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Direito Internacional Público Resumo

Ordem Jurídica Interna x Ordem Jurídica Internacional


Ordem Interna
1. Centralização do poder por uma Autoridade Institucionalizada;
2. Relação vertical entre Estado e Cidadãos;
3. Hierarquização das normas em uma estrutura escalonada;
4. Garantida pelo princípio da subordinação à Lei;

Ordem Internacional
1. Descentralização por ausência de uma autoridade coatora legítima;
2. Relação Horizontal entre os Estados;
3. Ausência de supremacia de uma lei internacional face outras;
4. Garantida pelo princípio da Coordenação entre os Estados;

Evolução Histórica do Direito Internacional Público


Os registros históricos apontam o pacta sunt servanda e a boa-fé como princípios reguladores
principais;

Fundamento do Direito Internacional Público


- Doutrinas Voluntaristas: possui como elemento comum a “vontade” das pessoas políticas de
Direito Internacional;
- Doutrinas Objetivistas: o elemento “vontade” é desconsiderado
- Os Estados Soberanos são regidos pelo princípio da Autodeterminação. Dessa forma, só
estará sujeito às estruturas normativas que ele consentir em acatar;
- Qualquer norma de Direito Internacional só será observada se houver consentimento do
Estado para tanto (regra geral).

Objetos do Direito Internacional Público


Estudo das normas que regem a sociedade internacional;
Estudo da personalidade dos Estados;
Estudo dos componentes do espaço que integra o domínio público internacional;
Estudo dos conflitos internacionais e de seus meios alternativos de solução

Fontes do Direito Internacional Público


Convenções e Tratados Internacionais
Usos e Costumes Internacionais
Princípios Gerais do DIP (pacta sunt servanda; não agressão; coexistência pacífica;
proibição de propaganda de guerra; etc)
Doutrina e Jurisprudência

Tratados Direito Internacional Público

“Tratado” significa acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo
Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos
conexos, qualquer que seja sua denominação específica;

Tratado = por sua formalidade e complexidade, é reservado apenas aos “acordos” mais
solenes.
Convenção = é uma “acordo” destinado a criação de normas gerais de Direito Internacional
(ex.: Convenção de Montego Bay – que, por iniciativa da ONU, regulamentou o Direito do
Mar)
Declaração = utilizada para consolidar princípios jurídicos ou afirmar uma atitude jurídica – é
uma espécie de registro da posição de alguns Estados
Ato = pode ser utilizados para estabelecer regras de direito ou restringir-se ao caráter político
ou moral – difere da “declaração” por conter esta um conjunto de princípios gerais do DIP.
Pactos = também revestido de muita formalidade, é reservado aos compromissos futuros –
uma espécie de “promessa” que os Estados fazem entre si tomando um ao outro como
testemunha (Ex.: Pacto de São José da Costa Rica 1966 – trata de direitos civis e políticos)
Estatuto = normalmente destinado à constituição dos Tribunais Internacionais (Ex.: Estatuto
de Roma 1998 – Tribunal Penal Internacional, com sede na cidade de Haia.)
Protocolo = pode significar o extrato da ata de uma conferência internacional ou um “acordo”
propriamente dito. Isso ocorre, em geral, quando o assunto proposto é muito complexo,
exigindo maior número de reuniões. (Ex.: Protocolo de Kyoto 1997)
Concordata = uma das partes deverá ser, necessariamente, a Santa Sé. O objeto refere-se,
obrigatoriamente, a assuntos ligados a religião católica.

Formalidade do tratado
Todo tratado deve obedecer um critério formal;
Assim, somente são admitidos tratados estabelecidos na forma escrita;

São “competentes” para firmar um Tratado internacional as Pessoas Jurídicas de Direito


Internacional;
1. Os Estados Soberanos;
2. As organizações internacionais;
3. A Santa Sé;

A validade de um Tratado está condicionada a “licitude” de seu objeto, bem como a


“possibilidade” deste.
Quanto ao número de partes:
Bilateral - Tratado é firmado entre duas pessoas jurídicas de Direito Internacional;
Multilateral - Tratado é firmado entre três ou mais pessoas jurídicas de Direito Internacional

Quanto a sua execução no tempo:


Transitório - Tratado que tenha seu efeito limitado a um lapso temporal;
Permanente - Tratado cuja execução se prolonga ao longo do tempo, não tendo a
instantaneidade do primeiro como condição essencial

Quanto a sua execução no espaço:


O Tratado sempre será respeitado nos limites territoriais dos países contratantes, não
podendo valer apenas de forma parcial.
OBS. O Tratado também pode gerar efeitos em áreas de interesse comum. Ex.: alto-mar;
espaço sideral; e Antártica.

Estão habilitados a negociar um tratado os seguintes representantes de Estado:


1. Chefe de Estado;
2. Chefe de Governo;
3. Plenipotenciários:
- Ministro das Relações Exteriores;
- Chefes de Missão Diplomática (Cônsules e Embaixadores);
- Aquele que portar a carta de plenos poderes expedida pelo Chefe de
Estado, exclusivamente;
4. Delegações Nacionais Técnicas – quando houver necessidade de grande
conhecimento técnico do “negociador”.
Negociação Bilateral
1. Território: Em uma das partes contratantes ou em território neutro, caso haja clima de
tensão conflitiva;
2. Língua: Caso as partes disponham de um mesmo idioma, é neste que será lavrado o
tratado.Em casos de países plurilíngües, o tratado e sua negociação transcorrerão na língua
em comum de ambos. Na ausência de língua em comum, escolhe-se uma língua para uma
maior comodidade;
3. Havendo acordo quanto aos termos balizadores do tratado e posto esses a termo, há a
chamada autenticação do tratado, via Assinatura, quando o negociador estatal detém
capacidade para tanto, vinculando o ato negociado à vontade do Estado.

Negociação Multilateral
1. Território: Do país proponente da negociação ou, quando houver organizações
internacionais envolvidas, a Sede desta;
2. Língua: Escolhe-se uma língua oficial para a negociação, para maior comodidade, via
qual será produzida a versão autêntica do Tratado;
3. Evita-se texto “acordado” pelo Voto, para se evitar submissões dos Estados Vencidos.
Dá-se preferência pelo Consenso, mesmo que no processo de negociação haja mútua
concessões;

Ratificação
- Características
Competência: Disposta pela Ordem Jurídica interna de cada Estado Soberano;
Discricionariedade: Ainda que manifesta, em primeiro momento, a vontade do Estado em
vincular-se ao tratado negociado, esta não obriga o parlamento ou o executivo a aderir ao
tratado negociado;
Irretratabilidade: Uma vez ratificado o tratado, espera-se que ele vincule ao Estado ratificador
o compromisso, sem que seja possível a retratação, salvo nos casos previstos e regulados
pelo próprio tratado sobre Denúncia Unilateral

Ratificação
- Procedimento Brasileiro
Após a assinatura, submete-se a aprovação do Congresso Nacional;
Uma vez aprovado pelo Senado, tal aprovação é encaminhado ao Presidente da República
via Decreto-legislativo;
Tal decreto não vincula a aprovação do Executivo, mas uma vez aprovado, vincula-se a
ratificação do tratado via Decreto-Executivo;
Quando a matéria versar sobre direitos Humanos, o tratado entra no Ordenamento Jurídico
com força de Emenda Constitucional (Art. 5º §3º da C.F.);

Registro do Tratado
Procedimento por meio do qual o Tratado, depois de concluído, é encaminhado pelos
signatários para a Secretaria Geral da ONU, que se encarregará de registrá-lo em seus
arquivos, bem como informar a existência deste aos demais membros

Da entrada em vigor:
Sistemas para vigência dos Tratados
Vigência Contemporânea do consentimento: Quando há a simultaneidade entre o
consentimento definitivo e a entrada e vigor.
Vigência Diferida: Quando há um lapso temporal entre o consentimento definitivo e a entrada
em vigor (“prazo de acomodação”).

