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Editora Saber Ltda.

Editorial
Diretor
Hélio Fittipaldi A revolução que se iniciou com a disponibilização de
software e hardware abertos na plataforma Arduino provo-
cou o surgimento de outros desenvolvimentos, tais como a
www.eletronicatotal.com.br Raspberry Pi, o Beagle Bone, da Texas, e outros mais. Isso tem
twitter.com/editora_saber ampliado o número de adeptos na utilização desses desen-
Editor e Diretor Responsável volvimentos para, rapidamente, terem uma solução concluída.
Hélio Fittipaldi
No início eram os técnicos e engenheiros eletrônicos,
Conselho Editorial Hélio Fittipaldi
Luiz Henrique C. Bernardes; além dos estudantes, é claro, que se dedicavam a utilizá-
Newton C. Braga
-los. O que se vem notando é que agora até matemáticos, médicos, engenheiros
Revisão Técnica
Eutíquio Lopez mecânicos e outros começam a usufruir das facilidades deste novo mundo.
Designers
Carlos C. Tartaglioni;
Neste contexto, trazemos como artigo principal desta edição, o PCduino que é a
Diego M. Gomes junção de um PC e um Arduino em uma única plataforma, produzido pela LinkSprite
Redação e vendido aqui no Brasil pela Tato. Assim, temos todo o poder de processamento
Rafaela Turiani

Publicidade da arquitetura ARM dos microprocessadores aliado à simplicidade do Arduino, e


Caroline Ferreira;
Marileide de Oliveira com poder de rodar um Linux e um Android compatíveis com ele.
Colaboradores Outros artigos interessantes fazem desta edição algo especial, como, por
Defferson Martins das Neves;
Edriano Carlos de Araújo; exemplo, na área de manutenção de Fornos de Micro-ondas, onde ensinamos a
Eutíquio Lopez;
Filipe Pereira; recuperar o Magnetron, e no processo de Refrigeração, no qual demonstramos a
Francisco Bezerra Filho;
Guilherme Kenji Yamamoto; aplicação do Diodo Peltier, componente muito usado na refrigeração de adegas,
Heinrich Parfijanowitsch;
Margaret Barrett; bebedouros, etc.
Newton C. Braga;
Renan Airosa Machado de Azevedo; Leitor, mande seus artigos para publicarmos em nossas revistas, pois, isso con-
Vitor Amadeu Souza
tribuirá em muito para o conhecimento do setor eletroeletrônico.
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339
publicidade@editorasaber.com.br

Capa
Hélio Fittipaldi
Arquivo - Editora Saber

Índice
Impressão
EGB - Editora e Gráfica Bernardi

Distribuição
Brasil: DINAP
Portugal: Logista tel.: 121 926-7800
10 PCDuino: Mini PC + Arduino em uma Única Plataforma
16 Como Recuperar o Magnetron
ASSINATURAS
www.eletronicatotal.com.br 19 Testando e Identificando Motores de Passo com Microcontroladores PIC
fone (11) 2095-5335/fax (11) 2098-3366 22 Aplicação do Diodo Peltier no Processo de Refrigeração
atendimento das 8:30 às 17:30h
26 Raio X: Infravermelhos, Ultravioletas e Cósmicos
Eletrônica Total é uma publicação bimestral da Editora
Saber Ltda, ISSN 0103-4960. Redação, administração, 30 Inglês para eletrônicos
publicidade e correspondência: Rua Jacinto José de
Araújo, 315, Tatuapé, CEP 03087-020, São Paulo, SP, 32 Como Escolher as Melhores Técnicas de Visualização para o seu Sistema de Medição
tel./ fax (11) 2095-5333. Edições anteriores (mediante
disponibilidade de estoque), solicite pelo site www. 34 Usos para o Osciloscópio: Traçador de Curvas
sabermarketing.com.br, ou pelo tel. 2095-5330, ao
preço da última edição em banca. 38 Como Usar Corretamente seu Multímetro
Submissões de Artigos
42 Indicador de Sequência de Fases Artigos de nossos leitores, parceiros e especialistas
Associada da:
47 NI myRIO: Projeto Embarcado para Estudantes do setor serão bem-vindos em nossa revista. Vamos
analisar cada apresentação e determinar a sua
50 Medição em RF: Dicas para Reduzir o tempo aptidão para a publicação na Revista Eletrônica
52 Detector de Fugas Total. Iremos trabalhar com afinco em cada etapa do
processo de submissão para assegurar um fluxo de
55 Montagens de Circuitos Práticos trabalho flexível e a melhor apresentação dos artigos
Associação Nacional das Editoras
de Publicações Técnicas, Dirigidas
59 Alarme sem Fio aceitos em versões impressa e online.

e Especializadas 64 Display LCD com Arduino

Atendimento ao Leitor: atendimento@eletronicatotal.com.br

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É vedada a reprodução total ou parcial dos textos e ilustrações desta Revista, bem como a industrialização e/ou
comercialização dos aparelhos ou ideias oriundas dos textos mencionados, sob pena de sanções legais. As consultas técnicas referentes aos artigos da Revista deverão ser feitas exclusiva-
mente por cartas, ou e-mail (A/C do Departamento Técnico). São tomados todos os cuidados razoáveis na preparação do conteúdo desta Revista, mas não assumimos a responsabilidade
legal por eventuais erros, principalmente nas montagens, pois tratam-se de projetos experimentais. Tampouco assumimos a responsabilidade por danos resultantes de imperícia do montador.
Caso haja enganos em texto ou desenho, será publicada errata na primeira oportunidade. Preços e dados publicados em anúncios são por nós aceitos de boa fé, como corretos na data do
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fechamento da edição. Não assumimos a responsabilidade por alterações nos preços e na disponibilidade dos produtos ocorridas após o fechamento.
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Notícias

Câmera D-Link Cloud


é aliada em trabalho remoto
Originalmente, os circuitos fechados Camera DSC-942L. Perfeita para nica, permite monitorar crianças, idosos
de TV (CFTV) eram projetados com a gravações em ambientes fechados, e animais de estimação no ambiente
única finalidade de complementar o um dos seus grandes diferenciais é o doméstico.
monitoramento de segurança realizado monitoramento à distância. O usuário Fácil de instalar, a DSC-942L dis-
por profissionais especializados. tem acesso às imagens em qualquer pensa qualquer configuração para
Com a evolução do sistema, a dispositivo ligado à internet por meio entrar em uso. Filma em alta qualidade
solução se tornou mais acessível e do portal mydlink, ou fazendo down- mesmo no escuro, faz captura e trans-
passou a atender às necessidades de load do aplicativo. missão de áudio, além da possibilidade
videomonitoria das pequenas empresas Para profissionais que precisem de armazenamento em cartão micro SD.
e até do público comum. acompanhar processos em tempo real Além de capturar áudio em duas vias e
A D-Link, provedora de equipa- (de veterinários a arquitetos), ela é possibilitar conectar uma caixa de som,
mentos de rede e monitoramento e grande aliada para detectar qualquer o equipamento utiliza uma tecnologia
soluções de cloud computing, tem, em anormalidade possibilitando uma ágil que melhora a imagem e reduz o uso
sua linha de produtos, a D-Link Cloud intervenção. Utilizada como babá eletrô- do link de internet.

Miniprojetor com display


LED HD-ready para iPhone/iPod
A BenQ traz ao país o novo minipro- 30.000 horas de brilho. O equipamento conexão sem fio a partir de um Mac,
jetor com LED HD-ready, equipamento possui 10.000:1 de contraste para uma Notebook ou PC, projetando imagens
que possibilita enxergar maiores deta- melhor qualidade de imagem e conta, com espelhamento de tela em 720 pixels
lhes, e o dockstage para iPhone, iPad também, com 300 ANSI lúmens de e streaming de áudio. “Isso torna o GP3
e iPod – o Joybee GP3. brilho, o que garante uma projeção ideal para apresentações de trabalho,
Trata-se de um dispositivo ultrapor- nítida. Tem resolução máxima de 1600 x faculdade, festas, ou até mesmo para
tátil, pesando 565 gramas, capaz de 1200 UXGA e nativa de WXGA de 1280 uma noite de cinema em casa”.
reproduzir diversos tipos de documentos, x 800, ajustes de imagem e Closed
vídeos, fotos e jogos armazenados em Caption (função que permite a inserção
qualquer plataforma iOS, Android, Win- de legendas em uma apresentação).
dows, pendrive ou cartão de memória
graças à tecnologia “all-in-one”. Tudo isso Conectividade sem fio
em uma tela de até 160”, a curta distância De acordo com o diretor comercial da
e a partir de uma conexão wireless ou BenQ Brasil, graças à opção de conec-
através de cabos HDMI (ou USB). tividade wireless do GP3, basta ligá-lo
“O Joybee GP3 foi desenvolvido para se projetar (sem fios) conteúdos a
para que as pessoas pudessem se partir de qualquer dispositivo inteligente
conectar e projetar todo o conteúdo que possua algum aplicativo compatível
de seus dispositivos inteligentes como com DLNA. “Não importa se você está
nunca antes foi possível. Ele traz todo em um celular ou tablet, usando o iOS,
tipo de diversão para a palma da mão”, Android ou Windows; qualquer que seja
disse Marcelo Café, diretor comercial o caso, o Joybee GP3 permite que você
da BenQ no Brasil. compartilhe seu dispositivo com um
Com um display de 160 polegadas grande público”.
LED HD-ready, o Joybee oferece uma Outra novidade desse miniprojetor
experiência de visualização com até é o modo “Exibição PC” que permite

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Notícias

Smartwatch independente
de celular ou tablet
O mercado de tecnologia está com históricos para este setor no País, às de um relógio comum e o sistema
suas atenções voltadas para o lança- como a transição dos relógios com touchscreen permite o fácil acesso aos
mento de equipamentos pessoais para funcionamento mecânico para quartz dados e aplicativos. “Não acreditamos
vestir. A novidade do momento são os e não queríamos ficar fora deste novo que o smartchwatch venha substituir
smartwatches (relógios inteligentes), estágio de evolução tecnológica”, o uso dos celulares ou tablets, assim
que permitem fazer ligações e acessar explica Francisco Magid. como esses dispositivos não substi-
os aplicativos antes só disponíveis em Para ter uma atuação relevante tuíram os notebooks ou desktops. Na
tablets e celulares. Com forte tradição neste cenário, os fundadores da verdade, cada produto tem uma fina-
no mercado relojoeiro, os empresários Locke investiram no lançamento de lidade e a do smartchwatch é facilitar
Abir e Francisco Magid, decidiram um smartwatch que, diferentemente o acesso a informações rápidas, vai
investir no lançamento do primeiro de seus concorrentes diretos, funciona servir como um filtro. Quem desejar
smartchwatch com funcionamento sem a sincronização via bluetooth se aprofundar mais, poderá acessar o
totalmente independente de tablet ou com outro dispositivo móvel. “Nosso conteúdo via celular ou tablet”, escla-
celular no mercado brasileiro. grande diferencial é o fato do relógio rece o diretor de marketing.
Eles são herdeiros de Abir Magid, aceitar o chip de celular. Isso permite “Já estamos estruturando nossa
fundador da Nelima, primeira indús- que ele funcione de forma totalmente operação com este intuito. Devemos
tria brasileira de relógios, a qual deu independente, dando mais autonomia ter a fábrica montada e em pleno
origem a duas das 5 maiores empre- ao usuário”, afirma Abir Magid, diretor funcionamento no segundo semestre
sas do mercado relojoeiro no País. de marketing da Locke. A tela de 1,54 do próximo ano”, conclui Francisco
“Já participamos de outros momentos polegadas tem dimensões similares Magid.

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Notícias

Grafeno 3D: Supercapacitores


a partir de bolhas de açúcar
As folhas de grafeno são imensa- a natureza coerente e sustentada das A estrutura da bolha permite a livre
mente fortes, de peso leve, e têm uma bolhas coligadas deveria transmitir-lhe movimentação dos elétrons por toda
excelente condutividade elétrica. Teo- resistência mecânica e condutividade, a rede, o que significa que o grafeno
ricamente, montagens macroscópicas caso o grafeno pudesse ser estrutu- mantém totalmente a condutividade
de grafeno tridimensional deveriam rado do mesmo modo. Os pesquisa- elétrica. E não somente isso, tanto a
manter as propriedades dos flocos de dores criaram, então, um xarope de resistência mecânica quanto a elas-
grafeno em escala nanométrica. No açúcar comum e cloreto de amônia. ticidade do grafeno 3D são extrema-
entanto, recentes tentativas realizadas Ao aquecerem o xarope, eles gera- mente robustas - a equipe conseguiu
para produzir grafeno 3D resultaram ram um polímero baseado em glicose comprimir a estrutura até abaixo de
num material com baixa condutivi- chamado “melanoidin”, o qual era 80% de seu tamanho original sem
dade devido ao ruim contato entre soprado a seguir dentro das bolhas, observar perdas significantes de con-
as suas folhas. Além disso, a perda usando para isso os gases liberados dutividade ou estabilidade.
de resistência mecânica também foi pela amônia. A equipe obteve um Após sua descoberta, Bando e
verificada. Outra dificuldade real é que produto final de ótima qualidade, equipe produziram em laboratório
um grafeno 3D autossustentado ainda resultante de um balanceamento de um grafeno 3D sustentado de forma
não foi conseguido. igual decomposição de amônia e confiável, em nível de gramas (peso),
Agora, Xuebin Wang e Yoshio de polimerização de glicose durante a um custo de US$ 0,50 por grama.
Bando - pesquisadores do World essa etapa. O baixo custo e alta escalabilidade
Premier International Center of Mate- Conforme as bolhas cresciam, o deste novo método poderia ter muitas
rials Nanoarchitectonics (WPI-MANA) xarope remanescente drenado fora de aplicações na engenharia e na ele-
- do Japão, juntamente com outros suas paredes deixava intersecções de trônica.
colaboradores desse país e da China três bolhas. Submetido a novo aque- Seletivamente, o abundante pro-
criaram um novo método de produzir cimento, desoxidação e desidrogena- duto foi aplicado como um superca-
o grafeno 3D usando bolhas sopradas ção, o melanoidin era gradualmente pacitor de altíssima eficiência; sua
numa solução de glicose polimérica. grafitizado e formava o “grafeno sus- máxima densidade de potência é a
O produto resultante mostrou-se bas- tentado”: uma estrutura 3D coerente mais alta entre os supercapacitores
tante rígido e apresentou excelente feita de membranas de grafeno unidas CA aquosos, baseados em grafeno
condutividade elétrica. pelas armações de sustentação desse 3D: 10 6 W/kg. Isso prevê um futuro
Inspirados em antiga arte culinária material, a qual resultou das paredes brilhante tanto para “a partida rápida
do “blown sugar” (açúcar soprado), das bolhas originais e dos esqueletos dos carros elétricos” quanto para o
Bando e sua equipe raciocinaram que interseccionais respectivamente. “lançamento de aeronaves”.

Imagens de microscopia eletrônica mostrando o processo de crescimento do açúcar: a glicose foi poli-
merizada e soprada pela amônia lançada no interior das bolhas de melanoidin durante o aquecimento,
as quais foram finalmente convertidas em grafeno sustentado contendo membranas de uma ou mais
camadas e escoras de grafite.

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Notícias

Robtec lança escâner óptico de uso


pessoal para facilitar a impressão 3D
A Robtec traz o Sense, escâner para se utilizar em qualquer ambiente; um dos lançamentos do ano no Brasil,
óptico de uso pessoal, produzido pela vir acompanhado de um software – o que já imprime o objeto sem compli-
parceira norte-americana 3D Systems, CubifySculpt – que permite a edição cações.
que permite digitalizar qualquer tipo de das figuras com novos desenhos e “Esse lançamento é novidade nos
objeto em poucos minutos, facilitando o complementos sem necessidade de Estados Unidos, e ficamos contentes
processo necessário para imprimir em experiência alguma em design, além em poder disponibilizá-lo rapidamente
três dimensões. de transformar automaticamente em também na América Latina. O Sense
As impressoras 3D chegaram com “.stl” (formato necessário para serem veio revolucionar o processo de imprimir
força no Brasil nos últimos dois anos produzidas numa 3D printer) as ima- em 3D e encontra o nosso constante
e logo se transformaram em um dos gens capturadas; e ainda ser integrado desejo de democratizar essa tecnologia
equipamentos mais desejados pelos à Cube, a impressora tridimensional de do futuro”, celebra Luiz Fernando Dom-
aficionados por tecnologia. Agora, elas uso pessoal mais popular do mundo, pieri, diretor geral da Robtec.
estão sendo vendidas em e-commerces
e lojas físicas, graças à parceria da
Robtec com empresa do mercado
nacional, algo inimaginável no ano
passado. Só que para criar um objeto
nessa máquina revolucionária é preciso
ter algum conhecimento em softwares
de desenhos, como o AutoCAD, por
exemplo, para dar forma à imaginação.
O escâner óptico vem quebrar
esse paradigma para atender, princi-
palmente, aos usuários mais leigos
e que se interessam pela impressão
tridimensional, mas não dominam o uso
desses programas.
As principais características do
Sense são: digitalizar objetos grandes
e pequenos; sua mobilidade, já que
é portátil e tem tamanho adequado

Instrutherm lança novo modelo de


testador de tensão: TV- 600
A Instrutherm lança novo modelo de tem escala de detecção de tensão de pequenas lojas especializadas, inclu-
testador de tensão. O aparelho é muito 90 V AC a 1000 V AC, fonte de luz a base sive pela loja virtual www.instrutherm.
utilizado por eletricistas comerciais e de LED, opera em uma temperatura com.br. Conta com departamentos que
residenciais com o objetivo de obter aná- de -10°C a 50°C, além de umidade de testam cada item antes de sua comer-
lise de parâmetros elétricos e detectar operação de 0% a 95% (0°C a 30°C). cialização, assistência técnica, além de
possíveis falhas que possam compro- A Instrutherm atende clientes em calibração de instrumentos com certifi-
meter as instalações. O equipamento todo o Brasil, desde multinacionais até cado rastreável RBC/Inmetro.

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Notícias

IEL e CNPq lançam inscrições para


segunda chamada do Inova Talentos
Estão abertas até 13 de junho de com esses talentos, as empresas deve- Os estudantes que desejarem con-
2014 as inscrições para a segunda cha- rão propor projetos de inovação. As que correr às bolsas deverão apresentar
mada do Inova Talentos, uma iniciativa tiverem projetos aprovados, receberão soluções inovadoras para os projetos
do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e do profissionais financiados pelo CNPq propostos pelas empresas seleciona-
Conselho Nacional de Desenvolvimento que investirá R$ 10 milhões no paga- das. Os projetos serão avaliados por
Científico e Tecnológico (CNPq), que mento das bolsas. uma banca examinadora formada por
oferecerá, até 2015, bolsas para estu- O processo de recrutamento, sele- especialistas no tema. Os candidatos
dantes do último ano da graduação e ção, treinamento e acompanhamentos escolhidos receberão bolsas que vão
para recém-formados desenvolverem dos profissionais será realizado pelo de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil mensais pelo
inovações nas empresas. Para contar IEL e custeado pela empresa. período de um ano.

Prorrogação da Lei de Informática:


Estados apoiam Abinee
O presidente da Abinee, Humberto Nacional nas discussões da prorrogação sentido, ele se dispôs a tratar do assunto
Barbato, manteve audiência no dia 12 de da Zona Franca de Manaus. Durante com deputados federais e senadores
fevereiro, em Curitiba, com o governador a audiência, o governador Beto Richa da bancada paranaense, buscando
do Paraná, Beto Richa. Na oportunidade, mostrou-se preocupado com a questão, conquistar apoio à prorrogação da Lei.
Barbato tratou da renovação da Lei de visto que a Lei de Informática, segundo O presidente da Abinee estava acompa-
Informática que não está sendo devi- ele, é extremamente importante para as nhado do diretor da regional Abinee - PR,
damente considerada pelo Congresso indústrias instaladas no Paraná. Neste Álvaro Dias, e empresários do setor.

Câmera veicular da Genius


registra cotidiano
Cada vez mais comuns no exterior, veiculadas por televisões de todo o assim que o veículo entra em movimento.
as câmeras veiculares chegam ao mundo sobre meteoros caindo na A Genius também instalou sensor de
Brasil. A Genius traz para o mercado Rússia foram registradas a partir deste emergência, que protege as imagens em
nacional a filmadora DVR-FHD 590, tipo de equipamento. Além disso, as caso de acidentes ou qualquer tipo de
capaz de filmar e fotografar em alta câmeras também são bastante úteis impacto. Este recurso garante a proteção
definição tudo o que acontece ao redor para registrar acidentes. Nestes casos, e a segurança das imagens.
do automóvel, graças à lente de 128 as filmagens são utilizadas como provas Além disso, a câmera possui a tec-
graus de 5 megapixels. em caso de ações judiciais. nologia HDR (High Dynamic Range)
No exterior, as câmeras veicu- A DVR-FHD 590, da Genius, possui que regula automaticamente o brilho e a
lares registram praticamente tudo, uma tela de 2,4 polegadas. Ela conta com a nitidez, mesmo em locais com pouca
desde cenas do cotidiano, viagens, um compressor que torna os arquivos luminosidade ou de grande contraste
até situações inusitadas, como OVNIs mais leves, o que facilita o compartilha- (como túneis). A filmadora veicular da
(objetos voadores não identificados), mento e armazenamento. A filmadora Genius é equipada com dispositivo
por exemplo. Recentemente, imagens possui sensor que inicia gravações auxiliar de iluminação com LED.

