CONTADORES TROTINETAS

414 julho/agosto 2019

INTELIGENTES Invadiram Lisboa e
www.deco.proteste.pt
Entrevista exclusiva atropelaram os direitos
a Cristina Portugal, do consumidor. DECO
da ERSE, e António Amorim, alertou e as empresas
da EDP Distribuição corrigiram os contratos

Diretora e editora Cláudia Maia

MENSAL > NÃO É PUBLICADA EM AGOSTO | € 11,50

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Nesta edição julho/agosto 2019
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NOTÍCIAS
04 EDITORIAL
Esclarecemos como testamos
os protetores solares.
05  SEM FRONTEIRAS
Pressão sobre plataformas de reserva
de hotéis. Obsolescência prematura:
a curta duração dos produtos.
08 PANORAMA
Reduzir o IVA da energia.
Contactar as lojas dos comparadores.
Protetor solar ISDIN. Prémios Sitestar. 218 410 858
DECO PROTESTE na 3.ª edição Serviço de informação
da Portugal Air Summit. Google Dias úteis 218 410 801
Chromecast Video 3. Guerra contra das 9 às 18 horas Assinaturas e encomendas
a Huawei. Vírus no WhatsApp.

INVESTIGAÇÕES
12  CURSO DE MERGULHO 30  ÁGUA DA REDE 44  ENERGIAS RENOVÁVEIS
Fizemos o curso para contarmos tudo Por falta de manutenção das condutas, Analisámos uma solução híbrida que une
o que precisa de saber. entidades gestoras não evitam perdas termoacumulador e bomba de calor.
de 180 milhões de metros cúbicos.
16 POLÍCIA 48  REDES SOCIAIS
Cerca de mil inquiridos revelam a opinião 34 PERAS Twitter, Facebook, YouTube, Pinterest
sobre a segurança e as forças policiais. Pouco calóricas e de fácil digestão, são e Instagram: um dia nas nossas redes
das frutas preferidas dos portugueses. sociais.
20  VISITAR PORTUGAL Consulte o guia de compras.
No verão, todas as desculpas são boas para
viajar pelo País. 37 CONTADORES
INTELIGENTES
24  SOLUÇÕES À MEDIDA Esclarecemos junto da ERSE e da EDP LEITORES EM AÇÃO
Ajudámos Raquel Madruga a poupar mais Distribuição as dúvidas dos consumidores.
de 200 euros. 64  LINHA DIRETA
Reparação de sofá demorada.
42 TROTINETAS Tablet avariado originou reembolso.
28  40 ANOS PROTESTE Analisámos os termos e as condições
Campos de férias. Cancelar contrato.
Entrevista à atriz das plataformas eletrónicas das trotinetas.
Vantagens para si.
Fernanda Serrano.

EM TESTE
268
PROD UTOS
50 TELEMÓVEIS
Desbloquear o aparelho
57 QUALREDE
A velocidade da net móvel
60 COLUNAS
DE SOM
NESTA
com o rosto ou a impressão varia consoante o operador Testámos 35 modelos
ED IÇ ÃO digital é muito prático, e o local. Junte-se aos portáteis e descobrimos
mas nem sempre é o mais 32 mil utilizadores que já alguns que até aguentam
seguro. testaram a sua rede móvel. uma ida à praia, resistentes
que são a água e areia.
54 CARVÃO 58 COZINHA
PARA Descubra, nos nossos
GRELHADOS comparadores, as 58
O carvão vegetal emite melhores propostas Poupe 440
euros com
menos compostos com qualidade e preço
60 a Escolha
As colunas testadas garantem até orgânicos e aldeídos vantajoso. Acertada
38 horas de música sem parar do que os briquetes. dos robôs

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  3

 EDITORIAL
CONSUMIDOR
Sem fronteiras
Texto Deonilde Lourenço

Reserva
de hotéis:
plataformas
sob pressão
CLÁUDIA MAIA
DIRETORA E EDITORA “Resta apenas um quarto
a este preço” ou “reservado
editorial@deco.proteste.pt quatro vezes nas últimas 24
horas”. Mensagens como estas

Como testamos vão deixar de ser permitidas

em seis plataformas online
de reserva de hotéis, graças à

protetores solares
intervenção da Autoridade da
Concorrência do Reino Unido
(Competition and Markets
Authority). De acordo com
Em final de maio, revelámos na nossa página online que o ISDIN Fotoprotetor esta entidade, tais plataformas
Pediatrics Transparent Spray indica um fator de proteção solar (FPS) superior transmitem uma ideia errada
ao que medimos no teste em laboratório: em vez do anunciado 50+, deveria de popularidade, pressionam
constar do rótulo FPS 15. A notícia suscitou reações da marca, dúvidas de o consumidor a efetuar uma
reserva, difundem uma
colunistas e preocupações de consumidores habituais do produto. A todos, e aos ideia enganadora do preço e
nossos leitores em particular, importa esclarecer como testamos estes produtos. destacam os hotéis que pagam
Na falta de legislação sobre como devem ser feitos os testes, seguimos comissões mais elevadas.
a recomendação da União Europeia relativa à eficácia e às propriedades As plataformas - Agoda,
Booking.com, ebookers,
dos protetores solares. Esta estabelece, por exemplo, que valores devem ser
Expedia, Hotels.com e
medidos para se indicar um fator de proteção de 15, 30 ou 50+ e as alegações Trivago - vão ter de alterar o
possíveis na embalagem. Mas não diz claramente que metodologia de teste modus operandi. A autoridade
usar. Usámos, por isso, uma norma reconhecida e recomendada pela maior britânica da concorrência,
associação de produtores de cosméticos europeus, bem como pela maioria que começou a investigação
em outubro de 2017, alega
dos fabricantes e autoridades que o consumidor, devido
internacionais - a ISO 24444:2010. Siga o teste em àquelas práticas, pode não
Ao todo, enviámos para laboratório
27 protetores com FPS 50+, de
www.deco.proteste.pt/ fazer o melhor negócio. Um de
setembro é a data limite para
várias marcas e de quatro países: protetores-solares as plataformas alterarem as
suas políticas. Caso contrário,
Portugal, Espanha, Bélgica e Itália. podem enfrentar sanções.
O teste é realizado in vivo, ou seja, é efetuado em pessoas - no mínimo, Estas empresas concordaram
10 por produto - e com um intervalo de confiança de 95%, como ditam as boas de forma voluntária em
práticas. As embalagens são descaracterizadas, de modo a garantir que nem respeitar o acordado, como,
por exemplo, não darem a
analistas, nem técnicos de laboratório sabem que produto estão a avaliar.
falsa impressão de estarem
Em termos simples, o teste consiste em aplicar uma quantidade específica ocupadas ou não pressionarem
de protetor em diferentes zonas das costas das “cobaias” humanas e, de para uma reserva com base
seguida, três níveis de radiação, para avaliar como a pele reage nessas zonas. em informação incompleta.
O fator de proteção é determinado em função da intensidade da reação cutânea
16 a 24 horas depois.
Dos 27 produtos em análise, 25 confirmam o FPS 50+. Nas três amostras
de ISDIN, os resultados denunciam fatores de proteção de 16,5, de 17,6 e de
17,9, que correspondem a um FPS 15. Estas conclusões só foram divulgadas
ao público após termos confirmado a sua validade e terem sido comunicadas
ao fabricante e às autoridades de cada um dos países. Na Bélgica, o Ministério Hotéis pesquisar
da Saúde já pediu a suspensão da comercialização do ISDIN até ter os próprios
resultados. Por cá, aguardamos que o Infarmed reaja ao nosso alerta.

4  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


Pretendemos desenvolver
testes independentes para avaliar
a durabilidade dos produtos
SÍLVIA MENEZES
Técnica da DECO PROTESTE, participante do PROMPT
(Premature Obsolescence Multi-Stakeholder Product
Testing Programme)
A produção de resíduos de equipamentos
elétricos e eletrónicos aumentou nos últimos
anos. Frigoríficos, computadores, impressoras
e máquinas de café encontram-se entre os
produtos cuja criação de resíduos é mais
acentuada. É o ambiente que está em causa,
mas também o orçamento do consumidor.
A obsolescência programada, ou seja, a curta
duração dos produtos, está na origem do
problema. O PROMPT pretende alterar o estado
da arte. Além da DECO, outras associações
europeias estão envolvidas, como a italiana
Altroconsumo, a belga Test Achats, a espanhola
OCU, a alemã Stiftung Warentest e a francesa
UFC Que Choisir.
Qual é o objetivo deste consórcio de
organizações de consumidores (PROMPT),
do qual a DECO faz parte?
O principal objetivo do projeto PROMPT
é desenvolver um programa de testes
independentes que sirva de suporte à
avaliação da durabilidade de produtos de
consumo, elétricos e eletrónicos, quando
são colocados à venda nas lojas. Analisará,
igualmente, a facilidade de reparação desses
www.deco.proteste.pt
produtos e a disponibilidade de componentes
de substituição.
“Queremos que o
consumidor escolha
produtos mais
sustentáveis”
De que forma podem os consumidores participar
no PROMPT?
As organizações que integram este consórcio
irão disponibilizar uma plataforma online com o
propósito de receber participações sobre avarias
prematuras dos produtos. Esta ferramenta será
baseada no site da associação belga nossa
congénere, Test Achats (www.test-achats.be/
trop-vite-use), já disponível. Pretendemos que
os consumidores pensem verdadeiramente
em escolher produtos mais sustentáveis,
que incorporem, por exemplo, mais materiais
reciclados, mais eficientes e fiáveis. E que
avaliem sempre a possibilidade de reparação,
para conservarem os produtos por mais
tempo, equacionem a opção por produtos
remanufaturados (mais baratos e com garantia)
e a partilha ou o aluguer de equipamentos
que usem pontualmente.
“Numa plataforma
online, o consumidor
pode relatar avarias
prematuras
dos produtos”
O que é a obsolescência programada?
Quais as consequências ambientais e de que
forma a chamada economia circular é um
conceito que entra nesta equação?
A gestão de recursos finitos é hoje, finalmente,
vista com a devida importância. A economia
circular é a nova forma de abordar os produtos
de consumo. Estipula que não deveremos
falar de lixo, mas sim de materiais usados,
que devem ser incorporados no fabrico de
novos produtos, e de componentes de produtos
usados, que podem ser reutilizados como peças
de substituição em reparações de produtos
avariados. É claro que este novo paradigma
ficaria incompleto se não adicionássemos
pontos fundamentais. Os produtos têm de
ser desenhados para durarem mais tempo.
As suas avarias, que acabam por ocorrer,
serão fáceis e rápidas de resolver, a um preço
justo e nunca condicionadas por imperativos
tecnológicos que, frequentemente, são
um subterfúgio para que a reparação se
torne muito pouco ou nada atrativa para
os consumidores. Melhor conceção dos
produtos, maior durabilidade e reparações
mais fáceis, rápidas e económicas serão
decisivas para que o consumidor mantenha
os produtos por mais tempo e diminua o impacto
no ambiente.
Como interagir com as empresas para
conceberem produtos que durem mais tempo?
Os resultados deste projeto serão disseminados
junto dos vários atores no ciclo de vida dos
produtos: decisores políticos, especialistas na
elaboração de normas, fabricantes, retalhistas
e consumidores. Só temos a ganhar se
trabalharmos em conjunto.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  5
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AV. ENG.º ARANTES E OLIVEIRA, N.º 13 | 1900-221 LISBOA
 PANORAMA
Alimentação, saúde, dinheiro e tendências
BASTAM 6 NÃO TEM SITE,
TEM E-MAIL
IVA a 6% para todos As lojas físicas que
Não nos contentamos com a medida anunciam preços dos
aprovada pelo Governo. Exigimos o IVA produtos testados nos
reduzido em todos os componentes comparadores, em
da energia doméstica e para todos www.deco.proteste.pt,
os consumidores podem passar a estar à
distância de um clique.
Mesmo sem loja online,
pode ser possível enviar
um e-mail através do
botão “comprar”, para
esclarecer dúvidas,
como preço e
disponibilidade.

ISDIN: anuncia 50+

mas só tem 15
O protetor solar ISDIN Fotoprotetor
Pediatrics Transparent Spray
indica um fator de proteção solar
Em 2018, mais de 70 mil consumidores assinaram a carta aberta que
(FPS) 50+, mas os testes revelam
entregámos no Parlamento, exigindo a taxa de IVA reduzida na eletricidade,
que deveria estar rotulado com
no gás natural e no gás engarrafado. O Governo baixou o imposto, mas a
FPS 15. Já demos conhecimento
medida aprovada incide apenas sobre as tarifas de acesso nos termos fixos,
dos resultados ao Infarmed, para
uma parte irrisória das faturas da eletricidade e do gás natural. Mais: a descida
que atue em conformidade.
do IVA na eletricidade deixa de fora metade dos consumidores, pois só estão
As associações de consumidores
abrangidos os contratos até 3,45 kVA. Já o gás engarrafado, usado por 70%
da Bélgica e de Espanha também
das famílias, vai continuar a ser penalizado com a taxa máxima (23 por cento).
o testaram em laboratório.
Ora, estas energias são um serviço público essencial, não devendo ser assim
Os resultados foram iguais aos
taxadas. Mantemos a nossa posição e vamos entregar aos partidos políticos
obtidos pelo produto comprado
uma reivindicação para que incluam nos programas eleitorais das próximas
legislativas a descida do IVA do gás natural e engarrafado e da eletricidade em Portugal. Tal como em todos os
para a taxa reduzida: 6% em Portugal Continental, 5% na Madeira e 4% testes que realizamos, enviámos
nos Açores. os resultados aos fabricantes antes
Em 2011, no âmbito do programa de assistência financeira, o IVA da da publicação. A ISDIN apresentou
energia doméstica aumentou de 6% para 23 por cento. A subida afetou argumentos que justificavam a
os portugueses e foi aplicada a todas as componentes da fatura. Sete repetição do teste. Comprámos
anos depois, na discussão do Orçamento do Estado para 2019, o Governo novamente o produto e enviámo-lo
acenou com a promessa de uma descida, mas só sobre os termos fixos da para laboratório. O teste confirmou
eletricidade e do gás natural, que representam cerca de 20% do valor final os resultados: o FPS indicado no
da fatura. Pior: a 13 de maio, o decreto-lei publicado em Diário da República rótulo não deveria ser 50+, mas
veio esclarecer que o IVA, afinal, só vai baixar numa parcela dos termos 15. Assim, a proteção conferida
fixos, traduzindo-se numa parca poupança anual, de € 9,12 na eletricidade, não é “muito alta”, como refere o
e de € 3,94, no gás natural. produto, mas “média”. Os testes
Não nos contentamos com uma medida com um impacto tão limitado foram realizados num laboratório
nos orçamentos familiares. Não baixaremos os braços enquanto não virmos independente e certificado,
a taxa do IVA reduzida em toda a energia doméstica. seguindo as normas
da Organização Internacional
www.deco.proteste.pt/campanhas/bastam6 de Normalização (ISO).

8  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt

 #plasticoamais
Partilhe imagens e denúncias do uso desnecessário de plástico, através de plasticoamais@deco.pt e, nas redes sociais, através
de #plasticoamais. Vamos encaminhar os exemplos para os produtores ou retalhistas e pressionar para mudanças.

SITESTAR Jovens dominam o mundo “.pt” PROTETOR

O Palácio Baldaya (Lisboa) foi palco, a 30 PARA CRIANÇAS
de maio, da entrega dos prémios Sitestar,
promovidos pela DECOJovem e pela Teste completo em www.deco.
associação .PT, que permite a alunos, dos proteste.pt/protetores-solares
14 aos 18 anos, divulgar projetos através
de sites concebidos no domínio .pt, em
três categorias: ‘“Escola mais Digital”, MELHOR
“Faz a Diferença” e “Jovens com Talento”. DO TESTE
Equipas vencedoras de cada categoria:
AltF4, do Colégio de Lamas, de Aveiro
71 MUITO BOA
QUALIDADE
4See/Diana Tinoco

(www.entrelinhas-lamas.pt); PeaceKeepers, VICHY

da Escola Secundária Marquesa de Alorna, Idéal Soleil
de Almeirim (www.micromundos.pt); e 3PL, SPF 50+
do Centro de Educação e Desenvolvimento Em spray,
Pina Manique, da Casa Pia de Lisboa (www. sem gás
ensinointegradodamusica.pt). Os Protetores do pressurizado,
Este ano, participaram 775 alunos Planeta, do Instituto D. João V (pegadahidrica. e apreciado
e 58 professores de 48 escolas pt) receberam uma menção honrosa, na pelos
segunda categoria. utilizadores.
€ 16,80
a € 21,99

3.ª EDIÇÃO PORTUGAL AIR SUMMMIT

Manual de boas práticas

71
na nossa estreia
MUITO BOA
QUALIDADE
MELHOR
DO TESTE
CIEN (LIDL)
Spray Solar
Infantil FPS
De 30 de maio a 2
4See/Pedro Martins

ESCOLHA 50+
de junho, voámos ACERTADA
Escolha
Acertada
em Ponte de Sor incontestável:
para informar é um dos três
melhores e o
os consumidores mais barato.
Em pistola,
sem gás
A terceira edição da maior cimeira pressurizado.
aeronáutica da Europa contou Apreciado por
com 150 oradores, onde não quem usou.
faltaram as personalidades mais € 4,99
relevantes do setor para debater
e analisar o futuro da aviação
tripulada e não-tripulada.
Além de corridas e acrobacias,
a Portugal Air Summit contou O debate mais rico MELHOR 71 MUITO BOA
QUALIDADE
com a DECO PROTESTE, focada e esclarecedor DO TESTE
LA ROCHE
nos cuidados de segurança na ao som POSAY
utilização de drones. Alertámos da Air Race Antelios
os consumidores para regras e Championship Dermo-
direitos durante os quatro dias pediatrics
do evento. O momento alto foi SPF 50+
o lançamento do manual de Em spray,
boas práticas, em parceria com por um drone? Ninguém ficou sem que fez um ano, exigindo o seguro sem gás
a HP Drones. O stande da DECO resposta. A lei, o que falta fazer, o obrigatório”. Mas, um ano depois, pressurizado.
PROTESTE recebeu mais de mil seguro e os cuidados aqueceram o País continua sem definir as Apreciado pelos
visitantes de todas as idades o debate. O nosso especialista, condições para aplicar a medida utilizadores.
para um passatempo. Pedro Mendes, destacou as e sem plataforma de registo. € 16 a € 23,65
A que altura um drone pode prioridades dos consumidores e
voar? O que fazer se for filmado deu “os parabéns ao decreto-lei, www.deco.proteste.pt/drones

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  9

 PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Chromecast Video:
à terceira, pode não ser de vez
Depois das versões 2 e Ultra, chegou o Chromecast Video 3, solução prática
para converter um televisor convencional num aparelho com acesso a apps
de streaming de vídeo. Mas as diferenças são de tal forma ténues que não se
compreende porque a Google o designa como a terceira geração do dispositivo.
Na sua sala, pontifica uma moderna televisão, com acesso Trata-se sobretudo de um lifting facial, e mesmo as alterações
à internet e a apps de streaming de vídeo, como o YouTube e a estéticas são subtis. A Google deixou de fora a resolução 4K e o
Netflix? Então, guarde o dinheiro, pois este artigo não é para si. HDR, mantendo estas opções apenas na mais dispendiosa versão
Já se o seu equipamento não é conectado ou, sendo-o, Ultra (desde 71 euros), que continuará à venda. Parece um bom
começa a ter problemas de compatibilidade com as aplicações, equilíbrio, visto que o beneficio de integrar o 4K e o HDR é reduzido
por falta de atualização do fabricante, saiba que experimentámos e certamente não justifica o preço. Tal como o modelo 2, o novo
a terceira versão do Google Chromecast Video, um dispositivo Chromecast tem dimensões reduzidas e pode ser carregado através
que, em troca de 39 euros, dá vida nova aos televisores. Vale a da entrada USB do televisor, o que permite uma instalação muito
pena? Depende. discreta. Ponto potencialmente positivo: segundo a Google, a versão
O Chromecast Video 3 é uma ótima opção, olhando ao preço 3 faz streaming de vídeos em 1080 p, agora até aos 60 fotogramas
e à simplicidade do uso. Mas há outras. A resposta está condicionada por segundo (contra 30 na versão anterior) e integra a tecnologia
ao seu perfil e aos dispositivos que tem em casa. Se possui um Chromecast Audio, para streaming de música. Isto não significa,
leitor multimédia ou pretende investir num destes aparelhos porém, que substitua um Chromecast Audio, pois não vem equipado
(os que incluem o sistema operativo Android TV, mais versáteis, com entrada de áudio analógica.
custam desde 70 euros), o Chromecast não lhe interessa. O mesmo E em que ficamos? Caso tenha um Chromecast 2, não vale a pena
acontece se tiver uma consola de jogos, como a Xbox One ou a Sony sequer ponderar a troca. Agora, se não tem nenhum equipamento
PS4, ou ainda, apesar de ser menos prático, um computador portátil. em casa, fica ligeiramente mais bem servido com a versão 3. A troca
Basta ligar um destes equipamentos ao televisor para recuperar a é ainda interessante para quem comprou o primeiro Chromecast
conectividade e o acesso às aplicações de streaming de vídeo. Video, de 2013. Aqui, as diferenças são mesmo notórias.
Apenas se tais equipamentos estiverem ausentes dos seus E quem pretende um televisor moderno, sem problemas
pertences terá vantagem em avançar para um Chromecast Video. de conectividade? Só tem de espreitar características, resultados
E o que traz de novo a versão 3 face à 2? Praticamente nada. e preços em www.deco.proteste.pt/televisores.

10  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt

 Esqueça tudo o que pensava saber sobre o universo
Com um equipamento ultrassensível instalado no subsolo, em Itália, uma equipa de cientistas, que incluiu investigadores da Universidade de Coimbra,
descobriu um isótopo (partícula) radioativo que é um milhão de milhão de vezes mais velho do que o universo. Significa que existia algo antes de tudo existir.

O TÉCNICO Google e Huawei, ou a arte da guerra reinventada

COMENTA A guerra entre os EUA e a China pela hegemonia geopolítica está também a travar-se no
teatro de operações digital. A Google acatou a ordem executiva de Donald Trump e deixou
de ser fornecedora da Huawei. Estamos a trabalhar para defender os consumidores.

1  PAÍSES OCIDENTAIS TRAVAM

CHINA
Em finais do ano passado, o governo
2  ACUSAÇÕES DE ESPIONAGEM
canadiano deteve Meng Wanzhou,
diretora financeira da Huawei e filha do
seu fundador. Os jornais explicaram na
altura que a detenção coincidia com as
Tito Rodrigues
tentativas de alguns países ocidentais
Jurista da DECO
PROTESTE restringirem o uso da tecnologia
da gigante chinesa em plataformas
móveis de 5G. Estados Unidos,
Austrália e Nova Zelândia estavam
na vanguarda dos que procuravam
bloquear os avanços da Huawei. Desde
então, o conflito subiu de tom e, em
maio, o governo de Donald Trump
juntou a Huawei à lista negra das
transações de hardware e software
entre empresas norte-americanas e
outras consideradas de risco, impondo
um pedido de autorização especial
para a sua concretização.
EM CIMA DA MESA
Os Estados Unidos consideram que a
3  E OS DIREITOS
empresa chinesa, que se destacou por
lançar produtos a preços acessíveis
e, progressivamente, outros mais
sofisticados, pode representar riscos
para a segurança nacional, incluindo
os de sabotagem e ciberespionagem.
E, em maio, a Google seguiu a
ordem executiva e suspendeu
toda a atividade com a Huawei.
A decisão alastrou-se a empresas
como Intel, Qualcomm, Broadcom
e Xilinx, fornecedoras de hardware.
Entretanto, as autoridades americanas
fizeram um compasso de espera e
suspenderam as sanções por 90 dias.
Objetivo? Os clientes da empresa
chinesa terem tempo de encontrar
outros fornecedores, para evitarem
interrupções críticas.
DOS CONSUMIDORES?
O conflito tem sofrido muitos
desenvolvimentos, e ainda nada é
certo: estamos a trabalhar com outras
organizações de consumidores para
que não tenha impacto negativo
na vida dos cidadãos. Em princípio,
nada acontecerá a quem já possui
telemóveis da Huawei e Honor. Mesmo
os eventuais riscos de segurança
devido à não atualização de software
são baixos por enquanto. Porém, os
futuros aparelhos destas marcas
poderão perder acesso à Play Store e
aos Google Services. O fabricante terá,
pois, de prever outro sistema operativo,
que já está a desenvolver. É ainda
possível que as sanções se alarguem
a outras marcas chinesas, como a
Xiaomi. Mas, por agora, o mais sensato
é evitar alarmismos e aguardar.

VÍRUS NO WHATSAPP

Zuckerberg ainda na casa dos horrores

Depois dos vários escândalos
associados ao Facebook, chega
mais uma má notícia para Mark
Zuckerberg, mas sobretudo para
os utilizadores do WhatsApp,
junto de quem a aplicação de
mensagens tem sido promovida
como “inviolável”. O jornal britânico
Financial Times deu o alerta. Uma
vulnerabilidade no sistema de
segurança da app foi explorada por
piratas informáticos para entrarem
nos smartphones dos utilizadores.
Através de spyware, software
instalado no telemóvel, foram
monitorizadas as atividades dos
utilizadores. Para ativar este spyware,
uma chamada telefónica foi suficiente,
mesmo sem ser atendida.
O WhatsApp recomenda a atualização
da app como forma de evitar ataques.
A medida é certamente útil, mas será
preciso segui-la com frequência. Se o
seu telefone usa o iOS e não é sujeito
a atualizações automáticas, vá à App
Store e clique em “atualizações”.
Surgirá uma lista de apps: basta
escolher a do WhatsApp e carregar
em “atualizar”. Já se o seu telemóvel
recorrer ao Android e a versão
instalada não for a mais recente,
siga para a Google Play Store e, no
menu principal, selecione “As minhas
apps e os meus jogos”. Também
aparecerá uma lista, onde deverá
procurar o WhatsApp e fazer a devida
atualização.
Outra opção, esta mais radical,
é mudar de app de mensagens,
claro. A Telegram, por exemplo,
ainda não demonstrou as mesmas
vulnerabilidades.
Contactámos o WhatsApp, a pedir
explicações sobre o sucedido e
informações sobre o número de
utilizadores afetados e as medidas
para proteger os utilizadores.
Aguardamos resposta.

