venda e Compra, incluindo a totalidade dos respectivos acessórios e garantias, tais como mediante retenção de valores decorrentes do fluxo de pagamento dos Direitos Creditórios Imobiliários,
BEBÊS E encargos moratórios, multas, penalidades, indenizações, inclusive as multas devidas por rescisão na forma e limites previstos na Cascata de Pagamentos, fundo de reserva para (i) fazer frente às
antecipada motivada pelos Clientes previstos nos Contratos de Venda e Compra, observado que a Obrigações (a ser definido no Termo de Securitização); (ii) para honrar com o pagamento das parcelas
CRIANÇAS cessão não abrange juros de obras e eventuais reembolsos de despesas devidos pelos Clientes, como do CRI que porventura não tenham sido quitadas em suas respectivas datas de vencimento com o fluxo
por exemplo, de tributos e custos de cartórios aplicáveis quando da transferência dos Imóveis (“Direitos (“Direitos regular dos Direitos Creditórios Imobiliários; (iii) para honrar com o pagamento das despesas de
Imobiliários”). Fica ora aprovada a cessão pela Companhia, em definitivo, dos Direitos administração e cobrança das parcelas dos Contratos de Venda e Compra devidas ao Servicer e/ou ao
Creditórios Imobiliários”).
Creditórios Imobiliários com valor nominal total de até R$ 286.550.316,83 (duzentos e oitenta e seis Backup Servicer, caso o Fundo de Despesas seja insuficiente para arcar com referidas despesas; e (iv)
milhões, quinhentos e cinquenta mil, trezentos e dezesseis reais e oitenta e três centavos), centavos), na para amortizar extraordinariamente os CRI em caso de desenquadramento do Índice de Cobertura. O
Data Base da Cessão, por meio da celebração do Contrato de Cessão, os quais serão lastro da 265ª Fundo de Reserva deverá corresponder, a partir da data da primeira integralização dos CRI (inclusive)
BEM-ESTAR emissão de CRI da Securitizadora; (ii) aprovar a operação de Securitização, por meio de emissão pela até o vencimento final dos CRI, ao respectivo montante mínimo a ser previsto em tabela no Termo de
Securitizadora dos CRI das 1ª e 2ª séries da sua 265ª emissão, conforme os termos e condições a Securitização (“Fundo (“Fundo de Reserva”);
Reserva”); (q) Recomposição do Fundo de Reserva: Na hipótese de
serem estabelecidos no Termo de Securitização, a ser celebrado entre a Securitizadora e o Agente desenquadramento do Índice de Cobertura em uma Data de Pagamento dos CRI: (a) serão utilizados os
Fiduciário, com as seguintes características: (a) Quantidade de CRI: serão emitidos 173.260 (cento e recursos do fluxo regular dos Direitos Creditórios Imobiliários, observada a Cascata de Pagamentos a
setenta e três mil e duzentos e sessenta) CRI, sendo 86.630 (oitenta e seis mil e seiscentos e trinta) CRI ser prevista no Termo de Securitização, para a Amortização Extraordinária dos CRI; e (b) caso, após a
da primeira série (“CRI Seniores”) e 86.630 (oitenta e seis mil e seiscentos e trinta) CRI da segunda utilização dos recursos decorrentes do fluxo regular dos Direitos Creditórios Imobiliários, na forma
(“CRI Seniores”)
PROMOÇÕES série (“CRI Subordinados”), observado que a quantidade de CRI poderá ser diminuída, em virtude de prevista no item (a) acima, o Índice de Cobertura permanecer desenquadrado, os recursos do Fundo de
(“CRI Subordinados”),
distribuição parcial dos CRI, desde que observado o montante mínimo de 50.000 (cinquenta mil) CRI Reserva poderão ser utilizados para a Amortização Extraordinária dos CRI até o limite do valor
(“Montante
(“Montante Mínimo”)
Mínimo”) e a subordinação a ser prevista no Termo de Securitização (“Subordinação
(“Subordinação
Subordinação”); ”); (b) necessário para o reenquadramento do Índice de Cobertura. Caso após a Amortização Extraordinária
Valor Global dos CRI: o valor total da emissão dos CRI corresponderá a R$ 173.260.000,00 (cento e disposta acima, o Índice de Cobertura permaneça desenquadrado, as Cedentes deverão recompor o
setenta e três milhões e duzentos e sessenta mil reais), sendo R$ 86.630.000,00 (oitenta e seis milhões Fundo de Reserva ao Valor Mínimo do Fundo de Reserva correspondente, na forma a ser disposta no
e seiscentos e trinta mil reais) de CRI Seniores e R$ 86.630.000,00 (oitenta e seis milhões e seiscentos Contrato de Cessão, seja em único ou em diversos eventos de recomposição ao longo da vigência dos
e trinta mil reais) de CRI Subordinados, observado que a quantidade de CRI poderá ser diminuída em CRI, de forma que haja recursos suficientes para a realização da Amortização Extraordinária dos CRI,
virtude da Distribuição Parcial, desde que observado o Montante Mínimo e a Subordinação; (c) Valor na forma a ser disposta no Termo de Securitização; e (r) Demais condições: Todas as demais condições,
Nominal Unitário dos CRI: os CRI terão valor nominal unitário de R$ 1.000,00 (mil reais) (“Valor (“Valor Nominal termos, prazos e regras específicas relacionados à Oferta serão tratados detalhadamente no Termo de
Unitário”),
Unitário ”), na data de emissão dos CRI, a ser definida no Termo de Securitização (“Data Emissão”); Securitização. (iii) aprovar a celebração do Contrato de Distribuição, a ser celebrado entre o
(“Data de Emissão”);
(d) Garantias: não serão constituídas garantias em favor dos Titulares do CRI; (e) Atualização Monetária: Coordenador Líder, a Securitizadora e as Cedentes; (iv) aprovar a celebração do Contrato de Servicing
(i) o Valor Nominal Unitário ou o saldo do Valor Nominal Unitário dos CRI Seniores, conforme aplicável, e Backup Servicing, a ser celebrado entre a o Backup Servicer e a Tenda Negócios Imobiliários, na
será atualizado monetariamente pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, qualidade de contratadas, e a Securitizadora, na qualidade de contratante, com a interveniência da
divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a partir da Data da Primeira Integralização Companhia, no qual a Companhia figurará como contratada responsável pela prestação dos serviços de
dos CRI Seniores, até a integral liquidação dos CRI Seniores, calculada de forma pro rata temporis por gestão e cobrança dos Direitos Creditórios Imobiliários e atendimento aos Clientes; e v au o a a
Conheça e Dias Úteis, nos termos a serem previstos no Termo de Securitização; e (ii) o Valor Nominal Unitário ou o p á a no e mo do e a u o o a da Companh a de odo e qua que a o e a e eb a ão de odo
saldo do Valor Nominal Unitário dos CRI Subordinados, conforme aplicável, não será atualizado e qua que do umen o que e a am ne e á o ou on en en e à e e a ão da de be a õe do
acompanhe! monetariamente ou corrigido por qualquer índice; (f) Juros Remuneratórios: (i) os CRI Seniores farão jus en a a ma n u e a a na u a de qua que n umen o e e pe o ad amen o
à remuneração equivalente à sobretaxa (spread) de 7,8978% (sete inteiros, oito mil e novecentos e ne e á o à e ão do D e o C ed ó o mob á o e à mp emen a ão da Se u a ão o a
setenta e oito décimos de milésimos por cento), cento), calculada na forma a ser prevista no Termo de ap o ada podendo n u e ma não e m ando a nego a de n e ap o a o eo do
Securitização (“Remuneração
(“Remuneração dos CRI Seniores”);
Seniores”); e (ii) os CRI Subordinados farão jus à remuneração do umen o e a onado à e ão do D e o C ed ó o mob á o e à Se u a ão b p a a o
equivalente a 100% (cem por cento) da Taxa DI, acrescida de uma sobretaxa (spread) de 3,4988% (três a o ne e á o à e eb a ão do Te mo de Se u a ão do Con a o de D bu ão do Con a o de
inteiros, quatro mil e novecentos e oitenta e oito décimos de milésimos por cento) ao ano, base Se e do Con a o de Ce ão e de qua que ou o do umen o ne e á o à e ão do D e o
252 (duzentos e cinquenta e dois) Dias Úteis (“Remuneração
(“Remuneração dos CRI Subordinados”
Subordinados” e, quando C ed ó o mob á o e à mp emen a ão da Se u a ão bem omo qua que ad amen o a e e
referido em conjunto com a Remuneração dos CRI Seniores, “Remuneração“Remuneração
Remuneração”), ”), calculada na forma a ser e a onado c p a a o a o ne e á o à on a a ão da n u õe ne e á a pa a a
prevista no Termo de Securitização. O pagamento da Remuneração será devido em cada uma das datas ea a ão da Se u a ão n u ndo ma não e m ando a on a a ão da Se u ado a do
de pagamento dos CRI relacionadas na tabela constante do Termo de Securitização (“Data(s) (“Data(s) de Coo denado L de do a e o e ega do e u ado do ban o qu dan e do Agen e F du á o da
Pagamento”),
Pagamento ”), até a data de vencimento dos CRI da respectiva série; (g) Amortização: os CRI Seniores n u ão Cu od an e do aud o ndependen e en e ou o podendo pa a an o nego a e a na
e os CRI Subordinados serão amortizados conforme estipulado no cronograma de pagamentos anexo o e pe o n umen o de on a a ão e e en ua a e a õe a he hono á o bem omo
ao Termo de Securitização. Nos termos a serem previstos na cascata de pagamentos do Termo de a a o a o á p a ado pe a D e o a da Companh a ne e en do d ea a a pub a ão e o
Securitização, que estabelecerá a ordem de prioridade nos pagamentos dos CRI com os recursos a qu amen o do do umen o de na u e a o e á a pe an e a un a ome a ompe en e e e oma
decorrentes dos Direitos Creditórios Imobiliários (“Cascata
(“Cascata de Pagamentos”),
Pagamentos”), os CRI Subordinados a p o dên a ne e á a un o a qua que ó gão ou au a qu a no e mo da eg a ão em go
somente receberão a Amortização Programada após todos os CRI Seniores; (h) Amortização bem omo oma oda a dema p o dên a ne e á a pa a a e e a ão da Se u a ão
Extraordinária dos CRI: a Securitizadora deverá promover a amortização extraordinária dos CRI, on o me o a ap o ada 6 Ence amen o nada ma ha endo a e a ado o o e e da a pa a a a
observada a cascata de pagamentos a ser estabelecida no Termo de Securitização, (i) na ocorrência dos quem e a qu e e a e u o e omo n nguém e man e ou o am u pen o o aba ho pe o empo
Eventos de Reembolso Compulsório (conforme definido abaixo); (ii) em cada Data de Pagamento, no ne e á o à a a u a da p e en e a a a qua apó eabe a a e ão o da ap o ada po odo o
montante equivalente aos recursos depositados nas Contas do Patrimônio Separado (a ser definido no p e en e e a nada Compos ção da Mesa C aud o o é Ca a ho de And ade P e den e e
Termo de Securitização) que sobejarem aos pagamentos previstos na Cascata de Pagamentos Amanda da S a R be o Se e á a Con e he o P e en e C aud o o é Ca a ho de And ade
(“Recur
(“ Recursos
Recur Excedentes”) disponíveis nas Contas Arrecadadoras (a serem definidas no Termo de P e den e F a o U hôa Te e de Mene e An onoa do G angeon T an o o Ne e M he e
sos Excedentes”)
Securitização), observada a Proporção entre Séries abaixo definida (após a amortização programada do Co o hano Robe Mau o Lu Lu he e Ma o Dua e San o Ce o que a p e en e on e e
mês em questão); (iii) para reenquadramento do Índice de Cobertura, na forma a ser definida e prevista om a a o g na a ada em o p óp o São Pau o 06 de e e e o de 2024 Amanda da S va R be o
no Contrato de Cessão e o Termo de Securitização; e (iv) a partir da segunda Data de Pagamento dos Se e á a UCESP n 63 639 24 5 em 09 02 2024
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
B12
H
á algum tempo comen-
tei sobre a dismorfia fi-
nanceira, que se refere
à preocupação excessi-
va e distorcida em relação à
atual situação financeira de
uma pessoa, independente-
mente da sua realidade objeti-
va. Mas o dinheiro gera outros
tantos comportamentos envie-
sados ou fobias.
Há diversos estudos interna-
cionais mostrando que mais
de 70% das pessoas se sentem
ansiosas com a situação finan-
ceira atual. Na verdade, mui-
tos de nós temos fobias sobre
nossas finanças, enraizadas
em eventos traumáticos passa-
dos, educação recebida, pres-
sões culturais e sociais que po-
dem desencadear o medo do
Finanças pessoais Na busca de ganhos
Especialistas defendem renda
fixa apesar da queda da Selic
Movimento de baixa
dos juros básicos pode
levar investidores
para renda variável,
mas ainda há chance
de ganhos na fixa
ISAAC DE OLIVEIRA
E-INVESTIDOR
O ciclo de queda da Selic tem
feito muita gente repensar os
investimentos em renda fixa
no Brasil. Os juros básicos es-
tão em 11,25% ao ano, mas de-
vem encerrar 2024 a 9% ao
ano, segundo expectativa do
mercado, apresentada no Bole-
tim Focus, do Banco Central
(BC). A redução da Selic favo-
rece ativos de maior risco, co-
BROADCAST DE OLHO NAS AÇÕES
Plano da Sabesp reforça
aposta positiva na ação
A proposta do governo de São
Paulo para a privatização da
Sabesp apresentada na quin-
ta-feira teve boa recepção no
mercado financeiro. Analistas
destacam que a ação, que já
era considerada um investi-
mento atraente, continua com
recomendação de compra
diante do que se vislumbra no
cenário pós-privatização.
Isto ocorre mesmo com a
alta recente do papel. Em
2024, até agora, acumula uma
valorização de quase 8%, e nos
últimos 12 meses, de mais de
Fabio Gallo
As fobias financeiras
fracasso financeiro.
É importante que conheça-
mos as principais doenças fi-
nanceiras do mesmo modo
que agimos quando estamos
com uma doença que aflige o
nosso corpo ou mente. Quan-
do temos uma febre ou outro
sintoma, nós recorremos ao
médico para termos o diag-
nóstico correto sobre a causa
e, assim, buscar sua cura.
Da mesma forma, o investi-
dor precisa conhecer as fobias
financeiras para poder adotar
estratégias que busquem a sua
saúde financeira. Algumas des-
sas doenças podem trazer cu-
riosidade, mas o fato é que ge-
ram muita dor para quem é afe-
tado por elas. A lista é grande,
vamos às principais.
mo a renda variável, que tende
a receber mais recursos à medi-
da que o investidor sai em bus-
ca de opções com maior renta-
bilidade. Assim, diante do ce-
nário atual, a renda fixa conti-
nua atrativa?
Na última reunião do Comi-
tê de Política Monetária (Co-
pom), o BC reduziu a Selic em
0,50 ponto porcentual, levan-
do a taxa para o menor pata-
mar desde março de 2022. Foi
o quinto corte seguido anun-
ciado pelo colegiado. A queda
dos juros afeta a rentabilidade
da renda fixa, que tem grande
importância nas carteiras dos
investidores, com opções dis-
poníveis para variados tipos
de perfil de risco, aporte míni-
mo e prazos de vencimento,
avaliam especialistas.
51%. “Ou seja, para o investi-
dor que visa valor agregado
pensando no longo prazo, tem
sido uma ótima escolha per-
manecer com o ativo”, afirma
Alex Carvalho, da CM Capital.
Nos cálculos da Santander
Corretora, existe uma assime-
tria atraente no valor da Sa-
besp hoje, o que abre espaço
para subir ainda mais, sendo o
Volume
51% foi a alta dos papéis
da Sabesp nos últimos
12 meses
Creofobia, que é o medo de
contrair dívidas, mesmo aque-
las gerenciáveis e considera-
das boas para a nossa vida, co-
mo financiar a casa própria. Pe-
niafobia, o medo de pobreza,
quando as pessoas têm um me-
Reconhecer suas
próprias fobias
pode permitir
decisões mais
bem informadas
do irracional de se tornarem
pobres ou perderem a sua segu-
rança financeira. Como rea-
ção, as pessoas são levadas a
tratarem o dinheiro de manei-
ra extremamente conservado-
Malu Nepomuceno, analis-
ta de renda fixa da Nord Re-
search, afirma que os maiores
ganhos de rentabilidade, hoje,
estão nos títulos atrelados à in-
flação, como o Tesouro IP-
CA+. Na visão dela, ainda há
Investimentos
Os títulos IPCA+ se
encaixam melhor na
estratégia de aplicações
de longo prazo
espaço para o investidor se be-
neficiar com a queda do juro
real. “Esses títulos possuem
um componente prefixado
que permite marcação a merca-
do. Com isso, em ciclos de que-
da de juros, esses títulos pas-
papel uma das suas prefe-
rências para o ano. O pre-
ço-alvo da casa para a ação
é de R$ 106,16 ao fim de
2024, o que representa um
potencial de alta de 31,6%
em relação ao fechamento
de quinta-feira.
Já a Empiricus adverte
que, justamente pelo fato
de a ação ter subido muito,
uma maior valorização fi-
cou limitada. A analista La-
rissa Quaresma lembra que
o processo de privatização
irá se desenrolar em meio
às eleições municipais des-
te ano, o que poderá gerar
algum ruído. l
ra e se recusam a gastar, mes-
mo quando necessário.
O medo de gastar dinheiro
em particular é conhecido co-
mo chrometofobia. A agorafo-
bia financeira é o medo de in-
vestir por conta do medo de
perder. O controle financeiro
compulsivo também é uma fo-
bia. Existe, também, a atiquifo-
bia, que é o medo do fracasso,
assim impedindo que as pes-
soas corram riscos mesmo que
calculados.
A plutofobia é o medo de se
tornar rico por receio de ter de
arcar com as responsabilida-
des associadas e podem trazer
impactos negativos em nossas
vidas e relacionamentos. Uma
fobia que não é somente finan-
ceira é o transtorno de acumu-
sam por remarcação em seus
preços, de forma que o investi-
dor que comprá-los nos mo-
mentos adequados conseguirá
vendê-los por preços mais ele-
vados do que pagou, obtendo
boas remunerações”, explica.
Os títulos IPCA+ se encai-
xam melhor na estratégia de in-
vestimentos de longo prazo.
Por conta disso, Jonas Chen,
gestor de portfólio da B. Side
Wealth Management, reforça
que o investidor deve ficar cien-
te de eventuais variações nos ju-
ros impactando os preços dos
títulos. Ainda assim, vê oportu-
nidades para perfis que supor-
tam mais ou menos risco.
PÓS OU PREFIXADOS?. Os juros
em tendência de queda com-
prometem parte da atrativida-
de de títulos pós-fixados, co-
mo o Tesouro Selic. Por conta
disso, Chen tem preferência
por prefixados, aqueles cuja re-
muneração a ser paga no venci-
mento está clara para o investi-
dor no momento da compra
do ativo. “Os títulos prefixa-
dos ainda oferecem taxas
BROADCAST TERMÔMETRO DA BOLSA
Expectativas se dividem
entre estabilidade e queda
O Termômetro Broadcast Bol-
sa mostra ceticismo do merca-
do sobre comportamento das
ações no curtíssimo prazo. A
pesquisa busca captar o senti-
mento de operadores, analis-
tas e gestores para o Ibovespa
na semana seguinte.
Entre os participantes,
60% preveem estabilidade e
40%, queda. Nenhum deles
espera avanço para o índice.
Na semana anterior, 20% acre-
ditavam em alta e outros 20%,
em variação neutra, enquanto
para 60% a Bolsa teria perdas.
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
lação compulsiva (TAC), que
afeta as pessoas que acumu-
lam bens e dinheiro de manei-
ra compulsiva, mesmo quando
não têm uma necessidade real
ou justificável.
Reconhecer e entender as
próprias fobias financeiras po-
de permitir que as pessoas to-
mem decisões mais bem infor-
madas e conscientes, gerenci-
em melhor os riscos e alcan-
cem seus objetivos financeiros
de longo prazo.
A fobia do desconhecimento
financeiro leva as pessoas a evi-
tarem aprender sobre finanças
pessoais devido ao medo de
descobrir que estão em uma si-
tuação financeira precária. l
PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV-SP
próximas a 10% ao ano. Proje-
tamos que até o fim do ano a
Selic deve atingir nível abaixo
dos juros que os prefixados ofe-
recem atualmente”, diz Chen.
Os especialistas ponderam
que os títulos pós-fixados têm
sua importância nos portfó-
lios, seja para investidores
mais conservadores ou mes-
mo para aqueles que precisam
deixar o dinheiro em uma op-
ção segura e com liquidez diá-
ria. “Para reserva de emergên-
cia, o título pós-fixado é a me-
lhor opção por ainda estar ren-
dendo a uma taxa Selic eleva-
da”, diz Nepomuceno, da
Nord Research.
Além de títulos do Tesouro,
investidores interessados em
renda fixa contam ainda com
outras possibilidades de ativos,
sejam papéis de bancos ou emis-
sões de dívidas de empresas. As
Letras de Crédito do Agronegó-
cio (LCA) e as Letras de Crédi-
to Imobiliário (LCI), por exem-
plo, contam com proteção do
Fundo Garantidor de Crédito
(FGC), diz Marcos de Marchi,
economista-chefe da Oriz. l
A agenda externa da próxi-
ma semana tem como ponto
alto a ata da reunião do Fede-
ral Reserve (banco central
americano), na quarta-feira
(21), e a reunião do Banco do
Povo da China (PBoC, em in-
glês), na segunda (19) à noite.
No Brasil, o calendário eco-
nômico é mais fraco, com des-
taque apenas ao Índice de Ati-
vidade Econômica do Banco
Central (IBC-Br), a ser publi-
cado na segunda-feira.
Entre os balanços do quar-
to trimestre de 2023 de empre-
sas que compõem a carteira
Ibovespa, saem os números
da Vale, Gerdau e B3. l