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Notícias

Garmin lança câmera


de ação compacta
A Garmin acaba de lançar a VIRB, tes robustos para fixar a câmera em dados podem ser incorporados no
uma câmera de ação True Full HD guidão, capacetes, pranchas de surf, vídeo durante o processo de edição ou
(1080p). De esportes de ação a férias entre outras opções, proporcionando visualizados na tela da VIRB Elite.
em família, a VIRB possui uma caracte- firmeza para quaisquer ambientes de Para complementar a VIRB Elite, a
rística única: facilitar a captura de cenas alta vibração. Garmin lançou o VIRB app, um aplica-
da vida. Os modelos VIRB e VIRB Elite tivo móvel para visualização, reprodu-
são as mais recentes soluções para VIRB Elite ção e funcionalidade remota. Como um
o segmento outdoor da Garmin, que O modelo VIRB Elite incorpora controle remoto para a câmera VIRB
concentra tecnologia e inovação para todas as funcionalidades da VIRB, Elite, é possível utilizar o aplicativo
práticas de ciclismo, trilhas, corridas, porém, agrega novas características VIRB app em um smartphone para
esportes aquáticos ou qualquer ativi- como, GPS de alta sensibilidade, ace- tirar fotos e gravar vídeos. Na tela do
dade ao ar livre, independentemente lerômetro, Wi-Fi e altímetro. O Wi-Fi smartphone é possível ver uma prévia
do nível. permite que os usuários se conectem da imagem antes de iniciar a grava-
aos aplicativos móveis para iPhone e ção. Além disso, através do aplicativo
VIRB Android. Para complementar, a VIRB é possível ter acesso às informações
Os aficionados por vídeos podem Elite vem equipada com perfis de ati- exibidas no visor da VIRB como, por
registrar o que quiserem com a VIRB. vidade específicos, de modo que os exemplo, bateria, tempo de gravação,
O modelo captura fotos de alta quali- usuários possam rastrear a localização, resolução etc.
dade com a câmera de vídeo gravando; velocidade, altitude e frequência cardí-
possui caixa externa robusta a prova aca (monitor vendido separadamente).
d´água padrão IPX7 (pode resistir à Esses dados podem ser revistos direito
imersão acidental em um metro de água no dispositivo, ou podem ser incorpo-
por até 30 minutos), o que dispensa rados no vídeo durante o processo de
cases extras para enfrentar condições edição.
desafiadoras, como atividades de esqui
e passeios de caiaque, sem necessitar Benefícios
de proteção adicional ou ter receio de A VIRB permite que os clientes
danos. Possui também tela colorida atuais Garmin aproveitem o ecossis-
Chroma™ de 1.4 que facilita a configu- tema da marca. Além do acessório
ração e reprodução utilizando o mínimo remoto opcional (disponível no primeiro
de energia para a câmera poder gravar trimestre de 2014), o Edge® 810,
até três horas de True HD (1080p) com fénix™, quatix™, série Oregon® 600
uma única carga. e muitos outros dispositivos podem
Além disso, os recursos de aprimo- controlar a VIRB, permitindo que os
ramento de vídeo inclusos, como a esta- usuários iniciem e parem a gravação e
bilização digital de imagem e correção tirem fotos diretamente do dispositivo,
da distorção da lente garantem que as através da comunicação sem fio ANT+.
imagens gravadas com a VIRB estarão Também através de ANT+, os usuários
ótimas, mesmo antes de editá-las. O são capazes de controlar vários disposi-
modelo possui ainda conectividade tivos conectados a VIRB. Basta deslisar
ANT+™ para utilizar outros dispositivos o controle para a frente para gravar no
Garmin como controle remoto e trans- dispositivo mestre e todos os outros
ferência de dados com outros sensores dispositivos conectados à VIRB irão
fitness. gravar também.
Para quem é praticante de esportes A VIRB Elite é compatível com
aquáticos, a VIRB possui uma caixa outros sensores de conectividade
estanque opcional para mergulho até ANT+, tais como o monitor de frequ-
50 m de profundidade, bem como uma ência cardíaca, sensor de cadência e
grande variedade de outros supor- sensor de temperatura tempe™. Estes

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PC na Eletrônica

pcDuino:
Mini PC + Arduino em uma
única plataforma
J
Apresentaremos, neste á é fato que o Arduino conquistou representados pela RaspberryPi e mais
artigo, uma aplicação da seu lugar entre as mais populares recentemente pela Beagle Board, se
plataformas de desenvolvimento tornaram o foco das atenções e, como
nova placa pcDuino, da
rápido, levando consigo uma não poderia deixar de ser, começam a
LinkSprite. Lembramos legião de profissionais ávidos por surgir sistemas que unem todo o poder
ainda, das suas possibili- conhecimento. de processamento dos microproces-
dades de uso no ensino de Pode-se dizer que existem dois sadores ARM com a simplicidade do
programação em lingua- grupos distintos envolvidos com o desenvolvimento do Arduino, a exemplo
gem C, Python e Arduino, Arduino: um o dos estudantes, arquite- do pcDuino produzido pela LinkSprite.
tos, profissionais liberais, ou quaisquer Seguindo esta tendência, será utili-
além de sistemas de entre-
pessoas com conhecimentos básicos zada, neste artigo, uma placa pcDuino que
tenimento. de programação, que veem uma alter- foi concebida como um Mini PC mais um
nativa rápida e simples para solucionar Arduino ™ incorporado, caracterizando-se
Edriano Carlos de Araújo seus problemas do dia a dia. O outro como uma plataforma totalmente capaz
grupo está diretamente engajado no de rodar sistemas operacionais modernos
desenvolvimento e aprimoramento da como Linux e Android e que possui em seu
plataforma, trabalhando ativamente desenvolvimento de hardware headers e
para que novas funcionalidades sejam softwares compatíveis com Arduino ™. Ela
incorporadas ao projeto, assim como à pode, ainda, ser utilizada em casa como
performance em geral. um sistema de entretenimento, ou em
O resultado de tanta atividade neste escolas para ensinar C, Python, Arduino,
setor que engloba open hardware entre outras coisas.
e open software, fez com que uma Como sempre costumo dizer, a
grande variedade de produtos fossem imaginação do desenvolvedor é o limite.
desenvolvidos. Sistemas mais potentes Observe, então, a figura 1 e o box 1
baseados em microprocessadores ARM conjuntamente.

Box 1
Mini PC with Arduino™ type Interface
powered by ARM Pro Spec:
• CPU: 1GHz ARM Cortex A8
• GPU: OpenGL ES2.0, OpenVG 1.1 Mali
400 core
• DRAM: 1GB
• Onboard Storage: 2GB Flash, SD card
slot for up to 32GB
• Video Output: HDMI
• OS: Linux + Android
• Extension Interface: 2.54 mm Headers
compatible with Arduino (TM)
• Network interface: RJ45 and USB WiFi
Dongle
F1. pcDuino
v2.

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PC na Eletrônica

A figura 2 mostra uma visão geral


da disposição dos componentes e
conectores. Através dela pode-se loca-
lizar o módulo WIFI, conector USB,
Ethernet, HDMI e Headers Arduino.
Por se tratar de um mini PC, em
nosso caso, rodando Linux, alguns itens
são praticamente essenciais para o uso
adequado do sistema.
Tais itens são:
• Fonte de alimentação (5V, 2 A)
com saída micro USB.
• Um monitor com entrada HDMI
ou DVI.
• Cabo HDMI ou DVI.
• Teclado e mouse USB. F2. Visão geral
da placa.
• HUB USB para conexão do
teclado e do mouse, devido ao
fato de existir apenas uma porta
USB nesta versão da placa.
A placa suporta a conexão de qual-
quer shield Arduino e, como veremos,
todo o código já produzido para o
Arduino é totalmente compatível.
A instalação- padrão de fábrica é o
Ubuntu, localizado na Nand Flash, que
pode ser atualizado ou substituído a
qualquer momento.

! Neste artigo não abordaremos a


atualização ou troca de imagem
do sistema operacional.

Mãos a obra!
Neste artigo será demonstrado como
é fácil reaproveitar todo o código já
desenvolvido para o Arduino e se apro-
veitar toda a performance disponibilizada F3. Esquema da
placa montada.
pelo processador A8 presente na placa.
Para comprovar, será utilizado todo
o código desenvolvido para o artigo
“Interface gráfica para comunicação
entre Kit Arduino e PC”, publicado na
edição nº 474, da Revista Saber Ele-
trônica.
Naquele artigo, o principal objetivo
era desenvolver uma interface gráfica
que se comunicaria com um hardware
Arduino que informaria através de LEDs
o status de quatro chaves e, ao mesmo
tempo, se comunicaria com um PC
através de uma porta serial informando
o estado dos botões.
Todo o código será aproveitado e
para demonstrar a versatilidade do sis- F4. placa padrão montada e
conectada ao pcDuino.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 11


PC na Eletrônica

tema, a comunicação também será feita


através da rede, possibilitando, desta
forma, o monitoramento do dispositivo
a distância.
No momento em que este artigo
estava sendo escrito, não dispunhamos
de nenhum shield Arduino. Portanto,
montamos nossa própria placa de LEDs
e chaves em placa- padrão.
Acompanhe nas figuras 3 e 4.

Ligando o pcDuino
Deve-se conectar inicialmente todos
os cabos HDMI, USB e Alimentação, e
ligar a placa. Veja a figura 5.
O Ubuntu instalado por padrão na
NAND FLASH será iniciado e correndo
tudo bem, o resultado será aquele visto
na figura 4.
Observe que a rede sem fio foi
F5. pcDuino montado e rodando Ubuntu. No monitor à direita, identificada e configurada corretamente.
teclado e mouse conectados através de um HUB USB.
Atente, agora, para a figura 6.

Rodando o programa
Após todo o sistema montado e
rodando, o próximo passo será executar
o programa desenvolvido anteriormente
sem nenhuma modificação no pcDuino,
como se pode confirmar na figura 7.
A imagem do Ubuntu instalada
por padrão já vem com o Sketch do
Arduino instalado, bastando apenas
iniciá-lo, compilar e gravar o firmware,
que tudo já estará funcionando sem a
necessidade de nenhuma mudança no
código já escrito.
Após executada a IDE Arduino, o
F6. Ubuntu rodando sketch do artigo anterior “Interface grá-
no pcDuino V2.
fica para comunicação entre Kit Arduino
e PC”, foi aberto, compilado e executado,
resultando na figura 8.
Curiosidade: Uma das grandes
dificuldades ao utilizarmos o Arduino
está no fato de que não existe debug
nativo na plataforma. Para visualizar o
que se passa no firmware projetado e
possíveis problemas sejam detectados,
o uso de uma serial se faz necessário.
O fato é que nem sempre uma serial
está disponível para debug.
Quando usamos o Arduino imple-
mentado no pcDuino, um terminal se
abre, e utilizando-se do printf podemos
imprimir diretamente nele mensagens
de debug, facilitando assim a vida do
F7. Foto do monitor onde a placa projetista.
pcDuino está conectada.

12 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


PC na Eletrônica

Modificando o programa Em primeiro lugar, modificar a Neste ponto, configuramos o socket


Para deixar o firmware mais inte- rotina setup() para que ela fique desta e a placa estará pronta para enviar e
ressante e podermos utilizar as carac- maneira. receber informações.

!
terísticas da placa, será implementada
a parte de conexão do socket. Todo Tenha em mente que a programa-
o restante será mantido, incluindo o void setup()
ção de sockets demanda um certo
{
protocolo. conhecimento e que seu total apren-
// initialize serial communication at 9600 bits per
dizado pode demorar um pouco.
second:
Protocolo de comunicação Assim sendo, aqui apenas descre-
Serial.begin(9600);
vemos os passos básicos, cabendo
Toda comunicação entre dois equi- // make the pushbutton’s pin an input:
ao leitor aprimorar e modificar o fir-
pamentos deve ser baseada em regras //pinMode(_2_buttonPin, INPUT_PULLUP);
mware conforme a sua necessidade.
pinMode(led1, OUTPUT);
claras e bem definidas, para que não
pinMode(led2, OUTPUT);
haja erro na codificação ou decodifica- pinMode(led3, OUTPUT);
ção dos comandos. Desta forma, para pinMode(led4, OUTPUT); Depois, criar uma rotina para trata-
que a placa Arduino possa se comuni- pinMode(chave1, INPUT_PULLUP); mento dos dados recebidos pelo socket.
car com o PC, um protocolo deve ser pinMode(chave2, INPUT_PULLUP); Note que as rotinas de tratamento da
pinMode(chave3, INPUT_PULLUP);
especificado. serial escrita para o artigo anterior e a
pinMode(chave4, INPUT_PULLUP);
Neste caso, será utilizado um pro- do socket são praticamente idênticas e
tocolo simples e de fácil entendi- listenfd = socket(AF_INET, SOCK_STREAM, 0); podem funcionar em paralelo. Observe
mento composto por: STX - Dados ou memset(&serv_addr, ‘0’, sizeof(serv_addr)); o box 2.
“Payload” em ASCII - ETX memset(sendBuff, ‘0’, sizeof(sendBuff)); O programa já pode ser compilado
O funcionamento básico se dá de tal e executado.
serv_addr.sin_family = AF_INET;
maneira que, ao se enviar um comando, serv_addr.sin_addr.s_addr = htonl(INADDR_ANY); É possível visualizar o resultado
as partes saibam exatamente onde o serv_addr.sin_port = htons(5000); através das figuras 9 e 10. Neste
pacote enviado começa e termina: STX: // atribui um endereço ao socket momento, o pcDuino está conectado
“start of text” caracter 0x02. bind(listenfd, (struct sockaddr*)&serv_addr, ao software desenvolvido em Visual
sizeof(serv_addr));
Payload: Compõem um pacote Studio através do socket, podendo estar
//aguarda um cliente se conectar
enviado, neste pacote estarão presen- listen(listenfd, 10); em outra sala ou até mesmo em outra
tes o comando e os dados. ETX: “End //aceita a conexão. cidade, desde que saibamos qual o
of text” caracter 0x03. connfd = accept(listenfd, (struct sockaddr*)NULL, endereço IP da placa naquele determi-
O comando para envio do estado NULL); nado momento.

!
}
das chaves, quando uma chave é pres-
sionada, se encontra na tabela 1. Também foram feitas modificações
no aplicativo do Visual Studio que
serão devidamente explicadas em
outra oportunidade, pois necessi-
tam de um melhor entendimento
do assunto. E mais tempo para
serem explicadas.

Para enviar para o PC as informa-


ções, utilizaremos as mesmas rotinas
previamente escritas acrescentando
apenas a transmissão do dados via
socket.

0x02 STX
Tecla pressionada Comando em ascii
1 1
0 Estado chave 1
0 Estado chave 2
0 Estado chave 3
0 Estado chave 4

F8. Firmware do artigo anterior 0x03 ETX


rodando no pcDuino. T1. Tecla pressionada.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 13


PC na Eletrônica

//Formata a string com o comando tecla pressio-


nada para futuro envio para o PC
char EnviaBuff[1025] = “\002 Tecla pressionada1
\003”;
if (estado_anterior != buttonState)
{
Liga_leds(buttonState);
Serial.print(“\002 Tecla pressionada”);
Serial.print(buttonState,BIN);
Serial.print(“\003”);
estado_anterior = buttonState;
if ((ButtonState & 1) == 1) EnviaBuffer[22] = ‘1’;
else EnviaBuff[22] = ‘0’;
if ((ButtonState & 1) == 1) EnviaBuffer[21] = ‘1’;
1else EnviaBuff[21] = ‘0’;
if ((ButtonState & 1) == 1) EnviaBuffer[20] = ‘1’;
else EnviaBuff[20] = ‘0’;
if ((ButtonState & 1) == 1) EnviaBuffer[19] = ‘1’;
else EnviaBuff[19] = ‘0’;
//Envia dados via socket para o aplicativo c#
F9. Chave virtual write(connfd,EnviaBuff,strlen(EnviaBuff));
pressionada. }

Box 2 Rotinas do visual studio


void Testa_Socket(void) As rotinas a seguir, dadas no box 3,
void Testa_serial(void)
{ foram acrescentadas no Visual Studio
{
int contador; if (Serial.available() > 0) e servem de base para que os leitores
n = readconnfd,sendBuff,strlen(sendBuff); possam modificar seu próprio código.
{
contador= 0; // read the incoming byte: Estas rotinas serão melhor explicadas
if (n > 0) incomingByte = Serial.read(); em oportunidades futuras.
{ switch (incomingByte)
while(contador != n) Inicializa thread de recepção do
{
{ socket no momento em que o form é
// read the incoming byte: criado. Esta rotina pode ser inserida
case 2:
switch (sendBuff[contador]) contador_bytes = 0; em outras localidade, cabendo ao leitor
{ break; definir o melhor para o seu projeto.
case 2:
contador_bytes = 0; case 3:
break; private void Form1_Load(object sender, EventArgs e)
dado_valido = 1;
case 3: {
Serial.print("\002 Recebi : ");
dado_valido = 1; this.comboBox1.Items.Clear();
Serial.print(contador_bytes, DEC);
Serial.print(“\002 Recebi : “); string[] thePortNames = System.IO.Ports.SerialPort.
Serial.print("\003");
Serial.print(contador_bytes, DEC); GetPortNames();
if (recepcao[7] == '1') digitalWrite(led1,1);
Serial.print(“\003”); foreach (string item in thePortNames)
else digitalWrite(led1,0);
if (recepcao[7] == ‘1’) digitalWrite(led1,1); {
if (recepcao[8] == '1') digitalWrite(led2,1);
else digitalWrite(led1,0); this.comboBox1.Items.Add(item);
else digitalWrite(led2,0);
if (recepcao[8] == ‘1’) digitalWrite(led2,1); }
if (recepcao[9] == '1') digitalWrite(led3,1);
else digitalWrite(led2,0); connect();
else digitalWrite(led3,0);
if (recepcao[9] == ‘1’) digitalWrite(led3,1); thinteraction = new Thread(new
if (recepcao[10] == '1') digitalWrite(led4,1);
else digitalWrite(led3,0); ThreadStart(interaction));
else digitalWrite(led4,0);
if (recepcao[10] == ‘1’) digitalWrite(led4,1); thinteraction.IsBackground = true;
contador_bytes = 0;
else digitalWrite(led4,0); thinteraction.Priority = ThreadPriority.Highest;
break;
contador_bytes = 0; thinteraction.Name = “thInteraction”;
break; thinteraction.Start();
default: recepcao[contador_bytes] = incomingByte;
default: ++ contador_bytes;
recepcao[contador_bytes] = sendBuff[contador]; }
break;
++ contador_bytes;
recepcao[conta_bytes] = 0;
}
break; } Rotinas referentes as chaves virtu-
} } ais. Representamos as modificações
++ contador;
} feitas em uma chave; para as demais o
} mesmo código deve ser utilizado, bas-
} tando acrescentá-la a seus respectivos
botões no Visual Studio.

14 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


PC na Eletrônica

Box 3
private void button6_MouseDown(object sender,
MouseEventArgs e) private void connect() }
{ { delegate void delGetMsg(string mensagem);
//”chaves 1111”; tcpclient = new TcpClient(); private void getMsg(string mensagem)
button2.BackColor = Color.ForestGreen; setMsg(“## Estabelecendo conexão...”); {
chaves = chaves.Remove(10, 1).Insert(10, “1”); //endereço da placa na rede e a porta configurada if (this.InvokeRequired)
serialPort1.Write(Convert.ToChar(2) + chaves + no pcDuino {
Convert.ToChar(3)); tcpclient.Connect(“192.168.25.21”,5000); this.BeginInvoke(new delGetMsg(getMsg),
string mensagem = Convert.ToChar(2) + chaves + } mensagem);
Convert.ToChar(3); private void disconnect() }
if (networkstream.CanWrite) { else
{ //Desconecta socket {
string mensagem = Convert.ToChar(2) + chaves + if (thinteraction != null) textBox1.Text = (“EU: “ + mensagem + “\n”);
Convert.ToChar(3); { }
//Envia estado da chave virtual através if (thinteraction.ThreadState == ThreadState. }
do socket. Running) thinteraction.Abort(); private void interaction()
enviarMsg(mensagem); } {
setMsg(mensagem); tcpclient.Close(); try
} } {
else do
{ private void enviarMsg(string mensagem) {
setMsg(“## não foi possivel eenviarMsg”); { //Recebe os dados enviados pelo pcDuino.
disconnect(); //Envia mensagem através do socket networkstream = tcpclient.GetStream();
} if (networkstream.CanWrite) if (networkstream.CanRead)
} { {
byte[] sendBytes = Encoding.ASCII. byte[] bytes = new byte[tcpclient.ReceiveBuffer-
private void button6_MouseUp(object sender, GetBytes(mensagem); Size];
MouseEventArgs e) networkstream.Write(sendBytes, 0, sendBytes. networkstream.Read(bytes, 0, Convert.
{ Length); ToInt32(tcpclient.ReceiveBufferSize));
button2.BackColor = Color.LightGreen; string returnData = UTF8Encoding.ASCII.
//s= s.Remove(3, 2).Insert(3, “ZX”); } GetString(bytes);
chaves = chaves.Remove(10, 1).Insert(10, “0”); } getMsg(returnData);
serialPort1.Write(Convert.ToChar(2) + chaves + delegate void delSetMsg(string mensagem); }
Convert.ToChar(3)); private void setMsg(string mensagem) else
string mensagem = Convert.ToChar(2) + chaves + { {
Convert.ToChar(3); if (this.InvokeRequired) setMsg(“## não é possivel ler dados”);
if (networkstream.CanWrite) { }
this.BeginInvoke(new // disconnect();
{ delSetMsg(setMsg),mensagem); } while (tcpclient.Connected);
string mensagem = Convert.ToChar(2) + chaves + } disconnect();
Convert.ToChar(3); else }
//Envia estado da chave virtual através do socket. { catch { }
enviarMsg(mensagem); textBox1.Text = (“EU: “ + mensagem + “\n”); }
setMsg(mensagem); }
}
else
{
setMsg(“## não foi possivel eenviarMsg”);
disconnect();
}
}

Conclusão
Estas novas plataformas baseadas
em microprocessadores são uma reali-
dade e estarão cada vez mais presentes
em nosso cotidiano. Elas representam F10. Respectivo
LED aceso.
uma grande ajuda para os profissionais
que necessitam de uma solução para
rápido desenvolvimento e custo aceitável. Arduino, de maneira simples e rápida, fração do seu poder de processamento
A possibilidade de se aproveitar é um dos fatores positivos desta placa neste artigo. E, com certeza, ainda há
todo o desenvolvimento já feito para o testada, da qual utilizamos apenas uma muito mais para ser explorado. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 15


Componentes

Como recuperar o
Magnetron
Como sabemos, a válvula Defeitos em um magnetron Casquete queimado
magnetron, ou simples- A maioria dos defeitos que nor- O casquete, ou antena, por onde
malmente ocorrem em um magnetron é direcionado o feixe de micro-ondas,
mente magnetron, é uma podem ser sanados. fica localizado na parte superior do
das peças mais caras em Logicamente, isso não se aplica magnetron, como podemos observar
um forno de micro-ondas. aos casos em que este componente na figura 1.
Além disso, trata-se de um apresente baixa emissão, mas sim aos Quando o óleo – liberado por fritura
componente importado, seguintes defeitos: – penetra pelo duto e atinge o casquete,
sendo difícil adquiri-lo no • Casquete queimado; passa a ser condutor (nas condições
• Filamento em curto; de alta temperatura).Ocorrendo isso,
mercado, tornando justifi- • Baquelite de isolação queimado; é iniciado um escape de alta tensão
cável e atraente a tentativa • Anéis de ferrite quebrados. entre o casquete e as paredes do
de recuperá-lo. Basicamente, o conserto se resume duto, sendo que, se este vazamento
na substituição da parte danificada no não for eliminado a tempo, o casquete
magnetron. poderá fundir-se e obstruir o orifício que
Francisco Bezerra Filho É importante que o técnico não direciona o feixe. O resultado é o feixe
jogue fora os magnetrons que não foi irradiado em todas direções para dentro
possível consertar, pois os componen- do duto e perfurando as paredes.
tes deles poderão ser úteis no reparo Para substituir o casquete devemos
de outros magnetrons. proceder da seguinte forma:
Apresentamos, a seguir, o procedi- Soltar os quatro parafusos que
mento para conserto nos vários casos fixam o magnetron, retirando-o para
em que isto é possível. fora da cavidade. Feito isso, devemos

F1. Magnetron com


todos acessórios.

16 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Componentes

apoiar o magnetron sobre a bancada uma boa limpeza, utilizando um pano a) uma resistência acima de 10
com muito cuidado, caso contrário, umedecido em uma solução com água MΩ indica uma isolação normal, logo
ele poderá ser irremediavelmente e detergente concentrado. Esta lim- o defeito está em outro local do forno;
danificado. Com um canivete bem peza deve ser feita nos dois lados do b) uma resistência abaixo de 10
afiado, pressionamos entre o casquete duto e nos lugares que estiverem com MΩ indica algum curto no filamento
e o corpo de porcelana (ponto X na resíduos de óleo. ou no soquete, neste caso, devemos
figura 2), circundando em toda sua Finalmente, recolocamos o magne- proceder conforme descrito a seguir:
volta, lenta e cuidadosamente, até o tron em sua cavidade e apertamos os Retirar a tampa ou blindagem infe-
casquete ceder. quatro parafusos de fixação. Antes de rior (utilizando uma chave de fenda
Nessa operação, devemos utilizar acionarmos o forno, devemos colocar ou canivete), cortar os choques de
mais a técnica do que a força, pois, dentro deste meio copo d’água com o RF bem próximo dos terminais do
qualquer esforço mais brusco pode objetivo de absorver o feixe. filamento (ponto X figura 3).
partir o fio da antena ou deslocar o Em seguida, devemos medir nova-
anel interno, inutilizando o magnetron. Filamento em curto mente a isolação entre filamento e
Quando o casquete ceder um pouco, Quando os terminais do filamento carcaça, caso não mais apresente o
com uma chave de fenda (fenda fina), apresentam curto com a carcaça, curto, o problema reside no soquete
devemos forçar em toda a sua volta até na maioria das vezes, o curto está que deverá ser substituído.
o casquete ceder totalmente (sempre no soquete e não propriamente no
apoiando e com muito cuidado). filamento. Para substituir o soquete
Como passo seguinte, deveremos Nos casos em que o curto estiver Com uma lima pequena e de face
colocar o casquete de reposição no soquete, na verdade, entre o anel plana, limamos a cabeça dos ilhós
(obtido em outro magnetron da mesma de latão de fixação do magnetron e a que fixam o anel (pelo lado de dentro)
marca e modelo). Para fixar melhor o carcaça, podemos eliminar o defeito até removê-los por completo. Depois,
casquete, iremos colocá-lo sobre um simplesmente trocando-o. com a ponta de uma chave de fenda
pedaço de madeira (preferivelmente Tal defeito pode ser facilmente pequena entre a carcaça e o anel de
aglomerado, pelo fato de ser macio) percebido, pois, ao acionarmos o cozi- fixação, forçamos este último para fora
e bater com um pequeno martelo mento, ocorre um forte ronco no trans- até soltá-lo totalmente e substituímos o
sobre a madeira, até o casquete ficar formador e o alimento não aquece. soquete (obtido em outra magnetron).
firmemente encaixado na posição do Observação: Se o soquete de
anterior. Para identificar a reposição for diferente do soquete
Importante: Nunca bater com o origem do curto retirado, provavelmente os furos não
martelo diretamente sobre o casquete, Devemos desligar os fios que coincidirão. Neste caso, deveremos
para não correr o risco de danificá-lo. alimentam o filamento e medir ohmi- fazer dois furos na base do soquete e
Antes de recolocarmos o magne- camente sua isolação em relação à fixar com parafusos e porcas (utilizar
tron na cavidade, devemos efetuar carcaça: brocas de 3 mm).