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  11

 INVESTIGAÇÃO
Feature Name

Descemos
aos 18 metros
Respirar pelo regulador, partilhar ar com
o parceiro, tirar a máscara debaixo de água.
Fizemos o curso e sobrevivemos para
contarmos tudo o que precisa de saber
Texto Ana Catarina André e Filipa Rendo
Fotografia Rodrigo Cabrita

O
dia por que todos ansiávamos
finalmente chegou. Estamos
num barco semirrígido, ao largo
da costa de Sesimbra, prestes a
iniciar a etapa decisiva do curso de mer-
gulho: a entrada no mar. Depois de um
período intenso de preparação em gru-
po — estudo, exame escrito e dez horas
de treino na piscina —, encontramo-nos
equipados e prontos a saltar para a água.
Somos três: sabemos nadar, mas nunca fize-
mos mergulho. Até à obtenção do certificado
que nos habilitará a praticar a modalidade
em todo o mundo (a 18 metros de profundi-
dade), faremos duas sessões em ambiente
aquático natural. Cada uma inclui dois mer-
gulhos, o que corresponde a duas manhãs.
Antes de sair de terra, é preciso montar o
material e, no fim, arrumá-lo.
Um dos desafios da estreia no mar foi a
entrada na água, ou melhor, a inquietação
provocada pelos sete metros de distância
até ao fundo. Um receio pouco sustentado.
Sabíamos que o instrutor Miguel Miranda
estaria sempre na dianteira e nunca nos per-
deria de vista. Aliás, uma das regras funda-
mentais da modalidade é nunca praticá-la
individualmente.
Saltamos de costas — a outra opção seria
fazê-lo de pé, através do salto de gigante
que consiste em dar um passo para cair na
água. Tiramos o ar da asa (equipamento que
transportamos às costas para controlar a
flutuabilidade) e deixamos que os pesos
que carregamos à cintura (cinto de lastro)
nos ajudem a descer. A água do mar não
está completamente translúcida, mas per-
EM DESTAQUE mite observar alguma flora e fauna, caso
Como fazer um curso dos sargos, peixes muito comuns na costa
de mergulho portuguesa. No fundo, observamos peque-
Preços de escolas nas conchas de tons púrpura. De seguida,
de norte a sul, incluindo fazemos alguns exercícios: tiramos e pomos
Açores e Madeira a máscara, partilhamos ar com o parceiro.
Tudo decorre tranquilamente.

12  Proteste 000 • mês 2015 www.deco.proteste.pt

 INVESTIGAÇÃO
Cursos de mergulho

ESTUDO, PISCINA E MAR

Seis fases do curso

1
Estudo e exame escrito: equipamento e cuidados de segurança são
temas abordados na plataforma online que disponibiliza a parte teórica
do curso. É preciso obter uma classificação mínima de 80% no teste

2
Na piscina: depois de aprenderem a montar o equipamento, os alunos
utilizam pela primeira vez o regulador para respirar debaixo de água.
Dentro de água, um dos maiores desafios é tirar a máscara
e voltar a colocá-la

3
Regresso à piscina: treino mais exigente, que inclui cenários de
emergência, como assistência ao companheiro e subidas repentinas

4
Mar: a uma profundidade relativamente reduzida
(10 a 12 metros) repetem-se alguns exercícios feitos
na piscina (troca de ar com o parceiro, por exemplo)

5
De novo no mar: o mergulho pode chegar aos 18 metros.
Na costa portuguesa, é possível observar espécies
como sargos e polvos

6
Certificado: terminado o curso, os alunos ficam
aptos a mergulhar em qualquer sítio do mundo,
até 18 metros de profundidade

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  13

 INVESTIGAÇÃO
Cursos de mergulho
A primeira experiência no mar ocorreu após um exame escrito e dez horas de treino na piscina
Das canas ocas...
O curso, cujo preço inclui o material neces-
sário, começou em casa, através de uma
plataforma de estudo online. Cada um de
nós ficou a conhecer as principais regras
da modalidade e a história e evolução da
mesma. Entre vídeos, infografias e textos,
deparamos com dados curiosos: sabia, por
exemplo, que, nos primórdios do snorkelling
(mergulho em águas rasas), o homem usava
canas ocas para respirar debaixo de água?
E que o primeiro equipamento de mergu-
lho, totalmente fechado e à prova de água,
só foi desenvolvido em meados do século
xix? São breves apontamentos que ajudam
a enquadrar o estado atual da modalidade.
Na verdade, o mais importante é perceber
os efeitos da pressão debaixo da água e as
lesões que daí podem advir, se não forem es-
crupulosamente cumpridas as regras básicas
14  Proteste 414 • julho/agosto 2019
água, que é superior à da atmosfera. Quem
não o fizer pode sofrer danos graves nos ou-
vidos, nos pulmões e nos seios perinasais,
alguns deles irreversíveis.
O que é preciso fazer para minimizar es-
tes riscos? Basta apertar as fossas nasais,
soprando com suavidade até que entre ar
no ouvido médio (ouve-se um pequeno
estalo), enquanto se desce lentamente.
Sim, o advérbio é fundamental neste caso.
Não se deve chegar ao fundo do mar de for-
ma brusca, e muito menos voltar de lá dessa
forma. Diz a norma que o tempo de subida
não deve ser superior a 9 metros por minu-
to. Mais: por razões de segurança, nunca se
deve mergulhar constipado ou com o nariz
entupido. O muco bloqueia a trompa de Eus-
táquio, que é o canal de comunicação entre
a boca e o ouvido, e impede a compensação
da pressão.
Parece muita informação, mas tudo se tor-
na mais claro nas primeiras horas na piscina.
... às garrafas de ar
Utilizámos a piscina do Centro Português de
Atividades Subaquáticas, que tem a vanta-
gem de ser uma das mais profundas do País.
A água estava fria: por isso, aos friorentos,
aconselhamos que façam o curso no verão.
E, se no início parece que há demasiado
equipamento para controlar - do regula-
dor (para respirar) à asa (que determina a
flutuabilidade) -, à medida que nos famili-
arizamos com a modalidade, essa sensação
vai-se atenuando. O mais difícil parece ser
mesmo gerir a ansiedade que o ambiente
aquático pode provocar. “Ajudar os alunos
a ultrapassar esses receios é um dos princi-
pais desafios de um instrutor. É fundamen-
tal mantermo-nos calmos”, explica Miguel
Miranda.
Ultrapassado o medo, há outros obstácu-
los a vencer. O material não deixa de ser
exigente no manuseamento, e pesado. O fato
cola-se ao corpo e, nos primeiros minutos,
É obrigatório, insistiu parece demasiado apertado (mais tarde,
será graças ao material de que é feito que
o instrutor, compensar não trememos de frio). A garrafa de ar pesa
a diferença de pressão 18 quilos, o que para pessoas de pequena
estatura se pode tornar desconfortável fora
entre a água e a da água. Por isso, quanto melhor for a forma
física do mergulhador, mais fácil se torna a
atmosfera, de modo prática. “Não quer dizer que uma pessoa
a evitar riscos com uma vida mais sedentária não possa
mergulhar, mas está menos bem prepara-
para a saúde da”, considera o instrutor, explicando que,
a partir dos 12 anos de idade, é possível fazer
o curso. “Convém também ter algumas no-
ções de natação, ainda que básicas”, alerta
de segurança. São esses os conhecimentos Miguel Miranda. Sim, chegámos cansados
aferidos no exame escrito. ao fim de cada treino. Mas estamos ansiosos
É obrigatório - insistiu várias vezes o ins- por voltar ao mar.
trutor - usar a chamada técnica de Valsava
para compensar a diferença de pressão na Dossiê técnico Miguel Lage
www.deco.proteste.pt
 Mais informação
www.deco.proteste.pt/lazer

EQUIPAMENTO NECESSÁRIO
H
I

A B

J
G

A. Garrafa: armazena o ar usado pelo mergulhador B. Capuz: protege a cabeça, uma das partes do corpo que perdem mais calor debaixo de água
C. Máscara: ajusta-se ao contorno do rosto para salvaguardar a cara e os olhos (não pode ser substituída por óculos de natação) D. Regulador:
instrumento que permite respirar debaixo de água E. Luvas: protegem as mãos do frio e de ferimentos. F. Botas: evitam escoriações e protegem
das baixas temperaturas G. Cinto de lastro: como contém pesos de chumbo, permite que o mergulhador desça ao fundo do mar, contrariando a
flutuabilidade H. Fato: disponível em diferentes espessuras e materiais, protege das variações de temperatura da água I. Asa: espécie de mochila
que suporta o sistema de fornecimento do ar e permite controlar a flutuabilidade J. Barbatanas: impulsionam a deslocação debaixo de água

Onde fazer um curso

AÇORES
Haliotis Santa Maria.
Vila do Porto. 262 781 160.
€ 399. Haliotis Faial. Horta.
911 913 624. € 399.
Espírito Azul. São Miguel.
914 898 253. € 420 Octopus.
Praia da Vitória. 912 513 906 € 375
ALGARVE
Dive Club Cipreia. Lagos.
936 959 234. € 420.
Dive Spot. Armação de Pêra.
282 314 825. € 450. Subnauta.
Portimão. 935 577 000. € 390.
Easydivers. Albufeira.
966 192 299. € 390. Open Waters.
Quarteira. 289 312 258. € 399
LISBOA
Nautilus. 212 551 969. € 389.
Dive Club Cipreia. 218 435 580.
€ 420. Escola de Mergulho
de Lisboa. 213 885 295.
€ 360. Centro Português
de Atividades Subaquáticas.
213 016 961. € 390
MADEIRA
Haliotis Madeira. Machico.
936 472 193. € 399
Madeira Divepoint. Funchal.
917 736 396. € 390
Porto Santo Sub Porto Santo.
916 033 997. € 420
Scuba Madeira. Funchal.
291 709 227. € 390
PENICHE
Haliotis Peniche. 262 781 160.
€ 399. Aquascuboeste.
918 393 444. € 390. Justdive.
262 789 109. € 395.
PORTO
Haliotis Porto. Matosinhos.
220 984 227. € 399
Escola de Mergulho do Norte. Porto.
964 025 765. € 370.
Submania - Escola
de Mergulho. Matosinhos.
934 837 434. € 390. Submersus.
Rio Tinto. 229 741 968. € 450
PORTO COVO
Ecoalga. 964 620 394. € 400
SESIMBRA
Haliotis Sesimbra.
910 586 132. € 399.
Dive Club Cipreia.
917 255 072. € 420.
Odisseia Azul.
917 512 996. € 405.
Anthia Diving Center.
965 225 787. € 390
Mega Dive. 962 912 443.
€ 400 (€ 300 para grupos a
partir de três pessoas)
O preço inclui instrutor,
seguro e todo
o material necessário

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  15

 INVESTIGAÇÃO
Feature Name

Bem me quer, mal m

O nosso inquérito revela que a maioria dos portugueses confia nas forças policiais e a
significativa acredita que existe corrupção na instituição. Mais policiamento é um dese
Texto Myriam Gaspar e Nuno César

EM DESTAQUE CORDIAL
Opinião sobre
CONFIANÇA E EDUCADA
a polícia
Sentimento de PLENA
54%
segurança e vigilância
em casa, no bairro,
na cidade, no trabalho 47% Com certeza
e transportes públicos
Ocorrência Com certeza
de crimes
Como apresentar
14% 13%
queixa
Nem pensar Nem pensar

HÁ CORRUPÇÃO

45%
Com certeza
19%
Nem pensar

EFICIENTE

36%
Com certeza
23%
Nem pensar

16  Proteste 000 • mês 2015

www.deco.proteste.pt
 INVESTIGAÇÃO
Forças policiais

me quer Q
uando ia a caminho do emprego, Rita Vilhena
foi interpelada, na avenida Duque de Loulé, em
Lisboa, por um homem. Como ia a conversar
as considera cordiais, mas uma parte com a mãe ao telemóvel, nem se apercebeu de
qualquer sinal de perigo. “Isto é um assalto, disse-me, e
ejo de mais de dois terços dos inquiridos exigiu que lhe desse o aparelho. Respondi-lhe que não
podia, pois era da empresa”, recorda. De imediato, sentiu
algo pontiagudo na cabeça (soube mais tarde que era uma
faca de ponta e mola pelo testemunho de uma mulher
que assistira a tudo, mas preferira manter-se afastada).
O homem, magro e com mau aspeto, queria agora dinhei-
ABUSA DO PODER ro. Rita sentiu um medo terrível e soltou um grito gutural.
Talvez assustado pela reação inesperada da vítima, desa-
tou a correr em direção ao Metro e desapareceu. “Bem sei
que fiz tudo o que não devia, mas naquele momento nem
pensei. Foi tudo tão inesperado. Só depois me apercebi

26% do enorme risco por que tinha passado.”

Ainda não refeita do susto, Rita entrou no café mais
Com certeza próximo e pediu para chamarem a polícia. Rapidamen-
te, surgiu um carro com três agentes. Fez a descrição do

36% assaltante e preencheu ali mesmo a queixa, sem ter de ir

à esquadra. Apesar da tentativa de assalto frustrada e de
Nem pensar nada ter sido roubado, sentiu-se agredida, violentada.
A atitude e o comportamento da polícia merecem os
maiores elogios: “Ao contrário dos cidadãos que iam a
passar na avenida e nada fizeram para me ajudar, fiquei
com muito boa impressão da polícia. Senti-me reconfor-
tada e protegida. Os agentes pediram-me desculpa por
não me poderem levar a casa, porque ficava fora da área
INFLUENCIADA PELO de atuação, mas deixaram-me o mais próximo possível.”
PODER POLÍTICO A confiança na polícia transmitida por Rita é um sen-
timento partilhado por quase metade dos cerca de mil
portugueses, dos 25 aos 74 anos, que responderam ao

33% nosso inquérito, realizado entre outubro e novembro

de 2018, sobre as forças policiais. Uma parte significa-
Com certeza tiva (39%) preferiu, no entanto, ser mais comedida na
lisonja, sendo que 14% revelaram confiar pouco.
27% Confiança relativa
Nem pensar Há vários fatores que contribuem para que a opinião
dos cidadãos seja mais ou menos favorável, aumentando
ou diminuindo o grau de confiança nas forças policiais.
Por exemplo, segundo o nosso estudo, os inquiridos
que usufruem de uma situação económica desfavorá-
vel confiam menos. O mesmo acontece com quem foi
vítima de um crime.
Os aspetos que os cidadãos mais valorizam é a confi-
dencialidade dos dados recolhidos numa investigação e
a eficiência a resolver os problemas. Cerca de um quinto
dos inquiridos coloca muitas reservas relativamente
HÁ FALTA a ambos. Contudo, mais de metade considera que a
DE POLÍCIAS eficiência da polícia é muito limitada pela ausência de
infraestruturas e de equipamento, bem como restrições
que limitam a sua capacidade de ação, por exemplo,

58% no uso de armas.

Seis em dez inquiridos também creem que não há
Com certeza efetivos suficientes para assegurar um bom serviço.
Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI),

16% de 2018, houve, de facto, uma redução de agentes da

Polícia de Segurança Pública (menos 132 PSP do que em
Nem pensar 2017), mas o número de Guardas Nacionais Republica-
nos (GNR) aumentou nesse ano (mais 105). Se recuarmos
a 2016, as duas forças policiais sofreram, no total, uma
quebra de 499 agentes.

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  17

 INVESTIGAÇÃO
Forças policiais
SENTIMENTO
DE SEGURANÇA
85%
dos inquiridos consideram
haver baixa criminalidade,
no seu bairro durante o dia
74%
sentem-se muito seguros
em casa durante o dia
28%
revelam insegurança
nos transportes públicos à noite
70%
gostariam que houvesse mais
policiamento na cidade durante
o dia. A percentagem sobe para
84% à noite
18  Proteste 414 • julho/agosto 2019
A política anda de mão dada com a
polícia? Há quem acredite que sim. Apesar
de, em Portugal, haver separação entre os
poderes judicial, legislativo e executivo, a
ideia de que a polícia é influenciada, e não
totalmente independente, é defendida por
33% dos entrevistados, sendo que 45% acre-
ditam que existe corrupção na instituição.
Vítimas de crime
Portugal é, de acordo com o Instituto de
Economia e Paz, o quarto país mais segu-
ro do mundo. Segundo dados do Ministério
da Administração Interna, a criminalidade
apresenta níveis inferiores à média europeia,
tendo o número de participações diminuído
21% em dez anos (333 223 contra 421 037).
A criminalidade violenta e grave foi a que
registou a maior descida: menos 42,5%, sen-
do que, em 2018, representou apenas 4,2% de
toda a criminalidade participada. Em termos
geográficos, teve mais expressão em Lisboa,
Porto, Setúbal e Faro, embora tenha caído
15% na capital. A burla com fraude bancária
e o abuso de cartão de garantia ou de crédito
subiram substancialmente (22% e 27%, respe-
tivamente). Em contrapartida, a extorsão e o
homicídio voluntário consumado desceram
46% e 34 por cento.
O BÊ-Á-BÁ DE UMA QUEIXA
Esclarecemos as dúvidas
mais frequentes
Em que circunstâncias?
Face a um crime público, qualquer pessoa
pode apresentar queixa, ainda que
não seja vítima (violência doméstica).
Mesmo que o ofendido se arrependa e
queira desistir, o processo continua. Nos
crimes semipúblicos (furto), é necessária
queixa (por regra, do ofendido). Nos
crimes particulares, o ofendido tem de se
constituir como assistente (injúrias).
Como denunciar um crime?
Se o crime tiver natureza pública
(assalto/roubo, corrupção, por exemplo),
qualquer cidadão o pode denunciar, mas
não é obrigado a tal. Não tem de saber
a identidade do autor, nem contratar
advogado — tão pouco pagar, ou conhecer
o nome do crime. Se este tiver natureza
particular (difamação ou injúrias),
o ofendido tem de se constituir assistente
no processo, o que implica ter advogado
e pagar taxa de justiça.
Esta tendência de queda é confirmada pe-
los resultados deste nosso último inquérito,
e de outros realizados em anos anteriores.
Se compararmos os resultados, verifica-se
que a prevalência de vítimas de crime em
Portugal desceu de 41%, entre 2002 e 2006,
para 31%, entre 2013 e 2017. Nos doze meses
que precederam a nossa investigação, 7% dos
inquiridos admitiram terem sido vítimas de
um crime. O vandalismo nas viaturas foi o
mais referido. Seguiram-se o roubo, a contra-
fação e o furto de objetos ou rádio no carro.
A violência doméstica surge em sétimo lugar,
com 16% de vítimas.
Sentimento de segurança
Três quartos dos portugueses sentem-se mui-
to seguros no conforto do lar durante o dia.
Este sentimento é extensível ao bairro onde
vivem ou trabalham, embora aqui só seis em
dez se sintam totalmente à vontade. À noite, a
sensação de conforto diminui, sobretudo nos
transportes públicos, onde 28% admitiram
sentir receio, ainda que, segundo os dados
oficiais publicados no Relatório Anual de
Segurança Interna, as participações de rou-
bos nos transportes tenham diminuído sig-
nificativamente (menos 29% em 2018 face a
2016). Um quinto também revela insegurança
Onde apresentar a queixa?
Basta dirigir-se a uma esquadra da
Polícia de Segurança Pública (PSP), a um
posto da Guarda Nacional Republicana
(GNR), a um piquete da Polícia Judiciária
(PJ) ou apresentar a queixa junto
dos Serviços do Ministério Público,
exigindo um documento comprovativo.
Pode ainda apresentar uma queixa
eletrónica ou denúncia através do site
https://queixaselectronicas.mai.gov.pt.
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à noite na cidade, no bairro e na zona onde
trabalha.
Esta perceção está muitas vezes associa-
da à ocorrência de crimes em certas áreas
urbanas. Em termos geográficos, Lisboa é,
de acordo com o nosso inquérito, a cidade
onde os cidadãos se sentem mais inseguros
nos transportes públicos. Se tivermos em
conta a perceção de segurança no todo, este
sentimento é menor na região de Lisboa e
Vale do Tejo. Já os habitantes do Norte e do
Centro são os que se sentem mais seguros.
Apenas uma minoria (8%) considera existir
um nível de criminalidade elevado na cida-
de. À noite, o valor mais que duplica (17 por
cento). Em ambos os casos, é um sentimento
mais comum entre as mulheres na região de
Lisboa. Apesar de uma parte significativa
dos cidadãos nutrir uma confortável sensa-
ção de segurança, 70% dos inquiridos gos-
tariam que o nível de vigilância da polícia
aumentasse ao longo do dia. O número de
pessoas que a considera insuficiente sobe
para 84% à noite. Mais uma vez, quem vive
na capital respondeu mais nesse sentido.
Vale a pena apresentar queixa
Apesar de a criminalidade ter reduzido, há,
segundo o nosso inquérito, cada vez mais
Qual o prazo?
Estando em causa crimes dependentes
de queixa (semipúblicos e particulares),
a mesma tem de ser apresentada no prazo
de seis meses a contar da data em que o
titular teve conhecimento do facto e dos
seus autores, sob pena de extinção daquele
direito.
www.deco.proteste.pt
cidadãos a apresentar queixa: 65%, em
2018, contra 45%, em 2007. Uma percen-
tagem elevada está, porém, convencida de
que não vale a pena participar um crime
à polícia porque, na prática, não surtirá
qualquer efeito. Na verdade, apenas dois
em 10 cidadãos que apresentaram queixa
se revelaram bastante satisfeitos com o re-
sultado da mesma. Não é de surpreender.
O nosso questionário leva-nos a concluir
que, em 59% dos casos, os criminosos não
foram identificados e 22%, apesar de terem
sido assinalados, não foram sequer levados
a tribunal. A percentagem de vítimas que vê
os seus bens totalmente recuperados não
chega a 10 por cento.
A esmagadora maioria das queixas é
apresentada na PSP (62%) e na GNR (32
por cento). No geral, as vítimas mostram-
-se satisfeitas com os serviços policiais. No
entanto, um terço considera o procedimento
demasiado burocrático e um quinto avaliou
negativamente o tempo de espera até ser
atendido. Quase metade das vítimas também
se queixou do conforto das infraestruturas.
A polícia tentou desencorajar a vítima em
10% das situações.
Rita Vilhena não foi roubada, mas achou
que devia apresentar queixa. “Não queria
É preciso pagar?
A regra é a de que não é preciso pagar
qualquer quantia para que a vítima
de um crime se queixe ou o denuncie,
ou para que um cidadão denuncie um
crime público de que teve conhecimento.
A exceção é para os crimes particulares,
em que se paga taxa de justiça para se
constituir assistente.
Mais informação
www.deco.proteste.pt/orcamento-familiar
que mais ninguém passasse pelo mesmo.
Aquele homem deveria ser preso.” Contu-
do, não conseguiu identificar mais tarde
o agressor na esquadra. “Apenas quando
olhei para as fotos percebi que era a mesma
pessoa.” Tarde demais. O agente, porém,
confortou-a. “O meliante já estava detido
à conta de outros crimes. Ia ser julgado
dali a pouco.”
Ainda que os resultados não sejam os es-
perados pelas vítimas, é importante que os
cidadãos apresentem queixa, sob pena de
as estatísticas oficiais da criminalidade não
corresponderem à realidade e, em última
instância, o número de efetivos nas forças
policiais poder ser reduzido.
O contacto com a polícia nem sempre
é justificado por um crime. Aliás, o mo-
tivo mais frequente para interpelar um
agente é pedir indicações sobre uma rua.
Os acidentes de viação são a segunda ra-
zão mais comum. No geral, o serviço é
satisfatório, mas, quando estão em causa
reclamações com barulho ou disputas com
vizinhos, a intervenção da polícia é avaliada
negativamente por 32% e 41% dos inquiri-
dos, respetivamente.
Dossiê técnico Carlos Morgado
É preciso advogado para fazer
uma queixa ou denunciar
um crime?
Não é preciso advogado para
apresentar uma denúncia criminal.
Mas, se a vítima quiser ser assistida
no processo penal, tem esse direito
e pode contratar advogado
livremente. Se não tiver meios
económicos pode pedir a concessão
de apoio judiciário, na modalidade
de nomeação de patrono, junto
de qualquer serviço da Segurança
Social.
É possível desistir da queixa?
Sim, mas só no caso de se tratar
de crimes semipúblicos (furto).
O mesmo não acontece no crime
de violência doméstica, que tem
natureza pública. Feita a denúncia
ou participação, a vítima não pode
desistir.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  19
 GUIA PRÁTICO
Percursos de evasão

Festivalar por aí
Aproxima-se a época alta dos festivais de
verão. Todas as desculpas são boas para
viajar pelo País. Mesmo que não esteja
virado para a música
Texto Alda Mota

C
onsta que no verão de 1998 um gru- PERCURSOS DE EVASÃO
po de amigos terá passado a ma-
De norte a sul do País, Madeira e Açores incluídos. Nestes guias,
drugada a procurar uma rapariga
encontra sugestões para conhecer Portugal.
entre as tendas instaladas na Her-
Encomende em www.deco.proteste.pt/guiaspraticos ou através
dade da Casa Branca, na Zambujeira do Mar. do número 211 215 652. Use o código 19076.
Decorria o segundo ano daquele que viria a
tornar-se um dos mais importantes festivais
de música do nosso país, e o chamamento
rapidamente contagiou os restantes campis-
tas. Desde então, o grito “ó Elsa!” é sinónimo
de festival do Sudoeste. Mais de 20 anos pas-
sados, a questão impõe-se: onde teria ido a
miúda? O nosso palpite é de que se fartou da
confusão e foi dar uma volta pelo Alentejo.
Portugal está cheio de boas desculpas
para uma escapadela, independentemente
da região onde for parar. Caso o cabeça-de-
-cartaz não seja música para os seus ouvidos
ou se estiver só a dar boleia à família, não se
acanhe: faça o seu papel, ajude a montar a
a tenda, e “pisgue-se” para um sítio que o
faça feliz. Já bem basta o calor: divirta-se!