C6 E C7 A fundo
Em ensaio,
Margaret
Atwood
reflete:
como mudar o mundo?
A eclética
turma criada
por Schulz
Quadrinhos Streaming
Entre humor e lirismo, filme celebra
Snoopy e seu olhar sobre a amizade
‘Seja Bem-vindo, Franklin!’ reúne os marcantes personagens criados por Charles M.
Schulz e introduz ao grupo um menino que vive mudando de cidade e não consegue criar laços
PEDRO CIRNE
Em 1965, na Itália, um grupo
de intelectuais (Umberto Eco
entre eles) que se reunia na li-
vraria Milano Libri, em Milão,
criou uma revista de quadri-
nhos voltada para o público
adulto chamada Linus. Quatro
anos depois, foi fundada na
França a Charlie, também uma
publicação de HQs para leito-
res adultos. Seus títulos tra-
zem algo em comum: Linus é
uma homenagem a Linus van
Pelt, enquanto Charlie foi bati-
zada em referência a Charlie
Brown. E ambos são amigos
do Snoopy, o beagle mais char-
moso e famoso da nona arte.
Quando o talentoso quadri-
nista norte-americano Charles
M. Schulz (1922-2000) criou a
tira Peanuts, em 1950, ele se em-
penhava em apresentar aos lei-
tores as doces aventuras de
Charlie Brown, Linus e, claro,
do pequenino cão Snoopy. Na
prática, Schulz estava dando ori-
gem a um dos quadrinhos mais
influentes de seu país – e tam-
bém fora dele, como mostram
os dois batismos de revistas eu-
ropeias na década seguinte.
Aliás, podemos até dizer que
a fama de Snoopy extrapolou,
ainda nos anos 1960, os quadri-
nhos e, com alguma licença
poética, o planeta Terra. O mó-
dulo lunar do foguete Apollo
10, que ficou na órbita da Lua
em 1969, foi batizado como
Snoopy em sua homenagem –
o módulo de comando da mis-
são chamava Charlie Brown. E,
hoje, 24 anos após a morte de
seu criador, completados na se-
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
gunda, 12, Snoopy e sua turma
continuam dando origem a no-
vos filmes, séries e especiais,
como a animação Snoopy Apre-
senta: Seja Bem-Vindo, Frank-
lin!, que estreou ontem na pla-
taforma Apple TV+. O que le-
vou esse cãozinho beagle a sair
do frio Estado de Minnesota
onde foi criado e voar (de fogue-
te, inclusive) para tão longe?
Traços
Quando a imaginação de
Snoopy se mescla à de
Schulz, a qualidade da
produção ganha asas
A maneira mais simples de
responder seria dizer que
Schulz era um artista excepcio-
nal e que a qualidade de seu tra-
balho explica tudo. Sim, isso é
verdade. Mas é uma obra tão ri-
ca em camadas e tão duradoura
– foram quase 18 mil tiras em 50
anos – que vale a pena destacar
alguns de seus aspectos.
DE CARNE E OSSO. Com tempo
para desenvolver seus persona-
gens e histórias, Schulz deu à
luz um grupo de crianças com-
pletas, de carne e osso, em
quem podemos enxergar as
crianças ao nosso redor. As his-
tórias trazem etapas da infância
que vão muito além da alegria e
da ingenuidade. Charlie Brown
é feliz, mas também inseguro,
leal, tímido. Linus, com seu inse-
parável cobertorzinho, é ingê-
nuo, mas também inteligente,
doce, por vezes ciumento.
O rol de personagens é ou-
tro achado. Schulz criou uma
CULTURA&
COMPORTAMENTO
O ESTADO DE S. PAULO
galeria de crianças adoráveis,
apesar (ou talvez por causa) de
seus defeitos: Patty Pimenti-
nha, Marcie, o talentoso pianis-
ta prodígio Schroeder e a leve-
mente brava Lucy, entre tan-
tos outros. Isso sem falar nos
animais, em teoria, coadjuvan-
tes, mas que ganharam luz pró-
pria – além do próprio Snoopy,
claro, temos o passarinho
Woodstock, com seu idioma
particular e suas tramas que en-
volviam os leitores.
As tiras em si são, quase sem-
pre, engraçadas. Mas temos aí
uma “quebra” do que é espera-
do, uma inovação. Em muitos
momentos, o sorriso da piada
dá vez à melancolia. As HQs do
Snoopy abordam solidão, frus-
tração. Há ainda as histórias do
triste amor platônico de Char-
lie Brown pela menininha ruiva
– que nunca recebe um nome
próprio nos quadrinhos e pode
ser qualquer amor não corres-
pondido que imaginemos.
Não é só na flutuação entre
o humor e o lirismo melancóli-
co que Schulz rompe com o
convencional. Há momentos
em que a tira deixa de ser sobre
um grupo de meninos e cachor-
ro e entramos completamente
nas fantasias do Snoopy. So-
mos apresentados a outros ti-
pos de histórias, igualmente
engraçadas e doces.
Temos o Snoopy como pilo-
to da 1.ª Guerra; o Snoopy es-
critor de romances policiais; o
Snoopy esportista, exímio
competidor em várias modali-
dades. São oportunidades pa-
ra Schulz aproveitar outro de
seus recursos: o de ótimo ilus-
trador. Nessas fantasias, ele
C2
Lançamentos
!
Jennifer Lopez, ninjas e
uma ficção adolescente
AMAZON
l This Is Me... Now
O filme, com direção de Da-
ve Meyers, é complemento
do álbum lançado simulta-
neamente por Jennifer Lo-
pez, após quase uma década
sem um novo disco comple-
to (Amazon Prime Video).
NETFLIX
l House of Ninjas
Ao longo de oito episódios, a
série japonesa gira em torno
dos integrantes de uma famí-
lia de antiga linhagem de
ninjas que decidem sair “das
sombras” e tentar levar uma
vida normal (Netflix).
l Fazendo Meu Filme
A história de Fani, jovem
que é aprovada para inter-
câmbio, mas tem incertezas
sobre o que deixará no Bra-
sil (Amazon Prime Video).
C1
PEANUTS/UNITED FEATURE SYNDICATE
pode explorar os elementos
gráficos dos quadrinhos e fa-
zer graça com os vívidos so-
nhos do cãozinho. Quando a
imaginação do Snoopy se mes-
cla à de Schulz, a qualidade da
produção ganha asas.
RESGATE. A linda e cuidadosa
arte de Schulz é a embalagem
perfeita para esse conteúdo.
Ela amarra, com precisão, his-
tórias de humor e lirismo, de
amizades e frustrações, de
brincadeiras e derrotas. E, em-
bora apresente as frias ruas on-
de Schulz cresceu, alcança pes-
soas nos lugares mais distan-
tes – por exemplo, editores de
quadrinhos na Europa. Ou as-
tronautas em órbita da Lua.
Snoopy Apresenta: Seja Bem-
vindo, Franklin! resgata elemen-
tos clássicos das animações do
cãozinho: o bom aproveitamen-
to da trilha sonora, uma repre-
sentação divertida da infinita
imaginação do Snoopy e o cli-
ma leve e o humor que per-
meiam toda a trama.
Mas apenas o resgate desses
elementos não seria o suficien-
te para uma aventura nova. A
história é centrada em Franklin
Armstrong, um menino que,
por ter pai militar, vive mudan-
do constantemente e não con-
segue firmar amizades.
A animação mostra sua chega-
da à cidade do Snoopy e seu en-
contro com a eclética turma
criada por Schulz. Além do pró-
prio Franklin e sua busca por
ser aceito, há um bom destaque
para Charlie Brown e sua sensi-
bilidade – como é possível ver
em sua reflexão sobre o que é
um “melhor amigo”. l
 SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
C2 CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Direto da Fonte MARCELA PAES | MARCELA.PAES@ESTADAO.COM

PAULA BONELLI | PAULA.BONELLI@ESTADAO.COM

Gilberto Amendola gilberto.amendola@estadao.com

IARA MORSELLI

Restaurantes de neto de Bloco de Notas

Abílio Diniz nos EUA

l FAROFA. A Farofa do Proces-
so, mostra de artes cênicas

O
Attivo Group, de Gabriel Diniz Abrão, prepara
sua aterrissagem nos Estados Unidos. O empre- com foco em aberturas de pro-
cessos artísticos, faz sua 2ª edi-
sário, neto de Abílio Diniz, vai abrir cinco res- ção nos dias 2 a 10 de março.
taurantes com a marca Su, de culinária japone- Os espaços que recebem a Fa-
sa, na Flórida, ao longo dos próximos quatro anos. Em rofa do Processo este ano são a
Coral Gables ainda este ano, em Palm Beach e Tampa, Oficina Cultural Oswald de An-
em 2026, e em Orlando e Fort Lauderdale em 2027. O drade, Teatro de Contêiner
grupo tem nove unidades no Brasil, sendo sete restau- Mungunzá e a Casa do Povo.
Um dos espetáculos é o Avesso
rantes - Aima, Kitchin (com três unidades), Gioia, Su da Pele, baseado no livro de Je-
e La Serena – e duas dark kitchens. Segundo Gabriel, a ferson Tenório, vencedor do
expansão foi pensada “levando em consideração as Jabuti de 2021.
particularidades de cada localidade”. Ele também con-
tou que está abrindo portas para novos investidores
que queiram participar da expansão. “Estamos captan- l É DO GLOBOPLAY. O documen-
tário Para Sempre Tão Bom: Pa-
do US$2 milhões de equity da holding do projeto para quitas é uma produção original
compor parte do investimento da primeira unidade Globoplay – e não da Netflix
do grupo nos Estados Unidos, com previsão de abertu- como a coluna publicou na últi-
ra para o segundo semestre de 2024 ,diz. Gabriel Diniz Abrão prepara sua aterrissagem nos Estados Unidos ma quinta-feira.