F2. Vista do ponto de pressão F3. Espaço preenchido pela massa acrílica (visto
para remover o casquete. através de um corte lateral do magnetron).

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 17


Componentes

Prosseguindo com o conser to, Simplesmente


ressoldamos os fios do filamento aos deixar sem anel
fios dos choques de RF nos pontos X, No caso de não dispormos de um
como foi mostrado na figura 3 (estas anel para reposição, poderemos reti-
soldagens devem ser devidamente rar o anel danificado e limpar muito
estanhadas e cuidadosamente feitas). bem a cavidade em volta do filamento
Finalizando o conserto, recoloca- (utilizando um pincel ou jato de ar),
mos a blindagem na parte de baixo deixando o magnetron sem anel.
do magnetron e batemos com um
pequeno martelo até selarmos toda a Usar massa acrílica isolante
sua volta. Neste processo é utilizada massa
acrílica, a mesma usada por dentistas
Queima da baquelite para restauração de dentes (prótese
de isolação dentária) – esse produto é encontrado em
Em volta do filamento existe um casas que vendem materiais para dentis-
anel de material isolante do tipo plás- tas. A massa acrílica é vendida em duas
tico rígido, ou em alguns casos, de embalagens: em pó ou líquido diluente. F4. Vista da parte inferior do
magnetron (sem tampa).
baquelite, com a função de isolar esses Antes de prepararmos o material,
terminais em relação à carcaça. devemos limpar bem a região em volta
A perda de isolação neste ponto do filamento. Em seguida, vedamos os os parafusos laterais que fixam a
ocorre por dois motivos: envelheci- furos da base utilizando fita crepe ou tampa superior, removemos a tampa
mento do material e/ou excesso de durex (para que a massa não vaze). e substituímos o anel. O anel para
umidade absorvida por ele. Para preparar a massa, devemos reposição deve ser obtido em outra
Nos dois casos ocorre a queima, preencher meio copo com o pó e adi- magnetron.
abrindo furos em suas paredes e cionar o líquido lentamente enquanto Observação: caso os parafusos
provocando escape de alta tensão. mexemos a mistura, até obtermos estejam com a fenda espanada ou
Quando isso acontece, podemos uma massa pastosa o suficiente para amassada, podemos fazer uma nova
observar uma faísca de fogo dentro escorrer pela beirada do copo. fenda com uma serra e martelar a
da blindagem inferior além do cheiro Com o magnetron sobre a ban- cabeça destes até cederem o sufi-
característico. cada e apoiado sobre duas madeiras, ciente para serem desparafusados.
Se o escape não for eliminado despejamos a mistura preenchendo
logo de início, poderá danificar os todo o espaço em volta do filamento, Substituição do anel inferior
componentes de alta tensão, como: cobrindo aproximadamente 1 cm de Se o anel danificado for o inferior,
diodo retificador, capacitor dobrador e altura em volta da base do magnetron o procedimento é mais trabalhoso:
transformador. (como podemos observar na figura para ter acesso ao anel, deveremos
Para eliminar o defeito, existem pelo 4) e aguardamos vinte minutos para a retirar a tampa inferior, cortar os fios
menos três procedimentos: massa solidificar-se. do filamento e retirar o magnetron pela
parte superior.
Substituição do anel de Anéis de ferrite quebrados Depois, devemos substituir o anel,
baquelite Quando algum dos anéis de ferrite recolocar o magnetron, soldar os fios
Inicialmente, devemos cortar os que circundam a válvula estiverem do filamento e, por último, recolocar
fios dos choques de RF nos pontos X quebrados, o magnetron não oscilará a tampa.
(figura 3). e, consequentemente, não emitirá
Com um alicate de bico, remove- micro-ondas (os anéis são de ímã Conclusão
mos o anel de baquelite para fora (na permanente, sendo responsáveis pela As técnicas de conserto aqui apre-
maioria das vezes é mais fácil quebrá- inversão do campo eletromagnético sentadas têm por objetivo transmitir a
-lo e retirar em pedaços), limpamos que provoca a oscilação). todos profissionais reparadores que
bem a cavidade de onde foi retirado e Existem três motivos que podem desejam aperfeiçoar-se em fornos de
colocamos o anel de reposição. provocar a quebra: excesso de calor, micro-ondas, os procedimentos para
Observação: o anel de reposição pressão mecânica no momento da que possam recuperar um compo-
pode ser retirado de outro magnetron montagem do magnetron, ou alguma nente caro e, muitas vezes, difícil de
ou adquirido em lojas especializadas queda do componente. ser adquirido.
em vendas de peças para fornos de Para finalizar, lembramos ao leitor o
micro-ondas. O último passo é soldar- Substituição do anel superior quanto é importante não jogar fora um
mos os fios do filamento, colocarmos A substituição do anel superior magnetron danificado, pois poderá vir
a blindagem e fechá-la. é relativamente simples: soltamos a ser útil em futuros reparos. T

18 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Soluções

Testando e Identificando Motores de Passo com


Microcontroladores PIC
P
Apresentação de um Sis- ara os aficionados e hobistas da precisos, recorre-se ainda aos motores
tema para Teste e Identifi- área, a montagem de simples de passo que, diferentemente dos moto-
circuitos eletrônicos é, por si só, res de corrente contínua, são acionados
cação de motores de passo uma experiência empolgante através de pulsos e giram em intervalos
com a utilização do micro- e divertida. Quando esses circuitos de ângulos que podem variar de 0,9°,
controlador PIC16F84A executam algum tipo de movimento, o 1,8°, 7,5° até 45°.
desafio da montagem se torna ainda Utilizar motores de passo em pro-
mais prazeroso e emocionante. A forma jetos e montagens, no que se refere à
mais comum de prover movimento a interface eletrônica, é uma tarefa rela-
Defferson Martins das Neves um determinado dispositivo é através tivamente simples, existe uma ampla
deffersonr@yahoo.com.br da utilização de motores, e no caso literatura sobre o assunto e as revistas
da eletrônica, mais especificamente da Editora Saber (Eletrônica Total, Saber
os motores de corrente contínua, com Eletrônica, Mecatrônica Atual e Mecatrô-
tensões que variam de 3 a 12 volts, tipi- nica Fácil) já publicaram diversos artigos
camente. Para o caso de movimentos que satisfazem esse objetivo.

F1. Diagrama de ligação das bobinas


de um motor de passo unipolar.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 19


Soluções

Motores de passo, como a maioria um comportamento desordenado. Aqui anotando-se aquela sequência que fará
de nossos leitores sabe, diferem dos começa a motivação para este artigo. com que o motor gire sempre no mesmo
motores de corrente contínua pelo Não é raro encontrar (nos artigos sentido.
fato de possuírem 4, 5, 6 ou 8 fios, ao de montagens que utilizam motores de O circuito proposto, ilustrado na
invés de apenas 2. Os motores com 4 passo ou em livros que abordem este figura 2, realizará a mesma tarefa
fios são os bipolares, os com 8 fios os assunto) a indicação de como descobrir de forma automatizada. O programa
universais (que não serão abordados qual a sequência correta para aplicação gravado no microcontrolador PIC
neste artigo), e os com 5 e 6 fios são dos pulsos de tensão para que o motor faz com que o mesmo gere todas as
unipolares. Na figura 1 são mostrados gire em um ou em outro sentido (já que sequências possíveis, inclusive aquela
diagramas de motores unipolares de 5 os diversos fabricantes utilizam cores para que o motor de passo funcione
e 6 fios (a diferença entre o de 5 e o de de fios diferentes ligados às bobinas). corretamente. Os pulsos são aplicados
6 fios é que os dois fios comuns são O mais comum é propor a realização de ao CI ULN2004, um driver darlington,
ligados internamente, ficando acessível um teste com uma fonte que forneça a que acionará as bobinas do motor de
ao usuário apenas um fio comum). tensão nominal do motor ou próxima a passo. O fio comum do motor deve
Os motores de passo unipolares esta. Conecta-se o fio(s) comum(s) em ser ligado ao VCC da fonte. Ao ligar o
podem ser acionados de formas dife- um dos polos da fonte e com o outro circuito, o operador deve observar o
rentes, dependendo da precisão e do polo aplicam-se pulsos nos fios de fase, motor: quando girar de forma correta
torque desejado no movimento. A forma
de acionamento mais simples para que Seq. 1 Seq. 2 Seq. 3 Seq. 4 Seq. 5 Seq. 6
esses motores funcionem corretamente 1000 (Fio 1) 1000 (Fio 1) 1000 (Fio 1) 1000 1000 1000
é fazendo com que pulsos com a tensão 0100 (Fio 2) 0100 (Fio 2) 0010 (Fio 3) 0010 0001 0001
nominal dos mesmos sejam aplicados 0010 (Fio 3) 0001 (Fio 4) 0100 (Fio 2) 0001 0100 0010
em suas bobinas em uma sequência 0001 (Fio 4) 0010 (Fio 3) 0001 (Fio 4) 0100 0010 0100
T1. Sequências geradas pelo programa.
certa, caso contrário eles apresentarão

F2. Esquema do Testador e identificador


de motores de passo.

20 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Soluções

F3. Circuito de teste e identificação


de motores de passo.

deve-se acionar o botão-trava que fará Verifique que as sequências (1 e 6), presume-se que os leitores que se
com que o microcontrolador mantenha (2 e 4) e (3 e 5) são inversas, ou seja, proponham a desenvolver tais tarefas
a sequência atual, possibilitando ao quando o motor girar em um sentido com tenham conhecimento suficiente em
operador confirmar o funcionamento as sequências 1, 2 ou 3, ele irá girar em gravação e funcionamento dos PICs,
correto, anotar o número da sequência sentido oposto com as sequências 6, 4 porém, para os que ainda não chegaram
e depois identificá-la na tabela 1. Ao e 5 respectivamente. lá, as revistas da Editora Saber já publi-
liberar o botão, as sequências voltam a O significado das informações da caram diversos artigos que satisfazem
ser geradas em todas as possibilidades. tabela é que não importa a forma como esse objetivo.” T
Observe que além de identificar você ligue o motor ao circuito de teste,
a sequência correta de acionamento quando for identificada a sequência em Bibliografia
do motor de passo, o circuito também que o motor gira corretamente, basta SCHERZ P. Practical Electronics for Inventors.
testa se ele está ou não funcionando, verificar qual a sequência de ligação First Edition. New York: McGraw-Hill, 2000.
o que pode ser determinado caso em dos fios. McCOMB, G., PREDKO, M. The Robot
nenhuma das possíveis sequências o Na figura 3 temos uma foto do cir- Builder’s Bonanza. Third Edition. New
motor gire corretamente. cuito montado em uma plataforma de York: McGraw-Hill, 2006.
O circuito também é dotado de 4 testes para microcontroladores PIC. SOUZA, D. J. Desbravando o PIC. 4ª ed.
LEDs, que são utilizados para mostrar Pode-se realizar o download do São Paulo: Érica , 2000.
qual das sequências é a que faz o código-fonte do programa no portal da MARTINS, N. A. Sistemas Microcontro-
motor girar corretamente. São geradas revista Saber Eletrônica. lados – uma abordagem com o micro-
6 sequências e a indicação é feita de “É necessário destacar que o tra- controlador PIC 16f84. 1ª ed. São Paulo:
forma binária, devido à limitação de balho proposto fará uso de microcon- Érica, 2005.
portas do microcontrolador utilizado. troladores e sua programação, não nos BRAGA, N. C. Eletrônica Básica para a
Após identificar qual das sequência é a atemos às técnicas de programação, Mecatrônica. 1ª ed. São Paulo: Saber, 2005.
correta, basta relacioná-la na tabela 1. gravação ou ao funcionamento deles,

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 21


Soluções

Aplicação do diodo Peltier no


Processo de Refrigeração
Substituição dos atuais compressores de
refrigeração por módulos eletrônicos usando
diodos Peltier. Francisco Bezerra Filho

A
s adegas climatizadas, muito pareça um paradoxo, nos referimos Como o próprio nome sugere, a
em voga atualmente, assim sempre a calor, e não a frio, assim como função dos compressores é de comprimir
como os “ar condicionados” ao ganho, perda ou transferência dele. os gases refrigerantes. O ponto fraco é
de baixo volume, também que eles usam muitas partes mecânicas
os bebedouros de água, no seu pro- Problemas no funcionamento móveis que, ao longo do uso, apresentam
cesso de refrigeração, não usam mais dos compressores desgastes causando muito barulho, além
compressores, mas sim componentes Para entendermos melhor o funcio- do perigo dos gases escaparem para o
eletrônicos de estado sólido como, por namento dos compressores, podemos meio ambiente sendo necessário repô-
exemplo, o diodo Peltier. lançar mão do seguinte exemplo: se -los de tempo em tempo, processo este
Esse tipo de diodo apresenta a usarmos uma bomba de encher pneu conhecido como “carga de gás”.
seguinte propriedade: quando a tem- de bicicleta e sugarmos alguns tipos de Outro transtorno também acontece
peratura do anodo aumenta devido à gases e, em seguida, tamparmos o bico quando temos que substituir o compres-
circulação de uma corrente, a do catodo e com o êmbolo pressionarmos o gás, sor, problema de geladeira que todas as
diminui na mesma proporção. iremos observar após um certo tempo donas de casa conhecem.
Os fabricantes de vinhos, visando que no espaço entre o êmbolo e o bico, Em função das dificuldades vistas,
manter a qualidade do produto inalte- onde o gás está confinado, irão apare- os compressores atuais já estão sendo
rada, sugerem que eles sejam arma- cer na parte externa diversas gotículas substituídos por módulos de Peltier,
zenados e degustados a uma deter- de água condensada, vide figura 1. conforme mostrado na figura 2. A
minada temperatura, sendo que esta Com isso, podemos demonstrar que grande vantagem desses módulos com
está fixada no rótulo da própria garrafa, alguns tipos de gases, quando sub- relação aos compressores é que eles
podendo variar de 13 a 18°C. A tempe- metidos a uma determinada pressão, são muito mais eficientes no processo
ratura sugerida vai depender do tipo de perdem calor. É baseado neste prin- de refrigeração, além de não terem
uva usada na fabricação e da região cípio que funcionam os compressores peças móveis, apresentando baixa
onde ela foi produzida. usados nos sistemas de refrigeração, incidência de defeitos e com ausência
Só lembro que quando estudamos como, por exemplo, nas geladeiras, total de ruídos (tão comum nos com-
o processo de refrigeração, embora freezers, entre outros. pressores).

F1. Bomba de encher pneu, F2. Diversos diodos Peltier ligados em série e
comprimindo ar. paralelos, formando o módulo Peltier.

22 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


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Formação do diodo Peltier


De todos os elementos químicos
pesquisados até hoje, três deles apre-
sentaram ótima eficiência térmica, isto
é, maior rendimento na conversão “Cor-
rente x Liberação de Calor”. São eles: o
Antimônio (Sb) com Z = 51; o Telúrio
(Te) com Z = 52 e o Bismuto (Bi) com Z
= 83. Todos eles são classificados como
semicondutores.
A liga composta de telúrio com o
antimônio, quando combinada por asso-
ciação covalente, libera cargas negati-
vas do tipo N, formando o catodo do
diodo. Por sua vez, a liga composta do
telúrio com bismuto quando combinada
por associação dativa, libera cargas F3. Diodo Peltier, a placa 1 perde
calor e a placa 2 ganha calor.
positivas do tipo P, formando o anodo
do diodo. Como podemos observar, o
diodo Peltier é formado por duas ligas:
Telureto de Antimônio (Te + Sb) e por
Telureto de Bismuto (Te + Bi).

Funcionamento
do diodo Peltier
O funcionamento do diodo Peltier
está baseado no seguinte princípio:
quando circula uma corrente através da
junção catodo-anodo do citado diodo,
ocorre uma liberação de calor na junção,
havendo transferência dele do catodo
para o anodo, conforme indicam as
flechas pontilhadas vistas na figura 3.
Se forem colocadas duas placas de
acetato, material esse bom condutor
de calor mas péssimo condutor de
corrente, sendo uma na junção (placa
1) e outra no outro extremo (placa 2),
a placa 1 irá perder calor, esfriando
e, ao mesmo tempo, a placa 2 irá
receber o calor liberado pela placa 1,
esquentando. À medida que a corrente
que circula na junção aumenta, a placa
fria esfria cada vez mais, enquanto a
placa quente esquenta cada vez mais,
aumentando com isso a diferença de
temperatura Δt, entre elas.
O diodo visto na figura 3 tem capa- F4. Sistema de ventoinhas para remover
o ar quente e sugar o ar frio.
cidade de refrigerar só uma área
pequena, com temperatura não muito
baixa. Quando desejamos refrigerar O diodo Peltier visto na figura 3 paralelos, após a associação, o compo-
uma área maior, com temperatura comporta-se como um diodo comum, nente perde essas propriedades, tanto a
mais baixa, devemos associar diversos ou seja, na polarização direta apresenta resistência direta como a inversa ficam
desses diodos, tanto em série como uma baixa resistência e na inversa, baixas, em torno de 16 Ω. Dependendo
em paralelo, de maneira a conseguir o uma alta resistência. Mas, quando da configuração, ele irá se comportar
objetivo desejado, ver figura 2. associamos diversos deles em série e com um simples condutor.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 23


Soluções

como, por exemplo, fornecer e controlar


a corrente que deve circular através do
módulo, de maneira a conseguir-se a
temperatura desejada.
Os sensores de temperatura 2 e 3
estão montados no dissipador de calor
do lado frio (figura 4 D), besuntados
com pasta térmica, e a sua função é a
de detectar, ou seja, medir (apesar de
ser indiretamente), a temperatura no
interior da câmara fria, onde estão as
garrafas de vinho a serem refrigeradas.
Dependendo do valor da tempera-
tura “medida”, pode ser acionada (ou
cortada) a corrente que circula pelo
módulo ligado a sua saída. Por exem-
plo, se a temperatura no interior da
câmara fria, estiver abaixo de +13°C,
a corrente do módulo é cortada, evi-
tando que ela baixe ainda mais; caso
contrário, se a temperatura estiver
acima de +18°C, o módulo é acionado
F5. Diagrama de interligação da placa de comando de maneira a baixar a temperatura para
usada na adega marca Tocave, modelo T16D.
o valor desejado.
A função da ventoinha 1 é remover o
Através de um corte na placa supe- Por sua vez, a placa de acetado fria excesso de calor presente no dissipador
rior, visto na figura 2, podemos ver com está acoplada ao dissipador (figura 4D), (figura 3B), gerada pela placa quente
mais detalhes como os diodos são onde a temperatura baixa propaga-se do módulo. Por sua vez, a função da
associados para formarem o módulo para ele. Já a ventoinha, figura 4E, suga ventoinha 2 (cooler) é sugar, isto é,
de Peltier. essa baixa temperatura presente na retirar do lado frio do módulo o ar frio,
placa fria, mandando-a para o interior mandando-o para a câmara fria da
Função dos da adega, ou seja, para a câmara fria. adega, vide figura 4 (D-E).
dissipadores de calor As duas placas de acetato do Já o controle de temperatura 5,
O módulo de Peltier é montado entre módulo, tanto a fria como a quente, este pode ser tanto um controle com
dois dissipadores de calor, formando devem ser besuntadas com pasta variação contínua como uma tecla mul-
com eles um “sanduíche” conforme térmica, de maneira a baixar a resis- tifunções do tipo UP/DOWN, sua função
mostra a figura 4 (B-D). Como pode- tência da transferência do calor de é ajustar a temperatura da adega,
mos observar, o módulo é formado um corpo para o outro. Por sua vez, para o valor desejado entre 15 e 18°C,
por suas placas de acetato, uma em o espaço remanescente entre os dois variando em passos de 1°C. A placa
cada face, já ilustrado anteriormente. À dissipadores, indicado com asteriscos, de comando, a exemplo dos demais
medida que a corrente circula através vide figura 4 C, deve ser preenchido componentes eletrônicos, poderá
do módulo, ele libera calor propagando- com material isolante (isopor, ou pasta apresentar diversos defeitos, sendo o
-se para as placas de acetato. isolante térmica) para evitar que haja principal deles localizado na fonte de
Como vimos, uma das placas ganha interação entre as temperaturas altas/ alimentação. Infelizmente, apesar da
calor, aumentando a sua temperatura quentes com as baixas/frias, existentes lei do consumidor exigir, os fabricantes
ao mesmo tempo que a outra perde em cada dissipador. importadores não fornecem o esquema
calor, formando, com isso, uma placa elétrico da placa, dificultando, com isso,
quente e outra fria. O dissipador visto Estudo do diagrama de a vida dos técnicos de manutenção.
na figura 4 B está acoplado à placa interligações da placa
quente; com o auxílio da ventoinha de comando Defeitos apresentados
remove-se o excesso de calor acumu- Na figura 5 temos o diagrama de pelo módulo
lado. Se esse acúmulo de calor não for blocos da placa de comando, usado Quando a placa não acende, o
removido do dissipador para o meio na adega da marca Tocave, modelo defeito, provavelmente, localiza-se
ambiente, o módulo poderá ser dani- T16D, com todos os seus componen- nela. Compete ao técnico pesquisá-lo
ficado pelo aumento contínuo de sua tes externos. A placa executa diversas (mesmo sem esquema), ou substituir a
temperatura. funções durante a operação da adega, placa . Caso contrário, quando a placa

24 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


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acende e executa todos os comandos


mas a adega não refrigera, com certeza
o módulo não está funcionando. Uma
solução rápida é substituí-lo. Para com-
provar o estado do módulo, ou seja, se
ele está funcionando ou não, podemos
medir a resistência e/ou a corrente
consumida.
Como vimos anteriormente, tanto a
resistência direta com a inversas eram
baixas, mas não 0 Ω, e sim ≥ 16 Ω.
No caso do módulo estar em curto, a
resistência cai para 0 Ω; caso contrário,
quando está aberto (o que é difícil de
acontecer) a resistência é alta, ten-
dendo para infinito.
Para medir a corrente que circula
através do módulo com a adega em
operação, podemos usar dois procedi-
mentos: no primeiro, abrimos o circuito
no ponto A ou B, conforme foi mostrado
na figura 5, e intercalamos neste ponto
um amperímetro CC e medimos a cor-
rente consumida. No segundo procedi-
mento, usando um amperímetro-alicate
CC, tomamos um dos fios e medimos
a corrente para testar a variação da
corrente do módulo.
Com a adega em operação, pode-
mos proceder da seguinte maneira: par-
tindo-se da temperatura ambiente (To
= 22°C, por exemplo), programamos a
adega para +15°C; vamos observar que
a corrente inicial será alta, em torno de 4
A, mas à medida que a temperatura se
aproxima do valor programado (+15°C),
a corrente cai linearmente para um valor
mínimo, conhecido como corrente de
manutenção de operação do módulo.