Efeitos sobre terceiros


Efeito difuso: Situações jurídicas objetivas. Ex. Estados B e C, condôminos de águas
interiores fluviais, convencionam em abri-las à livre navegação civil de todas as bandeiras;
Efeito aparente: Cláusula de nação mais favorecida. Consiste em disposição contratual que
condiciona, como reflexo, benefício a um dos contratantes ou a “Terceiro” Estado.

Emendas
Alteração pontual em Tratados
Revisão ou Reforma = é o nome do empreendimento modificativo de proporções mais amplas
que a Emenda singular

Violação
A violação substancial de um Tratado dá direito à outra parte de entendê-lo extinto, ou de
suspender seu fiel cumprimento, no todo ou em parte;
Se o compromisso é coletivo, igual direito têm os pactuantes não faltosos em suas relações
com o Estado “Violador”.
Conflito entre Tratados
Prevalecem os princípios da:
Lex posterior derogat priori - lei posterior derroga a anterior
Lex specialis derogat generali - lei especial derroga a geral

(Tratado prevalece sobre a lei em matéria tributária)

Extinção do Tratado

Predeterminação ab-rogatória = Pode ocorrer por força temporal ou pela extinção de tratado
principal;
Decisão ab-rogatória superveniente: As partes resolvem extinguir o tratado, mesmo não
havendo cláusula prévia. Tal possibilidade pode vir a ocorrer pela vontade das partes (mais
comum em tratados bilaterais), ou ainda por voto majoritário simples (Se assim disposto pelas
partes).
Ato Unilateral Extintivo
Consiste em apenas extinguir os efeitos do tratado ao Estado denunciante
Pode ser feito a todo o momento, desde que não haja cláusula contrária no tratado
Deve haver o denominado pré-aviso
A denúncia se exprime por escrito;
É feita mediante notificação, carta ou instrumento;
Sua transmissão é feita a quem tem competência de depositário de tal tratado, por se tratar
de ato de governo;
Denúncia x Direito Interno
Se não houver o consentimento de vontade do Poder Executivo e Legislativo, haverá a
possibilidade de denúncia;

Mudanças Circunstanciais
Visado pela teoria da cláusula rebus sic stantibus
n Cláusula rebus sic stantibus: Todo contrato deve ser entendido sobre a premissa de que as
coisas permanecem no estado em que se achavam quando da assunção do compromisso;

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2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E FONTES

2.1 Aspectos históricos evolutivos

Conforme ACCIOLY (2002, p.8) só se pode falar em Direito Internacional a partir dos tratados
de Vestefália (1648) ou da obra de Hugo Grocius.

A partir da Segunda Grande Guerra Mundial, o Direito Internacional é o que mais tem evoluído
dentre todos os ramos jurídicos, influenciando todos os aspctos da vida humana. Até o início
do século XX, o Direito Internacional era bidimensional, versando apenas sobre a terra e o
mar, a partir de então, graças às façanhas de Santos Dumont, passou a ser tridimensional e,
após a Segunda Grande Guerra, passou a abarcar ainda o espaço ultraterrestre e os fundos
marinhos.

Apenas para fins didáticos, podem-se identificar quatro períodos: 1) da antiguidade até os
tratados de Vestefália; 2) de 1648 até a Revolução Francesa e o Congresso de Viena de
1815; 3) do Congresso de Viena até a Primeira Guerra Mundial; e 4) de 1918 aos dias de
hoje, com especial ênfase nos acontecimentos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.

2.2 Fontes

Segundo ACCIOLY (2002, p.24 e 25), por fontes do DI entendemos os documentos ou


pronunciamentos dos quais emanam direitos e deveres das pessoas internacionais,
configurando os modos formais de constatação do Direito Internacional. Convém destacar o
artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, que trás uma relação das fontes:

a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras


expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;

b) o costume internacional, como prova de prática geral aceita como sendo expressao de
direito;

c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;

d) e, excepcionalmente, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados.

2.3 Usos e costumes

Para AMARAL (2014), o chamado direito costumeiro ou consuetudinário é uma das


importantes fontes do Direito Internacional. Os usos comerciais derivam da adoção voluntária
e repetida dos mesmos procedimentos por parte da generalidade dos operadores comerciais
econômicos. Inúmeras organizações representativas das comunidades comerciais dedicam-
se ao trabalho de uniformizar os procedimento comerciais, elaborando ordenamentos, que
incorporam com a mesma eficácia da normatividade formal, como é o caso, entre outros
dos Incoterms[10], das Regras Uniformes sobre Garantias Contratuais e dos Créditos
Documentários.

2.4 Tratados e convenções

Tratados Internacionais são acordos formais, de livre vontade entre Estados ou entre
Organização Internacionais, são as fontes mais importantes no Direito Internacional Público.

Todavia será de suma importância à conceituação de Tratado pela Convenção de Viena de


1969, in verbis:
"Artigo 2º [...] 1. Para os fins da presente Convenção: a) "tratado" significa um acordo
internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer
conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que
seja sua denominação específica". [...]

Para REZEK (2007, p.14), o conceito é mais amplo: “Tratado é todo acordo formal concluído
entre pessoas jurídicas de direito internacional público, e destinados a produzir efeitos
jurídicos”.

MELLO (2000, p.200) define Tratado e Convenção como sendo: “Tratado é utilizado para os
acordos solenes, por exemplo, tratado de Paz”; e “Convenção é o tratado que cria normas
gerais, por exemplo, convenção sobre mar territorial”.

3 CONCEITO DE PESSOA INTERNACIONAL

Segundo HUSEK (2007, p.49), pessoas internacionais são os entes destinatários das normas
jurídicas internacionais e têm atuação e competência delimitadas por estas.

MAZZUOLI (2009, p. 404) diz que para o direito das gentes a pessoa internacional é o
Estado, ainda que em alguns países se lhe atribua outras denominações não técnincas. Os
Estados, a ONU, a Santa Sé e o próprio indivíduo são exemplos de pessoas.

3.1 Homem

A acepção tradicional considerava os Estados como sendo os únicos sujeitos do Direito


Internacional Público. Após a Primeira Guerra (1914-1918), a Liga das Nações[11] criou uma
convenção (1920) em que os Estados se comprometiam a assegurar condições justas e
dignas para homens, mulheres e crianças. Os dispositivos dessa convenção representaram
um limite à concepção de soberania Estatal, colocando os indivíduos em uma posição de
"sujeitos do Direito Internacional". Assim, numa visão moderna, tanto as organizações
internacionais como os próprios homens podem ser sujeitos de Direito Internacional.

3.2 Estados

O Estado é o sujeito por excelência do Direito Internacional. De acordo com ACCIOLY (2002,
p.83), “pode-se definir o Estado como sendo um agrupamento humano, estabelecido
permanentemente num território determinado e sob um governo independente”. Ainda com
ACCIOLY, são quatro os elementos constitutivos do Estado: a) população permanente; b)
território determinado; c) governo; e d) capacidade de entrar em relação com os demais
Estados.

3.3 Santa Sé

Segundo SOARES (2014), a personalidade da Santa Sé é reconhecida pela quase


unanimidade dos Estados da atualidade, de maioria de católicos e não católicos, e portanto,
tem a Santa Sé o poder de firmar tratados internacionais (denominados “concordatas”), de
enviar representantes diplomáticos (não porém consulares), denominados “Núncios
Apostólicos”, tanto frente a Estados como a organizações intergovernamentais, além de ter
um “locus standi” nos procedimentos de soluções pacíficas de litígios[12], em especial, de ser
parte nos procedimentos perante tribunais internacionais, nos polos ativo e passivo.

3.4 Organismos internacionais


Em HUSEK (2007, p.59), os organismos internacionais são entes formados pela iniciativa de
outros sujeitos internacionais – em regra, os Estados. Representam a cooperação entre eles,
porque, sozinhos, não podem realizar seus objetivos.

São criados por meio de tratados e passam a ter personalidade internacional


independentemente de seus membros. Possuem um estatuto interno, órgãos internos e
funcionam na forma estabelecida pelo tratado de criação, sendo, pois, passíveis de
responsabilidade internacional.