ELLITE PRODUÇÕES RG PRODUÇÕES

Estruturas náuticas no Pato Donald em turnê

interior de São Paulo para celebrar 90 anos
A Secretaria de Turismo e Via- Neste ano, Donald Fauntleroy
gens de SP inaugura, neste fim Duck – mais conhecido como
de semana, as primeiras estru- Pato Donald – completa 90
turas náuticas públicas do Es- anos desde sua primeira apari-
tado de SP, em Rubinéia, Três ção oficial no curta-metragem
Fronteiras e Pereira Barreto. A Galinha Sábia, lançado em 9
As estruturas náuticas in- de junho de 1934. Para come-
cluem píeres e rampas náuti- morara a data, a Disney Brasil
cas. O objetivo é atrair novos preparou uma campanha, que
visitantes em municípios loca- foi iniciada em Salvador, na Ba-
lizados à beira de rios represa- hia, com Donald curtindo o car-
dos, como o Tietê e o Paraná. naval com Carlinhos Brown.

1. Miguel
3 4
Falabella e 1
Pinah Ayoub
no Abre Asas
da Arara, na
Marquês de
Sapucaí, na
segunda.
2. Bárbara Paz
e Taís Araújo.
3. Emanuelle
Araújo. 2
4. Alex Atala.
BRUNO RYFER
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da vida na periferia
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
heguei à conclusão de
C que estou vivendo, aos 53
anos, a melhor fase da mi-
nha vida. A frase é mes-
mo de impacto para um sábado
pós-carnaval, mas traz um pare-
cer sem exagero ou miopia e, ga-
ranto, não representa nenhum
tipo de mantra de autoajuda pa-
ra me convencer. O fato é que a
idade, no meu caso, veio acom-
panhada de uma bem-vinda ma-
turidade e de uma certa frieza
para tomada de decisões que an-
tes me mantinham em um ema-
ranhado de ações impulsivas.
Cheguei à conclusão de que o
volume de energia atrapalhava,
e muito, a alegria genuína que
sinto agora na minha vida. Em-
SEG Simião Castro (quinzenal) l TER. Patrícia Ferraz l QUA. Roberto DaMatta l QUI. Luciana Garbin (quinzenal), Patricia Ferraz l SEX. Marcelo Rubens Paiva (quinzenal) e
Maria Fernanda Rodrigues l SAB. Alice Ferraz, Suzana Barelli, e Daniel Martins de Barros (quinzenal) l DOM. Leandro Karnal, Sérgio Augusto e Ignácio de Loyola Brandão (quinzenal)
Artes Visuais
Brasil é destaque
na ‘bienal do
deserto’ da
Arábia Saudita
Mostra realizada fora
de espaços tradicionais,
reforçando ligação com
a natureza, recebe
pela 1.ª vez artista e
curador do País
ALICE FERRAZ
Em meio à distópica paisagem
do deserto da Arábia Saudita,
uma fina linha dourada desta-
ca-se no topo de uma espécie
de vulcão. Dela, se desprende
uma perfumada fumaça, que
se dissipa de forma orgânica,
chamando a atenção de quem
passa por ali. A imagem é de
Sfumato, instalação site speci-
fic criada pela artista brasilei-
ra Karola Braga para o Desert
X Al-Ula, evento voltado às ar-
tes visuais que ocorre no no-
roeste daquele país.
Baseado no legado do De-
sert X, que ocorre no Coa-
chella Valley, na Califórnia, o
Desert X Al-Ula se conecta
aos princípios da land art,
movimento artístico que nas-
ceu nos anos 1960 e reforça a
ligação da arte com a nature-
za e o nosso entorno, extrapo-
lando os espaços convencio-
nais de galerias e museus.
A “bienal do deserto”, como
foi apelidada, tem também pe-
Alice Ferraz
A melhor fase da vida
barcar para Bali atrás de um na-
morado surfista que fugia de um
relacionamento pode ser diverti-
do como lembrança da juventu-
de, mas é apavorante, pois a me-
mória que ficou foi de angústia,
tristeza e desamparo.
Eu vivi minha juventude be-
bendo a vida aos baldes, engas-
gando muito e colocando boa
parte para fora. Não só no lado
romântico, mas no profissional
também, era só arrebatamento.
Passei noites em claro com pro-
blemas que não eram meus e que
ninguém tinha me pedido para
resolver. Não posso dizer que to-
da essa entrega não me trouxe
recompensas, mas a sensação de
que não gostaria de viver nova-
la primeira vez a curadoria de
um brasileiro, o paulistano
Marcello Dantas, que assina a
concepção da edição de 2024
ao lado da libanesa Maya El
Khalil. A convite, os 16 artis-
tas desenvolveram projetos
sob o tema Na Presença da Au-
sência, guiados pela intrigan-
te pergunta: o que acreditam
não poder ser visto?
“A ideia é detectar algo que
está latente no nosso presente,
mas que não está em nosso
campo de percepção imediato.
Isso motivou os artistas a um
diálogo muito rico, já que foi
preciso trabalhar em escalas
monumentais, tendo como
norte um sentimento de humil-
dade pela magnitude do espaço
natural e do campo histórico
dessa região”, explica Dantas.
ROTA DO INCENSO. Para a ideali-
zação das instalações, cada ar-
tista foi convidado a vivenciar
o deserto por um período e a
imaginar inúmeras possibilida-
de da relação entre o humano e
o natural. Foi guiada também
por esses preceitos que Karola
Braga trouxe ao encontro da ar-
te a emblemática Rota do In-
censo, que há mais de 5 mil
anos conduziu caravanas entre
cidades, vilarejos e mausoléus.
“Madeiras, especiarias, er-
vas e incensos eram extrema-
CULTURA&COMPORTAMENTO
alice@fhits.com.br
mente essas emoções me faz ter do. Sobre o desconhecimento,
certeza de que bom, não foi.
Voltando à fase atual, o fato é
que me deparei com um muro
enorme bem no meio dessa es-
trada que parecia aberta para
a ciência tem garantido pesqui-
sas, normalmente lideradas
por mulheres, com material pa-
ra sabermos como encontrar
nosso próprio caminho quan-
meus maiores sonhos: a meno- do chegar o momento. Nos es-
pausa. A tão mítica quanto des- tudos, fica claro que não é o fim,
conhecida fase da mulher ma- o muro não é tão alto e é só mais
dura me causou pânico. Bem uma fase da vida, com seus cui-
agora no ápice, quando consigo dados e, hoje, muitos recursos.
ver quase o quadro inteiro e Pesquisar tem sido uma for-
não só a próxima curva da mi- ma de me sentir confortável pa-
nha existência, vou diminuir ra tomar as decisões que me fa-
meu ritmo? Era tudo o que eu zem sentir melhor fisicamente.
temia. Então, vamos às desco- Sobre o medo de falar e ser julga-
bertas. O mito que envolve a da como alguém agora talvez
menopausa foi criado porque “fora do jogo” profissional ou ro-
não era comum falarmos sobre mântico, cabe a cada uma de nós
ela, por desconhecimento e me- abrir o caminho, esclarecendo
Karola Braga e Marcelo Dantas em meio à magnitude do espaço natural da cidade-oásis Al-Ula
mente valorizados por nossos INFLUÊNCIA. A presença de Bra-
antepassados, resultando no ga e Dantas em um evento des-
desenvolvimento de rotas co- sa proporção reforça a impor-
merciais. As matérias-primas tância e o crescimento do Bra-
comercializadas eram empre- sil nesse mercado. No fim de
gadas em rituais religiosos, na 2023, a revista ArtReview divul-
gou sua lista Power100, com os
cem nomes mais influentes das
Conceito artes visuais do mundo – artis-
Ideia é detectar algo tas, colecionadores, curadores
latente no nosso presente, e diretores de instituições. Nes-
mas fora de nosso campo sa última edição, seis brasilei-
de percepção imediato ros são mencionados, entre
eles Adriano Pedrosa, diretor
do Museu de Arte de São Paulo
produção de ervas medicinais, (Masp), que este ano assina a
medicamentos e perfumes”, curadoria da Bienal de Veneza,
afirma a artista. “Nesse contex- marcada para o mês de abril.
to, Al-Ula teve um papel funda- Primeiro latino-americano
mental nas peregrinações rea- a ocupar o alto cargo em 130
lizadas ao longo da Rota do In- anos da exposição mais anti-
censo. As caravanas paravam ga do setor, Pedrosa também
em Al-Ula para descansar.” recebeu o Prêmio Audrey Ir-
C3
as mentiras sobre a mulher ma-
dura. Prefiro e confio mais na in-
teligência e na sabedoria da Ali-
ce de hoje do que daquela refém
dos picos que atrapalhavam,
mas pareciam incríveis pela né-
voa da juventude. Sou mais sen-
sata, confiável, sigo cheia de inte-
resse, pulsante e conectada e, ga-
ranto, cheia de energia vital para
minha vida romântica. A mu-
lher madura pode ser uma par-
ceira melhor para si e para seus
pares. A próxima geração de mu-
lheres pode vir sem o medo que
eu tive dessa fase; como qual-
quer outra, ela vale a pena. l
É ESPECIALISTA EM MARKETING
DE INFLUÊNCIA E ESCRITORA,
AUTORA DE ‘MODA À BRASILEIRA’
THE ROYAL COMMISSION FOR AL-ULA
mas de Excelência Curatorial
por exposições relevantes, co-
mo Histórias Indígenas, no
Masp. Para assinar a curado-
ria do Pavilhão do Brasil no
evento, Pedrosa convidou
três pensadores multidiscipli-
nares indígenas, Arissana Pa-
taxó, Denilson Baniwa e Gus-
tavo Caboco Wapichana.
Como explica Marcello Dan-
tas, “há o resgate de uma rela-
ção de interdependência”. “A
natureza, os povos originários
e o clima passaram a ser temas
imperativos em nossos rumos
para iniciarmos uma discussão
estética. A Arábia Saudita tem
um passado enorme e seu cres-
cimento global por meio da cul-
tura mostra o quão revolucio-
nária a própria cultura pode
ser.” l COLABOROU ANA CAROLINA RALSTON
 SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
C4 CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Horóscopo Artes Fotografia nésia, e também com proble-

Quiroga Sebastião Salgado

mas na coluna causados por
uma mina terrestre que o atin-
giu em Moçambique –, Salga-
oscar@quiroga.net
do opta agora por uma vida me-

Sofrer e fazer sofrer
Data estelar: Vênus e
Plutão em conjunção
o que tudo indica, o
ao encontro delas, um dia, na
eternidade do tempo, encon-
tramos a luz também, porque
voltamos a nós mesmos pelo
outro lado.
anuncia aposentadoria nos arriscada, mas não menos
ativa. “Eu sei que não viverei
muito mais. Mas eu não quero
do trabalho de campo viver muito mais. Eu vivi tanto
e vi tantas coisas”, admitiu na
entrevista ao Guardian.

A Universo é uma esfera

cujo centro está em
todas as partes e sua
circunferência em nenhuma,
e em toda esfera, se você ca-
minha em linha reta, em al-
gum momento da eternidade
você voltará ao mesmo lugar
de partida, pelo outro lado.
Teoricamente, o mesmo
aconteceria ao mergulhar em
nossas sombras, de tanto ir
ÁRIES 21-3 a 20-4
Ainda que as pessoas
não se entendam entre
si, mesmo assim terão
de compartilhar o caminho, e por
isso é inevitável que elas terão
também de encontrar uma for-
ma de se tolerarem mutuamen-
te, e se tratarem com respeito.
Essa mania humana de bus-
car longe o que está muito
próximo foi enunciada por Pitá-
goras, mas parece que as visões
e realização de que não precisa-
mos sofrer para compreender
nosso propósito demora muito
para ser absorvida, nosso ape-
go ao drama e ao sofrimento
ainda nos serve de justificativa
para continuarmos sofrendo e
fazendo sofrer. l
TOURO 21-4 a 20-5
Nesta parte do cami-
nho, é importante man-
ter o senso de propor-
ção, porque assim você evitará
exagerar nas iniciativas que to-
mar agora, diante do que aconte-
ce. Anda todo mundo dramático
demais, e isso não é muito bom.
Aos 80 anos, ele
avisa que agora só
vai cuidar da saúde
e da curadoria de seu
acervo e participar
de exposições
Sebastião Salgado, renoma-
do fotógrafo brasileiro cuja
carreira abrangeu décadas
documentando com pro-
fundidade guerras, crises
humanitárias e as belezas
naturais do mundo, anun-
ciou sua aposentadoria do
trabalho de campo. Conhe-
QUADRINHOS
Minduim Charles M. Schulz
cido por seu inconfundível es-
tilo em preto e branco e por
capturar a essência humana e
natural em sua produção, o mi-
neiro decide agora se dedicar
à curadoria de seu acervo. As
informações são do jornal bri-
tânico The Guardian.
Aos 80 anos, recém-comple-
tados, ele admite que a saúde
foi um fator determinante na
sua decisão de se aposentar.
Tendo de conviver com as se-
quelas de uma doença sanguí-
nea causada pela malária – que
foi tratada inadequadamente
depois de contraída, na Indo-
PROJETOS. Mesmo se afastan-
do do trabalho de campo, Sal-
gado não deixa de contribuir
para o mundo da fotografia.
Os seus próximos projetos in-
cluem a participação na expo-
sição da Sony World Photo-
graphy Awards 2024, que
ocorre em Londres, e uma co-
laboração com o Wende Mu-
seum de Los Angeles, sobre a
indústria na União Soviética.
Ele também prepara uma
mostra para a Cop30, a ser rea-
lizada em Belém, destacando
seu projeto Amazônia. l

GÊMEOS 21-5 a 20-6 CÂNCER 21-6 a 21-7

Para você abraçar o futu-
ro que neste momento
sua alma percebe, será
necessário executar alguns movi-
mentos radicais de mudança,
porque você não vai poder in-
gressar ao futuro carregando far-
dos desnecessários do passado.
Os conhecidos nem
sempre são tão conheci-
dos assim, e de tempos
em tempos, como agora, ocor-
rem várias coincidências que le-
vam a, espontaneamente, você
observar comportamentos que
antes pareciam inimagináveis. Recruta Zero Mort Walker

LEÃO 22-7 a 22-8 VIRGEM 23-8 a 22-9

A confiança é boa, mas
precisa ser brandida
com cuidado e, princi-
palmente, depositada em pes-
soas que tenham sido testadas
de alguma forma por você. Dar
confiança a quem não a merece é
o mesmo que pedir uma traição.
Tantas coisas diferen-
tes poderiam ser feitas
com o que acontece ago-
ra, mas é preciso ter foco e se
ater exclusivamente àquelas so-
bre as quais você tenha relativo
domínio, para poder produzir
Turma da Mônica Maurício de Sousa
algo interessante. Em frente.