Conclusão
Com as descobertas dos materiais
semicondutores de alta eficiência, em um
futuro bem próximo, os eletrodomésticos
da linha branca, mesmo com grandes
volumes a serem refrigerados, a exemplo
de geladeiras, freezers e “ar condiciona-
dos”, tanto os domésticos como os auto-
motivos, já sairão de fábrica equipados
com o módulo Peltier e não mais com os
compressores convencionais.
Isso os tornará mais leves, baratos
e eficientes, com baixo nível de ruído
e menor taxa de defeitos importantes,
eliminando o uso de gás refrigerante
nocivo ao meio ambiente. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 25


Soluções

Raios X, infravermelhos,
ultravioletas e cósmicos
Q
Muita confusão se faz em uando uma carga elétrica entra ondas eletromagnéticas, é interessante
torno de algumas radiações em vibração é produzida uma dividir o conjunto de valores que estas
radiação eletromagnética, vibrações podem tem em setores, con-
eletromagnéticas impor- ou seja, uma pertubação de forme mostra a figura 1.
tantes do espectro visível. natureza elétrica e também magnética Este conjunto contínuo de valores
Estas radiações, algumas que se propaga pelo espaço com a que as vibrações podem ter é denomi-
perigosas, não ocupam um velocidade de 300.000 quilômetros por nado “espectro eletromagnético”.
lugar de destaque na nossa segundo. Não existe um valor menor que limita
vida, tanto pelos efeitos Se esta vibração ocorrer em uma de um lado este espectro, do mesmo
velocidade relativamente pequena, modo que o limite máximo (valor maior)
que podem ter sobre nosso teremos radiações eletromagnéticas também é desconhecido. No intervalo
organismo como pela sua conhecidas como “ondas de rádio”, que conhecido, entretanto, existem diversos
utilização em diversos dis- podem ser usadas em equipamentos de tipos de radiações, algumas delas já
positivos eletrônicos. telecomunicações, para a transmissão conhecidas, como as ondas de rádio e
Neste artigo trataremos de palavra, de mensagens e até mesmo a luz visível.
um pouco destas radiações de imagens, como no caso da televisão. A luz visível, que ocupa uma parte
Estas vibrações estão na faixa de central do espectro, tem importância
e veremos como podem ser 10.000 a 10.000.000.000 de hertz, onde especial para nós, pois a natureza nos
usadas na eletrônica, focali- o “hertz” é a unidade de frequência, ou dotou de sensores capazes de receber
zando os sensores e circuitos seja, numericamente igual ao número este tipo de radiação. A luz que vemos
que as utilizam. de vibrações que as cargas que geram corresponde a vibrações que se situam
a onda produzem em casa segundo. na faixa de aproximadamente 6 x 1014 a
No entanto, além dos 10.000.000.000 1015 Hz, ou 1 seguido de 15 zeros!
Newton C. Braga hertz, ou 10 GHz (o G significa “bilhões” No caso de radiações deste tipo,
ou 109, vindo do prefixo grego Giga), como correspondem a frequências
também existem vibrações que dão muito altas, que resultariam em núme-
origem a importantes radiações que ros sempre muito grandes, é mais inte-
passamos a analisar agora. ressante falar dela não em termos de
sua frequência, mas sim de uma outra
Espectro eletromagnético característica: o comprimento de onda.
Para conhecer melhor os tipos de Se levarmos em conta que todas estas
radiações que são produzidas por radiações se propagam com a mesma
cargas elétricas em vibrações, ou seja, velocidade no vácuo, que é de 300.000

F1. Espectro eletromagnético F2. Neste exemplo, cada vibração


com base nas frequências (Hz). “ocupa” o espaço de 1 metro.

26 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


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quilômetros por segundo, ou 300.000.000


de metros por segundo, vemos um fato
importante: se um transmissor emitir
ondas eletromagnéticas em uma frequên-
cia de 300.000.000 Hz ou 300 MHz (M =
mega = milhão), em 1 segundo, quando
estas ondas estiverem a 300.000.000 de
metros de distância, dividindo a distância
pela frequência, observamos que cada
vibração “ocupa” um espaço de exata-
mente 1 metro (figura 2).
É possível então falar em “compri-
mento de onda” em uma referência ao F3. Espectro eletromagnético com base F4. Emissão de radiações por um
nos comprimentos de onda (Å). corpo em forma de “chuva”.
espaço que cada vibração “ocupa” na
sua proporção. É muito mais fácil falar
em uma onda de “1 metro” do que em
uma onda de “300.000.000 de vibra-
ções por segundo”, se bem que as duas
significam a mesma coisa.
Para valores muito mais altos, como
nos casos dos raios infravermelhos,
ultravioletas, X e cósmicos, usamos
outra unidade que é o ângstron (Å).
Um ângstron vale 10-8 cm, ou seja,
1/100.000.000 do metro ou a centésima
milionésima parte de um metro! Trata-se
pois de um comprimento extremamente
pequeno, daí dizermos que as radia-
ções eletromagnéticas, que correspon-
dem aos tipos que vamos estudar, são
de ondas ultracurtas.
Tomando como base o ângstron,
podemos então fazer uma nova divisão
de espectro eletromagnético, agora
incluindo apenas as radiações que F5. Gráfico: Intensidade da Emissão
(°K) x Comprimento de Onda (Å).
pretendemos estudar (figura 3).
A partir deste espectro é que vamos
analisar as diferentes formas de radia- Assim, no caso da radiação infra- É por este motivo que quando
ções que nos interessam. vermelha, temos os comprimentos de aquecemos um pedaço de metal, por
onda que vão de 700 Å até 100.000 Å, exemplo, à medida que sua tempera-
Raios infravermelhos aproximadamente. tura aumenta, as vibrações emitidas
A palavra “raio” não cabe muito bem A emissão de radiação infraverme- entram na faixa do espectro visível,
nestas explicações, se bem que esteja lha ocorre principalmente pela vibração inicialmente pelo vermelho, quando
popularizada no sentido de indicar natural dos átomos dos corpos que então o material parece “em brasa”
alguma coisa que venha pelo espaço são aquecidos. Dessa forma, qualquer com a cor avermelhada. Aumentando
e que possa nos atingir. Na verdade, corpo que esteja acima do zero abso- mais a temperatura, a faixa emitida
quando um corpo emite radiações e luto (-273°C) é um emissor de raios passa a abranger mais e mais o
elas incidem em um outro corpo, isso infravermelhos. espectro visível, combinando todas
ocorre na forma de uma espécie de Na figura 5 temos um gráfico as cores e, com isso, tornando a luz
“chuva” e não em um feixe de maneira que nos mostra que, à medida que a mais branca.
contínua, pois as radiações eletromag- temperatura de um corpo aumenta, a Um fato interessante a ser levado
néticas existem na forma de pequenos maior parte das vibrações passa a ter em conta é que como os corpos das
“pacotes”, uma vez que não há sentido uma frequência mais alta, ou seja, um pessoas e animais de sangue quente
em falar de átomos (como ocorre no comprimento de onda menor, o que (homeotérmicos) estão em temperatura
caso de coisas materiais), que são significa um “deslocamento” das ondas acima do ambiente, eles se constituem
denominados de “quantum” (figura 4). emitidas em direção ao visível. em fontes de radiação infravermelha

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 27


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Quando falamos em termos de


“perigo” para as pessoas, geralmente
isso se refere às radiações mais pene-
trantes, ou seja, que possuem mais
energia. A energia de uma radiação está
associada ao seu comprimento de onda
ou à frequência.
Quanto maior for a frequência,
os “pacotes” de energia ou quantum
podem carregar maior quantidade de
energia, o que significa uma radiação
mais penetrante.
Assim, a luz violeta é mais “pene-
trante” que a luz vermelha, no sentido
de que seus quanta (quanta é o plural
F6. A radiação ultravioleta pode cau- F7. Uso da radiação ultravioleta para de quantum) de energia são maiores.
sar queimaduras graves nas pessoas. apagar memórias EPROM.
É por esse motivo que, enquanto a luz
vermelha não consegue impressionar
bem um filme fotográfico, o mesmo
não acontece com a luz violeta. Os
fotógrafos usam lâmpadas vermelhas
nas câmeras de revelação, pois elas
não “velam” os filmes.

Raios ultravioletas
Acima do espectro visível, ou seja,
além (ultra) do violeta, existe uma forma
de radiação bastante penetrante que é
denominada ultravioleta.
Seu espectro se estende dos 10
ângstrons aos 4.000 ângstrons, apro-
ximadamente.
Corpos aquecidos a temperaturas
muito altas e descargas elétricas em
gases são algumas das fontes desta
radiação que apresenta certo perigo
para os seres vivos.
O Sol é uma poderosa fonte de raios
F8. Tubo de ultravioletas que, no entanto, são em sua
Crookes.
maioria bloqueados pela camada de ozônio
que circunda a Terra e que, infelizmente, a
“mais fortes”, podendo, por isso, ser poluição está destruindo.Tal destruição nos
distinguidos através de sensores deixará expostos a essa radiação.
especiais. Entre dez horas da manhã e duas
De fato, existem elementos sensores horas da tarde, quando o Sol se encon-
que podem “perceber” a fraca radiação tra quase que em uma vertical em
infravermelha emitida pelo corpo de relação a nós, estas radiações podem
uma pessoa, fazendo sua detecção. passar em alguma quantidade pelas
Armas de guerra fazem uso deste tipo camadas da atmosfera e com isso
de sensor para acusar a presença de atingir o nível do chão. Neste horário
inimigos, mesmo escondidos em mata não se recomenda o banho de sol,
fechada. justamente pelo fato da radiação ultra-
Enfim, os raios infravermelhos são violeta causar queimaduras graves nas
“raios de calor” e não significam perigo pessoas (figura 6).
algum para as pessoas, no caso de uma Fontes de radiação ultravioleta
F9. Raios cósmicos atravessando exposição direta. artificiais, como lâmpadas de des-
a Terra em todas as direções.

28 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


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carga em gases, podem ser usadas que isso, notou que alguma espécie raios X. No entanto, para estes últimos,
para esterilizar alimentos ou mesmo de radiação “emanava” daquele alvo sua quantidade é muito pequena, de
instrumentos cirúrgicos, pois matam quando um feixe de elétrons nele modo que poucos chegam à Terra a
os microrganismos perigosos. incidia. ponto de causar-nos algum dano.
Na eletrônica, as fontes de ultravio- Esta radiação era tão penetrante Os tubos de televisão constituem
leta potentes podem ser usadas para que conseguia “queimar” filmes em fonte de raio X. Antigamente, a
apagar memórias de computadores fotográficos guardados em gavetas quantidade produzida era maior, mas
(EPROMs), que precisam de uma próximas, e mesmo protegidos por hoje em dia existem normas muito
radiação penetrante para esta finali- embalagens à prova de luz. Não severas quanto a isso. Assim, não
dade (figura 7). sabendo explicar a natureza de tal existe perigo algum para as pessoas
A luz ultravioleta também é conhe- radiação, Roentgen simplesmente que assistem TV, mas por precaução
cida como “luz negra”. chamou os estranhos raios de “X”, recomenda-se que sempre vejamos
Lâmpadas fluorescentes espe- lembrando que usamos esta letra nossos programas pelo menos a 1
ciais são usadas para produzir efeitos para representar coisas desconhe- metro e meio de distância dos televi-
em bailes, através de luz ultravioleta cidas (incógnitas). sores mais antigos.
de pequena intensidade. Estas lâm- Hoje sabemos que os raios X con-
padas, ao iluminarem certos objetos, sistem em ondas eletromagnéticas de Raios cósmicos
produzem fluorescência que consiste comprimento tão pequeno que podem Explosões violentíssimas que
na “reemissão” de radiação de menor passar por entre os átomos dos obje- ocorrem em certos lugares do universo
frequência e que cai no espectro tos, daí a possibilidade de fazermos as podem dar origem a radiações tremen-
visível. Assim, certos objetos como chamadas radiografias. damente penetrantes, mais penetran-
os que possuem cálcio (dentes, Na pesquisa moderna os raios X tes ainda que os raios X e que viajam
botões, tecidos de algodão) passam podem ser usados para se “descobrir” pelo espaço na velocidade da luz.
a brilhar no escuro, com o efeito bem a estrutura de materiais, pois fotografa- Estas radiações, cujos compri-
conhecido. -se a disposição dos átomos no interior mentos de onda são menores que
de um cristal com facilidade. 0,01 Å, podem passar praticamente
Raios X A utilização dos raios X na medicina por qualquer objeto material, por
Na faixa de comprimentos de é importante, mas lembrando que esta entre seus átomos, como se eles não
onda que se situa entre 0,01 Å e 10 grande capacidade de penetração que existissem.
Å encontramos uma poderosa forma ele possui também significa capaci- Um raio cósmico, uma partícula
de radiação eletromagnética que é dade de destruição. Assim, em uma única (quantum) que penetre na Terra,
tão penetrante que objetos materiais radiografia comum, muitas células de incidindo sobre o Japão, pode atra-
não constituem obstáculos para sua nosso corpo são destruídas e nem vessar todo o mundo sem qualquer
passagem. sempre são respostas pelo organismo. problema, atravessar o nosso corpo
No ano de 1895, o professor Por esse motivo, as “chapas de pulmão” sem que percebamos e continuar sua
Wilhelm Konrad Roentgen fazia experi- não podem ser tiradas com frequência, jornada pelo espaço (figura 9).
ências com um novo dispositivo inven- pois é preciso dar um tempo para que De vez em quando uma destas
tado algum tempo atrás, denominado o nosso corpo se recupere das células partículas consegue acertar o “meio”
“Tubo de Crookes”. Este tubo, conforme que são mortas. As próprias pessoas de um átomo, ou seja, seu núcleo, cau-
mostra a figura 8, tinha uma estrutura que trabalham com este equipamento sando sua destruição. E quando isso
bem semelhante a dos atuais Tubos de devem ser protegidas. ocorre, pelos “estilhaços que voam”
Raios Catódicos usados nos televiso- Um material que possui átomos em todas as direções, das partículas
res. Na verdade, este dispositivo foi o “pesados” e que, portanto, dificulta a alfa, beta e gama, conseguimos fazer
que deu origem, bem mais tarde, aos passagem dos raios X, é o chumbo. a detecção de sua passagem.
tubos de TV que já foram muito usados. Desta forma, os operadores de apare- Se estas partículas incidirem em
Através deste tubo é que, algum lhos de raios X são obrigados a usar um corpo em uma intensidade sufi-
tempo antes, Willian Crookes, na anteparos e até mesmo aventais de cientemente grande, há probabilidade
Inglaterra, havia descoberto os raios chumbo para sua proteção. de “acertar” os núcleos dos átomos,
catódicos que verificou ser um feixe Os raios X são produzidos quando e, com isso, ter efeitos sobre o orga-
de elétrons que poderia ser acelerado elétrons acelerados a grande veloci- nismo vivo que gradualmente vai sendo
no interior de um tubo, onde se fizesse dade “batem” em objetos de metal, “destruído”. Este é um problema que os
o vácuo e se aplicasse uma tensão como, por exemplo, anteparos, a partir viajantes do espaço terão que enfren-
muito alta. dos quais são irradiados. tar, visto que será muito difícil inventar
Colocando no tubo um alvo feito de Explosões atômicas e mesmo uma blindagem capaz de bloqueá-los.
tungstênio, Roentgen observou uma certos fenômenos que ocorrem no Sol Nem mesmo toda a espessura da Terra
estranha fluorescência no local, e mais e no espaço também podem produzir é suficiente para isso! T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 29


Soluções

Inglês para
Eletrônicos
J
Neste artigo abordare- á mostramos em edições anterio- pequena tremulação que ocorre antes
mos um termo utilizado na res que esse termo foi criado em de se iniciar um processo de comuta-
1962 para designar uma pequena ção. No caso de uma forma de onda,
representação de formas de oscilação (ou disfunção) que por exemplo, quando um sinal passa
onda. Certos termos indi- ocorre num circuito, ou quando um do nível baixo para o nível alto, antes
cam fenômenos específicos, sinal começa a fazer uma transição de do processo realmente começar, uma
sendo produto de criação um nível lógico para outro, conforme pequena “tremulação” indica que algo
do pessoal especializado mostra a figura 1. está acontecendo, conforme ilustra a
que foge do uso comum en- Outro termo que tem certa seme- figura 2. Isso é o “jitter”.
lhança com “glitch” e que, às vezes, Para o caso de sinais digitais, como
contrado no inglês tradicio- pode até ser confundido é “jitter”. Ele seu nome sugere, o “jitter” pode ser
nal. Vamos analisar alguns é definido pelos dicionários de língua definido como pulsos que chacoalham
desses termos, em especial, inglesa como: o sistema, ou usando o próprio termo
o significado de “jitter”. inglês “shake” (agitam, chacoalham) o
sistema.
“A state of nervous restlessness or
agitation. Used in plural: fidget (often Uma definição mais técnica de “jitter”,
Newton C. Braga used in plural), shiver (used in no plural), para o caso de sinais, tomada em inglês
tremble (often used in plural)” é a seguinte:
O “Collins Cobuild English Language “jitter is the period frequency dis-
Dictionary” define “jitters” como: placement of the signal from its ideal
“fellings of extreme nervousness that
you get just before you have to do location”, ou traduzindo: “jitter é o des-
something important or when you are locamento do período de frequência do
expecting important news”. sinal de sua localização ideal”.
Tecnicamente, as causas do jitter são
a interferência eletromagnética (EMI) e
Em outras palavras, sem precisar- o “cross-talk” com outros sinais. Este é
mos traduzir ao pé da letra as duas defi- justamente um outro termo que pode ser
nições, podemos dizer que “jitter” é uma definido como:
tremulação “nervosa” que ocorre pouco “Undesired signals or sounds, as of
antes de acontecer algo importante. voices, in a telephone or other commu-
Levando isso para a eletrônica, nications device as a result of coupling
consideramos dizer que se trata da between transmission circuits.”; ou

F1. Ilustração de um “glitch” no F2. Pequena tremulação indi-


sinal em transição. cando um “jitter” no sinal.

30 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Soluções

“Sinais ou sons indesejáveis, como


vozes, num telefone ou outro disposi-
tivo de comunicações como resultado
do acoplamento entre os circuitos de
transmissão”.
“Linha cruzada” seria um termo apro-
priado para nosso uso. No entanto, este
termo técnico também é empregado de
uma forma um pouco diferente em infor-
mática, ou mesmo em eletrônica. O trecho
abaixo mostra esses usos para “jitter”.
“Jitter can cause a display monitor to
flicker, affect the ability of a processor in
a personal computer to perform as inten-
ded, introduce clicks or other undesired
effects in audio signals and loss of trans-
mitted data between network devices”.
“O “jitter” faz a tela de um monitor
tremular, afeta a capacidade de um pro-
cessador de operar da forma esperada
num computador pessoal, introduz clicks
ou outros efeitos indesejáveis em sinais
de áudio e causa perdas de dados trans-
mitidos entre dispositivos de uma rede”.

O Jitter como erro


de base de tempo
Analisando tecnicamente o jitter,
podemos dizer que ele é causado
quando os intervalos de tempo nos
percursos no próprio circuito, mudam de
componente para componente.
Uma causa para o aparecimento do
“jitter” em circuitos surge quando PLLs
(Phase Locked Loops) são projetados
inadequadamente.
Outra causa é a distorção que pro-
voca deformações nas formas de onda
que ocorrem devido, principalmente, a
descasamentos de impedância e refle-
xões no percurso dos sinais.
Na figura 3 temos um exemplo de
deformação que caracteriza a presença
de “jitter” num sinal. Na parte superior
temos o sinal digital transmitido e
embaixo o sinal deformado. T

F3. Deformação do sinal pela


presença de um “jitter”.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 31


Instrumentação

Como escolher as melhores


técnicas de visualização para o seu
Sistema de Medição
A visualização dos dados é uma função existente em quase todos os siste-
mas de medição. Da simples construção de um gráfico do sinal adquirido à
correlação dos dados das medições com vídeo, som ou projeção de modelos
3D, a seleção da melhor técnica de visualização para a sua aplicação pode ser
Guilherme Yamamoto
a diferença entre ser capaz de obter adequadamente informações úteis ou Renan Azevedo
perder informações importantes. National Instruments

Preciso visualizar meus dados requisitos rígidos de temporização, terá de uma ferramenta de visualização
inline, offline ou ambos? de se certificar que a visualização não se offline dedicada. Entretanto, a opção
A maior parte das aplicações exige tornará um “gargalo” do sistema, fazendo- de visualizar dados offline oferece fle-
alguma forma de visualização, mas -o perder dados. Enquanto estiver desen- xibilidade ilimitada na interação com
uma decisão importante é onde esse volvendo a aplicação, poderá verificar os seus dados, pois terá acesso aos
processamento será executado: inline, quanto tempo leva para adquirir, analisar dados brutos originais como eles foram
offline, ou ambos. e visualizar os dados e se assegurar de adquiridos. Além disso, não estará limi-
que não está perdendo pontos de dados. tada pelas restrições de temporização
Inline Outra opção é configurar seu código e memória da aquisição dos dados, e
Na visualização inline, os dados em paralelo, de forma que um thread a visualização em tempo real durante
são exibidos na própria aplicação que faça a aquisição dos dados enquanto a aquisição não mais será um gargalo,
os adquiriu. Como exemplo, os dados outra trata de todo o processamento e pois a CPU não terá de executar atuali-
adquiridos podem ser exibidos em uma visualização dos dados com menor prio- zações gráficas, que exigem um intenso
tela de computador, de forma que um ridade, somente quando houver recursos esforço computacional.
técnico possa literalmente ver o sinal da CPU disponíveis. Esse é um ótimo Muitas aplicações combinam a
que está sendo medido e garantir que recurso, que aproveita as várias CPUs visualização inline e offline dos dados.
todas as conexões foram feitas correta- atualmente disponíveis na maior parte Normalmente, a visualização inline é
mente. Se a análise inline for executada das máquinas. limitada ao processamento mínimo
com visualização inline, uma versão fil- necessário para confirmar que o sistema
trada do sinal pode também ser exibida Offline está se comportando corretamente (por
em um monitor. Esse tipo de arquitetura Embora comum, a visualização inline exemplo, pela redução da taxa de atu-
dá um “feedback instantâneo”, pois nem sempre é a metodologia correta para alização de um gráfico). Pode-se usar
permite visualizar os dados adquiridos a implementação de seu sistema. Na a visualização offline em conjunto com
quase em tempo real. Entretanto, ela verdade, ela não é nem mesmo neces- a visualização inline para inspecionar
requer que o software de aplicação sária em algumas aplicações. Pode-se e correlacionar dados em detalhes,
escolhido contenha todas as ferramen- escolher executar a visualização offline quando isso não afetar a aquisição.
tas de visualização necessárias. quando não se precisar ver os dados à
Assim como ocorre na análise, a medida que eles vão sendo adquiridos, Minha(s) ferramenta(s) de
visualização de dados inline requer cui- ou quando se quiser garantir que o pro- visualização pode(m) trabalhar
dado no tocante à maior capacidade de cessador de seu computador poderá se com meus dados?
processamento exigida para a execução concentrar inteiramente na aquisição e Quando for escolher uma ferramenta
dos cálculos e apresentação dos dados. transferência de dados ao disco. de visualização de dados, precisará
As atualizações da interface de usuário A visualização offline envolve o considerar o volume de dados que pode
consistem numa das ações que mais armazenamento de dados para inspe- ser representado e o formato dos dados
exigem do processador. Isso significa ção posterior. Ela requer um formato de de entrada. Caso seus dados estiverem
que se sua aplicação de aquisição tiver armazenamento apropriado e a seleção sendo visualizados inline, com o uso do