Como exemplo, citamos a ONU (Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário
Internacional), BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento, ou
simplesmente Banco Mundial), OIT (Organização Internacional do Trabalho), OMC
(Organização Mundial do Comércio), entre outras.[13]

3.5 Outras coletividades

Além das já citadas, temos:

a) Beligerantes: são revoltosos internos de um Estado que possuem o controle de parte do


território desse. Um exemplo recente foi o de 1979 quando os países do Pacto Andino
reconheceram os sandinistas na Nicarágua como Beligerantes;

b) Soberana Ordem de Malta: com sede atual em Roma, dedica-se a fins filantrópicos,
mantendo relações diplomáticas junto a diversos Estados;

c) Comitê Internacional da Cruz Vermelha: foi criada para dar assistência aos feridos nos
campos de batalha. Sua sede localiza-se em Genebra e sua bandeira é uma cruz vermelha
em fundo branco, o inverso da bandeira da Suíça.

d) Sociedades comerciais: consideradas aquelas que, por seu poderio econômico, acabam
por influenciar a política dos Estados e até chegam a ameaçar a soberania de alguns. A ONU
elabora um código de conduta para tais empresas.

e) ONG’s - Organizações Não-Governamentais: até 1997 existiam mais de 38.000 ONG’s


reconhecidas e atuantes no mundo. A face do mundo está mudada pela atividade do ser
humano nessas e em outras organizações.

3.6 Doutrinas Monista e Dualista

A relação existente entre Direito Internacional e Direito interno pauta-se numa linha ainda não
muito clara de entendimento. Quando o conflito de normas das duas esferas ocorre, a solução
é buscada no dualismo ou no monismo, teorias que explicam a prevalência de um ou de outro
Direito.

3.6.1 Monismo

O monismo sustenta que o Direito Internacional e o Direito nacional são dois ramos de um
único sistema, defendendo uns o primado do primeiro, e outros a primazia do segundo.

Os monistas partem do princípio de que todos os Direitos emanam de uma só fonte, daí ser a
consciência jurídica uma só.

3.6.2 Dualismo
O dualismo permite uma divisão radical entre a ordem interna e a ordem internacional, pondo-
as em patamares equivalentes, incomunicáveis.

O Direito Interno é elaborado pela vontade soberana do Estado e o Direito Internacional na


acomodação dessas vontades; além do que, a ordem interna obedece a um sistema de
subordinação, e a internacional, de coordenação. Em outras palavras, não há conflito entre as
ordens.

CONCLUSÃO

O Direito Internacional Público está em franca expansão, sem qualquer paralelo com os
tempos passados da história das relações internacionais. Multiplicaram-se as suas fontes,
cresceram o número de tratados sobre os mais variados temas e houve uma grande
proliferação de organizações intragovernamentais. Atualmente o Direito Internacional Público
é um instrumento social, político, econômico, e cultural de grande valor para todos os
Estados.

Dessa forma, o presente artigo não apenas dá uma noção do assunto, como também
demonstra a sua importância como disciplina jurídica autônoma, hoje universalmente
reconhecida.

Notas:
[1] Artigo orientado pelo Prof. Msc. Valdenir Cardoso Aragão. Mestre e Especialista em Direito
pela PUCRS.
[2] ACCIOLY, Hildebrando. Manual de direito internacional público, p. 3.
[3] Idem, p. 3 e 4.
[4] Idem, p. 4
[5] Desacordos ou discrepâncias entre instituições ou Estados.
[6] Interessante observar que jamais um membro permanente do Conselho de Segurança da
ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China) poderá ser suspenso ou
expulso da organização, uma vez que ambos os dispositivos dependem da recomendação do
Conselho de Segurança e esses Estados são membros permanentes do Conselho de
Segurança. Uma vez que cada um tem o poder de veto, é óbvio que vetariam a sua própria
punição.
[7] Consiste na permissão de passagem da embarcação pelas águas territoriais, sem
perturbar a paz, a ordem e a segurança do Estado. Em termos práticos, é definida como
contínua, rápida e ordeira.
[8] Conforme o art. 14.5 da Convenção de Genebra, “Os submarinos são obrigados a navegar
à superfície e arvorar o respectivo pavilhão”. (HUSEK, Carlos Roberto, ob.cit. p. 111).
[9] É o caso do Brasil com relação à livre navegação pelo rio Amazonas antes do Tratado de
Cooperação Amazônico, celebrado em 1978 pelos oito países amazônicos: Brasil, Bolívia,
Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
[10] International Commercial Terms ou, traduzindo, Termos Internacionais de Comércio.
Estabelecem, dentro de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e
obrigações recíprocos do exportador e do importador.
[11] A finalidade da Liga das Nações, também conhecida como Sociedade das Nações, era
promover a cooperação, paz e segurança internacionais. Foi dissolvida por volta de 1942 e
suas responsabilidades ficaram ao encargo da recém criada ONU.
[12] Destacando-se a atuação do Papa como árbitro, conciliador e mediador de conflitos entre
Estados.
[13] MAZZUOLI (2009, p.598) nos diz que atualmente, em virtude da complexidade das
relações internacionais, o número de organizações internacionais existentes já ultrapassa o
número de Estados componentes da sociedade internacional.

SÚMARIO Introdução 1. Noções de direito Internacional Público 2. Evolução histórica e


conceito 2.1. Relação entre o direito interno do Estado e o direito internacional público 2.2.
Fontes do direito internacional Publico 3. Tratados 4. Atores dos tratados 4.1. Classificação
dos tratados 4.2. Natureza jurídica 4.3. Efeitos dos tratados sobre terceiros 4.5. Estrutura dos
tratados Assinatura, ratificação, adesão, e aceitação dos tratados 4.6. Troca ou deposito do
instrumento de ratificação 4.7. Promulgação, publicação e registro 4.8. Processo de
incorporação no direito interno brasileiro 4.9. Interpretação dos tratados 4.10. Sujeitos do
direito internacional público. 5. Classificação dos sujeitos do direito internacional público 5.1.
Estados 5.1.1. Coletividade interestatais ou organizações internacionais 5.1.2 Insurgentes,
beligerantes e movimentos de liberação nacionais 5.1.3. Indivíduos e organizações não
governamentais 5.1.4. Detalhamento do Estado 6. Estados e elementos constitutivos 6.1.
Classificação dos Estados 6.2. Surgimento de Estado 6.3. Surgimento de Estado 6.4. Órgãos
do Estado nas relações internacionais 6.5. Extinção e sucessão de Estado 6.6. Direitos e
deveres dos Estados 6.7 Intervenção e solução pacifica dos conflitos 6.8. Imunidades 6.9.
Casos que não possuem imunidades 6.9.1. Jurisprudência 7. Conclusão. Referências.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo faz uma breve menção à evolução histórica sobre o surgimento do
direito internacional público, além de traçar um paralelo deste, com o direito interno do estado.

Insta salientar sobre as fontes do direito internacional público, bem como explanar
aspectos do processo dos tratados. Desde quem são os atores, seus efeitos, classificação,
natureza, até mesmo o momento da cessação da vigência e extinção.

Por fim, analisaremos os sujeitos do direito Internacional Público, detalhando o


Estado, como primeiro sujeito.

2 NOÇÕES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEITO

Não temos uma data exata em que surgiu o Direito Internacional, mas podemos
afirmar que desde que surgiram comunidades mais organizadas, denominadas civilizações
antigas, encontramos acordos feitos entre estas, que nos remetem ao direito internacional,
como a existência do acordo entre o Rei de Elba e o Rei da Assíria celebrado no 3º milênio
antes de Cristo, em que estabelecem regras de comércio, de sanções contra criminosos e
relações de amizade. (OLIVEIRA, 2017, p. 7)

Outro exemplo, que encontramos no império romano, conforme Oliveira (2017, p. 8)


ressalta que “também foi encontrado vestígios da existência de um Direito Internacional,
nomeado na constituição da Liga Latina e pela submissão dos povos estrangeiros em relação
às regras jurídicas romanas.”.
Conforme Casella e col. (2012, p. 81) o primeiro tratado que se tem registro se deu
“no sistema das cidades-estado da Mesopotâmia, fixa as fronteiras entre as cidades de
Lagash e Umma, com participação de MESILIM, soberano do vizinho estado de Kish,
normalmente datado por volta de 3100 a.C.”.