LIBRA 23-9 a 22-10 ESCORPIÃO 23-10 a 21-11

No fundo, você conse-
gue reconhecer que,
desejando, pode fazer o
que quiser, independentemente
das consequências. Não se trata
de testar o alcance do seu poder,
isso seria perda de tempo, se tra-
ta de acertar na tecla.
Para aproveitar os ven-
tos das mudanças, é
necessário você apro-
fundar as rupturas com o pas-
sado, porque nenhum tempo
passado foi melhor que o futu-
ro almejado, e além disso, por- O melhor de Calvin Bill Watterson
que é assim que as coisas são.

SAGITÁRIO 22-11 a 21-12 CAPRICÓRNIO 22-12 a 20-1

Há coisas que, apesar de
polêmicas, ainda assim
precisam ser tratadas,
mesmo que num primeiro instan-
te pareçam trazer problemas
maiores dos que se tentava solu-
cionar. É hora de todo mundo
pensar melhor sobre a vida.
De muitas formas, o
medo oculta nossas
forças, para que conti-
nuemos levando uma vida or-
dinária e medíocre enquanto,
no fundo, poderíamos ser to-
Frank & Ernest Bob Thaves
dos heróis e heroínas do Uni-
verso. O que você prefere ser?

AQUÁRIO 21-1 a 19-2 PEIXES 20-2 a 20-3

Para que seria necessá-
rio você se conformar
com o que existe e dei-
xar de procurar qualquer coisa
que o seja? Isso seria como mor-
rer em vida, porque enquanto
você existir, haverá também de-
sejos que pressionarão.
É importante questio-
nar, fundamental até,
em primeiro lugar por-
que nossa humanidade é capa-
citada a questionar, e em se-
gundo lugar porque, na melhor
das hipóteses, o questionamen-
to estimula o discernimento. BEM PENSADO “O que é um rebelde? Um homem que sabe dizer não” Albert Camus
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
eço desculpas por come-
P çar esta coluna com uma
história pessoal. Em al-
gum momento entre
2004 e 2006, roubaram uma gar-
rafa do Château Margaux 2015
da minha adega. Meu maior sus-
peito é um técnico que foi arru-
mar esse eletrodoméstico. Ima-
gino que apenas um conhece-
dor saberia identificar rapida-
mente o melhor rótulo ali arma-
zenado, uma garrafa quase es-
condida no fundo de uma das
prateleiras mais baixas. Desco-
bri o roubo meses depois e, na
época, não tinha provas para
acusar a empresa responsável
pela manutenção. Sim, era o vi-
nho mais valioso que eu tinha.
SEG Simião Castro (quinzenal) l TER. Patrícia Ferraz l QUA. Roberto DaMatta l QUI. Luciana Garbin (quinzenal), Patricia Ferraz l SEX. Marcelo Rubens Paiva (quinzenal) e
Maria Fernanda Rodrigues l SAB. Alice Ferraz, Suzana Barelli e Daniel Martins de Barros (quinzenal) l DOM. Leandro Karnal, Sérgio Augusto e Ignácio de Loyola Brandão (quinzenal)
CRUZADAS
SUDOKU
Le Vin Filosofia
Por que cresce o roubo de garrafas de vinho?
Imagino que acontecerá a
mesma coisa com o roubo de
83 garrafas de vinho que sumi-
ram entre as mais de 300 mil
unidades na adega do La Tour
d’Argent. O roubo foi divulga-
do na semana passada. O res-
taurante, com vista privilegia-
da para o Rio Sena e para a
catedral de Notre-Dame, em
Paris, é um ícone da cidade.
Fundada há 442 anos, a casa
inspirou o filme Ratatouille.
O Tour d’Argent não divul-
gou a lista dos vinhos rouba-
dos em algum momento de-
pois de janeiro de 2020. Sabe-
se apenas que, entre elas, havia
safras antigas do Domaine de
La Romanée-Conti e que o pre-
NA WEB
NA WEB Jogue o sudoku
https://bit.ly/49B0ELI
Suzana Barelli instagram: @suzanabarelli
juízo é estimado em quase R$ 8
milhões. Não é pouca coisa. A
adega é estimada em mais de
R$ 150 milhões, e a carta de vi-
nhos é apresentada aos clien-
Durante inventário,
restaurante de Paris
descobriu sumiço de
83 unidades, prejuízo
de R$ 8 milhões
tes em um carrinho de chá, ta-
manho o seu peso.
O roubo foi descoberto du-
rante um inventário da adega,
que não era feito desde 2020.
Segundo as informações ofi-
Jogue as cruzadas
https://bit.ly/48fPKcZ
SOLUÇÕES
CULTURA&COMPORTAMENTO
ciais, a polícia francesa não tem
pistas sobre os larápios ou so-
bre o paradeiro dos vinhos. O
que se sabe é que os grandes vi-
nhos estão entrando na mira de
quadrilhas especializadas.
A explicação está na valori-
zação desses vinhos icônicos.
Não encontrei a safra do meu
Château Margaux no mercado
brasileiro, mas a importadora
Claret vendia por R$ 15.999
uma garrafa da safra de 2004
até o final do ano passado. A
escassez dessas garrafas e
clientes dispostos a pagar um
bom dinheiro por elas, mesmo
desconhecendo sua origem, es-
timulam essas quadrilhas.
No noticiário internacional,
CRIPTOGRAMA E CAÇA-PALAVRAS Nesta seção, todos os dias, um jogo diferente para você
C5
vem aumentando o número de
histórias como essas. Em no-
vembro, por exemplo, a polícia
francesa evitou o roubo de dois
caminhões que transportavam
garrafas do champanhe Moët
& Chandon no valor de 600
mil euros. Em cena cinemato-
gráfica, a polícia conseguiu
identificar os caminhões na es-
trada e um dos motoristas pu-
lou do veículo ainda em movi-
mento e fugiu em um carro que
o aguardava. A carga foi recupe-
rada, mas os ladrões seguem
em liberdade. E essa é apenas
uma das várias histórias. l
SUZANA BARELLI É JORNALISTA
ESPECIALIZADA EM VINHOS