20  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


5 REGIÕES, 5 ALTERNATIVAS AOS FESTIVAIS
PORTO E NORTE
Há mais de uma dezena de festivais no Minho e
Douro Litoral durante os meses de julho e agosto.
Vilar de Mouros, Paredes de Coura, Ponte da
Barca, Viana do Castelo, Braga, Amarante, Terras
de Bouro, Moledo, Porto e Vila Nova de Gaia são
alguns dos pontos de chegada para amantes
de música e artes, com muita festa à mistura.
Desde os anos 1960 que Vilar de Mouros não
deixa dormir os minhotos no verão. Obviamente
que os contornos do evento de 2019 diferem
muito dos que animavam as gentes no século
passado, mas, este ano, a celebração do 50.º
aniversário manda caprichar: os Manic Street
Preachers fazem parte do chamariz, e a festa
entre 22 e 24 de agosto promete. Se não for a
sua onda, não desperdice a viagem. Dê um salto
à foz do rio Minho e, caso o tempo o permita,
desfrute do mar do Norte. Se a meteorologia lhe
trocar as voltas, vá a Caminha e, de lá, siga as
indicações do Miradouro da Fraga. Chegará ao
ponto de observação por excelência deste canto
de Portugal: a paisagem estende-se por todo o
estuário e pela costa espanhola adjacente; uma
visão vertiginosa, que fará valer os quilómetros
percorridos. Claro que a proximidade da fronteira
com a Galiza poderá fazê-lo ponderar galgar
fronteiras, mas, se ficar por terras lusas, não
perde. Há mais para descobrir no Norte.
Se anda a contar os dias para ver os norte-
-americanos The National, o mais provável é
que já tenha reservado os dias 14 a 17 de agosto
para estar em Paredes de Coura. O festival
decorre junto à praia fluvial do Tabuão, mas nada
obsta a que vá a banhos num sítio mais calmo,
e neste aspeto a região não desilude: há muitos
Praia da foz
do rio Minho
www.deco.proteste.pt
Os cartazes prometem, mas não convencem
todos os que para lá vão. Caso queira dar uma
escapadela, aproveite a viagem e desfrute
do que o Norte tem para dar. Por exemplo,
mergulhar no Gerês, visitar o Porto ou descobrir
o magnífico Alto Douro Vinhateiro compensa, por
si, a deslocação.
espaços por onde escolher. Aliás, se estiver
por lá uns dias mais cedo, ainda vai a tempo
de apanhar o SonicBlast em Moledo, de 8 a 10
de agosto. As bandas tocam em dois palcos,
e os participantes podem desfrutar não só do
campismo habitual neste tipo de eventos, como
também de uma piscina e de uma praia a uns cinco
minutos a pé do recinto. Para fugir à confusão,
lembre-se de que está a menos de meia hora
de Viana do Castelo, onde poderá ter algum
descanso, pelo menos, até 7 de agosto, altura
em que começam os quatro dias do eletrónico
Neopop. Beba um copo numa das esplanadas
à beira-rio, enquanto pensa no que fará a seguir,
e aproveite para apreciar a ponte perto da marina,
projetada por Gustave Eiffel em 1878.
Caso tenha a rota traçada para o Ecos do Lima,
em Ponte da Barca, o Gerês Rock Fest, em Terras
de Bouro, o Rodellus ou o Dance Floor, em Braga,
o MIMO Portugal ,em Amarante, ou o Elétrico
Festival, no Porto, terá de rumar ao Norte logo
em julho (os festivais decorrem entre os dias
12 e 28). Farto de barulho? Fuja para o Alto Douro
Vinhateiro e visite Foz Coa. Claro que o cartaz
recheado do MEO Marés Vivas, que decorre
em Gaia de 19 a 21 desse mês, lhe pode pôr
um travão. Nesse caso, dê um salto à Invicta e
perca-se em Serralves.
Iliana Pereira
Mais informação
www.deco.proteste.pt/guiaspraticos
CENTRO
Menos de uma hora é quanto demora a viagem
de carro entre Vagos e Montemor-o-Velho,
localidades onde decorrem, em agosto, dois
dos festivais de verão que animam o País.
Com a Figueira da Foz no trajeto e a Costa
Nova ali ao lado, não faltarão razões para fugir
de mansinho.
Como qualquer fortaleza que se preze, também
a de Montemor-o-Velho tem a sua lenda.
Diz-se que lá estão enterradas duas arcas
iguais, ambas fechadas. Uma conterá ouro
suficiente para tornar o País rico; a outra, qual
caixa de Pandora, ao ser aberta libertará todos
os males e pestes. É pouco provável que, se for
ao Festival Forte 2019, entre 22 e 25 de agosto,
se veja confrontado com estes objetos, pois
dificilmente irá lá para escavar. Contudo, consta
que, mesmo de entre os que encontraram
as arcas, e ainda que isso ocorresse em épocas
de necessidade, nem os mais destemidos se
atreveram a abrir qualquer uma delas, já que
corriam o risco de libertar o que não queriam.
Os festivaleiros com viagem marcada para o
Vagos Metal Fest, entre 8 e 11 de agosto, não
viverão seguramente esse dilema, mas poderão
ter outras escolhas a fazer. Sobretudo se não
for fã de heavy metal, gostará de saber que
há alternativas ao ambiente metaleiro. A praia
da Vagueira oferece aos visitantes um bom areal
com restaurantes simpáticos. Lá, os pescadores
continuam a praticar a arte xávega (um tipo
de rede utilizada na pesca de arrasto). Apesar
de antigamente tanto a deslocação dos barcos
na praia, como a recolha das redes, serem feitas
recorrendo a juntas de bois, hoje os pescadores
são obrigados a recorrer a tratores barulhentos,
que cumprem de forma menos elegante
o mesmo objetivo. Ainda assim, é sempre
interessante assistir a esta faina. Caso decida
sorrateiramente sair da vila, ponha-se a caminho
da Costa Nova, onde poderá apreciar as casas
com riscas garridas características da região,
tradição que advém dos antigos palheiros,
que eram pintados desse modo.
Em Ílhavo, o Museu Marítimo expõe um
extraordinário número de peças que dão uma
boa perspetiva da relação da população desta
zona do País com o mar. Repare nas miniaturas
de barcos e na reconstituição das artes de pesca,
nos instrumentos náuticos, na exposição de
algas e de conchas (a maior do País), entre outras
curiosidades. Também a pesca do bacalhau,
praticada pelos ilhavenses desde o século xvi
no Atlântico Norte, está aqui bem representada.
Note que o museu abre de terça a sábado, das
10h às 17h15, mas aos domingos só de tarde.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  21
 GUIA PRÁTICO
Percursos de evasão
O elétrico 28,
em Lisboa
LISBOA E VALE DO TEJO
A norte e a sul do Tejo, a Grande Lisboa reúne
em julho e agosto algumas das festas de música
mais aclamadas ao nível nacional. Numa altura
em que a capital se enche (ainda mais) de
turistas, há que decidir entre calçar as botas, pôr
a t-shirt da nossa banda favorita, caprichar na
Os Bons Sons tiveram grande eco na
comunicação social em 2018, e não por causa da
acústica. Apostados em manter a aliança entre
a música e as boas práticas ambientais, a festa
que anima a aldeia de Cem Soldos, a 10 minutos
de Tomar, foi notícia por promover o uso de
loiça biodegradável e comestível, garrafas
reutilizáveis e a substituição de toda a iluminação
por lâmpadas led. Este ano, a aposta mantém-se
e promete reduzir a pegada ecológica do festival
marcado para 8 a 11 de agosto.
Organizado pela primeira vez em 1995, na Gare
Marítima de Alcântara, o Super Bock Super Rock
é um dos maiores chamarizes de amantes de
boa música à Grande Lisboa. Este ano decorre
no Meco, em Sesimbra, entre 18 e 20 de julho.
Mas não é o único evento musical de verão nas
praias da Margem Sul. Cerca de um mês depois,
de 15 a 18 de agosto, pode dizer “aqui vou eu
cheio de pica” para O Sol da Caparica. Se estiver
calor e a música não fizer o seu género, não lhe
faltarão desculpas para dar um salto à praia.
O NOS Alive, inicialmente chamado Oeiras
Alive!, arranca a 11 de julho com os The Cure no
Passeio Marítimo de Algés e traz à Linha milhares
de pessoas. Já que está perto do comboio,
porque não ir a Cascais? Entre 9 e 31 de julho,
decorre o EDP Cool Jazz, com vários dias que
farão as delícias dos fãs deste género musical
no município que em 2007 foi distinguido pelas
práticas inovadoras nos eixos da acessibilidade
22  Proteste 414 • julho/agosto 2019
Inês Lourinho
maquilhagem e entrar no barco ou remar contra
a maré e ficar em terra. Afinal, esta pode não ser,
de todo, uma má escolha. A região está cheia
de opções, acessíveis de carro ou de transportes
públicos, para os que querem explorar a capital
e os arredores sem passar pelos festivais.
e do turismo. Fazendo jus ao prémio, a título de
curiosidade, refira-se que este ano a autarquia
começou a testar um veículo de transporte de
passageiros autónomo (elétrico e sem condutor)
para cumprir carreiras regulares entre o Campus
Universitário de Carcavelos e a estação de
caminhos-de-ferro. E é justamente na praia de
Carcavelos que decorre o MUSA, entre 4 e 6 de
julho. Se não for fã de reggae, será fácil escapar
para um mergulho de mar. Também nesse fim
de semana, o Sumol Summer Fest promete
encher de boas ondas os surfistas que rondarem
o Parque de Campismo da Ericeira.
Se planear visitar Lisboa, não deixe escapar
a Gulbenkian, com os seus magníficos jardins, o
museu e o Centro de Arte Moderna. Se a viagem
for em agosto e quiser aproveitar o festival de
jazz que decorre na fundação, programe a estada
para os primeiros onze dias do mês e desfrute
da combinação harmoniosa das várias artes
(música, pintura, escultura) com a natureza.
De resto, vale sempre a pena fazer-se de turista
e passear por Lisboa. Caso tenha pouco tempo,
uma boa forma de começar é comprar bilhete
para o elétrico 28, que percorre alguns dos
mais emblemáticos lugares do centro. Apanhe
o “amarelinho” da Carris na Praça do Martim
Moniz, na Baixa, e deixe-se misturar com os
estrangeiros, apreciando algumas das mais
movimentadas vias da cidade. Salte fora quando
vir algo que lhe agrade e desfrute da capital.
ILHAS
Os festivais de música estendem-se aos Açores.
Aproveite para visitar as Ilhas no verão.
O lugar dos Anjos, em Santa Maria, acolhe
entre 18 e 20 de julho o Santa Maria Blues 2019.
Este festival, direcionado para os amantes
dos blues, pode ser um bom pretexto
para uma viagem às Ilhas.
Aliás, muitas são as razões para estender a
visita a todo o arquipélago açoriano. São Miguel
e Santa Maria, Terceira, Graciosa, São Jorge,
Pico e Faial, Flores e Corvo são autênticas “ilhas
encantadas”, pequenos paraísos no meio do
oceano. Não deixe escapar a hipótese de lhes
fazer uma visita. E não se espante se, em muitos
lugares, cobertos de pastos verdes e repletos de
pachorrentas vacas e moinhos, lhe parecer que
está algures na Holanda. Os passeios pelas Ilhas
são dominados por espaços de lazer e contacto
com a natureza. Mas conte também com tempo
para apreciar alguns tesouros arquitetónicos,
sobretudo nas cidades maiores, como Ponta
Delgada, em São Miguel, ou Angra do Heroísmo,
na Terceira.
ALENTEJO
Esteja no litoral ou afastado das praias, há muito
para ver para quem viaja a sul do Tejo no verão.
Se acampar não é para si, troque a tenda por
uma casinha caiada de branco com uma barra
amarela ou azul, deixe os miúdos nos festivais
e vá explorar a beleza do Alentejo.
De 18 a 27 de julho, o Festival Músicas do Mundo
faz eco em Sines. A cidade conseguiu preservar
um núcleo antigo que vale a pena visitar a pé.
A menos de meia hora de carro está Porto Covo,
localidade hoje muito virada para o turismo, com
uma praia abrigada de onde pode piscar o olho
à ilha do Pessegueiro, imortalizada nos anos
de 1980 pelo sucesso da canção de Rui Veloso.
De 26 a 28 de julho, é no concelho de Montemor-
-o-Novo que decorre o Festival do Lavre.
Este evento assume como palco o coreto da
vila. No Alentejo mais profundo, nos últimos dias
de agosto, o Festival do Crato enche as ruas.
Mas confesse: quando alia as palavras “festival”
a “Alentejo”, fica com calafrios só de pensar no
modo como o carro e a tenda regressaram cheios
de pó do Sudoeste do ano anterior. Ponha as más
recordações de parte: o Sudoeste Alentejano
vale a pena. Milfontes, São Teotónio e Odemira
estão a três passos da Zambujeira do Mar e são
pontos privilegiados de acesso a praias e falésias,
com direito a uma autêntica “cura de Natureza”.
O MEO Sudoeste decorre de 6 a 10 de agosto.
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 FAMÍLIAS PROTESTE
Soluções à medida

Vade-retro,
cartão de crédito
Um cartão de crédito
pode ser uma cruz. EM DESTAQUE
Raquel Madruga
Ajudámos Raquel quer desistir de um
Madruga a ver-se livre de cartão de crédito
com juros altos
um cartão com uma taxa Como liquidar
dois empréstimos
de juro de quase 27 por associados ao cartão
Poupar no IMI
cento. E ainda a poupar
cerca de 220 euros em juros
Texto Maria João Amorim Fotografia João Ribeiro

U
ma bailarina move-se, por natureza,
com equilíbrio e confiança. Não se
desorienta ao fim de dez piruetas.
Mesmo que se lance num grand jeté,
sabe aterrar em segurança. Raquel Madruga,
45 anos, mãe de Maria há 15, nunca quis
fazer outra coisa na vida que não dançar.
Começou aos 7 anos, aos 10 entrou para o
Conservatório Nacional, aos 20 e poucos
formou-se pela Escola Superior de Dança.
Já então sabia que queria dar aulas, outra
forma de arte. Há mais de 20 anos que en-
sina ballet clássico: as técnicas, a postura, os
pés esticados, as mãos na posição correta.
Mas o maior ensinamento talvez o tenha só
para si. Ao dançar com a vida, o par de to-
dos os dias, foi sempre ela a conduzir. Ain-
da assim, mesmo que uma bailarina treine
afincadamente para não falhar um passo e
parecer leve como uma pena, nem sempre
consegue evitar tropeçar.
Raquel Madruga, nossa associada, aceitou
o desafio de participar no projeto Famílias
PROTESTE, em que uma equipa de especia-
listas da casa analisa as necessidades de um
agregado e apresenta soluções à medida.
Raquel pediu-nos que a ajudássemos a livrar-
-se de um cartão de crédito com uma taxa de
juro de quase 27%, que carrega como uma
cruz, sobretudo desde que contraiu dois em-
préstimos pessoais associados a este cartão
e, consequentemente, àquela estratosférica
taxa de juro. Perguntou-nos também se a
podíamos ajudar a poupar no imposto muni- Raquel Madruga
cipal de imóveis (IMI). Não é que ela, filha de Amora, Seixal
mãe contabilista, não saiba fazer as contas.

24  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


Mas já tentou demonstrar junto das Finanças
que a idade da casa, para efeitos de cálculo
do imposto, está errada. O imóvel é anterior
à data indicada na caderneta predial e essa
antiguidade deveria ter reflexo nas contas
do Fisco. Contudo, Raquel não conseguiu
até hoje alterar a situação, e o resultado,
sabe-o bem, é pagar um IMI mais elevado
do que o suposto. Mas quanto?
Os nossos técnicos analisaram os extratos
bancários e a caderneta predial de Raquel,
fizeram contas, consideraram várias hipóte-
ses e concluíram que a professora de dança
tem margem para liquidar os empréstimos
associados ao cartão de crédito, ver-se livre
do dito cartão e poupar à volta de 220 euros
em juros. Quanto ao IMI, em 2020, poderá
pagar menos 50 euros de imposto do que
este ano.
Sai da minha vida!
A história de como o cartão de crédito que
Raquel mal pode esperar para ver no lixo
entrou na vida desta professora remonta a
meados da década de 90 do século passado.
Raquel decidiu frequentar um curso à dis-
tância, que enriqueceria o currículo como
professora de dança, na escola britânica
Royal Academy of Dance. Para pagar mais
facilmente as propinas (“as transferências
eram muito caras e era complicado fazer
transações entre moedas”, conta), decidiu
aderir ao então cartão de crédito Barclay-
card Classic, hoje, Wizink Classic. Nesses
anos já de revolução digital, mas de mun-
do tecnológico jurássico, aos olhos de hoje,
“este cartão, ainda por cima sem custos, era,
praticamente, a única forma de aceder ao
comércio internacional”, recorda Raquel
Madruga. A taxa anual nominal (TAN) de
30% — outra aberração nos dias que correm
— era comum na altura. Mas, para Raquel,
muito pouco dada a compras com cartão de
crédito — “nem andava com o cartão, estava
sempre na gaveta” —, pouca mossa lhe pro-
vocava. O hábito de pagar o extrato mensal
do cartão na totalidade livrou-a sempre do
peso daquela impiedosa taxa de juro.
Os anos passaram, o antigo Barclaycard
Classic continuou na gaveta, até que a crise
que varreu Portugal em 2011 varreu também
a vida de Raquel Madruga, na altura pro-
fessora em situação precária. A prestação
da casa ao banco subiu, o salário a recibos
verdes baixou, e Raquel viu-se forçada a
A taxa de juro do cartão
de crédito, perto de 27%,
é uma aberração nos
dias que correm
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CARTÃO DE CRÉDITO E EMPRÉSTIMO ASSOCIADO
Nuno Rico
analisou o extrato do cartão de crédito de Raquel
Madruga, o Wizink Classic (antigo Barclaycard) e o
conselho é desistir dele. Os juros são estratosféricos
FUGIR DE JUROS MUITO ALTOS
SITUAÇÃO ATUAL
PROBLEMAS IDENTIFICADOS
1. Juro do cartão A taxa anual nominal (TAN)
do cartão de crédito de Raquel Madruga é
de uns vertiginosos 26,99%, um valor que
encareceria de forma drástica qualquer
compra a crédito feita com o cartão, não
tivesse Raquel o hábito de pagar o extrato
mensal na totalidade. Porém, este não é o
maior problema, dado que não usa o cartão.
O mais dramático são os créditos pessoais
associados.
2. Dois créditos pessoais associados
A Wizink tem um produto de crédito pessoal
associado ao cartão de crédito intitulado
crédito em linha. No máximo, a taxa pode
igualar a do cartão. Raquel tem uma dívida
de 1289,61 euros. Paga prestações mensais
que somam 115,80 euros. Apesar de o
capital em dívida não ser muito significativo,
as elevadíssimas taxas de juro aplicadas aos
créditos – 22,80% e 26,99% – caem como
um martelo no orçamento. Só nas
prestações relativas a abril, por exemplo,
pagou mais de 30 euros em juros.
COMENTÁRIO
Juros como os que estão associadas ao
cartão de crédito de Raquel Madruga só
são possíveis porque o contrato do cartão
foi assinado antes de 2010, ano a partir do
qual o Banco de Portugal passou a definir
taxas máximas para o crédito ao consumo,
onde se incluem os cartões de crédito.
A TAN do cartão de Raquel é de 26,99 por
cento. Hoje, esta taxa efetiva não poderia
ser superior a 16,1 por cento... Uma vez que
os créditos pessoais estão associados a
este cartão, a taxa máxima que lhes pode
ser aplicada é a do contrato original. E isto
apesar de os créditos terem sido
concedidos após 2010. Raquel tem de
liquidar os empréstimos para poder
desistir do cartão da Wizink. E que não
haja dúvidas: é para desistir mesmo.
INVESTIGAÇÃO
Feature Name
A NOSSA PROPOSTA
3 SOLUÇÕES
1. Liquidar os empréstimos com recurso
às poupanças Raquel Madruga tem uma
poupança no Banco BPI, a Conta Poupança
Rendimento, que, mercê de uma taxa de
juro de 0%, nada rende. O saldo é suficiente
para liquidar os créditos em linha. Com esta
solução, vê-se livre da prestação de 115,80
euros e do cartão de crédito. E poupa mais
de 200 euros. Fazendo as contas:
VALOR TOTAL EM DÍVIDA € 1511,04 POUPA
(capital € 1289,61 + juros € 221,43) € 221
2. Substituir os créditos pela nossa
Escolha Acertada de crédito pessoal
Se não tiver como dispor da sua poupança,
Raquel Madruga pode recorrer ao Crédito
Imediato, do Banco BPI, do qual é cliente, e
que é a nossa Escolha Acertada de crédito
pessoal até 5 mil euros a pagar em 24 meses.
A TAN é de 5,95%, quase cinco vezes mais
baixa do que a taxa do cartão Wizink.
Simulámos dois prazos e os custos de
formalização dos créditos (44,36 euros).
Fazendo as contas:
EMPRÉSTIMO A 12 MESES
PRESTAÇÃO € 111,10
CUSTO TOTAL COM O CRÉDITO € 1377,56
POUPA € 133,48 em relação à situação atual
EMPRÉSTIMO A 18 MESES
PRESTAÇÃO € 75,21
CUSTO TOTAL COM O CRÉDITO € 1398,14
POUPA € 112,90 em relação à situação atual
3. Usar o plafond do cartão de crédito do BPI
Raquel já tem o cartão de crédito com a TAN
mais baixa do BPI: 9,5 por cento. Fazendo
um adiantamento (cash advance) para a
conta à ordem, operação que tem um custo
de 56,76 euros, pode liquidar os créditos em
linha, ficando com uma dívida a uma taxa
quase três vezes inferior à do cartão Wizink.
O nosso conselho é que a pague em
12 meses. Fazendo as contas:
CUSTO TOTAL COM O CRÉDITO € 1418,38
POUPA € 92,66 em relação à situação atual
COMENTÁRIO
Qualquer uma das soluções alivia a carteira
de Raquel. Até mesmo contrair
empréstimos para liquidar os créditos em
linha. Mas, saldando a dívida com recurso
ao dinheiro que tem de parte, consegue
a maior poupança.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  25
 INVESTIGAÇÃO
Feature Name
IMPOSTOS – IMI
Ernesto Pinto
concluiu que Raquel Madruga está a pagar IMI a mais.
Aconselhou a atualizar a idade do imóvel e a pedir
uma nova avaliação junto das Finanças
COMO REDUZIR A FATURA
SITUAÇÃO ATUAL
PROBLEMAS IDENTIFICADOS
1. Valor patrimonial tributário desatualizado
Raquel Madruga comprou casa em 2008.
Na altura, o valor patrimonial tributário (VPT)
do imóvel era de 58 650 euros. Por nunca ter
pedido a atualização do valor (em parte,
porque esteve isenta de IMI durante oito
anos) e, como o Fisco, nas atualizações
que faz de três em três anos, só aplica o
coeficiente de desvalorização da moeda –
para refletir a inflação no VPT –, nenhum
dos critérios utilizados para calcular o
imposto sofreu qualquer atualização. Há
parcelas que ficaram inalteradas, quando
deveriam ter variado. É o caso do coeficiente
de localização, que desceu. Resultado: Raquel
vai pagar 235,64 euros de IMI este ano, mas a
fatura está inflacionada. Até por outra razão.
1.1. Idade da casa errada na caderneta predial
A data que está a ser considerada para
efeitos de imposto é 1989. É o que vem
mencionado na caderneta predial. Mas o
documento tem um erro: a casa é de 1974.
Ou seja, é mais velha do que está no papel e
essa antiguidade deveria estar contemplada
nas contas do Fisco. A parcela do IMI relativa
à idade do imóvel (coeficiente de vetustez)
diminui à medida que a casa envelhece. Não
havendo atualização automática de todos
os parâmetros usados para calcular o
imposto, foram as seguintes as variáveis
consideradas pelo Fisco para apurar o IMI
que Raquel tem a pagar.
VALOR PATRIMONIAL TRIBUTÁRIO ATUAL
€ 60 419,40
COEFICIENTE DE VETUSTEZ 0,75
COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO 1,55
IMI A PAGAR EM 2019 € 235,64
COMENTÁRIO
Os contribuintes não podem esperar que o
Fisco lhes baixe o IMI. A atualização a cada
três anos apenas faz subir os valores das
casas. Mesmo havendo dados
desatualizados e que prejudicam o
contribuinte. Verifique o seu caso
em www.paguemenosimi.pt.
26  Proteste 414 • julho/agosto 2019
POUPA
€ 48
POR ANO
A NOSSA PROPOSTA
A ALTERAR
1. Ir às Finanças para averbar a idade correta
da casa na caderneta predial Na escritura
de compra do imóvel, vem mencionado o
ano de 1974 como o de construção da casa.
Raquel deverá dirigir-se às Finanças com
este documento e pedir a alteração da data
de inscrição na matriz. Caso lhe seja pedida
outra prova, terá de se dirigir ao serviço
camarário competente para solicitar um
documento que ateste a idade da casa.
2. Pedir uma nova avaliação do móvel
Averbada a idade real do imóvel na caderneta
predial, Raquel Madruga deve pedir uma
nova avaliação da casa às Finanças até
31 de dezembro, preenchendo o modelo
1 do IMI. O pedido é gratuito e é a única
maneira de o Fisco calcular o imposto com
base nas variáveis corretas. O imóvel é mais
antigo do que está, atualmente, definido e o
coeficiente de vetustez deve refleti-lo.
O coeficiente de localização é inferior ao
que está a ser considerado pelas Finanças.
As contas com base nos critérios certos irão
resultar num valor patrimonial tributário
mais baixo do que o atual. Logo, a fatura
do IMI para 2020 vai ser mais leve.
São os seguintes os valores corretos:
VALOR PATRIMONIAL TRIBUTÁRIO € 48 230
COEFICIENTE DE VETUSTEZ 0,65
COEFICIENTE DE LOCALIZAÇÃO 1,50
IMI A PAGAR EM 2020 € 188,10
POUPA € 48 em relação à situação atual
COMENTÁRIO
Para obter a poupança máxima,
é essencial que a Raquel siga,
cronologicamente, estes conselhos.
Caso contrário, só passados três anos,
a contar da nova avaliação que venha
a pedir até ao fim deste ano, é que
pode solicitar outra. É de lamentar
que, tendo já tentado corrigir a idade
do imóvel junto das Finanças, não
o tenha conseguido fazer de forma
célere, nem sequer tenha sido bem
aconselhada por quem a atendeu.
recorrer ao cartão de crédito para fazer
face aos imprevistos que o tufão daque-
les anos provocou na vida. O problema?
O grande problema? O número que deixou
o nosso especialista Nuno Rico de queixo
caído: 26,99% de taxa de juro.
Uma cruz com oito anos
Raquel Madruga não usou o plafond do car-
tão de crédito da forma mais tradicional.
A Wizink tem um produto de crédito pessoal
associado que se chama crédito em linha.
Foi este financiamento que Raquel contra-
tou. Sem qualquer obstáculo. Como é que
se processa? A entidade concede, através
de um empréstimo pessoal, um valor até
ao limite do plafond do cartão de crédito a
uma taxa que, no máximo, pode igualar a do
cartão. Os montantes que forem concedidos
nos créditos em linha são descontados ao
limite do cartão, e o pagamento das respeti-
vas prestações (fixas, já que o financiamento
se transforma num crédito pessoal) é feito
através do mesmo cartão.
Drama: a taxa de juro é a que está associ-
ada ao contrato de crédito original. Raquel
tentou tudo por tudo livrar-se deste karma.
Ainda conseguiu negociar uma descida. Mi-
galhas. A verdade é que há cerca de oito
anos que carrega a cruz de uma taxa de juro
a bater nos 27 por cento. Para se ter uma
ideia: a dívida é de pouco mais de mil euros,
a soma das prestações ronda os 115 euros,
dos quais, só em juros, a professora pagou
mais de 30 euros em abril.
Raquel está amarrada a uma taxa que já
não é permitida nos contratos mais recentes.
Desde 2010 que o Banco de Portugal fixa o
valor máximo que os bancos podem cobrar
pelo crédito ao consumo. Para o terceiro
trimestre de 2019, o supervisor definiu uma
taxa anual efetiva (a que inclui todos os cus-
tos associados aos financiamentos) a aplicar
aos cartões de crédito de 16,1 por cento.
E que dizer dos sucessivos aumentos de
plafond do cartão sem que Raquel os soli-
citasse ou tivesse autorizado? Atualmente,
o limite disponível ultrapassa os 10 mil eu-
ros. “Começou nos 500 euros...”, recorda a
professora de dança, hoje com uma situação
profissional muito mais estável — está colo-
cada numa escola pública vocacionada para
o ensino artístico, em Lisboa —, mas nem
por isso mais atraída pelo canto da sereia
deste tipo de créditos fáceis. Pelo contrário.
O azedume é evidente: “Vendem o dinheiro
como se não houvesse contrapartidas. Como
se não houvesse um preço a pagar.”
Bye, bye, cartão. Hello, 221 euros
Nuno Rico encontrou três soluções para Ra-
quel desistir do cartão e da desmesurada
taxa de juro. Mas tem de liquidar os cré-
ditos em linha primeiro. Veja a análise na
www.deco.proteste.pt
 FAMÍLIAS PROTESTE
Soluções à medida