Ainda como bem ressalta Casella e col. (2012, p. 81):

Direito consuetudinário já esboçava na época, e conterá, em toda parte, como direito


internacional geral de facto, regras a respeito: a) da inviolabilidade de arautos e mensageiros;
b) da obrigatoriedade, se não mais, da santidade dos tratados (pacta sunt servanda),
incluindo a boa-fé (bona fides) na interpretação e aplicação destes; c) do estatuto jurídico dos
estrangeiros e estas, na medida em que se intensificam os intercâmbios, resultam em regras
a respeito de comércio internacional, asilo e relações familiares (commercium et connubium);
d) das sanções de direito internacional e especialmente em matéria de guerra e conflitos
armados. Desde os mais remotos tempos da história, os registros mostram a existência de
corpos de regras que se caracterizam por conter todas as características básicas do direito
internacional.
Por exemplo, os gregos, na Grécia antiga, aplicavam regras, mesmo que de
natureza religiosa e não jurídica, que são conhecidas até hoje no direito internacional como: a
arbitragem, o princípio da necessidade de declaração de guerra, a inviolabilidade dos arautos,
direito de asilo, neutralização de certos lugares, troca de prisioneiros de guerra etc.
(CASELLA e col., 2012, p. 82)

Apesar do que vimos acima, e diversos outros exemplos que não foram
citados para que não sejamos redundantes, alguns doutrinadores entendem que o Direito
Internacional Público surgiu com o tratado da paz de Westfalia, tratado este que pôs fim à
Guerra dos trinta anos.

Conforme nos ensina Casella e col. (2012, p. 101): 81):

Os tratados de Munster e Osnabruck, na Vestfália, em 24 de outubro de 1648, marcam o


fim da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648): o fim de uma era e início de outra, em matéria de
política internacional, com acentuada influência sobre o direito internacional, então em seus
primórdios. Esses tratados acolheram muitos dos ensinamentos de Hugo Grocio, surgindo daí
o direito internacional tal como conhecemos hoje em dia, quanto triunfa o princípio da
igualdade jurídica dos estados, estabelecem-se as bases do princípio do equilíbrio europeu, e
surgem ensaios de regulamentação internacional positiva. [...] Desde então, o
desenvolvimento do direito internacional marchou rapidamente.

2.2 RELAÇÃO ENTRE O DIREITO INTERNO DO ESTADO E O DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO

Existem duas teorias, a monista e dualista. A teoria monista defende que o


direito é um só, existindo apenas uma ordem jurídica a ser respeitada, sem soberania entre o
direito interno e o direito internacional. Os defensores dessa teoria possuem dois
pensamentos opostos. A teoria dualista diz que o direito interno e o direito internacional
público são totalmente diferentes e independentes. De acordo com os defensores, em um
caso há uma relação entre Estados e no outro regularizam as relações entre indivíduos.
(CASELLA e col., 2012, p. 231)
3 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

O Estatuto da corte Internacional de justiça nos traz em seu artigo 38 os instrumentos


aptos a criar normas jurídicas, são elas: as convenções internacionais, o costume
internacional, os princípios gerais do direito e, por fim, a doutrina e jurisprudências. Os
costumes são fontes muito importantes para o direito internacional, não existindo hierarquia
entre costumes e tratados. Portando, se houver conflito entre eles, deve-se fazer uma análise
da hermenêutica, nessa teoria é capaz de um prevalecer sob o outro. (CAPARROZ, 2012, p.
25)

O costume, visto de forma isolada, não é o bastante para sua confirmação, sendo
necessário dois elementos fundamentais, são eles: objeto ou material e subjetivo. O objetivo
ou material é a prática habitual e contínua. O subjetivo é necessário que o Estado aceite
(opinium juris), ou seja, é necessário que se reconheça que o costume é jurídico e necessário.
Excepcionalmente, admite-se o conhecido como “costumes selvagens”, que são os costumes
surgidos de forma repentina, sem a estabilidade conferida pelo fator importante que é o
tempo. (CAPARROZ, 2012, p. 26)

Segundo BRAGA (2009, P.17 apud OLIVEIRA, p. 12, 2017), outra fonte do Direito
Internacional são os princípios gerais do direito, que são aqueles que estão positivados na
maioria dos ordenamentos jurídicos interno dos Estados. A boa fé, a coisa julgada,
contraditório, direito adquirido e o pacta sunt servanda (“os contratos assinados devem ser
cumpridos”) são exemplo de princípios gerais do direito.

4 TRATADOS

Tratado é um acordo resultante da convergência da vontade entre sujeitos do Direito


Internacional, formalizado em um texto escrito com objetivo de produzir efeitos jurídicos.
Alguns nomes são usados para um tratado internacional, tais como convenção, declaração,
pacto, ato, estatuto, acordo, protocolo, entre outros. (OLIVEIRA, 2017, p. 14)

4.1 ATORES DOS TRATADOS E EFEITOS JURÍDICOS

As empresas privadas não podem tratar de matéria de tratados, sendo admitidos


como atores dos tratados os Estados soberanos, as organizações Internacionais e a Santa
Sé. Os tratados devem ser devidamente celebrados e ratificados, a partir daí se torna
obrigatório. (OLIVEIRA, 2017, p. 14)

4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS

O primeiro modo para começar a classificar os tratados, trata sobre o número


de partes contratantes, podendo ser bilaterais ou multilaterais. Os bilaterais são aqueles
contratos celebrados por apenas duas partes. Já os multilaterais podem ser celebrados por
três ou mais participantes. O segundo modo para classificação é quanto ao procedimento.
Nesse contexto, o importante é se no processo conclusivo deste tratado exige uma fase ou
duas. Se exigir duas fases, o procedimento será considerado bifásico, exigindo uma
assinatura e ratificação. Será considerado unifásico se for apenas uma fase, sendo
necessário apenas a assinatura. (OLIVEIRA, 2017, p. 14 e 15)

O terceiro modo de classificação é quanto sua natureza jurídica, podendo ser


classificados como contratuais ou normativos. Será normativa quando pactuado entre várias
partes, tendo como objetivo a fixação das normas internacionais. Quando procurar a
regularização dos interesses em comum dos sujeitos, serão contratuais. Os tratados ainda se
classificam quanto a execução do tempo e no espaço. Na execução do tempo, podem ser
subdivididos em permanentes ou transitórios. Quanto à execução do espaço, subdivide-se em
amplo e restrito. (OLIVEIRA, 2017, p. 15)

4.3 NATUREZA JURÍDICA

Nesse contexto, necessário se faz a observância de duas situações. A primeira


delas é que o tratado possui natureza jurídica contratual e a segunda é nomeada como
tratado normativo ou tratado de lei. No tratado normativo, o objetivo é a fixação das normas
de Direito Internacional Público, onde temos como exemplo a Convenção de Viena. A outra
situação possui natureza contratual, o que é muito observado nos contratos brasileiros, por
possuírem foco privado, onde temos como exemplo o conhecido como Tratado de Fronteira,
que ajustam os limites de duas entidades territoriais. (OLIVEIRA, 2017, p. 16)

4.4 CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS

Para um tratado internacional ser válido, se faz necessário o cumprimento de


alguns requisitos, são eles: partes capazes, agentes habilitados, consentimento mútuo e a
licitude e possibilidade de seu objetivo. No tange à capacidade entre as partes, todo Estado
tem capacidade para concluir tratados. (OLIVEIRA, 2017, p. 17)

Os agentes habilitados são as pessoas capazes para representar as pessoas jurídicas


de Direito Internacional Público nas relações internacionais. A lei permite quatro agentes para
representação, são eles: o Chefe de Estado, Chefe de Governo e os terceiros signatários
(plenipotenciários). (OLIVEIRA, 2017, p. 17)

Todos aqueles que celebrarem o tratado internacional devem manifestar seu


consentimento. É o que chamamos de consentimento mútuo. Se uma parte não consentir, o
tratado não terá validade somente para ela. Nos tratados multilaterais, é necessário o
consentimento de 2/3 dos votantes presentes. Quando o tratado for entre duas partes, basta
uma simples carta de ratificação entre os dois envolvidos. (OLIVEIRA, 2017, p. 18)