32 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

software de aplicação escolhido para Se você souber que vai precisar Preciso visualizar os dados de
a aquisição, a formatação não deverá representar graficamente em um mesmo medição sincronizados com
ser problema. Entretanto, lembre-se de chart curvas que utilizam escalas “y” dados de outras fontes?
que a taxa de dados tem influência na muito diferentes, precisará verificar se Ferramentas avançadas de pós-
quantidade de dados que precisam ser sua ferramenta de construção de grá- -processamento de dados de engenha-
representados, o que no final acabará ficos conta com recursos que possam ria possuem o recurso de visualização
por afetar a capacidade de processa- diferenciar essas escalas. Muitas ferra- sincronizada, que vai além de planilhas
mento gráfico necessária para construir mentas têm essa capacidade, mas têm e gráficos estáticos simples. Além dos
a visualização. também um número máximo limitado recursos de zoom e deslocamento
Se sua ferramenta de visualização for de eixos y. nos eixos dos gráficos, elas permitem
offline, será necessário dar atenção ao Além disso, você precisa considerar sincronizar os cursores de gráficos
formato dos dados. Precisará ter certeza suas necessidades de visualização que diferentes – normalmente utilizando
de que a ferramenta de visualização vão além da representação gráfica básica uma base de tempo comum – para cor-
que escolheu conseguirá interpretar o em 2D. Por exemplo, se tiver de represen- relacionar as informações visualizadas
arquivo (ou o formato da base de dados) tar dados usando gráficos polares, ou se nesses gráficos. Por exemplo, os curso-
que será usado para armazenar dados. os seus dados forem melhor representa- res de um gráfico podem permitir que
Além disso, até mesmo as ferramen- dos na forma de um gráfico 3D, então sua um engenheiro especifique o início e
tas de análise offline de dados são limita- ferramenta de visualização terá de poder fim da região “x” de uma curva utilizada
das pela quantidade de memória alocada trabalhar com esses recursos. no cálculo dinâmico e apresentação de
pelo sistema operacional e, dessa forma, transformadas rápida de Fourier (FFT)
podem carregar apenas uma determi- Posso adaptar minha visualiza- dos dados nessa região. A visualiza-
nada parte de conjuntos de dados maio- ção às necessidades de minha ção dessa banda poderá então ser
res. Muitas ferramentas de visualização aplicação? ampliada (ou reduzida) dentro de todo
impõem restrições aos dados devido A escalabilidade e capacidade de o conjunto de dados, para isolarmos a
a essa limitação, o que impede que os customização dos recursos de visuali- região de interesse.
engenheiros carreguem e representem zação são considerações importantes. Além da sincronização dos gráficos
graficamente mais do que um volume Como cada aplicação de medição dos dados medidos com outros gráfi-
de dados pré-determinado. Por exemplo, de engenharia é diferente – seja por cos de dados ou cálculos resultantes,
muitas ferramentas financeiras impõem conter tipos de medição diferentes ou ferramentas avançadas podem sincro-
um limite de carregamento de 1.048.576 ter objetivos diferentes – sua ferramenta nizar os dados de medição nos gráficos
(220) pontos de dados por coluna e um de visualização deverá ser suficiente- com dados provenientes de outras
limite de representação gráfica de 32.000 mente flexível para poder ser adaptada fontes, como vídeo, som, modelos 3D
pontos por chart. às necessidades de cada aplicação. ou GPS. Correlacionando os dados
Selecionar uma ferramenta de visu- Ferramentas prontas para o uso que das medições com informações for-
alização criada para lidar com conjuntos incorporam a aquisição e visualização necidas por essas fontes, que muitas
de dados de engenharia irá ajudá-lo a dos dados em um pacote fechado, vezes oferecem um maior contexto
acessar e visualizar os seus dados ade- muitas vezes impõem limitações rígidas de engenharia do que simples curvas
quadamente. Muitas vezes, a ferramenta quanto ao tipo de visualização oferecida. nos gráficos, você poderá aproveitar
incluirá técnicas de redução dos dados, Embora essa característica possa melhor seu investimento em medição.
que simplificam o trabalho com conjun- ser inicialmente adequada, poderá pre- Por exemplo, essas ferramentas de
tos de dados extremamente grandes. cisar ver os dados adquiridos de maneira sincronização permitem o uso de recur-
mais completa para tomar decisões sos avançados de visualização, que
Minha(s) ferramenta(s) de bem informadas. Isso requer que mais reproduzem os dados de medição vin-
visualização oferece(m) os dados sejam colocados no gráfico para culados ao vídeo, de forma que você
recursos que preciso? cada curva, mais curvas sejam plotadas possa ver o que aconteceu durante a
Para a visualização, a maior parte em cada gráfico e um maior número de medição; ao som, para que você possa
dos engenheiros precisa, no mínimo, de gráficos seja visualizado. Ou poderá ouvir o que aconteceu; ou ao GPS,
recursos de representação por charts ser necessário simplesmente utilizar para que você possa determinar onde
e gráficos. Por sorte, quase todas as ferramentas de zoom, deslocamento algo aconteceu.
ferramentas de visualização de dados e escala que são limitadas em muitos
do mercado podem criar charts e grá- pacotes de visualização. Conclusão
ficos simples. Além disso, ferramentas Se você souber que suas necessida- Pudemos ver, no artigo, algumas
dedicadas à visualização oferecem um des de visualização irão crescer com a recomendações a serem seguidas no
poderoso conjunto de recursos adicio- sua aplicação, tenha certeza de que irá momento da escolha das ferramentas
nais, que pode usar para obter mais escolher uma ferramenta de visualização de visualização do seu sistema de
informações de seus dados. que possa ser ampliada. medidas. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 33


Instrumentação

Usos para o osciloscópio:


Traçador de curvas
O osciloscópio é o mais Traçador de curvas seja ele, podem ser representadas na
útil de todos os instrumentos As características de diversos dis- forma de um gráfico onde plotamos a
positivos semicondutores como diodos, corrente que circula nesse componente
avançados de bancada, não transistores, etc., são dadas por curvas em função da tensão aplicada. Assim,
havendo limite para suas que levam em consideração as corren- por exemplo, para o caso mais simples
aplicações, principalmente tes que circulam sob determinadas con- que é o de um resistor, a corrente cir-
quando se pode contar com dições de polarização. A interpretação culante é diretamente proporcional à
instrumental adicional de das características de um componente tensão aplicada, resultando na curva
apoio. Neste caso, incluímos pelas suas curvas é um assunto que característica deste componente que
todos os profissionais de Eletrônica é mostrada na figura 1.
o gerador de funções e o devem conhecer. Outros componentes, tais como um
gerador de sinais. No entanto, o que muitos talvez não diodo semicondutor ou uma lâmpada
Neste artigo, vamos des- saibam, é que estas curvas, normal- incandescente, não possuem uma
crever uma das aplicações mente apresentadas na forma de grá- característica linear, resultando em
mais avançadas do oscilos- ficos em manuais técnicos e folhas de curvas características parecidas com
cópio comum, que pode dados, não são simplesmente resulta- a ilustração da figura 2.
dos de cálculos teóricos (ou levantadas Essas curvas nada mais revelam
ser de grande utilidade para com experimentação ponto a ponto). além do que acontece com a corrente
todos os profissionais da Estas curvas podem ser visualiza- circulante no componente, quando a
Eletrônica. das com certa facilidade utilizando-se tensão aplicada varia.
um osciloscópio e alguns circuitos Se levarmos em conta que vamos
adicionais, o que permite usar esse aplicar sinais nesses componentes, ou
instrumento em mais uma útil aplicação. seja, tensões que variam, saber o que
De fato, podemos empregar o osci- ocorre é fundamental em um qualquer
Newton C. Braga loscópio para visualizar a curva carac- projeto.
terística de um componente ou mesmo
uma família de curvas e é justamente Visualizando as curvas
isso que vamos abordar neste artigo, Vamos par tir inicialmente pelo
ensinando como fazer. conhecimento do modo como a imagem
é formada na tela de um osciloscópio,
Interpretando as curvas o que é apresentado na figura 3.
As características elétricas de um Quando a tensão aplicada às placas
componente eletrônico, qualquer que de deflexão horizontal varia linearmente

F1. Curva característica F2. Curva característica de uma


de um resistor. lâmpada incandescente.

34 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

(uma tensão “dente de serra”), o feixe


de elétrons corre da esquerda para a
direita, traçando uma linha reta.
Se ao mesmo tempo aplicarmos
nas placas de deflexão vertical um sinal
com uma forma de onda qualquer, vide
figura 4, o feixe de elétrons vai subir e
descer ao mesmo tempo que se move
para a direita acompanhando esse sinal
e, com isso, desenhando na tela sua
forma de onda.
Iniciemos agora pelo caso mais sim-
ples, que é justamente o de um resistor. F3. A deflexão horizontal
no osciloscópio.
Para isso, precisamos de um circuito que
gere um sinal dente de serra e, eviden-
temente, de um osciloscópio, tudo isso
ligado na forma mostrada na figura 5.
Quando o gerador de sinais “dente
de serra” aplica uma tensão variável
no resistor, a corrente no resistor e,
portanto, no resistor de referência R
aumenta linearmente.
Ora, o sinal “dente de serra” controla
o movimento horizontal do feixe de
elétrons, pois é ligado na entrada de
deflexão horizontal externa (H IN).
Por outro lado, a entrada de deflexão
vertical (V IN) é ligada no resistor de
referência de modo que a corrente no
resistor passa a controlar o movimento F4. Visualizando uma
forma de onda.
para cima e para baixo do feixe de
elétrons.
O resultado está claro: o feixe vai
se movimentar traçando uma linha reta
inclinada.
Essa linha será tento mais inclinada
quando maior for a corrente no resistor,
ou seja, dependerá da resistência do
resistor.
Se em um lugar de um resistor usar-
mos outro tipo de componente como,
por exemplo, um diodo, podemos partir
do mesmo circuito conforme ilustra a F5. Visualizando a curva
característica.
figura 6.
Quando a tensão no diodo parte
de zero, inicialmente a corrente sobe
muito pouco, pois o diodo só começará
a conduzir com aproximadamente 0,6
V (silício), o que significa que a curva
traçada para a direita inicialmente sobe
muito pouco, uma vez que ela depende
justamente da corrente no resistor de
referência.
Entretanto, quando a tensão ultra-
passar os 0,6 V, o diodo conduzirá inten-
samente tanto mais quanto maior for a F6. Visualizando a curva
característica de um diodo.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 35


Instrumentação

corrente, fazendo com que a corrente no sentido inverso, não há corrente e a com que apareça no resistor uma
suba e, com isso, o feixe de elétrons reta se mantém praticamente horizontal. tensão negativa que deflexiona forte-
seja deflexionado fortemente para cima. Na figura 8 apresentamos o que mente o feixe de elétrons para baixo.
O resultado obtido é a curva mostrada seria visualizado se o componente
na figura 7. fosse um diodo zener. Família de curvas
Veja que na parte do sinal “dente de No momento eu que a polarização Em alguns casos, todavia, o com-
serra” em que ele é negativo e que, por- inversa atinge a “tensão zener”, o com- portamento de um componente não
tanto, o diodo encontra-se polarizado ponente conduz intensamente fazendo depende apenas de uma tensão variá-
vel que lhe seja aplicada, mas também
de outros fatores que podem mudar
como, por exemplo, a polarização. Isso
ocorre com os transistores onde a cor-
rente de coletor não é apenas função
da tensão entre coletor e emissor, mas
também da corrente de base.
Assim, é comum que os manuais
destes componentes expressem as
características através de famílias de
curvas em que temos as variações
das correntes de coletor em função
F7. A curva visualizada F8. Curva visualizada da tensão entre coletor e emissor para
para um diodo. para um diodo zener.
diversas correntes de base. Na figura
9 mostramos essas famílias de curvas
para um transistor bipolar comum.
Veja, então, que cada uma das
curvas é obtida quando variamos a
tensão entre coletor e emissor, man-
tendo fixa a corrente de base em um
determinado valor.
Essas famílias de curvas são muito
importantes nos projetos pois permitem
fixar a corrente de polarização de base
para a amplificação correta dos sinais
ou mesmo verificar o que acontece com
o sinal aplicado no emissor, quando
trabalhamos na configuração de base
F9. Família de curvas de comum.
um transistor bipolar.

Usando o osciloscópio
O osciloscópio permite visualizar
essas famílias de curvas, mas para
isso não podemos agora contar apenas
com uma fonte de sinal “dente de serra”,
conforme veremos a seguir.
Assim, o que fazemos no caso do
transistor é empregar dois geradores
(normalmente um sincronizado pelo
outro) que gerem ao mesmo tempo o
sinal “dente de serra” (que corresponde
à variação principal da tensão) e um
sinal “em escada” que irá servir para
a polarização. Observe o esquema
apresentado na figura 10. Cada ciclo do
sinal “dente de serra” deverá ter a dura-
ção exata de um “degrau de escada”
F10. Visualizando as curvas que polariza o componente.
de um transistor.

36 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

Isso significa que, durante o ciclo Nele, o circuito integrado 555 gera o A montagem pode ser realizada
completo da escada, o movimento do sinal de sincronismo para um oscilador em uma matriz de contato, ou em
feixe de elétrons na tela do osciloscópio “dente de serra” (relaxação), feito com dois u m a p e q u e n a p l a c a d e c i rc u i to
irá traçar tantas curvas quanto sejam os transistores complementares (Q2 e Q3). A impresso. Embora na ilustração
degraus, cada uma para cada corrente frequência do circuito é ajustada a P1. tenhamos mostrado um transistor
de polarização correspondente. Em O componente em teste é ligado como o elemento do qual se deseja
princípio, poderemos usar instrumentos em série com o gerador e a saída ao visualizar a família de curvas, este
comuns do laboratório de Eletrônica osciloscópio é feita aplicando-se os mesmo aparelho poderá ser usado
para traçar as curvas de um transistor, sinais tanto na entrada vertical (Y) com qualquer outro componente de
conforme mostra a figura 11. como horizontal (X), desligando-se o dois terminais, os quais deverão ser
Com a configuração desenhada é sincronismo interno. O baixo consumo ligados entre C e E.
possível levantar a curva característica do circuito possibilita sua alimentação Para usar este traçador, basta ajus-
de qualquer componente. com pilhas comuns. tar os ganhos dos amplificadores ver-
Dependendo da aplicação podem tical e horizontal do osciloscópio para
Montagem ser alteradas as frequências do circuito que a imagem traçada fique dentro dos
Outra possibilidade consiste em com modificação dos valores dos capa- limites da tela e ainda ajustar P1 para
montar circuitos próprios que, em con- citores C1 e C4. um melhor desempenho. T
junto com o osciloscópio, possam ser
usados para o levantamento de curvas
características de componentes.
Um primeiro circuito, relativamente
simples de implementar, é o indicado
na figura 12.
Esse circuito gera um sinal “dente
de serra” com excursão para tensões
positivas e negativas empregando
componentes comuns.

Lista de Materiais
Semicondutores:
CI1 – 555 – circuito integrado – timer
Q1, Q2, Q4 – BC548 ou equivalente –
transistor NPN de uso geral
Q3 – BC558 ou equivalente – transistor F11. Montagem para transistores de uso
PNP de uso geral geral (alterar R1 e R2 se for necessário).
D1 – 1N41148 – diodo de uso geral

Resistores: (1/8 W, 5%)


R1 – 10 kΩ
R2, R5 – 2,2 kΩ
R3 – 15 kΩ
R4 – 220 kΩ
R6 – 390 kΩ
P1 – 100 kΩ – trimpot

Capacitores:
C1, C4 – 100 nF – cerâmico ou poliéster
C2 – 22 nF – cerâmico ou poliéster
C3 – 10 nF – cerâmico ou poliéster
C5 – 100 μF/12 V – eletrolítico

Diversos:
S1 – Interruptor simples
B1 – 6 V – 4 pilhas pequenas
Placa de circuito impresso, bornes de
ligação para o componente em teste,
bornes para ligação das pontas do
osciloscópio, suporte de pilhas, caixa
para montagem (opcional), etc.
F12. Traçador de curvas para
transistores bipolares NPN.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 37


Instrumentação

Como usar corretamente seu


Multímetro
Os multímetros analó- O multímetro básico pequeno tombo ou ainda é transpor-
gicos e digitais podem ser O multímetro básico típico, do tipo tado, ficando sujeito a muitos balanços.
analógico, tem a aparência ilustrada
encontrados em versões tão na figura 1. Posição de funcionamento
baratas que qualquer pessoa Neste tipo de instrumento temos A maioria dos técnicos usa seu mul-
que deseje trabalhar com um mostrador com diversas escalas e tímetro em qualquer posição: deitado,
estes instrumentos poderá uma chave ou sistema de comutação em pé ou até colocando-o em des-
ter um sem muito esforço. de escalas, conforme indicado. cansos feitos com tábuas, ou mesmo
No entanto, existem Alguns pontos importantes quanto em uma lâmina de metal dobrada,
ao uso e mesmo à qualidade devem conforme mostra a figura 3.
também as versões caras ser observados a seguir. A não observância da posição
que são usadas em aplica- correta de funcionamento de um
ções avançadas que exigem Os multímetros analógicos multímetro pode levar a indicações
maior precisão e com sen- Possuem um parafuso que permite com erros. O que acontece é que o
sibilidade que permita ler ajustar a posição do ponteiro de modo esforço mecânico para movimentar o
certas grandezas em inten- que, em repouso, ele fique no início da mecanismo da agulha é projetado para
escala. Veja a figura 2. ocorrer de uma determinada forma
sidades muito pequenas. É muito importante este ajuste, quando o instrumento está em posição
Neste artigo, trataremos pois, se o ponteiro partir de uma previamente estabelecida.
de alguns pontos importan- posição diferente do início da escala, Isso significa que, se o instrumento
tes do uso do multímetro o valor marcado em uma medida terá for usado em uma posição diferente,
que podem levar o técnico um certo erro introduzido, o que poderá o esforço para movimentar a agulha
a usá-lo melhor e até a esco- levar o técnico à conclusões erradas. pode ser diferente, introduzindo, assim,
Este ajuste normalmente precisa uma alteração que leva a agulha a uma
lher melhor um instrumento ser refeito quando o multímetro leva um posição na escala que não corresponde
na hora da compra.

F1. Um multímetro comum do F2. Ajuste do ponto de repouso


tipo analógico. (zero) do ponteiro na escala.

38 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

ao esperado. Em suma, temos a intro-


dução de um erro na medida, o que
pode ser perigoso para um diagnóstico
de defeito.
As posições em que um multímetro
pode funcionar são indicadas na própria
escala por símbolos padronizados,
conforme ilustra a figura 4.
Nunca use seu multímetro em uma
posição que não seja a recomendada
pelos símbolos colocados na escala. Se
o multímetro não tiver uma indicação
de posições certas para funcionamento
significa que ele pode funcionar bem
em todas.

Posição de transporte F3. Posições de uso


de um multímetro.
Quando se transporta um multíme-
tro analógico de um local para outro, a
agulha pode oscilar de tal forma que,
batendo no final da escala, poderá
entortar ou ainda causar danos ao
sensível mecanismo interno.
Para evitar este problema, a maio-
ria dos multímetros possui na chave
seletora de escalas uma “posição de
transporte” conforme mostra a figura 5.
Nessa posição, a bobina do instru-
mento indicador é colocada em curto.
O que acontece é que o movimento
oscilatório da agulha faz com que o
instrumento funcione como um dínamo.
Movimentando-se no campo do ímã
interno, a bobina gera uma tensão que
aparece nas extremidades dela que,
normalmente, na espera de medidas F4. Símbolos para posições F5. Na posição de transporte, a agulha é
de funcionamento. “freada” por um sistema eletromagnético.
em certas escalas se encontra pratica-
mente aberta.
Se colocarmos esta bobina em curto paralaxe” na leitura, possibilitando, Com o espelho fica mais fácil
(pela chave na posição de transporte), assim, a realização de medidas mais encontrar a posição correta de leitura.
quando é gerada uma tensão no movi- precisas. O que se recomenda é ler sempre o
mento, a corrente circulante faz com que O que acontece é que, para que valor somente depois de nos posicio-
se crie uma força contrária à que leva tenhamos a leitura correta de um valor narmos de modo que a imagem do
a bobina a oscilar. Em outras palavras, na escala, o nosso olho, a agulha indi- ponteiro fique alinhada com o próprio,
isso funciona como uma “mola” mag- cadora e o valor marcado devem estar observe a figura 7.
nética que amortece os movimentos perfeitamente alinhados, conforme Isso nos garantirá que estamos na
da agulha, evitando, assim, que eles indica a figura 6. posição certa para a leitura e, com isso,
sejam muito fortes. Na prática, entretanto, temos a o erro de paralaxe não é introduzido.
Coloque sempre a chave seletora na tendência de olhar um “pouco de lado”
posição de transporte, quando for levar o instrumento no momento da leitura, Ajuste de nulo
o multímetro de um lugar para outro. o que leva à visualização de um valor Antes de qualquer medida de resis-
que está um pouco deslocado do valor tência, devemos sempre verificar se o
Espelho real. Isso significa uma leitura com nulo do aparelho está ajustado.
Os bons multímetros possuem certo erro que pode ser importante Neste caso, o que temos é que a
um espelho na escala. Esse espelho dependendo do tipo de aplicação e resistência nula a ser indicada depende
tem a finalidade de reduzir o “erro de da precisão do trabalho de cada um. da tensão que a bateria interna do ins-

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 39


Instrumentação

trumento está fornecendo, e ela pode adaptam as pontas de prova dos mul- significa que o usuário deverá passar
se alterar com o tempo (pelo desgaste tímetros. para a escala imediatamente superior
natural). Conforme ilustração na figura 9, as e tentar novamente.
Isso significa que, encostando pontas podem se encaixar nos furos do Cuidado maior deve ser tomado
uma ponta de prova na outra, o que cabo da garra de modo bastante firme com as escalas de corrente que, como
corresponderia a uma resistência e fazer contato elétrico perfeito com nos multímetros analógicos, se esco-
nula e portanto à corrente de fundo a parte metálica, facilitando, assim, lhidas de modo errado num circuito de
de escala do instrumento, podemos seu uso. alta corrente, podem causar a queima
não ter esta corrente se a bateria do instrumento (mais propriamente da
estiver fraca ou podemos ter uma Campos magnéticos próximos resistência de shunt).
corrente maior se a bateria for nova, O técnico pode não perceber, mas
veja a figura 8. se encostar seu multímetro em um Posição
Realizando uma medida de resis- pequeno alto-falante que está na ban- Como os instrumentos digitais
tência nestas condições, teremos cada ao fazer uma medida, o campo não possuem indicadores com partes
certamente uma indicação errada de magnético do ímã do alto-falante móveis, não há posição correta exigida
valor, tanto mais errada quando mais poderá afetar a medida. para o seu funcionamento. Estes ins-
baixa for a resistência medida. Interagindo com o campo magné- trumentos podem operar em qualquer
Para garantir que isso não ocorra tico do instrumento poderá haver a oposição.
devemos cuidar sempre, que, ao rea- modificação da força que atua sobre A limitação maior ocorre no caso
lizar a medida o instrumento esteja a agulha e, com isso, haver uma da operação em lugares claros em que
devidamente zerado. mudança de leitura. é a luz ambiente que pode atrapalhar
Para isso, encostamos uma ponta Nunca coloque o multímetro perto a leitura, dificultando a visualização
de prova na outra e atuamos sobre o de ímãs ao usá-lo. dos valores no mostrador. Neste caso,
ajuste de nulo ou “zero adj” até que a entretanto, a posição do instrumento
agulha marque zero. O multímetro digital ou a luz ambiente em nada alteram o
Isso deve ser sempre feito antes Embora o multímetro digital tenha valor da grandeza medida.
da medida de resistências e quando algumas vantagens em relação ao
mudamos de escala de resistências analógico, existem algumas medidas Estado da bateria
um multímetro analógico. em que ele não oferece as mesmas Se bem que o próprio instrumento
facilidades deste último. possua circuitos indicadores e de pro-
Garras Por exemplo, há testes em que a teção que informam o usuário quando
Existem casos em que é necessário variação da grandeza e, portanto, o a bateria está fraca e inibam a circu-
o uso de garras para a realização de movimento do ponteiro é importante lação dos circuitos quando a tensão
uma medida com o multímetro. para se ter uma ideia do que está ocor- cai abaixo de certo valor, é preciso
Isso ocorre, por exemplo, quando rendo, como, por exemplo em um teste ficar atento.
vamos medir resistências muito altas de capacitor ou na verificação de um Estes instrumentos operam normal-
e o próprio fato de segurarmos o com- oscilador de baixa frequência. O multí- mente com baterias de 9 V e, como o
ponente pode significar a introdução metro digital não tem esse recurso (se consumo é muito baixo, já que o cristal
de uma resistência adicional que vai bem que existam multímetros digitais líquido do mostrador e os circuitos
alterar a leitura. que incluem um ponteiro “virtual” em CMOS exigem correntes muito peque-
Mas, o caso mais importante é suas escalas). nas, a duração é muito grande.
quando realizamos medidas em luga- Para os multímetros digitais deve- Não há necessidade de usar bate-
res difíceis de um aparelho ligado. mos observar os seguintes pontos rias alcalinas nestes aparelhos. As
Um mínimo de movimento pode fazer quanto ao uso: baterias alcalinas são recomendadas
com que a ponta de prova encoste em para aplicações de alto consumo, o
componentes indevidos (submetidos Ajustes que não é o caso destes instrumentos
a tensões muito mais altas do que a A maioria dos multímetros digitais em que pouca diferença na durabili-
prevista na escala usada), ou ainda não necessita de ajustes. O único dade será constatada.
pode colocar em curto trilhas de uma cuidado que o usuário deve ter é com
placa ou componentes com resultados relação à escolha das escalas corretas Garras
desastrosos. para cada medida. As garras são recomendadas para
Use sempre garras para fixar a Quando a grandeza medida ultra- os trabalhos com multímetros digitais
ponta no local de medida. passa o valor máximo da escala, por pelo mesmo motivo que no caso dos
A maioria das pequenas garras- exemplo, medir 120 V em uma escala instrumentos analógicos.
-jacaré que têm cabos plásticos com de 0 a 99 V, o que acontece é o apa- Observamos também que a alta
um furo para a passagem do fio se recimento do valor “1” no display. Isso sensibilidade destes instrumentos

40 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

exige que não se toque nos terminais


dos componentes quando na medida
de altas resistências para que os resul-
tados não sejam alterados.