IMI: Raquel Madruga Contas para poupar

entregou ao Estado,
nos últimos três anos,
140 euros sem
necessidade

página 25. O mais avisado é amortizar já os

empréstimos, que totalizam 1289,61 euros,
com recurso a umas poupanças que tem no
BPI e que, neste momento, nada rendem.
Desta forma, Raquel vê-se livre dos créditos,
do cartão e poupa 221 euros em juros, con-
siderando os prazos de 13 e 19 meses que
faltam para saldar as dívidas.
Traçámos duas outras hipóteses. Dois ca-
minhos que implicam contrair dívidas para
saldar os empréstimos de Raquel. Mesmo
assim, há poupança. Veja o resultado destas Ernesto Pinto e Nuno Rico fizeram as contas para que Raquel Madruga conseguisse
contas na página 25. as maiores poupanças no IMI e na liquidação de dois empréstimos pessoais associados
a um cartão de crédito com uma elevada taxa de juro
IMI: receita para poupar 50 euros
Bastou a Ernesto Pinto olhar para a cader-
neta predial de Raquel Madruga e fazer
algumas contas para concluir que, desde
que a professora começou a pagar IMI, há
três anos, entregou 140 euros ao Estado sem
necessidade. Dinheiro que jamais poderá
reaver. Raquel nunca pediu a atualização do
valor patrimonial. É certo que esteve isenta
de IMI durante oito anos, mas podia tê-lo
feito. E, sobretudo, devia tê-lo feito em 2015,
um ano antes de começar a pagar imposto.
O Fisco, por lei, não atualiza automatica-
mente todos os critérios utilizados para cal-
cular o valor do IMI (veja a análise na página
26), e o resultado é uma fatura inflacionada.
Mas há algo mais a complicar as contas A análise da caderneta predial Nuno Rico (à direita) traçou três soluções
relativas ao IMI de Raquel Madruga. Para é fundamental para perceber para Raquel liquidar a dívida que tem e poupar,
o Fisco, a casa é de 1989. Mas, segundo a como poupar no IMI no máximo, 221 euros
professora, o prédio nasceu (pelo menos, no
papel, ou seja, na licença de habitação) em
1974. Raquel sabe-o bem, porque, quando
fez a escritura da casa, notou que o prédio
onde vive, na Amora, Seixal, veio ao mun-
do dois dias antes de si. “Já fui às Finanças
tentar averbar a idade certa da casa na ca-
derneta predial, mas disseram-me que era
muito difícil.” Ernesto Pinto não vê porquê.
Nada que um documento oficial, como a es-
critura ou a licença de habitação, a atestar
a idade do imóvel não resolva... E é de todo
o interesse que a casa fique um pouco mais As contas são claras: os conselhos
velha no bilhete de identidade. Assim, Ra- da DECO PROTESTE permitem
quel — “e os vizinhos, coitados, que estão que Raquel Madruga poupe quase
há anos a pagar IMI a mais” — pode poupar 50 euros no IMI a pagar em 2020
quase 50 euros neste imposto já em 2020. e se veja livre da dívida associada
Dinheiro que será bem vindo. Isso e o “su- a um cartão de crédito com uma
premo prazer de cortar o cartão de crédito taxa de juro de quase 27%
com uma tesoura”. e do próprio cartão

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  27

 ENTREVISTA EXCLUSIVA
PROTESTE 40 anos

“Há muitos
prestadores
de serviços
ineficientes”
Diz que tem pouco tempo para
comprar nas lojas. Faz compras
online, mas irrita-se com o atraso Fernanda
na entrega dos produtos. Mãe de Serrano
quatro filhos, espera pelo dia em É uma das atrizes mais
populares da televisão
que a PROTESTE faça um teste portuguesa

Plural
às editoras de livros escolares

O que estava a fazer há 40 anos?
FERNANDA SERRANO A brincar. Estava
ocupada a ter uma infância bastante feliz
entre a Caparica e o Alentejo.
Costuma ler a revista PROTESTE?
F.S. Anteriormente, sim. Agora, já há muito
que não a recebo. Mas era um precioso au-
xiliar de ideias, dicas e ajuda.
Que teste nos falta fazer?
F.S. A editoras de livros, sobretudo es-
colares. O atraso nas entregas destes ar-
tigos é um abuso. As crianças esperam
e exasperam pelos manuais, com as aulas a
decorrer. Pouco antes do início do último ano
letivo, enviei um novo e-mail para a Wook
a reclamar pela falta de entrega de muitos
manuais, já todos pagos. Não se entende. É
óbvio que se trata de um mero intermediá-
rio, mas tem o seu quê de responsabilidade.
No entanto, as editoras são as responsáveis
máximas.
Qual foi a pior experiência numa loja
ou a contratar um serviço?
F.S. Muitas. Normalmente, não tenho tempo
de fazer compras nas lojas físicas. Faço mui-
tas online [em lojas] que se comprometem
a fazer entregas num determinado prazo
- o que não acontece. Jumbo, Continente,
Staples. Também tive agora uma má experi-
ência, porque não consegui contactar a linha
de apoio para validação de compras. Os ser-
viços de seguradoras têm péssimos valores,
designados por prémios aos quais acrescem
valores sem notificarem os titulares. Não são
melhores os serviços de apoio técnico da
MEO, a minha “guerra” das rosas: publicita-
-se internet pela casa toda, mas na realidade
nunca acontece dessa forma. Infelizmente,
não tenho o meu caso solucionado e há muito
tempo que o tento das mais variadas formas.
Enfim… and that’s all, folks!
Como reage a um mau serviço?
F.S. Reclamo sempre, embora poucas vezes
veja solucionado o caso da forma imediata e
resoluta que é desejada.
Já comprou produtos desnecessários
ou de que se arrependeu pouco depois?
F.S. Ui, muitas vezes. Aprender com os erros.
Há alguma área em que seja
uma consumidora exigente?
F.S. Supermercados. Exijo rigor e segurança
nos compromissos assumidos.
Tem algum luxo peculiar que seja
indispensável em casa?
F.S. Gosto de ter sempre a casa iluminada,
o que, hoje em dia, é um grande luxo da-
das as exorbitâncias que a EDP cobra pelas
tarifas praticadas.
O que é mais difícil: fazer as
compras do mês ou comprar um
eletrodoméstico?
F.S. Sem dúvida, as compras do mês.
Costuma comprar em feiras
ou mercados locais?
F.S. Raramente. Com muita pena mi-
nha, pois a frescura dos produtos é
incomparável.
O consumidor tem sempre razão?
F.S. Nem sempre. Há consumidores muito
chatos. No entanto, há muitos prestadores
de serviços ineficientes. Sem equilíbrio, não
vamos lá.
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28  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt

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PARCEIRO
 INVESTIGAÇÃO
Perdas de água

90 milhões de eu
A água potável é um bem precioso. Mas a realidade diária contradiz esta
que falham em evitar a perda de 180 milhões de metros cúbicos de água.
Texto Deonil

E
m pleno verão e com a chuva a es- MACEDO PESO
cassear, a palavra “água” ganha uma TOP 15 DE CAVALEIROS DA RÉGUA
DOS
642 520
dimensão de urgência, associada à
palavra “seca”. O acesso à água po- MUNICÍPIOS
tável e ao saneamento é considerado, desde LITROS/ DIA/RAMAL LITROS/ DIA/RAMAL
2010, um direito humano pela Organização COM MAIS
PERDAS 2,35 milhões 1, 24 milhões
das Nações Unidas. A água do planeta é um
m3/ano m3/ano
recurso que se confunde com a atividade
humana. Mas menos de 1%, dos 3% de água
doce disponível na Terra, se encontra acessí- ARRUDA DOS
vel. Por ser tão escassa, somos levados a crer ANADIA VINHOS SILVES
que os responsáveis desenvolvem esforços
para poupá-la e que, a partir do momen- 463 452 448
to em que a captam, o percurso entre as LITROS/DIA/RAMAL LITROS/ DIA/RAMAL LITROS/DIA/RAMAL
condutas e as casas é cuidado. Assiste-se, 2,40 milhões 2, 33 milhões
752 mil
porém, um pouco por todo o País, e impu- m3/ano m3/ano m3/ano
nemente, à perda de milhares e milhares de
litros de água anuais, no armazenamento, CABECEIRAS
no transporte e na distribuição. Existe mais DE BASTO LOURES E ODIVELAS
do que uma explicação para a incúria na
reabilitação das condutas, do que tão-só a
falta de orçamento.
390 383
LITROS/ DIA/RAMAL LITROS/DIA/RAMAL
A Norte mora o pior caso ao nível nacio-
nal, mais concretamente em Trás-os-Mon- 1, 10 milhões 6,92 milhões
tes. Em Macedo de Cavaleiros, são 642 li- m3/ano m3/ano
tros de água perdidos por ramal e por dia.
Em Santo Tirso e Trofa, situa-se o melhor
exemplo: 13 litros perdidos, por ramal e por
AMADORA E OEIRAS
dia. Entre um e outro exemplo, vai um mar
desperdiçado. Na cidade transmontana, a
contabilização é astronómica: as perdas 372
anuais chegam a uns inimagináveis 2 352 LITROS/DIA/RAMAL
058 metros cúbicos de água. 4, 85 milhões
Com base no indicador de perdas de m3/ano
água da Entidade Reguladora dos Serviços
de Água e Resíduos (ERSAR), e com núme-
ros de 2017, concebemos a infografia destas
páginas, que reflete os 15 piores casos em
Portugal Continental. Além destes 15 muni-
cípios, 91 têm perdas acima do aceitável e 20
nem responderam sobre o volume perdido.

Consumidor não tem de pagar

ineficiência
Globalmente, perdem-se, por ano,
179 722 877 m3 de água em 258 municípios,
o que corresponde ao volume de 197 pisci-
nas olímpicas. E muito mais água se perderá
para além deste valor, tendo em conta os
20 municípios que desconhecem o volume
desperdiçado.
Cada símbolo representa um município
com perda de água acima do aceitável.
Os 15 municípios destacados possuem
as perdas mais significativas
em Portugal Continental.

30  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt

 INVESTIGAÇÃO
Perdas de água

ros derramados
máxima. Por falta de manutenção das condutas, há entidades gestoras
Macedo de Cavaleiros e Peso da Régua estão entre os piores exemplos
de Lourenço

CASTELO Contas feitas, anualmente, perdem-se mais

ESTREMOZ DE PAIVA de 180 milhões de metros cúbicos de água,

371 364
o que corresponde a deitar fora cerca de 90
milhões de euros, nada mais, nada menos.
LITROS/DIA/RAMAL LITROS/DIA/RAMAL A importância de um indicador como as per-
1,21 milhões
das de água não precisa de mais argumentos.
781 mil
A DECO considera que uma quantia tão eleva-
m3/ano m3/ano
da não deve repercutir-se na fatura cobrada
ao consumidor, o que contraria a ideia sus-
MOIMENTA tentada pela ERSAR. Para um município obter
DA BEIRA LOUSÃ boa avaliação, as perdas de água não devem

364 352 ser inferiores a 100 litros por ramal e por dia.
Um limite, porém, largamente ultrapassado
LITROS/DIA/RAMAL LITROS/ DIA/RAMAL em muitos municípios.
900 mil 972 mil O documento que define as políticas e
m3/ano aponta caminhos para o setor da água, o Re-
m3/ano
gulamento Tarifário dos Serviços de Águas
SÃO BRÁS (RTA), elaborado pela entidade reguladora,
SESIMBRA DE ALPORTEL aponta no sentido de que certos custos se-
jam refletidos na fatura. Contudo, no parecer
340 333 sobre aquele documento, a DECO mostra-se
contra a possibilidade de ser o utilizador a
LITROS/DIA/RAMAL LITROS/DIA/RAMAL
pagar as ineficiências do sistema. Defende
2, 47 milhões 689 mil que os custos provenientes de desequilíbrios
m3/ano m3/ano contratuais ou de outras despesas de inefi-
ciência, tais como as perdas reais de água,
SANTA MARTA não deverão ser espelhados na fatura a pagar
DE PENAGUIÃO pelo consumidor. Até ao fecho desta edição,
o referido regulamento ainda não tinha sido
332 publicado em Diário da República.
LITROS/DIA/RAMAL
200 municípios com reabilitação
528 mil de condutas insatisfatória
m3/ano A boa manutenção e a reabilitação de con-
dutas, as baixas perdas de água e a diminuta
ocorrência de avarias garantem a sustenta-
bilidade dos serviços de abastecimento e de
saneamento. Neste capítulo, o papel das en-
tidades gestoras é determinante.
A reabilitação de condutas com mais de
dez anos é insatisfatória em 200 municípios.
E o facto de as entidades gestoras não reno-
varem as condutas mais “antigas” poderá le-
var ao colapso das mesmas, dando origem a
avarias e a perdas de água da rede.
Inspirart e Nuno Semedo

Em Portugal Continental, o setor do abaste-

cimento público de água dispõe de um total de
111 864 quilómetros de condutas. Destes, 9 773
quilómetros foram reportados pelas entidades
gestoras que captam água e 102 091 pelos or-
ganismos que a distribuem ao consumidor.

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  31

 INVESTIGAÇÃO
Perdas de água

PROTESTE ENTREVISTA

“Temos uma abordagem

integrada de redução de perdas
de água reais”
Enrique Castiblanques
Presidente do Conselho de Administração da Indaqua - Indústria e Gestão de Água, S.A.,
entidade gestora de Santo Tirso e Trofa, municípios onde a perda de água nas condutas é baixa.

Como são controladas as perdas reais Qual a forma de financiamento para a

de água?
Desenvolvemos uma abordagem integrada
de redução das perdas de água reais e
comerciais: elaboração de um Plano Detalhado
de Eficiência Hídrica, pesquisa ativa de
fugas, com a sua rápida e correta reparação,
colocação de sensores nas redes com
programas de monitorização que recorrem
à Inteligência artificial, e criação de zonas de
gestão de pressão que permitem reduzir
perdas permanentes e frequência de roturas,
entre muitas outras. Todas estas atividades
implementadas de forma coordenada permitem
uma rápida e eficaz diminuição das perdas reais.
Como se assegurou a manutenção
e a reabilitação de condutas até 2019?
Qual o plano para o futuro?
As concessões em Portugal têm modelos
económicos que abrangem todo o período
previsto para a gestão privada dos sistemas.
Até pelo modelo contratual adotado, há planos
de investimento de médio e de longo prazo,
de ampliação e de remodelação de ativos, que
vão assegurando o adequado funcionamento
das redes, cumprindo-se os níveis de qualidade
do serviço estabelecidos pelo regulador.
Infelizmente, a reabilitação das redes é
normalmente apresentada como a panaceia para
a redução das perdas, sendo que, pelo volume
de investimento e impacto nas populações,
esta deve ser sempre a última opção. Apesar
de normalmente não serem entendidas assim,
Direitos reservados
as redes de abastecimento de água são
infraestruturas como todas as restantes, pelo
que a forma como as operamos e mantemos são
essenciais para o seu funcionamento e a sua vida
útil. O que observamos, na maioria dos casos,
é que as entidades gestoras, apesar de não
estarem a fazer a devida operação e manutenção
das redes, estão já a planear a substituição,
transferindo a responsabilidade na operação
e manutenção para uma alegada ausência de
financiamento, tarifário ou estatal.
reabilitação de condutas? Há impacto direto
no tarifário a cobrar aos consumidores?
A pergunta tem uma resposta diferente em cada
município, sendo que, na gestão concessionada,
existem modelos económicos de médio e longo
e prazo que implicam planos de investimento
também de longo prazo, normalmente
considerados nas tarifas. Nesses casos, o
investimento futuro de reabilitação de condutas
não terá impacto em aumentos tarifários. Importa
salientar que a taxa de reabilitação de redes
em Portugal sendo, em média, bastante baixa
é, em regra, a adequada, como demonstram
os indicadores de avarias e de continuidade
do serviço apresentados pelo regulador. Na
nossa perspetiva, o que é urgente é melhorar
as condições de operação e manutenção das
redes, com necessidades muito limitadas de
investimento em tecnologia, em detrimento da
substituição massiva de redes. Esta melhoria na
exploração operacional permitirá, rapidamente e
com investimentos muito diminutos, reduzir as
perdas de água reais e comerciais.
Quais os desafios para garantir a qualidade
do abastecimento?
A implementação do princípio do utilizador-
-pagador e do máximo de transparência
e de comparabilidade entre as diferentes
entidades gestoras, em toda a cadeia do ciclo
de abastecimento urbano de água será, na nossa
opinião, o principal fator de indução de melhoria
neste setor.

Contactámos duas entidades gestoras (Indaqua e Aquamaior) e
duas câmaras municipais (Macedo de Cavaleiros e Peso da Régua).
As primeiras representam bons exemplos na gestão das perdas reais
de água, ou seja, a que se perde nas condutas que levam a água até às
nossas casas. As segundas estão nos antípodas: as perdas de água são
muito elevadas. Fizemos as mesmas perguntas aos quatro organismos.
Até à data de fecho, só um nos respondeu. Publicamos a entrevista à
Indaqua, na qualidade de entidade gestora nos concelhos de Santo Tirso
e Trofa. Por parte da ERSAR, mereceu avaliação positiva nas perdas reais
de água, mas também nota negativa na reabilitação das condutas.

32  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


Do ponto de vista ambiental e social,
a água perdida ao longo do transporte, em
condutas e ramais, até chegar às habita-
ções, é o reflexo do uso ineficiente de um
recurso natural. Além do mais, referimo-
-nos a água já tratada. Por essa razão, há
um duplo impacto negativo. Primeiro, pelo
facto de se tratar de um recurso escasso e,
segundo, por haver uma perda económica
para a entidade gestora, dado já ter inves-
tido no tratamento. E a entidade gestora,
reforcemos, não deve tentar compensar as
perdas através dos tarifários a cobrar aos
consumidores.
Considerando a avaliação da entidade
reguladora, 131 municípios tiveram boa
qualidade no indicador das avarias de con-
dutas. Mas, em 60 municípios, a qualidade
de serviço é insatisfatória. Em sete casos, a
entidade gestora não forneceu informação.
Saneamento: reabilitar coletores
é preciso
A exigência de qualidade estende-se ao
tratamento das águas residuais domésti-
cas ou saneamento, outro serviço pago
mensalmente. As infraestruturas das águas
residuais e pluviais são fundamentais para
a qualidade de vida das populações. Um
indicador importante é o número de inun-
dações com origem na rede de drenagem.
Por derivarem de redes de saneamento,
em que a água ainda não foi submetida a
tratamento, estas inundações são um risco
para a saúde pública e, muitas vezes, estão
interligadas com a falta de manutenção e
com a reabilitação de coletores. Em 90 mu-
nicípios, é um indicador com boa qualida-
de. Porém, em 78, é insuficiente. Um dado
que indica que, se não houver investimento
na reabilitação de coletores nos próximos
anos, a baixa ocorrência de inundações de
águas residuais ou de colapsos estruturais
em coletores pode ficar em causa.
Após ser usada para inúmeros fins tão es-
senciais, como naturais - beber, cozinhar,
tomar banho ou lavar -, a água é tratada
através do serviço de saneamento ou de tra-
tamento de águas residuais urbanas, que
dispõe de 63 791 quilómetros de coletores.
Quase seis mil transportam água para tra-
tamento e mais cerca de 5 500 quilómetros
de coletores levam as já tratadas para serem
descarregadas no meio hídrico. É, portan-
to, necessário realizar a manutenção dessa
longa estrada de coletores de águas sujas
(esgotos).
1,4 dias de reserva de água
O nosso país está equipado com 8 712 reser-
vatórios, quantidade que assegura 1,4 dias
de capacidade de reserva de água tratada
para consumo humano. Significa isto que,
www.deco.proteste.pt
Mais informação
www.deco.proteste.pt/poupar-agua
na eventualidade de haver um problema no
sistema de abastecimento a jusante de um OS
reservatório, é possível manter o abasteci-
mento de água às populações durante esse FACTOS
período.
Na maioria dos municípios, as falhas de
180
abastecimento - devido a roturas de condu-
tas e a avarias, por exemplo - são baixas, o
que corresponde a uma boa avaliação em
219. Apenas 21 municípios não cumprem os
requisitos, de acordo com a avaliação da en-
tidade reguladora. Já 18 municípios omitiram milhões de metros cúbicos
essa informação. de água perdidos por ano
Não está ao alcance do consumidor em Portugal Continental
alterar o fornecedor de água ou de sa-
neamento, dado tratar-se de um servi-
ço em regime de monopólio natural.
197
Por essa razão, a boa intervenção da entida-
de gestora na prestação do serviço ao longo
das várias etapas produtivas ganha um peso
decisivo.
Tarifas desarmonizadas piscinas olímpicas é quanto
A água que chega às habitações dos residen- se perde de água, por dia,
tes em determinado município é comprada no conjunto de 258 municípios
a uma entidade que a capta. É o geralmente
designado serviço em alta. O preço varia de
126
região para região, consoante a entidade que
capta a água. Os preços continuam a refle-
tir a variação acentuada do montante pago
às entidades que captam e vendem a água
aos municípios. As oscilações mantêm-se, litros diários de água gasta,
levando ao enviesamento de preços desde em média, por habitante
o início do ciclo urbano da água. O intervalo
do preço da água comprada pelas entidades
nos vários municípios, em 2017, oscilava en-
tre 0,4134 (Águas do Douro e Paiva) e 0,8111
euros por metro cúbico (Águas Públicas do
Alentejo).
A entidade responsável pelo saneamento
é a mesma que paga o tratamento das águas
residuais a terceiros. O montante pode va-
riar entre 0,39 (Tratamento de Águas Resi-
duais do Ave) e 1,13 euros por metro cúbico
(Águas da Serra, da Covilhã), consoante a
região.
Sem um mecanismo de correção e de har-
monização do preço do serviço em alta, há
uma intensificação do tratamento desigual
entre os moradores nas diferentes regiões.
Face a esta discrepância, é natural que estes
custos não se repercutam na estrutura do
tarifário cobrado na fatura da água. Isto é,
a total recuperação dos custos incorridos
pelas entidades gestoras (entre os quais
se incluem as perdas reais de água) não
deve ser refletida diretamente no tarifário.
A harmonização das tarifas domésticas nas
várias regiões só é possível com um meca-
nismo que corrija a dissonância dos preços
cobrados.
Dossiê técnico Antonieta Duarte
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  33
 Um fruto e peras
Pouco calórica e de fácil digestão, a pera é um dos frutos preferidos dos portugueses.
Variedades há muitas, mas a pera-rocha é, de longe, a mais popular no nosso país
Texto Cécile Rodrigues e Isabel Vasconcelos

E
EM DESTAQUE xistem centenas de variedades de
Pera rocha e outras peras, e muitas delas no nosso país,
variedades mas a pera-rocha destaca-se por
Conselhos representar 95% da produção naci-
de compra e valor
nutricional onal. Em 1836, o agricultor Pedro António
Rocha descobriu, por acaso, uma pereira
diferente na sua propriedade, situada em
Sintra. De qualidade invulgar e muito apre-
ciada pelos amigos a quem deu as peras a
provar, as do senhor Rocha ganharam rapi-
damente grande popularidade.
A pera-rocha acabou por ser cultivada e
propagada pela região Oeste, e pontualmen-
te nalguns concelhos do Alentejo, de Trás-
-os-Montes, do Minho e da Beira Interior.
Tem, desde 2003, certificação DOP (deno-
minação de origem protegida).
Segundo o Instituto Nacional de Estatísti-
ca, a pera é o terceiro fruto mais consumido
em Portugal, a seguir à maçã e à laranja, e
apresenta um interessante valor nutricional.
Daí dedicarmos-lhe este artigo.