C6
A FUNDO
É hora de começarmos a desejar
a nossa própria sobrevivência
Como
mudar o
mundo?
MARGARET ATWOOD
uando vi o título des-
“Q ta conferência, “Co-
mo mudar o mun-
do?”, surgiram em mim três
perguntas. Primeira, o que se
entende por “mudar”? Segun-
da, o que se entende por “co-
mo”? E terceira, o que se enten-
de por “mundo”?
Depois, quando compareci à
conferência como integrante do
segundo painel, descobri que os
outros conferencistas tinham
respostas variadas a estas três
perguntas. A maioria definia
“mudar” no sentido de mudan-
ça social. Também supunham
que qualquer mudança que eles
mesmos postulassem seria para
melhor. Como o primeiro pai-
nel de discussão daquele dia ha-
via sido dedicado a tudo que ha-
via de errado com o estado atual
das coisas, a predisposição para
a mudança positiva estava im-
plícita. De todo modo, muito
poucos especialistas ou políti-
cos confessariam uma intenção
de mudar o mundo para pior.
(...)
É sempre o mesmo problema
quando são propostas mudan-
ças utópicas radicais: o que fazer
com aqueles que não concor-
dam com você? Este é o lado
sombrio de qualquer plano para
uma mudança positiva e tem dei-
xado algumas pessoas (...) bas-
tante nervosas com o uso gratui-
to da palavra progresso. Progres-
so para quem, ou para quê? (...)
Na conferência, o campo de
debates concentrou-se princi-
palmente na perspectiva social,
ENSAIO
então os “comos” sugeridos (...)
baseavam-se em alterações das
instituições humanas. Quanto
ao “mundo”, esta palavra pas-
sou a significar principalmente
o mundo urbano, moderno, oci-
dental e humano em que vive a
maioria dos conferencistas e os
que assistiram aos debates. (...)
Como a sociedade deve ser or-
ganizada? Como deve ser dirigi-
da? Como a riqueza deve ser cria-
da e como deve ser distribuída?
(...) Naturalmente estas são
questões que valem a pena ser
discutidas. Mas tem um elefan-
te muito grande na sala que nin-
guém quer mencionar. Os pro-
blemas mais urgentes que en-
frentamos hoje têm a ver sim-
plesmente com as necessidades
da vida, da vida biológica. (...) Se
não forem abordados, muito em
breve e de forma concreta e
prática, todas as discussões e de-
bates e toda a dialética serão irre-
levantes, seja porque não resta-
rão seres humanos para discutir
ou porque aqueles que sobrevi-
verem estarão muito ocupados
com o trabalho básico de alimen-
tação e abrigo. (...)
Quando Rachel Carson publi-
cou Primavera Silenciosa, em
1962, as grandes empresas quí-
micas produtoras de pesticidas
despenderam muito tempo,
energia e dinheiro tentando des-
truir sua reputação profissional
e pessoal. No caso do livro Os
Limites do Crescimento, um estu-
do elaborado pelo MIT e produ-
zido pelo Clube de Roma, em
1972, que previu um colapso em
algum momento do século XXI
se continuássemos sem contro-
le em nosso presente caminho,
Temperaturas
estão derretendo o
gelo e liberando
hidratos de metano
JEAN MALEK/DIVULGAÇÃO
Novo livro
Este texto integra
‘Questões Incendiárias’,
de Atwood, que será
lançado em março pela
Rocco, com tradução
de Maira Parula
os ataques foram mais graduais;
mas seu efeito cumulativo foi o
de erodir a credibilidade do rela-
tório nos anos 1990. Agora, po-
rém, Carson e o Clube de Roma
estão sendo vingados pelos
eventos reais, embora a oposi-
ção a suas ideias continue feroz.
(...)
Os últimos alertas não vêm de
jornalistas científicos solitários
nem de grupos de intelectuais.
Vêm do Pentágono – que, vale
notar, não é um conjunto de
abraçadores de árvores –, que
alertou em 2004, em um relató-
rio secreto, que a mudança cli-
mática representava uma amea-
ça pior que o terrorismo e que
poderia mergulhar o mundo em
um estado de anarquia. Posição
semelhante foi adotada pelo
Banco Mundial (...) em seu rela-
tório de 2012 intitulado Turn
Down the Heat: Why a 4°C War-
mer World Must Be Avoided.
(...)
Os relatórios se concentram
nos efeitos do aquecimento glo-
bal sobre os seres humanos,
com o foco em resultados tais
como elevação do nível dos ma-
res, climas extremos e desertifi-
cação. Contudo, existem outros
dois fatores que não são destaca-
dos nestes relatórios, mas que
podem se mostrar decisivos.
O primeiro é a emissão de me-
tano na atmosfera procedente
de várias fontes, como a decom-
posição da vegetação quando
se descongela o permafrost e a
liberação de hidratos de meta-
no descongelados. Como aque-
cedor global, o metano é 25 ve-
zes mais potente do que o dióxi-
do de carbono. Só no Alasca, se-
gundo afirma Andrew Wong,
“o recuo das geleiras e o derreti-
mento do permafrost estão li-
berando de 50 a 70% mais meta-
no do que se acreditava”.
O segundo fator é o papel que
têm as algas na criação de oxigê-
nio. Antes do reino das cianobac-
térias, aproximadamente 1,9 bi-
lhão de anos atrás, havia tão pou-
co oxigênio na atmosfera terres-
tre que o ferro não enferrujava.
Hoje, as algas produzem de 50 a
80% do oxigênio que respira-
mos. Se matarmos os oceanos,
nos mataremos.
À luz destes problemas (...)
prefiro definir “mudar”, “co-
mo” e “o mundo” de um jeito
bem elementar. “O mundo” que
vejo é o mundo em sua totalida-
de: o espaço físico de gases, líqui-
dos e sólidos em que vivemos, e
que portanto encerra todos os
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
nossos espaços sociais. “Mu-
dar” vejo como mudança física:
na água, no ar, na terra e no cli-
ma. O “como” seria uma combi-
nação de intervenção física posi-
tiva e ação física negativa que afe-
tarão nosso espaço físico. Para
preservá-lo devemos fazer algu-
mas coisas novas: devemos fa-
zer as coisas antigas de um jeito
diferente; e precisamos parar de
fazer algumas coisas.
Quando perguntamos “Co-
mo Mudar o Mundo?” dentro
desses parâmetros, o tema pare-
ce ser mais do que um pouco ab-
surdo. Diante disto, a pergunta
parece não ter resposta, porque
mudar o mundo em si parece
uma tarefa impossível. (...) Não
achamos que nós, pessoalmen-
te, temos o poder de mudar o
mundo, e, mesmo que tivésse-
mos este poder, em nossos mo-
mentos mais racionais sabemos
que nos falta a sabedoria. (...)
Por outro lado, o mundo mu-
dou muitas vezes sem a nossa
intervenção. Houve períodos de
calor e períodos de frio; conti-
nentes se chocaram e se separa-
ram, tudo sem que nós levantás-
semos um dedo. (Nem seria pos-
sível, não estávamos lá.) Mas o
mundo também foi mudado re-
centemente, por seres huma-
nos. Os agentes da mudança no
mundo antes de nosso advento
foram muitos, sendo o principal
propulsor a atividade solar;
mas, depois que a vida se estabe-
leceu, ela começou suas pró-
prias reorganizações. Não so-
mos a única forma de vida a ter
afetado as condições predomi-
nantes no planeta Terra. (...)
Mas, com a ajuda da energia
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
barata proporcionada por
combustíveis fósseis de carbo-
no, o Homo sapiens agora está
alterando a Terra em uma esca-
la sem precedentes, e com con-
sequências imprevisíveis.
Então, sim, nós podemos mu-
dar o mundo. Já o mudamos, ain-
da o mudamos e, a não ser que
agora possamos fazer uma mu-
dança de volta, estamos diante
de desafios sem precedentes,
desde que começamos a regis-
trar nossa história.
(...)
Sou uma escritora de ficção, e
às vezes de “ficção científica”,
ou “ficção especulativa”, enfim,
ficções ambientadas no futuro
(...) Minhas ficções deste tipo ex-
trapolam a partir de dados e ten-
dências presentes, projetam-
nos no tempo e postulam suas
consequências. (...)
Alguém que escreve ficções
desse tipo está constantemente
refletindo sobre mudanças. (...)
É claro que os escritores de fic-
ção se especializam em inventar
histórias, mas para aqueles que
discutem um tema da vida real,
talvez não seja irrelevante per-
guntar primeiro: em que tipo de
história nós achamos que esta-
mos, sendo “nós” a espécie hu-
mana? Porque a resposta, em
parte, determinará o resultado.
Se for uma comédia (...) “nós”
enfrentaremos uma série de obs-
táculos, culminando em um mo-
mento de desgraça em que tudo
parece perdido; mas por uma
combinação de atitude, determi-
nação, astúcia, amor e talvez um
deus ex-machina, superaremos
esses obstáculos e sairemos de-
les triunfantes(...). Mas se for
DENIS BALIBOUSE/REUTERS
uma tragédia, estaremos tão in-
flados com o senso de nossa pró-
pria sabedoria e importância
que estaremos cegos a nossos
próprios defeitos. Cairemos en-
tão de nossa altitude elevada em
direção a um fim ignominioso
(...). Se nossa história for um me-
lodrama, experimentaremos
uma mistura das duas coisas: al-
tos e baixos como em uma mon-
tanha-russa; o que talvez se pare-
ça mais com a vida real.
Ficção e realidade
Há uma tradição
venerável de histórias que
transformam o mundo em
outra coisa muito melhor
ou em algo muito pior
Qual destas três estruturas
descreve melhor a história que
pensamos habitar? A julgar pe-
los jornais, a tragédia e o melo-
drama são os preferidos. Os de-
fensores do final feliz invariavel-
mente propõem a salvação pela
engenhosidade (ou tecnologia),
que eles veem como nossa única
saída do buraco em que nos me-
temos por culpa da engenhosi-
dade (ou tecnologia). (...)
Depois de decidirmos – ou
tentarmos adivinhar – em que
história estamos, podemos deli-
mitá-la ainda mais. Há uma tra-
dição venerável de histórias so-
bre mudanças em nosso mundo
que ou o transformam em outra
coisa muito melhor do que é ho-
je (...) ou em algo muito pior.
O primeiro tipo de história
costuma ser chamado de “uto-
pia”, em que se contrasta o esta-
do atual deplorável das coisas
com um cenário hipotético em
que os defeitos do presente são
eliminados. A trajetória moral
desse tipo de história é ascen-
dente – isto é, a humanidade as-
cendendo ao Paraíso que antiga-
mente se pensava existir acima
da camada de Quintessência
que cerca o globo, acima das ou-
tras quatro essências – terra,
água, ar e fogo. Em uma utopia,
temos a possibilidade de encon-
trar as coisas de que pensamos
gostar e apreciar (...).
O segundo tipo de história se
chama “distopia”. Nas disto-
pias, as coisas ficam muito pio-
res do que achamos que estão. A
trajetória moral das distopias é
descendente, e nesses mundos
encontramos todas as coisas
que pensamos detestar (...).
Às vezes, quando nós, escrito-
res de ficção, fazemos declara-
ções sobre o mundo que a maio-
ria das pessoas concorda ser o
mundo real, somos acusados de
escrever “ficção científica”. Mas
talvez a ficção científica agora es-
teja nos escrevendo. Dito de ou-
tra forma: teríamos nós inventa-
do as tecnologias – e portanto as
mudanças que elas causam no
mundo – porque as imaginamos
primeiro? (...) Sendo assim, já
desejávamos voar como os pás-
saros há muito tempo, e agora
voamos; mas não exatamente
como os pássaros, nem gosta-
mos de todas as consequências
de nossos voos, que agora in-
cluem bombas e drones.
Porque cada uma de nossas
tecnologias é uma espada de
dois gumes. Um gume abre o
caminho, o outro corta nossos
dedos. O mundo que criamos
parece mágico para as pessoas
de 5 mil anos atrás; entretanto,
somos menos feiticeiros que
aprendizes de feiticeiros. Pode-
mos libertar os gênios de suas
lâmpadas, mas tentar espremê-
los de volta parece, no momen-
to, além de nossa capacidade.
Criamos o rolo compressor; vi-
vemos nele; se ele parar, a con-
sequência será caos e anarquia.
Imagine só o que aconteceria
se todas as luzes se apagassem
e os trens e carros parassem de
rodar. Nas cidades, a comida se
esgotaria em alguns dias, e de-
pois? Estamos dentro do meca-
nismo incrível que nós mes-
mos construímos e não sabe-
mos como sair dele (...).
Quais podem ser os remé-
dios? Que mudanças positivas
podemos fazer? Aqui estão algu-
mas possibilidades que frequen-
temente ouço proporem.
Em primeiro lugar, ciência e
tecnologia. (...) Somos inteligen-
tes o bastante para prever nossa
possível extinção e analisar nos-
so próprio papel nela. Não sere-
mos também inteligentes o bas-
tante para inventar engenhocas
que mitigarão ou até reverterão
as tendências calamitosas que
estivemos rastreando? É possí-
vel. E muitos estão ocupados tra-
balhando exatamente nisto. (...)
Será que serão aprimoradas e
mobilizadas a tempo?
E quanto ao fato de que, sim-
plesmente para construir e
transportá-las, ainda mais ener-
gia – de petróleo, gás ou carvão –
será necessário consumir? E o
imenso lobby dos combustíveis
fósseis? Por que este setor aco-
lheria o advento de invenções
que podem interferir em seu
próprio poder e influência?
Assim, quem vai financiar to-
das essas invenções novas? Só
existem duas possibilidades: em-
presas privadas ou governos.
Mas estes últimos estão a servi-
ço das primeiras. (...) E a primei-
ra pergunta que os possíveis fi-
nanciadores fazem sobre qual-
quer nova invenção não é se ela
salvará o planeta, mas se gerará
muito dinheiro. (...)
Caminho
Somos inteligentes o
bastante para prever
nossa possível extinção
e analisar nosso
próprio papel nela
Mas mexer no sistema exis-
tente enfrenta um problema
muito grande: a bomba-relógio
demográfica. Outro elefante na
sala que ninguém quer abordar
é a crescente população huma-
na e o desejo compreensível de
cada ser humano no planeta de
melhorar sua parcela de vida. O
planeta não contém recursos
suficientes para todos viverem
o estilo de vida do norte-ameri-
cano médio. E se os mais ricos
reduzirem sua taxa de consu-
mo para permitir que os mais
pobres elevem as deles, e de-
pois se todo mundo reduzir a
média pela metade? Está tudo
muito bem com uma popula-
ção estável; mas se a população
duplica, a quantidade total de
consumo e de energia despendi-
da continua a mesma.
Fale em controle populacio-
nal, porém, e uma indignação ge-
ral será vociferada. Líderes reli-
giosos de todas as denomina-
ções o acusarão de pecados, ou-
tros de racista ou de que você
deseja perpetrar o genocídio. De-
ve nascer o máximo de gente
possível, ao que parece. (...)
A educação das mulheres tem
sido vista por muitos como fun-
damental para um padrão de vi-
da melhor. Mulheres instruídas
têm menos filhos e investem
mais naqueles que já têm, e con-
tribuem mais para a sociedade.
Entretanto, a oposição à instru-
ção de meninas e mulheres é
mais forte nos lugares que mais
se beneficiariam dela. Alguns,
pelo visto, preferem matar suas
mulheres a permitir que elas se-
jam de alguma ajuda para sua
própria sociedade.
Às soluções tecnológicas e
educacionais podemos acres-
centar uma terceira: as soluções
políticas. A nível internacional,
as tentativas de chegar a algum
acordo que regule emissões de
carbono foram até agora um fra-
casso deprimente. (...) A maio-
ria das pessoas parece disposta
A FUNDO C7
a ignorar as consequências da
inação enquanto não veem uma
ameaça imediata a elas. (...)
A nível nacional, um pouco
mais tem sido possível: alguns
governos estão tentando imple-
mentar uma política mais verde.
Nos níveis locais, muitos proje-
tos de limpeza e restauração am-
bientais têm sido realizados.
Mas os ganhos em um local po-
dem tranquilamente ser derro-
tados por perdas em outro. (...)
Talvez nosso maior fracasso
seja algo próprio da modernida-
de: nosso afastamento do uni-
verso, nosso fracasso em com-
preender que tudo está interliga-
do a todo o resto. (...) Enquanto
isso, um fiapo mínimo de nossa
riqueza – menos de 3% de todas
as doações filantrópicas – é cana-
lizado para os esforços cada vez
mais desesperados de preservar
uma biosfera funcional.
Por “funcional”, quero dizer
no sentido de que nós possamos
continuar a existir. Será que a
Natureza precisa de nós? Não.
Tornaremos o planeta impró-
prio para nós antes de poder-
mos torná-lo impróprio para a
vida como um todo. (...) Precisa-
mos da Natureza? Sim, a não ser
que possamos pensar em um no-
vo modo de respirar. A química
e a física não negociam, mas
equilibram sua contabilidade. A
energia gerada pelo aumento
do calor deve ser descarregada
na forma de ventos mais violen-
tos e ondas mais altas; o aumen-
to na evaporação descerá na for-
ma de chuvas torrenciais e ne-
vascas destrutivas. (...)
Conversei com um indígena
canadense que vende peixes de
água doce em um mercado lo-
cal. Mencionei o mexilhão-ze-
bra, um invasor largado na água
de porões de cargueiros e agora
uma presença grande e destruti-
va nos Grandes Lagos, entupin-
do canos, tomando praias e fil-
trando grande parte do alimen-
to antes disponível a espécies na-
tivas, inclusive alevinos. O que
ele achava que devia ser feito em
relação a este problema? Certa-
mente ele estava preocupado:
aqueles mexilhões podem afe-
tar seu meio de sustento. Mas
ele se limitou a sorrir. “A nature-
za vai cuidar disso.”
Entendi que ele quis dizer não
que a Natureza vai eliminar o
mexilhão-zebra, mas que algum
equilíbrio novo vai surgir. Se for
assim, ele tem razão, porque é o
que sempre acontece com a Na-
tureza. O resultado pode não
ser aquele que desejamos, mas a
Natureza não se importa com
nossos desejos humanos. (...)
Mas nos importamos com nos-
sos desejos humanos. E ansia-
mos por uma segunda chance.
Gostamos de pensar que, se de-
sejarmos com muita vontade al-
guma coisa, podemos realizá-la.
Talvez esteja na hora de come-
çarmos a desejar com muita von-
tade nossa sobrevivência. Se efe-
tivamente quisermos, é certo
que podemos usar nossa elogia-
díssima inteligência para torná-
la realidade.” l
C8 CULTURA&COMPORTAMENTO SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024 O ESTADO DE S. PAULO
 D8 Meu D1

BE
BEM exemplo.
Ele é o expert
ESTAR
O ESTADO DE S. PAULO
do papa e do
governo da
DESTAQUE O
CADERNO BE
(D1 A D8)

SÁBADO,
17 DE FEVEREIRO
Itália para a
DE 2024 inteligência
artificial
PAULO PEGORARO/PONTIFÍCIA UNIV. GREGORIANA

DHAVID NORMANDO/ESTADÃO

Bia revisitou o
seu passado ao
ter o filho. ‘O
meu papel
como mãe é
mostrar que ele
pode ser ele’