Oscilação de leitura
Um problema comum que os
possuidores de multímetros digitais
comentam é que, em determinadas
leituras, o último dígito do valor fica
oscilando (mudando constantemente
de valor).
A explicação para o fenômeno está
no próprio princípio de funcionamento
do instrumento e não consiste nem em
defeito e nem em problema, caso seja F6. O erro de F7. O espelho permite encontrar facil-
paralaxe. mente a posição correta de leitura.
bem analisada pelo técnico.
O que acontece é que na medida
de uma grandeza analógica como a
tensão, a corrente ou a resistência, o
que o circuito faz é gerar certo número
de pulsos que corresponda ao seu
valor a partir de um conversor.
Os pulsos são gerados na forma de
trens que correspondem ao período de
amostragem. Por exemplo, um instru-
mento estará lendo constantemente o
valor de uma resistência em intervalos
de 1 segundo, gerando, assim, o valor
correspondente.
Todavia, ocorre na maioria dos
casos que o número de pulsos gerado
não cabe exatamente no intervalo de
tempo da amostragem.
Isso significa que em uma amos-
tragem é lido um valor e, na seguinte,
um valor com uma unidade maior ou
uma unidade menor de modo que, em F8. O ajuste F9. O uso de garras facilita o trabalho
de nulo. com o multímetro.
um certo número dessas amostragens,
a média dê o valor real da grandeza
medida. • Há algum problema de contato a possibilidade dela carregar o circuito
O resultado disso é que o valor do instrumento com o com- que está sendo medido, ela pode ainda
apresentado no display vai oscilar ponente (ou circuito) que está significar a captação de sinais espúrios
constantemente de uma unidade, sendo medido. capazes de afetar uma medida. O téc-
conforme tenhamos um pulso a mais nico deve estar atento a isso.
ou um pulso a menos no processo de Resistência de entrada
amostragem. Os multímetros digitais possuem Conclusão
Quando isso ocorre, o técnico pode uma resistência de entrada muito alta, O que vimos são apenas algumas
ter a certeza de que o valor correto é da ordem de 20 MΩ para os tipos que dicas importantes para quem já usa o
intermediário entre os dois em que o usam FETs, o que é bem diferente multímetro, ou para quem está come-
mostrador oscila. dos multímetros analógicos cuja çando agora.
Se, entretanto, a oscilação for muito resistência de entrada, que não passa O importante que todos devem ter
grande, então temos duas possibilidades: de 100.000 Ω dependendo ainda da em mente é que, usando corretamente
• A grandeza está realmente se escala a ser usada. o seu multímetro, ele pode se tornar
alterando constantemente por Ainda que esta resistência seja muito o instrumento mais valioso de sua
algum motivo, ou importante, pois evita preocupações com bancada. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 41


Instrumentação

Indicador de
Sequência
de Fases
A
Neste artigo mostramos verificação da sequência de
como funcionam os indica- fases é necessária na instala-
ção, manutenção ou modifica-
dores de sequência de fases ções em redes de suprimento
e apresentamos sugestões de energia industriais. É também utili-
para quem quiser economi- zada na ligação de vários tipos de equi-
zar, montando o seu próprio pamentos e, em especial, nos motores
aparelho. de indução trifásicos (o tipo mais utili-
zado nas indústrias).
Na verificação da sequência de fases
Heinrich Parfijanowitsch é preciso determinar a ordem em que
ocorrem os máximos, ou os “zeros”, das
tensões nas três fases.
Por se tratar de eventos que se
repetem a intervalos de alguns milési-
mos de segundo, esta tarefa não pode
ser realizada com multímetros normais
ou lâmpadas de prova, testadores de
tensão, etc., sendo necessário usar
aparelhos especiais.
F1. a) Sequência A-B-C;
b) Sequência A-C-B
O que é “sequência de
fases”?
A figura 1 a mostra o gráfico das três
tensões de um suprimento de energia
trifásico.
As fases foram identificadas com as
letras A (preta), B (vermelha) e C (azul).
Observando a variação da amplitude
das tensões ao longo do tempo, vemos
que após a fase A atingir o seu valor
máximo, a vez seguinte é a da fase B,
e somente depois a da fase C. Esta é a
“sequência de fases” normal. F2. Motor de indução
trifásico típico.

42 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

No caso de uma inversão acidental


de dois dos condutores do suprimento,
por exemplo das fases B e C, o equipa-
mento alimentado “verá” uma sequência
de fases diferente (figura 1 b).
Observe que agora o valor máximo
de tensão ocorre primeiro na fase A,
depois na fase C, e somente depois na
fase B.
Diz-se que houve uma “inversão da
sequência de fases” em relação ao caso
anterior.

A sequência de fases e o sen-


tido de rotação do motor de
indução trifásico
Atualmente, mais de 95% de todos
os motores elétricos usados em apli-
cações industriais são do tipo indução,
trifásico. (Figura 2)
O motivo desta preferência reside na
sua construção simples e robusta, o que
se traduz em grande durabilidade, custo
inicial menor e exigências de manuten-
ção bem modestas em comparação com
outros tipos de motores.
Um fato importante é que, devido à
disposição sequencial dos enrolamentos F3. Alguns modelos comerciais de indi-
cadores de sequência de fases.
das três fases no estator deste tipo de
motor, o sentido de rotação do campo
magnético girante, e portanto do motor, Assim, a verificação também é neces- O disco possui marcas, cujo movi-
depende da sequência de fases da sária em qualquer serviço de instalação, mento pode ser observado através de
tensão aplicada. manutenção ou modificações em redes uma janelinha.
de suprimento de energia industriais. O sentido de rotação do disco indica
Verificação da Na frequência de 60 Hz, o intervalo se a sequência de fases é a correta ou
sequência de fases de tempo entre a ocorrência dos máxi- invertida.
Pelo motivo exposto anteriormente, a mos ou dos “zeros” das três tensões, é O segundo tipo de indicador é
ligação de motores de indução trifásicos de apenas 5,5 milissegundos. dotado de um circuito eletrônico lógico,
deve ser feita respeitando a sequência Portanto, seria totalmente imprati- que varia dependendo do fabricante,
correta. cável tentar determinar a sequência de e indica a sequência de fases através
Além de motores de indução, a fases com dispositivos como lâmpadas de LEDs ou de um mostrador LCD
verificação da sequência de fases é de prova ou com multímetros comuns. (figura 3b).
também necessária na instalação de Por isso, o pessoal de instalação e O terceiro tipo é o indicador “sem
vários outros equipamentos como, por manutenção costuma carregar, além do fios”, mostrado na figura 3c.
exemplo, geradores de emergência, multímetro e das ferramentas normais, Para fazer o teste, basta encostá-
medidores trifásicos de kW e kWh, medi- um “indicador de sequência de fases”. -lo sequencialmente nos condutores
dores de fator de potência etc. ( mesmo cobertos de isolamento) e
Uma inversão acidental de dois fios Os tipos mais comuns de observar o acendimento e as cores
numa rede trifásica industrial, poderia indicadores comerciais dos LEDs.
provocar a inversão do sentido de rota- Entre os indicadores disponíveis Um sinal sonoro toca, indicando que
ção dos motores de um setor inteiro de comercialmente podem ser destacados a sequência é correta. Este aparelho
uma fábrica. quatro tipos básicos: acumula muitas vantagens mas, em
Isto naturalmente é indesejável, pois O primeiro (figura 3a) é um tipo contrapartida, o seu manejo exige uma
além de impedir o funcionamento cor- especial de motor trifásico, em minia- certa habilidade do operador.
reto das máquinas acionadas, poderia tura, com um disco de alumínio que gira Ao encostá-lo sequencialmente
causar danos ou provocar acidentes. em baixa rotação. nas três fases, é necessário observar

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 43


Instrumentação

F4. Diagrama de fasores de um indicador de F5. Indicador básico “Pé de Boi” que é
sequência de fases tipo neutro flutuante. improvisado por eletricistas experientes.

atentamente, e guardar de memória, usa-se um capacitor (menor, mais leve por US$ 309,00” (cerca de R$ 750,00
a ordem de acendimento dos LEDs e muito mais barato). ao câmbio atual).
coloridos, pois estes só acendem um Os outros dois braços são pura- E um modelo igual ao mostrado
de cada vez. mente resistivos, frequentemente for- na figura 3b tem o preço de tabela de
Além disto, existe um limite de mados por lâmpadas incandescentes. 274,95 dólares, ou cerca de R$ 660,00.
tempo de 5 segundos que não deve A presença do elemento reativo em É claro que, procurando, é possível
ser ultrapassado no deslocamento do apenas um dos braços do “Y” causa encontrar modelos bem mais em conta
aparelho de uma fase para outra. um deslocamento do neutro flutuante, (figura 3 d).
Finalmente, o quarto tipo é o cha- numa direção que depende da sequên- No entanto, se o leitor quiser ter
mado “neutro flutuante”, dotado de duas cia de fases da tensão aplicada. a satisfação de montar o seu próprio
lâmpadas (figura 3 d). O diagrama de fasores desta figura aparelho, poderá fazê-lo sem grandes
Dependendo de qual das duas mostra que nestas condições uma das dificuldades e gastando muito menos,
lâmpadas acende, o aparelho indica lâmpadas fica sujeita a uma tensão conforme será visto a seguir.
se a sequência de fases é correta ou bem maior que a outra e, portanto,
invertida. Este tipo de indicador, pela apresenta um brilho muito maior. O modelo básico tipo
sua simplicidade e número reduzido Dependendo de qual das duas “Pé de Boi”
de componentes, presta-se bem para lâmpadas acende ou brilha mais, o Este é um tipo de indicador bem
uma montagem “caseira”. aparelho indica se a sequência de simples e barato, que costuma ser
fases é correta ou invertida. improvisado por eletricistas experien-
Como funciona o indicador Alguns indicadores em vez de tes, usando apenas duas lâmpadas
tipo “neutro flutuante” lâmpadas incandescentes usam lâm- incandescentes e um capacitor, mon-
Este nome provém do fato do indi- padas néon, ou LEDs em série com tados numa pequena tábua de madeira.
cador ser baseado num circuito ligado resistores. A figura 5 ilustra uma montagem
em “estrela” ou “Y” com neutro flutuante deste tipo. As lâmpadas são de 220 V, 15
(“flutuante” significa que o neutro, ou Montagem própria W e o capacitor de 1 microfarad/ 400 V.
o centro do “Y”, não é ligado a nada). Os modelos mais “profissionais” Este indicador improvisado pode
A figura 4 exibe o diagrama elétrico de indicadores de sequência de fases não ter o “apelo estético” dos aparelhos
e o diagrama de fasores de um indica- podem ter um preço relativamente comerciais, mas o importante é que
dor deste tipo. elevado. Por exemplo, um modelo funciona perfeitamente!
Um dos braços do “Y” é composto tipo motor trifásico miniatura, como o Da meia dúzia de componentes
por uma reatância, que poderia ser mostrado na figura 3 a, está sendo ofe- utilizados na montagem, nenhum ultra-
um indutor, mas, na maioria das vezes recido em promoção, “de US$ 360,00 passou o valor de R$ 3,00.

44 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

O aparelho mostrado é próprio para Assim, a resistência da lâmpada “a Para uma frequência de rede de 60
uso em redes com tensão de 220 V quente” ( i.e. nas condições de operação Hz, a equação acima pode ainda ser
entre fases. nominais) pode ser até dez vezes maior simplificada para
Para outras tensões, o leitor poderá que a resistência “a frio”, medida com
determinar o valor dos componentes um multímetro. C = 2652 / Xc
conforme explicado a seguir. Por isto, em vez de medir, o que se
Onde o valor de C também é dado em micro-
faz é determinar a resistência nominal farads.
Como calcular os valores dos da lâmpada através de um simples
componentes? cálculo:
As lâmpadas incandescentes são Para os nossos leitores europeus e
escolhidas de modo que a sua tensão R=E /P2 os vizinhos sul-americanos, que utili-
nominal seja igual ou pouco maior que a zam a frequência de 50 Hz, a equação
tensão entre fases da rede a ser testada. Onde E é a tensão nominal em volts e P a potência correta é
nominal da lâmpada em watts.
Para tensões maiores é possível
ligar em série duas ou mais lâmpadas, C = 3183 / Xc
de mesma potência (watts) e mesma Uma vez determinado o valor de R e
tensão. (Por exemplo, 2 x 220 = 440 V portanto de Xc (que deve ter valor igual,
ou 3 x 127 = 381 V). em ohms), a capacitância C pode ser A tensão de trabalho do capacitor
Para que o indicador funcione cor- calculada pela equação deve ser determinada levando em conta
retamente é necessário que a reatância não a tensão eficaz (“RMS”), mas sim
capacitiva Xc do capacitor, em ohms, C = 1.000.000 / (2 π f Xc) a tensão máxima (ERMS√2)
seja igual ou próxima da resistência R, A rigor, o cálculo mostrado acima
em ohms, dos braços resistivos do “Y”. onde f é a frequência da rede em Hz e Xc é a vale apenas para resistores lineares
reatância capacitiva em ohms.
Portanto, o primeiro passo consiste em (i.e. cujo valor não varia com a tensão
determinar a resistência das lâmpadas. aplicada).
A resistência de uma lâmpada O milhão no numerador serve para Vimos que as lâmpadas incandes-
incandescente não é linear, mudando que o resultado seja expresso direta- centes exibem um comportamento não
muito com a temperatura do filamento. mente em microfarads. linear.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 45


Instrumentação

Uma vez que no indicador de Verificação da presença das


sequência de fases tipo neutro flutuante três fases
as lâmpadas ficam sujeitas a tensões Antes de se fazer o teste de sequên-
que sofrem desvios em relação a nomi- cia é de praxe confirmar que todas as
nal, a sua resistência também vai diferir três fases estão presentes.
da nominal. Para poupar ao operador o tra-
Um cálculo exato seria extrema- balho de fazer esta verificação com
mente complexo. multímetro ou lâmpada de teste, no
Admitir que a resistência é linear nosso protótipo foram incluídas três
é uma hipótese simplificadora que lâmpadas néon adicionais que servem
normalmente resulta em valores de para confirmar a presença das três
capacitância adequados. fases ou, eventualmente, identificar a
Se necessário, o circuito, pode ser fase faltante.
otimizado, realizando experimental- A chave DPDT S1 seleciona as
mente um "ajuste fino” do valor de C. funções de presença de fases e de
sequência de fases.
O modelo “de luxo”
A foto de entrada deste artigo Dicas de montagem
mostra o aspecto externo do nosso O “pulo do gato” nesta montagem
protótipo. consiste em utilizar conjuntos “olho de
Neste aparelho, foi acrescentada a boi” néon comerciais que, alem de muito
função de verificação da presença das baratos, já vêm prontos com o suporte,
três fases. porca fixadora, lente, lâmpada néon e
Além disto, as lâmpadas incandes- o respectivo resistor-série.
centes foram substituídas por lâmpadas Isto facilita muito a montagem.
néon, tornando o conjunto menos frágil O uso de uma caixa pré-fabricada,
e mais compacto. própria para montagens eletrônicas,
As lâmpadas néon permanecem dará um aspecto mais “profissional” ao
totalmente apagadas em tensões conjunto. (Ver figura de entrada deste
inferiores a um certo valor e acendem artigo).
subitamente quando a tensão aplicada Os fios de ligação devem ser, de
ultrapassa este limite, geralmente da preferência, de três cores diferentes F6. Indicador de sequência de
fase, modelo “de luxo”.
ordem de 60 V CA. para facilitar a identificação das fases,
Aproveitando esta propriedade, ou as garras devem ter identificação
foram adotados divisores de tensão bem visível, por exemplo A, B e C. É aconselhável medir estas tensões
resistivos com valores escolhidos para usando um voltímetro de alta resistên-
que, durante o teste, apenas uma das Eventuais ajustes cia interna.
lâmpadas acenda, permanecendo a Os “olhos de boi” comerciais costu- Um multímetro digital com resis-
outra totalmente apagada. (Em com- mam vir com os resistores-série de valores tência de entrada de 10 M ohms, será
paração, nos indicadores que usam bastante diversos (encontramos valores satisfatório.
lâmpadas incandescentes ou mesmo desde 150 k ohms até 220 k ohms).
LEDs, ambas acendem, e o operador Além disto, as lâmpadas néon têm Procedimento de teste
deve observar qual das duas brilha tensões de acendimento que podem Começa-se virando a chave S1 para
mais). variar um pouco de uma para outra. a posição “presença das 3 fases”.
A figura 6 exibe o esquema elétrico Os valores dos resistores externos A seguir ligam-se as três garras
deste indicador, em versão para tensão (R1 a R4) usados no nosso protótipo de teste às três fases do suprimento a
de 220 V entre fases. foram escolhidos de modo a acomodar ser testado, na ordem supostamente
Utilizamos dois capacitores de 22 estas variações. correta (A-B-C).
nF/ 400 V em série (resultando em 11 Caso o leitor, mesmo assim, encon- Todas as três lâmpadas na fila supe-
nF) como segurança contra sobreten- tre alguma dificuldade no acendimento rior devem acender. Caso contrário, o
sões. das lâmpadas indicadoras, deverá aparelho identificará a fase que falta.
Se a perna do “Y” que contém o mexer experimentalmente nos valores A seguir vira-se a chave para a
capacitor for designada como fase “A”, destes resistores (começando por R3 e posição “sequência” e apenas uma das
então a lâmpada correspondente à R4 ) , até conseguir uma tensão de cerca duas lâmpadas da fila inferior acenderá,
perna da fase “B’ acenderá para uma de 30 V sobre a lâmpada apagada e indicando se a sequência de fases é
sequência de fases A-B-C. cerca de 90 V sobre a lâmpada acesa. correta ou invertida. T

46 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

NI myRIO:
Dispositivo portátil de projeto
embarcado para estudantes

E
Neste artigo é apresenta- ngenheiros sabem que construir esses conceitos quase sempre reque-
da aos leitores a plataforma sistemas é uma tarefa árdua e rem uma grande demanda de tempo
que o tempo é um inimigo quando para programar, ou faltam recursos
de hardware/software NI se está completando projetos para implementar aplicações tão sofis-
myRIO, da National Instru- complexos. Estudantes de engenharia ticadas. Os alunos chegam à última
ments, desenvolvida para sentem a mesma pressão no semestre aula de projetos do ano com ideias
estudantes de engenharia. final, quando são submetidos a mostrar bem imaginativas, mas as ferramentas
o conhecimento que adquiriram ao disponíveis a eles tornam desafiador
longo de quatro anos, em média, para completar os projetos que eles ambi-
Margaret Barrett criar um sistema do mundo real em cionam em apenas um semestre.
National Instruments questão de semanas. Como um fornecedor de ferra-
São ensinados aos estudantes os mentas, a NI procura por alternativas
conceitos básicos de controle e meca- para auxiliar a preencher esse vazio.
trônica, mas eles não são introduzidos Acreditamos que as ferramentas de um
ao projeto completo de sistemas até engenheiro estão no caminho para ino-
esses trabalhos de conclusão de curso. vação e que a melhor abordagem para
As ferramentas utilizadas para ensinar o projeto de sistemas é através do uso

F1. As características de ponta do novo NI myRIO permitem aos estudantes de engenharia


completarem os projetos complexos de graduação em apenas um semestre.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 47


Instrumentação

F2. Utilizando o LabVIEW, os estu-


dantes podem começar a programar
com VIs Expressos e, então, evoluir
para modelos mais complexos de
programação assim que se sentirem
confortáveis.

de uma plataforma de software que se rapidamente do que já foi feito antes. rem para modelos mais complexos de
integra perfeitamente ao hardware. Por Completo com o mais recente sistema programação assim que se sentirem
anos, a NI alimentou a indústria com totalmente programável da Zynq em confortáveis. Eles também podem
as ferramentas para projetos de siste- uma tecnologia de chip (SoC) da Xilinx, incorporar seu conhecimento sobre
mas através do uso da plataforma de o NI myRIO potencializa o uso de um outros softwares através da implemen-
programação gráfica NI LabVIEW. Nós processador dual-core ARM Cortex- tação de código em C, ou script .m, no
aceleramos a descoberta com a com- -A9 e um FPGA com mais de 28.000 diagrama de blocos do LabVIEW, ou
binação de hardware e software em células lógicas programáveis, 10 entra- pela programação completa em C/C++
ferramentas que engenheiros podem das analógicas, 6 saídas analógicas, do processador ARM dual core.
utilizar para construir alguns dos mais canais de E/S de áudio e 40 linhas de Além disso, o NI myRIO vem com
complexos sistemas do mundo. Agora E/S digital. Desenvolvido e com preço uma personalidade FPGA pré-definida,
é a hora de colocar as ferramentas tabelado para usuário acadêmico, o NI que interpreta algumas E/S digitais
para projeto de sistemas nas mãos dos myRIO também inclui WI-Fi onboard, como PWM, entrada para encoder,
estudantes. Veja a figura 1. um acelerômetro de 3 eixos e LEDs UART, SPI e I2C. Estudantes podem
programáveis em um encapsulamento começar com essas E/S e mais tarde
Acelerando o projeto fechado e durável. personalizá-las, utilizando a interface
de sistemas Utilizando o LabVIEW, os alunos gráfica do LabVIEW FPGA quando
Na NIWeek 2013, a National Ins- podem tirar vantagem dessas carac- necessário. Observe a figura 2.
truments lançou o NI myRIO, uma terísticas de hardware e criar sistemas
plataforma revolucionária de hardware/ autônomos através de um API customi- Aluno preparado
software que permite aos estudantes zado que permite a eles começarem a Sabendo que os alunos comumente
aplicar os conceitos de engenharia programar com VIs Expressos basea- possuem em média um semestre para
e projetar sistemas reais muito mais dos em configuração e, então, evoluí- completar os projetos, a equipe de