PERA-ABATE-FETEL PERA-COMICE PERA-CONFERENCE PERA-FORELLE PERA-NASHI

Alongada e fina. Polpa sumarenta, Arredondada e com polpa Alongada e fina. Com polpa Forma de sino. Polpa sumarenta, Forma de maçã e po
muito doce, macia e crocante. sumarenta, muito doce, suave sumarenta, doce e suave. doce e crocante. muito sumarenta,
€ 1,99/kg e cremosa. € 2,10/kg € 1,99/kg € 1,99/kg doce e crocante. € 3

J F M S O N D J F M A M J S O N D J F M S O N D J F M A M J S O N D J F M A M J J

34  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt

 INVESTIGAÇÃO
Guia de compras de peras

Poucas calorias e alguma fibra

Oitenta e cinco por cento do peso da pera é
água, o que a torna pouco calórica: fornece
cerca de 50 quilocalorias, o equivalente a
uma laranja ou uma tangerina, mas menos
do que uma maçã. É ainda uma fonte de
fibras, úteis para regular o trânsito intestinal
e controlar o apetite, especialmente quando
ingerida antes das refeições. Tal como os
restantes frutos, a pera está praticamente
desprovida de proteína e gordura. O teor em
açúcares aproxima-se dos 10%, valor ao nível
da laranja e da tangerina, mas mais baixo
do que na maçã (cerca de 13 por cento). O
baixo índice glicémico torna-a apta na mai-
oria das dietas para diabéticos. Quanto aos
micronutrientes, destaca-se a concentração
de potássio, importante para a hidratação
do organismo e para as células musculares
e nervosas.
É um fruto versátil, que pode ser
BI da pera consumido cru, cozido ou assado. Pode ain-
da ser usado em sumos, saladas e sobreme-
sas. Além disso, é prático para levar para o
12 g 0,4 g trabalho, a escola ou a praia. A pera é de fácil
açúcares proteínas digestão e pode ser consumida por pessoas
de todas as idades e é mesmo indicada para
bebés. Aproveite e delicie-se com a receita
3g 0,5 g que lhe deixamos na página 36.
fibra 50 kcal gordura
Saber escolher e conservar
valor
energético Evite peras excessivamente verdes, pois po-
derão ser muito rijas e deixar uma sensação
áspera na boca. Mesmo que amadureçam
em casa, nunca chegarão a recuperar o sa-
bor por completo.
Prefira exemplares com o pedúnculo e a
casca intactos, sem cortes, vincos ou perfu-
rações, nem zonas pisadas. Evite peras cuja
casca apresente resíduos ou manchas de pó,
indícios de que foram usados pesticidas. Por
Valores por fruto uma questão de segurança, lave sempre

João Ribeiro/iStock

PERA-PACKHAM’S PERA-ROCHA PERA-RED-WILLIAMS PERA-WILLIAMS

olpa De formato irregular, tem polpa De forma regular, tem polpa Tem forma de sino e polpa Tem forma de sino e polpa
sumarenta, algo ácida e firme. sumarenta , doce, granulosa sumarenta, doce, fina e cremosa. sumarenta, doce, fina
3/kg € 1,59/kg e crocante. € 1,19/kg € 1,99/kg e cremosa. € 1,99/kg

A S O N D M A M J J A J F M A M A S O N D M A M J A S O N J F M J A S O N

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  35

 INVESTIGAÇÃO
Guia de compras de peras

a fruta antes de a consumir, em especial
se não retirar a casca.
Conserve este fruto num local fresco,
seco e arejado, pousado sobre papel. Não
o guarde em sacos de plástico fechados, já
que libertam etileno e podem acelerar a
maturação e o apodrecimento. Pela mesma
razão, não o coloque junte de frutos que
aceleram a maturação, como bananas.
Para retardar a maturação das peras, e
conservá-las mais tempo, guarde-as na pra-
teleira de baixo do frigorífico ou na gaveta
dos legumes, mas retire-as uma hora antes
MÃE, QUERO MAIS BRÓCOLOS!
Ponha os miúdos a comer bem com as mais
de 150 refeições saudáveis deste guia. Encomende
em www.deco.proteste.pt/guiaspraticos ou pelo
telefone 211 215 652 com o código 19076.
de as consumir, pois ficam mais saborosas.
Uma vez descascadas, oxidam rapidamen-
te, ficando mais escuras. Para evitar este
efeito, aplique-lhes umas gotas de limão.
Fruta 100% nacional
A pera-rocha é uma variedade exclusiva-
mente portuguesa, exportada para mais de
20 países, dos quais se destacam o Brasil,
o Reino Unido, a França, a Alemanha e a
Espanha, que representam cerca de 90%
do valor das exportações.
A produção anual média de pera-rocha
ronda as 173 mil toneladas, sendo 60% ex-
portadas. Em Portugal, o consumo médio
per capita é de 6,2 quilos por ano, o que ele-
va esta variedade para o ranking dos frutos
mais consumidos no nosso país.
A par da pera-rocha, existem muitas ou-
tras variedades regionais, com uma produ-
ção em pequena escala, presentes sazonal-
mente em mercados e feiras locais. Embora
representem apenas 5% da área cultivada,
vale a pena descobrir essa riqueza de pala-
dares do património nacional.
Um exemplo de pera regional, que se
encontra nas feiras de Viseu na segunda
quinzena de setembro, é a pera de São Bar-
tolomeu, produzida no concelho de Tábua.
É com esta variedade que se prepara a fa-
mosa pera-passa (seca e espalmada), uma
iguaria consumida na época do Natal. Ou-
tras variedades regionais são pera-água ou
aguinha (maturação a partir de junho), pera-
-amêndoa (início de agosto) e pera-formosa
(meados de outubro), entre outras.

MOUSSE DE PERA Reduza a pegada

ecológica,
com pérolas de tapioca
ao preferir peras
INGREDIENTES
(para 4 pessoas)
nacionais
800 g de pera e da época
350 ml de leite
de vaca magro
200 g de pérolas de tapioca
30 g de amêndoa torrada Estas variedades regionais não se encon-
tram, em regra, nas grandes superfícies.
Aroma de baunilha q.b.
Na página 34, indicamos algumas espéci-
es importadas, como a pera-conference
TEMPO DE CONFEÇÃO (oriunda da Bélgica, Holanda e França), a
(40 minutos) pera-nashi (Chile e China), a pera-packham’s
(Argentina, África do Sul ou Chile) ou a pera-
1. Descasque a pera, corte-a aos cubos e coza-a no leite -williams (Argentina, África do Sul, França
com a baunilha até amolecer por completo. Com uma e Espanha).
Como cada variedade tem um período de
varinha mágica, reduza a puré . Ponha no frio.
maturação diferente, é possível encontrar
peras em qualquer supermercado, ao lon-
2. Coloque água a ferver. Quando entrar em ebulição, go de todo o ano. Ainda assim, privilegie as
adicione as pérolas de tapioca, mexendo sempre . peras da época, mais saborosas (consulte
Fonte: Eurobarómetro Especial 270

Tape e deixe cozer seis minutos. Retire a tampa o calendário de cada espécie junto da res-
e mexa para que não agarrem. Volte a colocar a tampa petiva foto). Sempre que possível, opte por
produtos nacionais, para reduzir a sua pega-
por mais seis minutos. Retire do lume , coe a água
da ecológica. Por não serem transportados
Fotografia: João Ribeiro

e arrefeça as pérolas com gelo ou água fria. de outras partes do mundo, a produção de
CO2 é, assim, reduzida.
3. Para a montagem, divida o puré de pera Agora, que já sabe (quase) tudo sobre este
em porções. Coloque as pérolas de tapioca fruto, delicie-se com uma rica pera.
e as amêndoas esmagadas por cima.
Dossiê técnico Nuno Lima Dias
e Susana Costa Nunes

36  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


Posso confiar
no contador?
A
pouco e pouco, os chamados con-
tadores inteligentes de eletricidade
começam a ocupar o seu espaço
nos lares nacionais. Trata-se de
aparelhos de medição digitais — os tradici-
onais são eletromecânicos — que, ao funci-
onarem integrados em redes inteligentes,
garantem um conjunto de benefícios para
o consumidor, como o envio automático de
leituras. Em resultado disso, a faturação dei-
xará de ser feita com estimativas, caso não
seja comunicado o consumo.
Fomos contactados por consumidores
que, ao receberem uma carta a anunciar
a substituição do contador, ficaram com
dúvidas sobre a razão da troca e as conse-
quências que esta pode ter no dia-a-dia e na
faturação. Outros, já com o novo contador,
www.deco.proteste.pt
Os contadores inteligentes
abrem a possibilidade
de o registo dos consumos
ser feito à distância
e acabarem as estimativas.
Esclarecemos dúvidas com
a ERSE e a EDP Distribuição
Texto Isabel Vasconcelos
ENTREVISTA
Contadores inteligentes
Dúvidas
dos consumidores
Cristina Portugal, da ERSE,
e António Amorim, da EDP
Distribuição, respondem
queixam-se de que o quadro dispara com
mais frequência ou que o valor a pagar au-
mentou. Já os portugueses com sistemas fo-
tovoltaicos de autoconsumo querem saber
se esta medida os afeta e como.
Juntámos as questões que chegaram,
acrescentámos algumas que também con-
sideramos importantes e fomos conversar
com quem sabe e pode esclarecer as dúvidas
do consumidor: a Entidade Reguladora dos
Serviços Energéticos (ERSE) e a EDP Distri-
buição. A primeira é a responsável pelo
quadro normativo e de supervisão desta
operação. A segunda é quem a está a pôr
em prática, por ser o principal operador
da rede de distribuição de eletricidade em
Portugal Continental. Concluímos que não
há razões para alarme.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  37
 ENTREVISTA
Contadores inteligentes

PROTESTE ENTREVISTA

“Com estes aparelhos,

as faturas passarão a refletir
o consumo real”
Cristina Portugal
Presidente do conselho de administração da ERSE

O que é um contador inteligente efetivamente críticos e identificados a partir

Direitos reservados

(smart meter) e qual a relação da informação disponível sobre a utilização

com as redes inteligentes? da rede em cada momento.
Chama-se inteligente ao contador de eletrici-
dade, porque, além de medir, regista várias Estes contadores poderão trazer
grandezas elétricas (como o consumo em maior qualidade de serviço?
intervalos de 15 minutos e a potência usada) Esse será outro benefício para os consumi-
e comunica, à distância, com os sistemas dores. A qualidade do serviço comercial,
do distribuidor. Esta ação permite enviar por exemplo, mede-se pela eliminação das
leituras sem a presença do distribuidor ou estimativas nas faturas ou da presença do
do consumidor na instalação, bem como consumidor em operações como a altera-
realizar outras operações, como a altera- ção da potência contratada ou a ativação
ção da potência contratada ou a ativação e do fornecimento, num novo contrato. Mas
desativação do serviço. também na qualidade técnica do serviço é
Já as redes inteligentes são um conceito de esperar uma maior capacidade em ante-
mais amplo. Englobam a gestão da rede elé- cipar e verificar problemas na rede, evitan-
trica com base na informação disponível nos do ou melhorando os tempos de reposição
vários contadores inteligentes, bem como do serviço, em caso de interrupção.
na infraestrutura de comunicação dispersa
pela rede. As redes inteligentes conseguem Podem ser esperadas inovações
acomodar o crescimento das novas formas tarifárias?
de produzir e de consumir energia, como a As tarifas têm vindo a evoluir, para dar mais
energia solar e os veículos elétricos, e apro- opções de escolha aos consumidores, e vão
veitam melhor a infraestrutura existente, ao encontro das funcionalidades que estes
minimizando os investimentos. contadores apresentam, para maximizar a
sua utilidade. As possibilidades de opção
Que benefícios pode trazer para são quase ilimitadas — como tarifas horárias
o consumidor e para o sistema? variáveis em cada hora —, dando aos consu-
Logo que estejam reunidas todas as condi- midores um maior leque de opções para ge-
ções para a rede funcionar, ligada à infra- rirem o consumo e a fatura de eletricidade.
estrutura de comunicação e aos sistemas A ERSE não deixará, contudo, de acautelar
informáticos dos distribuidores, a primeira sempre os consumidores mais vulneráveis,
das vantagens será a eliminação das estima- seja por razões económicas, seja por outras,
tivas. Este continua a ser um dos temas mais que continuarão a ter opções ajustadas e
reclamados pelos consumidores. As faturas tradicionais aos seus perfis de consumo.
passarão a refletir o consumo real. Será ain-
da possível alterar a potência contratada ou O que motivou a substituição
o ciclo de contagem, à distância. dos contadores que está a decorrer?
Globalmente, todo o sistema elétrico A implementação de redes inteligentes está
pode ser mais bem utilizado. Basta otimi- consolidada em vários países da Europa e a
zar os investimentos necessários nos pontos evolução tecnológica tem reduzido bastante

38  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


o preço dos contadores inteligentes. Em Por-
tugal, o distribuidor já tem vindo a substituir
os equipamentos que estão em fim de vida
útil por esta tecnologia. Mas ainda é uma
realidade minoritária no País.
A ERSE lançou, no início deste ano, uma
consulta pública sobre uma proposta de
regulamento, para definir e uniformizar os
serviços prestados pelas redes inteligentes.
Esta consulta foi muito participada (incluin-
do pela DECO) e bem recebida. Para a ERSE,
é crucial que o consumidor de eletricidade
beneficie da nova tecnologia, veja elimina-
dos alguns focos de conflito e sejam abertas
novas possibilidades que vão ao encontro
das suas necessidades.
Quem suporta os custos da operação
de substituição de contadores?
O distribuidor. Contudo, a proposta coloca-
da em consulta pública prevê o pagamen-
to de um incentivo. Este não está ligado à
substituição dos contadores, mas depende
da efetiva prestação de um conjunto de ser-
viços avançados, definidos pelo regulador,
que se traduzam numa melhoria do serviço
prestado.
Os consumidores podem recusar
a instalação do contador inteligente?
O contador não pertence ao consumidor, mas
sim ao distribuidor, que é responsável por
instalar, operar, manter e substituir. Como
tal, os consumidores não podem recusar a
substituição do contador, mas o distribuidor
tem a obrigação de informar e esclarecer
quanto à utilização do novo aparelho e dos
novos serviços das redes inteligentes.
Na regulamentação proposta pela ERSE
sobre redes inteligentes, foi dada uma espe-
cial atenção à proteção dos dados pessoais
dos consumidores e ao acesso aos consumos
detalhados, seja pelo próprio seja por tercei-
ros com o seu consentimento.
Como está a decorrer a substituição
dos contadores?
Em Portugal Continental, cinco dos 11 opera-
dores de rede já substituíram ou começaram
a substituir mais de 2 milhões de contadores
de um total de mais de 6 milhões de clientes.
Os novos contadores ainda só parcialmente
estão integrados em redes inteligentes. Nas
Regiões Autónomas dos Açores e da Madei-
ra, estão em curso projetos-piloto de redes
inteligentes.
Como se está a processar
a substituição dos contadores
inteligentes nos restantes países
europeus?
Vários países europeus adotaram os con-
tadores inteligentes em pleno. O primeiro
www.deco.proteste.pt
Mais informação
www.deco.proteste.pt/energia
foi a Itália. Em Espanha, a substituição está
praticamente terminada. Há também países
que já decidiram a substituição geral dos
contadores, e estão a implementar esses
“
planos, bem como outros que ainda não
tomaram a decisão.
Mas a substituição generalizada dos
Para
contadores tradicionais pelos inteligentes
é uma opção política e que, portanto, não a ERSE, é
essencial que
cabe ao regulador.
Como e por quem vão ser geridos
os dados relativos ao perfil
de consumo dos cidadãos?
o consumidor
O distribuidor é o responsável pela leitura
dos contadores e pela gestão dos dados de
beneficie
consumo. Os cidadãos terão acesso dire-
to a esses dados, em formato eletrónico. com esta
O acesso aos consumos detalhados pelo
comercializador ou outras entidades (para tecnologia
que o comercializador preste serviços de
análise de consumos ou aconselhamento
específico, por exemplo) só se fará com o
e veja
consentimento do cliente.
eliminados
Os consumidores vulneráveis
continuam salvaguardados? focos
”
As redes inteligentes não terão qualquer
impacto negativo sobre os direitos dos de conflito
consumidores. Pelo contrário: melhoram
o serviço prestado, fazendo uso da evolu-
ção tecnológica.
Da vossa experiência no processo
de transição, têm conselhos
que gostassem de partilhar?
Em Portugal, a experiência prática na
oferta de serviços inovadores das redes
inteligentes ainda é escassa. Como tal, é
aconselhável avançar gradualmente, para
que haja equilíbrio entre a inovação e os
custos, designadamente no desenvolvi-
mento dos sistemas dos distribuidores e
dos comercializadores.
Será necessária alguma paciência por
parte dos consumidores face à disponibi-
lização de novos serviços. Na verdade, as
redes inteligentes serão implementadas
progressivamente e não chegarão a todos
os clientes de imediato. Como tal, cabe aos
agentes do setor elaborar e propor ofertas
com base na informação disponibilizada
pelos contadores, mas que os consumido-
res achem interessantes por lhes trazerem
benefícios.
A ERSE supervisiona de forma continua-
da o mercado e as ofertas, atuando sempre
que os interesses dos portugueses sejam
Direitos reservados
postos em causa. Por outro lado, procura-
rá reforçar o seu papel na divulgação de
informação em matéria de energia, con-
tribuindo para um consumidor cada vez
mais esclarecido.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  39
 PROTESTE ENTREVISTA

“Os contadores inteligentes

dão mais detalhes do consumo”
António Amorim
Diretor de gestão de energia da EDP Distribuição

Que benefícios trazem os contadores contador. O processo de substituição é sim-

inteligentes para o consumidor ples e demora, em média, 15 a 20 minutos.
e para o sistema? Os nossos técnicos estão instruídos para,
A utilização de equipamentos de medição antes de iniciarem os trabalhos, informa-
inteligente (as chamadas Energy Box), so- rem o cliente da necessidade de interrom-
bretudo quando integrados num sistema de per o fornecimento de energia por alguns
redes inteligentes, traz vários benefícios. instantes.
O consumidor irá usufruir de uma melhoria
da qualidade dos serviços técnicos e dos co- Quantas Energy Box já foram
merciais, na viabilização de novos serviços instaladas? E todas funcionam
que promovam a eficiência energética e um em plenitude?
envolvimento mais ativo. A qualidade do Estão instaladas mais de 2,3 milhões de
serviço técnico irá melhorar, porque passa unidades, das quais 1,8 milhões integradas
a ser possível reduzir avarias na rede ao na rede inteligente. Destas, perto de 90%
antecipar a deteção e a resolução de pro- encontram-se em estado de “telegestão”,
blemas. Quanto ao serviço comercial, irá que permite que os serviços sejam reali-
haver a capacidade de responder de for- zados remotamente. Entre o momento da
ma mais célere e eficiente aos pedidos dos instalação da Energy Box e a sua passagem
consumidores (ativação ou desativação do ao estado de “telegestão”, decorre um pe-
serviço, alteração da potência contratada ríodo de, pelo menos, algumas semanas.
ou da tarifa) e usar consumos reais para a Este período serve para validarmos o ní-
faturação. O contador inteligente garante vel de funcionamento das comunicações
informação mais detalhada do perfil de com o equipamento. De notar que, mesmo
consumo e permite o aparecimento de sem ligação à rede inteligente, os aparelhos
serviços focados na eficiência energética. apresentam benefícios para os clientes,
Melhorar a qualidade dos serviços téc- uma vez que permitem o acesso a várias
nicos e comerciais também beneficia o informações. A ausência de ligação à rede
sistema. Parte significativa das operações inteligente também se pode dever ao facto
que, no passado, tinham de ser feitas local- de se tratar de um novo local de consumo
mente, com maiores custos, menor eficácia ou de ter sido pedida uma alteração contra-
e maior transtorno para os consumidores, tual que não é compatível com o contador
passam a ser efetuadas remotamente, de tradicional, por exemplo.
forma célere, com menor custo e sem a pre-
sença do cliente. Também existem benefí- Que prazo e custo estimam para a
cios para a EDP Distribuição. A informação substituição total? E como escolhem
recolhida contribui para planear, manter e os contadores a substituir?
operar a rede de modo mais eficaz. O plano atual de instalação das Energy Box,
para o período 2019-2023, está a decorrer
Quanto tempo demora e como como previsto. Contamos estar em 80% dos
decorre a substituição do contador lares no final de 2023.
4See/Enric Vives-Rubio

antigo pelo inteligente? É preciso Temos vindo a privilegiar uma distribui-

estar alguém em casa? ção equitativa por todos os distritos e con-
Sempre que o contador estiver acessível, celhos de Portugal Continental, com ênfase
não é obrigatória a presença do cliente nas zonas urbanas. Também é realizado um
na instalação da Energy Box. Contudo, é esforço no sentido de “fechar” redes (com-
desejável a sua presença, para haver opor- pletar a instalação de novos equipamentos
tunidade de explicar o funcionamento do em todos os locais servidos por um mesmo

40  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


posto de transformação), para potenciar
a eficácia das comunicações, a eficiência
da exploração técnica da infraestrutura e
a gestão das expetativas dos clientes.
A informação sobre o perfil
de consumo ajudará a perceber
se a potência contratada ou o tarifário
são os mais adequados?
Ao conhecer a distribuição do consumo ao
longo do dia, o consumidor passa a poder
ajustar a utilização da eletricidade aos pe-
ríodos tarifários com preço mais favorável.
Além disso, ao conhecer melhor o seu pa-
drão de consumo, poderá escolher a tarifa
e a potência contratada e fazer uma gestão
mais racional do seu consumo.
Será possível aceder, em tempo
real, à informação sobre o consumo
recolhida pelo contador?
Sim, todas as Energy Box instaladas pela
EDP Distribuição estão equipadas com
uma porta de comunicação local, desig-
nada por Home Area Network (HAN), que
permite ao cliente aceder à informação
em tempo real.
Contudo, o acesso poderá ser prestado
pelo comercializador ou por outra entidade
autorizada pelo cliente. Para tal, é necessá-
ria a instalação de um módulo de comuni-
cação na Energy Box, ligado à porta HAN,
que, por sua vez, passará a informação a
um dispositivo em casa do cliente. Assim,
está disponível o acesso em tempo real à
Energy Box para qualquer cliente que quei-
ra investir numa solução desse tipo.
Que melhorias trazem estes
aparelhos face aos anteriores?
As Energy Box incorporam funcionalidades
que vão além das presentes nos contadores
tradicionais. É o caso de um interruptor
4See/Enric Vives-Rubio
www.deco.proteste.pt
interno de controlo de potência (ICP), que
evita a instalação de um dispositivo ex-
terno. Também permitem comunicações
remotas, com possibilidade de utilização
de diferentes tecnologias. Outra inovação
é a porta HAN, já referida, para acesso
local, e em tempo real, à informação so-
bre o consumo. Incluem ainda um ecrã
com múltipla informação. Permitem me-
dir grandezas elétricas adicionais, como
tensão, energia e potência reativa e fator
de potência, com diversas periodicidades.
Têm capacidade para armazenar os dados
medidos. Possibilitam um sistema tarifá-
rio flexível com configuração de até seis
tarifas distintas. Facilitam a configuração
remota de muitos parâmetros de funcio-
namento. E incluem ainda outras funci-
onalidades avançadas, como a gestão da
procura, que permite reduzir a potência
máxima de consumo durante intervalos
de tempo específicos.
Os contadores inteligentes vão
acabar com as estimativas?
Após a integração na rede inteligente da
EDP Distribuição, passam a existir condi-
ções para evitar o recurso a estimativas.
Para tal, será necessário existir alinha-
mento entre a data da leitura de ciclo
e a data de faturação acordada entre o
comercializador e o cliente.
Há quem se queixe de que, desde
que tem o contador inteligente,
o disjuntor dispara com mais
frequência. Qual a razão?
Com a instalação das Energy Box, o con-
trolo de potência passa a ser efetuado
pelo equipamento, ou seja, o disjuntor de
controlo de potência torna-se obsoleto.
Por serem equipamentos digitais, o con-
trolo de potência é mais exato (embora
“ Os aparelhos
têm a mesma
fiabilidade dos
”
anteriores
Mais informação
www.deco.proteste.pt/energia
haja alguma tolerância face à potência
contratada), garante uma maior homoge-
neidade entre equipamentos (algo difícil
com os tradicionais disjuntores) e tem a
capacidade de ajustar-se, se necessário.
Por esta razão, poderá haver clientes que
anteriormente usufruíam de uma potên-
cia superior à contratada e agora notam
uma atuação menos condescendente por
parte do novo equipamento.
No início do processo, existiram algu-
mas reclamações relacionadas com esta
mudança e que motivaram pequenos
ajustes na funcionalidade. Atualmente,
o nível de reclamações é muito reduzido.
Também recebemos queixas
de aumentos de faturação.
O que se passa?
Os novos equipamentos têm a mesma fia-
bilidade dos contadores antigos e são to-
dos certificados por entidades acreditadas
para o efeito, razão pela qual o número de
queixas é muito residual. Quando existem,
na maioria das situações, as variações de
valores faturados estão associadas ao pe-
ríodo da substituição do contador antigo
pelo novo. Como a periodicidade da lei-
tura era de três meses, poderiam existir
períodos significativos com consumos es-
timados desajustados da realidade. Nestas
situações, ao ser retirado o contador anti-
go, é feita a leitura e, na fatura seguinte,
pode haver lugar a uma recuperação ou
devolução de dinheiro.
Por outro lado, como a faturação passa
a estar sincronizada com o consumo, nos
meses de maior consumo (inverno), há
uma sensação de aumento do valor e que
é compensada com os meses de menor
consumo (verão), quando é expectável
uma redução. Se o consumidor não alte-
rar o seu padrão de consumo, no final do
ano, a faturação será idêntica.
Os consumidores com sistemas
de microgeração e produção
localizada (autoconsumo) também
são envolvidos? E como se
processa a contagem?
Todos os clientes de baixa tensão estão
envolvidos nesta alteração de tecnologia.
Uma das grandes vantagens das Energy
Box é medir a energia nos dois sentidos,
ou seja, mede a que se gasta e aquela que
é injetada na rede de distribuição.
A contagem de energia processa-se da
mesma forma que atualmente: sempre que
a produção própria não é suficiente para
satisfazer o consumo, a eletricidade em fal-
ta é fornecida pela rede de distribuição e
medida pela Energy Box. Se o cliente optar
pela venda da energia excedente, também
será o contador inteligente a assegurar a
medição.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  41
 INVESTIGAÇÃO
Feature Name

Contratos sobre r
Termos e condições em inglês, outros só com morada e e-mail de contacto. As empresas de t
corrigiram estes aspetos fundamentais da lei nos seus contratos com os consumidor
Texto Ricardo Nabais e Nuno César