COMPORTAMENTO
Autoestima Os pediatras
orientam os pais

para a vida
e avisam: como a
criança se vê hoje
afeta o seu futuro

D2 BEM-ESTAR
SOCIEDADE
Por que nossa
relação com
animais pode
ser até mais
forte do que a
com pessoas?
Para muitos, eles são a única
família que tiveram – e talvez
a explicação seja que eles
precisam de você para quase tudo
MARLENE CIMONS
THE WASHINGTON POST
A recordação mais dolorosa da
minha infância foi o dia em
que a minha mãe concordou fi-
nalmente em comprar um cão-
zinho, mas mudou de ideia ho-
ras depois. Decidiu que daria
muito trabalho. Enquanto eu
crescia, tudo o que sempre
quis foi um cão ou um gato. Tu-
do o que tive foi uma tartaru-
ga, peixinhos dourados e dois
periquitos.
Não é de estranhar que a pri-
meira coisa que fiz depois de
sair de casa foi arranjar um gati-
nho, um meio-siamês que vi-
veu por quase 20 anos e depois
um birmanês que chegou aos
17. Quando os meus filhos já ti-
nham idade suficiente – 10 e 13
anos –, arranjamos um cachor-
ro labrador de cor chocolate,
tanto para mim como para eles.
As crianças cresceram e foram
embora, mas a Hershey ficou.
Foi a minha primeira cachorra
e, sem marido ou companhei-
ro, a minha melhor amiga.
Os anos trouxeram mais
meia dúzia de gatos e mais
dois cães, Watson, um labra-
dor preto, e Raylan, uma mistu-
ra de pastor amarelo, que, aos
4 anos, chegou com uma bala
de BB (armas pneumáticas pro-
jetadas para disparar projéteis
metálicos) na perna e um caso
claro de estresse pós-traumáti-
co. Com paciência e amor, Ray
mudou de um cão defensivo e
medroso para um companhei-
ro dedicado e confiante.
Hoje moro com Watson, ago-
ra com 10 anos, o rei da busca,
o ‘menino da mamãe’, que me
segue por toda parte; Chloe,
de 15, uma gata de cabelos com-
pridos, mistura da raça Maine
Coon, que ama cães mais do
que outros gatos; e Zachy, de
10, um gato malhado cinza e
preto obcecado por comida – e
por minhas meias. Todos fo-
ram resgatados.
Depois de uma juventude
sem animais de estimação, era
previsível que eu viesse a ter
animais. O que me surpreen-
deu foi a intensidade dos meus
sentimentos e o quanto a mi-
nha relação com eles iria defi-
nir a minha vida.
Fiquei paralisada de dor e
culpa (será que fiz o que estava
certo?) quando Hershey, aos
13 anos, foi diagnosticada com
um câncer avançado não tratá-
vel e tive de deixá-la partir. Da
mesma forma, fiquei destroça-
da quando o Raylan, então
com 12, e dois dos gatos, o
Max, com quase 18, e o Leo,
com 15, também desenvolve-
ram câncer e – em um recente
e curto espaço de tempo – mor-
reram. Atualmente, sinto uma
ansiedade intermitente em re-
lação ao Watson, à Chloe e ao
Zachy – o termo científico é lu-
to antecipatório.
RELAÇÕES FORTES. As redes so-
ciais estão repletas de histó-
rias pessoais sobre a ligação ho-
mem/animal, especialmente
sobre como é difícil dizer
adeus. As relações com os nos-
sos animais de estimação são
frequentemente tão fortes, e
por vezes mais fortes do que as
que temos com os humanos, e
muito menos complicadas. Is-
so pode explicar a nossa pro-
funda ligação com eles.
“Muitas vezes, os animais de
estimação são a nossa primei-
ra ou mesmo única família es-
colhida quando deixamos as
nossas casas de infância, quan-
do vivemos sozinhos, quando
Gestos carinhosos de amizade fortalecem a relação e despertam, nos donos, o senso de proteção
os nossos filhos se vão embora,
quando passamos por separa-
ções”, afirma Marjie Alonso, an-
tiga diretora executiva da Asso-
ciação Internacional de Consul-
tores de Comportamento Ani-
mal e da Associação Internacio-
nal de Consultores de Compor-
tamento Animal (IAABC, da si-
gla em inglês). “Os nossos ani-
mais de estimação proporcio-
nam uma presença constante e
estável de uma forma que os hu-
manos não têm.”
Por vezes, os pesquisadores
utilizam a teoria do apego para
descrever essa ligação entre se-
res humanos e seus animais de
estimação. Segundo ela, os se-
res humanos nascem com uma
necessidade inata de criar la-
ços com um prestador de cuida-
dos, normalmente a sua mãe.
“Para muitos donos de ani-
mais de estimação, as relações
de apego que desenvolvemos
são tão emocionalmente próxi-
mas e semelhantes em intensi-
dade como um apego huma-
no”, diz Michael Meehan, pro-
fessor sênior de Ciências Vete-
rinárias na Universidade de
Massey, na Nova Zelândia.
“Os nossos animais de estima-
ção também apresentam o
mesmo comportamento de
apego em relação a nós.”
Sandra McCune, professora
convidada de interação ho-
mem-animal nas escolas de
“É possível que os
animais de companhia
tenham sequestrado
o nosso desejo de criar
laços. Dependem de nós
como uma criança que
nunca cresce”
Sandra McCune
Psicóloga da Lincoln Univ.
Psicologia e Ciências da Vida
da Universidade de Lincoln,
na Inglaterra, concorda. “É
possível que os animais de
companhia tenham sequestra-
do o nosso desejo inato de
criar laços”, afirma. “Eles de-
pendem de nós como uma
criança que nunca cresce.”
Os meus animais, que são
meus companheiros, fazem o
ritmo dos meus dias – e das mi-
nhas noites. Não se trata ape-
nas dos passeios/corridas com
o Watson, da sua preocupação
interminável com bolas de
tênis ou de garantir que a Ch-
loe receba os medicamentos a
tempo e que o Zachy tenha a
comida especial de que precisa
para evitar bloqueios urinários.
MOMENTOS. São também aque-
les momentos deliciosamente
doces: Watson, quente nas mi-
nhas costas enquanto durmo,
e Chloe, que começa no meu
estômago, depois se move pa-
ra a dobra do meu braço quan-
do eu mudo de posição. O Za-
chy, ainda desconfiado, fica lá
em baixo durante a noite, mas
espera ao fundo dos degraus e
exige o café da manhã assim
que nos escuta se mexer.
“Os animais de estimação
tendem a ser sempre os mes-
mos, nos dias bons e nos maus,
sendo confiáveis no que são e
na nossa relação com eles”,
afirma Marjie. “As suas pró-
prias necessidades e desejos
são fixados em torno da ali-
mentação e dos cuidados, cen-
trados em nós, em vez de ‘Será
que a minha promoção vai ser
concretizada?’, ‘Esqueceu o
meu aniversário’ ou ‘O que
quer para o jantar?’”.
Emily Bray, professora de in-
teração humano-animal na Me-
dicina Veterinária da Universi-
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
KZENON/ADOBE STOCK
dade do Arizona, concorda.
“Quando eles estão sintoniza-
dos em nós, você tem toda a
atenção deles. Eles não estão a
enviar mensagens de texto pa-
ra os seus celulares”, compara.
Os meus filhos têm agora as
próprias vidas – e os próprios
gatos – e tomam as próprias de-
cisões. Mas os animais de esti-
mação precisam que façamos
escolhas por eles, mesmo
quando não é fácil. “Os donos
de animais de estimação têm
de decidir quando chega a ho-
ra da eutanásia, o que muitas
vezes complica o luto e muitas
vezes não existe em relação à
morte humana”, afirma Mee-
han, também conselheiro de lu-
to de animais de estimação.
“Ao contrário da morte huma-
na, não existem rituais ou pro-
tocolos tradicionais para ho-
menagear um animal de esti-
mação.”
Sandra chama o luto anteci-
patório de uma resposta nor-
mal à perspectiva de perda.
“Faz parte do amor que você
tem por eles”, adverte. “Apre-
cie-os enquanto os tem, crie e
guarde memórias para quando
eles partirem. Há cães e gatos
muito especiais, aqueles que
nos roubam o coração, que nos
envolvem constantemente na
nossa vida e pelos quais muda-
mos a nossa vida.”
Isso foi verdade para mim e,
como veio a ser revelado, tam-
bém para os meus pais. Anos
após eu e os meus irmãos ter-
mos saído de casa, a minha cu-
nhada ofereceu aos meus pais,
quando estavam na faixa dos
70 anos, o seu primeiro cão,
um cachorrinho da raça
cocker spaniel.
Muito trabalho? Talvez. Mas
eles estavam muito apaixona-
dos para se importarem. l
O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
TECNOLOGIA MUDA
CONCEITO DE
CÂNCER RARO
Diagnóstico precoce e preciso é essencial para frear tumor infantil
Renata Malheiros
A
o mesmo tempo que
assusta, por descobrir
mais e mais, o avan-
ço da medicina é um
caminho eficaz para propiciar
uma melhor qualidade de vida
às pessoas, principalmente em
temas oncológicos. Quanto mais
os estudos sobre cânceres avan-
çam, mais variações entre as cé-
lulas tumorais são identificadas.
Atualmente, o fato de existirem
muitos subtipos de um tumor,
por exemplo, está mudando o
conceito de câncer raro.
“Cânceres de mama, pulmão,
próstata, que são mais frequen-
tes, já têm tantas especificida-
des que não podemos mais di-
zer que são uma única doença.
Hoje, esse conceito [de tumor
mais comum] mudou com a
ajuda dos marcadores tumorais
e por causa da resposta ao trata-
mento de cada paciente”, expli-
ca Angelo Maiolino, hematolo-
gista e presidente da Associação
Brasileira de Hematologia,
Hemoterapia e Terapia Celular
(ABHH). Apesar das subdivisões
tumorais, entretanto, há cânce-
res menos prevalentes, quando
se analisa de uma forma geral.
Segundo a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS), existem
mais de 200 tumores raros, que
representam cerca de 30% dos
diagnósticos oncológicos do
mundo. Um estudo recente do
A.C.Camargo Cancer Center
aponta pelo menos cinco tumo-
res considerados menos frequen-
tesentreosadultosquedevemser
conhecidos pela população. A lis-
ta engloba o mesotelioma pleural
(câncer que ataca a membrana
dospulmõeschamadadepleura);
otumordemamanosexomascu-
lino (mais comum acima dos 60
anos em famílias com histórico
prévio); os tumores neuroendó-
crinos (doença originária em
células nervosas e produtoras de
hormônio); o Gist (sigla que iden-
tifica os tumores no estômago e
intestino delgado); e o câncer de
pênis (doença atrelada normal-
mente a infecções por HPV).
Mas existem outras doenças
cancerígenas que também mere-
cem atenção, segundo os dados,
como as identificadas no sangue
humano, que representam em
média 15% do total de casos. O
mieloma múltiplo, doença rara
que atinge quase 230 mil pesso-
as ao redor do mundo, segundo
O CUIDADO INFANTIL
Alguns sinais podem justificar
uma visita ao médico
De acordo com o mé-
dico Neviçolino Pereira
de Carvalho Filho, presi-
dente da Sobope, o cân-
cer infantil tem muitos
sintomas semelhantes
aos de outras doenças.
Por isso, uma avaliação
de qualidade é sempre
importante. “A questão
é a persistência desse
sintoma por um período
superior ao que se es-
pera. Tudo que se torna
recorrente e persisten-
te importa. Caroços ou
ínguas podem ser fre-
quentes e não indicar
câncer, mas quando se
trata de algo que não vai
bem, ele tende a aumen-
tar de tamanho”, explica
o oncologista.
a Agency for Research on Cancer
(Iarc), é uma delas.
“É o tipo mais comum [entre
as identificadas no sangue] em
homens na terceira idade e cor-
responde a 1% dos casos. É um
câncer de difícil identificação
porque é confundido normal-
mente com outras doenças fre-
quentes”, explica Maiolino. O pa-
ciente costuma sentir fraqueza e
dor nas costas e desenvolver um
quadro infeccioso.
Por isso, adverte o especialista,
é fundamental que a informação
sobre esses cânceres menos fre-
quentes seja difundida tanto en-
tre a classe médica quanto entre
o público em geral. “O atraso no
diagnóstico precisa ser evitado”,
afirma o presidente da ABHH.
Em 40 anos, o avanço científico
fez quadruplicar a sobrevida dos
pacientes, informa Maiolino.
Tumores pediátricos
Também existem cânceres
considerados mais raros que
Este material é produzido pelo Estadão Blue Studio.
ESPECIAL CÂNCER
SINTOMAS PARA FICAR DE OLHO
• Perda de peso contínua
e inexplicável
• Dores de cabeça com
vômito de manhã
afetam as crianças. Apesar de
ser um tema sempre difícil, a
informação, nesses casos, tam-
bém é essencial para salvar vi-
das. “O câncer pediátrico (entre
0 e 18 anos) é bem menos co-
mum do que nos adultos. Mas
quando olhamos os números
globais, estamos falando de 400
mil casos por ano. Um número
considerável. Não se conhecem
as causas e não há prevenção.
Por isso, quanto mais rápido se
faz o diagnóstico correto, maior
a chance de cura, que, hoje,
chega a 60% no Brasil”, afirma
Neviçolino Pereira de Carvalho
Filho, oncopediatra e presiden-
te da Sociedade Brasileira de
Oncologia Pediátrica (Sobope).
As leucemias (33%), os tumo-
res do sistema nervoso central
(16%) e os linfomas (14%) são
os cânceres mais comuns entre
as crianças, segundo o Instituto
Nacional de Câncer (Inca). En-
tre os mais raros, estão os sarco-
mas (tumores nas partes moles
BEM-ESTAR D3
C
• Aumento do inchaço
ou dor persistente nos
ossos ou articulações
• Protuberância ou
massa no abdômen,
pescoço ou qualquer
outro local
• Desenvolvimento
de uma aparência
esbranquiçada na
pupila do olho ou
mudanças repentinas
na visão
• Febres recorrentes
não causadas por
infecções
• Hematomas excessivos
ou sangramento,
geralmente repentinos
• Palidez perceptível ou
cansaço prolongado
Fonte: Inca/A.C.Camargo
Cancer Center
do corpo, como músculos e ten-
dões), o retinoblastoma (tumor
ocular), o hepatoblastoma (cân-
cer no fígado) e o nefroblasto-
ma (tumor nos rins).
Segundo Carvalho Filho,
com a tecnologia disponível
hoje se consegue avaliar o com-
portamento molecular do cân-
cer, o que ajuda na eficiência
do tratamento. Um dos grandes
obstáculos no caso do câncer
em crianças é a velocidade com
que a doença avança. As célu-
las infantis são novas e por isso
mantêm as características em-
brionárias. Ou seja, multiplica-
ção rápida e desordenada.
Diante desse quadro, a pre-
cisão e a precocidade do diag-
nóstico são essenciais. “É uma
corrida com obstáculos, uma
reação em cadeia. É fundamen-
tal pensar em todos os passos
[do tratamento] levando em
consideração que a criança tem
uma vida toda pela frente”, ana-
lisa o presidente da Sobope.
 SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
D4
BEM-ESTAR O ESTADO DE S. PAULO

COMPORTAMENTO
ANA LOURENÇO
‘Ele pode ser
ele’: Bia quer
ão é preciso ser um es-
que o filho
N tudioso para saber
que o que acontece na
não tenha
medo de
infância definitivamente não fi-
ser frágil
ca restrito a essa etapa da vida.
Vivências precoces têm reper-
cussões no desenvolvimento in-
fantil, mas também reverbe-
ram no futuro. Nesse sentido, é
importante que os pais tenham
um olhar especial para a cons-
trução da autoestima de seus fi-
lhos, já que isso interfere no dia
Sobre como
a dia da criança e tem impacto

nos vemos e
em seu bem-estar na fase adul-
ta, conforme documento cien-
tífico da Sociedade Brasileira
de Pediatria (SBP).
De acordo com os pediatras,
a criação da autoestima se dá
pelo encontro de tendências
inatas à criança com as expe-