48 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

F3. Desde cursos de controle e proje-


tos embarcados até a mecatrônica e
a robótica, o dispositivo myRIO está
alinhado com o material do curso
para garantir eficácia dentro da sala
de aula.

projetistas da NI definiu as especifica- nas suas habilidades de finalmente comumente utilizados. Os estudantes
ções e características para o NI myRIO aplicar os conhecimentos de enge- podem trabalhar independentemente
com a finalidade de acelerar o projeto nharia no mundo real. O NI myRIO é nesses projetos e garantir que o tempo
acadêmico. construído a partir da tecnologia líder no laboratório seja mais gasto em
Os estudantes podem realizar na indústria de E/S reconfiguráveis inovar e aperfeiçoar seus projetos do
suas primeiras medições em questão (RIO), mas com foco educacional. que em determinar como utilizar as
de minutos, depois de configurar o NI Estudantes que utilizam o NI myRIO ferramentas.
myRIO. Eles podem aprender com irão projetar sistemas sofisticados O mercado atual está repleto de
tutoriais do produto, assim como com durante o período escolar e entrarão soluções com preços e capacidades
vídeo online autoguiado, produzidos no setor industrial com a grande van- que variam, mas apenas o NI myRIO
especificamente para eles. Os estu- tagem de possuir experiência com as permite que os alunos exponham tec-
dantes podem aprender conceitos ferramentas de trabalho. Atente para nologias avançadas relevantes para
que são base para suas disciplinas, a figura 3. a indústria que permitem o projeto de
e então, utilizar esses conceitos para Juntamente com isso, a NI realizou sistemas do mundo real em um único
projetar sistemas de engenharia parcerias com professores em todo o semestre. Enquanto as ferramentas
do mundo real – tudo em apenas mundo para criar um material didático do passado serviam para o propósito
um dispositivo, tudo em apenas um específico para o NI myRIO. Desde de ensinar aos alunos um vocabulário
semestre. cursos de controle e projetos embar- básico que permitisse a eles conseguir
cados até a mecatrônica e a robótica, o primeiro emprego, a próxima geração
Plataforma de ensino o dispositivo está alinhado com o de engenheiros agora aprenderá ao
compreensiva material do curso para garantir eficá- passo da mesma tecnologia utilizada
O NI myRIO é uma ferramenta que cia imediata dentro da sala de aula. na indústria e eles entrarão no local de
abrange tanto o trabalho de ensino O Guia de Fundamentos de Projeto trabalho como desenvolvedores de sis-
quanto o de projetos. Educadores são para o NI myRIO fornece instruções temas experientes, prontos para inovar
responsáveis por ensinar aos alunos passo a passo para conectar e pro- desde o primeiro dia. Para aprender
os conceitos básicos que culminam gramar os sensores e atuadores mais mais, visite ni.com/myrio. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 49


Instrumentação

Medição em RF:
Dicas para reduzir o tempo
Examinando os fatores-chave que afetam o tempo de medição de
RF, este artigo explica como o uso de instrumentos de RF tradicionais
ou baseados em PXI pode aumentar o desempenho dos seus sistemas Guilherme Kenji Yamamoto
de medição de RF. Renan Airosa Machado de Azevedo
National Instruments

S
e você já configurou um sistema digital (DDC) do analisador antes de Em muitos casos, o processo para pro-
de medição de RF automatizado, serem armazenadas na memória da duzir resultados de medição é o mesmo
deve ter encontrado o dilema de placa. Uma controladora PXI, então, em ambos os tipos de instrumentos. A
tentar melhorar a velocidade da busca amostras do I/Q na memória do maior diferença é que com os instrumen-
medição. A velocidade de medição é analisador de sinais vetoriais por meio tos tradicionais, um quarto passo é neces-
um componente crítico do desempenho de um barramento PCI ou PCI Express. sário para que o resultado da medição
e da produtividade do seu sistema de Quando as amostras do I/Q estão na seja transferido (via GPIB, USB ou LAN)
teste automático de RF. Instrumentação memória da controladora, um algoritmo para o PC controlador. Detalhar esses
de RF definida por software usando o NI de medição definido por software produz passos para aprender o que realmente
LabVIEW e o hardware PXI pode ajudá-lo os resultados da medição. acontece em um instrumento ajudará você
a diminuir significativamente seus tempos Simplesmente usando outro algo- a entender melhor os fatores que afetam
de medição de RF. A maior parte dos ins- ritmo, sistemas de medição baseados a velocidade de medição.
trumentos de RF definidos por software em PC podem realizar uma gama de No estágio 1, a latência do driver e o
normalmente realiza medições de 5 a 10 medições nos domínios do tempo e da firmware interno do analisador de sinais
vezes mais rápidas que a instrumentação frequência, incluindo potência, frequ- são as maiores fontes de atraso. Como
tradicional correspondente. ência, margem de máscara espectral, cada um desses é um contribuinte menor
magnitude de erro de vetor (EVM) e para o tempo de medição, um analisador
Da entrada de sinal de RF ao muitas outras. de sinais vetoriais de RF NI PXIe-5663
resultado da medição Agora que você reviu o processo de típico é capaz de produzir amostras de
Um sistema de medição de RF medição de RF, considere os principais I/Q dentro de 30 a 40 µs do tempo que a
baseado em software consiste em um fatores que contribuem para o tempo de aquisição foi iniciada no software.
analisador de sinal de RF baseado em medição em cada um dos três estágios No estágio 2, a largura de banda do
LabVIEW conjuntamente com um chassi do processo de medição de RF: barramento de dados é o maior contri-
e uma controladora PXI. Enquanto o • Estágio 1: Aquisição de amostras buinte para atrasos na medição. Com um
sistema “somente analisador” é a configu- de I/Q. analisador PXI Express como o NI PXIe-
ração mais simples, muitos sistemas de • Estágio 2: Transferência das 5663, você pode transferir 2000 amostras
medição de RF em PXI contêm módulos amostras de I/Q para o PC ser- (suficiente para um span de 50 MHz, RBW
adicionais para geração de sinal RF e vidor. de 30 kHz) em aproximadamente 50 µs.
sinais misturados (ou módulos de entrada • Estágio 3: Execução do algoritmo O estágio 3, que envolve a execução
e saída DC). A figura 1 ilustra o diagrama de medição. do algoritmo de medição, é fundamental-
de blocos de um analisador de sinais RF Este cenário usa uma medição mente o maior contribuinte para o tempo
PXI básico. espectral de RF comum baseada em um total de medição. Uma forma de avaliar a
Em um sistema de medição de RF span de 50 MHz e resolução de banda influência do tempo de processamento do
comum, a medição começa quando (RBW) de 30 kHz para avaliar os fatores sinal é comparar os resultados dos passos
um analisador de sinais vetoriais de RF que afetam a velocidade de medição em 1 e 2 com o tempo total de medição.
como o NI PXIe-5663 (analisador de 6,6 cada um dos três estágios. Note que os Usando uma controladora NI PXIe-8135,
GHz) começa a adquirir amostras do I/Q. mesmos três passos básicos se aplicam você pode tipicamente realizar medições
Uma vez adquiridas, essas amostras a ambos, instrumentos PXI e analisado- de máscara espectral de 50 MHz (RBW
são processadas no downconverter res de sinais vetoriais de RF tradicionais. 30 kHz) em 2,8 ms. Dado que os passos

50 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Instrumentação

1 e 2 no processo de medição adicionam A NI PXIe-8135 é, atualmente, a kHz) tipicamente leva dezenas a cente-
no máximo 90 µs, notem que para este controladora embarcada de mais alto nas de milissegundos em um analisador
exemplo específico, o processamento de desempenho oferecida pela National tradicional. Nesses casos, as medições
sinal é responsável por 97% (ou mais de Instruments. Como a figura 2 mostra, podem ser de 10 a 20 vezes mais rápidas
2,71ms) do tempo total de medição. medições realizadas com controladoras em um PXI dependendo da CPU que
A partir dos estágios 1 a 3, você PXI mais rápidas são sempre de 30 a você escolher.
pode claramente determinar que o maior 40% mais velozes que a sua CPU mais
“gargalo” para medições mais velozes é próxima. Por exemplo, com um RBW de Conclusão
a capacidade de processamento. Então, 30 kHz, o tempo de medição diminui de Enquanto muitos fatores – do RBW
para otimizar seu sistema de medição mais de 4 para 2,8 ms (uma diminuição ao span de frequência – afetam o tempo
para resultados mais rápidos, você pre- de 30%) simplesmente usando uma CPU de medição, a maneira mais fácil para
cisa escolher a CPU com maior capaci- mais rápida. reduzir o tempo de medição sem afetar a
dade disponível. Isso cria um contraste Como contexto para velocidade de qualidade da medição é usar a CPU mais
óbvio com instrumentos tradicionais, medição, note que um analisador de rápida disponível. De fato, a disponibilidade
nos quais a máquina de processamento, espectro de RF tradicional típico leva, de CPU de alto desempenho no sistema
geralmente uma CPU ou um processador significativamente, mais tempo que de medição PXI é o maior contribuinte
digital de sinais (DSP), é predeterminado qualquer sistema PXI. De fato, a mesma para a velocidade das medições PXI em
pelo fabricante do instrumento e não pode medição de 30 MHz de span (RBW de 30 relação à instrumentação tradicional. T
ser trocado com o passar do tempo.

Fazendo medições espectrais


mais rapidamente
Experimentalmente, você pode vali-
dar que o tempo de processamento é
o gargalo do tempo de medição obser-
vando o efeito da CPU no tempo total de
medição. Se os cálculos dos passos1 a
3 estão corretos, o tempo de medição
deve melhorar quando você usar um PC
mais poderoso (CPU). Adicionalmente,
observe que medições computacional-
mente mais intensas levam mais tempo
para serem executadas. Os resultados na
figura 2 demonstram as duas relações. F1. Esta visão de componentes de sistema mostra um analisador de sinais de RF PXI baseado
em LabVIEW, uma controladora PXI com CPU Multicore embarcada e um chassi PXI.
Essa figura mostra o tempo de medição
de um analisador de sinais vetoriais de
RF NI PXIe-5663 contra resolução de
banda e controladora PXI.
Medições com uma resolução de
banda menor – que são mais intensas,
computacionalmente – levam, significati-
vamente, mais tempo para executar em
relação às medições com uma resolução
de banda maior. Por exemplo, com a
controladora NI PXIe-8135, diminuir a
resolução de banda de 100 para 10 kHz
aumenta o tempo de medição por um fator
de sete. Você também pode ver na figura
2 que a CPU afeta significativamente o
tempo de medição. Por exemplo, consi-
dere a melhora de desempenho quando
trocando uma controladora NI PXIe-8106
por uma NI PXIe-8135. Enquanto cada
controladora possui uma arquitetura de
CPU Intel similar, uma diferença-chave
entre as duas é a velocidade do clock. F2. A CPU afeta significativamente
o tempo de medição.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 51


Montagem

Detector
de fugas
U
Fugas em capacitores, iso- m isolamento bom deve signi- cipalmente os tipos a vapor) em que a
lamentos de fios e cabos, ficar uma resistência de pelo carcaça pode apresentar um leve con-
menos uns 5.000.000 ohms em tato com a alimentação, caracterizando
conectores e em muitos uma aplicação normal. Esta é a uma fuga de isolamento, veja a figura 2.
outros dispositivos afetam resistência mínima que toleramos, por Se essa fuga representar uma resis-
o funcionamento de diver- exemplo, entre as armaduras de um tência menor que os valores citados,
sos tipos de equipamentos, capacitor (que não seja eletrolítico) de um toque acidental no ferro de passar
tanto de uso comum quanto até aproximadamente 1 μF, ou entre pode, além de queimaduras, se ele
de uso industrial. Por outro dois fios condutores de um cabo de estiver quente, causar um choque muito
sinal ou força, ou ainda entre os polos perigoso nas condições em que esse
lado, fugas em isolamento de de um interruptor, os contatos de um eletrodoméstico é usado.
aparelhos ligados à rede de relé ou chave de controle que esteja O mesmo é válido para máqui-
energia podem tornar-se pe- aberta. nas industriais de todos os tipos que
rigosas, causando choques É claro que existem aplicações possam operar em condições de umi-
nos operadores ou usuários. menos críticas onde a umidade pode dade, ou em que fugas possam ocorrer,
Para detectá-las descreve- estar presente em uma condição mais e onde a segurança do operador deve
constante, e resistências menores ser levada em conta.
mos a montagem de um apa- podem ser toleradas. Dessa maneira, será bastante inte-
relho simples que pode ser Somente com resistências inferiores ressante que o profissional de manuten-
uma alternativa de grande a 100.000 ohms, nas redes de 110 V ção, reparação ou instalação de equi-
utilidade para os leitores que e 220 V, é que um contato com uma pamentos elétricos e eletrônicos, sujeito
trabalhem em manutenção, pessoa pode causar uma sensação de a esse tipo de problemas, possua um
instalação ou reparação de choque, conforme mostra a figura 1. detector de fugas de isolamento que dê
Isso ocorre, por exemplo, no caso um sinal quando a resistência apresen-
aparelhos eletrônicos e elé- de um ferro de passar roupas (que tada nessa fuga atingir determinados
tricos de uso doméstico ou normalmente acumula umidade, prin- valores.
industrial.

Newton C. Braga

F1. Uma resistência de fuga F2. Fugas devido à umidade são


baixa causa choques. comuns em eletrodomésticos.

52 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Montagem

O circuito que descrevemos tem inversor mudará de estado e, com isso,


duas faixas de detecção: uma em que sua saída se tornará positiva.
somente se o isolamento representar Desse modo, ligando na entrada um
uma resistência inferior a 200 k ohms divisor formado por R1 e o circuito que
ocorrerá o sinal de aviso, e outra em está sendo testado, a saída do inversor
que isso acontecerá somente para será positiva se a resistência do apa-
resistências abaixo de 10 M ohms apro- relho testado for inferior à metade do
ximadamente. resistor, ou será nula se a resistência
O aparelho é compacto a ponto de for superior a esse valor.
caber facilmente no bolso ou na maleta A saída do inversor controla dois
de serviço do profissional e é de baixo outros circuitos formados pelas portas
custo, pois usa componentes absoluta- restantes do circuito integrado 4093. O
mente comuns. primeiro é um oscilador lento que se
Sua montagem também é muito mantém inibido quando a saída do inver-
simples, uma vez que os componentes sor está no nível baixo, entrando em fun-
não são críticos e não existem ajustes. cionamento quando ela vai ao nível alto.
Em funcionamento, este oscilador
Como funciona combina seu sinal com o inversor nas
Usamos no projeto um sensível últimas duas portas que formam um
circuito integrado CMOS do tipo 4093B, buffer-driver que aciona um LED. Assim,
que tem portas que podem ser ligadas se a resistência de fuga do circuito em
de diversas formas. prova for alta, nada acontecerá e o LED
Assim, a primeira delas é ligada não acenderá, mas se ela for baixa, o
como um inversor. Esta porta mantém oscilador entrará em funcionamento e
sua saída no nível baixo (pino 3 com o LED passará a piscar.
zero volt) quando a tensão nos pinos 1 A chave S1 muda o resistor do divi-
e 2 está com um valor que corresponde sor, de modo a se obter a comutação
aproximadamente a 2/3 da tensão de do circuito com uma resistência mais
alimentação. Se essa tensão cair para baixa. Nessa posição, o circuito também
um valor inferior a 1/3 da tensão de opera como um excelente provador de
alimentação (aproximadamente), o continuidade.

F3. Diagrama do detector


de fugas.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 53


Montagem

Montagem
Na figura 3 temos o diagrama com-
pleto do provador.
A disposição dos componentes
em uma placa de circuito impresso é
exibida na figura 4.
Sugerimos que o circuito integrado
seja montado em um soquete DIL. O
LED pode ser de qualquer cor, e os
resistores são de 1/8 W ou maiores. C1
é um capacitor de poliéster ou cerâmico,
e as pontas de prova são vermelha e
preta comuns.
Para a alimentação tanto podem ser
usadas 4 pilhas pequenas quanto uma
bateria de 9 V, observando-se sempre
sua polaridade na ligação.
S1 e S2 são interruptores simples de
qualquer tipo.
O aparelho cabe facilmente em uma
caixinha do tamanho de um maço de
cigarros ou saboneteira. Na verdade,
as saboneteiras de plástico de baixo
custo que existem nos supermercados
constituem uma excelente sugestão de
caixa para esta montagem.
F4. Placa do detector
de fugas.
Prova e uso
Para provar, basta encostar uma
ponta de prova na outra, ou na posi- as pontas de prova, o LED poderá dar
ção de maior sensibilidade (com S1 uma leve piscada que significa a carga
aberta) e segurar as pontas de prova. do capacitor, mas em seguida deverá
O LED deverá piscar. A frequência das permanecer apagado. Se o LED piscar
piscadas depende basicamente de R2, continuamente depois disso, significa
que pode ser alterado na faixa de 470 que o capacitor está curto ou apresenta
k ohms a 4,7 M ohms. O capacitor C1 fugas.
também pode ficar entre 100 nF e 470 Para os capacitores eletrolíticos,
nF, com o que se obtém uma alteração dependendo do valor, podem ser
da frequência das piscadas. toleradas fugas algo elevadas. Assim,
Para usar, as provas devem ser para aqueles maiores que 100 μF o
sempre feitas com o aparelho em teste teste de fuga com este aparelho não é
desligado. significativo.
Na figura 5 mostramos o modo de A sensibilidade pode ser aumen-
se fazer o teste de isolamento entre tada detectando-se resistências de F5. Testando o isolamento
de um motor.
a carcaça e cabo de alimentação de fugas ainda mais altas que 10 M ohms,
um motor elétrico de uma máquina utilizando-se para R1 um resistor de 47
industrial. mega ohms. Um resistor deste valor devem é grande. Em muitos casos um
Esse teste deve ser feito com S1 pode ser obtido pela ligação em série consumo elevado pode estar sendo
fechado, ou seja, na posição de menor de dois resistores de 22 M ohms, ou causado pela ocorrência de fugas.
sensibilidade. Ele também serve para quatro de 10 M ohms. Fugas para a carcaça de um equi-
testar o isolamento de transformadores pamento desviando energia para a
e de outros equipamentos elétricos e Fugas e consumo de energia terra, ou ainda fugas para um conduíte
eletrônicos. Nesta época de racionamento de metálico, são alguns dos problemas que
Para o teste de pequenos capaci- energia, a preocupação com equipa- podem ocorrer. A possibilidade de se
tores, use a maior sensibilidade (S1 mentos de qualquer tipo que possam verificar essas fugas é muito importante
aberto). Quando tocar no capacitor com estar consumindo mais energia do que nesses casos. T

54 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Montagem

Montagens de
Circuitos Práticos
Neste artigo, trazemos para o leitor três montagens eco-
nômicas interessantes que podem ser aplicadas, inclusive
na solução de necessidades domésticas. Filipe Pereira

Alarme para portas e janelas Veja, a seguir, o esquema dese- pouco para surgir na entrada E.
Quando a porta ou janela está nhado no Eagle, na figura 3, e a lis- Isso significa que existe uma certa
fechada, o reed está em frente ao ímã. tagem dos componentes, na tabela 1. defasagem na realimentação, con-
Quando a porta ou janela é aberta, o Essa malha RC, através da sua dição necessária para que ocorra a
reed deixa de estar em frente ao ímã. constante de tempo τ, faz com que oscilação. A figura 4 mostra a placa
Veja a figura 1. qualquer variação nas condições de circuito impresso para a primeira
O reed (interruptor magnético) está eléctricas na saída S demore um montagem.
fechado quando se encontra sob a ação
do campo magnético do ímã, o que
origina que a junção base-emissor do
transistor BC549 tenha uma diferença
de potencial de 0 volt. Como essa
junção precisa de pelo menos 0,6 volts
para levar o transistor à condução,
ele fica no corte (não conduz), o que
implica em que o amplificador/ oscila-
dor não funcione e, por consequência,
o alto-falante não emita som. Observe
a figura 2.
O reed abre quando deixa de estar
sob a ação do campo magnético do ímã
(porque a porta ou janela foi aberta).
Nessa situação, a base do transistor
BC549 fica polarizada pelo resistor de 1
MΩ que o leva à condução. Como esse
transistor está acoplado diretamente F1.Esquema elétrico
do Alarme.
ao BD140, leva-o também à condução.
Através da malha RC de realimentação
o oscilador começa a funcionar, origi-
nando um sinal variável (cuja frequência
depende do valor do resistor e do capa-
citor da malha) que vai ser reproduzido
no alto-falante.
Observação: O transistor BC549 é
NPN, portanto, para conduzir, a Base
tem de estar mais positiva pelo menos
0,6 V em relação ao Emissor. O transis-
tor BD140 é PNP, logo, para conduzir, a
Base tem de estar mais negativa pelo
menos 0,6 V em relação ao Emissor. F2. Diagrama
de blocos.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 55


Montagem

Circuito de comando
para servos
No esquema seguinte, apresenta-se
uma versão de um driver realizado com
base no clássico CI 555.
Neste circuito, o 555 é ligado como
multivibrador astável (oscilador) que
gera pulsos de duração variável por
meio de um resistor ajustável. À medida
que se roda o eixo do potenciômetro,
a duração dos pulsos varia desde um
mínimo até um máximo.
Com os valores indicados no circuito
eletrônico, consegue-se rodar servos,
de diferentes fabricantes, entre 0º e
180º. Atente para as figuras 5 e 6. F3. Esquema dese-
nhado no Eagle.
A figura 6 apresenta o CI 555 como
oscilador. Identificação dos terminais
do 555:
• Negativo da alimentação;
• Entrada de disparo;
• Saída;
• Reset ou rearme;
• Entrada da tensão externa de
controle;
• Sensor de nível de tensão;
• Descarga (do capacitor da rede
RC externa);
• Positivo da alimentação.
Ao operar como um oscilador, a
saída do 555 muda continuamente
entre os estados alto e baixo. Isto é feito
ligando a entrada 2 (TRG) ao capacitor
de temporização (C = 47 nF). Os resis-
tores R1 e R2 e o capacitor C definem os F4. Placa de circuito impresso
do Alarme.
tempos no estado alto (tA) e no estado
baixo (tB).
Acompanhe, na figura 7, um A figura 8 exibe os componen- Regulador da intensidade
esquema elaborado no programa tes na placa e as trilhas do circuito luminosa de uma lâmpada
Eagle e, veja na tabela 2 a listagem impresso vistas do lado dos compo- Nota: Esta montagem também pode
dos componentes. nentes. ser utilizada para regular a velocidade de

Part Value Device Package Description


+ 6 V - DC 2,54/1,0 2,54/1,0 THROUGH-HOLE PAD
ALT1 2,54/1,0 2,54/1,0 THROUGH-HOLE PAD
ALT2 2,54/1,0 2,54/1,0 THROUGH-HOLE PAD
C1 10nF C-EU075-032X103 C075-032X103 CAPACITOR, European symbol
INT 2,54/1,0 2,54/1,0 THROUGH-HOLE PAD
INT2 2,54/1,0 2,54/1,0 THROUGH-HOLE PAD
R1 M1 R-EU_0204/7 0204/7 RESISTOR, European symbol
R2 4 K7 R-EU_0204/7 0204/7 RESISTOR, European symbol
REED1 2,54/1,0 2,54/1,0 THROUGH-HOLE PAD
REED2 2,54/1,0 2,54/1,0 THROUGH-HOLE PAD
T1 BC549 BC549B TO92-EBC NPN Transistor
T2 BD140 BD140 TO126AV PNP TRANSISTOR
_ 2,54/1,0 2,54/1,0 THROUGH-HOLE PAD
T1. Listagem dos componentes do Alarme para portas e janelas.