E
m abril, deixámos o carro em casa
e fomos andar de trotineta. Não em
EM DESTAQUE sentido literal, pois claro. Em vez de
tentarmos manter o equilíbrio em
Cláusulas abusivas
em contratos de vias estreitas no centro da cidade, às fintas
empresas de aluguer aos turistas e aos transeuntes distraídos,
de trotinetas decidimos olhar com muita atenção para
Análise dos itens a as plataformas eletrónicas das trotinetas.
alterar em reuniões Para quem ainda não conhece o sistema,
com os prestadores bastam umas linhas: aqueles veículos que
de serviços
têm povoado as ruas de algumas cidades
do País funcionam num sistema de aluguer,
normalmente cobrado ao minuto, depois
de saldar uma taxa de desbloqueamento do
veículo. O serviço é pago através de uma
app que se descarrega gratuitamente para o
telemóvel. Ora foi sobre esta parte que nos
debruçámos. Abrimos os sites e fomos ver
o que falavam dos termos e condições. Ou
seja, toda aquela informação que o consu-
midor não lê ou, se o fizer, não entende. Ou
tenta mesmo esquecer.
Mas é o mais importante de toda a relação
entre quem aluga a trotineta e quem a usa.
Uma primeira passagem a pente fino pelas
condições de contrato propostas por estes

42  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


odas
rotinetas que operam em Lisboa
es, graças à nossa ação
prestadores de serviço pôs-nos em sentido.
Muito do que estava escrito não seguia a lei.
Analisámos os deveres e o cumprimento da
legislação pelos operadores e a sua relação
contratual com os consumidores.
Começámos por uma reunião com a Câ-
mara de Lisboa e, em maio, iniciámos uma
ronda de reuniões com todos os operadores,
nove ao todo: a Lime, a Tier, a Hive, a Bun-
go, a VOI, a Wind, a IOMO, a Bird e a Flash.
Todas apresentavam problemas.
Entretanto, entrou em cena mais um ator
neste mercado, a Frog, mas, pela chegada
www.deco.proteste.pt
Um dos operadores chegava a dizer
que não seria responsável, nem
garantiria que qualquer informação
enviada estaria correta e completa,
ou que chegaria a tempo ao
consumidor
recente, ficou de fora da nossa análise.
A primeira leitura surpreendeu-nos pela
negativa: em geral, havia grandes lacunas
nos termos e condições, falta de contactos
para o consumidor e até cláusulas abusivas.
É preciso, no entanto, reconhecer que os
responsáveis pelas empresas foram lestos
a voltar à mesa das reuniões connosco em
junho, para corrigir muitas destas falhas.
Um exemplo destas mudanças de com-
portamento é o caso da Hive. A empresa
afirmava que não era “responsável nem
garante que qualquer informação enviada
esteja correta e completa ou que chegue
a tempo ao Utilizador”. Entretanto, corri-
giu esta formulação para “Por negligência
simples, a Hive será responsável somente
por violação de uma obrigação contratual
essencial e apenas por danos típicos e previ-
síveis. Obrigações contratuais essenciais são
aquelas por meio das quais é, em primeiro
lugar, possível a realização do Acordo e em
cujo cumprimento o Utilizador tem o direito
de se basear”. Embora, em determinadas
situações, a cláusula possa pôr em causa
o equilíbrio entre as partes, em prejuízo
dos consumidores, por poder ser abusiva,
reconhecemos que houve, de facto, uma
melhoria na sua redação.
Para bom entendedor,
meio inglês basta
Este é um dos muitos exemplos. Não se
limitava à Hive. A responsabilização dos
utilizadores por qualquer problema nos
veículos era uma constante, que foi sendo
alterada à medida que as negociações foram
decorrendo.
Algumas cláusulas ainda se encontravam
redigidas da mesma maneira, mas as em-
presas assumiram o compromisso de as
alterar. À hora do fecho desta edição, ain-
da não tinha sido possível confirmar se, de
facto, teriam feito essas alterações. Mas o
INVESTIGAÇÃO
Mobilidade suave
compromisso foi assumido.
Outra característica transversal a quase
todas era o uso do inglês na homepage e a
falta de adaptação dos termos e condições
à realidade portuguesa. Limitavam-se a tra-
duzir os termos usados nos vários países
onde se encontram, já que muitas destas
empresas são estrangeiras... A Lime, a líder
deste setor, terá feito até copy-paste da lei
norte-americana, ao exigir, sempre em in-
glês, que o utilizador tivesse uma carta de
condução daquele país e, pelo menos, um
ano de experiência na estrada. Felizmente,
também se comprometeu a mudar a reda-
ção e o conteúdo destas condições.
Fiscalizar é preciso
Muitos seriam os exemplos a dar e da mar-
cha-atrás feita pelos operadores para rever o
estado da arte. Muitas cláusulas fariam corar
as pedras da calçada portuguesa de Lisboa e
exigiriam mais umas quantas páginas. Mas,
felizmente, imperou o bom senso.
Os passos seguintes deste estudo de mo-
bilidade suave serão o envio de cartas à Au-
toridade da Mobilidade e dos Transportes e
ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes,
e a marcação de reuniões com as duas enti-
dades, para uma melhor fiscalização.
Tendo em conta que esta forma de mo-
bilidade “é cada vez mais importante para
os consumidores”, como reconhece Ana
Tapadinhas, diretora-geral da DECO, o ob-
jetivo é enquadrar o setor “num plano mais
ambicioso, que torne as cidades e as regiões
mais sustentáveis”.
Nesse sentido, a direção parece ser a correta:
“O nosso estudo, embora tenha, inicialmente,
encontrado deficiências graves na relação con-
tratual com os consumidores, permitiu-nos
construir conjuntamente, e de forma rápida,
com estes operadores, uma maior transparên-
cia”, algo fundamental para proteger os consu-
midores, conclui Ana Tapadinhas.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  43

A comunidade resolve
Quer aquecer a água e poupar? Junte-se à nossa comunidade online
de energias renováveis. Preparámos uma seleção das respostas mais úteis
e testámos uma solução recente, identificada pelos membros
“B
omba de calor”, alerta o nosso
serviço de informação, acaba
de chegar o primeiro pedido
do dia. “A minha residência
conta com uma placa e um esquentador a
gás propano. Na PROTESTE n.º 407, desta-
cavam a diferença dos valores de consumo e
fiquei surpreendido. Na impossibilidade do
gás natural, posso substituir por bomba de
calor com tarifa bi-horária. Podem ajudar-
-me com dimensões e preços?”, associado
João Alberto.
Sem indicar a dimensão do agregado, não
conseguimos estimar as necessidades diárias
de água quente. Vamos considerar que é um
agregado de duas pessoas e que necessita
de, pelo menos, 80 litros de água quente por
dia (considere uma necessidade mínima de
40 litros por dia e por elemento do agrega-
do). Querendo abandonar o gás propano, há
soluções: a primeira e mais comum é o ter-
moacumulador elétrico. O custo energético
depende muito do preço da eletricidade e é
uma solução económica, caso seja operado
44  Proteste 414 • julho/agosto 2019
Com o apoio do programa
Energia Inteligente da Europa,
da Comissão Europeia
Texto Nuno César
com tarifa bi-horária, apenas em horário de
vazio. Contudo, esta limitação pode ter im-
pacto no conforto de utilização, na altura do
dia em que a água quente está disponível.
A segunda hipótese é uma bomba de calor
com a mesma capacidade (80 litros ou mais).
Há modelos murais monobloco (instalados
na parede), que utilizam o ar interior da
divisão para extrair o calor para o aque-
cimento da água, e modelos murais split.
Tal como no ar condicionado, os últimos
são compostos por uma unidade exterior
conectada a uma unidade interior que ar-
mazena a água a aquecer. Estas soluções já
estão disponíveis em lojas da especialidade.
Contacte as marcas e solicite instaladores na
área de residência. Ao abandonar o gás, terá
de reforçar a potência contratada: a placa
de indução elétrica, por si, obriga a uma
passagem a um mínimo de 6,9 kVA. Analise
se o aumento de aparelhos elétricos (placa
de indução, forno elétrico e termoacumu-
lador ou bomba de calor) é compatível com
a potência contratada e se a instalação será
EM DESTAQUE
As melhores dicas na Comunidade
das Energias Renováveis
Custos e resultados do teste à maior
inovação do mercado
O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade
dos autores e não reflete necessariamente a posição da União
Europeia. Nem a EASME nem a Comissão Europeia são
responsáveis pela utilização das informações publicadas.
capaz de suportar as necessidades elétricas
dos equipamentos.
“Equipamento para aquecer água”, alerta,
chegou o segundo pedido do dia. “Preciso
de apoio na escolha de uma solução para
aquecer a água. Na casa que estou a concluir,
não posso usar equipamentos a gás. Procuro
a solução para aquecer a água na cozinha
e na casa de banho. Somos dois adultos e
duas crianças. Estou com dúvidas sobre a
utilização de um termoacumulador ou es-
quentador elétrico. O esquentador que en-
contrei é trifásico, tem a potência de 18 Kw
e assegura um débito de 7 litros. Disponho
de rede trifásica com a adequada potência”,
associado Joaquim Machado.
Começamos por distinguir os dois equi-
pamentos. Um termoacumulador é um re-
servatório de água com uma resistência no
interior e outros elementos, como o ânodo,
e sondas de temperatura. O aquecimento é
efetuado pela ativação da resistência elétri-
ca, que transfere o calor para a água. O isola-
mento das paredes do reservatório mantém
www.deco.proteste.pt

a água quente durante longos períodos e o
termóstato liga e desliga a resistência, de
modo que a água se conserve à temperatura
selecionada. Caso o volume de água quen-
te se esgote, a resistência precisa de algum
tempo (em geral, duas a três horas, consoan-
te o volume e a potência da resistência) para
voltar a aquecer à temperatura desejada. Um
esquentador elétrico é um sistema de pro-
dução instantânea de água quente. Replica
o funcionamento de um esquentador a gás,
mas recorre a eletricidade. Ou seja, a água
fria da rede passa por resistências muito
potentes e, de forma instantânea, a tem-
peratura é elevada à temperatura de saída
CONSUMIDOR PERGUNTA, NÓS RESPONDEMOS
“Tenho um sistema solar térmico há
um ano. Ao nível da garantia, sou
obrigada a fazer um contrato
de manutenção com a empresa
instaladora ou posso recorrer a outra
empresa com técnicos certificados,
sem perder a garantia do instalador”.
Beatriz Graça
Caso a garantia oferecida seja apenas a
legal obrigatória (dois anos), nenhuma
lei a impede de escolher o serviço de
manutenção, desde que cumpra o
programa de manutenção definido pela
marca. Se a garantia oferecida for superior
ao que a lei exige, aí sim, poderão existir
condições impostas por quem a oferece,
para que esse prazo alargado seja
assegurado.
Alerta: um sistema solar térmico não
é apenas um produto, mas representa
todo um sistema instalado (a garantia
deve cobrir a instalação) e, muitas vezes,
integra componentes de várias marcas.
Nesse caso, terá todo o interesse
em manter a empresa original.
Se preferir mudar de empresa para as
manutenções regulares, pode solicitar que
o contrato de manutenção discrimine se
é aplicável o prazo de garantia da marca
(muitos fabricantes garantem os coletores
por 10 anos e os reservatórios por 5 anos)
para os equipamentos e qual a garantia
atribuída à instalação, que foi feita pela
primeira empresa.
www.deco.proteste.pt
Comunidade das Energias Renováveis
desejada. Enquanto existir água da rede e
eletricidade, o esquentador produz água
quente. O grande inconveniente é necessitar
de níveis significativos de potência elétrica
para funcionar. O modelo indicado pelo as-
sociado exige alimentação trifásica, pouco
comum nas nossas habitações. Olhando para
a etiqueta energética de um esquentador e
um termoacumulador elétrico com perfis de
consumo iguais, as diferenças nas previsões
de consumo anual são semelhantes, com
diferenças a favor do esquentador elétrico
em 10 a 20 por cento. O facto de um termo-
acumulador apresentar um volume “limi-
tado” de água quente pode ter um efeito
“Tenho uma moradia que vou
remodelar e servirá como habitação
para três pessoas. Propuseram-me
a execução de rede de gás nova e
montagem de esquentador a gás e
sistema solar térmico. Posso eliminar
o esquentador e manter apenas o
sistema solar térmico para produzir
água quente?” Miguel Rodrigues
O sistema solar térmico pode não ser
suficiente para proporcionar água quente
sanitária durante todo o ano. Regra geral,
este sistema proporciona água quente
durante aproximadamente 70%
do ano, pelo que precisa de um sistema de
apoio para os restantes 30 por cento.
Se pretende todos os equipamentos com
fonte elétrica, uma possibilidade é instalar
um termoacumulador ou uma resistência
elétrica, mas não recomendamos a última.
Se avançar para qualquer uma destas
opções, deve instalar um temporizador
para melhor controlo horário e com
tarifário bi-horário. Se pretende outra
solução apenas elétrica para funcionar
como apoio ao sistema solar térmico,
pode considerar uma bomba de calor
para produzir água quente, com custos
energéticos muito competitivos.
Contudo, o custo global pode ser ainda
muito elevado. O esquentador é uma ótima
solução como apoio ao solar térmico,
sobretudo se tiver fornecimento de
gás natural: consegue baixos custos de
aquisição e energéticos. Para a capacidade
do acumulador do sistema solar,
aconselhamos 150 a 200 litros.
INVESTIGAÇÃO
A Comunidade
das Energias
Renováveis já conta
com mais de 9 mil
membros muito
ativos
“Estou a construir uma moradia para
três pessoas. Vamos instalar um
painel solar duplo com reservatório
de 300 litros e duas serpentinas para
aquecer as águas sanitárias, bem
como uma caldeira a pellets para
aquecimento central. Justifica-se
uma bomba de calor acoplada aos
painéis solares?” Luís Cardoso
Regra geral, um sistema solar térmico
deve proporcionar 70% de energia
gratuita para banhos no ano. Logo,
deverá instalar um sistema de apoio para
os restantes 30%: pode investir num
esquentador, numa resistência elétrica
ou num termoacumulador. A bomba de
calor é, de facto, a solução de produção
de energia mais eficiente, tendo como
contra o ainda elevado investimento inicial.
Este investimento pode ser otimizado,
caso opte por um sistema solar térmico
de circulação forçada com uma bomba
de calor como apoio. Idealmente, esta
solução deverá ser totalmente integrada,
de modo a reduzir o custo de aquisição
e a aumentar o ganho de eficiência de
funcionamento. Lembramos a obrigação
de instalar sistemas solares térmicos
em edifícios novos ou sujeitos a grande
intervenção, desde que se verifiquem as
condições técnicas mínimas para o correto
funcionamento.
Ainda assim, a utilização da caldeira a
pellets será necessária, pois irá alimentar
o sistema de aquecimento central. Se for o
caso, a solução apresentada anteriormente
é válida, desde que a caldeira a pellets
substitua a bomba de calor como sistema
de apoio ao solar térmico.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  45
 INVESTIGAÇÃO
Comunidade das Energias Renováveis
4 grupos
de discussão na comunidade:
cada consumidor pode iniciar
conversas no tema
do seu interesse
617
conversas abertas é o número
total com resposta
“Reformar a caldeira a gasóleo
compensa? Temos numa moradia T4
uma caldeira gasóleo que serve
apenas para aquecer as águas
sanitárias. Gastamos 600 euros por
ano. Temos radiadores, mas
raramente os utilizamos. Vale a pena
mudar para o gás natural?”
Susana Melo
Gastar 600 euros apenas para águas
quentes sanitárias é uma fatura pesada,
e a causa está no gasóleo, uma fonte cara
de produção de calor. Caso o uso para
aquecimento ambiente fosse frequente,
a sua fatura seria proporcionalmente
mais elevada. Se há a possibilidade
de fornecer gás natural, a mudança é
aconselhável ao nível do custo de cada
kWh. O preço atual por kWh do gás
natural é muito competitivo, podendo
rondar os 7 cêntimos, enquanto o gasóleo
de aquecimento supera os 14 cêntimos.
Verifique a possibilidade de converter a
caldeira em gás natural. Não sendo viável,
estude a compra de uma nova caldeira
a gás natural ou, caso decida não usar o
sistema de aquecimento central, prefira
um esquentador a gás natural.
Uma terceira hipótese será a compra de
uma caldeira a pellets para produzir água
quente sanitária e para o aquecimento
da divisão. O custo por kWh das pellets
ronda os 5 cêntimos, além de existir
uma vertente ambiental a valorizar.
Os contras são o investimento, o
transporte e a limpeza das pellets,
que tornam a utilização mais manual,
comparada com o esquentador ou a
caldeira a gás natural.
46  Proteste 414 • julho/agosto 2019
216
conversas: a produção
de eletricidade é o tema mais
popular em www.deco.
proteste.pt/comunidades/
energias-renovaveis
2015
ano de criação e abertura
da única comunidade online
dos consumidores
“O meu termoacumulador com 10
anos de uso está furado. Preciso
de uma solução para fazer dois
duches por dia e lavar alguma loiça,
tudo de seguida. Verifico que há uma
grande discrepância no preço
dos termoacumuladores.”
Ricardo Saraiva
Com um orçamento limitado, as opções
recaem em termoacumuladores elétricos
ou esquentadores a gás. No seu cenário
de utilização, recomendamos um
termoacumulador com, pelo menos,
80 litros de capacidade. No caso do
esquentador, e se tiver acesso a gás
natural, deve optar por um modelo com
cerca de 19 kW de potência útil.
Ambas as soluções devem apresentar
uma etiqueta energética com perfil de
consumo M. Não tendo acesso a gás
natural, pode considerar a utilização de
um esquentador a butano ou propano,
mas a um custo energético muito menos
interessante do que o do gás natural.
“psicológico” na sua utilização, “aceleran-
do” os banhos, por exemplo. O esquentador
elétrico pode ter o efeito contrário: como a
água quente é “infinita”, o consumo anual
tende a disparar.
Das duas soluções que apresenta, reco-
mendamos o termoacumulador elétrico,
devido à maior simplicidade de utilização
e instalação e ao custo de aquisição mais
competitivo. Contudo, se não tiver espaço
para o termoacumulador (deverá ser um
modelo com, pelo menos, 150 litros), o es-
quentador elétrico pode ser uma solução
a ter em conta. Contudo, a nossa primeira
recomendação é instalar um sistema solar
térmico (por exemplo, do tipo termossifão),
utilizando um termoacumulador elétrico de
menor capacidade como apoio. Esta solução
garante custos energéticos muito reduzidos
e aproveita a energia gratuita do sol.
Gostou? Estas são apenas duas perguntas
reais de consumidores, que recebemos por
correio eletrónico. Mas, na Comunidade das
Energias Renováveis, encontra mais de 617
conversas.
Pergunte e a comunidade responde
Produzir eletricidade, aquecer a água, aque-
cer o ar e climatizar, e outras tecnologias
renováveis: a nossa comunidade está pronta
para esclarecer dúvidas nestes quatro gran-
des grupos de discussão, em www.deco.
proteste.pt/comunidades/energias-reno-
vaveis. No primeiro grupo, valem todas as
questões sobre sistemas fotovoltaicos para
autoconsumo, sistemas de armazenamento
e outros sistemas de produção de produção
de eletricidade. No segundo grupo, em des-
taque nesta edição, ajudamos a encontrar a
melhor solução para cada consumidor ter
água quente. Já no terceiro grupo, o desafio
é explorar opções renováveis para substituir
a caldeira a gás ou os radiadores a óleo. Por
fim, no quarto grupo, convidamos a pesqui-
sas sobre outras tecnologias baseadas em
fontes de energias renováveis.
Aqui, pode trocar ideias e partilhar ex-
periências com todos os membros sobre
os seus projetos. Não acredita? Desafie-nos.
Encontra tudo o que precisa de saber sobre
sistemas de energias renováveis. Garantimos
veredictos e comentários de qualidade.
Todos os consumidores são bem-vindos.
Pode participar no tema do seu interesse
e ver o contributo dos membros da comu-
nidade. Se tiver muito poder de iniciativa,
ganha o direito a brilhar no quadro de honra
com os perfis mais ativos na comunidade.
Atreva-se!
Dossiê técnico Bruno Miguel, Pedro Silva
e Ricardo Pereira
www.deco.proteste.pt

Ariston Lydos Hybrid: já testámos e calculámos os custos
Chamam-lhe termoacumulador, chamam-lhe bomba de calor, chamam-lhe híbrido. Na verdade, o Ariston Lydos
Hybrid é uma bomba de calor com um apoio elétrico capaz de produzir água quente sanitária de modo muito eficiente.
Na comunidade online, muitos pediram o teste. Também calculámos os custos acumulados.
Um laboratório acreditado efetuou todos os ensaios
previstos na norma, em condições muito controladas
Testámos o Ariston Lydos Hybrid na câmara climática a uma
temperatura ambiente controlada
Proposta inovadora
disponível em versões
de 80 e 100 litros
de capacidade, com
e sem wi-fi. O preço arranca
nos 699 euros,
o que ainda pode
ser um entrave
www.deco.proteste.pt
www.deco.proteste.pt/comunidades/energias-renovaveis
Ariston Lydos Hybrid
Tarifa bi-horária
Ariston Lydos Hybrid
Tarifa simples
Esquentador
Gás natural
Termoacumulador elétrico
Tarifa bi-horária
Termoacumulador elétrico
Tarifa simples
Esquentador
Gás butano
5 anos de utilização
As contas consideram os
consumos anuais para efeitos
do cálculo da etiqueta
energética, no perfil de
consumo M e segundo as
condições indicadas pelas
normas aplicáveis a cada
sistema. Considerou-se um
termoacumulador de 80 litros
e um esquentador com 19 kW
de potência útil. Os custos
acumulados incluem o preço
médio de aquisição, instalação
e manutenção. Utilizámos o
preço de referência do kWh
de cada fonte de energia. A
utilização da tarifa bi-horária
pressupõe uma divisão de 70%
em vazio e 30% em cheio.
O NOSSO VEREDICTO
Se já tem equipamento e
funciona, não mexa. Esta
alternativa só interessa em
caso de substituição ou nova
Mais informação
€ 1284
€ 1774
€ 1410
€ 2029
€ 1278
€ 2072
€ 1453
€ 2687
€ 1812
€ 3418
€ 2198
€ 3945
10 anos de utilização
compra. Se o agregado familiar
for composto por uma a três
pessoas e estiver a considerar
um esquentador a butano,
mudar para o Ariston Lydos
Hybrid é uma excelente opção,
mesmo em tarifa simples e
sobretudo em tarifa bi-horária.
Se considera comprar um
termoacumulador e os
equipamentos a gás não são
uma solução, o Ariston Lydos
Hybrid é um ótimo negócio.
Embora o custo de aquisição
seja mais pesado, o
investimento compensa em
três a quatro anos, qualquer
que seja a tarifa. Caso se
prepare para comprar um
esquentador a gás natural, o
Ariston Lydos é uma alternativa
com um prazo de retorno
superior. O preço de aquisição é
o maior inimigo, mas a prazo
pode compensar.
julho/agosto 2019 • 414 Proteste  47
 GUIA PRÁTICO
INVESTIGAÇÃO
Redes sociais
#Fã das redes
sociais? Nós também. Encontramo-nos por lá?
L
embra-se de discutir a atualidade
à mesa do café? As redes sociais
transformaram essas conversas num
diálogo entre milhares, ou mesmo
milhões, de utilizadores em tempo real.
Nada ilustra melhor esta nova realidade
— criada pelo uso generalizado das redes
sociais — do que abordar um tema pouco
consensual. Foi o que aconteceu quando,
recentemente, lançámos a discussão sobre
quem tem, ou não, prioridade nas filas para
atendimento... Ou quando anunciámos
UM DIA NAS NOSSAS REDES SOCIAIS
Acompanhe-nos numa viagem por um dia típico nas redes sociais da DECO PROTESTE
9:00 TWITTER
Comece o dia bem informado,
com os nossos alertas. Sabia que um protetor
solar da ISDIN anuncia 50+, mas o nosso teste
independente revela que, na verdade, só oferece
fator de proteção solar 15? Conheça os resultados
dos últimos testes, todos os dias.
48  Proteste 414 • julho/agosto 2019
Texto Laís Castro
aos nossos seguidores que um protetor
solar ISDIN, que promete FPS superior a
50, oferece, na realidade, proteção 15. Em
ambos os casos, as reações não se fizeram
esperar, e, nos dias que se seguiram, gera-
ram-se milhares de interações e partilhas e
centenas de comentários e reações. É este
o poder das redes sociais: reagir, interrogar
e obter respostas rapidamente. Com quase
500 mil seguidores no total, no Facebook,
Instagram, Pinterest, YouTube, Twitter ou
LinkedIn, estamos perto dos consumidores
13:00 FACEBOOK
Aproxima-se a hora de almoço
e uma merecida pausa. É o momento ideal
para espreitar as nossas sugestões de menus
equilibrados para o verão. E, se tem saudades
de comer sardinhas, veja as nossas dicas sobre
como escolher.
portugueses, como sempre. Porque nesta
complexa teia de opiniões — nem sempre
fundamentadas ou corretas —, saber o que
escolher, como proceder, ou que direitos
lhe confere a lei são recursos preciosos.
Se ainda não sabe o que estamos a fazer
nestas plataformas, acompanhe-nos numa
viagem por um dia típico nas redes sociais
da DECO PROTESTE! Venha daí e não fique
de fora da conversa: siga-nos, diariamente,
nas redes sociais por mais direitos e ainda
melhores escolhas.
16:00 YOUTUBE
Quebre a monotonia da tarde
com um vídeo e inspire-se para o jantar desta
noite! Veja os nossos conselhos para preparar
massa quebrada e folhada e, com os truques
certos, vai poder cozinhar receitas doces
e salgadas de forma rápida.
www.deco.proteste.pt
 YOUTUBE FACEBOOK TWITTER
O YouTube foi o canal eleito pela DECO
2009 marca o início da nossa aventura Foi em 2009 que lançámos, pela
PROTESTE para a sua estreia nas redes
no Facebook. Desde então, temos primeira vez, uma ação coletiva
sociais, em 2008. Dez anos depois,
desenvolvido a informação no Twitter: o tema escolhido foi
temos mais de 300 vídeos e 5 milhões
e os serviços prestados aos a transparência nas tarifas de água.
de visualizações.
consumidores portugueses através Seria a primeira de muitas ações
desta plataforma. do género nesta rede.
11 mil seguidores
365 mil seguidores
3 mil seguidores
1a2 14 a 21 10
vídeos semanais publicações
publicações semanais
133
semanais
mil visualizações mensais
3 milhões de alcance mensal 66 mil impressões mensais

INSTAGRAM
Em 2017, o perfil de Instagram da DECO
PROTESTE assume o desafio
de apostar em formatos interativos,
como as animações, os vídeos curtos
ou as insta stories.
PINTEREST
O nosso primeiro quadro no
Pinterest é inaugurado em 2017.
Hoje, temos quase 200 pins sobre
temas tão variados quanto consumo,
alimentação, casa, saúde ou exercício
físico.