riências de vida, especialmen-
te as interpessoais. Nesse as-
pecto, os pais são cruciais, já
que têm uma importância afe-
tiva essencial para os filhos. O
documento ainda destaca que
“eventos adversos tóxicos, vi-
vidos da primeira à terceira in-
fância, podem afetar o desen-
volvimento geral e neuropsico-
lógico das crianças”.
“A criança e o adolescente
são seres em desenvolvimento
e precisam que os adultos se-
jam amorosos, atentos, dedica-
dos e que os incentivem a reali-
zar coisas. É necessário admi-
rar os talentos e as capacida-
des deles”, afirma o psiquiatra
Roberto Santoro, coordena-
dor do Grupo de Trabalho so-
bre Saúde Mental da SBP e um
dos autores do documento.
“Ao mesmo tempo, os pais pre-
cisam mostrar, pelo exemplo,
que o ser humano não é perfei-
to”, completa.
Todo esse cuidado tem um
impacto direto na autoestima
dos pequenos. Mas, diferente-
mente do que muita gente
acha, vai muito além de amar a
própria aparência ou praticar
o autocuidado. “Autoestima é
a consideração que a gente
tem pela gente mesmo. Seja na
forma de se comportar, de sen-
tir emoções, de nos vermos”,
exemplifica a psicóloga Fer-
nanda Mishima Gomes, do De-
partamento de Psicologia da
Faculdade de Filosofia, Ciên-
cias e Letras de Ribeirão Preto
(FFCLRP), da USP.
Segundo o documento da
SBP, os cuidadores precisam
levar em consideração que há
particularidades entre as crian-
ças. Ou seja, seu filho pode não
ser excelente em Matemática,
mas ter uma extrema facilida-
de com Linguagens ou Ciên-
cias Sociais. Além disso, os pe-
diatras pedem atenção caso o
desempenho da criança seja
bom, mas ela sempre ache que
o do outro é melhor. Isso é si-
nal de que a autoestima precisa
ser fortalecida. “Na constru-
ção e na consolidação da au-
toestima, é muito importante
que a criança receba um olhar
de cuidado. E significa tam-
bém a valorização do que ela é
como seremos
Alerta científico da Sociedade Brasileira de
Pediatria expõe como a construção da autoestima
na infância tem impacto essencial na vida adulta
de verdade, e não daquilo que
ela poderia ser”, diz Fernanda.
É claro que os cuidadores
não conseguem mudar certos
aspectos, como o temperamen-
to da criança – que também afe-
ta a percepção que tem sobre
si. Os pequenos mais tímidos e
introvertidos, por exemplo,
tendem a ser mais sensíveis
em relação a críticas, sentem
mais ansiedade em determina-
das situações sociais e apresen-
tam maior autoconsciência
crítica. Eles também estão
mais sujeitos a sofrer bullying.
Mas, segundo Santoro, é possí-
vel ajudá-los nas interações so-
ciais e construção de uma au-
toavaliação que seja realista.
NEURODESENVOLVIMENTO. Is-
so porque desenvolver uma
percepção negativa de si mes-
mo pode gerar muito sofrimen-
to para o indivíduo, afetando
diretamente o desenvolvimen-
to neural e até a função men-
tal. “O novo paradigma da pe-
diatria é tratar preventivamen-
te os transtornos do neurode-
senvolvimento, reconhecer si-
nais precoces de desajustes e,
assim, garantir a funcionalida-
de e o máximo do potencial
desse indivíduo adulto”, defen-
de o documento da SBP.
Quando a criança ou o ado-
lescente tem baixa autoesti-
ma, acaba tendo mais predis-
posição a problemas depressi-
vos. “Na fase adulta, pode não
ter confiança nas relações in-
terpessoais, ficando com me-
do de se integrar socialmente
ou se submetendo ao domínio
de outras pessoas que acha
que são melhores”, diz Santo-
ro. Essa baixa insatisfação pes-
soal na infância pode ser dispa-
rada pela negligência, a partir
do momento em que não há
adultos apreciando as qualida-
des e as realizações da criança.
Mas, atenção: a baixa autoes-
tima também pode ter relação
com uma superproteção, já
que isso abala a confiança pes-
soal e priva o jovem de tomar
decisões e raciocinar. Tudo is-
so aumenta o sentimento de
dependência, a insegurança e,
consequentemente, contribui
para o pouco apreço por si.
Agora, é preciso levar em
conta que o oposto é igualmen-
te prejudicial. “Com a autoesti-
ma inflada, a pessoa tem uma
falsa noção das suas capacida-
des e se sente superior aos ou-
tros. Isso é extremamente
frágil porque, de uma hora pa-
ra outra, ela pode se ‘esvaziar’,
especialmente quando algo
abala o seu narcisismo”, escla-
rece Santoro.
No documento, a SBP refor-
ça ainda que os elogios devem
servir para que meninos e me-
ninas entendam que estão
bem do jeito que são, e não pa-
ra se sentirem melhores do
que os seus colegas.
PAIS TAMBÉM PRECISAM SE
CUIDAR. “A autoestima dos
pais tem um impacto bem for-
te na dos filhos”, diz Fernan-
da. A psicóloga exemplifica:
se a relação do casal é contur-
bada e a criança observa mui-
tas brigas, com um desmere-
cendo o outro, ela pode aca-
bar se submetendo a determi-
nadas situações problemáti-
cas no futuro por entender
que são certas e normais.
Segundo o documento da
SBP, “é fundamental que pais,
cuidadores e educadores cui-
dem da própria autoestima pa-
ra beneficiar a construção da
boa autoestima da criança”. Pa-
ra os especialistas, os pais de-
vem ser eles mesmos. “Não
precisa haver mentira ou exa-
gero. Os pais podem revelar
quem são de fato, mostrando a
realidade com muito afeto.
Dessa forma, não depositam
os próprios erros e as angús-
tias nas crianças, mas também
não desejam que elas sejam
um espelho deles”, indica Fer-
nanda. Ou seja, é essencial que
eles entendam que seus me-
dos, suas frustrações ou seus
sonhos antigos não devem ser
passados adiante.
PASSADO E FUTURO. Desde
que se tornou mãe, a fotógrafa
Ana Maria Pacheco de Olivei-
ra, de 44 anos, priorizou o cui-
dado emocional dos filhos – Ra-
fael, de 8, e Felipe, de 5. “Eu
sempre me preocupei que fos-
sem eles mesmos, desde pe-
quenininhos, sem muita fanta-
sia ou máscaras. Quero que
possam ser como são, expres-
sar as opiniões deles e que te-
nham ferramentas para lidar
com as dificuldades da vida.”
Para isso, a fotógrafa preci-
sou rever a própria infância.
Quando menina, ela escutou,
por exemplo, que precisava en-
golir o choro e, hoje, faz ques-
tão de mostrar aos filhos a
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
importância de chorar e fa-
lar sobre emoções. “Eu incen-
tivo os meninos a colocarem
os sentimentos para fora. Pa-
ra mim, a autoestima passa
pela questão da escuta, de
eles terem os sentimentos le-
gitimados, independente-
mente de quais sejam.”
A criadora de conteúdo Bia
Ben, de 21 anos, conta que tam-
bém revisitou o seu passado
quando teve o filho Benjamin,
de 4 anos. Ela refletiu sobre ex-
periências que não foram
boas. “O meu papel como mãe
é mostrar, de forma meiga e na-
tural, que ele pode ser frágil e,
se errar, pode pedir desculpas.
Ele pode ser ele.”
A CHEGADA DA ADOLESCÊN-
CIA. Avaliar o comportamen-
to das crianças é um bom ter-
mômetro para perceber se a
autoestima está sendo forta-
lecida. Mas tudo isso é colo-
cado à prova quando chega a
adolescência. “É nessa hora
que os jovens vão contestar
aquilo que aprenderam, o
que foram e a própria famí-
lia. E o ideal seria permitir
essa contestação”, diz Fer-
nanda. Também surgem dúvi-
das sobre os corpos, que es-
tão no auge das mudanças.
Aqui, vale destacar que há
mais figuras importantes na vi-
da da criança e do adolescente,
como outros familiares, ami-
gos e até celebridades que são
acompanhadas pelas redes so-
ciais. Assim, é importante veri-
ficar se esses terceiros não po-
dem estar contribuindo para
um ideal inalcançável para os
filhos, seja de corpo, estilo de
vida ou personalidade.
“A autoestima diz respeito
também a uma espécie de
ideal internalizado que a pes-
soa tem, em que ela compara,
inconscientemente, as suas
capacidades e as coisas que
faz no mundo com o ideal
que tem dentro de si. Quan-
do a gente deixa de corres-
ponder a esse ideal, nós te-
mos dois sentimentos regula-
dores negativos: a vergonha,
que está relacionada às nos-
sas interações sociais, e ain-
da o sentimento de culpa,
que está relacionado ao julga-
mento moral sobre nossas
ações”, esclarece Santoro.
Nessa fase, os pais precisam
ter paciência e abrir espaço pa-
ra muita conversa. “Se esse
adolescente consegue confiar
em alguém, e não precisa ser
necessariamente nos pais, ele
se permite compartilhar o que
está sentindo”, avalia a psicólo-
ga. Alguns sinais comuns de so-
frimento são: dificuldade para
dormir, alimentação exagera-
da ou a falta dela e passar tem-
po demais no quarto.
As pessoas de confiança de-
vem lembrar as virtudes des-
se adolescente, mas também
ajudá-lo a aceitar suas falhas.
Com a autoestima realista, a
pessoa entende que tem quali-
dades, mas pode, eventual-
mente, progredir ou melho-
rar em algum aspecto, como
nos cuidados com o corpo e a
mente ou até aprender algo
que não sabe. “A autoestima
bem regulada leva em conta
que somos falhos, imperfei-
tos e que temos dificulda-
des”, diz o psiquiatra.
EDUCAÇÃO COM CONVERSA.
Em suas redes, Bia mostra co-
mo são essas conversas, inclu-
indo as que ela ressalta a bele-
za do filho para ele mesmo.
Ela entende, assim como pon-
tuam os pediatras, que é na
infância que o adulto se cons-
trói. “Na verdade, nós somos
crianças: algumas muito
bem resolvidas e outras, nem
tanto”, ressalta.
A conversa não necessaria-
mente precisa ser com os pais.
Em 2023, quando Ana perce-
beu que o filho mais velho es-
tava com dificuldades de ex-
pressar seus sentimentos, ela
logo chamou uma psicóloga
para ajudá-lo. “Foi uma con-
quista porque, depois de me-
ses na terapia, ele conseguiu
colocar para fora o que estava
sentindo e explicou que esta-
va com medo, ansioso e cha-
teado porque iria mudar de
turma na escola. Aí conversa-
mos sobre isso. Para o adulto,
pode parecer pequeno, mas,
para a criança, é gigante.”
IMPACTOS NA VIDA ADULTA. As
repercussões da autoestima
são bem perceptíveis nas rela-
ções que o adulto vai ter, tanto
amorosas quanto sociais ou la-
borais. “Se a pessoa não conse-
gue ter intimidade com al-
guém, não consegue trabalhar
bem na presença de outros ou
não consegue se posicionar, is-
so pode indicar baixa autoesti-
ma”, descreve Fernanda.
BEM-ESTAR D5
DHAVID NORMANDO/ESTADÃO
A confeiteira Vitória de Sou-
za, de 27 anos, percebe clara-
mente isso em sua vida. “Meu
pai me cobrava muito, desde
pequena. Se eu fosse mal na es-
cola, ele falava que eu era in-
competente e que não ia ser
ninguém na vida, que eu seria
igual à minha mãe. Era sempre
essa frase”, afirma. “Já em rela-
ção ao corpo, existia uma exi-
gência gigantesca pela magre-
za”, recorda.
Esses discursos a afetaram
psicológica e fisicamente. “Ti-
ve bulimia, tenho problemas
hormonais até hoje por conta
disso e percebo que tenho mui-
ta insegurança na hora de me
relacionar amorosamente.
Não gosto de me impor, e te-
nho essa necessidade de sem-
pre querer agradar aos outros
porque eu nunca me acho sufi-
ciente”, relata. Ao perceber to-
dos esses impactos, Vitória
procurou um psicólogo e foi re-
construindo sua autoestima.
“Estou aprendendo que essas
questões falavam muito mais
sobre meu pai do que sobre
mim, e isso não pode me defi-
nir. Sou uma pessoa separada
dele e sou capaz de atingir mi-
nhas conquistas.” l
 SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
D6 BEM-ESTAR O ESTADO DE S. PAULO

KZENON/ADOBE STOCK

Como fazer !

Fatores essenciais para

o resultado pretendido

l Exercícios: a escolha
do exercício define qual a
musculatura que deve ser
trabalhada em cada caso.

l Volume: o número de
repetições, tanto das séries
quanto dos exercícios, deve
ser bem calculado.

l Intensidade: é importan-
te adequar velocidade de
execução e peso utilizado.

l Tempo de descanso:
repousar adequadamente
entre as séries, exercícios
e sessões é fundamental.

l Frequência: esteja certo

da quantidade adequada de
treinos que devem ser reali-
Exercícios calistênicos envolvem maior gasto energético e exigem mais dos grupos musculares, consumindo mais calorias zados durante a semana.

EXERCÍCIOS FÍSICOS de Botucatu, da Unesp. Esse

modelo de treinamento, espe-
trofia, resistência e potência
muscular). Porém, para conse-
cialmente quando realizado guir um maior volume muscu-

Calistenia, a arte em maior intensidade, aprimo-

ra a aptidão física cardiorrespi-
ratória e neuromuscular e cau-
sa grande gasto energético –
lar, os exercícios com pesos
(com sobrecarga tensional)
são mais efetivos.
Já quando o objetivo é a defi-

de criar músculos contribuindo, assim, para o

emagrecimento e favorecendo
o ganho de massa muscular.
nição muscular, os exercícios
com o peso corporal podem
ser mais interessantes. Isso
porque, geralmente, os exercí-

usando somente PESOS. Já os exercícios com pe-

sos, sejam livres (barras, halte-
res, dumbbells) ou em equipa-
mentos, são uma forma efetiva
cios calistênicos envolvem
maior gasto energético e traba-
lham diversos grupos muscula-
res simultaneamente, gerando

o peso do corpo de proporcionar força e hiper-

trofia muscular, além de não
apresentar limitação de carga,
que ocorre quando nos exerci-
tamos apenas com o peso do
movimentos compostos que
tendem a queimar mais calo-
rias do que os treinos de mús-
culos isolados.