4.5 EFEITO DO TRATADO SOB TERCEIROS E ESTRUTURAS DOS TRATADOS

Em regra, só recairá os efeitos dos tratados sob as partes que pactuaram,


porém um tratado pode também produzir efeitos sob terceiros, no caso de tratados bilaterais
com cláusula da Nação mais favorecida. (OLIVEIRA, 2017, p. 19)

No título do tratado, deverá indicar o assunto do mesmo. No preâmbulo deverá


conter a indicação das partes envolvidas, e nas considerações, deverá informar as
verdadeiras intenções do contrato, sendo assim, a parte mais importante do tratado. Deverá
trazer no corpo do texto o local e data que foram celebrados e o idioma que foi acordado.
Também se faz necessário a assinatura dos agentes capazes e o selo de lacre, que é o local
destinado. (OLIVEIRA, 2017, p. 19)

4.6 ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, ADESÃO E ACEITAÇÃO DOS TRATADOS

A assinatura é essencial em um tratado, pois vai autenticar a concordância de


ambas as partes que pactuaram o contrato e é a partir daí que se conta a troca ou depòsito
de instrumentos de ratificação, se necessário. Em regra, o Chefe do poder Executivo tem
competência para assinar, conforme previsão na Constituição Federal. A ratificação é um ato
no qual se faz a confirmação do tratado, que é feito pelo Chefe de Estado. (OLIVEIRA, 2017,
p. 20 e 21)

4.7 TROCA OU DEPÓSITO DO INSTRUMENTO DE RATIFICAÇÃO

A ratificação de um tratado é feita através de um documento, chamado carta


de ratificação, onde o Chefe de Estado assina e é enviado ao Ministro das Relações
Exteriores, onde há a promessa do tratado ser considerado inviável. É necessário essa carta
de ratificação para que entre em vigor o tratado. Essa carta deve vir de ambas as partes que
celebrarem o contrato. (OLIVEIRA, 2017, p. 22)

4.8 PROMULGAÇÃO, PUBLICAÇÃO E REGISTRO

A promulgação vincula o Governo do Estado a um tratado e a existência de requisitos


necessários a formação do mesmo. A partir daí o tratado passa a ter poder de execução da
soberania do Estado. Se faz necessário a publicação, para que todos os envolvidos tomem
conhecimento. Posteriormente há de ser feito o registro do tratado, na secretaria da ONU.
(OLIVEIRA, 2017, p. 22 e 23)

4.9 PROCESSO DE INCORPORAÇÃO NO DIREITO INTERNO BRASILEIRO

Para que o tratado se torne vigente no Brasil, se faz necessário a aprovação


do texto pelo Congresso Nacional. Primeiramente, o Ministro das relações exteriores, traduz o
tratado, analisa o corpo jurídico do texto e envia para o Presidente da República. O presidente
concordando, leva o tratado para a Câmara dos deputados, onde o tratado será apreciado e
verificado quanto a sua Constitucionalidade. Após isso, é feito a votação levando em conta a
maioria absoluta. Após essa votação, o tratado será encaminhado ao Senado Federal, onde
será discutido pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e posteriormente pela
Defesa Nacional, onde haverá novamente a votação por maioria absoluta. (OLIVEIRA, 2017,
p. 23)

4.10 INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS E CESSAÇÃO DA VIGÊNCIA E EXTINÇÃO

O tratado deve ser interpretado de boa-fé, observando seu contexto e


seguindo seu objetivo e finalidade. Deve ser observado os preâmbulos, anexos e trabalhos
parta elaborar. Existem três formas de cessação do tratado. A ab-rogação, expiração do termo
acordado e extinção integral de seu objeto. Na ab-rogação revoga-se totalmente um tratado,
se a vontade entre as partes for recíproca. O segundo ocorre quando no próprio tratado vem
trazendo o prazo de início e de fim. E por fim, a extinção integral de seu objeto, que ocorre
quando o tratato atinge o objetivo pretendido. Dá-se a extinção, quando posteriormente surge
um novo tratado, tratando da mesma matéria, revogando o tratado anterior, porém é
necessário ser as mesmas partes do contrato anterior. (OLIVEIRA, 2017, p. 24)

5 SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Pode se afirmar que o sujeito do Direito Internacional, são todos aqueles que
gozam de direitos e deveres previstos pelo direito Internacional Público e que possam atuar
na esfera Internacional para exercê-los, direta ou indiretamente. (OLIVEIRA, 2017, p.
25)
5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

5.1.1 ESTADOS

Os Estados são sujeitos primários e originários, dotados de soberania. Temos nesse


caso, o Estado de Santa Sé, que é considerado sujeito primário, porém com autonomia
religiosa. (OLIVEIRA, 2017, p. 26)

5.1.2 COLETIVIDADE INTERESTATAIS OU ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

São sujeitos derivados, possuindo capacidade jurídica própria outorgada pelos


Estados-Membros através de acordo constitutivos. (OLIVEIRA, 2017, p. 26)

5.1.3 INSURGENTES, BELIGERANTES E MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL

São coletividades não estatais. Os Insurgentes são grupos que visam a


tomada de poder, que se revoltam contra o governo, não podendo constituir Guerra Civil. Os
beligerantes são movimentos armados pela população, que utilizam a luta armada para fins
políticos. Os movimentos de libertação Nacional visam a independência dos povos
respaldados. (OLIVEIRA, 2017, p. 26 e 27)

5.1.4 INDIVÍDUOS E ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS

Os indivíduos também são sujeitos do Direito Internacional, pelo fato de ter


ocorrido grandes violações dos direitos humanos da Segunda Guerra Mundial. As
organizações governamentais são sujeitos derivados, possuindo capacidade e personalidade
jurídica. Possui finalidade política (OLIVEIRA, 2017, p. 27)

6 DETALHAMENTO DO ESTADO - PRIMEIRO SUJEITO DO DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO

6.1 ESTADOS E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

Os Estados soberanos são os principais sujeitos do Direito Internacional


Público. São organizações de foco político e jurídico de uma sociedade.

Segundo Varella (2014, p. 173, apud OLIVEIRA, 2017, p.29) “o Estado é o principal
sujeito do direito internacional”. Entre os sujeitos, é o único que possui plena capacidade
jurídica.

O exercício das prerrogativas estatais decorre da existência de três elementos


constitutivos: população, território determinado, governo e a capacidade de manter relações
com os outros Estados. No que tange a população, entende ser a coletividade dos indivíduos
que habitam o território, são eles nacionais e estrangeiros. No território determinado é a base
onde a população se encontra. Por fim, e não menos importante o governo e a capacidade de
manter relações com outros Estados, onde se faz necessário um governo soberano que não
seja subordinado a outra autoridade exterior. (CASELLA e col., 2012, p. 251)
6.2 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS

Os Estados se classificam em simples e compostos. Os Estados simples são


os totalmente soberanos, onde não há divisão de autonomias. No Estado simples, não há
hierarquia e as frações se encontram em pé de igualdade. No Estado composto, há a
constituição da associações de Estados soberanos, onde constituem autonomia somente
internamente, sendo o poder soberano dado ao órgão central. (CASELLA e col., 2012, p. 262)

6.3 SURGIMENTO DE ESTADO

Entende-se que o Estado pode surgir de três formas: 1- pela força através de
uma guerra, quando a população ou território se separam; 2- pela dissolução do Estado; 3-
pela fusão de dois ou mais Estados, criando assim um novo. (OLIVEIRA, 2017, p. 31)

6.4 SURGIMENTO DE ESTADO

O reconhecimento de Estado é um ato onde o chefe de um Estado que já existe,


reconhece outro como Estado, sendo necessário identificar os elementos constitutivos do
Estado. O reconhecimento de Governo depende como o governo surgiu, podendo ser
considerado Governo de direito ou de fato. O governo de direito surge conforme previsão
Constitucional. Já no governo de fato, ocorre quando o novo governo não respeita a
Constituição, adentrando no poder de outra forma, usando a força de revolução ou de um
golpe do Estado, devendo ser reconhecido pela Comunidade Internacional. (OLIVEIRA, 2017,
p. 31)

6.5 ÓRGÃOS DO ESTADO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

No Brasil, o Presidente da República exerce função de chefe de governo e


chefe de Estado, onde neste último, gozará de certas prerrogativas e imunidades. Em alguns
Estados de governo democrático, quem representará o Estado nas relações internacionais
será o chefe de governo. (OLIVEIRA, 2017, p. 31)

6.6 EXTINÇÃO E SUCESSÃO DE ESTADO

Da mesma forma que o Estado surge quando possui todos aqueles elementos
constitutivos, ele também se encerra quando falta um desses elementos. É o que chamamos
de extinção total, perdendo sua personalidade jurídica internacional. A extinção também
poderá ser parcial, que é quando ocorre a anexação, desmembramento e fusão. (OLIVEIRA,
2017, p. 31)

Ocorre a sucessão, quando um Estado é extinto, porém já foi feito um tratado.