56 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Montagem

motores universais, ou até para controlar


a potência de dissipação de uma resis-
tência de aquecimento.
Observe na figura 9 o esquema
elétrico da 3ª montagem, onde será
necessário o seguinte material:
• Resistor fixo linear de 18 k ohms;
• Potenciômetro de 470 k ohms;
• Capacitores de 47nF/ 400 V;
• DIAC de 32 V;
• TRIAC BT137 (Se a potência
da carga a controlar for grande, F5. Esquema elétrico do Circuito
de Comando para Servos.
será conveniente colocar um
dissipador de calor no TRIAC.
Contudo, nunca se deve utilizar
o BT137 num circuito com cargas
que ultrapassem a sua corrente
eficaz – 8A).(Figura 10)
Obs.: Estes motores têm o enrola-
mento do rotor (parte móvel) em série
com o enrolamento do estator (parte fixa)
e são chamados de motores universais
porque, embora funcionem normalmente
com tensões alternadas, podem também
funcionar com tensões contínuas.
A figura 11 mostra a PCI com o lado F6. O CI 555 como
Oscilador.
das trilhas e o lado dos componentes.

Princípio de funcionamento
do circuito
Um DIAC é um semicondutor cuja
resistência interna é muito alta quando
a tensão a que está submetido é inferior
à tensão de disparo (aproximadamente
30 volts) e, portanto, a corrente que
passa por ele é muito pequena (apro-
ximadamente 50 μA). Quando a tensão
que lhe é aplicada ultrapassa a tensão
de disparo, o DIAC passa à condução.
O TRIAC é outro componente semi-
condutor que pode ser comparado a um
relé. Possui três terminais: dois anodos F7. Esquema elaborado
no Eagle.
(A1 e A2) e a porta ou gate (G). Se
aplicarmos uma tensão entre os dois
anodos e um pulso de corrente à gate
(aproximadamente de 50 mA), o TRIAC
passa a conduzir, independentemente
de se manter ou não o sinal aplicado na
gate. Deixa de conduzir quando a tensão
entre anodos se anular. Acompanhe na
figura 12.
Sendo aplicada uma tensão alter-
nada, para que o TRIAC conduza perma-
nentemente precisa de receber um pulso
de corrente na gate sempre que a tensão
de alimentação se anula (100 vezes por F8. Placa de circuito impresso
do Comando para Servos.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 57


Montagem

F9. Esquema elétrico da F10. Aspecto físico do


3ª montagem. TRIAC BT137.

segundo). Se ele não receber o pulso de


disparo na gate no exato momento em
que a tensão é nula (disparo a tensão
nula), então só conduzirá a partir do
disparo (controle de fase). Esta particula-
ridade é aproveitada no circuito proposto
na medida em que se consegue variar
a corrente que atravessa o TRIAC (e
a carga que está em série com ele),
fazendo variar o instante em que a sua
gate recebe o pulso de disparo.
O potenciômetro P (resistor variável)
controla o regime de carga e descarga
dos capacitores C1 e C2, fazendo assim F11. Placa de circuito impresso do Regulador de
intensidade luminosa de uma lâmpada.
variar o instante em que o DIAC recebe
a tensão de condução que, por sua vez,
faz aplicar um pulso na gate que dispara
o TRIAC:

Se:
R↓ ⇒ τ↓ ⇒ o DIAC dispara mais cedo
(α ↓) ⇒ o TRIAC conduz mais cedo
(q ↑) ⇒ a carga recebe mais potência.
R↑ ⇒ τ↑ ⇒ o DIAC dispara mais tarde
(α ↑) ⇒ o TRIAC conduz mais tarde
(q ↓) ⇒ a carga recebe menos potência.

Onde:
R: Resistência do potenciômetro
τ: Tempo de carga dos capacitores
α: Ângulo de disparo
F12. Princípio de funciona-
q: Ângulo de condução mento do circuito.
T
Qt Value Device Package Parts Description
1 1N4148 1N4148DO35-7 DO35-7 D1 DIODE
1 1on C-EU050-024X044 C050-024X044 C2 CAPACITOR, European symbol
1 4 a 6 V DC 1751248 1751248 - MKDS 1/ 2-3,5 Printklemme
1 470K R-EU_0207/10 0207/10 R2 RESISTOR, European symbol
1 47n C-EU050-025X075 C050-025X075 C1 CAPACITOR, European symbol
1 50K R-TRIMM3339P RTRIM3339P R3 Trimm resistor
1 6K8 R-EU_0207/10 0207/10 R1 RESISTOR, European symbol
1 LM555N LM555N DIL08 IC1 TIMER
1 Sevomotor 1751251 1751251 SERVO MKDS 1/ 3-3,5 Printklemme
T2. Listagem dos componentes para o Circuito de Comando para Servos.

58 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Montagem

Alarme sem fio


A
Um dos problemas de ideia deste projeto é simples: a Como funciona
um sistema de alarme que própria rede de alimentação de Na figura 1 temos o diagrama em
uma residência, ou outro tipo blocos do transmissor, através do qual
protege uma residência ou de instalação, é usada para começamos a nossa análise.
outro tipo de instalação é enviar os sinais dos sensores, quando O circuito de disparo tem por base
a quantidade de fios que eles são disparados para uma central um integrado 555 (CI-1) ligado na confi-
temos que estender, alguns colocada em local estratégico. Cada guração monoestável, no qual o tempo
dos quais passando por sensor tem seu próprio transmissor e que o nível de saída permanece alto
lugares complicados ou de pode ser mudado de posição à von- é dado por C6 e pelo ajuste de P1. O
tade, pois basta que haja uma tomada capacitor C6 pode ter valores na faixa de
difícil acesso. Esta quantida- próxima para que possamos fazer a 10 μF a 1000 μF, caso em que o alarme
de de fios também aumenta sua conexão. poderá tocar por mais de meia hora. O
a probabilidade de falhas e Até mesmo a casa do vizinho pode disparo do 555 é feito pela momentânea
eleva o custo do sistema. ser protegida e, em caso de uma aplicação de um nível baixo no pino 2, o
O que propomos neste viagem, esta central poderá facilmente que é conseguido através do transistor
artigo é um sistema que ser transportada até a casa ao lado. Q1 e de um capacitor (C5).
Quando o alarme disparar, alertará Temos então diversas possibilida-
não necessita de fios, pois alguém que, então, poderá tomar des de excitação do 555 a fim de que
os sensores enviam seus alguma providência. o circuito seja disparado. Algumas das
sinais a uma central através A quantidade de sensores utilizados quais mostradas na figura 2.
da própria rede de energia, é praticamente ilimitada, e até mesmo Na figura 2a temos a utilização de
sem a necessidade de insta- recursos adicionais para a proteção em sensores de fios que, ao serem inter-
lações complicadas e com caso de corte de energia podem ser rompidos, provocam a comutação de
acrescentados. Q1, levando, assim, o 555 ao disparo.
a fácil troca de posição de O circuito é muito simples e não Na figura 2b temos o disparo por
qualquer elemento. necessita de ajustes complicados, meio de reed switches, ou de micro-
principalmente de frequência, já que switches do tipo NF, enquanto na figura
não opera com filtros sintonizados. A 2c temos o disparo por chaves do tipo
Newton C. Braga utilização de um circuito próprio impede NA. Para a utilização de um LDR temos
que transientes de curta duração, como a ligação mostrada na figura 2d. Veja
os que ocorrem na ligação de chaves e que, neste caso, a momentânea pas-
eletrodomésticos, provoquem o disparo sagem de uma pessoa que corte a luz
errático do alarme. incidente no LDR provoca seu disparo.
A ação do alarme é temporizada O circuito de tempo serve para ativar
e, para casos de intervalos curtos, ele um oscilador com outro 555 na configu-
pode operar até como controle remoto. ração astável (CI-2). Este circuito opera
em um frequência de aproximadamente
Características 40 kHz, dada pelos resistores R6 e R7 e
• Tensão de alimentação: 110/220 pelo capacitor C7.
V CA O sinal deste oscilador é levado a
• Frequência de operação: 40 kHz uma etapa de potência que consiste em
(aproximadamente) um transistor TIP31 capaz de produzir
• Temporização: de 10 segundos uma saída de algumas centenas de
a 10 minutos miliwatts que é aplicada diretamente à
• Capacidade de controle: 2 A rede local via capacitor C2. Este capa-
• Tipos de sensores: chaves, ópti- citor, assim como C1, é um elemento
cos, fios, térmicos importante do transmissor, pois deve
• Número de sensores: ilimitado apresentar uma baixa impedância

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 59


Montagem

ao sinal, acoplando-o diretamente à O transmissor tem um fusível de O receptor tem a estrutura mos-
rede. Recomendamos a utilização de proteção em sua entrada e sua fonte trada na figura 3. O sinal captado da
capacitores de poliéster com tensão de de alimentação é estabilizada, tendo rede de alimentação, via capacitor C2
trabalho de pelo menos 400 V para o por sua base um integrado 7812, que (que também deve ter uma alta tensão
caso de rede de 110 V e de, pelo menos, deverá ser dotado de um radiador de de isolamento), é levado a um filtro
600 V se a rede for de 220 V. calor. passa-altas formado por C3/C4/R1/R2 e
R3. Este filtro elimina, assim, o compo-
nente de 60 Hz da rede local, deixando
apenas o sinal eventualmente presente
do transmissor.
Após amplificação, o sinal é detec-
tado e depois amplificado por um ope-
racional 741 que não necessita, neste
caso, de fonte simétrica.
D 3 e D 4 formam o detector que
então aplica à entrada inversora do
operacional uma tensão positiva, cujo
valor depende da intensidade do sinal
captado.
P1 fixa a tensão de referência na
F1. Diagrama de blocos entrada não inversora. Assim, na con-
do transmissor.
dição de ausência de sinal, ajustamos
P1 para que a tensão de referência seja
aproximadamente metade da tensão
de alimentação, ou um pouco menos,
de modo que na saída tenhamos uma
tensão positiva, mas muito próxima da
transição para zero volts (figura 4).
Quando houver sinal de entrada,
aparecerá uma tensão positiva que
é amplificada fortemente, tornando,
então, a saída do operacional muito
próxima da tensão nula. Isso faz com
que o diodo D6 seja polarizado no sen-
tido direto e Q2 sature, ativando o relé.
O conjunto apresenta uma certa
F2. Opções para excitar o CI inércia que evita a operação com tran-
555 para disparo do circuito.
sientes. Assim, é preciso que o sinal
esteja presente por um certo tempo
para que a tensão na saída de D4 carre-
gue C6 e, com isso, o operacional entre
em ação. Do mesmo modo, quando o
sinal desaparece, o desarme do relé
não é instantâneo, pois resta C7. Este
mesmo capacitor evita a vibração dos
contatos na atuação do relé.
D5 protege o transistor contra as ten-
sões elevadas que são geradas na bobina
do relé no momento da comutação.
O tempo de acionamento do relé
depende do transmissor. Então, con-
forme a temporização de cada sensor,
teremos um tempo de ativação do relé
diferente.
A alimentação do circuito é feita
F3. Estrutura do receptor com uma fonte estabilizada que tem
(em blocos).

60 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Montagem

por base o integrado 7812, o qual deve Na figura 7 temos a placa de circuito
ser dotado de um pequeno radiador impresso para a montagem do trans-
de calor. missor. O conjunto “placa + elementos
Na figura 5 damos o circuito de uma externos” pode ser instalado em uma
sirene de pequena potência que poderá caixa plástica que deverá ficar próxima
ser alimentada por este circuito. ao local protegido e ligada à tomada de
força mais próxima.
Montagem Na figura 8 vemos o circuito com-
Começamos por mostrar o circuito pleto do receptor. A placa de circuito
completo do transmissor na figura 6. impresso é ilustrada na figura 9.
Os componentes, tanto do transmis-
sor como do receptor, não são críticos.
Os resistores são todos de 1/8 ou 1/4 W
com 5% ou 10% de tolerância, exceto
R9 do transmissor que deve ser de 2 W.
O transistor Q 2 (no transmissor)
assim como os integrados 7812, tanto
do transmissor como do receptor, deve
ser dotado de radiadores de calor.
Os capacitores de menos de 1 μF
podem ser de poliéster ou cerâmica.
Atenção especial deve ser dada aos
capacitores C1 e C2 do transmissor e
do receptor, que possuem alta tensão
de isolamento.
Os eletrolíticos são para 16 V, exceto
C3 do transmissor e C8 do receptor que
F4. Ajuste de P1 para que Vref seja F5. Exemplo de um circuito de são para 25 V.
aproximadamente igual a Vcc/2. sirene de pequena potência. Para D 3, D 4 e D 6 podemos usar
qualquer diodo de germânio e para
os retificadores da fonte equivalentes
de maior tensão dos 1N4002 podem
ser usados.
Os integrados 555 e 741 podem ser
montados em soquetes DIL e os tran-
sistores Q1 e Q2 do receptor admitem
equivalentes.
Os transformadores devem ter
enrolamento primário de acordo com
a rede local e a corrente mínima de
secundário é de 500 mA.
Para o sensor de luz qualquer
LDR comum serve e o relé usado
no receptor é o MC2RC2 de 12 V,
da Metaltex, que também pode ser
montado em um soquete de integrado
(DIL), o que facilita sua substituição
caso necessário.
Equivalentes podem ser usados,
mas exigem novo desenho da placa
do circuito impresso.

Prova e uso
Antes de fechar as unidades em
suas caixas é conveniente fazer uma
F6. Circuito completo prova de bancada. A utilização de
do transmissor.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 61


Montagem

F7. Placa de circuito impresso


para montagem d transmissor.

F8. Circuito completo


do receptor.

62 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Montagem

um multímetro e de um LED em série provocando o disparo da unidade. O um gerador de funções, ou de áudio,


com um resistor de 1 kohm ligado nos relé deve atracar imediatamente e o que deve ativar o relé.
contatos do relé, ajudará bastante a LED acender, assim permanecendo Para verificar o funcionamento do
monitoração do funcionamento e a por alguns segundos. Se não con- receptor, ligue um frequencímetro no
realização dos ajustes. seguir isso, refaça o ajuste de P 1 do pino 3 do integrado C1-2. Deve ser obser-
Ligue as duas unidades na rede de receptor e tente novamente. vado um sinal de 40 kHz quando A e B
alimentação, medindo as tensões nos Veja que deve existir um ponto de forem curto-circuitados por um instante.
pinos 3 dos integrados 7812. Devem ajuste de P1 em que o LED passe de O disparo de CI -1 é observado
estar presentes 12 V. apagado para aceso e o ajuste ideal ligando-se o multímetro na escala de
Coloque P 1 do transmissor na ocorre o mais próximo possível desta tensões DC no pino 3. Ocorre a transi-
p o s i ç ã o d e m í n i m a re s i s tê n c i a . transição. Se isso não acontecer, veja ção de 0 V para aproximadamente 12 V.
Em seguida, ajuste P 1 do receptor se D6 não está invertido, ou se não Comprovado o funcionamento, é
até que o relé desarme, o que fará existem problemas com CI-2 ou Q2, ou só pensar na instalação. Na figura 10
com que o LED apague. Pegue verifique a inversão de D5 (que pode indicamos como isso pode ser feito
um pedaço pequeno de fio e dê causar a queima de Q2). usando-se diversos sensores.
um toque em suas extremidades Você pode comprovar o funciona- Veja que pode ocorrer de termos
nos pontos A e B do transmissor, mento do receptor desligando C 2 e duas fases em uma residência, de
ativando, assim, o transistor Q 1 e aplicando em C3 o sinal de 40 kHz de modo que a passagem do sinal de uma

F9. Placa de circuito impresso e conjunto


montado para o receptor.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 63


Montagem

para a outra fique dificultada. Assim, a passagem do sinal com a utilização Este recurso também pode ser
podem existir em sua casa tomadas de um capacitor de 100 nF x 600 V necessário se o sinal apresentar difi-
em que não se tenha um bom funcio- ligado na chave geral, conforme mostra culdades em chegar ao sensor quando
namento do sistema. Podemos facilitar a figura 11. colocado na casa de um vizinho. T

F10. Ideia para a instalação da F11. Uso do capacitor de 100 nF/ 600 V
proteção de uma residência. na chave geral para a passagem do sinal.

Lista de Materiais
Transmissor: Q2 – BC558 – transistor PNP de uso geral
CI-1, CI-2 – μA555 – circuito integrado timer D1, D2 – 1N4002 ou equivalente – diodos retificadores
CI-3 – μA7812 – circuito integrado regulador de tensão de 12 V D3, D4, D6 – 1N34 ou 1N60 – diodo de germânio
Q1 – BC548 – transistor NPN de uso geral D5 – 1N4148 0 diodo de silício de uso geral
Q2 – TIP31 – transistor NPN de potência K1 – MC2RC2 – micro relé Metaltex para 12 V
D1, D2 – 1N4002 – diodos retificadores de silício P1 – 4,7 kohms – trimpot
F1 – fusível de 1A F1 – 1 A – fusível μF
S1 – interruptor simples S1 – interruptor simples
P1 – 100 kohms, trimpot T1 – transformador com primário de acordo com a rede local e
T1 – transformador com primário de acordo com a rede local e secundário de 12+12 V x 500 mA
secundário de 12+12 V x 500 mA C1, C2 – 10 nF x 400 V – capacitores de poliéster
C1, C2 – 10 nF x 400 V – capacitores de poliéster C3, C4 – 10 nF – capacitores de poliéster
C3 – 1000 μF x 25 V – capacitor eletrolítico C5 – 22 nF – capacitor de poliéster ou cerâmica
C4 – 100 μF x 16 V – capacitor eletrolítico C6 – 470 nF – capacitor de poliéster ou cerâmica
C5 – 100 nF – capacitor de poliéster ou cerâmica C7 – 10 μF – capacitor eletrolítico
C6 – 100 μF x 16 V – capacitor eletrolítico C8 – 1000 μF x 25 V – capacitor eletrolítico
C7 – 2,2 nF – capacitor de poliéster ou cerâmica C9 – 100 μF x 16 V – capacitor eletrolítico
R1, R8 – 1kohm – resistores (marrom, preto, vermelho) R1 – 56 kohms – resistor (cinza, azul, laranja)
R2, R5 – 10 kohms – resistores (marrom, preto, laranja) R2 – 82 kohms – resistor (cinza, vermelho, laranja)
R3 – 22 kohms – resistor (vermelho, vermelho, laranja) R3 – 330 kohms – resistor (laranja, laranja, laranja)
R4 – 47 kohms – resistor (amarelo, violeta, laranja) R4 – 33 kohms – resistor (laranja, laranja, laranja)
R6, R7 – 4,7 kohms – resistores (amarelo, violeta, vermelho) R5 – 100 kohms – resistor (marrom, preto, amarelo)
R9 – 100 ohms x 2 W – resistor (marrom, preto, marrom) R6, R9 – 1kohm – resistores (marrom, preto, vermelho)
Caixa para montagem, cabo de alimentação, radiadores de calor, R7, R10 – 4,7 kohms– resistores (amarelo, violeta, vermelho)
suporte para fusível, fios, sensores, solda etc. R8 – 1 Mohm – resistor (marrom, preto, verde)
Receptor: R11 – 2,2 kohms – resistor (vermelho, vermelho, vermelho)
CI-1 – μA7812 – circuito integrado regulador de tensão R12 – 2,2 Mohms – resistor (vermelho, vermelho, verde)
CI-2 – μA741 – amplificador operacional Cabo de alimentação, placa de circuito impresso, fios, suportes para
Q1 – BC548 – transistor NPN de uso geral fusível, radiadores de calor, soquetes para os integrados, solda etc.

64 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014


Microcontroladores

Display LCD
com Arduino
P
O Arduino é uma ferra- ara demonstrar o funcionamento no fato de funcionar em sistemas ope-
menta livre tanto em nível do experimento foi utilizado o kit racionais dos tipos Windows, Linux e
didático Cerne Arduino, placa MacOS. A vantagem em usar o Linux
de hardware quanto de sof- vista na figura 1. Todavia, outros é dispor de uma ferramenta gratuita
tware, na qual você encon- modelos de placa Arduino também que facilite o acesso aos alunos para
trará os recursos necessários podem ser utilizados, bastando verificar realização de seus projetos.
para iniciar seus projetos, a pinagem com que ficará conectado Após realizar o download do sof-
sem ser especialista nem em ao LCD. Como literatura de apoio foi tware, basta descompactar a pasta e
eletrônica nem em software. utilizado o livro “Arduino – Prático e abri-la, onde você encontrará o arquivo
Objetivo”, de minha autoria. arduino.exe; abra sempre este pro-
Neste artigo, serão apresen- Projetos com IHM (Interface Homem- grama quando quiser “rodar” o software
tados os passos para mostrar -Máquina) são úteis em diversos arduino. Na figura 2 está ilustrada a tela
uma mensagem no display aparelhos e podem ser aplicados em deste programa.
LCD de 16x2. disciplinas como robótica educacional, Basta digitar o código na área de
automatismos em geral, entre outras, edição, salvá-lo, compilar e realizar o
para mostrar alguma informação ao upload para que o arquivo .hex seja
Vitor Amadeu Souza usuário do sistema. carregado na placa de testes.
vitor@cerne-tec.com.br
Conhecendo o Software Display LCD
O software usado neste artigo foi o Os displays do tipo LCD são muito
Arduino - versão 17, que pode ser bai- usados para mostrar informações do
xado gratuitamente no endereço: http:// estado de uma máquina. Na figura 3 é
arduino.cc/en/Main/Software. mostrado o aspecto típico desta interface.
Entretanto, versões mais recentes Existem vários tipos de display,
também podem ser empregadas. A como os de 2x20, que significa 2 linhas
grande vantagem deste software reside por 20 colunas, 4x20, 4x16 e etc. Neste

F1. Kit Didático


Cerne Arduino.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014 65


Microcontroladores

F2. Tela do programa F3. Display


Arduino. LCD típico.

exemplo será utilizado um display do Box


tipo 2x16, no qual estarão dispostas 2 #include <LiquidCrystal.h>
linhas e 16 colunas. Será apresentado
LiquidCrystal lcd(8, 9, 10, 11, 12, 13);
um texto no LCD, de forma a demonstrar void setup()
como montar um programa no Arduino
para comandá-lo. {
lcd.begin(16, 2);
Montando o Hardware lcd.setCursor(0,0);
lcd.print(“Placa Arduino”);
Na figura 4 é apresentada a pina- lcd.setCursor(0,1);
gem típica de um display LCD. lcd.print(“Exemplo LCD”);
Siga a tabela 1 para ligar o display }
LCD aos pinos digitais da placa Arduino,
sendo que os pinos não citados não void loop()
F4. Pinagem típica de {
são usados. }
um Display LCD.

Programando o Arduino
Será utilizada uma biblioteca dis- Em colunas é definido o número Caso a coluna esteja em 0, a coluna
posta no próprio programa para acessar de colunas que o display possui, e em 1 estará selecionada, e caso esteja em
o LCD. A biblioteca é a LiquidCrystal.h. linhas o número de linhas. Feito isso, 1, a coluna 2, e assim sucessivamente.
Além disso, a função lcd.begin será utiliza-se a função lcd.setCursor para A mesma ideia é válida para a opção
usada para configurar o tipo de display posicionar o ponto inicial no qual o texto “linha”. Finalmente, para imprimir um
conectado à placa Arduino. A seguir, é será impresso. A seguir, tal função é texto no LCD, utiliza-se a função lcd.
apresentada tal função: apresentada. print como ilustrado a seguir.

lcd.begin(colunas,linhas); lcd.setCursor(coluna,linha); lcd.print(texto);

Display LCD Placa Arduino Observe no box acima os passos


VCC 5V para mostrar uma mensagem na 1ª e
VSS GND 2ª linha do display LCD.
VO Em série com resistor de 1 kΩ ao GND
RS Pino 8 Conclusão
RW GND Apresentamos como mostrar uma
EN Pino 9 informação no LCD, uma das interfaces
D4 Pino 10 homem-máquina mais usadas atual-
D5 Pino 11 mente e que serve para fornecer diver-
D6 Pino 12 sas informações pertinentes à máquina
D7 Pino 13 algum usuário de sistema eletrônico. T
.
T1. Conexão do LCD com a placa Arduino.

66 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 159 / 2014

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