10 mil seguidores
90 mil visualizadores

2a3 publicações semanais 2 publicações semanais

32 mil impressões mensais 2 mil impressões diárias

18:00 PINTEREST
Hora de saída e tudo aquilo
em que consegue pensar é no fim de semana
que se aproxima? Visite-nos no Pinterest
e descubra como arrumar a mala de viagem
ou, se é caso disso, como escolher a mala ideal
para as próximas férias.
20:30 FACEBOOK
Depois de um dia agitado,
descontraia no sofá e leve um artigo interessante
consigo. Sugerimos Combater o Plástico
Descartável: das alternativas biodegradáveis
às medidas que pode adotar no dia-a-dia,
saiba como combater este flagelo global.
23:00 INSTAGRAM
Precisa de ideias para atividades
em família? Venha até ao Instagram e descubra
a nossa receita caseira de slime. Segura para as
crianças e fácil de preparar, é o programa perfeito
para garantir a diversão de miúdos e graúdos.

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  49

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E COMO TESTAMOS
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que testamos. Pesquisamos o
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aparelho com o rosto ser o mote dos operadores
ou impressoras, por exemplo),
fazemos contas ao custo de
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Se conta aproveitar estas promoções

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Texto Isabel Vasconcelos
C Médio
D Medíocre
E Proteste 414
50  Mau• julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt
 EM TESTE
Telemóveis

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Para ajudar na escolha, e dado
os ecrãs maiores serem mais práticos
para usar a net, navegar com o GPS
e ver fotos e vídeos — o que se quer
nas férias —, reunimos os modelos com
ecrãs acima de 5,5 polegadas. A maioria
dos aparelhos novos que publicamos é
deste segmento. Trata-se dos chamados
phablets: união das palavras “phone” e
“tablet”. Mas, como apreciamos qualidade
a bom preço, limitámos as nossas
propostas, neste artigo, a smartphones
de boa qualidade que podem ser
comprados por menos de 300 euros.
Para evitar que o seu filho apague
e-mails do trabalho, só porque resolveu
brincar com o telemóvel, ou que alguém
com más intenções aceda à informação,
caso se esqueça do aparelho na mesa
do restaurante, analisámos ainda os
diferentes métodos de desbloqueio.
Na página 53, reunimos os seis mais
habituais e revelamos o melhor e o
pior de cada um. Só tem de verificar as
possibilidades presentes no seu telemóvel
e optar pela mais segura.
Poupe mais de 300 euros na compra
Os 26 modelos que reunimos no quadro
comparativo foram sujeitos a dezenas
de provas num laboratório independente.
Optámos apenas por modelos com boa
qualidade, mas há critérios em que nem
todos têm uma avaliação satisfatória,
como as fotos ou a gravação de vídeos.
Face aos resultados, se o consumidor

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  51

 EM TESTE
Telemóveis

não estiver à procura de características
específicas, o preço é o principal elemento
diferenciador. Neste ponto, as Escolhas
Acertadas são imbatíveis. Ao compararmos
o preço médio do Motorola Moto G6
Play, o mais barato, com o dos restantes
phablets testados, verificámos que se pode
poupar 316,47 euros.
Para descobrir a loja mais vantajosa, vá
ao nosso comparador, procure o modelo
desejado, clique no nome e obtenha a lista
das lojas perto de si com o preço mais lembranças e informações? Se a resposta
baixo. Para aceder a esta informação, tem é afirmativa, pode ter a certeza de que o
de entrar no site com o nome de utilizador aparelho contém muitos dados pessoais e
ou o e-mail e a palavra-passe com que sensíveis. Para os proteger, é fundamental
se registou. Se ainda não fez, registe-se usar um (ou vários) dos métodos de
já e beneficie de todos os conteúdos do autenticação ou desbloqueio à disposição
nosso site. nos dispositivos.
As possibilidades existentes podem
Proteger os dados pessoais ser divididas em três grupos, consoante
O telemóvel é o seu auxiliar de memória é algo que o utilizador sabe, como uma
preferido e o reservatório de muitas das palavra-passe ou um código numérico

POUPE

€ 316
PREÇO (€) CARACTERÍSTICAS RESULTADOS

Ecrã com mais

QUALIDADE GLOBAL %
Reconhecimento facial
Autonomia da bateria

Leitor de impressão
de 5,5’’, boa
Versão do Android

Armazenamento
Diagonal do ecrã

do processador
qualidade

Resistência
Velocidade
até 300 euros Fotografia
Maio 2019

interno

(horas)

digital
Vídeo
Ecrã

XIAOMI Redmi Note 7 (64 GB) 204,90 - 274,99 6,3 9 64 28 B B C B E A A 73

MOTOROLA Moto G6 Plus (64 GB) 219,95 - 340,31 5,9 9 64 23,5 A B C B B n.a. A 72
SAMSUNG Galaxy A50 (128 GB) 264,90 - 374,65 6,4 9 128 28 A B C B B C D 72
ASUS ZENFONE 5 ZE620KL (64 GB) 279 - 466,21 6,2 9 64 22 A B C B A n.a. A 72
HONOR 10 (64 GB) 241,99 - 427,64 5,8 9 64 21 B B C B B n.a. A 72
SAMSUNG Galaxy A7 2018 (64 GB) 219,35 - 319,80 6 9 64 31 B B C B B n.a. A 72
HUAWEI Mate 20 Lite (64 GB) 227,15 - 397 6,3 8.2.0 64 28,5 B B C B B n.a. A 71
SAMSUNG Galaxy M20 (64 GB) 219 - 296,18 6,1 8.1.0 64 33 B B C B B B B 70
NOKIA 7.1 (32 GB) 212,15 - 359 5,8 9 32 20,5 B B C B B n.a. B 69
SAMSUNG Galaxy A6+ (32 GB) 199,90 - 370 6 9 32 26,5 A B D C C n.a. B 69
XIAOMI Redmi Note 6 Pro (64 GB) 174,90 - 275,03 6,2 8.1.0 64 26 B B D B E A B 68
BQ Aquaris X2 (32 GB) 232,88 - 325,95 5,6 9 32 19 A C C B A n.a. A 68
MOTOROLA Moto G6 (32 GB) 144,65 - 275,21 5,7 8.0.0 32 21 B B C C C n.a. A 68
XIAOMI Mi 8 Lite (128 GB) 232,90 - 349,99 6,2 9 128 22 B B D B E A A 68
F XIAOMI Redmi Note 6 Pro (32 GB) 152,90 - 238,25 6,2 8.1.0 32 26 B B D B E A B 68
HONOR 8X (64 GB) 207,60 - 308 6,5 8.2.0 64 25,5 B B D B B n.a. B 67
XIAOMI Mi A2 Lite (64 GB) 159,90 - 249,99 5,8 9 64 33,5 B C D B A B B 67
HUAWEI P Smart+ 2019 (64 GB) 216,28 - 287 6,2 9 64 22 B B D B A n.a. B 67
XIAOMI Mi A2 (64 GB) 164,68 - 299,99 6 9 64 16,5 B B C B A n.a. B 66
HONOR 7X (64 GB) 199 - 299,90 5,9 8.0.0 64 20,5 B C C B E n.a. A 66
F MOTOROLA Moto G6 Play (32 GB) 131,13 - 221,80 5,7 9 32 30 B C D C D n.a. A 66
XIAOMI Mi A2 (32 GB) 168,89 - 279,99 6 9 32 16,5 B B C B A n.a. B 66
F HONOR 9 LITE (32 GB) 144,95 - 353,18 5,7 8.0.0 32 20 A C D B E n.a. A 66
HUAWEI P Smart 2019 (64 GB) 185,85 - 279,90 6,2 9 64 23 B C D B B B B 65
SAMSUNG Galaxy A6 (32 GB) 172,20 - 329,90 5,6 9 32 28 B B C C C n.a. B 65
HUAWEI P20 Lite (64 GB) 190,05 - 392,75 5,8 8.0.0 64 20 B C D B A n.a. B 65

Resultados completos em www.deco.proteste.pt/telemoveis n.a. = não avaliado Boa qualidade

52  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt

 Mais informação
correiodosleitores@deco.proteste.pt
www.deco.proteste.pt/????

Soluções para desbloquear

Existem várias soluções e tecnologias, umas são mais seguras ou práticas do que outras.
Reunimos os métodos mais comuns, ordenados pela segurança. De fora ficou a leitura
(PIN), algo que faz parte de si, como
das veias da palma da mão, pouco usada e com resultados medianos, e o desbloqueio
dados biométricos (reconhecimento
por proximidade, que é inseguro.
facial, da íris ou da impressão digital),
ou algo que tem próximo de si, como
um dispositivo bluetooth.
RECONHECIMENTO FACIAL Desbloquear o aparelho apenas virando-o para
Pedimos aos técnicos do laboratório
o rosto é muito prático... desde que seja rápido e funcione mesmo quando a
que testa os smartphones que avaliassem
luz é fraca.
os diferentes métodos de desbloqueio
VEREDICTO MUITO SEGURO com a tecnologia certa. Os sistemas que
presentes nos aparelhos. Ao lado,
usam tecnologia com mapeamento 3D da face são muito difíceis de enganar.
encontra os mais usados e seguros,
A facilidade de utilização também pode variar: as tecnologias mais básicas
por ordem de eficácia. No quadro
exigem boas condições de luz e uma determinada posição para funcionarem.
comparativo, apresentamos a avaliação
das duas soluções biométricas mais
usadas: reconhecimento facial e PALAVRA-PASSE O ideal é ser longa e ter letras maiúsculas e minúsculas,
leitura de impressão digital. Quando números e símbolos. Quanto mais comprida e complicada, melhor, mas será
utilizam a melhor tecnologia e são menos prática de introduzir e pode levar a esquecimentos.
bem implementadas, estão entre as VEREDICTO MUITO SEGURO desde que seja bem escolhida, pouco óbvia e
mais seguras e práticas. Iniciámos difícil de adivinhar. Contudo, é pouco confortável usar o teclado alfanumérico
em 2019 a apreciação da leitura da para digitar uma palavra-passe complexa, sempre que se quer desbloquear
impressão digital. Assim, embora todos o aparelho.
os dispositivos do quadro tenham esta
possibilidade, ainda só dispomos desta
IMPRESSÃO DIGITAL Basta encostar ou passar o dedo, na frente, na lateral
avaliação para alguns modelos.
ou na traseira do telemóvel, dependendo do modelo.
Tal como na autenticação por impressão
VEREDICTO SEGURO, se for usada a melhor tecnologia em vez de simples
digital, também para o reconhecimento
sensores óticos, que conseguem ser enganados por uma foto impressa em
facial existem várias tecnologias, mas
alta qualidade. A facilidade de utilização deste método também varia muito
com diferentes resultados ao nível da
consoante a localização e a rapidez do leitor.
segurança e da facilidade de utilização.
O reconhecimento facial baseia-se na
capacidade de identificar elementos
e traços do rosto, como a linha do RECONHECIMENTO DA ÍRIS A Samsung foi das primeiras marcas a
maxilar, o formato das maçãs do rosto e a implementarem a leitura da íris nos Galaxy S8. Mas rapidamente se descobriu
distância entre os olhos. A segurança vai que uma fotografia de infravermelhos dos olhos do utilizador, aumentada por
depender da capacidade do sistema em uma lente de contacto, desbloqueava o aparelho. Outras marcas afinaram
mapear esses elementos com o máximo esta tecnologia.
de detalhes. A tecnologia mais básica VEREDICTO SEGURANÇA SATISFATÓRIA dado que não é muito fácil
utiliza o mapeamento da face em duas conseguir uma boa foto dos olhos dos utilizadores, para enganar o sistema.
dimensões, através da câmara frontal.
Mas pode ser facilmente enganada com CÓDIGO NUMÉRICO (PIN) É a solução mais básica. A maioria dos aparelhos
uma fotografia ou um vídeo do utilizador. pede quatro dígitos, mas já há marcas, como a Apple, a pedirem seis dígitos.
Se a luz for fraca, também pode constituir Com o uso, a posição dos dígitos pode ficar marcada e ser fácil de descobrir a
um problema. Já os sistemas equipados combinação.
com um projetor e uma câmara de VEREDICTO SEGURANÇA SATISFATÓRIA desde que haja o cuidado de
infravermelhos, que conseguem fazer limpar muito bem o ecrã, para que não fique o mínimo resíduo que permita
o mapeamento a três dimensões e identificar os dígitos e reduzir bastante a quantidade de combinações.
funcionar no escuro, são muito mais
seguros, embora possam ser enganados
PADRÃO Característico dos modelos Android, permite desenhar um padrão
por gémeos ou pessoas quase idênticas.
numa grelha de nove pontos, onde nenhum pode ser tocado duas vezes.
Uma nova tecnologia, chamada time of
Alguns aparelhos têm uma grelha maior.
flight (ToF), começa a ser implementada:
VEREDICTO POUCO SEGURO Embora seja uma tecnologia segura, os
trata-se de um sensor de profundidade
utilizadores têm tendência a utilizar padrões muito simples e fáceis de
de grande precisão, que permite um
descobrir. Além disso, o ecrã pode ficar com o padrão marcado, facilitando
aumento na segurança.
o desbloqueio. Mais uma vez, é importante manter o ecrã limpo.
A autenticação por dados biométricos
é mais simples de usar do que a
palavra-passe. Mas, se a tecnologia não for
eficaz, está a arriscar a segurança dos seus
dados. Solução: se esta é uma questão
importante para si, opte por um modelo
com boa apreciação na autenticação com
dados biométricos.

Dossiê técnico João Miguens e Sofia Costa

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  53

 EM TESTE
Carvão para grelhados

VERÃO É
um clássico da vida portuguesa.
Que levante o dedo o homem que
nunca, nas férias prolongadas de
verão, tomou conta do grelhador,

SOBRE
do carvão, do peixe, da carne e dos
pimentos. É um daqueles casos em
que o género se chega à frente e parece
moldar o desempenho. Um homem a
comandar o destino das brasas (bom,

BRASAS
O carvão vegetal emite menos compostos
orgânicos e aldeídos, potencialmente nocivos
para a saúde, do que os briquetes de carvão.
sem desprimor para todas as mulheres
que quebram esta coutada masculina).
“Ah, se é para fazer chama, aqui estou
eu”. Por favor, disponha. Mas, já que
assim é, um especialista, mesmo que
apenas sazonalmente, deve saber um
pouco mais sobre o carvão, o elemento
primordial. Ou seja, qual o carvão
menos nocivo e, ao mesmo tempo,
mais eficiente, para produzir brasas:
no seu formato natural ou em briquetes?
Enquanto limpa o pó ao seu aparelho

Grelhe ao ar livre ou num local bem ventilado de barbecue, revelamos as melhores pistas
sobre o assunto.

Texto Deonilde Lourenço Briquetes emitem mais compostos

Fotos João Ribeiro orgânicos voláteis
Para testar o carvão vegetal e os briquetes,
o laboratório utilizou um calorímetro
de cone, analisando as características
físicas da combustão, ou seja, da
queima, e as emissões. Pesquisámos
aldeídos, compostos orgânicos voláteis
(VOC), monóxido e dióxido de carbono,
dióxido de azoto (NO2) e dióxido de
enxofre (SO2) e partículas, mas também
a energia libertada e o tempo de ignição.
Na ausência de regulamentação específica
para as emissões de carvão, e com base
na toxicidade por inalação das emissões
dos compostos químicos estudados e
das partículas, elaborámos uma escala
com diferentes níveis de risco potencial,
para podermos comparar os produtos.
A conclusão global, como era de esperar,
é de que todos os produtos acusaram
emissões dos referidos componentes.
Porém, uns mais do que os outros.
Em laboratório, ficou claro que o carvão
em forma de briquetes apresenta, na
generalidade dos casos, emissões mais
elevadas de compostos orgânicos voláteis
e de aldeídos do que o carvão vegetal.
Ou seja, não se podendo identificar o risco
concreto que representa, por não ter sido
possível avaliar a taxa de deposição destes
compostos nos alimentos em utilização
EM DESTAQUE normal, a generalidade das amostras de
Avaliação das briquetes apresentaram valores muito
emissões de carvão superiores ao carvão vegetal.
vegetal e de briquetes Visto que o carvão vegetal tem a
Prós e contras
do carvão vegetal vantagem de gerar menos compostos
e dos briquetes nocivos, à partida, é a melhor alternativa
Entrevista ao nosso para grelhar. Mas há que respeitar
especialista algumas regras: a confeção dos alimentos

54  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt

 Mais informação
www.deco.proteste.pt/produtos-alimentares

SOLUÇÕES PARA GRELHAR

Carvão vegetal Briquetes

€ 0,70 a € 2,30 por quilo € 0,60 a € 2,40 por quilo

PRÓS Acende-se com facilidade e atinge uma boa
temperatura com rapidez. Constituído por madeira.
Ideal para cozinhar carne, graças à temperatura
elevada. O carvão apresenta emissões menos
nocivas.
CONTRAS Gasta-se depressa. Pode ser necessário
acrescentar carvão com regularidade. A temperatura
baixa com rapidez. Consoante a qualidade do carvão,
pode fazer chama mais ou menos facilmente.
PRÓS As brasas mantêm-se acesas durante mais
tempo do que com o carvão vegetal, o que é ideal
para peixe e para peças de carne de confeção lenta.
As peças têm todas a mesma forma, ao contrário
do carvão vegetal, assegurando uma queima regular
e mais fácil de controlar.
CONTRAS Demora mais tempo a alcançar a
temperatura ideal. A temperatura máxima é inferior
à obtida com a generalidade do carvão vegetal.
Níveis de emissões potencialmente nocivos.

deve ser feita em zonas ventiladas e só
deve iniciar-se após a estabilização da
queima, para evitar partículas e níveis
superiores de emissões.
Significa que o dono das brasas deve
colocar os briquetes de lado? Não, desde
que a utilização se limite a sistemas nos
quais o fumo não passe diretamente
pelos alimentos (quando, por exemplo,
se coloca os alimentos em cima de uma
chapa). Como a renovação do ar é um fator
importante, os conselhos vão no mesmo
sentido: o ambiente deve estar bem
ventilado. De preferência, o espaço no qual
prepara os grelhados deve ser amplo ou
mesmo ao ar livre. Uma condição que,
nos meses de verão, não deverá ser muito
difícil de conseguir.
Calor mais prolongado
O teste deu a conhecer outros
pormenores. Pese embora os níveis
um pouco superiores de emissões, os
briquetes garantem uma temperatura
estável e homogénea por mais tempo,
o que permite que o peixe fique grelhado,
no interior e no exterior, de forma
homogénea. E que o naco de carne
cozinhe mais lentamente.
Os briquetes revelaram assim um
nível de libertação de calor ligeiramente
mais baixo em relação à generalidade do
carvão vegetal. O tempo e a estabilidade
do calor mostraram-se igualmente mais
prolongados. Nalgumas amostras de
briquetes, a ignição foi mais difícil.
Alegações enganadoras
“O carvão não é todo igual”, lê-se numa
embalagem de carvão vegetal que
comprámos para o teste. Isto porque alega
não ter toxinas, fumos ou detritos... Mas
o que significa este tipo de alegações?
Para o comum dos mortais, pode ser
sinónimo de um carvão mais amigo do
ambiente e mais saudável. Será mesmo?
É possível conceber carvão que não
emita fumos tóxicos? A verdade é que,
devido à combustão, o carvão tem sempre
emissões. Os níveis nocivos dependem
em grande parte da seleção de madeira
para produzi-lo. A utilização de aparas e
de madeiras oriundas de aproveitamentos
podem conter químicos, vernizes ou
tintas, que permanecem e só podem
ser libertados durante a combustão
final. No teste, os carvões vegetais com
diferentes alegações não se distinguiram
substancialmente ou não apresentaram
diferenças face ao carvão sem alegações.
Já a discrepância entre o carvão vegetal e
os briquetes de carvão foi muito superior.
Carvão vegetal e briquetes:
o que os separa?
O carvão é um dos combustíveis mais
utilizados no mundo. Foi a partir da
Revolução Industrial, no século xix, e com
a introdução de novos transportes, entre
os quais a locomotiva a vapor, que este
combustível começou a ser procurado.
Obtido através da queima de madeira,
o carvão vegetal é barato e abundante.
É utilizado em aquecedores, lareiras,
churrasqueiras e fogões a lenha.

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  55

 EM TESTE
Carvão para grelhados

Já o princípio da composição ambiental, como o peixe e o marisco.

As alegações de algumas embalagens
de carvão vegetal, na realidade, não
marcam a diferença face ao carvão
testado, que não apresenta nenhum
tipo de argumento
dos briquetes é carvão pulverizado e
prensado, ou seja, um bloco denso e
compacto de materiais energéticos,
geralmente feito a partir de resíduos
de madeira. A qualidade depende do
carvão e dos componentes acrescentados
durante a prensagem. As matérias-primas
utilizadas podem ser serradura, aparas
de madeira, casca de arroz, palha de
milho e sabugo.
Grelhar, mas com limites
Quando bem confecionados, os grelhados
oferecem vantagens nutricionais (os
alimentos perdem as gorduras naturais)
e organoléticas (os sabores, as texturas
e os aromas são agradáveis). Mas é
necessário alguns cuidados para evitar o
contacto dos alimentos com as chamas.
Se ficarem carbonizados, formam-se
compostos perigosos, os chamados
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
(HAP), entre os quais o benzopireno,
o mais perigoso e cancerígeno.
Muitos alimentos contêm
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos,
por serem fumados, como os enchidos,
ou devido, por exemplo, a contaminação
Mas, numa dieta variada, as doses são
pequenas e não acarretam riscos para
a saúde. Nas carnes magras, como peru
e frango, quase não existem HAP.
Já as salsichas e o entrecosto podem
revelar mais problemas. Prefira as peças
mais magras: produzem menos chama e
são mais saudáveis. A temperatura ideal
depende do que vai grelhar. O peixe
precisa de menos calor, mas tem de ficar
mais tempo na grelha. A carne exige mais
calor, mas cozinha mais depressa.
No saco de carvão, só deve encontrar...
carvão. Pedras e madeira por carbonizar
não servem para grelhar alimentos.
A qualidade da madeira que serviu de
base para o carvão influencia os sabores
do grelhado.
Carvão muito pequeno e com muito pó
dificulta a tarefa de acender as chamas,
além de estas durarem pouco tempo
e de produzirem mais cinzas do que
o desejável. Aliás, são sinal flagrante
da má qualidade do carvão. Mais: podem
depositar-se nos alimentos, o que não é
aconselhável.
Dossiê técnico Alexandre Marvão e António Souto

ENTREVISTA A cada alimento a sua

Que carvão é mais indicado
para grelhar peixe e carne?
Se o grelhador tiver regulações
suficientes e vários níveis,
o melhor carvão é sempre o
que proporciona temperatura
elevada e estabilidade durante o
período necessário para grelhar.
O carvão de azinho, sobreiro e
oliveira é mais resistente, com
bom poder calorífico e com
uma temperatura estável mais
alongada. O carvão de eucalipto
e de aparas de madeira é frágil e
quebradiço, e arde rapidamente.
Qual o segredo para fazer boas
brasas?
A solução clássica, e perfeita,
é colocar uma pinha a meio do
fogareiro, rodeada e envolvida
por pedaços de carvão.
Depois, é incendiar a pinha
e esperar um pouco até ter
brasas. Se for preciso mais
carvão, e antes de iniciar o
grelhador, pode deitar-se mais
carvão por cima das brasas.
Espera-se que o carvão fique
em brasa. Pode utilizar-se
uma acendalha, mas algumas
ALEXANDRE
MARVÃO
O NOSSO ESPECIALISTA
O melhor carvão é o que
proporciona a temperatura
e a estabilidade durante
o período necessário
para grelhar
têm um cheiro desagradável
e emitem VOC. Antes de se
começar a grelhar, espera-se
que a acendalha queime por
completo. Pode optar-se pela
chaminé de acendimento,
recipiente idêntico a uma
caneca metálica grande, onde
se coloca o carvão e, por baixo,
a acendalha. A chaminé acelera
o acendimento homogéneo
de uma porção de carvão
e prepara novas porções
de carvão em brasa para
acrescentar ao grelhador.
temperatura?
O peixe precisa de menos
calor, mas precisa de mais
tempo na grelha. A carne exige
mais calor, mas cozinha mais
depressa. Antes de colocar
o alimento sobre as brasas,
conta-se os segundos que
aguenta com a mão a 12 cm
da grelha. Um a dois segundos,
o lume está quente, perfeito
para carne mal passada; três a
quatro segundos, o lume está
médio, indicado para passar
bem a carne ou para frango;
cinco a seis segundos, o lume
está fraco, ideal para peixe.
Que alimentos se podem
grelhar?
Tipicamente, carne e peixe,
mas marisco, legumes e fruta
são alternativas saudáveis
ao arroz e à batata frita.
Pimento, batata, beringela,
curgete, tomate e espargos são
bons acompanhamentos, assim
como frutas como o ananás,
os figos e a banana.