Desta forma, o Novo Estado deverá dar continuidade a esse tratado, ou também haverá a
extinção dele. Temos duas teorias acerca desse tema. A Convenção de Viena não traz nada
em seu texto sobre o assunto, porém entende-se consagrar a Teoria da Tábula Rasa, já que
diz que os tratados devem ser extintos quando houver sucessão deles. (OLIVEIRA, 2017, p.
32)

6.7 DIREITOS E DEVERES DOS ESTADOS

Os Estados possuem o direito de igualdade, ou seja, independente de seu


poder econômico, extensão, todos são iguais. Possuem também direito a liberdade onde
escolhe se quer se relacionar com outro Estado ou não. Tem o direito de respeito mútuo e
também o direito de defesa e conservação. Além desses direitos, possuem também o direito a
comércio internacional. (OLIVEIRA, 2017, p. 33)

Os deveres dos Estados são o dever moral e o dever jurídico. O dever moral é
aquele onde o Estado deverá ajudar o outro em casos de ocorrências graves. O dever jurídico
se trata do cumprimento do que foi acordado nos tratados, devendo cumprir o que foi
celebrado. (OLIVEIRA, 2017, p. 34)

6.8 INTERVENÇÃO E SOLUÇÃO PACÍFICA DOS CONFLITOS

Intervenção é a intromissão de um Estado nos assuntos internos ou externos


de outro, sendo considerada uma violação do Direito Internacional. De acordo com OLIVEIRA
(2017, P.34):

O ato de intervir somente se caracteriza quando reunir os seguintes pressupostos: estado


de paz; ingerência nos assuntos internos e/ou externos; que o ato seja praticado de modo
compulsório; que a finalidade do Estado que pratique o ato seja impor a sua vontade
exclusiva e a ausência de consentimento do Estado que sofre a intervenção.
As intervenções podem ser diplomáticas, feita através de representações
verbais ou escritas; armada quando as forças armadas o apoiarem; individual quando feita por
apenas um Estado ou coletiva quando feita por dois ou mais Estados. É considerada direta
quando ocorre um ataque e indireta quando o Estado repele a intervenção. Qualquer desses
modos de intervenção devem observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
(OLIVEIRA, 2017, p. 34)

Nesse sentido alguns doutrinadores clássicos tiveram a ideia de promover


uma solução pacifica do conflito. Amaral Junior (2015, p. 210 apud OLIVEIRA, 2017, p. 34)
diz:

A controvérsia consiste em um desacordo, na divergência de opiniões ou na oposição de


pontos de vista entre dois ou mais sujeitos de direito. Trata-se de desavença sobre a
materialidade de um fato ou de uma situação. O desacordo surge quando um Estado, ao
exercer a faculdade de auto interpretação, formula, implícita ou explicitamente, pretensão a
respeito de um objeto (questão fática ou jurídica), capaz de afetar, segundo novas
interpretações ou qualificações jurídicas possíveis, os interesses de outro Estado, que poderá
reagir de diversos modos.
O principal meio de solução desses conflitos são as negociações diplomáticas
utilizando um diálogo aberto. Existe também os meios jurisdicionais para resolução das
controvérsias. São eles, a arbitragem e a Corte Internacional de Justiça, sendo uma corte
permanente da ONU para resolver disputa entre Estados, quando se há dúvida na
interpretação da norma. (OLIVEIRA, 2017, p. 35)

6.9 IMUNIDADES

Existem dois tipos de imunidades, a imunidade de jurisdição e a de execução.


Na imunidade de jurisdição, ocorre quando existe uma ocasião em que um Estado for
submetido à jurisdição interna de outro. Se ocorrer um ato dentro de determinado Estado
referente ao ato de império, se manterá a imunidade absoluta, por se tratar de questão de
ordem pública. Porém, se o assunto for sobre atos de gestões, entende-se que não será
utilizado a imunidade. (OLIVEIRA, 2017, p. 36)
6.10.1 CASOS QUE NÃO POSSUEM IMUNIDADES

Não haverá imunidade de jurisdição quando o Estado atuar particularmente


em atividades comerciais e afins. Em litígios de contrato de trabalho ou prestação de serviços
acordados entre indivíduos nacionais, desde que a atividade for executada por ele também
não haverá imunidade. Outra hipótese será em ações por danos causados às pessoas ou
bens no território do foro. Se for constatado a responsabilidade do Estado Estrangeiro
também não caberá imunidade. Por fim, não caberá imunidade nos casos em processos de
direitos reais e quando houver Participação de uma sociedade comercial que tenha sede no
Estado do foro, se houver conflito do Estado com a sociedade. (OLIVEIRA, 2017, p. 36)

7 JURISPRUDÊNCIA

REMESSA NECESSÁRIA EM MANDADO DE SEGURANÇA - ENTE DE DIREITO


INTERNACIONAL PÚBLICO - NÃO CABIMENTO. Como a impetrante da ação mandamental
é pessoa jurídica de direito público externo, e não sendo a decisão regional remetida de ofício
desfavorável aos interesses da Administração Pública Federal, Estadual, Municipal ou do
Distrito Federal, afigura-se incabível o reexame necessário, de acordo com os arts. 1º, V, do
Decreto-Lei nº 779/69 e 475, I, do CPC e com a Súmula nº 303, item III, do TST. Precedentes
desta Subseção. Remessa necessária não conhecida . RECURSO ORDINÁRIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA - INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE INTIMAÇÃO PESSOAL .
No caso, a impetrante pretende obter a nulidade dos atos praticados no processo original
após a prolação do acórdão, regional na fase de conhecimento, em sede de recurso ordinário,
alegando, para tanto, a ausência de sua intimação pessoal. Nos termos do art. 741, I, do CPC
e da Orientação Jurisprudencial nº 92 da Subseção II Especializada em Dissídios Individuais
do TST, existiam recursos próprios para impugnar o indeferimento da intimação pessoal.
Ademais, na hipótese, a doutrina e a jurisprudência modernas têm reconhecido que cabe à
parte interessada a arguição da nulidade assim que toma ciência da prolação da decisão,
independentemente do estado em que se encontra o processo (teoria das nulidades), na
forma dos arts. 795 e 896 da CLT e 245 do CPC, podendo combater o vício mediante a
interposição, desde logo, de recurso de revista. Daí por que a ação mandamental foi extinta,
sem resolução do mérito, na forma do art. 267, VI, do CPC. Recurso ordinário conhecido e
desprovido. (TST - ReeNec e RO: 1277000842009502 1277000-84.2009.5.02.0000, Relator:
Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 11/10/2011, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 21/10/2011)

CONCLUSÃO

Discorremos de forma breve sobre o processo histórico do surgimento do Direito


Internacional Público, comparando-o de forma lacônica com o direito interno do Estado e suas
fontes. Visualizamos os principais aspectos do tratado, pontuando quem são seus atores,
efeitos, natureza jurídica, até sua extinção. Destacamos de forma detalhada o Estado, como
sendo o primeiro sujeito do Direito Internacional Publico.

Dessa forma, o presente artigo não apenas dá uma noção do assunto, como também
demonstra a sua importância como disciplina jurídica autônoma.
REFERÊNCIAS

CASELLA, Paulo Borba; ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G. E. do Nascimento


e. Manual de Direito Internacional Público. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

OLIVEIRA, Maxwillian Novais. Direito Internacional Público. Vitória: Multivix, 2017.