próprio corpo. Geralmente, os INTENSIDADE. “Obviamente,

O método, já usado no século 19, ganhou exercícios com peso são prati- alcançar esses objetivos de evo-
cados em academias durante lução corporal é uma meta que
adeptos depois da covid, por não depender de os exercícios de musculação. depende da intensidade com
Nesse método de treinamen- que os exercícios são executa-
aparelhos nem de academias – e poder ser to, são executados movimen- dos, da manipulação adequada
tos dinâmicos de contração das outras variáveis de treina-
aplicado em qualquer lugar, sem custos muscular com tensão gerada mento e de suporte nutricio-
pela carga dos pesos. nal adequado”, ressalta Jaldin.
“Além da hipertrofia muscu- Alguns exemplos de exercí-
lar, os exercícios com pesos cios resistidos ou de contrarre-
contribuem para a melhora da sistência são: subida de esca-
estabilidade articular, da mine- das, elevação em barras, agacha-
ralização óssea, da postura, da mentos, flexões de braços, le-
covid-19, por permitir realizar lar e movimento, de isometria autonomia, entre outros diver- vantamento de pernas e pesos.
ÚRSULA NEVES exercícios em qualquer lugar, (contração estática) a contra- sos benefícios para a saúde car- Vale lembrar que a Organiza-
AGÊNCIA EINSTEIN sem usar aparelhos nem fre- ções dinâmicas, de movimen- diometabólica” afirma Jaldin. ção Mundial de Saúde (OMS)
quentar academias. tos cíclicos a não cíclicos. “São exercícios que podem ser recomenda, pelo menos, 150 a
A calistenia, método de treino “Na calistenia, os exercícios adaptados como treino com- 300 minutos de atividade físi-
que utiliza somente o peso do acabam ativando muito mais SOBRECARGA. “Esse tipo de plementar às necessidades de ca de moderada intensidade
corpo, sem equipamentos ex- grupamentos musculares do treinamento permite a execu- aumento de desempenho em por semana (ou atividade físi-
tras, é uma prática muito utili- que fazendo um exercício iso- ção de tarefas de diversos ní- diversas modalidades.” ca equivalente) para todos os
zada por quem treina ao ar li- lado em um aparelho, por veis de sobrecarga física e di- “No entanto, do ponto de vis- adultos, e média de 60 minu-
vre nas academias instaladas exemplo. Nesse tipo de ativida- versos níveis de complexida- ta de emagrecimento, essa rela- tos de atividade aeróbica mo-
em praças e parques das gran- de, você consegue trabalhar vá- de. Como podem ser pratica- ção é mais complexa, uma vez derada diária para crianças e
des cidades brasileiras. Segun- rios grupos musculares simul- dos em qualquer local, eles são que a perda de peso exige diver- adolescentes.
do o endocrinologista e coor- taneamente com movimentos exercícios práticos, sem custo, sos fatores, que precisam estar É fundamental, em qual-
denador médico do Serviço de parecidos com o que já faz nas feitos com independência e li- aliados a uma intervenção nu- quer das escolhas, que os exer-
Check-Up do Hospital Israeli- tarefas diárias”, afirma o endo- berdade. Além disso, permi- tricional e redução de calo- cícios sejam supervisionados
ta Albert Einstein, Carlos An- crinologista. tem desenvolver habilidades rias”, adverte Minanni. por um profissional de educa-
dré Minanni, a ideia de exerci- É importante pontuar que o como equilíbrio, coordenação De acordo com Jaldin, am- ção física capacitado – cuja
tar-se somente com o peso do próprio peso do corpo, livre de e flexibilidade”, afirma o médi- bos os modelos de treinamen- missão essencial é ajustar a in-
corpo é bem antiga e remonta equipamentos, oferece uma re- co do esporte Rodrigo Gibin to são exercícios de contrarre- tensidade e evoluir a exigência
ao século 19. No entanto, a ca- sistência natural para a ação Jaldin, professor e supervisor sistência (resistance trai- de acordo com as limitações e
listenia ganhou muitos adep- muscular, reunindo diferentes em Medicina Esportiva e Cirur- ning), eficazes para melhorar a necessidades individuais de ca-
tos por causa da pandemia de padrões de contração muscu- gia Endovascular na Medicina aptidão muscular (força, hiper- da pessoa. l
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
SAÚDE MENTAL
Antidepressivos afetam libido
até depois do tratamento
Embora ainda iniciais, estudos indicam que os efeitos colaterais
dos ISRS podem persistir mesmo que se interrompa a medicação
AZEEN GHORAYSHI
THE NEW YORK TIMES
Médicos e pacientes há mui-
to tempo sabem que os an-
tidepressivos podem cau-
sar problemas sexuais.
Perda da libido. Orgas-
mos sem prazer. Genitais
entorpecidos. Bem mais
da metade das pessoas que
tomam os medicamentos rela-
ta esses efeitos colaterais.
Agora, um pequeno, mas ex-
pressivo grupo de pacientes es-
tá falando sobre problemas se-
xuais graves que perduraram
até muito depois de terem pa-
rado de tomar inibidores seleti-
vos de recaptação da serotoni-
na (ISRS), o tipo mais popular
de antidepressivos. Os efeitos
das drogas têm sido devastado-
res, disseram eles, deixando-
os incapazes de desfrutar o se-
xo ou manter relacionamen-
tos românticos.
“Meu clitóris parece uma pe-
dra”, disse Emily Grey, jovem
de 27 anos de Vancouver, Co-
lúmbia Britânica, no Canadá,
que tomou um desses medica-
mentos para depressão, o Cele-
xa, dos 17 aos 23 anos. “Não é
uma coisa fácil de aceitar.”
O rótulo de segurança do
Prozac, um dos ISRSs mais
prescritos, alerta que os pro-
blemas sexuais podem per-
sistir após a suspensão do
medicamento. E autorida-
des de saúde na Europa e no
Canadá recentemente reco-
nheceram que os medica-
mentos podem levar a pro-
blemas sexuais duradouros.
Mas os pesquisadores estão
só começando a calcular quan-
tas pessoas têm esses proble-
mas a longo prazo, conhecidos
como disfunção sexual pós-
ISRS. E o problema crônico
continua sendo contestado
por alguns psiquiatras, que sa-
lientam que a própria depres-
são pode reduzir o desejo se-
xual. Os ensaios clínicos não
acompanharam as pessoas de-
pois que elas pararam de to-
mar os medicamentos para de-
terminar se tais problemas se-
xuais decorrem dos remédios.
“Acho que é uma depres-
são recorrente. Até prova em
contrário, é isso que aconte-
ce”, afirmou Anita Clayton,
chefe de psiquiatria da Facul-
dade de Medicina da Univer-
sidade da Virgínia (EUA) e lí-
der de um grupo de especia-
listas que se reunirá na Espa-
nha no ano que vem para defi-
TIAGOZR/STOCK.ADOBE.COM
nir formalmente o problema.
Clayton publicou algumas
das primeiras pesquisas mos-
trando que os ISRSs apresen-
tam vários efeitos colaterais
sexuais. Ela observou que os
pacientes com esses proble-
mas deveriam conversar
com seus médicos sobre a
mudança para um antidepres-
sivo diferente ou uma combi-
nação de medicamentos.
Ela teme que muita aten-
ção a casos aparentemente
raros de disfunção sexual
após a interrupção dos ISRSs
possa dissuadir pacientes
suicidas de tomar os medica-
mentos. “Tenho muito me-
do disso”, alertou ela.
PRESCRIÇÃO. Em meados da
década de 2000, os efeitos se-
xuais dos ISRSs já eram bem
conhecidos. Na verdade, havia
tanta certeza de que os medica-
mentos entorpeciam as respos-
tas sexuais que médicos come-
çaram a prescrevê-los para ho-
mens com ejaculação precoce.
“Acredito que
mal começamos a
entender a prevalência
e a complexidade
do impacto desses
medicamentos na
sexualidade”
Audrey Bahrick
Psicóloga na Universidade
de Iowa
Mas os sintomas sexuais
que persistem após a inter-
rupção dos medicamentos
não receberam muita atenção
na literatura médica.
Em 2006, foram relatados al-
guns casos de dormência geni-
tal persistente no Canadá e
nos Estados Unidos. Naquele
mesmo ano, um boletim infor-
mativo da Associação America-
na de Psicologia descreveu
dados emergentes sobre os
efeitos sexuais duradouros
dos medicamentos.
“Acredito que mal começa-
mos a entender a prevalência
e a complexidade do impacto
desses medicamentos na se-
xualidade”, escreveu Audrey
Bahrick, então psicóloga na
Universidade de Iowa, no ar-
tigo.
Em entrevista, Bahrick dis-
se que sentia uma obrigação
ética de chamar a atenção pa-
ra o problema porque ela
mesma o tinha vivido.
Ela começou a tomar Prozac
em 1993, quando tinha 37 anos
e enfrentava um trabalho di-
fícil em cidade que não conhe-
cia. Um dia depois de tomar a
pílula, seu clitóris e sua vagina
ficaram dormentes. “Era co-
mo se houvesse uma luva em
cima – uma sensação muito,
muito abafada”, definiu.
Por um tempo, lembrou ela,
a escolha valeu a pena: o anti-
depressivo a deixou energiza-
BEM-ESTAR D7
da e mais resiliente. Mas, de-
pois de dois anos, parou de
tomá-lo pelo bem de seu rela-
cionamento. Os sintomas se-
xuais persistiram, e o relacio-
namento terminou.
“Nunca me ocorreu que se-
ria algo que, de fato, ficaria
sem solução na minha vida”,
observou ainda Bahrick, hoje
com 67 anos.
CAUSAS. Nas décadas seguin-
tes, o uso de ISRS disparou, es-
pecialmente entre os adoles-
centes. Eles são prescritos
não apenas para depressão e
ansiedade, mas também para
uma série de outros proble-
mas, como síndrome do in-
testino irritável, distúr-
bios alimentares e sin-
tomas pré-mens-
truais. No entanto,
os pesquisadores
ainda estão ten-
tando compreen-
der como os ISRSs
funcionam e por
que os efeitos sexuais
são tão difundidos.
Os medicamentos têm co-
mo alvo a serotonina, um im-
portante mensageiro quími-
co atuado no cérebro e em
outras partes do corpo. A mo-
lécula tem participação no
embotamento das respostas
sexuais, como o reflexo do or-
gasmo, que se origina na me-
dula espinhal. A serotonina
também afeta os níveis de es-
trogênio, que, por sua vez, po-
dem afetar a excitação.
Mas a depressão também
embota o desejo sexual. En-
tre os homens com depres-
são não medicados, 40% rela-
tam perda de excitação e de-
sejo sexual e 20% têm dificul-
dade para atingir o orgasmo.
Problemas comuns como dia-
bete e doenças cardiovascula-
res também podem causar
disfunções sexuais.
Os testes raramente anali-
sam o que acontece quando
os medicamentos são inter-
rompidos. E estudar o que
acontece depois que as pes-
soas abandonam os ISRSs é
particularmente desafiador
porque muitas pessoas nun-
ca param de tomá-los.
HIPÓTESE. Diante da falta de
dados, “a disfunção sexual per-
sistente causada por ISRS é
uma hipótese, não um fenôme-
no comprovado”, analisou Ro-
bert Taylor Segraves, profes-
sor de psiquiatria na Universi-
dade Case Western Reserve
(em Cleveland, Ohio), que es-
tudou os efeitos dos antide-
pressivos sobre a sexualidade.
Ainda assim, alguns pesqui-
sadores encontraram manei-
ras de calcular a prevalência
do problema. Um estudo re-
cente realizado em Israel rela-
tou que 1 em cada 216 homens
que interromperam os ISRSs
recebeu posteriormente medi-
camentos para disfunção eré-
til, uma taxa pelo menos três
vezes mais elevada do que a da
população em geral. l TRADUÇÃO
DE RENATO PRELORENTZOU

D8 BEM-ESTAR
NAS REDES SOCIAIS
INSTAGRAM: @CLAIRE_SIMON_CINEMA
Idade: 50 anos
História: É professor na Grego-
riana, a “Harvard” das univer-
sidades católicas, onde ensi-
na sobre teologia moral, ética
e desafios digitais e da IA
JASON HOROWITZ
THE NEW YORK TIMES
ROMA
Antes do amanhecer, o padre
Paolo Benanti subiu à torre do
seu mosteiro do século 16, ad-
mirou o nascer do sol sobre as
ruínas do Fórum Romano e re-
fletiu sobre um mundo em
constante mudança. “Foi uma
meditação maravilhosa sobre o
que está acontecendo por den-
tro”, disse ele, pisando na rua
em seu hábito de frade. “E tam-
bém por fora.” Há muita coisa
acontecendo para Benanti, es-
pecialista em ética em inteligên-
cia artificial tanto do Vaticano
quanto do governo italiano.
Nas últimas semanas, o pro-
fessor de ética, padre ordena-
do e autoproclamado geek es-
teve num encontro de Bill Ga-
tes com a primeira-ministra
italiana Giorgia Meloni. Ele
presidiu uma comissão em bus-
ca de salvar a mídia italiana das
autorias de ChatGPT e da obli-
teração geral pela inteligência
artificial (IA), e reuniu-se com
oficiais do Vaticano para avan-
çar na missão do papa de prote-
ger os vulneráveis da iminente
tempestade tecnológica.
Risco de colapso
Ele criou o ‘Chamado de
Roma’ pela governança
global, para evitar
‘o risco de colapso social’
Em uma conferência organi-
zada pela antiga Ordem dos
Cavaleiros de Malta, ele disse
a uma multidão de embaixado-
res que “é necessária a gover-
nança global; caso contrário,
o risco é de colapso social”, e
promoveu o Chamado de Ro-
ma – esforço do Vaticano, do
governo italiano, do Vale do
Silício e das Nações Unidas an-
te o problema.
Autor de vários livros (Homo
Faber: A Condição Tecno-Huma-
na) e presença constante em
painéis internacionais de IA,
Benanti é professor na Grego-
riana, a “Harvard” das universi-
dades pontifícias de Roma, on-
de dá um curso chamado A
Queda de Babel: Os Desafios
do Digital, Redes Sociais e Inte-
ligência Artificial.
COM FRANCISCO. Ele comparti-
lha as ideias com o papa Fran-
cisco, que em sua mensagem
anual para o Dia Mundial da
Paz, em 1.º de janeiro, pediu
um tratado global para garan-
tir o desenvolvimento ético e o
Nascido em Roma, seu pai era engenheiro
mecânico e sua mãe ensinava ciências no ensi-
no médio. Crescendo, ele amava ‘O Senhor
dos Anéis’ e ‘Dungeons and Dragons’, mas
não era um recluso em jogos, pois também era
um escoteiro que colecionava insígnias de foto-
Benanti em Roma: papa gostou menos da tecnologia e mais sobre o que ele podia fazer pelos vulneráveis
O expert em
IA do papa
Reconhecido até pelo governo italiano e referência
para Francisco, o religioso dá aulas sobre o desafio do
digital, das redes sociais e da inteligência artificial
Meu exemplo
Padre Paolo Benanti
grafia, navegação e culinária.
Em 1999, sua então namorada achou que
ele precisava de mais Deus em sua vida. Fo-
ram a uma igreja franciscana em Massa Mar-
tana, na Úmbria, onde o plano dela funcio-
nou bem demais porque ele percebeu que preci-
ALESSANDRO PENSO/THE NEW YORK TIMES
SÁBADO, 17 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
sava de espaço sagrado onde pudesse “não
parar de questionar a vida”. Foi ordenado
padre e defendeu sua dissertação sobre apri-
moramento humano e ciborgues. Conseguiu
seu emprego na Gregoriana e, depois, como o
responsável pela ética de TI do Vaticano. l
uso da IA para prevenir um
mundo desprovido de miseri-
córdia, onde algoritmos ines-
crutáveis decidam quem rece-
be asilo; quem consegue em-
préstimo; ou quem, no campo
de batalha, vive ou morre.
Essas preocupações refle-
tem as de Benanti, que não
acredita na capacidade da in-
dústria de se autorregular e
pensa que algumas regras de
conduta são necessárias em
um mundo em que deep fakes
e desinformação podem cor-
roer a democracia.
Ele está preocupado ao ver
os senhores dos universos da
IA desenvolvendo sistemas
que ampliarão abismos de desi-
gualdade. E teme que a transi-
ção seja tão abrupta que cam-
pos profissionais inteiros se-
jam relegados a trabalhos me-
nores ou a nada, despojando as
pessoas de dignidade e desen-
cadeando “ondas de desespe-
ro”. Isso, disse, levanta enor-
mes questões sobre redistri-
buição de riqueza em um uni-
verso dominado pela IA.
COMO TUDO COMEÇOU. Em
2018, seus contatos na Micro-
soft lhe pediram para ajudar a
organizar uma reunião entre o
papa e Brad Smith, presidente
da empresa. Benanti, como
parte da delegação do Vatica-
no, traduziu termos técnicos
durante o encontro de 2019.
Francisco, contou ele, inicial-
mente não percebia bem o que
a Microsoft realmente fazia. O
papa – que Benanti disse ter-se
tornado mais letrado em IA, es-
pecialmente após uma ima-
gem de sua santidade usando
um casaco “puffer” branco de-
senhado pela inteligência arti-
ficial viralizar – se animou.
Francisco gostou quando a dis-
cussão foi menos sobre a tec-
nologia e mais sobre “o que ele
pode fazer” para proteger os
vulneráveis.
No mês passado, Benanti,
que afirmou não receber paga-
mento da Microsoft, partici-
pou de uma reunião entre Ga-
tes, cofundador da empresa, e
a primeira-ministra Giorgia
Meloni, que está preocupada
com o impacto da IA na força
de trabalho. Ela agora nomeou
Benanti como líder da comis-
são de IA na mídia italiana. Es-
sa comissão estuda maneiras
de proteger os escritores da Itá-
lia. “A obediência à autoridade
é um dos votos”, explicou Be-
nanti, enquanto brincava com
os nós do cinto de corda de seu
hábito, significando a promes-
sa de obediência, pobreza e cas-
tidade franciscana. l