56  Proteste 414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt

 EM TESTE
Qualidade da net móvel

32 MIL REVELAM
A MELHOR REDE
Aplicação gratuita em
Google Play e App Store

15 138
EM DESTAQUE
Aplicação QualRede
testa a qualidade e a
velocidade das redes
móveis nacionais
10 513 pontos
8 071
Pódio atualizado em pontos
1 de junho de 2019 MELHOR
DO TESTE
pontos

A
A velocidade Vodafone continua no topo
do pódio. É, pelo quarto ano
varia consoante consecutivo, a operadora que,
em média, garante a melhor net
a operadora e o móvel do País. Mas, embora a diferença
smartphones e tablets, para nos ajudar
a recolher dados. Após descarregarem
a app, do Google Play ou da App Store,
decidem onde e quando analisar a rede.
É simulada a experiência real através de

local. Junte-se ainda seja significativa, o fosso entre este

operador e os restantes diminuiu.
aos utilizadores Contudo, a qualidade e a velocidade de
cada operador variam muito consoante
que já testaram as zonas onde a rede móvel é usada.
Para descobrir a que garante melhor
a sua rede móvel desempenho nos locais que frequenta,
consulte o nosso mapa interativo no site
e descubra se www.deco.proteste.pt/telemoveis ou
na app QualRede. Revelamos o melhor
há alternativa operador por concelho, desde que haja
número suficiente de medições.
melhor, com a app Por distrito, as médias oscilam entre
um cenário que inclui vários testes e que
se chama “Teste completo”. Dura cerca
de um minuto. O consumo de dados irá
depender da tecnologia e do desempenho
da rede usada. Em média, será inferior
a 20 MB na rede 3G, e cerca de 40 MB
na 4G. No máximo, será de 75 MB. Esta
simulação calcula a velocidade média de
download e de upload e o desempenho no
YouTube e a navegar na internet. No final
do teste, a app revela o resultado para
o operador usado e compara-o com os
existentes na mesma zona.

QualRede mais de 35 Mbps (Megabits por segundo),

Texto Cécile Rodrigues
e Isabel Vasconcelos
registados em Évora e Beja pela Vodafone,
e os 2,5 Mbps, medidos em Portalegre na
NOS. Na maioria dos distritos, a Vodafone
é mais rápida, mas há exceções: em
Braga, Bragança, Faro e Viseu, a MEO
consegue melhores resultados. Já a NOS
só apresenta velocidades mais rápidas
na Madeira.
Teste a sua rede
Desde 2015 que milhares de consumidores
descarregam a nossa aplicação e
testam as suas redes móveis, a partir de
Junte-se a nós
No nosso site, encontra os valores médios,
com base nas medições de todos os
utilizadores em diferentes dias e locais.
Para aumentar estes dados, precisamos
da sua colaboração. Quanto maior
o número de medições, mais fiáveis serão
os resultados. Ajude-nos a preencher
o mapa interativo. Junte-se aos restantes
utilizadores e divulgue a nossa app
QualRede entre amigos e familiares.
Dossiê técnico João Miguens

www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  57

 EM TESTE
Eletrodomésticos

ESCOLHA
ACERTADA
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indicam as melhores
propostas para renovar
a cozinha com qualidade
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e preço vantajoso
Texto Inês Lourinho
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já atingiu um patamar 500 euros superior.
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eletrodomésticos, incluindo o custo anual de
utilização, calculado a partir da amortização
dos aparelhos e dos consumos de água e
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www.deco.proteste.pt julho/agosto 2019 • 414 Proteste  59

DÁ-ME MÚSICA NAS FÉ
Colunas de som portáteis
há muitas, e algumas até
aguentam uma ida à praia,
resistentes que são a água
e areia. Os preços vão de
25 a 500 euros. A Escolha
Acertada fica abaixo dos
70 euros e permite poupar
mais de 90 face à média
Texto Inês Lourinho
EM DESTAQUE
Teste a 35 colunas bluetooth
As nossas recomendações
Dicas para utilizar na praia
M
ais ou menos volumosas, mais
ou menos pesadas, ainda que
todas portáteis, são companhia
obrigatória nas férias. Talvez
nem todas sejam suficientemente práticas
para levar no avião, mas qualquer dos
modelos testados pode, e deve, ter lugar
reservado na bagageira do carro. Dias de
descanso perfumados por notas musicais
é o que se quer, e a maioria das colunas
bluetooth que testámos garante uma
qualidade sonora, no mínimo, aceitável.
Algumas são mesmo irrepreensíveis
para as suas pequenas dimensões,
exalando um som detalhado, consistente,
sem distorções e com representação
equilibrada do espetro, ou seja,
preenchido por uma grande abrangência
de tonalidades, das mais graves às mais
agudas.
O veredicto é do nosso painel
de profissionais, cujo ouvido está
treinado para discernir as subtilezas
da reprodução dos vários géneros
musicais. As conclusões a que chegou
permitem verificar ainda que, embora
muitos equipamentos exijam um
investimento na ordem das centenas
60  Proteste414 • julho/agosto 2019
de euros, a qualidade não anda de mão
dada com o preço elevado. A Escolha
Acertada - IKEA Eneby - custa apenas
68 euros, que incluem uma despesa
de 19 euros por uma bateria opcional,
essencial se pretender um uso portátil.
De contrário, terá de dar vida à coluna
com o tradicional cabo elétrico. A bateria
em separado é uma vantagem não
negligenciável. Em muitos casos, a morte
da bateria integrada dita o fim do próprio
aparelho: o equipamento deixa de
trabalhar, mesmo com ligação à corrente.
Aqui, basta substituir para que tudo
retorne aos eixos.
A IKEA Eneby liberta um som
consistente e equilibrado, dizem
os especialistas. O que a transforma
numa boa companheira de estrada.
De estrada, leu bem. O volume e o
peso mais generosos não a qualificam
para um uso realmente portátil,
mas na bagageira - ou, quem
sabe, no tejadilho... - terá sempre lugar.
Confira resultados, características
e preços deste e de outros modelos
no nosso comparador em www.deco.
proteste.pt/telemoveis.
Umas mais portáteis do que outras
Entre pouco mais de 180 gramas e mais
de cinco quilos é quanto pesam as
colunas testadas. Assim se vê que alguns
modelos, ainda que possam ser facilmente
deslocados, não foram feitos para um uso
mesmo, mesmo portátil (por exemplo,
para terem presença regular na mochila).
Contudo, o peso e, já agora, o volume
não são os únicos fatores a influenciar
a portabilidade. O formato e a existência
de uma pega podem melhorar o transporte
de um modelo à partida mais avantajado.
Além disso, uma menor portabilidade
pode não ser um óbice. Tal como temos
explicado em vários artigos relacionados
com testes a equipamentos de áudio,
é complicado encontrar um modelo
pequeno e leve com som equilibrado
e impactante e boa reprodução de
graves. Para que o som seja produzido,
o diafragma das colunas tem de empurrar
as moléculas do ar, criando ondas sonoras,
que depois se transmitem através de um
choque em cadeia. Se o diafragma não tiver
área suficiente, ficará aquém do objetivo.
Resumindo, quem pretende um som
consistente terá de abdicar de alguma
www.deco.proteste.pt
 EM TESTE
Colunas de som portáteis

ÉRIAS
Banda sonora na praia?
Confira o índice de proteção
Os saudosos anos 80 parecem estar de volta. Quem não se lembra dos rádios gravadores
de cassetes que invadiam os areais? Ora, muitas colunas destinadas a um uso portátil
alegam resistência a água e pó, o que, à partida, também as qualifica para uma ida à praia.

Como fazer a prova dos nove? Verificando no aparelho o índice de proteção (IP), que é
constituído por dois algarismos: o primeiro refere-se à proteção contra corpos sólidos
e pó, enquanto o segundo indica a blindagem face a líquidos.

PRIMEIRO ALGARISMO SEGUNDO ALGARISMO

IP PROTEÇÃO CONTRA
SÓLIDOS IP PROTEÇÃO CONTRA
LÍQUIDOS

0 Nenhuma
0 Nenhuma

1 1
Corpos superiores a 50 Quedas verticais de gotas
mm (por exemplo, toque de água (por exemplo,
involuntário com a mão) condensação)

2 2
Corpos sólidos superiores Queda de água com direção
a 12 mm (por exemplo, até 15 graus na vertical
dedos) (por exemplo, chuva)

Queda de água com

À prova de quê?
Para um uso seguro no exterior, pesquise
o índice de proteção e veja na tabela ao lado
até onde resiste o aparelho.
3 3
Corpos sólidos superiores
direção até 60 graus
a 2,5 mm (por exemplo,
ferramentas ou cabos)
na vertical (por exemplo,
chuva mais intensa)
Corpos sólidos superiores
4 a 1 mm (por exemplo,
ferramentas finas e cabos
pequenos)
4 Projeção de água em todas
as direções

5 Pó (sem sedimentos
prejudiciais) 5 Jatos de água em todas
as direções

6 Totalmente protegidos
contra o pó 6 Jatos semelhantes a
salpicos de água do mar

7 Imersão

8 Efeitos prolongados
da imersão sob pressão

www.deco.proteste.pt julho /agosto 2019 • 414 Proteste  61

 EM TESTE
Colunas de som portáteis

POUPE

€ 92
PREÇO (€) CARACTERÍSTICAS RESULTADOS

Entrada de áudio (3,5 mm)

Colunas

Submersão a um metro

Facilidade de utilização

Autonomia da bateria
Resistente a salpicos

QUALIDADE GLOBAL %
bluetooth

Testes de audição

Volume máximo

Tempo de carga
Detalhe sonoro
portáteis

sem distorção

Portabilidade
Abril 2019

Peso (g)
F MARSHALL Stockwell 129,99 - 253,90 1194 G AAAB C AB 75
ULTIMATE EARS Boom 2 154,99 - 199,99 650 G G G B B B AB C A 72
JBL Charge 3 123,47 - 179,99 775 G G G B B AB C AB 72
DENON Envaya DSB-250BT 139 - 239,99 753 G G G B B B AC B B 72
JBL Charge 4 114,79 - 189 964 G G G B B B B C AB 71
JBL Pulse 3 149,99 - 249,99 966 G G G B B D B C B B 70
ULTIMATE EARS Megaboom 3 200 925 G G B B D B C B B 70
JBL Xtreme 2 199,99 - 299,99 2379 G G G AAC D C AA 70
F IKEA Eneby (20 cm) + Bateria 68* 1757 G AAD C C AA 69
BANG & OLUFSEN BeoPlay A2 349 - 399,99 1069 G AAAB C E B 68
MARSHALL Kilburn 2 207,99 - 299,99 2477 G G AAD D C B A 68
SONY SRS-XB41 169,99 - 229,99 1441 G B B C C B B B 67
BOSE Soundlink Revolve + 199,99 - 329,99 915 G B B C B AB B 67
ULTIMATE EARS Boom 3 150 610 G G B B E AC B A 67
JBL Boombox 399 - 499,99 5259 G G G AAC E C AB 67
DENON Envaya DSB-150BT 97,49 - 229,99 540 G G G B B B AC D A 66
BANG & OLUFSEN BeoPlay A1 219,99 - 289,99 572 G B B B AC D B 66
BOSE Soundlink Revolve 189,99 - 229,99 672 G B B AAAC B 66
BOSE Soundlink Color II 119,99 - 139,99 574 G G B B C AAC B 63
SONY SRS-XB31 94,99 - 169,99 871 G B B C B B C B 63
HARMAN KARDON Onyx Studio 5 169 - 229,99 3006 G G AAE E C C B 63
SONY SRS-XB21 74,99 - 121,64 538 G B B D AB D A 60
JBL Flip 4 94,90 - 139,99 518 G B B AAC B B 60
PHILIPS BT7900A/00 102 - 119 520 G G G C B AAB B A 58
ULTIMATE EARS Wonderboom 82,99 - 99,99 430 C B B AD C A 57
BEATS BY DR DRE Pill+ 159,99 - 259,95 747 G C C AAC B A 54
BOSE Soundlink Micro 101,96 - 199,90 289 C C E AB C A 51
JBL Clip 3 49,90 - 59,99 209 G G G D D E AC B A 40
PHILIPS BT3900B/00 48,99 - 81 197 G D D n.a. AB C A 40
SONY SRS-XB10 34,99 - 59,99 248 G G D D E AB C B 39
JBL Clip 2 41,99 - 64,99 186 G G D D D AC D A 36
FRESH‘NREBELRockboxBrickFabriq 53,99 - 88,80 414 G D D B AC C B 35
JBL Go 2 25 - 35,10 183 G G G D D D AC D A 35
XIAOMIMi Bluetooth Speaker Basic 2 38 233 G D D E AD C A 30
FRESH‘NREBELRockboxSliceFabriq 25,99 - 39,99 216 G D D E AD C A 29
* Preço com bateria opcional: esta custa 19 euros. Muito boa qualidade Boa qualidade Média qualidade Má qualidade
n.a. = não se aplica (não foi possível fazer a medição.
Este modelo apresenta sempre uma distorção total harmónica acima de 0,5%). Resultados completos em www.deco.proteste.pt/telemoveis

62  Proteste414 • julho/agosto 2019 www.deco.proteste.pt


portabilidade. Não significa que seja
obrigado a sacrificar o uso portátil, até
porque todos os aparelhos incluem uma
ligação sem fios e podem ser conectados,
via bluetooth, a um aparelho compatível
(em regra, um smartphone). Depois do
emparelhamento, basta que o smartphone
(ou tablet ou outro) seja posicionado
ao alcance da coluna: a reprodução
de música inicia-se automaticamente.
Simples e rápido.
Alguns modelos dispõem também
de entrada para jack de 3,5 mm, que
serve para ligar aparelhos sem conexão
bluetooth, como leitores de MP3. E todos,
com a referida exceção do IKEA Eneby,
possuem bateria integrada.
A ligação sem fios e a bateria garantem
horas de reprodução. Uma sala, um
jardim, um terraço ou até a praia podem
ser cenários para ouvir música, um uso
facilitado pela proteção contra água e pó,
presente em muitos modelos (ver quadro
e ilustração da página anterior). Eis o
expoente da versatilidade em férias.
As colunas garantem
entre quatro horas
e meia e quase
38 horas de música
sem parar
De orelhas à escuta
Para determinar a qualidade do som,
a nossa equipa de especialistas carregou
trechos musicais de vários géneros num
smartphone de teste. Do dececionante
ao excelente, assim se posicionam as
colunas analisadas. Os modelos na zona
cinzenta do quadro, que corresponde
a uma má qualidade, não permitem
desfrutar verdadeiramente de música.
No melhor dos cenários, servem para
criar um ambiente, uma banda sonora
de fundo enquanto se executam tarefas:
cozinhar, passar a ferro ou outros afazeres
domésticos, por exemplo.
Já os modelos com, pelo menos,
quatro estrelas nos testes de audição,
incluídos nas zonas azul e azul-escura,
proporcionam um som equivalente ao
de uma aparelhagem micro hi-fi, com
um nível aceitável de detalhe. Assim,
torna-se possível ouvir música de forma
mais atenta. Mas, tendencialmente, ficam
alguns degraus abaixo da qualidade
oferecida pelas aparelhagens hi-fi. A maior
diferença reside no efeito estéreo:
www.deco.proteste.pt
COMPANHEIRAS
DE ESTRADA
MELHOR
DO TESTE
75 MUITO BOA
QUALIDADE
MARSHALL Stockwell
€ 129,99 a € 253,90
Fácil de transportar, apesar de volumosa.
Excelente autonomia: 27 horas. Som
detalhado e equilibrado, com reprodução
correta de graves, que soam impactantes,
mas sem exageros. Ainda assim, as
tonalidades mais agudas parecem algo
agressivas com o volume mais elevado.
Pressão sonora máxima de 90 dB, o que
permite encher uma sala grande.
ESCOLHA
ACERTADA
69 BOA
QUALIDADE
IKEA Eneby (20 cm) +
+ Bateria
€ 68
Boa estreia da IKEA, com um aparelho de
excelente relação entre qualidade e preço,
ainda que algo volumoso e pesado para um
uso mesmo portátil e pouco prático para
o exterior (não resiste a salpicos). Som
consistente, detalhado e dinâmico, mas
com alguma compressão e distorção nos
volumes mais elevados. Pressão sonora de
64,8 dB, suficiente para uma pequena sala.
Autonomia excelente: mais de 24 horas.
Mais informação
www.deco.proteste.pt/telemoveis
nas colunas, a separação dos canais é,
em regra, muito pouco eficaz.
Acresce o risco bem real de distorção,
especialmente quando o som está
mais alto. Por isso, verificámos ainda o
volume máximo sem distorção evidente.
As medições tiveram como referência
a perceção humana do volume sonoro
e foram feitas a um metro de distância
das colunas. Alguns modelos permitem
volumes bastante elevados, mas à custa de
distorção muito evidente. Sem distorção,
produzem um som demasiado limitado
para o uso numa sala maior ou no exterior,
sobretudo se houver muita gente por perto.
As colunas com boa ou muito boa avaliação
registam valores de pressão acima dos 79
dB(A). Já aquelas que receberam uma ou
duas estrelas têm potência de saída abaixo
dos 61 dB(A). São uma opção viável apenas
para pequenas salas.
Horas e mais horas a funcionar
Entre quatro horas e meia e quase 38 horas
é quanto aguentam as colunas testadas
em funcionamento, quando reguladas
para debitarem 80 db(A). As diferenças
são muito grandes, pelo que, se pretende
usar num local sem acesso facilitado à
rede elétrica (por exemplo, no campismo),
verifique no quadro os modelos com mais
estrelas na autonomia.
Contudo, não é por terem pulmão
para muitas horas que as colunas levam
ao desespero no momento de carregar
baterias. Todas são bastante rápidas,
embora a pequena Xiaomi Mi Bluetooth
Speaker Basic 2 seja mais célere ainda:
precisa de apenas 96 minutos para fazer a
carga completa. Atribuímos nota máxima
aos modelos que conseguiram superar a
prova em menos de três horas.
Agulha no palheiro
A oferta de colunas portáteis é muito
ampla. O que não simplifica a escolha.
Mais leve, mais pesada, maior, mais
pequena, mais cara ou mais barata?
Qual o critério? O nosso teste mostra
que são raros os modelos pequenos e
leves com bom som: nenhum abaixo dos
500 gramas vai além da mediania. Mas o
transporte também depende do desenho,
e algumas colunas mais pesadas conciliam
portabilidade com som convincente.
O teste prova ainda que não vale a pena
gastar centenas de euros para obter boa
qualidade. A Escolha Acertada, que liberta
um som cinco estrelas e custa 68 euros com
a bateria, permite poupar 92 euros face
à média de preços dos modelos testados.
Melhor do que isto? Só dois disto.
Dossiê técnico António Alves e Pedro Silva
julho /agosto 2019 • 414 Proteste  63
LINHA DIRETA
Textos Myriam Gaspar e Nuno César
Três meses
para reparar sofá
João Vaz, de Braga, adquiriu,
em outubro de 2016,
um sofá Relax SX-8670,
na JOM. Mas, algum tempo
depois, o assento revelava
sinais de estar danificado.
A 18 abril de 2018, o nosso
associado apresentou uma
reclamação na loja. A 3 de maio,
a empresa levantou o sofá para
ser reparado, mas nunca mais
deu notícias. Perante o silêncio,
João Vaz enviou um e-mail para a
JOM no sentido de fazer o ponto
da situação e saber quando
pretendiam entregar o sofá. Como
não obteve qualquer resposta e já
tinha decorrido mais de um mês
desde que apresentara a queixa,
decidiu adquirir, a 18 de maio,
dois cadeirões. Estava cansado
de se sentar nas cadeiras de praia
sem conforto, que improvisara na
sala. Nesse mesmo dia, solicitou
a nossa intervenção. Queria que
a JOM lhe devolvesse os 486,17
euros que tinha pago pelo sofá.
64  Proteste 414 • julho/agosto 2019
Os seus problemas, as soluções da
PROTESTE. Estamos aqui para ajudar
Rádio Popular
devolve 122 euros
INTERVENÇÃO RESOLVE
É legítima a reclamação do nosso
associado, na medida em que 30 dias
é o prazo máximo para o vendedor ou
o fabricante proceder às necessárias
operações de reparação e entrega de
um bem defeituoso ou avariado, que
está ainda dentro da garantia. Neste
caso, a JOM não só não cumpriu,
como ultrapassou largamente o
período definido por lei. É, por isso,
legítima a substituição por um bem
novo ou a devolução do dinheiro
como opções do consumidor,
considerando, desde logo, que se
trata de equipamentos de primeira
necessidade e de uso diário de uma
família.
Interpelámos a JOM várias vezes
ao longo de três meses no sentido
de obter uma resposta. Só após
insistirmos, acedeu a devolver ao
associado o sofá devidamente
reparado. Aborrecido com a demora,
João Vaz acabou por aceitá-lo e
levá-lo para a sua casa de praia,
embora preferisse ter recebido o
dinheiro que pagara. É caso para
salientar que os consumidores Lorea Teixeira, de Guimarães, REEMBOLSO EFETUADO
não devem ceder a pressões das comprou, em março de 2016,
empresas, para aceitarem soluções um tablet LG V480 8” 16 GB Considerando o histórico de
que não desejam. BR, na Rádio Popular daquela anomalias e reincidências de defeitos
cidade. no tablet em causa, é legítima a
pretensão da nossa associada em
Cerca de um mês após a data querer a substituição do aparelho ou
da compra, o tablet não detetava a devolução do dinheiro.
qualquer rede wi-fi. A nossa Segundo a lei sobre garantias, os
associada foi à loja reclamar, bens móveis têm uma garantia
deixando o aparelho para ser de dois anos, sejam adquiridos
reparado. Contudo, a 16 de julho numa loja tradicional ou online. Se,
de 2016, detetou a mesma avaria. neste período, surgirem avarias
Voltou à Rádio Popular, ficando o ou problemas, a lei define quatro
tablet a ser arranjado. No dia 24 vias possíveis para a resolução:
de outubro, a situação repetiu-se, a reparação, a troca, um desconto
obrigando a nova deslocação à sobre o preço ou a devolução com
loja. Quando tudo indicava estar reembolso. Porém, não estabelece
bem, ocorreu a mesma avaria uma ordem para ativar cada
duas vezes mais, em outubro uma destas soluções. Por isso, o
do ano seguinte. Descontente consumidor pode optar por uma
com tantas deslocações à loja e solução, desde que seja possível e
por não poder usufruir do tablet razoável. Neste caso, Lorea Teixeira
em condições normais, pediu a aceitou a proposta da Rádio Popular
nossa ajuda. Queria que a Rádio de receber de volta o valor que pagou
Popular lhe devolvesse o valor que pelo tablet, pois não queria correr
pagou (121,87 euros) ou que lhe o risco de voltar a ficar privada do
entregasse um novo aparelho. aparelho.
www.deco.proteste.pt
 Alertas, histórias e reclamações no site
www.deco.proteste.pt/contactos

CAMPOS
DE FÉRIAS
NOS insiste em cobrar dívida
Apesar de Olga Nunes ter cancelado o contrato dois dias depois de o
ter assinado, a operadora exigiu o pagamento do serviço meses a fio
Em abril de 2018, a nossa associada, de ou o salário. Olga Nunes reclamou uma vez
Setúbal, comunicou à operadora que, afinal, mais. Em outubro, a NOS respondeu que não
pretendia ficar com a MEO, abdicando do via razão para anular a dívida. Cansada deste
Sandra Justino serviço que tinha acabado de contratar. impasse, que se arrastava há vários meses,
A nossa especialista alerta Telefonou a dar conta da decisão e, por uma a associada solicitou o nosso apoio.
“Todas as atividades devem questão de segurança, denunciou o contrato por
estar cobertas por um seguro e-mail, insistindo nas semanas seguintes para
de acidentes pessoais” DESFECHO POSITIVO
virem buscar o equipamento. Ficou, por isso,
surpreendida quando, no final de junho, recebeu Após a interpelarmos, a NOS respondeu
Os campos de férias organizados uma carta a exigir o pagamento de uma dívida favoravelmente à pretensão de Olga Nunes,
para acolher jovens dos 6 aos 18 de 97,20 euros. Enviou de imediato um e-mail no final de novembro, anulando o valor da dívida
anos são obrigados a contratar para o contencioso da NOS a argumentar que em aberto. À semelhança do que fez a nossa
um seguro de acidentes não usufruía de qualquer serviço da empresa, associada, aconselhamos os consumidores que
pessoais, que cubra todas as motivo pelo qual não entendia a missiva. Para o queiram denunciar contratos com operadoras
atividades praticadas durante a efeito, enviou o comprovativo da entrega da box a fazê-lo por escrito, seja por carta ou e-mail,
estadia. Mesmo que promovam e do router. indicando a data a partir da qual pretendem pôr
atividades radicais, que A operadora continuou, porém, em agosto, a fim ao serviço. É também importante referir a
tipicamente são excluídas por exigir a regularização do montante em dívida. possibilidade que o consumidor tem de extinguir
estes seguros, desde que sejam A nossa associada enviou de novo um e-mail o contrato sem necessidade de apresentar uma
praticadas no contexto das férias para o departamento legal da NOS para clarificar justificação nos primeiros 14 dias, uma vez que,
contratadas pelos pais, estão a situação, mas a mensagem veio devolvida. em regra, se trata de um contrato celebrado
desde logo cobertas. Em caso de Em setembro, recebeu outra carta a solicitar à distância, fora do estabelecimento comercial
acidente, o seguro de acidentes o pagamento de 99,83 euros, sendo que 24 do fornecedor. Nos casos em que não há lugar a
pessoais garante o pagamento período de fidelização, pode denunciar o contrato
euros se referiam aos encargos associados à
das despesas de tratamento das em qualquer momento.
cobrança, sob pena de lhe penhorarem os bens
crianças ou jovens até ao limite
de 6000 euros. Já nos casos
mais graves, em que o acidente
provoca a invalidez permanente
ou a morte do jovem (com mais
de 14 anos), está previsto o
pagamento de uma
indemnização à família no valor
de 48 000 euros. Por lei,
os seguros não podem pagar
indemnizações por morte de
menores de 14 anos. Na invalidez
parcial, a indemnização é
proporcional à percentagem de
incapacidade. Antes da inscrição,
apure os procedimentos do
campo de férias em caso de
acidente, nomeadamente sobre
o centro de saúde ou hospital a
que poderão recorrer em
situações de emergência. Todos
4SEE/Paulo Figueiredo

os assuntos relacionados com

o pagamento de despesas por
acidente devem ser tratados
com a organização do campo de
férias e nunca diretamente com
a seguradora. Para ir de férias
tranquilo consulte www.deco.
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Daniel Stons, Ivo Mechels, Filipe Moura,
Luís Silveira Rodrigues e Vasco Colaço
Country Manager e Representante Legal
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Diretora e Editora de Publicações
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Capital Social
DECO – Associação Portuguesa para a Defesa
do Consumidor (25%)
Presidente Vasco Colaço
Euroconsumers (75%)
Presidente Daniel Stons
Registo de pessoa coletiva 502 611 529
Registo da Editora 215 705
Registo na ERC 106 270
ISSN 0873-8785
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Execução gráfica
Capa: iStock, Carlos Caetano e Nuno Semedo
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e Indústria de Artes Gráficas, S.A. Testámos 15 marcas para guiar a sua escolha.
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