1. Origem do Direito Internacional Público

O Direito Internacional Público surgiu a partir do século XVII, quando se formaram os


Estados-Nação com as características que conhecemos hoje. O ponto limite foi o fim da
Guerra dos 30 anos (em 1648), por meio do tratado de Vestfália, quando nasce a soberania
nacional. [1]

Dessa origem podemos destacar o trabalho de dois grandes autores, Francisco de Vitória e
Hugo Grócio. Vitória acreditava na liberdade dos mares, na guerra justa, e já admitia a
intervenção humanitária de forma a defender os direitos humanos de homens, mulheres,
crianças e etc. Partilhava a ideia de uma sociedade internacional orgânica e solidária em que
os Estados têm sua soberania limitada. Abominava profundamente as atrocidades cometidas
por Carlos V.

Grócio acreditava que o homem deseja viver em sociedade de forma ordenada e pacifica
então dessa ideia surge um direito que se internacionaliza para promover sociabilidade entres
os Estados. Defendia a guerra justa, regulamentada e que acontecesse apenas quando
estritamente necessário. Utilizou precedente bíblicos e da história antiga, grega e romana
para estabelecer normas de direito internacional.

2. Evolução histórica do Direito Internacional Público

Em 1780 surge a expressão Direito Internacional (International Law) com Jeremias Bentham,
utilizada em oposição ao Direito Nacional (national law) ou Direito Municipal (municipal law). A
partir disso tivemos uma divisão daquilo que seria público ou privado dentro do Direito
Internacional, Valério Mazzuoli afirma “ser o Direito Internacional Público aquele ramo do
Direito capaz de regular as relações interestatais, bem como as relações envolvendo as
organizações internacionais e também os indivíduos”[2]. No presente trabalho trataremos
apenas da parte pública.

Muito se discute qual seria o marco histórico da criação do direito Internacional, Grócio
remonta à época bíblica para explicar aquilo que seria hoje entendido como jus cogens, como
as normas de Direito internacional dos direitos humanos. Voltando um pouco mais, vemos
características de um jus inter gentes nas tribos da Antiguidade, porém de forma não
homogênea, dado o isolamento entre as tribos e os diferentes graus de civilização que cada
uma tinha.

Um marco importante remonta à época das cidades-estado da Mesopotâmia, em um trato


firmado entre Lagash e Umma para fixar fronteiras. Mas segundo o jurista Francisco Rezek:

“O primeiro registro seguro da celebração de um tratado, naturalmente bilateral, é o que se


refere à paz entre Hatusil III, rei dos hititas, e Ramsés II, faraó egípcio da XIXª dinastia. Esse
tratado, pondo fim à guerra nas terras sírias, num momento situado entre 1280 e 1272 a.C.,
dispôs sobre paz perpétua entre os dois reinos, aliança contra inimigos comuns, comércio,
migrações e extradição. Releva observar o bom augúrio que esse antiquíssimo pacto devera,
quem sabe, ter projetado sobre a trilha do direito internacional convencional: as disposições
do tratado egipto-hitita parecem haver-se cumprido à risca, marcando seguidas décadas de
paz e efetiva cooperação entre os dois povos.” [3]

Entretanto, a partir de quando podemos dizer que existiu o Direito Internacional? Filiamo-nos
ao pensamento de Accioly que afirma que só o direito internacional só surgiu nos moldes
como conhecemos após a Paz de Vestfália, cujos tratados primaram pelo princípio da
igualdade jurídica dos estados, estabelecendo as bases do princípio do equilíbrio europeu,
onde apareceram os primeiros indícios de uma regulamentação internacional positiva. E o
Direito Internacional Público? Segundo o mesmo autor:

Foi só, entretanto, no começo do século XVII que o direito internacional público apareceu, na
verdade, como ciência autônoma, sistematizada. Nesse novo período, destaca-se GRÓCIO,
cujas obras, Mare liberum (parte da De jure praedae), vieram a lume em 1609, e
especialmente por sua obra-prima, publicada em 1625, O direito da guerra e da paz (De jure
belli ac pacis).[4]

A partir disso a evolução do Direito Internacional Público se deu de forma rápida. Segundo
Cançado Trindade (2002, p. 1087, apud. Accioly, 2012 p. 73): “na medida em que o direito
internacional, a partir de meados do século XX, logrou desvencilhar-se das amarras do
positivismo voluntarista, que teve uma influência nefasta na disciplina e bloqueou por muito
tempo sua evolução. O direito não é estático, nem tampouco opera no vácuo. Não há como
deixar de tomar em conta os valores que formam o substratum das normas jurídicas. O direito
internacional superou o voluntarismo ao buscar a realização de valores comuns superiores,
premido pelas necessidades da comunidade internacional”[5]

Ao longo dos séculos seguintes podemos elencar alguns autores que contribuíram de forma
muito importante para o direito internacionalista. São eles:

Samuel PUFENDORF (1632-1694), alinhando-se com Grócio, acreditava em um direito


internacional baseado na razão, de forma que o direito natural influi no direito das gentes.
Entretanto, tem como baliza recebida de Hobbes a ideia de igualdade jurídica entre os
Estados. Pufendorf conceituou dois enunciados polêmicos e que foram muitos criticados na
época, o primeiro afirma que nenhuma ação pode ser caracterizada como boa ou má de
forma pura, primeiro a ação deve ser contextualizada.

Afirmava também que todo direito natural deve ser entendido como forma de buscar a
conservação da sociedade. Puffendorf é criticado justamente por dar deveras importância ao
direito natural em detrimento do direito positivo.

Christian WOLFF (1679-1754) foi responsável pelo movimento que desencadeou a coleta e
sistematização de tratados internacionais. Para Wolff era possível resolver conflitos entre
estados sob a mediação de um terceiro não-envolvido, algo como aquilo que a Sociedade
das Nações e, mais tarde, a Organização das Nações Unidas faz em termos de controvérsias
entre estados, encaminhando-as a órgãos superiores, como a Corte Internacional de Justiça.

Outra contribuição se refere a ideia de que a comunidade internacional não é a vontade


individual dos estados. Necessitando-se de mediação por uma entidade imparcial, capaz de
arbitrar de forma, como surgiu no século XX.

Por último, citamos Georg-Friedrich Von MARTENS (1756-1821), importante sistematizador


de tratados e casos de direito internacional, cujo progresso é devido ao estudo da evolução
histórica e transformações sociais, de forma que o próprio Estado se interessa em cumprir as
obrigações internacionais. Von Martens primava pelo direito positivo, admitindo o direito
natural somente em casos cuja matéria não seja regulada pela normatização positiva.
Tais autores supracitados firmaram as bases históricas do direito internacional, dando a ele
caráter europeu, primando sempre pela coexistência e mútua abstenção.

Após isso, o mundo entrou em processo de grandes guerras e revoluções, cujas ideias
abalaram a ordem mundial vigente, derrubando o que a Paz de Vestifália havia erguido.
Dessa forma, ate o tratado de Versalhes em 1919, todos os conflitos foram regidos pelo o que
foi acordado no Congresso de Viena em 1815.

Nessa época vimos uma ordem mundial baseada no consenso e na acomodação de


interesses, a coexistência diplomática e a expansão do colonialismo europeu. Temos
monarquias unidas e equilibradas e mecanismo de concertação que ajustavam os interesses
dos estados.

Entretanto, a guerra eclodiu e levou a reformulação do sistema internacional, baseando-se na


confrontação de ideias. Nessa época a Europa se tornou um campo de batalha, com disputas
reais e políticas. Versalhes instituiu um novo sistema, que em muito poderia remontar ao
supracitado Wolff, propondo uma institucionalização de relações internacionais como forma
de preservar a sociedade e evitar conflitos, nesse tratado havia condições de paz e a
responsabilização da Alemanha e seus aliados pela totalidade da Primeira Grande Guerra
Mundial, sancionando-os de forma profunda.

Os estados começaram a se expandir individualmente e alguns, como a União Soviética,


entraram em decadência. A guerra eclodiu novamente e o nazi-fascismo assombrou o mundo
e o seu fim proclamou os Estados Unidos da América como grande vencedor e auxiliar na
retomada do equilíbrio europeu. As atrocidades nazistas e o seu total desrespeito a dignidade
humana faz surgir o projeto que levou a criação das Nações Unidas. Nesta época surge
Comissão do Direito Internacional das Nações Unidas, em 1947, que teve como resultado
importantes codificações do direito internacional. Vemos um direito internacional se tornar
tridimensional abrangendo além da terra e do mar, o espaço aeronáutico, o mar e fundos
oceânicos e o meio ambiente.

Após isso, o mundo mais uma vez se reformula devido a Guerra Fria, o mundo se vê
bipolarizado num confronto politico-ideológico-militar entre EUA e União Soviética. Dessa
época destacamos o plano Marshall e a Organização do Tratado do Atlântico Norte- OTAN e
Pacto de Varsóvia, o mundo viveu sob influência desses acordos e com medo de uma terceira
guerra mundial até a queda da União Soviética em 1991.

Atualmente, o direito internacional visa a universalidade, mas teme a fragmentação que


realidade pode impor. Avançamos de forma extensa, porém não o suficiente, o mundo
continua em conflito, há fundamentalismo regendo as relações internacionais e regionais, há
um terrorismo que se expande, crime organizado, tráfico de drogas, de órgãos e seres
humanos, é necessária adequação para saber como agir entre a teoria e a prática. Como
acertadamente Celso Lafer afirma:

O internacionalista é, por definição, um realista[6].

Precisamos arranjar meios de implementar o que conseguimos firmar como direito


internacional, ampliando e se adaptando à um leque de questões que muda rapidamente.

3. Fundamentação do direito internacional público

Saber qual o fundamento do Direito Internacional significa desvendar de onde vem a sua
legitimidade e sua obrigatoriedade; ou os motivos que justificam e dão causa a essa
legitimidade e obrigatoriedade.
Sistema jurídico autônomo, onde ordenam as relações entre Estados soberanos, o direito
internacional público, ou direito das gentes, no sentido de direito dos povos, repousa sobre o
consentimento[7].

Desde a época de Francisco de Vitoria e Francisco Suarez ha doutrinas que pretendem


responder a questão do fundamento do direito internacional público.

Para tentar explicar a razão de ser do direito internacional público, elencamos duas correntes
doutrinárias. A primeira, voluntarista, influenciada pelo direito positivo, pelos tratados,
aceitação dos costumes internacionais e do ordenamento jurídico interno, afirma que a
vontade dos Estados baseia o Direito Internacional. Entretanto, como depender apenas da
vontade de um estado que pode se manifestar negativamente e se desligar unilateralmente a
posteriori? Dessa forma, deixaria o Direito Internacional de existir.

Já a doutrina objetivista faz do pacta sun servanda o seu maior baluarte, visando normas
internacionais cujas regras sejam menos subjetivas, de forma que passem mais segurança.
Baseia-se no direito natural, no normativismo jurídico kelseniano e as teorias sociológicas do
direito. Entretanto, é uma doutrina que minimiza a vontade soberana dos Estados, que
também contribuem na criação das regras do direito internacional público.

4. Sujeitos de direito internacional público

Sujeitos são todos aqueles cujas ações estão ligadas ou previstas no direito internacional
público. A conduta desses sujeitos pode ser passiva, quando o sujeito é destinatário da
norma; ativa, quando o sujeito tem capacidade para atuar no plano internacional. Ou seja, a
personalidade jurídica tem íntima ligação com a conduta ativa ou capacidade de agir.

Os sujeitos em si podem ser classificados como Estados; coletividades interestatais;


coletividades não-estatais e indivíduos. O Estado surgiu primariamente, são sujeitos
clássicos, eram, inclusive, os únicos "atores" que faziam parte do direito internacional público
até os meados do século XX, o centro das discussões e de onde emanavam as regras.
Estado, segundo Mazzuolli: "é um ente jurídico, dotado de personalidade internacional,
formado de uma reunião de indivíduos estabelecidos de maneira permanente em um território
determinado, sob a autoridade de um governo independente com a finalidade prévio ou a de
zelar pelo bem comum daqueles que o habitam"[8].

O Estado é formado por quatro elementos, os quais são, povo; território; governo e finalidade.
Povo é o conjunto de nacionais, natos ou naturalizados; território é a fração do planeta
delimitada por fronteiras, rios, lagos, mares interiores, espaço aéreo, subsolo, mar territorial e
plataforma submarina; governo é o dirigente autônomo e independente, que decide os rumos
que o Estado toma sem influência de autoridade externa; por fim a finalidade, elemento não
reconhecido por parte da doutrina, sendo elemento social, bem comum a ser alcançado.

As coletividades interestatais são aquelas formadas por Organizações Internacionais,


dependem de tratado constitutivo para existir e podem ser beligerantes, insurgentes e de
movimento de libertação nacional. Beligerantes são movimentos que se utilizam da luta
armada para agir politicamente; insurgentes são grupos que pretendem tomar o poder de um
Estado, constituindo guerra civil ou zona livre; por fim, os movimentos de libertação nacional
visam a independência de povos.

ATORES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO


Os atores de direito internacional público não possuem a capacidade de assinar tratados
internacionais, entretanto, por estarem dentro do território e ajudarem na composição do
elemento povo, que veremos ser fundamental à composição do sujeito, intervém de maneira
indireta na ratificação dos acordos internacionais.
Os atores são: os indivíduos, considerado como o próprio povo, pessoas físicas e jurídicas
que compõe o território; as empresas multinacionais e instituições financeiras; e as outras
coletividades, que são divididas em institucionalizadas quando criadas de fato e de direito
que é o caso da ONG e as não institucionalizadas que são as criadas apenas de fato, mas
não regulamentadas pelo direito, como por exemplo, as Facções.

Por não disporem dos requisitos necessários que veremos mais adiante, não são
considerados sujeitos de direito e, com isso, não têm personalidade jurídica para assinar
tratados internacionais.

3. SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO


Os primeiros a adquirirem a personalidade jurídica de direito internacional público foram os
Estados soberanos e as organizações internacionais, sendo, portanto, considerados como
sujeitos de direito internacional.
Os Estados são soberanos, pois sua personalidade é originária, enquanto que as
organizações internacionais ganharam destaque a partir da Segunda Guerra Mundial e da
ratificação da Organização das Nações Unidas, são sujeitos criados através da
manifestação de vontade dos Estados e, portanto, são sujeitos de origem derivada dos
Estados.

Dentre as organizações internacionais, importante destacar a ONU, por ser considerada a


principal entidade política do planeta, criada em 1945 com o objetivo de manutenção da paz
e da segurança nacional.

Para ser considerado como sujeito de direito internacional existem quatro requisitos, quais
sejam: povo, território, governo independente e soberania.

Entretanto, temos o caso da Santa Sé, que, mesmo não tendo a figura do povo
propriamente dita, é considerada como um micro Estado, criado pelo Tratado de Latrão e
que possui a soberania sobre o seu território, chamado de Vaticano.

Para o direito internacional público, a Santa Sé é um sujeito que possui uma capacidade
limitada, em relação aos demais, para assinar tratados, contudo, cumpre salientar, que para a
Teoria Geral do Estado o fato de não ter a figura do povo não pode ser superado, de forma
que a Santa Sé é considerada como ator.
Ainda, observamos a figura dos microestados que são soberanos, possuem
governo e povo, porém o seu território é diminuto e, por esse motivo, necessitam da ajuda dos
Estados próximos para a administração de seus atos. Contudo, cumpre salientar que esse
fato não os descaracteriza, sendo, por preencher os requisitos necessários, sujeito de direito
internacional capaz de assinar os tratados internacionais.
4. CONCLUSÃO
Diante do exposto, observamos que os sujeitos de direito internacional público são os
únicos com capacidade para assinar tratados internacionais e que os atores de direito
internacional também influem na elaboração dos tratados, pois são pessoas de direitos e à
quem os tratados serão aplicados.

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